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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes, nos termos da Lei.
SUMÁRIO
V - BIBLIOGRAFIA__________________________________________ _42
Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das Ciências Sociais
em diversas disciplinas, para facilitar a sistematização do estudo e das pesquisas. Essa divisão
abrange as seguintes disciplinas:
Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas. Embora cada uma se ocupe
preferencialmente de um aspecto da realidade social, elas completam umas às outras e atuam
frequentemente juntas para explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.
portanto, um papel fundamental num mundo de mudanças e agitações sociais. Elas nos
permitam entender melhor a sociedade em que vivemos e compreender os fatos e processos
sociais que nos rodeiam.
na cidade onde reinava o pecado. Propunha então normas para se viver numa cidade humana
de uma perspectiva religiosa muito acentuada.
Mais tarde, outras obras importantes, fruto da reflexão sobre a sociedade, deram grande
contribuição ao desenvolvimento das Ciências Sociais. Entre elas, destacam-se O elogio
da loucura, de Erasmo de Roterdã, e O Leviatã, de Tomás Hobbes.
Já no século XVIII, um avanço importante para a análise mais realista da sociedade foi a
contribuição de Giambattista Vico, com sua obra A nova ciência. Nela, Vico afirma que a
sociedade se subordina a leis definidas, que podem ser descobertas pelo estudo e pela
observação objetiva. Sua formulação “O mundo social é, com toda certeza, obra do homem” foi
um conceito totalmente revolucionário para a época. Alguns anos depois, Jean-Jacques
Rosseau reconheceu a decisiva influência da sociedade sobre o indivíduo: em O contrato
social ele afirma que “o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe”.
Contudo, foi no século XIX – com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gabriel Tarde e,
principalmente Élime Durkheim, Max Weber e Karl Marx - que a investigação dos fenômenos
sociais ganhou um caráter verdadeiramente científico.
Augusto Comte (1798 – 1857) é tradicionalmente considerado o pai da Sociologia. Foi ele
quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva. Mas
foi com Émile Durkheim (1858 – 1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência
e como tal se desenvolveu.
Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa
situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca
e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada.
Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo
indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma
provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o
costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São
fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de
outros fenômenos do mesmo tipo.
Para Durkheim, os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social.
Embora existam na mente do indivíduo, são exteriores a ele e exercem sobre ele um poder
coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes
características:
Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados
objetivamente, como “coisas”. Como a Biologia e a Física estudam os fatos da natureza, a
Como ciência, a Sociologia tem um duplo valor: pode aumentar o conhecimento que o
homem tem de si mesmo e da sua sociedade e pode contribuir para a solução de problemas
que ele enfrenta. É por isso que encontramos formas de existência, crenças e pensamento tão
diversas. Porque elas não são apenas consequências de uma estrutura genética da espécie,
mas da criação de formas de ação e recreação decorrentes da experiência particular
vivenciada por um grupo de homens.
Uma vez que cada cultura tem suas próprias raízes, seus próprios significados e
características, todas elas são qualitativamente comparáveis. Enquanto culturas, todas são
igualmente simbólicas, fruto da capacidade criadora do homem e adaptadas a uma vida
comum em determinado espaço e tempo nesse contínuo recriar, compartilhar e transmitir a
experiência vivida e aprendida.
Desde o século XIX, quando a sociologia foi criada ou reconhecida como campo de
conhecimento explorável pelo procedimento científico, até a atualidade, inúmeros estudos se
desenvolveram. Como nas demais ciências, estabeleceu-se uma comunicação permanente
entre pesquisadores, permitindo um acúmulo de princípios e informações de modo a submeter
as teorias a comprovação, questionamento, revisão.
Criou-se também um jargão científico, isto é, um vocabulário próprio com conceitos que
designam aspectos precisos da vida social. De tal forma se alastram os resultados das
pesquisas sociológicas que, hoje, boa parte desse vocabulário faz parte da vida cotidiana.
Palavras e expressões como contexto social, movimentos sociais, classes, estratos, camadas,
conflito social, são usadas no dia-a-dia das pessoas e profusamente veiculadas pelos meios de
comunicação de massa.
E, quando se diz, após algum tempo, que a popularidade desse governante cresceu
10%, sabemos que nova pesquisa foi feita nos mesmos moldes da anterior e, de cada 100
cidadãos, agora são 70 que se mostram favoráveis à atuação governamental.
Esse simples raciocínio, utilizado não só nas pesquisas de caráter político, mas em
quaisquer outras que pretendem verificar a adesão das pessoas a certas ideias – ou a
frequência a espetáculos, ou o número de espectadores de um programa de televisão -,
decorre da aceitação generalizada dos conhecimentos básicos da sociologia.
Isso ocorre porque foi possível constatar e verificar uma regularidade nos fatos sociais.
Essa regularidade responde às leis da vida social e essas leis científicas são passíveis de
serem observadas e aprendidas. Disso resulta que é também possível prever (o que é diferente
de adivinhar) com certa margem de acerto os possíveis eventos futuros de uma determinada
sociedade. Abre-se, então, a possibilidade de se poder intervir conscientemente nos
processos, tanto para reforçá-los como para negá-los, dependendo dos interesses em jogo.
Queremos deixar claro que o leitor de uma pesquisa de opinião, mesmo desconhecendo
a sua metodologia, sabe que existem meios mais ou menos eficazes de se desvendar o
comportamento, o gosto e a opinião de uma população pela investigação de uma amostra, isto
é, de uma parte escolhida dessa população. O leitor intui a existência de uma regularidade
nesses comportamentos e opiniões; reconhece que, por trás da diversidade entre as pessoas,
existe certa padronização nas suas formas de agir e pensar, de acordo com o sexo, a idade, a
nacionalidade etc.
Assim como o leitor, o ouvinte e o espectador de televisão sabem que existem técnicas
relativamente eficazes para entender o comportamento social, profissionais das mais diversas
áreas também não ignoram a utilidade da sociologia.
Não se constroem mais prédios ou casas sem levar em consideração o comprador, suas
condições, valores, ideias, tudo aquilo que o faz optar por uma ou outra moradia. Pode ser o
lugar, o aspecto, o preço ou, muito frequentemente, a soma de tudo isso.
Quando um fabricante quer lançar um novo tipo de margarina, por exemplo, efetua uma
série de pesquisas para determinar qual é o comprador típico de margarina e o que é mais
importante para ele. Procura averiguar como competir com os produtos assemelhados já
existentes. Inúmeros fatores podem levar o consumidor a uma escolha entre produtos
equivalentes: o preço, a qualidade, a embalagem, entre outros.
Resumindo, não se “atira no escuro”. A sociedade tem características que precisam ser
conhecidas para que aqueles que nela atuam tenham sucesso. Não existe, portanto, nenhum
setor da vida onde os conhecimentos sociológicos não sejam de ampla utilidade. E essa
certeza perpassa hoje toda a linguagem dos meios de comunicação e toda a atuação
profissional das pessoas. É por isso que a sociologia faz parte dos programas universitários
que preparam os mais diversos profissionais – de dentistas a engenheiros – e por isso também
Daí decorre a afirmação, hoje quase unânime, de que a sociologia é uma ciência que se
define não por seu objeto de estudo, mas por sua abordagem, isto é, pela forma como
pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais.
O capitalismo vive hoje, pós século XX, uma profunda reestruturação que está exigindo
dos cidadãos, dos governos e das nações uma revisão completa não só de conceitos como
de mecanismos de funcionamento da sociedade. Uma análise de todos os aspectos que a
compõem, como o sistema produtivo, as relações de trabalho, o exercício do poder político,
o papel do cidadão, da ciência e da tecnologia, os direitos e deveres de cada setor social ou
classe, os problemas sociais referentes a essas mudanças e assim por diante.
Desde a colonização, a cultura europeia que aqui se estabeleceu foi introduzida pelas
ordens religiosas, em particular os jesuítas, que exerceram durante três séculos o monopólio
sobre a educação, o pensamento culto e a produção artística que aqui se desenvolveram.
Imbuídos do espírito de catequese contra reformista, os jesuítas trouxeram uma filosofia
universalista e escolástica (filosofia fundamentada em Aristóteles e São Tomás de Aquino,
seguida oficialmente pela Igreja Católica). Promoveram o Tupi à condição de “língua geral”,
popular, ao trabalho indígena que, combinado com o ensino religioso, aniquilou aos poucos a
cultura nativa. Assim, a cultura religiosa foi um importante instrumento de colonização.
Em Karl Marx e Friedrich Engels não há uma reflexão sistematizada sobre a educação.
A partir de seu pensamento sobre as sociedades de seu tempo pode-se inferir uma análise das
questões educacionais, que tem como centro a relação da educação com a produção. É por
isso que o foco analítico educação/trabalho é o ponto de partida para qualquer análise baseada
nesses autores.
A ideia de uma educação politécnica tem por base combinar a instrução escolar com o
trabalho produtivo, pois eles acreditavam que essa relação constituiria um dos mais poderosos
meios de transformação social. Esta educação aliava três fatores:
A preocupação de Émile Durkheim foi com a ordem social. Afirma ele que a raiz de
todos os males da sociedade de seu tempo era uma certa fragilidade da moral contemporânea.
Procurando resolver isso, propunha a formulação de novas ideias morais capazes de guiar a
conduta dos indivíduos, aos quais a ciência, através de suas investigações, poderia indicar os
caminhos e as soluções, pois os valores morais constituíam um dos elementos mais eficazes
para neutralizar as crises econômicas e políticas. A partir desses valores poderiam se criar
relações estáveis entre os homens.
O elemento fundamental para Durkheim é a integração social, que aparece na sua obra
através do conceito de solidariedade, que permite a articulação funcional de todos os
elementos da realidade social.
Para Max Weber o indivíduo devia ser o núcleo central de análise, porque ele é o único
que pode definir intenções e finalidades para seus atos. Desse modo, o ponto de partida da
Sociologia é a compreensão da ação dos indivíduos, atuando e vivenciando situações sociais
com determinadas motivações e intenções.
Mannheim definia a educação escolarizada como uma técnica social, isto é, uma arma
nas mãos de quem domina e que pode ser usada para a manutenção ou para a transformação
de uma sociedade, destacando que, mesmo transformadora num primeiro momento, a
educação tende a ser mantenedora da nova situação criada por um processo revolucionário.
Quem domina não deseja que a situação se altere total e indefinidamente.
Karl Mannheim, junto com outros autores, formula uma concepção de educação que
pode ser um elemento de transformação da realidade social. Essa ideia, que se
desenvolveu a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, permaneceu vigente nos anos
seguintes, vinculada sempre ao processo de crescimento econômico que se estendeu
até o final dos anos 60. Nesse período o seu enfoque dirigiu-se para a descrição e a
interpretação de uma realidade educacional em crescimento acelerado, no contexto da
realidade social e econômica em expansão na qual vivia.
A nova classe social necessitava de um saber mais pragmático, menos vinculado a uma
estrutura social herdada da colonização, capaz de transformar a antiga colônia numa nação
capitalista. Além do combate às oligarquias agrárias era necessário instituir e emancipar as
camadas populares, de maneira a desenvolver necessidades e atitudes políticas, além de
novas alianças ideológicas. Os interesses que emergiam deveriam estar expressos na cultura
de época.
A Primeira Guerra Mundial e a crise que sucedeu fizeram crescer o poder econômico e
político da burguesia nacional. Foi a aurora do nacionalismo. Grandes jornais brasileiros, como
O Estado de São Paulo e o Diário Nacional, eram porta-vozes dessa classe que procurava
modernizar o país e reunir as diferentes regiões sob um ideário comum. Esse sentimento se
manifestava primeiramente na forma de ideias apenas protecionistas, que propunham defender
o produto nacional com taxas alfandegárias que protegessem a indústria brasileira. Só
posteriormente, sob impacto do crescente interesse do capital estrangeiro em investir no país,
o nacionalismo vai se revestir também de ideias que defendiam medidas mais radicais.
São dessa época, das primeiras décadas do século XX, o movimento modernista, nas
artes e na literatura, e a fundação do Partido Comunista. Além disso, é necessário mencionar o
movimento tenentista e a Coluna Prestes, que, apesar de suas grandes diferenças, lutavam
pela moralização e pela modernização do sistema político brasileiro, propondo o fim da política
do café-com-leite e de seus vícios eleitoreiros. Essas ideias encontraram ampla repercussão
nas camadas médias da população.
Embora possamos dizer que, desde o final do século XIX, existiu no Brasil uma forma de
pensamento sociológico, desenvolvida por Euclides da Cunha, entre outros, a sociologia, tal
como é abordada nesse estudo, como atividade autônoma voltada para o conhecimento
sistemático e metódico da sociedade, só irrompe no século XX, na década de 30, com a
fundação da Universidade de São Paulo e o consequente incremento da produção científica.
Esse salto só acontece na década de 30, porque foi nessa época que o mundo liberal entrou
em crise profunda e as relações econômicas mostraram suas contradições mais agudas. A
repercussão mundial da crise norte-americana de 1929 tornou impossível manter o ufanismo e
o otimismo que imperavam na Europa e no Brasil desde a segunda Revolução Industrial,
sustentado pela crença absoluta no poder do progresso como caminho natural das sociedades.
Inúmeros professores foram convidados a vir do exterior para formar profissionais das
ciências sociais. Para a Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo vieram Donald
Sem ter medo de errar, podemos dizer que a Sociologia no Brasil aparece na forma de
Sociologia da Educação. As primeiras tentativas de se introduzir a Sociologia no sistema
escolar brasileiro aconteceram com a sua inserção nos currículos dos cursos secundários, com
forte orientação positivista, isto é, buscando uma análise objetiva para a compreensão da
realidade, tendo por padrão o pensamento durkheimiano sobre a educação.
Antes de 1920 já haviam sido tomadas algumas iniciativas para a introdução da
Sociologia, na forma de Sociologia da Educação ou associada à Moral, nos cursos
secundários, na melhor tradição positivista. Mas é durante os anos 20 (1925 – 1928) que a
Sociologia passa a integrar os currículos da 6ª série ginasial, para em seguida, ser introduzida
nos cursos secundários, como no Colégio Pedro II e nas Escolas Normais do Recife e do Rio
de Janeiro.
Os anos 30 são mais promissores: em 1931 a reforma de Francisco Campos mantém a
Sociologia no secundário. Em 1933/35 ela adentra o ensino superior, primeiro na escola Livre
de Sociologia e Política de São Paulo, depois na Universidade de São Paulo (Faculdade de
Educação e Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), e em seguida, na Universidade do
Distrito Federal (Rio de Janeiro). Desse modo, a Sociologia se desenvolve a partir de sua
aplicação na área educacional, como na França, pois se acreditava que ela tinha a
possibilidade, junto com outras disciplinas, de definir rumos renovadores para a educação
nacional, principalmente através da formação de professores com novos conhecimentos e uma
nova moral.
Fernando Azevedo (1894 – 1974) foi a expressão máxima desse período.
Em 1935, publica o livro Princípios da sociologia, com a finalidade de colocar nas mãos
de professores e alunos uma obra básica de Sociologia. A influência de Émile Durkheim é
muito clara, pois na sua formulação defende a ideia de que a Sociologia é a ciência da
sociedade. Em 1939, foi publicado no Brasil o livro de Émile Durkheim Educação e sociologia,
com tradução de Lourenço Filho, outro estudioso e divulgador da Sociologia no Brasil. Em
1940, Fernando Azevedo publica o livro Sociologia educacional, que tinha como subtítulo:
Introdução ao estudo dos fenômenos educacionais e de suas relações com outros
fenômenos sociais. De origem fundamentalmente durkheimiana, esse livro influenciou a
maioria dos professores e educadores nas décadas seguintes, não só no Brasil, mas também
em toda a América Latina, na medida em que foi traduzido para o espanhol ainda nos anos 40.
Antônio Candido, como primeiro assistente da cadeira de Sociologia II, sob a orientação
de Fernando de Azevedo, foi quem continuou esse trabalho, ministrando cursos sobre
Em meados dos anos 60, no interior da Universidade de São Paulo, surgem dois
autores envolvidos mais especificamente com a questão educacional analisada do ponto de
vista sociológico: Luiz Pereira e Marialice M. Foracchi. A intenção deles será situar as
diferentes tendências do pensamento sociológico, possibilitando uma maior elucidação do
tema. Essa preocupação leva-os a organizar a coletânea Educação e sociedade, que desde
1963, vem sendo uma referência para os estudos sociológicos sobre a educação.
Enfim, como todas essas reflexões indicam, a questão educacional foi recolocada na
ordem do dia. A Sociologia da Educação, com essa diversidade de alternativas, desenvolveu-
se em diferentes tendências e permitiu uma produção significativa, localizada não só nas
Universidades de São Paulo e do Rio Grande do Sul, principalmente. Vários grupos de
pedagogos e sociólogos vêm analisando a realidade educacional brasileira a partir das mais
diversas linhas teóricas, com preponderância daquelas de orientação marxista, destacando
mais frequentemente as temáticas ligadas à relação entre educação, trabalho e cidadania.
reproduzir-se por períodos extremamente longos; o trabalho não constituía uma esfera
separada, existia inferioridade social e dependência.
Por fim, a sociedade moderna que contou com uma força destrutiva para seu progresso
foi a invenção das armas de fogo, ou seja, estavam sendo destruídas as formas pré-modernas,
elementos fundamentais do capitalismo passaram a existir porque contaram com a economia
militar e de armamento.
Para ganhar dinheiro as pessoas passaram a vender sua força de trabalho. Rompidas
as relações naturais com base em laços de sangue em que a nobreza e a servidão eram
passadas de pai para filho, na modernidade capitalista as relações passam a ser sociais.
Inaugura a existência da crítica social: uma imanente ao sistema, e outra categorial. O
capitalismo sem limites tinha como objetivo a transformação do dinheiro em dinheiro; o dinheiro
é a encarnação do trabalho, ou melhor, o fundamento do sistema capitalista reside na
produção do valor, a valorização do dinheiro.
Logo, o capitalismo com limites reduzia o tempo de trabalho ou continuava com o tempo
de trabalho como medida de produção; desviava a aplicação do capital; surgia um novo
caminho, mercado financeiro; uma grande parte não conseguia mais existir dentro das formas
sociais capitalistas. Podemos lembrar que a crise se manifesta nos próprios países núcleo-
capitalistas.
O homem moderno simplesmente não consegue imaginar uma vida além do trabalho. O
homem adaptado ao trabalho, ou seja, a um padrão; está fazendo com que a qualidade
específica do trabalho perca-se e torne-se indiferente.
De acordo com Enguita (1989), era preciso inventar algo melhor e inventou-se e
reinventou-se a escola; criaram escolas onde não havia, reformaram-se as existentes e nelas
introduziu-se a força toda a população infantil. A instituição e o processo escolar foram
reorganizados de forma tal que as salas de aula se converteram no lugar apropriado para se
acostumar às relações sociais do processo de produção capitalista, no espaço institucional
adequado para preparar as crianças e os jovens para o trabalho.
IV - EDUCAÇÃO E TRABALHO
Para Gramsci, era fundamental unificar o mundo do trabalho com o mundo cultural, a
escola produtiva com a formação científica e humanista, a escola profissionalizante com a de
estudos literários e humanistas, que não tinha nenhum interesse direto para a produção. Isso
era importante, à medida que, a partir dos Conselhos de Fábrica, o trabalhador ia sendo
educado para que pudesse dirigir coletivamente as fábricas em que trabalhava, o que
pressupunha a ideia de uma sociedade socialista, mais justa e mais igualitária, além da
ampliação da dimensão humana do indivíduo.
Já no final do século XIX houve, por parte de alguns industriais brasileiros, o interesse
em treinar a força de trabalho, mesmo correndo o “risco” de que trabalhadores alfabetizados e
com um pouco mais de informação pudessem fazer maiores reivindicações.
No Brasil, como veremos mais adiante, as escolas técnicas serviram a esse propósito:
introduzir as crianças, desde a mais tenra idade, no mundo do trabalho, principalmente os
filhos de trabalhadores.
Em, 1942, além do ensino oficial, institui-se outro tipo de ensino profissional: o
empresarial. É criado o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), organizado e
mantido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e, em 1946, o Senac (Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial). Esses sistemas privados tiveram um êxito muito
grande, mesmo porque os alunos recebiam uma ajuda de custo para estudar, o que era um
chamariz para as classes populares.
É bom lembrar que esse sistema particular, financiado pelos empresários, no final das
contas era, e continua sendo, pago pelos trabalhadores em geral, porque o custo de sua
manutenção é integralmente repassado aos preços dos produtos. Assim, quando os
trabalhadores compram um produto, indiretamente estão financiando o custo desse ensino
profissional, que, à primeira vista, aparece como doação dos empresários.
2º grau. O projeto básico a partir de então era que o ensino médio atendesse às massas,
devendo ter características mais práticas, permitindo a profissionalização dos jovens,
complemento necessário à política econômica vigente, que necessitava de força de trabalho
nova, com mais qualificação, mas mesmo assim muito barata. O ensino superior ficava
reservado a uma minoria de jovens que conseguia chegar a esse nível.
A proposta de Lei 5.692/71, complementada pelo Parecer 45,72, que relacionou 130
habilitações técnicas que formariam o leque de cursos profissionalizantes (mais tarde esse
número elevou-se para 158), não chegou a se estruturar efetivamente nesses termos. As
escolas particulares, através de vários expedientes, legais ou não, continuaram ministrando o
colégio propedêutico que propiciava o acesso ao nível superior, anseio de parte de sua
clientela mais antiga. A escola pública, que não podia fugir da legislação, ficou totalmente
descaracterizada, pois não havia condições físicas, humanas e financeiras para se ministrarem
cursos da natureza pretendida.
Com essa preocupação, o que ocorreu foi que o ensino propedêutico público foi todo ele
desestruturado. Mais ainda, as escolas Normais, que, bem ou mal, formavam os professores
para o 1º grau, foram transformadas, dentro da nova configuração, em “Habilitações
Magistério”, para onde iam os alunos que não conseguiam vagas nas outras habilitações,
ocupadas por aqueles que possuíam melhores condições de se preparar para o nível superior.
Posteriormente, em 1982, desvencilhasse da “profissionalização” obrigatória. Mas os cursos
colegiais já estavam completamente descaracterizados, não sendo mais propedêutico e
tampouco profissionalizantes, tendo o seu nível de qualidade muito rebaixado.
para depois treiná-los para os seus interesses específicos. Dessa forma, as possibilidades de
escolha para os empresários seriam muito mais amplas.
Hoje está havendo, novamente, uma grande preocupação por parte de alguns
empresários por uma escola pública de qualidade, pois necessitam que os trabalhadores
tenham, pelo menos, um conhecimento básico que lhes permita desenvolver as tarefas
mínimas, nas diversas empresas. Surge daí a preocupação com um ensino fundamental de
qualidade, mas vinculado àquela visão de Henry Ford, isto é, que procure tornar o operário
mais produtivo e não se preocupe com a formação ampla e integral do trabalhador, conforme
defendia Antonio Gramsci.
O TRABALHO DOCENTE
da importância de sua função e de sua valorização pelo conjunto da sociedade, de tal modo
que se podem hierarquizar as profissões.
A outra possibilidade de análise do trabalho docente tem por inspiração Max Weber.
Dentro dessa corrente, também inscrita nos marcos de uma teoria das profissões, os analistas
se preocuparam em enfocar a questão a partir do crescente processo de racionalização e
burocratização existente nas sociedades modernas. Nesse sentido, o professor é visto como
um elemento que participa de uma estrutura burocrática e hierarquizada, ocupando quase
sempre uma posição subordinada. Mesmo assim, possui um espaço de autonomia, com certo
monopólio de “um saber” que lhe dá alguns privilégios e poder, a partir do que cada sociedade
define como importante. O professor tem, dessa maneira, uma espécie de valor, na medida em
que ele é fundamental para a transmissão dos valores culturais e normativos mais importantes
daquela sociedade. Ele não é um membro da classe dominante, mas também não é um
trabalhador manual. Tem um status específico e legitimidade própria, dada por essa autonomia
e porque o seu trabalho exige conhecimentos científicos, e não apenas conhecimentos do
senso comum.
A crítica que se faz a esse enfoque é que, apesar de analisar historicamente a profissão
de professor, não leva em conta a questão mais ampla, tanto do ponto de vista ideológico ou
político, na formação dos docentes, quanto do ponto de vista de sua prática concreta como
intelectuais que elaboram teorias e explicações partindo sempre de sua condição de classe, de
raça ou de sexo. A possibilidade de esses profissionais tenderem a uma posição
transformadora no interior da escola, ou no contexto da sociedade mais ampla, não tem espaço
nessa vertente analítica.
A terceira tendência de análise, que tem por base a teoria de Karl Marx, é a da
“proletarização” do trabalho docente. Diversos autores, procurando reconceituar a ideia
marxista de classes sociais, e tendo em vista a crescente importância da ciência, da tecnologia
e da educação no mundo contemporâneo, desenvolvem algumas reflexões que podem ser
assim resumidas:
A crítica que se pode fazer a essa interpretação é que ela força a analise no sentido de
comparar o trabalho docente com o do operário, passando por cima das especificidades
que caracterizam a educação como um campo de trabalho diferente do da indústria e da
fábrica. O professorado caracteriza-se por nuances que o colocam definitivamente como
categoria diversa da dos operários, tornando muito difícil a comparação de sua situação
com a espoliação que sofrem os outros trabalhadores.
Todas essas análises, apresentadas de uma forma mais clara pelos funcionalistas, mas
também por outras vertentes, veem o professorado de um modo um tanto unilateral e
torno do ato educativo em si. Definem a atuação da categoria como de cientistas que
trabalham em determinada área: a educação. Para isso, procuram estar sempre
atualizados em relação às mais recentes discussões pedagógicas, propondo a aplicação
das novas metodologias nos lugares onde trabalham. São aqueles que têm uma
explicação teórica e científica para todas as coisas que acontecem no ambiente escolar.
e) Filantropos. Os que podem ser enquadrados neste padrão são aqueles que fazem o
que poderíamos chamar de “filantropia pedagógica”: estão nas escolas para ajudar os
outros, principalmente os mais carentes, e, além do mais, não necessitam do dinheiro do
salário que recebem para a sua sobrevivência. Como possuem tempo livre, escolheram o
trabalho docente como um hobby, incluindo aí também um trabalho de “assistência
social” em horas vagas.
Essa classificação não é rígida, como qualquer professor pode constatar no cotidiano de
sua escola e mesmo nos movimentos reivindicatórios. Essas posições apenas indicam de
modo genérico a composição dos diversos segmentos da categoria docente. Ademais,
poderia-se dizer que, politicamente, os “tecnicistas”, os “indiferentes” e os “filantropos” são
normalmente conservadores, pois não estão muito preocupados com as mudanças de que a
escola e a educação necessitam para se tornarem melhores e terem mais qualidade.
Já está claro que o trabalho intelectual como um todo é muito importante para o
desenvolvimento e a acumulação do capital, principalmente o desenvolvido pelos cientistas,
que a todo momento estão alterando os processos de produção.
E onde é que o trabalho docente se insere? Acreditamos que ele se insira numa posição
intermediária, entre os outros trabalhadores. Ou seja, os professores estão sempre submetidos
Cada dia mais as secretarias de Educação dos municípios e dos estados, no caso das
escolas públicas, estão decidindo currículos, programas e conteúdos que devem ser
Como executores por excelência, os professores devem fazer frente a essas tendências,
na medida em que pouco a pouco podem estar perdendo aquilo que mais os identifica: a
possibilidade de darem um tom, uma cor particular ao ensino ministrado. Nas escolas em que
todo o material é produzido pela própria instituição isso se torna cada dia mais difícil. Ou seja,
há uma tendência tanto para a homogeneização de conhecimentos como na forma de
transmiti-los.
Não vamos pensar que todos os professores se rebelam contra isso. Muitos preferem
que seja assim, pois significa menos trabalho para eles. Eles só precisam obedecer e repetir. O
professor muitas vezes é conivente e compactua com essa situação, assumindo a lógica do
menor salário com menos trabalho, deixando que a decisão fique a cargo de outros.
Texto Complementar:
grande inovação é dada pela perspectiva de como as novas temáticas são tratadas sob
enfoques de gênero, diversidade cultural, classe, etnicidade, religião, nacionalidade, justiça
social, subjetividade, segregação social, inclusão e exclusão social e, fundamentalmente, o
tema da cidadania. O multi e o interculturalíssimo surgem no rastro destas discussões, assim
como na discussão sobre esfera pública, responsabilidade/compromisso social etc. Neste
sentido, as abordagens sistematizadas na primeira parte deste artigo, especialmente as de
Habermas, Honneth, François Dubet, Alain Touraine, Edgar Morin, C. Taylor, P. MacLaren e
Stuart Hall são os pilares de sustentação teórica dos novos temas.
A sociologia da educação ampliou o campo de ação para além da temática da educação como
sinônimo de preparação para o mundo do trabalho. O tema “cidadania” ganhou centralidade,
recolocando a discussão da formação dos indivíduos para a vida e questionando a formação
centrada na perspectiva de atender demandas do mercado. O reconhecimento social passou a
ser um eixo das políticas educacionais e políticas e ações afirmativas passaram a ser
adotadas, assim como analisadas e avaliadas. A nova sociologia da educação também tem
lançado olhares para propostas alternativas de formação no ensino superior, construídas,
menos segundo novidades pedagógicas, e mais centradas na especificidade dos sujeitos
atendidos em suas demandas, reivindicações e pertencimentos.
Entre alguns dos sujeitos sociais que têm tido centralidade na nova abordagem na
sociologia da educação destacam-se os jovens, especialmente, os excluídos
socioeconomicamente. A categoria jovem refere-se a indivíduos que vivenciam processos
específicos de socialização dentro de uma dada faixa etária.
Muitas vezes ela é citada via uma de suas representações, a juventude, categoria
relacional que posiciona os indivíduos como pertencentes a uma dada faixa etária, embora ele
possa ter até mais idade do que esta faixa compreende. Mas ele teria atributos daquela faixa.
Os jovens são vistos como dotados de certas características que geram ações e produzem
impactos; são, portanto, atores coletivos que desempenham papéis específicos na sociedade
(cf. WEISHEIMER, 2009). Sposito constrói outras dimensões para a categoria jovem, tais como
condição juvenil e situação juvenil. Estas categorias referem-se ao modo como a sociedade
constitui e atribui significados à juventude em determinadas estruturas sociais, históricas e
culturais, dentro de escalas e hierarquias sociais (cf. SPOSITO, 2003). Antônio Carlos da Costa
(2002) sistematizou, num quadro panorâmico instigante, as imagens que a sociedade tem
criado como representação sobre os jovens. Estes jovens, como participantes de coletivos
organizados em movimentos sociais, podem ser estudados sob vários papéis sociais, tais como
enquanto estudantes, ou produtores de arte, nas galeras, nos blogs e redes sociais etc. Estas
práticas e comportamentos levam a outra temática, relevante na nova sociologia da educação,
que são os movimentos sociais.
Movimentos, não apenas dos jovens, mas de todas as faixas etárias, relativos a seus
pertencimentos e identidades de sexo, etnia, classe, grupo cultural ou religioso; em suma,
movimentos de direitos e demandas de bens e serviços.
Como tem sido tratada e qual o escopo temático da sociologia da educação no Brasil?
Visando trazer a discussão apresentada até agora para o contexto brasileiro, concluiremos este
artigo com informações breves sobre momentos deste cenário. Considera-se que a primeira
obra sobre sociologia de educação no Brasil foi a de Fernando de Azevedo, um dos
introdutores do pensamento de E. Durkheim no País. Após redigir, em 1932, o Manifesto dos
pioneiros da educação, em trabalho com um coletivo de educadores, considerado, em 1933,
um dos movimentos sociais pioneiros na área da educação, F. Azevedo introduziu a disciplina
Sociologia da Educação no currículo das escolas normais do estado de São Paulo. Ele era
diretor-geral da Instrução Pública de São Paulo. Os fatos sociais e as instituições educacionais
deveriam ser, na visão de F. Azevedo, o foco central da sociologia da educação. Ele propunha
o estudo sistemático da “questão educacional brasileira”. A seguir, Azevedo publicou três obras
importantes – Cultura brasileira, Princípios de sociologia e A educação pública em São Paulo.
Somando ao seu currículo de gestor público, após ter participado de reformas educacionais
nos sistemas de ensino vigente, Fernando de Azevedo produziu Sociologia Educacional, em
1940. Com este livro deu continuidade ao trabalho de dotar os professores e alunos de obras
básicas de Sociologia. Lourenço Filho, outro gestor/reformador e signatário do Manifesto dos
pioneiros da educação, também publicou, em 1940, Tendências da educação brasileira,
contribuindo para enfatizar a necessária relação entre educação e sociedade. Destaque-se
que, ainda nos anos 1930, “um educador considerado marxista como Paschoal Leme publicou
um trabalho sobre o ensino dos adultos e organizou um cursos para operários no Distrito
Federal” (PILETTI; PRAXADES, 2010, p. 165). Caio Prado Jr., Antonio Candido e Roberto
Schwartz também contribuíram para a construção do pensamento social crítico brasileiro entre
1940-1960, referenciando-se ao papel da educação sob uma perspectiva materialista.
Entretanto, foi Florestan Fernandes que, nos anos 1960, produzirá a obra até então mais
completa no campo da sociologia da educação: Educação e sociedade no Brasil (1966). Como
se sabe, Fernandes situa-se entre os principais representantes do legado marxista na análise
do sistema educacional brasileiro.
Desde a década de 1950 ele enfatizou a educação como um fator decisivo para o
desenvolvimento social e econômico de uma nação, teceu críticas profundas ao sistema de
ensino no país, com qualidade diferenciada segundo as classes e camadas sociais que atende.
Ao final da década de 1980, Florestan retoma a temática dos processos educacionais,
analisando sua relação com a ciência e a tecnologia, visando a um saber crítico para a
transformação da sociedade (cf. FERNANDES, 1989).
A contribuição de Florestan, nos anos 1960, foi seguida por Marialice Foracchi e Luís
Pereira, ambos da Universidade de São Paulo. Nos anos 1970, Foracchi trabalha o mesmo
tema em obra com José de Souza Martins (1977). Otaísa Romanelli (1988) também contribuiu,
na mesma linha de pesquisa, nos anos 1970, assim como Bárbara Freitag (1979) e Maria
Aparecida J. Gouveia (1971). Em resumo, vários autores deram grandes contribuições ao
fazerem resgates históricos, tanto sob a perspectiva da educação (PILETTI, 1991; GADOTTI,
1983; RIBEIRO, 1978; SAVIANI, 1991) como sob o olhar das Ciências Sociais no Brasil
(MICELI, 1995). Mais recentemente, Heloísa de Souza Martins (2008) tem participado de
grupos de trabalho e organizado pesquisas a respeito da sociologia no ensino médio.
Observa-se que, progressivamente, a sociologia da educação foi ocupando um espaço
importante, realizando análises e diagnósticos da realidade brasileira, e se firmando como um
campo específico dentro da sociologia, não mais como subitem da sociologia geral, mas como
um espaço de produção de conhecimento sobre a realidade educacional a partir de dados
empíricos do País. A máxima positivista de integrar as massas urbanas advindas do meio rural
ao desenvolvimento do País, por meio da educação, imperava, na visão dualista que
contrapunha o arcaico (visto como sinônimo da vida rural) e o moderno predominante (o novo
urbano/industrial). Isso tudo acabou reforçando a necessidade e a importância da disciplina
sociologia da educação como auxiliar dos diagnósticos e planos governa mentais. Mas novas
abordagens foram adotadas, a exemplo dos diferentes enfoques sobre a cultura.
Constata-se que os novos temas da sociologia da educação, mencionados no item
anterior, têm tido penetração nas abordagens e estudos no Brasil, especialmente nas questões
que dizem respeito ao comportamento dos alunos em relação aos professores e entre si, com
ênfase nas diferentes formas de violência, de um lado, e nas inovações e criatividade, de outro,
ao participarem de projetos sociais, redes sociais etc.
O sistema de ensino, problemas em sua gestão, estruturas curriculares, parâmetros etc.,
conformam um bloco temático tradicional em busca de constante renovação. Contudo, há um
campo enorme de investigação, ainda incipiente no Brasil, relativo à sociologia da educação e
o ensino superior. Mudanças recentes nas políticas educacionais, assim como a criação de
programas e projetos específicos, têm alterado a composição social dos estudantes do ensino
superior, com a inclusão de afrodescendentes, índios, sem-terra etc. A entrada desta nova
camada social tem alterado a oferta de cursos e grades curriculares. Novos cursos têm sido
oferecidos pelas universidades, como o de Pedagogia da Terra, para formar profissionais para
trabalhar em assentamentos rurais; trabalhos específicos na Medicina têm sido criados para os
alunos atuarem no campo da saúde preventiva em áreas de grande vulnerabilidade social; a
Engenharia Agrícola tem aberto cursos para profissionais que irão atuar junto a pequenos
produtores, ou com a produção cooperativada, novos produtos e tecnologias alternativas. Até
os cursos de Comunicações têm se voltado para as mídias e tecnologias sociais alternativas,
visando a profissionais que irão atuar em processos de trabalho diferenciados, como nas
ONGs, nas Organizações Sociais (OSs) etc. Portanto, temas como o das cotas, políticas e
programas de inclusão social e escolar, como o Programa Universidade para Todos (Prouni),
movimentos sociais e lutas pela educação, ensino religioso, vagas e acesso à educação
infantil, o ensino técnico, as novas tecnologias e os novos requerimentos do mundo do
trabalho, as Conferências Nacionais para elaboração de Planos decenais e outros, são temas
que compõem as novas temáticas e abordagens da sociologia da educação. Eles trazem,
implícitas, outras questões no plano das identidades culturais, da justiça social, da democracia,
cultura política etc.
Temas cruciais da sociedade e na vida dos jovens adolescentes da escola básica, tais
como a socialização dos jovens, formação de valores, debates sobre direitos, combate a
preconceitos, intolerâncias, drogas, sexo, o bullying nas escolas etc. podem, e devem, ser
debatidos nos espaços da educação formal abertos com o ensino da Sociologia, canalizando e
ampliando o escopo da sociologia da educação. Formar novos e bons profissionais para esta
área é uma urgência. Há também que se redesenhar a distribuição das cargas horárias na
grade curricular para que o ensino da Sociologia não seja mascarado, ou venha a ser
substituído por outros conteúdos afins.
Observações finais
BIBLIOGRAFIA
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COSTA, Cristina, Sociologia, 2.ed., Ed. Moderna, São Paulo, 1997.
TOMAZI, Nelson D., Iniciação à Sociologia, Ed. Atual, São Paulo, 1993.
TOMAZI, Nelson D., Sociologia da Educação, Ed. Atual, São Paulo, 1997.
GOMES, Candido A., A Educação em perspectiva sociológica, 3 ed., EPU Ed., São
Paulo, 1994.
OLIVEIRA, Pérsio S., Introdução à sociologia, 17 ed., Ed. Ática, São Paulo, 1997.
E d u c a ç ã o & Linguagem • v. 15 • n. 26 • 95-117, jul.-dez. 2012