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Módulo II - Deveres
“(...) sabese que a moralidade protegida pelo Direito inserese no campo da Ética pública, diferenciando
as normas jurídicas não devem adentrar o campo privado dos comportamentos imorais (...). Se o admini
agir fundado em lei, a mera inobservância de um preceito moral não poderia acarretarlhe sanções.” Fábi
Sancionador”, pgs. 292 e 295, Editora Revista dos Tribunais, 2ª edição, 2005.
Ademais, além desse enfoque restrito, no estudo da citada responsabilização funcional atuam
ainda, com relevância, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como não se
deve perder de vista a consideração do chamado erro escusável.
Destaquese que condutas como alcoolismo ou qualquer outro tipo de dependência química requer,
a princípio, cuidado médico ou de assistência social. Mesmo quando o problema repercute no
desempenho das atribuições, primeiramente devese investigar a existência ou não de caráter
patológico na conduta, o qual, se presente, afasta a responsabilização administrativa. A
repercussão disciplinar somente se justifica se comprovado que, mesmo não havendo patologia, o
comportamento do servidor interfere no desempenho do cargo.
Os atos atentatórios à moral aqui enquadrados são aqueles de relativa repercussão, decorrentes de
aspectos meramente comportamentais associados à cortesia, à discrição, à apresentação, ao
respeito à hierarquia. Como o controle da moralidade administrativa recai mais sobre a finalidade
do ato do que sobre o ânimo do agente, cogitase de afrontas tanto culposas quanto dolosas
(embora seja certo que, a princípio, condutas dolosas, dependendo de sua gravidade, podem
ensejar enquadramentos mais gravosos). É necessário cautela com este enquadramento, de forte
subjetividade, já que o conceito de moral é mutante no tempo e no espaço.
O presente enquadramento também pode ser compreendido sob enfoque a contrario sensu,
alcançando os atos atentatórios aos princípios jurídicos, mas de gravidade reduzida tal que não
justifica o enquadramento em improbidade administrativa (art. 132, IV da Lei nº 8.112,
de 11/12/90. Assim, sob o aspecto do tema em tela, as condutas do agente público podem sofrer
três graus de crítica, em sentido crescente.
Primeiramente, aquelas condutas que afrontam a moral comum da vida externa ou
mesmo condutas praticadas no exercício do cargo mas com ínfimo poder ofensivo ao Estatuto
podem encontrar crítica no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
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1/18/2016 Módulo II - Deveres: Inciso IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa
Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22/06/94, que não se confunde com a Lei
nº 8.112, de 11/12/90, e que não é objeto de instauração de processo administrativo disciplinar.
No grau intermediário, as condutas cometidas pelo servidor, direta ou indiretamente associadas ao
cargo, com culpa (negligência, imperícia ou imprudência) ou ainda que com dolo, mas de mediano
poder ofensivo (à luz dos parâmetros do art. 128 da Lei nº 8.112, de 11/12/90) ao princípio da
moralidade administrativa (ou seja, em afronta à moral jurídica), podem ser enquadráveis no art.
116, IX da citada Lei, devendo, por conseguinte, ser objeto de apuração contraditória no devido
rito do processo administrativo disciplinar, possibilitando aplicação de penas de advertência ou, no
máximo, suspensão.
Por fim, no último grau, as condutas do servidor, também associadas ao cargo, cuja afronta ao
princípio da moralidade administrativa redundam em dano ao erário, enriquecimento ilícito ou
afronta grave a princípios reitores da administração, atingindo o núcleo do conceito de moral (ou
seja, ferindo o dever de probidade), em conduta indubitavelmente dolosa, podem ser enquadráveis
no art. 132, IV da Lei nº 8.112, de 11/12/90, podendo tomar as definições encontráveis nos arts.
9º, 10 e/ou 11 da Lei nº 8.429, de 02/06/92, também sob apuração contraditória no rito do
processo administrativo disciplinar, possibilitando aplicação de penas expulsivas e demais
repercussões civis e penais, previstas no art. 37, § 4º da CF.
Sem prejuízo do equilíbrio harmônico principiológico, o princípio da moralidade administrativa, ao
lado do princípio da legalidade, é considerado um princípio informador dos demais princípios
constitucionais reitores da administração pública. Ademais, em função de sua própria natureza, é
prescindível legislar sobre a moralidade administrativa (até para que não se a faça dependente da
legalidade). Tais fatos não só dificultam a conceituação legal de moralidade administrativa mas
também atribuilhe aplicação quase totalitária na atividade pública, de forma que esteja, em
determinado grau, diluída e subentendida em todos os mandamentos estatutários. De fato, a
leitura atenta dos arts. 116, 117 e 132 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, leva a perceber que a
moralidade administrativa paira, manifestase e, por fim, repercute na grande maioria das
infrações disciplinares neles elencadas (enquanto que as máximas da impessoalidade,
da publicidade e da eficiência têm suas repercussões mais pontuais e restritas). Em outras
palavras (afastadas da análise as condutas merecedoras apenas de crítica ética, não atingidas
portanto pela vinculação estatutária), sendo esse um dos dois principais princípios norteadores da
atividade pública, a grande maioria dos enquadramentos disciplinares tem em sua base o
descumprimento do dever de manter conduta compatível com a moralidade administrativa, de
forma que o dispositivo especificamente insculpido no art. 116, IX valha quase que como regra
geral e difusa dos deveres estatutários.
A diferenciação entre o enquadramento de uma conduta no inciso IX do art. 116 ou nos demais
incisos deste artigo ou nos arts. 117 e 132, todos da Lei n° 8.112, de 11/12/90, advém da análise
se o ato infracional comporta ou não enquadramento mais específico, a prevalecer sobre aquele
mais geral e difuso, de forma que podese cogitar de lhe atribuir valor quase residual. E, mnesse
aspecto, além da busca do esclarecimento do ânimo subjetivo com que o ato foi cometido (se com
culpa ou se com dolo), também pode ainda se fazer necessário identificar a ocorrência mou não
dos parâmetros elencados no art. 128 da Lei n° 8.112, de 11/12/90, para diferenciar se o ato, por
exemplo, justifica ser enquadrado em afronta do dever legal de manter conduta compatível com a
moralidade administrativa (art. 116, IX da citada Lei, aplicável tato para conduta culposa quanto
dolosa) ou se merece menquadramento em improbidade administrativa (art. 132, IV da mesma
Lei, apenas na hipótese de conduta dolosa).
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