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O universo vai acabar; saiba como a ciência nos Folha Online

permite uma fuga espetacular Rodovias têm tráfego


intenso no retorno a SP
O universo está fadado a terminar. Antes que isso ocorra, uma
civilização avançada seria capaz de escapar para um universo UOL Esporte
paralelo através de um "buraco de minhoca"? A idéia parece coisa de Hong Kong assiste ao
ficção científica, mas é consistente com as leis da física e da princípio da
biologia. Eis como realizar essa proeza "era Robinho" na seleção
brasileira

Por Michio Kaku UOL Economia


Especial para a
Telmex investirá US$ 500
Revista Prospect mi
na Embratel em 2005
O universo está descontrolado, expandindo-se aceleradamente. Um dia,
Mundo Digital
toda a vida inteligente enfrentará o destino derradeiro: o grande
congelamento. E uma civilização avançada teria que embarcar na viagem Aprenda a marcar sites
final: a fuga para um universo paralelo. WAP nos favoritos de seu
celular

Na mitologia norueguesa, o Ragnarok, ou "crepúsculo dos deuses", UOL News


começa quando a Terra é vítima de uma terrível onda de frio. O próprio Consultor tira dúvidas de
céu congela, e os deuses perecem em grandes batalhas travadas contra pequenos investidores
serpentes malignas e lobos assassinos. A escuridão eterna cai sobre a
VestibUOL
Terra exposta e congelada, enquanto o Sol e a Lua são devorados. Odin,
o pai de todos os deuses, finalmente cai moribundo, e o próprio tempo Fuvest divulga relação de
pára. aprovados nesta quarta-
feira

Será que essa antiga lenda prevê o nosso futuro? Desde o trabalho de UOL Televisão
Edwin Hubble na década de 20, os cientistas sabem que o universo se
Rogério é eliminado do
expande, mas a maior parte deles acreditava que o processo de expansão programa com recordes
se desacelerava à medida que o universo envelhecia. de votação e rejeição

UOL Música
Em 1998, astrônomos do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e da
Universidade Nacional Australiana calcularam o ritmo da expansão, Gal será homenageada
estudando dezenas de poderosas explosões de supernovas em galáxias em festival de jazz
distantes, eventos capazes de iluminar o universo inteiro. Eles não UOL Diversão & Arte
acreditaram nos seus próprios dados.
Livro conta romance
entre professora francesa
Alguma força desconhecida fazia com que as galáxias se distanciassem e Fidel Castro
umas das outras, o que implicava na aceleração da expansão do universo.
Brian Schmidt, um dos líderes do grupo, conta: "Eu fiquei balançando a
cabeça, sem acreditar, mas havíamos checado tudo. Relutei em dar a
notícia a outras pessoas, porque acreditei sinceramente que seríamos
massacrados".

Os físicos correram aos seus quadros-negros e perceberam que alguma


"energia escura" de origem desconhecida, similar à "constante
cosmológica" de Einstein, estava agindo como uma força antigravitacional.

Aparentemente, o próprio espaço vazio contém energia escura repulsora


em quantidade suficiente para explodir o universo. Quanto mais o universo
se expande, mais energia escura existe para fazer com que ele se
expanda ainda mais rapidamente, levando a um modelo exponencial de
escape.

Em 2003, esse resultado surpreendente foi confirmado pelo satélite


WMAP (sigla em inglês de Sonda Wilkinson de Medida da Anisotropia em
Microondas). Girando em uma órbita localizada a cerca de 1,6 milhão de
quilômetros da Terra, esse satélite é equipado com dois telescópios
capazes de detectar a débil radiação de microondas que permeia o
universo.

Ele é tão sensível que é capaz de fotografar detalhadamente o brilho


residual da radiação de microondas deixada pelo bigue-bangue, que ainda
circula pelo universo. O satélite WMAP, de fato, nos forneceu "fotos de
bebê", de uma época na qual o universo tinha apenas 380 mil anos de
idade.

O satélite resolveu a antiga questão referente à idade do universo: ele tem


oficialmente 13,7 bilhões de anos (a margem de erro da estimativa é de
1%). Mas o mais notável é que os dados mostraram que a energia escura
não é uma ocorrência fortuita, mas que compõe 73% da matéria e da
energia de todo o universo.

Para tornar o mistério ainda mais profundo, os dados revelaram que 23%
do universo consistem de "matéria escura", uma forma bizarra de matéria
que é invisível mas que ainda possui peso. Hidrogênio e hélio
correspondem a 4%, do universo, e os elementos mais pesados, você e
eu incluídos, a apenas 0,03%. A energia escura e a maior parte da matéria
escura não consistem de átomos, o que significa que, ao contrário daquilo
no qual os antigos gregos acreditavam e àquilo que é ensinado em todo
curso de química, a maior parte do universo não é composta de átomos.

À medida que o universo se expande, o seu conteúdo de energia se dilui e


sua temperatura despenca para valores próximos ao zero absoluto,
quando os átomos deixam de se mover.

Uma das leis incontornáveis da física é a segunda lei da termodinâmica,


que afirma que no fim tudo descamba para a decadência, que a "entropia"
(desordem ou caos) total no universo sempre aumenta. Isso significa que
o ferro sofre oxidação, nossos corpos envelhecem e desmoronam,
impérios caem, estrelas exaurem seu combustível nuclear, e o próprio
universo acaba, à medida que as temperaturas descerem uniformemente
rumo ao zero absoluto.

Charles Darwin se referia a essa lei quando escreveu: "Acreditando, como


eu acredito, que o homem em um futuro distante será bem mais perfeito
do que aquela criatura que atualmente é, para mim é intolerável pensar
que tanto ele quanto todos os outros seres conscientes estão condenados
à completa aniquilação, depois de experimentar um progresso lento e de
longa continuidade".

E uma das passagens mais deprimentes da língua inglesa foi escrita por
Bertrand Russel, que descreveu o "desespero irredutível" que sentiu ao
pensar no futuro distante: "Nenhum fogo, heroísmo ou intensidade de
pensamento ou sentimento é capaz de preservar uma vida para além da
sepultura.

Todos os trabalhos de eras, toda a devoção, toda a inspiração, todo o


brilho intenso do gênio humano, estão condenados à extinção na vasta
morte do sistema solar; e todo o templo das realizações humanas terá
inevitavelmente que ser enterrado sob os destroços de um universo em
ruínas".

Russel escreveu essa passagem em uma era anterior às viagens


espaciais. Atualmente, a morte do sol não parece tão catastrófica, mas o
fim do universo inteiro parece ser inevitável. Assim, em algum dia de um
futuro distante, a última estrela deixará de brilhar, e o universo estará
repleto de detritos nucleares, estrelas de nêutrons mortas e buracos
negros.

Civilizações inteligentes, como moradores de rua esfarrapados,


amontoados em volta de uma fogueira que se apaga, se reunirão em torno
das últimas centelhas tremulantes oriundas de buracos negros emitindo
uma débil radiação de Hawking.

A teoria das cordas seria a salvação?

Embora a termodinâmica e a cosmologia apontem para a morte inevitável


de todas as formas de vida no universo, ainda existe uma esperança.
Trata-se de uma lei da evolução que preconiza que, quando o ambiente
muda radicalmente, a vida tem que se adaptar, fugir ou morrer. A primeira
alternativa parece ser impossível. A última é indesejável. Isso nos deixa
com apenas uma escolha: fugir do universo.

Embora o conceito de abandonar o nosso universo moribundo para


adentrar um outro pareça ser uma loucura total, não existe nenhuma lei da
física que impeça a entrada em um universo paralelo. A teoria da
relatividade geral de Einstein dá margem à existência de "buracos de
minhoca", ou portais que conectam universos paralelos, por vezes
chamados de "pontes de Eintein-Rosen". Mas ainda não se sabe se as
correções quânticas permitiriam a realização de tal jornada.

Embora no passado tenha sido considerado uma idéia absurda, o conceito


do "multiverso" --ou seja, que o nosso universo coexiste com um número
infinito de universos paralelos-- gerou recentemente grande interesse em
meio a físicos de várias tendências. Primeiro, a principal teoria consistente
com os dados do WMAP é a teoria "inflacionária", proposta por Alan Guth,
do MIT, em 1979.

Ela postula uma expansão turbinada do universo no início dos tempos. A


idéia do universo inflacionário explica elegantemente vários mistérios
cosmológicos persistentes, incluindo o achatamento e a uniformidade do
universo.

Mas, considerando que os físicos ainda não sabem o que motivou esse
processo inflacionário rápido, ainda existe a possibilidade de que isso
possa ocorrer novamente, em um ciclo interminável. Essa é a idéia
inflacionária caótica de Andrei Linde, da Universidade Stanford, segundo a
qual de "universos pais" brotam "universos bebês", em um ciclo contínuo e
eterno. Assim como bolhas de sabão que se dividem em duas bolhas
menores, os universos podem brotar constantemente de outros universos.

Mas o que causou o bigue-bangue e motivou tal inflação? Essa pergunta


continua sem resposta. Considerando que o bigue-bangue foi um
fenômeno tão intenso, temos que abandonar a teoria da relatividade geral
de Einstein, que forma a estrutura subjacente de toda a cosmologia. A
teoria da gravidade de Einstein surge no instante do bigue-bangue, e
portanto não é capaz de responder às profundas questões filosóficas e
teológicas geradas por aquele evento.

Em se tratando dessas temperaturas incríveis, precisamos incorporar a


teoria quântica --a outra grande teoria que emergiu no século 20--, que
governa a física do átomo.

A teoria quântica e a teoria da relatividade de Einstein são opostas. A


primeira governa o mundo do muito pequeno, o peculiar reino subatômico
dos elétrons e quarks. Já a teoria da relatividade governa o mundo do
muito grande --dos buracos negros e dos universos em expansão.

Portanto, a relatividade não é apropriada para explicar o instante do bigue-


bangue, no qual o universo era menor do que uma partícula subatômica.
Naquele momento seria de se esperar que os efeitos da radiação
suplantassem os da gravidade, e, sendo assim, precisamos de uma
descrição quântica da gravidade. De fato, um dos maiores desafios para
os físicos é unificar essas teorias em uma teoria única e coerente de todas
as forças do universo.

Atualmente os físicos estão procurando por essa "teoria de tudo". Várias


propostas foram feitas no decorrer dos últimos 50 anos, mas todas se
revelaram inconsistentes ou incompletas. Até o momento, a principal
candidata (na verdade, a única) é a teoria das cordas.

A mais recente encarnação da teoria das cordas, a teoria-M, pode


responder a uma questão que há séculos confunde os defensores das
dimensões superiores: onde estão essas dimensões? A fumaça é capaz
de se expandir e de preencher uma sala inteira, sem entretanto se
desvanecer no hiperespaço.

Sendo assim, as dimensões superiores, se é que existem, devem ser


menores do que um átomo. Se o espaço de dimensões superiores fosse
maior do que um átomo, deveríamos ver os átomos penetrando e
desaparecendo misteriosamente em uma dimensão mais elevada, algo
que não observamos no laboratório.

Na velha concepção de teoria das cordas, era necessário "enrolar" ou


dobrar seis de dez dimensões originais, para que sobrasse o atual
universo tetradimensional. Essas dimensões indesejáveis eram
compactadas em uma minúscula bola (denominado espaço Calabi-Yau),
demasiadamente pequena para ser observada.

Mas a teoria-M acrescenta uma novidade a esse quadro: o tamanho de


algumas dessas dimensões superiores pode ser grande, ou mesmo
infinito. Imagine duas folhas paralelas de papel. Se uma formiga vivesse
em cada uma das folhas, cada um dos insetos veria a sua folha como
sendo todo o universo, sem saber da existência de um outro universo
vizinho. De fato, o outro universo seria invisível.

Cada formiga levaria a sua vida sem saber da existência de um outro


universo a apenas alguns centímetros de distância. De maneira similar, o
nosso universo pode ser uma membrana flutuando em um hiperespaço de
11 dimensões, e pode ser que desconheçamos a existência dos universos
paralelos que flutuam nas nossas vizinhanças.

Uma versão interessante da cosmologia da teoria-M é o universo


"ekpirótico" (derivado da palavra grega para "conflagração"), proposto por
Paul Steinhardt, Burt Ovrut e Neil Turok. Segundo essa concepção um
universo é uma membrana achatada e infinita flutuando em um espaço
multidimensional.

Mas, ocasionalmente, a gravidade atrai uma membrana vizinha. Cada um


desses universos paralelos se desloca velozmente na direção do outro até
colidirem, liberando uma quantidade colossal de energia. Essa explosão
cria o nosso universo conhecido e faz com que os dois universos paralelos
sejam arremessados em direções opostas do hiperespaço.

Procurando dimensões superiores

O interesse intenso pelas dimensões superiores, gerado pela teoria das


cordas, se infiltrou lentamente no mundo da física experimental.
Conversas mantidas durante jantares acabaram por se traduzir em
experiências multimilionárias de física.

Na Universidade do Colorado em Denver, foi realizada a primeira


experiência para a procura de um universo paralelo, talvez localizado a
apenas milímetros de distância. Os físicos procuraram por minúsculos
desvios da lei de Newton do inverso do quadrado da distância para a
gravidade.

A luz de uma vela se dilui à medida que se dispersa, diminuindo segundo


o inverso do quadrado da distância da sua fonte. De forma similar,
segundo a lei de Newton, a gravidade também se dispersa pelo espaço e
diminui da mesma maneira.

Mas em um universo tetradimensional é maior o campo no qual a luz e a


gravidade se disseminam, de forma que os valores decrescem segundo o
cubo da distância. Assim, ao procurar por desvios ínfimos da lei do inverso
do quadrado, é necessário determinar a presença da quarta dimensão.

A lei de Newton do inverso do quadrado é tão precisa que é capaz de


guiar as nossas sondas espaciais através do sistema solar. Mas ninguém
sabe se ela funciona em uma escala milimétrica.

Até o momento, tais experiências não deram nenhum resultado. Outros


grupos estão buscando desvios ainda menores. Físicos da Universidade
Purdue, em Indiana, procuram testar a lei no nível atômico, utilizando a
nanotecnologia.

Outras possibilidades também são exploradas. Em 2007, o acelerador de


partículas de alta energia LHC (Large Hadron Collider), capaz de
bombardear partículas subatômicas com uma energia colossal de 14
trilhões de elétron-volts (uma energia dez trilhões de vezes maior do que a
de uma reação química típica), será ativado próximo a Genebra.

Essa máquina enorme, que é o maior fragmentador de átomos do


mundo,com uma circunferência de 27 quilômetros, localizada na fronteira
entre França e Suíça, trabalhará com dimensões dez mil vezes menores
do que a de um próton. Os físicos esperam descobrir todo um grupo novo
de partículas subatômicas que não aparecem desde o bigue-bangue.

Eles prevêem que o LHC poderá criar partículas exóticas como mini
buracos negros e partículas supersimétricas, apelidadas de "spartículas",
que fornecerão evidências indiretas para apoiar a teoria das cordas.
Segundo essa teoria, toda partícula possui uma super-parceira. O parceiro
de um elétron é um "selétron", o de um quark um "squark", e assim por
diante.

Além do mais, por volta de 2012, o detector de ondas gravitacionais Lisa


(sigla em inglês de Antena Espacial de Inteferômetro a Laser) será
colocado em órbita. O Lisa será capaz de detectar as ondas gravitacionais
de choque emitidas menos de um trilionésimo de segundo após o bigue-
bangue.

Ele consistirá de três satélites orbitando o Sol, conectados por feixes de


laser, formando um grande triângulo espacial no qual cada lado terá cinco
milhões de quilômetros. Qualquer onda gravitacional que atingir o Lisa
perturbará os lasers, e essa pequena distorção será captada por
instrumentos, assinalando a colisão de dois buracos negros ou a própria
onda de choque do bigue-bangue.

O Lisa é tão sensível --é capaz de medir distorções da ordem de um


décimo do diâmetro de um átomo-- que poderá testar vários dos cenários
propostos para o universo pré-bigue-bangue, incluindo a teoria das
cordas.

Passos para deixar o universo

Infelizmente, a energia necessária para manipular essas dimensões mais


altas, em vez de apenas observá-las, fica bem além de qualquer recurso
que estará à nossa disposição em um futuro visível: 1019 bilhões de
elétron-volts, ou um quadrilhão de vezes a energia do LHC. Para
operações em tal escala é necessária a tecnologia de uma civilização
super avançada.

A fim de organizar uma discussão a respeito de civilizações extraterrestres


avançadas, os astrofísicos utilizam freqüentemente a classificação de
civilizações dos tipos I, II e III, introduzida pelo astrofísico russo Nikolai
Kardashev nos anos 60, que categorizou tais civilizações segundo níveis
de consumo de energia.

Poderia-se esperar que uma civilização Tipo III, utilizando toda a


capacidade dos seus inimagináveis recursos galácticos, fosse capaz de
escapar do grande congelamento. Os corpos dos cidadãos de tal
civilização, por exemplo, poderiam ser geneticamente alterados e os seus
órgãos substituídos por implantes computadorizados, representando uma
fusão sofisticada de tecnologias de silício e carbono.

Mas até mesmo esses corpos super-humanos não sobreviveriam ao


grande congelamento. Isso porque nós definimos inteligência como sendo
a capacidade de processar informação. Segundo os físicos, todas as
máquinas, sejam computadores, foguetes, locomotivas ou máquinas a
vapor, dependem em última instância da extração da energia dos
diferenciais de temperatura: as máquinas a vapor, por exemplo, trabalham
por meio da extração de energia da água em ebulição.

Mas o processamento de informações, e, por conseguinte, a inteligência,


exige energia fornecida por máquinas e motores, algo que se torna
impossível quando os diferenciais de temperatura caem para zero .
Segundo as leis da física, em um universo uniformemente gelado, onde
inexistam diferenças de temperatura, a vida inteligente não poderia
sobreviver.

Mas considerando que provavelmente faltam ainda bilhões ou trilhões de


anos para o grande congelamento, existe tempo para que uma civilização
do Tipo III elabore a única estratégia consistente com as leis da física:
fugir deste universo. Para fazer tal coisa, uma civilização avançada teria
primeiro que descobrir as leis da gravidade quântica, que podem ou não
vir a ser a teoria das cordas.

Essas leis serão cruciais para o cálculo de vários fatores desconhecidos,


tais como a estabilidade dos buracos de minhoca que nos conectam a
universos paralelos, e a maneira como saberemos qual será o aspecto de
tais mundos paralelos. Antes de saltarmos para o desconhecido,
precisamos saber o que existe do outro lado. Mas como dar tal salto? Eis
aqui algumas maneiras:

 Encontrar um buraco de minhoca criado por causas naturais

Uma civilização avançada que colonizou a galáxia pode ter se deparado


durante as suas explorações passadas com resíduos exóticos primordiais
do bigue-bangue. A expansão original foi tão rápida e explosiva que até
mesmo buracos de minhoca diminutos podem ter sido estendidos e
violentamente expandidos até adquirirem dimensões macroscópicas.
Buracos de minhoca, cordas cósmicas, matéria negativa, energia
negativa, falsos vácuos e outras criaturas exóticas da física podem ser
relíquias deixadas pela criação.

Mas se esses portais surgidos devido a causas naturais não forem


encontrados, a civilização precisará tomar medidas mais complexas e
árduas.

 Enviar uma sonda através de um buraco negro

Atualmente sabemos que os buracos negros são abundantes; existe um


deles assentado no centro da nossa galáxia, dotado de uma massa
aproximada de três milhões de sóis. Sondas enviadas através de um
buraco negro poderiam esclarecer algumas questões não resolvidas. Em
1963, o matemático Roy Kerr demonstrou que um buraco negro que gire
rapidamente não entraria em colapso até se transformar em um mero
ponto. Em vez disso se tornaria um anel rotatório, impedido de entrar em
colapso gravitacional devido às forças centrífugas.

Todo buraco negro é cercado por um horizonte de eventos, ou ponto de


não retorno: a passagem pelo horizonte de eventos é uma viagem sem
volta. É de se imaginar que para uma viagem de ida e volta seriam
necessários dois desses buracos negros. Mas para uma civilização
avançada fugindo do grande congelamento uma viagem só de ida seria o
bastante.

O que acontece com alguém que passa pelo anel de Kerr ainda é um
assunto que gera polêmicas. Alguns acreditam que o ato de entrar em um
buraco de minhoca faria com que este se fechasse, tornando-se instável.
E a luz que caísse em um buraco negro seria desviada para o azul,
criando a possibilidade de que quem passasse para um universo paralelo
fosse literalmente fritado.

Ninguém sabe ao certo, e por isso é necessário que se façam


experiências. Essa controvérsia esquentou no ano passado quando
Stephen Hawking admitiu que cometeu um erro 30 anos atrás, quando
apostou que os buracos negros devoram tudo, incluindo informação.
Talvez a informação seja esmagada para sempre, ou talvez ela passe
para o universo paralelo no outro lado do anel de Kerr. Segundo a mais
recente idéia de Hawking a informação não se perde totalmente. Mas
ninguém acredita que tenha sido proferida a palavra final a respeito dessa
questão delicada.

Para obter dados extras a respeito de espaços-tempos estendidos até o


ponto de ruptura, uma civilização avançada precisaria criar um "buraco
negro lento". Em 1939, Einstein analisou a massa rotatória de restos
estelares que passavam por um lento processo de colapso gravitacional.
Embora Einstein tenha demonstrado que essa massa rotatória não
entraria em um colapso que resultasse em um buraco negro, uma
civilização avançada poderia duplicar esse experimento em "câmera
lenta", coletando uma porção giratória de estrelas de nêutrons com massa
menor do que a de cerca de três sóis.

A seguir, injetar-se-ia gradualmente nessa massa um material estelar


extra, forçando-a a entrar em colapso gravitacional. Ao invés de progredir
no processo de colapso até se tornar um ponto, a massa estelar se
transformaria em um anel, possibilitando assim que os cientistas
testemunhassem a formação de um buraco negro de Kerr em câmera
lenta.

Criar energia negativa

Caso os anéis de Kerr se mostrem demasiadamente instáveis ou letais,


poder-se-ia também cogitar em abrir buracos de minhoca por meio de
matéria e energia negativas. Em 1988, Kip Thorne e os seus colegas do
Instituto de Tecnologia da Califórnia demonstraram que se alguém
contasse com matéria ou energia negativas em quantidade suficiente,
poderia usá-las para a criação de um buraco de minhoca "atravessável"
--um buraco de minhoca pelo qual se pudesse passar livremente em uma
viagem de ida e volta entre o laboratório e um ponto distante no espaço (e
até no tempo). A matéria e a energia negativas seriam suficientes para
manter a entrada do buraco de minhoca aberta para tal viagem.

Infelizmente, ninguém jamais viu a matéria negativa. Em princípio, ela


deveria pesar menos que o nada e cair para cima, em vez de para baixo.
Mesmo que ela existisse quando a Terra foi criada, teria sido repelida pela
gravidade terrestre e deslocado-se para o espaço.
Porém, a energia negativa foi vista em laboratório na forma do efeito
Casimir. Normalmente, a força existente entre duas placas paralelas
descarregadas deveria ser zero.

Mas se flutuações quânticas fora das placas fossem maiores do que as


flutuações entre as placas, uma força resultante de compressão seria
criada. As flutuações que empurram as placas a partir de fora são maiores
do que as flutuações que as empurram para fora a partir dos seus
interiores, de forma que essas placas descarregadas se atraem
mutuamente.

Esse fenômeno foi previsto pela primeira vez em 1948 e registrado em


1958. No entanto, a energia Casimir é minúscula, sendo inversamente
proporcional à distância entre as placas elevada à quarta potência.

Para a utilização do efeito Casimir seria necessária uma tecnologia


avançada para comprimir essas placas até que a separação entre elas
fosse extremamente pequena. Se essas placas paralelas fossem
remodeladas em formato de uma esfera de duas camadas, e se grandes
quantidades de energia fossem utilizadas para comprimir as duas placas
esféricas uma contra a outra, poderia ser gerada uma quantidade
suficiente de energia negativa para que o interior da esfera se separasse
do resto do universo.

Uma outra fonte de energia de negativas é o raio laser. Pulsos de energia


laser contém "estados comprimidos", que são dotados tanto de energia
negativa quanto de positiva. O problema é separar a energia negativa da
positiva dentro de um feixe de laser.

Embora isso seja teoricamente possível, trata-se de algo extremamente


difícil. Se uma civilização sofisticada fosse capaz de fazê-lo, então
poderosos raios laser poderiam gerar energia negativa suficiente para que
a esfera se descolasse do restante do universo.

Até mesmo buracos negros possuem energia negativa a sua volta, nas
proximidades dos seus horizontes de eventos. Em princípio, isso poderia
gerar grandes quantidades de energia negativa. No entanto, os problemas
técnicos relacionados à extração de energia negativa tão perto de um
buraco negro são extremante complexos.

Criar um universo bebê

Segundo a inflação, apenas algumas gramas de matéria seriam


suficientes para a criação de um universo bebê. Isso porque a energia
positiva da matéria anularia a energia negativa da gravidade. Se o
universo fosse fechado, elas se anulariam em proporções exatas. De certa
forma, o universo pode ser uma espécie de refeição gratuita, conforme
enfatizou Guth. Por mais estranho que pareça, não é necessária nenhuma
energia externa para a criação de um universo inteiro.

Os universos bebês são em princípio criados naturalmente quando uma


certa região do espaço-tempo se torna instável e entra em um estado
chamado de "falso vácuo", que desestabiliza a composição do espaço-
tempo. Uma civilização avançada poderia fazer tal coisa deliberadamente
ao concentrar energia em uma única região. Isso exigiria a compressão de
matéria até uma densidade de 1080 g/cm3, ou que ela fosse aquecida até
uma temperatura de 1029 graus Kelvin.

Para a criação das condições fantásticas necessárias à abertura de um


buraco de minhoca com energia negativa, ou à criação de um falso vácuo
com energia positiva, talvez fosse necessário um "esmagador cósmico de
átomos".

Os físicos estão tentando construir "aceleradores de mesa" que poderiam,


a princípio, gerar bilhões de elétron-volts em uma mesa de cozinha. Eles
utilizaram poderosos raios laser para conseguir uma energia de
aceleração de 200 bilhões de elétron-volts por metro, um novo recorde.

O progresso é rápido, e a energia obtida aumenta dez vezes a cada cinco


anos. Embora problemas técnicos ainda impeçam a criação de um
verdadeiro acelerador de mesa, uma civilização avançada conta com
bilhões de anos para aperfeiçoar esse e outros artefatos.

Para atingir a energia de Planck (1028 eV) com essa tecnologia de laser
seria necessário um esmagador de átomos com um comprimento de dez
anos luz, uma distância maior do que a que nos separa da estrela mais
próxima, algo que poderia estar muito bem ao alcance tecnológico de uma
civilização do Tipo III.

Considerando que o vácuo do espaço vazio é melhor do que qualquer


vácuo conseguido na Terra, talvez não fosse necessária uma tubulação
com anos-luz de comprimento para conter o feixe de partículas
subatômicas. Este poderia ser disparado no espaço vazio. Estações de
força precisariam ser instaladas ao longo da trajetória para bombear
energia laser no feixe e focalizá-lo.

Uma outra possibilidade seria curvar a trajetória em um círculo, de forma


que ela coubesse no sistema solar. Magnetos gigantes poderiam ser
instalados em asteróides a fim de curvar e focar o feixe em uma trajetória
circular em torno do Sol.

O campo magnético necessário para curvar o feixe seria tão grande que a
passagem de energia pelas bobinas poderia derretê-las, o que significa
que talvez só pudessem ser utilizadas uma única vez. Após a passagem
do feixe, as bobinas derretidas teriam que ser descartadas e substituídas
a tempo para a próxima passagem.

Construir uma máquina de implosão a laser

Em princípio, seria possível criar raios laser de energia ilimitada; os únicos


empecilhos são a estabilidade do material e a fonte de energia. No
laboratório, os lasers de terawatt (um trilhão de watts) atualmente são
comuns, e os de petawatt (um quadrilhão de watts) estão se tornando
lentamente factíveis (a título de comparação, uma usina nuclear comercial
gera apenas um bilhão de watts de energia contínua).

É possível até pensar em um raio-X laser alimentado pela liberação de


energia de uma bomba de hidrogênio, que poderia inserir uma quantidade
inimaginável de energia no feixe de radiação. No Laboratório Nacional
Lawrence Livermore, uma bateria de lasers é disparada radialmente
contra um pequeno fragmento de um composto de deutério e lítio, o
ingrediente ativo da bomba de hidrogênio, a fim de domar o poder de uma
fusão termonuclear.

Uma civilização avançada poderia criar enormes estações de laser nos


asteróides e, a seguir, disparar milhões de raios laser contra um único
ponto, criando temperaturas e pressões extremas, atualmente
inimagináveis.

Enviar um nano-robô para recriar a civilização

Se os buracos de minhoca criados segundo os passos anteriormente


descritos forem muito pequenos, instáveis, ou se os efeitos da radiação
forem demasiadamente intensos, então talvez se pudesse enviar apenas
partículas de dimensões atômicas através de um buraco de minhoca.
Nesse caso, a civilização poderia adotar a derradeira solução: enviar uma
"semente" de dimensões atômicas pelo buraco de minhoca, capaz de
regenerar a civilização do outro lado.

Esse processo é comumente encontrado na natureza. A semente de um


carvalho, por exemplo, é compacta, rugosa e elaborada para sobreviver a
uma longa jornada e para sobreviver fora da terra. Ela também contém
todas as informações genéticas necessárias para a regeneração da
árvore.

Uma civilização avançada poderia querer enviar informação suficiente


pelo buraco de minhoca para a criação de um "nano-robô", uma máquina
de dimensões atômicas auto-replicadora, construída com nanotecnologia.
Ele seria capaz de viajar a uma velocidade próxima a da luz porque teria o
tamanho de uma molécula. O artefato pousaria em uma lua árida e a
seguir utilizaria a matéria-prima encontrada para criar uma fábrica química
capaz de gerar milhões de cópias da máquina microscópica.

Uma legião desses robôs viajaria a seguir para outras luas em outros
sistemas planetários e criaria novas fábricas químicas. Esse processo se
repetiria muitas vezes, criando milhões e milhões de cópias do robô
original. Começando a partir de um único robô, haveria uma esfera de
trilhões de tais sondas-robôs se expandindo a uma velocidade próxima a
da luz, colonizando toda a galáxia.

(Essa foi a base para o filme "2001: Uma Odisséia no Espaço",


provavelmente a descrição ficcional mais cientificamente precisa de um
encontro com uma forma de vida extraterrestre. Ao invés do encontro com
discos voadores ou com a USS Enterprise, a possibilidade mais realista é
a de que façamos contato com uma sonda robô deixada na Lua por uma
civilização do Tipo III que esteve por aqui de passagem. Esse processo foi
descrito por cientistas nos minutos iniciais do filme, mas Stanley Kubrick
cortou as entrevistas da edição final).

A seguir, essas sondas-robôs criariam grandes laboratórios de


biotecnologia. As seqüências de DNA dos criadores das sondas teriam
sido cuidadosamente gravadas, e os robôs seriam projetados para injetar
essa informação em incubadoras, que a seguir clonariam toda a espécie.
Uma civilização avançada poderia também codificar personalidades e
memórias dos seus habitantes e inseri-las nos clones, permitindo que toda
a raça reencarnasse.

Embora pareça fantástico, esse cenário é consistente com as leis


conhecidas da física e da biologia, e está ao alcance de uma civilização
do Tipo III. Não há nada nas leis da ciência que impeça a regeneração de
uma civilização avançada a partir do nível molecular. Para uma civilização
moribunda aprisionada em um universo em processo de congelamento,
essa poderia ser a última esperança.

Tradução: Danilo Fonseca


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