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*Introdução: Uma história da liberdade – João José Reis e Flávio dos Santos Gomes (p.9-15)
- Foram os africanos que constituíram a principal força de trabalho durante os 300 anos de
escravidão.
- Onde houve escravidão houve resistência. Esta resistência se manifestou de diversas formas,
negociavam espaços de autonomia com os senhores, faziam corpo mole no trabalho,
quebravam ferramentas, agrediam senhores e feitores, incendiavam plantações, rebelavam-se
individual ou coletivamente.
- Houve um tipo de resistência que pode ser caracterizado como a mais típica da escravidão,
trata-se da fuga e formação de grupos de escravos fugidos.
- A fuga, entretanto, nem sempre levava a formação desses grupos, os escravos terminavam
procurando se diluir no anonimato da massa escrava e negros livres. O destino destes após a
fuga eram as cidades, onde a população não se estranhava com a circulação de pessoas de
diversas matizes raciais.
- Desde fins dos anos 1950, os estudos sobre rebeldia escrava se popularizaram, paralelamente
à ascensão dos movimentos de esquerda. Clóvis Moura em 59 revisitou os quilombos a partir
de uma perspectiva mais estritamente marxista, num mesmo momento que vários estudiosos
lutavam para combater a concepção da “democracia racial” de Freyre. Enquanto a “escola
paulista” (Floresta, FHC e Octavio Ianni) em seu revisionismo colocou a resistência escrava
em segundo plano, para enfatizar a coisificação do escravo, Clóvis e alguns de seus
posteriores privilegiaram esta resistência.
- Os estudos mais recentes sobre os quilombos, que foram produzidos nos anos 1980 e 1990,
são, em muitos casos, herdeiros das análises culturalistas e marxistas. No entanto, renovaram
a discussão do fenômeno pois desistiram da busca de africanismos e da rigidez do marxismo
tradicional, atualizando o debate a partir de novas perspectivas da historiografia recente.
- A coletânea organizada por João José Reis e Flávio dos Santos Gomes tem como objetivo
apresentar como estão sendo estudados os quilombos no Brasil, apresentando textos de
autores de diferentes “escolas” e visando apresentar um quadro amplo das várias
possibilidades interpretativas.
- O primeiro texto apresentado é o ensaio de Pedro Paulo Funari sobre os primeiros resultados
de sua pesquisa arqueológica na serra da Barriga. A arqueologia se mostra uma perspectiva
nova de abordagem no estudo sobre quilombos no Brasil e pode iluminar questões
impossíveis de serem alcançadas com a documentação convencional. Uma das hipóteses
trabalhadas por Funari é que a presença indígena pode ter sido mais significativa que se supõe
sustentando seu argumento com base no tipo de cerâmica presente em cada localidade.
Hipótese esta que pode ajudar a redimensionar a interpretação africanocêntrica de Palmares.
- O historiador e antropólogo Richard Price, que estudou por muito tempo um povo
quilombola da floresta do Suriname que conseguiu um tratado de paz e vive até hoje com sua
cultura e identidade próprias, se dedicou a imaginar o que Palmares teria se tornado caso
tivesse sobrevivido até nossos dias.