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ÉTICA E MORAL NA MODERNIDADE

Por Gabriel Victor Pereira Cruz

Resumo: O que é ética e moral? Afinal de contas, elas existem? São predefinidas por
uma divindade celestial ou são uma construção social? Discorrendo sobre as aflições
do mundo moderno buscaremos compreender com um olhar quase que fatalista sobre
a modernidade, a descrença contagiante de Pondé pede coragem para refletirmos a
respeito de temas polêmicos e em alta na grande mídia, temas como a democracia, a
falsa empatia pregada massivamente pelos jovens afins de parecerem justamente
mais limpinhos aos olhos de outros, a grande obsessão contemporânea por um
puritanismo compulsório e hipócrita disseminado pelos vários intelectuais apoiados
em filosofias relativistas e utilitaristas, que tentam chegar ao cidadão comum com uma
proposta de solucionar seus problemas ou criar problemáticas para vender a solução
para elas, afinal, os mesmos que criticam o livre comércio, utilizam-se do mercado
para vender suas soluções milagrosas para as aflições do homem, nestas poucas
páginas veremos sobre a moralidade contida em uma perspectiva ética moderna e
como ela pode se transformar em uma hipocrisia fantasiada de fraternidade.

Introdução: Nesta pesquisa nosso objetivo geral será refletir acerca da modernidade
e como a moral e a ética conversam entre si em diferentes temas, apontaremos a
respeito de certas características peculiares presentes hoje na atualidade no que se
diz a despeito da vida do homem moderno e como ele se situa no meio disso tudo, é
importante salientar que usaremos de uma visão mais hermenêutica da filosofia, onde
utilizaremos ela por meio a compreender a realidade em questão, também
utilizaremos como base o Filósofo, colunista e escritor, Luiz Felipe Pondé que discorre
sobre os temas que nos interessam entre outros dispostos no seu livro Filosofia para
corajosos (2017), percorreremos com Pondé e sua visão pessimista de mundo para
compreender o que outros filósofos como Platão, Mill e Kant já nos diziam a alguns
séculos atrás e como estas ideias ainda permanecem vivas e apoiam a filosofia do
cidadão comum que hoje se vê em um mundo que cobra valores diferentes do século
passado, de onde surge o puritanismo do politicamente correto e se de fato ele o é
tão correto assim, aliás, buscaremos compreender nesta pesquisa, o que é o correto
e o que determina isso, a metafisica, a racionalidade, os instintos ou a vaidade?

Palavras chaves: Ética. Moral. Democracia. Filosofia.


Ética e moral

Os conceitos de moral e ética são frequentemente usados como sinônimos, mas


alguns autores e filósofos discordam que haja alguma distinção entre ambos, para
Pondé (2017) por exemplo, a diferença entre as mesmas, seria a mesma coisa que
mesa e table (do inglês mesa), ou seja, praticamente nula, para esclarecer esta dúvida
devemos ir aos sentidos etimológicos de cada uma delas.

“Moral em do latim mos, moris, que significa ‘maneira de portar regulada pelo uso’, daí
‘costume’, e de moralis, morale, adjetivo usado para indicar o que é ‘relativo aos
costumes’. Já ética vem do grego ethos, que tem o mesmo significado de costume”
(Karen Elisabeth, 2014 em Jusbrasil.com.br).

Etimologicamente são entendidas como sinônimos, mas Pondé vê se necessário


esclarecer o que as pessoas têm em mente quando passam a assumir uma distinção
entre elas, cabe-se então explicar que para a grande massa, ética seria o campo das
normas de conduta, quando entanto a moral seria a parte da filosofia que nos remete
sobre hábitos e costumes, portanto na visão do autor ambas seriam a mesma coisa e
ao mesmo tempo, porque faz inexoravelmente parte da reflexão sobre hábitos e
costumes refletir a respeito das normas que regem os mesmos e não obstante, não
existem hábitos e costumes que não venham a ser regidos por normas, muitas das
vezes quase que irracionalmente. Para complementar o pensamento, Adolfo Sánchez
Váz (1999) afirma a respeito da ética e moral “ethos como mos indicam um tipo de
comportamento propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com
ele como se fosse um instinto, mas que é ‘adquirido ou conquistado por hábito’”.

Hábitos e costumes

Mas afinal, o que podemos então entender como hábito e costumes? Para Aristóteles.
Os bons hábitos e costumes (virtudes) devem ser praticados todos os dias até passem
a se tornar um hábito ou como o próprio o diz, uma “segunda natureza”, por meio de
vierem a se tornar espontâneos, devemos lembrar que a escola moral mais antiga é
a do próprio Aristóteles, filósofo este que basicamente é a base da nossa
compreensão do que é ética na nossa sociedade ocidental; esta escola é conhecida
como moral das virtudes ou do caráter. Para o filósofo, os hábitos e costumes de um
povo advém de uma relação do indivíduo com os demais que formam o coletivo de
uma sociedade, esta construção é o que nos definiria como seres morais. O grande
ponto é que para Pondé, esses hábitos e costumes não são tão diversificados como
imaginamos quando se passa a medir o valor dele para um campo social de indivíduo
ou grupo. Ainda para o autor, coragem é coragem e covardia é covardia em qualquer
lugar, seja em batalha ou na frente do chefe do seu departamento. Para Aristóteles,
desenvolver boas virtudes seria como aprender a tocar bem violão, a ética então seria
uma ciência prática e não teórica.

Sendo assim Pondé é capaz de afirmar que a moral não é uma ciência que depende
de valor de outro mundo ou ser celestial, é um esforço dos indivíduos para superar
certos vícios e dar condições dos jovens a desenvolver suas virtudes, esta seria a
escola moral que ele julga mais apreciar.

A segunda escola

O autor do parágrafo anterior tem-nos a dizer e nos mostrar com seu grande repúdio
a modernidade, que a virtude é algo irremediavelmente público, ou seja, que necessita
de um terceiro reconhecer no sujeito que a dispõe, o que é muito diferente de alguém
que canta suas virtudes, que para ele seria justamente a falta de uma das mais
essenciais, a humildade, este ato de cantar suas próprias virtudes, Pondé apelida
carinhosamente de marketing do bem, portanto desejamos discorrer antes sobre a
relação entre marketing e moral, mas ainda antes disto tudo, trataremos primeiro das
outras duas escolas éticas, sendo a primeira a de Immanuel Kant, um grande
racionalista que acredita em uma moral apoiada em imperativos categóricos. Na
filosofia, categórico seria a mesma coisa que universal, o que se põe a nos dizer que
um imperativo deve valer a todos, do contrário não vale a ninguém e se não vale para
todos, não é ético. O racionalista veio a perceber com o fim da idade média rural, onde
o fator regulador das pessoas era a própria vergonha, ou seja, em uma cidade rural
pequena onde todos se conheciam, ser pego roubando não era nada vantajoso, já
que todos teriam ciência de seu ato e lhe poriam a juízo público e mesmo nessas
circunstancias surgiria a necessidade de um embasamento para as normas de
conduta, até mesmo o cristianismo na Europa viria a declinar como principal
fundamentador da moral, era necessário algo que fosse acessível para a mente do
homem rural comum e esse algo é o que podemos chamar de razão prática ou
comportamento racional. A evolução desse pensamento seria a positivação da ética
como propriedade da lei, não obstante disso, a ética passaria a ser confundida quase
que propositalmente com a lei, para sustentar a norma.
Partindo deste ponto, Kant nos propõe, que achemos regras ou seja imperativos
universais, com isto poderíamos fundamentar as normas. A crítica do preconceito
advém desta lógica, porque não deveríamos comercializar com negros, judeus,
indianos, se ambos sairíamos ganhando? A validade destes imperativos surgem desta
lógica, só são válidos, porque são bons para todos, Pondé agora nos dá o exemplo
para podermos racionalizar esta reflexão de uma forma mais clara, imagine então que
o nosso imperativo seria de que ninguém deve mentir, para Kant, ninguém deveria
mentir pois assim ninguém seria privado da verdade e todos poderiam confiar em
todos e a existência propriamente dita, seria mais transparente, porém é claro para o
autor que na prática a ideia não funciona, porque quem pode afirmar que a verdade
é boa para todos? Aliás dizer a verdade a todo momento para a maioria seria uma
espécie de ausência de empatia ou educação, para ele, faz parte da “elegância social”
saber que devemos evitar a dizer coisas que causem um mal-estar desnecessário.
Porém ainda devemos reconhecer que fazer o oposto, que seria mentir o tempo todo,
também acaba com todo o tecido social e devemos reconhecer que dizer a verdade
ainda é visto como um mecanismo regulatório do comportamento, já que se faz
necessário para que possa ser viável que tenhamos um pouco de fé nos amigos,
amor, família e nos negócios.

Pondé não vê a ideia de Kant como ruim apesar de que para o autor, ela ainda possa
parecer um tanto quanto inocente. Outro conceito da teoria, é de que não devemos
ver os semelhantes como meio e sim como fim, em resumo, o ser humano deve ser o
principal objetivo da sociedade, tornar a nossa vida razoavelmente mais confortável
deveria ser o fator determinante de qualquer sociedade saudável e consciente, porém
para Pondé, ainda é uma ideia quase que ingênua, no momento em que as relações
de sobrevivência material implica que a maioria de nós somos meios para que outros
sobrevivam, por exemplo nossos filhos ou pais na velhice a própria ciência da
escassez que rege a necessidade econômica, nos convida a ser meios para a
subsistência da sociedade como um todo.

Ainda sobre a validade da ideia de Kant, chama-se a atenção para que se caso o for
chamado a avaliar um caso ético, e você tenha algum interesse direto em um dos
resultados, a sua percepção quanto a avaliação pode ser afetada por fatores
emocionais, sendo assim, é preferível que abra a mão deste papel de juiz, já que para
o filósofo, a ética pertence a um campo racional acima de tudo e não deve ser
protelado nenhum tipo de emoção na parte da qual se julga e reconhece tais normas.
Tal ética kantiana é sustentada por uma tentativa por meio da soma de esforços para
que possamos agir de forma razoavelmente racional no dia a dia, levando sempre o
maior número de indivíduos envolvidos, a modernidade, com a distanciação e perda
de vínculos sociais proferida pela tecnologia e a massiva disseminação das redes
sociais, busca nesta teoria buscar apoio para aquilo que outrora permearia os hábitos
e costumes, aquilo que Kant e outros filósofos julgam ser o central de nossas esfera
social e individual, a razão. Do ponto de vista de Pondé, talvez estes racionalistas não
estejam assim de fato certos, já que para este, não somos de todos plenamente
racionais, aliás, há uma grande pressão interna e externa, para que a razão seja o
único e principal fator determinante em nossas vidas, e ainda completa o autor “E
mesmo aqueles que tentam viver puramente pela razão revelam uma tara especifica:
a tara de eliminar da vida tudo o que não seja limpinho e ordenado”. Ou seja, mesmo
a paixão pela própria razão, seria ela de qualquer modo irracional, desdenhando ainda
da máxima de Kant, Pondé diz: “Pensar que a ética faz o mundo melhor é para os
fracos”.

A terceira escola

Após discorrer sobre a perspectiva racionalista de Kant e as falhas da mesma


apontadas por Pondé, podemos passar para a terceira grande escola, que tem como
patronos, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, essa é talvez a principal escola ética
que rege a modernidade e parte do pressuposto de que o homem tende a fugir da dor
e a buscar sempre o prazer ou bem estar, mas devemos tomar o cuidado para não
confundir com uma busca individual, na verdade, este ponto de vista foge a proposta
desta escola, essa busca deve ser pelo coletivo ou seja, o bem estar utilitarista é um
bem estar social, no pressuposto de quanto mais pessoas estão incluídas neste bem
estar, mais se estenderá este sentimento para o grupo. Portanto os utilitaristas
definem-se como filósofos radicais, que levam em conta primeiro a observação do ser
humano e a compreensão de seus atos, formando assim o que chamamos hoje de
algo empírico, o que é nada mais que uma forma de reflexão ética. Portanto, partindo
deste princípio, para os utilitaristas, de nada adianta definirmos o que é o bem e o mal,
se não observarmos primeiro as razões que motivam aqueles que os praticam, ou
seja, primeiro olhemos os homens antes que criemos imagens acerca do bem e do
mal, o que torna impossível escapar da máxima de que fugimos da dor e buscamos o
bem-estar.

Os utilitaristas passam então a determinar que quaisquer tentativas de identificar o


que é bom ou mau, parte de uma metafisica moral e por isso são descartáveis, a
observação do ser humano e do animal, nos mostra explicitamente a nossa senciência
a fugir sempre da dor quando podemos e buscar o bem-estar, pois nos é mais
confortável, esta fuga é o que eles o chamam de escolha racional, reconhecendo que
escapar do sofrimento, é algo racional.

Para Bentham, o utilitarismo implica “cálculos” de comportamento, para ele algo que
vise o bem-estar geral, deve levar em conta objetos como intensidade, duração e
fecundidade, a velocidade do efeito uma vez o concretizado de fato, a confirmação de
atingir se o alvo em foco e não outro e outro completo de sua obviedade, a segurança
de que aquilo causará o bem-estar e não o contrário, o que não é nem um pouco bem-
vindo pelos teóricos desta escola, em contraste a isto, Mill diz que o ato utilitário deve
levar em foco dimensões do humano, ou seja característica inalienáveis do ser como
a racionalidade, imaginação, sentimentos morais e liberdade, formando assim a base
do utilitarismo, que seria a junção da observação do comportamento humano em
busca de bem estar ou em fuga da dor e a fé na racionalidade de nossas decisões
para chegar em tal.

Mas a história nos mostra que nem todos concordavam com esta máxima e outros até
a rejeitavam veemente, como prova disso, usaremos como exemplo o autor de um
dos panfletos anti-utilitários mais famosos, Aldous Huxley, que no final do século XX
escreveu uma distopia que tende a representar com exatidão o resultado de uma
sociedade que haveria optado de fato a seguir à risca o racionalismo utilitário, esta é
conhecida como Admirável mundo novo (1932); neste mundo novo vemos a
“perfeição” de um povo que conseguiu extirpar os maus hábitos ou quaisquer coisas
que causem o mal estar de um ponto de vista coletivo, causando assim efeitos
colaterais surpreendentes. Os indivíduos desta sociedade que escolheram por viver
uma vida perfeita, acabam escravos desta própria perfeição, onde na teoria de Kant o
erro é exatamente apostar em uma razão celestial que é praticamente metafisica e
escapa do ser comum (visto que este era exatamente o intuito contrário), o “erro” dos
utilitários segundo Pondé, advém justamente da grande folga de acertos dos mesmos,
visto que para o autor, os mesmos estão corretos ao afirmar que o homem tende a
fugir da dor e buscar o bem-estar, mas pecam ingenuamente, afirmando que
possamos construir uma sociedade em cima da busca pela felicidade; ainda na
perspectiva de Pondé, ele afirma que o racionalismo utilitário não passa de um
racionalismo burguês, pois os fatores determinantes na vida destas pessoas na
história de Huxley, assemelham-se a protocolos de organizações com fim lucrativos o
que é incompatível com a gestão da vida, para descrever isto ele comenta ainda em
seu livro: “As pessoas no livro de Huxley eram umas idiotas fabricadas geneticamente.
As pessoas do mundo real são umas idiotas obcecadas pela saúde e pela felicidade.
A vida precisa ser um pouco desperdiçada e suja, senão se torna natureza-morta
perfeita. ” Quase que em um tom profetizante, o filósofo contemporâneo nos diz a
respeito de Huxley, que o mesmo acertou em cheio sobre a modernidade ainda em
1930, que no futuro seríamos justamente escravos de procedimentos de saúde e
felicidade, para Pondé, hoje vivemos justamente esta distopia, o mesmo ainda
discorre fazendo um paralelo entre Kant e os Utilitários dizendo: “Huxley traduz o
mundo perfeito por uma tragédia da liberdade que se vê limitada a um chiqueirinho de
gente grande sempre limpinha [...] O risco totalitário do utilitarismo é enorme, como
na ética kantiana categórica. Se lá todo mundo deve ser santinho, aqui todo mundo
deve ser limpinho. ” O grande crítico do racionalismo burguês ainda afirma que para
ele, a ética aristotélica das virtudes continua sendo a melhor e de maior respeito, pois
ela se aproxima muito mais da realidade e do que é humano, pois não prescreve
normas de comportamento e muito menos compara a nossa racionalidade a mesma
de animais, a busca pela vida moral tende a ser muito mais realista quando se trata
de uma batalha pelos bons hábitos, sem nenhum teórico ditando normas categóricas;
Pondé se julga assim um aristotélico em ética e fecha nos dizendo: “A vida é bela,
violenta e imunda, não há como fugir disso sem eliminar a própria vida.”

A fama da hipocrisia

Tratado assim das três escolas éticas que regem a modernidade, reconhecendo assim
também as contribuições e os danos causados por ambos, pretendemos agora
discorrer sobre um assunto iniciado ainda na pesquisa sobre a primeira escola, a
relação do marketing e a moral, muito presente hoje em nossas vidas e como já dito,
exemplifica uma grande falta da virtude mais essencial, a humildade, para isso iremos
utilizar novamente das reflexões de Pondé, e compreender pragmaticamente o que
ele nos diz a cerca deste assunto. A falta de humildade, não sendo a única virtude em
falta na nossa atual sociedade, também não é nenhuma novidade, a distorção dos
sinônimos de ética, assim como está na “moda” utilizar o termo comportamento ao
invés de costumes e hábitos, portanto podemos chegar a uma grande correlação de
marketing e moral, o marketing de comportamento. Segundo o autor, a substância da
moral pública, sempre foi a hipocrisia, o que não é nenhuma novidade, pois sempre
tende se a fingir ter virtudes que não temos, mas o que é novidade, é justamente a
perca da consciência de que toda moral pública (marketing comportamental) é
hipócrita na sua essência, por isso para ele é tão fácil hoje em dia pessoas se fazerem
de boazinhas e não serem percebidas como hipócritas, ele afirma: “Nunca na história
da humanidade fomos tão mentirosos como hoje. ” Podemos tomar exemplo sobre
esta nova perspectiva do jovem sobre o trabalho, onde devemos aceitar somente
trabalhar em algo que faça sentido para nós, que nos faça feliz e nos faça sentir à
vontade, mas a grande verdade, é que isso sempre só foi acessível para uma pequena
parcela de ricos ou loucos (aqui consideraremos corajosos como loucos também), o
que ainda não mudou, é justamente o trabalho, continua sendo apenas um meio para
ganhar a vida e não uma finalidade como os limpinhos modernos querem que
vejamos, mas é justamente por trás deste discurso que muitos ganham a vida, através
da internet, universidades e mídia, uma outra grande façanha é a grande mentira
sobre um capitalismo mais consciente no século XXI, onde o lucro passaria a ser algo
secundário, o que também nos remete algo unicamente mais confortável de se ouvir
e de se vender, pois se há um grande fato, é que se o seu patrão parar de ter lucro,
ele irá parar de pagar o teu salário. Pondé ao longo do capítulo que trata de marketing
do comportamento, ainda nos revela que, o mundo contemporâneo é a civilização
mais escrava da aparência que já existiu até então, justificando assim esse tão
escrachado marketing moral, com a modernidade, por obra dos vários intelectuais
acerca do século XVII, se transformando em um grande clero que traria a salvação
para as opressões da idade média, esquecemos a nossa capacidade de verificar as
falhas e as faltas presentes em nossa realidade, deixando passar esta que não tem o
mínimo esforço de se esconder, a hipocrisia. O autor ainda acentua que os intelectuais
são a classe mais corrupta moralmente desta época, pois se vendem a migalhas para
os governantes, fazendo-se cumprir suas agendas, abraçam suas causas e gritam
aos quatro cantos do mundo como todos deveriam lhe ouvir, agindo como se fosse o
mensageiro das boas novas, até mesmo os grandes defensores da democracia,
palavra está muito em alta também, basta a defende-la e estará a salvo de quaisquer
julgamentos, pois está a favor do povo, vemos então um grande problema em idealiza-
la tanto, assim como os racionalistas, a democracia para Pondé, um dia será visto
como burrice, “como podemos levar tão a sério a soberania do povo”.

A democracia, regime ou mercado?

Aproveitando-se de um gancho, vamos nos propor a pensar agora a respeito da


democracia, tema esse tão salve-guardado pela sociedade contemporânea,
parecendo quase tão necessária para a existência, quanto o ar que respiramos, mas
inserida em um contexto sócio-político, o autor do parágrafo passado afirma que a
política é a grande prova de que a sociedade tem dificuldade em sobreviver, não
consegue viver sem ser em bando e para tal condição de existência, alguém tem de
mandar e outro tem de a obedecer, a essência da democracia é de que o poder emana
do povo, ou seja, o povo é soberano, sim, para alguns ou para uma grande maioria,
na visão de Pondé, isso faz sentido e ainda por ter sua soberania estabelecida na
massa, este grupo, carrega algum tipo de verdade moral, já que é soberana, porém
devemos lembrar como já tratado anteriormente, de que toda moral pública, é
hipócrita, e se isto é uma verdade, então o povo não carrega nenhuma verdade e isso
é mais que óbvio, na democracia o que importa não é a verdade sobre alguma coisa
e sim a maioria e isso já nos é dito por Platão a algumas centenas de anos: “O motivo
de a democracia esconder a hipocrisia da moral pública é porque a democracia é
sofista.” Devemos então lembrar quem eram os sofistas, estes sujeitos eram aqueles
que afirmavam de que não existia uma verdade absoluta, porque esta seria apenas a
vitória de um argumento sobre o outro, portanto, retórico. Platão aponta para nós a
tendência de a democracia ser algo meramente demagógico. Agora sobre a visão de
Pondé, ele tenta se defender para que não seja acusado de anti-democrático,
confessando reconhecer que de todos os sistemas políticos, a democracia de fato é a
menos pior e se vê necessário para manter esta vantagem sobre os demais regimes,
lembrar suas fraquezas, citando até mesmo Tocqueville onde afirma que estas
fraquezas em uma democracia, não são bem vindas, já que o tema mais amado em
uma democracia, é justamente ela própria.

Voltando a visão de Platão, sobre a demagogia da democracia, a grande problemática


da mesma, é justamente que se trata de números, o que vem a ser um problema pois
é um regime com opiniões variadas, ou seja, é um regime de quantidades, onde Pondé
utiliza uma icônica frase de Nelson Rodrigues para exemplificar isto, “Os idiotas são
sempre a maioria” e para o autor uma das faces desta idiotice, seria justamente supor
que a transparência da gestão pública, algo que é desejável em um governo, implique
na transparência da verdade moral e como já dito outrora, sempre que se canta um
valor em público, sabemos que isto, tem se a ver somente com a quantidade de votos
ou aprovações os mesmos terão, o que se acaba em uma profunda hipocrisia, pois
politicamente a democracia se trata apenas na quantidade de votos a favor ou contra
a despeito do que você quer.

Um outro grande problema apontado por Pondé em grande relação aos pensamentos
de Platão, é justamente o motivo para a democracia compactuar com a hipocrisia
pública, este motivo seria sua grande dependência da adulação da opinião pública,
isso afeta uma grande quantidade de pessoas em diferentes extremos, desde políticos
a artistas que vendem música, seria uma espécie de lei para todos aqueles que
querem o sucesso, adular a opinião pública, e por vias de fato, esta opinião pública
nem sempre é quantidade de votos, mas também a quantidade de pessoas que se
consegue influenciar, Pondé afirma que está pratica dependente de adular as opiniões
públicas torna a democracia um simples regime de mercado. Ela é na verdade um
grande mercado de ideias e opiniões a serem defendidas ou recusadas, a grande
tendência da mentira/hipocrisia é no limite uma tendência de marketing, pois é
inexorável o fato de que o que importa na democracia é a aparência, e justamente
esta vaidade talvez seja um dos maiores males da modernidade, talvez ainda, uma
das responsáveis por toda esta relatividade ou procura objetiva do que é ético ou não,
do que deve guiar as nossas vidas ou não, o ser humano ainda na sociedade
contemporânea.

Conclusão:

Apesar de todo desenvolvimento tecnológico proporcionado pelo nosso sistema


econômico, caminha a passos largos na procura pelo sentido da vida, tornando se um
escravo da mente, e a mente segundo Pondé, é algo insaciável, talvez esta seja a
explicação para se apegarem tanto a objetivos supérfluos e ao materialismo.
Referências

PONDÉ, Luís Felipe. Filosofia para corajosos: Pense com sua própria cabeça.
1º edição. São Paulo: Planeta, 2017.

PLATÃO. A República. 9º Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949.

MILL, John Stuart. Ensaio sobre a liberdade. 1º Edição. São Paulo: Escala, 2007.

KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Edição digital. São Paulo: Brasil Editora
S.A., 1959.

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