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O Espírito de Deus que Vive em Você

* Dom Cipriano Chagas, O.S.B.

Para você ter uma noção bem clara do lugar que o Espírito Santo ocupa, bem como as
Suas inspirações em sua vida cristã, convém ter uma idéia de conjunto das maravilhas
dessa vida cristã que você é chamado a viver em plenitude.

A vida cristã

A vida cristã é assim chamada porque nos foi trazida por Cristo Jesus; é nossa vida eterna
do céu já inaugurada desde agora, com tudo o que a compõe, a plenitude, com todos os seus
elementos, menos um apenas: ainda não vemos a Deus. Por conseguinte, nosso amor não é
inflamado como será na visão divina; e sempre é possível que pequemos nesta vida.

Isto significa que você agora possui Deus tão real e substancialmente quanto na eternidade.
Quando você tem a graça santificante, você possui Deus tão realmente quanto os bem-
aventurados no céu.

Quando dizemos que Deus é imenso, isto significa que Ele está absolutamente presente em
tudo por sua pessoa, realmente, substancialmente. Não pode fazer as coisas sem as criar, e
está lá onde Ele cria, sem intermediário. Como é o Criador de todas as coisas, está portanto,
em todas as coisas.

Está, porém, muito mais presente, e de outra maneira, na alma humana. Nela já existe um
poder longínquo de conhecer Deus e amá-Lo. Quando, porém, essa alma possui a graça
santificante, que é participação da própria natureza divina, esta lhe permite fazer atos
reservados seus, fá-la capaz de apreender o seu Deus, conhecê-Lo e amá-Lo. Ela pode
fazer, em seu plano de criatura, esse ato soberano de Deus que se compreende, se possui a
Si mesmo, por Seu conhecimento e Seu amor, em Sua vida eterna.

Quando a alma se torna capaz de assim apreender Deus, Ele permanece nela duplamente:
primeiro, por Sua Presença necessária em todo ser criado; e, depois, porque a alma, por seu
pensamento e seu amor, tem o poder de se abrir diante dessa Presença, tornando-se capaz
de receber e hospedar esse Hóspede interior. É o que se chama a habitação de Deus nas
almas dos justos. Deus ali está como em sua casa. A alma, o espírito vivo, abre-se para
receber o Espírito Divino; por seu pensamento e seu amor divinizados, ela tem o poder de
tocar o Espírito Divino, conhecê-Lo, amá-Lo, de entrar em relações com Ele, relações
desiguais por certo, porém íntimas, pois que, de uma parte e de outra, têm que se
compreender e amar.
A vida cristã é, pois, a habitação pessoal de Deus na alma que se abre para dar-lhe
hospitalidade. Isto se realiza pelo poder que faz dos homens filhos de Deus, como diz João
(1,12). Você tem tudo isso se, pela misericórdia de Deus, está em estado de graça. Deus
mora no fundo de seu coração. Quando desejar a Sua presença, é lá que você deve procurar
o Hóspede interior, o Amigo com o qual você pode manter, com certa familiaridade, uma
vida de intimidade.

Sua alma nesse estado é uma espécie de semente de eternidade. Na semente há tudo o que
fará a planta; basta que seja nutrida pela umidade, pelo sol, para que tudo se desenvolva,
sem, porém, que se modifique a sua natureza. A sua alma, com sua capacidade de apreender
Deus, e Deus, germe fecundante no interior dela, formam a semente do céu, da bem-
aventurança. No fundo, o céu e a alma do justo são a mesma coisa; tudo nela está
preparado, mas ainda não é época da colheita. O dom é feito desde o Batismo: na pequena
criança batizada Deus está substancialmente presente, e, pela graça santificante, ela tem a
capacidade de apreendê-Lo.

Assim, no fundo de sua alma existe tudo o que fará a sua bem-aventurança. Deus aí está
substancialmente presente. O Pai aí está, o Filho e o Espírito Santo também; e aí o Pai
engendra seu Verbo; o Verbo, expressão perfeita do Pai, reflete o Pai; e os dois amam-se aí
infinitamente, e desse amor procede o Espírito Santo. A sua alma cristã é, pela fé,
testemunha desse espetáculo tão extraordinário que nela se passa, pelo que deve colocar
você em estado contínuo de adoração.

Deus está lá, mas você tem ainda um caminho a percorrer. De um lado, você já chegou,
porque possui Deus; mas de outro, não O possui ainda para sempre, e não goza do
espetáculo visível de Sua perfeição e de Sua glória: é preciso que você ganhe sua
eternidade definitiva pelos atos da vida cristã. A criancinha que morre logo depois de
batizada é transportada ao lugar da divina visão; você, porém, deve fazer frutificar os dons
que Deus lhe concedeu. Ele os colocou em você para ajudar-lhe a viver em plenitude a vida
nova que Jesus ganhou para você na cruz.

O Espírito Santo na sua vida

Entretanto, Deus não permanece inativo diante dos esforços que você faz para percorrer o
caminho que levará você ao seu destino definitivo. Em primeiro lugar, foi Ele que criou
você e lhe deu a graça com suas virtudes infusas teologais e morais, e os dons do Espírito
Santo. Além disso, dentro de você, Ele conserva, mantém, põe em movimento essa vida que
Ele lhe dá. Não há um só gesto de sua vida espiritual sem que Deus nele esteja.

E é agora que aparece o papel do Espírito Santo. Quando se trata de criar, tudo é comum ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. O Pai quis que, para a obra da salvação, o Filho se
encarnasse e sofresse por nós. Um e outro quiseram, realizada a salvação, que o Espírito
Santo fosse encarregado de continuá-la pela santificação de nossas almas.
O Cristo, sem dúvida, está sempre lá; é a cabeça da Igreja, vivifica você por Seus
Sacramentos, dá-lhe Suas graças atuais, instrui você pela Igreja, envolve você com Sua
ação. Mas, sobretudo, envia-lhe perpetuamente Seu Espírito Santo: "Eu vos enviarei o
Espírito Santo", diz Ele; "ele vos ensinará, vos sugerirá todas as coisas, e será o
consolador de minha partida" (Jo 14, 16.26). É ao Espírito Santo que compete, de um
modo misterioso, o cuidado de sua santificação. Ele é o Senhor do caminho, encarregado,
pelo Pai e pelo Filho, de conduzir você à vida eterna.

Ora, o Espírito Santo tem duas maneiras de conduzir. Como é o Sopro de amor do Pai e do
Filho, age sob a forma de inspirações que tomam dois aspectos. Algumas vezes,
simplesmente, deixa você agir por si mesmo, fazer atos de fé, esperança e caridade, ou
prudência, justiça, força ou temperança; você mesmo coloca esses atos. O Espírito Santo
vela sobre essa ação, você fica sob a impressão desse amor divino, mas conserva a direção,
a conduta de sua vida. Para fazer um ato de oração, por exemplo, você se aplica, faz um
esforço; da mesma forma, para um ato de justiça ou de caridade, você pensa sobre a melhor
maneira de fazê-lo, vigia para não ferir a caridade por suas palavras, age firmemente para
reprimir más impressões. O Espírito Santo não está ausente, pois é a causa primeira que
aplica à ação as suas energias sobrenaturais; você, porém, aguarda a direção. Este é o fundo
de sua vida cristã: o governo sobrenatural, mas pessoal de si mesmo pelas virtudes cristãs.

Isto tem seus inconvenientes: você possui as virtudes de um modo tão imperfeito! Pode cair
tão facilmente em falhas mais ou menos graves, há tantas armadilhas, dificuldades,
tentações a que você não escapa! O Espírito Santo, que tanto fez, dando-lhe as virtudes e
ajudando você a pô-las em prática, não poderia vir em seu socorro mais eficazmente? Se
Ele tomasse a direção, seria mais vantajoso, você estaria assegurado contra falhas! Pois
bem, isto acontece.

Essa segunda intervenção do Espírito Santo lhe é garantida pelos Seus sete dons: dons de
Sabedoria, Inteligência, Conselho, Força, Ciência, Piedade e Temor de Deus. O Espírito
Santo, por inspirações correspondentes a Seus dons, nos aciona, leva você pessoalmente;
você fica em Suas mãos como instrumento, não tem mais o primeiro lugar na direção de
sua conduta: cheio do Espírito, só precisa consentir em Sua obra, o trabalho é mais fácil, as
dificuldades são eliminadas.

Essa é a diferença entre as duas maneiras de trabalhar para a sua salvação. Poder-se-ia
compará-las à navegação de um barco a remo e de um barco a vela. A remo é preciso
trabalhar à força dos braços, dirigir o barco: fica-se no comando. Mas, a vela, se o vento
sopra, se vai mais depressa e cansa-se menos.

No primeiro caso, agir pelas virtudes ativas da fé, esperança e caridade e pelas virtudes
morais infusas de prudência, justiça, força e temperança exige esforços. No segundo,
embora o Espírito não sopre sempre, o Seu sopro lhe é garantido pelo fato mesmo de que,
com a graça santificante, você possui os dons que lhe foram infundidos no Batismo.
Algumas observações importantes

1. Os dons não são as inspirações do Espírito Santo; são as potências que tornam sua
alma impressionável sob a inspiração direta do Espírito Santo; são como que as
velas destinadas a captar o sopro do Espírito. Sua alma não é divinamente
impressionável por natureza; mas, quando ama Deus pela graça, ela se oferece ao
Espírito de Amor, de Ciência, Força, Inteligência...; assim você estende a sua vela
com o recurso ordinário da graça, e o Espírito Santo sopra e conduz sua caminhada.
2. Os dons, com relação às inspirações, assemelham-se aos receptores de rádio, que
permitem receber tudo a distâncias incalculáveis. Alguns fios suspensos captam
essas ondas, centralizam-nas e os pensamentos que atravessam os ares são assim
comunicados. Os dons estão em você como esses fios impressionáveis, capazes de
captar as inspirações do Espírito Santo em benefício de sua alma. E quanto mais sua
alma ama Deus, tanto mais ela é assim impressionável.
3. Os dons do Espírito Santo não são mais importantes que a caridade; não existiriam
na alma se lá já não estivesse a caridade, que é o principal. Na alma que ama Deus,
há esses sete dons; ela pode estender sua vela e seu fio, e o sopro ou a onda aí depõe
as forças que vêm de Deus para conduzi-la.
4. O Espírito Santo é, assim, o Mestre de todo o caminho. Morando no fundo de você
mesmo, é do lado de dentro que Ele impulsiona você, quer deixando-lhe sua
atividade, quer assumindo Ele próprio, a seu pedido, a caminhada. Nas dificuldades,
nas tentações, nas provações, se a sua vela está desfraldada, você passará a tormenta
e chegará do outro lado. Isto não sem sacrifícios, mas você é ajudado a fazê-los;
basta-lhe ser dócil, não deixar de expor a alma às inspirações, e você vencerá mais
eficazmente pelo poder divino das inspirações que guiam você, do que pelo meio
mais comum pelo qual você dirige por si mesmo a caminhada.
5. Não se trata de fenômenos extraordinários, de vias espirituais etéreas: é real e certo
que o Espírito Santo conduzirá a sua caminhada mais alto, pois Ele habita as regiões
elevadas; mas, como a Sabedoria atinge tudo, de um extremo a outro, Ele lhe
facilitará também a repressão de suas más tendências, como a impaciência, o
desencorajamento, a distração nas orações, etc. O Seu poder se estende aos menores
detalhes e às maiores coisas; é o que caracteriza o Espírito infinitamente perfeito.
6. Sob Sua inspiração, você poderá passar em revista todos os atos da vida comum;
apenas o ponto de vista muda. A ação dos dons do Espírito Santo não difere da
atividade das virtudes pela matéria de que se ocupa; mas essa matéria é atingida de
outro modo, pelo sopro do Espírito Santo: em vez de agir por sua própria iniciativa,
você é instrumento e não senhor; e tudo isto constitui uma só vida cristã.
7. A atividade própria do Espírito Santo, segundo Santo Agostinho e São Tomás, é
representada pelas primeiras sete bem-aventuranças de São Mateus (5,3). O governo
do Espírito Santo teria por finalidade suscitar em você a pobreza, a mansidão, etc.
Cada bem-aventurança se liga, assim, a um dom. O Espírito se contenta com
inspirar os pontos principais. Para a pobreza de espírito, por exemplo, em vez de
trabalhar em detalhe contra os maus desejos, o Espírito Santo lhe dá o espírito de
despojamento, e tudo se torna puro pelo Espírito do alto e essa área de sua vida é
posta em ordem. Um Sopro se apodera de você e produz de uma só vez os efeitos de
todo um trabalho longo e paciente.
Reflita nessas coisas que podem trazer-lhe uma ajuda para a sua vida sobrenatural, um
impulso para a perfeição, se você tiver a disposição de cultivar esse tipo de operação do
Espírito Santo. Recolha, com reconhecimento e docilidade, os seus pensamentos nesse
Espírito Divino que está em você, e gozará dos Seus benefícios.

* Dom Cipriano Chagas, O.S.B., é monge beneditino, um dos pioneiros da Renovação Carismática no Brasil, escritor e pregador.

Fundador da Comunidade Emanuel.

Texto extraído da Revista "Jesus vive e é o Senhor" – Comunidade Emanuel

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