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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACIS

Angela de Sá Barreto Sabiá

A SOMBRA NA CONTEMPORANEIDADE
Casamentos Psíquicos e a Terapia de Casais sob
Enfoque Analítico.

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA JUNGUIANA

Brasília
2014
Angela de Sá Barreto Sabiá

A SOMBRA NA CONTEMPORANEIDADE
Casamentos Psíquicos e a Terapia de Casais sob
Enfoque Analítico.

Monografia apresentada à
FACIS como requisito parcial
para obtenção do título de
especialista em Psicologia
Junguiana.

Brasília
2014
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACIS

Angela de Sá Barreto Sabiá

A SOMBRA NA CONTEMPORANEIDADE

Casamentos Psíquicos e a Terapia de Casais sob


Enfoque Analítico.

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA JUNGUIANA

Brasília
2014
Angela de Sá Barreto Sabiá

A SOMBRA NA CONTEMPORANEIDADE
Casamentos Psíquicos e a Terapia de Casais sob
Enfoque Analítico.

Monografia apresentada à
FACIS como requisito parcial
para obtenção do título de
especialista em Psicologia
Junguiana.

Brasília
2014
“Muitas vezes é trágico ver como uma pessoa estraga de modo evidente a própria
vida e a dos outros e como é incapaz de perceber até que ponto essa tragédia
parte dela e é alimentada progressivamente por ela mesma”.
JUNG
RESUMO

Este trabalho traz como tema central os casamentos adoecidos pela


dificuldade presente entre os casais de não se conhecer os arquétipos que são
sombra, animus e anima e também persona que é máscara social que usamos
como forma de sermos aceitos. Discorro no decorrer dos capítulos das crises
conjugais que acontece em virtude de não se autoconhecerem e não saber o
que é seu e o que é do outro. A Psicoterapia Analítica tem como objetivo,
promover a Individuação do ser único. No nosso caso escolhemos a terapia de
casal como uma ferramenta a mais na resolução do impasse criado entre eles,
visando promover no casal a plenitude total da vida. A metodologia usada é a
pesquisa teórica em livros de autores Junguianos além claro, do próprio Jung
que de uma maneira amplia na contemporaneidade a nossa maneira de entender
a dinâmica de um casamento adoecido, os fatores que contribuem e de que
forma o casal pode resolver o impasse entre eles com a ajuda do terapeuta de
casal.

Palavras-chave: Casamento Adoecido. Individuação. Psicologia Analítica.


Arquétipos. Individuação. Terapia de casal
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 07

1. CAPÍTULO I – O QUE É SOMBRA? ..................................................... 09


2. CAPÍTULO II – CASAMENTOS ADOECIDOS: ANIMA, ANIMUS E
PERSONA ............................................................................................. 12
3. CAPÍTULO III – PSICO TERAPIA DE CASAL ....................................... 20
3.1. Metodologia do Terapeuta de Casal ........................................... 23
4. CONCLUSÃO ........................................................................................ 26
5. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 27
INTRODUÇÃO

O presente trabalho surgiu da minha inquietação de aprofundar-me mais


na técnica terapia de casal sob o enfoque da Psicologia Analítica como uma
ferramenta na elucidação do que fomenta a crise entre os casais. Jung escreve
sobre o casamento enquanto relacionamento psíquico onde através das
relações arquetípicas não entendidas e as sombras oriundas presentes em cada
um dos casais. Favorecendo assim algum problema de relacionamento entre
eles. Alguns livros pós-junguianos foram escritos e será o ponto de partida da
minha pesquisa, o texto escrito pelo próprio Jung O Casamento Como
Relacionamento Psíquico.
É de relevância ter um estudo aprofundado na contemporaneidade de
alguns mecanismos sombrios existentes entre os casais em seus
relacionamentos que fomentam os conflitos existentes entre eles favorecendo as
brigas entre eles e a importância de se conhecer a terapia de casal como uma
técnica de bastante eficácia na resolução dos conflitos entre eles.
O trabalho visa atingir o conhecimento dos arquétipos, sombra, anima e
animus como maneira de não propiciar uma relação salutar entre o casal,
favorecendo assim um clima amistoso entre eles atrapalhando o seu convívio.
Mostrando que a técnica da terapia de casais pode desenvolver neles a
compreensão de tudo que se passa entre eles e conhecer ainda as
potencialidades do casamento deles.
Será que o não conhecimento dos arquétipos sombra, anima e animus
reforçam entre o casal os conflitos entre eles? Será que a terapia de casais
resolve todos os conflitos existentes entre eles? Quando devemos procurar um
terapeuta de casais? Será que todas as pessoas que iniciam uma terapia
individual, pode transformar em terapia de casais? Todos os casais podem se

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submeter a essa forma de tratamento? Essas são as respostas que irei
responder no decorrer desse trabalho.
A ideia central é que a terapia de casal pode ser uma maneira eficaz na
orientação em lidar com os conflitos e as suas diferenças individuais.
Favorecendo assim uma melhor compreensão do conflito o quando se iniciou,
informações básicas que os casais devem saber. E que irá além de tudo
descobrir as potencialidades ou não desse relacionamento.
O referencial teórico será exposto por Jung e autores Junguianos através
de textos que relatem sobre as sombras nos casamentos e como a técnica da
terapia de casal analítica pode aprofundar o conflito entre eles e a resolução
desse problema resolvido entre o casal.
Será feita uma pesquisa bibliográfica para complementar a reflexão. O
trabalho vai ser estruturado em três capítulos, no primeiro será trabalhado o
conceito de Sombra exposto pelo próprio Jung em três das suas obras, Aion,
Psicologia do Inconsciente e Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. O segundo
capítulo, trará como base o texto do próprio Jung encontrado no livro Formação
da Personalidade com o texto Casamento como relacionamento psíquico, que
traz uma descrição dos arquétipos da anima e animus e de que maneira
influenciam no relacionamento dos casais, trazendo ainda o significado de
persona e identificando os papéis que os casais quando estão com problemas
na anima e animus desempenham. Tenho como base obras de Jung, Sanford,
Cavalcanti e Yorio. No terceiro capítulo, discorro sobre a terapia de casais
pegando o próprio Jung, Vargas e Mindell.

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CAPÍTULO I - O QUE É SOMBRA?

Encontramos quase em toda obra de Jung, termos que condizem ao


conceito de Sombra e a importância de se conhece-la na contemporaneidade
nos casamentos adoecidos. Para entender bem o conceito de sombra, torna-se
condição sine-qua-non conhecer o motivo que Jung buscou transmitir nessa
expressão representando um conceito complexo e importante para a Psicologia
Analítica.
Perceber a sombra nem sempre se torna fácil devido às pessoas não
serem conhecedoras da sua personalidade, tal qual se apresenta. Isso se torna
indispensável no conhecimento do lado sombrio que todos temos.
Mas nessa tomada de consciência da sombra, trata-se de
conhecer os aspectos obscuros da personalidade, tais como
existem na realidade. Este ato é a base indispensável para
qualquer ato tipo de autoconhecimento e por isso, em geral ele
se defronta com considerável resistência. (JUNG, 2012, p.19)

A sombra é constituída de traços inferiores do indivíduo onde se dizem


ser do tipo possessivo.
Uma pesquisa mais acurada dos traços obscuros do caráter, isto
é das inferioridades do indivíduo que constituem a sombra,
mostra-nos que esses traços possuem uma natureza emocional,
uma certa autonomia e, consequentemente são de tipo
obsessivo ou melhor possessivo. (JUNG, 2012, p.20)

Os afetos revelam uma certa inferioridade e a presença de uma etapa


mais baixa da personalidade.

Nessa faixa mais profunda o indivíduo se comporta


relativamente as suas emoções quase ou inteiramente
descontroladas, mais ou menos como o primitivo que não só é
abúlica dos seus afetos mas principalmente revela uma
incapacidade considerável de julgamento moral. (JUNG, 2012,
p.20)

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Podemos entender que a sombra pode ser integrada na personalidade
enquanto certos traços se opõem ou escapam de qualquer influência. Assim
Jung (2012, p.20) nos descreve “com compreensão e boa vontade a sombra
pode ser integrada de algum modo na personalidade, enquanto certos traços
como sabemos pela experiência opõe obstinada resistência ao controle moral,
escapando, portanto a qualquer influência”. Essas resistências ligam-se a
projeção que o conhecimento delas, resultando esforço moral que ultrapassa os
limites do indivíduo.
Portanto os traços que caracterizam a sombra podem ser conhecidos
ainda como qualidades da personalidade, em que a compreensão falha no
tocante a causa da emoção, onde a culpa é sempre do outro e não sua.

Os traços característicos da sombra podem ser reconhecidos,


sem maior dificuldade como qualidades pertinentes a
personalidade, mas tanto a compreensão como a vontade falha,
pois a cousa da emoção parece provir, sem dúvida alguma de
outra pessoa. (JUNG, 2012, p.20)

Pode ser que um bom observado perceba que se trata de uma projeção,
sem saber ao certo se o sujeito irá ou não ter consciência. Jung (2012, p.20)
“Talvez o observador objetivo perceba claramente que se trata de umas
projeções.”
No livro Psicologia do Inconsciente nos é tratado da importância de se
ter o autoconhecimento, favorecendo assim o conhecimento das projeções que
levamos ao outro. Jung (2011, p.37):
Uma diminuição da hipocrisia e um aumento de
autoconhecimento só podem resultar numa maior consideração
com o próximo, pois somos facilmente levados a transferir para
nossos semelhantes a falta de respeito e a violência que
praticamos contra nossa própria natureza.

Podemos definir sombra como diz Jung (2012, p.24) “lado obscuro da
própria personalidade” e temos de ter em mente ainda que não é difícil com um
certo grau de autocrítica perceber a sombra pois ela é de natureza pessoal.
A sombra é ainda a personificação de pessoas nos sonhos coincidindo
com o inconsciente pessoal. Pois o papel da sombra é dar vida a tudo que o
sujeito desconhece em si.
Outra figura menos importante e bem definida é a da sombra,
que também aparece como a anima na projeção sobre pessoas
adequadas ou muitas vezes personificadas em sonhos. (JUNG,
2008, p.277)

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Entende-se por Inconsciente Pessoal os conteúdos formados de acordo
com as experiências individuais constituídas por complexos e sonhos. Sendo
basicamente para Jung como Freud caracterizou o Inconsciente que são
formados por conteúdos que não são aceitos pela consciência ou mesmo aquele
material que já foi consciente agora está esquecido.
A sombra, o animus e a anima são arquétipos ou seja, conteúdos
psíquicos de grande energia e numinosidade (vem de numinoso um adjetivo que
qualifica algo como sagrado ou divino), trazem todas as representações
psíquicas da humanidade. Só podem ser acessados através de imagens
arquetípicas que, surgem através dos sonhos e contos de fada. Essas imagens
se realizam através das experiências contínuas por meio das quais surgem as
imagens arquetípicas da grande mãe, do grande pai. Entendemos ainda
arquétipos como estruturas inatas e herdadas no inconsciente como disse Franz.
Entendemos por anima como a própria feminilidade inconsciente no
homem, trazendo para o interior dele todo sentimento e delicadeza que a
persona reprime, podendo dizer que é a própria feminilidade inconsciente no
homem.
Por animus como a parte inconsciente do lado masculino na mulher,
apresentando-se como grupo, batalhão time. Propicia a reflexão, a
autoconfiança e a espiritualidade por que é parte consciente e inconsciente
masculina presente na mulher.
Muitas vezes é trágico ver como uma pessoa estraga de modo
evidente a própria vida e a dos outros e como é incapaz de
perceber até que ponto essa tragédia parte dela e é alimentada
progressivamente por ela mesma. (JUNG, 2012, p.21)

Em outras palavras, o não conhecimento da nossa sombra, interfere no


nosso processo de reconhecimento das projeções que fazemos no outro, muitas
vezes contribuindo para os conflitos existentes nos casamentos, desembocando
assim no adoecimento psíquico do casamento quando não conhece a anima e o
animus, no próximo capítulo abordaremos esse assunto.

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CAPÍTULO II - Casamentos Adoecidos: anima, animus e persona.

Em busca de sua alma e do seu sentido da sua vida, o homem descobriu


novos caminhos que o levam para sua interioridade. No tocante ao homem e a
mulher, é a natureza de ambos que desperta total interesse principalmente agora
em que ambos buscam compreender a si mesmos.
O matrimônio torna-se complicado segundo Jung (1972, p.167) que nos
adverte “não existe nenhum relacionamento psíquico entre dois seres humanos
se ambos se encontrarem em estado inconsciente”. Ou seja, torna-se
complicado por ser constituído por uma série de dados subjetivos e objetivos que
em parte são de natureza homogênea e heterogênea que estão presentes nos
casais.
Contudo o que possibilita o relacionamento psíquico é a consciência, que
na nossa concepção é o eu. Jung (1972, p.167) “para tornar-me consciente de
mim mesmo, devo distinguir-me dos outros. Apenas onde existe essa distinção,
pode aparecer um relacionamento.” Ou seja, quando começamos a ter
consciência do que é nosso para o outro, inicia-se o relacionamento, quando o
casal consegue alcançar a consciência de si mesmo.
Ao contrário dos conteúdos inconscientes, que não favorece ao
surgimento de uma relação por ter uma identificação no início, como aponta Jung
(1972, p.168):
Quanto aos conteúdos inconscientes não é possível qualquer
distinção; e por isso nesse campo não pode ser estabelecido
nenhum relacionamento; nessa região ainda reina o estado
inicial da identidade primitiva do “eu” com os outros e assim
ausência completa de relacionamentos.

Ao atingir-se a idade adequada para o casamento já tem o jovem a


consciência do eu e a moça mais que o rapaz. Para:

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Isso mostra que o jovem apresenta um conhecimento tanto
incompleto de si como do outro conhecendo de modo
insuficiente os motivos próprios e do outro, agindo levado
apenas por seus motivos inconscientes, onde o jovem tem
impressão de estar consciente, sendo costume aumentar a
compreensão dos conteúdos conscientes atuais. Quanto maior
for a extensão da inconsciência, tanto menor se tratará de uma
escolha livre no casamento, de modo subjetivo e isso se faz
notar ela coação do destino, claramente perceptível em toda
pessoa apaixonada. (JUNG, 1972, p.168)

Ou seja, quando a fase apaixonada terminar a coação prevalecerá de


forma menos agradável.
Os motivos inconscientes são de natureza tanto pessoal como qual,
trazendo motivos oriundos da influencia dos pais “em primeiro lugar é o grau de
ligação aos pais que influencia a escolha do consorte, favorecendo ou
dificultando”. Já o amor tido como consciente tanto para o pai ou a mãe favorece
a escolha semelhante ao pai ou á mãe. Quando opõem-se a escolha
inconsciente que dificulta a opção forçando a modificações curiosas. Para
melhor compreendermos de onde surgem as ligações inconscientes com os pais
em de que forma e maneira força a escolha ou impede-a. Ou seja, a vida que os
pais podiam ter vivido, mas foram impedidos sendo herdado pelos filhos.
Forçando os filhos a tomar um rumo na vida que compensem o que os pais não
conseguiram viver.
Que a escolha do parceiro se realiza por motivos inconscientes e
instintivos, desde que o casamento não tenha sido arranjado pela inteligência,
pela astúcia e pelo amor providente dos pais, deve-se ainda supor igualmente
que não tenha havido deformação do instinto primitivo dos filhos, seja pela
educação errada ou pela influência oculta proveniente dos complexos que os
pais tenham negligenciado em si mesmo ou acumulados.
Melhor dizendo, ao escolhermos alguém para casarmos, recebemos as
influencias dos nossos pais, de maneira inconsciente e instintiva ditadas pelos
moldes da educação que receberam dos seus antepassados. Ou melhor, com a
educação ou de complexos negligenciados e cumulativos. Entendemos como
complexos “um aglomerado de associações-espécie de quadro de natureza
psicológica mais ou menos complicada as vezes de caráter traumático, outras
vezes doloroso e altamente acentuado” (JUNG,2012, p.66) Jung nos diz que o
complexo é um aglomerado de associações acompanhada de uma forte carga
emocional quando agimos.

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Quando se fala em matrimônio logo entendemos que Jung (1972, p.3)
“raras vezes ou até mesmo nunca um matrimônio se desenvolve tranquilo e sem
crises, até atingir o relacionamento individual”. Pois entendemos que só
podemos falar em relacionamento quando conhecermos o que motivou
inconscientemente a identificação inicial.
Jung nos aponta no seu texto que “não é possível tornar-se consciente
sem passar por sofrimentos”. A medida que atingimos a maturidade a vontade
do indivíduo identifica-se cada vez mais com o lado inconsciente das coisas. O
indivíduo começa a conhecer a sua peculiaridade, conhecimento esse que não
vem de graça mas apenas por abalos violentos.
Quando alguém se encontra demasiadamente em atitude juvenil, a
consciência lança à frente de acordo com a falta de ação que é própria da
consciência. Já o inconsciente retém o avanço devido esgotarem-se a força e a
vontade ulterior ou que acontece depois da expansão. “Essa desunião consigo
mesmo gera descontentamento e, quando a pessoa não está consciente desse
seu estado, procura geralmente projetar no outro cônjuge os motivos de tudo
isso.” Jung (1972, p.3).
Nem sempre essa desunião acontece simultaneamente nos dois
cônjuges, pois entendemos que nem mesmo o casamento mais perfeito é capaz
de apagar as diferenças individuais, tornando-as iguais. Levando-se em
consideração que as pessoas tem o seu próprio tempo ou timing, existe sempre
um que vai resolver seu problema no matrimonio primeiro que o outro.
Ou seja, quando um dos cônjuges se embasa de forma positiva com os
pais não encontrará dificuldade em relacionar-se com o outro. Podendo ainda o
outro sentir-se impedido de avançar na relação por estar preso de forma
inconsciente aos pais. Por isso apenas mais tarde conseguirá adaptar-se
completamente, mas como atingiu esse estado com maior dificuldade procurará
ater-se a ele por mais tempo. Jung (1972, p.03).
Quando lidamos com naturezas em que uma delas pode se perder fácil,
por serem de muita face, geralmente cheia de problemas e vindo dotadas de
unidades psíquicas um pouco incompatíveis promovendo a inadaptação entre
elas e com pessoas de naturezas simples, apresentando-se com traços
irreconciliáveis do caráter e simples na aparência.

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Ao lidar com naturezas provindas de tais labirintos, qualquer
outra pode se perder facilmente; encontra-se diante de tal
exuberância de vivencias possíveis que seu interesse pessoal
se acha totalmente ocupado, certamente isso não precisaria
ocorrer de modo sempre agradável, pois antes é necessário
sondar a outra em todos os caminhos secundários e desvios
errados. JUNG (1972, p.3)

Jung nos aponta ainda que existe diversas formas de vida e uma pessoa
simples se sente envolvida por elas, ou seja, uma mulher intelectualmente está
contida no marido ou o mesmo que vive com sua mulher de forma emotiva.
Podendo ainda ser o envolvente e o envolvido.
O envolvido se encontra no matrimonio sem divisão, voltando-se
inteiramente para o outro. Tendo como desagradável, a dependência de uma
personalidade vasta, e isso gera um descredito e uma desconfiança. A vantagem
de ter essa dependência é que ele mesmo não está dividido.
O envolvente devido os seus dotes distorcidos, precisaria conciliar-se
consigo mesmo pelo amor indiviso a outra pessoa, mais nessa fase ou esforço
percebe que a pessoa simples toma a dianteira. O envolvente sempre busca
espiar para fora da janela, no início de forma inconsciente depois desperta nele
um desejo único e indivisível sendo necessário que busca aquilo que sempre
que sempre lhe faltou. Dessa forma os casamentos vão apresentando-se na sua
realidade com essas projeções do envolvido e envolvente.
No matrimonio é sempre o envolvido que projeta tal imagem no
envolvente, enquanto este último é capaz de projetar apenas em parte essa
imagem no outro cônjuge.
No livro ao Encontro com a Sombra diz que o encontro do parceiro com
o oposto no casamento deu-se primeiro devido a atração de um com o outro que
coincidiu com a identificação das fontes de conflitos no decorrer do
relacionamento, as qualidades atraentes recebem com o tempo rótulos
tornando-se coisas más e difíceis entre os parceiros sendo vistos como
problemático e negativo. As coisas mais atraentes ainda são as que tem maior
carga de sentimentos ambivalentes.
Entender esses conflitos que surgem entre os casais torna-se de
extrema relevância compreender o significado dos arquétipo anima e animus e
entender ainda a persona.

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Uma das contribuições importantes de Jung está na conceituação de
anima e animus em que aumenta de maneira única a compreensão de nós
mesmos como homens e mulheres. Somente Jung tem diferenciado a psicologia
do homem e da mulher e como se relacionam.
Portanto os homens por serem homens costumam julgar-se
penas como homens, assim também as mulheres por serem
mulheres julgam-se como mulheres. Mas o que ninguém se
adverte é que tanto homens como mulheres são andróginos, que
vem de duas palavras gregas andros e gynos, que significam
homem e mulher respectivamente e se refere a uma pessoa que
combina na sua personalidade tanto elementos masculinos
como femininos, como nos mostra Sanford (ano, p.9).

Jung chamou os opostos existentes no homem e na mulher de anima e


animus. Significando a anima o componente feminino presente no homem e o
animus representa o masculino presente na personalidade feminina.
Etimologicamente Jung retira as palavras anima e animus do “termo
latino animare, que quer dizer animar, avivar, por que sentiu que a anima e o
animus se assemelhava a almas ou espíritos animadores, vivificadores, para
homem e mulher” SANFORD (p.12).
Como sabemos Jung era um cientista e a sua meta era investigar de
forma cientifica a psique humana, já que as suas idéias se baseavam em fatos
psicológicos. SANFORD (P.13) “A evidencia empírica para a realidade da anima
e animus pode ser encontrada sempre que a psique se expressa
espontaneamente.”
Quando se fala em animus e anima e arquétipos talvez o leitor tenha
uma indagação a respeito do que significa essas palavras. SANFORD(p.13):
a anima e o animus aparecem em sonhos, contos de fadas,
mitos, na grande literatura mundial, e- o que é mais importante
nos variados fenômenos do comportamento humano. Pois a
anima e o animus são os Parceiro Invisíveis presentes em toda
busca da plenitude individual por parte das pessoas.

Portanto ter conhecimento desses parceiros invisíveis presentes nas


personalidades masculinas e femininas, favorece a compreensão dos conflitos
entre os casais.
Quando se fala em arquétipo, temos por base que é a formação dos
padrões de comportamento instintivo e não aprendidos, sendo comum a toda
espécie humana e que se apresentam a consciência humana de certas maneiras
típicas. Jung nos diz a respeito da anima e animus, que eles são, blocos
essenciais de construção na estrutura psíquica de todo homem e de toda mulher.
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Baseando-se nessa discussão SANFORD(p.14) argumentar “que os
homens e mulheres desempenham funções iguais na vida e nos vem a idéia de
que cada pessoa é uma combinação de polaridades masculinas e femininas”.
Ou seja devido a anima que é o lado feminino presente na personalidade do
homem, que em certas circunstancias, o homem pode agir de maneiras
estritamente feminino e vice e versa.
Para Jung embora as expectativas culturais e sociais e os papéis
atribuídos a cada um dos sexos, influenciam as maneiras como os homens e as
mulheres vivem as suas vidas como nos aponta Sanford.
Existe um fator que torna o conhecimento da anima ou do animus difícil
quando existem dentro de nós e são projetados. Podemos dizer que a projeção
é um mecanismo psíquico que ocorre sempre que um aspecto que desconhecem
da nossa personalidade é ativada. Diz-se que quando projetamos vemos fora de
nós, como se fizesse parte de nós e não tivesse nada com a nossa vida. Então
não somos nós que decidimos projetar, isso acontece automaticamente, torna-
se um mecanismo inconsciente como diz Sanford.
Em outras palavras, se conseguisse decidir projetar alguma coisa,
teríamos consciência por termos consciência de que era nosso, não poderíamos
projetar no outro, pois no “momento em que uma coisa se torna consciente,
cessa a projeção” (Sanford, ano, p.18). Podemos perceber assim diz Sanford
(ano,p.21):

o que torna diferente homens e mulheres não é o fato dos


homens serem Yang e as mulheres Yin, pois cada sexo contem
em si o outro, e antes o fato de que o homem ordinariamente
identifica seu ego com sua masculinidade e de que seu lado
feminino é inconsciente nele, ao passo que a mulher se identifica
conscientemente com sua feminilidade, e seu lado masculino
permanece inconsciente para ela.

Em outras palavras; Yang e Yin são palavras chinesas que representam


o masculino e o feminino. E que o homem tem o seu lado consciente masculino
e inconsciente feminino, assim a mulher que conhece o seu lado feminino e está
obscura ou inconsciente a personalidade masculina. Quando isso acontece,
algumas projeções são feitas entre eles.
Considerando que temos como consequência imagens projetadas,
possuem um efeito magnético sobre nós, pois a pessoa que carrega uma
projeção tenderá a atrair-nos ou repulsar-nos, trazendo muitas complicações nos

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relacionamentos. A anima e o animus geralmente aparecem projetados e
quando não são reconhecidos é mais fácil ocorrerem as projeções.
A respeito dessa projeção masculina sobre a mulher
CAVALCANTI(p.140), vem dizer que o homem projeta na mulher o seu lado
feminino e espera que ela realize por ele aquilo que ele não consegue viver. Da
mesma forma a mulher projeta no homem o seu lado masculino e deseja que ele
realize para ela o que ela tem dificuldade.
Em outras palavras como ocorre em toda projeção, deixa de ser visto
pelo sujeito assim como facilita as distorções. Tanto o homem como a mulher
ver no outro o seu lado inconsciente e menos elaborado. A projeção é uma
ferramenta que ajuda no autoconhecimento, desde que se torne consciente.
Podemos ver ainda que a projeção é responsável por grandes paixões,
ódios, supervalorização e encantamento em que o homem e a mulher assumirão
um ao outro.
Contudo é importante perceber que quando o homem projeta a sua
anima na mulher ela adquire qualidades mágicas para ele. A mulher recebendo
essa projeção da anima será vista com poder.
Mas ao mesmo tempo que o poder sobre o homem a satisfaz,
ela se sentirá sufocar por essa projeção, que nega a sua
personalidade. E quando fizer qualquer esforço no sentido de
desfazer essa cumplicidade para desenvolver a sua
personalidade num sentido próprio ele se ressentirá disso.
(CAVALCANTI, 19, p.141)

Analisamos o casamento hoje como nos aponta Cavalcanti que afirma


ter cumplicidade entre os casais de forma inconsciente chegando ao fim esse
quando se desfaz a cumplicidade. Quando a mulher aceita a projeção que o
marido faz para ela o acordo está feito, ela terá dele o ganho e poder sobre ele,
mas sendo impedida de fazer o seu próprio caminho. Mas quando ela insiste em
ser ela mesma, rejeitando a projeção que o marido faz para ela, causa
ressentimento, desconfiança e medo da parte dele. Com isso o homem passa a
“projetar o lado negativo do arquétipo, aquela que era a deusa adorada, passo a
ser a bruxa temida e odiada.” (CAVALCANTI, P.141)
Observemos agora a projeção do animus da mulher em relação ao
homem. Quando é uma projeção positiva, ele assume para ela a persona do
herói e salvador, realizado para ela, o que ela deveria realizar por si mesma, a
sua criatividade no mundo. A mulher nesse caso não assume a postura de
desenvolver-se por conta própria. Nesse caso pode ocorrer do homem se
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identificar com essas imagens projetadas “o que aumentará sua inflação de ego,
fazendo-o esquecer os aspectos subdesenvolvidos de sua personalidade.”
(CAVALCANTI, 141).
Essas projeções nunca permanecem para sempre sem que o
inconsciente provoque uma reação. Pois o homem será o peso e a
responsabilidade de assumir o papel de herói e salvador para a mulher. Essa
recusa de assumir essa persona no nível inconsciente, a projeção positiva se
desfaz e será substituída pela projeção negativa onde “aquele que era herói
passa a ser demônio e aquele que impede a sua realização, o responsável por
todas as suas frustrações transformando o homem forte no homem frágil”.
(CAVALCANTI, p.142).
Compreende-se hoje que homem e mulher estão presos a um jogo
erótico onde brincam com as suas personas ou papéis superiores e inferiores
barganhando sua liberdade como diz Cavalcanti.
Assim podemos observar que “um encontro será verdadeiro, quando
passamos a conhecer o outro livre das projeções aceitando-o em sua diferença
e em totalidade como uma pessoa real” (CAVALCANTI, 142). Dizemos assim
que o relacionamento atingiu a sua maturidade na personalidade, quando deixa
que cada um assuma a responsabilidade do seu próprio destino e felicidade, pois
a aprendizagem do cuidado consigo mesmo e a direção da própria vida evita que
se coloquem expectativas irreais no outro, e a culpa pelas frustrações.
Yorio (p.100) nos diz que alguns casais, precisam para chegar nessa
maturidade na relação recorrer a psicoterapia de casal que deve ajudar os
cônjuges a desenvolver os meios adequados para que os conteúdos
inconscientes se apresentem a consciência, para que possam ser elaborados
dentro da dinâmica da conjugalidade. No próximo capítulo abordaremos esse
tema.

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CAPÍTULO III - PSICOTERAPIA DE CASAL

Nesse capítulo, buscaremos responder o que é a psicoterapia de casal,


a quem se destina e como deve ser a postura do terapeuta Junguiano junto a
casais.
Podemos definir psicoterapia de casal como:

uma tentativa do homem moderno de se encaminhar na direção


do dinamismo de alteridade, promovendo um tipo de
relacionamento igualitário e dialético entre o eu e o outro, que
nessa abordagem é o cônjuge. Esse outro pode ser o outro em
mim, o inconsciente, o estranho, a anima ou o animus YORIO
(p.57)

O ponto central que faz alguém buscar o terapeuta, ou seja:

inúmeras razões pelas quais as pessoas entram em terapia no


caso dos casais são relacionamentos extraconjugais,
anormalidades sexuais, separação ou divórcio, tédio, falta de
energia e a necessidade de independência. MINDELL(p.64)

Ao nos depararmos com um casal em crise, o que mais deve nos chamar
a atenção é o seu sofrimento somado ao desejo de acertos. Eles são únicos
todavia as situações hipotéticas podem e devem ser construídas no processo
terapêutico como um dos caminhos.
O que se deve levar em consideração de início no processo terapêutico,
é a empatia ou seja a capacidade do terapeuta de se colocar no lugar do casal,
experimentar o sofrimento que eles experimentam principalmente em relação
aos conflitos. Deve ser firmado uma aliança com o casal e esse casal deve ser
internalizado para que as intervenções sejam feitas empaticamente no nível das
defesas conjugais. Perceber ainda que a contratransferência, deve ser
cautelosa, ou seja, podemos experimentar durante as sessões emoções
distantes da vida real do casal, isso deve ser colocado a serviço do tratamento,
muitas vezes explicitando-as.
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Temos como característica fundamental da Psicologia Analítica, a visão
do humano que implica em vê-lo como um ser que nasceu para individuar-se.
Por individuação entendemos “o processo de uma vida que se realiza na
sua plenitude. Nosso desenvolvimento psicológico entende-se desde que
nascemos até a nossa morte” VARGAS(p.37).
É comum confundir-se individuação com individualismo. O próprio Jung
nos diz sobre isso:
individualismo significa acentuar e dar ênfase deliberada a
supostas peculiaridades, em oposição a considerações e
observações coletivas. A individuação ao contrário, significa a
realização melhor e mais completa das qualidades coletivas e
individuais do ser humano, posto que a adequada consideração
das peculiaridades do indivíduo, levando em conta o outro, é
mais mobilizadora para um melhor desempenho social do que
quando a peculiaridade é negada. VARGAS(p.32).

Em outras palavras individualismo é o que é nosso, contrário da


coletividade e individuação é tornar-se si mesmo longe das influências coletivas.
Dessa maneira fica claro dizermos que na terapia individual o objetivo é a
individuação do cliente. Na terapia de casal o objetivo maior é estar a serviço do
processo de individuação do casal. Ou seja, é a busca do potencial que aquele
casamento possui, a “individuação do casamento é a individuação dos cônjuges
e, sendo assim é o que da mais sentido, vida e espontaneidade a um
casamento”. VARGAS(p.38)
O trabalho com casais na psicologia analítica Vargas (p.38) “não tem um
objetivo definido, rígido e pré-determinado quanto a um ponto a ser atingido.” Em
outras palavras não tem como objetivo como muitos pensam salvar um
casamento, mas ajuda ao casal na direção de um caminho para aquela relação,
podendo ser o ponto de chegada como uma solução, a separação entre eles. Ou
seja, não havendo um objetivo pré-definido no tocante a buscar uma melhor
solução através do melhor conhecimento da relação que se encontra distúrbios
de comunicação e mecanismos de defesa dos vínculos.
Assim sendo, quando pensamos numa possível solução para essa
relação o principal fator é que eles possam de comum acordo, escolhendo juntos
qual caminho seguir pois “o caminho do céu é cheio de pedras e espinhos e o
caminho do inferno é mais fácil”.
Em outras palavras o mais fácil nem sempre é o melhor caminho,
podendo nos levar a uma situação infernal, pois o atingir ao céu é chegar a

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individuação na linguagem psicológica, a plenitude. Portanto torna-se necessário
sofrer e aguentar o mais difícil, e não desejado, tomando cuidado para não cair
na armadilha em reduzir de uma polaridade a outra, confundindo o melhor, com
o mais sofrido ou quem sabe o não desejado.
Portanto determinando previamente o que seria melhor para um casal,
pode ser tentadora, mas perigoso. Pois pode ser errado o seu ponto de vista.
Então o critério de certo e errado, será uma resposta encontrada em meio as
dúvidas, conflitos e sofrimentos. Nesse caso é melhor buscar o equilíbrio ou a
individuação. Torna-se necessário tomar cuidado para não achar que o melhor
caminho é sempre o mais difícil.
Em outras palavras, “o livre arbítrio é uma grande aquisição da nossa
personalidade, embora não custe muito caro. O melhor para a nossa
individuação, pode coincidir por vezes com o mais fácil ou o mais difícil; é outra
coisa e relaciona-se com a busca da nossa individuação.”
Tendo em vista que a curto prazo uma solução possa surgir
desagradando assim um ou aos dois cônjuges. Poderá surgir a médio e longo
prazo se adotar o caminho que leva a individuação.
Portanto o papel do terapeuta de casal é ajuda-los a identificar e
reconhecer a realidade de seu casamento, procurar esclarecer distorções e
defesas presentes no vínculo e ajuda-los, enfim, na procura de uma melhor
solução. A decisão do caminho a seguir contudo é sempre do casal. (VARGAS,
p.39)
Embora todos os caminhos mostrem que devem optar pelo fim do
casamento e mesmo assim o casal escolha seguir juntos “isso deverá ser
respeitado, pois a vida pertence a cada um e nunca poderemos saber como será
o futuro, poderemos apenas ter expectativas maiores ou menores, mas nunca
certezas”. VARGAS(P.39) Pois sabemos que o cônjuge ou a cônjuge escolhidos
por amor é sempre um carregador de muitos potenciais e de problemas de um
para outro.
Podemos observar que o casamento cumpre um papel muito importante
na busca da individuação, como nos aponta Vargas. “Um casamento deve
acabar quando um passa a ser um violentador da vida individual dos cônjuges,
passando a lesar a vida dos dois.” Isso é relevante para trabalhar na terapia de
casal, pois é necessário que um cônjuge por diversas não aceite ou não queira
a separação, sem conseguir introjetar que mesmo sem querer, deverá fazer por
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que um casamento se faz a dois. Isso poderá ser destrutivo se os dois
mantiverem a relação nos mesmos moldes que culminaram na crise.
Sendo assim “uma separação provisória ou definitiva seria um caminho,
quem sabe, possível de salvação do casamento” como nos aponta Vargas
(p.41). A aceitação da morte, embora possa ser encarada de forma amarga
desse casamento, poderá desembocar no nascimento ou renascimento de um
novo casamento entre antigos conjugais, mas aquele casamento que já está
morto deve ser enterrado.

3.1 Metodologia do Terapeuta de Casal

A metodologia usada para casais por Vargas nos norteia no atendimento


a casais.
Os casais quando procuram um terapeuta de casal geralmente vem por
encaminhamentos ou recomendações de outros terapeutas, colegas médicos de
antigos ou atuais clientes, desde que entre um dos cônjuges não haja
relacionamento com o terapeuta, para que não possa comprometer a liberdade,
o sigilo e a não contaminação da terapia do casal.
Na primeira consulta se faz necessário fazer o diagnóstico da situação e
indicação ou não de terapia. Muitas vezes é comum um deles buscar primeiro,
fazer o contato inicial. Nesses termos Vargas nos diz que o terapeuta pode fazer
e se a indicação for de casal é oferecido ao outro cônjuge a mesma oportunidade
e que deve ficar claro para ambos que nessas circunstâncias não terá sigilo entre
o casal e o terapeuta.
Para exercer a função de terapeuta de casal, é necessário que ele não
tenha comprometimento com um dos cônjuges em separado. É contraindicado
após ser terapeuta individual transformar em de casal. Isso só se torna válido
quando o cliente e psicoterapeuta julgar conveniente que o outro cônjuge venha
a uma ou mais sessão junto ao cliente. Trata-se de uma terapia vincular a serviço
do cliente em análise e com o qual o terapeuta tem e preserva um compromisso
de sigilo, o que não ocorrerá com outro cônjuge.
Entretanto não havendo contraindicação para a terapia de casal muitas
dúvidas surgem a respeito da duração. Sugere-se que deva durar, enquanto
estiver sendo útil na vida do casal, dando um sentido de esclarecimento e

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limpeza do vínculo de crescimento e desenvolvimento sendo ainda o terapeuta
uma escolha comum entre eles.
Quando se fala em contraindicação da terapia de casal, refere-se as de
ordem psiquiátrica, quando um deles está delirante, depressivo, lábil e
hipersensível, podendo estar incapacitado de conviver com depressões,
agressões ou realidades dolorosas que não suportaria conhecer. Segundo
Vargas, casos assim, são indicativos de uma terapia individual.
Fica claro que para haver ou não indicação de terapia de casal é
condição primária conhecer a demanda da crise entre o casal e se perceberem
mutuamente que uma ajuda terapêutica trará vantagens para os dois.
Os recursos usados, geralmente trabalha-se com uma sessão semanal,
para que não gere ônus tenha a promoção emocional. Sendo as condições
financeiras favoráveis, as sessões podem ser de duração maior com a duração
de cem minutos ou no caso de casais que não residam na cidade onde o
terapeuta se encontra.
Podendo variar o tempo em poucas sessões nos casos de crises
conjugais ou se estender por alguns anos, quando se torna produtiva para o
processo de individuação do casal.
O terapeuta deve estar a serviço e necessidades e possibilidades do
casal, podendo ate mesmo ser útil em um único atendimento, se este for
esclarecedor e orientador resumindo apenas ao que o casal busca, limitando a
essas circunstancias.
Os recursos técnicos para o trabalho com casais, pressupõe uma escuta
cuidadosa de ambos os cônjuges e o trabalho com um deles deve sempre ser
referenciado ao outro, devendo portanto o terapeuta ouvir os dois a respeito de
determinada situação, ouvindo do outro como é para ele a situação que um deles
trouxe.

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A verdade de cada um, precisa ser levada em conta. Vargas diz a
respeito disso:
as vivencias e conclusões ou seja, a verdade de cada um precisa
sempre ser levada em conta, Não analiso a “verdade” de cada
um sem trabalhar também a do outro, e se forem muito
diferentes, procurar ver de onde provêm as diferenças. É
importante também a análise das distorções nas comunicações
entre eles, procuro identificar problemas na emissão ou
recepção das mesmas. (VARGAS, p.138)

Por fim, o terapeuta de casal deve-se guiar pelo processo de


individuação do casal, estar a serviço dele e usar no seu trabalho os recursos
técnicos que conhecer e julgar convenientes para a terapia do casal específico.

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CONCLUSÃO

Em busca de sua alma e do sentido da vida, o homem descobriu novos


caminhos que o levam para a sua interioridade. No relacionamento entre o
homem e a mulher, ambos buscam compreender a si mesmos.
Essa compreensão é favorecida pelo conhecimento das sombras que é
a arte obscura da nossa personalidade. Esse conhecimento do que é nosso nos
impede de projetar no outro, aquilo que não temos consciência.
Com isso aprendemos que os ser humano é andrógino, tem presente na
personalidade o masculino e o feminino, por isso se faz importante entre o casal
conhecerem os seus arquétipos de animus, animas e sombra.
Compreendemos que o homem precisa conhecer bem sua anima para
que num possível casamento não projete nela a mãe que ele tem como espelho.
Da mesma forma a mulher que precisa conhecer e se dar bem com seu lado
masculino, no caso o animus para que não busque o pai.
Quando o casal está em crise, de acordo com a pesquisa, podemos
perceber que eles não conhecem as nuances que o inconsciente através dos
arquétipos é capaz de fazer na relação, culminando assim nos conflitos entre
eles. Dessa forma a terapia de casal, vem como uma ferramenta, na elucidação
dos problemas favorecendo assim entre o casal uma compreensão do que
acontece. Promovendo a individuação do casal para que eles possam escolher
junto o melhor caminho a seguir. Se for permanecer casados ou separarem, o
terapeuta assume a postura de respeitar a decisão que pertence somente a eles.

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REFERENCIAS

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JUNG, Carl Gustav. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Obras


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Casamento Como Relacionamento Psíquico. 1972.

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VARGAS, Nairo de Souza. Terapia de Casais – Uma Visão Junguiana. Ed.


Madras. 2003.

ZWEIGH, Connie. Ao Encontro da Sombra. Ed.Cultrix.

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