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Marcio Nolasco Leite

SANTOS, Milton. Sociedade e espaço: a Formação Social como teoria e como método.
Boletim Paulista de Geografia, n.54, p. 81-99, 1977.

Resenha (abril/2018) – R2

Na obra de Milton Santos “Sociedade e espaço: a Formação Social como teoria e como
método”, de 1977, este geógrafo inicia uma discussão em que exaure que o papel do espaço em relação
à sociedade fora minimizado pela Geografia, o que o fez mencionar que tal disciplina “considerava o
espaço mais como teatro das ações humanas” (p. 81). Santos (1977, p. 81) recorreu a Lucien Fèbvre
(1932:37), para reforçar essa constatação ao mostrar que este já enfatizava que “o encaminhamento dos
geógrafos parte em geral do solo e não da sociedade.” E justifica isso com a contribuição de R.E. Phal
(1965:81), que assevera que a “Geografia Social desenvolveu-se lentamente”.
Assim, o autor segue sua análise elencando que a Geografia teve um interesse maior pela forma
das coisas e não pela formação dessas coisas. Desse modo, o seu domínio estava nas coisas cristalizadas
e por conseguinte deixando de lado o das dinâmicas sociais que criam e transformam tais formas.
Portanto, tornando-se impeditivo na apreensão da realidade, já que não intervém na História. Santos,
condiciona que para interpretar o espaço humano como fato histórico, o caminho seria o da história da
sociedade mundial relacionada com a da sociedade local e conforme ele explicitou: “A História não se
escreve fora do espaço e não há sociedade a-espacial. O espaço, ele mesmo é social.”(p. 81)
Ele propõe que a Formação Econômica e Social (F.E.S) como mais adequada para formar uma
teoria válida do espaço. Neste sentido, tal categoria seria a evolução diferencial das sociedades em
relação ao seu quadro próprio, bem como de forças externas de onde lhe provém impulso. Tendo como
base de explicação a produção. Para ele trata-se de uma categoria de Formação Econômica, Social e
Espacial. Enaltece a sinonímia entre Natureza e Espaço, condicionante que se considere a Natureza
como uma natureza transformada, ou seja, uma segunda Natureza, como Marx apontava. (p.xxx). A
proposta sugere uma nova dimensão nessa nova corrente do pensamento, do qual falou S. Barros
(1976:1), quer seja: “uma concepção do espaço que ultrapasse as fronteiras do ecológico e abranja toda
a problemática social”.
A categoria de Formação Econômica e Social – (F.E.S), mesmo tendo importância para as
sociedades e para o método marxista não fora discutida impulsionando a renovação e o aperfeiçoamento
do conceito. Assim tendo ficado numa espécie de penumbra discreta, sem provimento de significação
especial conforme apontado por V. Gerratama (1972-1973: 46-47). Também utilizou Sereni (1970,
1974:23) para referenciar censura aos marxistas da 2ª Internacional o fato de não compreensão desta
noção. Cita o reinado Stalinista, o centralismo democrático dos partidos comunistas ocidentais, a
ascensão de Hitler ao poder e a guerra fria como elementos que em conjunto ou separadamente
concorreram contra a renovação dessa categoria, tendo seu desenvolvimento retardado.
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Santos elenca que o debate fora retomado e que vários autores consideram Sereni a reabilitação
desata categoria. Labica (1974:95) considera que tal esforço era uma “higiene teórica”, já Gluksman
(1974:56) traz a distinção efetuada por Sereni, entre o modo de produção e formação social. Sereni
explica que esta categoria expressa a unidade e a totalidade das esferas – econômica, social, política e
cultural. Assim, para ele é necessário relacionar os dados estruturais como uma produção determinada,
explicando que “todo modelo de formação econômica e social é um modelo fundado sobre a totalidade
estruturada (Sereni, 1974:15)
O conceito de F. E.S refere-se a uma sociedade dada, como fizera Lênin (1987) a respeito do
capitalismo na Rússia. Y. Globtt assinalou (junho, 1967/8): “Marx pôde fundamentar o método
científico em História precisamente porque soube isolar de início os raciocínios ‘histórico-
filosóficos’sobre a ‘sociedade em geral’ e se propôs a fazer somente uma análise científica de uma
sociedade e de um progresso”. Assim, para Lênin, seu estudo deveria ter cobrido concretamente “todas
as formas do antagonismo econômico na Rússia” e traçado “um quadro de conjunto da nossa realidade
com um sistema determinado de relações de produção”. (p. 84)
Abordando o conceito de F.E.S Santos recorreu a V. Gerratana, Kelle e Kovalson, Althusser
e Boukharine (1921, 1979:235), este último que salientara “encontramos à nossa frente tipos históricos
definidos de sociedades. Isso significa que não há uma ‘sociedade geral’, mas que uma sociedade existe
sempre sob um invólucro histórico determinado. Cada sociedade veste a roupa do seu tempo”. Santos,
desse modo reverbera que está aí a distinção entre F.E.S e sistema social, podendo o segundo ser
aplicado a qualquer forma de sociedade. (p. 84)
Para Santos os estudos sobre as formações econômicas e sociais são interessantes por darem
possibilidades, assim, permitem o conhecimento de uma sociedade na sua totalidade e nas suas frações
e sempre em estágio de evolução. É importante, além do estudo genético que permite as similaridades
entre F.E.S, definir a especificidade de cada formação, o que a diferencia das outras, e no interior da
F.E.S buscar a apreensão do particular como uma cisão do todo, um momento do todo, assim como o
todo reproduzido numa de suas frações.
Santos asseverou que nenhuma sociedade tem funções permanentes, nem um nível de forças
produtivas fixo, nem é marcada por formas definitivas de propriedade, de relações sociais. Assim as
formações econômicas e sociais devem ser compreendidos no quadro de movimento totalizador, no qual
todos os seus elementos são variáveis que interagem e evoluem juntas, submetidas a lei do todo,
consoante a contribuição da definição de Labriola. Assim temos uma sociedade que evolui
sistematicamente.(p.84)
A noção de F.E.S como etapas de um processo histórico é um dos elementos fundamentais de
sua caracterização. Então a distinção entre modo de produção e formação social aparece como
necessidade metodológica. Nesse sentido, o modo de produção seria o “gênero” cujas formações sociais
seriam as “espécies”, o modo de produção seria apenas uma possibilidade de realização e somente a
formação econômica e social seria a possibilidade realizada. (p. 85)
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Serini insistiu que a noção de Formação Econômica e Social é indissociável do concreto,


representado segundo ele por uma sociedade historicamente determinada. Ao defini-la produz-se uma
definição sintética da natureza exata da diversidade e da natureza específica das relações econômicas e
sociais que caracterizam uma sociedade numa época determinada. Não querendo dizer que se possa
apreender elementos concretos isolados como uma coisa em si própria e como Althusser (1965:205)
destacara uma F. E. S. é “um objeto real que existe independentemente de seu conhecimento, mas que
não pode ser definido a não ser por seu conhecimento”.
Para Santos, modo de produção, formação social e espaço são categorias interdependentes.
Todos os processos que formam o modo de produção são histórica e espacialmente determinados num
movimento de conjunto e isto através de uma formação social. (p. 86)
A formação social compreenderia uma estrutura produtiva e uma estrutura técnica. Uma
estrutura técnica-produtiva expressa geograficamente por uma certa distribuição da atividade da
produção. Santos recorre a G. La Franca (1973:103), que condicionou que a noção de formação social,
deve conter o complexo das diferentes formas técnicas e organizacionais do processo produtivo, que
correspondem às diversas relações de produção existentes. Assim, para Santos, ela não pode ser
concebida sem a noção de espaço. (p. 87)
O autor explica que as diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos
de produção particulares. Desse modo ele fala que o “valor” de cada local depende de níveis qualitativos
e quantitativos dos modos de produção e da maneira como eles se combinam. Nesse sentido, para ele, a
organização local da sociedade e do espaço reproduz a ordem internacional (Santos, 1974:8). Santos
aborda que os modos de produção tornam-se concretos sobre uma base territorial historicamente
determinada. E assevera , que nessa perspectiva, as formas espaciais seriam uma linguagem dos modos
de produção. Por isso, na sua determinação geográfica, serem eles seletivos, reforçando dessa maneira
a especificidade dos lugares. (p. 87)
Com relação a localização dos homens, das atividades e das coisas no espaço a explicação se
dá tanto pelas necessidades “externas”, aquelas do modo de produção denominado “puro”, quanto pelas
necessidades intituladas “internas”, representadas em suas essências pela estrutura de todas as procuras
e a estrutura das classes, quer seja, a formação social propriamente dita. (p. 87)
Santos observa que o modo de produção expressa-se pela luta e por uma interação entre o
novo, que domina, e o velho. Nesse sentido, o novo para ele procura impor-se por toda parte, porém sem
poder realizar isso completamente. Já o velho seria o modo de produção anterior, mais ou menos
penetrado pelas formas sociais e pelas técnicas que correspondem ao modo de produção denominado
“atual”, em plena existência, um modo de produção puro: ele não se realiza completamente em parte
alguma. Por isso, igualmente, a história espacial ser seletiva (Santos, 1972).
Santos contextualiza que antes do período tecnológico atual, vastos segmentos de espaço
procuram estar ao domínio, direto ou indireto, do modo de produção dominante, ou foram apenas
atingidos por feixes de determinações limitada. As relações entre espaço e formação social são de outra
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ordem, pois elas se fazem num espaço particular e não num espaço geral, tal como para os modos de
produção. Os modos de produção escrevem a História no tempo, as formações sociais escrevem-na no
espaço. (pgs. 87/88)
O autor compreende que individualmente, cada forma geográfica é representativa de um modo
de produção ou de um de seus momentos. A história dos modos de produção é segundo ele também, e
sob este aspecto preciso, a história da sucessão das formas criadas a seu serviço. A história da formação
social é aquela da superposição de formas criadas pela sucessão de modos de produção, da sua
complexificação sobre seu “território espacial”, empregando, mesmo que lhe dando um sentido novo, a
expressão de Jean Bruhnes (1913). (p. 88)
Recorreu a A. cordova (1974:118), para falar sobre o modo de produção, para quem este é:
“uma forma particular de organização do processo de produção destinada a agir sobre a natureza e obter
os elementos necessários à satisfação das necessidades da sociedade”. Esta sociedade e “sua” natureza,
isto é, a porção da “natureza” da qual ela extrai sua produção, são indivisíveis e conjuntamente chamam-
se “formação social”.
Trouxe Said Sha (1973) para a reflexão, autor que escreveu que a formação social é ao mesmo
tempo uma totalidade concreta e uma totalidade abstrata. Elencou que esse ponto de vista devia
reaproximar-se do de Ph. Herzog (1971:88-89), para quem modo de produção e formação social
deveriam ser pensados teoricamente ao mesmo tempo. Para Ph. Herzog, “o modo de produção é a
unidade, a formação econômica e social, a especificidade”, mas, acrescenta ele que, “não há movimento
de unificação que ao mesmo tempo não reproduza sobre bases novas as especificidades”, configurando
portanto em regra que evitaria julgar o modo de produção como uma essência, e a F.E.S. como um
simples fenômeno
Assim, Santos pontua que não seria merecida a crítica, endereçada a Sha por H. Michelena
(1971:21), no sentido de não haver fugido completamente ao dualismo dos conceitos de modo de
produção e de formação social. Santos conclui que a formação social, totalidade abstrata, não se realiza
na totalidade concreta senão por uma metamorfose onde o espaço representaria o primeiro papel. (p. 88)
Para tratar sobre o papel das formas, Santos inicia uma reflexão, no sentido de que para ele:
“a realização prática de um dos momentos da produção supõe um local próprio, diferente para cada
processo ou fração do processo; o local torna-se assim, a cada momento histórico, dotado de uma
significação particular”. Sobre o aspecto da localização num dado sítio e num dado momento das
frações da totalidade social dependeria tanto das necessidades concretas de realização da formação
social quanto das características próprias do sítio. O uso produtivo de um segmento de espaço num
momento é para ele, em grande parte, função das condições existentes no momento. De fato, o espaço
não é uma simples tela de fundo inerte e neutro. (p. 89)
Para Santos (1977, p. 89 “cada combinação de formas espaciais e de técnicas correspondentes
constitui o atributo produtivo de um espaço, sua virtualidade e sua limitação” e para ele a” função da
forma espacial depende da redistribuição, a cada momento histórico, sobre o espaço total da totalidade
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das funções que uma formação social é chamada a notadamente o espaço organizado, como o atual, ao
presente, representado pela ação do modo de produção ou de um dos seus momentos”. No que diz
respeito ao movimento do espaço o autor pontuou, “é ao mesmo tempo um efeito e uma condição do
movimento de uma sociedade global. Se não podem criar formas novas ou renovar as antigas, as
determinações sociais têm que se adaptar”. Assim, as formas atribuem ao conteúdo novo provável, ainda
abstrato, a possibilidade de tornar-se conteúdo novo e real. E como esse asseverou “o valor atual dos
objetos geográficos no interior da F.E.S. não pode ser dado por seu valor próprio no que respeita à
herança de um modo de produção ultrapassado, porém como forma-conteúdo. Esta é dada em última
análise pelo modo de produção tal como ele se realiza na e pela formação social”.
“A unidade da continuidade e da descontinuidade do processo histórico não pode ser realizada
senão no espaço e pelo espaço. A evolução da formação social está condicionada pela organização do
espaço, isto é, pelos dados que dependem diretamente da formação social atual, mas também das F.E.S.
permanentes”. (p. 90)
Na discussão sobre espaço e totalidade temos Santos exprimindo que para além de uma
expressão econômica da história, as F.E.S seriam uma organização histórica. E que tal conceito abarca
a totalidade da unidade da vida social. O modo de produção não trataria de relações sociais que tomariam
uma forma material, mas também de aspectos imateriais, como o dado político e o ideológico, posto
term influências nas localizações e tornarem-se assim um fator de produção, uma força produtiva. (pgs.
90/91)
O dado global tem um significado particular para cada lugar, mas esse significado deve ser
apreendido no nível da totalidade. Assim, a redistribuição dos papéis realizados a cada novo momento
do modo de produção e da formação social depende da distribuição quantitativa e qualitativa das infra-
estruturas e de outros atributos do espaço. O espaço construído e a distribuição da população, por
exemplo, não têm um papel neutro na vida e na evolução das formações econômicas e sociais. (p. 91)
Para Santos o espaço reproduz a totalidade social na medida em que essas transformações são
determinadas por necessidades sociais, econômicas e políticas. Desse modo, espaço reproduz-se ele
mesmo, no interior da totalidade, quando evolui em função do modo de produção e de seus momentos
sucessivos. E influencia também a evolução de outras estruturas e, por isso torna-se componente
fundamental da totalidade social e de seus movimentos. (p. 91)
Os objetos geográficos aparecem nas localizações correspondentes aos objetivos da produção
num dado momento e, em seguida, pelo fato de sua própria presença, influenciam-lhes os momentos
subsequentes da produção. Entretanto, esse papel do espaço passa frequentemente despercebido ou não
é analisado em profundidade. (pgs. 91/92)
O autor alerta que esquecemos por tanto tempo esta inseparabilidade das realidades e das
noções de sociedade e de espaço inerentes à categoria da formação social. E que esse atraso teórico
conhecido por essa duas noções pode explicar que não se tenha procurado reuni-las num conceito único.
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Não se pode segundo o autor falar de uma lei separada da evolução das formações espaciais. Se tratando,
portanto, de formações sócio-espaciais .(p. 93)
Nossa avaliação sobre o texto, bem como impressão pode ser assim entendida: destaque-se
que o texto em si é um pouco denso por dialogar com vários outros autores e propor uma nova teoria
válida no ponto de vista de Milton Santos. Inicialmente temos Santos abordando que o encaminhamento
histórico da Geografia enquanto ciência era partindo do solo, do sítio, e isso produziu uma geografia
social desenvolvida lentamente O que demonstrou um interesse mais pela forma das coisas do que pela
formação, deixando de lado as dinâmicas sociais. Nesse sentido Milton Santos propõe a F. E. S como
teoria válida para o espaço.
Essa teoria seria a evolução diferencial das sociedades em relação ao seu próprio quadro, e em
relação também a forças externas que a impulsionam. Essa nova proposta deveria abranger portanto a
problemática social ultrapassando a dimensão ecológica. A categoria de F.E.S não foi renovada, ficando
numa penumbra discreta, muito isso em decorrência do reinado stalinista, da ascensão de Hitler, entre
outras situações que concorreram para uma não renovação dessa categoria
O autor enalteceu a contribuição de Sereni para quem lhe atribui reabilitação desta categoria
no sentido de renovação, ele distingue o modo de produção e a formação social e explica que essa
categoria expressa a unidade e a totalidade das esferas – econômica, social, política e cultural. Sendo
necessário relacionar os dados estruturais como um produção determinada, explicando que “todo
modelo de formação econômica e social é um modelo fundado sobre a totalidade estruturada”
Para Santos os estudos sobre as formações econômicas e sociais são interessantes por darem
possibilidades, assim, permitem o conhecimento de uma sociedade na sua totalidade e nas suas frações
e sempre em estágio de evolução. A noção de F.E.S como etapas de um processo histórico é um dos
elementos fundamentais de sua caracterização. Então a distinção entre modo de produção e formação
social aparece como necessidade metodológica. Nesse sentido, o modo de produção seria o “gênero”
cujas formações sociais seriam as “espécies”, o modo de produção seria apenas uma possibilidade de
realização e somente a formação econômica e social seria a possibilidade realizada. Assim parece-nos
que o texto propôs que a práxis, ingrediente fundamental da transformação da natureza humana, é um
dado sócio-econômico, mas é também tributária dos imperativos espaciais.
Acreditamos que essa consciência sobre a noção de F.E.S como etapas de um processo histórico
e a necessidade metodológica de distinção entre o modo de produção e formação social são elemento
importantes para compreensão do espaço-social e importantes para a pesquisa sócio-espacial.

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