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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Direito Agrário
André Lopes
Aula 03

ROTEIRO DE AULA

JUROS NA DESAPROPRIAÇÃO

a. Juros Compensatórios

Decorrem da imissão provisória do expropriante na posse do imóvel. É necessário compensar o expropriado pela perda
antecipada da posse.

 Benfeitorias úteis e necessárias – são pagas em dinheiro.


 Terra nua – paga em títulos da dívida agrária- TODA.
 A indenização deve ser justa, de acordo com o preço de mercado do imóvel no momento da avaliação.
 É uma desapropriação-sanção – descumprimento da função social da propriedade.
 O pagamento de juros em nada se relaciona com a produtividade ou não do imóvel.

CF, Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização
será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

Na desapropriação o pagamento feito pelo Estado não acontece de uma só vez, ele é feito ao longo do tempo, por essa
razão, o valor devido deve ser corrigido para que não ocorra uma desvalorização do bem.

Com relação à desvalorização houve uma construção jurisprudencial que posteriormente se converteu na lei geral de
desapropriação (art. 15-A e 15-B do Dec-Lei 3365/41) entendendo pelo pagamento de juros compensatórios ao
expropriando a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário.

Existem críticas do INCRA ao pagamento dos juros na desapropriação em razão de que a desapropriação acontece em
razão de uma sanção e assim sendo, não deveria o proprietário do imóvel receber essa benesse que seriam os juros.

 O termo inicial é a data da imissão provisória na posse do ente expropriante

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 O pagamento de juros vigora até da data base do o cálculo de liquidação de referência – expedição da requisição
de pagamento

No caso dos juros compensatórios o percentual é de 12% ao ano. Contudo, no período compreendido entre a publicação
da MP 1.577/1997 e a publicação da liminar na ADI 2.332 de 13/09/2001, ocasião em que se aplicará, nesse período, a
taxa de. Após esse período conta-se a taxa de juros de 12% ao ano.

Juros de 6% ao ano -
Juros a 12% ao ano - da publicação da
Juros de 12% ao ano
MP1577/97 à
percentual inicial -Percentual atual
publicação da liminar
em 13/09/2001

Base de cálculo dos juros compensatórios

Diferença entre os 80% que o expropriado pode levantar na imissão provisória e o valor final definido na sentença.
(Súmula 69/STJ)

 Quando da imissão na posse, o expropriado pode levantar parcela correspondente a diferença entre 80% do
valor que lhe foi deferido e o valor final definido em sentença.
 O valor atribuído inicialmente pelo técnico do INCRA será discutido em processo judicial e normalmente o valor
pago ao expropriado é superior ao inicialmente determinado pelo agente do INCRA.
 E a base de cálculo dos juros compensatórios incidirá sobre essa diferença.

Súmula 69/STJ

Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na
desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.

b. Juros Moratórios

Decorrem do atraso, da mora no pagamento da indenização e corresponde ao percentual de 6% ao ano, contados a


partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ocorrer.

 Os juros moratórios é um espécie de sanção ao dever do Estado por descumprimento do dever de pagar no
momento devido.

Dec-Lei 3365/41, Art. 15-B.

Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no
efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis
por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos
termos do art. 100 da Constituição.

TÍTULOS DA DÍVIDA AGRÁRIA – TDA


MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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1. CONCEITO

Os TDA’s são títulos mobiliários da dívida pública federal atrelados ao pagamento de indenizações decorrentes da
desapropriação de imóveis rurais para fins de reforma agrária ou de aquisição amigável de imóvel rural pelo INCRA para
fins de reforma agrária.

CF/88, Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei.

 Os TDA’s – foram criados no art. 105 da lei federal 4.504/64 (Estatuto da terra);
 Estão disciplinados no decreto 578/92
 O INCRA faz o levantamento e o requerimento do montante a ser pago ao Tesouro Nacional que faz a emissão
dos títulos para o posterior resgate.
 Os TDA’s só pagam o valor da terra nua.

Pagamento de um TDA

 Após o segundo ano de imissão da posse começa a contagem do prazo para pagamento do TDA.
 O prazo para pagamento é de até 20 anos.
 Quanto maior for a propriedade mais tempo se passará até que a União pague o TDA.
 As dimensões dos imóveis são levadas em consideração para fins de pagamento do TDA.
 Criaram uma unidade de medida chamada de módulo fiscal (diferente para cada município) e utiliza-se essa
medida como parâmetro para determinar o que seja uma pequena, média ou grande propriedade.
Ex.:
Pequena propriedade – de 1 e 4 módulos fiscais.
Média propriedade – de 4 a 15 módulos fiscais
Grande propriedade– de 15 a 600 modulos fiscais
Latifúndio – acima de 600 módulos fiscais.

Dentro da lógica do módulo fiscal estipulou-se o pagamento das TDA’s, que foram escalonados no tempo de acordo com
as dimensões do imóvel. Quanto maior a propriedade mais longo é o período de resgate.

2. RESGATE DO TDA

A Lei 8.629/93, traz um escalonamento para resgate das TDA’s de acordo com o tamanho da propriedade, de modo que,
quanto maior a terra maior o período para se resgatar o título (embolsar o dinheiro).

Caso haja necessidade de serem emitidas TDA’s complementares decorrentes de diferença fixada a maior entre a
sentença e o valor ofertado na inicial da ação desapropriatória, o prazo de resgate dessas TDA’s complementares será de
20 anos contados da imissão na posse, e não de sua emissão (REsp 849.815)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. TÍTULOS DA DÍVIDA
AGRÁRIA COMPLEMENTAR. PRAZO PARA RESGATE.
I - A questão ora debatida relaciona-se à determinação do julgador de que os Títulos da Dívida Agrária complementares,
decorrentes da diferença fixada a maior entre a sentença e o valor ofertado na inicial pelo expropriante, sejam emitidos
com prazo de vinte anos deduzido o intervalo entre a imissão de posse e o lançamento do título, para que o prazo de
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resgate se enquadre no prazo constitucional vintenário, deixando em relevo a data da imissão na posse como termo
inicial para o resgate das TDAs.
II - Determina o art. 184 da Constituição da República que a desapropriação por interesse social para fins de reforma
agrária deve ser feita mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, estes resgatáveis no prazo de até
vinte anos.
III - Recursos especiais improvidos.
(REsp 849.815/PA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/06/2007, DJ 06/09/2007, p. 204)

USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL RURAL

1. CONCEITO

A usucapião é uma forma originária de aquisição da propriedade pelo exercício da posse com animus domini
durante tempo mínimo, associado ao cumprimento de outros requisitos.

CF/88, Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião

(Os dois diplomas legais abordam o mesmo conteúdo)

CC, Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

 Disciplinado pela lei 6969/81 – regramento próprio;


 É um instrumento para a realização da justiça social, dignidade da pessoa humana e consolidação
do direito à moradia;
 Prescrição aquisitiva – tempo passado em que não exercido o direito do suposto titular surge para
outro esse direito.
 Garantia de direitos fundamentais;

Quando o art. 191 da CF diz: “aquele que” está se referindo a uma pessoa natural e não cabe interpretar aqui como
sendo uma pessoa jurídica, isso em razão de que ao final o artigo se refere a “tornando-a produtiva por seu trabalho ou
de sua família, tendo nela sua moradia”

Para caracterizar o usucapião não basta a mera posse, deve se tratar de posse com ânimo de dono, com intenção
de proprietário, pelo prazo de cinco anos ininterruptos e que essa posse seja mansa e pacífica.

O imóvel também precisa ser rural e a conceituação do que seja imóvel rural aparece no art. 4º do estatuto da
terra, que segue:

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:


I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração
extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa
privada;

Para fins de direito agrário mesmo o imóvel sendo urbano mas desde que a sua finalidade seja a produtividade ele
pode ser considerado rural e pode ser passível de usucapião. O imóvel para ser considerado rural deve ter vocação agrária.
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Quanto a dimensão da área a Constituição Federal diverge da lei 6969/81, neste caso consideramos o que traz a
Constituição Federal, assim, área para usucapião não pode ser superior a cinquenta hectares.

No que toca a bens públicos, as terras são insuscetíveis de aquisição por usucapião, é vedada pela parágrafo único
do art. 191 da CF.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

2. REQUISITOS

• Posse mansa e pacífica por 5 anos


• Imóvel localizado em área rural – imóvel com vocação agrária
• Imóvel cuja área não seja superior a 50 hectares – não aplica-se a lei 6969/81
• O beneficiário não pode ter outro imóvel.
• O beneficiário da usucapião deve tornar a área produtiva por seu trabalho ou do trabalho de sua família
• O beneficiário residir no imóvel

A posse justa ou mesmo injusta são aptas a gerar a usucapião.

A doutrina majoritária admite a contagem de tempo de posse anterior à Constituição de 88.

Dúvida: Podemos somar prazos de diferentes possuidores na contagem dos cinco anos de usucapião?
R.: A jurisprudência não aceita a soma de posses para contagem do quinquênio que justificaria a usucapião.

 Soma de posses em razão de um processo sucessório: A jurisprudência aceita a soma de posses quando o
possuidor falece e seus sucessores continuam na posse do imóvel.

 As posses que já existiam antes da CF/88: admite-se a contagem do tempo anterior a promulgação da
constituição para fins de prazo quinquenal da usucapião.

3. ÁREAS PROIBIDAS DE USUCAPIÃO

 Áreas públicas (artigo 191, parágrafo único, da CF) – terras devolutas são reconhecidas como públicas
 Áreas de interesse ecológico (artigo 3º da Lei 6.969/81)
 Áreas indispensáveis à segurança nacional (artigo 3º da Lei 6.969/81)
 Áreas habitadas por silvícolas (artigo 3º da Lei 6.969/81)

4. AÇÃO JUDICIAL DE USUCAPIÃO

A ação de usucapião rural deverá ser ajuizada na justiça comum estadual, no foro da situação do imóvel. Caso haja
interesse da União e no foro da situação do imóvel tiver vara da justiça federal, será nesta justiça que o feito tramitará.

Caso não haja vara da justiça federal a ação tramitará na justiça estadual. Nesse caso, o recurso de apelação será
dirigido ao Tribunal Regional Federal. (art. 109 da CF c/c parágrafo 4º, caput e §1º da Lei 6.969/81)

Importante frisar que a usucapião pode ser provocada como matéria de defesa (sum. 237/STF)
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OBS.: Em processo judicial a usucapião pode ser alegada em matéria de defesa e o juiz pode reconhecer o título ao
possuidor.

DEMARCAÇÃO E TITULAÇÃO DAS TERRAS OCUPADAS POR REMANESCENTES DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS

1. GENERALIDADES

A escravatura por muito anos no Brasil propiciou o surgimento de áreas de refúgio para aqueles negros que
conseguiam escapar do regime de escravidão que existia e essas áreas foram chamadas de quilombos.

No Brasil tivemos diversos quilombos, eram espaços de acolhimento para refugiados. A Constituição Federal na
tentativa de reparar o momento histórico da escravidão no Brasil, nos atos das disposições transitórias no art. 68
reconheceu o direito à terra às comunidades quilombolas.

ADCT, Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

 Esse título não é expedido para uma pessoa, mas para uma comunidade.
 A propriedade é coletiva e não individual (IN -57/2009 do INCRA)
 Discussão: O INCRA impôs aos remanescentes a formação de um associação, que por regra constitucional
não pode ser imposta, já que o direito de associar-se deve ser livre.
 Decreto 4887/03 – regulamentou o mandamento constitucional do art. 68 da ADCT, estabelecendo normas
procedimentais para identificação e demarcação de comunidades quilombolas.
 ADI 3239 – deseja a declaração de inconstitucionalidade material e formal do decreto 4887/03.
 Ainda está para julgamento.

Os remanescentes de quilombolas possuem uma relação de ancestralidade com as antigas comunidades


quilombolas. A própria comunidade se auto reconhece como comunidade quilombola

A autodefinição é objeto de certificação pela Fundação Cultural Palmares, autarquia federal incumbida da
promoção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira. Luta por uma política cultural igualitária e inclusiva, que
busca contribuir para a valorização das manifestações culturais e artísticas negras brasileiras como patrimônios nacionais.

Tramita no STF a ADI 3.239, que pretende ver reconhecida a inconstitucionalidade do Decreto 4.887/2003 (alegação
de inconstitucionalidade material e formal).

Decreto 4.887/2003

Art. 2º
Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-
raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas,
com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
§ 1º Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos será atestada
mediante autodefinição da própria comunidade.

2. DEMARCAÇÃO E TITULAÇÃO DA PROPRIEDADE

A ação do Poder Público serve formalizar a propriedade das terras de remanescentes quilombolas.

São terras ocupadas por remanescentes quilombolas não só aqueles que abrigam esses remanescentes, mas
também aquelas utilizadas para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural. O conceito é bem
abrangente e está presente no artigo 2º, §2º do Decreto.
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Decreto 4.887/2003
Art. 2º
...
§ 2.º São terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos as utilizadas para a garantia de sua
reprodução física, social, econômica e cultural.

Compete ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA, a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos
remanescentes das comunidades dos quilombos, sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

É competência da Justiça Federal julgar ações envolvendo a demarcação e titulação de terras de remanescentes
quilombolas.

 A Fundação Palmares – é autarquia federal que acompanha as questões controvertidas dos quilombolas.
 O INCRA – promove a delimitação e demarcação de propriedade - cuida do processo administrativo.

E a ação Judicial?

A ação judicial para o reconhecimento de propriedade quilombola tramita na Justiça Federal – art. 109, I da CF/88.

A competência do INCRA de delimitação e demarcação é concorrente, os Estados, DF e Municípios também têm


competência para essa função, o decreto 4887/03 reconhece essa competência.

3. DEFESA DOS INTERESSES DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DECORRENTES DO PROCESSO DE TITULAÇÃO

 Durante o processo de titulação cabe ao INCRA e ao MP


 Após o processo de titulação cabe à Fundação Cultural Palmares e à Defensoria Pública e ao MP

Decreto 4.887/2003
Art. 15. Durante o processo de titulação, o INCRA garantirá a defesa dos interesses dos remanescentes das
comunidades dos quilombos nas questões surgidas em decorrência da titulação das suas terras.

Art. 16. Após a expedição do título de reconhecimento de domínio, a Fundação Cultural Palmares garantirá
assistência jurídica, em todos os graus, aos remanescentes das comunidades dos quilombos para defesa da posse contra
esbulhos e turbações, para a proteção da integridade territorial da área delimitada e sua utilização por terceiros, podendo
firmar convênios com outras entidades ou órgãos que prestem esta assistência.
Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares prestará assessoramento aos órgãos da Defensoria Pública quando
estes órgãos representarem em juízo os interesses dos remanescentes das comunidades dos quilombos, nos termos do art.
134 da Constituição.

O título de propriedade é de natureza coletiva, que não pode ser dividido e deve conter cláusula de
inalienabilidade, imprescritibilidade e de impenhorabilidade, não havendo qualquer ônus financeiro para a comunidade.

CONTRATOS AGRÁRIOS

1. CONCEITO

São manifestações de vontade firmados com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos e
obrigações relativos à produtividade da terra ou ao imóvel rural.
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Os artigos 92 a 96 do Estatuto da Terra bem como o artigo 13 da lei 4.947/66 e o Decreto 59.566/66 tratam dos
contratos agrários. O Código Civil possui aplicação subsidiária, conforme artigo 92, §9º da lei 4.504/64.

O objeto do contrato agrário será sempre o imóvel rural, com a finalidade de implementar a atividade agrícola.

 A finalidade dos contratos agrários é sempre a produção por meio da terra.

Os contratos agrários podem ser divididos em típicos e atípicos.

Os contratos típicos são aqueles que possuem uma regulação agrária específica e detalhada, e são dois, a saber: o
arrendamento e as parcerias.

2. CARACTERÍSTICAS

Principais características dos contratos agrários:

 Consensuais: direitos e obrigações surgem com o simples consentimento das partes.


 Trato Sucessivo: obrigações continuadas, não se encerram em uma única transação.
 Os contratos são de anos, se desdobram no tempo, não s encerram numa única transação.
 Bilaterais: as partes assumem obrigações dependentes umas das outras.
 Informais (não solenes): é comum que sejam de forma escrita e devem ser registrados, mas a lei não exige
de maneira clara forma específica.
A lei não exige forma solene.
 Onerosos: as partes envolvidas visam lucros, havendo responsabilidade para ambas as partes (com exceção
do contrato de comodato).
As partes visam lucro
 Limitação à liberdade de contratar: a lei impõe diversas garantias ao hipossuficiente na relação (dirigismo
estatal), limitando a autonomia da vontade.
A lei estabelece algumas limitações ao proprietário
 Comutativos: benefícios mútuos.

3. PARTES CONTRATANTES

As partes nos contratos são, de um lado, o proprietário ou possuidor, e, de outro, aquele que vai exercer a atividade
agrária (agrícola, pecuária, extrativa, etc.). Ambos podem ser pessoas jurídicas ou físicas.

4. REQUISITOS (ART. 12 DO Decreto 59.566/66)

I - Lugar e data da assinatura do contrato;


II - Nome completo e endereço dos contratantes;
III - Características do arrendador ou do parceiro-outorgante (espécie, capital registrado e data de constituição, se
pessoa jurídica, e, tipo e número de registro do documento de identidade, nacionalidade e estado civil, se pessoa física e
sua qualidade (proprietário, usufrutuário, usuário ou possuidor);
IV - característica do arrendatário ou do parceiro-outorgado (pessoa física ou conjunto família);
V - objeto do contrato (arrendamento ou parceria), tipo de atividade de exploração e destinação do imóvel ou dos
bens;
VI - Identificação do imóvel e número do seu registro no Cadastro de imóveis rurais do IBRA (constante do Recibo
de Entrega da Declaração, do Certificado de Cadastro e do Recibo do Imposto Territorial Rural).
VII - Descrição da gleba (localização no imóvel, limites e confrontações e área em hectares e fração), enumeração
das benfeitorias (inclusive edificações e instalações), dos equipamentos especiais, dos veículos, máquinas, implementos
e animais de trabalho e, ainda, dos demais bens e ou facilidades com que concorre o arrendador ou o parceiro outorgante;
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VIII - Prazo de duração, preço do arrendamento ou condições de partilha dos frutos, produtos ou lucros havidos,
com expressa menção dos modos, formas e épocas desse pagamento ou partilha;
IX - Cláusulas obrigatórias;
X - Foro do contrato;
XI - assinatura dos contratantes ou de pessoa a seu rogo e de 4 (quatro) testemunhas idôneas, se analfabetos ou
não poderem assinar.

5. CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS

As cláusulas obrigatórias, referenciadas acima, são as seguintes, conforme artigo 13 do Decreto nº 59.566/66 c/c
artigos 93 a 96 do Estatuto da Terra e art. 13 da Lei 4.947/66:

I - conservação dos recursos naturais;

II - estipulação dos prazos mínimos;

III - observância de disposições do Código Florestal;

IV - exigência de práticas agrícolas;

V - fixação do preço do arrendamento;

VI - fixação das condições de partilha dos frutos, produtos ou lucros havidos na parceria;

VII- observância de normas dirigidas à renovação ou prorrogação dos contratos;

VIII- observância de normas condizentes às causas de extinção ou rescisão contratual;

IX - observância de normas determinantes do direito e das formas de indenização quanto à benfeitorias realizadas
e quanto aos danos substanciais causados pelo parceiro-outorgante;

X - observância de normas de proteção social e econômica dos arrendatários e dos parceiros-outorgados (...)

XI - observância de normas pertinentes ao direito e oportunidade de dispor dos frutos ou produtos repartidos na
forma indicada pelo art. 96, V, f, do Estatuto da Terra.

A ausência de qualquer cláusula obrigatória gera a nulidade do contrato, motivo pelo qual se presumem ajustadas
nos contratos verbais.

Atenção: As regras do Decreto nº 59.566/66 não excluem as regras gerais da teoria dos contratos do Código Civil.
Naquilo que o Decreto for omisso cabe as normas do Código Civil de forma subsidiária.

6. CONTRATOS TÍPICOS

A. ARRENDAMENTO RURAL

O arrendamento rural é uma espécie de contrato agrário típico que está previsto no Estatuto da Terra e no Decreto
nº 59.566/66.

Conceito: Contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso
e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o
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objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante
certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da lei.

Nesse contrato o arrendatário paga ao arrendador um preço (uma espécie de aluguel) par poder explorar a terra.

 O proprietário não tem participação alguma na lucratividade da atividade desenvolvida pelo arrendatário.
 O art. 96 do estatuto da terra usa as regras do contrato de arrendamento do Dec. nº 59.566/66 para compor
outros contratos agrários, como por exemplo o contrato de parceria.
 Os riscos no arrendamento são somente do arrendatário.

As normas relativas ao arrendamento rural devem ser concebidas como normas subsidiárias em relação aos demais
contratos agrários. (art. 96, VII, ET e art 39 do Dec. nº 59.566/66)

CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE ARRENDAMENTO RURAL

PARTES CONTRATANTES: Os arrendatários serão vistos, sempre, como cultivadores diretos, ou seja, deverão
suportar os riscos da exploração da terra, custeando as despesas necessárias (art. 7 do Decreto nº 59.566/66)

OBJETO DO CONTRATO: A cessão do uso e do gozo do imóvel rural USO DA ANALOGIA Normas referentes ao
contrato de locação

ÔNUS E BONUS: As vantagens e os riscos do negócio ficam por conta do arrendatário.

PRAZO MÍNIMO: (Art. 13 do Decreto nº 59.566/66 c/c artigo 95, II do Estatuto da Terra)

a) Arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura temporária e ou de pecuária de pequeno e


médio porte: 03 anos;

b) Arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura permanente e ou de pecuária de grande porte
para cria, recria, engorda ou extração de matérias primas de origem animal: 05 anos;

c) Arrendamento em que ocorre: atividade de exploração florestal: 07 anos;

d) Arrendamento feito por prazo indeterminado: 03 anos.

 Três anos é o prazo mínimo para o contrato de arrendamento, é exigência legal.


FORMA Escrita ou Verbal: O contrato de arrendamento rural poderá ser realizado de forma escrita ou verbal, de
forma tácita ou não

O contrato de arrendamento não necessita ser registrado para ter validade. Caso as partes queiram se beneficiar
das linhas de crédito oficiais devem registrar o contrato perante o INCRA, pois o financiamento público requer o
Certificado de Uso Temporário da Terra, documento que é expedido após o registro do contrato no ente em questão
(INCRA).

A alienação ou oneração do imóvel objeto do arrendamento não gera a interrupção do contrato, ficando o
adquirente/beneficiário sub-rogado nos direitos e obrigações do alienante/instituidor do ônus (artigo 15 do Decreto
regulamentador)

B. PARCERIA RURAL

Contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso específico
de imóvel rural, de parte ou partes dele, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de
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nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega
animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, mediante partilha,
isolada ou cumulativamente, dos seguintes riscos:

I - caso fortuito e de força maior do empreendimento rural;

II - dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais
estabelecidos em lei; e
III - variações de preço dos frutos obtidos na exploração do empreendimento rural.

Características da parceria rural

1º) a cessão temporária do uso do imóvel rural para que nele seja explorada determinadas atividades agrárias.
2) o compartilhamento dos riscos, dos produtos/frutos/lucros ou dos preços dos produtos decorrentes da atividade.

O contrato deverá garantir a proteção social e econômica do parceiro outorgado, e para isso deverá observar as
seguintes disposições (artigo 13, VII do Decreto):

a) Concordância do parceiro-outorgante à solicitação de crédito rural feita pelos parceiros-outorgados

Independe da concordância da outra parte, nos contratos escritos, a realização de empréstimo sob penhor agrícola
da parte dos frutos que cabe ao tomador do empréstimo. Para que o penhor abranja a cota de frutos da outra parte,
deverá haver consentimento deste outro contratante, a não ser que conste tal autorização no contrato registrado em
Registro Público (art. 55 e 56 do Decreto regulamentador).

b) Proibição de prestação do serviço gratuito pelo parceiro outorgado

c) Proibição de exclusividade da venda dos frutos ou produtos ao parceiro-outorgante

d) Proibição de obrigatoriedade do beneficiamento da produção em estabelecimento determinado pelo parceiro-


outorgante

e) Proibição de obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em armazéns ou barracões determinados pelo


parceiro outorgante.

f) Proibição de aceitação pelo parceiro-outorgado do pagamento de sua parte em ordens, vales, borós, ou qualquer
outra forma regional substitutiva da moeda

Há o compartilhamento, isolada ou cumulativamente, dos riscos relativos ao caso fortuito, a força maior, aos frutos,
aos produtos aos lucros ou à variação de preço dos frutos decorrentes do empreendimento

 Na parceria os riscos serão experimentados pelos contratantes.


 A lei estabelecerá limites além daqueles acordados entre as partes sobre dos frutos, produtos ou lucros.

PRAZO MÍNIMO

Se as partes não tiverem convencionado de forma diversa, o prazo mínimo será de 3 anos, assegurado ao parceiro
o direito à conclusão da colheita. (Não se aplica a parceria agroindustrial, de aves e suínos, que serão regulados por lei
própria)

MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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As partes podem convencionar o adiantamento do montante prefixado (que, inclusive, pode ser feito em
quantidade ou volume, desde que, ao final do contrato, seja realizado o reajustamento do percentual fixado), o que não
descaracteriza o contrato de parceria, conforme determina os parágrafos 2º e 3º do artigo 96 do Estatuto da Terra.

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