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Proposta de análise literária.

"A análise literária não se reduz, pois, ao comum comentário do texto, trabalho
colateral ao mesmo texto, que não vai até à sua essência, nem à sua explicação, nem ao
mero estudo da biografia do autor. Deve ir mais além, abrir caminho para a crítica, para a
história, que investigará sobre o autor e os antecedentes da obra; e para a teoria da
literatura, que extrairá da obra os princípios suscetíveis de formulação estética". (Herbert
Palhano, Língua e Literatura).

A análise de texto, ensina Nelly Novaes Coelho (0 Ensino da Literatura), é o esforço


por descobrir-lhe a estrutura, seu movimento interior, o valor significativo de suas palavras
e de seu tema, tendo em mira a unidade intrínseca de todos esses elementos. Pressupõe o
exame da estrutura do trecho e da linguagem literária (o vocabulário, o valor das categorias
gramaticais usadas), o tipo de figuras predominantes (símiles, imagens, metáforas... ), o
valor da sintaxe predominante (frase ampla ou breve, tipos de subordinação e coordenação,
frases elípticas...), a natureza dos substantivos escolhidos; tempos ou modos de verbo, uso
expressivo do artigo, da conjunção, dos advérbios, das preposições, dos vocativos, etc.,
tudo em função do significado essencial do todo. Uma boa análise de texto, isto é, de
fragmento só pode ser realizada quando o todo, a que ele pertence, tiver sido perfeitamente
interpretado.

Um esquema-roteiro para a análise crítico-interpretativa de um romance.


a) Leitura lúdica para contato com a obra. Essa leitura é feita pelo aluno inicialmente para
inteirar-se do assunto e de como a obra é estruturada.
b) Fixação da impressão ou impressões mais vivas provocadas pela leitura. Essas
impressões levarão à determinação do tema.
c) Fixação do tema ( idéia central, eixo nuclear da ação).
d) Leitura reflexiva norteada pelo tema, e pelas idéias principais pressentidas na obra. É
durante esta segunda leitura da obra que se inicia a análise propriamente dita, pois é o
momento em que devem ser fixadas as características de cada elemento estrutural.
e) Anotações meticulosas de como os elementos constitutivos do romance foram
trabalhados para integrarem a estrutura global.

Esta anotação deverá obedecer, mais ou menos, a um roteiro disciplinador:


1) Análise dos fatos que integram a ação (Enredo).
2) Análise dos traços característicos daqueles que vão viver a ação (Personagens).
3) Análise da ação e personagens situadas no meio-ambiente em que se movem (Espaço).
4) Análise do encadeamento da ação e personagens numa determinada seqüência temporal
(Tempo).
5) Análise dos meios de expressão de que se vale o autor: narração, descrição, monólogos,
intervenções do autor, gênero literário escolhido, foco narrativo, linguagem, interpolações,
etc.

Para o Professor Massaud Moisés, ( Guia Prático de Análise Literária ) o núcleo da


atenção do analista sempre reside no texto. Em suma: o texto é ponto de partida e ponto de
chegada da análise literária. José Teixeira Neto

A obra literária é a representação perfeita da relação entre o homem e o mundo


em que vive. Vigora na literatura uma correspondência bastante acentuada entre o
sofrimento do sujeito enquanto ser agente, metafísico e o local da ação, espaço material e
mensurável. Essa dicotomia é que contribui para a criação da obra de arte e é o que gera o
conflito que vai desencadear um desfecho de acordo com a intencionalidade do criador.
Para atingir essas condições, Rubem Fonseca quebra os padrões convencionais da estrutura
narrativa em “Relato de ocorrência em que qualquer semelhança não é mera coincidência”.

Nesse conto, é narrada a história de um acidente que ocorre numa BR, envolvendo
um ônibus, que atropela uma vaca, que morre logo em seguida. Os moradores das
cercanias, ao verem o acidente, correm na direção do ocorrido. A princípio, pensa-se que
vão procurar meios para socorrerem as vítimas. Mas não é que acontece. Eles correm é para
aproveitar a carne da vaca morta, e deixam as vítimas à mercê da sorte.

Para desenvolver tal enredo, o autor imbrica duas formas de relatar os fatos da
história: estilo de jornal e a narrativa pertencente ao gênero literário. “Na madrugada do dia
três de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do Rio Coroado, no quilômetro 53, em
direção ao Rio de Janeiro”. Nesse fragmento, estão presentes os elementos que constituem
o texto jornalístico: o local, a data, o fato, os envolvidos, como forma de comprovação dos
acontecimentos. O texto só passa a assumir a estrutura da narrativa literária a partir do sexto
parágrafo, quando Elias, uma das personagens do conto, dá início às ações que vão se
desenrolar na ponte, local do acidente. “O desastre foi presenciado por Elias Gentil dos
Santos e sua mulher Lucília, residente nas cercanias. Elias manda a mulher apanhar um
facão em casa. Um facão? Pergunta Lucília.” .

Esse procedimento de unir o jornalístico e a narrativa literária não só contribui para


a verossimilhança da história, como também revela um menor grau de formalidade na
atitude de narrar, já que se trata de um texto que segue os padrões modernistas. O texto
foge ao estilo machadiano, por exemplo. Contudo não deixa de externar a natureza e o
comportamento do homem diante dos seus problemas. Rubem Fonseca, nesse conto,
apresenta um realismo marcado através da análise de uma situação que revela a intenção de
mostrar pessoas preocupadas apenas em matar a fome, fato que representa a realidade de
uma grande parte da população.
A onisciência do narrador é percebida através da expressão dos sentimentos das
personagens e do modo como os fatos são focalizados. O narrador parece acompanhar cada
detalhe dos acontecimentos. “Surge Marcílio da Conceição. Elias olha com ódio para ele.
Aparece também Ivonildo de Moura júnior. E aquela besta que não traz o facão! Pensa
Elias. Ele está com raiva de todo mundo, suas mãos tremem. Elias cospe no chão várias
vezes, com força, até que sua boca seca.” A presença do discurso indireto livre nesse
fragmento vem reforçar a expressão da angústia que toma conta de Elias no momento em
que os vizinhos também chegam para desfrutar a carne do animal.

Como se pode perceber, as personagens do conto Relato de ocorrência em que


qualquer semelhança não é mera coincidência não são apenas um elemento da estrutura
narrativa, mas habitantes da realidade ficcional, os quais representam seres que se
confundem, em nível de recepção, com o ser humano e sua complexidade. Para criar essa
realidade, o autor, sabendo que personagem representa pessoa, o faz através dos recursos
lingüísticos, uma vez que se constrói a personagem ficcional por meio das palavras e,
quanto ao modo como essa linguagem aparece no texto, nota-se claramente a marca da
oralidade no processo da construção do discurso. Nesse conto, tanto narrador, quanto
personagem possuem o mesmo nível na utilização da palavra. Isso porque se trata de uma
forma de não distanciar lingüisticamente as personagens do narrador. É através da
linguagem que, ao lermos o conto de Rubem Fonseca, nos deparamos com uma simulação
do real, criada a partir da cosmovisão do autor.

Considerando que um texto é um tecido, em que todos os elementos que o


compõem devem estar entrelaçados para que exista significação, o conto de Rubem
Fonseca é a representação concreta dessa assertiva. Desde o foco narrativo até o espaço,
tudo se encaixa de modo a favorecer a coerência dos episódios narrados. A história é
contada em terceira pessoa, por um narrador que presencia todos os acontecimentos. Essa
é uma forma cinematográfica de construir o enredo e, com esse procedimento narrativo, o
leitor se coloca em contato mais direto com os fatos narrados. O espaço onde se passa a
história, a ponte, exerce um papel importante uma vez que, por representar um local
perigoso, aparece como o lugar onde ocorre o acidente, deixando várias vítimas sem vida.

Toda a história se passa em um curto intervalo de tempo, de modo linear.

Tudo acontece “Na madrugada do dia três de maio...” Como se pode notar, trata-se
de um tempo cronológico, em que os fatos se dão numa ordem natural, isto é, do início para
o final. Primeiro, acontece o acidente; depois, os moradores vão em busca da carne da vaca,
que morre atropelada e, para finalizar a história, todos tiram proveito da situação. É, pois, o
tempo um elemento responsável pela organização dos fatos no enredo desse conto.
ANÁLISE DE POESIA.

Metro é a medida do verso. O estudo do metro chama-se metrificação e escansão é a


contagem dos sons dos versos. As sílabas métricas, ou poéticas, diferem das sílabas
gramaticais em alguns aspectos. Lembraremos alguns preceitos a esse respeito: contam-se
as sílabas ou sons até a tônica da última palavra de um verso. Exemplo:

A-mo-te, ó-cruz, no-vér-ti-ce-fir-ma/da = 10 sílabas


De es-plên-di-das-i-gre/jas = 6 sílabas
Mi-nha-mu-lher-ex-pi-rou = 7 sílabas
E as-bre/ves = 2 sílabas
Vir-gem-das-do/res = 4 sílabas
Tipos de versos
A um número de sílabas métricas em determinado verso podem ser atribuídos nomes:
Dodecassílabo: 12 sílabas
Ins | pi | ra | do^a | pen | sar | em | teu | per | fil | di | vi | (no)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Alexandrino – Dodecassílabo com tônica na sexta e na décima segunda sílaba, formando


dois hemistíquios.

Decassílabo: 10 sílabas (muito comum em sonetos e presente em Os Lusíadas de Luís de


Camões).

Não | tens | que | ças | da | que | lea | mor | ar | den | (te)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Heróico – Decassílabo com sílabas tônicas nas posições ( 6 e 10)


Sáfico – Decassílabo com sílabas tônicas nas posições (4, 8 e 10)
Martelo – Decassílabo Heróico com tônicas nas posições (3, 6 e 10)
Gaita Galega ou Moinheira – Decassílabo com tônicas nas posições (4, 7 e 10)
Redondilha maior ou heptassílabo: (7 sílabas)
Se | nho | ra, | par | tem | tão | tris | (tes)
1 2 3 4 5 6 7

Redondilha menor: 5 sílabas

Tan | tos | gri | tos | rou | (cos)

1 2 3 4 5
A lista geral de designações é a seguinte:

1. Monossílabo : 1 sílaba
2. Dissílabo : 2 sílabas
3. Trissílabo : 3 sílabas
4. Tetrassílabo: 4 sílabas
5. Pentassílabo ou Redondilha Menor: 5 sílabas
6. Hexassílabo ou Heróico Quebrado: 6 sílabas
7. Heptassílabo ou Redondilha Maior: 7 sílabas
8. Octossílabo: 8 sílabas
9. Eneassílabo: 9 sílabas
10. Decassílabo: 10 sílabas
11. Hendecassílabo: 11 sílabas
12. Dodecassílabo ou alexandrino: 12 sílabas poéticas.

A pausa é o silêncio entre versos ou elementos dos versos. Essencialmente, todo verso
pode ser considerado como uma seqüência harmônica de sílabas e pausas. A pausa é parte
das estruturas rítmicas e melódicas da composição poética, pois assinala o fim de um
período rítmico, e permite o seu reinício no próximo verso.

Cada verso, considerado como um todo, é posicionado entre duas Pausas


Delimitadoras ou Externas: a do verso anterior e a sua própria pausa. Excetua-se desta
regra o primeiro (cujo limite é o completo silêncio anterior a ele e a pausa ao seu final) e o
último verso do poema (cujos limites são a pausa do verso anterior e o silêncio completo
que lhe segue). A duração da pausa varia conforme a extensão do verso, podendo até
mesmo, dado o processo de encadeamento, deixar existir pausa entre versos.

Dentro de um mesmo verso pode haver Pausas Internas, sendo relevantes em dois casos:

1. Pausas Necessárias ou Fixas – São as pausas determinadas pela receita do verso ou


pela métrica tradicional, devendo ocorrer num mesmo ponto em todos os versos da estrofe.
São chamadas também de “Cesuras”. Se ocorrer após uma sílaba breve ou átona, chama-se
cesura feminina; se ocorrer após sílaba longa ou tônica chama-se cesura masculina.

“Cantei; ║ mas se me alguém pergunta quando”, (Camões)


“é ferida que dói, ║ e não se sente”, (Camões)
“enquanto não quiserdes vós, ║ Senhora”, (Camões)
“olhe o céu, ║ olhe a terra, ║ ou olhe o mar”, (Sá de Miranda)
2. Pausas Acidentais – São pausas não necessariamente previstas ou que não tenham
posição fixa nos versos, mas alteram consideravelmente o andamento dos versos.
“Não rimarei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, ║ que todas me convêm.”

Carlos Drummond de Andrade – Consideração do poema

Quando considerado elemento literário estrutural, o enredo é o conjunto de todos os


fatos narrados que se sucedem ao longo de uma história e as ligações destes fatos entre si,
ordenados de tal modo a criar certo efeito artístico ou emocional. Os diferentes efeitos os
quais o enredo venha a produzir no leitor determinam, de uma maneira ou de outra, o modo
como os fatos narrados são ordenados e apresentados. Os fatos narrados de um suspense se
apresentam de maneira diferente de uma aventura mítica ou ainda de uma comédia. O
padrão do ordenamento destes fatos acaba por especificar o Gênero de uma obra. Outra
característica do enredo é que ele é “Artisticamente Completo” ou tem “unidade de ação”,
isto é, compreende uma completa e ordenada estrutura de ações orientada para causar o
efeito pretendido.

De maneira geral, o enredo é construído em volta de um Conflito. Este conflito


pode ser externo (entre o protagonista e elementos antagonistas no mundo ficcional) e/ou
interno (entre o protagonista e suas próprias falhas de caráter, limitações, o destino, etc). É
o conflito e o contraste entre os elementos conflitantes que de maneira mais eficiente guia o
enredo ao seu fim. Destas duas categorias de conflito, podemos desenvolver quatro tipos
básicos: o Conflito Físico (o protagonista enfrenta fisicamente o antagonista ou as forças
da natureza); o Conflito Clássico (o protagonista encara as circunstâncias da sua vida ou
luta contra seu “destino”); o Conflito Social (o protagonista luta contra ideias, costumes e
valores do meio em que está inserido); e o Conflito Psicológico (o protagonista enfrenta
suas próprias escolhas, idéias de certo e errado, suas limitações).

A estrutura do enredo não sofreu muitas modificações desde 334 a.C., quando
Aristóteles, em seu tratado ‘Poética’, expôs que o enredo se divide em Começo, com a
apresentação do ambiente ficcional; Meio, com o estabelecimento de um conflito e a busca
por sua resolução; e Fim, com a resolução positiva ou negativa do conflito, isto é, com o
protagonista tendo ou não sucesso em sua jornada ao final da narrativa.

Ao longo dos anos, vários estudiosos como Propp, Adam, Labov e Waletzky,
Ricoeur, a partir de estudos próprios de lendas, mitos e narrativas, criaram vários
Paradigmas Literários, isto é, modelos gerais de estrutura para o enredo da narrativa, nunca
fugindo da tripartição do roteiro feita por Aristóteles, apenas desenvolvendo-a.

Entre os elementos literários, o enredo foi o que manteve sua integridade por mais
tempo. Apesar da distorção temporal causada pelo uso da anacronia (primeiramente
apresentada na prosa romântica) e do fluxo de consciência (a partir do Modernismo),
apenas modificou-se o modo como o enredo se apresentava ao leitor. O texto não se
apresentava mais necessariamente na ordem cronológica, mas manteve-se a tríade começo,
meio e fim intacta. Então, podemos classificar um enredo quanto a sua apresentação ao
leitor: é Linear quando é apresentado na ordem cronológica e lógica (observa-se a ordem
começo-meio-fim), e Não-Linear quando o enredo e outros elementos estruturais da
narrativa, como ambiente, tempo e personagens, são apresentados descontinuamente, fora
da ordem lógica e cronológica (com antecipações, retrospectivas, cortes e com rupturas do
tempo e do espaço em que se desenvolve as ações; o tempo cronológico mistura-se ao
psicológico e o espaço exterior se mistura aos espaços interiores).

ENREDO HOJE

Com a fluidez do arte pós-moderna, o artista abdica de seu poder determinante


sobre a criação da obra de arte e convida o leitor a participar do processo de criação e
concretização da arte. A literatura passa a ser considerada uma atividade lúdica: um jogo
entre o autor e o leitor em busca da construção da obra. O enredo vem perdendo sua
estrutura tradicional, o que pode ser percebido mais claramente em contos, como o
minimalista de Hemmingway:

“À venda: sapatos infantis, nunca usados.”

O enredo pós-moderno deixa de ser artisticamente completo, passando a carecer de uma


complementação estrutural exterior ao texto, seja pelo leitor, que no ato de apreensão do
texto, cria o que lhe falta, seja em outros textos, principalmente em obras do passado, uma
verdadeira intertextualidade, outra característica marcante e freqüente na literatura pós-
moderna.

O tempo na narrativa

Se você também não conseguiu responder esta pergunta, seja bem vindo a uma das mais
antigas tradições humanas: a tentativa de conceituação do Tempo. O Tempo em si é um
conceito de difícil apreensão. Desde a Antiguidade, vem-se tentado definir o Tempo; uma
atividade eminentemente filosófica, ampla demais para ser abordada aqui (e agora).

Porém, o termo “tempo” abrange outros sentidos além da idéia conceitual de Tempo em si.
Por hora, vamos escolher um significado prático para a palavra tempo, considerando-o
como uma medida usada para determinar a sequência de eventos, intervalo entre
eventos e a duração de eventos. Evento é qualquer acontecimento, ação ou processo: uma
rotação da terra em torno do seu próprio eixo, o desenrolar de uma guerra, o ato de sentir o
calor de um objeto, todos esses são exemplos de evento. E dependendo da natureza destes
eventos podemos classificar o tempo em:

Tempo Físico – quando consideramos como referencial eventos da natureza. Para esta
classificação de tempo leva-se em as relações de casualidade (causa e efeito) entre os
eventos e mudanças objetivas, que independem de consciência do sujeito (ou observador), e
quantificáveis através de grandezas constantes.

Tempo Psicológico – levando em conta a sucessão dos processos psicológicos, temos o


tempo psicológico, cuja principal característica é a inadequação aos referencias objetivos.
O tempo psicológico, diferente do tempo físico, é subjetivo, variando de indivíduo para
indivíduo.

Tempo Cronológico – o referencial no tempo cronológico são eventos naturais cíclicos e


de duração determinada, utilizados na regulação de eventos sociais. Anos, que são baseados
no intervalo de translação do planeta Terra; Meses, referentes ao intervalo de translação da
Lua em torno da Terra; Dias, intervalo de rotação da Terra sobre seu próprio eixo; Horas,
Minutos e Segundo; que são subdivisões do Dia, são exemplos de Tempo Cronológico,
também chamado de tempo socializado ou público.

Tempo Histórico – Representa o intervalo de duração de fatos históricos. Intervalos


maiores representam o conjunto de eventos históricos ou um processo histórico (o
Feudalismo Japonês, a formação da cidade de São Paulo, surgimento do capitalismo),
enquanto intervalos menores representam acontecimentos singulares (uma guerra, um
movimento político, migração populacional).

Tempo Linguístico – está ligado intrinsecamente ao discurso. No tempo lingüístico, o


presente é o momento da fala, e este é seu eixo central. O passado e o futuro estão situados
em pontos de vista para trás e para frente, respectivamente, a partir do referencial presente
do discurso. A ordenação dos acontecimentos se dá então pelo meio da própria linguagem
com a utilização de advérbios temporais como “agora”, amanhã ou “ontem”.

O texto ficcional é, como um todo, um signo lingüístico complexo composto por


dois elementos distintos: o significante que é o próprio texto físico, o conjunto de frase,
parágrafos e capítulos; e o significado, o mundo ficcional formado na mente do
leitor/ouvinte. O tempo na narrativa compreende uma duplicidade temporal, um tempo para
cada aspecto do signo ficcional.

Ora, o tempo do significante é o tempo lingüístico acima mencionado, o tempo do


discurso. Este tempo segue a sequência da leitura ou emissão verbal, colocando numa
ordenação linear os elementos narrativos do texto (cenas, descrições, diálogos). Já o tempo
do significado, o tempo da história é pluridimensional não só pela sua maleabilidade (uma
vez que o tempo dá história pode ser acelerado, alongado, pausado) e pela sua não-
linearidade (é possível antecipar o futuro e retornar ao passado utilizando a anacronia), mas
também pela múltiplas dimensões temporais possíveis de existir dentro de uma mesma
história (por exemplo, o tempo psicológico do personagem principal ao lado do físico do
ambiente, ao lado ainda do tempo cronológico dos eventos ficcionais).

Foco Narrativo, ou Ponto de Vista, é o elemento da narração que compreende a


perspectiva através da qual se conta uma história. É, basicamente, a posição a qual o
narrador, enquanto instância narrante ou voz que articula a narração, conta a história. Os
pontos de vista mais conhecidos são dois: Narrador-Observador e Narrador-Personagem.

O Narrador-Observador é aquele que conta a história através de uma perspectiva de fora


da história, isto é, ele não se confunde com nenhum dos personagens. Este foco narrativo se
dá, predominantemente, em terceira pessoa e pode ser dividido em:

-Narrador-Observador Onisciente: É o narrador que tudo sabe sobre o enredo, os


personagens e seus pensamentos. A onisciência do narrador pode ou não se limitar a apenas
um dos personagens da história . Exemplos: Fielding, em Tom Jones; Tolstoi, em Guerra e
Paz, Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector.

“(…)Quando acordava não sabia mais quem era. Só depois é que pensava com satisfação:
sou datilógrafa e virgem, e gosto de coca-cola.” – A hora da estrela, de Clarice Lispector.

-Narrador-Observador Câmera: Este narrador não tem a ciência do que se passa nas mentes
dos personagens da história, mas conhece tudo sobre o enredo e sobre qualquer outra
informação que não sejam intimas da psique dos personagens. Exemplo: Goodbye to
Berlin, romance-reportagem de Isherwood.

“Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes chegou no pesqueiro. Embora
fizesse força em se mostrar amável por causa da visita convidada para a pescaria, vinha
mal-humorado daquelas cinco léguas cabritando na estrada péssima. Alias o fazendeiro
era de pouco riso mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos que o mumificavam
naquele esqueleto agudo e taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.

O Narrador-Personagem é aquele que conta a história através de uma perspectiva de


dentro da história, isto é, ele, de alguma forma participa do enredo, sendo um dos
personagens da história, usando a Primeira Pessoa para se contar historia. Pode-se
classificar o Narrador-Personagem em:

-Narrador-Personagem Protagonista: Este narrador é a personagem principal da história,


narrando-a de um ponto de vista fixo: o seu. Não sabe o que pensam os outros personagens
e apenas narra os acontecimentos como os percebe ou lembra. Exemplos: Grande Sertão:
Vereda, Guimarães Rosa; Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

“Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois
corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um
almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço
nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” -Memórias
Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.

-Narrador-Personagem Testemunha: É o narrador que vive os acontecimentos por ele


descritos como personagem secundária. É um ponto de vista mais limitado, uma vez que ele
narra a periferia dos acontecimentos, sendo incapaz de conhecer o que se passa na mente
dos outros personagens. Exemplo: Memorial de Aires, de Machado de Assis; As Aventuras
de Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle.

“Para Sherlock Holmes, ela é sempre a mulher. Raras vezes o ouvi mencioná-la de outra
maneira. Para seus olhos, ela eclipsava e se sobrepunha às demais mulheres. Não que ele
estivesse apaixonado por Irene Adler. Todas as emoções, e particularmente essa,
aborreciam sua mente fria, precisa, mas admiravelmente equilibrada” – Um Escândalo na
Boêmia, de A. Conan Doyle.

Uma das características de ambos o foco narrativo é a possibilidade de o narrador, enquanto


relata a história, comentar sobre os mais diversos temas como o próprio enredo, a sua vida e
a vida dos personagens ou sobre o cenário da narrativa. O narrador que faz este comentário
é chamado de Intruso; o que não o faz, de Neutro.

Nada impede de que, numa mesma história, exista mais de um foco narrativo. O autor deve
ter cautela ao executar a mudança do ponto de vista, evitando possíveis confusões no
enredo e mau entendimento dos leitores.

REFORÇANDO O CONHECIMENTO

COMUNICAÇÃO LITERÁRIA
O que faz do homem aquilo que ele é, um ser distinto de todos os demais seres
vivos, é a linguagem, a capacidade de comunicar com os outros homens, partilhando com
eles todo o tipo de informação. Pela linguagem o homem é capaz não apenas de comunicar
(transmitir e receber informações), mas também, e principalmente, de recolher e tratar
dados, elaborando a informação que transmite. Em suma, graças à linguagem, o homem é
capaz de pensar e de comunicar. Pensamento e linguagem estão, portanto,
indissoluvelmente ligados. Podemos dizer que não há pensamento sem linguagem, nem
linguagem sem pensamento.
A Literatura é uma forma particular de comunicação, provavelmente tão antiga
como o homem Também aqui encontramos um emissor (autor), um receptor (leitor) e uma
mensagem, (a obra literária) que circula para um outro.

Autor --> Texto literário --> Leitor

Ao distinguirmos uma variedade específica de camunicação – comunicação


literária caracterizada por uma mensagem diferenciada, estamos implicitamente a
estabelecer uma oposição entre o texto não literário e o texto literário. Vejamos então de
forma sintética quais são esses traços distintivos.

Texto não literário Texto literário


• Linguagem denotativa • Linguagem conotativa
• Tendência para a objectividade • Tendência para a subjectividade
• Predomínio da função informativa • Predomínio da função poética
• Significante como mero suporte do • Significante assume valor expressivo
significado • Desvio relativamente à norma
• Respeito pela norma linguística linguística
• Finalidade utilitária • Finalidade estética
• Relação de correspondência com o • Relação de verosimilhança com o
real real

Portanto, no gênero narrativo encontramos de fato dois atos comunicativos, estando


um encaixado no outro, é que se pretende mostrar no seguinte esquema:

Narrativa
Autor --> --> Leitor
Narrador > Discurso > Narratário

Narrador
É a entidade responsável pelo discurso narrativo, através do qual uma "história" é contada.
O narrador nunca se identifica com o autor: este é um ser real, enquanto aquele é um ser de
ficção, uma "personagem de papel" que só existe na narrativa. Pode ser exterior à "história"
que narra ou identificar-se com uma das personagens (presença) e só pode contar aquilo de
que teve conhecimento (ciência).
PRESENÇA
NARRADOR PARTICIPANTE
O narrador identifica-se com a personagem principal. A narração é feita
Autodiegético
na 1ª pessoa.
O narrador identifica-se com uma personagem secundária. A narração é
Homodiegético
feita na 1ª pessoa.
NARRADOR NÃO PARTICIPANTE
O narrador é totalmente alheio aos acontecimentos que narra. A narração é
Heterodiegético
feita na 3ª pessoa.
Ciência (ponto de vista)
O narrador revela um conhecimento absoluto, quer dos acontecimentos,
Focalização
quer das motivações. É capaz de penetrar no íntimo das personagens,
omnisciente
revelando os seus pensamentos e as suas emoções.

O narrador é um mero observador, exterior aos acontecimentos. Narra


Focalização
aquilo que pode apreender através dos sentidos: descreve os espaços,
externa
narra os acontecimentos, mas não penetra no interior das personagens.

Este tipo de focalização distingue-se da "focalização externa, porque o


Focalização
narrador adopta o ponto de vista de uma personagem, narrando os
interna
acontecimentos tal como eles foram vistos por essa personagem.

Personagens

As personagens suportam a acção, visto que é através delas que a acção se concretiza. Elas
vão adquirindo "forma" à medida que a narração evolui, num processo designado por
caracterização.
Caracterização directa – Os traços físicos e/ou psicológicos da personagem são
fornecidos explicitamente, quer pela própria personagem (autocaracterização), quer pelo
narrador ou por outras personagens (heterocaracterização).
Caracterização indirecta – Os traços característicos da personagem são deduzidos a partir
das suas atitudes e comportamentos. É observando as personagens em acção que o leitor
constrói o seu retrato físico e psicológico.

Relevo
Personagem
Assume um papel central no desenrolar da acção e por isso ocupa
principal
maior espaço textual.
(protagonista)
Personagem
Participa na acção, sem no entanto desempenhar um papel decisivo.
secundária
Não tem qualquer participação no desenrolar da acção, cabendo-lhe
Figurante
apenas ajudar a compor um ambiente ou espaço social.
Composição
Personagem
É dinâmica; possui densidade psicológica, vida interior, e por isso
redonda
surpreende o leitor pelo seu comportamento.
(modelada)
É estática; caracteriza-se por possuir um conjunto limitado de traços que
Personagem
se mantêm inalterados ao longo da narração. Frequentemente assume a
plana
forma de personagem-tipo, na medida em que representa determinado
(desenhada)
grupo social ou profissional.
Personagem Representa um conjunto de indivíduos, que age como se fosse movido por
colectiva uma vontade única.

Funções (estrutura actancial)


destinador  objecto  destinatário

adjuvante  sujeito  oponente

Entidade ou força superior que permite (ou não) ao sujeito alcançar o


Destinador
objecto.
Personagem ou entidade sobre quem recaem os benefícios ou malefícios da
Destinatário
decisão do destinador.
Sujeito Personagem ou entidade que procura alcançar determinado objecto.
Objecto Personagem, entidade ou aquilo que o sujeito procura alcançar.
Adjuvante Personagem ou entidade que ajuda o sujeito a alcançar o objecto.
Personagem ou entidade que dificulta a obtenção do objecto por parte do
Oponente
sujeito.

Espaço
Espaço físico É o espaço real, exterior ou interior, onde as personagens se movem.
Designa o ambiente social em que as personagens se integram. A
Espaço social caracterização deste espaço é feita principalmente pelo recurso aos
figurantes.
Espaço É o espaço interior da personagem, o conjunto das suas vivências,
psicológico emoções e pensamentos.
Tempo
Tempo da
história Aquele ao longo do qual decorrem os acontecimentos narrados.
(cronológico)
Resulta do modo como o narrador trata o tempo da história. O narrador
pode respeitar a ordem cronológica ou alterá-la, recuando no tempo
Tempo do (analepse) ou antecipando acontecimentos posteriores (prolepse). Pode
discurso ainda narrar ao ritmo dos acontecimentos, recorrendo ao diálogo
(isocronia), fazer uma narração abreviada (resumo ou sumário), ou até
omitir alguns acontecimentos (elipse).
Tempo É de natureza subjectiva; designa o modo como a personagem sente o fluir
psicológico do tempo.

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