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CAM 5
América
em missão,
o Evangelho
é Alegria
Editorial
Índice
Editorial.................................. 3
Destaque................................. 5
Rumo ao 5º Congresso Missionário Americano
Pe. Maurício da Silva Jardim
Nossos Missionários.................. 6
Sai da tua terra e vai...
Dom Mauro Morelli
Aprofundando a Missão........... 10
• Pontifícia Obra da Infância e
Adolescência Missionária
América em missão, o Evangelho é alegria • Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo
Pe. Estêvão Raschietti
• Pontifícia União Missionária
Testemunhos.......................... 12 Expediente
No país dos telhados azuis Direção:
Ir. Elisabetta Pelucchi Pe. Maurício da Silva Jardim
(diretor nacional das POM)
Arquivo POM
Missionário Nacional
As Pontifícias Obras Missionárias acolheram
missionários de todo o Brasil, entre os dias 16 a
18 de março, para participar da 35ª Assembleia do
Conselho Missionário Nacional – COMINA, com
o tema “Processo de planejamento em vista do
Programa Missionário Nacional”. Além dos bis-
pos, também participaram os responsáveis pelos
Conselhos Missionários Regionais – COMIRES.
Assembleia do Comina discute Programa Missionário Nacional
Sobre o planejamento do Programa Missio-
nário Nacional, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, espiritualidade, dando muita atenção à formação.
presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Queremos, com isso, possibilitar aos COMIRES
a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da uma maior dinâmica para a formação em termos
CNBB e Presidente do COMINA, relembrou que o de conteúdo, e o objetivo pleno é sermos mais mis-
caminho percorrido até então tem sido partilhado sionários, discípulos de Jesus Cristo, fazendo com
com os regionais. “Nós refletimos na assembleia a que toda a Igreja seja missionária, como nos pede
importância de se elaborar um Programa Missio- o Papa Francisco, para que vivamos uma Igreja em
nário Nacional com objetivos, etapas, metodologia, saída”, lembrou Dom Esmeraldo.
Rumo ao
CONGRESSO
MISSIONÁRIO
AMERICANO
A
cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, Evangelização da Cultura; Missão e Reconciliação; Mis-
vai receber missionários e missionárias de são Ad Gentes na e desde a América; Missão e Eco-
diversos países da América, de 10 a 14 de logia; Família Missionária; Missão e Catequese; Novas
julho de 2018, para o 5º CONGRESSO MISSIONÁRIO Formas de Cooperação Missionária; Jovens e Missão;
AMERICANO (CAM 5), com a temática “A Alegria do Missão e Migrantes; e Missão e Formação sacerdotal.
Evangelho, coração da missão profética, fonte de re- 3. Seis Sub-assembleias que seguem o esquema:
conciliação e comunhão”. A delegação brasileira con- Animação e testemunhos missionários; retomada dos
tará com 250 participantes de todos os 18 regionais da conteúdos da exposição da manhã; trabalho de grupos
CNBB. Dentre eles, leigos e leigas, sacerdotes, diáco- e plenária; breve oração final.
nos, bispos, religiosos e religiosas e seminaristas. 4. Quatro Conversatórios: Novas Perspectivas da
O objetivo geral do CAM 5 é fortalecer, nas Igrejas Missiologia; Comunicação e Missão; Infância e Adoles-
das Américas, a identidade e o compromisso com a cência Missionária; e Missão nas Universidades Católicas.
Missio Ad Gentes, anunciando a Alegria do Evangelho a O Brasil estará presente no CAM 5 com uma dele-
todos os povos, com particular atenção às periferias do gação de 174 missionários(as) dos 18 regionais da CNBB.
mundo de hoje, a serviço de uma sociedade mais justa,
solidária e fraterna. Pe. Maurício da Silva Jardim
Em um processo de continuidade, a preparação do Diretor Nacional das POM
CAM 5 começou em novembro de 2014 em Tegucigalpa,
Honduras, por ocasião do encontro logo após o CAM 4
- COMLA 9. No percurso, também constam reuniões
anuais dos diretores das Pontifícias Obras Missionárias
das Américas, quais sejam: Em março de 2015 em Cuba;
Programação
2016 no Uruguai; 2017 em Santo Domingo; e fevereiro Segunda (9/7)
de 2018 no Paraguai. Em 13 de abril de 2015, ocorreu
Acolhida
a reunião das Comissões organizativas do CAM 5, em
Cochabamba. Em julho de 2015 em Santa Cruz de la
Sierra, o Papa Francisco abençou os símbolos de ani- Terça (9/7)
mação do CAM 5: A Cruz Missionária e as relíquias da Inscrições
beata Nazaria Ignacia. Eucaristia de Inauguração
Para maior aprofundamento dos conteúdos do
CAM 5, ocorreram dois Simpósios de Missiologia: Quarta a sexta (dias 11 a 13/7)
1º Simpósio, 2015 em Puerto Rico com o tema: “O
Conferências Centrais
Evangelho, fonte de reconciliação e comunhão”.
Feiras (exposição de materiais missionários)
2º Simpósio, 2016 no Uruguai com o tema: “O
6 Sub-assembleias
Evangelho da alegria impulsiona a missão”.
12 Oficinas
Durante o CAM 5 em Santa Cruz de la Sierra, a or-
4 Conversatórios
ganização central pensou um caminho metodológico
Noite de atividades nas Paróquias
inserido por meio de cinco Conferências Centrais, doze
oficinas, seis sub-assembleias e quatro conversatórios.
1. Conferências centrais: Evangelho; Alegria; Missão e Sábado (14/7)
Profecia; Reconciliação e comunhão; e Missão Ad Gentes. Experiências Missionárias nas Paróquias
2. Oficinas: Leigos Consagrados na Missão; Mis- Missa de Envio
são, Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso; Missão e
2018 abril a junho 5
Nossos Missionários
Sai
da
tua
terra
e vai... (Gn12)
E
m 2015, ao completar 80
anos, celebrei a Eucaristia
junto à Cachoeira Casca
d’Anta, na Serra da Canastra (MG),
onde o rio São Francisco dá seu
primeiro salto, inaugurando nova
etapa de testemunho de Fé e serviço
ao Reino da Vida em Comunhão.
O caminho percorrido desde o
batismo não termina com a entrega Canastra, criado em 1972 no coração ção, na reconciliação e na partilha
de um múnus pastoral, mas segue da Canastra, para fins de reforma ou comunhão. Urge pensar uma
em frente pelo testemunho e ser- agrária, implantado e administrado teologia canastreira para uma Igreja
viço do Evangelho, até que nossos em guerra com o ser humano, exclu- inserida no bioma do cerrado, agres-
dias se completem nas mãos do ído da biodiversidade por visão mí- te e fecundo, com rosto de agricul-
Amor Misericordioso. Como bispo, ope. Não se promoveu a educação tura familiar agropecuária, cuidadora
sempre enfatizei o batismo como fon- ambiental e, sob a tirania do poder, das fontes da vida, com seu próprio
te de dignidade, de pertença e missão. aterrorizou crianças, violou direitos jeito e ritmo de viver e celebrar.
Não me agradam os qualifi- e pouco se preservou da fauna e da Para viver em missão na Ca-
cativos de Bispo na ativa ou emé- flora, outrora mais rica e pujante. nastra a serviço da paz social e am-
rito. Não somos fantasmas, figuras E não se preserva o pato biental, as motivações devem ser
errantes de outros tempos. Assim mergulhão sem a criança ca- pascais, acompanhadas de compe-
como Moisés, posso não entrar na nastreira! Aliás, segundo o papa tência, revestida da simplicidade da
Terra onde não há mais choro e mor- Francisco, destruir uma cultura é pomba e da astúcia da cobra. De-
te, fome e miséria, mas com o povo tão ou mais grave que a extinção terminante e olhar contemplativo.
de hoje damos um passo a frente! de uma espécie (LS). Na vastidão da Paróquia de
Faz diferença crer e caminhar A Canastra, considerada fim São Roque de Minas, Diocese de
aos oito ou aos oitenta. O apren- de linha de três dioceses, desafia a Luz, onde fui acolhido por Dom
dizado se vive entre tropeços, dúvi- própria Igreja que a ignora e que José Aristeu e Padre Dênis, procu-
das e angústias, dores e alegrias. A também desconhece as expressões ro estar presente no meio do povo,
Canastra me seduz pelas suas bele- de fé do seu povo, vivida pelas fa- em suas casas e comunidades, em
zas e me desafia pelas suas dores. mílias e comunidades em símbolos resposta ao apelo que me foi feito,
Temos o Parque Nacional Serra da e devoções centradas na encarna- em fevereiro de 2015, por ocasião
Santidade e missão
Reflexões sobre a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate do papa Francisco
A
vocação à santidade pode parecer distante tudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos
de nossa vida e atuação missionária. O papa em que se verificou um oferecimento da própria vida
Francisco responde a essa questão ao nos pelos outros, mantido até a morte” (Cfe. GE,5).
presentear, em abril de 2018, com a Exortação Apostó- A santidade não é privilégio de um grupo, de
lica Gaudete et Exsultate (Alegrai-vos e Exultai), recor- uma elite eclesial. Ser santo não significa revirar os olhos
dando que o chamado à santidade no mundo atual é em êxtase ou fugir dos problemas reais do cotidiano.
para todos e todas. Não é um privilégio para poucos, “Cada pessoa responde essa vocação batismal fazendo
mas ela é o encontro da nossa fragilidade com a força seu próprio caminho inspirado por Deus. O importante
da graça divina dada no batismo. é que cada pessoa entenda o seu pró-
O objetivo do papa nessa Exortação prio caminho e traga à luz o melhor de si
Apostólica é “fazer ressoar mais uma vez mesmo” (Cfe.GE,11). Esse percurso não é
o chamado à santidade, procurando en- realizado de forma isolada, mas comuni-
carná-la no contexto atual, com os seus tária, pois Deus quer salvar a todos.
riscos, desafios e oportunidades” (GE,2). Não é que “Para ser santo, não é necessário
A Exortação oferece uma visão realista ser bispo, sacerdote, religiosa ou reli-
do que é ser santo. Vemos ao longo da a vida tenha gioso” (GE,14) “Para um cristão, não é
história e nos seus diferentes contextos, uma missão, possível imaginar a própria missão na
que o acento no modelo de santidade terra, sem a conceber como um ca-
foi diverso. Contudo, são perceptíveis mas a vida é minho à santidade, porque a ‘vontade
alguns critérios em comum, tais como, uma missão” de Deus é que sejais santos’ (1Ts4,3)”.
“nos processos de beatificação e cano- (GE,27) Cada santo é uma missão (GE, 19). Essa
nização, tomam-se em consideração os missão só adquire pleno sentido e só
sinais de heroicidade na prática das vir- pode ser compreendida em Cristo.
8 abril a junho 2018
POM
América
em missão,
o Evangelho
é Alegria
E
stamos nos preparando para a realização do 5º CAM 3 em Quito, Equador (2008); o CAM 4 em Mara-
Congresso Americano Missionário (CAM 5), de caibo, Venezuela (2013). Finalmente, em 2018, o CAM 5,
10 a 14 de julho de 2018 na cidade de Santa Cruz em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia.
de la Sierra, Bolívia. O tema em 2018 é: “A Alegria do Evangelho, coração
A caminhada missionária da Igreja na América La- da missão profética, fonte de reconciliação e comunhão”
tina, rumo a uma progressiva, responsável e original que, junto com o lema: “América em missão, o Evangelho
abertura universal, ficou profundamente marcada por é Alegria”, deseja oferecer um enfoque especial ao objeti-
esses congressos, inicialmente nominados como Con- vo do evento: “fortalecer, nas Igrejas das Américas, a iden-
gressos Missionários Latino-Americanos (COMLAs) e tidade e compromisso missionário ad gentes, anunciando
que tiveram como origem os Congressos Missioná- a alegria do Evangelho a todos os povos, com particular
rios Nacionais do México. Em 1977, foi celebrado o 1º atenção às periferias do mundo de hoje, a serviço de uma
COMLA na cidade de Torreón, México. Depois foi a vez sociedade mais justa, solidária e fraterna”.
de Tlaxcala, México (1983); Bogotá, Colômbia (1987); O enfoque especial do CAM 5 é exatamente o mo-
Lima, Peru (1991); Belo Horizonte, Brasil (1995). tivo recorrente da alegria missionária. Vamos procurar
Em 1999, por ocasião do 6º COMLA em Paraná entender, então, a relevância desse destaque para a
(Argentina), o Congresso abriu suas fronteiras a todo nossa caminhada.
o Continente Americano, tornando-se assim o 1º Con- A alegria do Evangelho não é jovialidade efêmera,
gresso Americano Missionário (CAM 1). E assim rea- excitação alienada ou bem-estar espiritual. A alegria do
lizou-se o CAM 2 na Cidade da Guatemala (2003); o Evangelho não é um estado de espírito meio eufórico,
“
compromisso social nas favelas e porque, em seu coração, ela con-
presença na “Casa dos Anjos”, que versava com aquele “Pai” desde
atendia crianças diferentemente há- criança, mas às escondidas, pois
não vendo nada desabrochando,
esquecera totalmente as sementi-
nhas. Naquele domingo, num da-
queles vasos, havia um pinheiri-
nho de 10 centímetros com a mais
linda e natural árvore de natal que
Gioseng tinha visto e desejado.
Lembrando-me disso, na ma-
nhã de minha despedida, disse co-
migo mesma: “Lembra-te, Elisabete,
Deus não se deixa vencer em gene-
rosidade”.
Famílias Missionárias:
vidas em doação
H
á cinquenta anos, o Concílio Vaticano II A antiga expressão “Igreja Doméstica” tem suas
recuperou, dos escritos paulinos, a família origens nos tempos apostólicos, quando o núcleo da
nascida do sacramento do matrimônio Igreja era em geral constituído por aqueles que, “com
como “Igreja Doméstica” e “Santuário íntimo da Igreja”. toda a sua casa”, tornavam-se cristãos (cf. At 18,8). O
Hoje, o papa Francisco, na Exortação Apostólica Apóstolo Paulo em suas pregações falava sobre “cons-
“A Alegria do Evangelho”, pede a atenção dos fiéis truir” a comunidade e, para isso, utilizava metáforas que
com relação à família, “célula básica da sociedade”. correspondiam a “edificar a casa”. As Igrejas domés-
Sua mensagem orienta as relações de fraternidade ticas foram, então, os principais pilares das primeiras
que se encontram ameaçadas pelo individualismo comunidades cristãs. A partir delas, os lares passaram
e pelo egoísmo crescente, os quais enfraquecem a promover e a dar expressão aos laços que tinham
o desenvolvimento de valores e a estabilidade em comum, sempre na preocupação de promover a
dos vínculos entre as pessoas, sobretudo vínculos hospitalidade como principal impulsionador da missão
familiares (cf. EG66-67). deixada por Jesus Cristo.
A Pontifícia Obra da Propagação da Fé, obra fun-
dada em 1822 pela Jovem Paulina Jaricot, que tem
como alicerce o tripé da oração, sacrifício pessoal e
solidariedade concreta em função das missões, e ainda
despertar, animar e promover o espírito missionário
ad gentes, envolve atividades com as Juventudes, os
idosos e enfermos, e também com as famílias. São as
Famílias Missionárias (FM).
Como Obra Pontifícia, todas essas atividades são
comprometidas a rezar pelas missões, oferecer algum
sacrifício no decorrer do dia pela evangelização, contri-
buir financeiramente cada mês para suprir as necessida-
des missionárias da igreja, e formar e alimentar o espíri-
to missionário pela leitura de publicações missionárias.
As Famílias Missionárias são um serviço de ani-
Missionários visitam as famílias da comunidade mação oferecido pela Obra da propagação da Fé, como
UM SÍNODO PARA A
AMAZÔNIA
C
onvocada em 15 de do Sínodo e da preocupação com (REPAM) e presidente da Comis-
outubro de 2017, a as populações indígenas e com a são Episcopal para a Amazônia
grande reunião de Amazônia. (CEA) da Conferência Nacional
bispos para refletir a realidade Uma comissão preparató- dos Bispos do Brasil (CNBB), e a
da Pan-Amazônia terá sua re- ria foi nomeada pelo papa para Ir. Maria Irene Lopes dos Santos,
alização em outubro de 2019. conduzir os trabalhos. Coorde- delegada da Confederação La-
Até lá, muitos estudos, escutas, nada pelo cardeal Dom Lourenzo tino-Americana e Caribenha de
reuniões e atividades preparató- Baldisseri, a equipe pré-sinodal Religiosos e Religiosas (CLAR),
rias ocorrerão, tanto em Roma, conta com a participação de cin- secretária executiva da REPAM-
quanto na realidade amazônica. co brasileiros, entre eles, o car- -Brasil e assessora da CEA.
“Novos caminhos para a Igreja deal Cláudio Hummes, arcebispo No itinerário até o Sínodo,
e para uma ecologia integral” é emérito de São Paulo, presidente para conhecimento da realida-
o tema a ser refletido e que, se- da Rede Eclesial Pan-Amazônica de e escuta das populações da
gundo o papa Francisco, precisa
vir das vozes da própria Amazô-
Fotos: Felipe Larozza
Fotos: REPAM
foi elaborado por especialistas memória histórica eclesial, justiça
convidados pelo Conselho Pré- e direitos dos povos, espirituali-
sinodal. Dos treze expertos que dade e sabedoria são os pontos
auxiliaram na elaboração do apresentados nessa parte do texto.
documento preparatório, três Segundo o documento preparató-
são brasileiros e membros da rio, “em sua história missionária, a
REPAM-Brasil. Amazônia tem sido lugar de teste-
munho concreto de estar na cruz,
Documento preparatório inclusive, muitas vezes, lugar de
Na primeira reunião do Con- martírio. A Igreja também apren-
selho pré-Sínodo, realizada em deu que nesse território, habitado
abril deste ano, em Roma, o do- por mais de dez mil anos por uma
cumento foi aprovado pelos con- grande diversidade de povos, suas
selheiros e pelo papa Francisco. culturas se construíram em harmo-
Além de auxiliar na caminhada até nia com o meio ambiente”.
a assembleia especial, ele apresen- O julgar/discernir é a se-
ta algumas questões para serem gunda parte do documento que
respondidas pelas populações da ilumina as reflexões para uma
Pan-Amazônia, como uma forma conversão pastoral e ecológica.
de fazer ouvir, pelos bispos da O anúncio do Evangelho de Je-
grande reunião, as vozes da Ama- sus na Amazônia é apresentado
Papa e Ir. Irene, da REPAM-Brasil
zônia. De acordo com o texto do a partir das dimensões bíblico-
documento, “escutar os povos in- teológica, social, ecológica, sa- sonhamos com os pés fincados
dígenas e todas as comunidades cramental e eclesial-missionária. na terra de nossos ancestrais e,
que vivem na Amazônia, como os “Hoje o grito da Amazônia ao com os olhos abertos, pensamos
primeiros interlocutores deste Sí- Criador é semelhante ao grito do como será essa Igreja a partir da
nodo, é de vital importância para povo de Deus no Egito (cf. Ex 3,7). vivência da diversidade cultural
a Igreja universal”. É um grito de escravidão e aban- dos povos. Os novos caminhos
O documento está dividi- dono, que clama pela liberdade terão uma incidência nos minis-
do em três partes, segundo o e o cuidado de Deus. É um gri- térios, na liturgia e na teologia
método ver-julgar-agir. Ao final to que anseia pela presença de (teologia indígena)”, destaca o
do texto estão algumas questões Deus, especialmente quando os texto.
que permitem um diálogo e uma povos amazônicos, por defen- O documento preparató-
progressiva aproximação da rea- der suas terras, são criminaliza- rio termina com as palavras de
lidade e expectativa regional, na dos por parte das autoridades; Francisco em Porto Maldonado,
perspectiva da “cultura do encon- ou quando são testemunhas da no momento em que abre, ofi-
tro”, em que as populações da destruição do bosque tropical, cialmente, o Sínodo especial para
Amazônia deverão ser ouvidas. que constitui seu habitat mile- a Amazônia: “ajudem aos seus
A primeira parte é ver, em um nar; ou, ainda, quando as águas bispos, ajudem aos missionários
convite para se olhar a identidade de seus rios se enchem de espé- e missionárias para que sejam
e os clamores da Pan-Amazônia. cies mortas no lugar de estarem um com vocês, e, dessa maneira,
Território, diversidade sociocultural, plenas de vida”, afirma o texto de dialogando entre todos, possam
preparação. plasmar uma Igreja com ros-
Por fim, o documento, na to amazônico e uma Igreja com
última parte, provoca à ação: rosto indígena. Com este espírito
novos caminhos para uma convoquei o Sínodo para a Ama-
Hoje o grito da Igreja com rosto amazônico. O zônia no ano de 2019”, conclui
Amazônia ao Criador é texto reflete o que seria esse ros- Francisco.
semelhante ao grito do to, a dimensão profética, os mi-
povo de Deus no Egito nistérios e os novos caminhos. Paulo Martins
(cf. Ex 3,7) “No processo de pensar uma Assessor de Imprensa
Igreja com rosto amazônico, REPAM-Brasil
175 anos
da IAM
Agradecer a caminhada,
sonhar e projetar novos passos
A
Obra da Infância e Adolescência Missioná- dos podemos transformar o mundo melhor, aprendi que
ria no Brasil tem uma bonita caminhada. tudo é possível pela oração, aprendi a interagir mais com
Temos milhares de crianças e adolescentes as pessoas, a falar, a expor minhas ideias,” afirma Bruno.
que fazem parte dessa obra nas mais diferentes regi- Hoje em dia, nossas comunidades contam com di-
ões. Do sul do país, por exemplo, temos o testemunho versas lideranças que tiveram sua iniciação na vida de
de Rafaela Martinelli, da Diocese de Umuarama (PR): comunidade por meio do grupo da Infância e Adoles-
“IAM para mim é ter uma experiência maior com Deus, cência Missionária, como relata Isabela Carolina Rocha
aprender mais sobre a sua Palavra, aprender a amar ao da Trindade, da Arquidiocese de Brasília (DF): “A IAM
próximo e a rezar por todas as crianças do mundo”. representa para mim várias coisas e várias etapas da
Do norte da Diocese de Conceição do Araguaia (PA) minha vida. Na infância, quando passei a ser membro
nos fala Luiz Fernando: “Estou na IAM desde os três do grupo, representou o encontro com o Cristo que me
anos, e a importância da IAM na minha vida me fez ser chamou para servir. No grupo, comecei como ambien-
uma criança melhor amando e respeitando. Servindo a tadora onde eu pude expressar a minha criatividade da
minha igreja com amor quero ser sempre um missio- maneira que eu sabia fazer, e foi também o momento de
nário, poder ensinar as crianças o que aprendi.” aprender a fazer o sacrifício material. Creio que se não
Já Alice Maria da diocese de São tivesse aprendido quando criança, hoje
Mateus (ES) destaca que a IAM faz parte eu não manteria o meu cofrinho ainda
de seu processo de crescimento, como ativo. Na minha adolescência até a mi-
ela ressalta: “Comecei a participar na nha juventude, o grupo foi o lugar onde
IAM desde os sete anos. Quando eu era Servindo a minha comecei a desenvolver a minha espiritu-
pequena não tinha muita noção, então igreja com amor alidade pessoal e o encontro da minha
não entendia muita coisa, mas agora vocação. Tive a graça de poder exercer
que tenho dez anos entendo e ofereço quero ser sempre um essa espiritualidade em comunidade, a
a Palavra de Deus. Gosto muito da IAM, missionário, poder maneira que me sentia convidada por
porque nela aprendi a ser solidária com Jesus e Maria, porque não havia em
os nossos encontros na Casa do Idoso, ensinar as crianças o meu grupo exclusão. Hoje como as-
na Casa de Passagem, pois lá aprendi a que aprendi.” sessora é ainda a obra em que posso
ajudar os mais necessitados, e também colaborar e trabalhar com as crianças e
descobri que nem todo mundo tem só adolescentes os mesmos valores e ca-
o bom no coração que também existem pessoas com a rismas que compreendi. Sei que um dia pode acontecer
ruindade. Espero um dia passar a Palavra de Deus, assim de eu ser chamada a servir de outra maneira, porém a
como a IAM me passou, pois quero que todos saibam IAM não deixará de fazer parte de mim.”
que Deus te ama,” considera Alice. Assim como essas pessoas, muitas outras con-
A partir do ano de 2005, os adolescentes também tribuíram e continuam a contribuir com a IAM e, da
passaram a fazer parte dessa Obra. Atualmente, nas di- mesma maneira, a IAM marcou e continua a marcar a
versas regiões do Brasil, há adolescentes pertencendo história de muito cristão.
a IAM, como partilha o jovem Bruno da Diocese de
Ji-Paraná (RO): “A IAM me mostrou a importância de Ir. Patrícia Souza,
ajudar as crianças e adolescentes. Com a ajuda de to- secretária nacional da IAM.
18 abril a junho 2018
IAM
OBJETIVO GERAL: Fortalecer a identidade da IAM por meio de ações que gerem
processos de formação, missão e articulação, visando à unidade e à comunhão da
Obra em todos os âmbitos de atuação no Brasil.
U
m encontro com Cristo transforma a nos- vida, não é mais necessário sair para pregar quando se
sa vida completamente e nos abre para as pode fazer uma transmissão ao vivo ou postar textos
relações de reciprocidade, permitindo-nos bíblicos nas redes sociais digitais. Por causa disso, cul-
entender que missão não é uma estratégia de prose- tivar e incentivar uma espiritualidade que reforce nossa
litismo, mas o reconhecimento do encanto pela vida. identidade missionária dentro dos seminários não é tão
Como Jesus, que na sua experiência humana de- simples, pois a ideia de missão impregnada na mente
volveu o encanto da vida e em tudo se orientou para de muitos seminaristas e formadores não corresponde
o Pai – até mesmo sua morte foi para a glória de Deus àquele estilo de vida assumido por Cristo.
(Jo 12,23), os presbíteros são chamados a serem ho- Apesar das motivações imbuídas de entusiasmo
mens apaixonados por Deus e por sua missão. missionário presentes no Documento de Aparecida,
Sem um amor oblativo não há missão, pois nin- nas Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da
guém vai ao encontro do outro para proclamar uma Igreja no Brasil e, principalmente, no magistério do
Boa Notícia sem antes apaixonar-se por seu conteúdo. Papa Francisco, a missão ainda continua como opção
Tendo em vista essas considerações, a questão de poucos, como se fosse um acidente na vida de al-
missionária na formação inicial dos presbíteros é algo guns vocacionados ao sacerdócio.
indispensável. Porém, em muitos se- Inegavelmente, há um hiato
minários e casas de formação, está preocupante entre o Evangelho, as
na hora de um evangélico despertar orientações presentes nos documen-
missionário. Infelizmente, para al- Como Jesus, que tos oficiais da Igreja acerca da forma-
guns seminaristas, missão se reduz na sua experiência ção presbiteral e o que acontece na
às experiências ad gentes, às ativida- formação inicial dos presbíteros: faz-
des pastorais dos finais de semana,
humana devolveu o se missão sem incentivar o ser mis-
do mês missionário e dos períodos encanto da vida e em sionário. Limitados a uma questão
de férias. Para outros, o cenário cul- tudo se orientou para laborativa, não é raro escutarmos, de
tural em que vivemos não necessita o Pai – até mesmo formadores e professores, que nós
de missionários em saída, mas sim sua morte foi para a precisamos “fazer missão”. Ora, mas
de boas estratégias de evangelização. se a missão é um trabalho a fazer,
Como a globalização facilitou nossa
glória de Deus ela pode ser realizada num intervalo
(Jo 12,23)
FORMISE
Arquivo pessoal
10 anos de missão
V
ivenciando as alegrias dando frutos, tanto no Nordeste ranhuns (PE). Este ano, para come-
dos 10 anos de cami- como em outras regiões do país. O morar o 10° encontro, realizaremos
nhada dos encontros ponto de partida foi o amor, como em julho um FORMISE nacional na
de Formação Missionária para Se- nos lembra Santa Teresinha, padro- Cidade de São Luiz do Maranhão,
minaristas (FORMISE), somos con- eira das missões, que descobriu que com o tema A alegria do evangelho,
vidados a “olhar para o passado era esse amor que fazia agir, dava anúncio, comunhão e missão.
com gratidão, viver o presente com vigor a todos os seus membros e Como nos pediu várias vezes o
paixão e abraçar o futuro com es- encerrava todas as vocações, e ani- Papa Francisco, “sejamos missioná-
perança” (Papa Francisco). mava também os missionários: “... rios da alegria”. E não nos esqueça-
A formação dos seminaristas então, num transporte de alegria mos de que ser missionário não é
para a missão é algo que deve ser delirante, exclamei: encontrei final- privilégio de determinadas pessoas,
tratado com profundo zelo e dedi- mente a minha vocação, a minha mas é a essência cristã: “Anunciar
cação. A Igreja nasceu da missão e vocação é o Amor!”. Do amor nas- o evangelho não é título de glória
só se manterá acesa enquanto exis- ceu o compromisso com o cres- para mim; é, antes, necessidade que
tirem missionários comprometidos cimento. É o amor que nos torna se me impõe. Ai de mim se eu não
em levar a Boa Nova para todos. A responsáveis, que nos faz sair e ir anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16).
semente foi lançada, já germinou, já ao encontro do outro, nos faz co- Ser missionário não é só percorrer
deu e continua a dar frutos nos cora- nhecer e aprender. Nascia assim a grandes distâncias, mas é a difícil
ções que se abriram ao acolhimento. Formação Missionária voltada para viagem de sair de si, ir ao encontro
São diversas as formas e diferentes seminaristas, um encontro com a do outro, ir ao encontro do “dife-
os dons, mas Deus chama a todos cara do Nordeste e, porque não di- rente”, ir ao encontro do marginali-
para uma vivência missionária. zer, com a cara do Brasil. A primeira zado. Nesses10 anos de encontro é
Com o desejo de melhor servir edição FORMISE aconteceu no ano isso que o FORMISE tem fomenta-
à Igreja, um grupo de seminaristas de 2007, em Teresina (PI), e desde do em nossos corações.
entusiasmados pela missão resol- então vem sendo realizado. O En- Que Nossa Senhora Aparecida
veu organizar um encontro missio- contro já esteve presente em quase e os Santos do Nordeste abençoem
nário, no qual se pudesse refletir, todos os Estados do Nordeste: em a todos!
partilhar, testemunhar e conhecer 2008 – Fortaleza (CE); 2009 – São
a realidade dos outros estados do Luiz (MA); 2011 – Campina Grande Gilson Klaus Barbalho
Nordeste. Com essa iniciativa, esses (PB); 2012 – Feira de Santana (BA); Seminarista da Arquidiocese
jovens deixaram para nós um le- 2014 - Aracaju (SE); 2015 – Natal de Natal (RN) e coordenador
gado, uma proposta que continua (RN); 2016 – Crato (CE); e 2017 - Ga- do COMISE NE2
22 abril a junho 2018
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