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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

OFICINA DE ENSINO DE HISTÓRIA GERAL I: APONTAMENTOS,


DIFICULDADES E EXPERIÊNCIAS SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA
ANTIGA E MEDIEVAL.

CAROLINA MARIA ABREU MACIEL


Orientador(a): Profª Dra. Ana Karine
Martins Garcia

Fortaleza/CE

Dezembro – 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

OFICINA DE ENSINO DE HISTÓRIA GERAL I: APONTAMENTOS,


DIFICULDADES E EXPERIÊNCIAS SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA
ANTIGA E MEDIEVAL.

CAROLINA MARIA ABREU MACIEL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Deparetamento de História
por Carolina Maria Abreu Maciel como
requisito para a obtenção da graduação em
História
Orientador(a): Profª Dra. Ana Karine Martins
Garcia

Fortaleza/CE
Dezembro – 2013
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

OFICINA DE ENSINO DE HISTÓRIA GERAL I: APONTAMENTOS,


DIFICULDADES E EXPERIÊNCIAS SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA
ANTIGA E MEDIEVAL.

CAROLINA MARIA ABREU MACIEL

Aprovada em 16/12/2013.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Profª Dra. Ana Karine Martins Garcia
Universidade Federal do Ceará

__________________________________________________
Prof. Dr. Jailson Pereira da Silva
Universidade Federal do Ceará

3
“É melhor morrer do que perder a vida”.
Tito de Alencar Lima
4
Aos meus pais, irmão e familiares pelo apoio, incentivo e compreensão
em todos os momentos de minha vida acadêmica.

5
AGRADECIMENTOS

Aqui começa a parte mais difícil desse TCC, os agradecimentos. Em primeiro


lugar não poderia esquecer a pessoa que teve o maior papel na escolha de minha
tão amada profissão, agradeço imensamente pelo carinho e admiração de uma das
pessoas que mais admiro nesse mundo, meu querido professor de história da 8ª
série, Ítalo Carneiro Gomes, que em todas as nossas conversas nunca me deixou
esquecer que sou seu orgulho.
Como não agradecer a paciência das minhas queridas amigas-irmãs
Gabriela, Carine e Luana, sem vocês não teria forças pra chegar aonde cheguei.
Deus foi muito bondoso ao colocar vocês no meu caminho e não tirá-las por mais
chata que eu seja. AMO VOCÊS.
À Bárbara, Manuelle, Verinha e Luiz/Louis por vocês tornarem os últimos
anos da minha graduação a melhor fase da minha curta vida. Sem vocês não
conseguiria terminar o curso sem enlouquecer de vez. Em especial ao meu
AMORECO, Larissa Jorge, que com tanta paciência atendia minhas ligações
chorosas em todas às 24 horas do dia e que não sei por qual razão me apelidou tão
absurdamente de CLIO. Como não ser grata depois de receber esse nome tão
maravilhoso.
Às minhas queridas companheiras de semestre Karoline e Natali sem vocês
esses longos quatro anos teriam sido um tédio total. E não esquecendo minha
grande amiga Laura que desde o recém-ingresso me deu sua amizade e agora me
dá a Sophia, minha tão esperada “sobrinha”.
Aos meninos mais bagunceiros que estiveram comigo nos momentos mais
loucos naquele CAFTA, Lucas/Ignóbil, Ted, Rodrigo/Digão e Sávyo que mesmo
sendo o menos doido sempre estava presente. Plauto e Airton que nunca deixaram
de me perturbar onde quer que estivéssemos. Não esquecendo o Romero que
esteve comigo não só na UFC, mas nos shows mais maravilhosos que Fortaleza já
recebeu.
À Yana e Iury que na reta final tornaram-se tão importantes quanto os demais
já citados.
Aos queridos funcionários Aliatar Diógenes (Seu Ali), que hoje está em outro
departamento, mas que continua nas nossas lembranças e saídas ao “Ferro Velho”,
Joana e Ranielly que mesmo eu enchendo a paciência deles me recebem com o
6
maior carinho e sempre estão dispostos a me ajudar com meus pedidos
inesperados.
À Ana Karine que nesta reta final do curso me ajudou e me orientou com a
escrita deste trabalho. Obrigada de coração.
E por último, mas não menos importante, a pessoa que veio lá das terras
pernambucanas e viu o potencial que nem eu mesma via em mim. Obrigada Jailson
Pereira da Silva. Obrigada por acreditar em mim, ser paciente, ser amigo e o mais
importante ser meu querido (des)Orientador.
Todos vocês fazem parte da pessoa/profissional que aqui se formou,
formação essa cheia de falhas, mas também cheia de esperanças que a cada dia
de sol e chuva se levanta acreditando na beleza de si e do mundo.

7
RESUMO

No momento em que se discute a exclusão do ensino de história em alguns


estados brasileiros, os debates concernentes a uma reformulação nos currículos dos
cursos de História nas universidades brasileiras vêm aumentando vertiginosamente.
Pensar sobre a formação profissional dos futuros professores de História, que
estarão responsáveis pela educação histórica nas escolas brasileiras, deve ser
preocupação de primeira ordem nas reflexões das licenciaturas em História
espalhados pelo país.
Este trabalho tem como objetivo discutir e expor as experiências adquiridas
no período em que fui monitora da disciplina de Oficina de História Geral I. Disciplina
de caráter teórico-prático responsável por tecer reflexões e desenvolver atividades
referentes ao ensino de História Antiga e Medieval.

Palavras chaves: currículo, ensino de história antiga e medieval, monitoria e


formação profissional.

8
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .....................................................................................................10

1. ENTENDENDO AS DISCIPLINAS DE OFICINA.................................................13


1.1 - Um apanhado sobre as “Oficinas” que compõem o currículo do curso de
História.............................................................................................................13
1.2 - Projeto Monitoria: Oficina de História Geral I e o Programa de Iniciação a
Docência da UFC.............................................................................................16

2. AS DIFICULDADES DO ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL............18


1.1 - Livros e materiais didáticos: novos livros, velhos problemas......................18
1.2 - Apresentação das oficinas e as principais dificuldades............................20

3. RELATO DE EXPERIÊNCIA: USO DO BLOG NA DISCIPLINA DE OFICINA


1.1 – Uso da Internet para o Ensino de História: experiência com o Blog da
disciplina de Oficina de História Geral I............................................................
1.2 – Atividade Proposta...............................................................................

4. CONSIDERAÇOES FINAIS...................................................................................26

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................28

9
INTRODUÇÃO

As mudanças ocorridas no país, durante as décadas de 1960 e 1970, foram


de ordem política, econômica, cultural e social, ou seja, a conjuntura do Estado
brasileiro estava em plena ebulição. Neste período de efervescência social a
Educação brasileira sofreu sérios ajustes para se adequar a ideologia que estava
sendo imposta pelo governo federal, a doutrina de Segurança Nacional, modelo este
que, legitimava as atrocidades e impunidades que caracterizavam o governo de
exceção. Vários foram os mecanismos utilizados pelo Conselho Federal de
Educação (CFE) para que essa legitimação fosse dada de forma organizada e
eficaz.

Em 1968, a Lei n° 5.540, de 28 de novembro, as universidades brasileiras


passam por grandes reformas para adequar-se ao programa de nação empreendido
pelos militares golpistas após 1964. Em meio as grandes manifestações estudantis
contra as imposições autoritárias, os acordos entre Brasil e Estados Unidos (MEC-
USAID), a estrutura educacional do país foi sendo modificada, a demanda estudantil
aumentava, os excedentes candidatos aprovados no “peneirão” do vestibular, porém
para esses estudantes só havia uma resposta: “Não há vagas”.

Após essas mudanças nas universidades a próxima intervenção se daria na


base educacional. Com a implantação do Decreto - lei nº 8691, de 12 de setembro
de 1969, que se põe obrigatoriamente em todo território nacional ensino de
Educação Moral e Cívica, o modelo educacional brasileiro foi tomando a cara dos
governantes fardados. Em todas as esferas do sistema educacional brasileiro teria
uma disciplina com teor cívico, Educação Moral e Cívica (EMC) na educação básica,
Organização Social e Política Brasileira (OSPB) no ensino médio e Estudo dos
Problemas Brasileiros (EPB) no ensino superior, grade curricular que ajudaria na
formação do novo modelo de cidadão: “bom e ordeiro”.

1 BRASIL. Decreto-lei nº 869, de 12 de setembro de 1969. Dispõe sobre a inclusão da Educação


Moral e Cívica como disciplina obrigatória, nas escolas de todos os graus e modalidades, dos
sistemas de ensino do País, e dá outras providências. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-869-12-setembro-1969-375468-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em abril de 2013.
10
As transformações na educação do Brasil não foram apenas estruturais, o
governo implantou disciplinas, modificou carga horária de aulas, interferiu na matriz
curricular e assim, as disciplinas que compõem as Ciências Humanas fundiram-se
em Estudos Sociais. Essa intervenção foi muito além de uma perca na
individualidade de cada disciplina, mas os conteúdos e reflexões sobre a História e
Geografia nortearam, não só a formação dos futuros cidadãos, como também na
construção dos novos docentes. Assim, com a criação dos cursos de curta duração,
dentre outras medidas2 de repressão nas instituições de ensino.

Todas essas estratégias foram acompanhadas por um ataque central à


formação dos professores. No inicio do ano de 1969, amparado pelo Ato
Institucional nº 5. de dezembro de 1968, o governo, através do Decreto-lei
nº 547, de 18 de abril de 1969, autoriza a organização e o funcionamento de
cursos profissionais superiores de curta duração. 6Ao admitir e autorizar
habilitações intermediárias em nível superior para atender às “carências de
mercado”, o Estado revela ser desnecessária uma formação longa e sólida
em determinadas áreas profissionais, quais sejam, as licenciaturas
encarregadas de formar mão-de-obra para a educação. Enquanto isso,
outras áreas de formação profissional mantiveram os mesmos padrões de
carga horária e duração.7

Após fazermos esse apanhado sobre as transformações nas quais, o Brasil,


passou nos anos de governo militar, temos então, subsídios para refletir sobre a
criação do curso de licenciatura em História da Universidade Federal do Ceará, já
que foi implantado no ano de 1972, alguns anos depois da grande reforma
educacional empreendida pelos militares desde os primeiros anos de governo.

A proposta para a formação do profissional docente em História pauta-se na


sua ativa participação no processo de aprendizagem do discente, compreendendo
seu papel como articulador entre a teoria e a prática.

O docente na área de História deve se colocar com um agente do processo


educacional compreendendo que o ensino fundamenta-se na articulação
entre teorias e práticas (sendo que os estágios devem ser concebidos como
elementos fundantes das pesquisas) e que a prática profissional não é o

2 Refiro-me aqui ao famoso decreto nº 477, de 26 de fevereiro de 1969, que dispõe sobre as infrações
disciplinares praticadas sujeitos escolares. Muitas pessoas sofreram sanções sendo enquadradas
nesse decreto. Na própria Universidade Federal do Ceará alguns alunos foram impedidos de
prosseguirem com suas graduações, por estarem de alguma forma, ligados à resistência contra o
regime autoritário. BRASIL. Decreto lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969, Define infrações
disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de
ensino público ou particulares, e dá outras providências. Diário oficial da União, Brasília, 26 de fev. de
1969.
6 Decreto-lei nº 547 de 18-4-69 – C.F.E.
7 FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da História Ensinada. Campinas, SP: Papirus, 1993,
pp.26.
11
lócus de aplicação de saberes universitários, mas de produção de saberes
docentes, escolares, os quais, por sua vez, devem promover e/ou fortalecer
a possibilidade da produção do conhecimento histórico pelos seus futuros
alunos3.

O curso está organizado em quatro grandes unidades curriculares e estão


divididas em: História Geral, História do Brasil, Teoria e metodologia da História e
Prática em ensino de História. Neste trabalho vamos nos concentrar no que diz
respeito à área de prática de ensino, dando ênfase nas disciplinas chamadas
Oficinas de História. Inicialmente faremos um apanhado histórico dessas disciplinas,
principalmente na Oficina de História Geral I, na qual, por dois anos, fui monitora,
através do Programa de Iniciação à Docência.

No segundo capítulo deste trabalho vamos focar em discutir as dificuldades


enfrentadas pelos professores de História com a temática da História Antiga e
Medieval, partindo das experiências dos discentes matriculados na disciplina, que
em suas oficinas nos apresentam análises sobre os problemas da temática e
apontam novas soluções, abordagens, atividades que possibilitem uma maior
dinâmica em sua formação profissional.

No terceiro momento discutiremos as experiências vividas durante a


monitoria, como por exemplo, o uso do blog que criamos para desenvolvermos
atividades pensadas após a participação do curso4 oferecido pelo UFC Virtual,
através do projeto CASa, da Universidade Federal do Ceará. Por fim proporemos
algumas atividades que podemos desenvolver com alguns blogs que trabalham com
as temáticas da História, pensando o ensino de História Antiga e Medieval.

3
Projeto Político Pedagógico do Curso de História da Universidade Federal do Ceará, Agosto 2010.
4 DTIC – Docência Integrada às Tecnologias da Informação e Comunicação.
12
1 – ENTENDENDO AS DISCIPLINAS DE OFICINA

1.1 – Um apanhado sobre as “Oficinas” que compõem o currículo do


curso de História

O curso de História da Universidade Federal do Ceará possui duas


modalidades: Licenciatura e Bacharelado. Ao optar pela licenciatura temos as
disciplinas de prática de ensino como componentes curriculares obrigatórios à
formação dos futuros profissionais de História. Os estágios supervisionados e as
disciplinas de oficina estão sob responsabilidade do departamento de História, já as
outras disciplinas são ofertadas pela Faculdade de Educação – FACED.
As disciplinas de oficina de História do Brasil e do Ceará possuem carga
horária total de 64 horas/aula, sendo estas divididas em 32 h/aula com aulas
teóricas e 32 h/aula para desenvolvermos atividades práticas sobre seus respectivos
recortes temporais e espaciais. Porém, as de Geral I e II, contento a mesma carga
horária total de 64h/aula estão diferentemente divididas em 3 h/aula de cunho
teórico e 1h/aula de prática.
Para entendermos melhor a dinâmica dessas disciplinas procuraremos agora
pontuar as especificidades de cada oficina, seus relativos semestres e suas formas
de se desenvolver.
A disciplina “Oficina de História Geral I” é um componente curricular da
graduação em História da UFC proposto para os discentes que estão matriculados
no 5º semestre, nesse mesmo período o aluno começa sua experiência com os
estágios supervisionados (Estágio Supervisionado I). Ao entrar nessa etapa do curso
os alunos começam a se enveredar nas leituras sobre ensino de história mais
especificamente. A disciplina de Oficina de História Geral I propõe aos alunos

13
trabalharem questões sobre o ensino de história e a construção do currículo desse
campo de saber.
A presente disciplina tem como preocupação possibilitar que o corpo
discente relacione pesquisa e ensino a partir: do levantamento
historiográfico e da crítica de documentos referente à História Antiga e
Medieval. A partir desta atividade os estudantes podem obter um lastro de
erudição para compreender, analisar e produzir materiais didáticos voltados
para o ensino de História Antiga e Medieval em instituições de ensino,
pesquisa e movimentos sociais.5

De início, a disciplina quer promover discussões sobre a formação do


discente como futuro professor, tomando como pano de fundo das reflexões temas
da Antiguidade e da Medievalidade. Uma das atividades propostas pela disciplina é
a construção de oficinas nas quais os graduandos pensam formas de abordagem
destes períodos históricos. Grupos discentes propõem um tema e um caminho
didático para discuti-lo. Nesse momento, ponto fulcral da disciplina, são as reflexões
sobre novas formas e abordagens através das quais os conteúdos de História Antiga
e Medieval podem ser trabalhados em sala de aula.
Nas aulas teóricas de Geral I, divididas em três unidades, podemos perceber
como se dá o desenrolar da disciplina e a dinâmica proposta aos discentes.
Ementa:
Levantamento bibliográfico e historiográfico sobre História Antiga e
Medieval. Levantamento e análise de documentos sobre História Antiga e
Medieval. Levantamento e análise e produção de material didático referente
à História Antiga e Medieval. Práticas pedagógicas em instituições de
ensino e pesquisa e movimentos sociais. 6

Já na disciplina de Oficina de História Geral II a proposta anterior continua em


vigor, as duas disciplinas compartilham a mesma justificativa 7, tendo como ponto de
diferenciação apenas o recorte temporal. Ao invés de pensarmos as variadas
possibilidades de se ensinar História Antiga e Medieval, buscamos refletir acerca
dos tempos modernos e contemporâneos. Geral II está dividida em quatro unidades
(Unidade I – Ideias e conceitos do mundo moderno e contemporâneo, Unidade II –
historiografia e Documentos, Unidade III – O Livro didático: história moderna e

5
Justificativa da disciplina presente no Programa da Disciplina que se encontra disponível na pró-
reitoria de graduação. (Currículo 2006.1)
6 Ementa da disciplina presente no Programa da Disciplina que se encontra disponível na pró-reitoria

de graduação. (Currículo 2006.1)


7 A presente disciplina tem como preocupação possibilitar que o corpo discente relacione pesquisa e

ensino a partir: do levantamento historiográfico e da crítica de documentos referente à História


moderna e contemporânea. A partir desta atividade os estudantes podem obter um lastro de erudição
para compreender, analisar e produzir materiais didáticos voltados para o ensino de História moderna
e contemporânea em instituições de ensino, pesquisa e movimentos sociais.
14
contemporânea e Unidade IV – Projeto de pesquisa: história e ensino), os títulos das
unidades sugerem as atividades a serem desenvolvidas em cada momento da
disciplina.
A oficina de História do Brasil, porém, propõe muito mais que alguns
levantamentos de documentação e bibliografia. Em sua justificativa nos mostra seu
caráter reflexivo e não sendo apenas uma disciplina de desenvolvimento de
inventários.
Estudar o processo de Independência política e de construção do Estado
brasileiro levando em consideração as articulações entre projetos nacionais
e realidades regionais na lenta desagregação colonial, identificando como
os grupos hegemônicos se articularam em torna das variadas propostas de
construção do Estado.8

Com a disciplina de Oficina de História do Ceará a proposta é pensar as


possibilidades no desenvolvimento dos temas ligados a História regional. Refletir por
quais caminhos a história do Ceará “tornou-se matéria de ensino, levando em
consideração a produção de instrumentos didáticos, aspectos historiográficos e a
identificação de fontes de pesquisa”.9
Em cada programa10 existe uma bibliografia básica e complementar que
auxilia os docentes e discentes na reflexão e discussão teórica da disciplina em
cada semestre. A metodologia de avaliação, que todas as oficinas procuram adotar
é a da construção de uma aula-oficina11, onde os alunos fazem um recorte temático
e desenvolvem uma proposta de aula com uso de diversas fontes, como por
exemplo, na Oficina de História do Ceará escolhemos dentro do universo literário
cearense obras que possam ser utilizadas como instrumento para uma reflexão
histórica numa situação didática.
Até aqui procuramos fazer simplificadamente um apanhado sobre as
propostas de cada oficina, através dos documentos oficiais expostos no componente
curricular do curso. Porém, é necessário que se diga que esses programas de
disciplina não engessam a prática de cada professor e a forma com que cada um
encara seu ofício. Ao longo deste trabalho procuraremos relatar nossa experiência

8 Justificativa disciplina presente no Programa da Disciplina que se encontra disponível na pró-reitoria


de graduação. (Currículo 2006.1)
9 Justificativa disciplina presente no Programa da Disciplina que se encontra disponível na pró-reitoria

de graduação. (Currículo 2009.2)


10 Todos os programas das disciplinas estão ao final deste trabalho em “ANEXOS”.
11 Para Isabel Barca, uma aula-oficina seria uma aula em que os alunos seriam os agentes de sua

formação, onde o professor não ignoraria os conhecimentos prévios dos alunos e o professor seria o
organizador de atividades problematizadoras.
15
como bolsista do Programa de Iniciação a Docência ligada a Disciplina de oficina de
História Geral I. Assim, ao estabelecemos um recorte para o desenvolvimento dessa
pesquisa, não entraremos nas especificidades das demais oficinas.

1.2 – Projeto Monitoria: Oficina de História Geral I e o Programa de


Iniciação a Docência da UFC

Sob o título “Oficina de História Geral I: O Antigo e o Medievo na sala de aula


dos Ensinos Fundamental e Médio”, o projeto proposto pelo departamento de
História para a Pró-Reitoria de Graduação, foi pensado com o intuito de proporcionar
aos discentes um acompanhamento mais específico, por parte do monitor, em suas
atividades referentes à disciplina, sendo componente curricular obrigatório para o
curso de licenciatura em História. O programa de iniciação a docência, a partir das
bolsas de monitoria, traria na troca de experiências entre o professor-titular da
disciplina e o bolsista,
uma clara possibilidade de encontro entre diferentes sujeitos da educação:
de um lado um docente, responsável pela disciplina, de outro educandos
que possuem a particularidade de já estarem atuando como educadores/as.
Assim, a figura do/a monitor/a enriquece enormemente essa interface entre
os diferentes sujeitos envolvidos nos debates sobre ato de ensinar. Ele/ela
seria um sujeito pendular, corpo de ligação entre os mundos docente-
discente12.

O monitor ocupa um papel de “agente disseminador”, o monitor auxilia os


discentes não apenas com os conteúdos e atividades que são desenvolvidas no
decorrer da disciplina de Oficina de História Geral I, mas “o monitor pode incentivar
os demais graduandos a se inteirarem das políticas institucionais que valorizam os
esforços dos graduandos que se destacam ao longo da sua formação como
profissional, como cidadão, como ser histórico13”.
Assim, o monitor teria como objetivos a cumprir no período de duração da
bolsa (um ano letivo), além do acompanhamento dos discentes matriculados na
disciplina promover os seguintes pontos expostos no projeto de monitoria:
1 - Incentivar situações/espaços de continuação e aprofundamento dos
debates/ acerca de temas apresentados no decurso da disciplina Oficina de
História Geral I.
2- Promover uma maior integração entre discentes de diferentes semestres
dentro dos cursos de graduação em História da Universidade Federal do
Ceará.

12
Trecho retirado da Justificativa do projeto para aquisição da bolsa de monitoria.
13 Trecho retirado da Justificativa do projeto para aquisição da bolsa de monitoria.
16
3- Valorizar alunos/as que se destacam no decurso da disciplina Oficina de
História Geral I.
4 - Incentivar uma maior aproximação dos/as graduandos/as monitores/as
com os meandros do universo da prática docente, através do conhecimento
dos ditames do ensino e da pesquisa, vinculados à Disciplina Oficina de
História Geral I.14

A partir desses objetivos é de competência do monitor está presente nas


atividades propostas pelo professor-titular da disciplina e auxiliar na execução do
programa apresentado aos alunos no início de cada semestre. Assim, envolvido com
a dinâmica da disciplina o bolsista estaria desenvolvendo sua prática como futuro
docente, objetivo esse do Programa de Iniciação a Docência – PID/UFC.
Além disso, como espaço de aproximação das esferas do aprender e do
ensinar, as ações de monitoria interferem diretamente no processo de
formação dos nossos/as docentes licenciandos/as por lhes encorajar, por
vezes, a assumir a centralidade da fala, ato definitivo para formação
docente. Todo esse processo, sem dúvidas, redunda em melhorias na
qualidade dos profissionais educadores que formamos.15

A metodologia utilizada para elaborar as intervenções que o monitor estará


realizando no decorrer do semestre é orientada por cinco pontos traçados pelo
professor responsável pelo projeto. Entre acompanhar e auxiliar os discentes nas
atividades referentes ao conteúdo proposto aos debates em sala de aula, o monitor
deve organizar sessões de cine-debate de acordo com a temática da disciplina, que
versa entre o período antigo e o medievo. Outra atividade de muita importância é a
participação do monitor nos Encontros Universitários, pois é nesse momento em que
o bolsista pode apresentar as reflexões e atividades desenvolvidas durante sua
experiência com a monitoria.
Além de descrever as obrigações dos bolsistas o projeto deve conter as
atividades que o professor-orientador da disciplina deve cumprir para o melhor
desenvolvimento das propostas ali apresentadas. Esse ponto específico do projeto
serve para informar como essas atividades seriam supervisionadas pelo professor-
tutor, mantendo assim o caráter institucional do programa. São nas reuniões
semanais com o bolsista que o professor-orientador busca debater e avaliar o
andamento da disciplina, as dificuldades, o progresso e as ações da monitoria.

14
Objetivos propostos no projeto apresentado à Pró-Reitoria de Graduação para pedido de bolsa PID.
15 Trecho retirado da Justificativa do projeto para aquisição da bolsa de monitoria.

17
2. AS DIFICULDADES DO ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL

1.1 – Livros e materiais didáticos: novos livros, velhos problemas.

As dificuldades encontradas por diversos professores ao ter que se trabalhar


com o ensino de história Antiga e Medieval começam pelo material didático
escolhido para ser utilizado como apoio durante o ano. Discutem-se os textos que
compõem cada capítulo, as imagens que vem acompanhando as discussões
propostas no livro, as atividades etc. Porém, mesmo sabendo de toda a importância
que os livros didáticos têm no auxilio do professor nessa empreitada que é ensinar
uma História que está tão distante dos discentes, temporalmente e espacialmente,
não podemos deixar de problematizar como esses livros são produzidos. De acordo
com Circe Bittencourt, os livros didáticos têm passado por muitas análises, as vezes
os livros são massacrados e excomungados do seu papel ou sacralizados como
única ferramenta de poder sobre os conteúdos.

O livro didático tem sido objeto de avaliações contraditórias nos últimos


tempos. Existem professores que abominam os livros escolares, culpando-
os pelo estado precário da educação escolar. Outros docentes calam-se ou
se posicionam de forma positiva pelo auxílio que os livros prestam ao seu
dia-a-dia complicado. O livro didático, no entanto, continua sendo o material
didático referencial de professores, pais e alunos que, apesar do preço,
consideram-no referencial básico para os estudos [...] (BITTENCOURT,
2010, p.71)

Outro ponto de extrema importância quando vamos analisar os livros didáticos


é pensarmos que estes não estão excluídos da lógica do mercado, dito de outro
modo, os livros são mercadorias que estão sendo postas ao consumidor. Assim, o
livro é, antes de tudo, uma mercadoria, um produto do mundo da edição que
obedece à evolução das técnicas de fabricação e comercialização pertencentes à
lógica do mercado (BITTENCOURT, 2010, p.71).

A partir dessa pequena reflexão acerca da produção dos livros didáticos


podemos pensar sobre como os conteúdos de História Antiga e Medieval vêm snedo
apresentados para os professores e alunos.

18
Vamos nos concentrar, aqui, nas experiências dos discentes matriculados na
disciplina de Oficina de História Geral I, pois uma das atividades propostas aos
alunos é a produção de oficinas com temas pertencentes à História Antiga e
Medieval. Nessas oficinas, além das propostas de atividades e novas abordagens
para o trabalho com o tema, os discentes analisam alguns livros didáticos e como
esses propõem discussões sobre o tema escolhido pelo aluno para desenvolver sua
oficina.

Os temas mais trabalhados pelos alunos estão no período que compreende a


Idade Média. Nesse contexto, os livros didáticos apresentam séries de
nomenclaturas, como por exemplo, Idade das trevas, que a historiografia já vem a
um bom tempo tecendo reflexões sobre o problema desses estereótipos. Um dos
medievalistas mais famosos, Jacques Le Goff, propõe a historicização desses
conceitos que permanecem em muitos livros deslocados de seu período de
produção. Em entrevista concedida em 1999, Le Goff, explica os motivos pelos
quais estigmatizaram o período como de atraso intelectual frente às luzes do século
XVIII.

Os homens a que chamamos Renascimento tinham o sentimento de que a


Idade Média era um obscuro período intermediário entre a Antiguidade e o
presente que viviam, no qual o culto das letras, da arte, reaparecia. Idade
Média: no espírito daqueles humanistas, tratava-se de uma expressão
pejorativa. Essa “depreciação” da idade Média intensificou-se no século
XVIII, os homens das Luzes acrescentaram a suas críticas contra esse
período o fato de que nele reinava o obscurantismo religioso e intelectual.
(LE GOFF, 1998, p. 27-28)

Esses conceitos que ainda hoje permeiam o imaginário de nossos alunos é


um dos problemas que estão presentes nos livros adotados nas escolas do país.

Idade Média... Idade das trevas! Muitos podem pensar ao ler/observar essa
associação que se trata de algo em desuso, contudo para além de uma
batalha vencida a associação do período medieval como a ideia de treva
(esta significando ausência de produção cultural e outros saberes de “luz”)
tem uma longa história e muitas vezes ela pode ser mais próxima de nosso
tempo do que imaginamos e desejamos. Afinal: quantas vezes não ouvimos
criticas àqueles que porventura têm um comportamento fora daqueles tidos
como “civilizados” serem chamados de “bárbaros”? [...] Vendo por esses
fatos pode-se afirmar que o conceito de Idade Média construído a partir da
ideia preconceituosa de que esse período foi marcado por hábitos violentos
e pela inexistência de uma produção cultural (entre outras questões) está
presente em nosso imaginário. (OLIVEIRA, 2010, p. 103)

19
Pensando, também, os temas ligados à Antiguidade, período mais distante
ainda da vivência dos alunos, o grande problema encontrado nos livros didáticos é o
anacronismo, juízos de valor, uso de imagens (aqui estáticas ou em movimento, no
caso do cinema) apenas como ilustração, fontes que deveriam ser problematizadas
e que passam despercebidas pelos alunos no folhear dos livros.

Refletindo sobre o uso das imagens dentro de sala de aula, percebemos que
estas deveriam ser um complemento à interpretação dos textos, sugerindo
questionamentos, inquietações, porém aparece como fuga de páginas inteiras de
letras. Porém, o que encontramos muitas vezes é uma grande quantidade de
imagens, algumas que destoam dos textos que compõem o capítulo. Além, das
diversas vezes que vemos nossos alunos folheando as páginas dos livros e caçando
as imagens na esperança de reduzir seu tempo de leitura?

Ao problematizarmos os usos que alguns livros fazem das imagens, tivemos a


oportunidade de analisar o livro “História, Sociedade & Cidadania”, de Alfredo
Boulous Júnior, utilizado por algumas escolas da rede privada de ensino em
Fortaleza. No capítulo que percorre o processo de declínio do Império romano e
ascensão do império bizantino, pouco se vê textos extensos, mas quanto às
imagens quase todas as páginas possuem pinturas, mapas, mosaicos. Tanto que na
resenha desta coleção que perpassa todo o ensino fundamental II, o Plano Nacional
do Livro Didático – PNLD apresenta como inovador o uso das imagens como fonte
para um melhor entendimento da História.

Ressalta-se na abordagem o diálogo com o presente como recurso de


linguagem e compreensão dos conteúdos historiográficos por meio do uso
de analogias, textos provenientes de diferentes fontes, ilustrações
imagéticas, propostas de exercícios e atividades. Da mesma forma,
imagens, mapas, tabelas e textos são trabalhados na condição de fonte na
obra, sendo as seções O texto como fonte, A imagem como fonte e
Dialogando, destinadas para essa finalidade no Livro do Aluno.16

Mesmo com todos os problemas ainda encontrados na incorporação das


imagens como recurso pedagógico, Circe Bittencourt afirma que, no Brasil, embora

16
BRASIL. Guia de Livros Didáticos – PNLD. História. Ensino Fundamental Anos Finais, Ministério da
Educação – MEC, 2014. Análise da Obra, p. 59.
20
não se possa encontrar pesquisa especialmente dedicada à produção iconográfica
na área de História [...] já existem estudos que visam analisar essas imagens nos
livros principalmente como alguns sujeitos são retratados nesses materiais didáticos.
(BITTENCOURT, 2010, p. 74-75)

1.2 - Apresentação das oficinas: principais problemas encontrados sobre


a temática nos livros didáticos.

As oficinas são apresentadas no final da disciplina como uma das notas que
compõe a média dos discentes. Em uma das aulas dividimos os temas e elaboramos
o calendário de apresentação. Algumas temáticas como “Estrutura política da Grécia
e Roma” e “Idade Média: Mentalidade, cotidiano, sociedade e economia” são os
temas clássicos, mas aos poucos o oriente começa a ser estudado nas escolas e
nesse semestre 2013.2, sugerimos o tema “China e Japão na Antiguidade”, pois o
estudo dessas culturas milenares ainda é precário quando pensamos em trabalhar
uma História fora do eixo Europa – Américas. As equipes se formam e começam a
organizar o que apresentaram na data prevista. Os grupos ficam em torno com 3 a 4
componentes e estes precisam propor alguma atividade com a temática escolhida. O
professor-titular da disciplina deixa os próprios discentes encarregados de
construírem suas formas de apresentação, metodologia e propostas de atividades. O
monitor fica responsável por auxiliar os alunos com quaisquer dúvidas que
apareçam no decorrer da produção das oficinas.

Em alguns semestres os temas foram propostos pelos próprios discentes, em


outros o professor-titular e o monitor sugeriram alguns temas amplos e durante o
debate da atividade os grupos foram encontrando suas afinidades e especificando
nas apresentações as temáticas. Após a escolha o calendário das apresentações
com os seus respectivos temas são colocados no blog17 da disciplina.

A maioria das oficinas tem como foco analisar os livros didáticos, alguns
destes livros os alunos conhecem por terem estudado com eles ou por estarem

17 O endereço do blog da disciplina: oficinageral-1.blogspot.com.br


21
analisando na disciplina de Estágio Supervisionado I, disciplina que é componente
curricular do mesmo período de Oficina Geral I.

As principais queixas são os conteúdos mal apresentados nos textos, a


ausência ou problemas com o uso das fontes nas atividades propostas pelos
materiais didáticos. Assim, as perguntas começam a surgir, “Como o professor pode
se utilizar de outras ferramentas para diminuir as deficiências dos livros?” “Como as
discussões feitas pela historiografia mais recente chegam dentro de sala de aula?”

Esses questionamentos são o pontapé para as propostas de novas maneiras de se


pensar o ensino de História. Os discentes vão procurar em suas experiências
cotidianas métodos mais próximos dos alunos para trazerem estes às discussões
pertinentes a uma formação crítica e cidadã.

Durante a análise das atividades que o próprio livro propõe aos alunos, os
grupos vão pensando como se utilizar de maneira mais eficiente dessas atividades.
Alguns grupos se propõem a trabalhar com recursos musicais, como por exemplo, a
música “Metal contra as nuvens”, da banda Legião Urbana, para se pensar algumas
características dos sujeitos durante a medievalidade.

Outro grupo discutiu a dinâmica da produção de jogos digitais com conteúdo,


também, sobre a Idade Média, sendo que é comum o apelo histórico em alguns
jogos para computador, como por exemplo, o xadrez e a sequência de jogos
intitulada God of War.

A grande maioria das oficinas percorre o mesmo trajeto, primeiro analisam os


livros didáticos percebendo suas deficiências nos conteúdos para posteriormente
sugerir atividades com as mais diversas fontes. Percebemos que muitos ainda estão
presos à ideia de que quanto mais conteúdo, melhor e mais completo é o material
didático, pensando as atividades apenas como complemento do que “faltou” nos
textos dos livros.

A equipe que trabalhou com o tema “China e Japão na Antiguidade” puderam


mostrar o uso das animações japonesas, dos quadrinhos, que são chamados de
mangás e os filmes (live action) para se discutir esse período de formação da
sociedade asiática, compreendido no recorte China e Japão, que é bastante extenso

22
e distante espacialmente dos alunos, mas que muitos têm interesse e acompanham
muitas dessas produções.

O que nos chamou bastante atenção durante as apresentações das oficinas


foi como os grupos ficaram bastante distantes das discussões sobre a utilização das
novas tecnologias da informação e comunicação como ferramentas que estão cada
vez mais adentrando nos espaços escolares. Apenas um grupo procurou integrar de
alguma forma à internet, apropriando-se desses jogos online para o ensino de
história. Porém, atualmente, existem outros meios ligados a rede mundial de
computadores, como por exemplo, sites, blogs, páginas nas redes sociais dedicadas
à História, onde os professores encontram novas possibilidades para o fazer
docente.

No próximo capítulo discutiremos nossa experiência com essas novas


tecnologias, a partir da participação, durante o ano de 2012, do curso “Docência
Integrada às Tecnologias da Informação e Comunicação”, ofertado pelo Instituto
UFC Virtual, ligado ao Projeto CASa (Comunidade de Cooperação e Aprendizagem
Significativa da UFC) da Universidade Federal do Ceará. Pretendemos, também,
apresentar uma proposta de atividade envolvendo o uso da internet, mais
precisamente o Blog Crônicas d’ O Historiante18.

3. RELATO DE EXPERIÊNCIA: USO DO BLOG NA DISCIPLINA DE D OFICINA

1.1 - Uso da Internet para o Ensino de História: experiência com o Blog da


disciplina de Oficina de História Geral I

No início do ano de 2012, participamos, o professor-titular da disciplina e eu, de


um curso ofertado pelo UFC Virtual, programa do Projeto CASa, da Universidade
Federal do Ceará. O curso teve duração de três meses (de março a junho), sendo
dividido em nove encontros, quatro presenciais e cinco mediados pela plataforma
SOLAR. Nessas oportunidades, discutíamos as experiências no uso das

18
Endereço do blog:http://historiantebrasil.blogspot.com.br
23
ferramentas que nos foram apresentadas. No primeiro encontro, foi proposto que
utilizássemos o Facebook, Twitter, Blog, Google DOC’s e o Youtube, durante o
curso. Para cada ferramenta exposta, devíamos formular alguma atividade
direcionada ao andamento da disciplina. Assim, na prática, almejava-se
experimentar os desafios que resultam da inserção dessas tecnologias na sala de
aula.
Então decidimos levar a experiência do curso diretamente para as aulas de
oficina. Criamos um blog para experimentarmos nossos aprendizados, mais o
professor-titular do que eu mesma, pois eu já mantinha um blog pessoal. A proposta
era desenvolver atividades que integrassem essa ferramenta ao cotidiano dos
discentes, criando assim um espaço fora da sala de aula para discussões acerca do
ensino de História.

As novas tecnologias, ao serem incorporadas ao fazer historiográfico,


acabam por nos trazerem novas reflexões acerca de como percebemos o
nosso ofício no meio de tantas inovações. Novas formas de se pensar a
História vão sendo apresentadas durante nossa experiência com essas
novas ferramentas. (MACIEL, 2012, p. 04-05)

A primeira atividade proposta aos alunos da disciplina foi que lessem o texto
“por um ensino que deforme”, do professor Durval Muniz de Albuquerque Jr., e
tecessem alguns comentários acerca do papel do professor no processo de ensino-
aprendizagem, no próprio blog.

Página da Atividade no blog “Oficina de História Geral I”

24
O resultado da atividade: mesmo os alunos estando diariamente “conectados”
nas suas redes de comunicação, o uso dessas ferramentas de “lazer” para fins
educacionais, no caso uma atividade da disciplina, eles mostraram-se pouco
envolvidos com a discussão, com a própria forma com a qual foi proposta, o debate
não seria em sala e sim pela internet. Alguns fizeram a atividade, já que essa teria
peso na avaliação do aluno no decorrer do semestre, mas outros apenas ignoraram
ou por não estarem realmente envolvidos com a dinâmica da disciplina ou por não
entenderem qual a relevância da proposta.

A partir da observação de como os alunos receberam a atividade podemos


perceber que sem uma reflexão prévia sobre o porquê da utilização dessas
tecnologias essa atividade não terá significação nenhuma, já que os
discentes não veem a necessidade de incorporação da disciplina ao
ambiente virtual, que muitas vezes serve-lhe como lazer. (MACIEL, 2012, p.
03-04)

Porém, mesmo com um resultado não tão positivo, a proposta mais significativa
foi colocar em debate o uso dessas novas tecnologias que estão disponíveis ao
professor. Por em pauta novos métodos, abordagens e ferramentas de ensino, mas
especificamente voltadas para o ensino de História, dar a perceber a historicidade
da profissão, de novas perspectivas às relações forma X conteúdo, aluno X
professor, passado X presente, Ensino de História X Novas Tecnologias é a
proposta primeira da disciplina de Oficina de História Geral I.

A historiografia tem sérios problemas a pensar, e não somente pelo fato de


estar lidando com novos tipos de práticas cognitivas e memorísticas, o que
significaria a mudança de uma narrativa temporal por uma narrativa
espacial: construída a partir de pontos nodais. Isso representa, também, a
possibilidade de estar lidando com novos paradigmas, não mais
sequenciais, mas velozes e simultâneos. Esse é um problema delicado,
uma vez que não dá para esquecer a tradição no objeto e no ofício do
historiador construída e sustentada ao longo de mais de dois mil anos: a
historicidade da historiografia. Acreditar na historicidade da historiografia
significa aceitar as possíveis mudanças de suas práticas e suportes.
(MURGUIA, RIBEIRO, 2001, p. 186-187)

Assim, ao mostrar aos futuros professores que discutir sobre História e Ensino
é muito mais do que decorar uma legislação, entrar em sala “transmitir conteúdo” e ir
embora, estamos propondo uma avaliação de como a academia, mais
especificamente o curso de História da UFC, discute e desenvolve seu papel na
formação de seus futuros formandos.

25
1.2 – Atividade Proposta.

A proposta aqui é trabalharmos com alguns blogs especializados em História


para podermos apresentar novas maneiras de se pensar o ensino e a pesquisa.

Escolhemos o Blog chamado “Crônicas d’ O Historiante”, pois esse portal


estende-se por outras redes comunicacionais, como por exemplo, o site19, página do
Facebook20, etc. O blog é composto por inúmeras matérias sobre História e
atualidades, seções para downloads de materiais didáticos, vídeos, indicação de
livros, filmes, ou seja, muito material para professores e alunos trabalharem em sala
de aula. Ao ambientarmos os alunos com o meio digital e suas possibilidades de
aprendizagem, estaríamos criando uma cultura onde a internet seja mais que um
mero passatempo, mas uma fonte de conhecimentos válidos acerca da História. O
professor seria responsável pela criação de um blog para as turmas sob sua
responsabilidade, porém, além do professor os alunos seriam coparticipes das
publicações e manutenção do blog com matérias referentes aos temas estudados
em sala.

A avaliação estaria relacionada à participação dos discentes nas atividades


propostas pelo professor no blog, sem esquecer as atividades em sala de aula, pois
o blog seria uma ferramenta de auxílio ao professor e não um trabalho a mais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho desde o início foi pensado para ser um questionamento


impulsionador no que se refere às discussões sobre ensino de História nas
licenciaturas das universidades federais, mas especificamente, aqui no
departamento de História da UFC. As disciplinas de práticas docentes vão muito
além de criarmos um plano de aula, irmos à escola observar ou dar aula
literalmente, pouca importância é dada a estas cadeiras de formação professoral,
num curso onde mais da metade dos alunos estão matriculados na licenciatura.

19
Endereço do site: http://www.ohistoriante.com.br/
20
https://www.facebook.com/ohistoriante?fref=ts
26
Em minha vivência nesta universidade pouco se falou, discutiu, e
problematizou nosso papel como profissionais do ensino. Nossa formação ainda
carrega o estigma do século XIX, estamos muito voltados para uma formação
bacharelesca. Nos anos 1990, houve um aumento considerável nos estudos sobre o
ensino de História, porém mesmo com a importância dada ao tema Educação e a
História, os incentivos à pesquisa são mínimos.

Por isso, ao entender que a História se faz muito além de dias e noites
enfurnados em arquivos, ao discutirmos sobre nossas práticas, enquanto discentes
em formação, nos tornamos capazes de pensar nossas ações como sujeitos
transformadores, agentes que ao saírem das universidades estaremos formando
outros, formando não apenas para um mercado de trabalho cruel, mas para serem
cidadãos integralmente ativos na sociedade.
Começamos nosso curso com a seguinte pergunta: “Pra que serve a
História?”, podemos não ter certeza exata da reposta, mas durante nossa breve
caminhada pelo rio da História, concordo com Durval Muniz (2001, p. 19), a História
nos serviria para “repensar nossas relações, repensar aquilo que nos fez ser o que
somos. Deve ser esse o papel da história. A história deve ter essa capacidade
fantástica de nos impor uma reflexão sobre como chegamos a ser o que somos”.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz. Pra que serve a História? Fragmento de


aula proferida em 23.01.2001, para mestrandos e doutorandos do Programa de Pós-
Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco. Transcrito e
revisado por Edwar Castelo Branco.

BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In.: Para uma educação de
qualidade. Atlas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de
Investigação em Educação (CIED)/Instituto de Educação e Psicologia, Universidade
do Minho, 2004. p. 131-144.

BITTENCOURT, Circe M. F. Propostas Curriculares de História: continuidade e


transformações. In: BARRETO, E. (org.). Os currículos do ensino fundamental
para as escolas brasileiras. Campinas: Autores Associados, 1998.

27
____________. Saber Histórico em Sala de Aula. 2a ed. São Paulo, Contexto,
1998.

____________. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo, Cortez


Editora, 2004.

FONSECA, Thais Nivia de Lima e. História & Ensino de História. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2011. 3ª edição.

FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da história ensinada. Campinas, SP:


Papirus, 1993.

_____________. Didática e prática de ensino de história. São Paulo, Editora


Papirus, 4 Ed., 2005.

LE GOFF, J. A idade média de Jacques Le Goff. In.: Uma longa Idade Média. Rio
de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1998. p. 27-47

MACIEL, Carolina M. Abreu. Ensino de História e as Novas Tecnologias de


Informação e Comunicação. Anais do IV Encontro de Pesquisa Educacional em
Pernambuco – EPEPE, 2012. p. 01-08

SILVA, Marcos Antônio, FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de história hoje:


errâncias, conquistas e perdas. Revista brasileira de História. São Paulo, v.31,
nº60, 2010.

OLIVEIRA, Nucia Alexandra Silva de. O estudo da Idade Média em livros


didáticos e suas implicações no Ensino de História. Cadernos de Aplicação,
Porto Alegre, v.23, n.1, jan./jun. 2010.

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