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CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
POLO MACAU – RN
NATAL – RN
2016
FRANCISCA SIMONE DA CUNHA ARAUJO
NATAL – RN
2016
FRANCISCA SIMONE DA CUNHA ARAUJO
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profa. Ms. Leda Virgínia Belarmino Campelo Potier
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Kleber Luiz Gavião Machado de Souza
História para quê? Uma análise da influência dos livros didáticos de história,
nos anos iniciais do ensino fundamental, para a formação cidadã.
RESUMO
Nas escolas os livros mais utilizados são os didáticos. São instrumentos
pedagógicos interessantes para o ensino, mas que devem ser pensados, também,
como resultados de uma série de ideologias e princípios norteadores da organização
social a qual seus autores estão submetidos. Nesta perspectiva o presente trabalho
objetiva analisar as intencionalidades do livro didático de História do ensino
fundamental, anos inicias, pontuando fatores como metodologia do ensino, formação
docente e construção do pensamento histórico. Para construção dos dados
analisamos os Editais do PNLD e seus guias, nos detendo em seis resenhas das
coleções Aprender Juntos História das Edições SM, Brasiliana História da Editora
IBEP, Pequenos Exploradores História da Editora Positivo e na coleção Manacá
História, da Editora Positivo, 1ª edição, 2014. Nos respaldando nos estudos de
Oliveira (2003), Choppin (2004), Pastro e Contiero (2002), Saviani (2007), Aranha
(1989) e nos PCNs (1998). As investigações apontam que tanto as resenhas quanto
a coleção procuram contemplar as exigências do PNLD. Tais diretrizes trabalham na
perspectiva de formar, mediante os conteúdos contemplados, cidadãos críticos,
conscientes dos processos históricos e responsáveis pela formação do território
nacional, bem como, da contribuição de diferentes povos para a diversidade. Assim,
constatamos contemporaneamente mudanças conceituais e metodológicas
significativas presentes nos Livros Didáticos de História.
1
Graduanda do curso de Pedagogia, modalidade EaD, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
2
Doutorando em História Social pela Universidade Federal do Ceará, possui bacharelado e licenciatura plena em
História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008), Especialização em Docência no Ensino
Superior pela Universidade Potiguar (2010) e mestrado em História Cultural pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (2012). Professor efetivo do Departamento de História da Universidade Potiguar – UnP.
4
ABSTRACT
In schools the most used books are the textbooks. They are interesting pedagogical
tools for teaching, but should be thought of, also, as a result of a series of ideologies
and guiding principles of social organization to which the authors are submitted. In
this perspective the present study aims to analyze the intentions of the history
textbook of elementary school, initial years, punctuating factors such as teaching
methodology, teacher training and construction of historical thinking. For the
construction of the data we analyzed the issuances of PNLD and their guides,
detaining ourselves in six reviews of the collections Learning Together History from
SM Publishers, Brasiliana History from IBEP Publisher, Small Explorers History from
Positivo Publisher and in the collection Manacá History, from Positivo Publisher, first
edition, 2014. Based on studies from Oliveira (2003), Choppin (2004), Pastro and
Contiero (2002), Saviani (2007), Aranha (1989) and on the PCNs (1998).
Investigations show that both the reviews and the collection seek to contemplate the
PNLD requirements. Such guidelines work in the perspective of forming, by the
contemplated contents, critical citizens, aware of the historical processes and
responsible for the formation of the national territory, as well as of the contribution of
different peoples for diversity. Thus, contemporaneously we found significant
conceptual and methodological changes present in the history textbooks.
5
INTRODUÇÃO
6
atuarem junto à formação dos cidadãos do país (BRASIL, 1998), capazes de
construir e propagar a história dos heróis brasileiros.
Em detrimento das modificações nos currículos e da implantação de
faculdades voltadas a formação docente, destacando, entretanto, que mesmo com
essas mudanças, em meados do século XIX, persistiam as influências das escolas
católicas e o ensino voltado para a formação moral e cívica. A História que surgirá
desta junção será a dos grandes homens, grandes feitos, reafirmando o poder do
estado sobre o indivíduo. “Os objetivos da inserção da História do Brasil no currículo
estavam voltados para a constituição da idéia de Estado Nacional laico, mas
articulado à Igreja Católica.” (BRASIL, 1998, p. 20) Esse tipo de abordagem foi
fundamental tanto para a organização dos primeiros currículos envolvendo
conteúdos de História de forma articulada e direcionada para o âmbito escolar;
quanto na consolidação de ideias como pátria e nacionalismo deflagrando o princípio
de unidade nacional, que, daí em diante passa a ser utilizada como instrumento
político para propagação de ideologias. Por essa razão os conteúdos de História
devem ser meticulosamente analisados, dentro do contexto sócio histórico no qual
seus idealizadores estão inseridos.
Essa necessidade, por sua vez, gerou maiores preocupações para o sistema
político vigente, considerando que no final do século XIX o império está chegando ao
fim e os republicanos, mesmo antes da tomada do poder definitiva, influenciados
pelos ideários positivistas, começam a galgar espaço político no cenário nacional.
Um momento que não deve ser entendido como radical considerando que o real
intuito deste grupo seria a utilização dos acontecimentos históricos para elencar a
incapacidade governamental da monarquia e apresentar o republicanismo como
“salvador da pátria”. (BRASIL, 1998)
Diante de tantos conflitos e mudanças as aulas de História precisariam ser
norteadas por algum instrumento, materiais que a subsidiassem. Desta problemática
surgiram as primeiras obras voltadas ao ensino de História, produzidas pelo Instituto
Histórico e Geográfico “Seus membros lecionavam no colégio e foram responsáveis
pela formulação dos programas, elaboração de manuais e orientação do conteúdo a
ser ensinado nas escolas públicas”. (BRASIL, 1998, p. 20)
7
Choppin (2004) apresenta o processo de introdução e utilização do livro
didático em nosso país alicerçado em quatro funções: referencial, instrumental,
ideológica, cultural e documental. Por meio dessas funções os materiais didáticos
deveriam oferecer aos aprendizes subsídios necessários a sua atuação profissional,
consciente de seu papel dentro de uma sociedade dotada de cultura, além de sua
finalidade última fosse um documento histórico.
Considerando ainda que ao longo dos anos o mercado consumível de Livros
Didáticos cresceu consideravelmente, envolvendo várias esferas sociais e, tornando
pertinentes nossas colocações a cerca das intencionalidades contidas nos
conteúdos e abordagens metodológicas contempladas nos livros didáticos.
Assim, na cronologia deste processo percebemos que dentro dos conteúdos
didáticos, entre o final do século XVIII e meados do século XX, contemplados eram
voltados á uma perspectiva de “educar para a vida”, que neste contexto é
compreendido como “para o mercado de trabalho”3. Os professores vão de
detentores a mediadores do saber. Transpondo períodos, presenciando a migração
do campo para a cidade; do trabalho artesanal para o manufaturado e industrial,
vivenciando as mudanças de percepção do ensino.
No Brasil essa trajetória contará com a contribuição dos jesuítas e sua
educação voltada para a doutrinação religiosa (SAVIANI, 2007); o crescente
mercado de trabalho e a educação profissionalizante associada a metodologias
tradicionais ganham espaço (ARANHA, 1989) sendo contrapostas por estudiosos
que compreendiam os processos educacionais como mecanismos de emancipação
do homem dentro da sociedade (FREIRE, 1996). Quanto a esta última colocação o
Manifestos dos Pioneiros da Educação Nova afirmaram:
3
Pensamento atrelado ao surgimento das primeiras manufaturas e a necessidade de capacitarem sua mão de
obra.
8
acréscimo de riqueza de uma sociedade (REVISTA HISTEDBR,
2006, p. 188).
10
Diante destes questionamentos nos propomos a analisar as intencionalidades
dos conteúdos de História contidos em uma coleção de livros didáticos dos anos
iniciais do ensino fundamental. Utilizando como princípio norteador o PNLD do ano
de 2016.
Após início das leituras dos editais e do guia de livros didáticos consideramos
pertinente a análise de algumas das resenhas disponibilizadas no mesmo. Dentre
elas escolhemos seis, três referentes aos 2º e 3º ano e três correspondentes aos 4º
e 5º ano.
Pautando nosso trabalho em uma sequencia de análises dos editais, do
PNLD, de suas resenhas e finalmente da coleção Manacá História, da Editora
Positivo, 1ª edição, 2014.
Para isso nos respaldaremos em autores como Margarida Maria Dias de
Oliveira, mais especificamente em sua tese de doutorado “O direito ao Passado
(Uma discussão necessária à formação do profissional de História)” na qual ela tece
reflexões e críticas sobre o papel do professor da rede básica de ensino na
construção dos conhecimentos que o mesmo utilizará em sala de aula, assim ao
longo da explanação, questionamentos sobre conteúdos, livros didáticos e formação
docente vão sendo tecidos. Dermeval Saviani em sua obra “História das Ideias
Pedagógicas no Brasil” na qual o autor fará uma explanação sobre a trajetória do
ensino no Brasil. Paulo Freire com a “Pedagogia da Autonomia” que apresentará as
possibilidades de crescimento intelectual do indivíduo por meio de uma reavaliação
dos processos envolvidos nos atos de ensinar e aprender. Alain Choppin no texto
“História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte” no qual o mesmo
trará uma discussão sobre a importância do livro didático e a influência
mercadológica na produção dos mesmos.
11
Ensinar para que? Ensinar o que? Quem decide a pertinência do que está
sendo estudo? Na obra O direito ao Passado a professora Margarida Dias de
Oliveira faz uma critica acerca da gestão dos conteúdos que são explorados nos
livros didáticos, chamando a atenção principalmente para a ausência, em sua
construção, por profissionais que atuam diretamente com esse material em sala de
aula. A autora coloca ainda a necessidade de pertinência entre ensino e a
capacidade do professor de gerir as informações consideradas relevantes para a
formação consciente e crítica dos alunos, evidenciando que no momento em que os
profissionais não atentam para estas discussões ou a relegam a um segundo plano
a um preenchimento destas lacunas por outros mecanismos formadores da
sociedade. Neste caso o livro didático ocupa, dentro das escolas, um papel que se
confunde com o gerenciamento da própria matéria.
4
Programa Nacional do Livro Didático, Decreto n° 91.542, de 19 de agosto de 1985;
5
Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que institui a obrigatoriedade da inserção nos currículos escolares de
História afro-brasileira. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008 que institui a obrigatoriedade de História Afro-
brasileira e Indígena na grade curricular das escolas.
12
perceber a preocupação com a inserção de temas considerados marginais, como a
história vista na percepção do negro e do índio. Mediante estas colocações
consideramos pertinente a utilização dos editais para catalogação de dados
relevantes ao desenvolvimento deste trabalho.
Os responsáveis por estas escolhas, são profissionais da área, vinculados a
universidades de ensino conceituadas, tendo a função de apresentar pontos,
considerados pertinentes para a fruição do ensino considerando, para isso,
correntes teóricas que discutem conteúdos de significativa relevância para a
sociedade.
A partir do PNLD (BRASIL, 2016) perceberemos que o livro didático não
assume o lugar da pesquisa, nem deve ser o guia único do trabalho docente, ao
contrário, o mesmo se torna uma ferramenta que possibilita ao aluno ter um contato
direcionado com os conteúdos de História e, mediados pela atuação do profissional
envolvido propiciem aos educandos possibilidades de múltiplos entendimentos e
questionamentos necessários à construção de conhecimentos significativos e senso
crítico.
Essa concepção fundamenta a ideia de que o ensino de História
deve evidenciar o modo como a historiografia é produzida, ou seja,
valorizando a construção de habilidades de leitura, investigação e
crítica, sem, contudo, prescindir dos conteúdos cujo acesso é um
direito fundamental dos estudantes e um dever do Estado (BRASIL,
2015, p.11).
2. SOBRE AS RESENHAS
14
bem como da ação política sobre sua vida e de suas atitudes sobre as
transformações sociais (BRASIL, 2016).
As resenhas são divididas pelos seguintes tópicos “visão geral”, na qual são
especificados os assuntos abordados nas coleções. “Descrição da coleção”, ponto
de explanação sintética dos eixos norteadores da obra descrevendo como a coleção
está organizada, informações sobre o manual do professor, o direcionamento da
história ensinada e suas finalidades, destacando em todas as resenhas analisadas a
preocupação em elencar elementos que permitam uma formação para cidadania,
reconhecendo, para isso o direito das minorias em estar na História como sujeito
atuante e não passivo. “Sumário Sintético”, com informações referentes a número de
páginas do livro do aluno e do manual do professor. “Análise da obra” uma
explanação mais detalhadas sobre os conteúdos e ferramentas pedagógicas
utilizadas no trabalho em sala de aula. Por fim “Em sala de aula” evidenciará a
relevância da utilização desta ferramenta de ensino nos processos educativos
vivenciados na escola.
Dando prosseguimento às análises percebemos que os conteúdos são
divididos de acordo com a faixa etária dos alunos, obedecendo uma sequencia
lógica de acontecimentos e saberes significativos as crianças. Dentro destas
propostas, por exemplo, os anos iniciais do Ensino Fundamental respeitariam a
seguinte organização: Durante os 2 primeiros anos de ensino (2º e 3º ano) os
conteúdos devem estar voltados para o processo de aquisição das informações
básicas do saber linguístico, ou seja, devem focar o processo de alfabetização das
crianças. Um direcionamento que deve ser seguido por todas as matérias
contempladas nesta fase.
Nessa fase, os conteúdos históricos devem servir para nortear as crianças na
construção de conhecimentos, apresentando noções de tempo e espaço em
linguagem acessível, permitindo que as mesmas se reconheçam enquanto sujeitos
históricos, mesmo que este conceito ainda não seja claro em suas mentes em
formação.
Nos dois últimos anos do Ensino Fundamental, anos iniciais (4º e 5º anos),
acontece a preparação para informações mais sistematizadas e complexas, uma
introdução aos conteúdos da história de forma mais substancial. Nessa fase são
15
introduzidas informações sobre a construção cronológica e eventual da nação, aqui
as organizações políticas de manutenção do poder começam a ganhar forma e os
discentes passam a apreciar a formação de ideias como cidadania, direitos políticos,
economia.
Para respaldo das colocações aqui explanadas nos propomos a analisar seis
resenhas de Livros Didáticos disponibilizada nos guias do PNLD 2016. Após
algumas leituras notamos similitudes das informações destacadas nas descrições
das obras. Um fator evidenciado pelo fato das mesmas estarem seguindo o
direcionamento de um edital. Desta forma utilizamos como critério de escolha
publicações de 2º, 3º, 4º e 5º ano que fossem da editora, não seguindo uma ordem
de delimitação restrita.
As resenhas escolhidas foram referentes às coleções Aprender Juntos
História6, Brasiliana História 7 e Pequenos Exploradores História8 destinada ao 2º e
3º ano do Ensino Fundamental, anos iniciais e para os 4º e 5º anos nos debruçamos
sobre as resenhas referentes às mesmas coleções. Aprender Juntos História 9,
Brasiliana História 10 e Pequenos Exploradores História11.
Em princípio percebemos que todas as obras acima mencionadas buscam
desenvolver nos educandos a construção de conhecimento significativos 12, para isso
6
VAZ, Valéria, FUNARI, Raquel dos Santos, LUNGOV, Mônica. Aprender Juntos História. 2º e 3º ano. 2 ed.
Edições SM, 2014. Brasil. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: História: ensino fundamental anos iniciais. –
Brasília: Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2015. P. 51 a 56;
7
NEVES, Ana Maria Bergamin, HUMBERG, Flávia Maria Panetta Ricca. Brasiliana História. 2º e 3º ano. 3 ed.
IBEP, 2014. Brasil. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: História: ensino fundamental anos iniciais. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2015. P. 75 a 80;
8
BERUTTI, Flávio, MARQUES, Adhemar. Pequenos Exploradores História. 2º e 3º ano. 1ª ed. Editora Positivo,
2014. Brasil. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: História: ensino fundamental anos iniciais. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2015. P. 105 a 109;
9
VAZ, Valéria, FUNARI, Raquel dos Santos, LUNGOV, Mônica. Aprender Juntos História. 4º e 5º ano. 4 ed.
Edições SM, 2014. Brasil. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: História: ensino fundamental anos iniciais. –
Brasília: Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2015. P. 147 a 152.
10
NEVES, Ana Maria Bergamin, HUMBERG, Flávia Maria Panetta Ricca. Brasiliana História. 4º e 5º ano. 3 ed.
IBEP, 2014. Brasil. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: História: ensino fundamental anos iniciais. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2015. P. 171 a 176.
11
BERUTTI, Flávio, MARQUES, Adhemar. Pequenos Exploradores História. 4º e 5º ano. 1ª ed. Editora Positivo,
2014. Brasil. Guia de livros didáticos: PNLD 2016: História: ensino fundamental anos iniciais. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, 2015. P. 201 a 206.
12
Aqui compreendida como processo cognitivo e reflexivo, ato que interliga experiência e prática, posicionando-
as enquanto paralelos entre o conhecimento de mundo explanado por Paulo Freire (Apud CANTO, 2008)
alicerçado nas realidades culturais, econômicas, políticas e religiosas vivenciadas pelos educandos e aqueles
explanados nas salas de aula.
16
apresentam na parte denominada “visão geral” um panorama das finalidades das
coleções.
Como já mencionado, nos Editais do PNLD 2016 são elencados pontos que
devem ser seguidos pelas editoras concorrentes. Estes, por sua vez, carregam um
conjunto de intencionalidades respaldadas em leis, princípios didáticos e culturais.
Segundo os Editais os princípios norteadores das avaliações das obras se
respaldam em:
18
diversidade de metodologias para abordagem dos temas, bem como materiais
extras que possibilitam a reflexão do profissional sobre o objeto de estudo,
proporcionando aulas dinâmicas e com significativo teor histórico13
Em todas as obras foi possível observar a relevância no uso das imagens e
filmes como fontes históricas e também auxiliares no processo de aprendizagem.
Nos manuais são disponibilizados links para pesquisa e ampliação do que está
sendo estudado. Aparatos metodológicos que visam enriquecer o ensino e tornar
tanto aluno quanto professores sujeitos críticos e reflexivos, pesquisadores do saber
histórico.
Referente às temáticas atuais, como é o caso da História Afro-brasileira,
indígena e de gênero ambas as obras a abordam de forma processual. Nelas os
diferentes grupos sociais são protagonistas na construção da história nacional. Nas
resenhas das coleções Aprender Juntos e Brasiliana História as abordagens se
pautam em reflexões a cerca do papel afrodescendente e indígena na construção do
território nacional, discutindo as lutas sociais e étnico-religiosas empreendidas pelos
mesmos. Denotando ainda uma valorização a diversidade cultural.
20
Sujeitos sociais diversificados são abordados ao longo das seções,
inserindo, por exemplo, temáticas de gênero e novos arranjos
familiares. A temática dos fluxo migratórios incorpora a abordagem
da recente migração boliviana para o Brasil e a denúncia da
exploração do seu trabalho em grandes centros como São Paulo de
forma elaborada inovadora (BRASIL, 2016, p. 108).
21
2.2 PNLD 2016 APONTAMENTOS E REFLEXÕES A CERCA DAS RESENHAS
DAS OBRAS “APRENDER JUNTOS”, “BRASILIANA HISTÓRIA” E “PEQUENOS
EXPLORADORES” VERSÕES PARA O 4º E 5º ANO
22
individuais dos mesmos. Disponibilizando para o professor aparatos metodológicos
que os ajudam no processo de construção de conhecimentos significativos.
23
objetivos do ensino, seja com a produção do conhecimento histórico
(BRASIL, 2014, p. 72).
26
Para isso mecanismos como o PNLD são acionados buscando entender as
finalidades dos livros didáticos. Percebendo as finalidades para as quais os mesmos
foram escritos. Para quem e para o que.
Ao iniciar as análises da coleção Manacá História, da Editora Positivo, 1ª
edição, 2014. Foi perceptível a procura de integrar os conhecimentos históricos as
vivências dos alunos, utilizando para isso recursos como histórias fictícias,
principalmente nos livros do 2º ano, que possibilitam aos discentes compreenderem
a historicidade dos fatos mediante uma linguagem acessível a cada faixa etária.
Fator que também contribui para o processo de alfabetização, uma vez que instiga
no aluno não apenas a leitura dos códigos, mas, também, a reflexão sobre as
informações trazidas nos textos. Favorecendo os processos de alfabetização e
letramento.
Todas as unidades da coleção contam com glossários, as palavras
contempladas nestes são destacadas dentro do corpo do texto com letras coloridas,
uma vez que permite ao aluno localiza-las facilmente, melhorando a qualidade da
interpretação textual.
Os volumes são organizados por eixos temáticos não seguindo uma
cronologia exata, mas proporcionando um diálogo entre presente e passado, numa
perspectiva de autonomia do indivíduo sobre o conteúdo estudado. Como pode ser
observado em parte do sumário abaixo.
14
OLIVEIRA, Conceição. Manacá História. 1ª Edição. 2º ano. Editora Positivo, 2014.
15
__________________. Manacá História. 1ª Edição. 3º ano. Editora Positivo, 2014;
27
Capítulo 1. Todo mundo tem uma história, todos têm saudades.
Capítulo 2. Travessias: de onde eu vim, de onde você veio?16
16
__________________. Manacá História. 1ª Edição. 4º ano. Editora Positivo, 2014;
17
__________________. Manacá História. 1ª Edição. 5º ano. Editora Positivo, 2014;
28
Nas questões acima expostas é possível perceber a inserção da criança no
processo investigativo de acontecimentos históricos, que no caso são
fundamentados na compreensão, por parte da mesma, de que tudo tem sua história,
inclusive ela. E que estudar história faz parte de um processo investigativo, não é
um conhecimento pronto e acabado, mas exige do indivíduo buscas por informações
que respondam a seus questionamentos.
Dando prosseguimento as análises, observamos ainda a abordagem
pluricultural em cada volume cedendo espaço para os diversos povos que formaram
a sociedade brasileira. Dando especial destaque aos índios e africanos. Abordados
não sob a visão do colonizador, mas como povo dotado de cultura, religiosidade,
diversidade linguística e organização social definida.
Todos os volumes são dotados de capítulos que abordam esse contexto de
forma clara e coerente com a faixa etária dos alunos, dentro do assunto sobre
africanos e afro-descentes é abordada a questão do preconceito e como este surgiu
historicamente, como no pequeno trecho, de uma história fictícia, trazidas no livro de
História do 3º ano da coleção Manacá História.
Esta narrativa nos remete aos tipos de preconceito sofridos por pessoas de
matrizes africanas cuja religiosidade é marginalizada. Posteriormente a autora fará
perguntas referentes ao conhecimento das crianças a cerca da diversidade religiosa.
Em continuação a essa proposta de abordagem há uma contextualização histórica
das matrizes religiosas africanas no país.
Deixando claro que há uma procura de uma educação para a diversidade que
possibilite aos indivíduos serem atuantes, pensando e transformadores do contexto
social em que vivem. Dando ênfase ao respeito pela diferença a certa autonomia do
educando nos processos de construção do conhecimento e entendimento das
funções destes.
Notamos também o trabalho interdisciplinar realizado na coleção, o conteúdo
de História, assim dialoga constantemente com Geografia no uso de gráficos e
mapas. A fotografia e a ideia de representação são abordadas em todos os volumes,
sempre interrogando os alunos sobre sua compreensão. Proporcionando leituras e
releituras de imagens, utilizando-as como fontes históricas e conscientizando os
alunos destas potencialidades da imagem.
Enfim, as intencionalidades contidas na coleção Manacá, estão em
conformidade com a legislação e com as propostas do PNLD 2016 elencadas
anteriormente. Como nas demais resenhas são observadas preocupações com a
diversidade cultura e a aceitação da mesma, mostrando as crianças que preconceito
é uma visão errada sobre elementos que não conhecemos. Disponibiliza aos
30
professores informações e aparatos metodológicos que permitem o bom
desenvolvimento da aula, enriquecendo-a.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
31
direcionamentos que fundamental o pensar crítico e experimental do ato de construir
conhecimentos.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna,
1989.
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da
arte. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.3, p. 549-566, set./dez. 2004.
MARISCO, Maria Teresa. Marcha criança: Integrado. São Paulo: Scipione, 2010.
NEVES, Ana Maria Bergamin; HUMBERG, Flávia Maria Panetta Ricca. Brasiliana
História. 2º e 3º ano. 3 ed. IBEP, 2014.
32
................................................................................................................. Brasiliana
História. 4º e 5º ano. 3 ed. IBEP, 2014.
PASTRO, Sonia Maria Gazola, CONTIERO, Diná Teresa. Uma análise sobre o
ensino de História e o Livro Didático. História & Ensino. Londrina, v. 8, edição
especial, p. 59-66, out. 2002.
VAZ, Valéria; FUNARI, Raquel dos Santos; LUNGOV, Mônica. Aprender Juntos
História. 2º e 3º ano. 2 ed. Edições SM, 2014.
.................................................................................................... Aprender Juntos
História. 4º e 5º ano. 4 ed. Edições SM, 2014.
33