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O VERDADEIRO
CAMINHO
DO KARATÊ

Scans by xguimaraesx
Sempre que leio um Jlvro, ou vejo algo que transmite ó
amor por uma Pátria, ou ouço falar do amor e da obra
de alguém pela sua, sinto então meu corpo inteiro fremir
de emoção e, enquanto domino as lágrimas, penso com
ciúmes e tristeza no nada que fiz pela minha.

O AUTOR
..
AUTOR: A. C. GOTUZZO TAGNIN

O VERDADEIRO
CAMINHO
DO- KARATÊ

,.
São Paulo

RODOLIVROS =com. editorial de livros e


distribuidora , ltda.

1875
,

fNDICE GERAL

INTRODUÇÃO

- Algo a Respeito do K.aratê . . . . . . . . . . . . 1


2 - Entre a Técnica e a Alma . . . . . . . . . . . . 3
3 - Um Pouco de História . . . . . . . . . . . . . . . 4

CAPíTULO I

As Origens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1 - As Lutas Gregas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2 - Bodhidharma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3. - As Escolas e Estilos Chineses . . . . . . . . . . . . 8
4 - No Japão o Lar do K.aratê? . . . . . . . . . . . . 9
5 - G. Funakoshi ............. ...... ~.... 10
6 - Comparando Com Outras Lutas . . . . . . . . 16
7 - São Mui tas as Escolas e Estilos? . . . . . . . . 21
8 - E Sobre as Escolas Chinesas e Coreanas? 26

CAP!TULO II

Método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Caminhando para o método certo . . . . . . . . . . . . 30
1 - A Prática do Karatê-é um Bem Para Todos? 33
2 - Onde Praticar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3 - Somente em Clubes Podemos Praticar o
Karatê? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4 - Sua Prática é Perigosa? .............. . 40 CAPtTULO V
5 - O Aproveitamento e o Aluno ...•..... 41
6 - Somente a Escola I mporta? . .... ...... . 45 A temi . . ....... .. ............ . .......... . 88
7 - As Obrigações Morais e a Cortesia .... . . 47 Concentração e Espírito .. . ............. · · · · · 88
8 - Os Graus . ........... ... ..... ..... .. . 51 l - A Batida Poderosa ....... .......... .. . .88
2 - A Concentração Mental e o seu Próprio
Domínio .......................... . 90
CAPITULO III 3 - Deve o Espírito Adormecer? .......... . 91
4 - Vontade e Ação ...... . ....... .. · · · · · 93
5 ·_ O Valor da Técnica e do Espírito ...... . 93
O Material Usado Para Treinamento . ....... . 56 6 - Onde Está o Absoluto? ............... . 100
1 - As Armas de Quem Pratica .......... . 62 7 - 'zen e Karatê ........................ . 108
2 - O Seiken ..... . ........ ... ... . .... .. . G:~ 9 - A Parte T eórica ..................... · ' 109
3 - As Derivações .. ..... . ... ... ......... . 65
4 - A Mão ............................ . 66
5 - O Punho .. .. : ... .... ...... ....... .. . . 68 CAPITULO Vf
6 - O Cotovelo ....................... .' .. 69
7 - O Antebraço ... .. ..... .. . .... ... " ... . 69 A Prdtica .... . . .......... . .. . · · · · · · · · · · · · · 114
8 - Os Pés .. ....... ..... . . .... .... .... . . 70 1 - Como Praticar .. . .. .................. . 114
9 - O Joelho . ......... ............... .. . 72 2 ·- O Treinamento Necessário P~ra as Armas
Naturais . : . : .. : . ........... · ·. · · · · · · 120
3 - O T reino no Hakiwara Pelos Membros
CAPITULO IV Superiores ............ .. .... ": · · · · · · 123
4 - O Treino Para os Membros Inferiores no
Princípios Que Formam a Base . . .... . ....... . Saco de Areia ... ................. · . · · 125
'73 128
5 - Preparo Físico ................. · ·: · · · ·
l - A Energia que Todos nós P.ossuimos e que 6 - As Mãos Deformadas são uma Necessidade? 129
Poucos Sabem. Aproveitar .... ... ... . .. . 74 7 - O Equilíbrio ............... · · ·. · · · · · · 130
2 - Reunindo Nossa Força ............... . 75 8 - Exercícios de Elasticidade ... ..... . .. · · .. 132
3 - Força de Reação .................. ... . 76 9 ~ T ensão ......... . .......... · · · · · · · · · 135
4 - A Ação do Abdomem e dos Quadrís ... . 77 1O - Exercícios com os pés . ........ : . · · · · · 139
5 - Contração e Descontração ........... . . . 78 11 - Controle ................... · · · · · · · · · 142
6 - A Respiração ....................... . 79 12 - Coorde.nação .......... ..... · · · · · · · · · 143
7 - Algo Sobre a Respiração .............. . 80 13 - T ornozelos ....... ....... · · · · · · · · · · · · 144
8 - Algo a Respeito dos Reflexos .. . ...... . 86 145
11 - Tendões ........ .. · · · · · · · · · · · · · · · · · ·
15 - Joelhos ........... _.... . . . . . . . . . . . . . . 146 CAP1TULO IX
I6 - Quadris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
l7 - Articulando os Artelhos . . . . . . . . . . . . . . . 148 - Os Bloqueios - Uke-Waza . . . . . . . . . . . . . 178
18 - Para a Bacia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
19 - Outros Tipos de Flexões . . . . . . . . . . . . . . J 49
21 - Punhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 CAP1TULO X
22 - Tornando Flexível o Pescoço . . . . . . . . . . . 150
23 - Para o Tronco .. , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151°
24 - Tornando Flexíyel os Joelhos . . . . . . . . . . 151 (Esquivas) Kawashi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
25 - A Flexibilidade dos Braços . . . . . . . . . . . . . 152 l - Os Quadris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
26 - Musculos e R esistência . · 152 2 - Poupando Energia ... : . . . . . . . . . . . . . . . . 197
27 - Pernas .............. : : : : : : : : : : : : : : : 154 3 - Ainda a Defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
28 - A Técnica do Bastão . . . . . . . . ... . . . . . . . . 155 4 - A Decisão no Contra-Ataque . . . . . . . . . . . . 199

CAP1TULO VII CAPÍTULO XI

Onde Atingir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 T suki-Waza ......................... .. .... 202


1 - T écnicas de Ataque e Contra-Ataque · .. . 202
l - Os Pontos Vitais Frente J56
2 - As Derivações ....................... . 205
2 - Costas ............... : : : : : : : : : : : : : : : 158
2 - Zonas na Competição . : ....... , .. . . . . .. . 159
CAPÍTULO XII
CAP1TULO VÍII
Uchi-Waza ............... .. ......... · ... . 215
Técnicas l - Técnica de Golpes Indiretos .......... . 215
••••••••••••••••• ' •••• 1 •• t •••••••
160 2 - O Cotovelo e as Técnicas .............. . 219
1 - As Técnicas •••• 1 •••• 1 •• • ••••• t ••••••• 160
2 - Conselhos t. t ' t ••••••• •
•••• 1 •• • ••••••
161
3 - Defesas . . . . . · ... 164 CAP1TULO XIII
4 - Posições e Desl~~;~d~t~~ ·::::::::::::: : 166
5 - As Posições de Combate .............. . 169
6 - Os Deslocamentos . . . . . . ' .. . . . . . . ... . . . 173 Keri-W·aza ... .... ............... ·. ·. · · · · · · 222
7 - Defesa • • 1 •••••• • ••••• 1 •••• ' •••• •••••
176 1 - Ataque e Contra-Ataque .............. . 222
,
CAP1TULO XIV . ..
5 - Lembretes e Conselhos . . . . . . . .. . . . . . 308
7 - Desconfiemos das Fintas ............. . . 309
1 - As Projeções e as Competições .......... . ·236 8 - Defesa Pessoal Feminina ........ . .. . .. . 309
2 - As Técnicas ...... ....... ........... . '.?37
3 - Barreira .............. ... ..... ... .... 9 - Defesas ...... ..... ............ .. .. . . 31
238

CAPfl'Ul.O XV CAP1TULO XVIll

Renzoku-Waza ............. . ... ........... .. 242 1 - Os K.atas ..... . .. . . ......... . ..... .. . 323
1 - Encadeamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242 2 - Combate. Real .. . .. . . . .... .. . ... .. ... . 323
CAPtTULÓ XVI 3 - Exercícios de Estilo .. : ............ '. .. . 325
T écnicas de Base .. .......... .. ............. '.?18 4 - H istória e Diversificações ............. • . 326
5 - Um Quadro dos K.atas ... .... ........ : 3·30
1 - Kumite .......... . ... ... ........... . ~48
2 - Conselhos .................... .. .... . '.?5·1 6 - Conselhos .......................... . 332
3 - Assaltos Livres .. .... ... ......... .... . 2GS 7- Convenções 338
4 - O Ippon .................. . . .. ..... . 278
5 - Treinando Para Competir ............ . 282
6 - Conselhos .......................... . 284 CAP1TULO XIX
7 - Competições e Regras . .'.............. . 286
8 - Convenções ........................ . ~87
l - K.a.tas Básicos ...................... . . 340
9 - Proibições ......................... . 289
10 - Pontos Vitais e os Limites Permitidos .. . 291 2 - Taikyoku-no-Kata ......... . . .... . . .. . 340
11 - A Projeção ......... ... ............. . '.?9-1 3 - Taikyoku-shodan . ... . .. . . . .. . ... . ... . 340
12 - Ferimentos e Insultos ............. .... . 294 4 - Ten-n<rK.ata ....................... . 345
13 - O Julgamento ...................... . ~9-1 5 - Heian-no-K.ata 348
6 - Heian-Shodan 348
7 - Heian-Sandan 356
CAP1TULO XVII
9 - Heian-Yodan 361
1 - A Defesa Pe5$oal .................... . 1O - Heian-Godan 366
297
2 - O Agredido ......... .. ...... ........ . :1111 J 11 - K.atas Avançados ... . .. . .. : .......... . 370
3 - O Agressor .... . ..... . ....... .... ... . ?.OU 12 - Tekki-Shodan ........... . • . ... . .. .. .. 370
4 - A Resposta ...................... . .. . 301 13 - K.anku-Dai ............ .. .......... .. . 375
14 - Bassai . . . . . . . . . . . . . . . . . . .•. . . . . . . . . . . 382
15 - Estilo Goju-Ryu . .. ... . .... . :. . . . . . . . . 388
16 - Sanchin-no·K.ata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
17 - Saípa·no-Kata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392

CAPÍTULO XX

l - Preparo Físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 599

EPÍLOGO

Pequeno Dicionário de Termos Técnicos .. , . . . 455


Termos Usados na
Arbitragem ........ .. ... . 459
Bibliografia ........ . .... . .. . ..... ..... . . . . 461

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Este livro foi imprcsw pela

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Rua General F lores, S 18, 525
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Com filmes fornecidos pela editora
!

Â
MINGO IANACONE
JACY CARIDA
e
CARLOS STOCCHI
meus bons amigos

.1
A meu tio
ROMEU
pela sua imensa
dedicação no
transe de meu pai

À ALICE
Pila sua colaboração
sem a qual seria
impossível a
produção desta obra.
PREFACIO

Tivemos ensejo, tempos- atrás, de ler com carinho,


o livro do Professor Gotuzzo Tagnin sobre Karatê.
Desnecessário se torna dizer o quanto nos deleitamos
com tal leitura. Sim, porque, este livro não é · à penas
mais um lívro sobre Karatê. É, isto sim, um dos mais
completos livros já escritos sobre o assunto. A sua
profUndidade, a visão cosmogônica do autor, sua poli-
cromia dialética, fazem com que ele explore o mais
recôndito da alma humana, quando· palmilha a trilha
poética do Zen. ·
Não vamos falar aqui, dessa filosofia. O autor o
faz muito bem, e sem deixar margem a quaisquer
dúvidas; entretanto, ao compararmos a filosofia dessa
arte marcial . com outras filosofias, sejam ocidentais,
sejam orientais, damo-nos conta da profunda intros-
pecção qué nos revela. O autor, em seu diálogo sim-
ples e singelo com o leitor, quase que o conduz pela
mão, através das sendas da vida, passo a passo, etapa
por etapa, ao triunfo final, do espírito sobre o corpo.
Muitas pessoas procurarão este livro, na ânsia de
"aprendei: a brigar". Se o seu intúito é esse, amigo ·
leitor, não o faça. Pare de ler; não siga adiante, pois
de nada lhe adiantaria.
Este)ivro foi feiro para aqueles que querem atin-
gir aquela comunhão total da alma com o físico, do
espírito .com a matéria. Para estes sim, a presente obra
surtirá efeito, e um efeito benéfico, com frutos dura-
douros.
Não queremos ser prolixos, não ·queremos nos
delongar mais do que o necessárió. O que o leitor
precisa saber, sabe-lo-á durante a leitura da presente HOMENAGEM A UM HOMEM
obra. Leitor, avante, vire a página e adentre no mundo
divino .e maravilhoso do Karatê.

São Paufo, 16 de setembro de 1973. MEU VELHO PAI

Gabriel Cesar Zaccarias de Inellas


Príncipe de Sirenzio Faz algum tempo que te fostes para não mais
voltar. Descansastes por méritos e por justiça. Como
quando meu irmão partiu, não pude segurar ma mão
e beijar teu rosto. A situação assim o quis. Foi melhor,
pois guardei comigo tua imagem viva, alegre e ope-
rante. Não segurei tua mão, mas lembro-me quando
seguravas a minha, guiando meus primeiros passos, e
dando segurança à minha juventude. Foi aquela mão
forte e aquela palavra amiga que a mocidade fingiu
ignorar e a madurez aceicou como conselho, que
orientaram meus passos na procura dos significados da
vida. Foi a lembrança da casa e a vontade de te rerri·
buir que me orientaram pelos caminhos de obstáculos,
fazendo-me aprender a ver em cada precipício um
desafio a vencer, e a fazer das tristezas passadas, conse-
lhos para o presente e uma base para o futuro. E
desta· procura pela melhora geral, surgiram teus
"netos" que são meus livros. Não são netos que trazem
nossos traços humanos, netos que nos encantam na
infância, nos preocupam na mocidade e nos abandonam
pelos anos. Não. São netos especiais. Netos que nos
perpetuam o nome para sempre. Necos que não nos
causam dissabores ou alegrias passageiras. São seres
especiais que trazem em si, não as linhas do rosto que
envelhecem e manem, mas aquelas da alma que expri-
mem a sensibilidade do "espírito". Não tivestes netos,
matéria operante. Matéria passiva de trair, de mal
querer e 4e enganar. Pelo comrário. tivestes netos
amizades. Tiveste~ quem chorasse por ti, mas não gos·
que perpetu~m nossa passagem pela Terra e dão eter- tavas disto, pois, achavas que a morte é algo inevitável
nidade à personalidade, coisa que nos outros é efême- e que pelas gerações não morremos. Tudo deixamos
ra ilusão, relativa à duração do ciclo da vida. Portanto, nos filhos que com todas as ingratidões da mocidade,
velho pai, aquele neto que desejastes não foi possível portam o frescor das primaveras que de muito suplan-
conceber. Mas tens a compensação. Desejavas um. tam as tris.tezas dos outonos. Achavas que a velhice
Quem sabe vou dar-te uma dúzia ou mais? E como não eram folhas mortas que se amontoavam formando
te falo, "seres especiais". Quanto à nossa saudade, obstáculos. E nisto tinhas razão, mais por tua pessoa
deixo-a vingar, pois após as lágrimas há a certeza <lo do que pelo cçmum das coisas. Nunca ouvi ninguém
conforto verdadeiro, onde o desesperç> não viceja e a dizer mal de ti, e se na vida de lá houver prêmio aos
dor não opera. E além disto tudo, há nossa esperança méritos pela passagem desta, tenho a certeza de que
que nos diz da esperança em nos encontram10s algum onde estiveres, estarás rodeado de música, de artes,
dia. É como uma infinidade de torres apontando para flores, dos teus e de meu irmão.
o céu como a implorar a verdade. E quem sabe, estas As necessidades da vida nos separaram, mas não
torres que apontam para o céu na esperança da eter- conseguiram desamarrar as cadeias do coração e muito
nidade possam nos levar a ver-nos de novo. E se isto menos suplantarem as saudades que ficam a nos ama-
suceder, estaremos então num lugar onde não haverá durecer os sentimentos e envenenar a nossa alegria.
marcação de tempo, sofrimentos, incertezas e dores: Chorei só, por meu irmão e também por ti; mas hoje
estaremos "vivendo" para a felicidade e poderei viver quando a saudade não é mais a lágrima que nada diz,
em tua companhia, pois a necessidade da vida não posso pensar e falar de ti. E vivo mais próximo de ti
mais existirá para obrigar filhos partirem de seus lares pela lembrança das coisas especiais que fazem da vida
à procura do lado material da vida. Penso que a morte um significado e não uma tola inconseqüência.
leva vidas, mas não a Vida. Tenho esperanças como a
esperança daquelas torres que apontam para os céus. Como é fugaz a glória e ilusória a conquista. Não
há ~ão alguma na fama se não podemos desfrutá-la
Amavas a vida, e certa vez, soube que dissestes de com aqueles que são parte de nós. Mas por ti e pelo
um moço que achava ser o suficiente viver até aos 65 que pensavas estou lutando. Estou tentando fazer de
anos, que ele não sabia o que dizia, que a vida quando minha vida a continuação da tua. Séria, honesta e viva.
amada não havia idades nem épocas. Por isso meu pai, Sei que amavas a vida e que não vias razão no deses-
sei .que em teu leito de transe, estavas calmo e sereno, pero pela chegada da morte. Ela veio e pensou vencer.
como sempre enfrentastes as vicissitudes. Só contigo. Sim, pensou, pois sei que não ficastes como o comum
Sei que diferente de outros que estampam no rosto o dos seres, que depois dos tormentos e trabalhos, chega
medo e a angústia pelo imprevisto, tu ao contrário ao quadro triste da morte. Seria este o fim da sabe-
parecias que só dormias. doria colhida pelos anos? Seria o fim da bondade que
Tivestes o sono dos justos. Daqueles que na pas· flor,iu ero teu coração pelas lutas e pelas desilusões? De
sagem de suas vidas distribuíram alegrias, sabedoria e
que valeria então a passagem de simples células animais
para o complexo do homem que aprendeu a verdade e
amar o belo? Não, ela não te venceu. No dia de teu
transe estavas sereno e como disseram ~odos, com a
expressão calma e tranqüila de· quem não morreu, mas INTRODUÇÃO
apenas adormeceu, para acordar onde tranqüilas va-
gueiam as esferas. No dia de teu último sono, aqui na
Terra as chuvas pararam. O dia foi de sol e daquele
colorido que tanto amavas. O céu estava claro e limpo. ALGO A RESPEITO DO KARAT!
Os pássaros continuavam chilreando numa algazarra
de agradecimentos à vida. Podia-se sentir o frescor das O karatê é sobretudo uma arte marcial que põe
flores e a seiva que perambulava pelo lenho das árvo- à prova o caráter, a personalidade, a alma e o organis-
res. Lá fora, nas ruas, podia-se ouvir o rumor das mo de quem o pratica fazendo com que uma luta inter-
crianças que despreocupadas brincavam esbanjando na exista com o praticante levando-o a desafiar e vencer
suas energias. Importam-se pela morte? Não, porque a si mesmo. A maneira curiosa do leigo olhar ou pre-
vão crescer; vão aprender a amar e a querer, para assim, tender ver as mãos ou os pés de um praticante pro·
levarem a vida para mais longe. Em certa época dor- curando anomalias que denotem a prática, é por sinal
n:iirão como t.u' mas, como tu enganarão a morte pelos errônea, pois o karatê além de prover seus adeptos de
filhos que deixarem. E foram os filhos dos outros, que força em golpes poderosos, traz em sua essência um
também no dia de teu sono, como namorados namo- lado mais interessante e provavelmente mais verdadei-
ravam, depositando em suas mãos dadas, suas espe- ro. Todo aquele que se interessa por esportes sabe que
ranças. De seus sussurros nada ouvi, mas confundiam-se o karatê é a arte de lutar sem armas e sua prática faz
com os murmúrios da natureza. A velha história se com que o praticante possa defender-se de mais de um
repete, como dizias, meu pai: nos olhos que se olham, inimigo. Como diz seu nome: Kara - (vazio) te -
nas mãos que se entrelaçam na procura do calor e nos (mãos), esta arte marcial é um meio de luta sem ar-
lábios que se acasalam pelo beijo. Vence a vida. como mas. Nela utilizamos os pés, as mãos, os joelhos, os
sempre dissestes. ~ pois, pensando como tu, que desejo cotovelos, os punhos e a própria cabeça. Não vamos
colocar nesta vida os frutos que possam dignificar dizer que seja a melhor arte marcial, mas tentaremos,
nosso passado, pois o presente como o futuro são con- ao longo deste livro, mostrar as diferenças entre outras
seqüências imediatas que amanhã serão passado tam- artes de mãos vazias, como o judô, Aikido, etc. Vamos
bém. Que floreça para sempre em meu coração teus tentar mostrar o lado maravilhoso desta arte em detri·
sentimentos, que a muito .tempo já fizeram florir o mento de confrontos pouco elegantes e que fogem ao
lugar no qual tua boa alma se encontra. Até breve ideal do verdadeiro atleta. Bastaria lembrarmos a sin-·
meu pai, pois fico como as torres na esperança que cera amizade que existiu ao longo de suas vidas entre
não haja ade·usl
l
Jiro Kano e Gichin Funakoshi. No karatê usamqs todo mente, mas só quando porta o 'cunho da honra é que
o nosso corpo e o utilizamos como se fosse uma verda· trará méritos à pessoa e ao esporte. É válido que faça-
<leira máquina de combate, sabiamente dirigida. Cada mos torneios entre organizações e universitários, mas
golpe vigoroso tem seu endereço num ponto vital. E que exista um regulamento codificado para todos de
para isto basta lembrar que a sua origem nasceu da comum acordo.
vontade de unir saúde física e mental, assim como da Achamos que é uma maneira também de fazer
necessidade de defender seu próprio corpo, já que as competir pela vida, aqueles menos dotados fisicamente,
armas lhes eram negadas. Com golpes vigorosos e de- e aqueles desproporcionais em relação a outros. Como
vastadores, sobrepujavam o adversário armado, causan- nesta arte não visamos o corpo a corpo, tanto pode
do não menos do que rupturas, contusões, etc. É tanto competir o magro como o gordo, o alto ou o baixo.
um método de ataque como de defesa pessoal, sendo Pensamos mesmo que somente por meio da comunica-
esta um pouco difícil, uma vez que seus golpes são mui- ção adquirida pelos torneios ou campeonatos é que po-
to vigorosos, podendo machucar um colega por vezes. deremos chegar ao congraçamento total independente
É urna maneira excelente de conservarmos a saúde ge· de escolas e estilos. Será uma quimera? Somente o
ral, pois na parte física fazemos trabalhar nossos mús- tempo o dirá!
culos, todas as articulações, nossa coluna vertebral é
obrigada a movimentar-se e por efeito das posturas
obrigatórias toma uma forma vertical. Nossa resistên- ENTRE A TBCNICA E A ALMA
cia é aumentada assim como nosso fôlego, pois o pre-
paro físico é intenso e o aumento da capacidade cardio-
pulmonar é enorme. Sem que muitos o saibam no ka- Sabemos que entre a técnica do karatê existe o
ratê corre-se muito, chegando-se à mesma suficiência "caminho" que nada mais é do que a ligação mental
preconizada por Cooper (salvo as tabelas) a corrida superior tão decantada em ?osso ~ias. Nesta arte bus-
como meio ele condição física. E isto data de milênios! camos o aprimoramento físico, umd~ ao me~tal, con·
Sendo sua base um trabalho rigoroso de concen- seguido através de duras provas físicas muiats vezes
tração e orientação espiritual, é certo que uma grande penosas. É uma estrada aberta à perfeição humana que
força física e poder mental é obtido, e desta forma rá- tenta devolver ao homem a calma do espírito, e fazê-lo
pidos resultados são conquistados em curto espaço de voltar ao seu estado puro primitivo, tirando-o das alge-
tempo. De outro modo, achamos conveniente que o mas que lhe aprisionam às diretrizes do mundo exte-
praticante não leve jamais para o lado errado seu apren- rior. É esta paz inter~or, ou melhor ~quele "v~zio': ~?
dizado, baseando sua vida em aparecer corno o "primei- qual nos fala o Budismo Zen:. Senuri:n~·nos . vazios .,
ro". Sabemos que os torneios e as disputas concorrem ou melhor livres, tanto da cobiça, ambiçao, ódio e mes-
para a difusão desta arte, mas da manei.ra como são fei- mo de. . . armas ... ! É um engano pensarmos que as
tos, desvirtuam o verdadeiro caminho do karatê. É artes marciais ensinem a luta, a briga ou os maus cami-
claro que a competição leva à procura .do aprimora- nhos. Muito pelo contrário, nelas aprendemos o bom

2 - 3
!hora. É válido pois dizermos que esta arte milenar,
caminho, a humildade e o amor à própria vida. Jamais não pode parar nas épocas, mas sim aperfeiçoar-se pe-
poderemos pensar em dissolução de mente e técnica. las épocas ou melhor, não houve nem haverá perfeição
Na perfeição ambas são nma em um estado indisso- total, porque tudo na vida tende a pesquisas e parte
lúvel! Não há uma ação perfeita ou um movimento do resultado das mesmas para maiores aprimoramen-
equilibrado sem existir mente e gesto. A mente edu- tos. É lógico que certos homens tiveram seu justo valor
cada dá-nos descontração, quietude, "vazio" e ao mes- na pregação e propagação desta arte, mas é notório que
mo tempo concentração e força. Fatores indispensáveis valendo-se de seus méritos pedagógicos e culturais en-
para tudo o mais na vida. Nada somos sem o espírito. sinaram e aperfeiçoaram esta técnica já então milenar.
E é naquele " vazio" que encontramos tudo, que vai Então, podemos dizer, que os princípios básicos
preencher nossas vidas e nossos atos. É somente lutando desta arte de dois milênios, advém de anos ininterrup·
pela união do espírito que chegaremos à perfeição total. tos de combates e pesquisas de várias gerações de apai-
Em lugar de tentarmos colher as glórias nas disputas, xonados.
começaremos a procurá-las em nós -mesmos. Em 11os- Chegaremos. assim a nossos dias no atual estado
sas lutas contra o orgulho; contra a mesquinhez; con- de coisas mostrando que não estamos nem perto do
tra a intolerância e a maldade. Seria então a luta con- perfeito, pois como sabemos ainda não conseguimos
tra "11ós mesmos''. unir os vários estilos do karatê. E tão curiosa como esta
Em muito o Raratê de hoje perde para o dos ve- afirmação é o caso de sua origem. É difícil e mesmo
lhos mestres que se impôs através das épocas, com exem- impossível chegarmos à sua história emb_rionária. S~o
plos dignificantes, e tão mesquinhamente hoje imitados. várias as regiões que reclamam sua paternidade (l ndia,
China e Japão). Mas na verdade quem programou,
propagou, deu força e poder de penetração e foi res·
UM POUCO DE HISTóRIA ponsável pelo atual karaté através do mundo, foi o
mestre japonês Funakoshi. A ele devemos o atual _ka·
ratê. Dos mestres do mundo guardamos alguns estilos
Não é muito agradável destruirmos um mito tão mais tarde acurados. Por mais pesquisas que se façam
latente e na verdade elegante como a fantasia de que o a dificuldade é imensa para falarmos da época de 2.000
karatê foi a criação de uma pessoa ou mesmo de um só anos atrás, quando sabemos que a literatura e os meios
povo. Para as mentes mais abertas e observadoras é de informação a respeito do karaté, são tão escassas, em
ilógico e por que não dizer irracional que esta magni- razão de haver sido uma arte m ilitar ensinada de pro-
fica, elegante e equilibrada cadeia de movimentos har- fessor para aluno em "circulo fechado".
moniosos, pudesse ser obra de um ser único, dotado
ele uma capacidade criadora genial, tendo possibilida-
des de reunir movimentos e técnica definitiva que pela
sua perfeição, nada mais exigem em seu aprimoramen-
td. Como se tudo que fazemos não fosse passivo de me- j
- 4 - - 5

BODHIDHARMA

Alguns citam Bodhidharma como fundador do


.kílratê. Este monge Indú, conhecido mais como D_a;-u-
ma em japonês, foi o fundador do Dhyana ou budismo
de contemplação, mais tarde chamado Zen (japonês).
CAPÍTULO I Habitou - W ei - no monasterio de Shao-lin-su na
província de Honan, pregou a doutrina do grande
veículo. Dizem que neste período nasceu o Zen, e que
AS ORIGENS durante anos meditou ajoelhado defronte a um muro
sem movimentar-se, perdendo assim, totalmente o uso
dos membros. Este monge foi o criador do Shao-Lin-
AS LUTAS GRE;GAS? Su-Kempo, no qual pregava a união do corpo com o
espírito. Ensinava o que pensava ser o ideal para a
Já Homero em seus poemas épicos decantava as saúde, e dizia ser a união do corpo com a alma algo
lutas gregas. Sabemos que o boxe grego no qual se usa- indivisível para chegarmos a verdade e a paz interior.
vam somente as mãos e o pancracio no qual fazia-se uso - Através de exercícios penosos, deveríamos chegar à
dos pés e mãos (mais semelhantes ao karatê) datam de fortaleza do corpo para darmos morada a uma paz de
épocas pré-olímpicas. De fato eram usados os membros t!spírito e a uma verdade religiosa. Foi ele sem dúvida
como armas. Não seria lógico querermos ter as lutas gre· que deu campo para que as artes militares servissem
-' .
gas como pilares das lutas sem armas, e muito menos de caminho para um estado de espírito. - Ora, con-
tê-las como raizes das artes militares orientais. Foi no venhamos que uma série de certos exercícios físicos
Oriente, outrora misterioso e romântico, onde aparece- que procuravam a saúde, aliados a movimentos e a
ram da mesclagem de estilos de luta dos Persas, Indianos, exercícios respiratórios e mentais, não poderiam ser
Chineses etc., as lutas de combate sem armas. Surgiu daí tidos como método de combate muito eficaz.
sem dúvida alguma o karatê de nossos dias. - Conta a Muito antes na China, já se praticava o boxe chi-
história, tanto Indú como Chinesa, que foi da observação nês, e não resta dúvida que o método do monge indú,
dos movimentos dos animais que surgiu esta arte militar. foi uma síntese das lutas de seu país. - Nos livros I Hu
Ambas as histórias são iguais no sentido da pesquisa. Di- Ching e Hsien-Sui-Ching, conhecemos algo mais sobre
ferem nos princípios filosóficos. Enquanto a Indú pro- assunto tão especial. É certo que existiu e existe uma
cura um meio de lutar, a chinesa preocupa-se com ligação indestrutível entre o Budismo Zen, com as ar·
os caminhos que levam à saúde geral. Numa melhorava- tes militares, mesmo aquela na qual se usa um bastão.
se a saúde pelos movimentos lentos, ao passo que na - Com a morte do monge e a divisão da China em
outra dava-se especial atenção aos reflexos para a defesa vários reinos o monasteiro foi incendiado e os monges
e ataque. partiram para várias direções, levando seus conheci-

6 - 7
mentos. Nesta época tomou maior vult0 o boxe chinês Em verdade as tecnicas mesmo t:hinesas, são o
que tinha sofrido influência de Bodhidharma; mas já Lung Hua Chuan (em japonês Ryuka-Ken) uma espécie
sem seus princípios, mais primando para uma arte de lutas corpo a corpo, e o Tai-Chi·Ch1.1a.n (e1n japo-
de combate. A parte espiritual foi esquecida. Mais tar- nês T aikyoku-Ken) uma espécie de esgrima pugilista
de a enconmunos em quase todas as artes militares e pedestre e do fruto do resultado das assimilações de
japonesas. escolas e estilos, sempre houve uma mudança para ·
melhor.
AS !i:SCOLAS E ESTILOS CHINESES Com a aparição das armas de fogo, adveio o Tai-
Chi cuja técnica mais visava a saúde que propriamente
As técnicas de combate chineses dado a variedade o combate pela vitória. O Jiu-jitsu foi o originário do
e aos diversos estilos, tomaram nomes diversos em razão Tai-Chi. Ch'en Yuan. Yun visitando <>Japão, ensinou
deste estado ele coisas. O Chiao-ti-shu que era urna estas técnicas, surgindo daí as escolas japonesas de
arte ele ~om~ate, foi mais tarde -conhecido corno espor- Shintoryu-vVajitsu e Kitoryu. Do Japão foram inúme-
te, na dmasua de Han 206 A.C. - 220 D.C. Este tipo ras as pessoas que viajaram para a China e dentre estas,
de luta mais tarde chamada kaiko, dada a invasão mon- podemos lembrar a do médico Akyama de Nagasaki.
gol e a influência recebida, enriqueceu-se de elemen- Ele foi à China para estudar as técnicas em geral de
tos novos tirados das lutas bárbaras. Desta ramificação medicina. Estuda a reanimação e aprende o boxe. Res-
aparecia o Kenyu também conhecido corno Gigeki, ponsável pela criação da escola japonesa elo Yoshin-Ryu.
aparecendo mais tarde o Kempo. Nome japonês dado - É sabido que através das artes militares como de
ao boxe chinês, onde a preocupaão foi a pesquisa da outros aspectos, os japoneses conservam traços da civi-
velocidade e técnica. Após a traumatização da China lização chinesa. O judô ele Jigoro Kano nasceu nas
pela invasão Mongol e a volta de uma dinastia chinesa escolas Kitoriu e Yoshin-Ryu.
ao poder, aprimoraram-se as técnicas de lutas de com-
bate. (D. Ming - l.368-1.644). NO JAPÃO O LAR DO KARATlt?
Na dinastia Ming e Tsing 1.644-1.911, surgiram,
dada a criação dos chineses, inúmeros métodos de luta
com as mãos, derivadas de antigas lutas já influencia- Sim, mais precisameme em Okinawa. Foi nesta
das pelos estilos dos invasores, tais como o Kang-fa e o ilha que se elaborou clefintivamente a luta a mãos
Tai·chi-chuan, parte essencial do karatê atual. - Com livres ou melhor, sem armas.
o passar do tempo advieram o Hung, o Lui, o Ts'ai A história conta que o Rei Hasshi, para evitar
etc., todas reclamam a coexistência com o método do as revoltas, ele que uniu em torno de si os
velho Monge. Mas é certo que houve com o passar do Ryu-Kyu, proibiu o uso de armas. Este fator fez com
tempo empréstimos mútuos nas técnicas diversas mas que o povo retornasse com ardor para o aprendizado
que também a ligação com o Shao-Lin-Su-Kempo es- das técnicas de combate sem armas. Nesta fase houve
tava difícil de se estabelecer. uma renovação nas escolas de combate, dado que a

8 - 9
ilha pertencia à China, sob a dinastia Ming. Com a Tókyo. Nomes como OTSUKA, OHATA, MATSU-
vinda crescente de imigração e emissários da corte, eles MOTO e TAKAGI vieram depois. Da época na qual
sem notar, introduziram as técnicas do Kempo na ilha. se inicia o conflito chino-japonês ele dá uiila origem
Mais tarde Shimazu conquista os Ryu-Kyu e proíbe toda pessoal em sua arte, mudando inclusive o nome
também as armas desta nova intervenção; nasce Oki- dos Katas para fugir à origem chinesa. Do "TODE" -
nav.ra-te uma escola do Kempo e de estilos locais. Nestes (mão chinesa) - passa para o "TE" - Karatê (mãos
tempos os treinos são secretos e os alunos escolhidos. vazias). O vazio conservado pelo mestre parece ser a
Treina-se firmemente e como as armas eram proibidas alma do Budo que sempre procura uma vacuidade do
faz-se das mãos e pés, armas capazes de substituí-las. espírito, razão de toda perfeição. Foi ainda acrescen-
Aprimora-se o uso dos joelhos e cotovelos assim como tada a palavra karatê, a sílaba DO (caminho, estrada).
a técnica e a velocidade. Após o ano de 1.900 o Oki- - A razão disto é que para Funakoshi, esta ane era
nawa-Tc foi reconhecido como um meio eficiente de algo mais do que simples arte de combate. Através suas
preparo físico e educação sendo. então ensinado nas palavras podemos tirar esta conclusão. - "Como sobre
escolas. Aparecem aí os mestres Ankoh lLOsu e Kanruo a face polida de um espelho, se reflete tudo que está
Higaonna como os primeiros, advindo posteriormente diante dele e como um vale calmo transmite os sons
Gichin Funakoshi, Mabuni, Kyan, Motobu, Yahiku, mais doces, assim o estudante de karatê, deve ter seu
Ogusuku, Chogún e Miyagi. É lógico que também o espírito livre de egoísmo e das coisas materiais, num
Okinawate sofreu quebra de estilo. esforço por reagir a tudo que pode parecer adverso
a ele". ·
G. FUNAKOSm Funakoshi era um homem de letras, culto qu~
conseguiu impor a uma simples técnica, uma estrada
F:oi em l.916 que Funakoshi depois de estudar espiritual então desconhecida, semelhante ao do Monge
os métodos de combate da ilha, fez sua primeira de- Indu. Assim a encontramos no Budismo Zen, como no
monstração em Kyoto e posteriormente em 1922 em Budo - caminho da perfeição humana através uma
Tokyo na presença de apaixonados das artes militares arte marcial - Funakoshi dava ênfase ao fato de que
e do judô. Houve encontros entre Kano e Funakoshi. seu método dava oportunidade de chegarmos à ver-
O próprio pai do judô, convidou Funakoshi para apre- dade filosófica. Não sómente por seus atos, mas pelo
sentar-se na sede do Kodokan na presença dos mais que diziam seus alunos, era dotado de uma tremenda
notáveis mestres da época. O próprio Kano pediu que força interior. Seus golpes e seu bloqueio, eram tão
lhe ensinasse algumas técnicas do karatê. Entre os dois fortes e violentos, que poucos treinaram com ele. -
homens, nasceu urna forte simpatia e amizade, ainda Até uma idade avançada, fazia seus Katas com perfei-
hoje desconhecida entre os adeptos das diferentes esco- ção de estilo. Foi quem primeiro aplicou estilo de trei-
las. - Mais tarde foi convidado pelo governo para namento moderno. Sua técnica era avançada, bem mais
administrar aulas .e difundir sua arte. Ensinava nas que a da ilha de origem, baseando seu método na arte
universidades e em 1.936 fundou o Shotokan em da defesa. Seus movimentos em posição alta e seus

10 11
Surgiram então, crês estilos: Shotokan, ~hito-Ryu
e Goju-Ryu. - Apareceu também um estilo criado por
ataques, eram fortes e longos. Seu trabalho de síntese, um japonês o Wado-Ryu que apareceu .em l.935 c?m
classificação, racionalização das técnicas e estilos, foi Horonori Otsuka. Com o advento da guerra, as coisas
sem precedentes na história. se modificaram. Mestres morreram em combate. Ou-
Como dissemos antes, tudo evolui para melhor : tros ficaram no interior, ensinando duramente a popu-
As próprias técnicas e estilos tivera,m que ser revisadas lação, para fazer frente a um desembarque aliado.
em vista <los estilos das lutas do Ocidente. Com o de- Então o karatê ensinado era um tanto selvagem, estando
saparecimento de Funakoshi, ficou seu filho Yoshi- muito distante daquele karatê espiritual de outrora.
taka, responsável pelo karatê moderno. Dono de uma É indubitável que a guerra dei~~u 1'.'tiz~s profundas,
téçnica sem p recedentes, foi o criador do Yoko-Geri, e o karatê ensinado naquela ocas1ao d1fenu um pouco
Mawashi-Geri - Fumi-Komi e o Ora Mawashi, codos de seu sentido primordial. É certo que, t~dos os qu ~
golpes ele pés. Cenas técniças foram aperfeiçoadas. foram submetidos naquela época . àquele tipo de trei-
Sabemos que no karatê Shotokan, os ataques eram lon- namento ficaram mais acurados, pois como sabemos
gos e iniciados de posições baixas e muito fundas. Ele esta é u:ria arte de guerra . . . ! Houve transformações
mudou este estado de posições: Cada ataque e cada em geral independentes dos estilos, servindo para que
defesa deviam advir de posições extremamente fundas a unidade desta arte fosse quebrada.
para que surgissem com maior impacto e força. Todas Este período trouxe o desenvolvime:ito do ~aratê
estas inovações, foram aceitas pelo mestre, mesmo que mas também um grande número de esulos. A JUVe~1-
algumas divergissem das de seu filho. Os treinamentos tude via-se impelida para a emancipaçã~, dadas as d1s-
ministrados pelos alunos de G. Funakoshi eram duros torções das hierarquias, daqueles que fizeram a guer-
e coletivos (Kokan-Geiko) - A evolução como LUdo ra. As tropas de ocupação tão interessadas estavam. n~s
na vida foi fe ita, mas a essência ficou imaculada. artes marciais, que o próprio comando não as pro1b1u
Movidos pelos êxicos ele Funakoshi na década de no tempo de ocupação. - ~os americanos d_evem?s a
1.930 e l.940, deixam Okinawa, outros mestres com importação, ainda que rudimentar do karate. Apó~ a
a finalidade de demonstrar seus estilos. Assim foi o caso morte de Funakoshi, seus alunos abriram seus própn?s
:le Asamoto Motobu, que fez demonstrai;ões em 1.933 ginásios. Não tardou que, disputas mesquinhas surgis-
em Osaka. - Em 1.930 Kenwa Mabuni ficou em Kyoto sem tentando cada um fazer prevalecer seu estilo. Este
ensinando a técnica Shit0-Ryu. Mais tarde Chojun estado de coisas foi até 1.964 nas Olímpiadas. - Funa-
Miyagi, ensina o Coju-Ryu de mestre Higaonna, e em koshi fundou a primeira Federação .de. K.aratê e~1
1.934 segue para o H awai. - Faleceu em Okinawa em 1.948, mas em seguida vieram outr?s nva1s e at~ hoJ~
1.9.>3 aos 65 anos de idade. - Depois destes, outros existe um sério atrito. As que praticam o karate Uni-
vieram da ilha para o J apão ensinando suas técn icas versitário estão filiadas ao Kakusei Renmey, que sob
q ue unidas ao espírito japonês, resultou em um estilo a d ireção de OBATA, congregou 164 Universidades;
diferente. Assim vimos, como todas as técnicas foram e as que praticam o karatê Civil dentre tantos, pode-
importadas da ilha pelos alunos dos mestres ltosu e
Higaouna. antes do último conflito universal.
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12
mos citar o Nippon Karatê Kyokai T ec. Shotokan dirig. uma união, há o caso daqueles que ensinam e para fazer
por Takagi a Wado Kai, tec. Wado Ryu - dirig. por valer seus e>tilos, denigrem os de seus colegas, porta·
Otsuka, a Shotokai dirig. por Eganu e o Chidokan que dores de outros estilos. Seria preciso que todos se vol-
com os universitários é obra dos alunos de Funakoshi. tassem para a razão, e que dela partissem para uma
O· Shitokai, a Shukokai, l tosukai e o Kenjukai an- caminhada em d ireção do sol nascente, visando seu
tigos alunos de Mabuni. Finalmente remos o que res- esporte como uma arte de verdade _em pról do seu yaís.
tou de Miyagi o Gojukai, Taishukai etc. As de origem - O karatê emigrou para o Ocidente como vimos,
coreana, Okinawa e chinesa, apareceram também como pelas mãos dos americanos. Esta emigração data ~o
Vechi-Ryu, Kobayashi-Ryu, Shoreyi Ryu, todas do Oki- período após guerra. Como tudo que tem valor, nao
nawa estilo, e omras tantas, como Nihon Karatê Ren- tardou que esta arte surgisse em outros recantos do
mei, e a Kyokushinkay. - Todo o esportista aficcio- mundo. A Federação Europea de Karatê, data de 1.965,
nado, sabe que no Japão existe um grande salão para tentando congreg~r sob sua tutela as diversas organiza-
demonstrações das artes marciais. (BUDO-KAN). Pois ções de toda a Europa, tentando ~vitar as divergênc.:is
bem: foi preciso que um pedido geral das organizações que houve no Japão e ainda ha! A U .E.K. (Un_1ao
de karatê fosse feito, para se apresentarem nesta sala, Europea de Karate) congrega um sem número de pais~s
e assim o governo aproveitar a ocasião para exigir a e oficializa as organizações que a requerem. Mas la,
união de todos os grupos numa só filiação. Condição houve ,o;éria divergência pois havia as federações que
esta, para que lhes fosse dada a aucorização. - Parece unicamente aceitavam a filiação japonesa, impedindo
q:ic o surgimento da Zen Nippon Karatê Renmei, não com isto a estruturação do esporte nacional. Os dois
foi suficiente para um congraçamento total. Existem estilos predominantes na Europa são o Shotokan que
certas dificuldades, ainda não sanadas, derivadas de tem como conselheiro M. M. Taiji Kase e o Wado-
desacordos das diversas direções ele agrupamentos. To- Ryu com Hiro Mochizuki: A U.E:K. não r~conh:ce
dos desejam a união, mas o caso parece complexo de- nenhuma escola particular, mas devido aos d01s estilos
mais para ser resolvido tão facilmente. - Para sustcn- usados na Europa nomeou os citados conselheiros.
tarn1:os nossas palavras, basta dizer que cada asso~iação Desde 1.966 que os Campeonatos Europeus são orga-
contmua a promover seus próprios torneios, indepen- nizados pela U .E.K. O montante de praticantes per-
dente de qualquer compromisso maior. Independente tencentes as diversas organizações filiadas a U.E.K.
disto, existe e continuarão existindo os casos de dire- est.-1 na casa dos 55.000 adeptos. Nos EUA, pensa-se
ção. Cada qual desejando ter no topo, seu represen- desde já numa união total das diversas ~gremiaçõe~ de
tante como líder máximo!. .. Até mesmo na organização todos os estilos, e pergunto por gue nao no Brasil -
dos graus e das faixas, houve e há controvérsias, se pen- como início - e em toda América como inalidade
sarmos que o mais alto grau dado pouco ames da de uma aliança total, que mais visaria enobrecer a
guerra foi o 4.0 Dan. e que Funakoshi jamais promo- arte terminando com disputas mesquinhas? - Por que
veu aluno seu a grau superior ao 5.0 Dan. Ainda mais, as federações têm de ficar sob a orientação deste ou
mesmo que certos mestres demonstrem tender para daquele "expert" dono de tal estilo? Quantas organi-

14 - 15
zações se . filiam a entidades particulares relegando vigorosos e movimentos de extrema profundidade. Do
aquelas alicerçadas no governo? - Desta maneira difi- jiu-jitsu os melhores mestres tiraram seus ensinamen-
c~li_nente esta arte sobreviverá como um princípio filo- tos para o judô, que como sabemos é a arte de flexi-
sofico ou melhor "um caminho filosófico" que adveio bilidade. No judô o fundamento é aproveitarmos e
desde o monge indú até o gr~nde mestre Funakoshi. utilizarmos a força do adversário em nosso benefício,
- Como poderemos falar de obrigações morais quando jamais opondo resistência à sua força mas na verdade
nos falta uma direção exata? Não seria mais impor- usando-a. Ao arremessar o adversário ao solo, o imobi-
t~nte para todos, uma organização internacional que lizamos com técnicas, estrangulamentos, etc. As técni~
tivesse plenos poderes de jurisdição total? Pensamos cas esmdadas no judô atual, são duas que conhecemos
que somente assim, teremos respeito próprio e apare- como projeção e solo (Nage-Waza e Ne Waza) . Existe
ceremos como uma arte Olímpica. - Não falando em o Ate-Waza onde se utilizavam os punhos, mas foi
matar ou quebrar mais telhas ou melões, mas refle- abandonado. O próprio Kano deixou de lado muitos
tindo aquela mesma imagem do espelho ,e aquele golpes do jiu-jitsu, por achá-los perigosos demais.
mesmo som d9 vale do qual falava Funakoshi. Terá Eram usados golpes de mãos em alguns Katas muito em
falado em vão? particular (Kime-no-Kata).
O judô foi criado como um meio de educação e
não como um meio de combate. Nele existe a defesa e
COMPARANDO COM OUTRAS LUTAS não o átaque. Na defesa está a obrigação de não com-
bater e a arma de vencer. Quem pratica o judô sabe
bem das normas morais que são incluídas durante as
. ~qui _entramos numa fase de comparações profis- aulas. No judô foram acrescentadas algumas técnicas
s10nais, primando pela conduta de não fazermos refe- do jiu-jitsu que poucos hoje conhecem.
rências no sentido de menosprezar esta ou aquela Existe uma oo-rande diferença nas aulas, ou melhor,
.
escola de defesa pessoal. Nossa intenção é elucidar, no treino do judô e do karatê. No judô, na prática,
dando desta forma cooperação pedagógica que na sua fazemos uma luta convencional regrada nunca come-
pura inocência poderá esclarecer o praticante sobre çando ante~ do "Keikogi" do companheiro. Em. uma
assuntos que na verdade lhes poderia interessar. luta real existe o "handicap" do judoka ser obrigado
J?e inicio falaremos do Jiu-J1tsu, que como sabe- a conservar-se junto do adversário e ter que lutar cor-
mos e natural do Japão, ao contrário do karatê que po a corpo. - Há o caso de um ataque rápido e pod~­
tem sua o~igem na China. O jiu-jitsu nasceu no Japão roso onde não haverá tanto tempo para o desequi-
entre os seculos XVI e XVII, sendo mais tarde trans- ' .
librio e a projeção do adversário, a menos que se1a
formado por Jigoro Kano no atual judô. No jiu-jitsu inexperiente. No karatê não há o corpo a corpo. Mes-
t?dos nós sabemos que o essencial são as projeções exis- mo nos treinos, não existe o combate "Real" dada a
tindo os g~lpes, estarngulamentos, etc. - Como pode- violencia dos golpes. Foi depois de muitos anos que o
mos ver, difere bem do karatê que se fixa nos golpes karatê obteve seu verdadeiro lugar no seio do povo.

16 17

..
Antes o círculo era fecha..::o demais a outras récnicas . antes de contra atacar com golpes violentos, visando
que por meio de inúmeras demonstrações tentavam sempre um ponto vital. - São pois diferenças que exis-
provar que eram de fato as melhores. Rivalidades exis- tem entre métodos diversos que servem para definir
tem entre praticantes de judô e karatê. Para cada um uma característica peculiar a cada arte marcial. Assim
sua arma é a melhor, sendo que para os praLicantes do é o caso do Aikido em relação ao karatê. Num ponto
karatê não há melhor método de defesa e ataque. Nisto são quase iguais todas as artes marciais japonesas: a
há certa razão se pensarmos que o karaté não teve, nem concentração da energia corporal na zona sub-umbe-
foi criado à maneira e mentalidade do judô. É na ver- . lical (hara ou tanden) . descontração espiritual, olhar
dade um meio de ataque a golpes vigorosos, feitos para e atenção marcial, equilíbrio para o rebaixamento do
colocar o inimigo fora de combate de qualquer manei- centro de gravidade.
ra. Não foi criado para demonstrações, sendo impossí- Sabendo isto, passamos para as diferenças, escla-
vel uma perfeita exibição em caso de aparições em recendo que ao contrário das outras artes, no Aikido
campeonatos. Nele é quase tudo - ataque e bloqueios. não existe a competição e por ser um método estrita-
- Usamos no ·karaté 943 de golpes de pés, mãos, pu- mente defensivo, tem lutado com certa dificuldade
1~hos, ~otov~los, joelhos e cabeça. Nos restantes 6% para ser aceito nas Universidades Japonesas: - Para
foram mclu1das certas técnicas como luxação, estran- esclarecermos melhor vamos lembrar que o Aikido
gulamento, pinçamento de tendões a centros nervosos mais dq que uma arte marcial, e além de ser um mé-
e projeções. A projeção que muitos pensam ser uma todo de combate, é o caminho da concórdia e harmo-
volta ao judô, difere muito da projeção do mesmo. nia para a união do espírito. É um estado de "ser" todo
Podemos começar dizendo que a projeção e as técnicas espiritual, uma filosofia religiosa. - No Aikido pro-
restantes não perfazem o núcleo desta arte em si. A vamos o seu todo religioso e humanitário, quando lem-
projeção serve simplesmente para tirar a atenção do bramos que ao primeiro ataque adverso vem a esquiva
. adversário, colocá-lo em estado de choque nervo;o pon- e não o bloqueio, enquanto aproveitando a própria
do-o fora de combate por uma cadeia sucessiva de força do adversário ele é desorientado e projetado num
:·A~emi"_ (golpes violentos) . E principalmente a pro- movimento sempre em giro. No inicio o uso da força
3eçao, nao aparece antes de um ataque bloqueado e do adversário é racionalizada, somente mais tarde surge
um contra-ataque. Não usamos as projeções de espádua, a intuição, em um grau mais desenv.olvido. Assim ve-
por serem vagarosas para· encaixar, pois é perigosa cm mos que. o essencial ao ser atacado é não atacar, mas cha-
caso de ataques. rápidos. Somente em caso de choque mar o inimigo à razão e deixá-lo fora de combate sem
de corpo, barreiras ou ameaça de luxação, é que usa· magoá-lo. o movimento correto é executado tocando-
mos a projeção. Esta é ideal quando não agarramos o se o mínimo possível no adversário. No entanto pode-se
adversário (diferente do judô) mas quando o derru- levar o inimigo ao solo, imobilizando-o por uma flexão
bamos por meio dos pés antes do ataque. Como sabe- forçada, como a torção da articulação da mão, cotovelo,
mos a técnica principal no karatê é defender blo- etc. Sob vários pontos o karatê é aquele que mais perto
queando com o antebraço e usando a e~quiva do corpo chega da verdade do ataque. Seria necessário um gran-

18 19
de mestre em Aikido para que pudesse ou tivesse a Em um segundo plano o ··boxeur" tem um sério
coragem de ficar parado, imóvel, na frente de um fator desfavorável. Ele luta sempre de luva!:, e quando as
adversário preparado e disposto a atacar seriamente. usa, suas mãos não se pode1:n fechar tota~!llente . Além
De outro modo esta mesma técnica de esquiva é pos- do mais, as mãos não fortalecidas podem ser magoadas
sível de ser adquirida também no karatê. Por esta ao encontrarem ou se chocarem com um elemento mais
razão são poucos os jovens que se dedicam ao Aikido. d uro. Poucos sabem que o boxe teve inúmeras inova-
- Notando estes lados negativos foi quando depois que ções. Seria o caso do boxe francês, uma mistura de boxe
Morihei Ueshiba apresentou o Aikido neste século, com a SAVA TE, tipo de luta onde se usam só os pés.
seus alunos entre eles Mochizuki, (diretor do Yosei- Mas esta fusão foi logo abandonada. Na Europa nos
Kon) e Tomiki (que d irige um Dep. de Aikido no idos de 1.900 e 1.914 foi tentada a fusão do judô e do
Kodo-Kan) acrescentaram, partindo da origem do Savate, falhando também a tentativa. Mas voltando
Aikido e dos métodos de jiu-jitsu e karatê, inovações, ao boxe, lembramos que o uso dos calções e das luvas,
Lais como: ataques diretos e violentos; golpes de pés e priva o boxer de usar suas armas naturais com liber-
as respostas que aütigamente eram projeções e chaves dade. Não resta dúvida que o boxe é elegante mas falho
de braço passaram a ser feitas em sucessões de golpes como método de defesa. Mais ainda, os golpes não são
violentos. O ponto a ser atingido, foi promover esta mortais; ponto dado com ênfase no karatê. Daí nasce
arte de mais ataque em combate, relegando a um pon- uma grande diferença entre os dois, principiando pelo
to bem menor o cunho religioso. - Cremos que, por espírito demonstrado. No karatê o essencial é a vitória
ser um método menos violento que o karatê, ele deve- à todo custo, visto que várias vezes o combate é fatal.
ria ser aconselhado aos bem mais velhos, às crianças Não existe o lado esportivo e gentil do boxe. No boxe
e as mulheres. - Ao falarmos das lutas sem armas em francês, mesmo no caso do pontapé o boxer tem um
comparação ao karatê, não poderíamos deixar de lado braço no sentido oposto, para dar equilíbrio. Difere
um estilo de luta muito popular, senão o mais popular em muito do Yoko-Geri de execução semelhante, mas
no Ocidente: onde o praticante lança o máximo ele sua força em
direção do golpe, conservando os br~ços junt.o do c.?r-
O Boxe - Em uma luta de .um boxer e um prati- po e mantendo o busto o mais vertical poss1vel, ahm
cante de karatê a curta distância, o praticante de karatê de coordenar mais rápido com uma outra têcnica na
poderia ter alguma dificuldade. Mas como o "boxeur" é mesma direção. É a decisão mais do que a técnica que
notadamente vulnerável da cintura p~ra baixo, seria dá estes resultados.
ilógico e pouco racional, aceitar uma luta a curta dis-
tância. Como no karatê, temos os golpes para serem SAO MUITAS AS ESCOLAS E ESTILOS?
dados a longa distância (pés), seria fácil atingir o bo-
xer n um ponto vital, pois como sabemos no boxe não
se usam as pernas como armas. Unicamente são auxi- Não estaríamos auxiliando na verdade o prati-
liares das esquivas e do fôlego, cante ou o leitor, se nos furtássemos de enumerar as

20 21
escolas e os tstilos que existem neste tipo de luta sem assim como do "Caminho" usado naquilo para o qual
armas. Como em outras lutas há uma série de fatores nos propomos. .
e caracteres essenciais que devem ser conhecidos. Um Para começarmos, nos referiremos ao Shotokan,
dia unindo as escolas, teremos, quem sabe, um único nome que surgiu do primeiro edifí-.:io em madeira para
karatê, mas vemos nisto uma grande dificuldade. E o · a primeira escola de Gichin Funakoshi. Este estilo foi
fator primordial é que hoje não como ontem, as esco- mais tarde aperfeiçoado pelo seu filho Yoshitaka com
las e o.s estilos emigraram enormemente, aumentando algumas restrições do velho Funakoshi mas com seu
com eles o número de praticantes. Daí, quem sabe o consentimento. É o estilo ideal para longa distância,
grande "handicap" para reunir em um só núcleo o por ser uma técnica rápida e ao mesmo tempo longa.
karatê. Para J igoro Kano foi fácil em certo modo criar Entre os mestres principais desta escola (Oshima, Ha-
o judô. A época na qual viveu não existia a procura rada, Egami, Okeiyama) existe uma certa divergência
e o inteersse que hoje existe por estas lutas marciais. sobre certos pontos do Katas, contra as opiniões de Na-
P~lo caráter quase particular dado ao aprendizado, ele kayama, N~shiyama, Takagi e Kase. Os Katas deste
[>(Jde fazer seus alunos a seu modo. Universalizou o · estilo são: Heian, Tekki, Kanku, Bassai, etc. Todos
judô através uma propaganda bem dirigida e na ver- nomes japoneses, dados por Funakoshi. No Japão, este
dade ún~ca para a época. T udo isto feito 50 anos antes estilo é usado pelas Universidades de Waseda, Keio,
ele aparecer o karatê no Japão. Logo Jigoro Kano teve Senshu_ e, principalmente, a de Takushoku, onde é
uma influência marcante na luta de sua criação. Pode- praticado quatro horas por dia! O mestre Egami dirige
mos chamar escola a um método que se diferencia de uma escola muito fiél ao aspecto mental do karatê. O
outro pela técnica, espírito, sistema de ensinar, movi- centro desta escola no Japão é a Japan Karatê Associa-
mentação e Katas. A variedade destas escolas vem da tion 13,l Chome, Yotsuya, Shinjuku-Ku-Tokyo. É a
variação de estilos ou seja da maneira pessoal de exe- escola mais conhecida na Europa e de onde sairam mui-
cutar um movimento básico já codificado, dependendo tos professores famosos. Nos Estados Unidos, princi-
do grau de estudo e da constituição do praticante. palmente em Los Angeles, fica o grande núcleo do
Muitas vezes por razões ambiciosas e pessoais, são Shotokan. No Brasil esta escola é numerosa. Seguindo
<lesmem brados certos estilos e dado como pessoais, fican- nossa viagem pelos caminhos das escolas e estilos nos
do um p~uco diferentes da escola de origem. Aqui deparamos com o Shito-Ryu. Este estilo é uma fusão
vamos umcamente falar das escolas e estilos mais co- do estilo lentoe contraído de Oknawa e o Shotokan.
nhecidos e sérios, mesmo porque não haveria lugar É o método. de Kenwa Mabuni, praticado perto de
para ~alarmos de mais de 55 estilos existentes no Japão, Kyoto com mais intensidade, agrupando adeptos de
mclumdo aqueles que fazem da vida um mundo irreal vários pontos do Japão. Nela usam-se os Katas de
e não sincero, vivendo mesmo, da ilusão peculiar à Heian, sob os nomes originais de Pin-An e as Katas
falta de dignidade. - Citarmos a melhor é dificil, pois especiais: Saipa, Saifa, Seeshin, Kosuku, Shihozuki e
os combates até o extremo não podem ser conseguidos. outros mais. As posições são mais altas um pouco e os
Para nós, fudo depende da habilidade e de técnica, movimentos mais tempo executados no sentido da força

22 23
ou poder. Desta técnica surgiu o Shukokai de Tani, criado por Otsuka, o Wadu-Ryu, que liberou-se de cer-
levado para a Europa por Y. Mambu. Esta técnica visa tas concepções para criar seu pt:óprio estilo japünês,
as competições e os combates com um único adversário. sendo que muita coisa veio do jiu-jitsu. É a forma que
To~a _u~~a posição ún.ica da qual o~ ataques em "per- mais se aproxima do ideal de competição. Reune no
segwçao e os bloqueios com esquivo são mais fáceis Japão, em torno de si, mais univcrsitarios do que civis.
de executar. Esta diferença é enorme er:1 relação às outras escolas.
Principalmente Shukokai está se firmando na Eu- Por isto o Ali Japau Karatê-Do Association Wado-Ryu
ropa . ~á mna organização central na França, cujo en- tem a primazia universitária nas mãos. Difere das de-
dereço e Centre Européen Shukokai, 18 Allée André mais por ser eficaz e usar-se o mínimo de esforço, ao
Louis 92 Chatenay-Malabry, France. contl'ário de outras escolas, onde o dispêndio de ener-
, Passamos, agora, para o Goju-Ryu, cujo nome gia é enorme, e por vezes sem necessidade alguma. É
advem de ?º. = (~orça), J u = (flexibilidade). De baseado em princípios físicos e fisiológicos, procurando
fato, es?1 te~1ca pnma pelo bloqueio no lugar para por meio da pesquisa, movimentos mais naturais e me-
dar mais rapidez ao ataque. Muitas vezes não se dá nos sincopados, sendo também menos penosos que os
mu~ta a,te.nção ao bloqueio, quando o ataque não é oucros. Para sabermos se é melhor que os outro rea]-
muito seno, para passar logo ao ataque. Nesta escola mente, aparece a dificuldade de não existirem os com-
usa-se Kokyu que é uma respiração abdominal sonora. bates reais. - As posições de combate são mais altas e
l!: um sistema muito d uro, penoso e verdadeiro. Ainda as têcnicas frequentemente baseadas nas esquivas. -
c?mo fator principal: quando se é atacado pela flexibi- Otsuka, modernizou os Katas, mas conservam os no-
lidade se responde com a força e vice-versa; nada mais mes de origem: Pin-An, Naihanchi, Kushanku, Seishan,
é. do que o estilo de Higaonna, aperfeiçoado por Miya- etc. Ele próprio veio do Jiu-jitsu e passou por Funa-
g1. Desta escola ~ão podemos deixar de falar no pe- koshi. Falam as reportagens da época de 1965, que na
queno Yamaguchi ou o "Gato", como é chamado de- Europa estiveram fazendo demonstrações: Susuki, Ko-
vi~o aos seus ?eslocamemos impressionantes. Ya~agu­ no, Mochisuki, Toyama, Yamashita, etc. Foi tal a im-
ch1 tem um filho no Brasil que ensina este estilo e é pressão, que o Shotokan esteve na iminência de cair.
por nós bem conhecido. - Em Tokyo, o Shimbukan Na própria Federação U. E. K. foram escolhdios con-
que acollie ~.000 alunos, sendo o cenu·o do Goju-Ryu, selheiros do Wado-Ryu. Hoje as tendências são di-
tem como diretor Yamaguchi, e como auxiliar Uraka- vididas.
wa. - Mais dois filhos de Yamaguchi emigraram. Um Em 1967 criou-se uma Associação Internacional
para os Estados Unidos e outro para a Austrália. Está para congregar os aficcionados do Wado-Ryu, Aikido,
crescendo na Europa e Brasil esta escola. Aqui, deve- Karatê, Kendo, Judô. Associação Mochizuki Plage
mos seu sucesso ao fabuloso Yamaguchi filho do 50,50 Rue du Fanburg - St. Denis 75 Paris 10.° Fran-
"Gato". ' ce: - Mochizuki foi praticamente o responsável depois
. Até aqui falamos de escolas e estilos originários de de 1963 pelo incremento da prática do Wado-Ryu na
Okmawa, mas penetremos agora em um estilo japonês, Europa.

- 24 - - 25
o norte e o sul do país. Elas ligam-se profundamente
Seguindo nossos caminhos pelo reino das escolas
ao tipo de vida e meio ambiente. Como sabemos, os
chegamos ao Kyokushinkai ou Oyama-Ryu. E ao falar-
habitantes do norte têm seu meio .de vida relacionados
mos deste método ?ão poderíamos deixar de começar
com a caça, a criação de animais, andam à cavalo, e por
falando em sec cnador, o lendário coreano YounO'-i-
causa deste tipo de vida desenvolvem mais os membros
choi, mais conhecido como Masutatsu Oyama. E~te
inferiores, enquanto no sul, são mais usados os mem-
pe1:sonagem tornou-se célebre desde a época na qual se
bros superiores, pela pesca e plantaçao de arroz. As
retirou para as montanhas, sozinho, lá ficando um ano
técnicas diferem no seguinte: Os nortistas usam por
e meio, estudando os "caminhos" do karatê. Na Amé-
fundamento os pés e procuram aprimorar a precisão e
ri~a. fez de_monstrações .. (Shiwa~i); habilidade em que-
velocidade do golpe, ao passo que no sul usam-se as
biat madeira, telhas, tlJOlos, seixos etc. Em 1953 luta
mãos fechadas, dá-se ênfase à fortificação do corpo e
com um touro de 700 quilos; é ferido, mas vence a ba-
concentração de força . - Iniciando pelo Tai-Chi que
talha com um golpe de mão fechada. - Fat~ semelhante
é o método mais usado na China, diremos que serviu
a este foi realizado por Sasagawa Shigero, filho de um
de base para todos os outros. E baseado na flexibilida-
mestre de Jiu-jitsu. - Oyama é famoso em todo o
de e descontração, seus movimentos são circulares e
m~ndo, pelos seus notáveis feitos ele força e poder. Seu
executados com lentidão. Não se pode alterar a velo-
metodo vem de outros cantos coletados. Foi aluno de
cidade da execução no decorrer do exercício e nem fa-
Yamaguchi, ~ dis~o surgiu a influência do Goju-Ryu no
zer movimentos bruscos, para que a luta prime pelo
seu_ Kyokushmka1 sendo que ele próprio no período do
menor esforço e menor ação. Usam-se pouco as pernas
Go1u-Ryu .sempre ~e~ considerações pessoais. Hoje
e estas estão sempre em relaxamento.
Oyama esta na Amenca onde é conhecidissimo e fa.
É praticado sob uma forma encadeada de exerc~­
moso. Seus livros são parte da literatura mundial em
cios codificados. Pelos seus movimentos circulares, di-
pauta._ As agremiações que mais têm apoiado este mé-
fere também do karatê que os tem diretos. A palavra
t~do sao: F1:ance- Karatê-Kyoku~hinkaikan 84 Rue Leb-
Tai-Chi encontra-se num clássico chinês o " Yi-King" e
m~z 75 P~ns 18.° France, e a Kyokushinkaikan Budo-
quer dizer a união original do Universo. Daí porque
ka1 Blun~1:g Amste~d.am Pays-Bas) todas patrocinadas
esta escola é tida para que encontremos uma paz de es-
pelo KenJl Kurosak1 Japonês.
pírito unida ao corpo através de um perfeito equilíbrio
psicológico. Na verdade o Tai-Chi é uma sucessã~ de
movimentos calistenicos que fazem trabalhar e estnnu-
E SOBRE AS ESCOLAS CHINESAS E COREANAS?
lam os orgãos, dando saúde. - O Tai-Chi faz parte do
segundo estado ou categoria das escolas chinesas sendo
a categoria para aquele que já passou pela dura ou
. É lógico que existem e muitas ernignm para o •
primeira. O Shao-Lin-Su-Kempo acumulando força e
Oc~den~e, sob o nome de Ch'van-Shu, Kung-Fu, Pakua,
energia as usava para manter o equilíbrio perfeito do
Tai-Ch1, Kempo e outras mais. Mas também é certo que
corpo e do espírit0. Na China este esporte é praticado
as técnicas são muito diferentes entre os que habitam

26 - 27
por todos e em qualquer lugar. É tremendamence re- Posteriormeme, longo tempo passou, diminuindo
pousante. Em Tokyo existe no Bodokan um especia- o i~teresse pelas lutas sem armas . . Com a ocupação ja·
lista chinês em Tai-Chi. Seria liuem sabe o método ponesa da Coréia, surgiram vários estilos derivados d,a
ideal para a vida intensa das grandes cidades. Todas as união de certas técnicas coreanas, sobretudo as de pes
formas de "punho fechado" são meios de exercícios com o karatê japonês. Apareceu o Tae-Kyon, o Tang·
para a saúde geral. Já um dos ramos do boxe chinês, Su, o Kong-Su, o Kwon-Pop, o Tae-Su e outros. So-
o Pakua, é um tipo de luta. Nesta escola usam-se pouco mente mais tarde pela unificação, surgiu o Tae·
, • • 1 ' •
os pes e a ma10na c,e suas tecmcas são utilizadas com a Kwon-Do obra do general coreano Choi-Hon-Li,
palma da mão acompanhada de um movimento muito sendo também da mesma ocasião o Tang-Su-Do ka-
flexível do punho. Nele concentra-se a energia sobre ratê. O Tae-Kwon-Do é praticado por obrigação nas
a zona ~o umbigo, usa-se a respiração abdominal, espá- forças armadas coreanas, havendo portanto l O milhões
duas baixas e a cabeça vertical. Orienta todo o relaxa- de p!'\ticantes. Ele muito se parece ao karatê japonês.
mento ,do espírito e ~orpo, antes do impacto do golpe. difere em certos pontos técnicos. No Tae-Kwon-Do
Tambem existe um tipo de luta e defesa de mão (Shu- usam-se muito os golpes de pés, possuindo seus Katas
to_-Uke) en:i circular, conhecida como Tau Huan Chang. (hyong). A utilização dos graus ou Dans vai até o 9.~.
Citamos amda o boxe da Tailândia, muito violento, 0 Hoje nos Estados Unidos um terço dos 160.000 prat!·
Penchac de Java e. o Sikaran Filipino, onde as técnicas cantes do karatê, seguem o estilo coreano. Já na Europa
de pés sã~ muitas e as n~ãos. são usadas unicamente para quem p1·edomina é o karatê japonês. O estilo core~no
o bloqueio e defesa. Fmahzando temos o karatê corea- já penetrou na Holanda. Alemanha Federal e Brasil.
no que dia a dia aumenta em prestígio e adeptos, assit~1
como o Hapkido, uma mistura coreana de Judô, Aikido
e Karatê.
Antigamente a Coréia que era dividida em Rei-
nos Rivais, possuía já naquele tempo suas próprias lu-
tas. de "mãos ~ivres'". Houve até um Reino que conse-
gum sobrepupr os outros pela sua técnica de brigar
sem armas. O nome deste método era o Farando que
tinha codificação especial. Os golpes eram dados com os
1~embros su~eriores (Sonchiki); com os pés (Baruchi-
ki); con_i ~s J~elhos (Murupuchiki); com as espáduas
(Okech1k1) e fmalmente com a cabeça (Bacchihi). Mais
tarde .sur~iu o Shao L~n Su Kempo (chinês) do qual ·
tambem t1raram o Ta1ken, que era uma combinação
do Kempo e outros estilos coreanos, coroando-se a raiz
dos métodos que surgiram nos séculos X I e XIV.

- 28
29
1

j
ciais que nos indicarão na verdade qual escola é a con-
ven.i ente. Existem aquelas que olham para o lado com-
petitivo, ou para o lado das demo~1straç~es . Aqu~las
que primam pelo luxo e pelo lado maten~l da~ ~01sas,
mas, no entanto há as que apesar da simplicidade,
CAPfTULO II
alheias aos lados banais da vida, continuam procuran-
do e ensinando os verd:r:ieiros caminhos daquele estado
supremo que é a verdadeira senda do karatê. Somente
MÉTODO alguns por conhecimento de c~usa vão, certos para a
direção escolhida. Para estes nao havera e?ganos nem
obstáculos no decorrer do curso, onde horizontes colo-
CAMINHANDO PARA O Mf:TODO . CERTO
ridos e uma progressão benéfica os conduzirá à_ ~elici­
dade geral. Haverá as " tormentas", mas elas servira? de
A primeira dificuldade com a qual o pretendente
estímulo às pesquisas que fazem parte de ~m apn?1o-
se encontra é justamente na escolha do métOd() a pôr ramento _para uma condução melho: n~s coisas da vida.
em prática. Dada a pouca difusão de livros técnicos, Insistimos nestes pontos com veeme~c1a porque ao es:
são poucos os que conhecem algum elemento básico na colher o caminho "errado" o candidato se deparara
história do karatê que os pudesse orientar a respeito. com incógnitas sem respostas que o satisfaçam, fazendo
Quem, senão aqueles que .já o praticam, sabein da exis- com que mu~tos sonhos se transformem em pesadelos.
tência numerosa de escolas e estilos? Quem poderá Poucos nesta fase têm a força de vontade de largar tutlo
analisar sem meios "razoáveis" se a honestidade e a boa e iniciarem do ponto " zero" novamente. Os que insis-
direção fazem parte deste ou daquele clube que ensina tem, páram, não vão além.daq:iele .est~do. Enganam-se,
tal método? Às vezes, uma aparência suntuosa eng<1na e tristemente não podem Jamais atmgir o cume da per-
e esconde uma orientação pouco elogiável. Muitas ve- feição técnica e psíquica. Cuidado com certos mé_todos
zes o primeiro contato com um "expert" pode nos le- muitos fáceis que os podem leva~ i:iara uma. apatia ~e­
var a caminhos escusos pelos "caminhos" do karatê. neraliza<la. Somente num curso seno, o praticante, nao
Então sabemos o quanto importa uma boa escolha da importa qual "lado" escolhido, poderá conseguir satis-
escola e do método para que possamos usufruir de to- fações. A escola digna é aquela aberta ao debat~ e. que
dos os benefícios, tanto físicos como mentais, que se resiste a um exame bem profundo, podendo resistir ao
adquirem na prática bem " oirentada" daquela arte diálogo com raci?cínios diversos sobre u~ mes~.~ 'te?1a
marcial. É evidente, se não seguirmos um caminho e abertas as con1unturas sobre todos os temas . Dize-
bem traçado, jamais alcançaremos aquele estado espi- mos ainda que muitos são os métodos e ~abemos .qu~
ritual e nos depararemos então com o simples signifi- no fundo todos são bons quando neles existe o pnnc1-
cado de podermos nos defender e fazer exercícios. Na
pio básico do todo e quando no seu todo h~ u.~~ :e~~
procura, devemos estar atentos para certos pontos essen- posta científica, física e moral. Eles quando sao senos ·

30 - 31
e bons, diferem entre si nesta ou naquela pane, mas comedida e dosificada, baseada na prática, na resistên-
no seu núcleo são iguais. A.s maneiras diferem mas o cia geral, na coordenação e na alimentação correta, con-
signi_ficado_ perma.nece. Assim sendo, seguindo estas dições indispensáveis para um treino viril. Deve-se dar
cons1de~açoes aqui preconizadas, qualquer um poderá especial atenção àqueles métodos que esforçam demais,
chegar mdependente do método, a um caminho certo. que são_violentos e fazem cansar ·em demasia, àquele
pois todas estas considerações feitas quando fazem parte que inicia. Tais métodos desvirtuam pela ignorância
de uma escola, possuirão na verdade as colunas de base os ideais nobres que existem no Karatê-Do. Quando as
do bom karatc?. Os bons métodos são iguais em um escolas são dignas, podem divergir em pequenos pon-
ponto; todos exigem esforços desusados, uma força de tos mas sua unidade é um bloco em prol da arte. E esta
vontade inquebrantável, dificuldades penosas e sérias. unidade de critério, fala-nos de mentalidades esclareci-
Um .método simples satisfaz ao ridículo, ao hipócrita, das, condições sine-qua-non, para uma sólida base. As-
ou sunplesmence àquele que não teve orientação para sim sendo, nosso pensamento primeiro foi na direção 1
a escolha. Na prática do verdadeiro karatê, a dificul- de orientar, seja qual for o método escolhido. Na leitu- ·
dade é ~m~ co.nstante e não será com pouco esforço ra deste livro, o candidato obterá conselhos advindos
q~e. s.e dissipara. Aqueles poucos dispostos para o sa- da sinceridade e de pesquisa de 25 anos dedicados às 1

cnf1c10 que eleva e dignifica, terão problemas maiores anes marciais. Os afíccionados e os que lutam pelo ca-
se pens~rem que com pouco esforço ultrapassarão cer- minho do karatê, terão mais um amigo de "cabeceira"
cos camm?os. É através das dificuldades que aparece ou das "horas de lazer, que se conseguir ser útil, um
o verdadeiro homem. Enfremando e não ignorando é passo mais terá dado pela estrada que nos leva ao Ka-
que testai~1.?s nosso caráter e criamos nossa personalida- ratê-Do.
d~. As dificuldades são feitas para que as vençamos e
nao para que a suportemos como fardos da vida. Isto A PRATICA DO KARAn 1: UM BEM PARA TODOS?
ficá. bem pa:a os. fracos, os covardes e os pessimistas.
~09ar o carater e um dos pontos fixos das artes mar· Tudo dependerá da final idade à qual nos propo·
cia1s. Aqueles que balançam nas asas dos sonhos frá. mos. Sabemos que todos devem de uma maneira ou
geis, ja.n~ ais poderão chegar à realidade. É lógico que outra, fazer exercícios físicos, e quando estes são bem
estas d1f1culdades não serão sobre-humanas, nem serão dosados e orientados com perfeição, a saúde geral sofre
pequeno embuste. As escolas que vivem da fantasia e uma melhora. Pensamos que na prática de qualquer
do irreal i:ão são dignas de crédito. Aquelas que reque- esporte é necessário atentarmos para facores como: ida-
re1.n : ~xigem ~m esforço sobre-humano daquele que de, atividade, alimentakão e ainda as características mor-
pnnc1p1a, tambem não são dignas de respeito. A ver- fológicas. Sendo que no caso desta arte militar, a atenção
?acleira escola é a.quela que de uma carga ou esforço especial deverá estar voltada para o "caso" idade.
i_de~~ parte grada.uvamentc para esforços maiores. - A Achamos que, após os 40 anos (podem haver easos
fac1~i~a;le gradativa. do exercício não é mais do que a especiais) a prática intensiva e apaixonada deve ser
aqumçao de capac1c.lade proveniente de uma técnica abandonada e dirigida para o aprimoramento dos Katas

32 33
e de todo o lado científico da arte. Por estes cuidados destes julgam-se aptos para se defenderem na vida! ...
e pelo bom senso, o c-,portist.l maduro poderá atingir Os restantes que se impregnam de amadorismo nada
uma idade avançada, treinando com regularidade e mais terão do que certa melhora física, e o triste quadro
ainda obtendo benefícios e1:1 geral. Também seria um de não possuírem muito mais do que aquilo que ti-
erro levar as crianças para os extremos da arte, privan- nham no começo. A vontade e o poder de direção de-
do-as da verdadeira orientação sadia para sua idade. vem estar naquele que inicia. A perfeição é derivada
Para estas devemos levar a prática do karatê para o lado da constância e do sacrifício. Nunca deixar que peque-
responsável pela saúde, fazendo desta etapa um degrau nos ou grandes obstáculos os façam voltar as costas para
para anos futuros. O ideal seria evitar os assaltos e fi. seu inicio. Este deve ser forjado numa vontade sem
xarmos o estado geral. Para as mulheres a prática é limites e numa procura sem tréguas pela perfeição. E
permitida desde que a orientação se baseie na flexibi· somente assim poderão conseguir algo de verdadeiro
lidade e no aprendizado de técnicas de pés e nas esqui- nesta arte. Não são necessários caracteres especiais ou
vas. Não esquecermos que em lugar da força as esqui- qualidades físicas de berço, mas sim um estado físico
vas. Não esquecenuos que em lugar da força, as esqui- normal. E quem nos pode orientar melhor do que o
cidade. Jamais orientá-las para a competição mas para médico? Logo, um exame médico de início é pr-::ciso.
o lado da saúde e da defesa. Digo mais, obrigatório. Por ser um esporte violento,
Desta maneirà a mulher poderá obter todos os be- é lógico que para os portadores de lesões cardíacas, sua
nefícios desta arte se observar aquilo que foi dito antes. prática é vedada. Muitos poderão dizer que este esporte
Se treinar com urn companheiro homem não deverá não tem esforços musculares prolongados, mas em com-
ter receios pois os golpes nos assaltos convencionais, são pensação suas contrações são curtas e na maioria das
retidos antes do impacto. - É notório que para atin- vezes, intensas. Para o demais portadores de anomalias
girmos um alvo é necessário firmeza e vontade. Assim menores, o karatê tem diversas formas que podem pro-
· também o é no aprendizado do karatê. E esta parte é duzir benefícios. Aos idosos fazemos recomendações
importante pois a vontade e a objetividade é que tra- justas à idade, não no sentido de os colocar do lado da
riam os resultados diversos. Aqueles que demonstra· vida em si, mas recomendações criteriosas com apoio
rcm e desejarem de fato chegar àquele estado espiritual, logístico na ciência. Nestes casos quando falta já o fô-
já sabem de antemão que a sua trilha será de penas, lego e as articulações se endurecem havendo perda de
sacrifícios e pesquisas ininterruptas em busca da per- força física, não recomendamos esta prática, pois além
feição. Estes então devem recorrer aos limites de suas de sua violência, não seria justo iludir-se com fatos in·
condições físicas. Os demais que se entregarem às doces contestes. Quando muito um Ki-hon simples, mas esta-
asas do sonho e do irreal que existe num treinamento rem libertos de ambições somente promissoras para a
sem finalidade, não poderão conseguir nem em técnica juventude ou para aqueles habitua_dos a esf?r_ços roti-
e muito menos em espírito, nada mais do que uma neiros. Como vimos, não são precisos condiçoes espe-
triste ilusão ou uma pequena euforia na melhora de ciais para a sua prática. É claro que pessoas que já fa.
seus complexos inferiores. O grande mal é que muitos zem um determinado esporte, terão certo auxílio no

34 - - 35
que diz respeito à éondição física, mas as dificuldades ambos, e para outras ~rte:. O Tatamis onde se prati-
surgem porque é o início de algo "novo". Por conse- cam as técnicas é fe ito de palha tratada e prensada até
guinte, tanto aquele já especializado em esportes como um espessura de 6 cm. Com l metro por 2 de medida
o principiante terão seus "handicaps", porém, as van- é coberto de toldo. Ele é assim feilO para amortecer os
tagens de1-cndem daquela força "interior". chutes e as projeções possíve i~, sendo que nos clubes
de karatê em especial se praticam os exercícios em salas
ONDE PRATICAR? aparquetadas sem estarem enceradas. As salas de pni-
tica são simples e todas têm urna decoração semelhante.
Quando queremos aprender um idioma ou por Aqui, guarda-se o respeito, não se eleva a voz e as " pia-
exemplo, uma qualquer especialidade, procuramos das" não existem. Este respeito estende-se também à
sempre o lugar especializado no assunto. Assim deve maneira de vestir e não somente à maneira de portar-
ser no caso da procura da escola, ou Dojo (sala de aula). se. Após o término da aula a sala é esvaziada e os di<i·
Hoje em dia são inúmeras as escolas e diversos os clu- logos necessários entre amigos são feitos nos vestiários
bes que entre outras especialidades possuem suas salas ou na rua. O silêncio é condição fundamental para
de karatê e judô, visto serem sem dúvida alguma as quem treina e assim sendo mesmo nos vestiários a côn-
artes mais populares ora em voga. A grande maioria versa sem alteração de voz e apropriada é uma demons·
destes clubes têm sempre na direção destes deparla· tração de educação e seriedade. Mesmo nos casos em
mentos, homens especializados nestas artes. É , pois, sem que seja aconselhado a um aluno fazer sozinho o Ki-
dúvida alguma, mais fácil escolher uma escola em uma Hon ou um Kata, este deve não desviar a atenção dos
cidade grande do que numa pequena, onde a concor- outros que ainda treinam. As visitas quando têm per-
rência é menor. Nestes casos, quando não há possibilida- missão de assistir a um treino, não fumam, não elevam
de de escolha, melhor seria para aqueles que desejam a voz e portam-se educadamente, devido ao ambiente
resultados sérios, em cada temporada fazerem um es- de respeito que há no Dojo. Assim esta impressão de
tágio num clube de sua capital para especializarem-se e austeridade é aumentada a cada passo ou a cada ins-
testarem aquilo que aprenderam. Não que isto importe tante entre uma explicação do professor e uma prática
em diminuir os clubes do interior. Não! Pelo contrário dos alunos. São nestes instantes onde podemos notar a
'
há muitos que suplantam pelas pesquisas e seriedade os
'
concentração e a serenidade que existem nestes lugares
grandes clubes das grandes cidades. O bom clube, como de prática. O Dojo tem em cada um de seus cantos,
dissemos em capítulo passado, não é aquele que prima um significado diferente.
pelo luxo ou pela ostentação, mas sim aquele que de- SHIMOSEKI (lado inferior)
nota organização e todos os princípios fundamentais da JOSEKI (lado superior)
arte. Nestes dias são poucas as pessoas que não conhe- (lugar inferior)
cem um tatami, pois a difusão pelos filmes e TV, inú- SHIMOZA
meras vezes mostraram e mostram as salas onde se pra- KAMIZA
ticam karaté e judô. A sala ou Dojo é a mesma para (lugar de honra)

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No Shimoza e Snimoseki e onde ficam os alunos. demos chegar à perf~ição, pois com esta P.erdemos nos-
Já o Kat~liza e no Joseki são reservados para o profes- sos defeitos e corrigimos hábitos errados. De outro
sor e o assistente. O Kamiza é o lugar de honra onde modo é perfeitamente aconselhado e necessário o trei-
além do professor e assistente, estão os convidados de no feito sozinho defronte de um espelho. O uso deste
honra, e onde está colocado o retrato de M. Gichin sistema faz com que o candidato e o bom aluno assi-
Funakoshi reverenciado por todos em memória de sua milem as técnicas aprendidas e tenham melhor concen-
obra pela arte em foco. Neste local se faz a saudação tração em um só movimento. Nestas ocasiões torna-se
de início e final de cada sessão. Somente um aluno pode necessário empenhar-se totalmente como se enfrentasse
se aproximar do Kamiza quando for permitido, e o um adversário real. Não esquecendo de colocar toda a
Shimoza é reservado àqueles que desejam ser atendidos velocidade, energia e força possíveis em cada execução.
pelo instrutor. Pensamos que dando esta orientação A perfeição do (I{i-hon), deve ser tal que os movimen-
para os novikos e para os candidatos, estamos contri- tos feitos levam a uma maior exaustão que em treino
buindo para que o alto grau de disciplina e hierarquia a dois. A imaginação deve funcionar em alto grau para
vistos em todo Dojo, sirva de motivações futuras para que o praticante possa sentir em cada movimento feito
transformação da personalidade. um bloqueio de resposta. Pela constância nesta ma-
neira de treinar, advém uma coordenação notável e um
SOMENTE EM CLUBES PODEMOS PRATICAR incremento na força para a execução de cada movimen-
O KARATt? to. Desta maneira um estudante ou um praticante gra-
<luado, poderá treinar mesmo sem frequentar um clube
Pensamos que nada pode sobrepujar um bom prn· e aprofundar-se em técnicas e estudos m.ais acurado.s.
fessor e que um livro profundo e bem feito, tam- t lógico que pelo visto esta é uma manemi necessária
bém é indispensácel para quem se inicia na· prática do de treinar, mas que sem dúvida para a sua vrática é
karatê. Ê evidente que ao tentar fazer um gesto sem preciso uma certa exper iência. . . , .
o auxílio da presença do companheiro, esta ação não É notório que somente pelo tremo sohtano e avan-
passará de uma simples imitação sem o valor do com- çando poderá chegar a pesquisas e à perfeição. ~e:da­
bate a dois. Neste estado a própria imagem refletida · deira. O que não seria o caso elo noviço que m1c1a e
no espelho, faz o aprendiz esquecer a luta e pensar n~ portanto ainda não tem os conhec~mentos necessários
gesto. Logo, não mais do que exercícios estará fazendo. que serão a base para o futuro. E isto soment~ conse-
Portamo, frequentar um bom clube é condição funda- guimos pela condução do "professor" e pela leitura de
memal para quem se inicia nesta arte, pois é nesta oca bons "livros". Ainda insistimos que todo aquele que
sião que ele pode conhecer as técnicas de base existentes inicia, deve de qualquer modo esforçar-se para mesro.o
em todas as técnicas superiores. Assim sendo, em trei- não treinando, assistir aqueles que treinam e os mais
no a dois, pode cada um pôr em evidência sua técnica avançados. Jamais perca dias de aulas pelos pretextos
e aprender algo mais, em razão dos diversos biotipos de moléstias, "compromissos" e passeios. Tremar com
com quem treinam. Somente através da realidade po- afinco e assiduidade é a meta primeira para chegarmos

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ao ap1cc. Pelos treinos seguidos podemos avaliar novos de posições e não estivessem atentos às normas pré~e~­
estilos e novas escolas, sendo na verdade o único meio tabelecidas e as regras oficiais. Na sala de aula sob a v1g1-
de vencermos. Não devemos parar nunca. As pesqui- lância do profesor "competente" são impossíveis os ca-
sas pela perfeição devem continuar ininterruptas, se na sos traumáticos por golpes violentos. Quanto às mãos,
verdade nos propomos a alcançar o verdadeiro signifi- dedos, pés e artelhos, podem sofrer um pouco por causa
cado do karatê. É preciso estannos atualizados e nada do esquecimento das técnicas recomendadas. Quand~
melhor que a companhia de bons livros didáticos e a as mãos estão bem fechadas e os artelhos se elevam e
procura de. novas direções pelos novos contatos de nível praticamente nulo o perigo de acidente. Além do mais
superior e pelos filmes que existem desta arte. Jamais os pequenos acidentes e as pequenas dores serve_'.11
nos devemos levar pela euforia estúpida de sermos os para fortalecer o praticante com:a as _me.s~as. ~ao
melhores e de sabermos mais do que os professores. esqueçamos que dores menores sao prmc1p1os auvos
Não sermos ridículos pela exibição ostensiva e idiota no bom esportista.
de certos golpes por mais perfeitos que eles sejam exe-
cutados. Não deixemos que o escárnio e o ridículo to- O APROVEITAMENTO E O ALUNO
mem conta de nossos nomes em detrimento da verdade
e do nobre que existe nas artes militares. Por meio de- A progressão do praticante vem logicamence com
las adquirimos a condição de nos vermos por dentro e a frequência e a assiduidade nos treinos. Ou_tros fato-
seria penoso que em vez da simplicidade e da sinceri- res têm influência decisiva no grau de aproveitamento,
dade que são características comuns ao praticante, en- tais como: dedicação, facilidade em aprender, vontade
contrássemos uma conduta de sentimentos não afeita férrea, decisão, etc. Sabemos da importância da assi-
ao verdadeiro praticante. duidade, mas também convém lembrar que a duração
das aulas tem um grande significado. Para· esclarecer-
SUA PRATICA E PERIGOSA? mos este ponto, basta-nos lembrar que na sua média
geral, a duração de cada sessão no Japão é de 3 horas,
Podemos afinnar com ênfase e conhecimento de isto para não lembrannos que há uma dezena de c:s~o­
causa que nãol Como sabemos, os· bloqueios são feitos las nas quais as sessões vão ao tempo de 4 horas. Dai a
com os braços e com as pernas e é certo que ex.iste a perfeição da técnica do japonês. Trabalho é o segredo.
exposição à contusão, mas que pela violência do blo- Dedicação e persistência é o caminho para chegarmos
queio chegasse à fratura, achamos praticamente impos- ao ponto ideal. O início do curso, dado à novidade tra.z
sível. Desta forma. os riscos são mínimos, visto que em ao noviço inúmeras alegrias, pelas inúrn~ras facet~s qu_e
treinos normais as próprias projeções são mínimas ou se lhe apresentam. São posições e movimentos 1ama1s
nenhuma. Os próprios golpes páram antes do alvo, mo- imaginados que aliados aos desejos, criam um _estado
tivo pelo qual é possível o treino em dupla. E isto é justo de euforia. O primeiro co~tat? coo: a vesumenta
uma norma exigida. O maior perigo seria em competi- de uso e a alegria de usar a pr11neira faixa, faz novos
ções. nas quais os juízes permitissem certos golpes fora sentimentos florescerem. Ao término das primeiras se-

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mesma perfeição no novato e que sempre requeren-.
n:1a~1as, novas té~nicas <jue são seguimentos mais espe-
mais aprimornmento no avançado. Na utilização dos
ciais d~s aprendidas antes, tornará maior a significação
bloqueios e das esquivas. Se usados após o ataque ad-
das c01sas para o aluno. A familiarização com nomes
verso; se usados após o ataque; se usar mais a esquiva
est1:anhos para el~ (nome japonês dos movimentos) é
ou se contra atacar sem bloq~ear. Avançar ou recuar,
mais do que novidade além de sentir-se íntimo com a
arte e saber fazer parte de um mundo novo para 0 também é uma questão.
Estes, pois, são problemas de como aplicar e quan-
qua.1 ele voltou seus impulsos à procura de segurança.
felicidade e bem estar geral. do as técnicas deverão ser utilizadas. · Não bastasse isto,
·há o caso de quando atacar e da roema forma a existên-
Geralmente é nesta fast de conhecimencos milis
ci~ e a necessidade de recuar, sendo especialidades ine·
profundos e técnicas mais clifíceis que é posto a prova
re~tes ao espírito, e somente a intuição adquirida le-
o cará~er ~ a personalidade do aluno. Aqueles fáceis
de se iludirem e portanto fracos, abandonam mdo às vará à decisão certa e exata. São todos estes pontos con-
quistados que fazem do avançado, algo especial para e
primeiras. dificuldades. Mas no entanto, resta o con-
noviço, e muitos afoitos pelo ideal, ultrapassam sem
fort~ _de qu~ ~s dificuld~des e as "dores" para aqueles
razão certos pontos mais difíceis ou mesmo relegam.
dec1d1dos e avidos de ma10res conhecimentos servem de
incentivo para maiores conquistas. No movimento di- pensando chegar mais rápido à meta, ou achando im-
fí_ci_J ~stá o campo para a disputa e o caminho para a possível sequer tocá-4a. Este quem sabe é o maior erro.
vllona. É portanto uma dispuca, ou melhor, um Tudo na vida depende de um seguimento, de um curso
desafio que porá à prova sua capacidade de ven- de etapas sucessivas e fielmente ligadas entre si, não
cer os obstáculos, cada vez mais os preparando admitindo pois desligamentos espontâneos, sem lógica
para ultrapassarem as incertezas da vida. Pela procura nem razão. Nesta situação é que a determinação deve
constante e pela dedicação cada vez mais crescente, 0 se fazer sentir cada vez mais- Nada de pressa, pois a
mesma é inimiga do perfeito. Neste ponto deve entrar
bom aluno se interessa em dialogar e perguntar ten-
tando aprofundar-se cada vez mais nas técnicas dos mo- a paixão pela cópia perfeita e a confiança nas palavras
vimentos como nas razões dos principios filosóficos que do professor. Nada os deverá fazer aban.donar sua pri·
os. po_derá conduzir àquele estado de espírito, razão me ira meta traçada. Procurar levar uma vida aberta e
p~mc1pal d.as . artes marciais. Esta eterna pesquisa
alegre para que se dissipem as preocupações nas horas
nao pode lnmtar-se somente à pergunta aos amigos dos treinos. Trabalhar com direção esquecendo as coi-
e ao professor, mas ser uma frequente na vida sas banaís, para que rápidos progressos sejam adquiri-
do P1:aticante. .Melhor ainda, ele deverá chegar à dos. Para .os mais fra'cos que ao primeiro impecilho
pes~u.1sa. por s1 me,m10, e esta procura particular
viram a costas, recomendamos que procurem uma certa
ser mmterrupta durante cocla sua vida. Insistimos neste 1.:dndição física, que os faça levar adiante, apesar do es-
ponto por sabermos que o karatê sofre modificações gui.amento. Já para aqueles portadores de grande massa
~uuscular, lembramos a pesquisa e o aprimoramento do
c~nstantes para quem o pratica. Isto advém das posi-
çoes e outros pontos em particular que não tomam a movimento, esquecendo sua força que por si só, não
li
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levará a nada. São estas as causas que conduzem ao do capítulo que a progressão depend~ muito da esrola
desânimo e à não progressão ao longo do curso. escolhida e do individualismo em si. É certo que aque-
São pois,_ as dificuldades "sempre" encontradas e les mais dispostos e pela constância mais fáceis de assi-
"sempre" ultrapassadas que fazem do karatê um cami- milar terão o seu tempo de progressão mais rápido.
nho verdadeiro para o aprimoramento do espírito e Agora, aqueles que pela orientação comercial da escola
para a perfeição. Aqui o noviço aprende que uma pe· adquiriram progressos rápidos e inconsequentes, acei-
quena vitória não é nada em relação à vida e que não tando-os pela falsa utopia do engano, não terão mais do
deve jamais sentir-se feliz ao vencer uma batalha. N un- que desilusões posteriores.
ca um verdadeiro praticante deixa de lucar contra si,
e quando as satisfações existem, logo passam, pois pro- SOMENTE A ESCOLA IMPORTA?
cura maiores, quem sabe a maior delas quando sentir-
se senhor de si. Mas para chegar a este estado, é pre- Nunca. A escola é o todo, pois é um conjunto de
ciso sacrifício, e muito mais que bonanças, advirão tem- fatores que se propõem a uma unidade. O que seria
pestades. E muitas vezes o praticante avançado e gra- uma boa escola, ambiente, ccolegas, etc., se não encon-
duado encontrar-se-á como um pequeno barco numa trássemos um professor com as qualidades indispensá-
tempestade prestes a naufragar. Nestes momentos, vá- Yeis ao ensino? O professor na verdade é o âmago do
rias vezes pensa em desistir. São nestes momentos que todo, pois ele é o responsável direto pelo início do
esta arte põe à prova a transformação do caráter e lança aprendizado. Ele deve ser portador de uma técnica
o desafio da eterna pesquisa. E quantos correspondem perfeita e saber transmití-la. Logo, são necessários co-
ao desafio aceito? Somente aqueles que pelos caminhos nhecimentos profundos da arte para .a qual se propôs
do karaté aceitarem <1ue só pelo tempo e pela procura e de senso pedagógico para poder ensinar e conquistar
da perfeição, pode-se chegar à suficiência. Por isto o a confiança de seus alunos. Por outrô lado, somente
karatê é uma arte de formação para indivíduos de in- pelos laços estreitos entre professor e aluno é que .po-
tenções fracas e direção duvidosa. Por causa de seus derão existir frutos na árvore do saber. Pelo côntato
exercícios de base cada vez mais penosos e difíceis, e sincero e simples entre os dois, um pode se aprofundar
pela dificuldade do iniciante em juntá-los a outras téc- nos ensinamentos recebidos. As admoestações devem
nicas ensinadas depois (movimentos e assaltos com com- ser recebidas, como incentivo para a perfeição, pois não
panheiro) é que a dedicação e a vontade imbatível, faz há professor que não deseje ser bem representado.
com que ele possa ultrapassar este período de dificul- Por isto torna-se necessário que o aluno esteja
dades. E são nestes momentos que se inicia a luta con- disposto a aprender e a aceitar a crítica construtiva: É
tra a "intenção frnca e a direção duvidosa" . certo que quando não somos mentalmente abertos a
Por causa destas dificuldades todas, o tempo de nada, difícil se torna aceitarmos algo contra nossa von-
progressão no início é demorado, pois a perfeição é exi- tade. E são estas coisas ou estados pré-concebidos que
gida e não há a novidade que aparece mais tarde, como dificultam o ensino e levam ao "nada" o aprendizado.
o treino a dois. Dissemos antes. ou melhor. no início Em toda a arte marcial há o treinamento duro e visto

44 45
pelo iniciante como de pouco proveito, pois são peno- a leal~ade e confiança na certeza de su~ direção em
sos. São fáceis de reCLLsar. Nestes casos não deve existir perseguição do título de Mestre. No caso do Mestre
a desculpa para o não tão fácil de aparecer. São nestas não há duvidas. Lá está a perfeição. Os princípios só-
ocasiões que pode aparecer o "recuo.. do professor para lidos da moral o seguem _em seus caminhos particula-
com o aluno. Na insistência do professor deve estar o res como em t0da a sua conduta. t pois o exemplo do
respeito do aluno, e é pelo respeito aos conselhos que homem que d1egando à perfeição, nela não repousa,
o aluno cria seu próprio respeito. Assim sendo, o pro- mas tenta distribuí-la. Aqui, contamos wdas as incer-
fessor sente-se livre para empregar seus conhecimentos tezas, os infortúnios, os sonhos e as frustrações em
e nota frutificar os mesmos em função do seu próximo. busca da técnica e dos "segredos" do espírito. Nele sem-
Este respeito, não é o respeito serviçal, hipócrita, não. pre existiu a procura e a vontade pela perfeição, sendo
Mas aquela simpatia séria por uma finalidade altruísta que esta o acompanhará sempre em busca de algo mais,
e sincera. E este estado deve se alongar até aos demais além dos poderes normais do homem comum. É um
alunos avançados, pois é do contato constante com os estado de espírito e compreensão que derivam da in-
me~~os que a~lvém a perfeição. Pois são eles que .por tuição do todo, levando-o a um estado que ao primeiro
afe1çao ao noviço, podem transmitir seus conhecimen- contato inspira respeito e afeição. São raros os Mes-
tos e técnicas. É pois, por estes meios e aliados a uma tres, e quando os encontramos não precisam de apre-
forte confiança no professor que os degraus do curso sentação, pois seus méritos de longa data já ultrapas-
são galgados em busca do ápice tão desejado. Aqueles saram as barreiras do mundo. Para alguém chegar a
orgulhosos do saber (porque na verdade nunca sabe- este ponto necessita de algo especial. ~xistem poucos e
~1os tudo) e dotados de uma forte convicção por vezes raros Mestres, ao contrário muitos bons professores e
fazem nur qualquer colóquio com o professor, pois é técnicos em busca deste estado de espírito e conhe-
ponto indiscucível a separação que isto causa. Na ver- cimentos.
dade estes idolatras do saber, pouco sabem a respeito Ao professor devemos tratar respeitosamente de
de um professor que foi zeloso demais e que somente Se11sei e ao Mestre com respeito e admiração de Shihan.
aprofundou-se com amor ao lidar com sua arte. Jamais confundir um com o outro pois o próprio pro-
Em contrário há também os casos nos quais se fessor sabe que ainda muito lhe falta para ser Shihan,
encontra de fato um grau de cultura e personalidade razão de sua luta tenaz, de sua fé e vontade imbatíveis.
avanç~do em certos alunos, condição nem sempre
pecu!t~r ~ alguns professores que mais primaram pelo AS OBRIGAÇÕES MORAIS E A CORTESIA
lado tecmco do esporte. Outros há que não têm o mí-
nimo gabarito necess.írio, nem conhecimento suficien- A cortesia e a educação do povo japonês são por
tes para tal trabalho - tão especial - e assim mesmo demais conhecidas e faladas. Esta educação, particula-
além de sua petulância encomram adeptos e alunos. ridade de seus ancestrais, existe ainda hoje na índole
Nunca há comparação entre mestre e professor. Este do povo. Por este motivo pode parecer para o estran-
enveredou por um caminho singular levando consigo geiro um tanto irreal esta peculiaridade do povo. Nas

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artes marciais esta cortesia está preseme como que lem- gação no início e no li•.al de cada Kata, quando depa-·
brando a mesma etiqueta usada nos Sctmu.rais no seu ramos no "'Dojo"' com o professor que dará a aula ou
código de honra (Bushido). Neste código está a beleza um mestre avançado que por ventura o subscitua no
do princípio Zen onde mesmo aquele que deve morrer momento, ou dirija o curso. Para o visitante é magni-
ou vive perto da morte, tem obrigações em dar ao fico ver a saudação coletiva em caso de curso coletivo.
receber, e aconselhar sempre o lado belo e sóbrio. A mesma é feita no início e ao final da aula. Os alunos
Mesmo ao defrontar-se cm batalha tinha que haver a mais avançados ficam perto ·do "Joseki" ao passo que
sobriedade e a calma frente ao momento adverso. Os os de grau inferior ficam perto do "Shimoseki". To-
gestos lenLos e aparente calma para um ataque preciso dos se alinham em frente do professor e de seus assis-
ou uma resposta única e rápida. Diz o provérbio que tentes ao longo do "Shimoza".
somente se deve receber algo com a mão esquerda para Este ritual não é só interessante para quem o vê
que com a direita se possa revidar em caso de ataque. pela primeira vez mas é sempre magnifico para os
Portanto, nunca se sabe demais para se saber tudo. mais acostumados. Na cortesia em gi:upo a orientação
Muito menos a adversidade. A atenção, respeito e des- e dada pelo aluno mais velho que cuida do alinha-
confiança pelo adversário são fatores atuais que outro- mento e dá a voz de comando "rei" - para o início
ra também foram essência. da saudação. Na verdade são duas. Uma é feita ao lugar
Esta calma que para muitos pode parecer um de honre: e acompanhada pelo professor. A segunda é
estado de abandono faz com que o praticante passe em para o professor razão pela qual a etiqueta man~a que
fração de segundo de um gesto simples para um ataque os alunos não se apressem para que nunca veiam o
fulminante. A atenção é permanente pois o ''espírito"' professor fazer a ·reverência. No final saudamos pri-
jamais repousa. A cordialidade faz parte como vimos meiro o professor e por fim o "Kamiza". Como pode-
das artes marciais e não é justo pois que o releguemos mos notar a saudação além do significado cordial é
ou o façamos mal em dctrimenro da beleza que nela uma prova de respeito pelo colega assim com.o um tes-
existe. No momento da saudação devemos afastar de temunho de gTatidão pelo professor que ensma e con-
nossos espíritos todas as preocupações. Mesmo aquelas duz. Outra parte digna de nota é a dignidade que deve
mais diretas ao momento ou seja: vencer ou perder, sempre existir. Como exemplo podem~s le~b~r ~
em caso de combate. Nos instantes da saudação deve- postura de meditação tão peculiar ao Oriente e difícil
mos estar certos de nos encontrarmos sinceramente para o Ocidental. Nas ocasiões em que o professor con-
libertos de tudo aquilo que nos possa prejudicar_ Es- vida alguém para assistir ou reposar a postura "Zazcn"
tes momentos são feitos para encontrarmos uma pausa é exigida. t lógico que para aqueles que nãOI tê~ prá-
que nos possa levar à serenidade. A saudação faz parte tica é difícil e doloroso principalmente se praticado
do espír ito Zen e da própria finalidade da arte. A em chão duro. t necessário tempc e tentar o contrário
saudação ao entrarmos na sala de aula denota o respei- não leva senão a momentos dolorosos. Estas saudações
to do praticante pela raiz do enriquecimento de sua nós a conhecemos com ~os _nomes de " Ritsurei" e "Za-
personalidade. Esta saudação é praticada como obri- rei". A primeira que é a Ritsurei, Des. l e 2, q1:1e

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é uma reverência humilde e uma demonstração de possam formar um triângulo. Sem afastar as nádegas
respeito inicia pela posição em pé normal. Os calca- dos calcanhares, nos inclinamos fazendo com que o
nhares conservamos unidos, os artelhos ligeiramente nariz venha por cima deste triângulo. Logo após vol-
voltados para fora e as mãos abertas ao longo do corpo. tamos o tronco mantendo as mãos sobre as coxas vol-
Este se inclina ligeiramente enquanto os braços tamos à posição inicial em um só movimento rápido
juntos e estendidos não se: separam d01 corpo. Os apoiando os ·pés sobre os artelhos e erguendo o joelho
dedos, conservamos firmes pelo longo das coxas até direito: ao nível do esquerdo prestando atenção em
a altura das rótulas. A esta altura não devemos trazer a perna esquerda ao longo da direita. Há outras
olhar para o solo, mas conservarmos o olhar à altura do cerimônias diferentes e dentre estas temos aquela pela
peito do op.onente. Na saudação os pés devem· estar qual sa~damos ·o professor pela voz de comando Sen
JUntos cm smal de humildade e jamais separados. Na Sei Ni Rei ao mesmo tempo em que somos saudados.
segunda sau.daç~o, Des. 3 e 4 (Zarei) ficamos em pé Há outra saudação entre alu~os· não tomando parte o
como na primeira. Recuamos o pé esquerdo e dobr:t· professor, é a Otogai Ni Rei após então há o Kiritzu,
mos o joel~o direito até que o esquerdo à altura do comandado também pelo "senior". Estas pois são as
cakanh~r direito toqu~ o soló, artelhos e peito do pé considerações mínimas dos r~tuais nas. artes marciais.
na verucal. O torax fica na vertical enquanto a mão
esquerda pende sobre o lado e a direita repousa sobre OS GRAUS
o 1oelho esquerdo. Dobre outra vez a perna direita
conservando o peito do .pé na vertical para manter os Os graus são na verdade os degraus pelos quais
dois joelhos no mesmo nível. Vagarosamente sentamos um princ;ipiante chega ao ponto de avançado. Na ver-
s~bre ~s ·calcanhares. Neste instante o peito dos pés dade são o reconhecimento pela aplicação na técnica
sao esurados e os calcanhares se voltam para o lado e pelo nível mental e espiritual conseguido pelo .pra-
d~ fora. ~este modo o lado mais delgado da parte exte· ticante ao longo do curso. Uma faixa é na verdade o
nor do pe se mantem em contacto com o solo. O arte· reconhecimento oficial de tudo que o praticante con-
lho mai?r do pé direito se sobrepõe ao esquerdo. É seguiu aprender. São pois, estes conhecimentos unidos
necessário manter uma separação entre os joelhos de que fazem um verdadeiro praticante.
20_ cm:. As mulheres os devem conservar juntos. As Jamais um verdadeiro adepto disputa uma faixa
maos hcam sobre as coxas ern sentido horizontal e os pela pobre intenção de se fazer superior perante os
cotovelos um. ~ouco. dobrados e juntos do corpo. O outros. Na distribuição dos graus deve existir a serie-
Lronco sem ,ng1dez fica um pouco arquacdo, apoian- dade e jamais a simpatia particular de certos professo-
do-s~ nos rnusculos do abdomem, para que exista urna res pelos alunos ou a humilhante farsa de um juri des-
te,nsao constante em caso de ataque. Sem forças, as preparado. Os graus estão para o japonês como um
nadegas repousam sobre os calcanhares. hábito comum. Logo a progressão em uma das artes
Para saudar, as mãos são colocadas sobre o chão é conhecida pelo númer.o de "Dans" acumulados.
de modo que os polegares afastados dos outros dedos Aquele mais familiarizado com alguma das artes mar-

50 51
ciais notou o cinto ou faixa usada para fechar o Kimo- GRAUS
no. Aquela faixa é e sinal do grau. A faixa do karatê
difere das outras faixas pelo filete vermelho que segue EUROPA
ao longo. Em média o tempo necessário para o debu·
tante ~prender os novos primeiros Kyus é de três anos. Graus Tempo Faixa
Como tudo o mais na vida existem os casos especiais
de alunos mais aplicados que progridem mais rapida- 9.º Kyu
mente. Nesta ocasião o debutante pode aspirar ao 1.0 KyuKyu l mês Branca
Dan. Para isto terá que passar por um exame feito por 8.0 Kyu
uma comissão de faixas pretas. E como todos os exames HachiKyu 1 mês Branca
dos Kyus, estes serão mais difíceis e o pJ?ticante não 7.° Kyu
deverá se desesperar pelas dificuldades que encontrará SichiKyu l mês Branca
nos exames do Lº Dan, pois estes não foram criados 6.° Kyu
como impecilho para sua conquista, mas como argui· RokKyu 2 meses Branca
ção sobre as técnicas aprendidas. É nestas ocasiões que 5.° Kyu
aparecem certas desilusões. E_ geralmente elas advém GoKyu 2 meses Amarela
daquelas que sempre passaram sem dificuldade pelas 4.° Kyu
etapas do curso com o apoio "beneplácito" do engano. YonKyu 6 meses Laranja
Ao se depararem com uma banca examinadora 3.° Kyti-
intransigente desaba o castelo. Já outros ao primeiro SanKyu 6 meses Verde
impecilho recuam. Mas se aqueles reprovados volta-
rem à luta com tenacidade e vontade · conseguirão
\
(
2.° Kyu
6 meses Azul
NiKyu
êxito pois pela constância adquirirão a perfeição e l.º Kyu apto a fazer
obterão a certeza de que somente pela luta chegarão lkKyu exame para Marron
aos graus superiores mostrando então que não recuam l.º Dan
ante as dificuldades. Mas aqueles que de qualquer for- l.º Dan
ma procuram desculpas para sua deficiência jamais Shodan 2 a 5 anos Preta
conseguirão algo de aproveitável. O verdadeiro homem 2.~ Dan
abandona em silêncio, sem demonstrações grosseiras, Nidan 3 a 7 anos Preta
para· um verdadeiro esportista. A vitória não dá valor 3.0 Dan
ao homem mas sim o homem o valor à vitória. E esta Sandan 6 a 12 anos Preta
não se obtém por acaso mas por lutas constantes e 4.0 Dan
esforços reais e frequentes. Yodan 10 a 20 anos Preta
Há caso~ em contrário como aqueles que se dão 5.0 Dan Preta ou
imenso valor pela obtenção de um grau enquanto que Goda o Notável Vermelha

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JAPÃO Dan representou até pouco tempo o mais alto grau.
Funakoshi jama~ deu grau superior ao 5.0 Dan para
Além daquele quadro feito para a Europa, no seus alunos e assim fizeram também seus seguidores.
Japão vão mais além: Hoje no Japão já existe o 8.0 Dan para algumas esco-
las ao passo que outras não passam do 5.0 Dan. Existe
6.0 Dan no entanto uma tendência para se elevar os graus até
Rokkudan Preta ou vermelha 10.º Dan como no judô. Há uma diferenç_a nas cores
7.0 Dan para as faixas entre o Japão e o Ocidente. Lá não exis-
Schichidan Preta ou vermelha tem mais do que duas cores além da preta. Nós, mais
8.0 Dan ou menos seguimos o princípio introduzido pelo mes-
Hachidan Preta ou vermelha tre Kawaishi no judô. Esta mudança se deve em razão
9.0 Dan de diferenciar os degraus subsequentes trazendo satis-
Kyudan Preta ou vermelha fação imediata ao debutante e para dar maior e justo
10.0 Dan valor ao l.º e 2.° Kyus. No karatê não há uma progra-
T·.idan
.! Preta ou vermelha mação para cada grau e cada clube em particular tem
sua própria programação. O principal é que o 1.° Kyu
deve conhecer todas as técnicas de base e os primeiros
outros possuidores de reais mentos não demonstram Katas podendo então lutar pelo 1.0 Dan. É aqui levado
mais que sua simplicidade. Os graus nada mais são a dois testes. Um de competição e um técnico. Aos
do que a afirmação dos- conhecimentos obtidos através maiores de 30 não é necessário a competição mas a
de uma prática constante. Eles são o caminho pelo parte técnica exigida e os assaltos convencionais são
qual passa o conhecimento do debutante à procura do dificílimos.
" espírito" . Através do l.º Dan o debutante consegue
a base pela qual construirá o edifício de seu progresso.
Com o 2.º Dan tornará sólida esta base. Ao obter o 3.0
Dan provará que .conhece todas as técnicas e Katas ine·
rentes ao seu curso. Com o 4. 0 Dan aperfeiçoará sua
técnica e estilo. Até esta fase muitos anos se passaram,
anos de estudo, lutas e vicissitudes. Mas também anos
de certeza e de meditação, anos de sinceridade e mo-
déstia em prol de uma direção traçada. Nesta fase che-
ga então a tentar galgar os degraus que levam ao ver-
dadeiro significado da arte marcial ou seja a união do
corpa e do espírito. A tstes homens excepcionais em
tudo é que são dados os graus mais elevados. O 5.0

54 - - 55
- Divide-se em duas partes: casaco curt<;> e calças. O
primeiro é bem mais curto que o do judô e é trespas-
sado na frente na altura do abdomen. As calças são em
forma de fole, para facilitar os movimentos e os gol-
pes dos pés. As mangas da jaqueta deixam a metade
inferior do antebraço nús, assim como as calças não
CAP1TULO III ultrapassam no sentido longitudinal a metade da altura
da tíbia. Notamos então que é uma veste especial, feita
para que jamais saia do lugar no transcorrer da aula.
A jaqueta é fechada na cintura por um cinto de 2 me-
O MATERIAL tros de comprimento e 4 centímetros de largura. As
cores diferem de acordo com o grau do praticante. Um
fator muito importante é a maneira pela qual usamos
O MATERIAL USADO PARA TREINAMENTO as vestes. Na colocação do cinto por exemplo ou na
maneira pela qual guardamos o Keikogi, demonstra·
mos nosso grau de dedicação e adiantame~to. Um
. Var~a muito de escola para escola e de estilo para cinto mal colocado dificulta os movimentos e atrapa·
esulo, nao se falando também das tendências e dos lha, pois ao se abrir nos obriga a parar o treino. Em
objetivos que tem cada praticante. Além do mais, pen- razão disto vamos orientar no uso de um, e na manu·
samos que o certo deve ser o mínimo de material pps- tenção do outro. Para atarmos bem o cinto é preciso
sível para que o praticante possa de fato se acostumar o seguinte:
a um tipo de luta na qual se usa exclusivamente as
mãos e o~ pés nús! ... Lembramos ainda, para aqueles 1) Passarmos o pano do lado esquerdo da jaqueta
que praticam em casa, não haver necessidade do ves- sobre o direito e colocarmos o centro do cinto
tu~r~o tradicional. Um simples "short" é o suficiente, contra o umbigo, deixando os lados penderem.
assim ~orno o espaço requer~do se limitará àquéle que
o praucante puder conseguir. - Mas como nossa in- 2) a) Pegarmos as duas pontas e passarmos em tor-
tenção é esclarecer, vamos começar falando do vestuá· no do dorso cruzando uma sobre a outra.
rio tradicional, como se fossemos praticar em um clube.
O Keikogi, mais conhecido pelos ocidentais como Ki- 2) b) Apertarmos o cinto, trazendo as pontas para
mono palavra não correta, é branco, feito de um tecido a frente, conservando nas mesmas um com-
l~ve, bem mais leve do que aquele empregado no judô, primento igual.
visco que não há o corpo a corpo. No entanto é bem
mais rijo, pois quando o movimenot é bem feito e 3) Atarmos então, não muito apertado o cinto colo-
com a força dosada, escuta-se um barulho significativo. cado inicialmente na frente do abdomen.

56 - - 57
4) Com uma laçada chata fazer o nó, posteriormente 4) Finalmente, enrolarmos e prendermos atado pelo
notando que as pontas devem conservar o mesmo cinto.
comprimento.

·~ • ~ •

M ~ ~ '
IJ
~
Visto este ponto, passemos para aqueles que se
observa no final do treinamento, ou seja, a maneira
de guardar o Keikogi ou melhor o Karategi, (vesti- Nosso equipamento deve estar sem pre limpo e
menta para a prática do kar~tê) Keikogi (vestimenta costurado. O desleixo .mostra quem somos e a finali-
para o treinamento). dade que nos dirige e nos impulsiona, se é forte ou
fraca. Se somos firmes ou meras ilusões em prol do
l) Dobrarmos a jaqueta e a calça. nada. Devemos ter o cuidado de não treinarmos usando
anéis, relógios ou mesmo estes adornos tão peculiares
2) Dobrarmos a calça ao comprido para diminuir as aos jovens de hoje. Isto poderia causar sérias injurias
costuras da encreperna para dentro. O mesmo a um colega de treino. Da mesma forma a higiene é
fazer com a jaqueta para diminuir as mangas pela fundamental. As unhas das mãos e dos pés, devem sem-
metade. pre estar cortadas curtas para se evitarem acidentes.
Visto esta parte, passaremos para o material, necessário
3) Agora dobrarmos a calçà em dois colocando-a so- como complemento ao condicionamento especial de
bre a jaqueta. mãos, pés, etc.

- 58 - - 59
Estes são: esteira no sentido da flecha, esta deve chocar-se
1) Tecido ou tela não rugosa. com o Mourão, produzindo um ruido sêco, an-
2) Makiwara. Esteira feita .de palh<1:. de arroz, enro- tes de voltar para frente.
lada e finamente trançada. - Serve para treinar 14) · Cilindro de ferro que é seguro pelo cabo para
com vigor os membros superiores e por esta ra- fazer movimentos que fortifiquem os braços.
zão é forrada por um tecido rugoso para evitar 15) S~co de Bater cheio de grãos de areia. Serve para
que se esfolem as mãos. golpes de pés diretos .e passadas ascendentes.
3) Makiwara em suspensão. O Makiwara é enrolado 16) Saco de bater cilíndrico, pendurado para golpes
e suspenso num cilindro de madeira no qual se de pés e saltos para as técnicas coordenadas de
praticam os golpes com as quinas das mãos e mão fechada e pés.
golpes de pés. O cilindro é pendurado pelos la-

·~I· t.i f. ~ ~-~


dos por cordas. Ele balança antes de receber o
golpe.
4) Feixes de varas de bambú, feitos com o intuito
de bater nos antebraços para fortificá-los.

~ ~ rtJW
5) Sandálias pesadas para tonificar as pernas.
6) Blocos pesados para tonificar os braços.
7) Halteres de 1 a 4 kilos.
8) Barra e discos num total de 60 k.

â'
9) Bastão de madeira q uadrado para o treino mus-
cular dos antebraços e abdomen.
10) Garrafão cheio de água ou areia feito para ser
seguro pelo gargalo pelos dedos, na intenção de
fortificar a força do punho.
11) Reéipiente contendo areia para treinar o pique
de mão e os golpes de mão fechada na vertical. Todo este material é necessário para aquele que
12) Para imaginar dois olhos usamos um pedaço de deseja especializar-se de "fato". t certo que o material
papelão ou madeira. Penduramos o mesmo à é dispendioso, mas com certa imaginação, podemos
altura da cabeça, visando os olhos com piques "criar" semelhantes, a preços irrisórios. Isto depende
de mão e outras técnicas, fazendo o aparelho da fantasia de cada um, e da vontade que o impulsiona.
oscilar antes do golpe. Mas, o que não deve faltar, e o que achamos primor-
13) Mourão - U~amos para fixar o Makinawa na dial é o Makiwara. Nele o noviço e o avançado deve
extremidade de uma ripa flexível. Este Mourão praticar diariamente e corrigir no espelho os movi-
é fixado ao solo do Dojo. Quando batemos na mentos. - O único material que na verdade não é tão

- 60 - - 61 -
indispensável é aquele usado para proteger o prati·
cante nas possíveis quedas cons:_que~tes dos. assaltos do ataque como veremos na continuação deste livro
deve estar a técnica e o grau de aproveitamento do
livres. Quanto ao fator espaço: nao ha necess1d~de d,e
aluno. Dizemos isto em vista de que num corpo a cor·
uma grande sala. Pelo contrário, para quem trema s?,
po, podemos usar a cabeça, as costas e a tíbia, mas para
um pequeno espaço é o suficiente, ~elhor mes".10 sena
isto devemos estar certos em fração de segundo de que
ao ar livre em terreno comum, logicamente mais perto
estas superfícies também duras, não sairão feridas no
da realidade de um verdadeiro combate. Como sabe-
ataque.
mos. nas salas não há o desnível comum existente nos
Como vemos as armas são múltiplas e as aplicações
terrenos comuns. Ao treinarmos nestes terrenos, somos também, principalmente se não nos esquecermos de
obrigados a usarmos com mais insistência nosso senso
que são insuspeitas como suficientes para o leigo.
de equilíbrio e mesmo coordena?º: fator~s que nos
auxiliarão a produzirmos uma tecmca mais apurada. o SE1KEN
- Aos que puderem treinar ao ar livre", recomenda-
mos com insistência os "campos" onde poderão - além Esta é a palavra certa para "mão fechada" de onde
de treinar com liberdade - aumentar a resistência deriva o meio mais eficiente e eficaz que podemos dar
orgânica. (Não esquecer de proteger os pés com em resposta a um ataque.
alpargatas). Conseguimos um verdadeiro Seiken, enrolando os
dedos um por um, comprimindo a massa contra a pal-
AS ARMAS DE QUEM PRATICA. OS MEIOS
.m a da mão. Todas são apertadas fortemente pelo dedo
DE USA·LAS E OS PONTOS QUE
p0legar dobrado contra as segundas falanges do indi·
CONSIDERAMOS VITAIS
cador e do médio. - Desta forma não devemos deixar
nem um vazio dentro da mão fechada, fazendo com que
Ao sermos atacados. devemos usar todos os meios ela forme um sólido e completo bloco, rião esquecendo
ao nosso alcance principalmente a infinidade de gol· de apertar bem o dedo mínimo, pois que é o meio
pesque podemos usar derivados de toda superfície dura fácil de ser ferido, quando não prestamos a atenção
que temos e não nos fixarmos unicamente nos golpes devida nesta técnica.
de mão fechada ou de pés, visto que de outras super- Devemos prestar atenção para a posição do punho
fícies também duras, podemos desferir golpes decisi- para que esta seja correta.
vos. pois sabemos que por intermédio de técnica, po- Quando esta é certa o osso da articulação ~cupa
demos liberar grande energia concentrada de qualquer uma posição exata podendo suportar choques violen-
parte de. nosso corpo. Sabemos que, se desferirmos tos sem perigo, pois que o dorso da mão fechada, pro-
golpes com as mãos, pés e mãos fechadas, ~~tamos ga· duz um ângulo com o dorso do antebraço e o eixo do
nhando em velocidade, ao passo que ao utilizarmos as mesmo passa entre as duas elevações do indicadoir e do
articulaçõds dos joelhos e cotovelos que estão m~i~ p~ó­ médio. É lógico que nesta posição podemos bater sobre
ximos do abdomen, ganhamos em força. Na utihzaçao faces duras sem correr o risco de fraturas.

- 62 - - 63
Para chegarmos a este ponto devemos treinar Golpe Reverso:
arduamente e diariamente no Makiwara, pois somente
assim podemos chegar a uma verdadeira mão fechada. Neste golpe . usamos o dorso . da mão fechada
Existem cinco modos de bater: (uraken ou riken) e notadamente os Kentos para des-
ferir golpes no rosto e· no plexo. Para maior perfeição
Golpe Direto: e impacto, devemos dobrar bem o punho para fazer
sobressair os Kentos. Devemos ter cuidado para não
É notadamente o mais utilizado pois é executado atacarmos com a totalidade do dorso da mão para não
com a mão fechada, batendo no alvo escolhido, somente a ferirmos em caso . de elementos muito sólidos.
as cabeças do segundo e terceiro metacarpo, (Kentos) (Des. 6).
bases do indicador e médio, e nunca com a totalidade
da superfície (des. 1 e 4). Quando treinarmos regu·
larmente · no "Mourão" ou Makiwara, desenvolve-
~- ~-=·····l-

*
mos suavemente duas protuberancias ou bolas, sobr~ 0 ···~\ .
a base dos citados metacarpos. Com· estas saliências • . @ i
duras é que usamos com mais insistência, ataques com
~0~-~
as mãos fechadas.
Notadamente. no Tsuki!
O golpe do Martelo de ferro. \ $ ~0 -\1!::F
Nada mais é do que um golpe desferido com a
mão fecliada, batendo com o lado do pequeno dedo ou
.
mínimo de cima par abaixo. (des. 2 = Tettsui).
O interessante é que se· conserv.armos a mão her-
··~
.e=--
meticamente fechada, poderemos fazer· desta um mar-
telo real, pois atacamos desta maneira a cabeça, os ~
~ .
flancos, os laterais, de cima para baixo e vice-versa,
assim como nos servirá de bloqueador contra as tíbias
e os braços que forem adversários nossos.
Golpe dado com a totalidade e poder das falanges. AS DERIVAÇõES
Podemos bater no queixo à altura do maxilar,
a$im como nas orelhas, usando a superfície intern~ l)' O golpe dado com uma falange. Neste golpe dei-
da mão fechada (Des. 3) heiken. O martelo feito com xamos sobressair uma falange enquanto a mão
o polegar. Batemos com o lado do polegar. Usamos se conserva fechada . . Neste golpé podemos deixar
este golpe, visando às ~êmporas ou o baixo ventre do sair o indicador ou o médip. (ippon ken e naka·
adversário dê baixo para cima. (Des. 5 URA-Tettsui). daka ken). Des. 7 e 8.

64 - - 65
Também conhecemos um mesmo golpe dado com ·usar somente a parte carnuda da me~ma. A parte
duas falanges o Nihon Ken. Pelo Tsuki podemos ata- que vai do punho até a base do dedo mínimo.
car o nariz, os lados e o plexo. Estas técnicas. também Se usarmos a outra parte em razão dos ossos, po-
são usadas para os pinçamemos e os esmagamentos por deremos sofrer fraturas ou entorses.
torção em razão dos centros nervosos. Já o golpe de sabre dado com o auxílio do pole-
Ao dobrarmos as primeiras falanges e os dedos gar, é um sabre reverso, ou interno que visa à face, os
comra a palma da 1não, estaremos formando o golpe flancos ou a região hipogástrica em um movimento
das quatro falanges ou. hiraken (Des. 9). - Se aumen- vertical de baixo para cima. O polegar fortemente do·
tarmos a articulação do polegar com a mesma superÜ· brado contra a palma, não deixa meios para insultos
cie, passaremos do hiraken para uma variação na qual nas articulações.
as ~rticulações falangeanas, ou melhor do metacarpo Batemos, usando a superfície obtida entre a base
das mesmas estão dobradas (Ryuto Ken). Des. 10. do polegar e a articulação da primeira falange do
A orientação dada sobre a forma do punho, ou indicador.
melhor sobre a posição do mesmo, é válida para todas (Haito - Ura Shuto des. 12)
as formas advindas da mão fechad~. O golpe reverso da mão (haishu). Este é dado
com o dorso da mão, visando ao plexo, o rosto, e serve
AMAO
de bloqueio a certo golpe de mão fechada.
O golpe dado com a quina da mão, ou melhor o Ha o golpe dado com a pane chata da mão, tanto
golpe que corta ou corcame para os leigos "cucelada" serve para ataque como para defesa. Neste golpe
é a mais conhecida resposta desta nobre arte. Só que (hirate) visamos àorelha ou o rosto. Daí partimos
há uma técnica especial, para que possamos usar a para uma variante na qual os dedos são redobrados· e
mão como uma verdadeira arma. Esta técnica consiste a mão forma um (Kumade) .Des. 14. Usamos esta
em manter em contato os dedos alongados sem muita variante nos golpes circulares (Uchi) e com o punho
pressão e fechar o dedo polegar dobrado contra o bor- bem dobrado nos diretos (Tsuki). Nesta última for-
do interno da mão. ma os amantes da briga de rua têm sua "escala". O
A mão fica sobre o eixo do ameoraço e o pu~ho Nukite ou pique de mãos, é um golpe dado com as
conserva-se firme e não dobrado. Notamos então que pontas dos dedos reunidos em suas extremidades. Re-
a mão aberta (Kaisho) poderá resulrar numa grande cuamos um pouco o dedo médio para trazê-lo ao nível
arma de ataque e defesa. dos outros e tornar o golpe mais perfeito.
As 5 maneiras de bater desta forma. A mão deve estar à altura do prolongamento do
1.ª) O sabre de mão. Neste golpe com o bordo exter· antebraço ou ligeiramente dobrada na altura das arti-
uo da mão (Shuto), (Des. 11) atacamos eis flan- culações metacarpo falangeanas. Podemos em golpe
cos, o pescoço do inimigo e também bloqueamos direto (Yohon-Nukite) atingir os olhos, plexo e gar-
certos ataques. Feitas ressalvas nos ataques de ganta (des. 15). Também existem mais duas formas
pernas. Ao usarmos a mão em sabre, devemos usadas para atacar os olhos, e o plexo: são o (ippon-

- 66 - 67
Nukite} com um dedo (des. 16), e o Nihon-Nukite Atacamos visando ao narii, hipogastro, queixo e
(des. 17). Neste kltimo a forqueta é formada pelo indi- defendemos bloqueando, etc.
cador-médio e anular auric~lar. ~stas ~écnicas para 2) O golpe com a parte de cima do punho, conheci-
terem vabr são necessárias perícia e destreza. do como (Kakuto ou Koken, des. 21) é utilizado
Podemos também atacar ou contra-atacar com a nos ataques reversos contra o queixo, maxilar e
mão em forma de goela de tigre, conservando os dedos axilas.
jun~os e dando à mão uma forma côncava (des. 18). 3) O golpe com ·a base do gume ou parte ·cortante
Desta maneira, visamos os flancos o pescoço, ata- da mão, é d~do com o punho fortemente dobrado
cando com a forquilha formada pelo ângulo do pol<:- e a mão conservando o mesmo · nível do antebra-
gar e do ind~cador (hirabasami, Koko ou Toho, ço. A mão forma a queixaêla do boi e nós ataca,
des. 18). mos nesta forma (Seiry,uto, des. 22} em golpes di-
Há também a forma de ataque conhecida como retos,· visando à face e o e·xterno, enql.!anto de
bico de águia. Neste, a mão forma aquela figura cima para baixo, visândo à clavícula em golpes
(Washide ou Keiko), des. 19, reunindo os dedos pelas ·indiretos como também em defesa.
Pontas. O golpe não é muito amplo pois visa a pontos A crista do galo (Keito, des. 23) nada mais é do·
minuciosos como a carotida, os olhos e as orelhas. que o punho dobrado na direção contrária do Seiryuto
e os ataq_ues são em .reverso ao rosto. ·
O PUNHO
A u~iliiação é a ·mesma que no Kakuto~
Ao usarmos o punho o uLilizamos em golpes secos O COTOVELO
e fortes, procurando pelos movimentos em golpe de
chicotada, à velocidade precisa para movimentos de Se os golpes são dados com perfeição, pouca força
pequena amplitude. é. necessária para tirarmos proveito do cotovelo. Os
Fazendo o movimento correto a velocidade neces- golpes dados com o mesmo são mais aconselhados no
sária é obtida. É preciso que se dê ao punho, mobi- corpo-a-corpo. Com a ponta do mesmo (apofise do
lidade e flexibilidade para que o mesmo se possa do- "Cubitus") podemos bater no rosto ,nos flancos, abdô-
brar fortemente e de modo fácil em cada direção exi- men, pl_exo, e nos · próprios ossos. Nos serve nos blo-
gida. O impulso para o impacto forte é formado pela queios contra os golpes de pés. Podemos bloquear
articulação pronunciada em todas as direções, disto atingindo a tíbia do adversário, produzindo-lhe gran-
resultando o fortalecimento do golpe que é obtido pela de dor (des. 24). Forma também um bloco sólido com
sequidão da flexão do punho, na direção do golpe. as partes musculares do braço de ambos os lados de si
São quatro as flexões: l} o golpe dado com a parte mesmo, vindo de um movimento circular do exterior
baixa da palma ou melhor a parte carnosa (Teisho para dentro. ·
ou Shotei). (Des. 20) dobrando o punho até um ângulo O ANTE-BRAÇO
para direita. Podemos usar esta arma em ataque e
defesa. Esta é uma parte usada principalmente para

- 68 - 69 -
/
. .
parar", e a mais usada numa lma no sentido de de- .
em vista de suas numerosas superfícies. De ·outo modo
fender. Por esta razão, recomendamos que todo o can-
o ataque contra o adversário pode ser sempre :vigoroso,
didato treine fortemente seus antebraços no sentido de
pois sua força advém do conjunto muscular da perna,
lhe dar força e musculatura. Como o bloqueio não é
que sem dúvida é maior que o do braço. Também
somente a interposição do antebraço ao ataque, mas
serve para bloquear. É preciso que em vista da grande
joga em ato contínuo uma trajetória direta em si, serve
massa muscular usada, treinemos com insistência a ve-
também como superfície de bater. Podemos bater com
locidade necessária para as técnicas empregadas.
a porção anterior do punho firmemente contra o braço
ou o pé do adversário. Três das suas faces são usadas: Podemos usar as seguintes superfícies:
a parte cortante interna do lado do polegar, a · parte l.ª) Des. 28. A parte carnosa do pé em forma de
cortante externa do lado do auricular (Nai-Wan, des. bola (Koshi, Josokutei, Chusoko) levantando fir-
26, e Gai-Wan, des. 27) e a parte chata que compre- memente os artelhos, formamos um bloco sólido
ende o osso do punho que não tem "gume" (hai-wan) de onde lançamos ataques vigorosos diretos
é mais usada para desviar golpes do que bloquear ou (Mae-Geri) e (Mawashi-Geri). A esta forma
parar. demos o nome de dente-de-tigre.
e Usamos também a planta do pé, fig. 29 (Teisoku).
Para golpes circulares fortes (Mikazuki-Geri). Na de-
fesa Teisoku ou ·Sokuto os usamos como bloqueio con-
tra golpes de pé i(Mikazuki-Geri-Uke) e Soutei-Osae-
Uke).
O calcanhar, fig. 30 (Kakato). Para o usarmos
dobramos firmemente o tornozelo e batemos, ou nos
golpes de pé para trás (Ushiro-Geri) e nas batidás para
trás (Ura-Mawashi). O peito do· pé ou (haisoku ou
ashikubi), des. 31, é utilizado da altura do tornozelo
aos dedos, num conjunto estendido na intenção de
bater em golpe direto na altura da região hipogástrica
(Kin-Geri) e em golpe circular, os flancos e a ca.beça
~
/!~
(Kubi-Mawashi-Geri).
A ponta dos artelhos,_ d~s. 32, (T sumasaki) ou
(ashi-Nukite), Há. uma técnica especial para juntar
ou reunir firmemente os três primeiros artelhos, forti-
OSP~S ficando-os para esta técnica. Este golpe é indicado
para bater no baixo ventre e o plexo em pique. Sendo .
Com o pé (ashi) podemos atacar e contra-atacar, assim, quando este golpe é mal dirigido e sua técnica

- 70' - 71

J
imperfeita, causa problemas dolorosos e entorses para
quem o executa.
· Já a parte cortante do pé, em gumes ou melhor
CAPÍTULO IV
o lado exterior (Sokuto, des: 33) é conhecida como
o "Sabre do ·pé". Usamos nos golpes cadenciados ou
"dançados" diretos (Yoko-Geri) e nos golpes de pé PRINCfPIOS
"esmagador" (Fumikomi) ou para fazer saltar a guar-
OS PRINC1PIOS Q~ FORMAM A BASE
da do inimigo. Devemos bater com a parte próxima
do calcanhar e não dos artelhos para não sofrermos
fraturas. Há uma irrealidade no aprendizado do karatê
O JOELHO em certos clubes ou academias nos dias de hoje. A
luta pela subsistência e o lado material do "negócio",
É uma arma extraordinária num corpo-a-corpo. desvirtuou o verdadeiro caminho do karaté,
Fig. 34, hitsui ou hiza). Em nossos dias o interesse primordial é aprender·
Aqui devemos obter o máximo no sentido de do- · a imitar o gesto e rudimentos da técnica em detri-
brar o mais possível a articulação, fazendo com que mento daquela parte inais profunda, e de fato difícil,
o calcanhar chegue o mais próximo possível da coxa. que leva todo aquele que se propõe a segui-la ao ver-
Se o adversário está inclinado, podemos atingí-lo ein dadeiro âmago deste esporte marcial. Nosso interesse
golpes diretos no baixo-ventre ou cabeça. E em golpes · é tão construtivo que voltamos a insistir em certas
circulares os flancos,_ ossos ou abdômen. partes "primordiais" em prejuízo da parte técnica,
tendo a certeza de que assim procedendo, estamos
J obrigando ao aficcionado que nos lê, a tomar conheci-
mento de verdades incontestes, mas desde há muito
abandonadas. Procedendo desta forma vamos nos
obrigar a, além de executarmos tal técnica, sabermos
o porque de seus mecanismos. Somente deste modo,
analisando os princíp~os de base é que poderemos nos
assenhorear .de todas as técnicas possíveis.
Assim o karaté, apareceu em toda a sua plenitu-
de e. nãó como uma mera ilusão, no caminho de cada.
apaixon_ado. É certo, pois, que sob esta orientação;
poderemos progredir nesta arte, conhecendo algumas
poucas técnicas, pois as outras serão assimiladas mais
tarde. Nos guiarmos por caminhos contrários, ou me-
.lhor aprendermos as técnicas sem conhecermos os seus

72 - 73
mecanismos é &oprarmos contra o vento. Será ..como vemos poder lançar em ·jogo toda esta .e.n ergia para
imitarmos certos gestos e mais tarde cairmos na' triste que possamos em tempo fulminante vencermos nosso
cralidade de nada ·havermos feito. Muitas vezes nas adversário. Ao conseguirmos jsto, e sempre ·m anten-
· ..aulas somente aprendemos por imitação um movimen- do em nosso espírito esta atitude, surpreenderemos
to que nos parece fácil, mas sobre sua. base pouco sabe- por vezes, adversários mais fortes que pela ignorân-
mos, pois mesmo com alguma explicação dada difi- . eia destes fatos, subestimam nossas condições.
cilmente o professor torna ao mesmo assunto. Sabemos ser difícil para o noviço desprender ener-
São nestas ocasiões que podemos avaliar um bom gia1 visto que, em momentos especiais ou em combate
professor. Foi, pois, pensando nestas dificuldades dos real, ela poderia vir à tona. É por esta razão que nas
alunos que nos propusemos a insistir na parte teóric.a "verdadeiras" salas de aula, se· imprime sempre uma
para que qualquer noviço possa dedicar-se com mais atmosfera de combate até a morte, coisa que para
interesse ao âmago do assunto. muitos pode parecer grosseria. É · através de uma
forma para muitos feroz, que executamos as técnicas
A ENERGIA QUE TODOS NóS POSSUIMOS para deste modo criarmos no aluno um estado espe-
E QUE POUCO SABEMOS APROVEITAR cial, pelo qual, a explosão da energia seja possível
através do conhecimento de Qma força latente. Sem
A natureza nos legou uma reserva · impressionante reunirmos a totalidade de~tes ílgrupamentos, em cada
de energia. Sendo que esta, com muitos desaparece ao técnica temos a certeza de que falharão todas as tenta-
fim de suas vidas, sem que seus portadores jamais . tivas, ainda que "sinceras".
tenham dado conta de sua existência. A grande maio- Visto esta parte, podemos compreender que sem
ria não usa mais do que a metade de sua energia dis- um aumento cónsiderável do volume muscular e da
ponível por não saber usá-la, e outros partidários dos r 1
resistência geral não será possível chegarmos a tudo
caminhos mais fáceis nem pensam sequer em usufruir aquilo que foi dito. Se treinarmos pelo lado correto,
de seus benefícios. A idéia que podemos dar da libe- não somente conseguiremos liberar nossa energia de
ração desta energia, é chegarmos a situações aflitivas reserva, como também criaremos um meio de nos
como em certos casos de perigo. pormos aptos pela resistência geral aumentada.
Sempre ·que alguém se encontra em situações
e
críticas, é capaz de ações atitudes que colocam per- REUNINDO NOSSA FOJtÇA
plexos a qualquer um. Poderíamos citar vários casos
de brigas, quando um ser fraco e pequeno vence adver- Ela é necessana para a energia que liberamos e
sários maiores e mais robustos. As maneiras impres- para que não haja ineficácia. Do . mesmo modo não
sionantes como certas pessoas têm feito ações heróicas terá proveito algum se utilizarmos nossa força ao
expondo as próprias vidas. São demonstrações de preço de um esforço especial, se não a sabemos utiHzar
energia liberada que deve sempre estar à disposição convenientemente. Para isto, pois, precisamos da téc-
de todo aquele que se dedica a esta arte marcial. De- nica. . É por esta razão que inúmeras vezes, uma força

- 74 - - 75
menor, mas ·bem utilizada, supera uma maior sem . trário nas posições, fazem perder o valor da·
orientação. São nestas ocasiões que podemos notar o força de reação. Ao darmos um golpe de pé, a
valor da técnica. Exemplo disto, são os mestres que perna de apoio deve estar sólida e o calcanhar
apesar dos anos de idade avançada, superam em com- bem chato conservando a base plantada firme-
bate pessoas no vigor ·da juventude. Sabemos que mente no solo. Nos golpes de pé onde existe o ·
sempre existem técnicas que podem evitar o choque salto e os pomos de apoio falham, é possível por
direto de força. É pr~_cjso. que sa'iba'mos que é huma- ação sincronizada do outro pé e braço a onda
namente impossíver ·a concentração da energia, sem de choque.
a técnica perfeita. Ao aprendermos quais os músculos
utilizados e sua ordem em cada movimento feito, A AÇAO DO ABDOMEM E DOS QUADRIS
aprenderemos também a golpear nas zonas onde a
concentração é máxima, insistindo, pois, na precisão Todas as artes orientais insistem em afirmar <JUe
necessária à ação. no abdômen está o centro vital do homem. No ponto
logo abaixo elo úmbigo -LOda a força tem a sua origem,
FORÇA DE REAÇAO
e nós a conhecemos sob o nome de " Tanclen" ou
Ao produzirmos uma ação, sabemos que advirá "Saika-Tanden". E para obtermos eficácia é neces-
uma · reação. No caso dos golpes também, sendo sobre sário termos consciência deste pomo. É forçoso, pois,
este ponto que trataremos agora por demonstrações constrüirmos uina cintura forte, pois um abdômen
simples, para que todos possamos analisar o ~ssunto forte é o centro de gravidade (da) pane (inferior) elo
sem grande dificuldade. No momento do impacto do corpo ele onde se desenvolve a estabilidade. Indusi·
golpe, o corpo deve formar um bloco completo para ve lega ao praticante uma reserva de força bem maior
devolver na mesma direção o movimento feito pelo do que aquela que os músculos do peito e dos braços
choque e não somente encaixá-10. Haverá um efeito podem dar.
primordial e o movimento para frente, unir-se-á ao Devemos dar atenção para antes de cáda rnovi-
golpe, fortalecendo-o mais ainda. Desta forma a onda memo, contrairmos os músculos do abdômen que na
produzida não atingirá o cérebro do praticante. A verdade são lentos neste aspecto. Tanto os golpes de
utilização destas forças são realizadas da seguinte forma: mão fechada e de pés serão mais poderosos. Neste
1.ª) A retirada veloz e sincronizada da mão fechada caso os quadris participa1-ão do movimento, seja por
que não bate na direção contrária do golpe. translação retilínea ou por rotação sobre o lugar. Para
Chamamos de (hikite). E não devemos esque- nós é mais importante dar o golpe com o " ventre" é
cer que este movimento deve ser feito com a com o auxílio dos braços ou das pernas. Isto para
mesma força do golpe, e o corpo deve estar imó- que vejamos a importância da questão: batermos sem
vel no momento do impacto. o auxílio_do abdômen sei-á desperdiçarmos uma das
2.ª) A solidez das posições de apoio que foram obti- nossas mais verdadeiras possibilidades. No bom pro-
das, são fatores fundamentais. Os ~sos em con- fessor de karaté, notamos que seu abdômen é forte,

76 77
formando a uniao perfeita da parte superior e infe-
rior do corpo, fazendo com que uma participe do mo- A. duração de tempo .de contração, depende do semi
vimento da outra com facilidade. Desta forma, ele do dado ao Kime. Nas nossas dúvidas, nos guíará o
tem a solidez necessária e quando se desloca, dá a im- professor, .mas convém que saibamos que melhor se
·pressão de se deslocar ao nível do solo cão solidamente aprende na prática do "pele a pele" feito com um
se encontra plantado. Devemos manter a parte infe- companheirô. Ao se alt~rnarem os tempos, estes dão
rior do abdômen (hara) em constante tensão e prati- ao karatê sua maneira sincopada de ser, . produzindo
car a respiração abdominal, forçando a mesma para o cansaço muscular e nervoso.
baixo. As dificuldades possíveis no início tendem a Há também aois pontos importantes a serem
desaparecer com a prática. Além do mais, uma cintu- esclarecidos: aqueles · nos quais a descontração é feita
ra abdominal bem desenvolvida, nos auxilia a manter antes e naquela feita ·tai-diamerite.
a saúde geral, e não deixa as vísceras saírem do lugar, Logo ao ser feita a descontração no início elo
fazendo com que os órgãos não desçam. movimento, este é freiado. De outro modo se é feito
muito rarde, o impacto se produz antes da mão fecha-
CONTRAÇAO E DESCONTRAÇAO da ou ·pé, estarem cm posição de força. Ao ser feito
muito depressa o golpe não é apoiado e a força não
Assim que o impacto tem fim, um certo relaxa- penetra o corpo do adversário. Aos poucos vamos
mento advém, pois o corpo não pode estar sempre tendo mais direção e antevemos "sinais" o que pre-
·tenso. Certos músculos ficam sob ligeira tensão pres- tende ser o verdadeiro domínio do corpo nesta arte.
tes a agir a mínima solicitação do espírito. No mo-
mento de aplicarmos um golpe, devemos concentrar A RESPIRAÇAO
os músculos totalmente, mas com brev.idade, pois
<1uanto mais curco o tempo de contração, mais. pode-
Todos nós sabemos que, quando inspiramos não
roso será o choque. Caso a tensão continue, será difí-
podemos fazer uma ação forte de ataque ou defesa,
cil dispormos da mesma para outra ação qualquer,
pois os músculos se descontraem, ao passo que, pa-
visto que o corpo se torna cansado, sendo difícil man-
rando a inspiração ou ao · expirarmos, os músculos
ter o equilíbrio necessário para encadear outro mo-
vimento subseqüeme. Deve, pois, sempre existir uma podem se contrair.
total, mas breve contração anerente ao golpe, que ao Os músculos passam então -pela força, e pela
mesmo tempo faz o papel de "freio" imobilizando o fraqueza, dependendo do tempo respiratório. Para
corpo. darmos uma idéia, diremos que se deve atacar quando
Apesar de tudo que foi dito até aqui, haverá os pulmões estiverem cheios; a respiração e a contra-
casos em que ao não compreenderem tudo aqui expli- ção devem ser éurtas. No' momento do impacto do
cado, falharão as intenções e o praticante não poderá golpe há uma curta para1a da respiração para facili-
usar sua força nos golpes, guardando-a para si mesmo. tar a contração abdominal seguindo então a respira·
ção· i:otal, lenta. Sendo possível, poderemos respirar
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não voltarmos a lembrar da importância dada ao abdo-
curta ou longamente, dependendo da situação. Càso mem nas artes marciais. A meta que visamos na res-
contrário devemos fazê-lo em seguida para podermos piração especial é podermos contar sempre com uma
passar para outro movimento. reserva de oxigênio nos pulmões o que conseguiremos
se aprendermos a utilizar 2/3 de nossa capacidade. O
Aos poucos vamos ganhando sincronização entre
que conseguiremos com isto no sentido de benefícios
ação e respiração, sendo que no momento que isto for
especiais? É óbvio, que ao conseguirmos alcançar este ·
conseguido, cansaremos menos e treinaremos mais ...
Os mais velhos na arte, não ficam sem respirar. Varia objetivo fundamental, poderemos nos esforçar mais por
a energia de indivíduo para indivíduo, mas nunca um período maior de têmpo, havendo menor cansaço.
termina de um todo. Logo a onda escoada não é total. A tensão diminui e a nossa produção mental é incre·
Não devemos, jamais, deixa~ nosso adversáriÔ saber mentada. Finalmente o nosso corpo depois de ter sido
em que ato respiratório estamos para não sofrermos submetido a um esforço, pode se recuperar mais rapi-
ataques inconvenientes cm caso de estarmos a demons- damente. Como praticar?
trar a respiração. Não devemos, pois, ofegar. Respi- '
remos com o ventre, assim as espáduas não se move- Fiquemos de pé tendo a nossa musculatura bem
rão e nosso adversário nada notará. descontraída. Nossos braços ficam em frente do corpo.
Des. a-l. Ao tempo que estiramos nossos braços
De outro modo o ato respiratório deve ser segui- para cima e para trás, levando também nossa cabeça no
do de um breve grito, com o qual perturbaremos o mesmo sentido, devemos inspirar profundame~te pelo
estado de espírito do adversário, sendo também, neces· nariz, alargando assim nossa caixa (Des. a-2 e a-3).
sário para facilitar a explosão de energia. Podendo Após, prendendo a respiração, dobramo-nos para frente,
ser o Kiai, que também pode ser silencioso, é mais . tendo as mãos sobre o abdomem, forçando de maneira
um estado psicológico. Na realidade é o estado inter- figurada o ar dos pulmões para baixo. É preciso que
no enorme que preside · a execução deste, ou o Kensci, a tensão seja sentida pelos musculos do abdomem. Para
que nada .mais é que uma express~o violenta de uma que compreendamos melhor esta parte, vamos nos so-
terisão men~a.l. O grito deve intervir em cada impac- correr na fisiologia. Quando inspiramos, o ar reti~o
ta, para fac1htar a concentração, saindo vigorosameme nos pulmões, força o diafragma para baixo que por sua
do Tanden, e das cordas vocais. Um grito breve, não vez força o estômago. Resulta daí uma pressão nos
um ?rro cômico que e~n lugar de impor respeito músculos do abdomen, que se libertados de tensão se
faz nr. Quando bem feito, canaliza e dosa o fluxo expandem. Isto não deve suceder. Ao se .contraírem
de energia vital de todo o corpo. produzem o auxílio de pressão no ato expiratório. Ini-
ciando daí, pademos soltar o ar pela boca e expirar
ALGO SOBRE A RESPIRAÇAO
por completo ou reter aqueles 2/3. Após, voltemos ao
ponto de partida. Este tipo de respiração que poremos
. A maneira de respirarmos é importante no Karatê, em prática no Kiai, deve ser treinado em todas· as po-
d~v1do a fatores psicológicos e fisiológicos, isto par;l

81
80
s1çoes. A ma.neira de controlar: Ex. de l /3. Inspire e ramos profundamente. Lõgo, nos preparamos para um
solte 1/3. Após inspire contando até 10, inspire e ex- estado de ganho energético. Pela inspiração alimen-
pire com rapidez não permitindo que saia mais de 1/3. tamos. melhor nosso sangue pelo oxigênio o que nos
Após dominar esta técnica, faça o mesmo com 1/ 2 e facultará um acréscimo. De outro modo, certas glân-
2/ 3 de ar. Cuidado, não pratique demais para não dulas são acionadas, em princípio àquelas que estimu-
cansar.
lam o coração, predispondo de imediato nosso sistema
nervoso central para um trabalho específico. Na fase
do impulso, a ação é posta em evidência, enquanto
expiramos com força. Nesta fase podemos acompanhar
este ato, por um grito, pelo s!lencio, etc. Todo o con-
trole que pomos neste ato, favorece uma força maior;
a ação. Se nos utilizamos do grito, poderemos descon-
certar e desorientar o nosso oponente, assim como ga·
nhamos mais coragem. Pelo treino podemos concen-
crar a energia onde desejamos. Logo, pela interação
física e mental que leve a energia para pontos especiais
de nosso corpo chegaremos lá. Mais tarde nós vere-
mos as incríveis reservas de energia que possuímos sem
nos apercebermos de sua existência. Pelo poder do
grito, podemos aumentar nossa auto-confiança. Lem-
O porque do Kiai: bramos que qualquer tipo de grito pode ser usado.
Podemas usar a sílaba Ki sonorizada com leveza e pro-
Há casos de seres especiais, que pelo poder do seu jetar poder na silaba Ai. Outros sons podem ser usa-
Kiai, chegam a matar até insetos. O Kiai, por incrível dos. (TA, IÁÁ, etc.). Ambos os Kiai (sonoro e mudo)
que possa parecer, é usado mesmo por rudimentos em devem ser utilízados durante o treino. O mudo é aquele
certas ocasiões sem que nos apercebamos. Isto veremos no qual usamos o "huh" e deve ser utilizado para
no decorrer deste livro. O Kiai nada mais é do que Forma e Rotinas. O Kiai sonoro deve ser utilizado
um meio de nos prepararmos para a ação, usando duas em golpes de mão, pés e em competições. Devemos
fases distintas que são o retesamento e o impulso. Na praticar o nosso Kiai, e isto podemos fazer das seguintes
primeira contraímos os musculos abdominais · e inspi- maneiras.

82 83
l - Fiquemos de pé. Subitamente damos um grito. / /
Isto nos fará notar e sentir a tensão dos musculos
do abdomem. Após, façamos isto com socos e pon- (
ta-pés, e veremos a diferença que há entre ' um
soco ou ponta-pé sem o Kiai. Quantos de nós,
nã() vimos por vezes alguém se assustar com um
grito? O medo a ruídos é um instinto normal no
homem. Sendo assim, podemos levar certa van-
tagem se conseguirmos desgovernar totalmente o
conjunto de reações físicas e mentais normais.
Finalizando, vamos esclarecer uma maneira de
avaliarmos o nosso uso. elo Kiai.
5

~ 3 - Posição Des. a-5.


j( Ao primeiro sinal nosso, o colega dá um soco de
leve em nosso abdomem. Em seguida soltamos o

/\l
. ~ 4

2 - Fiquemos na posição. Des. a-3. Logo damos um


passo para trás e ficamos em guarda como no 6
Des. a-4. Inspiramos com profundidade e con-
traimos os músculos do abdomen. Parando por
segundos, des_ferimos um soco, soltando um grito
a um só tempo.

84 - 85
muito agudo de combate. É preciso, pois, treinos
Kiai. No dia que suportarmos socos mais fones, longos e árduos para que possamos conseguir aquele
podemos nos valer dos ponta-pés que do mesmo
sentido. Sabemos também que qualquer erro pode
modo começarão de maneira fraca ou leve.
ser definitivo, e em vista disto, necessitamos de par-
ALGO A RESPEITO DOS REFLEXOS
ticipação mental intensa, e por este motivo, o esp;írito
pode se conservar com mais vivacidade por mais tempo
que um simples reflexo.
Um exemplo digno ue menção e que pode dar
uma idéia de reflexos, sení a maneira pela _q ual nos
defendemos de um ataque ao erguermos o braço ou
colocarmos a perna na freme. Logo os reflexo~ são
reações inconscientes a um estímulo visual ou mesmo
audicivo. A lógica seria conseguirmos não deixai
atrasar a defesa na hora do araquc recebido. E são
aqueles reflexos que devem ser aprimorados e posros
em prática para que nunca chegue uma defesa atra-
sada. Pelo treino consecutivo e perfeito podemos che-
gar a automatização necessária, para fazermos do refle-
xo uma verdadeira arma de dupla função. Um ~er
com pouco reflexo pode ser facilmente enganado. Por
isto o espíriro deve tomar pane na resposta.
Sabemos que ele domina e comanda os reflexos
e por esta razão devemos ter em mente a união ela
ação do e.arpo e do espírito, sem o que não haverá a
verdadeira arte. Deste modo devemos treinar os refle-
xos primários e tentar ultrapassá-los. Esta, pois, será
uma das metas principais que nos levará ao domínio
e.oral de uma técnica e de um estado de espírito supe-
rior. Por meio de combates não reais, portamo mais
a tempo e precisos, fazemos com que nos delenda-
mos nos limites do "perigo". Deste modo são mais
precisos., e, mais limitados ficamos, à medida que estes
ataques se tornem de maior precisão e adversos. Aqui,
pois, não há mais a preparação e cudo é feito direto e
tão rápido como o pensamento. Mas nada disto se
faz sem uma seriedade total nos treinos e um sentido

86 87
põe o Atemi (ate: golpé - mi: corpo), que ~ de tirar
fora de combate o adversário, fazem parte inúmeras
condições na técnica de bater:
CAP1.TULO V
l.º) Como vimos anteriormente em capítulo espe·
cial, podemos utilizar um verdadeiro arsenal
ATEM! que é o nosso corpo humano. Sendo que estas
armas são naturais!
CONCENTRAÇÃO E ESPfRITO 2.º) Batermos com qualquer superfície pequena
para concentrarmos a energia liberada pelo cor·
A BATIDA PODEROSA po no sentido de um ponto por nós atacado,
sendo o efeito maior no impacto.
Todos nós sabemos que a meta primordial no 3.º) Sabemos que a velocidade da massa em movi-
acaque do karatê é vencer o adversário. Mas_ venc~r mento aumenta, proporcionalmente, a força
rapidamente. Logo o golpe deve ser cerco e nao mais desenvolvida -na hora do choque e por isto apren-
do que um. É esta a diferença entre o go~pe d_? kara· demos a bater com velocidade máxima. Da
tê (atemi) e o de outras• lutas. E nesta suuaçao ~ro· mesma forma aprendemos que a massa é bem
curamos causar uma lesão interna. Sabemos que mmtos menos importante do que a velocidade.
nos chamarão de vários significados pelas exteriori- 4.º) Aprendemos a visua~iz~r com prec~s~o e PoSSi·
zações acima ditas, mas se não o fizessemos, estaría· bitidade os pontos v1ta1s do adversa~·10 qt~e ~os
mos enganando quem nos lê, pois antes de tudo esta parecem vulneráveis ao menos que isto se1a un-
é uma arte de guerra. Somente desta maneira, ou me- possível, o impacto será rápido. Mesmo com a
lhor, com esta mentalidade de combater pela vida é adversidade, podemos bater em qualquer parte
que alguns conseguirão aquele estado de espírito pad- obtendo os mesmos resultados em vista de um
fico, pois terão ultrapassado o estado primário comum treinamento profundo e bem organizado.
ao noviço e trilharão o caminho do kàratê ·verdadeiro, 5.º) Batemos com o todo de nosso corpo, participan·
onde. o amor pelo adversário, a bondade e a compre- do do ato e não somente os membros em espe·
ensão, tomam o lugar da vontade de ferir ou matar. cial. Rejeitamos a onda de volta, provocada p~lo
Nada disso conseguiremos se não tivermos passado
impacto, forçando-a de volta .P:u-3 o adve~no.
pelas provas físicas cruéis · do início, que ·nos fizeram Mais poderíamos falar se qu1sessem?s nos .focar
(por nós mesmos) ver, sentir e julgar nossas atitudt;~ em outros atemis que existem e variam, sep na
subseqüentes e nossos caminhos a trilhar. Esta artf! maneira de bater ou no Ponto visado. Aquele que
não é o final de tudo, mas, um meio para melhorar. é percucianter salta após o impacto. Ou aquele
E como pa~ tudo é necessário aprendizado e técnica,
outro que penetra e desequilibra. Em cada golpe
para o Atemi, ou melhor, para o alvo ao qual se pro· do corpo devemos ter a impressão de ser a úmca

88 89
maneira de vencermos e nele devemos pôr toda todos os atos brutais partem de seres encolerizacios,
a nossa reserva de energia. Devemos, mesmo, devido a grandes estados de excitação.
criar aquela imagem, à qual é a última chance Esta arte bem praúcada faz com que a calma ne-
que temos para vencer. Procedendo assim, che- cessária tome seu lugar, para que a confiança possa
garemos a produzir aquela energia física e men- nos dar aquele controle indispensável.
tal peculiar aos que praticam a "verdadeira arte" Nossa atitude será sempre calma, sem demonstra:-
ª mínima intenção. Assim agindo, faremos com que
Concluímos, pois, que sem nossa dedicação e, nosso adversário passe a refletir suas próprias inten-
antes de tudo, o espírito em função desta arte somente ções. O nervosismo tolhe nossa instintividade e per-
sofreremos sérias desilusões e o karatê, por nós prati- cepção. Logo, isto não é recomendável. Devemos.
cado, não passará de meros movimentos feitos no pois, estarmos sempre preparados, mas, sempre cons-
sentido do nada. cientes de que não estamos preparados de todo para
que possamos, não esperando nada, esperarmos tudo
A CONCENTRAÇAO MENTAL E O e reagirmos no instante ·exato e de modo preciso. Será,
SEU PRóPRIO DOMlNIO pois, este estado de espírito que devemos tremar em
A calma e a serenidade devem ser conservadas todos os Katas e assaltos, principalmente, naqueles de
por todos, em qualquer momento. Devemos ser na ação pura e não refletida. .
verdade os verdadeiros mestres de nós mesmos, sem Nossa .intenÇão j;u::iais se deve fixar em qualquer
o que não possuiremos aquela atitude de frieza tão ponto de n-:-sso oponente !Jara que· não ofereçamo
necessária em combate. Nossos sentimentos, assim nossos pensu.1entos. Não devemos também fixar seus
como nossas reaçôes, devem ser por nós dominados olhos, pois, ele também poderia ler os nossos. O me-
para não nos traírem em momentos delicados demais. lhor será olharmos fixo a base do nariz, mas olharmos
Ao conservarmos nossa serenidade não devemos dei- naturalmente, tentando penetrarmos fundo em seu
xar que nenhuma atitude ou gesto especial nos desvie espírito, como se estivéssemos lendo suas intenções
a atenção do momento, para que nosso oponente não com olhos internos. Somente assim, poderemos um
tenha chance alguma de nos estudar ou adivinhar dia ler os pensamentos de nossos adversários antes mes-
nossa ime~ção. O nervosismo, a ansiedade, e, quem mo de ter começado o cómbate. Dizem os japoneses
sabe, a ex1tação e a falta de consciência para o mo- que devemos ter o espírito como a Lua (Tsuki-No-
mento certo do ataque, faz com que transpareça um Kokoro), que tudo clareia igualmente e com difusão.
estado de ansiedade e nervosismo, podendo, assim,
al'ltes mesmo da luta, perdermos grande parte de nos- DEVE O ESP1RITO ADORMECER?
~as :V~rdadeiras chances. A cólera aumenta a força do
md1v1duo, mas este perde a coordenação, tornando-se Nãol Mas pelo contráriÓ deve sempre estar alerta
presa fácil para o adversário calmo e confiante. Tam· com toda a sua faculdade receptiva apesar da passi-
bém sabemos que :i cólera não leva a nada e quase vidâde. Esta vigilância deye aparecer mesmo nas

91
90
horas em que não exista u·m perigo aparente, conser· ser possível desde que o espirito se mantenha calmo,
vando sua lucidez nas horas de ação. alerta e as reações rier".'.osas sejam ideais. Nesta técni-
Lembramos mais uma vez que um segundo de ca, então, atacamos assim que o ataque do adversário
falha pode nos le'var à derrota. Quando o espírito toma forma e também no limite do qual ele possa
está agitado, estes momentos podem servir ao adver- atacar.
sário para: responder com precisão. Sendo assim, n
e~pírito deve estar sempre em estado de alerta, sem VONTADE E AÇAO
mesmo nada esperar. Desta forma, mesmo que este-
jamos sendo atacados, ele guarda a iniciativa, e no mo·
mento oportuno, poderemos aproveitar a guarda A vontade deve intervir sempre que possível. Não
adversa para atacar. deve resignar-se a captar um ataque ou contra-ataque.
Mas deve estar pronta para reagir em segundos, se-
l) A aparente defesa nada passa de exteriorização, guindo aquela percepção falada, para atacar mesmo
pois a iniciativa o espírito a guarda e conserva. sem que o adversário possa reagir. Deve haver um
Explicaremos três formas de iniciativas. A pri· meio comum entre a vontade de ação e a própria ação.
meira forma ou Sen, seria executarmos uma téc· É , pois, no Kime que podemos notar esta unida·
nica antes de sermos atacados no intuito de ven- de de ação entre corpo e espírito. Toda a técnica cio
cermos logo. Poderia dar resultados numa briga Kime deve estar presente em cada ação. No Kime
real onde o adversário fosse portador <laqueias cada parte de nós mesmos deve tomar parte, e por
fraquezas das quais falamos. Mas como esta arte causa disto ele é breve, mas intenso. O Kime é por
é defensiva e não ofensiva, não seria de grande toda a explosão de energia física e mental coroada
proveito em compçtições esportivas. no Kensei.
Ele participa de t0do final de cada movimento.
2) O oposto de uma iniciativa: (Go-No-Sen ou Ato· É, pois, esta ação final que não é mais do que a união
No-Sen) ou melhor, a iniciativa cm defesa. Esta das ações físicas e mentais que intervêm conjunta·
seria possível ao engajarmos um ataque adverso, mente no momento do impacto que penetra no i:orpo
respondendo por técnicas especiais. do adversário.

E finalmente a terceira técnica de iniciativa dt.


ataque que seria a Iniciativa sobre Iniciativa (Sen· O VALOR DA TÉCNICA E J;>O ESPlRITO
No-Sen). Esta de todas é a melhor e a superior, por·
que demonstra o alto grau mental do praticante. Para
alguém perceber o momento exato da intenção do Pelo. que vimos daquilo que foi dito até aqui,
ataque e a forma do mesmo é necessário um estado podemos com sinceridade dizer que não sabemos pre-
de espírito superior. E para os incrédulos, afirmamos cisamente qual o mais importante. Podemos isto sim,

- 92 - - 93
deixar bem claro que se nos dedicarmos em razão úni- les que "tudo dá ce::to" e cheios de suficiência. Para
ca da técnica nada mais teremos que um karatê <le estes, as coisas que para um homem sincero e conhe-
restritas possibilidades, ao passo que se nos fixarmos cedor parecem difíceis, se tornam fáceis e simples.
na parte mental, estaremos nos afastando da outra São os conhecidos como realizados e perfeiros na arte.
parte importante também, em vista desta arte não ser É este egocentrismo superior infelizmente e aumen-
um meio para aperfeiçoarmos unicamente nosso espí- tado pela irradiação natural que existe no karatê. É
rito e aumentarmos nosso nível intelectual. É claro triste citarmos tais exemplos, mas somente assim, po-
que o certo será a união insolúvel de ambas as partes demos chegar àqueles ·'poucos" que podemos citar
em função do equilíbrio necessário. Este equilíbrio como re~Jizados e possuidores daquela paz espiritual
dependerá, outrossim, da pedagogia do professor cm e equilíbrio. São, pois, alguns que chegam à esta
não deixar que uma parte seja esquecida em função fase suprema e saem mais enriquecidos espiritualmen-
da outra. te. É destes que desejamos falar com since1idade e
Logo, isto será uma questão de dosagem e de afeição. Destes que pelo estudo profundo conseguem
procura em cada aluno nos lados mental e intelectual. enxergar um mundo a seu próprio modo, visto de um
Em todo o caso se qualquer um de nós em função da lado mais profundo e humano, mais sincero e digni-
pressa nos conformarmos com uma visão global e rápi- ficante. Não nos fixaremos, jamais, naqueles que se
da, mas pouco benéfica à personalidade, o aspect0 dizendo possuidores do seu próprio domínjo, se apro-
mental não será de todo perdido. Mas em compensa- veitam de certas técnicas para enganar os leigos, pois
ção podemos lembrar da euforia e emoção daqueles não conseguem melhorar a si próprios sobre aqueles
que iniciam e ·de seus sonhos por ouvirem falar dos que são reais e que pela paixão procuram penetrar
feitos do sobrenatural, da invulnerabilidade que ihcs no âmago da arte à procura daquele segredo que existe
daria poder, força mental, e além do mais, daquela além do ataque e da defesa.
auréola de misticismo que envolve de maneira um
São pois, a estes homens reservados os domínios
tanto irreal, tudo que diz respeito a esta arte. E no da arte, para eles cheios de pureza e animados por uma
entanto, quantos castelos desmoronam e quantos so-
vontade inquebrantáYel e uma convicção grandiosa.
nhos se ·tornam ilusões, se pensarmos no grande núme-
Para estes que chegam ao fim pensando ser o princí-
ro de desiludidos e descrentes após alguns anos de
pio voltando ao "saber tudo, sem nada saber".
prática.
Muitos têm a técnica, mas falham em seu domí- E aquele domínio a que nos referimos acima e
nio sem saber porque. Chegaram perto do verdadeiro que tantos chamam de segredo, nada mais é que nos
domínio e se perguntannos a falha, teremos a resposta conhecermos à nós mesmos profundamente, sermos
quem sabe na falta de perseverança e na pouca ped3.- humildes e sinceros para alcançannos a verdadeira
gogia do professor que falhou na orientação do ver- união do corpo e espíriro, caminho para todas as coi-
dadeiro caminho. De outra parte, podemos citar sas dignas. Muitos se enganam quando pensam pos-
aqueles que tudo pensam fazer com perfeição. Aque- suir este "estado especial". Muitas vezes uma técnica

94 - 95 -
perfeita leva muitos a este raciocm10 ilógico de have- Dizemos que um elemento dotado de certa força,
rem chegado àquela união tão procurada. pode em Shuto-Uchi, de cima para baixo quebrar cer-
Seria o caso daqueles que vivem demonstrando tas coisas. Já em Tsuki onde as mãos fechadas e pu-
sua arte de quebrar coisas sem existir outra meta nhos, devem ser sólidos, a dificuldade aparece. Mas
senão aquela da vaidade pessoal. Estes testes são ne- não são destes que desejamos fa lar, mas sim daqueles
cessários e pensamos que todos elevem fazer o possí- que sabem que o adversário não é' um corpo inerte e
vel para treinar e procurar a perfeição, pois eles de- fixo, mas que se agita, se esqui\'a. se move. Naqueles
monstram, não resta dúvida, uma técnica perfeita na que praticam a arte de quebrar cm Gyaku-Zuki, Mae-
força conseguida no Atemi. Os mestres japoneses Geri, Yoko-Geri, etc. Desejamos lembrar àqueles que
faziam estas demonstrações para demonstrarem a for- forçam contra as adversidades em busca da perfeição.
ça conseguida, pois lhes era impossível (como o é) Que fariam os farsantes ao encontrarem a madeira
fazerem demonstrações com um parceiro. Hoje, che- úmida, nodosa e fibrosa? E se estas se movessem? São
gamos ao ridículo de assistirmos por qualquer motivo, estes fatores que nos levam a crer que a eficácia é rela-
a grande maioria viver quebrando elementos em de- tiva a tudo. Quando um praticante de pequeno porte
trimemo do verdadeiro karatê. Nos tempos do karatê e não corpulento, faz. o mesmo que outro de igual co-
de Funakoshi o Shiwari (Kake-Dameshi) faziam pane nhecimento, mas d,e maior corpo, demonstr a que algo
da rotina, pois não havia nada além do Kihon e dos mais aconteceu. ·
Katas, como forma de treinamento. Como prática o Não somence a técnica que é a base para este
Shiwari é ótimo e como teste é de uma eficácia indis- caso, é perfeita e esc;í presente, como também o espí-
pensável. rito, as.sim formando um só estado, melhorando a téc-
Todos aevemos praticá-lo buscando aprimora- nica e provendo-a de melhores efeitos. Houve a ten-
I?ento, pois ele faz com que não sejamos cão conven- são física e mental dirigida num mesmo sentido, mais
cidos na aparência e· nos faz sentir o quamo devemos a explosão da energia, fruto da concentração, todos
ser sinceros com nós mesmos. Todos devemos prati- fatores resultances <la união do corpo e espírito. Isto
car a técnica de quebrar, principalrpente, quando é tão certo e impressionamc que uma "minoria" pode
chegamos ao ponto de quebrar tábuas suspensas e não quebrar grandes dememos e fazer demonstrações incrí-
seguras pelos colegas. t mais difícil. Dizendo isto veis sem que suas mãos sejam deformadas. Aí pois,
queremos mostrar que o Shiwari não deve subir as está a verdade do espírito nesta arte. E a verdade
culminâncias do ridículo, mas ser o cunho de mais emerge mais tonificante quando vemos tais mestres
uma técnica conseguida na procura daquilo que na dizerem que isto "não é um fim mas um meio''. t
verdade é a essência da ane. Aqueles que pensam o notável observarmos a serenidade que os circunda,
contrário, longe estão do caminho que leva ao karatê. tornar vitalidade em combate.
É necessário lembrar àqueles que pobremente e sem Possuidores daquele "estado" cão procurado,
técnica precisa, fazem a triste figura, quebrando coi- esquivam e contra-atacam de uma maneira tão impres-
sas cm pró! de um orgulho doentio e hipócrita. sionante, como impressionante é a maneira pela qual

96 - 97
sabem o momento do ataque antes mesmo de ser uu- condições de vida atual será puro engano, pensarmos
ciado. Isto desconcerta qualquer adversário, pois o chegar a um estádo de elevação.. Isto seria possível se
fazem de uma maneira " única" . São dotados de uma dispusessemos de tempo integral para nos entregarmos
força mental tremenda que os torna de uma eficácia de corpo e ali:na a esta conquista. Mas mesmo que não
notável. Logo o karatê por eles praticado é diferente sejamos aque.le em mil, poderemos nos consolar se o
daquele no qual outros buscam a fama e a vaidade. fizermos bem feito, de chegarmos a uma .idade avan-
Falando assim, estamos tentando alertar. Mostrando çada gozando. da mais perfeita saúde, força e vivaci-
que o verdadeiro karatê, somente se alcança fixado na dade, somente conseguida pela PI"?-tica desta arte. Prà-
pa~iência e pelas mãos de verdadeiro professor, que tiquemo~ pois, mas sem tentar ultrapassar os obstáculos
onente e esclareça. Ao verdadeiro mestre, devemos com pressa· pois as decepções virão. Devemo nos guiar
enll:egar nossas aspirações sem restrição alguma e na direção do certo que será juntarmos os elementos
ou vir seus conselhos sem admoestações, mas tornan- corporais, os aspectos .técnicos, unindo aos mesmos a
do-os como direção na estrada pura e maravilhosa parte espiritual. Ao corpo devemos dar musculatura,·
desta arte. pois sem a ·mesma o gesto não terá significação. Logo
Ao po~mos nossa alma e nossa vontade sem nos visaremos nesta preparação, desenvolver a velocidade,
preocuparmos com o t.empo, e do fundo de nossos sen- o descanso, a resistência e a força. Darmos ao nosso cor-
tirnemos nos tornamos hu~nildes, chegaremos lá! po educação física apropriada, corrigindo os defeitos.
. No J apão há três " estados" pelos quais o verda- Estudarmos com amor todos os elementos que dizem
de ~ ro .aluno chega ao cume do "estado" principal. O respeito a técnica. Ver no Kihon e no Katas a formação
pnme1ro ou "Gim", onde o aluno deve aprender.tudo. ·e a iniciação, primando pela perfeição.
O segundo ou " Ha" , no qual o aluno obteve tudo do No decorrer -dos exercícios, lutemos contra a fa-
mestre e por causa deste, chegou a seu nível, surgindo diga e conheçamos o sofrimento para orientar nosso
daí uma união indelevel. A terceira e última o " li" na espírito a uma força de disciplina. Observemos, para
qual o aluno se separa do mestre e parte para ensinar que conheçamos nossas reações a_ estas nossas obser-
sua própria concepção, assim chegando a ser um Mes- vações deverão ir até·ao limite de nossas vidas normais
tre! A verdade é não querer pu~ar de uma para outra, e não somente na sala de aula. Aprendamos a concen-
tentando chegar onde chegou urna minoria absoluta de trar aos poucos nossas forças físicas e mentais na direção
homens. Homens que passaram anos de suas vidas pa- de uma nova e verdadeira disciplina de vida. Lembre-
· ra. compreenderem que o espírito que os anima não mos sempre que para alcançarmos àquele estado espe-
e:c1ste para lhes dar outra coisa que vãs satisfações, mas cial é necessário que nossos corações sejam limpos e
sun, aquelas pelas quais lutaram a longo de suas vidas. puros e não tenhamos preocupações que nos atormen·
~ara chegarmos a compreender isto, não é preciso pra- tam, sabedores certos de que nada disto pode ser ·mo-
uc~rmos o karatê; seria ridículo pretendermos isto. Ele
dificado. - Jamais devemos em detrimento de · outra
se.na um dos meios, entre tantos outros. Mas, quando parte, dedicarmo-nos a uma em especial. Logo, corpo,
ha a vontade, podemos tentar, mesmo sabendo que nas técnica e espírito são indissolúveis, para quem almeja

98 99
o verdadeiro karacê. É ceno que uma das partes em
detrimento de outra não pode levar ao rodo.
Se não fizermos a união sincera destas partes, esta-
/ germina na concepção de tantos outros, pois são fir-
mes em dizer que o espírito, e só ele, participa da "rea·
lidade" superior a todas as coisas. Mas o que diremos
remos roubando de nós mesmos o prazer de conhecer- das doutrinas que se baseiam sobre o sentimento e a
mos uma verdadeira arte marcial. intuição?
No homem há a pesquisa e procura pela beaci·
tude, mas esta é freiada pela sua própria ignorância,
ONDE ESTA O ABSOLUTO? derivada das imposições ao longo de sua vida. É por
esta razão que fica impossibilitado de conhecer sua
própria alma. Em nossos próprios corações existe uma
Nos preocupamos em falar sobre o domínio do centelha divina com a qual podemos conviver e nos
espírito, para auxiliarmos na pesquisa e para responder comunicar, realizando assim uma identidade tal, c1ue
àqueles que nos acompanham e desejam de coração chamaríamos Deus ou Realidade Suprema. No mun·
ultrapassar a fase do karatê somente técnica, cm busca do a diferença não é aquela que aparenta mas alt:m
do karatê verdade. Não resta a menor dúvida para nós, desta aparência, podemos realizar a união com o Prin-
que esta arte é mais do que uma simples técnica em cípio, pois este é o lado digno da vida. Conseguiremos
função do combate ou uma arte modernizada, tram> o absoluto alcançando aquele '.'estado" além da cons·
formada em esporte. E para isto conhecemos e temos ciência, derivado de uma intensa procura na escala
o testemunho dos grandes mestres, sobre a · natureza da evolutiva da vida. E nesta tentativa espiritiual, por
procura espiritual e a verdade da união do corpo vezes há o desprendimento deste mundo, num impul-
e espírito. - Poderíamos então perguntar onde se en- so em direção à verdadeira Realidade. - Por esta ra-
contra este caminho tão procurado nas artes militares? zão devemos lutar para unirmos nosso corpo a nosso
Para muitos que se fixam na técnica pode não parecer espírito, onde na verdade habita esre dualismo de
que exista uma relação entre a procura de um mundo base para que possamos nos libertar e chegarmos à
mais elevado e a nobreza desta arte. Deus. Logo, o corpo não é uma barreira para o espírito
Por esta e outras razões, somos obrigados a escla- mas uma ajuda para a vida espiritual. Temos então
recer, para não nos afastarmos do cssenciiil. Sabemos o estado do homem universal ou trascendente? - Por
que a raça humana, na sua maioria, procura uma forma que então a união do corpo e espírito interessaria ao
religiosa ao longo de suas vidas, por crerem que somen- homem? Porque na verdade, somente assim veria um
te após a morte é que irão para o Paraíso. Seria uma mundo diferente em todo seu esplendor. Sem dúvidas
forma de compensar por ''direções" aqui na cerra, com- e suspeitas _onde finalmente ele É e vive com pleni-
pensações após a morte. Uma forma de preparar ca- tude, pois encontrou dentro de si a parcela ínfima do
minho para depois da vida, enquanto aqui na terra sopro que anima o Universo, obtendo para si aquele
nada mais há que fazer. - Há também a crença de estado tão procurado _de equilíbrio e bondade. - " Eu
que o corpo é inferior ao espírito, porque é perecível passeava só em meu jardim, quando subitamente to·

100 101
mei consciência que a terra e o céu emravam em vi· rito o homem pode con~eguir sua liberação das con-
bração. Da terra surgia um vapor dourado que ao me tingências terrestres e ·· da cadeia de transmigração
tocar fazia meu corpo ficar leve e ligeiro. Podia com- (MOKSHA e SAMS_4\RA).
preender os pássaros e contem~lativo pus-me a sonda~ Identificando-se com ATMAN, (o Seu pelo Meu
os designios da Divindade Criadora do Cosmos. Foi superficial) e com BR~HMAN (o. Absoluto)•."No
nesta ocasião que tive a revelação que na fonte das · mundo não ·há diversidade, quem a possue vai de
artes marciais está o amor da Divindade". (Mestre morte em morte". E isto se resume numa ·frase só:
Ueshiba) criador do Aikido, hoje com 97 anos, dos T ÀT T AM ASI: (Tu És Isso). Desta ·maneira libe·
yuais, inúmeros dedicados a uma vida m_ística. ~ ape- ra-se . definitivamente. No hinduismo há diversas esco-
sar do que para muitos possa parecer, amda ho1e na- ·las para conseguirmos a liberação; as ~anas da
quela idade demonstra o "ser" excepcional que é. yoga não ·passam de uma. ~ela concentraçao~ e pela
Por esta experiência mística podemos chegar ao "Por- ascese. pela retração dos sentidos e pela ate~çao, toda
cal estreito", pelo "Caminho de retorno a pátria ce- a atividade mental é dirigida sobre um ob1eto exte·
leste". É certo que não há um só caminho, mas diver- rior, fazendo esquecer tudo mais. Em seguida. a aten-
sos que ao final se reunirão. Assim sendo o karatê,
ção tende para objetos cada vez meno~;s •.ate q~e o
demonstra ser um dos caminhos, quem sabe um dos objeto desaparece dó cam,po da consciencia, deixan-
melhores, mas não o único. E se nos voltarmos para o do-a finalmente só ~ pura. .
misticismo veremos que a "procura" da Verdade não . O ·Yoga pode ser . um liberto vivo por· consegu:ir
pertence a uma só religião ou a uma só prática ~spe· a ·união e o. êxtase (Samadhi), pois encontrou o meio
cial. É sabido que as religiões separam o exoterismo de se libertar das ifüsões (Maya) da ignorância que lhe
da verdade interior reservada a seus iniciados. A reli- tolhiam a Realidade Absoh~ta. No Budismo o Meu
gião hebraica, conhece a união com a Divindade (DE- .nãQ é ·mais ilusão: e estradas diversas provisórias de
VEKUTH) através do êxtase. AL-HALLAJ um gran- influências possíveis· de se trocarem. Não há mais que
de místico, foi executado por haver pronunciado a um ser (BRAHMAN). Assim sendo, "T'!' .és Isso" e
frase "Eu sou a verdade". E isto a séculos passados. respeitares a ilusão de seres uma pessoa distinta, c~rto
Exprimiria com esta frase a sua união ao ALLAH. da realidade de um amanhã, ainda qu~ escondido.
O Islamismo procura na grande Paz (ES-SAKINAH) Todos . os monges Budistas aquiecem os ditam~s d?
um estado de pureza infantil e simplicidade que con- Nirvana, mas podem eles mesmos se w:narem ilum1·
duz a um estado de extinção do "meu" sob a forma nados (Bouddhas) preocupando-se umcamente com
de uma revelação de essência divina. Deus pois, está sua saúde. Podem ficar também no estado de antes
em nós mesmos. Etas são palavras de Cristo, e se che-
iluminação Boddisattuas, renunciando por t~mpo o
garmos ao Alcorão veremos também que em certo tre- Nirvana (Paraíso) dedicando-se a saúde al.he:_a. Para
cho está escrito que "Deus está mais próx_imo do ho- atingir o Nirvana devem reprccurar a extinçao total
mem que sua veia no pescoço". Nos velhos poemas das paixões e desejos fonte de todos OS· males. - T~m­
Upanishads, podemos saber, como, pelo estado de espí· bém chegamos ao mesmo estado de coisas na Chma

102 103
onde o nome dado para o Princípio é Ta.o; uma fonte etc.. A palavra Zenna, · é uma tradução japonesa
se manifestou irreconhecível e oculta, bem antes do da palavra sanscrita Dhyan~ q u~ significa concent~a­
conhecimento do Céu e da Terra. Logo o Tao é a or- ção e meditação sem um objeto mtelectual. Este_ prm·
dem do mundo. O homem, por nosso mundo não ser cípio de inicio sedutor, não ganhou vulto no Ocidente
Real, deve realizar a união com o Princípio pela intui- em vista do caminho a ser seguido, estar afastado da
ção, ultrapassando as ilusões. No Taiki, o Tao é repre· lógica e da parte intelectual. LÇ>go é uma maneira ou
sentado por um círculo rodeando a força negativa Y in uma arte de nos vermos em Natura claramente, con·
e a força positiva Yang, cada qual contendo algo da seguindo nos libertar de todas as entraves que nos
outra, pois ambas não são fundamentalmente distin- impedem a união corpo·espírito. Libera pois, as ener·
tas entre si. Desta forma advém uma harmonia -per- gias que em nós estão acumuladas e desviadas de seus
feita entre o iniciante e o mundo. Mas a estrada para propósitos normais. Por este princípio coneguirem~s
chegar ao "transcendente" é cheia de espinhos. Para o "terceiro olho" do Budismo, aquele que nos auxi-
tanto é uecessário se libertar de todas as convenções liará a descobrir o c;lomínio que encobre nossa pró·
e seguir o "Caminho da Natureza" e o princípio do pria ignorância. Quand? a isto ch~garn~os,. sem d~v~­
Wu-Wei. - Para nós ocidentais, torna-se difícil o da as nuvens que cobriam nossa 1gnorancia se d1ss1-
Taoismo, pois para sermos perfeitos deveríamos ser parão, e um céu infinito aparecerá, nos fazendo ver
eremitas, viver nas montanhas. pela primeira yez aquilo que somos. Aprenderemos
que a vida é urria graça infinita e que a devemos supo~­
Depois de nos referirmos superficialmente sobre tar com sinceridade, sem lamentações e sem pess1·
a parte espiritual daquele lado do mundo, vamos pe- mismo, chegaremos lá, se conseguirmos aqu~la ilu-
netrar na filosofia Zen, parte esta tão peculiar às artes minação intuitiva obtida principalmente pela medita-
marciais e ao próprio espírito do povo japonês, que até ção tendente a nos libertar de todos os desejos e ao
hoje sofre a influência do Bttshido, código de honra fim do qual não teremos necessidade de meditar. Che·
dos Samurais, no qual se encontra o princípio Zen. garemos quem sabe à contemplação, às peregrinações
Quando dissemos filosofia, quisemos dizer que por difíceis e aos atos mais corren.tes da vida nos encre-
não acreditarem em Deus e na imortalidade da alma gando inteiramente.
se torna difícil pensarmos em religião. Quando muito Como notamos é complexo chegarmos a uma
poderia ser uma "religião não religiosa". Apesar de expÜcação do Zen pelos raciocillios e pelas palavras.
tudo, a finalidade é a mesma das outras, ou seja a li- Ele indica o caminho da verdade e nega todo o diálogo
bertação do homem de tudo que o impede de ver de intermeio, restando pois a experiência direta e
"claro" dentro de si mesmo, pelo avanço do dualismo intuitiva. Se pensarmos em palavras, nada mais tere-
aparente corpo - espírito. O Budismo Zen como dis- mos que uma imagem abstrata da realidade. Elas por
semos anteriormente, tomou vulto no Japão (Sec. vezes nos levam a erros, pois são insuficiemes e de certo
XII). e em todas as mínimas coisas podemos hotar sua modo podem nos desviar o espírito. São simbolos que
influência. Nas artes marciais, no chá, no teatro "NO" exprimem a criação subjetiva de nosso espírito, pois

104 - 105
cocla a imagem não passa de ilusão. Jamais nos deve- possa perturbar o espírito e não deixá-lo perceber
mos colocar à procura da última realidade para fora qualquer coisa que dele se apro~im~. ?u _me~hor, to·
da qual nada existe. Nada há com as possibilidades das as ig_ipressões diferentes. e propnas a vida. ~º?º o
de nossa mente. alvo do Zen é dar ao espírito a Mental Sup~rfic1al e
Ela deve nos coloc_ar em condição de conseguir- a Mental Original (USHIN e MUSHIN). O vazio,
mos um estado receptivo de consciência eterna, capaz não aparece coroo algo estéril mas positivo em si;
de estabelecer contacco direto e intuitivo com a rea· pois o espírito livre de tudo que o prejudica, está
!idade. Logo, csce estado de alerta pennanente apa· pronto para perceber a mínima percepção. Deste mo-
rece na maioria das vezes após uma longa prática por do pode receber uma revelação rapidamente e não
vezes penosa. Este estado de ilumina~cão é conseguido conseguida em tempo normal. Tudo emão, torna-se
após uma disciplina entre corpo e espírito, resultando " claro".
a almejada paz interior jumo ao equilíbrio espiritual. Assim o bem e o mal são distinções ·sem impor-
Poderemos então ver um mundo difereme, sem na tância, como o sagrado e profano além de desviarem
verdade sermos santos. Àquele que chegar a este esta· o espírito. Somente importa o vazio A.bsoluto, e nele
cio. poderá ver o verdadeiro lugar do homem neste wdo é Um! Este ·estado especial de iluminação pode
mundo, · e, é esta condição que iaz com que cada ato ser provocada por cercas técnicas que mesmo não
desce ser através dos tempos, seja marcado pelo cunho sendo indispensáveis são necessárias. Temos então os
prodigioso. diálogos entre mestre e discípulo (Mondas) e são nes·
Para chegarmos ao mais íntimo de nosso ser, de- tas perguntas e respostas que se modifica~ os ~odos
vemos esquecer a noção de nosso ""Meu"' pessoal, de- tradicionais de pensar pelo alteramento ate chegarmos
vendo ultrapassar o estado do pensamento ordinário a ruptura onde se produz a "tomada de consciência".
e dualista, rejeitando a lógica e a discussão para poder· Produzimos aqui um meio dele se agitar e o levamos
mos reencomrar nosso espírito na sua perfeição de até o Koan. As duas são técnicas· dirigidas para pro·
origem, que nos permitirá coca,r a Realidade. A con- vocar no espírito a faísca - · que está pronta - que
tradição entre a Razão e o irracional é abolida e no poderá fazer manifestar-se· o pensamento e libercar o
mon:ento de estabelecermos este pomo, as palavras são dualismo aparente ·que o paralisa.
insuficiemes para sua descrição. Como seria possível O espírito é colocado num estado de atenção
chegarmos àquele estado? Por dois caminhos: o pri· sem alvo determinado e deste modo o som emitido no
mciro ~eria um estado de grande receptividatje do devido tempo é· suficiente para fazê-lo vibrar. Algo
espírito = não agitar. E a segunda àquela do vazio. interior aumenta o mínimo som percebido, pois para
Com a primeira queremos dizer não agitar o corpo o espírito tem uma ressonância insuspeita. I sto pode
ou o espíriLo para que não seja impossível capear qual· ·parecer simples para quero não participa da percep·
quer impressãc por mínima que seja que nos possa ção. Mas tudo na vida é assim. E assim é a verdade que
levar a Revelação; sendo que por '·vazioºº emendemos está diante de nós e não a vemos por não estarmos em
a lnaneira pela qual devemos nos ~ibenar de tudo que estado de receptividade. Logo é impossível para o

106 107
professor ensinar. O máximo que pode é orientar para A PARTE ·TEóRICA
que descubramos por nós mesmos, já que a Verdade
é inacessível e inexprimível ao profano, e que dela O karatê não é mais do que um dos caminhos
não podemos falar a não ser por símbolos. entre tantos existentes no Budo, e além deste. Desde
Desta forma o mestre não ensina o segredo, mas logo somos contrários às disputas tão mesquinhas que
tenta pelos símbolos e pelo meio espiritual, abrir ca- não levam a nada. A maneira de certos mestres" res-
minho para a compreensão. O Zen chega ao âmago de ponderem que Zen e karatê é a mesma coisa não leva
todos os místicos. E por não ser original e não ter mais a esclarecer a dúvida dos alunos. É claro que eles não
que palavras mutantes ele não se propõe a ser o único podem exprimir melhor aquilo que sentem com canta
caminho para a liberação ou uma só religião. pr-ecisão.
São seres que chegaram ao Dominio estabelecen-
ZEN E KARATE do o ponto preciso. E desta necessidade veemente <le
esclarecer, nos vamos valer das palavras como meio.
L ogo, vemos onde uma realidade também sutil, E. partindo daí, centaremos esclerecer a respeito do
pode ser aprisionada pelas palavras e isso procuram vazio do espírico; como conciliar o não memal com a
todos os interessados por caminhos paralelos e pro- vomade de bater com a vontade sem mais nada? Onde
põem a seus adeptos as artes do Budo. encontrar a serenidade de alma, se wdo o espírico
Visam por outros caminhos o mesmo que os mís- volta-se concentrado para o alvo? E se temos que reu-
ticos e teólogos. É lógico que o karatê é na essência nir nossa energia onde pade ficar a calma? Dentre
um meio de combater que pode nos levar àquela " Por- estas dúvidas, precisamos identificar o karatê e o Zeu.
ta Estreita". Ela não nos chega como um meio sem Para àqueles que se iniciam, o karacê pode ser uma
firn,, que abandonamos assim que a intenção é obtida. direção para àquele estado especial pregado pelo Zen.
Esta poderia ser a razão, se estivessemas à procura só Sendo que os métodos propostos pelo Zen, entre eles
do absoluto. Quem sabe seria a melhor forma de con- o karatê, são meios diferentes de encontrarmos o "Ser
seguirmos pelos padrões de hoje. Então o alvo só, te- Verdadeiro".
ria importância. E pelo caminho melhorariam a saúde O Karacê vem a ser uma manifestação deste estado
e nos enriqueceríamos pela saúde e pelas demais qua- interior pelo domínio que chega pelos caminhos da 1:
lidades que um treino duro é capaz de proporcionar, pesquisa ou procura. Nesta forma é então parte do
pois é sabido que um praticante jamais deixa de uti- Zen· e este é do Karatê somente no momento preciso
lizar par toda sua vida a força física e mental adqui- no qual o ato espiritual toma parte. - Sendo o Karatê
rida com tanta perseverança e vontade. Mais tarde, um veículo pelo qual podemos. chegar a preparação
isto, quem sabe se esquece e a volta à procura estará da união corpo-espír~to, condição única para chegar-
em tensão novamente, e aquilo conseguido na época mos a uma verdade tão próxima de nós mas que não
da luta pelo "caminho" não será mais que instantes percebemos, falha por utilizar uma outra imagem so-
passados e apreciados no seu justo valor. bre o mesmo comprimento da onda. O corpo pais,

108 109
deve conseguir a perfeição técnica e entregar-se ao corpo são domina-!0s ficando disponíveis. Deve então
domínio total em cada célula e fibra. Assim poderá chegar a um estado superior. O Karatê pais, não é
correr ao chamado. Esta é a parte mais visada na aula unicamente um meio de treinar mas uma tomada de
em detrimento de posição em condição do espírito. consciência visando nosso âmago.
Aqui há um "double" aspecto. Faz com que toda a Ele faz tudo esquecer e deixar fundir aquilo que
.energia mental entre na ação. Consegue a mobiliza- é natural. Nesta fase não pensamos mais na técnica e
ção do corpo, e a reunião em fração de segundo de nem podemos querer, pais a própria vontade se torna
suas faculdades mentais etc. É um dos mais notáveis obstáculo neste úlúmo estado. É como se fosse um ser
métodos para chegarmos à concentração mental, dei- prestes a tudo e a nada. É uma eterna atenção sem um
xando fundir-se um elemento natural saído <lo incons- ponto certo, mas de perpétua tensão. Neste panto,
ciente, o instinto da conservação. Somente em caso corpo e espírito estão unidos pela perfeição e a onda
de perigo ele morre o espírito como o corpo se con- do elemento espiritual está prestes a escoar com graça
centram ao extremo reunindo todos os recursos possí- a primeira solicitação. Isto durante o combate é posto
veis. - Nada além disso nos parece mais importante a prova, p9is a centelha pode jorrar e dar ao homem
para que usemos codos os nossos meios. O alvo para uma eficácia inconcebível. Tudo isto se realiza na
esse treino do espírito é dominar o influxo nervoso, ação e sua perfeição é uma consequência perfeita.
c.lomestiC<\I' seu espírito, e usá-lo quando quiser. lan- O mestre pode por sua atividade mental incons·
çando.o Lodo num momento preciso, não deixando ciente antever os movimentos do adversário, tornan·
para além desta tensão uma fração sequer de nosso ser. do-o fácil presa. As respostas partem precisas e os
E esta tensão é total, pois nos faz pensar no resultado golpes sem hesitação alguma, pois nada os detém. Sã~
"certo" com uma tremenda confiança. Mas só esta mais rápidos do que deveriam ser e partem naturais
vontade não chega, esta força mental deve fundir-se e eficazes, sendo que o espíriw não precisa ditar a
à velocidade do relâmpago, sair com ímpeto no ins- ordem, porque esta impulsão parte dele mesmo, do
tante da concepção do estímulo. Nada deve deter, nem Saika-Tanden. Também o motor do homem não é
a inibição e nem a reflexão. São precisos pois dois mais seu cérebro, mas sim seu ventre; e aqui fica a
estados de espírito, adquiridos paralelamente e trei· sua grande densidade e onde o dualismo fundamental
nadas com intensidade para que possamos usar um e pode transformar. Conseguiram os Orientais redes-
outro na medida do exigido. Este ourro fator é a va· cobrir a passibilidade de uma existência mais equili-
cuidade mental, onde o espírito deve estar livre e não brada na sua plenitude, colocando a incuição além da
deve se concentrar para avançar sobre a ação. Nem se razão. Para eles toda a arte para ser exata deve partir
fixar em pontos precisos, pois pode se confundir se do ventre. O homem então alcança o domínio, che·
este pomo se move. Só um mental liberto fica dispo· gando a ser um ser completo, não sendo só um ser
nível a qualquer momento e nos permite perceber a pensante, mas sim união corpo e espírito. O mestre
impulsão física e mental mais débil do adversário. é certo e perfeito, pois nele não há a perturbação e
(MIZU-NO-KOKORO) . Aos poucos o espírito e o não "pensa antes de agir". Seu espírito é livre, mo·

110 111
ve-se, não se fixando em pontos preciso aJgtur; ; e por para chegannos àquele "estado especial". Foi o veículo
estas razões que é diferente do aluno. Ele vem da pelo qual 2queles seres especiais chegaram a se co·
mesma tensão, só que mais fone, ponando, um andar nhecer a si mesmos, conhecendo pois, um mundo me"
ligeiro e flexível, sem no entanto denotar amsa~o. lhor e verdadeiro tão incompreendido para o homem
Por este estado de coisas especiais, ou melhor, por comum. Podemos ainda, dizer que toda a tentativa
este "estado" especi~l. a técnica como o espírito, dife- que faz o homem para se elevar, merece respeito e
rem daquelas dos principiantes que são tolhidas· de admiração se lembrarmos que a meca do caminho
suas funções "especiais", pela apreensão. Entretanto desemboca sobre o mesmo mundo. Tudo então é
este estado pode levar a fatores perigosos, pois a apreen- urna função ele seu estado e nesta situação ele é obri-
são física e mental pode interferir por fatores diver- gado a compor. Como vemos. podem os caminhos
sos no escoamento da energia vital. Sendo que um sen:m opostos, com'o ·o são os do karatê e do budismo
deles,_seria pela consequência, ter que ultrapassar um na busca daquele estado superior. Em um, vemos a
estado de inércia. Pelo que vimos até aqui, este seria violência e no outro a calma, mas na realidade con-
o grande segredo das artes marciais. Segredo este que vergem.
bem poucos conseguem obter, a não ser aqueles dot.a- Resia: no exato e no sentido comum, o "vaúo
dos de uma tremenda força de vontade e renúncia, do espírito··. As téoúcas podem rnriar e como sabe-
que por estes fatores, ficam bem do outro lado daque- mos, podem ser pelo combate, pela meditação -:: até
les de pouca vontade e dos simples espectadores. po1· qualquer acomecimemo comum e.la \'ida humana.
Lembramos que tudo aquilo que for aprendido que lc,·aria a provocar o ''deslumbrame1110 final".
neste livro, tornará realidade, pois tanto a aquisição Concluindo, poderíamos d izer, filosoficamente, que
da técnica· como o domínio do espírito subsistem e desde que a meta foi atingida, poderíamos até esque-
criam raízes no inconsciente. Mas então se chegar- cer o nome do meio pelo qual chegamos ao alvo. E
mos lá, poderemos encomrar nossa verdadeira natu- como diz :\nkashiwa Ton, o último estado da ativi-
reza, ou melhor, a primeira, e nossa simplicidade dt· dade é a inali,·idadc, e o da pala\Ta é o silêncio, e se
origem. Tornaremos a sinceridade da infância, con- a obra pela qual nos propqmos chegou ao fim, pode-
servando 110 entanto, nossa força, técnica e inteligên- mos descansar em paz e desce momento em diante
cia que agrupados produzirão frutos para uma dire- não mais seremos o homem comum, mas aquele
ção de conduta melhor. E quando então poderemo~ ··cranscendental".
abandonar uma ane militar? A velhice não seria um
obstáculo? Sobre o segundo ponto não precisamos
dialoga_r, pois, são inúmeros os casos de nonagenários
que ainda praticam as artes no Japão. Mas quanto à
primeira, podemos dizer que desde o momento que
alguém chegue àquele ··estado especial", pode aban-
donar a arte! Esta não é mais que um meio pela ação

112 113
é consegu1cta pelo seu desenvolvimento no decorr~ de
aulas sucessivas e prática intensa. Treinando dest-.
maneira, podemos, assim que quisermos, reunir todas
as nossas forças físicas e psíqµicas, não deixando que
nada se dissipe, pois. pela "inação" ou inércia total,
CAP1TULO VI procuraremos a paz interior. Assim sendo, aprendé·
remos a usar todas as nossas forças mentais por nós
dispersadas, sem que nos apercebamos. Canalizaremos·
A PRATICA estas forças pela atenção, transformando-as numa uni-
dade energética de poder impressionante, usando-a
COMO PRATICAR onde melhor nos aprouver. Por isto recomendamos o
repouso na posição "ZAZEM", na qual nos concentn·
Seria de nossa parte uma grande presunção se mos procurando evitar a dispersá? inental tão peculiar
acredicassemos poder ditar todas as orientações e ensi- à nossa vida diária. Aos poucos ~amos passando pelas
nar LOdos os meios para que alguém pudesse chegar etapas que se sucedem nesta arte, ·e na medida C.!Ue
àquele pomo espec;ial. de clesperta,r seu inconsciente. vamos assimilando elementos que nos ensinam a dire·
É preciso que se saiba que este estado especial, apesar ção da meta, esta arte, se tornará cada vez mais emo·
ele codos os aspectos das artes marciais, depende no seu cionante ao longo de nossos dias, tornando-se um modo
codo, do grande esforço que pusermos na procura de vida. Isto não quer dize~ que devemos pra:icá-la
sincera daquele "caminho tão especial" ,"-sabedores\ de durante todo o dia, nos esqúecendo daqueles fatores
que àquela procura na verdade é coisa toda pessoal. imperativos a nossas vidas. Não! Mas queremos <lizer
E mais íntima e particular se torna do momento no que tornar-se-~ tão "fiel seii caminho", que sempre
qual um de seus domínios for por nós conseguido. estaremos lembrando de sua direção nos mínimos atos
É evidente que o nosso propósito não é outro senão de nossas vidas. Os desígnios estarão presentes em
aquele de esclarecer e interceder em favor deste ou nossas vidas sem no entanto, nos levarem à obsessão.
daquele ponto, quem sabe deixado ao abandono por Pois, ela nos impediria de sermos livres, para sermos
aqueles que " ensinam". Em especial iremos insistir disponíveis a todo o instante. Nem sermos obsessivos
naquela parte " espiritual" que na verdade é o "cami- pelo desejo do triunfo a todo custo ou pelo medo de
nho" do karatê arte. Seria necessário que nos dedi- encontrarmos a derrota.
cassemos por vezes a aulas de meditação, de retiro, Não devemos jamais perder o caminho, mas pos·
não só pensando na educação do corpo e naquilo que suí-lo tranqüilamente, sem obsessões que perturbam
lhe concerne. É preciso, pois que se faça justamente e nada mais. Devemos, no entanto, começar por edu·
com a preparação do corpo, àquela do espírito. Ele c:a rmos nosso espírito a uma disciplina e procurarmos
se agita de seu não-mental, de onde partirá para ques- nos sentir bem, deixando de lado as dúvidas dos
tões mais intrínsecas. Sabemos que a vontade na ação "'porquês" e qual o alvo que atingimos. É preciso

114 - 115
que compreendamos que esta iluminação do Zen na De início será difícl conseguirmos isto, mas com
é coisa que se obtém por dádiva, mas sim, um trato insistência chegaremos ao ponto, pois a paz é um dos
de fidelidade que só o tempo da constância nos levará alvos que devemos conseguir atingir em nosso cami-
a ela. Ao cempo devemos unir todas as nossas forças nho. Deste modo nos tornaremos mais densos em
sem desânimo nem criste2as. Pela respiração devemos nossas vidas e alcançaremos a calma e a serenidade
dar nosso passo na primeira etapa da vida. Fazer de necessárias para que se produza uma força interior
nossa respiração um ato conscience para que tenha- enorme que nos fac.-ultará o trabalho e nos dará uma
mos, sempre vivo, de que nosso corpo vivt:, não está melhor resistência nervosa. Ao passo que conseguir·
morto, devendo porcamo, unir-se ao espírito. Outros- mos certos domínios do corpo e espírito, poderemos
sim, devemos nos concentrar também, nas coisas mais obter aquele estado Teceptivo, em vista do qual, ·nada
banais para que possamos refrear nosso espírito fugi- de importante poderá nos comover. Devemos em
tivo. Aprenderei.nos a nos concentrar em nossos mí- cada ato nosso, dedicarmos atenção para aquela força
nimos movimentos. Na cinesiologia de nossos mús- que se encontra peno <l9 umbigo (Saika-Tanden).
culos, em cada gesto que façamos, nas nossas sensações Devemos, por outro lado, movimentar nosso
e reaçõe~ instincins. Assim, como em cada ato respi· corpo em torno deste centro de gravidade, nos agitan-
ratório. Assim fazendo, estaremos mais viYos e apren- do em ordem para que possamos chegar a (ara·no-aru-
deremos a nos conhecer profundamente, dando mais hito) pleno de (Kiai), podendo desta forma, concen-
um passo para a chegada ao alvo. Podemos iniciar trarmos toda a nossa energia com vontade c}e a domi-
também em uma prática fascinante e difícil, que seria narmos e sem que ninguém disto se aperceba. E
a de treinarmos nossos mo,·ünentos. Deveríamos con·· aquele grico não será tão simples como um breve acio-
seguir fazer iodo o movimenco desejado, sem o míni- nar de vísceras musculares, mas será como um sinal
mo ruído. Deste modo estaríamos conseguindo aque- do espírito (Ki-No-Nagare) saído de dentro de nós
las faculdades peculiares aos antigos praticantes do mesmos. Para a sua perfeição será necessário usarmos
Nin-Jrsu, que primavam pelos mo\'irnentos sem rumor a força da concentração interna que permilit:á em ins-
e pelos desaparecimemqs impossfreis; " Viam sem tantes libertarmos uma energia mental e a usarmos
serem vistos··•. Jamais esqueçamos da humildade e corretamente.
não desejemos pelas palavras impormos nossas razões. É claro que a perfeição depende também da tona-
Para que discutir? Um homem senhor de seus domí- lidade do grito, porém mais ainda da concentração do
nios jamais se abala e as palavras . para ele não têm pensamento. Conseguimos assim, que vibrações invi-
grande importância, sua presença por si mesma se síveis se agitem e perturbem o espírito do adversário
impõe. A cólera devemos refrear imediatamente para não tão bem concentrado mentalmente. Também se
não perdermos nosso espírico de controle e aos poucos quisermos, podemos abandonar o grito, que não faz
tomarmo$ consciência de nosso estado de exaltação, mais do que sugestion"! o adversário e dar sinal da
para aos poucos, eliminarmos as razões que nos levam presença do espírito. O importante é a diferença ~e
àquele estado. densidade entre dois antagonistas. A projeção do grito

116 117
1

l 1

é indispensável, mas não suficiente por uma razão do que o estado de "acordar'" ou vigília deve sempre estar
" tining"' na projeção do Kiai em direção do adver- presente. Neste estado poderemos praticar o zazen.
sário. Somente deve intervir quando o adversário Como é uma posição dolorosa para quem inicia, ten-
está no momento de fraq ueza. Da respiração depende taremos facilitar em algo. Mantenha a coluna corre-
a concen~ração e a utili~ação do fluido mental. (Ko· tamente em posição e e queixo recolhido. As mãos
kyu-Ibuki-Nogare). Os 1ogas se sel\'em de uma ima- repousam com as palmas para cima, sobre as coxas.
gem pela qual exprimem a realização do equilíbrio Mantenha-nos distendidos e a única ligeira tensão é
das_ forças do corpo positivas e negativ~s. A respi- feita no abdômen para permitir uma postura correta.
raçao .pela narina direita é positiva e pela esquerda é Pense em um ponto no solo a um metro· de nós. Co-
negativa. É pela Hatha, (Ha = Sol, positivo; Tha = mecemos a descontrair os músculos, um por um, sem
deixar que alguma contração intervenha. Neste caso,
Lua, negaü~o) ~ue re?ularizam ? sopro o qual dirige
a vontad~ a_ circulaçao do fluido vital (PRANA). voltemos ao princípio. Este estado de descanso físico
Pela respiraçao e pela prática das posturas conseguem completo, sendo conseguido, devemos procurar aquele,
agregar forças qu: d~o saúde ao corpo. Aqui pois, do espírito e o faremos se nos qmcentrarmos sobre o
falaremos da resp1raça~, lembrando que sua prática movimenta do diafragma. Na sua ascensão ao inspirar
<leve ser constante. Os pponeses usam um cinto largo e na sua volta ao estado primitivo na respiração. Aqui
c:n wrno do ventre para formar obstáculo à respira- não devemos pensar em mais nada. A respiração t~
çao e s~mpre estarem atentos para forçar o diafragma feita pelas narinas, e a boca conservamos fechada, sem
p~ra ~a1xo. Esta é a arte. do Hrtragei. Port"nto, a res- esforço algum. Já em combate, respiramos pelas nari-
piraçao deve ser abdommal (HARA) e não com o nas e pela boca entreaberta. Não devemos forçar o
tórax. Pelo domínio da respiração mantemos nossa olhar e piscar naturalmente. Devemos, e ntão, fixar
calma e sangu~ ~rio; por isto, seu ·domínio faz parte nossa atenção em alguém ou objeto particular e en-
das artes marc1a1s e para chegarmos à concentração contrarmo-nos nela.
correta da força do corpo e a força espiritual. ainda A etapa superior é esquecermos tudo, não pen-
dela dependemos. Quando atacados de súbiro nosso
sarmos em nada, chegarmos à meditação e ao "vazio
espírito e nosso corpo são paralisados pelo refl;xo na-
tural da surpresa, que deixaria de existir, se manti· mental" . Este exercício deve ser feito todos os dias e
véssemos o domínio da respiração. de preferência às primeiras horas da manhã, onde
tudo é puro e as aflições ainda estão longe. O lugar
A calma é obtida pelo domínio da respiracão e
em casos de necessidade, b<,lstariam algumas respira- deve ser calmo, sem ruídos e longe de tudo que possa
ções para chegarmos até a mesma. interromper a sua sessão.. Daqui, também, podemos
dizer que está vivo o karatê. Aquele que mais perto
. Quanto ma~s nos concentrarmos no ato respira-
tório, menos excitações teremos e um estado de calma da verdade está, não sendo, pois, um simples método
nos acompanhará sempre. Mas é bom lembrarmos de combate, mas um meio para nos livrarmos dos

118 119
complexos e termos saúde. t certo que hoje as adap· que o tremo arauo puae razer aparecer uma certa calo-
tações deformaram um pouco esta arte. Quem sabe sidade nas partes submissas ao choque, mas isto seria
os aspectos físicos estão sobrepujando aqueles psí- uma causa e uma meta ·ou alvo a ser átmgido. Seria
quicos. desmerecermos esta arte se quiséssemos impregnar nas
mentes dos leigos q ue nós disformes ou portadores de
Mesmo que isto aconteça, não devemos deixar de calosidades espessas, são apanágio do verdadeiro. mes-
lembrar que ele ainda nos coloca à frente de uma pro- tre de karatê. Estas tolices deixamos para prolissio-
fu nda filosofia, podendo nos levar à mística e, ainda, nais e para filmes, que mais interessados estão em
ser um trampolim para uma única experiência pessoal. vender sensação do que propagar um meio de bene-
ficiar,mos a alma. Dizemos mais ainda que, jamais a
O TREINAMENTO NECESSARIO PARA deformidade de uma parte importante de nosso corpo
AS ARMAS NATURAIS serviu, ou servirá, como uma demonstração de alto
nível técnico ou mental de uma arte marcial, e em
Em capítulo passado, vimos quais os elementos especial o karatê. Afirmamos, ainda em especial, que
necessários para treinarmos. Vimos que uns são ne- os maiores expoentes do karatê, principalmente os
cessários para o treinamento especial das mãos, dos pés, japoneses não são portadores de defonnidade alguma,
dos cotovelos, etc., no sentido de endurecer certas e isto se estende aos estudantes universitários japone-
regiões. Do mesmo modo ficamos inteirados daqueles ses que chegam a treinar horas a fio. Há casos ainda,
materiais que são usados no sentido de formarmos uma em que as próprias protuberâncias que se formam nas
musculatura essencial. Em vista disto começaremos mãos pelo trabalho no Makiwara, por vezes dificul-
pela parte que visa ao condicionamento das partes que tam. Se dissermos que devemos aprender a bater com
precisam de endurecimento. A meta visada é conse- as ancas e o abdômen, para muitos podemos estar ble-
guir "armas"~ que possam desempenhar seu papel no fando, mas esta é a realidade. Dizendo isto, queremos
momento necessário, sem o perigo de na ocasião do esclarecer que devemos primeiro aprender a usar estas
choque com algum objeto duro, aparecerem ferimen- partes em função do Atémi, e que as mãos fechadas e
tos. Isto se torna necessário se pensarmos na energia os pés significam acessórios para as mesmas. l?. preciso
imensa que deverá ser liberada, quando visarmos que pratiquemos os Atémis em elementos sólidos para
um alvo. É claro que não desejamos que certa parte que possamos aprender a usar nos mesmos, as ancas e
de nosso corpo fique com a solidez da pedra ou do o abdômen. Alertamos que o endurecimento e não a
ferro, mas sim, que o golpe seja forte e que tenha poder calosidade, deve ser conseguida aos poucos e com cri-
de penetração. E se torna evidente que se não indu- tério, para que o entusiasmo do início não nos prive
zirmos vontade sobre este ponto, poderemos encon- de termos que ficar por ·semanas parados pelas injú-
trar dificuldades, quando encontrarmos um adversá- rias adquiridas e pela avidez do sucesso imediato. O
rio chéio -de. vontade e com técnica igual. Nesta situa- treino contínuo, fortalece o golpe, assim como as repe·
ção deve pesar na balança a força do atemi. É certo tições. feitas dependem da resistência da superfície

120 1%1
O TREINO ~O MAKIWAnA
usada parn tal treino. :e lógico <-1 ue para isto é pre- PELOS MEMBROS SUPERIORES
ciso treino. De outra forma sabemos que o iniciante
não tem pés e mãos ainda apropriados para este tipo
1. º) Antes de dizermos algo sobre a técnica deste
de treino, da mesma forma que a energia que ele pode
liberar não é de todo suficiente. Logo J,,) início reco- treinamento, vamos falar de algo que diz respeito
men~amos moderação e alertamos para que paremos sobre o Makiwara e que começa a destruir as
ao smal dolorosO' ou quando a pele inicia a ficar rala lendas das "mãos deformadas". Sabemos que no
ou. r~g?sa. Estes são acidentes normais para quem Japão o tradicional Makiwara, está sofrendo
pnnc1p1a. A falta de técnica e a tola insistência são sérias modificações na sua estn.~tura onde ma-
as causas. Precisamos treinar todos os dias para que
teriais menos duros são usados e mais suportá-
aquelas repetições faladas antes, nos dêem a condição
para que possamos passar sem as dores. Este tem que veis pelas articulações. Logo, isto põe em sérias
ser um trabalho nosso, pessoal; nele demontraremos dificuldades os adeptos das mãos e pés nodo-
a nossa constante procura pela perfeição. É pela sos ... 1 Em primeiro plano vamos falar da per-
constância nestes exercidos que iremos de encontro feição do golpe. Este para ser perfeito deve ser
a ela. Aqui aprenderemos a suportar a força de rea- seéo e é necessário que certos músculos se con-
ção do impacto, e a compreendermos o sentido ela traiam no momento preciso. Acontecendo no
força de penetração, fatores essenciais para chegarr:1os momento do impacto o recuo . ligeiro do mourão
ao verdadeiro karatê. É certo que este tipo de treina- onde fixa o Makiwara.
mento, com o tempo tornar-se-á mais espassado, porém
A esteira deve ser colocada na altura do plexo e
jamais abandonado. As partes mais duras com o tempo
coberta com um feltro, para não nos esfolarmos nos
desaparecem, mas não a técnica de bater que apren-
golpes de mão fechada quando estes resvalarem pela
demos.
pouca prática e técnica imperfeitas.
Não queremos dizer que a arte de bater, resu-
.
ma-se somente nisto. Não esta técnica é um caminho'
mas existem outros que também devemos aprender.
Ao nos colocarmos defronte do Makiwara deve-
mos fixar os olhos no mesmo, pontlo t0da a nossa
concentração antes de bater. Fazendo o possível para
E quando dizemos aprender, pensamos no termo pró-
que haja método em cada movimento, fazendo-os em
prio para que depois não encontremos desilusões. Sem-
vários ritmos e trabalhando dos dois lados.
pre que a dúvida existir, devemos voltar atrás, lermos
novamente e partirmos para melhor. Se assim não for, recomendável não executarmos mais do que os
É

o tempo será perdido e as esperanças que antes eram movimentos simples no início, deixando os outros
tantas, começarão a desaparecer. para quando a técnica for mais apurada.

122 123
1

Eis pois as maneiras: rotação de quadris e o cotovelo move-se horizontal-


mente.
l.º) GYAKU-ZUKI. Ex. A
Nesta posição devemos manter o busto na ver-
Fiquemos em Zen-Kutsu. . Após em GEDAN tical, o abdômen contraído e as espáduas baixas,
BARAI da direita e HIKITE da esquerda. fazemos enquanto a mão fechada oposta produz um vigoroso
girar a perna de trás para a frente, continuando em HIKITE. Posição ZEN-KTSU. Esta técníca é tre-
posição baixa, batendo com a mão de trás. Então mendamente forte.
expiramos rapidamente ao impacto, contraindo com
força os ábdominais. Voltamos à posição primeira
lentamente inspirando. No momento que a fadiga
impedir a concentração, normalmente os pulsos vão
dobrar no choque. Os avançados diferem, pois podem
treinar mais tempo e inclusive em fudodachi ou em
kokutsu - passando para ZEN-KUTSU.
SHUTO-UCHI Ex. B, C, D ou 2, 3 e 4. Aqui
podemos. treinar aquela parte da mão que ~hamamos
"cortante". Fazemos isto com uma rotação forte dos
quadris na mesma direção e um for~e HIKITE da ··
outra mão. Posição Zen-Kutsu. Desenho 2 ou C. A
mesma rotação do quadril no outro sentido do golpe. É
o movimento dos quadris que dá força ao golpe. Pode-
mos treinar em KO-KUTSU e KIBA-DACHI.
TREINO PARA OS MEMBROS INFERIORES
Exemplo E ou 5 (URAKEN-UCHI). Este mo- NO SACO DE AREIA
vimento provoca o esmagamento dos nervos e véias
que ficam sobre o metacarpo, sendo pois, doloroso no Muitos podem ficar na dúvida do porque não
princípio. Na figura vemos um golpe dado de mão treinarem os membros inferiores no Makiwara. Este
fechada, oposto à perna da frente (Zen-KUTSU). ponto é interessante, pois para inúmeras pessoas o
Exemplo F ou 6 - EMPI-UCHI. Batemos igual- Makiwara teria a mesma serventia. E de fato há casos
mente ao processo GYAKU-ZUKI, dando uma forte em que se c~loca uma esteira mais baixo para o treino

124 125
dos golpes de pé,· N 6s no encanto não · aconselhamos
que as ancas· ·p'ârticipem fortemente para -que possa-
em razão de se tornar difícil para o noviço dar certos
golpes em pequenas superfícies e em razão dos insul- mos projetar o saco para cima com força total. A
tos que podem surgir pela falta de precisão. perna de apo.io flexiona e o corpo conserva-se na ver-
tical. Também podemos bater em KIN-GERL° Exem-
Recomendamos, pois, o treino feito no saco, que
podemos encontrar de diversos modelos: usemos de plo H. - Mawashi-Geri.
início o tipo redondo que pede ser de serragem, grãos Para est~ posição o Punchingball deve estar colo-
de areia e serve para os golpes de pé ascendentes cado na altura do plexo. Avançamos para ele em ZEN-
(KEAGE) e joelhos. Já os sacos longos são mais reco- KTSU. Bateremos fazendo um grande movimento
mendamos para· os golpes penetrantes diretos (KE- em círculo. O pé fica em Zen-Ktsu.
KOMI). Podemos também treinar no saco os golpes
YOKO-GERI-KEKOMI Ex. 1
de braços e o encaedamento mais avançado de golpes
de pé e braço: achamos que todos nós devemos come- Batemos com passo lateral em linha reta o saco
çar treinando em saco leve, passando depois para o longo empurrando-o com fqrça. Para conseguirmos
saco de areia. Desta forma as técnicas de pé adquiri- um melhor impulso das cadeiras, fazemos o nosso
rão eficácia e estabilidade, pois a reação .após o impac- corpo inclinar-se um pouco na direção oposta.
to é mais forte que o saco movendo-se pouco. O corpa
é rejeitado para trás se o pé de apoio não estiver
sólido.. Seria bom treinarmos golpes para trás em saco
estável e depois em saco movendo-se como pêndulo.
Q . fundo do .saco redondo deve estar um pouco acima
do baixo ventre, enquanto o longo na altura deste,
logó,· um "Punchingball" seria mais recomendável
que um saco de areia para os golpes de pé mais agita-
dos e golpes de mão fechada. Se conseguirmos pelo
auxílio de outra pessoa que o mesmo se movimente
em vai-e-vem, obteremos uma reação mais perfeita e
uma melhor precisão. Os " Punchingball" podem ser:
pendurados, ou pendurados e presos ao solo. Ex. : G
ou -7. MAE-GERI-KEAGE. Como vemos pelo <lese·
nho, aqui batemos de baixo para cima, fazendo com

126 127
'i

TRABALHO COMPLEMENTAR usada no karatê; principalmente por ser uma arte


dura há uma ginástica especial chamada Jumbi-Undo,
Este é o tipo do trabalho que serve como acessó- que se torna indispensável, para que exista uma con-
rio, não sendo, portanto, indispensável. Mas produz Jição no corpo que o torne capaz de suportar um
variações do trabalho natural. Exemplo J Makiwara treino arduo. Sua meta portanto é preparar os mús·
Suspenso. Podemos balançá-lo à altura do plexo e trei- culos e as articulações, assim como acelerar progres·
nar de cima para baixo o famoso "sabre de mão" e si vamente o ritmo do sistema cardiovascular. Estes
os golpes de pé em Keage são também praticados de exercícios são usados também no final do treinamento,
cima para baixo. De outra forma pademos treinar os visando a dar calma ao organismo e descontração total.
golpes de mão fechada secos e rápidos. Mas digamos :\lertamos que os exercícios aqui descritos não
de p~ssagem que jamais este n-einamento supera o são especiais para o karatê, mas exercícios que visam
anterior. a um caminho pré-concebido. São portanto exercícios
conhecidos que foram selecionados por nós. Esta pre·
O Pique de Mão: paração deve le\'ar quinze minutos. É o tempo ideal
para aquecer os músculos e tornar flexível as arti·
Não recomendamos por achar que além de <le- cu lações.
formar os dedos, alia um trabalho doloroso feiro na
base de "piques", em uma tina cheia de areia ou AS MAOS DEFORMADAS SAO UMA NECESSIDADE?
cascalho.
Há casos de indivíduos que insistiram nestes exer· Na época do Japão feudal, quando sucessivas
dcios, sendo mais tarde, portadores de distúrbios fisio· guerras de ocupação proibiram o uso das armas,
lógicos por estarem nas extremidades dos dedos algu· o treino duro das mãos foi adot;ado como meio de
mas ramificações nervosas. Para chegarmos a um pique defesa dos camponeses contra os opressores e os samu-
de dedos aproveitável, não precisamos chegar àquelas rais. Tornavam suas mãos em armas poderosas para a
deformações e muito menos para fazermos um bom sua defesa. Hoje. o condicionamento das mãos, não
karatê. Podemos treinar pela velocidade e precisão, merece a mínima atenção por não existir uma finali·
usando inclusive, 4ma máscara balançante para que dade ou objetivo. O condicionamento exagerado pra·
com piques çle um e dois dedos, tentemos atingir os ticado por muitos, produz a diminuição da destreza e
seus olhos como se fossem os do adversário. a impossibilidade da execução de trabalhos que exigem
perícia e delicadeza: Por que insistirmos neste condi·
PREPARO FlSICO cionamento, se no Karatê esporte o contato não é per·
mitido? De outro modo, se pensarmos na sua validade
Ê evidente que se torna necessário certos movi- sobre o aspecto do Karatê defesa pessoal, também lem·
mentos preparatórios para que alguém inicie um trei- bramos que é total a sua inutilidade. Isto para não
namento qualquer. Prepare sua musculatura a ser lembrarmos as injúrias que na maioria dos casos so-

128 129
frem as mãos! Por que pensarmos em obtermos um uma estabilidade relativa para compensarmos nossas
soco possível de quebrar dez telhas ou mais, se sabemos deficiências supra citadas. Observemos pois, três fato-
que uma só técnica bem aplicada pode colocar fora de res fundamentais como princípio. A = Uma natural
ação ·o adversário? Aconselhamos o condicionamento posição (Des. B-1). Se ficarmos na posição da fig.
das mãos, e isto não com exagero, para aqueles que 1) com as pernas afastadas, ou mesmo com os joelhos
são possuidores de mãos fráge is e delicadas demais. um pouco dobrados, nossa resistência será fraca, pois
Este condicionamento pode ser metódico e não levado somente poderemos suportar empurrões para ambos
ao extremo. os lados mas nunca para frente ou para trás. Logo,
Quando começamos a sentir certas dores nas mãos, somos fracos ...
estamos correndo demais na execução do plano traçado.
No caso dos mais "fanáticos" que pensam mais na exi- B = Postura de equilíbrio: (Des. B-2).
bição do que na finalidade moral, lembremos que o Esta posição é a mais débil, pois nos equilibra-
único conseguido será um estragar de mãos sem qual- mos em um só pé e deste modo não podemos
quer fundamento senão àquele de "q11ebrar demais". resistir ao mais simples empurrão, ainda mais se
As mãos podem e devem ser treinadas e para isto·acon- lembrarmos que todo o peso de nosso corpo se
selhamos o seguinte para que percamos uma sensibi- fixa sobre um pé.
lidade exagerada:
Coloquemos um pano espesso sobre um plano duro C _ Posição de luta (Des. B-3).
(uma mesa). Sobre este plano, devemos ficar batendo Esta posição é melhor do que as anteriores por-
vários minl!tOs por dia com a parte das mãos que ficam que nota-se que um pé está à frente, aumentan-
os nós dos dedos e o punho, sem deixarmos bater os do a base contra empurrões para qualquer lado.
ossos dos dedos mínimos. Após inúmeros dias usando
esta técnica, podemos remover o pano e batermos di- D _ Posição em T . Nesta posição é onde encontra·
retamente na superfície dura. Devemos iniciar com mos maior equilíbrio, pois pela posição do pé
golpes moderados, aumentando a intensidade assim que de trás quase adquirimos equilíbrio em três fa.
sintamos que podemos bater com certa força ·sem pre· ses. Um pé fica apontando para frente enquanto
juízo algum ou desconforto. o outro fica de lado.

O EQUIUBRJO Exercícios:

Todos sabemos da falta de equilibrio que existe Estando em pé, flexione o corpo para frente er·
em todos nós, mais ainda se pensarmos que somos bí- guendo ao mesmo tempo os braços lateralmente
pe~es! Diferimos e suplantamos nosso menor equilí- e uma perna para trás. Após, traga a perna para
brio ante o quadrupede pela nosa maior flexibilidade frente e dobre o corpo para trás. Alterne as pernas
e inteligência. Devemos pois nos fixarmo~ e obtermos e repita o exercício. (Des. B-5 e B-6).

ISO - 131
' l

2.º) Estando em pé, coloque as mãos nos quadris. Tra- /


ga um pé até o joelho e pare por instantes. Sem
colocar o pé no chão, leve-o até a frente estendendo
a: perna. Vire a perna para o lado e também para
melhorar o equilíbrio deve ser feito devagar e vá-
rias vezes. (Des. B-7 - B-8 - B-9 e B-10).

2. 0 ) Seµtemos no chão, tendo as pernas bem afastadas.


Seguremos firmemente nossas tíbias e façamos a
flexão do tronso até tocarmos o chão com a testa.
(Des. P.S.).

EXERCtCIOS DE ELASTICIDADE

1.º) De pé, tendo as pernas esticadas, afastadas e as


mãos colocadas atrás do tronco, flexione o mesmo
para a frente, tentando encostar a cabeça nos
joelhos alternadamente. (Des. C-1 e C-2).
Quando es.tes movimentos estiverem automatiza-
dos e bem feitos, podemos tentar tocar o solo com
a cabeça segurando .firmemente os tornozelos.
(Des .. C-3).

132 133
3. 0 ) Elasticidade descontraída.

Aqui usamos o auxílio do colega. Um, senta-se no


;1
J
(
chão mantendo as pernas bém afastadas enquanto
o outro ajoelhado atrás, coloca as mãos sobre as
costas do parceiro. Em seguida com leves movi-
mentos de empurrar, empurra o tronco do colega
na direção de cada joelho e no centro no sentido
do chão. Aquele que está sentado deve ficar com-
pletamente relaxado, expirando cada vez que é
empurrado. Não devemos forçar. O mesmo é feito
com as pernas unidas. (Des. C-4 e C-5).

TENSAO
1.

1.0 ) Um deita-se em decúbito dorsal, enquanto o par-


ceiro ajoelhado segura seus ·tornozelos. Os dois
inspiram contraindo os musculos do abdomem. Aí,
aquele que está deitado tenta erguer as pernas
esticadas enquanto sofre oposição do colega que
força os tornozelos para o chão. Aquele que tenta
elevar as pernas, em cada tentativa conta até seis
antes de abandonar cada esforço. Após cada exer-
cício relaxam e expiram. . Repetir 6 vezes. (Des.
4. 0 ) Este exercício é uma variação dos anteriores, feito D-1).
com uma perna dobrada, tendo a outra esticada.
(Des. C-6). 2. 0 ) Um deitado em decúbito dorsal, deixa seu colega

134 135
,-

colocar as mãos .sobre seu torax. Inspiram com os pulsos por baixo. ID:spiram profundamente con-
profundidade, contraindo a região hipogástrica. traindo o abdomem. Aquele dos punhos cerrados
Aquele que está deitado ergue a cabeça e os om· · conta até 6 e puxa para a direita, enquanto o outro
bros, enquanto conta até 6, ma.nten~c a respira- resiste, puxando no sentido oposto. Relaxam e
ção presa, enquanto o outro o empurra para bai- expiram. Rep. 6. (Des. D-3).
xo. Relaxam e expiram. Rep. = 6 v. (Des. D-2).

DE~.0.2

3.º) Um estudante fica em decúbito veµtral, enquanto 5.º) Ambos estão de pé lado a lado. O da esquerda
é seguro pelos tornozelos. Simultàneamente ins- estende os braços, tendo os punhos fechados. O
piram profundamente contraindo o abdomem. outro encosta as palmas das mãos nos lados dos
Aquele que está deitado tenta erguer a cabeça e pulsos do colega. Inspiram como nos exercícios
os ombros enquanto tem seus tornozelos forçados anteriores. Aquele da esquerda faz força contra
para o chão. Relaxam e expiram. (Rep. 6 v.). o outro enquanto conta até 6. Sofre oposição do
colega que faz força no sentido contrário. Rep. 6.
4.0 ) Ambos estáo de pé. Um estende seus braços, ten-
do os punhos cerrados, enquanto o outro segura 6.º) Aquele que está à direita coloca um pé nas mãos

136 137
8.º) Ambos estão de pé frente a frente. O da esquerda
do colega na altura do plexo solar. O pe que fica
coloca o lado cortante (sabre) de sua mão na pal-
no solo deve estar plantado e virado na lateral
ma da mão do outro. Inspiram, etc. Aquele da
para o colega, tendo a perna um pouco dobrada.
esquerda empurra com força contando até 6; o
Inspiram como nas . outras vezes. Aquele da di-
outro resiste e empurra na direção oposta. Rel.
reita empurra o outro contando até 6, enquanto ··
e Esp. Rep. 6. (Des. D-5).
o outro faz oposição empurrando noutro sentido.
Relaxam e expiram. Rep. 6. (Des. D-4).

EXERCtCIOS COM OS PÉS

7.0 ) Idêntica posição: O colega da esquerda segura com Aqui vamos aprender a desenvolver a habilidade
disposição o tornozelo do amigo. Inspiram, idên- de· nos locomovermos com agilidade e rapidez, não per-
tico aos anteriores. O colega da direita puxa o dendo o equilíbrio enquanto mudamos de posição.
tornozelo preso enquanto conta até ·5. O outro
puxa na direção contrária. Relaxar e expirar. -Re- I.0 ) Fiquemos na posição T, tendo a mão esquerda
petir 6 vezes. . fechada em guarda. O peso deve estar distribuído

138 - 1~9
em proporções idênticas em ambos os pés. Logo,
elevemos dar _um passo atrás com o pé direito,
dando-l~e a maior parte de nosso peso. Aí, deve-
mos erguer com leveza o pé esquerdo, deixando-o
tocar de leve o chão, trazendo-o "deslizando" para
trás. (Des. E-1).

3.0 ) Com o aperfeiçoamento da técnica, devemos pra-


ticar estes exercícios dando golpes com ambas as
mãos, sem esquecer d~ deslizar e atacar em todos
os sentidos. (Des. E-3).

2.º) Se quisermos avançar, devemos dar um passo para


frente com o pé esquerdo. O outro pé deve le-
vantar, mas repousando com leveza no chão. O
pé direito desliza para frente. Esta maneira de
trocar de posição é útil para adquirirmos rapidez
e leveza. Devemos praticar sem levantar os pés
do chão e fazê-lo em todos os sentidos. (Des. E-2).

140 141
2. 0 ) Para os controles de ponta-pés, usamos o mesmo
CONTROLE
critério, sendo que o colega que é o alvo, coloca
I.0 ) O colega da esquerda ergue a mão aberta ao lado · a mão na altura do plexo. Ao passo que melhora
do rosto. O outro se aproxima e dá um golpe com a técnica, a mão sobe dificultando a posição a ser
a mão fechada, mas deve parar uns 5 cms. do alvo, atingida. (Des. F-3).
tendo o braço esticado. (Des. F-1 e F-2).

COORDENAÇÃO

Aqui trabalhamos a desenvoltura das respostas e


sua coorde.nação.

1 - Sentados ficam os colegas, tendo as pernas


entrelaçadas, golpeando ~mbos com a mão esquerda
fechada, estirando-as por completo. A um só tempo
a mão direita é afastada para trás. Alternar e repetir
uns 30 golpes. (Des. G-1).

142 143
Lancemos para fren~e os artelhos tensionando-os
brevemente.

TENDÕES

Tendão: Agachemo-nos nas pontas dos pés deixan·


do o calcanhar levantado. Após, nos fixando sobre os
calcanhares, ergamo-nos sobre as pernas mas levantan-
do os artelhos.

TORNOZELOS
1 - (Des. H -1 e H-2). Erguendo um pé, giremos
o tornozelo diversas vezes formando pequenos c;írculos.

144 - 145
Lancemos para f:ren~e os artelhos tensionando-os
1.
brevemente.

TENDÕES

Tendão: Agachem<rnos nas pontas dos pés deixan-


do o calcanhar levantado. Após, nos fixando sobre os
calcanhares, ergamo-nos sobre as pernas mas levantan·
do os artelhos.

TORNOZELOS
1 ~ (Des. H-1 e H-2). Erguendo um pé, giremos
o tornozelo diversas vezes formando pequenos drculos.

0!:::5. H·2

144 - 145
.,,

JOELHOS

Joelhos: Agachemo-nos de maneira profunda, fa-


zendo círculos com os joelhos .. Façamos isto em duplo ·
sentido. (Des. J-1 - J-2 e J-3).

QUADRIS
IJ'ê.Ç). ü-1
1 · - Tendo as mãos sobre a nuca, afastemos as
pernas quase ao máximo. Após, flexionemos o tronco
para frente e em seguida dobremos a coluna para trás;
gradualmente ao fazer o exercício, os pés vão se unindo
até ficarem juntos.
Estender as pernas. (Des. K-1 - K-2 e K-3).
2 - Estamos em pé, tendo as pernas esticadas; fle-
Mesmo sendo um exercício difícil, devemos pro-
xionemo-nos, co_locando as mãos espalmadas no chão na
curar fazê-lo para que possamos desenvolver uma perna
frente dos pés. Após erguendo as mãos as giramos e
ideal. Devemos tentar com a máxima cautela para não
sofrermos injúrias, uma abertura de 180º. Ao obter- as colocamos atrás dos pés.
mos esta meta, flexionemos o tronco sobre o pé esquer- Para as articulações das coxas:
do agarrando o tornozelo com ambas as mãos e tocando
o joelho com a testa. Repetir no sentido. oposto. Coloquemos a sola do pé fixa no chão, igual ao

146 147
.,

des. !. Em seguida levantenios a mesma, virando os


artelhos para cima e baixando o corpo, trazendo a
~
I (
1
vice-versa, flexionando nosso tronco para frente e gi-
rando-o de um para outro lado, acompanhando o mo-
perna próxima do chão. Repetir. (Des. L-1 e L-2).
vimento dos braços que fazem um movimento de hé-
lice. (Des. M-1 e 2).

ARTICULANDO OS ARTELHOS

Coloquemos as mãos na cintura mantendo uma


OUTROS TIPOS DE FLEXÕES
atitude, tendo as pernas um pouco afastadas. Deve-
mos elevar em modo contínuo o dedo grande do pé Pernas afastadas. A posição é a mesma da flexão
e após os outros artelhos, jogando o peso do corpo de de braços no s<;>lo. As pernas sim é que se afastam o
um para outro lado. máximo. As mãos devem estar cerradas. Abaixar e le·
PARA A BACIA vantar o corpo com os braços.

A mesma flexão tendo as pernas unidas.


Fiquemos de pé, tendo as pernas afastadas ao má-
ximo. Elevemos os braços até o nível dos ombros. Em Flexão com três dedos.
seguida toquemos o pé esquerdo ·com a mão direita e Flexão com dois dedos.

148 149
PUNHOS

Erguer os braços estendidos até . a altura dos om-


/. O MESMO PARA O TRONCO

1 - ·Fiquemos numa posição firme e sólida, manten-


do as pernas afastadas, jogue os braços para o alto
bros. A seguir abrimos e fechamos as mãos. Também
e se incli11e para trás levando a cabeça para baixo.
fazemos a rotação para direita e esquerda. Após, abri-
Flexione então o tronco para frente, lançando as
mos e estendemos os ·dedos um par um.
mãos entre as pernas para trás.
2 Mantenhamos a mesma posição anterior de per-
nas e coloquemos as mãos na nuca. Inclinemos
o busto para a direita e para a esquerda alterna-
tivamente, conservando um plano vertical, até
DESN·'!'> que as costelas flutuantes toquem o osso do
quadril.

~· xtU-~~
3 - Coloquemos as mãos nos quadris. Efetuemos
rotações do tronco em torno do peito, mantendo
DES :.J.5 ' DE~ NO a coluna vertebral na vertical.

TORNANDO FLEXtVE•S OS JOELHOS


/
1 Coloquemos as mãos nos quadris e agachemos,
DC.S N·7
mantendo o busto no vertical, voltando em segui-
da à forma primeira.
2 - Afastemos as pernas e dobremos um joelho ao
TORNANDO FLEXtVEL O PESCOÇO máximo, conservando o pé em plano chato. Man-
tenhamos a outra p€-rna alongada, joelho rijo e
1 Levante o queixo, levando a cabeça para trás o artelhos levantados.
máximo e depois traga-o conrta o peito.
3 Efetuemos a grande abertura lateral e facial.
2 Volte a cabeça para a esquerda e para a direita 4 Sentemo-nos no chão e trazendo os calcanhares
mantendo o quei~o no mesmo nível. contra o pubis mantendo as plantas dos pés jun·
3 - Pen~a a cabeçí\ para ambos os lados num plano tas. Agarremos os tornozelos e mantenhamos os
vertical, continente ao peito até tocar o ombro. pés nesta posição, fazendo pressão dos cotovelos
sobre os joelhos, abaixando-os ao máxjmo até
4 - Deixando pender molemente a cabeça descon-
que toquem o chão.
traída sobre o peito, faça rotações completas.

150 151
;

A FLEXIBIUDADg DOS BRAÇOS física. É sabido que para tudo na vida é preciso
uma condição mínima de aptidão sem a qual não con-
· l - Estendamos as mãos para a frente, as palmas para seguiríamos quase nada. Em razão disto, notamos que
o solo. Afastemos os braços çom força, num ângu· para o karatê, em especial, vamos necessitar de mús-
lo reto em relação a posição inicial, a fim de os culos resistentes e fortes sem os quais as técnicas por
m~nter po plano do peito. Em seguida voltemos mais perfeitas, nã<;> tomam a força necessári~. Deve·
as n:iãos para o alto e flexionemos ligeiramente ríamos de ai;ordo com nosso treinamento, treinar nos-
os cotovelos. sos músculos após os tr~inos do karatê ou em dias
2 Estendamos as mãos para frente, juntando seus alternados. As vari!lções possíveis são imensas em
dorsos apontapdo os polegares para baixo. Faça- vista do tempo disponível de cada um. Se os treinar-
mos um movimento vigoroso, trazendo os braços mos nos mesmos dias da aula de karatê, devemos trei-
para rrás, fazendo ao mesmo tempo, uma rotação ná-los após a aula. Se o fizermos at}tes, é certo que
das mãos fechando-as, conservando os cotovelos nossos múscul9s ficarão cansados e perderão a velo·
juntos do tronco e as mãos fechadas na altura cidade de reação. Jamais nos esqueÇamos, para não
das costelas móveis. Estes exercícios descritos são e:l)'.agerarmos, que o KI-HON em si já forma um bom
feitos de acordo com a aptidão de cada um. De- tecido muscular. Visaremos, nesse treinamento, não
vemos iniciá-los com cautela e aumentar a rapi- aos músculos enormes, mas aos agrupamentos muscula-
dez, depois que houver um certo aquecimento. res rápidos e fortes ao impacto. Logo, os mov\mentos
O ritmo pode ser mudado progressivamente, devem ser ft;itos rápidos e repetidos várias vezes cada
desde que haja equilíbrio entre o estado de re· um. Vamos enum,erar alguns exercícios feitos sem
pouso e o estado ativo. Estes, pois, são os movi· material e com matedal. Estes exercícios que vamos
mentos que servem de aquecimento para esta arte ,. ensinar fazem parte do treinamento até então usado-.
e que devemos fazer depois da aula para que nos Nós achamos que os mesmos devem ser usados, rl1as
sirvam de descontração. acrcscido5 da parte que vamos depois sugerir.
Ex. n. 0 1 - Para desenvolver os abdominais:
MOSCULOS E RESIS'l'INCJA Deitemo-nos em decúbito dorsal, conservando as
pernas estendidas e coloc":ndo as mãos na nuca. Erga
Esta é uma parte delicada, pois vamos nos sepa- o busto e sem dobrar os joelhos tente tocá-los. Aí, com
rar muito dos tradicionais exercícios prescritos e acon- as pernas estendidas erga um pouquinho os calcanha-
selhados para entrarmos num campo mais "moderno" 1·es do solo e fique nesta posição o mais tempo possí-
de condição física, fator base para a prática de qual- vel. Eleve os pés juntos e' separe-o~ fazendo então pe-
quer esporte ou arte. quenos círculos cada um. Jamais dobre os joelhos.
Primeiro daremos uma idéia geral do assunto Ex. n. 0 2 - Braços: flexão dos braços.
para· mais adiante entrar mos em pormenor~s mais sig- Coloquemos as mãos no solo, conservando os bra-
nificativos e objetivos no que diz respeito à aptidão ços e as pernas esticadas e parúndo daí, façamos flexões

152 153
(

descendo o peno até o solo, dobrando os cotovelos. A T2CNICA DO BAS'.1,'AO


Este movimento pode ser feito de mãos fechadas e na
ponta <los dedos, como também fazendo movimentos Usemos um bastão pesado e mais grosso numa
circulares de trás para frente e vice-versa. extremidade. Sem afastar os cotovelos do corpo, man-
tenhamos o bastão seguro pela extremidade mais fina.
PERNAS Elevemos o mesmo até a altura da cabeça e num mo-
vimento rápido, forte e vertical o desçamos parando-O
Nos agachemos e nos acocoremos. Coloquemos as subitamente na altura do abdômen. Os movimentos
mãos nas costas e mantendo uma posição vertical, ca- são breves e podem para variação ser feitos na hori-
minhemos. Outro exercício recomendável é o salti- zontal. Este exercício fortalece os braços, o abdômen
tamento na ponta dos pés. e nos dá uma idéia do Kime. '
Para desenvo!ver o fôlego: Cooper. Estes exer- Garrafão de boca larga cheio d'água com areia.
cícios são feitos sem material algum, sendo que a Seguremos o mesmo pelo gargalo e o elevamos na hori-
seguir daremos alguns feitos com material. Em pri- zontal com uma só mão. Adicionemos um pouco mais
meiro lugar voltamos a falar nos movimentos feitos de material e façamos flexões de punho.
no Makiwara ou no saco de areia, dizendo serem óti·
mos pólra coordenação.

l.º) Halteres pequenos de 2,5. Segurando-os firmc-


meme, devemps fazer dezenas de vezes os movi-
mentos de ataque e bloqueio. Usamos nestes
movimentos o máximo de velocidade e potência
no impacto.
Os chashi servem para a mesma utilidade. Assim
fazendo melhoraremos as técnicas de braços, fortifi-
cando-os. Exercícios de desenvolvimento, · arranco e
arremesso feitos com barra e anilhas. Aqui é preciso.
salientar que não visamos usar grandes pesos, mas
pesos médios. Nosso cansaço não será produzido pelo
acúmulo de anilhas, mas pelo número das repetições
feitas e pela velocidade empregada.
Movimentos feitos com sandálias de ferro :
Com estas devemos fazer todos os golpes de pés.
Estes devem ser feitos em altas repetições. Após repe·
rimos os movimentos sem as sandálias.

154 155
r
se possível . sempre responder ao ataque fugindo de
atacar com "brutalidade animal''. Quando treinamos
com amigos, jamais devemos usar golpes profundos
para que mais tarde não nos atormentemos por culpa
da falta de senso. A maioria destes pomos do Kuauu·
CAP1TULO VII nos quais são possíveis de empregar certas técnicas
para reanimar em caso de síncope.

ONDE ATINGIR

OS PONTOS VITAIS

Kyusho ou pontos do atémi, são pomos nos quais


uma técnica bem aplicada pode causar até a morte.
É lógico que para isto suceder, inúmeros são os fato-
~es. Em primeiro lugar o ponto visado é de suma im·
portância. Como se isto não bastasse é qe vital impor-
tância o estado de descontração ou contração do adver-
sário. Influi também a resistência do mesmo, assim
como a velocidade e precis~o dq golpe empregado. É
notório que há golpes que dados em alvos diferentes,
fazem advir re$ultados diversos. Há pontos que um
simples golpe, faz um grande efeito e outros ?}Os quais
devemos dar com toda força para encontrarmos v~lne­
rabilidade.
Torna-se necessário dizermos que é indispensá- l - Ryo~o = têmpora
vel um bom caminho e um ótimo profes~or para que 2 - Mimi = orelha
não façamos u~o indevido daquilo que aqui vamos 3 - Dokko = cavidade matoideana atrás do lobo da
aprender. Por outro lado devemos salientar que o orelha
bom praticante em combate visa a três ou quatro zonas, 4 - Mikazuki .:.... ângulo da mandíbula
onde desfere um golpe preciso que porá fora de ação 5 - Keíchu = nuca
o adversário. Quando em combate real não devemos 6 - Sakotsu = clavícula
ter em mente injuriarmos a saúde do adversário rou- 7 Danchu e Kyototsu _ externo
bando-lhe este dom tão precioso. Devemos procurar 8 Ganka = peitoral
pontos ósseos ou pontos desproviC:l.os de músculos. E 9 Kyoei = axila

156 157
(

10 - Ganchu = plexo cardíaco 12 - Sobi = base da barriga da perna


11 - Kyosen = plexo solar 13 - Akiresuken _ tendão de Aquiles
12 - Denko = flanco .~

13 - Suigetsu = cavidade do estômago


14 Myojo = hipogastro
15 Kinteki = testículos
16 Hizakansetsu = rótula
17 Kokotsu = tíbia
18 Ushikurobushi = parte de dentro do tornozelo
19 Kori = parte superior do pé
20 - So-In = base dos artelhos
21 - Tento = fo~tanela anterior
22 Cho-To = parte superior ou cume do nariz
23 - Cansei _ lobo ocular
24 - Seidon _ maçã do rosto
25 - Jinchu _ base do nariz
26 - Gekon _ lábio inferior
27 - San·Ming = queixo
28 - Murasame = carótida
29 - Hichu = pomo de adão AS ZONAS NA COMPETIÇAO
30 - Sonu = base do pescoço Esta é uma das partes mais difíceis visto que num
combate diante da autoridade de um juiz, e portanto
COSTAS irreal, se toma difícil endereçar certos golpes.
A razão disto é que as zonas são delimitadas e
1 - Tendo = fontanela posterior outras são proibidas. No momento em que o golpe é
2 - Kochu = l.ª vértebra cervical endereçado é dada a vitória. É necessário que o golpe
3 - Soda = 7.ª vértebra cervical leve uma boa velocidadi: e que jamais toque o adver-
4 - Katsusatsu = 5.ª vértebra dorsal sário. Mais adiante veremos estas zonas e a maneira
5 - Tche-Lang =7.ª vértebra dorsal de atacá-las. Podemos citar em especial. No nível
6 - Hizo = cavidade dos rins alto: rosto, pescoço e nuca (jodan). Nível médio: peito,
7 - Tsie-Tsri = 12.ª vértebra dorsal região do coração, ventre, dorso, rins, axilas, costelas
8 - Kodenko = vértebras lombare-s flutuantes (chudan). Nível baixo: baixo ventre, viri-
9 - Bitei = cocxi lhas (gedan).
10 - Ko-inazuma = grande nervo ciático Qualquer ataque na direção dos olhos é proibido
11 - Shitsu-Kansetsu ::::: cavidade vazia do joelho em virtude do perigo de danos que pode resultar.

158 - 159 -
técnica. Aqui, pois, está · a nossa base. e esta deve ser
sólida.
CAPíTULO VIII CONSELHOS:
1.
0) Dividamos em treze partes este primeiro
conselho:
TtCNICAS 1 - O movimento deve ser executado lentamente e
um de cada vez. Após cada tempo ser bem feito,
AS TltCNICAS devemos encadear a seqüência, ainda devagar e
flexível, para mais tarde, então, usarmos a força
Estas são no todo a base para que possamos mais e a velocidade.
tarde atingirmos um ponto superior. Os conhecedo- 2 - Cada técnica deve ser acompanha.da de uma
res podem constatar que a orientação difere daquela respiração breve e de uma contração máxima, .
feita em certos cursos, mas reafirm'!.mos que tudo sem- sendo que cada movimento deve estar de acordo
pre depende da orientação do professor. É necessário com a respiração. Após cada impacto <levemos
que ajudemos com força de vontade nosso escudo, pois nos descontrair ,e inspirarmos. .
sem este "estado", dificilmente chegaremos "lá". '' Devemos sempre pos conservarmos estáveis e em
Aqui, nós indicaremos quais as técnicas. que devemos posição baixa. ~ara batermos, nosso corpo deve
usar se treinarmos soiinhos, e alertamos àqueles tomar porte como se fora um todo, e para isto
que desejam fazer um estudo profundo, que devem devemos nos concentrar ao máximo em cada re-
se Hxar com carinho na 01-ZUKI, MAE-GERI, GYA- petição, conseguindo então~ bater ou bloquear
KUZUKI, notando depois, que as outras técnicas se fundo.
tornarão fáceis. 4 - Jamais devemos colocar nossa força nas costas,
A este tipo de estudo feito sozinho, damos o nome pois perdiríamos nossa velocidade e equilíbrio.
de Ki-Hon. Neste tipo de treino, nosso professor. pode Nã9 devemos esquecer que a ação deve sempre
corrigir as falhas, ao passo que aprimoramos nossa surgir do abdômen.
técnica. Sempre o professor faz antes a demonstração 5 - Quando forll).OS fazer um deslocamento, ou mes-
do movimento para que depois nós repitamos o mo- mo, uma técnica parada, jamais devemos pôr mo-
vimento avançando ou recuando. Por vezes cada mo- vimentos secundários, dão a perceber que vamos
vimento é repetido centenas de vezes, usando·se ritmos fazer algo. Nosso at;ique deve ser como o relâm-
diferentes, de acordo com aquilo .que procuramos pago. Por isto o Ki-Hon é tido como ideal, pois
obter. A preguiça e ao fastio devemos impor nossa nele aprendemos a nos livrar da tensão nervosa
vontade sem recuo algum. Mais adiante vamos expli- inicial e usamos ataques diretos e puros.
car algo a respeito do Ki-Hon, para que todos nós pos- 6 - Devemos ter todas as técnicas aprendidas como
samos trabalhar com interesse e amor, por notarmos apoio para melhorar em perfeição e aprendermos
que nes.te tipo de treinar está o fundamento de nossa a reunir nossa energia em cada "arma natural".

160 161
7 - Devemos se1npre ter nosso adversário diante de Estas são as técnicas vistas neste livro:
nós, mas jamais o devemos olhar dentro de seus Ataque e contra ataque
olhos. Não devemos também olhar para o chão. Tsuki-Waza (golpes diretos - m. superiores)
Nosso olhar deve estar longe e ser num plano
horizontal. 1 - Choku,zuki = golpe direto
S - Procuremos com calma fazer movimentos diretos 2 - Tate-zuki = golpe vertical
e relachemos pouco, apoiando por mais tempo 3 - Ura-zuki = golpe aproximado
o golpe, desde o impacto simulado. Façamos 4 - Age-zuki = golpe ascendente
tudo com certa rapidez. 5 - Mawashi-zuki = golpe circular
9 - Quando treinamos com parceiro, nossos golpes J un-zuki-jun-zuki-no-tsukkomi
não devem ser estendidos ou estirados, visto que 7 - Oi-zuki = golpe perseguição - Jun-zuki, jun,
poderíamos atingi-lo. Mas quando treinamos só, zuki-no-tsukkomi
devemos ºfazê-los com a máxima profundidade e 6 - Seiken-ago-uchi = golpe que sal~a
todos esticados ao máximo. ·7 - Tobikonde.qi-zuki = saltitante
iO No Ki-Hon, devemos nos preocupar com a má- 8 - Mai-te = golpe de mão fechada para frente
xima técnica e imprimirmos um ambiente de 9 - Tobikomi-zuKi =
combate real em cada movimento. 10 - Kizami-zuki = golpe de mão fechada de perfil
1 l - Conseguimos o estilo pelo sentido de combate e 11 - Nagashi-zuki = golpe com esquiva
pelas técnicas repetidas energicamente, e, pelas 12 - Gyaka-zuki = golpe contrário - Gyaku-zuki-
repetições arrebatadas damos ao espírito aquele no-tsukkomi
estado especial que nos animara da verdade do 13 Kagi-zuki = golpe em crochê
combate real. 14 - Morote-zuki = golpe duplo
12 - Jamais devemos guardar qualquer rese.rva de Heiko-zuki-awase·zuki-yama-zuki
energia, mas pô-la em cada gc:ilpe como "se este Ushi-Waza = golpes ind. membros superiores
fosse o nosso último meio de nos salvarmos. Em
nossos trabalhos sozinhos, nosso amigo deverá 1 Uraken-uchi _ golpe de mão fechada em re·
ser o espelho. Ele servirá para que nos criti- verso
quemos e nos corrijamos. 2 - Tettsui:uchi - · golpe martelo de ferro
13 Em razão do que aqui já foi dito, devemos dizer 4 - Haito-uchi =
golpe sabre interno
que jamais devemos deixar de lado o Ki-Hon li - Shuto-uchi = sabre de mão
em função de treino com parceiro na "triste con- 5 - Teisho-uchi =
palma da mão
cepção que este último será o treino verdadeiro. 6 - Empi-uchi = · golpe de cotovelo
Alertamos que nada se compara ao Ki-Hon Mae, empi-uchi, yoko-empi-uchi, tate-empi-uchi,
q_uando somos _sinceros e temos uma meta pre- ushiro~mpi-uchi, otoshi-empi-uchi.
cisa e um cammho certo a ser trilhado. KERI-v\7AZA - Golpes pé

162 - - 163 -
l - Mae-geri = golpe direto KAWASHI- WAZA .:.... esquivas
Mae-geri-keage, mae-geri-kekomi, tobikonde-mae Nage-Waza = projeções
geri, kingeri Renzoku-Waza = combinação de técnicas
2 - Yoko-geri = ·de lado Para quem treina só, estas são as técnicas que de-
Yoko-geri-ke~ge, yoko-geri-kekomi, kansetsu-ge· vem ser estudadas antes de passar para as variações e
ri, fumi\wmi, sokuto derivações:
3 - Mawashi-geri = ag~tado circular POSIÇôES
· Kubi-Mawashi-geri
4 - Ushjro-geri = para trás 1 - Hachiji-dachi
Ushiro-geri-keage, Ushiro-geri-kekomi, Ushiro- 2. - Zen-Kuçsu
kake-geri 3 - Ko-K,utsu
5 - Mikazuki-geri = crescente 4 - Kiba-Dachi
6 - Tobi-geri = saltado ATAQUES DE MAOS
Tobi-mae-geri, sankaku-tobi, nidan-geri, tobi-
geri, tobi-yoko-geri. l -
Choku-Zuki
7 - Ura-Mawashi = agitado em reverso 2 -
Oi-Zuki
8 - Hittsui-geri = golpe de joelho I .3 -
Gyaku.Zuki
4 -
Uraken
DEFESAS 5 Shuto-Uchi
-
7 - Tobikomi-Zuki
UKE-WAZA _ Bloqueios 6 - Kizami-Zuki
8 - Nagashi-Zuki
1- Gedan-Uke _ defesa baixa ATAQUES DE PÉ
2 - Age·Uke = bloqueio ascendente
Chudan-barai, Gedan-barai, tettsui-uke Mae-Geri
3- Ude-Ul<e = bloqueio de antebraço Yoko-Geri
Soto-Uke, Uchikomi, Morote-Uke, Uchi-Uke Mawashi-Geri
4 - Shuto-Uke = defesa 'de sabre-mão Ushiro-Geri
5 - Shuto-Barai ::;: expulsão de sabre de mão DEFESAS
7 - Otoshi-Uke = bloqueio feito para baixo
6 - Haishu-{lke = defesa de reverso de mão 1 - Çedan-Barai
8 - Teisho-U.k.e = bloqueio de palma 2 - Age-Uke
9 - Juji-Uke = bloqueio em cruz 3 - Ude-Uke
10 - Maeude-deai-osae-.uke _ bloqueio · feito para 4 - Shuto-Uke
baixo · 5 - Juji-Uke

- 164 - ... 165 -


r'

POSIÇÕES E DESLOCAMENTOS É preciso que fique esclarecido que não há uma


posição definida, isto porque, quando estamos em com-
bate, por força imperativa do mesmo, somos obrigados
Sabemos que o estilo desta arte tem sua base na a tornar diversas posições, sem o que, por nossa fixação
posição das pernas e que esta posição, de fato não é normal, damos oportunidade a que nosso adversário
mais do que uma parcela da técnica executada. estude e aplique urna técnica que nos vença sem con-
Jamais devemos negligenciar o trabalho das per- testação. As posições aqui encontradas pensamos se-
nas, para não cairmos no erro de uma técnica falível. rem as mais importantes.
Há pessoas que erroneamente em detrimento das per-
nas, trabalham somente a parte superior do corpo, não
deixando que as pernas façam o papel intermediário
preciso, entre os braços e o solo. Isto para não falarmos
do papel importante que as mesmas têm na rejeição da
força de reação de onde vier. Seria ilógico pensarmos
em detrimento do treino da parte superior · do corpo,
teríamos também um fator bem adverso, o desiquilí-
brio . . . Portanto, se nossos joelhos forem móveis e
libertos, o centro de gravidade pode abaixar e a esta-
bilidade ser melhorada. Logo mantermos uma posi-
ção certa é fator fundamental.
Por conseguinte cremos nós que a negligência
aparente do debutante em preocupar-se unicamente
com os braços advenha do cansaço das pernas, obriga-
das a posições baixas, tãà incomuns ao noviço. Sabe~
mos também quanto doloroso é o iníçio, e quanto são
sacrificadas aquelas articulações, principalmente a dos As posições de espera ou guarda. (Des. P-1). São
joelhos e tornozelos. São aí, que aparecem as "posições" posições que tomamos antes de empregar uma técnica
fixas impostas para que as pernas se tonifiquem. Estas
qualquer. Nelas devemos ficar em completo abandono
posições variam, pois cad~ uma pode ser estudada,
visando a~ ataque, a defesa ou ambas. Não devemo~ de tensão muscular, deixando somente que exista ao
esquecer que cada posição imóvel tem sua invulnera- nível do abdômen uma ligeira tensão. Aqui devemos
bilidade e, é nesta ocasião que podemos tentar um ata- nos descontrair, mas mantendo a concentração total.
que tentando o desiquilíbrio do adversário. É certo
que o nosso ponto de apoio advém de configuração dos . l.º) Heisoku-Dachi = Pés juntos do calcanhar
lados de nossa sustentação. aos artelhos.

166 167
Masubi-Dachi = Calcanhares juncos. e formem um . L em llenoji-Dachi, permitindo que
Aqui, os grandes artelhos são afastados, mas a po- possamos saltar para frente em qualquer uma destas
sição é a mesma. Nós a usamos principalmente para · posições para bater com a mão fechada.
saudar no início (Ritsurei). P. S. Nos croquis as barras negras indicam a po-
Heiko-Dachi = Pés paralelos. sição dos pés.
Nesta po~ição há afastamento d9s pés - que são As pequenas ondas, o eixo longitudinal da po-
paralelos ~-deve se basear pela largura <;los quadris. sição.
Nesta pos1çao estamos estáveis e não há desiquilíbrio E o pontilhado horizontal, a orientação do peito.
fundamental. Nos estilos c~ineses e coreanos encontramos posições
Uchi-Hachiji-Dachi = Pés para dentro. idênticas com outros nomes, ou seja, na variação das
Nesta posição os artelhos s~ voltam para dentro, formas de ·base que permitem o desenvolvimento de
provocando um ligeiro desiquilíbrio para frente. Para grupos musculares diferentes.
chegarmos à esta posição çlevemos pri~eiro tomar a AS POS~ÇõES DE COMBATE
posição H eiko-Dachi, e fazer girar os calcanhares para
fora. O tronco deve ficar na vertical e os joelhos um Aqui precisamos aliar à técnica, execuções ·perfei-
pouco dobrados. tas se quisermos chegar a uma·verdadeira posição. De-
vemos fazer o possível 'Para ficarmos em posição be:m
Hachiji-Dachi = Pés afastados. baixa, conservando os calcanh~res em plano bem chato
E?1 posição Hejko-Dachi, voltemos os artelhos para com o solo e mantendo o busto na verçical. Não de-
fora gu-ando sobre os calcanhares o que nos produz vemos contrair os artelhos para que não diminua a
um pe<1uen~ desiquilíbrio para trás. . Desta posição po- aderência da planta do pé ao solo.
d;m?s reagir para qualquer lado, não iqiportando a Zen-Kutsu ::: . Posição para frente.
tecnica, mas devemos estar atemos para não afastarmos Dobremos a perna da frente e conservamos a de·
os pés demasiado para que não haja uma contração trás esticada. A tíbia da perna da fyente fica na ver·
máxima, que nos iniba a velocidade para o ataque ou cical. Nest;l posição por haver um deslocamento de
a defesa. Esta postura adotamos no início de UII) exer- 60% do peso do corpo para frente, é ideal para at~­
cício QO Ki-Hon, no início do Ki-Hon Kumite, e no que5 ou contra-ataques para diante e que torna possí-
Kata. vel aparar. uma força vinda em direç~o oposta.
Hidari-Shizentai = ~osição natural para a es- t preciso que mantenhamos os quadris de frente
querda. e o joelho de trás sempre estirado. Existem as varian-
Nesta posição devemos avançar o pé <;squerdo para tes do Zen-Kutsu, visto que nem sempre o mesmo é
a frente, s~m que o mesmo se apóie no cal~nhar, sen- executado igualmente. Estas variações são da escola
do que a linha dos pés formem um T em Teiji-Dachi, Wado-Ryu e são as mais importantes:

168 169 -

L
Jun-Zuki-1'0-Ashi = Aqui o afastamento dos pés.
esc:l de acordo com a largura do quadril o que dá aos hami-No-Nekoashi, e o Hanni-No-N~koashi, de certo
noviços o sentido do equilíbrio. O pé da frente indica modo o significado da posição é o mesr:1º·
puramente a frente e o pé de crás é voltado ao máximo · Numa o peito se conserva de perfil e na outra,
para a frente. O calcanhar não deve erguer-se, forçan- crês quartos da face. Nesta. posição nos defendemos,
do-se para isco, a flexibilidade do tronozelo. p<>is. podemos recuar e ~os plantar solidamente sobr~
No estilo Shotokan, o artelho maior é apontado a .perna de trás e partir para uma resposta com o pe
ligeiramente para o interior, menos o joelho. da frente.
Gyaku-Zuki-No-Ashi.
Nesta posição o pé e o joelho da frente são volta-
Nekoashi-Dachi = Posição do gaco.
Aqui o afastamento longitudinal dos pés_ não é
dos para dentro. t a posição para o golpe de mão tão importante. ~sto deixa o pé da frente hvre de
fechada contrário, dado no mesn10 lugar. Os pés con·
qualquer peso, fazendo a perna ~e trás sui:i~rta_r quase
servam·se bem afastados, e o quadril ou a anca, de trás todo o peso do corpo. Em razao do equil1bno man-
pode passar para frente, com facilidade. temos este pé voltado para frente, assim como o joelho,
Fudo-Dachi = Posição para trás. num ângulo de 45º. O pé da freme deve se ~ustentar,
Por causa do centro de gravidade não ter sido des- suavemente sobre os artelhos e o calcanhar se conser- 1
locado para frente, est<\ é uma posição estável e idea1 var bem el~vado. Logo deve ficar sobre a linha do pé
para o combate. Mais p!lTece um Kiba-Dachi em dia-
gonal ou um meio termo encre o Zen-Kutsu e o Ko·
.. de trás, apontando para a frente e um pouco ~a~a :l
interior. A distância entre ambos deve ser m1mma.
1

Kutsu. Os dois joelhos são igualmente esticados e os A perna· de trás devemos dobrar, m~rcaaamente, para
pés ficam •15º para frente. Nesta posição podemos facilitar o ataque do pé da frente, assim como de saltar
atacar com força por causa da flexibilidade da perna para trâs em caso de ataque e no: defendermos, levan-
de trás e convém à defesa por não serem expostos os tando o joelho para a frente. Nao devemos alterar a
pontos vitais ao adversário. posição do centro de grav~da~e. Coi:hecemos uma p~­
Ko-Kucsu = Nesta posição de 70 a 80% do peso sição variante, onde os pes sao cruzados, Kuke-Dashi.
do corpo é suportado pela perna de trás, facilitando a Kiba-Dachj = Posição do cavaleiro.
mobilidade da perna da freme para golpes de pé. O
Nesta posição pomos a ação para os lado: servin-
pé da frente indica, indubitavelmente, a frente e se
do tanto no ataque como na defesa .. N_ela, na~ _Pode-
encontra na linha do calcanhar do pé de trás. Dobra·
mos atacar para a frente por não ;x1sur est~~1~1dade,
mos o joelho de trás com vontade, conservando na ver-
mas a usamos para .os golpes de pes, Yoko-Gen, Ura·
tical os quadris, o joelho, o pé e o ombro que fica
atrás. A perna da frente dobra um pouco, mas deve k.en, etc.
Nesta posição conservamos o busto direito e as
conservar ·a flexibilidade. O calcanhar não coca o solo
nádegas quase na vertical. Os pés ficam paralelos e
e o · joelho da·frente não fica na direção de interior.
bem afastados. Os artelhos maiores ªPontam para o
Devemos conservar o peito na posição de perfil. Na
escola Wado-R.yu, temos duas posições distintas o Ma·
171
170 -
interior com discreção. Dobramos os joelhos :::om von
frente. Encontra-se esta posição na escola Wado-Ryu.
tade e os estendemos para fora. As tíbias se conser-
O Tate-Seischan da escola Wado-Ryu, é uma variação
vam quase na vertical. Para fortificarmos as pernas
como o Fudo-Dachi do Shotokan. Os fins são os mes-
devemos trazê-las a uma posição, mais baixa possível,
mos, notando-se que podemos passar destas posições
até que as coxas fiquem num plano horizontal.
c9m facilidade para todas as outras.
Shiko-Dachi = a mesma posição com os pés vol- Devemos estudar todas estas posições de todos os
tados para fora.. lados para que nao fiquemos restringidos a uma vulne-
As finalidades . são as mesmas, só que os pés são rabilidade inadmissível.
voltados para fora o ·que torna fácil executar uma me-
nor tensão ao nível dos artelhos ou tornozelos. Esta

~f[j.~.
posição é caractttdstica do sumo.
Sanchin-Dachi = Posição do areiro.
Esta é u,ma posição na qual podemos bloquear con1
energia, sendo a posiçãc;> de base do estilo Goju-Ryu . ·y:., 1·=='~::::;e.­
~ I,) .
Em razão da grande energia estática, nesta posição po-
demos dar um golpe forte, sem sairmos do lugar, sendo
no entanto, menos rápida para atacar. Nesta posição S\:-1'
os artelhos do pé de trás ficam na linha do calcanhar ._,
. \

do pé da frente. O pé da frente toma a direção de 1 1 ..


dentro, enquanto o pé de trás aponta para frente. Da-
qui podemos passar para Uchi-Hachiji-Dachi, deslo-
cando um pé em relação ao outro. A distância ao
nível dos artelhos deve ser igual à largura dos quadris. :./ ~ ...
Os joelhos devem estar dobrados e a tensão ser exerci-
da para dentro. OS DESLOCAMENTOS

Seichan-Dachi. Para quem faz uma deslocação de pos1çao é se~­


pre iminente o perigo, pois o inimigo pode aprovei-
Esta posição serve para as técnicas usadàs no mes- tar-se de uma falha para atacar. Neste:: casos a rapidez
mo lugar. Aqui. os pés, devemos conservar bem afas- e a perfeição devem tomar seu devido lugar, para que
tados, devendo os artelhos d.o pé de trás se encontra- possamos ser senhores de ·qualquer situação que se apre-
rem na linha do calcan.h ar do pé da frente. Os joe- sente adversa. Jamais, de modo algum, devemos per-
lhos são dobra.dos uniformes e os pés se conservam na der nosso centro de gravidade e para tanto, seja qual
parale~a. Nesta posição podçmos dar combate para
for o movimento, nossos quadris devem estar sempre

172 173

l
ao mesmo nível e a coluna sempre na vertical. A impul- Volta: o pé da freme deve girar sobre o calcanhar
são deve partir do ventre e não do alto do corpo para a 90º, colocando-se na linha do pé de trás. Este último
não perdermos o equilíbrio. gira sobre o mesmo sentido.
Os pés devem se deslocar do chão o mínimo pos- Kiba-Dachi (Diagrama C) = Dois passos.
sível, sem arrastá-los. Jamais devemos saltitar. As ná- Aqui, o pé da frente faz um giro de 180° sobre
degas devem estar contraídas e o abdômen firme. De- o calcanhar. O círculo descrito passa perto da perna
vemos nos deslocar por meio das entre-pernas o mais de apoio. Devemos estar equilibrados, conservando o
baixo possível o que nos proporcionará força nas per- bustO reto e projetado para frente. Todo o peso do
nas, no ventre, e nos dará senso de equilíbrio. corpo deve estar igualmente distribuído durante t0do
Os diagramas mostram as posições dos pés para o deslocamento sobre as duas pernas.
avançar e voltar de 180º nas posturas de base estuda-
A volta: como no Ko-Kutsu, a troca de orientação
das altas. se faz no mesmo lugar e na mesma linha, sem alguma
Zen-Kutsu (Diagrama A (dois passos e giro). ação dos pés. A posição não muda, é suficiente voltar
Avancemos o pé de trás. Reaproximemos este pé a cabeça. .
do dianteiro, se o afastamento for grande, afastando-o Sanchi-Dachi (Diagrama D) = D = D = Dois
, para frente de novo. Quando os pés se cruzam, os arte- passos.
lhos do pé de apoió voltam para fora. Nesta deslocação o pé de trás passa próximo do da
Esta deslocação crescente protege o baixo ventre frente. Os joelhos se unem para proteger o baixo ven-
contra certos ataques. Volra em Zen-Kutsu à direita: tre, afastando-se depois para fora. A deslocação é curta
Primeiro desloquemos o pé de trás, da esquerda t: deve ser rápida.
para a direita, conservando uma distância igual do Volta: Sanchin-Dachi à esquerda.
afastamento inicial. Os quadris ficam baixos. Aí, gire·
mos os dois pés na mesma direção. Estiquemos a per- Cruzemos bem, o pé esquerdo do direito, e o po-
na direita para voltarmos a· Zen-Kutsu esquerdo. semos. A parte alta do corpo não deve se mover Após,
num só movimento, giremos sobre os dois pés para a
Ko-Kutsu (Diagrama B) = Dois passos. direita; ficamos em Sanchin-Dachi à direita.
Com os joelhos, um de encontro ao outro, apro- Voltamos mudando o eixo do movimento. O que
ximemos o pé de trás do pé da frente. O pé da frente vimos até aqui, não é tudo no que diz respeito a deslo-
abre-se para fora, num· ângulo de 90°, enquanto o camentos. Outras maneiras existem como avançar des-
ou~o se coloca para frente, deslocando-se numa linha
lisando um pé atrás do outr~, e também por outro meio
à direita. atacar com o pé anterior, sem mudar de lado. Tudo
O importante aqui, é não nos desiquilibrarmos. isto auxilia na hora do combate. Logo a seguir, vamos
Ao estarem os pés juntos o centro de gravidade não se mostrar uma forma de se deslocar em linha à direita,
desloca muito para <liame. na posição Kiba-Dachi, onde apresentamos sempre o

174 175
,,

mesmo lado para o inimigo. Ex.: os bordos externos dade na reação a defesa- poderia aparecer ao mesmo
dos pés ficam um contra o outro, porque nós cruzamos tempo do ataque, e que dado a rapidez, esta seqüên-
o pé de trás diante do pé da frente. O busto deve ficar cia bem pode ser "invisível". Como vimos em capítu-
bem posto e os joelhos dobrados. los anteriores, nossa defesa pode começar no início do
ataque adverso, pois, nosso espírito está atento, pres-
Aí, o p.é que estava antes para frente desliza na sentindo no espírito do inimigo, a sua real intenção.
mesma direção. Os pés ficam paralelos em toda a des- São nestas ocasiões que, ao pressentirmos que o ataque
locação. Estamos, pois, em novo Kiba-Dachi. Acha- cst<'i a ponto de se desfechar, devemos reagir, rapida-
mos, que todos nós devemos estudar, seriamente, estes mente, e parar nosso adversário, antes que o mesmo
deslocamentos, por serem base e fundamento, conser- possa tomar impulso. Baseados em nossa velocidade,
vando outrossim, as mãos nos quadris, para não dei- não nos devemos preocupar pela forma do ataque do
xarmos os braços interferirem; o que importa aqui, são adversário, pois, nosso contra-ataque é fulminante. A
as pernas e o abdômen, devendo, sempre que possível, Lécnica usada será do ataque, usando a mão fechada ou
mudarmos os deslocamentos. Devemos prestar atenção, o pé. Resumimos a ação defensiva e passamos em tem-
também, na maneira de recuar, imprimindo, à mesma, po de partinnos par~ o contra-ataque. Podemos, tam-
uma velocidade real. Jamais passemos a outro estado bém, proceder de outra forma ou seja: deixarmos o
sem estarmos certos de que a posição de partida é ideal. adversário tomar todo o seu impulso e se lançar no
Devemos conservar a posição mais baixa possível ataque, reagimos então, no último segundo. A defesa
e na volta, fazermos uma rotação horizontal dos qua- não é antecipada, mas freada ao máximo para que o
dris bem acentuada. Devemos, pois, com método e adversário não possa recuar em seu golpe. Aí então,
perseverança, procurannos aprimorar a pesquisa cada bloqueamos, esquivamos, ou paramos, para então, des-
vez mais, para não nos defrontarmos, mais tarde, com ferirmos em golpe parado. São técnicas conhecidas de
certos desalentos, tão peculiares aos feitos na fragili- ataque. Não devemos esquecer que são inúmeros os
dade de "certas bases". (Diagráma E). meios de defesa e que aquela que usamos está sujeita
a inúmeros fatores que nos são particulares. Entre
DEFESA estes podemos citar o nível do adversário, a nossa téc-
nica e a velocidade da execução, as possibilidades da
deslocação e o tipo do solo, o alvo procurado e o grau
Aqui vamos reunir todas as técnicas possíveis para
de nossa fadiga nervosa nesses instantes cruciais. Te-
nos defendermos do ataque adverso, antes de contra-
mos, pois, que aguardar sempre na mente, que no com-
atacar.
bate se agita e que não devemos dispensar nenhuma
Poderíamos perguntar onde se inicia o ataque, e força naquele momento.: Tudo faz falta. Como vimos,
onde principia a defesa, isto se nos recordarmos da os bloqueios são em si a base, vindo em seguida, as
intuição e de seu papel fundamental. Também seria esquivas e as projeções que dão domínio ao bloqueio
admissível dizermos que dependendo de nossa veloci- em força.

176 177
CAP1TULO IX para dar um golpe vigoroso. ó ideal seria, fazermos
cada movimento separado para depois fazê-los com bre-
vidade, passando sempre, pela posição de preparação.
OS BLOQUEIOS Não deve existir tempo de parada ·n o bloqueio e
sim a fração mínima, pois em caso contrário o bloqueio
São técnicas usadas para a defesa e nelas usamos não teria força e sim, somente, a interposição do ante-
como defensor o antebraço ou a perna. Destas técni- braço. Não devenw s movimentar os ombros. Em caso
cas, algumas devem ser executadas com toda a força, de freino, a dois, devemos treinar nossa rapidez e fazer-
enquanto outras devem, unicamente, desviar o ataque mos o bloqueio ao último extremo, ist0 é, deixar que
e não pará-lo. Na escola Goju-Ryú usa-se toda força o adversário chegue ao máximo de nós. Mesmo que
para que cada bloqueio tenha o efeito de um golpe no nossas chances estejam em jogo, aprenderemos mais
adversário, enquanto o Shotokan prima pela noção de ainda, em razão de que o adversário pode, naquele
orientar e desviar os golpes. Dizemos nós, que todas instante, mudar a técnica. Não devemos esquecer que
as escolas neste ponto, usam técnicas que se parecem. a força não deve existir, que é no momento do impacto
Aos debutantes aconselhamos fazerem cada movimen- e nunca antes do mt:smo.
ro do bloqueio com contração máxima ao impacto,
No karatê a força intervém na fração do segundo.
como se quisessem quebrar o membro adverso. Insis·
tirem, sempre, nas técnicas simples para só mais tarde, Os bloqueios podem ser executados em Gyaku-As~i e
são estudados, basicamente, do lado da perna anterior.
após longo e sério trabalho, passarem às técnicas mais
ligeiras. Com deslocação do corpo, ou melhor, a esqui·
va. Adquirirmos força nos bloqueios é importante,
pois há casos nos quais o espaço é pequeno para nos
deslocarmos e o ataque pode vir de frente.
O ideal será adquirirmos estabilidade, concentra-
ção e um antebraço forte, não esquecendo que somente
a procura da força não será nada lógico. As precau-
. ções que teremos nos bloqueios, não esquecidas, serão
de valia maior do que imaginamos.
(Atenção)

O peito, tê-lo uns três quartos da face em relação


ao adversário, enquanto o quadril pode ter mais par-
ticipação no ato. De perfil para o bloqueio, devemos
estar de face para o contra-ataque, para que possamos
usar os peitorais e comrair. O$ abdominais ao extremo

178 179
GEDAN.tJKE.OU GEDAN BARAI bro oponente, podendo _então, realizar um bloqueio
de força. No Chudan-hurai, que é uma variante, a
(Delesa Baiu) execução é a mesma, sendo que o braço fica mais perto
da horizontal. É uma técnica usada para deter um
Com esta técnica bloqueamos o golpe do adversá- golpe enviado ao nível médio do corpo. Nesta técnica
rio usando a parte externa do antebraço em forma de precisamos usar mais força em razão do ângulo mais
gume, o punho ou o martelo de ferro. Assim, rejeita- aberto entre o braço e o tronco. Recomendamos o uso
mos os membros que nos são adversos para o lado destas técnicas, mais nas posições Zen-Kutsu para avan·
çar e Ko-Kutsu para recuar. (Des. 89 e 58).
de fora.
Da posição Yoi, recuemos a perna direita ficando
AGE·UKE = bloqueio ascendente
em Zen-Kutsu à esquerda. Estendamos a mão direita,
conservando o punho fechado à nossa frente, condu-
Esta técnica conhecida, também como Jodan-Uke,
zindo o punho esquerdo ao ombro direito. O cotovelo
esquerdo descansa sobre o d ireito. Varremos com o serve para nos defender de um golpe comra o rosto.
O atac1ue nós devemos desviar para o alto, até um
P\lnho esquerdo para baixo e para fora, desdobrando
ponto onde não haja perigo, pois, sua ação continua.
nosso antebraço em torno do cotovelo, enquanto tira-
mos nosso punho direito com energia, ficando em Conhecemos três direções distintas:
1 hikite.
l.ª) Para cima: (Wado-Ryu) a mão fechada que blo-
Paremos, então, a mão fechada esquerda a uma
distância de 25 cm acima do joelho da frente. É ne- queia deve ficar num plano vertical, como se
cessário não movimentarmos os ombros e não levarmos estivesse elevando o braço adverso. Este modo
muito distante nossa mão fechada para a esquerda. serve para bloquear um golpe vindo do alto
Conservando a posição da mão fechada na vertical do para baixo. Des. 104. ·
joelho, faz com que o braço proteja o flanco anterior.
Aqui, podemos lembrar dois estilos, e portanto, d uas 2.ª) Para trás: (Shotakan) enviamos nosso ante-bra-
ço de encontro ao braço adverso, sendo que no
maneiras possíveis de execução. No estilo Shotokan
fei.to três qu~rt~s de frente fazemos a rotação dos qua~
contato o lançamos para trás e para o alto. A
mão fechada fica acima de nossa fronte.
dns para a d1Te1ta, enquanto que o bloqueio se efetua
à esquerda. No estilo Wado-Ryu, o peito fica ao con-
trário da fre~te, o que não deixa os flancos expostos 3.ª) Para frente: (Shotokan) aqui devemos lançar
nosso antebraço sobre o braço adverso, levan-
aos ataques circulares. Como descrevemos, este movi-
mento pode ir mais longe com ou sem esquiva do do-o para a frente, após o contato, e na mesma
corpo. direção. ·
Esta, pois, é uma forma de ·defesa onde o braço Disto resulta uma direção de golpe de 45º de
··de.ve guardar todo o resultado do choque com o mem· ângulo com a trajetória inicial. Mas, representa esta

180 181
í
técnica, uma grande vantagem de nos deixar mante1 dá-lo ao nível médio, que em virtude do ângulo fe-
um contato firme com o braço do adversário, pois. chado do braço e tronco, é mais fácil de executá-lo.
usamos mais força, penetrando em seu ataque e con· Conhecemos dois tipos de bloqueios e suas variações.
rendo-o. Des. 83. lº} Sotto-Uke: de fora para dentro.
Execução: Des. 59 e 60. De yoi, recuemos o pé direito e fiquemos em Zen-
Da atitude yoi, recuemos o pé direito e fiquemos Kucsu à esquerda. O peito conservamos normal e de
em Zen-Kutsu, à esquerda. O braço direito é estendi- frente, enquanto o braço direico é estendido para o
do, mão aberta e palma para o solo. Aqui preparamos adversário, mão fechada, falanges para baixo, des. 61.
a ação do hikite. A mão fechada esquerda sob o braço Elevemos a mão fechada esquerda acima do ombro,
direito, falanges para o alto, tudo contra o peito. Cru- falanges para frente, des. 61. _Ao contrário dos ou_tr;is
zemos as bni,ços diante do rosco, elevando o antebraço bloqueios, neste, os braços nao se cr~zam na, P.os1çao
esquerdo e tirando a mão direita. Os cotovelos devem de início, e por isto, devemos reduzir ao maximo a
se colar no corpo e os antebraços ficarem a 45° em trajetória do punho, em vista de termos o peito des-
relação à vertical. Dai lancemos o antebraço esquerdo coberto. Pela forte rotação dos quadris para trás, a
para cima, numa brevt: rotação, levando as falanges da direita se faz o blqqueio, fazendo a mão fechada es-
mão fechada para fora, enquanto fazemos hikite da querda, uma trajetória curta e pouco descendente, que
mão direita fechada. No final, a mão fechada deve a traz diante de nosso peito, enquanto as falanges se
estar mais alta que o cotovelo, e este mais alto que o voltam para o alto. O punho direito fica em hikite.
ombro. Logo a direção fica a 45° em relação à verti· É importante alertarmos que, se não houver uma per-
cal. Para resistirmos a um ataque violento, a parte feita harmonia entre os movimentos dos braços, todas
carnosa do brnço deve ser dirigida para frente. O coto· as tentativas serão inúteis. Da maneira que bloquear-
velo fica mais perto da cabeça, enquanto o braço guar- mos, é importante não mexermos com os ombros e não
da de qualquer maneira o rosto. Se contrnirmos firme- levarmos o bloqueio muito longe para a frente.
mente as axilas, não deixaremos os ombros se eleva· Ao fazermos um ângulo muito grande, com o
rem, da mesma forma que os cotovelos. Conservando cotovelo estaremos produzindo um golpe de falhas.
a inclinação do início, o antebraço deve passar diante Convém deixarmos o cotovelo perto do corpo para for-
do queixo a fronte. marmos uma alavanca de nosso braço, o que lhe dava
· A mão fechada para diante da fronte. Bloquean- mais força e mais proteção ~ nosso fl~nc~. Seria id~l
do, não recuemos a cabeça e tirerpos o quadril direito que 0 antebraço ficasse_ ligeiramente inclmado, pernn-
para trás. tindo que o cotovelo fique perto do flanco. O co~o­
velo não deve andar demais para dentro sob o efeito
UDE·~ = defesa de ante·braço da rotação do corpo, des. 62. Este é um boqueio duro
e doloroso para o adversário e não para quem o exe-
Nesta defesa paramos e tiramos o golpe pela late· cutai Conservemos o peito de três quartos da f~ente.
ral no decurso de seu trajeto de partida. Vamos estu- Um golpe seco e firme é o suficiente para consegumnos

182 183
' {
aquel.e algo para partirmos para o contra-ataque. UCHI-UKE (do int~rior para o exterior)
Jamais pensemos em tomar uma grande distância para
batermos com mais dureza.
Este é um movimento onde bloqueamos o ante·
. D~. outro modo, ~laqueando, também podemos braço adverso batendo com a parte interna de nosso
des1qu1hbrar o adversano, puxando-o para frente pela antebraço, logo acima do punho, fazendo com que o
manga,. T~ukami-1:Jke. Por outro lado podemos, usan· membro adverso seja rejeitado para o exterior. Logo
do as tec~1cas aqui descritas, bloquear um Sokuto, um devemos estar em yoi, e recuando o pé direito, fiquemos
Yoko-Gen - e uin Ushiro-Geri. em Zen·Kmsu. Estendemos a mão direita para frente,
. _lJchi-Ko~i = movimento do exterior para o com as palma~ para baixo. Conduzindo a mão esquer·
mteno~·, com !Slo,. reentrando no ataque. Aqui o ante· da fecha.d a comra o quadril direito, conservando as
braço e leva?o diante do peitoral direito (des. 63) e falanges para baixo. O COlOvelo esquerdo fica diante
o cotovelo fica na mesma posição. Este é um movi- do abdómen, cem a ponta para o advenário, enquanto
mento precedente, sendo que no Sotto-Uke tanto o o antebraço esquerdo r~sta sob o braço direito. Púa
c?tovelo como a mão fechada, descrevem uma trajetÓ· bloqueio devemos tirar a mão direita em hikice, en-
na curva para se postar diante do peito. quanto movemos o ~oto,·elo esquerdo um pouco para
Ele faz um papel de eixo no Uchi-Komi, em tom-.: a esquerda, e levamos o amebraço para a mesma dire·
do qual, se desloca o antebraço. Como sabemos Uchi- ção. Logo executamos uma rotação do punho -:esquer·
Komi é um movimento do braço que permite dirigir do, para que a mão fechada tenha as falanges voltadas
o membro adver$o, enquanto o Sotto-Uke é somence para o alto no impacco, e para que a parte interna do
um bloqueio. Logo o primeiro nos interessa num braço tenha çon~ato com o membro do adversário.
corpo·~·co~po, 01.1de se avança sobre o ataque. Nesta Dcs. 64, mostra a posição final. Esta difere de Sotto-
execu~ao e preciso uma perfeita ação da rotação dos L1ke, pois o cotovelo fica diante do flanco e dobrado
quadris, levando o peito totalmente de perfil, sendo a um ângulo direito. Os ombros se conservam num
que, a força usada, é pouca em relação. Também po- mesmo nível e a mão fechada à altura do ombro, sendo
demos contra-atacar em Uraken usando a mesma mão que, o antebraço não está oblíquo, ruas sim num plano
fechada, por ser mais rápido que se atacássemos em vertical. Como Yemos a articulação do ombro é im-
Gyaku-Zuki com a mão de trás. portante nesta técn~ca; é preciso que esteja na vertical
todo o braço para que possa bl9quear e não deixar que
Uchi-Komi - estando noutra posição.
o ad\'ersário toque nosso bíceps, o que sucederia se o
Aqui não é preciso uma chamada do punho tão cotovelo ficasse para o exte::-ior. Ai, a mão fechada
ampla, como para o Sotto-Uke. Ao começar o movi- adversária passaria por cima do antebraço, tocando·
mento levamos o punho, braço dobrado, as falanges nos. Também aqui, tiramos o quadril <lireito para
para frente e para o adversário. Ficamos de frente até trás para ficarmos três quartos de frente e armarmos
o momento final, quando com uma rotação firme de o contra-ataque. No escilo \.Vado·Ryu. giramos ao con-
punho, bloqueamos. trário os q uadris no mesmo sentido do bloqueio, ga-

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jf

nhando mais força e ficando de frente ao final do mo- SHUTO·UKE = bloqueio de sabre de mão
vimcmo. Uchi-Uke = nesta técnica usamos com força
o antebraço ao encontro do membro adverso, conser- Fiquemos em yoi, em seguida, assim que formos
vando-o sólido. Mesmo aqui a atenção deve estar em atacados, recuemos bastante o pé direito e fiquemos
conservarmos o braço flexível na ação contraindo-o num estável Ko-Kutsu para um bloqueio à esquerda,
vigorosamente e de modo rápido, someme no impacro. con~ervando o pé esquerdo para freme. Devemos pres-
tar ateqção ao equilíbrio prestando cuidado quando
MOROTE·UKE (bloqueio duplo) recuamos. Estendamos a mão direita para o adversá·
rio com a palma para o solo e nível do _rl~xo e leve-
l'\ada lllais é que um Cchi-L'ke, onde a mão mos a mão esquerda contra a orelha direita, com a
fechada, oposta cm lugar de hikite, é dirigida na mes- pal~a para a cabeça. Dcs. 30 e 31. O cotovelo esquerdo
ma direção do bloqueio para aumentar sua força. As fica sobre o direito <liame do peico protegendo-o, logo
falanges para o alco de encomro ao cotovelo que blo- tiremos as mãos em sentido contrário, sendo que a
queia e o amebraço vem contra o peito. Des. 65. mão faz um percurso próximo da linha direita e um
Também podemos variar, colocando a mão aberra pouco descendente para esquerda, parando logo que
e os dedos aponrandu para fora sob o cccovelo. chega ao aprumo da perna da freme. Pela breve r~ta·
ção do punho que trás no impacto~ palma para baixo
Algo mais sobre o L'de-l.Jke: o braço ganha força em seu mov1memo. ~~r outr-0
lado a mão direita é tirada para trás em h1kire com·
Se quisermos fazer os bloqueios com perfeição, ao pleto, parando diante do plexo com ~ .palma para o
nível do rosto, devemos ficar sempre em posição Chu- alto e dedos apontando para o adversano. Des. 66.
dan perfeita, sem modificar o ângulo do cotovelo, leve- Pela manurencão do ângulo do cotovelo e pela
mos o braço até que o húmcro chegue a um plano concordância da se~ura e amplicudc do movimento do
horizontal. Sabemos que no Japão cedas estas técnicas braço "limpando", com profundiàadc, a zona a pro·
são conhecidas como Ude-Cke e por isto dizemos que teg~r, esta técnica se torna difícil. Por isto aquele
para nós podemos chamar de Soçco-Ude-Pke rodas as ângulo é mantido peno da axila e no mesmo pla.no
técnicas que se executam sobre o exterior do braço que a perna da frente. Des. 67. Se é para o extenor
advers9 e por Uchi-Ude-Llke rodas as que são sobre o o ataque passa. O Shuto é no prolongamento do ame·
imerior do seu braço. Igualmente podemos ter: Uchi- braço. dedos à altura do ombro e apontados para o
üchi-Uke: do interior para o exterior, levados sobre o adversário. Torna-se fácil contra-atacar por um Nu-
interior ao braço adverso ou Sono-Sorco-Ukc: do exte· kite no rosto, por qualquer das mãos. É preciso ·C011·
rior para o interior feitos sobre o exterior do braço servarmos os ombros no mesmo nível, o abdômen forte
adverso. Também Sotto-Uchi·Uke: interior para ext~­ e fazermos um correto Ko-Kucsu.
rior no exterior do braço adverso e Uchi·Sotto-Uke: No movimento feico ao nível Jodan o cotovelo
exterior para ince.rior no imerior do braço adverso. fica mais alto, conservando seu ângulo, enquanto o

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f
antebraço fica perto da vertical e a palma do Shuto rigoso. O Haishu serve para bloquear um ataque (Des.
voltada para o adversário. Nesta posição coma-se difí- 54) e se parece na execução ao Shuto UKe. Bloquea-
cil manter o braço no plano da perna da freme. Dize- mos em dois níveis.
mos ainda, que jamais devemos esquecer de enrijecer Nível médio:
o braço e o corpo no momento do impacto. Este tam-
Estendamos uma das mãos para o adversário, trazen-
bém é um bloqueio duro, pois o antebraço sofre um
do a outra por baixo ao nível do quadril de trás. Poste-
choq u.c forte em razão da su a superfície de bloqueio
riormente, bloqueamos com esta mão, desdobrando o
estar mdo contra a força de ataque. ;\lfas com treino
antebraço em torno do cotovelo, e tirando a outra mão
sério e fiel, ele poderá, inclusive, danificar a força opo-
para trás. A rotação do punho durante a sua traje-
nen~e ...Também'. mais tarde, pelas técnicas de força e
flex1b1hdade unid~s, poderemos no movimento feito tória não é importante. A mão para com o dedo pole-
gar para o reto e os dedos dirigidos para o inimigo.
ao nível Joda n, o cotovelo fica mais alto, conservando
Isto se faz como Uchi-Uke e Haito-Uchi na posi-
seu ângulo. O antebraço fica perto da vertical e a
ção Ko-Kutsu e Kiba-Duchi de perfil em relação ao
palma do Shuto voltada para o adversário. Nesta posi-
inimigo. Des. 54.
ção torna-se difícil manter o braço no plano da perna
da freme. Jamais devemos esquecer de enrijecei o Ao nível alto:
corpo e o braço no momenro do impacto. Faremos como em Shuto-Uke com uma menor
rotação do punho. No impacto a palma da mão se en·
SHU'l'O·BARAI = Varrida de sabre de mão contra ao plano da parte carnosa do ante braço, enquan-
to é lançada para o adversário a sua parte cortante.
Neste movimemo a mão não pára ele se movimen- Des. 68. Se fizermos haishu·uke veremos que é mais
tar bruscameme no impacto, mas continua na inten- fácil que shuro-uke.
ção de exp•Jlsar o membro adYerso, e se possível, agar- Para este movimento, trazer a part~ cortame tia
ra o punho para ciesiquilibrar o inimigo, puxando-o mão para trás, contra o plexo, e não fazer um blo-
para freme, usando o polegar estendido e afastado da queio muito para frente. Não deixemos o ângulo do
mão, o que forma uma forquilha pelo sabre do índex cotovelo muito aberto para nosso adversário não furar
e o polegar. nosso bloqueio.
Nesta técnica não há a parada entre o bloqueio e
o contra-ataque, assim sendo, o con~ra-ataque pode OTOSHI-UKE = bloqueío impelido para baixo
partir com o adversário ainda em movimemo.
Aqui, levemos a mão fechada acima da cabeça,
HAISHU·UKE conservando as falanges para frente, batendo com wda
a forca num movimento direto. O melhor seria usar-
Nesta técnica ,a mão "limpa" a área num movi- mos ~ma posição frontal para que pudéssemos abaixar
mento circular do imeri!lr para o exterior do lugar pc· o máximo os quadris durante o bloqueio. Esta é uma

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f
forma Letlsui-uke onde batemos na venical do alto Geri, sendo que sua utilizaç.ão neste caso é perigosa,
par.. baixo sobre um acaque, visando ao abdômen. Pe- em razão do movimento forte para cima da tíbia, o que
garmos a posição fudo-dachi, des. 69. Vemos que a poderia causar dano à articulação do punho e dos de-
posição do antebraço em razão do solo e do peito é dos. Poderíamos, também, usar o Koken-Ushi para
paralela, e o cot0velo fica no plano vertical da perna. atacar o rosto, fazendo uma flexão do punho e batendo
Aí, é preciso termos cuidado para não pendermos para diretamente.
frente na busca de uma posição baixa se bloquearmos
sobre um Mae-Geri, escando em Ot0shi-like. Abrimos, JUll·UKE = bloqueio em cruz
assim, a guarda do abdômen, pois o pé, subindo de bai·
xo para cima, pode tocá-lo, sobretudo. se o bloqueio Este é um excelente bloqueio contra o Mae-Geri.
é feito muiLO alto. Este é um grande bloqueio, pois, Sendo que executado em qualquer nível o movimento
11ão é necessária uma grande força e o braço do ini- é o mesmo. A sua utilização é variada e seu bloqueio
migo é trazido para baixo. O ideal seria fazermos um duplo, é feito pelo cruzamento dos punhos. As mãos
Otoshi-Uke venl:.deirameme seco. podem estar abertas ou fechadas. No primeiro caso,
é mais fácil pegar o membro adverso, e no segundo as
TAISHO·U.KÊ = bloqueio da palma injúrias das mãos quase não existem por ataques
dos pé.
Vamos aqui, apresemar um bloqueio feito com Estes são os níveis principais:
uma superfície grande (Teisho) ou melhor o Teisho-
Gedan-juji-uke = bloqueio baixo.
Uke, dado verticalmente de cima para baixo, movi-
mento que se enconn-a na base de rodas as variações Fiquemos em yoi, com as mãos fechadas em hikite
aqui vistas. É lógico que não podemos nos aprofun- aos quadris, tendo as falanges para cima e os cotovelos
dar em t0dos os pontos, e portanto, ficaremos no essen- apontados para trás.
cial. Elevemos a mão diante da testa, tendo o braço Para ficarmos em Zen-Kutsu à esquerda, avan-
um pouco dobrado, conservando o punho bem flexí- cemos o pé esquerdo, batendo as mãos fechadas para
vel. Devemos conservar o dorso da mão orientado para a freme e para baixo, como que fazendo um duplo Ge-
frente e pender os dedos para o solo. Sem alguma dan-Choku-Zuki, cruzando os antebraços e tendo o di-
contração do braço. abaixemos com vigor, num plano reito por cima (des. 71 ). Os punhos para bloquear
vertical a mão, voltando ames do impacto, severamen- com a par te externa do antebraço fazem uma rotação
te, a mesma para cima (des. 70), ficando a palma para de 180º e conservam um ângulo reto. Os cotovelos
baixo, batendo o braço inimigo para cima. Aqui, o devem estar fechados e juntos do tronco, ficando no
que vale é a flexibilidade e não a força, o punho não entanto, um pouco dobrados. As mãos devem estar
volta antes do impacto e o corpo se enrijece, sofrendo bem fechadas para que não haja luxações nos dedos.
uma impulsão do abdômen antes da descontração rápi- Os ombros devem estar baixos e o abdômen proje-
da. Esta técnica pode ser utilizada para deter um Mae- tar-se na direção do bloqueio, dando-lhe força. Em

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l
f
caso de recuo, ele deve dominar o reflexo que dá a baixo, e a bissetriz do ângulo formado pelos punhos
maior distância entre o ataque e nossos quadris, fazen- devem, pela lógica, ser mantidos no mesmo plano do
do repousar o todo da defesa, unicamente nos braços; corpo. Somente assim, o bloqueio é sólido para con-
é preciso, pois, que reentremos as nádegas, fiquemos ter um golpe de bastão vindo do alto. Desta técnica
arqueados e coloquemos os quadris para frente. Prin- podemos tirar uma defesa para golpes no rosco, dados
cipalmente se formos atacados a mão armada (<lese· de mão fechada, se abrirmos as mãos em - Shuto - e
nho 106). conseguirmos puxar o braço adverso para frente desi-
Sob um ataque de pé, é melhor avançar para c1uilibrando o oponente.
deter, antes que o golpe tome velocidade, ou melhor, Podemos utilizá-lo como meio de defesa contra o
quando a tíbia estiver na vertical. Devemos, pois, blo· Jodan-Zuki, sendo os princípios os mesmos de Age-
quear a altura do tornozelo, podendo, pois, controlar- Uke. Não recuamos a cabeça bloqueando. Devemos
mos a extremidade da perna. Se fizermos Otoshi-Uke fazer o ataque ir para cima, desviá-lo de seu curso e
de braço esquerdo e Tate-Zuki de direito por cima, não pará-lo bruscamente.
faremos uma variante ou um bloqueio continuado com
contra-ataque. Bloqueamos com a esquerda e batemos MAENDE-DEAI·OSOE-UKE - bloqueio prolonga·
de direita diretamente (Tsuki). Para maior força no do para frente
golpe, desçamos à posição mais baixa possível.
O braço que corresponde a perna da freme, deve t uma ma~eira de bloquearmos ames de que o
sempre, estar por cima do outro. Este é um bloqueio membro adverso tenha obtido plena extensão. É, pois.
de força, pelo qual, tentamos colocar fora de ação o um golpe dado com o antebraço (des. 73). Para isto
nosso adversário, ou injuriá-lo seriamente. conseguirmos, avançar bem sobre o adversário para
conter seu princípio, ou melhor, antes que consiga
JODAN • JUn-UKE ::::: bloqueio alto força pela posição e velocidade de deslocamento.
Parte, pois, para um bloqueio "sério" no qual o ante-
A ação é diretamente para frente e para cima, sen- braço recebe a carga. E para fazer deste algo mais
do a execução idêntica. Temos, pois, um Choku-Zuk.i forte, devemos ligar ao movimento o prolongamento
duplo para cima. Varia, unicamente, a rotação de dos quadris na mesma direção abaixo bem do centro
punho, segundo os estilos. Bloquear q'uando as falan- de gravidade. Jamais devemos usar esta técnica como
ges se voltam para baixo, martelo de ferro para frente defesa para golpes de pé, por serem estes mais fortes
(des. 72). Devemos manter uma posição baixa e sóli- que o antebraço.
da com o tronco na vertical, estando o abdômen con- Mais correm seria o emprego do Gedan-Juji-Uke,
traído e de Crente. Os ombros baixos e os cotovelos pois, o choque é recebido pelos dois braços -e por ser
jamais apontando para o exterior para que os braços um golpe poderoso, Podemos usar, também, com ou
não se dobrem sob um ataque force, falhando o blo- sem esquiva, se não quisermos nos defrontar com a
queio. Portanto os cotovelos devem apontar para força aparente, o Gedan-Barai. Para a execução do

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(
Maende-Deai-Usae-Uke, tomemos a pos1çao hachiji-
dachi. Estendamos a i'llão fechada direita para frente,
tendo as falanges para baixo e portemos a mão esquer-
da fechada, com as falanges para o alto, ao quadril di- CAPtTULO X
reito, sendo que o antebraço esquerdo fica miado ao
corpo. Ao perceberinos o movimento do inimigo,
avancemos o pé esquerdo bastante, ao mesmo tempo (ESQUIVAS) KAWASHI
que enviamos um golpe seco, o antebraço esquerdo
para frente com uma completa rotação do punho. No Por meio dos bloqueios bem estudados e prati-
impacto o lado externo do antebraço está para frente, cados com insistência, é que podemos chegar às esqui-
ficando o mesmo paralelo ao solo e ao peiro. O coto- vas, que na verdade são uma maneira mais apurada
velo fica diante do corpo e não sobre o lado. Blo- de defesa. Logo, para conseguirmos atingi-las é pre-
queando com o braço esquerdo faremos, com vontade, ciso que consigamos perfeição e domínio em certos
hikite com a mão direita fechada para que haja efeito. fatores essenciais. Dentre estes, podemos citar a esta-
força e precisa $_incronia nos dois movimentos. O peito bilidade, o Kime, a velocidade, a noção de distância,
deve ficar três quartos da frente; o abdômen lançado etc. Para muitos praticantes ainda germina a idéia
para frente, enquanto as nádegas são contr;IÍdas e a que a esquiva é pane fundamental do gesto no Aikido
mão fechada de trás está pronta para um Gyaku-Zuki. e que pouco dela existe no karatê. Todos nós sabe-
O golpe é doloroso, podendo .paralisar o membro do mos que a esquiva é diferente do bloqueio. Nela pro-
adversário. curainos guiar o ataque adverso e não bloqueado pela
O próprio contra-ataque não é necessário se o gol- força. Uma esquiva bem feita e bem aplica~a coloca
pe é bem dado. Para um efeito certo é preciso que fora de trajetória o membro adverso. As esquivas bem
haja força e velocidade no antebraço que parte para feitas chegam a deixar passar o membr~ adverso be1~1
o adversário. A perfeição do golpe é acentuada pela perto do defensor. Nela, não é necessán~ ~ força e_x~
rotação do punho, enquanto o braço "ataca", e nãa gi<la pelo bloqueio. Mas uma certa pericia e perfei-
como para muitos, que f;iz somente o papel de escudo. ção, que por simples afastamento fazem um trabalho
superior. Um faror interessante é que a pouca força
usada na esquiva não advém somente dos braços, mas
também dos quadris que são fatores importantes nos
bloqueios, como vimos anteriormente, somente que
nas esquivas seus movimentos são mais ângulos, em
razão de que seu movimento se faz junto com o deslo-
camento dos pés.
As regras:
Velocidade = Devemos ter sempre em mente que

194 - 195
I
a exatidão da esquiva é fator de sucesso. Não devemos OS QUADRIS
antecipá-la para tiue o adversário não mude a direção
do ataque e muito menos retardá-la, pois desta forma Quando o corpo perdeu a estabilidade pela des·
de nada valeria sua execução. Na última fase do ata- locação dos pés ou pela modificação da posição do
que deve iniciar a esquiva e deve terminar ao mesmo peito, produzido no mesmo lugar, não há a segurança
tempo ou segundos antes do mesmo. Se o ataque fin- normal advinda de uma posição ortodoxa. Pode exis-
dou e não houve nada de anormal, ou melhor, se não tir o apoio e ainda a força dos braços, mas para que
f?mos atingidos, não devemos fazer uma esquiva, mas um deles chegue ao adversário, pela modificação da
sm1, tentar bater antes que haja tempo para um con- posição, é necessário preencher aquela falha pela rota-
tra-ataque. Sendo já difícil bloquear um movimento ção vigorosa e seca dos quadris, no mesmo sentido, ou
circular do braço num ataque rápido, mais ainda o é em sentido contrário ao movimento do braço. Os qua-
para a esquiva, pois aqui, existe o movimento no mo- dris, pois, esquivam, e não os braços que são apenas
mento de outro movimento, acomp~nhado da agitação o veículo.
normal e da deslocação do corpo, ou parte dele.
Ainda esquivar:
. Esquivar. É a arte de sair de um golpe de perto,
usando um notável golpe de vista e muita coragem. Esquivando pata o exterior do ataque, evitamos
Devemos vencer o receio que nos faz afastar demais e ser contra-atacados pelo membro oposto, ganhando
chegarmos à perfeição de lograrinos um afastamento chances para contra-atacar.
de centímetros, chegando a mantermos um contato Unia esquiva feita na zona frontal do adversário
estreito com o adversário. Da mesma forma o recuo não o deixa atacar sem fazer modificação no seu ângulo
deve ser o mínimo possível para que possamos bater ele ataque, não podendo intervir sem que tenhamos
quando findar seu ataque. tempo de colocar nosso contra-ataque. Todas estas re-
Flexibilidade no lugar da força. comendações devem ser observadas no Ki-hon-kumite,
sem o que, todos os esforços ruirão e não faremos es-
A velocidade de deslocação obtida pelo total rela- quivas, mas só bloqueios acompanhados da desloca·
xamento. do corpo é o fundamento para a perfeição ção do corpo.
da esquiva. Devemos, pois, estarmos flexíveis e não
tensos e retesados, o que dificultaria a esquiva. É difí- POUPANDO ENERGIA
cil, pois, há a rapidez do ataque real e o receio de
~erm~s .tocad~s, nos produz aqueles efeitos. A força Menor contato com o membro adverso. Eis aí,
Jamais mtervem senão no momento do contato e na uma qualidade específica da esquiva. Por não haver
fração do raio, assim como a batida deve ser seca. absorção do choque, não há o r~ceio das injúrias e
Aqueles que são mestres na esquiva, ficam sempre dores e quando de ataque a mão annada, somente a
perto do adversário; podendo usarmos a expressão esquiva funciona com eficácia. Somente assim. prote·
"sempre colados" gemos o corpo.

196 197
Oesiquilibrando o adversário: que bloqueia pe~a ~orça- do golpe: Se_ aqu~le .que blo-
queia possua mais força e as teonas sao idenucas, pos~
Seria o meio pelo qual bateríamos secamente de sivelmente leve a melhor. De outro modo, se a força e
lado em seu braço, aproveitando o seu total empenho
menor para o que bloqueia, facilmente ele pode ser
ern atacar-nos. Sabemos que na esquiva aproveitamos
abatido.
o úhimo momento do ataque e que não nos interessa
parar o golpe secamente, mas sim, deixar a força do A DECISÃO NO CONTRA·ATAQUE
adversário levá-lo pela esquiva à direção da partida,
sabendo-se que ao partir, ele de nada suspeitou, lan-
Estando próximo do adversário o cont.ra-ataque
çando-se fundamente no ataque. Se portanto proceder-
será mais eficaz se for acompanhado de esqmva, apro-
mos como foi dito acima, poderemos desiquilibrar
veitando a antecipação do seu Kime e em descontr·~­
o adversário de maneira eficaz.
ção. Não devemos refor~ar o ~ontra-ata~u~ em detn-
Concaro direco. mento do poder da esqmva. Ficando proxunos, pode·
Bloquear não deve ser o todo para aquele que mos bater de joelho, de cotovelo, etc. Logo, o contra-
inicia. mas uma parte para chegar à esquiva. O blo- ataque imediato, a ~squiva e antes ~o ataque adverso
queio é fundamental nos assaltos de estudo, onde a chegar ao fim desorienta o adversário.
técnica empregada é uma, mas não nos assaltos ou Esquivas principais:
ataques livres, quando o adversário pode usar aquilo A esquiva em si, é um movimento da parte s~pe­
que bem aprendeu, ou sabe. Aí sim, deve valer aquilo rior do corpo, seguida de um deslocamento_dos p~s, e
que até aqui foi dito sobre esquivas, em prindpal a maneira pela . qual nos colocamos em relaçao à hnha
parte da esquiva para o exterior, mantendo um con- de ataque.
tato esrreito com o inimigo. Ele não poderá, de modo A maior parte dos bloqueios podem se adaptar
algum, sem perder tempo, voltar a se estabilizar ou para acompanhar a esquiva, sendo. que o gesto ~o bra-
procurar uma nova técnica. Logo para quem se de- ço deve ser vigoroso e ter harmoma com ~ ~nov1mento
fende, a zona de melhor perigo é aquela perto do da p.erna. O abdômen deve sempre estar solido e pron·
adversário, onde podemos, por vezes, ter seu braço ou to para a ação formando um elo entre ambos.
pé para usá-los. Atacados, desviamos acacanc1o!
Esquiva Sotto-Uke = Diagrama A.
AINDA A DEFESA A direção do ataque está indicada pela flecha l
e 0 sentido do bloqueio pela 2, ficando as partes negras
Aqui vamos fazer paralelos entre força e técnica, marcando a posição dos pés. Giramos so~re ~ pé da
e mostrar vantagens e desvantagens entre ambas, quan- frente, forçando-o para a volta, para o 1?tenor, ~n­
to aos bloqueios para que vejamos o valor da esquiva. quanto o pé de trás desloca-se para o ~xtenor. O peito
Dois praticantes de força e técnica iguais; vence aquele e a ba<:ia voltam para o mesmo sentido, enquanto 0
que ataca, pois, pode furar o ataque ou pisar aquele bloqueio leva 1m1a nova direção ...

198 199
. ? eixo da posição forma um tngulo agudo com a c.:omrário ou mudar de ação caso precise, mas paTa
d1reç.ao do ataque:, sendo que ao tempo do bloqueio isco <! necessário ter flexibilidade desde a ação. No cies.
no m.es~o lugar fica paralela. Não devemos girar com i·L Vemos q ue grande esf01·ço faz para afastar um
amphd~o, e ~ deslocamen~o do pé deve ser fraco para \Iae-Geri, principalmence, na linha mediana venical
que ha1a rapidez de movimento. Podemos nos esqui- do corpo. Sendo forte, a perna do nosso adversário
var no mesmo lugar, passando de Zen-Kutsu a Kiba- !?ode plssar à defesa e inflingir:nos danos. No des. 75,
Dachi. cemos uma defesa para o exterior.
Esquiva = Gedan-Barai = Diagrama B c\q ui há uma técnica especial, pois, no ins1ante
onde o pé está mais promo de fazer sua ação, poden·
A .esquiva é feita pelo giro do pé de trás e pelo
bloqueio (Zen-Kutsu). A flecha 1 dá a orientação do do mudar seu trajeto, voltamos com vigor os quadris e
ataque e o sentido do bloqueio pela 2. Desde o blo- batemos com a mão fechada da frente, tendo a bacia de
frente. e o braço de trás ao longo do abdômen para blo-
queio a rotação dos quadris e o movimento do braço
vão ao mesmo sentido. que:n se preciso. É necessário que principiemos a estu·
dar as esquivas simples, pois, as esqui\'as em si são nu-
A esquiva é feita pelo giro do pé e de trás e pelo
deslocamento do pé da frente, além da linha de araque. merosas. Penso que. aquilo que até aqui foi narrado,
scr\'iu para base e compreensão. De nada \'alerá co-
Executamos Gedan-Barai - para a direita, vol- meçarmos pela~ difíceis, por serem as mais bonitas ou
tan?~ co~ força a bacia e o peito para a esquerda. A as mais eficazes. Há casos nos quais podemos girar até
pos1çao e um Zen-Kutsu para trás ou um Kiba-Dachi. 18(}0 sobre nós mesmos, ou lançando-nos com as duas
Isto não levará muito tempo, pois giraremos as cadei- mãos ao solo para o contra-ataque com os pés, etc.
ras de imediato em sentido inverso para batermos. O Emão por serem perigosos e difíceis, indicamos as
deslocamc:nto do pé da frente deve ser fraco , enquamo aqui <lcscritas para início. por serem base. Pratiquc-
os quadris fazem a rotação com energia, sem jamais 111os. seriamente, com um companheiro e a façamos
dar as costas para o adversário. O ataque deve passar bem perto da mão fechada e bem lcntameme. Nada
por trás e a posição do peito deve ser de perfil. A de usar a força. e sim, a flexibilidade, o certo é pensar·
coluna deve estar na vertical, não mudando a posição mos no adYcrsário como um objem de ferro e est.'itico.
dos quadris durante a esquiva. i:om o <]Ual, podemos unir nosso corpo. Afastamos o
máximo :i mão fechada do advers;irio. sem quase nos
Esquiva com Nagashi-Zuki (D. 74 e 75). dt:slocarmos. Com paciência e cons1incia, coloquemos
,·clocidadc e Corç.a nos movimencos e não esqueçamos
.Para es9uivarmos sem bloqueio é preciso uma
técmca dommante e precisa, pois aqui o adversário que a esquiYa é uma arma de dois larlos.
está próximo de tocar. Devemos conservar um braço Oi:,·emos trabalhar com a flexibilidade e a des·
defronte da zona ameaçada. Logo este braço pode contração total para que não paremos nos erros onde
nada fazer se a esquiva for boa, desviar o golpe em caso a precipitação e contração tolhem os movimentos.

- 200 ~OI
ouvimos afirmações que demonstram o quanto surtiu muitos levou à desilusão. Quantos ávidos pela propa-
efeito aquele aparato tão bem organizado. Se na tele· ganda de~ordenada, de~abilitados pela tapeação, não
visão, o herói ataca e vence, para o público ele pratica tiveram seus sonhos desfeitos?
judô, mas executa técnicas de Karatê! ... Pensamos nós, É sabido que todo o praticante, mal orientado,
que somente através do conhecimento e do apareci- deseja, logo que possa, provar seus conhecimentos.
mento das artes marciais no seu total, é que 'este estado E quantos não ficaram desiludidos? E o que dize-
de coisas poderá mudar, fazendo com que o judô torne mos daqueles outros que dotados de força, vitalidade
a seu lugar de origem, salientando que, de maneira e capacidade, não "dormem", enquanto não põem à
alguma. existe desmerecimento, mas pelo contrário, prova suas qualidades de brigantes, qualidades estas,
muitos méritos a seu valor educativo e esportivo. adquiridas de modo tão pouco recomendável. Mas o
A defesa pessoal é comm;neme vista de um lado que fazer? De momento tentarmcs abrir os olhos dos
mais fácil, por sempre aparecer co.mo uma pane con- iniciantes e não nos esquecermos dáqueles já .. vicia·
túma das técnicas de combate. Podemos afirmar que, dos". A verdade é que a defesa pessoal como é hoje
por várias razões, a defesa pessoal não é estudada e caracterizada, nada mais é que um sumário cheio de
levada a sério como merecia ser. Para isto, podemos técnicas complicadas diversas. 'Estas deixaremos de
anexar a pressa, e o pavor que tem o público pelas lado, pois, pensamos não levarem a nada de objetivo.
coisas demoradas e difíceis de aprender. Nos fixaremos naquelas cie base mais fáceis de fixar
É sabido que o povo clama por métodos fáceis, e assimilar, e mais úteis do que aquelas confusas, que
eficazes e prontos a dar-lhes em poucos meses o que as nos tentam impingir os amantes dos espetáculos, tão
..outras séries", dar-lhes-iam em vários anos!. . . Ora, desviados estão do alvo verdadeiro do Karatê.
devemos ser sérios e pcnderáveis, com a defesa pessoal-. Aqui não nos fixaremos, e muito menos apresen-
Nela há técnicas de precisão, estudadas a fundo, para taremos trabalhos exaustivos, mas pelo contrário, um
serem postas na prática em ocasiões "especiais". É número de conselhos que nos auxiliará em caso de con-
preciso, além do intelecto, esforço físico para que a fronto "Real". Todos nós esta1nos predispostos, a um
dominemos, logo, não ficaria bem, tentarmos somente dia qualquer, nos defrontarmo> com uma vicissitude.
pelo meio da leitura chegarmos a uma meta que diz E esta pode ser aquela da agressão[ Portanto, a defesa
mais do que "lutar". É preciso que saibamos que, di- pessoal deve fazer parte de nossas vidas, mas estudada
ficilmente com o intelecto, poremos fora de combate com vagar e seriedade.
um ignorante disposto a tudo. E dizendo isto, pensa-
mos lembrar aos mais incautos, que na defesa pessoal As variações:
é preciso além do intelecto, a técnica, pois, já o nome Não há um só método de defesa pesscal e pensa-
diz tudo: algo nos defende de uma agressão Dos livros mos que seria absurdo nos aprofundarmos em todas as
fáceis, e dos cursos mágicos, devemos ter pena, pois, artes marciais, na intenção de unificarmos todas as
além de roubarem minutos preciosos dos <tlunos, incul- virtudes em um só desejo! . . . O lógico será escolher-
cam nas pessoas um estado de segurança falso, que a mos entre tantos, aqueles que mais nos convém.

298 299
iiepois de longos meses de prática é que iremos sentir a de nosso tronco. O golpe é sempre dado com a força
força que existe nesta técnica. do ventre, não deixando o urra q ualquer interferir.
No \i\lado-Ryu, roma o noint: dt: Kara-Zuki 1,dt.i. No impacto devemos contrair a axila e não ·o ombro.
!í. 6 e 7) , Chodan-Choku-Zuki de mão d ireirn. para que o golpe seja poderoso.
Fiquemos em hachíji-rlachi estendendo a mão cs· Treinamento: devemos nos exercitar, sempre que
querda fechada para diante e de unhas para o solo. ao possível, usando um espelho para ultrapassar nossos
nível do plexo. A mão fechada oposta é tirada para defeitos. A flexibilidade sempre deve estar presente, e
trás, na altura das costelas flutuantes, com as unhas não devemos unir força e velocidade antes que haja
para cima. O ombro esquerdo fica baixo. O cotovelo forma perfeita de movimento. Somente devemos colo-
aponta para trás (des. 5). Os ombros aí, [êm o mesmo car certo ritmo na medida do progresso real, podendo
n ível e ficamos descontraídos, menos na altu1 a do inclusive, ter um tempo de parada entre cada golpe
:lbdômen. É preciso rrazer o cotovelo esquerdo contra para que haja concentração para batermos novamente.
o tronco, iniciando. a ro[ação da mão fechada esquerda Devemos treinar com posições bem baixas para que
no sentido oposto. Ao mesmo tempo a rnão fechada exista tensão sobre as pernas, facilitando assim, a con-
direita vai para a freme, fazendo a rotação no mesmo tração do abdômen. As posições que devemos variar
semido. Conserve firme o cotovelo ao longo do Lronco são: Uchi-Hachiji-Da·chi, Heiko-Dachi, San-Chin-Da-
(des. 6). Ao final da rotação da mão esquerda, as chi, Kiba-Dachi, Shiko-Dachi e Seishan-Dachi, fazen-
unhas es[ão para cima, ao flanco esquerdo, assim qut do-as sempre de frente. Também devemos treinar as
estiramos o braço direiw. Aí, a mão clireila finda dt: paradas a poucos centímetros do alvo pré-estabelecido,
voltar, parando na alcura do plexo no plano vertical usando neste tipo de treino, todas as forças na mesma
médio de nosso corpo (des. 7) onde no des. 7 está :i direção. Esta maneira de treinar dar-nos-á após alguns
esquerda. meses. capacidade para desfechar sucessivos golpes, sem
.\s recomendaÇôes que fazemos são as seguinr.es: que haja falta de fôlego. Não esqueçamos que todos
não devemos movímemar o peiw duraule o movimen- estes golpes deverão ter a mesma Corça e movimento
tO. mas consen•á-lo de frente. Devemos. no .::ntanro. para que consigamos êxito. Para que exista a natura-
bater forte e perto, não deixando os ombros se eleva· lidade é bom que variemos os µívcis e as formas, fazen-
rern. O nosso abdômen devl'. t:Star sempre fone par;,i do inúmeras repetições com velocidade, força e des·
qut: não nos desiquilibrernos para frente. É impor- contração. Por ex.: duas vezes Jodan e duas Chudan.
La1üe nos sentirmo~ bem postados sobre a~ pernas. D<:-
vemos fazer um Kime breve e amplo, parando-o :w AS DERIVAÇÕES
final do curso, contraindo a cinta abdominal ao m:~­
ximo. Após, expiremos rapidamente, nos rc.:laxa11du, Sabemos que a base e o fundamento dos golpes
imediatamente. A mão fechada que volta, o foz O)lll de mão fechada no Kararê, é o Choku-Zuki. Foi por
a mesma força da outra que bak. Não <.lc\'cmos ·;;1- esta razão, que tentamos exemplificar a trajetória reti-
cudir os t:ot.ovelos ao bater, n1as d<:i:d -los wcar o lu11l:':o línea e a rotação da mão fechada sobre a mesma. Va·

204 205
mos, pois. estudar oufros 51Jlpcs que sào 1nrn1,1~ lkri- Seiken-ago-U..:hi: golpe que salta (des. 13 e 14).
vadas do Choku-Zuki e o faremos 110 mt.:smo lug.u"
Na prática, este golpe devemos desferir de qual-
numa posição natural.
<1uer posição, com igual força e direto, o que não
TaLe-Zuki - golpe venical (des. 8) acontece quando a técnica é de base, quando então,
batemos a putir do quadril.
r\qui, a mão fechada não faz uma rcna~ão con1· Nesta técnica o golpe parte para o queixo do
pleta. No impacto o martelo ele ferro está voltado para advers<irio e volta à posição de início por um movi-
baixo. Este é um golpe de meia disLância. Nele o bra<;o mento muito elástico. O golpe não pára ao impacto.
pode ficar estendido ou ligeiramente dobrado. Elevemos as mãos fechadas até a altura do rosto, con-
Por ser uma técnica muito forte, serve para ata- servando as falanges para o interior. Sem reconduzir
que e contra-ataque. a outra mão para o quadril, batemos com uma breve
Ura-Zuki = golpe aproximado (eles. 9) rotação do quadril.
Todas estas técnicas foram e::studadas no mesmo
No impacLO, as falanges estão volladas para cima lugar. mas há aquelas que se fazem com deslocação, e
e 11 braçQ fica dobrado com o cotovelo peno do corpo. nestes casos toda a fç>rça de translação faz parte do
O g·olpe deve ser seco e com plena força do vemn::. golpe. como faz parte das técnicas, no mesmo lugar, a
Podemos bater no abdômen. e no queixo, havendo uma rotação do c1uadril. Vimos também, as técnicas liga·
áção de levantamento que vem do quadril. das a uma posição básica e as aplicações fundamentais
.-\ge-Zuki = golpe su bíndo (dcs. 1O e 1 1). da mão fechada em combate.
Não nos prolongamos mais por acharmos que na
Nesta técnica há uma LrajeLória de arco, pois. o base o fundamento é o mesmo, e que para chegarmos
golpe pane de urna posição baixa. na direção ela man- a níveis mais altos, depois de long-a prática, podemos
díbula por baixo. Aqui não fazemos uma Lrajctória variar as armas naturais.
reta, mas em arco. Se elevarmos os ombros e não con·
trairmos as axilas esta será falha. Onde aplicar o Choku-Zuki.
Mawashi-Zuki - golpe circular (t.les. 12). Oi-Zuki = golpe de mão fechada em perseguição.
Neste golpe há uma trajetória curva. A ação da Este golpe é dado avançando para o adversário,
rnão fechada é a mesma, partindo do quat.lril i.: tocando amplamente, em Zen-Kutsu desferindo-lhe o mesmo
o adversário sobre o lado, a têmpora ou o queixo. O em perseguição. Batemos 'do mesmo lado do pé que
movimento do quadril é feito no mesmo sentido ria avança. Iniciemos batendo na altura do plexo para
acão. Devemos fazer Kime assim que os Kemos che- mais tarde, com mais técnica, tentarmos o rosto. Ini-
g~rem ao plano vertical médio, passandc por nosso ciemos em Zen-Kutsu a esquerda, tendo a mão direirn
corpo. Não devem.os deslocar os cotovelos e não mo- fechada em hikite, assim que a esquerda é estendida
vimentar os ombros. d iante de nós, ao nível Chudan. Avancernos o p<.'.· di:

206 207.
mesmo sentido: Ao impacto, o peito· se · inclina para
diante, ficando : a três quanos de frente, e o joelho da
trás, sem nos. indinarmos para frente, ~onservando o frente dobra mais que em Zen-Kutsu normal.
peito de frente e o abdômen forte (des. 15). Somente
Tobikonde-Oi-Zuki
comecemos nosso golpe no momenlo que os pés se cru-
zam, fazendo o pé se imobilizar antes do momento Nesta técnica cuja execução é idêntica à do Oi-
preciso, onde a mão bate. Se hou\'er mo_virnenco após Zuki, para obtermos um alongamento maior no golpe,
0 impacro do pé falharão os pontos de apoio, sendo qt~e , sem perdermos o equilíbrio; nos inclinando para fren-
imobilizando-se muito .depressa a força de translaçao te, · partimos para o adversário, no senlido de compri-
do corpo para frente, não pode se juntar ao golpe. ·mento e não de altura. Não devemos voltar o peito no
Tenhamos o peito e a bacia sempre de frente no nn- impacto. No momento em que os pés se cruzam, aque-
pacto e fiquemos sempre em Zen-Kutsu ~stávcl (des. le que faz o apoio propulsa o corpo para frente e des-
16j. Nunca elevemos os calcanhares e cmdemos. para liza na mesma direcão; fazemos mais um Sanchim-Da-
que haja um ângulo agudo entre o braço e a clav1cula, chi largo, pela posição da perna, do que um Zen_-
sendo uma resposta cena de quem bate em correto Kutsu (des. 17). Para que todo o peso do corpo par-
Choku-Zilki, em plano vertical médio do corpo. Nã? ticipe do Tsuki e que sejª lançado para frente e freia-
devemos balançar os braços antes e durante o n10v1- do brevemente, é preciso que haja sincronia do golpe
mcnto, avançando o mais direto possível e não elevar de mão fechada, com a retom~da do contato dos pés
os quadris no transcurso da deslocação. Somente após com o solo.
estarmos senhores desta situação, é que poderemos pen- O calcanhar de trás pode kvantar. No momento
sar em velocidade. Nesta posição, pouco comum, po- . do Kime não deve haver balanço algum do corpo, mas
· demos atacar de longe . Para evitarmos o golpe parado este deve se tornar num bloco rijo. A descontração
ou a defesa · adversa, é preciso avançar o mais rápido total no instante após, não é mais indispensável para
possível. Este avanço deveria ter a mesma velocidade manter o equilíbrio. O movimento finda com freqüên-
dos golpes de mão fechada no mesmo lugar.. cia por um empurrão do adversário, no mesmo senti-
Esta técnica será usada nos ataques para estudo. do que o golpe de mão fechada. Devemos fazer o pos-
No dia em que dominarmos esta técnica co~n perf~ição sível para saltarmos' cada vez mais longe e velozmente.
estaremos dominando uma das partes mais preciosas Esta técnica é mais empregada na competição, por re-
do Karaté. querer ~ma técnica perfeita.
Podemos avançar também em Tate-Zuki e Ura- Mae-te-Zuk.i = golpe de mão fechada para frente.
Zuki. ·
O golpe de mão fechada muito rápido e incerto,
No Jun-Zuki-no-Tsukkomi, ataque mais pene- assim como todas as técnicas de mão e de pé dadas com
trante para frente, difere a técnica. A postura do pé um membro para frente, sendo, no entanto, menos
da frente, peito de frente, sendo que o golpe ·não parte forte que aquelas dadas com o membro de trás. Po-
senão, uin segundo tempo, com rotação dos quadris no demos encadear um mae-te e um tsuki de mão fechada

- 208 - 209 -
di: Lds. eru outro nível. 'Eis u111 número de golpes, do mós usar esta técnica, temlo o pé direito na frente
que e111 si. um golpe distintn. ü Mac-te é toda a téc- (Migi-Shizentai).
11 ic1 executada com a mfio da freme fechada . Mesmo
(j uando a diferença entre ambas as mãos é pouco sen- Kizami-Zuki = golpe de perfil.
sível. Este golpe é possível sobre o mesmo lugar, após Após termos feito um gyakn-zuki conservando o
ter avançado elo lado correspondente. Se após bater- peito de frente, fiquemos em Zen-Kutsu (des. 19).
mos ern Oi-Zuki, batermos de novo no mesmo lugar, Dizemcs antes que esta técnica não é mais do que
com a mesma mão, após tê-la levado contra o quadril, um Mae-te, feito com uma forte rotação dos quadris.
é um Mae-te. Devemos bater de mão fechada esquerda ao .nível Jo-
Podemos, pois, bater vezes seguidas a níveis dife- dan, sem mudar a posição; roas com um vigoroso im-
rentes. pulso clq quadril esquerdo, no mesmo sentido. A mão
Tobikomi-Zuki = golpe para frente de mão fe- fechada direita fica em hikite clássico, ao passo que a
chada. coluna vertebral fica n a vertical (des. 20). Refaçamos
gyaku-zuki direito ao nível Chudan. É preciso con-
Fiquemos cm hidari-shizencai com os braços oci- ~rair o cinto abdominal ao máximo e cuidar da esta-
lantes ao longo das coxas, e as mãos fechadas. Esta bilidade.
técnica é vVado-Ryu. "Deslizemos" para frente do pé
anterior, tendo o tronco vertical e as mãos não deixando Nagashi-Z uki golpe de mão fechada com
seu lugar. Logo elevemos bater com a mão fechada esquiva.
direto em correspondência com a perna da frente, dan- Podemos atacar esquivando com uma forte ação
do o impulso preciso com o quadril. A mão fechada dos quadris. Esta técnica tem dois tempos, como o
não precisa part.ir de um hikite clássico. Ao batermos, tobikomi-zuki. Deslizemos o pé esquerdo para frente,
o peso do corpo vai um pouco para frente, fazendo tendo os braços ocilantes (eles. 21 ).
com q ue o joelho da frente dobre mais do que "~m Zcn- Batemos com a mão fechada da frente no rosto,
Kutsu normal. O busLO tende para freme e fica de trazendo a outra ao plexo como para tobikomi-zuki.
frente ou aos três quartos de frente (des. 18). O golpe Batemos com uma rotação dos quadris. O joelho
é saltante, não existindo. balanço do resto do corpo e e o pé dianteiro giram na me.sma diri;çã, sob o efeito
devemos trazer de novo a mão fechada de frente do- da rotação, sendo que o pe de tras volta:se para
brando o cotovelo, trazendo-o a alguns centímetros do 0 exterior. O busto pende um pouco e o peito :c~sta
tronco. É preciso trazer novamente o pé esquerdo de perfil. Podemos nos encontrar sob um novo eixo
para trás para que fiquemos em hidari - Shizentai. em relação ao adversário, se o pé de trás por força da
No Ki-hon, devemos avançar do mesmo lado por "des- forte rotação ficar livre do . peso do corpo e acompa·
lizes" sucessivos. Avançarmos pouco, mas o pé de trás nhar o movimento desligando para trás à esquerda.
desliza quaisquer centímetros na mesma direção, sen- Des. 22. Reconduzamos a mão fechada de trás, à altura
do então, lançado para frente o peso do corpo. Pode- do ombro. Fazemos o mesmo à direita, partindo de

210 211
Migi-Shizentai. É preciso que tenhamos unia grande o aplicamos em contra-ataques corpo-a-corpo. Des. 24.
velocidade na execução e conheçamos bem as esquivas. A mão fechada sai de um hikite clássico, bacendo sobre
o lado e conservamos paralelo ao peito e ao solo nosso
Gyaku-Zuki = golpe de mão contrária.
antebraço. Não devemos bater-"lém do nível do ple·
Aqui podemos bater com a mão contrária a perna xo. Não devemos movimentar o ombro e o coLOvelo ao
da frente. Des. 23. A e'xecução deste golpe difere de bacer, mas por outro lado não devemos esquecer de
ac~rdo com a im~o:t~ncia. que damos à ação dos qua- contrair a axila. O braço fica como que descendente,
dris. O golpe se m1cia assim que o pé passa à frente, o ombro mais alto que o cot0velo e esce, mais alto que
e este golpe se pode dar no mesmo lugar. Aquela ação a mão fechada.
faz recolar a força de translação do corpo para frente,
A outra mão fechada deve ser trazida com força
por outra força, feito do qual a força do golpe é dada
até o quadril. O cotovelo dobra até um ângulo reto,
com a força do braço. Batemos também, com uma des-
podendo bater com a mão fechada na posição vertical
locação dos quadris para frente durante o Tsuki, ou
(tate-zuki) ou com a mão (nukite) devemos evitar o
com ~ forte rotação das mesmas. Nestes casos a perna
ataque, procurando ficar o ~is peno possível do
antenor modifica sua posição para suportar um au-
adversário como em Soto-Vke para o exterior de seu
~1ento de peso ou para faci litar a volta dos quadris. A
braço para, então, contra-atacar ou seu plexo, se o tiver-
fim de alargar o políguo de sustentação, a posição devt"
ser baixa, funda e bem afastada do que Zen-Kutsu L: mos de freme.
mais para Oi-Zuki. Jamais elevemos o calcanhar de Morote-Zuki = golpes duplos de mão.
trás, mantenhamos a estabilidade e a posição vertical
do busto e não avancemos o ombro do braço que bate. Há técnicas com as quais podemos desferir golpes
Nos deslocando, executamos o Oi-Zuki em urn tempo de mão fechada ao mesmo tempo. Seria o caso de Ren-
e o Gyaku-Zuki em dois. Esta técnica é ótima para Zuki ou Dan-Zuki. São golpes e maneiras difíceis, pois
conLTa-aLacar após um bloqueio ou esquiva de um ata- podemos falhar em um, ou no que diz respeito à força
que. Em ' N'ado-Ryu temos três tipos de golpes contrá- dos dois Tsuki. Por suas dificuldades, e em -especial, a
rios: Gyaku-Zuki normal avançado o Gyaku-Zuki necessidade de concentrar energia em ambas as mãos
dado no mesmo lugar (ippon-Lalc-gyaku-zuki ou sono- fechadas, não é aconselhado para aqueles que debu'
bade-ippon-toru) o Gyaku-Zuki dado no mesmo lugar caro. Mas para aqueles que já cêm certa prática, nós
com o balanceio dos quadris na lateral (Gyaku-Zuki- aconselhamos em razão de ser um golpe difícil de blo-
No-Tsukomi) e Zen-Kucsu pouco fundo, mas muito quear. Temos então os:
afastado e o peito inclinado para frente.
Heiko-Zuki = golpe paralelo.
Kaji-Zuki
Dispare as duas mãos fechadas dos quadris e bata
Neste golpe utilizamos a pos1çao Kiba-Dachi na Chudan; as falanges estão para cima. Este é um golpe
qual ficamos de perfil em relação ao adversário. Nós duplo, dado com as duas mãos ao mesmo nível.

- 212 21 3
.-\wase-Zuki = go!pe .:1;, C
O mesmo início do golpe de cima, só que .a mão
do lado da perna da frente bate Gcdan, falanges para
cima, enquanto que a outra bate em Gyaku-Zuki .ao
nível Chudan ou Jodan, fa langes para baixo (des. 25). CAPÍTULO XI!
Não elevemos os ombros.
Yama-Zuki = golpe cm U largo.
UCHI-WAZA
Nesta técnica saímos em heisoku-dachi, mãos fe-
chadas ao c1uadril d ireito; o direit0 er.u hikite, o esquer-
do em Tate-Zuki, repousando por cima. Em Zen- T ÉCNICAS DE GOLPES I NDIRETOS
Kutsu, avancemos o pé esquerdo, abrindo o antebraço
esquerdo para o exterior esquerdo, e o cotovelo peno MEMBROS SUPERIORES
do corpo, ao passo que nos indinamos para frente. De-
vemos bater ao mesmo tempo de mão direita Eechada, Nesta técnica a força não é. usada diretamente
cm Mawashi-Zuki, mais gue cm Choku-Zuki. O peito p:ira frente devido ao movimento de pistão do braço,
fica de perfil. Este golpe é uma variação da técnica quase lateralmente, devido ao movimento seco do co-
anterior. Batemos com a rotação do corpo e penàendo tovelo. O trajeto que faz a superfície de bater é curva
o busto, mas visamos os mesmos níveis (des. 26). Po- e mais longa e não retilínea. Estas técnicas são mais
demos bater com a mão de tnís, ao nível Jodan, por lemas frações de segundo, do que as outras, fator' im-
baixo de um ataque ad,·erso. portante nos combates avançados, onde impera a velo-
cidade. Mas se há esta desvantagem, de outro lado há
a vantagem destas técnicas serem devastadoras em con-
junto com as outras. O que aqui vamos escudar tam-
bém se enconcra em defesa com sufixo Uke e não
Uchi.
Podemos atacar e bloquear com golpes circula-
res, e qualquer r1elcs pode ~.:::nir de ataque como de
bloqueio.
As técnicas:
Uraken-Uchi = com o reverso da mão.
Neste golpe batemos com o dorso da mão fecha-
da, especialmente com os Kentos, fazendo um movi-

214 215
memo em círculo, usando o cotovelo como eixo. O tando a mão fechada sobre a sua trajetória para baccr.
golpe é forte e dois movimentos são conhecidos: ..\s falanges ficam para baixo. Esta técnica usa-se mui-
Na vertical de cima para baixo (des. 27). Eleva- to em Kiba-Dachi, após a esquiva para o exterior do
mos a mão fechada acima da cabeça, falanges para ataque. Batemos por baixo do braço adverso no abdô-
frente e o cotovelo indicando o exterior. É preciso men (eles. 29), usando os outros lados das mãos, tam-
Lrazer novamente o cotovelo contra o peito e bater ao bém podemos bater semelhantemente, sendo que são
cempo com a mão fechada , fazendo uma rápida rota- possíveis de injúria pela fraca resistência que pos-
ção. No impacto as falanges voltam para cima, ficando suem.
o braço dobrado. As técnicas de mão:
Devemos forçar o ombro para baixo. Se o adver-
sário se inclina podemos bater no rosco, etc. Shuto-Uchi = golpe de sabre de mão.
Do interior para o exterior na horizoncal (des. . N um ataque em linha reta podemos usar cinco
(28). Conduzir a mão fechada contra· a orelha oposta maneiras especiais. Dentre estas escolhemos as três qut-
com o dorso voltado para O· exterior e o cotovelo indi- achamos fundamentais.
cando o adversário. Ao batermos lancemos o cotovelo
Na vertical de cima para baixe~_.
na direção do objetivo, desdobrando o antebraço em
torno do cotovelo, até o limite possível para articttla- Tendo a mão aberta procedemos como em Tet-
ção. A mão fechada não volta, batendo na vertical tsui-Achi, vertical, visando à clavícula. Do interior
com a palma para cima. Em todas as posições podemos para o exterior na horizontal: Com o dorso voltado
usar esta técnica visan do bater o pescoko, os flan cos, para o exterior, tra.zcmos a mão para a orelha oposta,
a cabeka ou o plexo. Lendo o cotovelo para o adversário. A outra mão está
estendida por baixo, com a palma para o solo, na mes-
T etsui-Uchi = maneio de ferro. ma direção do cotovelo (des. 31).
Dois movimentos são possíveis. Nestes é essencial Batemos com uma ação contrária dos braços, tiran·
fecharmos bem a mão para que o pequeno dedo não do a mão da frente do quadril, formando a mão fecha-
sofra injúrias. Isto porque batemos: da, ao passo que desdobramos o outro antebraço em
Com a parte carnosa da_ mão. torno do cotovelo com uma rotação do punho". No
Na vertical de cima para baixo. impacto o braço fica estendido indicando o adversário
O movimento. de início é como o pri meiro do com a palma parà ·baixo. Notemos a ação do quadril.
Uraken-Uchi. Batemos igual sem fazer a rotação total Usamos esta técnica no bloqueio do sabre de mão. Na
da mão fechada. Ao impacto volta-se para baixo o horizoncal do exterior para o interior. Aqui não cru-
marte!O de ferro, ficando o braço dobrado. Podemos zamos os braços quando nos preparamos. Levemos a
bater na fronte, clavícula e dorso. mão à altura da orelha do mesmo lado, tendo a palma
Na horizontal do interior para o exterior, o mes· para freme e o cotovelo indicando o exterior. Na
mo que o segundo movimento em Uraken-Uchi, vol- altura de nosso plexo estendamos a mão oposta para

216 - 217
que estava dobrado no sentido oposto. Aq.ui o que inte-
clia11Lc do adversário, tendo a palma para o solo (de-
ressa é o vigor e flexão da mão. A parte carnuda da mão
senho 31).
é pois uma arina de grande poder. Podemos usá-la em
Efetu emos uma roe.ação do quadril na direção do
Tsuki como golpe de mão fechada; em Uchi como vi-
golpe, ao passo que tiramos a m ão estendida para junto
mos, pela flexão do punho fazendo partir a palma na
do quadril. Daí enviamos a mão oposta para frente,
direção do golpe. Portanto a articulação do punho deve
batendo com uma breve rotação de punho o objetivo
ser flexível. Podemos usar outras formas como de baixo
desejado. Ao impacto a palma volta para cima e o
braço dobra um pouco. Não devemos contrair a mão para cima, de cima para baixo, do interior para o exte-
e o braço durante o movimento, mas somente no im- rior, basta que aprendamos o que foi explicado acima.
pacto. No bloqueio Teisho-Uke encontramos o mesmo movi-
mento do punho.
Haito-Uchi = golpe <lc sabre de palma.
A mesma flexão é usada no Koken-Uchi, Keito·
Este é um golpe rápido, mas producivo. Nele Uchi e Seryuto-Uchi. Podemos bacer da mesma forma
mais vale a velocidade da rotação do punho q ue a for- com o dorso da mão Henshu-Uchi, Uraken-Uchi e
ça. Com o lado cortante da mão podemos bacer na Kumade-U chi.
têmpora, no rosw, etc. Trazemos a mão ao q uadril
oposto, tendo a palma para baixo e o cotovelo jn<li-
canclo o adversário. Com a palma para baixo esten- O COTOVEW E AS TÉCNICAS
demos a outra mão para ele na altura do plexo. Fazen-
do uma ação comrária dos braços batemos. Conti·
nuando. tiramos a mão ela frente, levando-a ao qua· Mae-Empi-Uchi - golpe para frente
dril e formando a mão fechada, a passo que desdobra-
mos o outro antebraço crn torno do cotovelo, com uma No Dcs. 36 temos um golpe na horizontal. A mão
rotação do punho. Fazendo uma trajetória curva do fechada ao quadril em Hikite, levemo-a para frente
interior para n exterior, a mão é levada para frente. A fazendo-a descrever um arco de circunferência até a
palma Yolta para cima no impacto (eles. 34) e o braço altura de nosso plexo, tendo as falanges para baixo. Aí,
fica um pouco dobrado. o cotovelo passa para frente parando no plano verti-
Teisho-Uchi = golpe de palma . . cal mediado de nosso corpo. Jamais elevemos o ombro
do lado do cotovelo que está em ação, mas devemos con-
Afast<:mos as rnãos ao 111àximo do corpo. cendo os trair a axila.
braços estendidos sobre os lados. Dobramos o punho.
Lendo os dedos dirigidos para o adversário com o po· O cotovelo deve bater direto e a articulação é do-
legar no alto. brada ao extremo. Usamos esta técnica com mais fre-
Jogamos a mão para frente fazendo de nosso om- quência no mesino lugar num contra-ataque e em Zen-
u1 ·0 um eixo e antes do impacLo retornamos o punho Kuuu em posição de pé contrária.

218 - 219
Yoko-empi-uchi - golpe de cotovelo de lado.

Fiquemos em Kiba-Dachi e olhemos para o lado


trazendo a mão fechada ao quadril oposto, e as falanges
para cima tendo o antebraço colado ao abdornen. Es-
tendamos a outra mão por cima com a palma para baixo
na direção que aponta o cotovelo que vai bater. Logo
teremos a mão defronte do quadril e façamos Kikite Fazendo uma rotação forte do quadril conduzimos ·a
enquanto ficamos com o c<;>tovelo sobre o lado até que mão contra a orelha e falanges para a cabeça fazendo
o humero chegue ao plano do omoplata. A mão fecha- no momento um movimento vertical. Nosso cotovelo.
da desliza ao longo do corpo voltando, e tendo as falan- O ombro não se eleva e o movimento é feito somente
ges para baixo. Ao impacto fica perto das costelas flu- pela rotação do quadiil.
tuantes. Comparada com outras técnicas de cornvelo,
esta falha pela amplidão sem deixai· de ser eficaz. Otoshi-empi-uchi - golpe vertical descendente.
O ataque é mais diretO que retilíneo e batemo~
sobre o lado assim que estamos de perfil em relação ao Fiquemos em judo-dachi ou kiba-dachi e levante-
adversário, mais a miudo em Kiba-Dachi. Des. 37. mos a mão fechada na vertical e falanges para frente,
tendo Ó bíceps colado à cabeça. Batamos o cotovelo
Ushiro-empi-uchi - golpe de cotovelo para trás. para baixo tendo o ante-bra.ço na vertical e fazendo ·
uma rotação do punho. No impacto as falanges se vol-
Cada vez que batermos em Choku-Zuki de mão tam para a cabeça. Façamos junto com o golpe, um mo-
oposta executamos esta técnica com um cotovelo. O Yimento baixando os quadris e dobrando um pouco os
Hikite deve ser enérgico. Partimos de Gyaku-Zuki joelhos. Batemos pois, num plano vertical assim que
olhando por cima de nosso ombro e disparamos a mão nosso adversário se desiquilibrar. Des. 40.
do quadril em Hikite clássico, cotovelo raspa.ndo o lon-
go do tronco. Logo fazemos um disparo de cotovelo AVISO:
para trás que nos libertará de um ataque pelas costas.
Des. 38. Estas técnicas são usadas no corpo a corpo e não
executadas a distância em razão de nosso virtual desi-
Tate-empi-uchi - golpe vertical ascendente. quilibrio. Usamos estas técnicas quando somos seguros
e nosos brnços têm liberdade. O golpe deve ser seco.
Neste golpe o ponto visado é o queixo do adversá- Não mexamos os ombros e devemos contrair a axila
rio e por isto batemos de baixo para cima. Des. 39. Tra- que corresponde, batendo numa rotação dos quadris.
zemos a mão fechada ao quadril em hikite e estende- De,·emos também contrair rapidamente o peitoral e os
mos a outra mão para freme com a palma para baixo. abdominais a cada impacto.

220 221
a perna de apoio fique um pouco dobrada, pois no
caso de deixarmos o joelho rijo. não haverá o amorte-
cimento do choque de retorno do impacto e nos ·-desi-
CAPÍTULO· XIII quilibraremos. É preciso que a projeção vertical de nos-
so centro de gravidade fique para o interior do poligno
de sustentação, para que nos~o equlíbrio seja mantido.
KERI-WAZA Devemos bater com o pé e com o "abdomen'. ' pondo
também os quadris em movimento. Os golpes podem ser
ATAQUE E CONTRA-ATAQUE executados de duas maneiras: Kekomi = Aqui o golpe
MEMBROS INFERIORES de pé é direto, penetra e lançamos os quadris na mesma
direção mantendo d11rante um segundo a conLração
TÉCNICA desde o impacto. A superfície com a qual batemos se-
gue uma trajetória direta. Esta técnica é válida sobre-
Esta parte se .torna interessante em razão de en- tudo se nosso adversário está longe.
trarmos num campo especial e na verdade importante
no karaté que é o uso das pernas para a tacar, bloquear,
defender e contra-atacar. Fator importante é que vamos
aprender a usar as pernas, esquecendo um pouco as
mãos que sempre foram os meios "nobres" usados como
defesa, em vista do uso das pernas não. ser tão "cava-
lheiro". O certo é que num combate pela vida todos
devemos poder usar todos os meios de que dispomos
para nos defend ermos e vencermos. É lógico que as
técnicas de pés são mais poderosas que as de mãos em
razão do maior volume muscular das mesmas e das
distâncias que se pode alcançar pelas deslocações. Ao
passo que existem estes estados prós, há também aque-
les que fazem diminuir certas virtudes. A redução do
poligno de sustentação pode levar a uma perda de equi-
líbrio se o golpe encadeado for por meio de saltos e
não haverá apoio algum, sendo que em outros casos
o apoio far-se-á somente . em uma planta do pé. De Keagc = O golpe é percuciante, saltante e segue
outro lado, para batermos alto precisamos da flexibili- um trajeto curvo como Uchi-Waza. Não é direto mas
dade da P.e rna e não de nossa elevação pelos artelhos. ascendente. Usamos esta técnica se o adversário estiver
Para que haja amortecimento nas quedas é preciso que perto e se o vemos rapidamente tentar a nova técnica.

222 223
Estas técnicas podem ser executadas com o pé da frente posição preparatória antes de apressá-la. Ao batermos
como o de trás. Com o pé da frente (Mae-Ashi-Geri) o busto não se inclína procurando alertar o qu.eixo ou
a técnica é mais rápida e por vezes falha, e com o pé o corpo se estiver pendido. Nestes casos, sem perder o .
de trás (Ushiro·Ashi-Geri) é mais lem0 equilíbrio devemos lançar encadeando outro golpe de
Mae-Geri = golpe direto para frente mão ou de pé. Também aqui, não devemos contrair as
Batemos com a bola carnosa do pé que se realça pernas antes do impacto.
ao levamarmos os artelhos com força. Devemos .ter uma boa posição· de tornozelo ~m
Mae-Geri-Kekomi = Golpe penetrante. todo o prolongamento até a tíbia e lado interno (lo pé,
Fiquemos em Zen-KULsu, tendo o peito de freute. no plano continente à face interna da perna.
mãos fechadas e estendidas pelos lados. Daí, é preciso Kin Geri = Golpe ao baixo-ventre.
trazer o pé de trás contra o joelho da perna de ;ipoio, Neste golpe os artelhos são estendidos e lançados
isto sem mexer o pé da frente e sem ele\'.ar o joelho. ao baixo ventre sendo este o único golpe no qual os
ficando de frente sem que haja espaço entre as pernas. artel.hcs fjcam nesta posição. Damos esre golpe na
Ficando estáveis, devemos poder ficar assim sem nos entre-perna de baixo para cima Des. 44. A perna d~
desiquilibrarmos para frente Des. 4 l. Seguindo. estire- apoio continua em tensão contínua por causa de seu
mos a perna e batamos ao nívél chudan não muito alto papel de mola. Para termos mais estabilidade podemos
para não perdermos o equilíbrio e façamos acompanhar . abrir ,o pé de apoio a 90° para o exterior e repousamos
o golpe com um breve impulso dos quadris na mesma o da frente em Ko-Kutsu.
direção. Podemos dar compensação a esta segunda Kakato-Geri = Golpe de calcanhar
parte se recuarmos ligeiramente os ombros. Des. 42. .A execução é a mesma do Kekomi. O t0rnozelo é
Somente mais tarde após longo treino é que poderemos dobrado para um ângulo reto e os artelhos para cima.
bater com a deslocação do peso do corpo no mesmo Podemos bater em Mae-Geri-Kekomi no· abdomen ou
sentido sem voltar à posição de início sendo que a in- no plexo.
clinação do corpo não é mais necessária. Devemos trei· Tobikonde-Mae-Geri = Golpe saltitante.
nar várias vezes sem posar o pé no chão, isto é, aquele Este é um ataque rápido que permite entrarmm no
que produz a ação. Quando dominarmos esta técnica adversário. Atacamos com o pé da frente •::!m Kd:.omi
toda ela será feita em um só tempo. Os artelhos do pé ou Keage depois de cruzarmos o pé de trás pela parte
de apoio; dev.em sempre estar para frente. A cada anterior. Neste golpe há um importante deslocament0
impacto o joelho deve estar esticado. dos quadris para frente na intenção da velocidade.
Mae-Geri-Keage = Golpe percuciame. Há uma variante o Surikonde-Mae-Geri; neste caso
Nesta preparação igual a outro, o joelho deve ficar o pé de trá.s persegue o da frente tocando o seu calca-
um pouco mais alto. A coxa deve restar na horiwntal nhar sem no entanto ultrapassá-lo. Esta técnica permíte
pois que é a posição do joelho que dá a altura do golpe que cubramos pequenas distância~. Nestas duas técni-
do pé. Devemos bater no plano médio de nosso corpo cas os jôelhos ficam dobrados e os quadris não se :levan-
fazendo-o para cima. Des. 43. Conduzimos a• perna à tam du:ame o pulo para frente.

224· 225
Yoko-Geri = Lateral. dril o que devemos evitar. Agora pela técnica avançada,
Devemos nesta técnica mamer o sabre do pé·para- chegamos lá se apoiarmos uma mão no solo! O pé de
lelo ao solo pois se os atrelhos apontarem para cima apoio deve apontar a 9.ª da direção do ataque, ficando
podemos ferí-los no golpe, ao passo que se a perna esti- a perna ligeiramente dobrada e firme. Os braços dão
ver mal voltada na articulação do quadril não poclerá certo equilíbrio às técnic.is de pé dando contração no
dar um pleno apoio ao movimento. . impacto. As mãos devem ficar fechadas e perto do C'Or-
Devemos bater com a intenção de tocar de calca- po, indicando o solo enquanto os ombros não se erguem.
nhar tendo que mantê-lo a um nível mais elevado que Não afetando o equilíbrio. De-inicio devemos levar o
os àrtelhos. Batemos pois com a parte mais fina do pé. joelho o mais alto possível e báter baixo. O que nos
(Sokuto). dará um poder enorme, tanto que, a trajetória do So-
Yoko-Geri-Kekomi (penetrante) kuto descende.
Fiquemos de perfil em relação ao adversário cm
Kiba-Dachi. Coloquemos o centro de gravidade' sobre Lembremos de não nos arriscarmos batendo alto,
um lado e soergamos. a perna oposta. Levantemos o se este golpe bem dirigido ao nível baixo é de grande
joelho o mais alto possível de encontro ao ombro, mes- poder. No final do impacto, é preciso trazer o joelho
mo para bater mais baixo, 'tendo ·o tornozelo dobrado e manter o busto erguido para que haja uma postura
num ângulo reto. Des. 45. Se quisermos podemos sair estável.
de Zen-Kutsu erguendo a perna de trás girando de 90° Yoko-Geri·Keage = Fiquemos de perfil em relação ao •
sobre o pé de apoio. Devemos passar para esta posição adversário e o mesmo inicio que em Kekomi. Só que
de perfil em relação ao adversário. Num golpe sêco aqui, o joelho aponta para nós na direção do peito. Des.
disparemos a perna impulsionando os quadris na mes· 41-45, sendo que a parte fina do pé fica contra a pane
ma direção. Des. 46. Ergamos o joelho após reponnos o interna da perna de apoio. Se .desejarmos bater bem
pé na posição inicial. Ê um movimento difícil em razão alto, o joelho tem que ser levado o mais alto possível,
do inabitual movimento do quadril e não devemos pen- pois o pé vai descrever uma trajetória curva diTijiJa
der para frente para não perdermos a força. Devemos para cima a partir de seu eixo. Des. 4 7.. O tronco fica
pois, bater no plano vertical continente ao busto. O na vertical e o golpe é saltante. Podemos atacar o queixo
busto no entanto se inclina opostamente ao alvo dese- ou o corpo se pendido. Também podemos furar a
jado para facilitar o trabalho do quadril no sentido do guarda por baixo mandando-a para ·cima antes de
golpe. As nádegas se contraem enquanto o dorso fica encadear uma outra técnica. Para isto é preciso man·
arqueado. Também não nos devemos afastar muito da termos equilíbrio, tendo o cuidado de não voltarmos o ·
vertical, para este golpe não perder a força e nem ficar pé de apoio mais de 90º em relação à direção do ataque
muito perto para que não interfira no quadril. e mantermos o peito nesta direção. Não devemos ter os
Em Kekomi jamais atingimos o rosto, pois tería- artelhos mais altos que o calcanhar e cuidar a posição
mos que pender o busto pela ação ascendente do qua· dos braços para que nos auxiliem a estabilizar o corpo.
Fumikomi - Neste, visamos em Yoko-Geri-Kekomi o

- 226 - - 227 -
tornozelo. Levantamos o joelho ao máx)mo para bater· Fiquemos em Zen-Kutsu à esquerda tendo peso
mos baixo. - sobre a perna da frente levando o )oelh~ de trás, à. po-
Batemo!!> na vertical e daquele modo adquirimos sição do Des. 48, dobrando a art1culaçao ao rnax1mo
poder no (Sokuto). Ao treinarmos no vazio devemos tendo o calcanhar contra a nádega, tornozelo dourad1> a
pôr todo o peso do corpo no pé que bate saindo da posi- um ângulo relo e os artelhos levantados. A perna fica
ção Kiba-Dachi. Achatamos com força nosso calcanhar num plano horizontal perpendicular à perna de apoio,
contra o solo em K.iba-Dachi, não voltando mais à posi- e o pé aponta para o adversár!º· Para que a .pçr~1a pos-
ção de preparo. Podemos variar com o Fumikiri, idên- sa ficar naquela posição especial, o busto se mchna um
tico, variando na parte que toca ao calcanhar. Nele não pouco. O corpo fica no plano da coxa levantada. Logo
achatamos o mesmo contra o solo, mas ficamos equili- giramos a 90º sobre nosso pé de apoio, fazendo o joelho
brados sobre a perna de apoio, voltando à posição pre- levantado apontar o adv~rsário e desdobrar a perna "!111
paratória antes do pé repousar. No Fumikomi batemos torno do mesmo. No iillpacto a perna é estirada e o
com o calcanhar e no Fumikiri com o sabre do pé. sabre do pé está paralelo ao solo. Há uma pequcua
Kansetsu-Geri = articulação d o joelho. inclinação do busto e uma posição do peito para o
Com este golpe o joelho do adversário para ferí-lo adversário, facilitada pela ação inversa dos braços amt-
ou desiquilibrá-lo, é uma técnica Fumikomi ou Fumi- lando a ação da rotação do corpo. Des. 49. Devemos
kiri. Usamos esta técnica quando saímos da linha de intenomper a rotação no momento do impacco simu-
ataque esperando que o adversário avance para bater- lado. Deve-se isto, à sincronia entre o equilíbrio dos
mos no joelho de lado. Des. 86. braços e o movimento da perna. Devemos trazer a
Sokuto .- É uma .técnica Wado-Ryu que difere do YÕko- perna à posição preparatória antes de repousar o P~·
Geri sendo um meio termo entre Yoko-Geri e Ushiro- Como notamos, só podemos bater de acordo com"a flexi-
Geri. Batemos como em Yoko-Geri, mas antes do im· bilidade do quadril e da perna. Este é um golpe fácil
pacto voltamos mais os quadris para ficarmos mais de de abandonarmos pela dificuldade na sua execução.
perfil em relação ao adversário. O quadril participa Seria recomendável o executarmos em três tempos:
mais do que o dorso no golpe. posição preparatória - gclpe - e volta à posição. Sem-
No impacto os artelhos são voltados para baixo e pre elevando o joelho ao máximo na partida. Isto por-
o busto pe~de em oposto do alvo. Des. 90. A rotação <lo que a sua posição é que comanda a altura do golpe.
c~rp? é feita cm Kekomi e é fortíssima o que torna: É claro que mais tarde não serão precisos aqueles três
d1fíc1l encadear outros golpes em razão do corpo çstar tempos e com a técnica perfeita poderemos encadear
totalmente entregue ao golpe. · outro golpe em seguida sem quebrarmos o impulso <lo
ATENÇÃO. Todas as técnicas de Yoko-Geri, podem corpo. Como vemos a posição de preparo é difícil e
ser trabalhadas se dermos um pulo lateral para o adver- pode ser perigosa num com bate por deixarmos o baixo-
sár~o saindo de ~iba-Dachi, Diagroma. E para deslo· ventre descoberto e possível, pois, de ser atacado. Logo,
caçao, o que dana um campo excepcional. nos treinos devem·os acostumar a não elevar a perna
Mawashi-Geri - circular agitado. mais do que a um ângulo de 45° com a vertical. Des.

228 - 229
87. Daí, podemos girar com vigor sobre a perna de e desta posição faremos a execução do go!pe de pé. De
apoio e estaremos numa atitude final certa. Não deve- início paremos na posição de preparo e não elevemos
mos nos fixar no ângulo de 45° se o de 90° não nos demais os quadris conduzindo o pé da frente contra a
apresellla dificuldades. Pois só desta maneira podemos perna de apoio. Não elevemos demais o joelho. Aí, dis-
saber 'como dar o golpe com uma rotação dos quadris. paramos a perna num golpe sêco sem perdermos o equi-
Também é útil lembrar que o busto não fica bem na líbrio. Des. 52. A perna de apoio .fica ligeiramente do-
vertical para facilitar o trnbalho do quadril. O grnu brada enquanto os artelhos do pé que bate são dirigi-
de inclinação condiz com a meta procurada. Se bater· dos para baixo. Não devemos bater para fora, mas sim,
mos com força, será um. Podemos bater com mais força diretamente para trás, no plano vertical mediano rle
se desejarmos bater esquivando em um tempo o ataque. nosso corpp e não dobremos muito rápido o joelho ela
Des. 50. Somente que neste caso, devemos lançar os bra- perna de ataque. Devemos nos impulsionar com os qua·
ços no sentido contrário e parando a rotação do corpo. dris na direção do golpe conservando o equilíbrio <.ntre
bloquear um braço sobre a perna de apoio. Para que o eixo dos quadris com o solo. O dorso fica arqueaclo.
com isto evitemos a tendêqcia de voltarmos mais ailllla. No impacto, erguendo o busto pelo movimento inverso
Jamais devemos voltar as costas para o adversário. Ba- dos quadris, trazemos o pé, girando logo para a direita
temos em heisoku e também num Kubi-mawashi-geri. sobre a perna de apoio para repousar o pé em Zen-
No primeiro caso, com o tornozelo esticado batemos no Kutsu à direita. Encontramo-nos na posição inversa
baixo-ventre ou no rosto. Da segunda maneira batemos daquela da saída. Devemos visar o nível chudan para
em torneios, pois este golpe dado com os artelhos que desenvolvamos uma grande força e possamos apren-
levantados ao nível dos rins ou do lado das costelas der com perfeição a técnica do golpe. Mais tarde com
flutuantes é perigoso se mal lançado e controlado. De a técnica já dominada, se quisermos bater mais alto
outro lado podemos bater saindo de Ro-Rutsu com o devemos compensar o movimento por uma inclinação
pé da frente no mesmo lugar, ou elevando bem o joelho maior do tronco, o que no início seria perigoso. Deve-
antes de bater podemos fazer em Tobikonde- Mawa- mos também pela técnica poder parar por "segundo"
si-geri. Ushiro-geri - golpe de pé para trás. Da posição após o giro que procede a partida do pé, para que o
de preparo voltamos o dorso para o adversário, batendo golpe saia numa retilínea e não circular. Esta é outra
com o calcanhar diretamente de trás. Logo o faremos técnica muito u~atla nas disputas esponivas por mo~ivo
assim que este fique por detrás ou voltando de 180°. de surpresas. Podemos executá-la com o pé da frente
Logo que fiquemos de frente . e de qualquer posição. Devemos perseguir a velocidade
Ushiro-geri - Kekomi - golpe penetrante. De frente neste golpe para que aquela "parada" não seja uma
para o adversário fiquemos em Zen-Kutsu à esquerda " parada" que favoreça ao adversário para nos atin.g ir o
e giremos sobre os dois pés para a direita na mesma dorso.
linha e o dorso para o adversário. Voltemos a cabeça Ushiro-geri Keage = Neste golpe o calcanhar des·
360º para olharmos nesta direção por baixo o ombro creve um arco de circunferência para cima e não
direito, ficando bem estáveis. A partir de um só tempo uma linha reta. Este é um golpe curto. Batemos, se

230 231
êstivermos perto, o baixo-ventre, mesmo ap6s a ten- haver voltado o dorso como em Ushiro-Ceri, podemos
tativa de agarrar do adversário ou depois de um blo- bater o maxilar ou o dorso. Podemos fazer os dois pri-
queio para o interior conduzido muito perto dele. Des. meiros tempos como para esta técnica. Após girarmos,
53. Batemos secamente tendo o corpo na vertical. O ficamos em Zen-Kutsu a direita, dorso para o adver-
Ushiro-Kake-geri, é uma variação onde procuramos o sário, olhando por baixo o ombro direito.
baixo-ventre batendo para cima com uma ação de re- Batemos levantando o calcanhar e afastando-o para
torno do calcanhar para frente. Esta é uma técnica de a direita. Os quadris imprimem à perna direita um
defesa. movimento do exterior para o interior. O impacto deve
Mikazuki-Geri = Este golpe é mais poderoso que o ser feito no momento que o calcanhar chegue no plano
Mawash!-geri e mais direto. . Num plano próximo da vertical mediano de nosso co1po. Des. 56. Daí trazemos
vertical e não horizontal a trajetória da superfície um pouco o calcanhar para nós, girando sobre nossa
que bate é circular. perna de apoio para o adversário pousando o pé conlra
Este golpe é dado com a planta do pé ao peito do ela. Podemos, aproveitando o mesmo movimento da
adversario. Fiquemos de perfil Kiba-Da~hi em relação rotação dos quadris, encadear uma técnica de um Ura-
ao adversário bloqueando seu ataque .de mão fechada ken-Uchi de baixo a direita. Esta técnica é também
em haishu-uke. Des. 54. Fazemos o contra-ataque ba- perigosa.
lançando o pé de baixo para cima com um movimento Tobi-Geri = Estes são golpes feitos ou executados
forte do quadril sem mexer a parte superior do corpo. sem ponto de apoio. Sendo, pois, golpes perigosos dt!
O pé de apoio gira um quarto de volta. Batemos na dar, em razão desta falta de apoio e ainda mais pelo
mão que indica o álvo. Des. 55. Devemos tocar do bordo perigo do adversário se esquivar e atacar no momento
interno do arco plantar, artelhos para cima. Repouse- em que nos encontramos falíveis. Servem no entanto
mos o ·pé para frente fazendo um giro de quarto de para quebrar a moral do adversário dado o seu grande
. volta sobre o pé de apoio ficando em Kiba-Dachi sem- efeito. Encontramos mais variedade nestas técniéas nos
pre "çle perfil em relação ao adversário mudando de estilos vietnamitas e coreanos do que nos estilos japo-
lado. neses. São famosos os golpes encadeados de pé sem to-
Ao batermos voltamos de 180º sobre a perna de car no solo dado pelos coreanos e vietnamitas. lHo é,
apoio e avança um passo. Este· pois é um golpe pode- conseguir pela ciência do "andar" onde o peso do corpo
roso. É preciso cuidado ao treinar com um compa- é inteligentemente · deslocado, um estado conseguido
nheiro. · pelo trabalho assíduo e por uma técnica de respiração.
Ura-Mawashi = Fazendo um movimento circular c:on- Devemos estudar a fundo todas as técnicas com apoio
trário do Mawashi-Geri batemos de calcanhar. Este e ao mesmo tempo desenvolver nossa aptidão de liber-
golpe é também conhecido como Ushiro-Mawashi- dade total, por meio de saltos em altura, agachados e
Geri. Seguindo a direção de partida do pé, a superfície nas cordas o que nos levará a uma flexibilidade inima-
de bater faz um trajeto curvo num plano dentro de um ginada facilitando-nos a chegar a esta técnica sem a ne·
ângulo de Oº a 45º com a horizontal. Após o_adversári? cessidade de um aprendizado especial. Há dois modos

- 232 233
de executarmos estas técnicas: Saltando primeiro para
cima para desferir o golpe quando chegarmos ao ponto
máximo elo salto, ou batendo rápido no salto, sendo joelho girando um quarto de volta sobre a perna d·
este na intenção ele comprimento e deslocando a perna frente nos colocando de perfil. Neste tempo o pé de
.do apoio no impacto. No primeiro podemos esquivar apoio decola e o joelho de trás se eleva o mais alto pos-
e reagir em função de nossa posição em relação ao sível, dispondo a perna em Yoko-Geri e trazendo a
adversário. No outro caso podemos saltar sobre a guar- perna de apoio sob o corpo, joelho dobrado. Isto <leve
da do adversário tomando apoio sobre este para nos ser feito com rapidez para que possamos voltar em po-
soerguermos. sição estável em relação ao adversário. Há uma técnica
No primeiro caso fazemos a execução em dois tem- mais difícil: é o Sankaku-Tobi no mesmo salto. Aqui
pos e no se?undo em um. Em ambos os casos é preciso temos que reunir reação nervosa e flexibilidade total.
haver velo:1dade lançando ao máximo o joelho da per- Ainda podemos bater em Tobi-Mawashi-Geri e Tobi-
na que vai bater para o alto pois o ponto máximo do Sokuto.
salto está ligado pela altura conseguida pelo joelho. Hitsui-Geri =
Antes çle voltarmos à posição estável, devemos trazei o Estando o adversário numa posição que possa ser
joelho contra o corpo, ficando prestes a executar outra tocado pelo golpe de pé, podemos fazê-lo também com
técnica dada a reação do adversário. o joelho. O golpe é forte se for feito com uma ação dos
Tobi-Mae-Geri" = De frente para o adversário ficamos quadris no mesmo sentido. Estiremos o tornozelo como
cm Zen:Kutsu. Lancemos o joelho de trás para frente para Kin-Geri dobrando o joelho ao máximo. Estes
e para cima contra o peito, e o pé de apoio desloca numa são os golpes:
forte impulsão ascencional. Fazemos movimentar o Direto para frente = Elevemos o joelho de trás
joelho da perna da frente batendo em Mae-Geri. ao máximo saindo de Zen-Kutsu como na posição de
Podemos também saltar mais para frente mas per- reparo em Mae-Geri-Keage. Ao impacto contraimos a
deremos altura. Devemos sempre escolher a direção cintura-abdominal. É um golpe excelente para nos li-
pela qual podemos conseguir melhor ascensão. Ao vrarmos de quem nos segura. Desequilibramos o nosso
impacto, a perna de trás não deve estar recaída ao solo. adversário para frente, se inclinarmos o busto um pouco
Podemos ~ater com o pé de trás nos lançando para para trás. Permitindo com isto uma forte impulsão dos
frente. E amda variar pelo Midan-Geri. Aí batemos em quadris na sua direção. Des. 57. É preciso que estejamos
Mae-qeri baixando a guarda do adversário no lugar de sóli~os em nossa perna de apoio.
levantar o joelho contra o peito no primeiro tempo. Cil·cular lateral = Do Mawashi-Geri batemos no
No segundo tempo executamos como o que precede, flanco do adversário. O golpe será forte se mantivermos
fazendo Mae-Geri sobre o adversário. Logo damos dois º.dorso arqueado e o abdomen projetado para o exte-
golpes de pé diretos no mesmo salto. rior. Estes golpes de joelho não são inuito usados em
Tobi-Yoko-Geri = Fiquemos em Zen-Kutsu de frente técnica de base e sim defesa pessoal. São golpes que não
para o adversário. Para frente e para ~ima lancemos o precisam de treino muito especializado.

234 235
tarde demais. Sucederá ó contrário se nós quisermos
poupar o adversário não ofendendo a sua integridade
física. Aí, entram os golpes ligeiros deixando sempre o
adversário em estado de força para partir para o con-
tra-ataque portando mais energia. 'Assim sendo, .se pro·
CAPíTULO XIV jetarmos o adversário, o poremos fora de . um t;sta<lo
perigoso nos reservando sempre o meio de responder-
mos em caso de necessidade por meio de golpe, luxa-
AS PROJEÇÕES ção, etc.
Não são um todo mas apenas uma resposta e jamais Competição:
devemos pensar que somente por si _pode terminar um
combate. Para que isto suceda são necessários fatores É aqui onde são mais procurados, pois, são onde
especiais. E, entre estes fatores há um em especial que os pontos são menos discutíveis pelo árbitro, público
é a capacidade de receber e amortecer pancadas que ·e adversário, sendo conseguidos por um golpe após, ou
existe em cada adversário, e a própria maneira ou a durante uma projeção. Insistimos ainda, que a proje-
"sorte" dele cair no chão. Elas pois, são um meio ele ção nã~ é necessária se o golpe for bem dado e o adver-
defesà pouco usadas e menos ainda por aquele <tt~e sário não puder parar.
inicia na prática do Karatê. Estamos no solo e o adversário em pé. É urna po·
Onde aplicamos as projeções? sição desfavorável se estivermos no solo, e ali demorar-
Usamos as projeções somente em caso de não haver mos, pois estamos dando tempo para que nosso adver-
meio de resposta por outra técnica, pois em caso de sário escolha o ângulo e as distâncias para o ataque. Mas
falha estaremos dando a oportunidade de nosso adver- se a reação advir rápida, podemos mudar esta Je3v.in-
sário ficar em corpo a corpo conosco. O melhor será tagem em vantagem, se o adversário eµi nada desconfiar.
sempre responder por um contra·ataque direto e con-
guirmos a posição fora de combate do adversário. Há Podemos fazê-lo para o chão aplicando-lhe um
casos no entanto onde as projeções se fazem necessárias. golpe na perna da frente ou batendo com o pé sobr~
Quando o adversário é forte o~ muito contraído. sua perna de apoio.
Nestes casos, ela faz razão, nas brigas de rua quando há
pontos a serem protegidos e suas localizações parecem AS T:tCNICAS
delicadas. Sendo o adversário enorme, a projeção resol-
ve partindo para qualquer ponto visado. Para que a projeção surta efeito, é preciso que não
No momento de dosar a resposta. . nos demoremos- ao aplicá-la, pois estaríamos dando
Se alguém bem treinado der um golpe d!! fu~do, chances para que o nosso adversário entrasse num corpo
poderá trazer consequências graves, o que poderá ser a corpo conosco, nos batesse novamente e ·ainda

236 237
nos projetasse,. Logo, na projeção precis;i.mos de veloci- cotovelo, fazendo pressão para freme e para baixo o
dade na execuç~o não dando te!Iipo para que o nosso que faz com que o adversário perca o equilíbrio na
adversário faça. conosco qualquer prova de força em mesma direção com o intuito de diminuir a dor, fa-
resposta a uma .tei:i,fativa. Assim o nossd contato deve zendo com que o mesmo caia de joelho. Também po-
ser brev.c, seco e brµtal, o que raz das projeções do demos segurar o punho e võltá-lo com violência para
Karatê algo partiçula"r e peculiar. cima fazendo-o produzir uma rotação no mesmo lugar
e na mesma direção, o que produz no adversário uma
J:?e que .modo projera;mos? dor tremenda no ombro fazendo voltar-se. Lembremos
Sempre usamos as .técnicas de pernas por haver que ao usarmos estas técnicas devemos sempre ter o
campo maior como feito para a necessidade de lançar braço bem estirado.
num plano roais alto (ashi-waza). Com estas técnicas
Golpe na articulação do joelho.
não precisamos ficar em contato próximo do adver-
sário e podemos usar o desequilibrio existente entre ele, Atacamos em Yoko-Geri ou Sokuto o lado exterior
tentando a projeção seu desiquilíbrio inicial. da articulação, tentando fazer cair o oponente. Esta
execução é perigosa, pois pode provocar a fratura do
Varredura da perna da frente.
joelho.
Varremos num. grande movimento de perna ba-
tendo com a plant<1 do pé contra a parte externa da Ameaça de golpe.
tíbia (de-ashi-barai)'. Aqui os quadris fazem uma forte Somente em combates convencionais, pois faz par-
ação elevadora. Também podemos aniquilar o ponto te desta os estrangulamentos e os pinçamentos de cen-
de apoio se ficarmos em contacto .mais direto e o dese- tros nervosos que são usados com raridade, mesmo, em
quilibramos para trás (o·soto-geri). combátes de estudo. Nestes casos o adversário pode
Se, .de . outro .modo fazemos um bloqueio para o entrar em desequilíbrio voluntarioso para amortecer o
exterior e em Kiba-Dachi podemos desiquilibrar a golpe ou mesmo evitá-lo.
perna da frente lançando-o para frente. Des. 84. Pensamos nós, que a melhor maneira de proteger
é um golpe poderoso que vise a acabar com o adver-
sário, não dando chance de restar em posição de con-
BARREIBA
tra-atacar.
Logo, pensamos que aqueles que muito fazem pro-
Após o bloqueio do ataque, fic;amos através da ·sua jeções difíceis, estão sempre, dando alguma oportuni-
direção de inicio ou sobre o lado, mantendo uma posi- dade ao oponente de estar em posição de força.
ção mais baixa fazendo-o cair por tirar por cima o
obstáculo criado por· suas pernas. Esta técnica é peri- Em que tempo projetamos? .
gosa por ficarmos niuito próximos ao adversário. Luxa· É claro que há ocasião, nas quais, elas são pre-
ção do ombro ou do cotovelo. Bloqueamos a articula· cisas. Mas, para uma projeção ter real valor, é preciso
ção do cotovelo apoiando o braço adverso do punho ao t}ue a mesma possa romper a concentração oponente,

238 - 239
tirá:~º~~ posição. de. furçn e qpe a projeção em si, seja opos1çao para aprendermos onde colocar nossa força.
produzida com tecmca,. energ1à e "certeza". Em várias Finalmente, após um bom e~tágio prep«ratório e téc-
ocasiões elas são possíveis de entrar: nico, comecemos nos combates convencionais a proje-
tar um colega que se deixe projetar no momento que
a) Quando oculcamos o verdadeiro ataque por meio perceba que o movimento foi perfeito. Finalizando,
da força e por meio de certa cadeia de golpes, dados lembremos que não é delk1do de nossa i:-arte, recusar-
na intenção de desorientar o oponente. mos sermos projetados, e se para fato; lançarmos mão
de nossa força ou de certas técnicas. Todos nós deve-
b) Após um golpe poderoso ao corpo que em contra- mos cooperar, sabendo que a compreensão também é
ataque, ao provocar uma reação no oponente, lhe uma meta de uma arte marcial.
faz perder o equilíbrio.

c) Após uma projeção podemos encadear outra téc-


nica. Durante ou após uma esquiva de um ataque
no qual o oponente empenhou-se a fundo. Deve-
mos, sempre, bater depois que o oponente chegue
ao solo. Devemos projetar com todo o nosso corpo
e não somente com o pé, nos lembrando sempre,
de jamais deixarmos de observar o oponente em
sua queda, segurando-lhe sempre as vestes. Na ex-
pulsão devemos colocar toda a nossa força e jamais
procurarmos erguer o adversário. A melhor pro-
~eção é aquela 'seca. Como princípio, devemos pro-
3etar nosso oponente ao solo, menos na sala de
aula, quando devemos reter nosso colega, e, em
competições esportivas, em razão destas nem sem-
pre serem feitas sobre tatamis, mas sim, em terre-
no duro.

Como aprendermos? .
Com o auxílill inidspensável do colega que ficará
imóvel e sem posição alguma, para facilitar o apren-
dizado das direções dos movimentos. Logo após, para
nos familiarizarmos com a "força", faremos somente
as "entradas", sendo que o nosso colega fará força de

- 240 - 241
o tempo que inudlmente perdemos. n evemos, pois,
nos apurarmos na base que ainda repetimos ser o "ca-
m inho mais curto". A presença de um . bom professor,
nos momentos que nos dispusermos a subir os degraus
da arte, se faz preciso, para que te~hamos uma opinião
CAP!TULO XV sábia, para nos mostrar os defeitos e sem sabermos
aqueles "ocultos". ·.
Çaso estivermos aptos, comecemos devagar e pa-
RENZOKU-WAZA cientes, pelos encadeamen~os simples, sem ultrapassar-
mos com "falsidade", as dificuldades encont;radas · pelo
ENCADEAMENTO caminho. Convém lembrar que, ·se as técni.câs simples
já são difíceis de memorizar, o que '. ~irernos das gran-
des combinações? O certo será coloca_rmos toda a ·nossa
Quando estudarmos a combinação de inúmeras alma num movimento, para que poss.amos entrar com
técnicas, feitas no mesmo lugar ou no curso de um seriedade e honestidade, no Renzoku-Waza, a parte
deslocamento, chamamos encadeamento, e o estudo de
que nos preparará para os com_bates livres.
técnicas simples, aquelas que fazemos uma vez, no
mesmo lugar ?u nos deslocando. Toda esta parte com- Estudando as combinações.
preende o K1-hon. Ambas são estudadas na sala de
aula de diversos modos: nos deslocando na reta, re· Lembrando:
cuando, avançando ou voltando a 180º, sendo que cada l Para sentirmos os deslocamentos sucessivos do
passo corresponde a um ou mais movimentos "enca· centro de gravidade e a forma geral da combina-
deados". No Renzoku-Waza executamos várias técni- ção, devemos repetir o encadeamerii:o éom lenti·
cas ligadas entre elas, sem haver tempo perdido entre si. dão e flexibilidade.
_ No fin~l d~ cada série, 1-u'i uma rápida descontra-
çao para o míc10 de outra série. 2 Sempre deve existir uma pequt;na pausa entre
Se fizemos valer os conselhos para o Ki-hon e se cada movimento. Devemos executar a série se-
aprendemos com per.fei~ão toda as técnicas simples, guida de movimentos, um por um, com toda a
podendo executar a direita, esquerda ou em linha não força disponível e velocidade. ..
teren:os dificuldade nesta parte que agora inici~mos.
J~ma1s d_evem~s imaginar iniciar esta pane, se as ante- 3 - Após, podemos ~xecutar a série toda como se
riores nao est1v:rcn: bem .dominadas. É nesta parte fosse um só movimento e não existisse tempo de
que os sonhos nao sao realidade, mas sim, os defeitos espera. Devemos nos descontrair no final de cada
que surgem e nos fazem sentir a necessidade dura e série e nos concen'trarmos antes do início de um
cruel, de precisarmos voltar atrás e pormos ao Íéu todo movimento.

242 243
4 . - Não elevemos ter preferência por qualquer lado, 5 - Estamos em hidari-haumi-kamae, fazemos mae-
mas trabalharmos o~ dois com ·ig~aldade. geri-keage do pé da frente e encadeamos com
jodan-gyaku·zuki com mão ·de .trás.
5 Cada movimento deve ser feito com força igual,
sendo este profundo e ·portador de um Kime 6 - Igual ao de cima, recolocando em lugar mae-geri
breve. Não devemos de outro lado, cbrtar o mo· o mawashi·geri do pé da frente.
vimento, impedindo a sua penetração na fase 7 - Estamos em hidari-haumi-kamae. Batemos em
final. mae-geri kekoroi do pé de trás encadeando corn
Não devemos pe.n der para frente, mas deslocarmos uchiro-geri do mesmo pé para trás, sem haver
nosso corpo, como um todo, restando estáveis. reposo anterior. Reconduzimos o pé e o pousa-
.Jamais elevemos nossa posição e tenhamos nosso mos, executando sokuto do pé da frente para
quadril baixo, sempre atentos a seu trabalho "espe- frente.
cial".
8 Fiquemos em hachiji-dachi, recuemos o pé es-
Exemplos: querdo ficando em Zen-Kutsu à direita, fazendo
Não devemos passar de um para outro, sem apren- uchi·komi do braço direito. Encadeemos de mão
:'.:rmos o anterior, com precisão e técnica. direita com jodan-uraken e após a reconduzamos
No mesmo lugar. · contra a orelha oposta, antes de fazermos gedan-
barai. Enfim, façamos gyaku-zuki de mão es-
1 - Estamos em hachiji-dachi, façamos dois Jodan· querda.
choku-zuki e após um chudan-choku-zuki.
9 - Ficando em hachiji-dachi, afastemos o pé direito
2 Estamos em hachiji-dachi, façamos chudan-choku- para a direita e fiquemos em ko-kutsu à direita.
zuki trazendo a mão fechada à orelha oposta, ba- Ao mesmo tempo façamos chudan-shuto-uke da
tendo com este em Jodan·Uraken. mão esquerda. Contra-ataquemos por mae-geri-
3 - Como o artterior, só que batendo na lateral com keage do pé da frente e depois de mão direita
uraken. O choku-zuki está voltado para frente e gyaku-zuki. Fiquemos em hachiji-dachi, antes de
o uraken para o lado (o peito está de 'perfil a im- repetir o movimento afastando-nos para a es-
pacto, como o precedente). querda.
Deslocamento.
4- Estãmos em hadari-hanmi-kamae. A mão da frente
está à altura do ombro e a de trás ao plexo. Ba· l - Estamos em Yoi, avançamos com gedan·barai à
temos com jodan-kizami-zuki da mão da frente, esquerda na posição Zen-Kutsu encadeado em
tendo o corpo de perfil, após, encadeamos chu- Gyaku·Zuki à direita. Avancemos o pé direito
dan-gyaku-zuki da mão de trás, com uma rotação com geran-barai da mesma mão depois gyaku·zuki
poderosa dos quadris. à esquerda. ·

244 245
2 - Igual ao anteriór, mas recoloquemos gedan-barai 8 - Partindo desta posição, fazemos mkuto do pé di-
para age-uke. reito para a frente, girando sobre a perna de
apoio. Pousando o pé e completando a rotação
3 - Estamos em Yoi, recuemos o pé direito e fique- para a esquerda, fazemos ushiro-geri do pé es-
mos em Ko-Kutsu à direita, bloqueando com Uchi- querdo na mesma di.c~~o. Reposemos o pé em
Uke à esquerda. Encadeamos com Kizami-Zuki frente, encadeando com uraken de mão esquerda
de mão esquerda, passando para Zen-Kutsu, no em Kiba-Dachi, com Gyaku-Zuki de direita, pas-
mesmo lugar. Recuemos o pé esquerdo, fazendo sando para Zen-Kutsu. No sentido d.a esquerda
Uchi-Uke de braço direito em Ko-Kutsu. há um movimento de rotação perpétuo. Tirando
4 - Estamos em Yoi. Avancemos com gedan-barai es- a mão direita d0 quadril direito, estamos em
querdo em posição Zen-Kutsu. Não mexamos a hidari-haumi-kamae.
parte superior do corpo. Façamos mae-geri de Cada técnica deve ser executada para frente.
pé direito e oi-zuki de mão direita. Sigamos com
mae-geri de pé esquerdo e após o-izuki de mão
esquerda.
5 Movimente em Yoi, avancemos em gedan-barai à
esquerda, em Zen-Kutsu. Façamos gyaku-zuki no
lugar de mão direita. Encadeemos com mae-geri
de pé direito, pousemos o pé em frente, comple-
tando com gyaku-zuki de esquerda. Depois do
mae-geri de pé esquerdo façamos gyaku-zuki de
mão direita. "1
6 - Estamos em Yoi, avancemos o pé esquerdo em
Zen-Kutsu, bloqueando com Sotto-Uke esquerdo.
Façamos um mae-geri rápido, com o pé da frente,
encadeando um gyaku-zuki de mão direita. Avan-
ce o pé direito e faça sotto-uke de braço direito.
7 - Ficamos em hidari-hanmi-kumae, fazendas tobi-
konde-mae-geri do pé dá freme e após mae-geri
com o pé de trás. Após, reposamos o pé direito
e fazemos mawashi-geri de esquerda. Reposamos
este pé e completamos por gyaku-zuki de mão
direita. Retiramos a mão direita do quadril di-
reito, ficando de novo em hid.ari-hamni-kamae.

- 246 - - 247
Logo, o assalto nos faz ·tornar à realidade e nos coloca
de encontro à nossa certeza! Devemos lembrar que por
vezes, os assaltos trazem conseqüências técnicas e espi-
CAPíTULO XVI
rituais penosas, sendo que na parte física não há con-
seqüência danosa possível, pois, as regras são dosadas ~m
razão das funções do nível dos combatentes. Precisa-
TÉCNICAS DE BASE mos ser autocríticos parcimoniosos daquilo que pensa-
mos saber e dominar.
APLICAÇÕES
Dentre estas coisas, temos: a velocidade de reação,
KUMITE
esquiva, respiração, pos~ção, etc. Ao primei~o. impeci-
lho, não devemos desammar, mas pelo contrano, lutar
O combate desenvolve a energia vital e faz com com mais amor no próximo", Ki-J:Ion, cuidando prin-
que nos sobrepujemos, nos mostrando aquilo que · na cipalmente, daquelas partes que ·nos pare~em mais di-
verdade queremos. O Kumite é o âmago de duas von- fíceis e imperfeitas. E como sabemos, se tirarmos pro-
tades, sendo pois, mais do que uma troca de técnicas, veito da liç~o do fracasso, este não é mais fracasso, mas
fazendo-o então, algo mais especial. É a união de dois sim, um ponto de estudo que nos levará a algo melhor.
espíritos que lutam por encontrar as suas falhas, ou O fracasso passageiro não é pois, um fracasso, é algo
melhor, o ponto falível do outl'O, quebrando sua con- que 1Íos desafia para pôr à prova nossa personalidade
centração e aproveitar-se por uma técnica especial. e nosso caráter, fazendo-nos procurar a solução do pro-
Aqui, desenvolveremos os reflexos e o espírito da ini- blema. São nestes momentos que pomos à prova nossa
ciativa. É no decorrer dos assaltos que criamos algo que vontade e nosso querer, pois, se ultrapassarmos o fra-
partiu das técnicas de base, que nQs foram impostas. casso sem auxílio do professor, podemos crer que fize-
Aquele que se familiarizou com os assaltos, · sabe até ' mos certos progressos em direção do caminho que nos
que ponto é dono de seu corpo e mestre de seu espí- levará ao Karatê.
rito. E desta parte para a frente, podemos chegar ao Somente devemos procurar o auxílio do professor
princípio filosófico das artes marciais: conhecermo- em casos extremos, onde toda a nossa vontade falhou,
nos durante a ação nas "asas do imprevisto". depois de nos fazer evitar as coisas fáceis. Jamai~ nos
O COiWBATE guiemos pelos conselhos dos fracos que acham que pelo
professor estar na aula é obrigação nos atender, e que
Se tirarmos o assalto do Karatê, esta arte deixa de se procedemos assim, ao primeiro obstáculo ganhare-
ser uma arte de combate, para ser um meio de educa- mos tempo. Esta é a razão dos fracos e daqueles para
ção ·física. Assim, .faltará a verdade em seu teste real os quais a vida nada dará do que ilusões. Uma das
e também, o sentido em especial. Não haverá razão razões básicas de uma arte marcial, é a eterna procura,
para a velocidade para a nossa confiança se de encon- sem a qual não haveria nada de .pessoal, ou melhor,
tro a estas, não pusermos algo que as ponha à prova. aquela experiência fundamental própria a toda arte,

248 - 249
a possil>iliclade de uma sene de revelações chocantes, que podem nos prejudicar em lugar de prover o bene-
mas no entanto, pessoais, que na Yerclacle. nos acompa- fício e o bom resultado. De outro modo, não devemos
nhal'ão para sempre. começar nos assaltos cedo demais, P?is, as dificuldades
Daí, outros pontos se n:,·elarão da pratica por aparecerão mais depressa do que suspeitamos. Se nos-
eles mesmos, e nós teremos dado um grande impulso sas técnicas falham por falta de precisão, e se não temos
na. direção da técnica e do espírito. Com ânimo e von· noção de estarmos "fechados", e se nos falta o equi-
tade, jamais precisaremos pedir a outro o que puder- líbrio, é claro que sentiremos a deficiência maior por
mos conseguir por nós mesmos, estando assim, bem termos, isto tudo, aliado a nosso espír ito monopolizado
próximos ele "enconLrarmos a resposta por nós mes- e portanto, fácil de esquecer qualquer técnica de base,
mos··. t preciso que saibamos q ue os problemas apa- por mais simples que seja. De nossa pouca técnica,
recerão sempre cm razão de em treino apropriado e podemos nos machucar por falharmos nas defesas e
sempre proporcionais à nossa possibilidade de respon- também magoar nossos compa{_lheiros de assaltos por
der. O iniciante deve da dificuldade esclarecida pelo não sabermos nos controlar. Fujamos, pois, das··alegrias
professor, partir daí, para a procura própria. Já o fáce is, para não sucumbirmos ante pequenos impeci-
avançado pode se defrontar com outros problemas lhos. Satisfações fáceis são apanágio daqueles que a
como, tempo de esquiva, contração involuntária d o muito tempo perderam a direção do verdadeiro senti-
rosto antes do ataque e di~posição do espírito no ins- do do Karatê. Se pelo contrário, começarmos muito
tante, sendo q ue ele será suficiente para saber que tudo tarde nos defrontaremos com dificuldades também sé-
está na arte de colocar a respiração e liberar o espírito rias. Uma delas seria, perdermos o sentido do combate.
de tudo q ue o segura, e cada próximo treino porá toda Podemos nos esforçar mais profundamente nos movi-
a sua YOnlade naquela direção. É certo que o profes- nientos, mas perdemos a muito tempo sua utilidade de
sor nos guiari\, mas nos proporá formas de treinar que aplicação e suas diversas formas, em função éle situa-
nos colocaní sempre em problemas, por isto o espírito ções várias que podem aparecer na realidade.
"jama is dorme num estado de eficácia total". Certas Jamais estaremos. preparados, pois, ao passo que
pessoas podem se contentar com o mínimo, mas jamais treinamos nosso corpo, nosso espírito ficou abandona-
serão dignas como aqueles que aceitam o sentido desta
espécie de enigmas. Pelo visto, o Komite nada mais é, do. Entre estas duas situações, há o lado intermediário,
que o fruto magnífico de um treino de base de serie- onde poderíamos notar aquele que ama na função do
dade e quase sempre duro. grau do treinamento, há existência de uma progressão
É um degrau decisivo na procura ininteJTupta nos assaltos: do assalto simples e regrado ao livre com
pelo domínio total. O passo certo neste sentido, seria batida real, é este caminho que vamos seguir. Os assal-
não nos iniciarmos tão de imprevisto nesta parte, antes
tos com parceiro podem se dividir em:
de darmos tempo ao tempo, a lógica seqüência de aulas
breves, na intenção de estimular e conservar o nosso Combates convencionais = Ki-Hon-Kumite
espírito de combate, sem que nos lancemos a excessos l - Gohon-Kumite = assalto sobre cinco passos

250 251
2 - Sambon-Kumile = assalto sobre três passos antes negligenciados rio Ki-Hon, "têm importância
f}lndamental em combate e que a negligência, em ra-
3 Ippon-Kumite = assalto sobre u m passo zão dos mesinos, ·J.tos podem fazer regressar no assalto.
Dizemos que. o assalto deve conduzir º· noviço para
4 - Jiyu-Ippon-Kumite = assalto real sobre um passo. que seu espínto não se detenha a questões banais.
Além elo mais, o assalto treina o nosso golpe de
Assaltos livres: vista e a precisão dos movimemos, fazendo com que
sigamos para melhor, depois de ultrapassarmos nossos
J iyu-Kumite = assalto ilexível defeitos: retardos, etc., sendo que os golpes, bloqueios
e esquivas, se tornam mais rápidos, pois, não treina-
Shiai = competição esportiva mos mais a sós, e nossa velocidade não pode ser mais
aquela, mas a que esteja à altura da velocidade da ação
Esta é a ordem que indicamos como ideal e lógica; do nosso adversário. Desta forma, desenvolvemos os
mudár, poderia, quem sabe, dar alguma luz para mais, reflexos, aprendemos a parar e a partir para o contra-
mas desde que não exageremos nos testes, que não acaque sem que haja ação do pensamento, conseguin-
devem ser longos, guardando, isto sim, o senri<lo do do, então, reunirmos todas as qualidades iudispensá-
combate anerente ao cómpm o de nossa técnica rudi- Yeis, para o combate livre: precisão, coordenação, força
mentar. Logo, a ordem pode ser invertida como colo- e velocidade. Devemos deixar nosso espírito livre de
can nos o Ippon-Kumite cm primeiro plano, sendo que toda a excitação para que possa nos auxiliar, sendo que
a orientação nos é dada pelo caminho procurado e o isto alcançamos no Ki-Hon-Kumite.
espírito que colocamos na execução das técnicas. O nível e o modo do ataque são definidos ao avan-
Os assaltos com·encionais: ço. Podemos deixar funcionar os. reflexos e reagirmos,
Não são mais do q ue a prática daqu ilo q ue apren- inconscientemente, ao ataque. Há omro modo diverso
demos no Ki-Hon, sendo que este trabalho, feito por daquele citado acima, e que não pennite que nos to-
nós, deve ser confrontado com aquele de nosso par- quemos, devendo frearmos nosso golpe poucos centí-
ceiro, para que sejam reajustadas em função do mes- metros do alvo do impacto, ressalvos feitos aos blo-
mo, sabendo-se que os assalcos introduzem noções di- queios. A dificuldade é enorme, em razão de que os
,·ersas. É evidente que não nos podemos valer de nossa. golpes devem portar força e velocidade. Somente após
força e de nossa técnica cm razão de nosso adversário, longa técnica de controle é q~e chegaremos à perfei-
se lembrarmos que a dele não pode ser prevista por ção. Devemos treinar a velocidade, batendo em alvos
nós. Logo o assalto está em função da morfologia e da suspensos e ter, aproximando ao máximo do rJvo,
técnica de cada um, sendo criados para desfazer as nossas "armas", sem jamais tocá-lo. Devemos bater
dificuldades que, por ventura, possam aparecer. É a realmente, no transcorrer do ataque e nos controlar-
ú nica maneira de emenclermos que alguns detalhes de mos ao máximo no contra-ataque. Se tívennos uma
movimentos são em si, secund:irios, JO passo que outros, boa técnica para o bloqueie de um ataque, é bom que

252 - · 253
verifiquemos se aquela é, realmente, correta e exata. um segundo, antes de prosseguir, exceto quando o par-
Desta fornia, progrediremos, principalmente, se con- ceiro se movimenta para atacar sem. parar.
seguirmos um colega que tenha um bom "espírito", Se somos Mário: Devemos esperar o· ataque com
digno de um praticante e que · bata a fundo, sem nos calma, não nos contraindo, e fazendo o bloqueio e con-
tocar! . . . Assim, o assalto é qmvencional, mas dife- tra-ataque o mais depressa que pudermos, a não ser em
rente de algo simulado, pois, é viril, poderoso e os blo- casos especiais. Os contra-ataques usados por nós, de-
queios fortes. Aquele que ataca deYe fazê-lo com todo vem ser, sempre que possível, únicos, nos quais, po-
o espírito e força. Com velocidade e a firme vontade demos colocar toda a nossa energia, fazendo o mesmo
de wcar o colega "sem cocá-lo" . Sem o que não haverá nas defesas, que devem ser as mais simples. O bloqueio
razão nem resultado no treino. Tocamo-nos ligeira- eleve ser feito com toda a força, não nos esquecendo
mente nos contra-ataques para que aquele que for to- q ue aquele, juntamente com a esquiva, devem ser fei-
cado jamais se relaxe após o ataque, mas sim, se tos antes que o membro adverso tenha conseguido a
contraia sob o impacto. Atacamos, pois, ·somente ao extensão total, caso contrário, a defesa seria inútil.
corpo, evitando o rosto e o baixo ventre. Treinaremos Sabemos que necessitamos ele mais força para bater
deste modo, após obtermos o 2.° Kyu. num pé estirado, pois, nosso bloqueio corresponde ao
momento elo Kime adverso. Ao contrário, se paramos
Tomemos, pois, dois companheiros para a parte um pouco antes, o membro adverso estará em pleno
seguinte: movimento, em plena descontração . . . Isto pede de
nossa parte, influxos nervosos, rápidos e boas reações.
João = aquele que ataca Fiquemos em posição baixa e sólida, fazendo o possí-
vel para não perdermos o equilíbrio no contra-ataque,
Mário = aquele que defende esperando um segundo, antes de ficar em posição na-
turnl. Devemos nos descontrair e ficarmos à boa dis-
CONSELHOS: tância do adversário na partida, para que ele nos possa
tocar e possamos bloqueá-lo.
Se somos João: ataquemos diretamente, sem fin- A tomada ele atitude no Ki-Ho-Kumitc. Esta deve
gir e com franqueza. Tiremos do pensamento aquilo ser frente a frente, e devemos nos saudar, lemamente,
que vai fazer nosso adversário no~ fixando em nossa e com perfeição, tendo calma ao comando "Rei". Após,
ação, tendo confiança e não temendo a resposta. Faça- nos coloquemos em Yoi ao comando Yoi. Enfim, João
mos nosso ataque como de hábito no Ki-hon, atacando recua o pé direito para ficar cm Zen-Kutsu à esquerda,
com firmeza para não dar chance de nosso compa- com Gedan-Barai do braço esquerdo pronto para ata-
nheiro bloquear. Façamos isto com conecção e deci- car de mão direita fechada. Mário fica em Yoi ao co-
são, e fiquemo~ em posição final , assim que fizermos mando Kamae. O ataque pode ser feito pela ação de
Ippon-Kumite para que nosso colega possa contra-ata- João, ou pelo comando "hajime". Depois do contra-
car. Em sanbon e gohon-kumite façamos um tempo de ataque João e Mário obedecem ao comando de Yamae,

254. - - 255
r
distância precisa, com força e precisão, para que os
ficam em Yoi e se cumprimentâm. Fazem -isto no início.
quatro seguintes possam ser iguais, dando oportuni-
e no fim do exercício, pois, que ·o mesiao é pleno de
dade de sempre poder " medir" aquele · que ataca. Em
assaltos. ·
caso contrário, se aqu~ie que ataca coma a dianteira do
Após a saudação do iníciQ. os dois fixam seus olha- primeiro tempo, desviando, ou impedindo a execução
res, um no rosto do outro, e jamais' abandonam esta do bloqueio correto, ele co1Te 0 risco de o guardar ao
atitude, até o final, sendo que, João ilã<?. olha nunca curso dos movimentos ~êguintes. Após o sexto tempo,
ao ponto visado para bater, o mesÍno fazendo Mário que é o contra-ataque dac1uele que defende, sem que
em relação ao pé õu à mão fechada que vai bater. o Óutro modifique a posição, os parceiros ficam em
Ambos devem poder ver um ao outro na sua totali- Yoi, invertindo os quadros para a série seguinte que
dade, em todo o inslante, mesmo na esquiva. Não de- é executada em direção oposta. Aquele que ataca fica
vem conlrair o rosto antes do movimento e não fazer como o que defende, em Yoi, ao passo que o que de-
notar o pé. fendia toma a atitude Gedan-Kamae, recuando o pé
Gohon-Kumite. direito.
Atacamos cinco vezes, avançando cinco passos, .cor- Estes exercícios, desenvolvem a flexibilidade, a
réspondendo cada passo, a um ataque. Aquele que resistência, dão sincronia aos movimentos e fazem man-
ataca, o faz com cinco oi-zuki ao nível alto ou médio, ter o equilíbrio nos deslocamentos rápidos, nos quais
e avança em· linha reta. . é quase impossível voltar atrás para reparar uma falta
No entanto, aquele que recua, também o faz no cometida no início. É notória a harmonia do desen-
.mesmo ritmo e utiliza cinco vezes as mesmas paradas, volvimento do corpo, em todas as partes. Podemos
antes de fazer o contra-ataque no lugar, em ·um sexto praticar, se houver espaço, uma _série de de.z. ataques
tempo. Para quebrar o equilíbrio do . adversário·, cada idênticos. Nesta parte, como o ntmo e a dificuldade
bloqueio e cada ataque deve ser feito com vigor, sendo variam de acordo com o nível do aluno, o professor
cada ataque distinto. No transcorrer do exercício, os pode impor o tempo para quem, ini~ia, .e ac~lerar, o
quadris daquele que ataca e do outro que defende ritmo para q avançado. O Gohon-Kunute e muito ener-
devem ficar ao mesmo nível. O que defende deve re- gico, mas muito útil, mesmo para aqueles avançados.
cuar o suficiente, para que a sua distância não seja Sambom-Kumite = Reduzimos aqui o número
progressivamente destruída pelo ·avanço do outro, sem de passos conservando, mas adotamos os mesmos ~r~n­
esquecer que a ·mesma não deve ser muita, para que cípios e metas visados pelo anterior. Neste exerc1c10,
exista aquele contato estreito, com aquele que ataca, aquele que defende contra-ataca. num quart~ _tempo,
isto que lhe dá a possibilidade de contra-atacar a qual- sendo que, recomendamos este upo de exerc1cio para
quer momento. Ele não dá esboço de contra-atacar os mais avançados, por estar mais próximos. dos co~­
antes do sexto-tempo. Vejam_os, aquele que ataca não bates reais. Neste exercício chegamos ao ideal, tao
avança mais, mas ele pensa e pressente este gesto, pron- desejad~ pelos ávidos da perfeição e_ obtido_ pelos "e':-
to para partir. Logo o bloqueio deve ser executado na pert:s", pois neste, atacamos com mais velocidade e d1-

- 256 257
minuimos ao quase nada as paraáas ent:é cada ataque, 2 - O atacante avança· com chudan-oi-zuki e o de-
e quando o fazemos, damos~ ato c0nt\nuo ao mesmo. fensor recua com soto-uke para o inteirar do bra-
Aquele que ataca pode fazê-lo três vezes a fundo, e ço do atacante (posição Zen-Kutsu) e contra por
ainda, reforçar o último, estendendo o Kiai. O outro-. Gyaku-Zuki.
deve decalcar os passos sobre os do adversário e jamais
recuar antes que o mesmo avance. O que defende não 3 - O atacante o faz com Chudan-Oi-Zuki e o defen-
deve se mexer para não se descobrir e não. hesitar, dei- sor recua com Uchi-Üke para o interior do braço
xando o ataque adverso passar. do atacante (posição Zen-Kutsu) e contra por Jo-
dan-Kizami-Zuki, da mesma mão fechada.
Sempre o primeiro ataque é feito de mão direita
fechada, sendo que podemos mudar o exercício recolo-
cando o ataque em Oi-Zuki por Mae-Geri-Kekomi ou 4 - Àquele que ataca o faz com chudan-Oi-zuki e o
Yoko-Geri-Kekomi e podemos .tomar a decisão, antes outro recua com shuto-.uke para o interior do
do início que aquele que ataca a fundo. Neste exer- braço do atacante (posição . Ko-Kutsu) e contra
cício treinamos a nossa coordenação nos movimentos e por Mae-Geri do pé da frente e após Nukite da
a respiração que é fator essencial. Também somos obri- mão de trás (des. 76 a 80). Não esqueçamos de
gados a nos movermos de uma posição baixa, dada sem ver o recuo em ho-kutsu a 45°, em relação ao eixo
elevarmos os quadris. Podemos, por outro lado, recuar do ataque, e não para trás diretamente, a fim de
em completo a perna de trás, o que pode se coroar manter contato com o oponente, ·e o concra-ata·
difícil pelo recuo contínuo. Desta parte, tiramos a con- que com uma poderosa rotação dos quadris. O
clusão que o papel daquele que defende não é o de que defende fica estável, recuando, tendo uma
escapar para mais longe, mas o de fazer uma retirada gri1.J1de parte do peso do corpo sobre a perna da
inteligente a seu avanço e permitir, sempre que o mo- frente.
mento permitir, a mudança da direção do combate.
Aquele que defende, sempre o faz sem demonstrar 7 - O atacante avança com jodan-oi-zuki e o oponente
qualquer claudicação, e executa os bloqueios eficaz- recua com jodan-uke para o interior do braço do
mente e faz com qu.e haja sempre, tempo para contra- oponente (zen-kutsu) e contra por gyaku-zuki.
ata~r entre ca~a ataque. Devemos sempre procurar os
mov1me~tos dU"etos e s~ples, e não aqueles comple-
xos. Abaixo damos as ma.is comuns, convenções adota- 6 - o que avança o faz com jodan-oi-zuki e o outro
das no estudo do Gohon e Sambon-Kumite: com jodan-uke para o exterior do braço daquele
que ataca (posição Zen-Kutsu) e contra por Mae-
i .:_ Aquele que ataca avança com chudan-0i-zuki, Geri do pé de trás.
enquanto o outro recua com soto-uke para o
exterior do braço oponente contra por gyaku- ·7 - ·o atacante avança com jodan-0i-zuki e o oponente
zuki. recua com jodan-uchi-uke sobre o interior do bra-

- 258 ~ 259
ço do oponente (posiçãó Ko-Kutsu) e contra por mais adiante. Ataquemos· sempre a fundo e defenda-
chudan-uraken, de mão da frente, passando em mos também, e, em cada tempo, menos no contra-ata·
Kiba-Dachi. que) que devemos inverter a posição.

8 - O que ataca, avança com jodan-oi-zuki, e o de-


fensor com jodan-haishu-uke, tendo a mão de ippon-kurnite _
trás na frente, sobre o exterior do braço do ata-
cante (posição Ko-Kutsu) e contra por Shuto-
Uchi da mão de trás ao flanco, passando em Zen- Aquele que ataca toma a posição ou atitude Ge-
Kutsu. dan-Kamae, o pé esquerdo avança para um ataque à
direita. O que ataca o faz uma só vez, fazendo um passo
9 - O que avança o faz com mae-geri-kekomi e o com a p~rna de trás, enquanto o defensor está em Yoi.
oponente recua com gedan-barai sobre o interior Ele pode bater com a mão ou com o pé de trás, de-
do pé do atacante (posição Zen-Kutsu) e contra vendo concordar com o avanço e ao nível do ataque.
por Garaku-Zuki de pé de trás. O que ataca pode lançar em ataque de mão da frente
no mesmo lugar (Kizami-Zuki) ou encadear um Mae·
10 - O atacante faz com Mae-Geri-Kokomi o outro Geri do pé de trás e após um oi-zuki da mão que cor-
defende com o recuo em Gedan-barai sobre o responde. Também aquele que ataca pode voltar à
exterior do pé do atacante. Contra atacando posição inicial, o que faz com que aquele que ataca tem
com Mawashi-Geri do pé de trás. que dar mais velocidade no contra-ataque. Há uma
variação, na qual, aquele que · ataca, bloqueia o con-
tra-ataque do oponente, e contra-ataca com resolução
11 - Ataca com Mae-Geri-Kekomi e o que defende.
definitiva.
o faz recuando com Gedan-Barai sobre o exte·
rior do pé daquele que avança (posição Kiba- · Neste ponto o combate pára, depois deste último
Dachi) e contra por Sokuto do pé de trás. tempo. Aquele que defende treina a controlar estrei-
tamente o braço que ataca, desiquilibrando-o, etc. Este
12 - O atacante vem com Jodan-Mawashi-Geri e o que exercício é muito diversificado e muito atraente, por
defende recua com Jodan-Uchi-Uke (posição dar uma só chance a ;imbos os combatentes, não icei-
l<.o-Kutsu) e contra por Gyaku-Zuki. tan~o retardas ou imperf~ições no gesto. Aqui estuda-
remos os ataques portados pelo que ataca e anulados
pelo oponente, não esquecendo que muitas vezes o
Ippon-Kumite. contra-ataque não deve tocar o parceiro. · Aquele que
defende não deve, jamais, esquecer de contra-atacar,
Outras variações existem e podemos estudá-las mesmo estaQ.do sua defesa defeituosa.·

- 260 - - 261
As formas de defesa. 5 - Esquiva - sem blÓqueio e contra-ataque. Nesta
l Recuar - Bloquear - Contra-atacar. Aqui você sai defesa o adversário é batido cm pleno impulso,
da zona perigosa pelo reflexo natural, não conen- o que é ótimo, pois aquele que defende não per-
do o risco de ser tocado, mesmo se o bloqueio for de a força nem tempo para •contra-atacar, pois
imperfeito. O oponepte pode encadear um novo há razão de sobra para fazê-lo. O contra-ataque
movimento na mesma direção, antes que o defen- inicia durante a esquiva. O impor tante é dar ve·
sor possa se mexer. Assim, o que defende está de- locidade para que não haja oportunidade para o
ponado muito longe para contra-atacar com pro- oponente seguir. ·
veito de mão de trás em Gyaku-Zuki.
6 Bloqueando tudo, contra-atacando. Tudo aqui é
2 Avançar - Bloquear - Contra-atacar. Esta é mais feito a um só tempo, com um Kime forte, haven-
eficaz, mas é necessário coragem para pô-la em do um certo tempo perdido entre a defesa e a
prática. Desta maneira as duas forças oponentes resposta. Uma das duas ações pode ser prejudi-
se chocam e aquele que defende, se bloquear an- cada em razão da outra.
tes do kime, poderá desiquilibrar o adversário.
Logo pegará o oponente em desvantagem, e usan- 7 - Antecipando o ataque. Esta forma sai do sen-no-
do o corpo como apoio ao golpe, na mesma dire- sen. Assim que o movimento do oponente é per-
ção, este poderá ser definitivo. Nesta defesa há o éebido, ataque com vigor. Isto deve ser feito antes
"handicap" do fraco contra o forte, logo é pre- que o ataque tome forma. Nesta forma de defesa
ciso que aquele que defende, bata no momento é preciso superioridade, sendo que o caminho
que puder usar a força do adversário. para a vitória é cerco, em razão de que as duas
forças agem como na fórmula 2 e contrário a esta
3 - Esquivar, bloqueando para o interior do ataque
última, toda a energia daquele que defende é
- Contra-atacar. - É preciso velocidade, e aqui o
posta no contra-ataque.
que defende, fica perto do oponente apurando
seu golpe sem quase força . Assim, estão a seu dis-
por de frente o rosco, o baixo-ventre, etc. É neces- 8 - Executar um golpe de embargo e contra-atacar.
sário contra-atacar em seguida, para não dar opor- Aqui o ataque toma forma, mas o que defende,
tunidade do adversário avançar e cocar seus pon- pára antes que ele chegue a termo, batendo na-
tos vitais, agora descobertos. quele que ataca no corpo, sobre a perna que avan-
ça ou sobre o membro que ataca. O atacante é
4 - Esquivar bloqueando para o exterior do ataque. detido com violência em seu impulso, e aquele
- Contra-atacar. - As mesma~ vantagens do pre- que defende pede contra-ataque se o golpe não foi
cedente, podendo também, aquele que defende, suficiente.
sair da zona de perigo. Controlando o membro
adverso, poderá deixá-lo inofensivo. As fórmulas 7 e 8 são difíceis de execução se o

262 263
parceiro não é orientado a respeito das intenções do 2 - O que ataca, o faz com chudan-oi-zuki, enquanto
outro. Ao determos o parceiro em seu · impulso, nós o o outro esquiva para o exterior do ataque (posi-
podemos magoar, e se não o detivermos, fazendo so- ção Ko-Kuts.u ), bloqueando com shuto-uke e
mente o esboço da intenção, podemos Jevar a pior por contra por mae-geri-l}eage do pé da frente ou
nos expormos ao adversário. O ideal será estudarmos mawashi-geri.
primeiro as formas dominadas, para depois passarmos
para o estUdo livre, no qt1al podemos trabalhar qual· 3 O atacante vem com chudan-oi-zuki e o oponente
quer forma. Devemos executar as defesas de acordo com esquiva para o exterior do ataque (posição Ko-
aquilo que conh~cemos em técnica, e com a nossa capa· Kutsu) bloqueando com uchi-uke, e contra por
cidade· tísica e psíquica atual. Devemos estar atentos mawashi-geri do pé da frente, sob o braço do ata-
aos erros e pro.c urar corrigi-los, pois, uma coisa é errar cante. (des. 81 e 82).
na Ddjo, e outra é "errar num combate real'-'. As for-
mas de defesa que devemos estudar são aquelas que 4 O que ataca o faz com jodan-oi-zuki, enquanto o
nos devem levar à maneira simples e única de chegar- que defende, avança sobre o acaque, bloqueando
mos ao golpe final, sem nos preocuparmos com o lado com jodan-uke, passando em kiba-dachi (des. 83),
espetacular. Procedendo assim, estaremos no caminho após um primeiro contra-ataque em kagi-zuki ela
certo da aquisição de um estado mental e técnico, mão de trás e numa ação no pé do atacante na
que nos levará à morada do domínio. Por causa do dreção inicial do ataque desiquilibra-o para o
número incontável de defesas e respostas, elas devem lado (des. 84).
ser ensaiadas no início, nos preocupando para que os
movimentos sejam perfeitos e poderosos. Sejamos ho- 5 - Novo ataque em jodan-oi-zuld pelo atacante, en-
nestos com nós mesmos, e não passemos a uma varia- quanto o que defende recua e bloqueia com age-
ção, senão quando pudermos execular o encadeamento uke em posição gyaku-ashi (des. 85). Contra-ata·
precedente com perfeição e domínio. Logo a seguir ca por hansetsu-geri do pé de trás. Desiquilibran-
daremos os exemplos simples, com todas as bases para . do a um só tempo o braço, com aquele e vem de
as combinações futuras que abordaremos s0b o coman- atacar (des. 86).
do do professor.
6 Outro ataque com jodan-oi-zuki e um recuo e
Exemplos dados por gohon e sambon-kumite: bloqueio com age·uke na posição gyaku-ashi (des.
85), traz o pé da frente contra o pé de trás, para
- Aquele que avança o faz com _chudan-oi-zuki, ficar em boa distância, em caso de contra-ataque.
enquanto o que defende, recua com chudan-hai- Mawashi-geri do pé de trás (des. 87 e ~8).
shu-uke em kiba-dachi e contra com mikazuki-
geri do pé ~e trás, depois mae-empi-uchi do coto- 7 - Mais um avanço com gedan-mae-geri e um recuo
velo que corresponde. e bloqueio co mgedan-juji-uke (posição Zen-

264 - 265
Kutsu) e responde com haito-ushi da mão da Logo que é atacado, aquele que defende deve , blo-
frente, depois nukite da mão de trás. quear, esquivar e con~-a~car, sendo que apo~ · o
assalto,' invertem os papeis. Aquele que defende ataca
8 - O atacante avança com gedan-mae·geri e o opo- e vice-versa. Nos assalLOs de e5tudo, o que importa é o
nente esquiva para o <:xterior com gedan-barai tempo e a tensão que antecipa o ácaque. Aqui um
contra-atacando com uraken da mesma mão ao deve reagir em função do outro. O que ataca deve
flanco. procurar a falha na de.f:sa _do outro. ~o fundo é unia
luta de espíritos, e o 11yu-1ppon:kumlle, sendo menos
9 - Outro avanço com Gedan-Mae-Geri é bloqueado rigoroso que os precedentes é decisivo para o c~mbate
com Gedan-barai sobre o exterior. da perna do livre e a competição. Se aquele que defende nao pos-
atacante (des. 89), depois contra-ataca com sokuto suir no mínimo 1o 2.° Kyu, aquele que ataca deve
da perna da frente (des. 90), o pé de trás pode fazê-lo com oi-zuki e posteriormente de pé. Aquele que
ser trazido contra o pé da frente se .a distância ataca, se estiver com p cinturão preto,_ deve atacar ~om
for grande demais. encadeamentos de ataques dire,os de golpe de pe de
trás seroidos de mã.o e cotoveio. Há inúmeras outras
Os dois parceiros voltam sempre à posição de iní- . ,·ariaçô~s que pelo significaào simples deste livro dei-
cio após cada resposta e fazem um tempo antes de xamos de exemplificar.
tomar novo assalto.
A guarda no assalto flexível.
Jiyu-ippon-kumite.
Cada um tem a atitude conveniente, ou melhor
Neste exercício o atacante procura tocar o adver- ,aquela que deixe reagir a todos os ataques, dand~ faci-
sário realmente, não saindo de uma atitude básica que lidade de partir para o contra·at~qu.e. Estas ª'.1tude:.
convenha ao avanço. As últimas convenções feitas, são êlevem ser sóbrias e prudentes, flex1ve1s e naturais, ten-
quanto aos papéis e aos níveis e gêneros do· ataque. do os· joelhos um pouco flexionados e o ~esto do corpo
Logo a sensação está que, qualquer dos dois pode tomar distribuído enrre as duas pernas. com igualdade. As
a posição que deseja. Um pode antes do ataque find.ar, atitudes fudo-da<!hi e hidari-hanmi-kamae permitem que
procurar uma falha na defesa do oponente e se colocar nos movimentemos com rapidez, para qualquer dire-
à boa distância. As devem conseguir fazer ção, nos dando ainda, a oponuuidade de tomarmos
com que o oponente esboce um gesto de defesa. O ata· qualquer outra posição mais difi~il. So~ente. em tem-
cante deve saltar num ataque longo, a fim de fazer o po de bloquear é que podemos ficar mais b~uxos, cas?
oponente perder a guarda se não recuar o suficiente. contrário, jamais, para que nossas pernas nao se e~n­
O que defende deve ficar na posição que lhe convir jeçam e percamos a mobilidade. As m~os devem f.1car
melhor, podendo voltar, trocar de posição e guarda, perto do tronco, enquanto este deve ficar na v_en1cal.
avançar, recuar no intuito de enganar o adversário. Não devemos contrair os ombros. O melhor sena colo-

- 266 - - 267 -
carmos uma mão na frente, à altura _do ombro, tendo o exista a vergonha da derrota, mas a perseguição pelo
braço dobrado e o cotovelo perto do flanco, ficando a aperfeiçoamento. Livre do fantasma da derrota, nós
mão de trás ao nível do plexo. A descontração dos bra- podemos nos enganjar a fundo com o adversário, o que
ços deve ser total, para que possamos partir para o ata- resulta em benefício para que nos acostumemos ao
que ou para a defesa. combate real. Logo, não devemos temer, e sim, pro-
Não fiquemos nas po9tas dos pés, como se bailás- curarmos nos livrar de toda a carga psicológica, para
semos, e se necessitamos nos mexer, devemos mudar que possamos procurar a vi tória de outro modo sin-
de posição, pois estamos vulneráveis. gular.
Se não conseguirmos, devemos estar prontos para
ASSALTOS LIVRES sorrir e agradecermos a oportunidade de havermos
aprendido algo mais, para vitórias futuras. A contes-
Jiyu-Kumite ·- Livre flexível. tação não fica bem para o praticante, pois a mesma
faz parte dos espírtos fracos. Outros tomam as deci-
Combate completo: sões e dão a sentença, pois para isto, há os professores.
Nada engrandece mais do que saber perder e muitas
Neste exercício os bloqueios são virogosos, pois os vezes, por sabermos perder, estamos ganhando, pois,
golpes são reais e os adversários podem atacar guando nem sempre aquele que vence obtém a vitória. Prati-
bem quiserem. Nesta fase há necessidade de haver ata- camos estes assaltos por alguns minutos, mudando de
que "Mão-pé-Mão" para que consiga passar pela defe- parceiro várias vezes para que possamos confrontar
sa, sendo bom salientarmos que o estudo do Renzoku- nossa técnica com várias técnicas diferentes. Assim,
'\Vaza, bem feito, muito pode auxiliar esta parte. Aqui treinamos nosso espírito para o combate real. E tam-
todas as técnicas podem ser utilizadas e todas as vonta- bém treinamos nossa velocidade que nos dará condições
des testadas, sendo este tipo de exercício um meio, no para não pararmos antes da vitória. Este tipo de assalto,
qual o praticante pode usar codos os seus recursos. É pode ser feito contra dois, três e mais elementos que
claro que devemos por honra, jamais magoar nosso podem atacar de qualquer modo, nos treinando para
adversário, e sim respeitá.lo pelo apoio que nos dá para um tipo de luta mais próxima às tradições antigas do
que nos aprimoremos na técnica. Karatê: "a batalha".
Devemos primar pela cortesia e não deixar que os
maus atos enegreçam nossas primeiras intenções. Os Conselhos:
golpes não devem ser dados a fundo e para que possa-
mos realçar mais as intenções dá arte, devemos ficar em Não devemos esperar para q ue nosso adversário
haisoku-dachi após cada engajamento, saudando o par- ataque, pois aquele que inicia e oriema as operações,
ceiro antes de recomeçar. Deste modo, podemos encur- dirige as outras, tendo vantagem sobre o outro, pois
tar os assaltos e acalmar os espíritos. Nestes tipos de este, não pode sabe:· no tempo rápido do ataque, à na-
assaltos a vitória não interessa, o que faz com que não cureza· e alvo visado. Logo a esq uiva e o bloqueio se

268 269
tornam difíceis em função do ataque. Não podemos encadeamentos longos, uma ou até duas são suficien·
ficar estáticos para não darmos oportunidade ao adver- ces antes do ataque real, como disfarce da intenção
sário de conseguir furar nossa defesa. Devemos variar precisa. Devemos executá-los com precisão, força e velo·
a nossa atitude e nos mexermos o necessário. Sempre, cidade para que o oponente se descubra por receio de
e sobre qualquer aspecto, devemos ter plena confiança não poder anulá-los. Nesta ocasião, devemos atacar sem
em nossas possibilidades. claudicar, na direção do alvo descoberto. Se estivermos
Os assaltos devem ser rápidos e a vitória procurada bem concentrados e de boa distância lançarmos o golpe,
no primeiro enganjamento, fazendo com que nos es- este, mesmo único, pode· trazer a vitór ia. Longos enca-
queçamos das técnicas confusas e dos longos corpo-a· deamentos atrapalham e facilitam o meio pelo qual o
corpo, que não levam a nada. Saltemos ao ataque ou oponente vai nos parar. A guarda deve sempre estar
à defesa em Kensei, tentando terminar com a concen- flexível e não hos devemos agitar e nem fazer nada,
tração do oponente, sendo possível que aquel\l fração sem estarmos bem certos de nossas intenções.
de segundo que dará hesitação, nos seja proveitosa. Sempre que possível, devemos mexer com as rea-
Quando somos tomados por .uma quantidade de atac ções do oponente, dando a impressão de estarmos com
ques, não devemos recuar, e sim, nos voltarmos !?ara alguma parte descoberta de nossa g·uarda, mas sempre,
o exterior, saindo do eixo de perigo. Fazendo isto, tendo a certeza de estarmos seguros de podermos blo·
obrigamos ao nosso adversário a mudar seu ângulo de quear em caso de ataque. Atenção total, pois esta é
ataque, o que nos dará um tempo de demora que apro- uma ocasião que pode ser a última, pois o adversário
veitaremos para contra-atacar. Bloqueando, devemos já está esclarecido. Ao projetarmos o oponente faça·
cont1 a-atacar, retomar a iniciativa. mos num tsuki ao solo, e em caso contrário, nos de-
J amais nos devemos deixar levar pelos artifícios fendamos com os pés, trazendo os braços diante do
do oponente, assim como não nos devemos fixar em corpo. O tronco deve estar vertical, os ombros bai!{OS,
suas mãos ou pés. Fiquemos calmos e não demonstre· o ventre forte, as nádegas reentradas e os calcanhares
mos medo ou nervosismo, não esquecendo de controlar no solo. As mãos nunca devem estar abertas no trans·
a nossa respiração para que nosso oponente não nos correr de um assalto para que não injuriemos os dedos,
ataque quando inspiramos. A boa distância é essencial ao bloquearmos golpes de pés. De outro modo, não
e para isto, devemos mantê-la, nem muito perto nem devemos contrair eternamente a mão fechada para que
muito longe, ficando cada vez, mais vigilantes à ma- não percamos a flexibilidade dos braços. O ideal seria
neira que nos aproximemos do adversário. Não devem dobrarmos as primeiras e segundas falanges, o pole-
fugir e nem recuar mais do que o necessário ao pri- gar, ficando deste modo, prestes a contrairmos a mão
meiro ataque adverso. Sempre que possível, devemos fechada ao primeiro sinal. Devemos treinar este assalto
modificar nosso ritmo. imobilizando-nos, saltando para cm todos os terrenos para que criemos verdadeiras pos-
os lados, avançando e lançando uma finta, encadeando sibilidades. Estes são os conselhos que damos na inten-
golpes para que tomemos, sempre que possível, a ini- ção ·de esclarecer. Sabemos que falta muito, que a
ciativa e dirijamos o combate, Não devemos executar lista não está completa, pois para ·que aprendamo~

270 271
tudb, é preciso que saiamos do papel e vivamos na prá- cazes em combates de verdade. Devido aos efeitos des.
tica as dificuldades. Logo, somente através do combate tas modificações, é lógico que o espír ito muda irrevo-
com o parceiro é que podemos descobrir os "segredos" gavelmente. E este estado de coisas deixa estupefatos,
da eficácia. .praticantes corno nós, que tivemos o privilégio de pra-
ticar com velhos mestres do "verdadeiro Karatê". Para
.Shiai (competição esportiva). nós não há razão na afirmativ.a de que o Karatê é um
esporte. As desavenças são freqüentes entre uma cor-
P raticamente devemos as competições esportivas rente e a outra, sendo que a resistência a esta trans-
aos estudantes japoneses, apaixonados pela arte do Ka- formação por aqueles fiéis ao " absoluto", parece irre-
ratê. Esta p.aixão transformada em ardor e fogo, mu- dutível. Mas, sobre este problema, já falamos em capí-
dou, progressivamente, a antiga característica do J iyu- tulo passado, e pensamos que o raciocínio peculiar a
K.umite, qúe era de assaltos convencionais e Katas. para cada um, é passível de avaliar a questão. A diferença
combates rijos com freqüe11tes injúrias e ferimentos, entre o Shiai e o Jiyu-Kumite, é que, além do primeiro
graças à falta das convenções. Estes desregramentos ser obrigado a regras especiais, o alvo entre ambos, di-
eram possíveis, ainda pela ânsia de cada aluno em pro- fere. No Shiai a meta visada é a vitória constatada pelo
var que seu estilo era superior, e assim sendo, também árbitro que arbitra as condições do combate. No J iyu-
a sua escola. Daí, surgiram as primeiras regras das Kumitc, as vitór ias e as derrotas não contam, podendo
convenções de base que tornaram possíveis os comba- o combate seguir o tempo desejado pelos praticantes.
tes viris, ou sejam, de jamais bater, realmente, no adver- Esta é uma forma de estudo flexível, onde pomos
sário e controlar sempre os golpes, mas devemos lem- toda a técnica aprendida cm prática, sem nos impor-
brar, que apesar de tudo, sempre há a evolução na téc- tarmos com a derrota, mas sim, com o aprimoramento,
nica e no espírito em relação à competição. Se obser- logo, diferindo do Shiai, no qual, a razão primordial
Va!"mos, podemos notar que hoje há uma tendência de é a vitória, sendo pois, um combate total. Sendo assim,
transformar as características básicas do Karatê, como este se torna menos flexível em virtude dos adversários
aquelas que transformaram o Jiu-jitsu que era artl' de pro~urarem, o menos possível, os riscos de se injuria-
guerra, no judô esporte. Somente que no Karatê as rem. No Jiyu-Kumite, o alvo principal é o aprimora-
tendências são para selecionar e para transformar ve- mento, pois o mesmo, nada mais é do que uma escola
lhas técnicas adaptando-as a uma forma esportiva, não de comba~e, diferindo do primeiro, que visa a uma
condizente com o espírito de uma arte marcial. Melhor eficácia de momento, tendo em vista a vitória a todo
esclarecidos ficamos, se lembrarmos q ue certas técnicas custo. É evidente que o certo é o Jiyu-Kumite ter sem-
eficazes no combate real, foram abandonadas nas com- pre seu lugar como condutor, ultrapassando a idéia
petições, devido ao perigo freqüente, ao qual se expu- errônea e sem significado algum, de que somente a
nham os participantes. Desta forma, eles são abandona- vitória alimentará o nosso orgulho. Chegará o tempo,
dos aos poucos pelos pratiqmtes, em razão das técni- no qual, o Jiyu-Kumite terá seu lugar no Shiai, pois
cas mais condizentes com as competições e menos efi- na realidade, não haveria razão, nem progressão real,

272 273
se isto não sucedesse. No dia em que o primeiro con- vel passar pelo árbitro o impacto de um golpe simu-
duzir o segundo, poderemos ter uma verdadeira con- lado, assim como, saber quem tocou primeiro.
frontação real, onde toda a técnica poderá ser posta à Daí, ele pode perder a direção do combate, apa-
prova. Duas escolas poderão se defrontar pela necessi- recendo então, os golpes "reais'', quem sabe, pela sua
dade de demonstrar seu real valor, podendo desta for- esitação no julgar. Pelo nervosismo reconhecido de
ma, os participantes· chegarem aos limites de suas capa- certos participantes, pode ocorrer a injúria, pois, ao
cidades e recursos físicos e mentais. Somente sobre este crerem que seus golpes estão bem colocados e contro-
lado a competição pode ser positiva, sendo válido este lados terminam por apoiar, mais ainda, o golpe seguin-
aspecto para aquele que debuta. te, dando-se aí, o "desastre''. Como apreciar o golpe
Ao debutante serão dosados os minutos que servi- antes de sua fase final? Por esta razão os assaltos espor-
rão para que seu espírito seja estimulado e para que tivos são impossíveis, pois, um golpe não pode ser dado
não perca a sua vitaliçlade por efeito de exercícios mo- que virtualmente. Além disto tudo, há a dúvida se o
nótonos. Logo, servirá de alerta para que se acostu- golpe foi bem sucedido no alvo, se foi retido ou se
mem aos combates reais. A única ressalva feita é que causou "algo" que possa suspender o combate. Escas
os debutantes se acostumam a vitórias fáceis e negli- são algumas das agruras do árbitro, muitas vezes, in-
genciam seu verdadeiro trabalho de base. Devemos compreendidas.
lembrar que nesta parte cabe ao bom professor, dosar Além disto tudo, há que distinguir e diferenciar
e vigiar os exercícios, fazendo com que exista aquela o chi-mei de um simples golpe comum, pois, no auge
sensação de combate, mas que a mesma não disvirtue do combate, muitas vezes, o fogo da disputa nos faz
as normas básicas da arte. Devemos nos fixar primeiro suportar certos golpes. De outro lado, temos ainda que
no gesto clássico, não permitindo a aplicaão prática lembrar, que o juiz tem que observar isto em fração
em seguida, pois, é menos perigoso para o parceiro de segundo. E o que dizermos das observações neces·
que na verdade é mais tocado, "realmente". sárias ao bloqueio, a esquiva se foi eficaz, se houve o
Os golpes devem ser controlados, e para isto se amortecimento do golpe, se o disputante ficou sem
torna necessário o aprendizado do gesto preciso. De- reação diante do golpe, etc. ·Tudo isto ser~a fácil de
pois elo 3.° Kyu, devemos praticar na competição. Não observar, se as técnicas fossem perfeitaS e os golpes pre-
devemos esquecer que o Shiai faz com que o espírito cisos levassem à vitória indiscutível. Mas, nem sempre
trabalhe e passa, além de um teste de eficácia, como é assim, devido a pouca qualidade dos participantes,
uma prova de coragem e vontade. É claro que há os para não falarmos em julgamentos que nos deixam em
riscos nos combates, e mesmo aqueles mais seguros de dúvidas, se houve batida funda, ou no caso de julga-
suas técnicas, estão predispostos a sofrerem conseqüên- mentos, muito duros ou indulgentes.
cias mais ou menos graves. E estas conseqüências, po· Por vezes vemos técnicas eficazes não apreciadas
dem ser fraturas, hematomas, etc. O choque ·sonoro de no cômputo geral, ao passo que, outras de pouca im-
dois membros produzem dores sérias. Dado a veloci- portância, num combate real, são computadas. Desta
dade dos combates derivada de suas técnicas, é possí- forma muitas vezes é vencedor aquele que etn combate

274
total ficaria esmagado. Logo, esta é uma parte deli- nos ainda sem capacidade básica. Parece que hoje a
cada sujeita a apreciações mai ssérias, pois vários são idéia aceita é aquela citada acima, sendo que para cam-
os casos de desapontamento da parte de disputantes peonatos por equipes, todos são aceitos.
c1uc 'treinaram com paixão e o árbitro "nada viu de Mesmo assim, há os problemas anerentes a este
real". Mas estas são as falhas da competição; aqueles último caso, no qual não há restrição alguma. Quando
que aceitam competir, já de antemão, devem se cur- um debutante se mostra eficaz nestes campeonatos,
var. Se não soubermos suportar a derrota, melhor será outro, ao contrário, não faz mais do que número na
não participarmos, pois as escusas posteriores fazem equipe, e sua falta de condição faz com que para mui-
parte dos fracos. Nem sempre é vitorioso auem vence. tos que assistem, a decepção desponte, pois sempre pen-
Podemos vencer na derrota, se dela fiZ'ermos uma sam ser o Karatê, um meio de dominarmos a nós mes-
"prova" de imposição com nós mesmos, sabendo de mos. Sabemos que poucos podem aceitar o risco e se
princípio, que apesar de tudo sabermos, luta.mos em comprometerem nestas provas pelo afã de ganhar um
terreno estreito e dominado pelas convenções e por título, ou um campeonato. São pessoas especiais que
definições "especiais". Assim sendo, mais uma opor- jamais se afastam da verdadeira meta da arte marcial.
tunidade teremos de dominar nosso espírito e nos lem- Para que consigamos o apreço do povo, não é neces-
brarmos que nem sempre aquele que tudo sabe, pode sário a evolução esportiva que sabemos ser inevitável,
saber tudo, e que na vida, a meta principal, ainda é somente achamos que esta pressa escá produzindo uma
o domínio do espírito. Se nos lançarmos aos combates, degradação tal, que já notamos estar se transformando
devemos preferir parceiros mais técnicos do q ue aque- o Karatê em "esporte de massa", mas perdendo a sua
les, não muitos chegados aos combales. Isto se quiser- verdadeira finalidade de origem. Será que no futuro
mos sofrer menos, pois nestes casos, aqueles não sabem este estado de coisas dará lugar à procura espiritual?
controlar os golpes, podendo causar injúrias. Lembra- Isto são dúvidas, e pensamos que mesmo na hipótese
mos também, que mesmo os de nível técnico superior , daquilo suceder, muitos perderão a coragem e aban-
podem sofrer injúrias, em razão. de seu aprimoramento donarão os ideais antes daquilo acontecer. Achamos
e do desenvolvimento dos campeonatos! Nós pensa- pela lógica, que o Karatê não reúne condições para
mos que, o certo seria elegermos o "grau" permitido, ser um esporte de massas, há ourros, benéficos, mas
para os disputantes, para que desta forma, p udésse- menos duros! . . O certo, seria não fazermos vulgares
mos tirar das competições aqueles que são "perigosos" competições, recusando confrontos, sem razão e nos
em combate, mas ineficazes', em combate real. Acha- satisfazendo com o verdadeiro caminho, o único que
mos que, somente deveriam competir aqueles q ue já não nos desencaminhará do real alvo da arte marcial.
tivessem uma técnica de base aprimorada e ·o 3.° Kyu. Mas de outro modo se não pudermos competir
Isto no entanto, nos parece impossível, pois há a des- por razões especiais esponivamente, devemos praticar
culpa cabível de que desta forma, poucos poderiam o J iyu-Kumite e o Shiai, sem os quais não demonstra·
competir, sendo que há casos de professores ávidos de remos ter alcançado nada de signifir.ativo no que diz
promoverem sua escola e subirem para o 3.° Kyu, alu- respeito à existência da arte marcial. Pensamos que

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l
acima de 16 anos não deveria haver limite para estas além daquele ponto mesmo, tocando na realidade. A
práticas, em principal o Jiyu-Kumite. Já para a prá- atitude deve ser correta e o golpe não deve ser proi-
tica do Shiai deveria ser exigido um certificado médico bido pelas regras.
antes da competição como prova de saúde geral. Para O oponente não deve poder amortecer ou evitar
a obtenção de graus (tsukinami-shiai) há a competição o golpe. A distância é fator primordial. Os desenhos
obrigatória, com ressalvas para os que chegaram aos 91 e 92 nos mostram a execução correta e conveniente
trinta anos. Para a obtenção de I. 0 e 2. 0 Dan, cada de um J odan-Gyaku-Zuki em controle e distância.
candidato reencontra outros, devendo perfazer um Atenção: Os braços não estão estendidos e os qua-
certo número de pontos. Acima do 2. 0 Dan o critério dris tomam parte no golpe pela sua forte rotação. Já
para atingir graus superiores são o Jiyu-Kumite, ippon- o desenho 93, um Chudan-Mae-Geri mostra a boa dis-
kumite e especialmente os Katas. Após comprovarmos tância e a manutenção do equilíbrio do corpo. Como
nossa eficácia, em competições, devemos após o 2.0 vimos, os golpes não vão longe.- Podemos utilizar várias
Dan, apresentarmos uma técnica sem defeitos e um técnicas, tais como: Oi-Zuki, Mawashi:Geri, etc. Mas
grande progresso no plano mental. a maior parte do sucesso é obtido por Tsuki Qodan
ou Chudan) Mawashi-Geri e Mae-Geri. Quando faze-
OIPPON:
mos acompanhar de projeções limpas um golpe, em
principal Gyaku-Zuki, é dado o ponto sem discussões.
Muitas vezes o julgamento do árbitro pode pare- Somente as técnicas executadas dentro destes padrões
cer falho para o leigo desconhecedor das regras para conseguem pontos, quando a arbitragem é exigente e
qualificação de uma técnica. Difere muito a eficácia honesta. Hoje, temos árbitros que dignificam a arte,
procurada no Karatê, daquela de outros esportes de sendo que alguns sentem mesmo, partir o golpe final,
defesa. ,.. tendo seu veredicto no momento no qual, a técnica é
O golpe não deve tocar o adversário, mas ser tal, executada. É claro que a inquietação subsiste pela difi-
que se o fizesse, poria fora de combate, a colocação do culdade em arbitrar com perfeição, em virtude da velo·
oponente. Logo, o golpe deve ser dado num ponto cidade das técnicas e pelo receio dos golpes violentos
vulnerável. incontrolados, pois sabemos que em várias ocasiões a
realidade está longe das convenções.
O golpe deve parar antes do impacto: Seria melhor encontrarmos uma nova solução para
o caso da proteção em si? Apesar dela existir, com fa-
A técnica deve ser limpa e forte, executada com lhas, os velhos praticantes olham com desdém esta
firmeza, para que demonstre . não chegar ao alvo por meta, e acham que esta faz parte do Karatê esporti-
mero acaso. O membro que. lança o golpe não deve vo! . .. Mas, nós achamos que se esquecem de que a
estar completamente estiradó para não "penetrar" o proteção já vem de longa data, na qual eram protegi-
adversário. O golpe que pára alguns centímetros do das as tíbias, os peitilhos, as máscaras do Kendo, e a
impacto, chegando o membro estirado não é eficaz, concha que protegia os testículos. Também sabemos

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l
que elas não são eficazes para quem as usa e que são de algodão e lâminas de aço, e a parte de cima ?o pé
um impecilho para aquele que bate, pois pode magoar é protegida por certas lingüetas acolchoadas e fixa~as
as mãos e os pés ao encontrar uma máscar!i de ferro ou sobre o pé, permitindo elevar os artelhos. Isto permite
um peitilho duro. E assim, ficamos somente com a que batamos com força e velocidade com os pés, .sem
concha que hoje faz parte única no Shiai. medo de nos ferirmos. Todos sabemos do receio e
Logo a resposta para a interrogação inicial parece h~sitação daquele que lança um golpe de pé. O receio
vir do Japão. Parece que após anós de pesquisas os não é somente daquele que recebe o- golpe, mas tam-
japoneses criaram um complexo de peças que trans- bém, daquele que dá, o q ue causa sempre um retardo
formam o pratiçante num astronauta e esta metamor- no golpe lançado. Como podemos analisar, este apa-
fose é composta de: 1 - Meu = máscara - lembra aque- rato trás algumas vantagens. De um lado, a proteção
la do Kento, tendo como proteção para a face, uma grade nos tira o medo, o que nos permite combater com l iber-
convexa, não muito fechada, composta de lâminas fle- dade total. Facilita a arbitragem por permitir o impac-
xíveis de aço e acolchoadas para amortecer os choques, to real, fazendo com que a parte tocada pare ou recue.
e cobre o conjunto da cabeça, compreendendo tam- É sabido que já usamos como proteção, aquelas. apa-
bém, o pescoço e os lados. .atas mais tradicionais, como o protetor das tíbias e
aquele dos antebraços. Nas competições oficiais, so-
2 - Doh = Peitilho - Serve para cobrir o corpo mente é permitido o uso da concha protetora dos
das clavículas ao baixo ventre. É feito de tecido acol- testículos.
choado e armado de lâminas de bambu, muito flexí- Dizem os produtores e aqueles que usam o pro-
v'eis e um quadrado de couro protege o plexo e o tetor, que além de solucionar o problema dos assaltos,
abdômen. Os flancos também são protegidos pelo doh. seu uso aumenta a perfeição de tal modo, que no futu-
ro o praticante poderá treinar sem usá-lo, obtendo_ o
3 - Kote = luvas - ·protetor do antebraço. Acol- mesmo resultado compensador. Poderemos entao,
choada. Compõe-se de duas partes. A luva é de algodão, reter a tempo, golpes dados a fundo?. Os combates 1'.ã~
permitindo utilizar a mão aberta para ataque~ em tornarão violentos provenientes da hberdade adqmn-
Shuto. O protetor do antebraço amortece os golpes nos da com o uso do protetor? Será que seu uso sobrepu-
bloqueios vigorosos. A proteção nas luvas é suficiente jará o Shiai, sem proteção, no qual, duas técnkas ele-
para que possamos bater no peitilho ou na máscara, vadas se defrontam, sem o perigo de se magoarem?
sem receio de nos ferirmos. Pensamos .que quando o trabalho é árduo e sério, difi-
cilmente alguém se machuca, e a afirmação é válida,
4 -Ate = Protetor das tíbias. -Aquele que treina se lembrarmos os campeonatos mundiais, onde apesar
de verdade, não pode evitar totalmente os golpes na de competirem vários participantes, não se tem notí·
tíbia. Mas são familiares outros protetores de tíbias usa- eia de injúrias sérias. Pela técnica perfeita podem~s·
dos noutros esportes, mas pensamos que o mais eficaz é o chegar aos combates viris, sem chegarmos à brutali-
ate. Com este, a tíbia é coberta por um acolchoamento dade.

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l
sem reação, mas móvel. Também poderemos fazer uma
combinação mais natural de alguns golpes sobre o par-
ceiro, procurando esquivar e bloquear, sem no entan
to, atacar. Por último, podemos atacar sem tréguas
2
um parceiro que procurará anular nossos ataques e
contra-atacar sem atacar, para que não haja riscos. De
início os Jiyu-Kumite serão praticados em sessões inin-
terruptas de 10 a 15 minutos, trocando o parceiro cada
2 minutos. Durante estes assaltos, devemos estar fle-
xíveis e procurar, com avidez, as falhas na defesa do
oponente, e sentir os . encadeamentos. Devemos nos
abster dos golpes violentos para que não tenhamos
como resultados negativos, ematomas nas tíbias, o
que nos prejudicará no dia das competições oficiais,
nos tirando a velocidade precisa nos golpes de pé, nos
momentos decisivos. Isto, quando tremamos alguns
dias an~es das competições. Não podemos esquecer dos
Treinando para competir. exercícios de musculação e de bater no Makiwara,
com combinação de golpes, assim como devemos evitar
O treino deve ser sério e as técnicas apropriadas o esgotamento físico, dias antes da competição. Para
à meta desejada. Não devem ser dirigidos sem escrú- treinarmos o controle, devemos usar um adversário
pulos à competição, aqueles noviços que jamais tra- imóvel em posição de combate e praticarmos a exe-
balharam, além de técnicas de base, pois, além do de- cução das técnicas, visando aquele. Não nos devemos
sencanto natural poderiam advir contusões e ferimen- esquecer que uma técnica, não sustentada pelo com-
tos graves. Primeiro devemos abordar o lado técnico, pleto domínio mental, é falha.
e~sinando alguns encadeamentos simples e eficazes, Assim, devemos procurar 'nos treinos gerais, obter
para que o debutante, possa com naturalidade, colo- a confiança em nós mesmos e a "certeza" na vitória . .
car a técnica que mais lhes aprás. Desenvolveremos a Os exercícios de preparação devem ser de uma difi-
velocidade dos golpes no estudo no "vazio", no mesmo culdade crescente, na medida que são apresentados.
lugar usando a posição Judo-Dachi. Da mesma forma que devemos ser preparados para a
A endurance não poderá ser esquecida, sob pena vitória devemos estar preparados para a derrota, para
de nos faltar para um simples assalto. Mas a podere- que a recebamos como um fator peculiar à vida e um
mos desenvolver, se fizermos execuções mais longas, estímulo para a "vitória". A vida regrada é fator pri-
de evoluções ligeiras, com esboços de golpes de pé e mordial, rião somente antes dos combates oficiais, mas
mão fechada em torno de certo adversário que fica sempre! O sono deve ser reparador e os excessos da

282 283

l!
juventude esquecidos nas épocas dos campeonatos. Ao não contestemos, nunca, as decisões do árbitro, para
se ap,roximar o dia da competição ós treinos serão que não mostremos um espírito maldoso e façamos ver
ligeiros e completamente esquecicios na véspera. No ao público que não conseguimos nos dominar. As injus-
â1a especial nos a bsteremos de tecia a fadiga e das ali- Liças revoltam, mas devemos olhá-las com indiferença,
mentaçóes copiosas. o que nos torna mais perto do alvo.

Exemplo de encadeamentos:
CON SELHOS
Se em hidari-hanni-kamae ou fudo-dachi a es-
Encadeamentos querda, as mãos fechadas em guárda, como no estudo
do Jiyu-ippon-Kumite.
Sabemos que desde o começo da competiçã::> de- Jodan-Kizami-Zuki de mão esquerda no mesmo
vemos ser ofensivos nos esforcanéo para termos a -cri- lugar, depois chudan·gyaku-zuki de direita, descendo
meira Yitória, o que deso!·i~ma~-a -e o:xme:ire. ;\:ão baixo e deslizando o pé esquerdo para a frente um
devemos restar no ~esmo lug~r, nos baia~çando ôe um pouco.
lado para outro, isto nos tolhera o avar.ço e nos tor- Tobikonde-mae-geri do pé da frente, seguido de
nará passivos. Devemos estar flexive~s, sempre que mawasl1i·geri <lo pé de trás e gyaku-zuki da mão fecha-
não estiver.nos em contato com o opoYJente. Aqui, {ião da esquerda.
devemos ficar em posição muito b-aixa ?ara sue não Sokuto do pé de trás, seguido de m:aken da mão
fiquemos imobilizados e vulne:·áveis em caso de ata· direita deslizando para o adversário em kiba-dachi.
<pe-súbitc. :'\os esqueçamos de gestos inú:ei.s que não
t1,:uão resultados, ser.ão aue isolados. A distância :ião Sokuto do pé de trás seguido de ushiro-geri do
deve ser jamais esquec!.d~ para que estejamos sempre pé esquerdo, apó~ rotação de 180º eia bacia. Após,
promos para a reação. Ao nos iançarmos r.o atz.o.;.ie, uraken da esquerda.
devemos ser decisivos e encadearmos vários golpes -en- Uma vez ou outra gyaku-zuki de direita.
dereçados a diversas alturas, para q ue com igamos de- Chudan-mae-geri do pé de trás, seguido de Jodan-
sorganizar a defesa do opositor. Somente pararemos ren-zuki.
ante:o sinal do árbitro, pois, someme eie, deverá ~aber Ceifa do pé da frente do oponente por um golpe
se -este ou aquele golpe deve ser parado. Caso contrá-
do pé de trás, seguido de gyaku-zuki direito.
rio, · estaremos dando chances para q ue o oponente
contra-ataque, e taivez com sucesso!!! O Kinsei deve Mawashi-geri do pé da frente , com perna de apoio
acompanhar o nosso esforço, mas somence q uando hou- ao exterior do pé da frente do adversário, seguido de
ver razão para tal, o que poderá fazer com que entre- "varredura" daquela perna sobre a perna da fTente.
mos na guarda do adversário se juntarmos uma técni- Mawashi-geri do pé de trás, seguido de mae-geri
ca complementar. Jamais batamos à distância longa e esquerdo e depois ren-zuki.

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Quatro juízes que ficam nos cantos da superHcie
Competições e Regras e dão melhores condições ao árbitro e usam uma pa-
1heta branca é vermelha.
Estas regras devem ser conhecidas totalmente
pelos praticantes, pois regem t9das as competições Cronômetros e um secretário de competição, que
internacionais. LOma a si os resultados e o cômputo completo da com-
petição, assim como, tudo que acontecer na mesma.
A parte material. T udo pois, é escrito pelo mesmo, como se fosse uma
ata geral.
O lugar para a competição deve ter 8 metros de ·o que o árbitro decidir é final,, não havendo. ape-
mínimo por 8 metros de máximo e ter uma superfície lação alguma. ·
plana, sendo esta chata, feita de assoalho polido ou O árbitro central conduz o combate, e se atém
pintado, de tattamis-omote, etc. Deverá ter uma linha ao perímetro de combate, administrando o decorrer
demarcatória branca ou vermelha, diferenciar o lado da disputa e o julgamento do combate. De outro lado,
da competição e a superfície em redor do perímetro. os quatro juízes assistem ao árbitro, tomando · uma
Não haverá distinção entre os adversários. posição boa, sentado sobre cadeiras, para melhor ve-
rem o combate, nos quatro cantos opostos e ao exte-
A vestimenta será branca e por cima dt!sta a faixa rior do lugar de combate. Uma opinião diferente da-
que distinguirá, permitindo a identificação. A faixa quela do árbitro pode ser dada por um destes juízes.
que fortemente atada por um nó plano, impedirá e se o árbitro quiser a adota. A sentença dada pelo juiz
a veste de abrir. A faixa deverá ser suficientemente é definitiva.
longa, para fazer duas voltas em torno, e após o nó,
devem pender 15 cm. Convenções e o desenrolar
O cinto deverá ter a cor do grau, com um filete O tempo do combate é combinado antes da com-
vermelho visível, no sentido longitudinal. Os oponen- petição, sendo possível, sem prolongamento em casos
tes devem ter uma concha de proteção forte. Os pro-
especiais.
tetores dos antebraços e tíbias são interditados, salvo
em caso de recomendação médica. As unhas devem Os oponentes fieam na posição de iniciar, distan-
estar aparadas e os artelhos também. ciados três metros no centro do lugar da competição,
de frente, um ao outro, trocando a saudação sobre a
Oficiais e árbitros: injunção do árbitro (Rei!). Os oponentes iniciam o
Os oficiais · são: um diretor de competição que combate na posição Yoi ao anúncio de início dado
ficará num plano, onde possa ver a totalidade do lugar. pelo árbitro (hajime). Este também, fica numa dis-
Ele organiza e supervisiona o total da competição. tância de 3 metros daquele.
Um árbitro central - que faz respeitar as regras Somente na base de uma vitória, certa e defini-
e comanda o combate. tiva, por um golpe mortal (chi-mei), é tiue é julgado

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o Tesultacl,o do combate, assim, a obtenção de um pon- Ao expirar o tempo, se nenhum oI?teve a vitória
to (ippon) dá a vitória. pelo ippon ou por dois Waza-Ari, o árbitro pára o
No final do combate, os oponentes ·.voltam ao lu- combate, faz com que os dois voltem às posições de
ga~ de_ início, e_ frente a frente ~ segil~ o que comanda início e levantando a mão, diz: hantei - julgamento
o arbitro (Rei!), fazendo entao, a saudação simulta- à interição dos quatro juízes. Estes se pronunciam, ra-
neamente. A maneira de indicar ao árbitro que o tem- pidamente, por este ou por aquele ôponente, erguen-
po expira, é o soar de uma sirena ou sino. Se algum do as palhetas brancas ou vermelhas. Vence aquele do
golpe é aplicado no momento que o sinal· foi dado, é cordão branco ou aquele do vermelho. Em caso de
tido como válido. combate nulo (hikiwake) ·as palhetas são erguidas a
Quando saímos do lugar da competição, o árbitro um só tempo.
suspende o combate e dá nova ordem para iniciar, mas Na soma das opiniões dos quatro, mais a sua, o
antes faz com que voltemos ao pomo inicial (centro). árbitro anuncia a decisão, vencedor por superiorida-
Qualquer técnica praticada quando um ou os dois de ou combate nulo (Yusei-Gashi) ou (H ikiwake). Em
combatentes estão fora da superfície de combate, é caso de opiniões diferentes, prevalece a do árbitro. Em
julgada nula. Os juízes devem avisar o árbitro, toda certos casos, .o árbitro não vai de encontro à opinião
a não visível, por um movimento do braço ou suas dos três juízes.
palhetas. Há casos nos quais, o árbitro pode· anunciar:
O combate termina quando um gol.pe mortal é Yame, e parar o combate tempor:ariamente. Estes são:
dado. Quando um oponente sai fora do lugar do com-
Aí o árbitro pára o combate, faz voltar os oponen- bate.
tes à suas posições de início e diz ippon. Designa o Quando um deles comete um ato proibido. Ao
vencedor levantando a mão para ele. Já quando um ser ferido um combatente ou acome"tido de mal-estar.
consegue 80 _a 903 do ponto, o combate é suspenso Quando u~ tem necessidade de arrumar suas
pelo árbitro. Este faz com· que os dois voltem a suas vestes.
posições iniciais e anuncia Waza-Ari, estendendo a mão E quando ele· julgar necessário.
para aquele que obteve aquela taxa. Recomeça o com- Se o árbitro disser, hajime, o combate imc1a, e
bate. No momento que o mesmo combatente obtém se ele disser, Time (descontar tempo), o tempo deverá
outro Waza-Ari o árbitro suspende o combate, e faz ser descontado do tempo do combate. Em cada hajime,
voltar os oponentes ao lugar de início e anuncia o o árbitro deve voltar à sua posição de origem, no iní-
vencedor, dizendo: Waza-Ari-Awasete-Ippon (ponto cio do combate.
por dois Waza-Ari consecutivos), o combate, então,
é encerrado. O que é proibido.
Após um Waza-Ari, se o outro oponente faz um
ippon por um golpe mortal, ele ganha, anulando o Na verdade bater rios pontos vitais do adversá-
Waza-Ari do outro. rio é proibido, pois os golpes devem ser controlados.

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PONTOS VITAIS E; OS LIMITES PERMITIDOS:
Executar uma técnica com intencão de injuriar o
adversário. ,
Simular ou atacar com a mão aberta e estendida
aos olhos em pique.
Morder ou arranhar.
Fazer gestos irreverentes ou gritar sem razão algu-
ma na intenção de fazer o oponente perder o controle.
Perder o controle e causar perigo ao oponente
não dando atenção aos atos proibidos.
Não seguir as instruções do árbitro.
Emitir opiniões ou não concordar com as deci·
sões do árbitro.
Não assumir uma atitude correta, pondo em risco
a competição e prejudicando o espírito do Karatê. . OES. V

Agarrar, importunar e manter o oponente sem


tomar uma ação de imediato.
Voltar as costas ao adversário. Jodan = rosto, nuca, pescoço.
Evitar o combate sincero, esperando chegar o
limite de tempo. Chudan = plexo solar e cardíaco, abdômen, axi-
Sair de livre e expontânea vontade do lugar do las, costelas e região lombar.
combate.
Gedan = baixo-ventre.
Manter uma atitude displicente para evitar a der-
rota, fazendo obstrução. .
Ao nível Jodan:
Ata.r ou desata~ o cinturão, os cordões da calça do
Karateg1 sem permissão. . O golpe de cabeça ou cabeçada no rosto, é inter-
Falar durante o combate. ditada.
Os golpes parados poderão ser dados com força
controlada sobre as regiões sem pontos vitais. Os golpes endereçados ao rosto devem parar 1O
e 5 cm do alvo. Este controle deve continuar, mesmo
.. Ao infrator destas regras, o árbitro pode advertir
oficialmente, e em caso de reincidência, consultando quando o oponente avança ou fica na défesa. Em caso
os j1:1ízes; poderá declarar perdedor o infrator. Não de descontrole o árbitro adverte o faltoso, e o desqua-
precisará consultar os juízes em caso de infrações lifica, se incidir na falta durante o mesmo combate.
graves·. De outro modo, ·se houver ferimento grave, a desqua-

290 291
l,ifii;a~ão é imediata. ~ (ippon), ponco, quando o golpe O árbitro cede o Waza-Uri, igualmente como aci-
e rap1do e o adversário resta sem reação. É Waza-Ari, ma foi esclarecido, só que as mesmas técnicas são me-
meio ponto, quando o ataque é limpo, não apoiado nos "limpas".
pelos quadris, e se o oponente não reage, de algum
modo ao ataque. Se as técnicas de ataque shuto ou Quando o adversário mostra sentir o golpe
uraken, são controladas, rápidas e bem executadas.
Em um ataque de cotovelo, sem defesa e reação 2 Nos golpes que chegam às costelas, às axilas e ao
do oponente. coração.
É " vantagem", quando um golpe ao rosto é dado
com controle, sem força e nem velocidade, mas sem 3 Não dá nada, quando o golpe não passa de um
que o oponente o possa anular por uma reação qual- simples toque, e o oponente não parece sentir
quer. O árbitro nada dá, se os dois oponentes atacam nada.
ao mesmo tempo. Um ao rosto e outro ao corpo.
NlVEL GEDAN:
Nível Chudan
Somente são contados os ataques que chegam ao
· Já neste nível o que vale é o grau de resistência baixo-ventre. Em caso· de um combatente tocar o opo-
do oponente, onde os ataques são mais vigorosos, os nente, e este estiver sem a concha protetora, o árbitro
golpes fortes e podem tocar ligeiramente, na intenção não desqualifica aquele, pelo contrário, dar-lhe-á Wa-
de fazer o oponente acusar o recebimento dos mesmos. za-Ari ou Ippon. Logo, o uso da concha é obrigatório.
O controle continua, pois, em caso de ferimento o
transgressor é desclassificado. · Os golpes nos joelhos não contam, como também
Há casos nos quais não há desclassificação. Estes aqueles de pé ·baixo, sobre as coxas, ou as tíbias nos
são os casos de oponentes flexíveis, que restam assim, bloqueios. Logo o que é válido como ponto são aque-
não s·e contraindo no ataque. les endereçados e que tocam a concha protetora.
No dorso, só contam os endereçados aos rins. Po- É . dado Ippon, quando o golpe bem dado, com
demos bater, ligeiramente, com Kubi-Mawashi-Geri, técnica, toca a concha sem reação de defesa do adver-
mas nos controlarmos, com extremo rigor, se o fizer- sário.
mos com Koshi ou mãos fechadas.
Quando é agarrada a perna adversária e ataca-
É dado o ippon - ponto - quando o ataque corta mos, limpamente e com precisão, o baixo ventre, sem
a flexibilidade, é rápido e forte. realmente, tocá-lo. É dado o Waza-Ari, quando o golpe
Em caso de ataque direto de joelho ao plexo. toca a concha, mesmo com imperfeição. Quando o
No caso do ataque visar ao dorso, quando o opo- golpe é violento na concha, e o oponente desmaia, a
nente está desiquílibrado. decisão da penalidade fica com o árbitro.

292 293
A PROJEÇAO: combatentes diz que foi batido (M_aitta). Qualquer
um pode erguer o braço em sinal de derrota ou feri-
Ao cair mal, e ficar desacordado ou abandonar a mento.
luta, a vitória é dada ao outro. O árbitro, estende o braço para o combate e a
30º da vertical, para o alto.
Mas, se ele volta, pela autorização médica, nada
é computado, se não houve ataque no solo. Julgamento Waza-Ari (80 a 99% do ponto)
Em caso de uma técnica de Chi-mei em bom estilo
Aquele que projetar o oponente, com delibera-
e forma.
ção e sem moderação, é desqualificado.
Em três saídas ininterruptas e voluntárias de um
combatente. Na saída no curso de uma esquiva ou
FERIMENTOS OU INSULTOS:
bloqueio, ainda que na intenção de empurrar o opo·
nente fora dos limites, não são moderados. O árbitro
Um combatente não poderá continuar o combate estende o braço na horizontal e lateralmente pára o
em caso de algum incidente, ferimento, ou mal-estar. combatente e diz Waza-Ari.
Nestes casos, o árbitro consulta os juízes e poderá opi-
nar por vitória, derrota ou anulação. Para isto, servir-
se-á dos seguintes: se a responsabilidade do ferimento WAZA·ARl·AWASETTE-IPPON
é imputável, este perderá; se é imputável ao adversá-
rio, este será perdedor; quando não pode atribuir a
ninguém, o ferido será declarado perdedor por .aban- Quando um combatente consegue dois Waza-Ari
dono. consecutivos.
Em caso de suspensão do combate por mal-estar, Estendendo o braço para o combatente, num pla-
aquele que causou a suspensão será considerado, em no horizontal e lateral, diz Waza-Ari, logo após, o
princípio, perdedor. estende para a frente e para cima, anunciando: Awa-
sette ippon.
O JULGAMENTO Julgamento Yosei-gashi - vencer por superiori-
dade. Quando obtém um \Vaza-Ari e combate de acor-
O ippon - ponto. É dado em caso de golpe mor- do com o espírito do Karatê.
tal - chi-mei - de mão aberta ou de pé, dado num
ponto vital. Neste caso, importa tanto a correção, a ati- Julgamento hantei-gashi = decisão.
tude, a distância e a força. Após parar o combate, o
árbitro analisa estes aspectos e julga. Não julgando Quando não há pontos. Aqui, entra em julga-
suficiente a técnica, pode fazer voltar os adversários mento a técnica, o acatamento às regras, etc. A cQm-
às suas posições e reiniciar o combate. Quando um dos paração é que dará a vitória.

- 294 - - 295
Julgamento Kiken-Gashi = vencedor por abando-
no. No caso de um abandonar o combate, sem que o
outro seja a causa.
CAP1TULO XVII
Julgamento hansoku-nake = perdedor no caso
de violação das regras. Numa nova violação de algum
A DEFESA PESSOAL
artigo já advertido pelo árbitro, ou em caso de alguma
infração grave.
Apesar de ser uma arte marcial e de ter como
Julgamento Fusen-sho = vencedor por falta. Não meta o aperfeiçoamento da personalidade, o Karaté
comparecendo ao combate por qualquer razão. poss.ui, por definição e por origem, um alvo mais siru-
ples: o de dar proteção àquele que é atacado. Esse
primeiro estado, na realidade, veio mais tarde a pos-
Esta é a atribuição dos pontos:
suir um "caminho", mesmo que no Ocidente tenha
Ippon = 10 sido desenvolvido como um termo "ridículo" de defe-
Waza-Ari = 7 sa pessoal. .
Mesmo assim, e auxiliado pelas competições e de-
Hantei = 5 monstrações "grosseiras", ele tomou conta do interes-
Hikiwake _ O se do público que infelizmente, ainda o tem como apa-
nágio de brutalidade. É preciso que lembremos que
Qualquer situação imprevista, não estudada nes- de longa data; o meio de defesa pessoal mais em moda,
~as. regras, será julgada e decidida pelo árbitro e pelos era o Judô, e um pouco menos o Jiu-Jitsu, sendo que,
JUlZeS.
no estado de alma do público as deferências e alvos
fossem os mesmos. Podemos ir mais além, se lembrar-
mos que R a bem pouco tempo eram ensinados a "alu-
nos reservados, reservadas técnicas de Judô", tidas
éomo secretas e criadas para aqueles eleitos que as usa-
riam para derrotar qualquér inimigo. Só que estas
técnicas,. somente eram demonstradas ao público, de-
pois que eram dominadas e executadas com extrema
velocidade.
Isto dava ao Judoka, uma auréola de imbatível,
e para o público ele passava a ser uma coisa especial.
Daí, foi fácil passar ao domínio neste campo da defesa
pessoal. E tal foi a impressão causada, que ainda hoje,

296 297
muitos levou à desilusão. Quantos ávidos pela propa·
ouvimos afirmações que demonstram o quanto surtiu ganda desordenada, de~abilitados pela tapeação, não
efeito aquele aparato tão bem organizado. Se na tele· tiveram seus sonhos desfeitos?
visão, o herói ataca e vence, para o público ele pratica É sabido que todo o praticante, mal orientado,
judô, mas executa técnicas de Karatêl .. . Pensamos nós,
deseja, logo que possa, provar seus conhecimentos.
que somente através do conhecimento e do apareci-
mento das artes marciais no seu total, é que 'este estado E quantos não ficaram desiludidos? E o que dize-
de coisas poderá mudar, fazendo com que o judô torne mos daqueles outros que dotados de força, vitalidade
a seu lugar de origem, salientando que, de maneira e capacidade, não "dormem", enquanto não põem à
alguma,. existe desmerecimento, mas pelo contrário, prova suas qualidades de brigantes, qualidades estas,
muitos méritos a seu valor educativo e esportivo. adquiridas de modo tão pouco recomendável. Mas o
A defesa pessoal é comui;nente vista de um lado que fazer? De momento tentarmc-s abrir os olhos dos
mais fácil, por sempre aparecer como uma parte con- iniciantes e não nos esquecermos dàqueles já "vicia-
tínua das técnicas de combate. Podemos afirmar que, dos". A verdade é que a defesa pessoal como é hoje
por várias razões, a defesa pessoal não é estudada e caracterizada, nada mais é que um sumário cheio de
levada a sério como merecia ser. Para isto, podemos técnicas complicadas diversas. "Estas deixaremos de
anexar a pressa, e o pavor que tem o público pelas lado, pois, pensamos não ~evarem a nada de objetivo.
coisas demoradas e difíceis de aprender. Nos fixaremos naquelas de base mais fáceis de fixar
É sabido que o povo clama por métodos fáceis, e assimilar, e mais úteis do que aquelas confusas, que
eficazes e prontos a dar-lhes em poucos meses o que as · nos tentam impingir os amantes dos espetáculos, tão
"outras séries", dar-lhes-iam em vários anos! . . . Ora, desviados estão do alvo verdadeiro do Karatê.
devemos ser séribs e pcuderáveis, com a defesa pessoal. Aqui nã9 nos fixaremos, e muito menos apresen-
Nela há técnicas de precisão, estudadas a fundo, para 1•
taremos trabalhos exaustivos, mas pelo contrário, um
serem postas na prática em ocasiões "especiais". É número de conselhos que nos auxiliará em caso de con-
preciso, além do intelecto, esforço físico para que a fronto "Real". Todos nós estamos ·predispostos, a um
dominemos, logo, não ficaria bem, tentarmos somente dia qualquer, nos defrontarmos com uma vicissitude.
pelo meio da leitura chegarmos a uma meta que diz E esta pode ser aquela da agressão! Portanto, a defesa
mais do que "lutar". É preciso que saibamos que, di- pessoal deve fazer parte de nossas vidas, mas estudada
ficilmente com o intelecto, poremos fora de combate com vagar e seriedade.
um ignorante disposto a tudo. E dizendo isto, pensa-
As variações:
mos lembrar aos mais incautos, que na defesa pessoal
é preciso além do intelecto" a técnica, pois, já o nome Não há um só método de defesa pesscal e pensa-
diz tudo: algo nos defende de uma agressão Dos livros mos que seria absurdo nos aprofundarmos em todas as
fáceis, e dos cursos mágicos, devemos ter pena, pois, artes marciais, na intenção de unificarmos todas as
além de roubarem minutos preciosos dos alunos, incul- virtudes em um só desejo! .. . O lógico será escolher-
cam nas pessoas um estado de segurança falso, que a mos entre tantos, aqueles que mais nos convém.

298 299
O agredido <lições idênticas. Foge pois, a briga de rua aos ensina-
mentos.ªª def.esa pessoal formal, ensinada por muitos.
A escolha difere da intenção e do gosto por algu· ~ preciso, s~hentarmos que. ninguém, ell}. qualquer
ma técnica especial. Mas não fica somente na questão epoca, ~sta livre de ser agredido, e por esta razão, dize-
gosto. Vai mais além. É fator primordial que faça mos que as técnicas tão abordadas em "certos" livros
parte no ato da escolha, a análise de nossa capacidade não dizem nada nestes casos. E por isto, estas são po;
física, que congrega. a nossa força, velocidade, peso, nós abandonadas e recusadas no seguir deste capítulo.
flexibilidade, resistência, repouso, e estado geral no Mas continuando, vamós nos deparar com uma ter·
memento da agressão. De outra forma faz-se mister ceira faceta peculiar à briga de rua. Seria o caso ela
analisarmos, também, nossas faculdades físicas, isto é, agressão derivada de imimeros atacantes. Nestas situa-
nosso estado nervoso, grau de concentração e excitação, ções, não podemos perder tempo algum, e em nossa
sem deixarmos de falar no aspecto dos conhecimentos respost~ devemos procurar urna técnica rápida e efi-
técnicos que incorporam movimentos simples, com- caz, para. que tenl~amcs mais velocidade e tempo para
plicados, bloqueios, esquivas, etc. o adversano segurnte. Então, a resposta, que nos era
comum, e aí quem sabe, até a projeção ou ao controle
O AGRESSOR do membro adversário, deve ser mudada em favor de
Já neste caso, a reação da defesa é função de nossa algo mais rápido e real. Nestas situações devemos usar
morfologia, de nossa força, de nossa distância do ata- mais a ~ e~quiva do 9ue o bloqueio, fazendo com que 0
que, sem que deixemos de lembrar um fator de extre- a~versano se d~sonente. Um ataque a mão nua, per-
ma impc•rtância, para aquele que inicia na arte: o mite que nos chstenclamos, se conhecemos bem aquilo
grau de gravidade do ataque. Deixaµdo os métodos c1ue devemos fazer. Em caso de ataque prolongado ,p9r
complicados e aqueles de vitrina, dizemos que há uma uma arma qualquer, um pedaço de pau, então a coisa
forma de defesa simples e de aplicação bem fácil. Ex.: muda de aspecto. Neste caso, a resposta deve ser direta,
o agressor agride com totalidade, pois não sabe se o o mais direto pc'Ssível, deixando de lado a fantasia para
agredido pede se defender, nestes casos, é fácil para que, em lugar desta, lute pela vida. A sua vida!
o agredido, desiquilibrar o agressor e projetá-lo. Já A RESPOSTA:
não será fácil o caso seguinte em razão do ataque. Aqui,
o agressor antes de se engajar no ataque a fundo, finta, Para a escolha da resposta fiquemos com os três
engana várias vezes o agredido. Lego, este ataque é métodos japoneses de defesa a mão nua.
difícil de parar, pois, foi antecedido de certas técnicas , Estes são os nossos conhecidos: Judô, Aikido e Ka-
que deixaram o gredido atônito. Nesta ocasião, não há rate. Pensamos nós que se escolhessemos o Judô da for-
razão para espera, pois aqui não cabe um maior retar- ma como hoje é praticado - como esporte - e cheio
do. São pois, estas situações que encontramos com fre- de convenções, não seria um meio muito· seguro de
qüência nos combates de rua, inuito diversos daque- d~fesa pessoa.1. Sabemos, por experiência, que seus mo·
les do Jiyu-Kumite, onde os ataques se fazem em con- v1mentos teriam que ser adaptados antes de serem uti-

flOO 301
lizados com defesa pessoal. Temos ainda, o problema criticando uma arte marcial, das mais senas, como c-
de termos que agarrar o adversário e de penetrarmos Aikido. Não! Pelo contrário, achamos que sua prática
na sua defesa, para o projetarmos, rendo ainda, que não condiz com a média de nossos praticantes. Em pri-
bloquearmos ou esquivarmos o golpe advindo. Estes meiro lugar, o fator tempo, cria um sério obstáculo, se
percalços não são estudados nas salas de aula, pois sa- pensarmos que os nossos aficcionados.não dispõem mais
b~mos que o combate inicia após um oponente agarrar do que algumas horas por semana. Também desejamos
o outro, convencionalmente! Assim sendo, é preciso falar com respeito do verdadeiro Aikido, mas não aque-
que de um golpe dado, possamos que·brar a concentra- le criado pela ambição do lado material, adaptado com
ção física do oponente para que possamos projetá-lo! golpes de pé do Jiu-Jitsu, e denominado Aiki-Jitsu.
Pensamos que os atémis não são mais estudados no Pobre Mestre Ueshiba!
Judô, que sob forma de katas. Por outro lado, lembra- Como podemos notar, nos resta então, o Karatê, e
mos que no Judô há, no Kime-no-Kata, o Seikyo não pensem, que vamos defendê-lo pelo fato de perten-
Kuzengo - Seiryo Kuzengo - Kokumim - Taiku-no- cermos a suas fileiras. Não, vamos demonstrar pelos
Kata ou o ippon-yogoshin-no-kata, movimentos vários fatos, o~de estão as suas virtudes como arte de defesa
e bons para defesa pessoal. Aqueles que ensinam a sair pessoal.
de ameaça com revólver, bastão, pau, faça, matraca, Fator primeiro, as técnicas que são executadas no
etc., mas somente estão sob o domínio do Judoka, quan- Jiyu-Kumite, podem ser utilizadas e ainda a isto, jun-
do este possuir o 4. 0 Dan. Deste modo, somente se tamos o uso dos pés que nos permitem comer inúme·
houver uma grande desproporção de força, podemos ros ataques simultâneos. Os nossos movimentos são bre-
pôr nosso agressor fora de combate, basta que para isso, ves, fáceis de aprender, e igualmente, fáceis de auto-
lembremos que ele está lutando para não se deixar matizar, sendo que na parada há um reflexo inato.
vencer. Logo, o Karatê repousa em bases sólidas, às quais
O Jiu-.Jitsu, pensamos nós, está quase ao lado da computamos em caso de ataque. Nossos golpes são
verdade se consagrarmos a seu estudo, seriedade e re- pane de nosso espírito, são movimentos complicados e
gularidade. Suas técnicas são boas, mas o tempo para muito precisos que são parte anerenre a uma situação
a prática é mais curto, sem falarmos em seus compli- muito bem delineada, sendo que nossas técnicas são
cados movimentc\5, que são dificilmente assimilados ao suficientes para nos defrontarmos com vários adver-
nível dos reflexos. sários. Dizemos ainda, que possuímos uma vantagem
O mesmo dizemos do Aikido, sendo que este está especial, aquela de podermos usar tudo que aprende-
mais orientado para a defesa do que o Judô. As suas mos do início em caso de ataque real. A partir de um
evoluções são bem mais complexas para serem repro reflexo simples de base, um praticante pode dar sua
duzidas, em caso de ataque real. Nos ataques conven- resposta o grau de gravidade que impõe à situação,
cionais, estes são lançados de mais distância, e o acaso sem que seja preciso perturbar a ordem dos movimen-
dos golpes lançados de pés são, nesta arte um tanto ne- tos. Assim sendo, o Karatê é um meio de resposta
gligenciados! .. . Devemos salientar que não estamos seguro, mas não o mais ideal por mais implacável que

302 303
seja. O Karatê, nos parece como aquele que mais con- ção de variações artificialmente eliminadas ao. treino
vém como base parà todas as formas de defesa pessoal. convencional. .A defesa pessoal vem a ser uma parte
Tendo como princípio seus elementos técnicos de base vivente ao treino na sala, onde .todos podem, ao prazer
e f~ndamento, e seu aspecto mental, é possível cons- de sua iniciativa, am~lga~ar as ·panes das ' técnicas,
truirmos um método de defesa pessoal eficaz onde cada tidas com·o fundamentais. Disto resulta para o agredi-
grau na gravidade da resposta se enxerta. no grau pre- do as possibilidades de defesa, .sem que tenha havido
cedente. Este método deve ter em vista e em funda- idéias preconcebidas, _que mais tolhem do que auxi-
mento, a criação de um método sobre bases racionais liam. Este é o princípio aplicado no Karatê, onde com
de~ndo que cada um responda em função de seu pri'. poucas técnicas, mas pacientemente estudadas, o prati-
meiro reflexo e de suas possibilidades, pois, o que vale cante, pode no curso do assalto, criar· sua própria res-
é a posição física e mental que tomamos - sendo esta, posta. Difere de outras artes que precisam .estudar uma
~ais involuntária que voluntária - desde o primeiro a uma as técnicas diferentes das .outras armas, nada
instante da luta. A perfeição do movimento vem daí, mais fazendo que confusão na mente do praticante.
caso contrário, não passará de algo artificial. É lógico Mas seria bom se cons~guíssemos um métcdo tal de
que não será questão de severidade, nem na nomencla- defesa pessoal. Ele está por se fazer! É difícil conseguir-
tura adotada por estes movimentos, nem na maneira mos a síntese de técnicas entre elas diferentes e man-
de sua execução ou seu término. Isto se atentarmos termos o mesmo reflexo ou o mesmo encadeamento .
que jamais um atàque se repete duas vezes da mesma que os' possa unir. Devemos ·acabar com a idéia de que
maneira. Não seria, pois, lógico adotarmos formas rígi- é a· eficácia obtida pelo conhecimento na ordem de
das· e definidas. Como vemos obtemos um novo méto- todas as séries de movimentos. Devemos q uerer um
do, mas não como aqueles q ue tentaram tan tas vezes método q ue seja unir real educação do instinto de con-
fazer um Milk-Shake do Jiu-J itsu-Aikido, Judô e Ka- servação no qual aprenderemos em caso de. combate
ratê. Imaginem só, unindo movimentos estranhos e di- real a usarmos aquilo que for esti;itaqlente necessário,
~ícci~ fazendo .com que a memória sofra, e que dá para ·pormos o inimigo fora de ação.
1unçao de movimentos complicados percamos a união Uma tentativa foi feita para encontrar um tal mé-
de nosso reflexo verdadeiro. O certo seria, de início todo, pelo 7.0 Dan de Judô e 7.0 Dan de Aikido Kenji
adquirirmos reflexos elementares e dali aprendermo~ Tomiki no Kodokan. Seria uma maneira de tirar fora
um certo número de respostas de complexidade cres- de combate o agressor sem magoá-lo, nem empregar a
cente. Logo estaremos a ponto de fazer desaparecer violência e nem pôr em perigo a vida do adversário.
este aspecto esclerosante a uma defesa pessoal. Este, Este método é oficial de Kodokan; consiste de 21 ata-
pois, é o melhor modo de deixar um lugar bom a efeito ques, onde procuramos anular o efeito projetando e
da su'fpresa provocada por um ataque não afeito aos controlando o oponente, sem bater duramente. Para
padrões comuns. nós, ele conserva aquela rigidez, aquele aspecto impe-
. Deixamos assim, a cada um, a possibilidade de rativo das técnicas por nós enumeradas acima. Para
dissolver a "entrada" e o final do movimento em fun- finalizár, é tão complexo o caso da defesa pessoal que

304 305
basta lembrar que influi também para este caso, o tipo Projeção: Nage-Waza.
de Lerreno no qual somos ataçados, se é plano, aciden- Tem ação após colocarmos o adversário em desi·
tado, etc. Se formos atacados num corredor a coisa quilíbrio (Kuzushi) o que podemos obter logo que
muda de figura, e assim por diante •. ele se lança no ataque_., Da mesma forma pcdemos pro·
OS MEIOS D~ DEFESA E DE RESPOSTA: jetar um adversário estáÜ~~! ~pó~ ~m ac~mi bem .co}o-
cado que o tenha por segunP,o, .feito peri:ier a resisten-
Em primeiro plano, precisamos escudar e prati- cia permitindo o ataque. Jamáis de~emos querer pro-
car seriamente, se nos tornarmos para um método de jetar um adversário mais forte, pois~ e mesmo pode
defesa pessoal, não anexado a padrões rígidos. Nesta não pôr fim ao combate. Devemos entao, encadear com
ocasião entra a aptidão do professor, que nos ensinará uma técnica seguinte: .
as diferentes técnicas de que dispõe para defesa e res- Atémi-Waza - Se batermos de maneira a produ-
posta. O bom professor, guia seu aluno na escolha em zir um choque violento com um ponto vital, pede este
relação à sua aptidão e daquilo que dispõe para o ata- golpe se tornar completo; Este é _um golpe que deve-
que, sem que haja pressão alguma de sua parte na esco- mos dar em último lugar para dosar a força do golpe.
lha dos encadeamentos. Nestes casos pode ser utili:ado p~ra quebr_a~ a _resis-
Descreveremos com brevidade os elementos pos- tência do adversário ou faze-lo cair pela utihzaçao de
síveis para uma resposla; e os aficcionados de outras um golpe ligeiro, mais preciso, que poderá desiqui-
artes marciáis notarão algo que lhes é familiar, ccm- librar.
preendendo que as artes que não praticam podem aju- Kans~tsu-,Vaza - chave de_braço. Aqui atacamos
dá-los a variar suas formas de defesa. as articulações do braço pondo-as em flexões forçadas
A DEFESA: e indo até a ameaça de rompimento de ligamentos e
fratura. A dor é tal, que o adversário cai na direção
Nos fixamos aqui, em ações que têm a intenção que nós queremos. A chave de braço é ótima para pro-
de parar logo o ataque, sem qúe suceda mal algum, pre· jetar e controlar o oponente em pé ou deitado. No solo
parando para responder ao ataque. Esta ação (Tsu· pcdemos causar danos à articulação do joelho e do
kuri) pooe alienar um bloqueio, uma esquiva, um des· tornozelo.
locamento de pés. Esta atitude, é útil para s~guir, pois, Shime-Waza - Estrangulação. Devemos .estar bem
condiciona a resposta, dando limites ao campo das pos- próximos do adversário.
sibilidades. Ela será uma ação reflexa. Osae-Waza - Imobilização. Após a projeção é pos-
A RESPOSTA: sível imobilizarmos no solo com chave de braço.
Mas nestes casos e situações, somente a chave de
Ela vem desde o tsukuri em conjunto com a es- braço interessa e vale, pois pode haver resistência.
quiva ou também apóia esta, com um encadeamento.
A execução da técnica é como no Judô, A resposta 1 - O agredido deve sempre ter em mente q~e. d~ve
pode variar: çontrolar as ações, desencorajar e fazer o inimigo

306 - . 307
inofensivo, sem ter que tocar na sua integridade de necessidade, partir para nova resposta. O oponente
física, logo que o ataque não é grave, e quando nos não conhecemos e ele pode ter qualida_des por nós
o golpe não foi bem golpe, mas um simP.les insuspeitas e nos enganar se menos alertas estivermos.
agan:ão.
DESCONFIEMOS DAS FINTAS:
2 Se desembaraçar do agi·cssor, ferindo-o sem dei-
xar que sua vida corra perigo. Devemos treinar com afinco, no princípio com
3 Desvencilhar-se do agresscT, ferindo-o gravemen- um adversário .que defina seus ataques, para que o pró-
te, sem sofrer conseqiiê11cias . . ximo adversário• ataque como o homeni da rua, com
LEl\IBRETES E CONSELHOS LOdas as suas particularidades e por vezes c?vardia. .
Em princípio o agressor ataca sem fintas. ~~os,
1 - Apesar de nossa força, não sejamos muito con- deve atacar assim que os movimentos forem re1e1ta-
fiantes fazendo certas delongas na resposta. Ja- dos várias vezes; O atacante deve atacar após ter finta·
mais men<~sprezemos o adversário, seja quem for, do, mas dando apoio ao ataque principal, e ficando
pois as aparências pedem enganar. Em caso de nesta posição até que o agredido possa encadear sua
adversário mais fone devemos manter nosso san- resposta. Devemos praticar em todos o~ t~rrenos. p~s­
gue frio. síveis, e vestindo todos os costumes poss1ve1s e usave1s.
2 Não usemos a força contra a força, mas façamos Além disto, não devemos deixar de treinar nossa arte
como no estilo Goju-Ryu, se nos atacam com for- marcial básica.
ça, usemos a flexibilidade, em caso contrário, use- Continuamos repetindo, devemos evitar to~a a con-
mos a força. frontação reál. Isto não leva a nada, e cm vez de apri-
3 Proporcionemos sempre a defesa ao ataque. morarmos o nosso espírito, estaremos fugindo como
4 - · Mantenhamos sempre nosso sangue frio, seja em rapinas do caminlio das arles marcia.i~ na .procura ~e
que situação for, isto desorientará o adversário. domínio espiritual. A defesa pessoal, P. o diz, é. o m;10
Se tivermos tempo, devemos manter uma posição de nos defendermos e não de agredirmos runguem.
natural, a posição Yoi. Jamais nos d.evemos contrair, Aqueles de espírito inquieto aconselha~os que prati·
nem adotarmos uma posição mais baixa, através da quem quando em "crise", com parceuos da mesma
qual nos será difícil evoluir. Nossos olhos jamais deve- téo1ica. para que nada haja de anormal. Uma arte mar-
rão fixar o "endereço" preciso do ad\fersário. cial quando bem praticada, leva o homem à modéstia
Jamais preconcebamos qualquer resposta para e ao equilíbrio de todo seu ser, mas a defesa pessoal
que não tolhamos nosso espírito. Apliquemos ·os movi- abre naqueles incomplexados, uma válvula de escape
mentes simples, adquiridos ao estado dos reflexos. para seus complexos de superioridade.
Quando batermos, procuremos os pontos vitais A DEFESA PESSOAL FEMININA:
mais táceis e certos de serem alcançados.
Nunca devemos perder de vista o adversário e após Não encontramC6 razão de utilidade, a não ser nos
a resposta nosso espírito deve estar alerta para em, caso casos de polícia feminina, o enganj'amento da mulher

308 309
na defesa pessoal. . Pensamos que dificilmente um ho- direÇão. Quando seguros . pela frente, podemos bater
mem ataca uma mulher com .um pau . ou uma faca. com à, &onte no rosto do oponente, ou mesmo, dar um
Achamos que dificilmente o ho~em parte ·para a agres- pontapé na tíbia do .inesmo. Nes~s situações 9 adver-
são, quando ele vê debilidade e feminilidade, a grande sário abandona· sua ação pela dor da pancada, nos dan-
arma de fintar que dispõe a mulher .... do oportunidade . de nos desvencilharmos !:;le. vez. A
Logo, é raríssimo a mulher ser atacada pelo ho- nossa resposta deve ser prudente e não dura, mas· para
mem, a não ser em casos anormais. Seriam os casos de isto, devemos . conservar nosso sangue-frio. · · .
atentado à honra e certas agressões por descontroles Para nos· auxili~r. nesta fase, devemos· tisar as fin-
emocionais. Mas convenhamos que a mulher dispõe de tas para distrair· a atenção do inimigo. Devemos fingir
meios de respostas eficazes, aos quais por vezes, .deixam um ataque diverso daquele que pretendemos. Se pen-
perplexos o agressor. É preciso que aja com decisão, samos desferir um golpe de esquerda ameaçamos com.
velocidade e precisão. Devemos lembrar que um golpe a direita e vice-versa. .
de cotovelo no estômago ou uma joelhada no baixo- Ex. Lº - O pràticante da direita tem em mente
ventre, um ponta-pé na tíbia ou uma pinçada de dedos um golpe de pé à altm:a do plexo. ·Então finge que dá
.nos olhos, põem fora de ação qualquer conquistador ·um ·golpe com a mão' direita enquanto o. outro abre
menos avisados. Isto para não falarmos nas diversas a guarda defendendo-se. Neste momento o ponta-pé ·
maneiras de serem atingidos os órgãos genitais! ... Nos ao plexo é dado. (Des. W de a-b-c).
casos nos quais haja interesse pelas artes marciais e defe-
sa pessoal, não vemos impecilho algum, para que sua
prática seja proibida às m.ulheres. Dizemos, pois, que a
escolha está ao critério da mulher, hoje tão preocupa-
da na disputa pelas conquistas sacio-econômicas com o
homem.
DEFESAS
Quando somos seguros, em regra geral, não há
perigo eminente. O que devemos fazer é tomarmos a
iniciativa antes que nosso adversário tenha se firmado
em sua ação. Logo, devemos manter contato corri ele
nos desvencilhando peia ação da parte de nosso· corpo
que está livre sobre um ponto acessível do corpo do
adversário. Nas ocasiões em que estamos mesmo segu-
ros, não devemos inutilmente cdocarmos forças cori- .
tra força para tentar nos soltarmos. Pelo contrário de-
vemos tentar a separação batendo rapidamente noutra

310 311
Ex. 2. 0 - O colega da direita pensa dar um soco ação contínua a nossa primeira batida, podemos enca
na mandíbula do parceiro. Então dá um ponta-pé que dear uma segunda de mão direita, teisho-zuki (des. 96),
é logo bloqueado. Estando a guarda aberta desfere o se nosso adversário ainda não tiver solto nosso punho.
soco. (Des. W d-e). Ainda como última instância, podemos bater com o
pé sobre a tíbia inimiga.
Nos desvencilhando de um estrangulament~ de
frente.
Quando somos estrangulados de frente, devemos
de qualquer maneira, contrairmos ao máximo nossa
musculatura do pescoço e procurarmos reentrar ao
máximo nossa cabeça nos ombros. Em um só tempo
deveII)OS bater nos flancos do advers~rio em Shutto-
Uchi das duas mã·os, fazendo com que ele perca sua
ação no momento e relache seu aperto (des. 97). Em
seguida, passamos nossa mão direita por cima e agar-
ramos a mão direita do adversário, enfiando nossos
dedos _e ntre sua mão e nosso pescoço. Apoiamos a to·
mada de nossa mão esquerda e tra.zemos a mão adversa
para a frente, fazendo uma enérgica rotação para a
direita, avançando o pé e~querdo. Nesta situação, te·
mos o adversário à nossa disposição e seu braço faz uma
flexão forçada (des. 98). Em caso de resistência pode-
Nos desvencilhando de uma pegada de punho.
mos bater com um rápido golpe de pé direito.
. .Exemplo: • N06so adversário segura nosso punho Defesa sobre golpe· dado após segurar.
direito com sua mão àire1ta, tentando uma tração. Estas situações são por demais difíceis e nas quais
Avancemos nosso pé esquerdo e elevemos a mão fecha- devemos pôr velocidade e precisão. O adversário nos
da esquerda como se fôssemos fazer Soto-Uke (des. 94), pega com a mão esquerda e tenta nos atingir o queixo
em segun?o temp~. Aí, giramos para a direita, passan- con1 a mão qireita. Bloqueamos o golpe, colocando
do em K1ba-Dach1. Efetuamos uma rotação de noSSQ · nosso antebraço direito na ação de interpor e giramos
punho, do i?terior para o exterior, em torno do b~ço para a esquerda, tendo a mão fechada esquerda cm
do advedsáno, expulsando este para a direita, e bate- Hikite (des. 99) e batemos por Yoko-Empi-Uchi de
mos com tetsui esquerdo (des. 95) no tricepes ou coto- cotovelo direito (des. 100). Nesta situação não nos
velo. A partir da primeira ação, desiquilibramos nosso interessa segurar. O golpe de cotovelo fará o adversário
adversário para frente juntando isto à ação de nossa âfrouxar sua prisão.
mão esquerda fechada, o obrigamo~ a nos soltar. Em Contra golpes de mão fechada dados à distância.

- 312 - - 313 -
'I
Regras: como perigo mortal. pois nos defrontamos com ~m ini-
Estes são golpes perigosos se são desferidos por migo armado e disposto.a tuQq. N~stes casos nao ?ev~
uma técnica perfeita. Se o golpe é dado com força, pre, existir o excesso de confiança nem a certeza nas tecru-
cisão e velocidade, é difícil segurarmos o punho. Aí, cas. A defesa é possível, mas muito difícil. .
nos resta o bloqueio .ou a esquiva. Aqui devem entrar Os ataques mais conheci4os são aqueles feitos com
as fintas rápidas executadas com as mãôs fechadas. Se bastão curto, faca e a ameaça.. dé revólver. , .
nos defrontarmos com um adversário que.parece saber Logo, devemos desviar a atenção do a~versa~o.
tu<lo sobre as técnicas pugilísticas, seria tôlicc nos de- Isto ajuda tanto no sentido físico, co~o no psicológico.
frontarmos com ele numa técnica que lhe é conhecida. Ao distrairmos a atenção do ·":dversáno, estamos obten-
O ideal ~rá o termC6 à certa distância de nossos pés, do segundos preciosos que pe~o na b~lan~ para .a
para que possamos usá-los. · Nestes casos não devemos ação. A maneira de usarmos o 1ogo da distraçao, va~a
nos preocupar de bater no corpo, pois está visto que o de acordo com as situações que se apresentam.. É óbvio
mesmo possui uma guarda excelente. Logo o .certo será que não usaremos a mesma técuica quando somos
darmos um golpe de pé nas suas pernas, o que o pegará ameaçados por um revólver - q~e _usa~os em lu~ ~em
de surpresa, nos dando chances para entrarmos num arma~. Deste modo, i:iodemós. distmgulf duas tecmcas
corpo a corpo, projetarmos, etc. Jamais devemos esque- eficazes: a rápida e a ousada. Na primeira devem.os con-
cer que os secos daqueles que brigam na rua não são tar com a sutileza, enquanto que na segunda, tudo de-
como as nossas diretas, mas sim circulares. pende da situação. Qualquer m~vimento ~ue façamos,
Defesa contra golpes no rosto. deve sempre ter como meta desviar a atençao do adver-
Por incrível que possa parecer, esta defesa só deve sário da nossa verdadeira intenção. A distração pode ser
intervir quando o golpe estiver bem próximo para que feita com ·qualquer movimento de qualquer. membro
nos dê a certeza de que não se trata de uma finta. Logo dé ..nÔsso corpo. O objetivo será sempre não deixar nosso
deve ser uma defesa rápida. No instante do ataque, oponente perceber com qual membro vamos atacá-lo.
caímos um pouco para trás elevando o cotovelo direiio O murinurar certas palavras pode desorientar o adver-
diante do rosto, e a mão fechada para baixo (des. 101), sário, pela atenção que porá nas palavras inc~mpre~n­
parando do lado mais fino e ex.terno do antebraço ou diôas que ouve. Um outro fator importante e o gnto
do cotovelo. Avançamos OI pé esquerdo para bater no · ou berro bem dado no justo momento, salvo quando
flanco, desdobrando o antebraço direito em torno do somos atacados por revólver, razão pela qual o grito
cotovelo para cima (des. 102). Com uma.. forte rotação seria prejudicial. Fora isto, o grito bem emitido, deso-
sobre·os dois pés para a direita trazemos o braço adver- rienta e descoordena, sendo que em certas pessoas aque-
so em posição de luxação com o auxilio da mão esquer- les fatores duram por vários momentos. Mas devemos
ºda e desiquilibramos o adversário para frente e para lembrar ~que na briga de rua, tudo é válido em função
baixo. . de preservarmos a nossa integridade física. se. e~toamos
Nos defendendo de ataques a mão armada. perto de objetos ou de areia que vemos possibilidade
Nestas situações, q ualquer falta cometida é havida d~ usar, devemos usá-los,. arremeçando-os. ·

315
314 -
t bom alertarmos que na frente de um revólver Baixando o nosso corpo, levamos o oponente ao
as coisas mudam de figura. O certo seria usarmos cau- chão. Jamais devemos soltá-lo, sem antes fazer
tela e persuadirmos o .nosso oponente a não fazer uso com que largue a arma
do mesmo. Aqui deve. valer o sangtie frio e as palavras Des. X de 1 a 8.
calmas e serenas. Nada de ofensa. Devemos nos lembrar
que o portador da arma está sempre em vantagem. Ja-
mais devemos tentar colocar as mãos nos bolsos ou fazer
gestos bruscos. Mesmo em caso de roubo, o certo será
entregar tudo ao ladrão, demonstrando com calma que
a nossa intenção é preservarmos a nossa vida a todo o
custo. O ladrão jamais pensa em usar a sua arma. As
situações é que o obrigam a tais extremos. Somente nos
casos em que a pessoa está afim de matar-nos, é que
devemos tomar uma atitude que chegue a ação. Nos
casos de sermos assaltados por arma branca, devemos
usar a mesma técnica. Se possível até fugirmos da luta.
Se ,isto não for possível, d evemos então, entrar em ação
fulminante. - Com a finalidade de orientar, transcre-
vemos aqui alguma técnica contra revólver.
l.0 ) Somos atacados de perto e de frente.
2.º) Devemos distrair a sua atenção. Ex. dois: - Somos ameaçados por um assaltante
que segura o revólver do lado do corpo:
3.0 ) Ao ser distraido, peguemos a sua mão armada,
empurando-a com a finalidade de afastarmos de 2 - Distraímos a sua atenção e agarrando a mão
nós o revólver. qne empunha a arma afastamo-lã para longe do alcance
de nosso corpo.
4. 0 ) Sem soltarmos a mão armada, desfiramos com a
3 - De imediato em ação sincronizada, desferimos
outra mão um golpe no rosto.
uma cutelada na garganta. Encadeamos esta ação com
5.º) Segurando a mão, do re'v'.olver com a nossa direi- um ponta·pé na tíbia do agressor, segurando de ime-
ta, desfiramos um ponta-pé na perna. diato a mão que seg"Ura o revólver com nossass duas mãos
6.º) Após, girando o tronco, coloquemos o antebraço não deixando que dispare.
esquerdo sobre o do adversário. Não soltemos a 4 - Logo torcemos o seu pulso e desferimos uma
JllãO. cotovelada nas costelas. Aí, segurando sua mão armada

316 317
com a nossa esquerda, devemos 11os colocar atrás dele, Bastão.
torcendo-lhe então o braço (Des. X de 9 a 12). O adversário pode atacar de lcnge cm grande velo-
ciuadc e quase nunca de ponta de bastão, mas em mo-
vimcmos variados. Devemos -saltar para frente para
bloquear . o braço ou esq·uivai· para o interior ou o
cxlerior do ataque, tratando-se "de um ataque vertical.
Devemos sair do plano vertical sem recuar, para que
1)ossamos apreciar à distância a qual se abaterá a extre-
midade do bastão. É sabido que levamos uma vanta-
gem se formos rápidos. Sabemos que todo aquele que
usa um bastão para atacar, precisa fazer um movi-
mento contrário para bater. São nestas ocasiões que
devemos salrar com precisão sem pensar no ataque.
Facas:
Eis aqui uma parte delicada por tratar-se de um
combate de tudo ou nada. Tratando-se de um espe-
cialista em armas brancas a situação é mais difícil ain-
da. Seria preciso que estivéssemos familiarizadcs com
estes combates. Nestes combates, quase sempre, aque-
Técnica usada para defesa de ameaça pelas costas le que é ferido em primeiro lugar pela faca, fica em
estado de inibição, o que pode dar chance a novo ata-
1 - Somos ameaçados pelas costas com um revól· que, e desta vez fatal. Aqui, pois, não cabem àqueles
ver. De início tentamos distrair a atenção do assaltante, que principiam. Em ocasiões de extrema necessidade
para que possamos nos cientificar de suas intenções e devemos reunir todos os nossos esforços e nos esquivar-
percebermos com qual mão ele segura a arma. Certo mos largamente e bloqueam10s mais longe do corpo,
disto, giramos o corpo na direção da mão q ue segura que para um golpe de mão fechada, pois a lâmina da
a arma, desferindo um golpe com o antebraço. Feito faca alonga o golpe. Há golpes que são fáceis de parar,
isto, sem interrupção, finalizamos o giro aplicando-lhe pois, há necessidade de haver no preâmbulo um "cha-
um golpe no rosto tendo a mão aberta e aprisionando- mado", durante o qual podemos agir. Seria o caso do
lhe o braço. Nesta fase colocamo-nos atrás cio agressor , Talho. Mas, em oposição temos aqueles de espada que
aplicando-lhe um golpe na cabeça com nosso braço partem de qualquer posição. Não devemos nos sepa·
esquerdo. Puxemos para trás com nosso braço direito rar muito do adversário, nem fugirmos, o que lhe daria
e desfiramos um golpe de joelho atrá:s do seu joelho. nova oportunidade de atacar. Fiquemos de perfil em
Não o soltemos antes do mesmo largar a arma. relação a ele. Não procuremos bloquear e mexamos os

318 319 -
pés para tê-lo à distância. Numa ação rápida podemos LaLo com o bastão antes que ele possuísse !!rande velo-
abatê-lo, sem possibilidades do corpo a corpo. Para ncs cidade e ante~ de qualquer posição de forç~ (dcs. 104).
desviarmos de um golpe de espada não devemos fazer ~evemos, pois, reentrar so~ ataque com vigor, para
força, mas sim, grande :velocidade e oportunidade. De- urarmos a cabeça do pengo. Contra-atacamos em
vemos recuar os quadris nas paradas, para afastanncs gyaku-zuki de mão esquerda de n·ás, cu de joelho ou
o abdômen do lugar de perigo. Nestas fases devemos corovelo. ·
enganar o adversário, e se tivermos chance, jogar nelr Se atacamos de cotovelo é melhor bloquearmos
aquilo que estiver a nosso alcance e que possa magoá-lo com jodan-juji-uke para impedirmos que o punho que
ou distraí-lOI antes do ataque. Também é de real im- possui o .b~stão, faça o mesmo passar ao longo do braço
portância que ofereçamos um braço ao . ataque para e nos atmJa no ombro. É certo que seria melhor, se
que possamos salvar nossos pontos vitais e termos chan- pudéssemos, dar um atémi antes de controlar ou de
ces de contra-atacar. Nos treinos aquele que ataca deve projetar, mas para isto, seria preciso que tivéssemos a
fazê-lo lentamente e a fundo, com arma de pau ou certeza de que não coneríamos o risco de sermos atin-
plástico, somente mais tarde se deve usar uma arma gidos pelo bastão.
real. Defesa contra golpe de bastão reverso.
Somos acac:ados em um movimento horizontal da
Revólver: esquerda para a direita, tendo o nosso adversário o
Apesar de quase nenhuma chance, vamos lembrar bastão na mão direita. Avançamos para ele de pé es-
de novo os deslocamentos para fora da linha de tiro, e querdo, caindo sobre o lado esquerdo para bater em
alguma maneira de desviar a mão que empunha o Mawashi-Geri de pé direito, no baixo ventre (dese-
revólver. nho 105).
A rapidez tem que ser espantosa, senão rodas as Defesa contra golpe de faca dado de baixo para
intenções não serão válidas. Teremos mais chances se cima.
a mão do adversário estiver estendida para nós, e se Avançamos e bloqueamos em gedan-juji-uke, ten-
nós soubermps nos aproveitar de uma sua distração ou do os braços esticados, abdômen reentradc, antes que
de uma falha na sua concentração. Se neste momento o braço adverso não tenha chegado ao alvo de seu curso
estivermos com as mãos para o alto, podemos bater (dcs. 106). Damos em seguida, um uraken no rosto,
severamente no punho do adversário, esquivando no seguido de tsuki da outra mãei fechada antés de pegar
mesmo instante, sem que em seguida, o atinjamos nos o punho oponente· para dar-lhe uma chave.
olhos, no baixo-ventre, etc. Defesa contra golpe de faca direto.
Defesa contra golpe de bastão dado de cima para Somos atacados de espada visando ao nosso abdô-
baixo. men. Devemos manter a calma para que o adversário
Aqui, d_evemos saltar no opositor no momento no se ponha a fundo no ataque. O defrontamos em shi-
qual ele ergue o bastão para cima, bloqueando então zentai, tendo os braços oscilantes. No momento que a
seu braço com age-uke direto. Mantemos, pois, con- espada vai nos tocar nos esquivamos, com uma forte

320 - 321
rotação para a direita no mesmo lugar, pondo todo o
nosso peso sobre a perna esquerda. Desviamos O• g?lpe
pelo movimento para a direita, ~eja de cotovelo ou CAP1TULO XVIII
antebraço (des. 107). A mão direita se coloca diante
da fronte e se lança sobre o punho do oponente, que
OS KATAS
afastamos para a direita e voltamos os quadris para a
esquerda para fazer Kin-Geri de pé direito. Os Katas são o início e o· fim desta arte marcial!.
Defesa contra muitos adversários. e é por esta r~zão que petl.imos que o leitor se ~edique
Nos devemos valer de nosso sangue frio e jamais a fundo nesta parte tão importante ao karate'. sendo
nos lançarmos à procura de sairmcs do cerco ao primei- sem dúvidas a sua essência. Um Kata nada mais é do
ro ataque. Devemos atacar o adversário mais próximo que um seguimento de movimentos de karatê c~difi­
nos deslocando largamente ou nos voltando para ja- cados com esmero, executados na mesma maneira e
mais sermos um alvo fácil. Jamais devemos perder de nas mesmas direções. Na duração do K~ta. o prati-
vista nossos inimigos, e se possível, nos devemos encos- cante executa uma série importante de tecn1cas. . E
tar em algum lugar. Podemos bater no primeiro o ultra- um Ki-hon encadeado em várias direções com vános
passando e ficando nas suas costas girando a 180°, faze- graus de diferc::nça na dificuldade dos movimentos.
mos face aos outros adversários que ficam em linha. As velhas técnicas ensinadas pelos velhos mestres da
Não deve haver oscilações para que não haja tempo arte estão· contidas nos Katas. Ao estudarmos a fundo
deles fecharem de ·novo o círculo, e nos batam todos estas técnicas que pertenceram ao !='.assado_ e ,vivem n~
de uma vez. Nesta fase devemos atacar com as mãos presente, podemos descobrir uma mte,r~mnavel fonte
e os pés, para desorientar os adversários, fazendo me- de recursos que nos dão progresso fi~1c~. e m,en.tal.
lhor, se impusermos o nosso ritmo. Devemos bater du- Dentre todas as artes os Katas do karate sao as umcas
ramente para que cada pernada, coloque fora de ação que se executam só e sem acessórios especiais. É na
um adversário, não dando chances para que ele volte execuçãoi do Kata que poder~os notar o pro~esso
à carga. Todas estas técnicas são apenas um apanágio que obtivemos. Para a obtençao d.e gi;aus e. faixas é
simples das possibilidades do praticante. As próprias necessário o seu teste. Nesta fase é mcnvel para quem
técnica de base, e as combinações numerosas e abun- assiste, ver um só homem num c01~bate d:sesperado
dantes do Karatê, fazem destas técnicas aplicadas a todo contra vários adversários. Esta é a impressao ... 1
o tipo de ataques e defesas, o ideal. A variedade destas
técnicas fazem do Karatê, uma base sólida para um COMBATE REAL.
método de defesa pessoal, sem confrontos.
É no Kata que o praticante deve colocar toda
a sua força e energia ligadas à vo.ntade. o, ~lano .é
enfrentarmos entre 8 e 1O adversários. É a umca ma-
neira de adquirirmos a sensação de combate real .e

322 323
~otal, n9 qual poderá adquirir o domínio do corpo repetições - do Kata verdadeiro distante de ser aq_u<!le
e do espírito. Até bem pouco tempo, os Katas, eram incompreendido. Praticados e execm~dos com smc~­
com os assaltos convencionais, as únicas formas de trei- ridade, ritmo, espírito, força e velocidade, é magm·
nar e o suficiente para chegarmos à progressão para [icante, belo e admirável para quem olha. Mesmo
oi domínio manancial de eficácia absoluta. Foi o anta- se este for aquele que não crê ... 1
gonismo dos universitários japoneses que deu origem EXERCfCIO DE ESTILO.
à adjunção de uma forma nova, o combate livre, fa-
zendo o sistema moderno de competições. Os Katas Pelo Kata aprendemos que a eficácia vem da per-
·contêm todas as técnicas do karatê moderno e diferem feição técnica. Por ele devemos chegar a uma forma
do Jiyu-Kumite que desenvolve o sentido da defesa exterior perfeita, igual àquela pregada pelos mestres
numa só direção. Eles nos fazem descobrir em si do passado. Daqui podemos chegar à compreensão do
mesmos uma fonte . de possibilidades incríveis. Pelas que vem a ser a eficácia para o dorilínio total físi~o- e
obrigaÇões que nos impõem em bloquear, esquivar, mental. Seria ilógico pensarmos que pela perfe1çao
mudando a direção, bater de mãos fechadas e pés enca- conseguida na execução de um Kata chegássemos a
deadetl, saltar por. cima dos ataques, etc., nos dão a atingir a felicidade. Não é isto. Mas aquele, é um ca-
idéia de um ·ataque real no qual somos atacados de minho pelo qual podemos começar nossa jornada em
todo lado e por todos os modos. Muitas vezes certas razão daquela. Logo o Kata é a forma pela qual po-
passagens dos Katas, parecem de pouco efeito se; apli- demos unir corpo e espírito para atingirmos o ideal.
cadas num combate real, e que certC6 bloqueios são Sempre que executarmos um Kata, devemos fazê-lo
lentos. Sabemos que tudo isto pode encher de sus- de modo a estarmos próximos do estilo de base.
peitas o espírito daquele que inicia. Jamais um Kata Semente assim poderemos entender o valor da-
é entendido a fundo, a não ser por um mestre. O belo, quilo que consideramos uma mensagem. meritos~. Não
está em procurarmos os limites do incompreensível, a devemos pois inovar, mas sermos humildes, pois para
razão de noS5o progresso, e somente mais tarde vemos as inovações existem outros mais qualifi~dos e com
·que certas evoluções para nós estranhas tem um ~en­ mais opinião construtiva. O principiante deve atender
tido pré-estabelecido. às indicações do professor que lhe fará ver o aspecto
O combate exige uma enorme tensão mental pois Lradicional da arte sem transformações. No Kata todos
nos movimentam pouco. Sabemos que, ao passo· que os músculos trabalham coro perfeição harmoniosa sendo
conhecemos mais a fundo um Kata, uma nova possi- um excelente meio de exercício físico. Nele o equilí-
bilidade e compreensão se abre diante de nós. O Kata . brio, a força e velocidade são desenvolvidos, a respi·
inicia por uma defesa, sendo que o karatê deve ser ração é sincronizada com os movi~ento: e as com_bi-
utilizado para salvarmos nossa integridade física e nações técnicas se tornam naturais. Nao há dúv~da
computa um ou dois movimentos onde fazemos Kensei de que a compreensão virá com o tempo na medida
no intuito de acabar con1 um adversário atencioso. Aos que vier o progressot ~a u;aneira pela, q~al se enca-
roucos, vamos nos aproximando - através de várias deiam os movimentos, isto e, pela sua logica, sabemos

324 - 325
que o Kata é na verdade um exercício que vive. Para e Katas derivados. As nuances eut:re alguns Katas são
que cheguemos ao ideal do combate se faz mister que tão mínimas que às. vezes nos inquirimos perguntando
combinemos a concentração e atenção no estilo com onde está o sentido exato, a razão de ser. Se estas dife-
uma forte sensação interior. É claro que o iniciante, renças esquecidas entre dois estilos que afinn.am um
deve de início, por toda a atenção no sentido e prati- e outro ser, na verdade não são a prova que resta de
car mc;vimento por movimento. Em certas ocasiões, uma certa relatividade na noção que damos da per-
o professor fará com que o praticante execute o Kata feição. A situação é delicada pois dependemos deles,
na velocidade do combate, sem que haja preocupações ou melhor, nossas certezas que são a mola de nosso
nos detalhes e fazendo a encadeação mais rápida possí- querer e nossas suspeitas que interferem no progresso.
vel dos movimentos. E assim sucessivamente. Isto serve Podemos afirmar sem dúvida alguma, que todos os
para que jamais esqueçamos que o Kata é um com- Katas de hoje, remontam de fontes chinesas, sendo que
bate antes de tudo, e que se perdermos esta meta, não alguns, pelas vicissitudes, sofreram transformações que
faremos mais do que exercícios de estilo, sem função a certos "olhos", podem dar a impressão de originais.
de combate alguma. Nestas ocasiões o praticante de- Muitos deles foram tirados de velhos Katas chineses
verá pôr toda a sua energia e combater demro de suas e o próprio ten-no-Kata criado no Japão por mestres
possibilidades. de real valor, sofreu influência dos Katas tradicionais.
Isto fará com que jamais se esqueça do alvo do A introdução dos Katas antigos foi feita separando-se
Kata, e o porá sempre em choque com esta meta, pois os dois estilos de Okinawa. Esta introdução se deve a
em caso de combate o espírito não deve pensar no que ·Funakoshi. No estilo Shorin temos os Katas de movi-
faz o corpo. Devemos pois aprender pelo corpo e não mentos longos, rápidos e eficazes para o combate à
pelo espírito, que deve durante o combate se ocupar distância, e o estilo Shorei dá aos Katas movimentos
do adversário. Mas não devemos exagerar o número lentos, contraídos, para que haja um desenvolvimento
de aulas dedicadas a velocidade do combate, sob pena muscular, e são executados cem respirações wnoras
de perdermos a pesquisa da forma correta não pro- recomendadas nos combates aproximados. As diversas
gredindo como deveria.mos. O aprendizado paciente escolas têm seus Katas de acordo com seus estilos de
é . o caminho certo para resultados satisfatórics. Pro- base, com suas formas um pouco diferentes. Estas pe-
fessores japoneses como Nakayama e T akagi fazem quenas nuances se deve aos mestres que imigraram
os alunos executar os Katas de base um por um, sepa- para o Japão levados p'elo sucesso de Funakoshi. Mas,
rando bloqueio e ataque ao nível do praticante, e ou· as escolas, mesmo com suas tradições especiais pos-
tros como Okuyama Oshima etc., preferem a prática suem os dois estilos de base que se completam. As alte-
na velocidade do combate. rações mais acentuadas foram feitas pelo mestre japo-
nês Funakoshi. Foi a forte influência do nacionalismo
História e Diversificação.
universitário japonês, que obrigou o mestre àquela
Há uma infinidade de Katas, mas somente uns 40 pesquisa para resultados imediatos. Este, simplificou
são originais, as outras não são mais do que variantes os Katas tradicionais por aqueles mais fáceis de assi-

326 - 327
milar, já que o fator tempo era de suma importância este seria o caso do estilo Wado-Ryu do mestre Otsuka.
coisa que 110 passado 11ão importava. Naquela época Mesmo este mestre faz certas vezes alg11mas transfor-
a paciência era a mola qué impulsionava a perfeição. mações em certas passagens. Algu111as vezes as alte-
Como podemos notar, a causa qt!e originou aquelas rações são válidas, dado o valor de q!1em as produz.
derivações foi aquela citada acima. O q ue não seria justo é que houvesse mudanças em
Para que tenhamos uma idéia bem formada, bas- prol da vaidade çle cada um. Já foi pensado em l 967
ta lembrar que de cert9s Katas antigos e complicados no Japão, ou melhor, decidido que deveria haver uma
foram condensadas técnicas que servem para educar o simplifi cação para oue houvesse uma maiór expressão
corpo e o espírito. Estes nós os conhecemos pelo nome da arte. Pensavam eliminar cs estilos derivados, e para
de Pin-An (paz e tranquilidade) dado pelo mestre isto houve uma planificação que pensamos na época
Funakoshi, que foi o condensador daqueles que sur- ser incompleta. Nosso pensamento foi válido, pois hou-
giram como estes cinco. O espírito dos Katas antigos ve como imaginamos os ~ase~ daqueles acostumados
foi magniíicamence resumido por Funakoshi, que os a uma maneira de executa~ os Katas, que se opuseram
idealizou fáceis e curtos contendo os encadeamentos a aprender por simples im?osição formas mais ono-
básicos. Para a aquisição do J .0 Dan são eles o requi- doxas. Desta forma o . problema não fci resolvido, e,
sito primeiro. No Ki-Hon, reaprendemos e repetimos ao lado dos Katas japontses, figuram as de Okinawa e
um certo movimento extraido de um Kata para que Chineses de origeni. O Taek-won-do possue alguns
possamos formar o corpo por uma técnica bem assi- Katas da escola Ch'ang-Hon, sendo estudados para-
milada e fácil. É lógico que há transformações e estas lelamente ac-s Katas japoneses. Em Okinawa ainda se
continuarão na medida q ue os japcneses desenvolvem estuda os Katas antigos, nos quais o praticante é ar-
sua técnica. Estas advieram e advirão da pesquisa sin- mado de um bastão ou de duas adagas sem fio (sais)
cera que modernizou e vai continuar a transformar com os quais se defendiam dos sabres dos samurais.
certas passagens dos Kàtas. Sabe1ido que certas trans- Os sais foram proibidos na ilha, quando da ocupação
formações foram marcantes e a maior parte delas se japonesa. A técnica faz com que consigamos ::igarrar
deve a Funakoshi, tanto que por sua interferência os a lâmina entre a proteção e a mesma, quebrando-a por
Katas mudaram seus nomes de OTigem. Estas transfor- uma forte torsão do punho. Bem, em vista de toda
mações vêm também com os Katas para a formação esta situação que para nós não nos parece cão grave,
do corpo (Tai) com duas técnicas ou três que se de- dizemos que todos os Katas, mesmo com as transfor-
senvolvem segundo o plano heian. Isto faz com q ue mações, são excelentes, se pusermos sinceridade nc· seu
obtenhamos um melhor progresso e consigamos pela estudo e dedicação. O caminho certo para aquele que
simplificação uma fácil passagem do Ki-hon para os pratica, é seguir com rigor e dedicação a linha ado-
Karas de tradição. Esta parte devemos ao filho de Fu- tada pela escola na qual ele pratica. Deve mesmo colo-
nakoshi, Yoshitaka. Este criou também, o ten-no-kata car em sua alma a certeza de que aquele será o seu
que podemos executar sós, ou a dois, no mesmo lugar. caminho para a perfeição de• corpo e do espírito. Nós,
Há escolas que continuam com as formas antigas, por nós mesmos, não achamos possível que certas trans- ·

328 329 -
formações possam ongmar em desvio do verdadeiro hassai - atravessar. a fcrtaleza; ji~te - dez mãos; ro-hai
alvo da arte. Não devemos jamais dispensar esforçcs, - espelho claro, etc. Num Kata combatemos s·eguindo
e porque a nossa escola ensina um certo.• e~tilo, criar- direções certas e os deslqcamentos são precisamente
mos C• nosso! Pela paciência colocada no aprendizado codificados.
dos Katas chegaremos à sua alma. E p~r ela, pode- A estrutura de um Kata pode por vezes represen-
remos conhecer os admiráveis homens que criaram os tar uma planta complicada em forma de letras: T ou
Katas. Sentir sua personalidade e as termos como ideal H etc., como pode ser simples igual a linha reta! A
a ser atingido. Por incrível que pareça, pelos Katas, seguir daremos a enumeraçao dos Katas mais impor-
seguimos seus ensinamentos apesar daquilo que nos tantes segundo as escolas japonesas e coreanas.
ensinam os outros. Em cada Kata temos urna verdade, Antes da sua enumeração,. daremos a progressão
um caminho para a união do corpo e do espírito sen- feita num quadro do estudo dos Katas Shotokan.
do pois, cada um deles um interesse . vivente. Seria Katas de Base - Taikyoku (Shodan, Nidan, San-
ignorância pretendermos que tal escola fosse superior dan, Yodan, Godan, Rokkudan).
a outra. Passaríamos por, e com razão, por pessoas des-
ten-nc·Kata
preparadas e longe daquilo que prega na verdade o
heian (Shodan, Nidan, Sandan,
Budo.
Yodan, Godan) Rokkudan
UM QUADRO DOS KATAS. Avançados Tekki (Shodan, Nidan, Sandan)
Bassai (dai, sho)
Depois de tudo que vimos a respeito dos Katas
Kanku (dai, sho)
quer sobre sua origem e sua história nos. preocupare-
Superiores Hangetsu
mos na coexistência dos Katas atuais e nos antigos,
Gangaku
desde os mais simples acs mais difíceis, colocando mais
En-pi
ênfase na velocidade, agilidade, força e controle res-
Jitte Jiou
piratório. Notaremos que há um fator especial no que
Chinte
se refere aos nossos Katas. Uns, levam o nome de ve-
lhos mestres, outros têm o nome de animais etc., sendo Sochin
Nijyu-Shiho
de grande utilidade para o praticante conhecer esta
Unsu
parte, para enriquecer ainda mais seu espírito com
este lado tão peculiar à arte. Assim remos o Kushanku, P.S. Os superiores são com raridade praticados por
nome de um velho mestre chinês; o heian, período nós ocidentais.
feudal japonês; aqueles dcs movimentos dos animais Estilo japonês: Shotokan e wado ryu: nós indi-
Wanshu - andorinha; shinto-gron - sobre um rqthe- camos ..entre-parcutes o nome dos Katas vVado-Ryu
do; aqueles que evocam as posições, Tekki - cavafeiro que correspondem aos Katas Shotokan. Sabemos que
de ferro; hangetsu - meia lua; aqueles dos temai..-êõ· as primeiras são as formas passadas das segundas que
mo: hanku - saudação ao sol; ni-sei-shi - 24 passos; sofreram breves alterações segundo a criação de Otsuka.

330 - 331
Ten-no-Kata, Taikyoku-no-Kata, Heian, (pin-an) o estado t'iltimo na progTessão p;ira aqueles que são
Tekki (Naihanchi} kanku (Kushanku) bassai (pas- grandes experts. Não seria lógico nos basearmos só nos
sai) gangaku (chinto) en-pi (wanshu) nijyu-shiho Katas e ficarmos nisto. Pois deste modo não podería-
(ni-sei-shi) . hangetsu (seishan) meikyo (to-hai) jitte, mos ter presentes ao espírito as necessidades de com-
jion, chinte, sochin, unsu. bate real e sentirmos as suas variações. Estaríamos então
competindo com a velocidade e a força de novo adver-
P.S. - Há cinco heian, três tekki, dois kanku e
sário.
dois bassai.
Para aqueles que vão até o l.º Kyu pensamos que
Estilos japoneses shito-ryu e goju-ryu: os ~atas de base são suficientes. Para os que possuem
Pin-an, shihazuki, sanchin, tensho, saipa, saifa, a faixa preta e vão até o 1.0 Dan, indicamos ainda o
seesan, sanseru, surapumpe, hosoku. Tekki, Shodan, Bassai-dai e hanku-dai, dei.xando os
outros katas para os graus superiores. Senão nos apres-
P. S. - Há cinco pin-an e seis shihozuki.
sarmcs e não tentam1os ultrapassar etapas pela vaida-
Estilo Coreano Ch'ang-hon. de, estudando superficialmente os katas, os que estu-
Ch'on-ji, tan-gun, to-san, won-kyo, yul-kok, d~rn:os posteriormente nos serão familiares, pois suas
chung-gun, T'oi-gye, ln\'a-rang, ch'ung-mu, kwang- tecnicas se encontram combinadas novamente.
gae, p'o-un, kac-bak, yu-sin ch'ung-jang, ul-ji, sam-il, Precisamos sempre progredir nos Katas de base!
ch'oi-yong, ko-dang, se-jong, t'ong-il. Àqueles mais avançados, como faixas pretas, seria váli-
Esclarecendo melhor, dizemos que neste livro do o conhecimento de maior número de Katas, mas
abc-rdaremos sobretudo o est·ilo shotokan. sempre da mesma escola, pois facilitaria seu esclareci-
memo por se completarem. Não devemos sobretudo,
CONSELHOS trabalhar igualmente todos os Katas, é bom conhecer-
mos as técn~cas e seu desenrolar, mas devemos nos aprc-
Nos Katas temos que lutar com nós mesmos e se ~undar ma_ 1s naquele~ que nos dão prazer e que nos
quisermos nos aprofundar nesta arte temos que nos Jazem sentir algo maJS especial. No dia que conhecer-
aprofundar nos Katas. mos profundamente bem um só Kata, obteremos pro-
Eles são a alma do Karatê e se não os tivemos gresso nos outros.
como isto, após passarem os anos do fogo da nossa ju- Cada movimento de um Kata deve ser executado
ventude, " nada ficará", além de recordações efêmeras com toda a energia e velocidade, portando Kime a
pendentes de nossas frustrações. Sempre devemos exe- cada impacto. Não devemos esquecer de executar cada
cutar os Katas independencemente das situações. De- movimento com estilo perfeito enchendo-o de since-
vemos executá-los sós, mais de um ou nas competições ridade, lembrando de que nossa alma deve estar pre-
dos mesmos. Seu estudo deve progTedir, paralelamen- sente nesta hora de estudos. Sabermos mentalmente a
te no Kunitc para que não esqueçamos o contato com cadeia de técnicas de um kata, não é mais do que um
a realidade. Portanto não esqueçamos que os Katas são princípio vago e não um conhecimenco profundo. Cada

332 - 333
k.ata tem ritr?º, 7 tempo que não podemos negligen- A boca deve ficar fechada, salvo no momento do
ciar, desde o m1c10 de seu es~udo. Somente após longo kiai e não devemos contrair o rosto.
tempo de estudos é que poderemos pensar em "perso- Ocultemos nossa respiração, reentremos nosso
nalização" e variarmos seu ritmo. Mesmo assim, jamais queixo e não movimentemos os ombros. Fiquemos
devemos nos afastar da origem! É bem, após cada kiai, csuíveis e quando nos deslocarmos, façamos com que
faz~rmo.s um tempo de parada antes de recomeçar. Ja- nosso corpo se desloque como uma unidade feita de
mais pensemos que ao terminarmos primeiro o Kata uma só peça. Nossa~ preocupações não devem existir
quando escudamos em grupo, seremos o melhor. mais. Mas somente nosso adversário. Se tnibalharmos
Não! Se pensannC6 bem, ao fazermos Kime em a sós, devemos fazê-lo diante de um espelho, e termos
cada movimento, não é possível que consigamos che- um espírito de autocrítica impiedoso. Somente assim,
gar primeiro. Logo. . . . podemos nos corrigir. Quando pensam1os estarmos
Na prática do Kata, devemos "senti?-" o nosso certos, devemos procurar a análise de alguém mais
a~versário, viver o combate ccmo se lutássemos pela avançado. Quando o executarmos para o professor, ele
~ida,. e nunca deixar de "ver" o nosso oponente. Para não esquecerá jamais de nos lembrar de termos sempre
isto serve o Kara, e somente assim, podemos ter aquele o espírito presente. Tenhamos sempre em mente que
ambiente que nos levará ~os segredos do Kata. É pois, as partes que nos parecem sem importância, estão lá,
preciso que assimilemos as suas passagens, a sua com- para nos esclarecer indiretamente sobre pontos mais
preensão interna e o domínio de sua forma externa, ccmplexos e importantes. Pelas explicações do profes-
isco é, a sua interação. Um kata está dominado por sor devemos disciplinar nos.$0 corpo no sentido daquilo
nós quando pela perfeição da execução e sua harmo- que nos orienta. Os movimentos são perfeitos, q uando
nia, podemos fazer com que aquele que nos assiste os podemcs executar com técnica perfeita, sem o auxí-
visualize o combate. O Kata é um vazio vivente no lio da memória. Cada Kaca possui duas técnicas que
qual, cada parada e cada gesto têm a ~ua explicaçãp e são executadas com Kensei. Devemos estar plenos de
chegam no momento preciso. Assim sendo, o Kata não Kiai, sempre e posmirmos o Kiai, exteriorizando-o a
é uma seqüência de t~cnicas rápidas, sem · significação dois lugares dados! O grito é breve, deve ser forte e
alguma. Pelo contrário! ... explcdir com violência, sem que abaixemos os olhos
Na sua execução não nos devemos descontrair de neste momento. Exceto em certas passagens, não deve-
todo em qualquer situação. O espírito fica sempre mos reiniciar após o Kiai, mas sim, ficarmos um se-
zanshiml Jamais nos esqueçamos que uma simples gundo no lugar para apoiar, mentalmente o golpe.
falha nos levará à derrota. É praticável para o "experc" jun~ar com Kensei
Devemos manter o hora sempre sob tensão, seguin- no lugar da ação, mas não para o treinamento que não
do o movimento e os quadris baixos. Nossos olhos de- deve esquecer os dois Kensei impostos. Podemos exe-
vem ficar num plano horizontal para termos o campo cutar um Kata rapidamente e em descontração. Nos
visual bem amplo, sem nos fixarmos em pontos espe- concentrando sobre os deslocamentcs dos pés e dos
c1a1s. quadris para conseguirmos posições conetas e evoluir-

334 335

L_
mos na velocidade, chegando a um estado superior na (•xc:;cutar os mesmos Kata, sem aqueles aparatos e 11ão
aceleração do ritmo cardiovascular. Esta parte pode l.11.cndo Kime, mas na velocidade máxima.
fazer parte do dia a d ia, pois, é a única maneira de Devemos praticar sessões inteiras de repetições ~e
assimilar um Kata pdo corpo. ka1as dando força e velocidade aos mesmos. Esta sena
- Lentamente e em descontração para aprender- ,, seqüência:
mos o Kata ou nos aquecermos antes da aula. 6 repetições em flexibilidade lentamente e des-
- Ra pidamente com Kime "um por um" desde comração total.
que estejamos aquecidos. Cada mcvimento deve ser
6 repeuçoes no tempo de combate.
executado isoladamente. Os ataques devem ser secos,
os bloqueios vivos, tendo um Kirue j usto a cada im- 2 katas executados com lentidão e contração total
pacto. Não nos esqueçamos da concentração física e 2 katas com halteres.
mental em toda a execução. 1 kata em flexibilidade.
- Rapidamente com Kime portando velocidade Uma vez por ano devemos fazer katas cm grupo,
de combate, o que quer dizer q ue, às formas anteriores, separando cada um por urna quinzena de minutos de
juntamos a sensação do combate. De início liguemos repouso. Devemos executar cada kata por inteiro e não
as técnicas de um só grupo, encadeando posleriormen-
as partes para q ue não esqueçamos certos _encadeamen-
le os movimentos de um extremo ao outro do Kata. O
lOS e não privemos o corpo de um aprenchzaclo h armo-
ritmo deve ser plausível para que não percamos a nioso. Só os avançados é que podem estudá-los aos
forma.
pedaços! O cerimonial nos katas é muito importante,
- Lenta e em contração - todas as técnicas são pois a não observação do mesmo, conta menos pontos
executadas com a respiraçã·~ visível e barulhenta, sen- nas disputas pelas faixas e gl:aus. Devemos executar
do que para dar musculatu ra ao corpo e fortificar o t:stcs movimentos mesmo quando praticamos sós. Ve-
músculo cardíaco, todos os katas podem ser executa- jamos:
dos assim.
Estam.os em posição (shizentai) tendo os braços
- Lentamente com forte concentração mental e pendentes, a cabeça direita e descontraída. Saud~mos
usando somente a força no ventre. tom lentidão (ritsurei em posição heisoku,da clu) na
- Usando material para desenvolver músculos no d ireção que no momento é a principal no Kata. Após
corpo, criar endurame e obrigá-los a atitudes corretas, (des. 108), passemos, sem pressa, em hachiji-dacl~i,
podemos execular um Kata na velocidade de combate, mãos fechadas serradas diante do corpo (des. 109, yo1).
Lendo nas mães dois halteres de 2,5 kg fazendo kime Fiquemcs calmos e descontraídos, aprumados sobre as
para cada movimento. Da mesma forma podemos usar pernas, mantendo o ventre sempre forte f:ico para o
sandálias especiais pesadas, executando os deslocamen- combate. Tomemos o tempo de conccncraçao antes de
tos com um parceiro sobre os ombros, com um bastão iniciarmos a execução do kata para que não o façamos
seguro pelas mãos. Após um treino destes, devemos numa execução superficial. Sempre olhemos ao longe

336 337
na direção da saudação. Tentemos "ver" o adversário, mos, feitos, quando falamos dos deslocamentos em
"senti-lo", notarmos o primeiro ataque, e partirmos capítulo passado. A marca feita dos pés repre·
para os outros adversários! .. Após o término do kata, senta o lugar que corresponde ao início da explí:
restemos um segundo antes de voltarmos, isto no ülti- cação. Posteriormente temos as impressões som-
mo tempo, mantendo sempre o espírito zanshiu como breadas, em claro, ~ pontilhadas, e aqueles cujos
atenção em caso de ourto ataque. contornos são partilhados que correspondem aos
Voltemos a yoi com calma e lentos, saudando na lugares seguintes. A deslocação dos pés está repre-
mesma direção, (Ritsurei) somente após é que pode·- sentada por flechas, sua ordem por algarismos e a
mos descontrair o espírito e retificar as vestes, antes de seta dupla indica o eixo base do Kata. O externo
deixarmos o lugar do combate. negro desta seta se dirige para a frente do eixo
independente do sentido do movimento.
CONVENÇÕES

1 - As convenções que adotam são aquelas usadas


para os Kumites.

2 O plano _de cada Kata acompanha a descrição e


esta contido num circulo. As ramificações deste
plano são sinalizadas por letras para facilitar a
consulta, etc.

3 Os mov_imentos da cabeça e dos quadris daquele


que defe.nde são sinalizados . nos Katas por uma
fita ~egu1da . O início do yoi é sinalizado por um
g·uarao, sendo que o sentido do primeiro movi-
mento é simbolizado por uma flecha ..

4 - Com um algarismo indicamos o tempo ele cada


Kata e o yoi da partida e da chegada se faz no
tempo O.

5 - Nas passagens difíceis cada deslocamento dos pés


daquele que defende, são esclarecidas para facili-
tar o texto. Os princípios adotados são os mes·

338 339

L_
desenrolar do exercício possui d ua~ fases: ida e volta.
O defensor está simbolizado pelo negro, assim que vol-
t.a o dc·rso ao lugar, de onde o leitor supostamente
olha. Os deslocamentos são sinalizados pelo pontilha-
do. Sobrepondo os dos pontilhados de ambas as fases,
obtemos o desenho da fita A que indica o lugar dos
movimentos. O plano B representa a maneira de tra-
CAPiTULO XIX d ição na execução, e no diagrama A, de l a 4 damos
os giros do Taikyoku, que diferem da maneira seguida,
para voltar ao lugar de 180°, encontrando-se todcs nos
heian. Mas longe aparecerá sob a forma D. A. seguido
de número exato que corresponderá ao mapa para es-
clarecer o texto.
KATAS BASICOS
- Fiquemcs em Yoi.
- Somos atacados à esquerda por Gedan-Mae·
Taikyoku-no-Kata Geri. Viremos com vigor os quadris para a esquerda,
São Katas que dão o domínio dos bloqueios, ata- girando sobre o pé direito. Já em Zen-Kutsu à esquer-
ques e deslocamentos de base de onde provêm todas da (DAI), bloqueamos o golpe de pé adverso, com
as demais técnicas. Estes Katas são de formação do Gedan-Barai (Cclocar des. pág. 291) à esquerda, tendo
corpo e foram criados pelo Mestre Funakoshi. Pela a mão fechada direita em hikite. Partindo daí, deve-
firine determinação de nos aprofundarmos nos Katas mos manter ao longo do Kata os quadris no mesmo
simples, para depois passarmos para os superiores, esta· nível.
remos dando ao nosso epírito, liberdade total dos pro-
blemas de ~emorização dos movimentos. Então o corpo 2 Ataquemos com chudan-oi-zuki de mão di-
r~pete sem mtenupção os mesmos movimentos, permi- reita fechada, avançando bem o pé direito, tendo os
t~ndo que possamos dar maior velocidade a particula- quadris e os ombros de frente.
ndades anerentes a esta fase. O golpe é formado no
tempo mais curto. Há 6 Taikyoku que seguem o plano - 3 Pelas costas somos atacados como antes. Gi-
H, e que nos preparam para o estudo dos Katas heian, remos sobre o pé esquerdo para a direira, trazendo o
tendo todos, 20 movimentos. pé direito, tendo-o no mesmo eixo AC em direção
oposta (DA 2). Devemos bloquear com Geclan-Barai
Taikyoku-Shodan = l.º. em Zen-Kutsu à direita.

Este, nós estudaremos nos mínimos detalhes, pois - 4 Aquele que defende, avança de pé esquerdo
os outros cinco, obedecem todas as normas deste. O e bate em chudan-oi-zuki de mão esquerda fechada.

340 341
- 5 O atacante o faz à esquerda com gedan-mae- do tempo 5. Aquele que ataca o faz por gedan-mae-
geri a 90º em relação ao eixo que precedeu. Giremos geri a 90º sobre nossa esquerda. E .. tão, giremos para
para a esquerda sobre o pé direito, passando para Zen- ele sobre o pé direito bloqueando com gedan-barai
Kutsu esquerdo, sobre o eixo central BE (DA 3). Blo-
esquerdo (DA 3).
queamos com geda n-barai esquerdo.
- 14-15-16
- 6 Devemos, logo depois, contra-atacar com
chudan-oi-zuki de direita avançando o mesmo pé. Devemos avançar três vezes sobre o eixo central
- 7 Aquele 4ue ataca, bloqueia recuando. Aí, EB com três chudan-oi-zuki com kensei no último.
devemos atacar de novo, com chudan-0i-zuki esquerdo
ua mesma d ireção. - 17 a 20 - R éplica dos tempos l a 4, e os movi-
mentos sobre o eixo AC se executam duas vezes no
- 8 Mas, ele bloqueia novamente. Faz uma en- mesmo sentido do início ao fim.
cadeação com chudan-oi-zuki direito na mesma dire-
ção. Prolonguemos o Kiai a este último movimento. Logo depois façamos um peque110 intervalo, vol-
tando a yoi com lentidão. Saudemos e nos descontraia-
- 9 Chegamos ao ponto do eixo central BE, mais mos. O tema deste Kata é simples. Os ataques são sem-
uma vez somos atacados sobre nossa direita. Giremos pre em gedan·mae-geri, enc1uanto a ~efesa é sempre
sobre o pé direito para nossa esquerda parado, para gedan-barai, antes de ir contra em oi-zuki, e a posição
que fiquemos em Zen-Kutsu esquerdo sobre o eixo ED é sempre zen-kutsu. Ela deve sempre, ter o mesmo
(DA-4). Bloqueamos seu ataque com gedan-barai aspecto durante o Kata, os quadris não ascendendo, etc.
esquerdo. Assim, sendo, obrigamos o nosso corpo a reagir com
per feição. Este Kata nos prepara para os subseqüentes,
- 1O Com chudan-oi-zuki direito, ataquemos onde vamos girar de modo semelhante. Nele aprende-
avançando sobre o mesmo eixo. mos a nos deslocar sem voltar o dorso para o centro da
superfície do combate. Os dois seguintes Katas, não
- 11 O mesmo do tempo (3) para voltarmos com têm grandes novidades para àqueles que possuem algu-
gedan-barai direico em zen-kutsu à direita sobre o ma técnica de base. Já o 4 e 5 possuem um pequeno
eixo EF (DA 2). Zcn-Kutsu, seguido de um Zen-Kutsu de classe longa,
que penetra para contra-atacar. O de n úmero 6, o faze-
- 12 Avançando sobre o mesmo e ixo devemos mos em Kiba-dachi, e o único movimento que é gedan-
atacar com chudan-oi-zuki esquerdo. barai, mas o executamos 20 vezes. Os giros, os deslo-
camentos, e os planos são os mesmos e nós cs junta-
13 Começamos a fase de retorno pela r éplica mos sob forma de um quadro.

342 343
Recapitulação:
Taikyoku-Nidan (2)
Sandan (3)
Yodan (4)
Godan (5)
Rok.kudan (6)
OZCD - Chudan-0i-Zuki D.
OZCG - Chudan-oi-Zuki E.
OZJD - Jodan-oi-Zuki D.
OZJG Jodan-oi-Zuki E.
GBD - Gedan-barai D.
GBG - Gedan-barai E.
AUD _ Age-Uke D.
AUG Age-Uke E.
UUD _ Uchi-Ake D.
"" ""
~~
UUG _ Uchi-Ake E.
M
.., o
o ..,
N N
o o ZK = Zen-Ku tsu
ZKP = - Pequeno Zen-Kutsu
KK _ Ku-Kutsu
KD _ Kiba-Dachi.

TEN-NO-KATA = KATA DO ctu


"'oo..
~ Há 6 séries de movimentos que se executam no
....
,_ ·;;

;.< ;<
mesmo lugar, tendo entre cada série, uma volta à posi-
ção yci. São todas técnicas de mão e este Kata se exe-
"' - N
"'
M ... "
.., 00 .,. S? -- -
t! !:? ~
~1-----1.--l~'---l--'--'--'--+--'.--!~'---l--'---'-:--'--+-'---t~'--i
~ :2 !::: !!?
.,. o
N
cuta com um parceiro, mas podemos executá-lo a sós,
0 <( w o "-
:ii <(
w
"' u "' w o "'
w u se fizermos o rolo dos dois em cada série.

345
Devemos nos coacemrar em cada série e fazer Oll
movimento~ conetos e puros para que possamos 11os
1profundar na pesquisa.
l à direita, igualmente, e Paulo bloqueia, igualmente, à
esquerda. Daí, voltam a Yoi e finalizam a 1. ª Série.
Posteriormente, João executará as 6 séries, atacan·
do cada vez, eo:1 princípio a esquerda, e depois à direi·
Desenvolvimento das séries é igual (des. Y). Des.
ta e ao finalizar a sexta série, João toma o lugar de
Y. Temos dois oponentes: Paulo e João.
Paulo de cabelos e João sem cabelos. A distância entre Paulo.
Ao final de cada Kata, os dois devem manter as
ambos é tal que se poderiam tocar se fizessem certo
movimento de pé. Após a saudação, tomam a po- posições que ·tinham antês de iniciar. Avançam e re-
sição yoi. cuam _sempre sobre eixo igual.
Paulo ataca sempre em tsuki, de início à esquerda, A seguir, indicamos com certa minúcia, os deta-
avançando o pé esquerd9 em Zen-Kutsu. O ataque lhes dos movimentos:
deve ser claro e fundo, não portando movimento sub-
seqüente. A mão fechada bate na posição de origem, João Paulo
sem que passe para a posição hikite. João deve atacar
com kime no impacto. l. ª Série Geda11-Zuki _ Gedan-Ilarai para o interior
Paulo recuando o pé esquerdo, bloqueia à <lireita Chudan-Gyaku-Zuki
para o interior do ataque de Joã9 na posição Ko-Kut-
su tendo o peiro de perfil. Seu pé dianteiro deve estar 2.ª Série Chudan-Zuki = Uchi-Uke para o interior
colocado ao exterior do pé dianteiro de João. Paulo Chudan-Gyaku-Zuki
deve contra·atacar sob a forma de Gyaku-Zuki à es-
querda, mudando no mesmo lugar para Zen-Kutsu. 3.ª Série Chuuan-Zuki Shuto-Uke para o .interior
João não se mexe. Os "experts" podem bloquear e Chudan-Gvaku-Nukite
contra-atacar ele outras posições, mas isto fica para tendo a mão vertical
depois, em vircucle ele que os debutantes devem se fixar
na execução dos Zen-Kutsu e Ko-Kutsu, na forma cer·
4.ª Série Jodan-Zuki Jodan-Shuto-Barai para o
ta, dando forte rotação aos quadris e tensão na perna
interior Jodan-Gyaku-Zuki
d.e trás. João, recuando a perna esquerda volta, lenta·
mente, à. posição Yoi. Paulo avançando a perna esquer· após desequilibrar João
da, produz a mesma Fase D. Paulo, se quiser pode agarrando seu punho
bater em Gyaku-Zuki que salta, ou melhor, voltar em
Ku-Kutsu, tirando a mão fechada erri. Hikite e colo- 5.ª Série Jodan-Zuki _ Age-Uke para o interior
cando o braço anterior em Geclan-Kamae. Os quadris Chudan-Gyaku-Zuki
são trazidos em sentido inverso. Por João procurar
tocar no ataque, este é um bom meio de treinar a rapi· 6.ª Série Chudan-Zuki = Uchi-Komi para o exterior
dez cio golpe de mão fechada e seu controle . .João at:ica Chudan-Gyaku-Zuki

346 347 -
Heian-no-Kata mão esquerda fechada, traz com força a direi-
São cinco Katas de Heian modificadcs em alguns ta para u"ás, o q ue fará J oão perder a "tomada",
pontos de suas formas amigas (pin-an). Os dois primei- falendo-0 produzir um d rculo que passará pelo
ros Katas serão mais facilmente assimilados, se prati- quadril e têmpora esquerda. Paulo bate de cima
ca.mos bastante o Taikyoku-Shodan em razão de seus para baixo cm Tettsui (des. 11 3).
planos serem os mesmos. Faremos ponto ele referência
no diagrama A, utilizado no estudo deste último. O 5 Paulo contra-ataca por chudan-oi-zuki esquer-
pomo inicial será sempre aquele da chegada em cada do (des. 114), fazendo apoio sobre o pé avançado.
Kata.
6 - Outro adversário aparece sobre o eixo EB e ataca
Heian-Shodan = Lº Hein Paulo, dando um golpe de pé direito no flanco.
Paulo gira sobre o pé direito e volta num quarto
Somente sobre o eixo BA e os quatro últimos mo- para a esquerda em gedan-barai esquerdo (dese-
vimentos não é igual ao Taikyoku-Shodan. nho 115 DA 3).

Estamos em Yoi. 7 - J oão trouxe seu pé para trás e ataca Paulo com
um golpe de bastão, de cima para baixo. Paulo
l - Um adversário ataca à esquerda por gedan-mae- pára-o, erguendo o braço esquerdo, tendo a mão
geri, giremos um 1/ 4 em torno sobre o pé direito, aberta em shuro, igual para age-uke. O bloqueío
bloqueando com gedan-barai (des. 110 e DAI). é feito enquanto o pé direiLo avança para o mo-
vímento seguinte, e, é encadeado, após o tempo 6.
2 - Faremos o contra-ataque por chudan-oi-zuki de
direita (des. lll). D 116.
8 - Paulo avança sobre João com age-uke do braço
3 - A nossas costas um outro adversário ataca igual- direito (des. 117), isto é como uma parada sobre
mente. Aí, devemos executar uma ligeira m eia- um ataque alto, dado por João, recuando. T am-
volta para o oponente, tendo o pé esquerdo de bém depois do tempo 7, Paulo pode segurar a
giro, o corpo reto, e usan<lo uma posição bem manga de João com a mão aberta, desíquilibran-
baixa. O bloqueio é feito com gedan-barai do do-o e não o dt:!ixando executar age-uke ao nível
braço direito (des. 112 e DA 2). do cotovelo. Isto, possivelmente, o luxará.

4 - Se J cão segurar o punho de Paulo, este traz com 9 - Paulo avança sobre o mesmo eixo BE, com um
vigor a perna da frente para a perna esquerda, novo age-uke à esquerda, abrindo a mão direita
até a posição hidari-shizemai. Conseguindo pelo fechada, como para o tempo 7, e estirando o bra-
morimento libertar-se. Em seguida, sem mexer a ço para. a frente.

348 - 349

_ J
1O - Avança igualmente com age-uke à direita. Estes 1ti - Paulo avança cem vigor com chudan-oi-zuki de
tempos são dois bloqueies sobre o terceiro adver- direita, passando o Kíai (des. 118), sem dar tem-
sário, que recua atacando. Pode ser também um po de João bloquear de novo. A partir daqui, um
bloqueio de início sobre outro adversário que novo diagrama B é p::eciso, pois o Kata vai diferir
ataca no mesmo eixo, seguido de age-uke, dado na elo Taikyoku. ·
intenção de um tate-empi-uchi, executado com
kensei. 1!) - Paulo é atacado no flanco direito por um Tsuki
ele um 7. 0 adversário. Então, gira de 270º sobre o
11 - Paulo gira de 270°, após uma imobilização rápida pé direito para trás à esquerda, para q ue fique
sobre o pé direito, para trás, à esquerda, ficando em Ko-Kutsu sobre o eixo BC. Faz o bloqueio
em zen-kutsu esquerdo e gedan-barai esquerdo, com shuto-uke (eles. 119).
sobre ED (DA 4).
:w - Após avançar o pé para J oão a 45º em relação
12 - Após o blcqueio do mae-geri, põe fora de ação o ao eixo que precede faz o contra por um slmto-
adversário com um chudan-oi-zuki. uchi na carótida (eles. 120). A este movimento é
representado no Kata para um shuto-uke ao nível
13 -As costas de Paulo 5 adversários atacam ao nível médio.
gedan. Paulo gira 180° sobre sua perna csq ucrda
(DA 2), bloqueando com com geran-barai em 21 - Paulo gira 135° sobre !) pé esquerdo (3) e faz o
Zen-Kutsu sobre a ramificação EF do Kata. bloqueio do Tsuki do 8. 0 adversário, com um
shuto-uke à direita (des. 121). Está no eixo AC.
14 - Paulo avançando na mesma direção porá João
sem aç~o, com chudan-oi-zuki esquerdo. 22 - Paulo avança o pé esquerdo (1) para João a 45º
em relação ao eixo que precede e faz o contra-
15 - Começa a fase da volta, igual no Taikyoku-Sho- ataque por shuto-uchi (eles. 122). Pára a respira-
dan. Gira 90° para a esquerda (DA 3) ·para blo- ção um segundo. Traz, devagar, o pé esquerdo,
quear com gcdan-barn.í esquerdo em zen-kutsu a girando-o sobre o outro. Volta, então, à pcsição
investida do 6. 0 adversário, que chega sobre o e ixo Yoi do início. ·
do centro BE.

16 - Contra-ataca por um chudan-oi-zuki. Inspira e saúda.


Na velocidade do combate o corpo está em mcvi-
17 - R ecuando e bloqueando, João o faz como no Sam- 111ento, sendo que, todas as técnicas quando intervêm,
bom-Kumite. Paulo aLaca de novo com chudan- o razem na. rapidez da fração de segundo. Uma sucede
oi-zuki. a outra nesta velocidade. Os giros são, também, rápi-

350 - 351
dos. As novas formas dos Katas que advirão são mais fechada, fazendo hikite, com vigor, da mão direi-
difíceis, sendo que o objetivo é o mesmo. ta fechada (des. 126). Podemos executar chudari- ·
Heian Nidan - 2.0 Heian zuki. No Kata antigo se faz o mcvimento ·~m
ko-kutsu típico.
Neste Kata, as técnicas são variáveis. O plano, no
entanto, é heian-shudan. O Kata se prende sobre o •l - Paulo gira de 180º no lugar bloqueado como no
shuto-uke e contéIL técnicas de pés. Este Kata era ensi- tempo (1) ao atague do 2.0 adversário, que se
nado primeiro. apresenta sobre o eixo AB (des. 127).
Paulo está em Yoi
!) Igual ao tempo 2 (des. 128).
l É atacado por um adversário, à esquerda, por um
G Igual ao tempo 3· (des. 129).
tsuki no rosto. Como no des. 124, Paulo avança
o pé esquerdo sobre o eixo BC e fica em Ko-Kutsu 7 Paulo é atacado por um terceiro adversário e volta
erguendo os dois braços. O braço direito fica em a_cabeça para ele, trazendo o pé esquerdo de um
guarda defronte da fronte, enquanto o esquerdo meio passo para a direita~· Colcca as mãos fecha-
bloqueia o golpe. O braço direito fica como que das no quadril esquerdo. A esquerda eni hikite
preparando o tempo seguinte ou para um segun- típico e a direita vertical (eles. 130). De cima
do bloqueio em caso de outro ataque de mais um para baixo, Martelo de Ferro.
adversário.
8 - Paulo produz Yoko-geri-Keage de pé direito, após.
2 - Paulo traz, com vigor, a mão esquerda fechada ter elevado o joelhe, e ao mesmo tempo, uraken-
ao ombro aireito, tendo o dorso para o exterior. uchi da mão fechada direita, visando a ambos. os
Assim que lança a mão direita fechada, dorso para movimentos o nívd jodan. Ambos os membros
baixo, na direção de João (des. 125). O braço estão paralelos. Desvia o braço de João e bate por
esquerdo pode fazer um uchi-komi sobre um se- cima. O Yoko-Geri é um contra-ataque à axila,
gundo ataque de João e a mão direita fechada enquanto .o gclpe de mão fechada é que desviou
pode fazer um contra-ataque por um Ura-zuki. o ataque para a lateral.
Também pode o braço direito fazer um soto-uke
sobre outro ataque de João, enquanto o cotovelo 9 Gira sobre o pé esquerdo para a esquerda, vol-
é trazido para diante do plexo, protegendo-o. De tando a cabeça no mesmo sentido e desloca o peso
outro modo, o movimento dos dois braços pode do corpo de um lado para o cutro, passando em
ser dado no mesmo braço de João. ' Ko~Kutsu sobre o eixo BE. Na passagem em
Ko-Kutsu coloca um Shuto-Uke esquerdo para
3 Paulo contra-ataca o mesmo adversário, sem que blcquear o ataque que surgiu sobre o eixo cen-
saia do lugar, por chudan-tettsui de mão esquerda tral do Kata (des. 132).

352 353
10 - Paulo avança sobre o eixo BE com shuto-uke. '1 0 Produz de braço esquerdo um chudan-uchi-uke
no mesmo lugar, voltando com ·vigor o peito para
11 - Sobre o mesmo eixo avança com shuto-uke à a d ireita. É igual ao tempo 17. Após n-azer a mão
esquerda. esq uerda fechada contra o ombro direiw é que
blcqueia. A mão direita fica em Hikile. Também
12 - Faz o contra-ataque a João ao plexo por um chu- pode recuar cruzando o braço esquerdo sob o d i-
dan-nukite. Ele o faz avançando o pé direito em reit0 estendido para a frente.
zen-kutsu (eles. 133). A mão direita fica na ver-
tical, braço estendido, enquanto a mão esquerda :! I - Igual ao tempo 18, sem _mexer o busto e os bra-
tem a palma para baixo e se coloca sob o cotovelo ços, chudan-mae-geri esquerdo.
direito. Kiai.
22 - Igual ao tempo 19 - Pousa o pé em zen-kucsu e
13 a 16 - Aqui odes. 134 ilustrará o tempo 16. São executa chudan-gyaku-zuk.i.
quatro Shuto-Uke do final do heian-shudan. Vol-
temos aos tempos 19 a 22 do Kata e o DB. 2:s - Paulo avançando bem o pé direito em zen-kutsu,
salta a última vez na direção EB. As mãos fecha-
17 - Paulo pára à esquerda, desloca o pé esquerdo so- das vão ao quadril esque1·do para a execução de
bre o eixo central (ils. DC F-2). Após, passa para um chodan-morote-uke \des. 139). A mão esquer-
Zen-Kutsu esquerdo, executando ele pronto Chu- da vai à altura elo cotovelo direito. Kiai.
dan-Uchi-Uke de braço direito, depois de ter tra-
zido a mão direita fechada ao quadril esquerdo 2•1 - Paulo gira sobre o pé direico 270° para trás, à
(eles. 135 e 136). No bloqueio, o peito se volta ao esquerda, ficando em zen-kutsu esquerdo sobre o
m~ximo para a esquerda, para ficar de perfil para eixo BC, e bloqueia· com gedan-barai esquerdo
Joao. As entrepernas de Paulo se fecham, pre- um ataque baixo. Este deslocamento, se fazem co-
vendo algum golpe de João de pé. Paulo também mo os que se seguem, nas mesmas direções que so-
pode bloquear em Uchi-Uke para a direica, fazen- bre o diagrama B. A posição é sempre zen-kutsu.
do uma rotação dos quadris para a esquerda.
25 - Mais um adversário aparece a 45° em relação ao
18 - Paulo contra-ataca João sem mexer a parte alta eixo que precede Paulo, secamente, volta a cabe-
de seu corpo por um chudan-mae-geri, seguindo ça para ele, e ergue_o braço esquerdo, mão aberta
a direção EB (des. 137 - DC e F-3). em shuto, palma para a frente (des. 140). Paulo
pára seu ataque igual ao tempo 7 do heian-sho-
19 - Paulo tem o pé em zen-kutsu no mesmo eixo, dan. Sem perder o tempo de atacar aYança nesta
contra-atacando de novo por chudan-gyaku-zuki direção (ponto H) com age-uke direito (des. 141),
de mão esquerda fechada (des. 138). com encadeação ligeira.

354 - 355
26 - Igual ao [empo 24. Gira sobre o pé esquerdo para estender a mão direita para baixo traz o cotovelo
d ireita e trás o pé direito sobre o eixo AB, em direito para baixo, contra o ~squerdo. Logo, faz
zen-kutsu e faz gedan-barai direto. chutla1vuchi-uke direito, no mesmo lugar, giran-
do antebraço da esquerda para a direita, em tor-
27 -Aqui, volta com vigor a cabeça a 45º para a esquer- no do cotovelo. A mão esquerda passa perto do
da, erguendo a mão direita para João e avança o cotovelo direito, pois está decendente, fazendo
pé esquerdo com age-uke à esquerda. um movimento circular (des. 143). Este é um
duplo bloqueio contra dois ataques de João que
Pára um instante, com a respiração bloqueada. visava aos níveis chudan e gedan. Paulo pode
Traz, com vagar, o pé csc1uerdo girando sobre o outro. manter o bloqueio de um tsuki com uchi-uke di-
Fica em Yoi. Inspira com calma e faz a saudação. reito com contra-ataque de gedan-Tetsui esquer-
do. Aprendemos neste tempo a bloquear um du-
Heian-Sandan - 3.0 heian plo ataque no mesmo lugar.

3 - No mesmo lugar, do imerior para o exterior, a


Este se executa sobre um único eixo BE. Os de-
mão esquerda descreve um arco de círculo e para
pendentes AB e BC são menores. Aqui temos um blo- cima com uchi-tike. A mão direita produz o mes-
queio ele pé feito três vezes e dois modos ·de nos des-
mo que a outra, mas para ·baixo, por gedan-ba-
vencilhannos de pegada. Estudaremos, também, uma
rai (des. 144). Os cotovelos se deslocam o me-
nova postura, o Kiba-Dachi.
nos possível, pcis, devem fazer o papel de giro e
não devem se afastar do corpo mais do que o mí-
Paulo está em Yoi nimo possível. No bloqueio Paulo contrai os
abdominais e não mexe cem os ombros.
1 - Paulo é atacado no flanco esquerdo por um
Tsuki. Em seguida sobre o eixo BC, afasta seu 4 - Paulo faz o mesmo que o tempo l. Faz o giro de
pé esquerdo para a esquerda, ficando em Ko- 180° sobre o pé esquerdo para trás e pousa o pé
Kutsu. Faz o bloqueio do golpe por um chudan, direito sobre o eixo BA em Kc-Kutsu. A um só
uchi-ukc esquerdo, tendo peito de perfil (dese- tempo bloqueia outro ataque com chudan-uchi-
nho 142). uke, tendo a mão esquerda em hikite.

2 Paulo. fica de · pé, de frente à esquerda do eixo 5 - O mesmo que o. tempo 2. Leva para a frente o pé
central do Kata, fazendo· o seguinte: coloca o pé esquerdo, contra o direito em heisoku-dachi, para
direito contra o esquerdo em heisoku-dachi. Es- a direita do eixo central do· Kata e executa, ao
tende a mão direita para baixo, assim que o bra- mesmo tempo, chudan-uchi-uke à esquerda e
ço esquerdo fica na posição que, precede. Ao gedan-barai à direita (des. 145).

356 357
6 - Igual ao tempo 3. Im:rvertendo o bloqueio no 11 - Paulo gira sobre o pé direito para trás e traz o pé
mesmo lugar, Paulo ·taz chudan-uchi-uke a di- esquerdo contra o direito. Fica, pois, em heisoku-
reita e geclan barai a esquerda. (Des. 146). dachi voltado para u·ás do eixo-central. As mãos
7 - P~ulo é atacado pelo flanco esquerdo em tsuki, estão sobre os quadris repousando pelos K.entos.
gira sobre o pé direito e desloca o esquerdo para Os ombros ficam estáveis e os ccrovelos e o peito
ele, pousando-o em Ko-Kutsu sobre o eixo BE e restam num plano idêntico. Aí, pode Paulo obser-
faz o bloqueio por um morote-uke (eles. 147). var com atenção seus inimigos (des. 151). Paulo
deve fazer os deslocamentos com precisão, mas
8 Na intenção de amear Jcão no plexo em uukite sem grande velocidade para não sair muito para
direito, Paulo, avança com firmeza o pé direito a direita do eixo BE (Diagrama D).
em Zen-Kutsu. A mão esquerda coloca sob o coto-
velo do braço oposto, tendo a palma para baixo 12 - João ataca o plexo de Paulo com um oi-zuki.
(des. 133). PrOLeção de ataques por baixo. O Paulo desvia este golpe de pé direito por um mi-
peito, Paulo conser\'a de freme como para Oi- kazuki-geri-uké, girando com força sobre o pé
Zuki. esquerdo (des. 152). As mãos fechadas não se
9 - João desiquilibra Paulo, pegando sua mão e pu- separam dos quadris, enquanto que, o calcanhar
da perna de apoio não se eleva do solo. Paulo faz
xando-o para ~le. Paulo opõe i"esistência, mas gi-
rando sobre s1 mesmo avança para contra-atacar um primeiro centra-ataque sobre o pé dianteiro
(eles. 148, 149 e 150) - Diagrama D. Desloca o de João, u:;ando com força seu pé direito em
fumikomi sobre o eixo E13, passando em kiba-
peso do corpo para a freme e tende a mão direita
dachi. Em um tempo bloqueia de tsuki, num rápi-
para baixo. Aí, o pé esquerdo que está livre faz
do movimento do cctovelo do exterior para o
u~ .arco. de círculo para a frente, enquanto o
interior (eles. 153). As mãos não deixam as posi-
~1re1t~ gira sobre ele mesmo. Girando para trás,
ções que Linham depois do tempo 11.
ª. direna, volta a mão direita, tendo a palma para
cima e o polegar para baixo. Isto deixa dobrar o
13 - Paulo, mais uma, vez responde com uraken-uchi
braço no dorso, enquanto Paulo se enrola em
da mão direita (eles. 154). Este golpe salta. .É
t~rn? de João. O pé esquerdo passa contra o pé
dado num plano vertical de cima para baixo. O
direno e pousa na frente sobre o eixo BE em
braço não deve ficar estendido, a mão volta ao
Kiba-Dachi. Paulo bate, simultaneamente, com
quadril e a mão esquerda não se move.
c~udan- tettsui esquerdo, enquanto a outra mão
hv1·e se coloca em hikite no flanco direito.
J4 e 15 - Os dois tempos precedentes são executa·
10 - Encadean_do, ~aulo .va~ na mesma direção com dos por Paulo, do lado oposto. Fora, sobre o pé
c~udan-o~-zuk1 de direna, apoiado por um Ken- direito para a direita, com mikazuki-geri-uke
se1. F. pois, um contra-ataque com apoio. esquerdo e após fumikomi cio mesrno pé. Então

358 359
excuta empi-uke esque1do, acompanhado de Heian-yodan -- 4. 0 heian.
uraken-uchi da mão que corresponde. Leva a mão
fechada ao quadril. Neste Kata encontraremos técnicas que podemos
16 a 17 - Paulo executa os movimentos 12 e 13 ter como preciosas e as situações se apresentam novas
avançando sobre o eixo BE novamente. A mão' ao5 nossos olhos. É aqui que entram, pela primeira vez,
direita fechada volta ao quadril. os gclpes de mão fechada alterna<~as (renzuki). Neste
18 - Paulo está diante de João, estende sua mão para
Kata entra também uma nova maneira de nos desven-
ele na intenção de pará-lo ou segurá-lo. A mão cilharmos quandó somos seguros (kakiwake-uke).
esquerda fechada toma a posição hikite (des. Paulo está em yoi.
155). Paulo avança o pé esquerdo para João, ten-
do o pé direito de apoio. Bate em chudan-oi-zuki - Paulo é atacado ao rosto pela esquerda. Virando
esquerdo. a cabeça para a esquerda, Paulo avança o pé
esquerdo para o oponente enquanto que o outro pé
Daqui para diante, devemos nos basear no Dia- fica no lugar. Paulo bloqueia em jodan-hanshu-
grama E. uke, antes passando para ko-kutsu. O bloqueio é
feito com a mão esquerda, enquanto a mão direita
19 - Paulo não mexe a parte superior do corpo e traz
fica diante da fronte, tendo a palma para frente
seu pé direito sobre a linha do pé esquerdo. A
(desenho 158).
distância não é maior que a largura dos ombros Lembremos que as mãos se abrem durante a pa-
e os joelhos ficam dobrados (des. 156). rada, enquanto cs movimentos são bem mais len-
20 - Paulo não pára e gira sobre o pé direito de 180º tos. A lentic(ão é como se fora o espelho da tensão
para trás, ficando em Kiba-Dachi, sobre o eixo nervosa em ascensão da parte de Paulo. Este pode
BC. Em igual tempo de braço esquerdo, em um contra-atacar por shuto-uchi, de direita na caró-
forte hikite, executa ushiro·empi-uchi. Bate com tida de João, fazendo uma vigorosa rotação dos
a mão direita para trás, por cima do ombro quadris.
esquerdo (des. 157).
2 - Paulo para executar um jodan-haishu-uke (des.
21 - Paulo desliza o pé direito para a direita, tendo os 159), gira sem sair do lugar de 180° para a direita.
quadris em um só nível. Após os movimentos de A execução é lenta. A concentração é necessária
braço do tempo 20, são invertidas no mesmo tem- e a atenção impecável. Como podemcs notar Paulo
po, sendo pois, oushiro-empi-uchi à direita e o executou estes tempos porque não teve resposta!
golpe de mão à esquerda, Kiai. Logo após, traz
com vagar o pé direito para ficar em yoi ao tem- 3 - Paulo é atacado à esquerda em gedari-mae-geri.
po de início. Inspira e saúda. Logo, traz o pé esquerdo para a direita (eles. 160),

- 360 - 361
pousando-o sobre o eixo EB cm zew-kucsu à es- 7 - Paulo é atacado por alguém que segue a direç.'io
~u.~rda. Para parar o pé de João faz um gedau- HI. Este o faz pelas costas. Paulo gira sobre o pé
1~111-uke (des. 161 ), e clescenclo em zen-kucsu da frente para a direita, ao tempo que traz as
mais baixo após marcar as mãos que passam ao duas mãos ao flanco esquerdo. Volta a cabeça p ara
flanco ~ireito an tes de bloquear para a freme e trás pela direita e produz um yoko-geri-keage d e
para baixo. pé direito jumo com uraken-uchi de mão direita
sobre o eixo IH.
4 Paulo faz morote-uke à direita, em ko-ku tsu avan- 8 Igual ao tempo 6. Para a direita do eixo cemral
çando o pé direito na mesma d irecão. É o inverso do Kata, Paulo pousa o pé direito em zen-kutsu,
do . (eles. 172). Paul~ detém outro 'ataque de João batendo em mae-empi-uchi esque1do na mão di-
po1 um uraken-uch1 ao plexo.
reita. Os antebraçcs fi cmn paralelos ao peito e
não juntos ao corpo. Os ombros não se erguem.
5 Enquanto as n1ãos passam ao quadril direito ten-
do a mão dire!ta em hikice e a esquerda vc~·tical 9 - Paulo \'Olta a cabeça para esquerda e bloqueia
pousad~ ~or cuna, Paulo traz o pé esquerdo con- sem sair do lugar um mae-geri com um gedau-
tra. o direuo. A cabeça volta para a esquerda para shuto-barai. A mão direita fica em guarda diant e
~uiclar q~alquer adversário que pode atacar cm da fronte, Des. 165.
1odan·zu~. Paulo eleva o joelho esquerdo faz
yok?·gen-keage acompanhado de uraken-uchi 10 - Para os demais movimentos {; preciso consultar o
honzoncal ele mão esquerda (eles. 162), na dire- diagrama F. N um zen-kursu bem grande Paulo.
ção IK.
gira de 90º sem sair do lugar para esquerda. O pé
cs11uerdo avança sobre o eixo IE e o peso do cor-
6 - Ass irr~ q ue o pé esquerdo volta para trás, e o joe- po é lançado da direita para a esquerda. Isto é
lho fie~. elevado, Paulo gira sobre o pé direito feito com uma vigorosa rotação cios quadris. Nes-
para Joao, passando o pé esquerdo em zen-kutsu. re instante Paulo traz a mão esquerda dianrc da
A mão esquerda que estava estendida na mesma fronte tendo a palma para frente. Bate cm jodan-
direção s~ abre (des. 163). Paulo em posição shuto-uchi da mão direita. Os braços estão ligeira-
gya~u-aslu, contra-ataca ao plexo com mae-empi· mente dobrados. Des. 166. Alertamos que estes
uclu, fazen_do uma forte rotação dos quadris (eles. movimentos devem panir do cinto abdominal.
164) . A mao esquerda q ue é o alvo, é simbolica- Após o bloqueio que fez Paulo do golpe do pé
mente atingida pelo cotovelo direito. O dorso do adverso, recebe outro, pois o adversário posou !.eu
~mebraço direito fica em contato com a parte pé e encadeou um jodan-oi-zuki. Paulo desvia com
1~terna do esquerdo. A mão direita, polegar para a mão esquerda, e contra-ataca por shuto a caro-
cima deve estar fechada. tida de J oão.

362 363
11 - Paulo continua e contra-ataca de novo por jodam- -
çao. F 1'ca dobrado sobre, eles. 171, a p erna de
mae-gerí direito sob o queixo de João. Ai, não apoio.
mexe a parte superior de seu corpo, Des. 167. O
golpe é dado num arco de círculo na direção IE. J 5 - Sem que a mão passe pela posição hikite, Paulo
Fl. 2. posando o pé direit~ em ~en-ku.tst~ (Flecha 4) bate
12 - Paulo traz o pé, tendo o joelho elevado, e con~inua João com chudan-01-zuki de direita.
sua ação para frente, saltando com o pé em fren-
te ao tempo que estende a mão esquerda para l (i - A seguir encadeia um gyaku-zuki de esquerda.
João. A palma na direção do solo. A mão direita Adiantamos que estes dois movimentos de mão é
tendo as falanges para baixo é levada até o aivel um n:n-zuki ou bari-bar i-zuki.
do ombro esquerdo. Des. 168. Assim que o pé di-
reito toma contacto com o solo, o esquento 1ai J 7 - Igual o 13. Kaki'lrnke-uke em . k~·kutsu dire~to.
Isto é executado a 90º para a th re1ta sobre o eixo
na mesma direção e fica em kake-dachi. Nesta
fase, os braços executam um movimento conr.rá- FJ. Flecha 5.
rio. A mão esquerda vem em hikite já fechada,
e a outra bate João no plexo em uraken-uchi, de 18 - Igual ao 14 - mae-gen• - esquerc,o.
1

cima para baixo. Des. 169. Kiai. Paulo fica com


o peito aos três quartos de frente ou de frente
19 - 20 - Bari-hari. Final gyaku-zuki direito.
para João. Paulo tem duas opções: agarrar a man-
21 - Paulo gira de 45º para esquerda s~lne o pé direito
ga de João puxando-o para frente e batendo com
e coloca o pé esquerdo sobre o eixo E.B. em ko-
uraken, ou desviando o golpe de mão de João pa-
kutsu esquerdo. Faz morote-uke. Des. 173.
ra baixo.
13 - Para passar em Ko-kotsu esquerdo sobre o eixo EG, 22 - Em ko-kutsu direito, Paulo avança e produz mo-
Flecha 3 Paulo volta de 225º sobre o pé direito para rote-uke do lado que corresponde.
trás à esquerda. Num igual tempo afasta as mãos
do adversário que tenra segurá·lo. Paulo introduz 23 - Em ko-kutsu esquerdo avança e faz morote-nke
seus dois antebraços com as falanges das mãos para do lado correspondence.
si, entre os braços de João, afastando·os a 45° para
24 - Paulo afasta o pé esquerdo para a esquerd~ sem
o exterior. Voltando as falanges para frente. Este sair do ltwar para ficar em zen-kutsu e estica as
bloqueio é feito com kakiwege-uke. Des. 170. A mãos par; cima para segurar a cabeça d eJoão.
rotação das mãos se faz no nível dos cotovelos de
Des. 173.
João.
14 - Paulo sem deixar mexer a parte superior de seu 25 - Paulo lança o joelho de trás para cima na inten-
corpo faz mae-geri do pé de trás na mesma dire- ção de bater na cabeça de João, que de puxou

364 365
abdomen. Des. 177. É um tempo de antecipação
para baixo. Des. 174 - Kiai. Gira de 180° para
para observar antes do 2. 0 ata1ue.
esquerda sobre o pé esquerdo e posa o pé direito
atrás em ko-kutsu fazendo shuto-uke esquerdo
1 - Igual ao l.º - Paulu sobre o eixo B.A. Avança
para frente do eixo central do kata.
o pé direito 'e passa· para ko-kutsu direit~ p~ra
bloquear em chüdan-uchi-uke do braço direito.
26 - Com um sÍrnto-uke direito avança na mesma di·
F. n.o 3.
reção, pára um instante traz de ·novo com vagar o
5 - Igual ao tempo 2. 0 faz gyaku-zuki sem sair do
pé primeiro e fica em yoi. Inspira e saúda.
lugar Des. 178.
HEIAN - GODAN - 5. 0 HEIAl'\I G Igual ao tempo 3 - Paulo com vagar, traz º. pé
esquerdo contra o direito em h:is~ku-da ~lu ~·
Neste kata Paulo se desloca sobre uma linha e n. 0 4 enquanto faz de mão direita kag1-zuk1.
volta várias vezes sobre si mesmo. Paulo encontra um Des. 179.
salto e muitos encadeamentos de origem. Os desloca-
mentos dos sete tempos iniciais são ilustrados pelo OG. 7 - Sobre o eixo BE.F-5, Paulo avança o pé direito
e fica em ko-kutsu direito para fazer chudan-
Paulo está em yoi. mcTote-uke oposto do Des. 172.

1 - Paulo é atacado ao flanco esquerdo pelo adver- 8 - Paulo faz identico movimento com o pé esquer-
sário. Vira a cabeça para esquerda e avança o pé- do, mas bloqueia cm geden-juji-uke em zen-
esquerdo para ele. Fica em ko-kutsu e blcqueia .KUtsu Des. 180.
em chudan-uchi-uke enquanto a mão direita
fechada faz hikite. Des. 175. 9 - Em seguida ergue os braços em Jodan-juji-uke
sem sair do lugar, tendo as mãos abertas e os
2 - Sem sair do lugar Paulo contra-a~ca
em seguida polegar<:s para si, Des. 181.
por chudan-gyaku-zuki ficando em ko-kutsu.
1O - Paulo segura o braço de João, após haver blo-
Des. 176. Também pode passar para um fudo· queado o ataque ao posto para que puxando-o
da chi. para si, o desequilibre. Des. 182 e 183. ~aulo
traz as mãos até o flanco direito sem sair do
3 - Paulo reconduz com vagar o pé direito contra lugar, mantendo os punhos em contacta volta-
o esquerdo em hcisoku-dachi F-2 virando a ca- dos um sobre o oucro. A mão direita tem a palma
beça para a direita. A mão direita em hikite, para o exterior e se acha sobre a direita, palma
assim que a esquerda faz kagi-zuki diante do para diante e dedos para baixo. Paulo faz o con-

366 367
tra-ataque atirando a rnão esquerda para João 17 - Paulo se desvencilha para a esquerda fazendo
em chudan-tcttsui enquanto a mão direita se uma rotação sêca. Ergue a mão direita para lan-
fecha ao flanco direito. çar um " upper cut" sob o CJUeixo de João Des.
188. Enquanto houve a rctação ~ o golpe para
11 - Mais uma vez Paulo ataca João batendo em chu- cima, o pé esquerdo deslocou-se sobre o eixo. E.B.
dan-oi-zuki direito com Kiai.
1,.S. F - n. 0 l Sobre o D - H ilustra o encadeamento
12 Outro adversário ataca Paulo por detrás. Este, que segue.
gira de 180°, sobre o pé esquerdo para trás a es-
querda. Ergue o joelho bem alto para proteção 18 - Paulo mantem a perna esquerda e salta após ter
Des. 184. Paulo posa o pé direito sobre o eixo girado um quarto para a esquerda. F-2 Paulo
E.B. cm Kiba-dachi, faz Fumikomi sobre o pé desce freme à esquerda do eixo principal do
de João e gedan-barai do braço direito naquela Kata tendo o pé esquerdo cruzado para trás do
direção Des. 185. direito. O dorso fica na vertical, os quadris bai-
xos, com um gedan-juji-uke, pclegares para cima
13 Paulo vira a cebeça à esquerda sem sair do lugar Des. 189. O golpe de João é bloqueado com Kiai.
e faz chudan-haishu-uke para o posto E enquanto Des. pg. 327.
a mão direita faz hikite.
19 Paulo salta para trás do eixo central e desloca o
14 - Simbolizando o alvo, faz mikazt{ki-geri de pé pé direito em Zen-Kutsu sobre este eixo F-3. Faz
direito na mão esquerda, girando de 180º sobre morote-uke Des. 139.
o pé esquerdo. O encadeamento 13 e 14 tem ilus-
tração nos Des. 54 e 55. 20 Passa em Zen-Kutsu esquerdo após girar de 180°
para trás a esquerda F-4. Num tempo tira um
15 Posa o pé direito sobre o eixo B.E. em Kiba- bloqueio de João da esquerda para a direita, com
dachi, no mesmo movimento dos quadris, baten- a palma da mão esquerd~. Cont~a-ata.ca _com ge-
do em mal-empi-uchi direito na mão esquerda, dan-nukite ou teisho-uch1 da mao direita. Des.
Des. 186 - Nos tempos 14 e 15 os antebraços e 190.
as mãos desviam o menos possível suas direções
de origem. 2 1 - Paulo para passar a Ko-Kutsu esquerdo recon-
duz o pé esquerdo para o interior F-5 podendo
16 - Delizando o pé esquerdo por detrás do direito então executar em gedan-barai esquerdo e um
encadeia Kake-dachi com ura-kcn-uchi de mão jodan-uchi-uke direito para trás. Des. 194. Este
direita Des. 187. A mão esquerda bem ao plexo bloqueio é duplo, e, é usado quando somos ata·
e o corpo resta de perfil. cados pela frente e por trás.

- 368 - - ·369 -
.1 posição é sempre muito forte. Não deve haver fra-
22 - Estes deslocamentos são ilustrados pelo D.I.
Paulo reco_nduz o p~ direito contra o esquer- 11 ueza ao túvcl do joelho, dos quadris, etc. Os ombros
do e~ he1kosu-dach1 (F-1) enquanto a parte devem estar sempre descontraídos, enquamo o hara,
supenor do corpo não se move. Des. 192. ~cmpre sob tensão, liga com. solidez as duas partes .do
wrpo. Os quadris devem estar sempre baixos e fortes.
23 P~ulo avan~a o pé direito em Zen-Kutsu para Nos deslocamentos, golpes de pés, ou quando vira o
diante do eixo do Kata, após girar sobre o pé busco. Assim podemos manter um execelenre kiba-
~squerdo para a esquerda, o movimento é 0 dachi. Não podemos esquecer de .que o centro de b'Ta-
inverso do tempo 20. Gedan-nukite ou teisho- vidade, deve ocupar uma posição central. Os movimen-
uchi esquerdo e tirada de mão direita ao nível lOs são por vezes bn1scos e irregulares, em virtude! da
do ombro. Os dedos giram para cima. amplitude fraca e os deslocamentos são ligados sobre a
mesma linha e reduzidos. O Kiba-dachi fica nurn só
24 Paulo pàssa em Ko-Kutsu direiro sem sair do plano nestes KaLas. A freme para <liame, sendo que o
lugar com os duplos bloqueios incertos do tem- bttsto e a cabeça viram com frequência. Nos tekkis o
po 21. Gedan-barai direito e jodan-uclú-uke combate é travado com vá.rios ach-ersários que atacam
esquerdo. dos três lados. Paulo fica encostado a um muro. O ritmo
é rápido. Os giras de cabeça têm significada :impor-
Volta novamente a Yoi. Inspira e saúda. tância o que nos da consciência do significado da aren-
ção. Um tekki cem duas partes, sendo q ue os movimen-
KATAS AVANÇADOS. tos da segunda pane apesar de serem os· mesmos da
primeira se fazem cm sentido comrário. Neles encon-
~esta pane nós _fixaremos em três Katas especiais tramos os fumikomis que alguns fazem bem alto, en-
Tekk_1-Kanku e bassa1. Notaremos que passagens cotais quanto outros não. Dizemos que seria melhor para
d?s cmco Katas de base se apresentam nesLes. Podemos quem inicia, ele-var bem o joelho para que crie uma
~.1zer que as técnicas não t~zem no~·idades para nós que força de esmagamento boa que consiga fazer um movi-
P estamos ?est~ parte do livro. Deixaremos de explicar menro não tão amplo.
detalhes _mmuc1osos no que diz respeito a interpretação
dos moVJmentos por acharmos que os Des. e os Diagra- Paulo fica em Yoi
mas fazem bem esta parte. 1 Paulo coloca a mão esquerda sobre a direita ten-
do os dedos para baixo diante do baixo ventre
TEKKI-SHODAN l.º TEKKI assim que junta os pés em keisoku-dachi Des.
193. Ele está em descontração.
. Os Katas do Teklci são também chamados de cava-
leiro_ de fe1T~. São três, e se praticam na posição Kíba- 2 - Dobra com vagar o joelho direito após ter virado
dachi. Eles sao chamados de cavaleiro de ferro, poique a cabeça para a direita. O pé esquerdo passa

370 371
diante o direito e posa no chão. As mãos estão momento no qual o pé se "esmaga" no solo. Blo-
cruzadas. Pára um pouco concemrado. queia para diante em chudan-uchi-uke. Des. 202 .

3 Paulo faz fumikomi do pé direito Des. 195 e 1O - Após cruzar o ante-braço esquerdo diante do
após, faz posando o pé em Hiba-dachi fa2 chu- peiro, sem sair do lugar, faz jodan-uchi-uke pa-
dan-haishu-uke da mão direita. Des. 196 en- rando o antebraço diante do rosto e virando as
quanto a mão esquerda faz um hikite. falanges da mão para o exterior. Logo faz gedan-
barai para diante do braço direito Des. 203. A
4 - Na mão direita faz mae-empi-uchi sem sair do mão inicia o movimento da posição uchi-uke.
lugar virando o busto Des. 197. O joelho esquer-
do fica contraido e Paulo fica na vertical. 11 - Paulo rebaixa com vigor as mãos erguidas para
diante em uraken-uchi virando-o ao impacm,
falanges para cima. Des. 204 a um só tempo re-
5 - Paulo ficando no mesmo lugar coloca as mãos n o
conduz o braço direito para si na posição do
quadril direito enquanto vira a cabeça para a
Kagi-zuki. O cotovelo do braço esquerdo repousa
esquerda. Des. 198. A mão direita em hikite e
sobre o dorso da mão direita, palma para o solo.
esquerda posada para cima.
12 Vira a cabeça para a esquerda sem sair do lugar.
6 - Faz gedan-barai à esquerda sem sair do lugar
Des. 199.
13 - Paulo após faz nami-ashi, sem sair do lugar, de
pé esquerdo não afetando o centro de gravidade
7 - Em seguida . faz kagi-zuki de direita e a mão pela deslocação. Des. 205. Faz o movimento bem
esquerda faz hikite. Isto sem sair do lugar. Os rápido para ficar equilibrado. Contra a coxa
ombros não devem se elevar quando se faz Kagi- direita vem o pé esquerdo. Diante o baixo ven-
zuki ao nível do abdomem. Atenção para os om- tre num movimento em circulo de baixo para
bros no Kiba-dachi. Des. 200. cima tendo o joelho esquerdo como eixo. Esqui-
va-se assim contra um golpe de pé baixo e pro-
8 - Após Paulo cruzar o pé direito diante elo outro tege seu baixo ventre.
e o posa como no tempo 2. Os joelhos ficam do-
brados. Des. 201. 14 - Paulo em Kiba-dachi, repousa seu pé sem sair
do lugar. Em seguida vira o busto para a esquer-
9 - Fazendo fumikomi do pé esquerdo, Paulo avan- da e bloqueia de braço esquerdo. A posição dos
ça lateralmente para a esquerda. Vira a cabeça braços é o mesmo tempo (11), sendo que a mão
para diante, e o braço direito fica em Kagi-Zuki esquerda vira e a palma fica para o solo. Isto dá
durante o deslocamento. Faz toda esta parte no mais força ao movimento de separar. (206) Des.

372 373
15 - Vira a cabeça sem sair do lugar para trás à direita. 20 - No mesmo lugar faz com vagar chudan-haishu-
uke da mão esquerda para a esquerda.
16 - Sem sair do lugar e sem mexer a parte superior 21 Ver Tempo 4
do corpo faz nami-ashi do pé direito. 22 5
! 23 6
17 - No mesmo lugar, Paulo repousa o pé em Kiba- 24 7
dachi. Depois vira o busto para a direita tendo 25 8
os braços na mesma posição. A mão esquerda 26 9
vira para fazer shudan-soto-uke. Des. 208. 27 10
28 11
18 - Como no tempo (5) Paulo sem sair do lugar re- 29 12
coni;iuz as mãos ao lado e gira a cabeça à esl{uer- 30 13
da. Des. 198. 31 14
. . 32 15
19 Em seguida sem sair do lugar fez um duplo tuski 33 16
para a esquerda, com Kiai tendo o braço esquer-. 34 17
do estendido e a mão direita fazendo Kagi-Zuki. 35 18
Os próximos movimentos se efetuam do lado 36 19
oposto. São iguais aos precedentes. 37 - Paulo reconduz com vagar o pé direito para
a esquerda assim que se reergue do Kiba-dachi, e que
recoloca as mãos uma sobre a outra. A cabeça para
diante. Está em heisoku-dachi no ponto de partida do
Kata Des. 193. Voltando a atitude Yoi, saúda.

KANKU-DAI - 1.° KANKU

Este Kata além dos deslocamentos fortes dos enca-


deamentos variados, podemos afirmar que é uma exce·
lente revisão das principais técnicas desta a_rte. As par-
tes mais difíceis são explicadas pelos diagramas e pela
designação das letras J e N.

Paulo fica em Yoi.

1 - No mesmo lugar em heiko-dachi, coloca suas

- 374 - 375 · -
mãos em triângulo igual ao Des. 210. As palmas 8 - Faz chudan-uchi-uke esquerdo para diante do
afastadas se tocam assim como a extremidade eixo do Kata afastando o pé direito para a di-
dos indicadores. As mãos se elevam em linha reta reita. Des. 220 - Fl. n.o 6.
com vagar e a atenção as segue a partir da hori-
zontal Des. 211. No cume afasta bruscamente as 9 - Atenção tempo 7 do heia~·nidan Fl. 7. Diag. K.
mãos dobrando os polegares Des. 212 e as faz
descrever dois meio-círculos ao fim dos quais as 1O - Atenção tempo 8 heian-nidan Fl. 8 e 9.
extremidades dos dedos se reajuntam ao nível do
baixo ventre. Des. 213. É um movimento que se 11 - Atenção tempo 9 heian-nidan.
faz com cerimonia por ser simbólico.

2 Paulo faz jodan-haishu-uke para a esquerda em 12 - Atenção tempo 10 heian-nidan


Ko-Keitsu. A mão direita ao plexo. Des. 214 -
Diag. J Fl. n.o 1. 13 - Atenção tempo 11 heian-nidan

3 - Paulo faz jodan-haishu-uke para a direita em Ko- 14 - Atenção tempo 12 heian-nidan Paulo faz chu-
Kutsu dfreito. Des. 215. Faz isto girando nomes· dan-nukite (des. 221)
mo lugar.
15 - Girando de 180º para traz à esquerda sobre o
4 - Em· seguida traz a perna esquerda e passa em
pé direito fl. n. 0 1 executa o duplo movimento
ha-chiji-dachi enquanto a mão esquerda é esten·
de braço do tempo 10 do heian-yodan (des. 222
<lida para ad~ante em Kake-shuto-uke enquanto
diagrama L).
a mão direita faz hikite Des. 216 e 217 Diag. K.
Fl. n.o 3. Este momento Paulo faz lento e para
diante do eixo central do Kata. 16 - Como no tempo 11 do heian-yodan (fl. 2) faz
jodan-me-geri do pé direito.
5 - No mesmo lugar faz chudan-choku-zuki de mão
direita Des. 218. A partir deste, como os demais 17 - Para passar em Ko-Kutsu esquerdo, pousa o pé
tempos, são encadeados mais rápidos. sobre o eixo central do Kaca e gira a 180° para
trás, à esquerda (fl. 3). Do heian-godan exe-
6 - Afastando o pé esquerdo para a esquerda Paulo cuta o bloqueio duplo do tempo 21 (des. 223).
faz chudan-uchi-uke para diante do Kata Des.
219 e Fl. n.o 4. 18 Para passar em Zen-Kutsu, à esquerda, e exe-
cutar o duplo movimento do tempo 20 do heian-
7 - Reconduz o pé esquerdo em hachiji-dachi Fl. gcdan (des. 224), afasta a perna esquerda
n.o 5 bãtendo em chudan-choku-zuki esquerdo. (fl. n. 0 4).

- 376 - - 377 -
19 - Fl. n. 0 5. Faz gedan-barai à c:squer<la, tirando o 32 - Shuto-uke esquerdo sobre o eixo EI.
pé esquerdo para a direita, assim que a mão Reveja diagrama B para estes três shuto-uke.
direita faz hikite (des. 225). Fica em teiji-dacbi.
33 - Deslocando o pé esquerdo sobre o eixo EB passa
20 - Afasta novamente o pé esquerdo para a esquer- em Zen Kutsú (diagrama C), refazendo de novo
da e adiante em Zen-Kutsu, para refazer o mo- o tempo 15.
vimento do rempo 15 (des. 222).
34 - Paulo encadeia mais uma vez (3) com jodan-
21 - Como no tempo 16, faz jodan-mal-geri de pé mai-ge.r i direito (des. 226).
direito.
35 - Saltando faz uraken de mão direita e Kake-da-
22 Refaz o tempo 17. chi, igual, ao tempo 12 do heian-yodan. Kiai
(des. 227).
23 - Refaz o tempo 18.
36 - Recua o pé esquerdo, enquanto o direito fica no
24 - Refaz o tempo 19, fica sobre o eixo EB e cuida lugar e faz chudan-uchi-uke direito (des. 228).
para o pomo B.
37 - No mesmo lugar ,faz gyaku-zuki esquerdo.
25 Fixando a atenção a 90° para a esquerda, faz
Yoko-Geri-Keage à esquerda, com uraken-uchi 38 - Com chudan-zuki direito faz o encadeamento.
sobre o eixo ED. Hcian-Yodan tempo 5. Fica em posição chudan-oi-zuki direito (dese-
nho 229). ·
26 - Tempo 6 heian-yodan.
39 - Dá um golpe de joelho direito e um urakcn-zuki
ao rosto de mão direita, girando sobre o pé de
27 - Tempo 7 heian-yodan. trás a 180º. Diagrama· MA, mão esquerda se co-
loca sobre o antebraço direito (des. 230).
28 - Tempo 8 heian-yodan.
40 - Após, tomba ao solo com o pé direito, deixando
29 - Sobre o eixo ED, Paulo girando a 180º no mes- o outro no lugar e colocando as mãos adiante
mo lugar, faz shuto-uke esquerdo e Ko-Kutsu. (des. 231). Esta é a esquiva para um golpe de
bastão, dado na horizontal, na direção da ca-
30 - Shuto·uke direito sobre o eixo EJ. beça.

31 - Shuto-uke direito sobre o eixo DE. 41 - Sem levantar, Paulo no mesmo lugar, gira a

378 - - 379 -
180º para trás, à esquerda, fazendo, então, gc-
dan-chute-uke em ko-kutsu afastado (des. 232). heian-sandan, vai se desvencilhar. Paulo gira po
Bloqueia, pois, um golpe de pé baixo. mesmo sentido, passando em kiba-dachi (dia-
grama D) e vira o braço em sentído inverso do
42 - Com shuto-uke direito, em ko-kutsu clássico, heian-sandan. Paulo bate João em jodan-uraken
avança sobre o mesmo eixo EB. (des. 234 e 235).
43 - Gira a 270" sobre o pé, em frente, para trás, à 53 - Paulo desliza o pé direito na mesma direção e
esquerda. Fica em zen-kutsu esquerdo. Logo faz segue de pé direito. Isto o faz em kiba-dachi,
chudan-uke esquerdo a 90° para à esquerda, <lo fazendo chudan-tetsui da mão esquerda, sem que
eixo central do kata. a direita abandone o quadril (des. 236)..
44 Faz no mesmo lugar gyaku-zuki direito. 54 - Do tekki-shodan, ver tempo 4 (des. 237).
45 Gira a 180º no mesmo, para trás, à direita. Faz, 55 - Do tekki-shodan, ver tempo 5, mas coloque as
emão, uchi-uke direito em zen-kutsu, a 90° para
a direita, do eixo de Kata. mãos ao flanco esquerdo, em atenção para a di-
reita. Para trás do eixo central.
46 - No mesmo lugar, faz gyaku-zuki, à esquerda.
56 No mesmo lugar, Paulo faz gedan-barai direito,
47 Encadeia com chudan-zuki. Fica então em posi- naquela d ireção.
ção oi-zuki direito.
57 Diagrama N . Vira a 180º sobre o pé direito (fl.
48 - Aproxima o pé esquerdo do pé direito, refazen- n. o 1) e se coloca em kiba-dachi sobre o eixo ~B.
do o tempo 9. com um gedan-soto-uke do braço esc1uerdo. Ele-
va o braço direito igual ao (des. 238).
49 Refaz o tempo 10.
58 Sem mexer a mão e~querda, e no mesmo lugar,
50 Refaz o tempo 11. bate de direita para baixo, em tsuki, contra o
bordo externo do punho esquerdo (des. 239).
51 Refaz o tempo 14. Passa, pois, do 1.0 shuto·uke à Após o bloqueio, Paulo contra-ataca a tíbia
nukite (des. 233). adversa.

59 - Reconduz os dois p.és em hachiji-dachi (fl. 2) e


52 - A mão direüa de Paulo, é aganada por João. ergue os punhos cruzados, fazendo jodan-juji-
Paulo num movimento "virando", como no uke, tendo as mãos abertas (des. 240). Mão di-
reita na frente.
380
381
60 - Paulo se coloca em pequeno zen-kutsu direito 3 - Para trás à esquerda, gira sobre o pé direito a
sobre o eixo EB (fl. 3), depois de haver girado, 180º (fl. 2). Passa para zen-kutsu esquerdo, para
lentamente, sobre o pé direito. Voltou, pois, trás do eixo central do kata, com chudan-uchi-
para o ponto B. Fecha as mãos com vagar e con- uke esquerdo (de~ . 249).
duz os punhos cruzados diante do peito (dese-
nho 241). ·I - No mesmo luga:r faz uchi-uke direito com uma
vigorosa rotação dos quadris, tendo o peito de
61 - Do pé, primeiro faz tobi-mae-geri, após lançar o perfil (des. 250).
joelho esquerdo (des. 242). Retomba sobre o
eixo EB em zen-kutsu direito (fl. 4), fazendo 5 - Sobre o pé primeiro, gira a 180° para trás, à
jodan-uraken-uchi da mão direita, enquanto a direita (fl. 3), fazendo soto-uke esquerdo (de-
outra faz hikite. Kiai (eles. 243). senho 251).
62 - Faz gedan-barai do braço direito, girando sobre 6 - Faz, no mesmo lugar, uchi-uke direito (dese-
o pé, primeiro para direita (fl. 5). O movimento nho 252).
é baixo. Volta a hachiji-dachi e toma a atitude
yoi (des. 244 e 245). Saúda. 7 - Um ataque de João é "varrido" pelo lado "cor-
tante" interno do braçc direito. Este ataque era
BASSAI - dai - 1.0 bassai
feito pela perna, vinào pela direita. Paulo recon-
duz o pé direito contra o esquerdo (fl. 4). Na
Este é o kata "atravessar a fortaleza" que é um
combate, conduzido ao interior de um círculo estreito, direção da direita gira a 45°, lançando o braço
pleno de' adversários. num grande movimento circular. A mão passa
perto do solo. Joelhos dobrados (des. 253).
Paulo está em yoi.
8 - Arremata o movimento de "varredura" do braço
1 - Paulo em heisoku-dachi, junta os pés e coloca por um chudan·soto-uke (des. 254 e 255). Só
a mão direita na pairna de outra mão, dedos que para isto, avançou o pé d ireito sobre o
estendidos para baixo (des. 246). Nível do bai- eixo BA.
xo-ventre.
9 - Faz, uchi-uke esquerdo no mesmo lugar, cem
2 - Diagrama O. Contra o ombro direito Paulo eleva uma rotação dos quadris afastando o peito (de-
o joelho._saltando para diante, em kake·dachi e senho 256).
ao mesmo tempo chudan-uraken direito. Tendo
os dedos para diante, a mão esquerda descan-
10 - Reconduz devagar o pé esquerdo em hachiji-
sa sobre o antebraço direito (des. 247 e 248).
dachi enquanto gira na direção primeira do eixo

382 -
- 383 -
do kata. As mãos são levadas ao flanco direito. 20 - Elevando o joelho direito. bem alto, Paulo faz
O esquerdo na vertical por cima do direito que gedan-futnikomi, tirando com ·d gor as duas mãos
fica em hikite (des. 257). para si (des. 260, fl. 2). Kiai. Pousa o pé direito
primeiro, e gira sobre a pe; ~a de apoio, p<1.s-
Movimentos que seguem: Kanku. sando para ko-kutsu à esquerda (tl 3), fazendo
shuto-uke. Paulo sempre está sobre o eixo EB,
11 - Para fazer shuto-kake-uke a mão esquerda é es- frente ao ponto B.
tendida com vagar antes. Ó polegar afastado para
pegar melhor. Tempo 4 do kanku.
21 - Com shuto-uke direito, avança!
12 - Tempo 5 - kanku.
22 - Em heisoku-dachi, traz o pé direito contra o
13 - Tempo 6 - kanku. esquerdo e faz num só tempo um duplo age-uke
(des. 261).
14 - Tempo 7 - kanku.
23 Como proteção eleva o joelho direito e salta
15 - Tempo 8 - kanku. sobre o mesmo eixo com ttm duplo ura-zuki
(des. 262). Arremata com um mai-te de mão
16 - Sobre o eixo BE, passa o pé direito para primei-
direita. Fica agora na posição oi-zuki direito na
ro, isto, num movimento circular conduzindo
direção de trás do eixo do Kata (des. 263).
perto do pé esquerdo que faz o papel de eixo.
Faz shuto-uke direito.
24 - Tempo 21 do heian-godan, girando de 180º na
17 - Com shuto-uke esquerdo avança. direção de trás, à esquerda.

18 - Recua com shuto-uke esquerdo sobre o mesmo 25 - Tira o pé esquerdo contra o direito em heisoku-
eixo (des. 258). dachi, perpendicular ao eixo principal do Kata.
Faz gedan-barai esquerdo e jodan-uchi-uke di-
19 - Diagrama P - passa em zen-kutsu à esquerda
reito (des. 264).
depois de afastar o pé direito na direção da di-
reita (fl. 1). De cima para baixo a mão direita
faz um movimento circular e do exterior para 26 - Sobre o pé esquerdo gira 180° na direção da
o interior. Chega à posição do (des. 259). Sobre esquerda. Faz fumikomi direico e gedan-barai do
o punho direito e pousa a mão esquerda. Os mesmo lado. Está sobre o eixo BE, em kiba-da-
dedos de ambas as mãos apontam na mesma dire- chi. A cabeça na direção do ombro direito. A
ção. É uma pegada de João. mão esquerda faz hikite.

- 384 - - 385 -
27 - Chudan-haishu-uke, no mesmo lugar. Esq11erdo 36 - Em proteção eleva o joelho esquerdo antes de o
na direção da esquerda (des. 54). pousar em zen-kutsu sobre o eixo EB (des. 271).
Yama-zuki à esquerda (des. 272).
28 - Da mão esquerda faz mikazuki-geri (des. 55).
37 Em heisaku-dachi reconduz o pé esquerdo con-
29 - Na mesma direção aumenta a rotação com um tni. o direito•• enquanto que gira a 45º na direção
mae-empi-uchi (des. 265). do eixo precedente. (Des. 273). As mãos são
levadas ao lado esquerdo.
30 - Para fazer gedan-barai, dobra o antebraço direi-
38 - Diagrama Q. Antes de colocar o joelho direito
to, em torno do cotovelo. Isto no mesmo lugar. em zen-kutsu (fl. 1), para yama-zuki à direita
No momento que a mão se fecha o antebraço (des. 269), Paulo o eleva.
fica na posição do tempo 29, ou se abre até
trazer a mão na cavidade · do ombro esquerdo 39 - Gira sobre o pé direito de 270º na direção de
(des. 266). trás, à esquerda (fl. 2). Passa em zeii-kutsu es-
querdo sobre o eixo BC. Ao mesmo tempo faz
sukui-uke do braço direito, num movimento
31 - Sem kiba-dachi, no mesmo lugar, interverte o
circular (des. 274).
movimento: gedan-barai esquerdo (des. 267).
40 Na direção !da direita para ficar em zen-kutsu,
32 lnterveste, no mesmo lugar, o movimento: ge- no mesmo lugar gira de 180º e executa sukai-uke
dan-barai direito (des. 266). à esquerda (des. 275).

33 - Traz ao flanco esquerdo com rapidez as mãos. 41 - Vira a cabeça a 45º na direção da direita leva o
Passa para zen-kutsu direito na direção de trás pé esquerdo para a frente naquela direção. após
do eixo principal do desenho 268. a direita, fazendo shuto-uke direito (fl. 4 e 5).

34 - Yania-zuki à direita (des. 269). 42 - Na direção esquerda, vira a cabeça a 90º e gira
sobre o pé esquerdo na direção de trás à direita.
O pé direito é levado num movimento circular
35 - Reconduz o pé direito contra o esquerdo em na direção de trás e se coloca sobre o eixo EB
heisoku-dachi, assim que gira 45º na direção da (fl. 6). Paulo fica na posição shuto-uke direi-
direita do eixo precedente de 270°. As mãos leva to (des. 276).
ao flanco, tendo a direita em hikite e a outra
por cima. 43 - Traz o pé direito contra o outro (fl. 7) e após

- 386 - - 387 -
avança o esquerdo a 45° na direção esquerda As duas técnicas de base são: chudan-uchi-uke e
(fl. 8). Faz shuto-uke esquerdo. Reconduz o pé chudan-J yaku-zuki.
primeiro contra o direito e retoma a posição
tempo l, antes de passar para yoi, e depois saúda. Paulo está em Yoi.

GOJU-RYU. 1 - Avança o pé direito e faz uchi-uke do braço


direito após haver cruzado por cima o esquerdo
O Primeiro Kata deste estilo se faz em total con- (des. 277). O braço esquerdo não é reconduzido
tração. Este primeiro Kata se chama sanchin. A inspi- para trás. Mas faz ao mesmo tempo uchi-uke
ração sonora acompanha-o de um lado a outro. Não é (des. 278). A posição é sanchin, quer dizer sóli-
um combate rápido como os que precederem. Vamos da e o hara sempre sob tensão. Os ombros são
nesta escola estudar seu segundo Kata, o saipa. Este é forçados para baixo. A expiração .é suave.
feito de partes lentas e de passagens rápidas. As partes
se fazem em contração e as passagens são rápidas, dan-
2 - Traz a mão esquerda em hikite no mesmo lugar,
do a presição de combate Estes dois Katas se fazem
espirando (des. 279).
com forte respiração abdominal. O dorso deve estar
sem veste alguma. Certos experts executam cantando
as estâncias graves e lentas de acordo com o ritmo da 3 - No mesmo lugar espirando, faz gyaku-zuki es-
contração e descontração. querdo (des. 280).

SANCHIN-NO-KATA. 4 - Encadeia, no mesmo lugar com uchi-uke esquer-


do o braço,cruzando para diante do direito (des.
Neste Kata, o mesmo movimento reaparece várias 281). Fica em morote-uchi-uke.
vezes. Aparece avançando sobre a mesma linha três
vezes e recuando após girar, duas vezes. O Kata se 5 - Des. 283. Espirando, brevemente, Paulo ivan-
pratica no mesmo lugar, e os deslocamentos são bem ça o pé esquerdo, cruzando o braço esquerdo
curtos. Para orientação nas deslocações e nos giros vol- por cima do direito para fazer de novo morote-
temos ao Diagrama D das técnicas de Base. Este é o uchi-uke. O pé esquerdo adiante. Espira ao
Kata da contração e da força. Para comprovarmos sua movimento de contração.
utilidade dizemos que todas as escolas as estudam pelos
benefícios reconhecidos. Outro fator de interesse é que 6 - No mesmo luga:r, inspirando, traz a mão direita
todas as escolas as executam sem modificações. Certos em hikite.
profissionais fazem um "chamado" do pé anterior, vi-
sando-o na direção do exterior, antes de passar o pé 7 - Espirando, no mesmo lugar, faz gyaku-zuki
<itrás. direito.

388 - 389
8 - Encadeia, no mesmo lugar. com uchi-uke direi- 21 - Igual ao tempo 7.
to, cruzando o braço esquerdo para adiante. Está
em morote-uchi-uke de novo, pé esquerdo 22 - Igual ao tempo 8.
adiante.
23 - Igual ao tempo 1.
9 Igual ao tempo l.
24 - Igual ao tempo 2.
10 Igual ao tempo 2.

11 - Igual ao tempo 3.
25 - Igual ao tempo 3.

12 - Igual ao tempo 4. Todas na mesma direção. 26 - I gual ao tempo 4.

13 - Na direção da esquerda, gira sobre o pé esquerdo 27 - No mesmo lugar, trás a mão direita em hikite,
de 180°, ficando em sentido inxerso, pé ·:!squer- tendo o pé direito adiante. A mão esquerda não
do adiante. Ao mesmo tempo faz uchi-uke do se move.
braço direito, trazendo a mão àireita em nikite
(des. 284 e 285). 28 - Faz Tsuki de direito no mesmo lugar do mesmo
lado que da perna dianteirn.
14 - Igual ao tempo 7.
29 - Faz, no mesmo lugar, uchi-uke do dire"itg e fica
15 - Igual ao tempo 8. em morote-uchi-uke.

16 - Igual ao tempo l. 30 Dá, no mesmo lugar, o último gyaken-zuki. Traz


a mão esquerda em hikite, e a outra não se move.
J7 - Igual ao tempo 2.
31 - Faz gyaku-zuki esquerdo no mesmo lugar.
18 - Igual ao tempo 3.
32 - Igual ao tempo 29, refaz uchi·uke do direito.
19 - Igual ao tempo 4.
33 - Inspirando eleva as mãos, tendo as palmas para
20 - Na direção da esquerda, gira sobre o pé esquer- cima ao peito. Os cotovelos ficam ao corpo (des.
do a 180°, cruzando o pé direito diante do outro, 286). Os _lados dos dedos se tocam.
ficando em sentido inverso. Pé esquerdo adiante.
Igual ao tempo 13, do braço esquerdo faz uchi- 34 - Fortemente, respira, forçando as mãos em dire-
uke, trazendo a mão direita rápido em hikite. ção de baixo, em gedan-Taisho-uke, tendo as

- 390 - - 391
palmas na dircç§o baixa (des. 287). As mãos gidos a 45° em relação ao eixo chave AB., com retorno
viram uma sobre a outra. sobre este eixo em principal -pelos Kiai. A seguir os
diagramas essenciais RSTU.
35 - Igual ao tempo 33.

36 - Igual ao tempo 34.

37 - Igual ao tempo 33.

38 - Igual ao tempo 34. O pé direito está adiante.

39 - Executa um morote-nodan-taisho-barai recuando


·- - - - T
o pé direito. As mãos fazem um movimento cir-
cular (des. 288 a 290). Estão sempre em força
G00Q ~00 J
para diante (des. 291) durante a espiração.
---..--.=)'A!',,-..,- •

40 - Interverte o movimento que procede, recuando


o pé esquerdo.
Paulo está em Yoi.
41 - Em heisoku-dachi traz o pé direito contra o es-
querdo. Cruza as mãos, palmas para cima. Co-
1 - Diag. R. Paulo avança o pé direito a 45° para
tovelos ao corpo. As mãos, uma sobre a outra.
frente (fl. n. 0 1) em shiko-dachi enquanto ins-
Espira forçando as duas mãos na direção baixa.
pira, Lrazendo as mãos em hikite (des. 292).
Isto, no mesmo lugar. No momento descenden-
te, as mãos firam uma sobre a outra, ficando 2 - Abre as mãos em contração, no mesmo lugar, fa-
com as pernas na direção inversa. Saudação. zendo nukite para baixo. Palmas altas. Espira
(des. 293).
SAIPA-NO-K.ATA.
3 - Espirando no mesmo lugar ergue as mãos igual
Também chamado sein-chin possui técnicas mais ao (des. 294).
variadas que o outro. Sua base está nas posições shiko-
dachi e nekoashi-dachi. Este Kata tem seu esquema 4 - Em contração, e no mesmo lugar, descendo as
bem difícil e possui formas técnicas muito velhas. O mãos num duplo gedan-barai falanges para trás.
principal, são os movimentos feicos sobre os eixos diri- Espira (des. 295).

- 392 - 393 -
5 - Rapidamente faz uchi-uke do ~raço direito, ten- 15 - Igual ao tempo 4.
do a mão aberta, para que a mão esquerda faça
hikite (des. 296). 16 - Igual ao tempo 5.

6 - Vira, no mesmo lugar, a mão direita de maneira 17 - Igual ao tempo 6.


a colocar a pal:na embaixo (des. 297). Após faz
em contração e com vagar, um chudan-nukite 18 - Eleva o joelho direito, trazendo o pé contra a
da mão esquerda na direção da direita, enquan- perna esquerda. Coloca a mão diante do rosto,
to que a mão direita vem ao quadril, tendo os falanges para si e a mão esquerda sobre o dorso
dedos para cima (des. 298). da mão fechada (des. 299, fl. 4).

7 - Avançando o pé esquerdo gira de 90° sobre o 19 - Após, avança o pé direito, em Zen-Kutsu sobre o
direito (fl. 2). Fica em shico-dachi e traz as mãos eixo AB, fazendo chudan-oi-zuki direito. A mão
em hikite. Inspira. descansa sobre a mão fechada. As superfícies gi-
ram uma sobre a outra. Os dedos da mão esquer-
8 - Em contração e no mesmo lugar faz um duplo da indicam na direç,fo adiante (des. 300 fl. .5).
nukite na direção baixa. Espira.
20 - Sobre o mesmo eixo recua o pé direito em Zen-
9 - Eleva as mãos, inspirando no mesmo lugar. Kutsu esquerdo. Bate em tate-empi-uchi na mão
esquerda (dts. 301, fl. 6).
10 - Em contração no ·mesmo lugar descende os bra-
ços num duplo gedan-barai, falanges das mãos
para trás. Espira. 21 - Diagrama S. Em relação ao eixo AB, avança o
pé direito a 45º, fazendo morote-chudan-uchi-
11 - Faz com rapidez e no mesmo lugar, uchi-uke de uke direito na direção direita na posição san
braço esquerdo e com vagar e contração um chu- chin. A mão esquerda descansa sobre o lado
dan-nukite da outra mão na direção da esquer- mais delgado externo do punho direito. (Dt::s.
da enquanto a mão esquerda vem ao quadril. 302 fl. 1).
Espira.
22 - Sobre o pé direito na direção, gire de 180° e
12 - igual ao tempo 1. Fl. 3 - Diagr. R. fica em Shiko-dachi sobre o eixo precedente,
com gedan-barai esquerdo (des. 303 fl. 2).
13 - Igual ao tempo 2.
23 - Sobre o mesmo pé, mas para trás, à esquerda,
14 - Igual ao tempo 3. gira de 180º e fica em Shiko-dachi sobre idênti-

- 394 - 395 -
co eixo, só que em gedan-barai direito (dese- faz Kakete da mão esquerda. A direita faz hi-
kite (des. 308).
nho · 304, fl. 3).
31 Diagrama U. Sobre o pé esquerdo gira de 180º
24 - Sobre o pé direito gira 90° e avança o esquerdo
para d iante, à esquerda. Passa para um chiko-
em Sanchin-dachi a 45º em relação AB. Faz mo·
clachi a 45° em relação AB. Após, faz jodan-ura-
rote-uchi-uke esquerdo. A mão direita sobre a
zuki da mão direita e de frente, jodan-uraken
mão esquerda fechada (fl. 4).
da mesma mão (des. 309, fl. 1).
25 - Sobre o pé esquerdo na direção à esquerda gira 32 No mesmo lugar encadeia gedan-barai do mes-
180º e fica em Shiko-dachi sobre o mesmo eixo mo braço (des. 3i0).
com gedan-barai direito (fl. 5). Inverso do
tempo 22. 33 - ~a direção de trás à direita, gira sobre o mesmo
pé a 180° para recuar sobre o mesmo eixo, com
26 - Inverso do 23. Recuando sobre o mesmo eixo gedan-barai esquerdo na mesma direção (<lese-
faz gedan-barai esquerdo. Fl. n. 0 6. i nho 311, fl. 2).
27 - Diagrama T. Passa a Shiko-dachi, depois de, 35 - Sobre o mesmo eixo, recua o pé direito girando
sobre o pé direito girar de 135°, na direção de sobre o outro. Passa a Nekoashi esquerdo e faz
trás, à esquerda. Fl. 1. Parou sobre o eixo AB. mae-empi-uchi esquerdo (eles. 313).
Ergue a mão esguerda. diante da fronte, tendo a
palma para o exterior e faz gedan-barai, mão aber- 36 - Na direção da direita, g-ira a 45º em sanchin-
ta e palma para trás do braço direito (des. 305). dachi. Faz kakete da n~ão direita e hikite da
Colocar des. fig. 368. mão esquerda fechada. Inverso do tempo 30.
37 - Sobre um eixo de 45°, avança o pé esquerdo em
28 - Sobre o eixo AB recua o pé direito fazendo do relação a AB. Faz jodan-ura-zuki da mão esquer-
pé esquerdo eixo. Interverte a posição das mãos da em shiko-dachi. Encadeia - no mesmo lugar
(des. 306, fl. 2). - com jodan-uraken. Inverso do tempo 31.

29 - Salta de pé direito para diante em sanchin-dachi 38 - Encadeia com gedon-barai esquerdo no mesmo
direito sobre o eixo AB. Bate em Uraken de mão lugar.
direita. A mão esquerda sobre o punho (des;
307, fl. 3), Kiai. 39 - Sobre o mesmo eixo, recua o pé esquerdo giran·
do de 180° sobre o outro, na direção esquerda de
30 - Vira a cabeça à esquerda - no mesmo lugar - trás. Faz gedan-barai direito em shiko-dachi.

- 396 - - 397 -
40 - Sobre o eixo AB, avança o pé esquerdo em ne·
koashi-dachi esquerdo. Faz mae-empi-uchi do
cotovelo esquerdo. A mão direita em hikite. · CAP1TULO XX

41 - Sobre o mesmo eixo, recua o pé esquerdo girân-


do sobre o outro. Passa a nekoashi·dachi direito, P. F1SICO
e faz mae-empi-dachi do cotovelo direito.
Este capítulo desejamos que faça parte em espe-
42 - . Ergue com vagar a mão fechada esquerda - no cial da vida de cada praticante, pois sabemos por pes·
mesmo lugar - palma para diante (des. 314). quisas feitas através de longos anos de professorado,
que sem condição física pouco ou nada se consegue
43 - Salta para diante de pé direito e continua de pé cm qualquer especialidade esportiva. Estamos longe
esquerdo para bater em jodan-uraken da mão dos dias do empirismo sem direção alguma e sem signi-
direita fechada. O antebraço se desdobra em tor- ficação, senão aquele de triste exibição em detrimento
no do cotovelo. Arremata o movimento de cír-· da verdade esportiva e do caminho para algo melhor
culo da mão esquerda que pára ao nível do coto- e mais sério. Não resta dúvida que naqueles anos pas-
velo direito. Fica em kake-dachi. Kiai (des. 315). sados não havia a pesquisa no campo da medicina
esportiva, pois como sabemos ~sta ainda está na pri-
44 - Sobre o mesmo eixo, recua o pé direito em ne· mavera de sua vicia. Não só nos referimos' ao fator espe-
koashi esquerdo. Com os dois braços faz .um mo- cialidade, mas ao fator do ra~iocínio lógico ·que para
vimento circular amplo,- tendo as mães abertas nós se antepassa sem critério algum. Víamos esportes
(des. 316 a 319), enquanto traz o pé dianteiro que deveriam se basear na resistência, nem próximo
contra o pé direito em heisoku-dachí. Espira a esta chegaram Notávamos que as qualidades (endu-
amplamente. Elevando as mãos ao rosto, inspira rance, velocidade, flexibilidade, etc.) especiais a cada
de .novo (des. 320). A mão esquerda fica sob a tipo de esporte - sendo que alguns abrangem todas -
direita. Espira e força as mãos para baixo (des. deveriam ser peculiares a cada atleta sem que este sou-
319). Saúda. besse como melhorar cada uma delas ou todas agrupa-
das. Seria por sinal naquelas épocas, ridículo falarmos
em "força" como base para adquirirmos potência e
velocidade, ou em treinos específicos ou generalizados.
Tudo era improvisação e a par desta, quanto sonho·
ficou em ilusão e quanta carreira ficou frustrada? Can-
samos de insistir junto às entidades de congraçament-0
no campo do Judo e Karatê para que partissem para um
campo de preparo físico, que visasse de fato a melhora

- 398 - - 399 -
por etapas, e o aprimoramento de todas as qualidades r1• princípios esptdlicos de investigação; o experimento
essenciais à prática do mesmo. Ora, se para a prática 1 lc·111 lfico no campo de fisiologia, cinesiologia, psico-

do Karatê necessitamos d{' resistênt:i:l, endurance, força, lc1Kia e didática. Além disso tudo, como bem diz meu
velocidade, agilidade; flexibilidade, etc., como pode- ,unigo Hélio Maffia, é preciso a prática e a vivência
mos adquiri-los par.indo de simples exercícios locali· nu ramo sem os quais pouco .;e pode fazer. Seria fácil ,
zados? Como ·adquirirmos resistência geral praticando 11· nos bastasse conhecer os meios para chegarmos à
abdominais? De que modo conseguimos capacidade clclcrminada meta. Os problemas que cercam a condi-
cardiopulmonar ser.n '.Jraticarmos exercícios especiais \·'º física são complexos demais para que somente o
para que consigamos a mesma? Podemos obter força e onhecimento de treinamentos moC!ernos nos levasse
através de movimentos que estejam longe do caráter .10 ponto desejado. As variações são intensas e precisam
explosivo? Sabemos gue a condição física subdivide-se ser dirigidas para que sigam uma ordem geral. Como
em geral e específica. Por geral entendemos quando a nos orientar para os períodos de fraca, média e forte
mesma se atém ao desenvolvimento das qualidades imensidade? O que interferiu na intensidade do trei-
físicas que temos como essenciais: força, velocidade, no? Como controlar a intensidade naquele? Qual o
resistência orgânica, elasticidade muscular, resistência, tempo que necessita tal atleta atingir ao máximo <le
endurance, relamento, mobilidade articular. Dele de· aperfeiçoamento físico? Que qualidade física deve ser
pendem todos os resultados para melhor, da técnica, desenvolvida primeiro? Para que cheguemos a um
tática, aprendizagem motora e a condição específica estado pelo qual possamos responder ao questionário,
em si, pois para todos estes aspectos, ela é a base, sobre é preciso que toda a planificação haja sido feita sobre
a qual se apóiam. A condição física específica se fixa as asas da ciência. Não é lógico um candidato à prá-
mais nos aspectos de coordenação neuromuscular que Lica do judô, se iniciar no mesmo, sem primeiro ava-
são exigidas por determinado desporto, e est<í mais liarmos por testes a sua suficiência física. Por estes
perto ela técnica, quando da execução do gesto gimnico testes estaremos informados sobre o estado geral do
ou desportivo. Logo, é específica, por ter como meta candidato. Assim, partiremos para sanar as debilidades
principal o preparo do atleta para que preencha as que existam, aprimorar as boas e manter as ótiinas.
necessidades de competição de uma modalidade espor- O que não é justo, é que um candidato sem resistên-
tiva em especial. cia orgânica, endurance, força, agilidade, etc., se inicie
Desejamos de todos os modos possíveis induzir na prática de uma arte que tudo isto requer. Como irá
aos responsáveis pelos clubes nos quais se praticam as o mesmo conseguir tais qualidades. Pelo movimento
artes marciais que obriguem todos os adeptos a u!!l copiado? Bem o sabemos a que ponto isto leva! O que
exame ele .avaliação especial antes de inic.iarem seus temos visto através dos anos, é a triste figura que fazem
treinos. Somente assim um professor pode chegar a certos candidaros sem qualidade alguma. Seria ridículo
uma programação ideal sem que a mesma coloque em pensarmos em adquirir fôlego através de movimentos
risco a integridade física do candidato. Para chegarmos onde não há esforço de intensidade média e longa
àquele planejamenlo ideal. fez-se mister conhecermos duração. Sabemos que no Japão, berço d:estas artes, a

- 400 - - 401
condição física tem papel primordial. Basta citar que 011 defender. Sem planejar, bem pouco se consegue
os universitários japoneses treinam 4 horas por dia! t'lll condição física. Um dos b0ns planejadores que
Sem aquelas qualidades citadas anteriormente ninguém conheci em minha vida chama-se Hélio Maffia. Da
seria capaz de tal façanha, tendo-se em conta que além vivência que tive com ele na S. E. Palmeiras frutificou
de toda esta parte dedicada à arte, ainda estudam! uma amizade sincera que vai além da parte profissio-
Lembramos ainda, que não bastam os métodos moder- nal. O que sempre me causou a~iração na pessoa do
nos se não nos orientarmos pelo planejamento inte: l lélio é sua grande humildade. Foi de grande valia
grado. Toda a condição física deve preceder o apren- nossa vivência diária. Quis o trabalho bem planejado e
dizado, de movimentos gímnicos e desportivos. Ela é bem organizado que chegássemos a ser campeões no ano
pois, a base de todo o preparo técnico. O iniciante elo Sesquicentenário com a equipe juvenil da S. E. Pal-
terá um aprendizado motor melhor quando aumentar meiras. Narro este episódio de minha vida, para mos-
sua força, resistência, etc. trar o quanto é importante a organização e o planeja·
Melhorará mais ainda quando houver melhor mento. Não basta sermos professores de Educação Físi-
contração muscular e quando possuir um melhor des- ca para nos lançarm~s ao preparo fís.ico deste ou daquele
locamento dos seguimentos do corpo. Pela repetição setor. É preciso vivência no ramo a que nos propomos
dominada do movimento, o atleta pode chegar à per- e planejamento de trabalho perfeito. Para planejar-
feição. Logo, para que possamos repetir algo, é preciso mos, além da vivência no setor, são necessárias: forma-
além de um certo estado psicológico voluntário, um ção científica, didática, tempo e ambiente. Logo, para
alto grau de condição física; são várias as escolas que que possamos manter a integridade física do candidato
têm por razão principal assinalar o rendimento físico - e porque não mental - é necessário o planejamento.
condicionado ao potencial orgânico do homem. Tais Po.r seu intermédio, visamos aos objetivos a serem
escolas levam por sua vez o esportista a nível de produ- alcançados e as bases para atingi-los. Temos ~orno
ção elevado, levando em consideração o complexo meta da condição física geral ou específica, a res1stên·
técnico e biológico. E se as possuímos com variedade eia - orgânica ou localizada - endurance. Força, velo-
porque não escolhermos a mais justa e a aplicarmos cidade, coordenação neuromuscular,' elasticidade, mo-
nos ambientes relativos ao judô? É acima de tudo de bilidade, relaxamento. Apesar de todas as pesquisas
importância vital incrementarmos a saúde como fator feitas, até hoje lutamos para saber o quanto é neces-
precedente à defesa pessoal. De que nos valeria nos sário de cada um daqueles objetivos para que um atleta,
sabermos defender se nossa saúde fosse precária? Aliás, consiga o ideal de produção técnica, etc. É aqui que
estas artes foram criadas e baseadas num fundamento voltamos a falar de Hélio Maffia novamente. Ele pensa
principal, aquele de aliar num plano só, o espírito como nós também, que planejar a curva em evolução
liberto e a saúde geral. H oje pela negligência, ou seja da intensidade, tendo como meta o desenvolvimento
lá o que for, esquecem os responsáveis mais afeitos a máximo das qualidades especiais, depende em princi-
procura material, do lado mais significativo das artes pal, da vivência, sensibilidade e experiência que tenha-
marciais, que vai mais além do simples fato de bater mos no ramo.

- 402 - - 403
É conclusivo que assim sendo, o próprio planeja- nica por distúrbios de diversas ordens. Isto ·para não
mento é variável. É lógico que além disto tudo, temos falarmos nos casos mais sérios!. . .. Çomo pode éhegar
que aliar uma grande percepção para podermos dosar alguém a diputar um título mundíal sendo portador
cem sabedoria o quanto de atividade precisa um atleta de fatores inibidores? Assim sendo, devemos pesquisar
se submeter para conseguir êxito. Pensamos nps, que ele início. É de suma importância, principalmente se
todas as qualidades físicas que conhecemos qmió essen- tratando de competições que analisamos:
ciais devem ser bem desenvolvidas, notando-se que
umas mais do que as outras. Logo, partindo deste l.º - a altitude do lugar
ponto, notamos que, se devemos desenvolver certas 2.º - a umidade do ar
qualidades, e algumas mais do que as outras, como 3.º - a temperatura
podemos chegar a saber quais as que devemos traba- 4.º - os ventos - quando em campo aberto
lhar mais? Aqui, entra então, uma parte vital que faz 5.º - os raios solarés - quando em campo aberto
parte' de planificação: a analise. O primeiro passo é 6. 0 - a alimentação
analisarmos a modalidade a que nos propomos. Somen- 7.o .- o lugar .onde ficar
te assim podemos calcular e dosar as sessões de treino 8.0 os locais ·de treino e o material
para obtermos um rendimento melhor. Para tanto 9.º - fazer um relato do atleta, tendo como base
devemos chegar à pesquisa, onde vamos avaliar o especial: início do treino, distensões, fra.
atleta que inicia por meio de testes especiai~ indo esta turas, etc.
pesquisa até o campo psicológico para que cheguemos 10.º - em caso de grupos participantes, estudar a
a fatores que possam interferir na produção. De posse parte "social"
destes dados, programamos o trabalho a ser feito e l l.º - relacionamento familiar
seguido pelo candidato. Nunca devemos esquecer o 12.º - motivação do participante
fator tempo disponível para orientarmos o trabalho. 13.º - laços afetivos entre participante e pro-
Após algum tempo de trabalho profícuo e sério, deve- fessor ·
mos então, avaliar o grau de produção do atleta, por 14.º - aspiração e interesse pela disputa
meio de nossos testes que de confronto com os ante- 15.º - ordem dos treinos e datas de disputas
riores dar-nos-ão uma orientação segura a respeito. 16.º - · condiçoes do atleta no início
Continuamos insistindo nesta parte para que fique 17 .0 - tempo para treinar
bem esclarecido da importância da condição física. 18.0 - treino nas férias
Mas, não devemos nos referir somente aos que se 19.º - exames: clínico, biométrico, radiológico,
iniciam na arte, mas também aqueles já avançados, e cardiológico, dentário, sangue, fezes e
os "especiais" que tentam a disputa de títulos. urina.
Quantos sem o saberem estão longe de uma con- Ao possuirmos estas "respostas" significativas
dição especial? Não são poucos os casos de atletas mal partimos para o programa de trabalho a ser f~ito, ini-
condicionados que tiveram que abandonar a vida helê- ciando pelos testes de suficiência. Não vamos exem-

- 404 - 405
p_li~icaros testes em si, mas lembrar aqueles essen- superior do assento. Os números aumentam para cima e
c1a1s. Pensamos nós, que todo aquele praticante dedi- partem para baixo, do zero. O testado fica em pé sobre
~do exigirá de seu professor uma resposta de signi- a cadeira, tendo os pés unidos, braços e pernas esten-
ficado em relação a estes. Qualquer professor está a didos, tendo os pontos dos artelhos ao lado da régua.
par destes testes que aqui serão enumerados. De início Avaliação: o atleta flexiona o tronco com vagar,
lembramos um teste para medir a força muscular. tendo as mãos unidas e tentando tocar o mais baixo
possível. O quanto mais baixo alcançar melhor ser.á o
. .l.º - Seria o salto em distância sem impulso, onde teste. As pernas devem se manter estendidas na
hcanamos com a melhor distância saltada em 3 tenta- execução.
tiva~. O candidato inicia em pé, tendo as pernas semi-
flexionadas e os braços estendidos para trás. Testes para Velocidade Deslocada.
Tiro de 50 metros, partir.de posição em pé. Ava-
2.0 - Agachado com barra e discos de 50 a 90 liação: tempo. ·
quilos. Avaliação: Tiro de 50 metros, partir de saída lançada. Ava-
12 vezes - ótimo liação: tempo.
1O vezes - bom Partir da posição em pé e correr 100 metros. Ava-
7 vezes - médio liação: tempo.
menos de 7 vezes - mau Tiro de 25 metros - parada brusr.a, mudar a dire-
ção e voltar ao ponto de partida. Avaliação: tempo.
3.º. - Podemos usar a mesma avaliação para o Teste Resist. Localizada.
teste feito com os braços. Levantamento.· Barra e ani-
lhos de 50 a 80 quilos. Flexão de solo: flexão e extensão dos braÇos, tendo
o corpo estendido e se apoiando de frente no solo.
Testes para medir a potência", ·que é igual ao resul- A\laliação: acima de 60 é muito bom.
tado da força pela velocidade. Os testes são idênticos Pernas: canguru. Salto com afastamento das per-
aos precedentes, aliando·se mais o fator velocidade na nas, 60 - muito bom.
execução. Abdômen: deitado em rlecúbito dorsal, ter os bra-
Testes de flexibilidade: ços flexionados e as mãos atrás da nuca. Flexionar o
tronco sobre as pernas, estando estas sempre estendidas.
1.0 - Abertura lateral das pernas. Avaliação: acima de 100 é muito bom.
2. 0 - Abertura anterior - posterior das pernas. Testes de Coordenação. Se as fintas, as esquivas,
Avaliação: O máximo de abertura. bloqueios, e as deslocações possuem uma velocidade
3.0 - Pçdemos adaptar numa cadeira uma régua tal que desoriente o adversário é sinal de boa coorde-
co1:11 30 centímetros para cima e 30 centímetros para nação. Estes são movimentos básicos do esporte ·aqui
baixo do ponto zero. Esta marca fica pregada no nível tratado.

- 406 - - 407 -
deitado de costas, utilizando a mesma maneira prece-
Teste para Medir Resistência orgânica. dente. Temos então o P-2.
Temos predileção por dois: o de Ruffier e o de 4. 0 - Após 1 minuto deste pulso, tiramos o pulso
Harvard. uma terceira vez, usando o mesmo modo das outras
No teste de Harvard, devemos subir e descer mn vezes. Temos o P-3.
banco de 51 cm de altura durante 5 m, no mesmo
tempo, devemos perfazer um total de 150 repetições. O índice será: P-1 + P-2 + P-3 = 200
Logo, devemos subir e descer 4 tempos no lapso de
2 segundos. Após o esforço, esperamos l minuto e 10
tomamos o pulso 3 vezes durante 1/2 minuto.
Avaliação:
Ex. P-1 1-1 1/2 minuto após esforço
P-2 2-2 1/ 2 minuto após esforço
Negativo Excelente
p.3 4-4 1 /2 minuto após esforço
De 1 a 5 Mµito Bom
6 a 10 Bom
Avaliação: 15.000 11 a 15 Regular para Bom
P-1 + P-2 + P-3 15 a 20 Mau
Classificação índice
.Teste de Lartigue:
Excelente mais de 110
ótimo 95 a 110
Muito Bom 88 a 94
1.0 - Após levantar, tomar o pulso durante 1
minuto, em pé.
Bom 81 a 87
Regular para bom 75 a 80
2.0 - Realizar 30 flexões de pernas em 30".
Ruim 71 a 74
Péssimo menos de 71
3.0 - Após l minuto, as flexões, em pé, tomar o
Teste de Ruffier: pulso de novo durante 10" e multiplicar por 6.
l.º - Devemos tomar o pulso do atleta antes de
levantar pela manhã, estando o mesmo de costas. 4.0 - Índice: diferença entre os dois pulsos.
Toma-se durante 10" e multiplica-se por 6. Temos
Oa 6 õtimo
o P-1.
7 a 13 Bom
2. 0 - Fazê-lo realizar 30 flexões de pernas encos- 14 a 20 Ruim para Bom
tando os glúteos nos tendões-de-aquiles durante 45''. 21 a 27 Mais ou Menos
28 acima Mau
3.0 - Tomamos o pulso outra vez, tendo o atleta

- 409
- 408 -
K. Cooper: moderadas, mas sim, fomos às mais graves. De nosso tra-
balho, acrescentamos ao do Professor Cooper, a inovação
O Dr. Cooper, médico da Força Aérea dos Estados da ação periférica do coração associada a algum exer-
Unidos, é por nós admirado e conhecido através de cício especial como fundamento psicológico. Os resul-
seus livros e pesquisas, assim como de contato pessoal tados foram surpreendentes. Estamos unindo nossos
no simpósio de Medicina Esportiva levado a efeito no esforços para que após mais algum tempo de testes e
Brasil. Atualmente o Dr. Cooper é a maior autori- avaliações, cheguemos a resultados que nos possam
dade em fisiologia aplicada à atividade física. Somos colocar aptos a levá-los a público. Pelo Dr. Cooper
possuidores de vários trabalhos seus, publicados em chegamos a conclusões especiais da capacidade do
revistas norte-americanas ligadas à ciência em geral. organismo em receber e levar o oxigênio vital a todas
De igual modo, faz parte de nossa modesta estante as partes do corpo. Ficamos mais convencidos do que
literária científica seu livro "The New-Aerobicos", nunca, da importância do desenvolvimento do coração
assim como aqueles editados no Brasil com os títulos e da rede capilar, como sinal de resistência e vida.
"Aptidão Técnica em qualquer Idade" e "Capacidade Todo o esquema do Dr. Cooper no que se refere aos
Aeróbica' e "Método Cooper Perc Mulleras". De acor- exercícios indicados, ·foram dosados cientificamente,
do com seus princípios pregados, e aliados a "pesqui- tendo caráter individual. Diz-nos o eminente fisioló-
sas particulares" no campo da Educação Física, che- gico que somente obteremos saúde se fizermos um
gamos a resultados surpreendentes na recuperação de esforço intenso, tal que possa naquela fase levar nosso
lesados cardíacos por afecções graves. Testemunho de coração a produzir uma freqüência de 150 para cima.
nossa afirmação é nosso aluno, Sr. José Colamari- Pensamos ser o métqdo ideal para a aquisição de resis-
no, que inclusive estava proibido por seu médico de tência e endurance, pois tal sistema visa à eficiência
erguer apenas 4 quilos de peso e qualquer outro es- do aparelho cardiopulmonar. Chegou o Dr. Cooper
forço que o pudesse levar a cargas maiores em após vários anos de pesquisas, a saber matematicamente,
seu coração. Após 1 ano e meio de paciente trabalho, o quanto de exercício ou atividade física era preciso
seguido e observado por nós, chegamos ao resultado para que alguém obtivesse saúde ou a preservasse. Nas
surpreendente da transformação inclusive no quadro suas pesquisas foram utilizados os mais refinados apa-
clínico daquele senhor. Pela comparação dos eletros relhos ligados ao campo da fisiologia aplicada à ativi-
pudemos constatar que seu coração procurou novos dade física.
caminhos, recuperando-se por completo daquele estado Basta-nos lembrar que o eminente fisiologista faz
primitivo. Todos os exames foram feitos no Instituto parte da equipe de médicos da NASA, cuja verba
de Cardiologia de São Paulo. Estamos insistindo nesta anual .ascende a bilhões de dólares! Criou uma tabela
parte como deferência especial àquele eminente pro· de pontos "sui generis", na qual diz que o mínimo
fessor a quem tanto a pesquisa fisiológica deve. de pontos para a manutenção da saúde é igual a 30.
Desejamos fazer uma pequena ressalva para expli- Enfatiza que o atleta deve somar semanalmente a
car que as nossas pesquisas não se ativeram a pesquisas ordem de 100 pontos. Aí, devemos fazer uma pequena

- 410 - 411
ressalva lembrando que o próprio Cooper ainda não 111ns de esclarecer. t lógico que esta tabela não serviria
determinou cientifieameme o " quancum" para um para um atleta de hoje. Eles foram modificado_s para
atleta especializado em razão do qual expomos toda 111ais. Tudo em função do esporte que se pratique e
aquela parte inicial. Não há desmérito nisto, pois a de acordo com a idade. Para termos uma idéia confor-
preocupação final do eminente professor foi a pessoa 111c palavras da direção técnica de Seleção a meta a ser
comum. Logo o ideal ainda não foi detenninado. ntingida pelos testes de avaliação da seleção é de 3.500
Para tanto criou seu teste, que em razão do resul- cm 12 minutos. Daí para cima.
tado se estabelece um programa de treino especial. O Tentando esclarecer, pensamos que no caso do
teste consiste em correr 12" sem tréguas, dando-se o judô e karatê, como são esportes que requerem grande
máximo dentro de nossas possibilidades. As distâncias resistência e cndurance, as tabelas deveriam sofrer o
percorridas por mínimas que sejam, são convertidas em seguinte acréscimo:
milímetros de oxigênio o que dará o seu consumo
máximo do mesmo. Acima de 3.000 m ótimo
de 2.800 a 3.000 Muito Bom
TABELAS
de 2.600 a 2.800 Bom
HOMENS de 2.400 a 2.600 Regular para Bom
menos de 2.400 Ruim
e. de aptidão Idades
M.de30 30 a39 40a49 50 p/ cima P. S. - De acordo com as modalidades esportivas e
com o preparo físico e a condição desejada, as
M.Franca 1.600 1.500 1.350 1.300
Fraca 1.600 a 2.000 1.500 a 1.800 1.350 a 1.650 1.300 a 1.600 tabelas sofrem modificações.
Raz-0ãvel 2.000 a 2.400 1.800 a 2.200 1.650 a 2.100 1.600 a 2.000
Boa 2.4GOa 2.800 2.200 a 2.650 2.100 a 2.500 2.000 a 2.400
Excelente 2.800amais 2.650amals 2.500amais 2.400 amais Aconselhamos este teste, como o mais importante
deles por estar próximo a duas qualidades essenciais à
MULHERES vida: resistência e endurance. Preconizamos que os exer-
cícios aeróbicos são o único meio de conseguirmos
M.deSO 30 a39 40a49 50 p/ cima aquelas duas qualidades sem atentarmos contra. a sa.úd_;
M.Fraca 1.500 1.350 1.200 1.000 em geral. Pelo contrário, a aumentamos. Por mterme-
Fraca 1.500 a 1.800 1.350 a 1.650 1.200 a 1.500 1.000 a 1.250 dio destes exercícios, preconizados pelo Dr. Cooper,
Razoável 1.800 a 2.150 1.650 a 2.000 1.500 a 1.800 1.350 a 1.650 fazemos com que nosso organismo processe em certo
Boa 2.150 a 2.650 2.000 a 2.500 1.800 a 2.350 1.650 a 2.150
Excelente 2.650amais 2.500ama1s 2.S50amais 2.150ama!s tempo, uma capacidade maior de oxigênio. Pratican·
do-os, nos prevenimos contra doenças do coração e das
Como podemos notar, são tabelas anerentes à coronárias, pois, fortalecemos e abrimos mais vasos
idade. Aqui não transcrevemos na intenção de ensinar, sanguíneos. É aumentada a capacidade de entrada e de

- 412 - 413
saída do ar, fazendo com que haja uma maior distri· Teste de Corrida 12' (C.:minhar e Correr).
buição de oxigênio pelo corpo e uma grande extração
de oxigênio dos tecidos. Podemos depois de algum Neste teste a mulher de•;c corr-:.;· z.t~ cansar. Che-
tempo, fazermos com. relai)va facilidade, um esforço gando neste ponto deve andar para recuperar o fôlego
de longa duração e c!e certa intensidade. e correr novamente. Por tratar-se de teste deve dar
o seu máximo.
A única ressalva que há é no que diz respeito aos
testes de campo e as tabelas para as mulheres. Nos C1lee<>rl1

-
d o Aj>tldlo
livros Aptidão Física e Capacidade . Aeróbica, . o Dr.
50-Sg 60+
Cooper não havia ainda calculado tabelas e avalisado - 30 ~11
1 .250 1.200 1.000 Nlo6
1 - MA 1 . 500
testes para mulheres de atividade comum. É lógico 2 - Fraca 1500-1800 1351).1650 1200-1500 1000·1350 bom
Média 1800-2150 16>0-2000 1500-1800 1350-1650 la.ter
pois que estas exigências no que se refere a testes não 3
4
-
- M. Boa 2150-2650 2000-2500 1800-2350 1650-2150
se destina as mulheres. É sabido que a capacidade aeró- 5 - 6Uma 2650+ 2soo+ 2350 2151>

bica é menor na mulher em relação ao homem. Como - elgnifica meno& qu&


sabemos na grande maioria das mulheres o físico é +- 1lgnlllca mais que
menos
menor. Assim sendo os órgãos nobres são menores tam- + mala
bém e principalmente aqt?eles que se ligam ao trabalho
de metabolização do oxigênio. Em razão disto as mu-
lheres tem menos sangue circulante e por conseguinte Teste do ciclismo
menos teor de hemoglobina e glóbulos vermelhos.
Deve ser feito onde não haja trânsito e em ter·
Deduzimos dai que não é uma obrigação a mulher
reno sem aclives ou declives. As velocidades da máqui-
alcançar os índices dos trinta pontos semanais. Acha-
mos que um pouco menos dará a m1:1lher uma condição na não importa (1 ou 3). Seria por outro lado ótimo
orgânica boa para que obtenha os mesmos efeitos ob- se a mesma tivesse um odômetro para marcar a distân-
tidos pelo homem. Mas, como tudo na vida é passivo cia percorrida: Pedalar o máximo em 12'.
de reformas e estas se fazem também na vontade haverá
· casos de mulheres que desejam fazer o teste de aptidão Testes:
de campo. O que fazer? Haverá inconveniência algu-
ma? Não! A liberdade de escolha é total. Nestes casos co1oootta
do Aj>lldlo
o teste de Cooper é válido.
- 30 30419 40-49 50.59 60+
1.800 1.200 1 .200
Somos sabedores que o Dr. Cooper idealizou 4 1- MA 2.400
2400-4000
2.000
2000-3600 1800-3200 1200-2400 1200-2000
2 - Frac•
testes optativos para mulheres e para maior esclareci- 3 - Média ~ 3õ()0.5200 3200-4a00 24~000 2000-3200
4$00-6400 4000-5800 3200-4800
mento vamos transcrevê-los: 4 - M. iloo 6000-7000
+1000
5200-S800
·i· MOO +s40o +ssoo + 4800
5 - 6Umo

- 414 - - 415
novamente partindo daí, seguiremos o plano traçado
Teste Natação de início. Feitos estes testes que em si, nos darão uma
idéia das qualidades do atleta. podemos então fixar as
preciso nadar o máximo que puder em 12 minu-
É mêtas a serem alcançadas. É lógico que daremos mais
tos. Os estilos não importam. Pode-se descansar de acento ao trabalho que deve ser feito naquelas quali-
acordo com o necessário, sendo que o bom seria esfor- dades deficitárias. Dentro do condicionamento físico,
çarmo-nos o máximo. O tempo se controla com um nos deparamos com três moldes de programação: o
relógio. curto, o médio e o longo prazo. E dentro deste esque-
ma devemos visar aos campeonatos, às disputas comuns,
Testes: · e à manutenção ideal para fora das competições. Numa
programação a curto prazo podemos fazer previsões
Categoria para meses ao passo "que a longo prazo para 4 ou 5
de Aptidão
-30 30-39 <I0-49 5C-S9 60+ anos. É claro que a programação deve variar de acordo
1 - MA 280 230 120 -140 1~·180 com o candidato. Se for um atleta avançado o progra-
2 - Fraca 280-370 231-320 181-280 140-230 181·280
3 - Média 371-460 321..C10 281-370 230-320 281-350
ma será um; como modificará, se for o caso de um
candida~o em evo lução. o que não dizermos então do
0

4-M. Boa <ô1·530 411 -500 371-480 321-410 351


5 - ótima 551+ 501 481+ 411
iniciante? Para chegarnios aos pontos ideais para cada
caso em particular, temos que utilizar conhecimentos
científicos relativos ao ser humano. As experiências
Teste de andar 4.800 em menor tempo possível. têm provado que ao expormos as últimas reservas do
Deve se feito numa pista ou num terreno plano. organismo é que obtemos resultados satisfatórios.
T este: Mas como chegarmos a isto? Pelo empirismo? É
Categoria evidente que não. Com dois treinos por semana não
de Aplldio
podemos chegar a nada. Com dois por dia, subdividi-
-30 30-39 40-49 50-59 eo+ dos, somente teremos um obstáculo: o tempo. Chega-
1 - MA -48º -51 :00 54:00 - 57:00 -63:00
2 - Fraca 48:00-44:01 51 :00-43:31 54:00-49:01 57:()0-52:01 63:00-57:01 remos ao supertreinamento? Penso que não, se nos
3 - Média 44:00-40:31 '4$:30-42:01 49:00-44:01 52:00-47:01 57:()().51:01
4-M. Boa 40:30-35:00 42:()().37:30 44;00-39:00 47:00-42:00 51 :Q0-45:00 utilizamos dos testes como fazem os universitários do
5 - 611ma 36:0C 37:30 39:00 42:00 '45:00
Japão. Pensamos que em cada dez dias, podemos
aumentar a carga por.um treino de intensidade máxima.
Como podemos constatar, a parte de condição
Para casos de competição podemos nos fixar nos ciclos
física é por sinal complexa. Passadas estas linhas, nas
mensais, isto é, para cada período de 6 meses antes ·da
quais tratamos das partes mais estritamente ligadas
competição na última semana de eada mês, ,diminui-se
com a programação, vamos continuar por nossa meta
a intensidade do treino. Estamos então, nos recupe-
principal, que é aquela de esclarecer para melhor. E

- 417
416
rando. Também podemos variar se fizermos um treino Hoje é mais do que sabido que podemos incre-
forte num dia, médio no segundo e fraco no terceiro, mentar nossas qlualidades se treinarmos os exercícios
o que para nós é mais viável. Ao compreendermos isto, que são peculiares para seu condicionamento usando
passamos a determinar os objetivos do programa: pesos. São inúmeras as faixas pretas japonesas que
fazem impulsão com coletes ~sad::is ou sapatos. Prati-
Condição Orgânica cam o salto em altura usando idênticos acessórios. Cor-
1 - R esistência - l.ª fase rem para aumentar a resistência usando aparelhos
2 - Endurance - 2.ª fase pesados, a!'Sim como praticam seus Katas usando sapa-
tos pesados e pesos nas mãos. Isto não terá um fim
Condição Neuromuscular imediato? É lógfro que sim. Para tudo há um Emite.
l - Força - 3.ª fase E neste limite é individual. Não haverá receio de estar-
2 - Potência mos mal treinados ou supertreinados? Há, mas de outro
3 - R. Muscular modo há os testes de avaliação para as comparações
4 - Velocidade - 4.ª fase necessárias e certos sintomas que nos indicarão o grau
5 - Flexibilidade do condicionamento. Avaliando, vemos o seguinte :
6, - Coordenação l.º - Se houve progresso, isto conseguiremos constatar
avaliando os testes antes e depois, e pelos resultados
Os números 3, 5 e 6, e a elasticidade, devem ser nas competi~0.:s .
treinadas sempre independentes das fases. 2.º - Avaliamos o progresso, a r:!gressão e o
É necessário o professor estar próximo para acom- estacionament;:>.
panhar e dosar o exercício na sua intensidade. É evi- 3.0 - Prevenimos a estafa.
dente que precisamos de material para .treinar e não 4.º - Encontramos os fatores que podem agir
~omente aquele que colocamos no início do livro, negativamente no progresso.
junto a exercícios simples que exemplificamos com o Por conseguinte, pela comparação dos testes ini-
propósito de demonstrar o pouco que se faz em razão ciais e posteriores podemos aquilatar o índice do can-
tla condição física, didato. Nesta fase os testes de resistência, força e velo-
cidade nos porão a par dos alvos atingidos. Afirmamos
Aquilo que precisamos: que para nós a condição principal para qualquer atleta
I.0 - Pistas para correr, ginásio coberto. é a resistência orginica. E esta varia ~om o tipo de
2.0 - Puley, cabos, extensões, barras flexores, .esporte que se pratique. No Judô, principalmente no
Karatê ela é de enorme valia. Para conseguirmos esta
medicine-bali, espaldar, leg-press, plinto, aparelhos de qualidade devemos considerar a didática da Educação
halteres, anilhas, bctrras e local para tr~inos naturais. Física e a fisiologia que se apliO? à atividade física.
Coletes com bolsos para colocarmos chumb<;>, botas No primeiro caso tornamos racionáveis fatores didá-
especiais para colocarmos chumbo, etc. ticos conseguindo adaptações fisiológicas que permitem

• .1 [ 8
- 419
aquela qualidade. Na segunda parte sabemos quais as É a velocidade pela qual o esforço é repetido.
adaptações fisiológicas que ocorrem no organismo Neste caso é médio.
para que fique mais forte e como conseguir esta meta. 4. 0 - Descanso.
Separamos de outro modo pela diferença a resis- É a parte intermediária e:itre dois esforços. O des-
tência orgânica da localizada. A primeira está mais
canso nos restabelece em sensação como mantém a
ligada ao tamanho da morfo~ogia do coração e do tra-
disposição psicológica para p esforço. Pela fisiologia
balho pulmonar. A segunda liga-se à capilarização que
sabemos que após um descanso o coração e o sistem;i
cobre a sinergia dos músculos e as reservas alcalinas
circulatório estão aptos para novo esforço. Dar estímulo
<lo sangue. A obtenção da resistência está bem ligada
adequado a um grupo é tarefa difícil em razão da
a aspectos psicológicos, pois a base para sua obtenção
individualidade. Para isto existem as médias. É sabido
está na superação do stress, na autodeterminação, no
por todos que o aumento do volume do coração é
ser voluntário, etc. É inútil tentarmos algo sem estes
resultado em especial do descanso.
fatores tomarem parte. Sabemos também que a resis-
tência mais depende de treinos especiais do que de 5.0 - Duração do descanso.
fatores hereditários. Para chegarmos até a resistência É a duração do intervalo entre dois esforços. Nun-
orgânica o que seria preciso? Muito simples; enume- ca deve ultrapassar os 90" quando a meta é a resistên-
rar os fatores didáticos e estendê-los com atenção. E cia. A não ser em casos extremos de temperatura
quais são estes fatores. São pela ordem: elevada. Por termos o descanso como ponto de refe-
rência essencial é preciso que o cronometremos.
l.º - Natureza e intensidade.
6 - Ação no descanso.
Natureza: · correr e nadar na submáxima a repre-
São os movimentos a serem realizados no descan-
sentam.
so. Aqui, a ação psicológica influi com evidência.
Intensidade: média.
Exemplo: se nosso melhor tempo para os 100 TEMPO PARCIAL
metros for de 11 ', percorrendo-os em 16 ou 18 e esta- É o tempo que dura um exercício. Os esforços
mos fazendo em submáxima, isto é, em intensidade variam de 16" a 90", como também de 3'. Para resis-
média. É claro que esta natureza e intensidade média tência o recomendado é esforços de 90" até 3'. Deve-
do esforço variam de atleta para atleta. Para isto há mos cronometrar o tempo, pois também é ponto de
os testes, e quando treinamos em grupos há as médias_ referência.
dos testes!
TEMPO TOTAL
2.0 - Repetição do esforço.
É a soma dos tempos parciais e aqueles de des-
O número vai acima de 20.
canso. Se visamos à resistência orgânica o tempo total
3.0 - Ritmo. vai de 50 a 2 horas.

- 420 - 421
As adaptações fisiológicas principais no que se ao alcance de todos, as duas obrns do eminente profes-
refere à resistência orgânica são: sor. De posse destas obras, qualquer pessoa estará apta
1.º - Aumento do peso e tamanho ·do coração. a testar, manter ou incrementar a sua resistência. Faze-
mos ressalvas aos cardíacos e aqueles com problemas
2.º - A freqüência do pulso é baixa. Há atletas de coronárias para que antes de qualquer tentativa
que possuem uma bradicardia abaixo de 50 por minuto com este método, procurem seu médico particular ou
quando em repouso. Isto é uma denúncia de ótimo pessoa especializada que estará habilitada a dar-lhe~ as
estado orgânico. Houve atletas que possuíam uma informações e recomendações precisas. Temos para
bradicardia abaixo de 32! Pela tomada do pulso cm nós que o Dr. Cooper vem em primeiro lugar! A seguir
repouso, podemos Ler uma idéia clara da condição falaremos sobre o Interval-Training. Este método tem
física do candidato. sua origem na Finlândia. Foi idealizado para melhorar
Métodos para adquirirmos resistência orgânica. as condições dos corredores de fundo e meio fundo.
Nesta parte não nos alongaremos ensinando as diver- Sua grande diferença está em não propor um es~orço
sas formas, visto que qualquer clube ou associação contínuo percorrendo grandes distâncias. Esforços
idônea tem professores capazes de orientar seus alunos físicos, fortes e fracos se sucedem em distâncias curtas.
nas diversas fases de seu aprendizado. Estas distâncias são bem menores que as que temos
E~tes são os meios ·pelos quais podemos chegar à por objetivo vencer.
resistência orgânica:
Praticaram com sucesso o Interval-Training os
1.0 - Interval-Training grandes corredores N unni, Harbig, Zatopek, etc. Este
2.º - Corridas longas em natureza método tem por finalidade obter modificações morfo-
3.0 - Corridas com intervalos lógicas e de função dos sistemas cardiopulmoriar e
4. 0 - Corridas com respiração metódica muscular pela ação da velocidade repetida e das pausas
5.0 - Fartlek com ação. Pelo emprego de todos os fundamentos do
6. 0 . - Corrida polonesa Interval-Training, podemos obter um elevado ponto
7 .0 - Circuito-training de resistência orgânica. Codificando estes princípios
8.0 - Método Cooper iniciamos pela:
Achamos que é de nossa responsabilidade citar- l.º - Distâncias.
mos os meios mais importantes e mais eficazes para
que se possa atingir aos ideais visados. Afirmamos que As distâncias mais recomendadas para o caráter
por pesquisas feitas por nós, em 22 anos de profissão, individual são 100, 200, 300, 400 metros, tendo as
chegamos à conclusão de que pela ordem podemos mesmas particular importância para a ação de estímulo
enumerar os sequintes métodos: Cooper, Interval, do intervalo.
Circuito, etc. Não nos fixaremos no método preconi- 2. 0 - Tempo usado para percorrer a distância.
zado pelo Dr. K. Cooper em razão de existir na praça, Os mais comuns como ·estímulo carga são:

- 422 - 423
1 - Corrida de fundo 2 - Meio fundo intenso. Em caso de a fr~qüência cardíaca não baixar
depois de muito tempo, <levemos consultar o médico
100 metros: 16"-15'.' e 15"-14" 100 metros: 15-14
ou diminuir a intensidade do treino.
200 metros: 30"-32" e 3 l "-30" 200 metr os: 30-29
300 metros: 49"-48" e 47"-46" 300 metros: 48-47
400 metros: 70"-69" e 65"-64" 400 metros: 69-64 O árcuit-training
O ideal seria ajustarmos a corrida a um tempo X,
que elevasse a freqüência do coração entre 180 e 190 Devemos a Adamson e Morgan as pesquisas so!:>re
após o esforço. De outro lado, que o intervalo baixasse o assunto que causou tanto impacto nos meios ligados
a mesma entre 120 e I 30. à educação física na Inglaterra. Estes dois professores
Repetição da distância. da Univerdidade de Leeds, na Inglaterra, publicaram
A repeLição do esforço deve ser aumentada aos um trabalho a respeito em 1957. Mais tarde, em 1961
poucos, tendo-se por base sempre o caráter individual os professores Maxwell L. Howell e ,R. Morford, ambos
do candidato. da Universidade de Colúmbia, publicaram um sério
artigo sobre o mesmo tema. Quando estivemos nos
Exemplo: 15 x 100 Estados Unidos, em curso de aperfeiçoamentv, tive-
10 X 200
mos a felicidade de observar o emprego do Circuit-
8 X 300
Training em diversas universidades. Pelo uso do Cir-
8 x 400 etc.
cuitTraining, podemos conseguir em breve tempo, uma
Intervalos: não maiores do que 30" a 90" para distensão muscular, força e resistência de acordo com
que se obtenha melhor adaptação das funções de cir- o caráter biológico individual. Os exercícios são esco-
culação e da respiração. lhidos sempre na intenção de aumentar a musculatura, e
Ação no intervalo. usados de maneira alternada. A intensidade é gradua-
A ação pode ser andar, respirar, etc., o que serve da de acordo e pela intenção. Não é necessário o uso
para preparar o candidato para outros esforços. O que de aparelhagem especial e tanto podemos praticá-lo em
não devemos é ficar imóveis. ambiente fechado ou ao ar livre. Não há restrição
Sempre antes de uma sessão de l nterval-Training, alguma quanto ao sexo frágil. Por seu intermédio
de\'emos nos aquecer. A duração do esforço não deve devemos nos orientar para que o atleta obtenha uma
ir além de 60". A pulsação deve sempre ser tomada progressão que o deixe adaptar-se a maiores cargas de
estando o atleta na posição de decúbito dorsal. As tenção da ordem. Logo, o Circunt-T raining é a suces-
pulsações durante o intervalo não devem ultrapassar os são de exercícios que se dispõem em circuito, tendo
140 e nem serem inferiores a 100. A primeira denota períodos de esforço e pausa " ativa". Os exercícios
excesso de esforço, enquanto a segunda indica uma devem ser intensos, causando cansaço e de fácil execu-
intensidade fraca. Após uma sessão de Interval-Train- ção. A duração para cada estação varia entre 30" a l ',
ing, devemos idealizar a seguinte, com trabalho menos sendo o mesmo para a pausa.

424 - 425
A intensidade é fixada do seguinte modo: exem- 3.0 - Devemos usar um ritmo médio
plo - o candidato faz durante l minuto o máximo 4. 0 - A duração do descanso pode ir até 90''
que puder de flexão de braços, tendo entre cada exer- 5.0 - O descanso deve ser de média duração
cício l minuto de descanso. Esces máximos são dividi- 6. 0 - A ação no descanso deve consistir de exer-
dos por 2 obtendo-se a dose de início. Calculamos o cícios respiratórios:'
tempo total do circuito e o atleta luta para diminuí-lo. 7.0 - Tempo do esforço até 90"
O progresso é notado pela capacidade de fazermos mais 8.0 - Tempo total 30' a 90'
exercício no igual tempo, ou o mesmo trabalho em Circuit - Acentuação para obter resistência
tempo menor. Mas, até aqui, não explicamos como localizada:
podemos chegar à resistência orgânica pelo Circuit- I.0 - Intensidade do esforço entre 20 e 303
Training. Explicaremos agora, igual as outras manei· 2.0 - As repetições vão de 50 a 600
ras de treinar, no Circuit-Training, podemos dar maior 3.º - O ritmo deve ser médio
atenção às qualidades que nos interessarem no mo- 4. 0 - O descanso também
mento. Depende isto, da parte didática aplicada. Por 5.0 - A ação no descanso consiste de relaxamento
acentuações conseguimos aquilo a que nos propomos. 6.0 - A duração do descanso é o tempo para a
Exemplo: repetição do exercício ·
0
7. - Tempo em parte do esforço
Circuit-Training - T endência maior para hiper- 8.0 · - Tempo total 30' a 60'
trofia do músculo. Circuito para endurance com
l.º - O esforço deve ser feito 80% da potência. ponto principal ·
2.º - Poucas .repetições 5 a 10 I.0 - Intensidade de esforço entre 10 e 153
3.º - Deve haver rapidez no ritmo 2.º - Várias repetições
4.0 - Descanso longo 3.0 - Ter um ritmo lento
5.0 - Duração do descanso 2" a 5" 4. o - Descanso
6.º - A ação no descanso deve ser relaxante e 5.0 - Ação no descanso: respiração e relaxar
elástica 6. 0 - Duração descanso pode variar
7. 0 - Tempo do esforço 30" a 60" 7.0 - Esforço parcial também varia
8.º - Tempo total 30' a 60' 8.º - Esforço total acinia de 50'
Os exercícios serão aqueles que produzem a hiper- Circuit tendo ênfase para melhorar
trofia do músculo. a técnica da velocidade:
Circuit para resistência orgânica: I.0 - A intensidade do esforço deve ser fortíssima
l.º - · O esforço deve ser de intensidade média, 2.0 - As ·repetições são poucas, devendo ficar
usando-se 30% do potencial do praticante ~ntre 4 e 6
2.0 - As repetições devem oscilar entre 30 e 50 3.0 - O ritmo deve ser explosivo

- 426 - - 427
4. 0 O descanso é prolongado
-
do circuito todo. Quando se passar um mês toma-se de
5.0 - Duração 2' a 5' novo o tempo e se faz o confronto. A diferença é a
6.0 - Ação descanso deve ficar na descontração avaliação ideal. A aplicação do Circuit-Training pode
muscular ser usada em crianças a partir dos 7 anos, sem risco
7.º - T empo parcial 18" a 30" algum. Uni~mente devemos levar em conta o fator
8.0 - T empo total 30' lúdico e darmos maior caráter recreativo ao mesmo.
Pensamos que com o esclarecimento de todos estes
Circuit visando à flexibilidade das articulações: fatores peculiares à verdadeira condição física, qualquer
a - Exercícios que tenham por meta a mobili- pessoa com um pouco de raciocínio pode ·chegar a
dade da articulação um padrão alto de condição para se dedicar ao esporte
b - Fazer entre 15 .e 50 repetições predileto. A seguir, vamos dar uma vaga idéia de como
c - Ritmo lento e rápido podemos melhorar nossa endurance, força muscular
d - Descanso longo e velocidade. Iniciando pela endura·nce dizemos que
e - Duração 60" a mesma é a maneira pela q uai o organismo cria uma
f - A ação no descanso visa à descontração capacidade de reação em resposta ao empenho especial
muscular · do sistema cardiopulmonar a uma pequena intensidade.
g - Tempo parcial 60" a 90" A intensidade do esforço, como podemos notar, deve
h - Tempo total 30' a 60' ser fraca, enquanto a repetição do mesmo, se houver,
não deve ultrapassar a uma. O ritmo é lento, o ,des-
Circuit dando ênfase à descontração muscular: canso é prolongado, variando entre LO' e 60'. A ação
a - I ntensidade fraca deve ser aquela de andar. O tempo parcial e total varia
b - 5 a 1O repetições entre 30' e l 20'.
c - o ritmo é bem lento Os meios:
d - prolongar o descanso
e - duração 30" a 2' As corridas de longa distância estimulam a· pro-
f - Ação respiratória mentalizada 10 a 15 dução da estamina e para que a consigamos, devemos
g - Tempo parcial 30" a 60" percorrer por semana perto de 150 km. Isto não seria
h - Tempo total 60' o caso do praticante do judô e karatê. Para estes, uns
20 km por semana seriam suficiente. Além destes tipos
T este para sabermos a condição fisica
de cuidados, podemos usar os de esforço contínuo e
Entre todas as maneiras achamos a mais singular ritmo lento.
e prática a que vamos exemplificar: fixamos o número Força muscular.
de repetições que o candidato deve executar de um Há dois tipos de força, a explosiva e a lenta. A
exercício no menor tempo que possa. Após, passamos primeira temos como alicerce ideal para a condição.
para o seguinte com rapidez. Logo, mede-se o tempo Dizemos que o uso dos pesos e _halteres deve ser empre-

- 428 - 429
gado com ênfase para a obtenção de força muscular 11 ,d 11 i ng é um circuito especial idealizado para a aqui-
em todas as modalidades esportivas. O seu uso siste- ~ ' \·W da potência muscular. O objetivo principal é:
mático nos liberta das distensões, luxações, etc. e incre-
menta o resultado técnico. Não há restrições quanto :i -Desenvolver a potência m~scular
à idade e sexo, desde que seja orientado por um crité- b - Dar melhor rendimento à produção técnica
rio científico. A intensidade do esforço deve ser forte c - Facilitar a. execução de movimentos difíceis
e devemos utilizar tanto os isométricos, isotômicos e d - Criar maior autoconfiança no atleta
mistos (60%. 30% e 10%)· As repetições devem oscilar
MATERIAL
entre 4 e 6, com períodos de descanso, se visarmos à
força. Em caso de hipertrofia do músculo, as repeti- - Três cordas
ções variam de 10 a 15. O ritmo deve ser rápido e 2 Um banco sueco
e~plosivo, havendo descanso prolongado de 5' a 1o· 3 - Colchões para . solo
di.tre as séries de repetições. Nestes momentos deve- 4 - Um plinto
mps praticar a descontração em movimentos rápidos. 5 - Duas barras com anilhas (160 quilos)
O \ tempo do esforço deverá ser aquele que dura para 6 - Dois pares .de halteres com 15 quilos
fazermos as repetições e o tempo total deve oscilar 7 - Quatro M. B. de 2, 4, 5 e 7 quilos.
entre 30' e 60'. Devemos visar o fortalecimento geral 8 - Um par de sapatos de ferro.
dos músculos e de início, fazer os movimentos lentos
para melhor coordenação. Baseamos a 'intensidade pela EXERCfCIOS
potência do cal}didato. 1 Desenvolvimento
2 - Arremesso gerais
Os movimentos devem ser perfeitamente executa-
3 - Arranco
dos para que não causem problemas à coluna verte-
bral. A intensidade deve ser progressiva para que obte·
'1 - Rósea inversa
nhamos resultados. O trabalho com peso se pode fazer
5 - Rósea direta localizados
usando o peso do colega, se não quisermos dispender
3 - Agachados
dinheiro em aparatos. Também podemos utilizar nossa
1 - Variar
própria força. São de outro modo inúmeros os apa·
relhos que podemos usar para melhorar nossa mus-
M. B.
culatura (não confundir cmp modelagem física). Em
seguida, vamos falar d~ um tipo de treino· que· acha- 1 - Arremessar ao amigo
mos o ideal para á conquista da força. Esta maneira.de 2 - Arremessar a um alvo fixo
3 - Várias
treinar é o Power-training. Este método foi criado pelo
comandante da aviação e secretário-geral do Departa- AGILIDADE
mento Militar da .Bélgica Raoul Mollete. O Power- n - Parada de cabeça

- 430 - - 431
b - Parada de mão dentro do ramo podem falar a respeito. De princípio
e - Ponta podemos afiançar que a velocidade é hereditária. Logo,
o velocista nasce. O que podemos fazer é melhorar a
d - Roda
e - Saltos plinto ".elocidade comum ao. individuo (deslocamento). Esta-
remos melhorando a mesma, se procurarmos melhorar
f - Cambalhotas
g.:.... Várias a execução das saídas. e chegadas. O movimento das
pernas e braços, a posição do tronco, etc. Melhoremos
Não devemos esquecer de corrigir todos os movi- a técnica, mas não a rapidez do reflexo. No nosso caso
mentos básicos e não irmos além de 503 da carga nos interessa a velocidade de reação.
nos primeiros exercícios. Daí deve fazer 6 repetições O tempo da reação tem uma afinidade para mais
até atingir as 12. Ficando fácil, aumenta-se a carga até com a quantidade de êxitos nos combates. Por velo-
o dia no qual possa fazer as 12 repetições com 903 cidade de reação temos o intervalo entre um estímulo
e o início de uma resposta voluntária. Já o tempo de
da carga.
A distribuição dos exercícios deve ser a seguinte reflexo, para esclarecer, é o tempo que transcorre de
intervalo entre o estímulo e a resposta involuntária.
para melhores resultados: -'
Tentamos então, deste modo, criar o cará~er da velo-
1 - Exercício de carga pesada cidade em si. Temos para nós que o praticante de judô
2 - .Exercício de carga média e de karatê deve treinar a sua velocidade "qual" e
3 - Exercício de ginástica atentarmos para aquela de explosão. Deve o profes-
sor ter sempre em mente as seguintes três fases:
Os treinos devem atingir a três por semana. Em
época de campeonatos diminuímos a freqüência, e a 1 - A concepção que dá vida à imagem matriz
carga cai para 2/ 3. O ideal seria utilizar o P. T : em do movimento que se vai executar. Aqui deve entrar a
período diferente ao do treino especial. Os primeiros perfeição para que a imagem seja a melhor possível.
sintomas são por vezes alarmantes, pois trazem dores,
2 - A ação do sistema nervoso que dá o impulso
perda de coordenação, e de movimentos. A inspiração aos músculos que recebe do cérebro e . produz a ação.
deve ser aquela normal, inspirar e expirar antes e após
a execução. As repetições do circuito do Power-Train- 3 - A execução muscular que vai ao movimento
ing vão a três. Não devemos ter receios infundados na contractil.
aplicação do Power-Training e muito menos irmos A intensidade do esforço deve ser total e o fator
atrás de concepções tolas da "Idade da Pedra". "psicológico" deve influir sem o qual pouco se obterá.
As repetições são poucas (5) e o ritmo o mais rápido
Velocidade possível. O descanso é longo entre 5 e 15' e a ação
neste varia entre, andar, trocar, etc. O tempo parcial
Vamos aqui tratar de uma parte que muito diz é de 3" a 30" e o total vai até 50'.
respeito ao J e K. É palavra citada, mas bem poucos
433
- 432
Finalizando esta parte anerente à condição física, cos estão ligados à motivação; logo devemos motivar
queremos esclarecer que não produzimos nenhum tipo para obter sucesso. E uma das melhores. maneiras de
de treino especial, em razão de que a individualidade motivar é competir. Criar competições que nos façam
existe e para tanto seria preciso avaliar cada prati- usar todas as reservas orgânicas. Temos como certo
cante em "particular". Pensamos com esta exemplifi· que a repetição do m_ovimento em compecição é o
cação abrirmos certas mentes e chegarmos ao ideal. caminho ideal para chegarmos à perfeição.
Seria irracional pensarmos em escrever um livro que
se liga à condição física, sem ao menos falarmos nela. Como podemos motivar o praticante de Karatê?
Por outro lado, lembramos também a displicência que l - Elaborar seu programa de acordo com certos
há em torno da alimentação, razão pela qual nos man- desejos seus.
temos vivos e operantes. Gostaríamos de falar sobre 2 - Lembrar-lhe das possibilidades de poder
este aspecto com detalhes e minúcias, mas não é possí- chegar ao título máximo.
vel em virtude do encarecimento da obra que já está 3 - Ir de encontro à necessidade do praticante.
longa demais. Lembramos àqueles que são mais cor- 4 Pondo-o ao par daquilo que está fazendo e
retos consigo mesmo e que não se contentam com o porquê das coisas.
meias medidas a procurarem na editora o nosso livro 5 Criando competições. Até com a sombra!
Modelagem Física e Saúde ao Alcance de Todos, que 6 Ultrapassando os obstáculos aos poucos.
traz capítulos inteiros dedicados à nutrição. Insisti· 7 Inãicando o que foi programado e o início
mos por estarmos certos de que todos os esforços ruirão do programa.
se não soubermos nos alimentar. Prestes vamos lançar 8 - Mostrar-lhe o lado do sucesso em relação
nosso livro ''Ultrapasse os 100 vivendo como aos 50", ao treino.
que nada mais é do que um livro dedicado a hábitos 9 - Dar-lhe a sua confiança estendendo-lhe a
helênicos e nutricionais. Deixamos para o final a parte mão da amizade.
que achamos mais interessante e necessária ao atleta. l O Fazendo-0 inceressar-se por filmes sobre
Aquela que o pode impulsionar para melhores feitos: Cultura Física.
a Motivação: 11 Criando a necessidade de produzir algo.
Mesmo que para muitos nós agimos por inflexão. 12 - Sermos seu amigo e confidente.
podemos afirmar que para cada uma de nossas inten- 13 - Vivendo seus problemas e dos seus. Sendo
ções há uma motivação. mais do que um professor. Seu amigo.
A motivação impressiona as nossas ações e é por 14 - Usar palavras elogiosas e saber o momento
causa desta que agimos. Dizemos que pela motivação exato de brincar.
podemos levar nossas intenções à meta idealizada. De- 15 Criar líderes na sala de aula para que estes
vemos por conseguinte termos autodeterminação, o auxiliem.
voluntariedade, e persistir naquilo a que nos propo- 16 Fazer com que o 'praticante crie aquela von-
mos. Sabemos pois, que todos estes fatores psicológi- tade que o fará apto a treinos árduos.

434 - - 435
17 - Participar dos treinos.
18 - Não ordene. Ordene sendo amigo para me-
lhores frutos. CAPÍTULO XXI
19 - Usar treinos recreativos.
20 Generalizar o trabalho.
21 Não esquecer o treino total. E NISTO TUDO ONDE ESTÁ A FELICIDADE?
22 Criar competições. As maneiras pela qual o mundo a procura são
23 Usar bons locais para trei11ar
diversas e quase sempre há desenganos pelos cami-
24 Utilizar treinos em plena natureza.
nhos e amarguras nas almas. Alexandre o Macedônio,
25 Lembrar que o tempo de juventude é pe-
fez de suas façanhas e de suas glórias, a sua felicidade.
queno e que devemos usá-lo ao máximo.
Escravizou povos, humilhou vencidos, deixando len-
26 Palestrar sobre hipóteses de viagens, vitó-
das sobre sua pessoa. Os filósofos a procuravam na
rias, etc.
sabedoria e na bondade. Sabiam que a grandeza era
27 Fazer com que o atleta entenda o que está
utopia e que o sofrimento era apanágio do homem.
fazendo para que o faça bem.
Amavam a simplicidade e a paz entre os homens, fazen-
do da guerra uma quimera e do poder uma falsa base.
Seus amigos eram os simples e os puros. Aqueles que
trabalhavam com a paciência dos milênios e que tudo
suportavam com resignação e calma. O judeu, a pro-
curava na disciplina, na restrição do orgulho e nas
regras sérias de suas zelosas vidas. No fim da vontade
e no abandono dos desejos, a índia após a ascensão,
desceu a estrada apoiada no Nirvana. A própria Gré-
cia foi ao seu encalço quando abandonou seus templos
e desviou o ouro feito para as lutas na direção das
artes. Péricles ensinou aos seus como criar a beleza,
em vez da dor e do orgulho marciano. Co!ll a aparição
do Paternon, as linhas duras das . guerras deram lugar
aquelas que demon5traram a hármonia. Surgiu Dio-
nísio. E os versos de Eurípedes mesmo na sua tragédia
emanavam beleza. Beleza esta que fez sucumbir Sócra-
tes. Apesar disto tudo e dos filósofos da época, pugna-
rem as linhas de condução certas, os homens não fize-
ram ouvidos. Entregaram-se aos prazeres sem regras,

- 436 - 437
no louco afã de conhecerem todos os deleites que os aqueles que por méritos mereciam. O dinheiro era cana-
levassem aos prazeres. A moderação e as medidas pre- lizado para o culto às artes, e portanto à beleza. Papas,
gadas de Sólon a Aristóteles foram abandonadas e mercadores, banqueiros e fidalgos competiam entre si
esquecidas. Tomou conta desses tempos o prazer total prla posse de obras de Miguel Ângelo, etc. Nunca um
como base para tudo. Se lembrarmos Epicuro, veremos povo fez tanto pela beleza como os italianos daquela
que na sua filosofia está o culto da época. Advieram epoca. !'oram tres séculos dedicados à pintur_a e escul-
os tempos e com eles as mudanças. Na Grécia, abando- tura que fizeram daquela parte do mundo o berço das
nados os pensamentos de Epícuro, voltou-se o povo artes. Mas, como tudo na vida, obedece ao ciclo de
para o abandono dos desejos, cientes de que são vícios, constante evolução, o mundo não parou. Surgiu Co-
e que como tais, não passam de um círculo perma- lombo e com ele as descobertas. A Alemanha corre
nente e igual. Logo a filosofia grega, não era mais do atrás da felicidade pela ciência, enquanto a Inglaterra
que oriental. Criou bases na í ndia, tanto que o criador a procura nos sonhos de um império e a França no
d? estoicismo foi um semita e não um grego. A here- requinte do prazer. Aparece a América e com ela a
ditariedade militar jµntou-se à fatalidade oriental, ambição da aventura faz morada em todas as partes,
tendo como sobras a fusão um tanto "especial" destas trazendo a enxurrada humana que a povoa. Também
duas qualidades. Fixou-se na Grécia o Estoicismo aqui o homem lembra-se da felicidade e a procura.
desde o dia em que a mesma viu-se escrava e vencida. Procura-a nos atos e na vitória, pois seu povo jovem
Negaram-se a si próprios os homens e pela apatia geral pouca atenção dava aos bens do espírito. Lança por
procuravam dar conforto à alma e vida a suas ilusões. intuição toda a sua energia no crescimento como se
Escravos, não lhes eram permitidos os desejos, e assim soubesse que o corpo sucumbe antes da alma, q ue a
sendo, o estoicismo era a perfeição para aqueles povos solidez deve vir antes da brandura e a potência antes
escravizados pelos romanos. Estes dominavam todo o das artes. Honrou antes destas, seus homens que fariam
Mediterrâneo vingando naquela parte como satisfação de sua terra uma pot~ncia universal. Era pois, uma
espiritual o estoicismo. Para poder mante_r seu jtigo América, feliz na sua saúde e jubilosa de seus atos.
· desvencilham-se de seus sentimentos. Para os conquis- Hoje a temos modificada e rica. Riquezâ esta que está
tadores a felicidade era a força. Repeliam os prazeres próxima a nossos olhos se visualizarmos a opulência de
ou os tinham quando em intervalos entre as conquistas. suas mansões, todas de traçado alienígena, como uma
Deste domínio, como herança ficou o sensualismo prova de amor pela beleza. Esforça-se por atingi-la e
natural que empobreceu o mundo, aniquilou a estirpe a compreender, e por isto não conseguiu criar suas
e uma nova forma de estoicismo apareceu fazendo com dúvidas com respeito à felicidade. A par de toda aquela
que o mundo por vários séculos pensasse mal de si. riqueza, sente em si mesma um certo vazio. O ideal
Foi então que apareceu a .Renascença, fazendo com atlético e construtivo, não mais acende a chama das
que o homem voltasse seus pensamentos para o signi- impulsões passadas. Não estará por conse1.?Uinte no
ficado da Terra. ·Voltou o prazer e a beleza a toma- · início de uma pesquisa maior na trilha da felicida1le?
rem s.eus lugares de direito, perpetuando pelas artes Apesar das formas da procura e do número daqueles

- 438 - 439
que a pesquisaram, quantos a encontraram? Se nos a suplantam. Através das primaveras, a natureza recons-
recordarmos podemos 'chegar à conclusão de 'que tudo trói aquilo que foi destruído, mas não sente o fugaz
está estático. As pirâmides estão lá circundadas pelas q ue há naquele verdor, tal qttéll sente cada alma que
areias seculares, tendo no seu bojo os espectros das viveu sob os ventos tristes ao inverno. Foi para estes
lerpbranças dos "faraós imortais". Escravizavam artistas seres especiais que surgiram as artes, pois, somente
a seus desejos. Foram felizes? E os artistas que até hoje eles podem sentir novas primaveras ou as tristezas que
são ldesconhecidos? Aqui ficamos em dúvidas que deixa- a fagam os outonos. 'E isto sentem em qualquer obra de
mos aos que nos seguem. Será que ao aumentarmos arte. Existe algo de mais belo que a escultura? Pode-
nos~os conhecimentos, aumentamos nosso sofrimento? mos inclusive pensar na eternidade do mármore,- e daí
Estará
1
a felicidade nas rugas dos rostos e nos olhos na imortalidade das linhas graciosas. . . Mas em com-
sem brilho que parecem tudo ver? É o saber uma pensação há a dureza que não transmite a vida e muito
renuncia à esperança, uma ironia triste que lembra menos a imita. A beleza que vive no mármore não nos
com saudade a fé da juventude? Será pois, o saber pode amar como aquela mortal. As flores que vivem
uma desilusão? Não há homem sábio e elegre a um num quadro qualquer não exalâm seu perfume natu-
.só tempo. Por vezes nos inquirimos, ,quem é mais feliz, ral. Mais uma vez temos o 'tempo que destruirá a
o .sábio ou a criança? A alegria não é companheira da pedra e corroi_rá a pintura para não falarmos na pró-
sabedoria a um só tempo! Assim é o mesmo com todo pria mão do homero que pela guerra destrói. Notamos
aquele que não nutre em· seus segredos esperança então, que a beleza apesar dos sacrifícios, para ter
alguma que o leve a felicidade. No entanto há os . que "vida;, é fácil de ser destruída. Destruída até pelo
enganam. Seria o caso do piedoso que a par de suas egoísmo dos homens. Somente os puros podem ver e
tristezàs, cintila em seu ser a recompensa de outra notar a beleza. Aqueles duros e rudes a procuram na
vida. Seria lógico trocar as realidades que a vida ofe- conquista, no poder ou no domínio das forças naturais
rece pela incerteza daquilo que desconhecem? Pensa- pela sua vontade. São poucos que sabem que ·o poder
mos que tudo deve fazer parte da me.dida. É sabido mal dirigido corrompe tudo que cerca. São poucos
que o piedoso, o faquir, etc., tolhem de si os desejos aqueles que chegam a possuir o poder sem destruir a
por mais simples que sejam. Achamos que aquele que própria consciência. A política não tem consciência.
procura -a felicidade na beleza é mais sábio do que E poucos são aqueles que na grandeza são bons. Não
aquele que destrói os desejos . .É certo que a beleza tem há dúvida que seres especiais encontram a felicidade
um fim e que o tempo é implacável. Num sopro somos nas conquistas ou em certos ideais. Poderíamos citar
jovens e num acordar somos velhos. E o que dizermos Osório na guerra do Paraguai ou Bento Gonçalves na
então da morte? Quando a flor murcha não há perda, Epopéia dos Farrapos. Mas podemos julgar a felici-
mas sim um transe de beleza que desaparece com a dade pelas rugas de tristeza dos últimos dias· de Bento
maternidade. Numa coisa os sábios suplantam a natu- Gonçalves? Ou pela amargura que passou Caxias vendo
reza: na conservação da permanência da beleza. São irmãos em armas? Sabemos que a felicidade é diversa
meno~ pródigo~ na sua criação, mas na permanência da glória porque em cada ato glorioso subsiste a dor
- 440
441
e a tristeza. É mais serena a alma do cientista do que fim· imediato. Logo, não devemos ser ascetas, mas reser-
a do empresário industrial. Np sossego dos laborat6 vá-lo para quando a velhice chegar.
rios exi~te a aproximação da· verdade o que faz com
que exista uma relação entre o momento supremo Como tudo na. vida, o próprio prazer tem seu
daquele que ama ou do artista diante da beleza. "Waterloo". O amor fenece quanto mais retribuído, e
aquelas coisas que nos eram agradáveis podem nos
Admiramos a persistência do cientista ante sua amargar. As flores não murcham quando as colhemos?
obra, a paciência que impregna seu ser e a felicidade Para muitos º . passado pode lembrar felicidades, pois
que transborda quando chega à meta seu trabalho. sabiamente tiramos as amarguras e os tropeços da lem-
Este êxtase é normal e o devemos levar até o ponto brança, ficando somente com aquilo que nos interessa.
onde não haja o desvio das verdadeiras proposições. O presente é nada comparado ao passado quando esque-
Devemos abandoná-lo quando houver desvirtuações cidos os espinhos, e ao futuro que ainda dorme nas
n_os êxtases ~as ciências em benefícios d~s guerras e das asas dos sonhos. Nada nos serve, pensarmos no passado
riquezas. Dizem os filósofos que "nem ·todas as rique- olhando para o futuro, sem querermos parar no pre-
zas são limpas". Aí entra também a felicidade. Para sente. O que está ali não nos comove. Logo, somos
tais casos foi criada a filantropia. Quando certo ser egoístas para querermos o presente como idolatramos
· dá, pode fazer-nos olvidar a maneira pela qual chegou o passado e sonhamos com o futuro. Na verdade, não
à fortuna. Mas ele esquecerá? Se foi com a exploração vamos amá-lo quando for passado? Quando vivemos
que acumulou ouro, sem dúvida sua alma se tornará um prazer de momento, nossos pensamentos vivem no
metal. É difícil alguém surgir da pobreza para a rique- passado. A felicidade para nós, ainda não foi atingida,
za, levando ao mesmo tempo consigo a sabedoria e apesar de sem o sabermos a termos bem perto de nós.
esquecendo a ignorância. A riqueza é válida quando Não provém a felicidade do prazer? A diferença é que
há sabedoria. Hoje a maior parte do mundo, sem dis- a felicidade engloba o todo e o prazer representa uma
tinção de classes e idade, volta-se para as delícias da parte. Para a conhecermos profundamente, precisamos
carne. Não são as coisas agradáveis, inocentes? Até o nos aprofundar nas pesquisas das origens do prazer e
dia em que se consiga contestar com provas, a balança a sua natureza. Sabemos que também o prazer como
pende a favor. Tão mesquinha tem se mostrado a lUdo o mais é passivo de ·transformações como todas as
felicidade que todos os caminhos que a indicam devem nossas emoções. E isto traz sinais subseqüentes em
estar livres. Não é muito lógico as proibições aos delei- nossos epíritos. Logo é uma dependência de fatores,
tes se nos fixarmos no seu egoísmo. A carne envelhece passivos de modificações. É certo que o prazer tem
como a precocidade' de sua vida. E logo nossos olhos iníluência sobre a dilatação das artérias e acelera o
mirarão com tristeza os prazeres do passado. As ale- ritmo cardíaco. Tanto aqueles sensuais como aqueles
grias então, perderãó seu viço, e a velhice nos deixará estéticos. Logo, o sangue. circulando com maior rapi·
perplexo~ faze.ndo-nos ver que aquelas alegrias não dez, produz transformações para melhor. Os olhos bri-
contavam . nada. É como o amor quando atinge seu lham, a ·pele cintila e o cérebro produz mais.

- 442 443
Podemos ir além e falarmos dos benefícios causa-
dos à respiração e ao sistema glandular. Então, as glân-
l nprcnder fazem parte de nossa conduta na medida que
o 1cmpo passa, pois o instinto breve se confunde com
dulas quando ativadas, prGduzem com mais intensi- a m_c mória. Logo um prazer q'ue foi uma conseqüência
dade seus harmônios, produzindo mais "bem-estar". <' nao uma causa no ser, lembrando como recordação
E não são risos e cantos este bem-e~car? Toda esta eufo- P.ode motivar o desejo. Não há prazeres que por acaso
ria resultante, produz uma maior força física o que 11vemos, que após longo tempo não nos incitam pela
assinala um incremento da saúde. Para as coisas mais lembrança fixada na memória? Para nós é mais impor-
sirpples, como o mais simples dos sentimentos felizes, tante o prazer biológico, apesar das correntes contrá-
estamos ligados a sensações cinéticas ou orgânicas de rias. Somos cientes de q ue a dor nada mais é do q ue a
nossos músculos e órgãos. Em cada partícula de nosso soma de más ações para o organismo. Por outro lado,
ser há campo para ·a expansão benéfica do amor, bon- o prazer é o resultado de certas ações que produzem
dade e esperança. E isto devia ser fator principal em o bem-estar orgânico e da espécie. H averá excessões?
razão de nossa felicidade, pois sabedores somos de que É lógico se pensarmos nas ações más que causam prazer.
o ódio, o medo e a dúvida nos consomem e nos cau- Mas há a resposta de que estas são . recente:; para q ue
sam o bloqueamento do espírito e graves moléstias produzam em nosso corpo o repúdio. Também pode-
físicas. R esulta então que, o prazer é o produto deste mo~ lembrar como exceção, o prazer obtido pela morte.
andar maravilhoso q ue gera saúde ao organismo e calma Assim sendo, o prazer seria de p rincípio a reverbera-
ao espírito. O sangue flui, caminha, e na sua singular çfio do instinto satisfeito. Por conseguinte se a felici-
caminhada leva o alimento a cada célula que "poetica- dade é uma seqüência de primaveras de prazer, pode·
mente" transmite euforia a cada parte de nós mesmos. mos correr à sua procura pelas ações mais naturais e
Logo, se nossas sensações alegres · dependem de nossos pela harmonia dos resultados de nossos instintos funda-
cérebros, são as manifestações fisiológicas transforma- mentais. A mais simples de nossas felicidades está liga-
das, que enviam ao cérebro suas mensagens de bem- da ao nosso primeiro impulso, ou seja: comer. Se
estar. E isto constitui, sem dúvida algum;i, a base de pensarmos bem, somos como o provérbio antigQ que
nossas alegrias. O desejo é um instinto e portanto intrin- diz: "Na juventude esbanjamos com o amor, na madu-
secamente ligado a nossas necessidades em geral. Para rez dos anos com a mesa, e, na velhice dos anos, com
muitos o prazer segue as ações agradáveis. Mas dizemos os remédios."
q ue não são a sua causa. Nós não queremos algo por- Pel~ fome adquirimos o impulso que nos levará
que este algo nos agrada. Mas sim, porque se nos a obter tudo que resulta em um bem material. Mas
agrada é porque nós o desejamos. A psicologia pode o desejo do alimento é bem mais natural do que o
negar a relação para melhor q ue há entre o prazer e apetite sem limites. Cada aquisição é portadora de
a conduta humana e sua determinacão. uma desilusão. E quando mostra no rosto dos homens
. Mas sob re cer tos exageros não ~os cumpre 'dialo- a expressão de prazer de quem comeu bem? O desejo
gar, pois nossa meta é outra e não a da polêmica. Dize- como citei antes é um, ou- melhor , forma um círculo.
mos isto sim. q ue :iciuilo que conseguimos assimilar e Sabemos que aquilo que ingerimos tem um fim ime-

- 444 - - 445
. b. )
diato, mas o que dizermos das coisas .que co içamo~. t itndo acima. , A poltrona aquieta, mas se pensarmos
Pela condição sábia lá chegamos. É yo1s. p_:la. sab~dona cm nos expandirmos, temos que abandoná-la. Lembre·
que chegamos à medida exata '. E a mtehgenc1a so ema- 1110-nos da criança que no seio materno obtém sua pri-
na virtucles, desde que consiga coordenar o caráter meira felicidade, sem imagipar a segunda que advém
individual do desejo. É claro pois, que somente ~ela rom a arte de brincar. De onde provém todo aquele
harmonia das coisas, podemçs semear por nossas vidas vi~o e aquele movimentar incessante? Da simplicida-
a doce sinfonia do espaço sideral. Não c~rrespon~e ~ d1,;. A criança brinca, porque o brinquedo em si é uma
harmonia à mais alta filoso fia? Dos instintos princi- 1·cco.mpensa. A fel icidade que existe em cada criança,
pais de comer e da união sexual, surge aquel: da luta provém de seus fins imediatos a ação em si. Seus movi-
que pode gerar enorme deleite pela sua exp~nsao. Pode- 1111:ntos não esperam alcançar finalidades distantes. Tudo
mos obter um gozo pela cólera, se a cada violen~a pal~­ t'5UI. (ixo no presente ou melhor no momento exato.
vra ou a cada agressão, encontrarmos uma ~azao ~ufi­ Naquilo que está fazendo e não naquilo que a' hipó-
ciente para convencermos. Até q:ie .s~mos impedidos 11.:sc promete ou o sonho faz ilusão,. Não é de ago_:a
pelo revide. O orgulho enche o md1v1duo, apesar de que a felicidade r odeia as crianças. E porque nao
ser uma ostentação de luta. Pode ser um b~m .e um <"hcgarmos a elas para a encontrarmos também? No
mal que regem sempre uma ação de c~~unuid~d~. 1iso da . criança está a sinceridade expontânea do ser
Aumenta a força e a confi:ança. Poderá. o gemo subsistir e não o riso doentio do adulto. O verdadeiro r iso, é
ao orgulho? Duvidamos! E quando a luta traz um aquele que movimenta todos os nossos músculos, mas
resultado favorável, traz consigo o domíniu que pode desde que surgira.m as etiquetas o homem se ateve às
gerar alegria aos fortes. A felic~dade não c~tá afeita 111csmas e ·programou uma maneira "distinta" de rir.
aos momentos de cautela defensiva ou negativos, mas Meu velho pai, sabia rir como ninguém. Era o rir da
pelo contrário vive nas ações positivas espontâneas.. <'1·ia nça. Expontâneo e sincero. Eram famosas as garga-
O prazer é maior no orgulho do que na hur:~1l­ lhadas de meu velho.· Meu pai era simples, amigo,
dade. Mais na curiosidade do que na segurança, maior ~ in cc ro e humano. A vida não é como as religiões e a
quando avançamos do que na retirada; maior C).uand? fi losofia as definem em importância. Não. A "sério"
ainda lutamos pelo ideal do que qua~do fu?1m.os a mesmo só devemos levar as crianças, sem esquecermos
luta; maior quando dominamos. São pois, os i?s.unws que para eias mais vale o senso de humor do que outra
da ação os responsáveis pela proteção da fehc1dade. c:oisri qualquer. E nelas há muito dà filosofia se nos
Muit~s hoje vivem pela afirmação de "La R oche- lembrarmos que o humor é a essência da .mesma. A
foucaued" que diz ser o mais forte instinto human~ o 111ocidade pois, já não é um período tão feliz como o
impulso de sentar. Mas, não passa de uma neg~t1va da inffrncia. Aqui aparece <i ser responsável aos po~cos
q ue não produz nada. Nos mais simi:les gestos do e a seriedade também. Não são os moços reforrmstas
homem e que denotam seu poder ou se1am: ~o;er-se, por tradição? De outra parte ainda há ativi.d~de e
caminhar, subir, correr, saltar, nadar, voar ou ir a Lua, basta-nos lembrar q ue a ação faz parte da felicidade.
existem os deleites. Somos pois, contrários ao ilustre Jlor que precisamos ser ativos para sermos felizes? Por

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que na passividade os prazeres logo acabam? Porque q11c nos ouvem e a segurança que nos inspiram. O
é pela harmonia dos movimentos que chegamos à outra .1111igo nos anima e eleva a moral. Na palestra faze·
parte da felicidade. Mov!mencando-nos, fazeinos algo 111os amigos. Se ouvimos, nos fazemos ouvir. Então,
que nos defina e nos absorva. Aqui aliamos a saúde 1cn nos ~ociáveis e bons, pode causar influxos em
a estas partes essenciais, pois, sem a mesma não há nossa felicidade para melhor. Podemos afirmar que
movimentos e nem harmonia perfeita. Nosso corpo 111ais vale dar do que receber. Ao darmos, dominamos,
doente não pode influir na felicidade. Se. somos sadios, .u.> passo que se recebemos, somos submissos. No amor
todos os infortúnios da vida são sempre um terço em encontramos maior prazer que no ódio e no aliviar
relação aos mesmos. As infelicidades amorosas doem, 11ma dor, temos mais respostas significativas do que no
mas logo são esquecidas, assim como as notícias tristes f:i zer sofrer. O maior dos instintos é aquele do amor,
não serão tristes por muito tempo. Há vida! Vida sã! é este que nos causa a maior das paixões e por vezes
Os sentidos têm uma razão de ser. Todas as sensações melancolias. O que é uma certa consideração dolorosa!
não destrutivas são de prazer. A felicidade está mais . r odas as artes e virtudes são produtos do amor e por-
próxima da ação que do pensamento. Aquilo que não q 11e não pensarmos no !belo da natureza? Somente uma
é natural não nos contenta de um todo, assim o pensa- alma artista ou aman~e pode perceber a candura do
mento é uma arma falha. Ar livre, sol, mar, campo, 111a r; o sussurro da caqioeira; a carícia da aurora que
são elementos-chaves para espantar a tristeza. desponta ou a placidez melancólica do entardecer. O
Quantas inteligências ilustres poderiam passar da amor e suas dúvidas, são pois,· fatores essenciais para
tristeza de suas vidas enclausuradas para as alegrias? que se encontre a felicidade . Por que falarmos entris-
Inúmeras. Vida ao ar livre a eles! O pessimismo é 1ecidos das queixas do amor ou do fogo que se extin-
uma doença e não um meio filosófico. Algo vai mal gue? Não seria anormalidade desejarmos a eternidade
com o corpo que enegrece a alma. A vida é algo supe- dentro de nossa ignorância? Afinal quem somos nós
rior à filosofia. Ama~os alguém quando é sábio na para falarmos dela? É certo que as queixas surgirão
bondade e resignado no sofrimento, porque nQtamos pela brevidade do amor, mas são fat_ores que também
grandeza no seu espírito e não pela grandeza de sua faze m parte deste ciclo. É necessário o esvanecer e pelo
obra. Dizemos pois, que a melhor vida é aquela que êxtase do fogo saberemos se compartilhamos nas dores
nos leva à aventura, à variação, à motivação, à respon- do amor. Se acompanhamos e soubemos viver. com as
sabilidade e ao perigo. Mais valem as amarguras de dores; se junto a um berço acompanhamos as nossas
César do que as notas daquele que soube seus atos vicias e nosso amor que renasce, então aquela chama
escrever. Logo, devemos morrer mais vezes para ter- não extingue como a solidão e a bruma densa, que
mos mais vidas. Termos grandes planos e fazermos 1enta afagar o ·mar. Para· nós maduros, a criança é uma
muitas coisas. A vida deve ser plena e cheia! A com- fo nte de vida, e portanto de saúde. Assim sendo, gera
panhia também é válida. Tudo a dois tem mais prazer. felicidade. É algo que nos leva à verdade. Na pureza
O próprio sofrimento é mais suportável quando o da criança e na ação fervilhante da mocid~de. A criança
repartimos. Na companhia temos a atenção daqueles é pois a nossa única e sincera realização. É ~ verdade

- 448 - 449
nossa meta, pois nela vemos a continuação de nossas visão especial que lhe será a base de seu discernimento
vidas e o significado que ela enc~rra. Não somos uma l' lllrazãÓ do bom e do befo. Poderá ser um árbitro
árvore isolada e velha que consegue fcnecer sem mais signi(icado das forças que tudo orientam. O saber ao
nada deixar. Pela criança vencemos a morte e damos Certa grandeza lhe invadirá o ser quando souber que
o primeiro passo para a imorcalidade do ser e não só seu caminho é aquele, que não poderá mudar porque
da alma. t então o nosso manancial de felicidades, os desejo;; não são mais que simples impulsos no grande
apesar de ser uma antevisão de nosso fim que se apro- significado das forças que tudo orientar. O saber ao
xima. Nos ocupamos de nossos filhos, vivemos de suas contrário do fogo não queima, nias ilumina. Não pode
emoções e sabemos que algo de nós mesmos é jovem po is, impulsionar a alma.ª. uma a~o. É por razão
de novo, faz-nos juntos da felicidade e pouco ligamos negativa em função da fehodade, p01s da forma que
à importância de nossas próprias vidas. Nossa felici- nos consola no sofrer, jamais n<;>s leva ao êxtase.
dade está numas perninhas viçosas; num par de boche- "A sabedoria pode servir de freio, mas por outro
chas ou em dois olhinhos vivos e cintilantes. O resto lado, não serve de comando. E se nos impede as quedas
faz pane do ciclo da vida e nãb é aquela parcela impor- jamais nos fará voar" (Sócrates). O viço da juventude
tante de uma vida interna. triunfa, mas a velhice mestra da luz, treme por falta
Não é filosofando, mas sim em nossas vidas que de fogo. Podemos notar uma criança chorar pela desa-
devemos procurar as nossas satisfações. Nas satisfações, tenção da sala de adultos. Mas é uma conseqüência da
que damos a nossos ins.tintos mais velhos. f\. felicidade vida. Seria tidiculo termos tudo a um só tempo, ou
vem com o sermos naturais e expontâneos, pois ela 111clhor. sermos sábios e jovens. A criança que hoje
é inconsciente. Se tentarmos estudá-la, nos abandona chora, ~manhã fará parte da sala de adultos. Seria o
pela imprudência de sermos antinaturais ao tentarmos mesmo para o jovem desditoso no amor e portanto,
analisar certa coisa. A cultura pode contribuir com soíreclor. Mais tarde quando se lembrar do passado
um elemento que harmoniza os desejos, dando-lhes achará ridículo o papel de então! Quando os cabel~s
ce:rta coordenação. A sua parcela de contribuição, nun- nos prateiam as têmporas, os tempos nos parecem mais
ca é primária com9 muitos podem pensar. Mas, como reais e significativos. Somos pois, levados com ordem
foi citado acima, faz uma parte de valor, pois sem a pela corrente da vida. As picadas do amor e o desafeto
mesma nossos desejos cancelados dariam um resultado do mundo já não nos importa porque sabemos que o
ridículo. É preciso sempre aprendermos, mesmo que to po do monte não é o alto. Pode~os então nota: as
os pensamentos sejam penosos. Daí poderemos partir coisas pela significação do eterno deixando o grandioso
para a ordem para que possamos crescer com harmo- unicamente para o todo. Tudo começa a nos parecer
nia como as sociedades. Pela vivência dos problemas, pequeno e passageiro tirando-nos a inspiração e a no-
notamos e aprendemos que necessitamos dominar nos- breza. Para nos cientificarmos das coisas do presente
sos desejos, dar-lhes disciplina, para que jamais um por vezes temos de não levar nossos olhos muito lo_nge.
fraco e fútil possa inibir aquele de valor significativo. Se possuirmos os conhecimentos não teríamos dese1o;; :
;Resulta então, que ao conseguir isco, chega a ter uma a felicidade seria como solidão do deserto. Qual fehci-

- 450 - 451
dade que a velhice não apaga? Nesta parte quando já porque ~esmo neste suposto ro~antismo há- o reverso
marchamos pelas estradas que nos levam ao esvanecer, que é o despertar das falsas imagens. No plantio de
a sabedoria se torna um amigo incomparável. Algo nossas flores devemos nos lançar à procura da seara
que nos afastará das estradas poeirentas e das dores de nosso espírito. Não devemos nos preocupar com
do mundo. Até nas dores a rnbedoria nos ensina a nossa educação em função .de nqsso professor. Deve-
procurarmos algo de bom, para que este algo, nos mos seguir nossas sinceras inclinações, dando expressão
sirva de alimento que causP. um consolo inteligente. a nós mesmos. Seguir nossas curiosidades e no todo
Não são pelos percalços que aprendemos alguma criar a nossa própria harmonia. Os mestres educam a
coisa que nos dará o diploma da vivência. Felizes são si próprios à custa dos erros na educação dos outros.
os filósofos que para cada queda têm o consolo da lição Jamais devemos nos conformar se tivermos verdadeiro
e do aprendizado. O hipócrita, somente nota o que valor para que não tentemos esconder as nossas here-
de mau lhe acontece, tendo as dádivas que lhe apare- sias. A felicidade não está no imitar e muito menos
cem como algo ele mérito previsto. Quando as boas na conformação. A educação pois, tem que vir da pró-
coisas acontecem devemos sempre relembrá-las, encher- pria · vida, assim como a felicidade de nós mesmos.
mos nossas mentes de recordações para que tenhamos Fórmulas não há, cada, qual faz seu próprio cami-
alegrias em nós mesmos. Se cada qual, na hora da sorte nho. Tentemos achar a felicidade em nós mesmos, pois
pensasse em seus defeitos, veria a recompensa de outro {; menos difícil que procurarmos nos outros. Cada um
prisma. Nada de exigências, pois como todos somos ele nós como em cada idade temos um embrião especial.
uma parte do todo. Pedir demais e nos impacientar- /\ssim, porque não procurarmos em cada tempo espe-
mos com tudo, de nada nos valerá. Não adianta esbra- cial as alegrias aneremes àquele tempo? A criança seria
vejarmos pelos desígnios que tenham, se não forem o símbolo do viço da ebulição, deixando o amor como
os almejados; mais importante do que nossas pequenas a bebida da mocidade, e a compreensão, o descanso da
vidas são o equilíbrio das esferas. O sofrimento é uma velhice. Não devemos nos. contentar com· o que sabe-
condição própria do mundo para nossa evolução. Con- mos. Devemos procurar aprender mais, pois a educa-
tentemo-nos a sofrer em paz, e assim melhor faríamos ção não é uma tarefa que se resume ao colégio e à
se não fizermos de nossas dores as dores do universo. universidade. Não. É uma felicidade para toda a nossá
Jamais devemos deixar a nossa imaginação exagerar vida que nos fará passear na intimidade com a beleza
em seus planos, para que a felicidade não fique dis- e o saber. Paixão e amizade? Sim, duas chaves espe-
tante de tocá-Ia. Planeemos nossas flores para que seus ciais. Na mocidade nos apaixonamos pela beleza e
botões possam de pequenos surgir como prendas. São porque não nós afeiçoamos pela amizade na velhice
vários os hipócritas que ao infeliz aconselham descanso aos gênios? Para isto, temos a companhia dos espíritos
e férias, como se a infelicidade a pudéssemos fechar para uma certa época. ~aquele país, filósofos e poetas
em casa e partirmos sem ela. A alma inquieta nunca íalam e rimam; escultores esculpem; grandes cantores
está conforme com nada. Sempre vê em outras formas cantam; homens santos pregam o amor, enquanto mu-
algo de melhor para si. É triste o despertar das ilusões lheres formosas não sofrem em sua beleza. Lá estarão

- 452 - 453 -
os estadistas, os grandes professores e todos aqueles que PEQUENO DICIONARIO
neste tema e naquelas quiméricas mereceram a lem- DE TERMOS TÉCNICOS
brança.
Como chegaremo·s até este país? A este magnífico
estado de coisas que o tema oferece? Poderemos pene- Age - levantar, erguer
trar seus portais e dispor de seus tesouros? Sim. Deve- Ago - queixo
mos sobretudo, darmos luz a nosso epírito e limpar- Ashi - pé, perna
-mos nosso coração para que todo aquele cortejo de Atemi - golpe sobre o corpo
saber e beleza nos ensine o seu saber e nos oriente em Jlte - golpe
nossas vidas. A medida que varremos a mesquinhez nu - guerreiro, combate
de nossos corações e estivermos conscientes de que JJarai - varrer, expulsar
aceitamos a verdade custe o que custar, então seremos C/m - médio
dignos de usufruir da companhia daquele País especial C:hoku - direto
que tão per.to de todos está, e por tão poucos é conhe- Dachi - posição
cido. Apesar do fogo da mocidade nos haver aban- Dtm - nível dado em função do gráu das faixas pretas
donado, nos sentiremos cônscios de havermos conhe- Do - caminho
cido a doce facilidade que os tempos não conseguem EmjJi - cotovelo
destruir. Sejamos complacentes com as crianças. Dei- F111nikomí - esmagar o pé
xemo-las em seus folguedos que nos lembram a felici- (;e - baixo
dade mais simples, e os fará sons da eternidade. Os Ceilco - treinamento, exercício
moços que amem o quanto for possível e a nossa tole- Geri - golpe de pé
rância maior. Afinal, ali está algo de nós também. Ou Go - força
haverá vida especial? Pelo bem entender as coisas, Cyaku - oposto, contrário
poderemos viver todas as idades e sentir todas as ale- lfa.ish1.1, - dorso da mão
grias. Chegará o dia que também veremos a criança /Jaisoku - Tornozelo
cansada e a juventude entristecida. O que fazer então? Haito - sabre da palma
Abracemo-los com amor e compreensão, façamo-os Hara - ventre
nossos companheiros neste País Especial onde não mais H eiko - paralelo
importa a carne destrutível mas o espírito imortal. Hidari - esquerdo
Hiji - cotovelo
Hiza - joelho
1-fon - fundamental
ffJIJOn - um
Jitsu - técnica
]o - alto

- 454 - 455
}tL - flexibilidade Malá - enrolar
fuji - cruz l\Jawashi - circular
Kokato - calcanhar Mi - corpo
Kake - execução Migi - direita
Kamae - guarda Mikazuki - crescente
Kara - vazio, vácuo Mizu. - água
Kata - forma Mornte - a duas mãos
Kawashy - · esquiva Nnge - projetar
Keage - ascendente Nagashi - varrer
Keiko - exercício Neko - plano
K eito - crista do galo Ni - dois
Kekomi - penetrante Nukite - pique de mão
Ken - mão fechada O - grande
Kento - raiz das falanges da mão Obi - cinta
Kentsu i - martelo de mão fechada Osae - mantido
Keri - golpe de pé Oloshi - cair
Ki - espírito Rei - saudação
Ki-Hon - treino de base Ren - muitos
K on - região hipog-.ístrica Riken - o outro lado da mão fechada
Kiri - cortante Ryu - escola
Kiritsu - ter início Sabaki - esquivar
Ko - pequeno, para trás San - três
Koko - guela do tigre St1yu - a direita e a esquerda
KoklJro - espírito Sen - iniciativa
Komi - dentro Shiai - combate com arbitro
Koshi - dente de tigre Shita - para baixo
Kote - punho Shizei - posição
Kt1bi - pescoço .Slmto - sabre de mão
Kumade - pata de urso Sokuto - sabre depé
K mni - reencontro Solo - exterior
K umite - assalto S11 kui - colher
K utsu - postura Tachi - posição
Kyu - classe Tai - corpo
Ma - distância no combate Take - bambú
Mae - diante, na frente Tate - vertical

- 456 - 457 -
Te -mão TERMOS USADOS NA ARBITRAGEM
T eisho - base da paLna
Teisoku - planta do pé Chui - advertir
Ten - céu Fusen-Sho - erro, multa
Tobi - saltar Hajime - começar
Tokui - mov;mento favorito Hansoku-Gashi - vencedor por desqualificação
Tsui - martelo Hansoku-Make - perdedor por violar as regras
Tsuki - ataque direto Hantei - decisão
T.n1kkomi - golpe levado para dentro Hantei-Gashi - vencedor por decisão
U chi - interior Hikiwake - prelio anulado
Ude - ante-braço !ppon - ponto
Ura - oposto ]ikan - tempo
Urnken - oposto da mão fechada Jogai - saida do tapete
Ushiro - atrás Kiken-Gashi - vencedor por abandono
W an - ante-braço Rei - saudação
T.Vara - palha W aza-A ri - vantagens
W ashide - bico de águia Waui-Ari-Awasete-lfJpon - vitória por dois Waza-Ari
W aza - técnica Ji'Vaza-Ari-Yusei-Gashi - vencedor por Waza-Ari
Yama - montanha Yame - parar
Yoi - preparado, pronto Yassme - descontraia-se
Yoko - lado Y oi - prepare-se
Zen - para frente
Zuki - ataque direto

- 458 - - 459 -
BIBLIOGRAFIA
l\LUMING e KUROSAKI
Kyokushinkai Karate
Farncês e Italiano
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NAKAYAMA - Draeger WTLSON ROSS - Le monde du Zen
PRACTIAL !<.ARATE - (6 volumes) Y1\ MAGUCHI - Le Karate-do traditional japonais
NAKAYAMA - Dynamic Karate
NISHIYAMA - Brown - Karate, the art of empty lf. M PORTUGUt.S:
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NAKAYAMA - ' Draejer - Praktishes Karate OYAMA - Karate Vital
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NAKAYAMA - Tout le Karate
OYAMA - 1,Vhat is Karate?
OYAMA - This is Karate?
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PLEE - Vaincre att moru
PLEE - ABC du Karaté-do
PLEE - Karate par l'image
PORTNOIR - Le Kamte
PFLUGER - Ka:rate basic principies
PAUVELZ - Karate, mit blossem Handem
SUZUKI - Karate-do
SMITH - secrets of Shaolin Temple boxing
SMITH - Pakua chinese boxing for fitness and
self-defense
SMITH - man - ch'ing - Tai - chi
SUZUKI - Essais sur le bondhisme Zen

- 462 - - 463 -
diagramas
de
KATAS
em
geral
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@
- 552 -
- 554 -
- 556 - - 557 -
- 558 - - 559
índine geral

- 560 -
fNDICE GERAL

INTRODUÇÃO

1 - Algo a Respeito do Karatê . . . . . . . . . . . . 1


2 - Entre a Técnica e a Alma . . . . . . . . . . . . 3
3 - Um Pouco de História . . . . . . . . . . . . . . . 4

CAPíTULO I

As Origens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1 - As Lutas Gregas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2 - Bodhidharma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3. - As Escolas e Estilos Chineses . . . . . . . . . . . . 8
4 - No Japão o Lar do Karatê? . . . . . . . . . . . . 9
5 - G. Funakoshi .. ... ... ... ..... ... ~.... 10
6 - Comparando Com Outras Lutas . . . . . . . . 16
7 - São Muitas as Escolas e Estilos? . . . . . . . . 21
8 - E Sobre as Escolas Chinesas e Coreanas? 26

CAP!TULO II

Método . . ... ... .... . ..... . ..... .


... . . .. . . 30
Caminhando para o método certo ........... . .30
1 - A Prática do Karatê.é um Bem Para Todos? 33
2 - Onde Praticar ...................... . 36
3 - Somente em Clubes Podemos Praticar o
Karatê? 38
l

4 - Sua Prática é Perigosa? . . .... .. .. ... . . 40 CAPtTULO V


5 - O Aproveitamento e o Aluno ... • ... .. 41
6 - Somente a Escola Importa? ... .. . .... . . 45 A temi ... .. . . .. · .. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 88
7 - As Obrigações Morais e a Cortesia . .. . . . 47 Concentração e Espírito . .. .. ..... .. ...... . · · 88
8 - Os Graus . ..... .. ......... . ......... . 51 l - A Batida Poderosa ........ ... . . . . . . . · . . 88
2 - A Concentração Mental e o seu Próprio
Domínio ... .. . .. . . . .. . . · ·. · · · · · · · · · 90
CAP1TULO III 3 ..._ Deve o Espírito Adormecer? . . . . . . . . . . . 91
4 - Vontade e Ação ... . .. . ... .. . . . . ... · · 93
5 ·_ O Valor da Técnica e do Espírito ...... . 93
O Material Usado Para Treinamento .. ..... . . 56 6 - Onde Está o Absoluto? .. ............. . 100
1 - As Armas de Quem Pl'atica . .. . : ... .. . 62 7 - Zen e Karatê .. . . . .. .. . ...... · · . · · · · · · 108
2 - O Seiken . ...... . . . . . .... .. ... . ... . . . G:; 9 - A Par te Teórica .. . .. . ... ... .... . ... . . · 109
3 - As Derivações . ..... . ... . ... . ... . ... . . 65
4 - A 1\1ão ... . . . . .. .. .... . .. .. . . ...... . 66
5 - O Punho . . .. : ...... ..... ...... ... .. . . 68 CAP.fTULO VI
6 - O Cotovelo . . ..... . .. .... .. . .. .. .. :-. . 69
7 - O Antebraço .. ... . . . .... . ....... ~ .. . . 69 A Prática .. .. . . . ... .. ... · . . · · · · · · · · · · · · · · · ll 4
8 - Os Pés . . .. . ...... ... ...... .. ....... . 70 l - Como Praticar . .... ... ... .. . . ........ . 114
9 - O Joelho .. ... ....... ... ..... . . . . . .. . 72 2 ·- O Treinamento Necessár io Para as Armas
Naturais ..... ........... . .. · · . · · · · · · 120
3 - O Treino no H akiwara Pelos Membros
CAPtTULO IV Superiores . . . .... .... . .. .... ··: .. · . · · 123
4 - O Treino Para os Membros I nferiores no
Princípios Que Formam a Base . . . . .. .. . .... . . Sacq de A;:ia . . . ... .. ... . .. . ... . · · . · · 125
'73 5 - Preparo Fmco ..... ... ..... ..... ·: · · · · 128
l - A Energia que Todos nós Possuimos e que 6 - As Mãos Deformadas são uma. Necessidade? 129
Poucos Sabem. Aproveitar .... .... .. . .. . 74 7 - O Equilíbrio .. . .... . ...... . . · · · · · · · · · 130
2 - Reunindo Nossa Força . ........ . ..... . 75 8 - Exercícios de Elasticidade ... .. ... . .. · · · 132
3 - Força de Reação . . .. .... . ... .. ... . ... . 76 9 - Tensão ....... . .. . . ... . . ... . .. . · · · · · 135
4 - A Ação do Abdomem e dos Quadrís .. . . 77 1O - Exercícios com os pés . . ... . . · · : · · · · · · 139
5 - Contração e Descontração .... . .. . .... . . 78 11 - Controle . . . .. .. . ... .. ... · . · · · · · · · · · · 142
6 - A Respiração . . .. . ... . . ..... . .. . ... . . 79 12 - Coordenação . . . .... .. . · · · · · · · · · · · · · · 143
13 - Tornozelos .... .. .. . ... · · · · · · · · · · · · · · 144
7 - Algo Sobre a Respiração . ... ..... .. ... . 80
8 - Algo a Respeito dos Reflexos .. .. . .... . 86 l4 - Tendões . . . . . .. ... . . .. ·. · · · · · · · · · · · · 145
15 - Joelhos ... ...... .......... ... ....... . 146 CAP1TULO IX
I6 - Quadrís ........................... . 147
l7 - Articulando os Artelhos 148 - Os Bloqueios - Uke-vVaza . ... . . .... .. . 178
18 - Para a Bacia .... .. .... : : : : : : : : : : : : : : : 148
19 - Outn;>s Tipos de Flexões .. ..... ...... . 149
21 - P unhos .. ... ......... .. .... .. : . ... . . 150 CAP1TULOX
22 - Tornando Flexível o Pescoço ... ... .... . 150
23 - Para o Tronco .. , ................... . 151
24 - Tornando Flexível os Joelhos ... ...... . 151 (Esquivas) Kawashi ..... ...... . ... ... . . .... . 195
25 - A Flexibilidade dos Braços .... .... .... . 152 l - Os Quadrís .... ...... ... . ... ..... ... . 197
267 - Músculos
. e Résistência . ........ ,, ... · .. . 152 2 - Poupando Energia .. . : ... ... ......... . 197
2 - Pernas ..... ............... .... : .. . . 154 3 - Ainda a Defesa ....................... . 198
28 - A Técnica do Bastão ....... ....... ..... 155 4 - A Decisão no Contra-Ataque ... ...... .. . 199

CAP1TULO VII CAPÍTULO XI

Onde Atingir ............................. . Tsuhi-Waza . ..... ... . .......... . . .. ..... . . 202


156 202
1 - Os Pontos Vitais Frente . 1 - Técnicas de Ataque e Contra-Ataque ... .
156 205
2 - Costas ............... : : : : : : : : : : : : : : : 2 - As Derivações ............. . ......... .
158
2 - Zonas na Competição . : . ....... .. ...... . 159
CAPÍTULO XII
CAPtTULO VÍII
Uchi-Waza . . . .. ... ..... ... .............. . 215
l - Técnica de Golpes Indiretos .......... . 215
Técnicas . . . . .. . . ........ ... ... .. .·..... ... . 160 2 - O Cotovelo e as Técnicas . ............. . 219
l - As Técnicas ••••••••• t •••• • • • :• • • • • • • • • 160
2 - Conselhos • • • • • • • 1 ••• •••••••••••••• 1 •
161
S - Defesas . . . . . . . . . . . . . 164 CAP:tTULO XIII
4 - Posições e Desloca~d~t~~. : : : : : : : : : : : : : : 166
5 - As Posições de Combate . ........ ..... . 169
6 .- .
Os Deslocamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 173 K eri-W·aza ... . .......•....... · · · · · · · · · · · · · 222
7 - Defesa ..
. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. .. 176 l - Ataque e Contra-Ataque .............. . 222
,
CAP1TULO XIV 5 - Lembretes e Conselhos ........ .. ...... - 308
7 - Desconfiemos das Fintas ............. ._. 309
1 - As Projeções e as Competições .. ... ..... . -236 8 - Defesa Pessoal Feminina . . . . . . . . . . . . . . . 309
2 - As T écnicas .. ...... ... .... .... .. ... . '.?37
3 - Barreira .... .. .... .................. 9 - Defesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • 31
'.?38

CAP!TUW XV CAP1TULO XVIll

Renzoku -Waza .. .... .............. ... . . . .. . 242 1 - Os K.atas ..... . . .. .................. . 323
1 - Encadeamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242 2 - Combate. Real .......... ............. . 323
CAP1TULÓ XVI 3 - Exercícios de Estilo .. : ............ '. .. . 325
T écnícas de Base . ................. ... ... .... 4 - História e Diversificações .............•. 326
'.!-18
1 - Kumite ...... ...... .. . . . .... ... .... . 5 - Um Quadro dos K.atas ............... : 3·30
~48
2 - Conselhos . ... ... ........... .. ...... . '.?:H 6 - Conselhos .......................... . 332
3 - Assaltos Livres .... ... ... ..... .. ... .. . 2GS 7 - Convenções 338
4 - O Ippon .. ... ... .... ... . . .......... . 278
5 - Treinando Para Competir ..... . ...... . 28'.?
6 - Conselhos . .. . .. . ... ...... .. ... ... .. . 284 CAP1TULO XIX
7 - Competições e Regras . ."...... ... ..... . 286
8 - Convenções ..... ... ................ . '.!Si l - K.a.tas Básicos ....................... . 340
9 - Proibições . .. .... ... .... . . .. .. ... . . . 289
1O - Pontos Vitais e os Limites Permitidos .. . 291 2 - Taikyoku-no-K.ata ........ .. ...... .. . . 340
11 - A · p · - ......... .. ..... .. ... .. .. .
rOJeçao '.?9.J 3 - Tai.kyoku-shodan .................... . 340
12 - Ferimentos e Insultos .. . . . ... ... .... .. . 294 4 - Ten-no-K.ata ....................... . 345
13 - O J ulgamento .. ... ... ... ........... . ~9-1 5 - Heian-no-K.ata 348
6 - Heian-Shodan 348
7 - Heian-Sandan 356
CAP1TULO XVII
9 - Heian-Yodan 361
1 - A Defesa Pessoal ... . ...... ... .... ... . 1O - Heian-Godan 366
2~17
2 - O Agredido .. .... ... . .. ....... . ... .. . '.\OI! 11 - Katas Avançados ......... : ......... . . 370
3 - O Agressor ...................... ... . ;\OU 12 - Tek.ki-Shodan ........... . • ..... . ... .. 370
4 - A Resposta ..... ... .... .. .... . . ... . . . 301 13 - K.anku-Dai . .... . .................. .. . 375
14 - Bassai . . . . . . . . . . . . . . . . . . .•. . . . . . . . . . . 382
15 - Estilo Goju-Ryu ............ :. . . . . . . . . 388
16 - Sanchin-no-K.ata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
17 - Saípa-no-Kata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392

CAPfTULO XX

l - Preparo Físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ml9

EPfLOOO

Pequeno Dicionário de Termos Técnicos .. , .. . 455


Termos Usados na Arbitragem ............. . 459
Bibliografia ..... . ...... . .. . .. ....... ..... . 461

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