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Resumo Este artigo apresenta modelos matemáticos de dois circuitos de deteção de fase de sistemas trifásicos (q-PLL e p-
PLL) baseados na teoria das potências real e imaginária instantâneas. Os circuitos modelados são analisados a partir de técnicas
de pequenas perturbações e através de simulações digitais. São apresentados resultados mostrando que os PLLs propostos podem
detetar a fase do sistema trifásico mesmo em presença de ruídos ou perturbações transitórias. Alguns resultados experimentais
são usados para confirmar os modelos matemáticos e as simulações computacionais.
Abstract This paper describes mathematics models of two detection phase circuits of three-phase systems (q-PLL and p-PLL)
based in the instantaneous real and imaginary power theory. The modeled circuits are analyzed from small signal techniques and
by digital simulations. Results are presented showing that the proposed PLLs are able to detect the phase of three-phase systems,
even when they operate in the presence of noise or transitory perturbations. Some experimental results are used to confirm
mathematical models and computational simulations.
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são dadas por (1). Nestas tensões estão incluídas as
componentes de seqüência positiva fundamental V+,
i ’β
seqüência negativa fundamental V-, e harmônicas Vih, -cos
(i = a, b, c).
v a = 2V + sin(ωt + φ + ) + 2V − sin(ωt + φ − ) + vβ X kp
∑ 2V ah sin(ω h t + φ h ) + p’ + ωc 1 θc
+ + - + s
vb = 2V+ sin(ωt − 2π / 3 + φ+ ) + 2V− sin(ωt + 2π / 3 + φ− ) + vα ki
X p* s
(1)
∑ 2Vbh sin(ωht + φh )
sin
vc = 2V+ sin(ωt + 2π / 3 + φ+ ) + 2V− sin(ωt − 2π / 3 + φ − ) + i ’α
∑ 2Vch sin(ω h t + φh )
Figura 1. Diagrama de blocos do circuito p-PLL.
O PLL trifásico a ser estudado neste trabalho tem a
função de detectar o ângulo de fase referente apenas
à componente de seqüência positiva da componente i ’β
fundamental da tensão da fase “a”. Os ângulos de -cos
fase das fases “b” e “c” podem ser obtidos pela adi-
ção dos ângulos -120º e -240º, respectivamente. Ape- vα X kp
sar da componente de seqüência negativa estar na ωc
- q’ +
1 θc
mesma freqüência fundamental ela deve ser rejeitada. + - s
+ +
Desta forma, o PLL produz um sinal de saída que ki
está sincronizado tanto em fase como em freqüência vβ X q* s
com a componente fundamental de seqüência positiva
da tensão de entrada. Nota-se que não foi incluída a sin
tensão de seqüência zero porque esta pode ser facil- i ’α
mente eliminada com o uso de transformadores ou
pela transformada de Clarke (Clarke, 1950).
A Fig. 1 mostra o diagrama de blocos do circuito Figura 2. Diagrama de blocos do circuito q-PLL.
de sincronismo denominado p-PLL, enquanto a Fig. 2 por isto, chamado de p-PLL ou potência imaginária
mostra o q-PLL. Ambos operam baseados no instantânea e, por isto, chamado de q-PLL. A utiliza-
conceito da teoria de potência instantânea (Akagi et ção deste circuito com controle baseado na potência
al, 1984; Watanabe et al., 1993). Nestas duas figuras, imaginaria instantânea pode ser encontrada com mai-
as tensões vα e vβ correspondem à transformada de ores detalhes em (Barbosa, 2000).
Clarke das tensões das fases como mostrado a seguir: A partir dos diagramas de blocos apresentados
v a na Fig.1 e Fig.2 é fácil perceber que os circuitos pro-
v α 2 1 - 1/2 - 1/2 postos, p-PLL e q-PLL, podem apresentar cada um,
v = ⋅ vb (2)
β 3 0 3/2 - 3/2 dois tipos distintos de configuração, conforme o sinal
v c
da variável de controle. A Tabela 1 apresenta as con-
Nos diagramas de blocos apresentados na Fig. 1 figurações possíveis para o PLL, conforme a variável
e Fig. 2, as tensões vα e vβ são multiplicadas por du- de controle dada por (3), assumindo-se uma referên-
as correntes fictícias (i’α e i’β) ou (i’β e i’α), respecti- cia p* ou q* igual a zero e seus respectivos pontos de
vamente. Estas duas correntes fictícias são na verda- operação.
de variáveis auxiliares e seus produtos são dados por: Como todas as configurações apresentam mode-
p ’ vα v β i’α lagens matemáticas idênticas, optou-se, por simplici-
q ’ = v - v i’ (3) dade, analisar unicamente a configuração q-PLL(0°),
β α
β correspondente à Fig. 2. Esta configuração foi esco-
No caso da Fig. 1 o produto das tensões com es- lhida com o objetivo de gerar um sinal de sincronis-
tas correntes fictícias resultam na potência real, tam- mo em fase com a tensão da fase “a”.
bém fictícia. No caso da Fig. 2 a potência fictícia re- Quando a freqüência angular ωc (rad/s) gerada
sultante é imaginária. Em ambos os casos estas po- pelo PLL for igual à freqüência angular fundamental
tências são comparadas com uma referência, no caso do sistema ω (rad/s) e, as correntes fictícias i’α e i’β
feita igual a zero. Em seguida um controlador pro- estiverem em fase (0 rad) com as tensões do sistema
porcional – integral (PI) produz como saída ωc, que é vα e vβ, o valor médio do sinal de entrada (q’) do
integrado e produz θc = (ωt+φ+). controlador PI se anulará. O bloco integrador do PLL
Os modelos apresentados nas Fig. 1 e Fig. 2 se possui um “reset”, cuja função é “zerar” o resultado
diferenciam do utilizado em (Aredes et al, 2000) de- da integração do sinal ωc gerando o ângulo de sincro-
vido ao fato de utilizarem potência real instantânea e, nismo θc variável entre 0 e 2π rad.
481
Tabela 1: Configurações do PLL.
Kp
= (8)
onde V é o valor eficaz da tensão de fase do sistema ∆V s 2 + k p ko s + ki k0
(V), a qual pode conter componentes fundamentais
de seqüência positiva e negativa, e harmônicos, mas ∆ω c (k p k0 ) s +k i k0
= 2 (9)
em regime permanente, a mesma deve conter apenas ∆ω s + k p k o s + k i k 0
componentes fundamentais de seqüência positiva; Estando o sistema elétrico em regime perma-
θ =(ωt +φ+), sendo ω a freqüência fundamental nente (φc = φ) e sendo V = 1p.u., tem-se a partir de
(rad s-1) e φ+ ângulo de fase (rad) das tensões de se-
qüência positiva do sistema; θc = (ωct +φc), sendo ωc (6) que k0 = 3 e k1 = 0.
a freqüência angular (rad s-1) e φc angulo de fase (rad) Então, pode-se observar em (8) que variações na
do sinal de sincronismo gerado pelo PLL. amplitude da tensão do sistema, ∆V, quando este es-
A linearização de (4), para pequenas perturbações em tava anteriormente em regime permanente, não cau-
torno de um ponto de operação, é dada por: sam perturbações no sinal de sincronismo gerado
pelo PLL. Porém de (9) nota-se que variações na fre-
∆q’= − 3V0 cos(θ 0 − θ c 0 )∆θ +
(5) qüência das tensões do sistema causam perturbações
3V0 cos(θ 0 − θ c 0 )∆θ c − 3 sin(θ 0 − θ c 0 )∆V na freqüência do sinal de saída do circuito de sincro-
onde, o sub-índice “zero” representa os valores em nismo. O diagrama de Lugar das Raízes e a localiza-
regime permanente no ponto de linearização. ção dos pólos e zeros da função de transferência de
A Fig. 3 mostra um modelo simplificado do q-PLL (9) são vistos nas Fig.’s 4 e 5, respectivamente, onde
obtido a partir de (5), da qual, pode-se deduzir uma G(s) é função de transferencia de malha aberta. Ob-
representação para o q-PLL. Obtém-se então: serva-se através destas figuras que a localização do
“zero” de (9) é dada por – ki / kp.
∆θc (s) 0 1 ∆θc (s)
s⋅ = - k k - k k + Analisando a função de transferência dada por
∆ωc (s) i 0 p 0 ∆ωc (s) (9), nota-se que o erro em regime estacionário tanto
(6)
0 0 ∆ω(s) para uma entrada em degrau unitário (erro de posição
(k k /s)+ k k -kk − s(k k ) estático) quanto para uma entrada em rampa unitária
i 0 p 0 i 1 p 1 ∆V (s)
(erro de velocidade estático), é zero. Porém para uma
onde, k 0 = 3V0 cos(θ 0 − θ c 0 ) e k1 = − 3 sin(θ 0 − θ c 0 )
Baseado no modelo pode-se determinar a influ-
ência de kp e ki na localização dos pólos e, conse- G ( s) = k
(k k s + k k )
p 0 i 0
s2
quentemente, sobre o comportamento dinâmico do
circuito de sincronismo. Analisando (6), é possível
observar que o modelo linearizado do PLL se com-
porta como um sistema de segunda ordem, cujos pó-
los são:
− k p k0 ± (k k ) 2
− 4k i k 0
λ1, 2 =
p 0
(7)
2
Para que o modelo não tenha autovalores com
parte real positiva é necessário que a condição
ki⋅k0 > 0 seja respeitada.
Figura 4. Lugar das raízes de (9), para kp= 120, ki=15000 e k0=√3.
482
Para o caso exemplo (a), tem-se que as tensões
da fonte trifásica são dadas pela Eq. (1), onde o valor
de V+ é 1p.u. e os valores de V- , Vnh (n = a, b e c) e φ+
são iguais à zero.
Na Fig. 7 observam-se a tensão da fase “a” (va)
do sistema elétrico e o ângulo de sincronismo (θc) ge-
rado pelo q-PLL (0°). Em t = 0,1s as amplitudes das
tensões das três fases dobram de valor. Nota-se que o
ângulo θc está em fase com va e que a variação na
amplitude da tensão do sistema não causa perturba-
ção no sinal de sincronismo gerado, como era espe-
rado, conforme análise de (8).
Para o caso (b), foram escolhidas tensões “ re-
tangulares” de 120° para o sistema trifásico, confor-
Figura 5. Localização dos pólos e zeros da Eq. (9), para diferentes me mostrado na Fig. 8. Esta tensão “retangular” foi
valores de kp, com ki=15000 e k0=√3. considerada equilibrada nas três fases. Nesta figura
entrada da forma parábola unitária, o erro de regime observam-se a tensão da fase “a” (va), a sua compo-
estacionário (erro de aceleração estático) é: nente fundamental va1 e o ângulo de sincronismo (θc)
ess = 1/(ki k0). gerado pelo q-PLL (0°), o qual está em fase com a
A Fig. 6 mostra a resposta de ∆ωc ao degrau unitário componente fundamental de va.
Para se dar uma idéia do grau de distorção harmônica
de ∆ω para kp = 120, ki = 15000 e k0 = 3 obtida a em que pode se chegar, sem afetar o desempenho do
partir de (9). A curva referente ao modelo real nesta circuito PLL, uma análise harmônica é feita a seguir.
figura é relativo ao modelo completo (não lineariza- Na Fig. 9(a) observam-se a tensão da fase “a” (va) do
do) implementado no programa Simulink/Matlab, sistema elétrico e o seu espectro harmônico. Na Fig.
descrito na seção seguinte. Esta figura mostra que, 9(b) mostram-se um sinal quase senoidal gerado a
apesar do sistema ser altamente não-linear, a resposta partir do sinal de sincronismo θc gerado pelo q-PLL,
linearizada está bem próxima da resposta não-linear. e o seu espectro harmônico. Estas figuras mostram
que, apesar do sinal de entrada do q-PLL ser uma
3 Simulações Computacionais onda com alto conteúdo harmônico, o sinal de sin-
cronismo resultante apresenta um erro relativamente
Para o estudo simulado, utilizou-se como base o PLL pequeno (ondulações na rampa de θc).
da Fig. 2 e os ganhos escolhidos para as simulações Para o exemplo (c), tomou-se as mesmas tensões
foram: kp = 120 e ki = 15000. da fonte trifásica do exemplo (a), porém acrescidas
A seguir, vê-se a validação do modelo proposto de 10% de componente fundamental de seqüência
através de três exemplos: negativa. Na Fig. 10 observam-se as tensões do sis-
a) Circuito com fonte de tensão trifásica equilibra- tema e o sinal de sincronismo θc gerado pelo q-PLL.
da. A componente de seqüência negativa acrescen-
b) Circuito com fonte de tensão trifásica com har- tada na freqüência fundamental gera com os sinais de
mônicos. realimentação i’α e i’β potência imaginária na dupla
c) Circuito com fonte de tensão trifásica com se- freqüência, 2ω, e não gera valor médio. Portanto, sua
qüência negativa. presença não deve afetar o ângulo de fase do sinal de
sincronismo do PLL, independentemente do ângulo
Figura 6. Resposta ao degrau unitário dos modelos real e lineari- Figura 7. Resultados simulados para tensão de linha va (x7) e ân-
zado para kp=120, ki=15000. gulo de sincronismo gerado pelo q-PLL (0º).
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Figura 8. Resultados simulados para tensão da fase ‘a’ (va) do Figura 10. Tensões do sistema e o sinal de sincronismo gerado
sistema elétrico, a sua fundamental e o ângulo de sincronismo (θc) pelo q-PLL
gerado pelo q-PLL (0°)
apresentados algumas propostas de soluções para este
de fase da componente de seqüência negativa. Em problema.
outras palavras, como os sinais de realimentação i’α e Da análise realizada, pode-se concluir que a es-
i’β correspondem a uma realimentação de correntes colha dos ganhos do controlador proporcional e inte-
fictícias de seqüência positiva, transformadas para as gral são fundamentais para o correto desempenho do
coordenadas αβ0, o sinal θc deverá estar em sincro- PLL. Nota-se que foi detectado que ganhos do con-
nismo com, a seqüência positiva, na freqüência fun- trolador-PI “grandes” resultam em respostas menos
damental, da tensão de entrada do PLL. Contudo esta precisas quando existem harmônicos no sinal de en-
oscilação de freqüência 2ω pode gerar erros na fase trada.
do sinal de sincronismo. Em (Zhan et al., 2001) são
4 Resultados experimentais
484
Va amostrada.
Va sec.
5 Conclusão
Este artigo apresentou modelagem matemática, Figura 13. Tensão da fase "a" do sistema elétrico e ângulo do cir-
simulações e resultados experimentais dos modelos cuito de sincronismo – Configuração 0º.
de circuitos de sincronismo q-PLL. Aredes, M. et al. (2000). An HVDC System Em-
Analisando os resultados das simulações é possí- ploying Multipulse GTO-Converters. Proceed-
vel verificar que o modelo linearizado apresentado é ings of the IPEC, Tokyo, Japan, vol.4, pp. 1934-
satisfatório. E através de uma correta escolha dos ga- 1939.
nhos do controlador PI, os circuitos propostos conse- Barbosa, P. G. (2000). Compensador Série Síncrono
guem rejeitar altos níveis de ruído e harmônicos con- Estático Baseado em Conversores VSI Multipul-
tidos nos sinais de entrada. so. D.Sc. Tese, COPPE / UFRJ, Rio de Janeiro,
O modelo implementado em laboratório apre- RJ, Brasil.
sentou bons resultados, os quais validaram os resul- Chung, S. (2000). A Phase Tracking System for
tados obtidos através de simulações computacionais. Three Phase Utility Interface Inverters. IEEE
Para uma melhor análise da performance do PLL Transactions on Power Electronics, vol. 15, pp.
proposto, o mesmo deve ser analisado frente a outros 431-438.
modelos, tais como os modelos baseados na trans- Clarke, E. (1950). Circuit Analysis of A-C Power
formada dq, aqui já mencionados. E deve ser imple- Systems, 2 vols. General Electric Co.,
mentado em DSPs. Estes são assuntos que serão Schenectady, N. Y.
abordados em trabalhos futuros. Hingorani, N. G. (1988). Power Electronics in Elec-
tric Utilities: Role of Power Electronics in Future
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Hingorani, N. G., and Gyugyi, L. (1999). Under-
Akagi, H., Kanazawa, Y. and Nabae, A. (1984). In-
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prising Switching Devices Without Energy Stor-
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Aredes, M. and Santos Jr., G. (2000). A Robust Volt-
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