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Fitoterápicos

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B261f Barnes, Joanne.
Fitoterápicos / Joanne Barnes, Linda A. Anderson, J. David
Phillipson ; tradução: Beatriz Araújo Rosário, Régis Pizzato ;
revisão técnica: Pedro Ros Petrovick ... [et al.]. – 3. ed. – Porto
Alegre : Artmed, 2012.
720 p. : il. color. ; 28 cm.

ISBN 978-85-363-2571-2

1. Farmacologia – Fitoterápicos. I. Anderson, Linda A.


II. Phillipson, J. David. III. Título.

CDU 615

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052

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Joanne Barnes
BPharm, PhD, MRPharmS, RegPharmNZ, MPSNZ, FLS
Associate Professor in Herbal Medicines
School of Pharmacy
University of Auckland
New Zealand

Linda A. Anderson
BPharm, PhD, FRPharmS
Principal Pharmaceutical Assessor
Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency
London, UK

J. David Phillipson
BSc (Pharm), MSc, PhD, DSc, FRPharmS, FLS
Emeritus Professor
Centre for Pharmacognosy & Phytotherapy
The School of Pharmacy
University of London, UK

Fitoterápicos
Terceira Edição

Tradução:
Beatriz Araújo Rosário
Régis Pizzato
Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição:
Pedro Ros Petrovick
Pós-doutor em Farmácia pela Université de Montpelier. Doutor em Farmácia pela Universität Münster (Westfälische-Wilhelms- Universität).
Professor Titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Bárbara Spaniol
Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFRGS. Professora do Curso de Farmácia da Universidade Feevale.
Gustavo Petrovick
Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFRGS.
Vinícius Claudino Bica
Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFRGS.

2012

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Obra originalmente publicada sob o título Herbal Medicines, 3rd Edition
ISBN 9780853696230

Herbal Medicines © Pharmaceutical Press 2007

This Translation of Herbal Medicines, 3rd Edition is published by arrangement with Pharmaceutical Press, the publishing division of the
Royal Pharmaceutical Society of Great Britian, 1 Lambeth High Street, London, SE1 7JN, UK.

Esta tradução de Herbal Medicines, 3ª Edição, é publicada conforme acordo firmado com Pharmaceutical Press, a divisão de publicações da
Royal Pharmaceutical Society of Great Britain, 1 Lambeth High Street, London, SE1 7JN, UK.

All photographs © Plantaphile, Thomas Brendler, www.plantaphile.eu., Germany, 2007, with the exception of blue flag (Iris versicolor)
figure 2 © Brian Mathew 2007 and nettle (Urtica dioica) figure 2 © Tom Cope 2007. Photographs reproduced with permission.

Capa: Tatiana Sperhacke – TAT Studio

Foto de capa: ©iStockphoto.com/ugurhan

Preparação do original: Flávia Pellanda

Leitura final: Mariana Medeiros Lenz e Cristina Arena Forli

Editora sênior - Biociências: Cláudia Bittencourt

Editora responsável por esta obra: Laura Ávila de Souza

Projeto e editoração: Techbooks

Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à


ARTMED® EDITORA S.A.
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 – Santana
90040-340 – Porto Alegre – RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web
e outros), sem permissão expressa da Editora.

Unidade São Paulo


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IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL

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Sobre os Autores

Dra. Joanne Barnes no Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC) da Europe-


BPharm, PhD, MRPharmS, RegPharmNZ, MPSNZ, FLS an Medicines Agency (EMEA), membro do Herbal Medicines Advi-
sory Committee (HMAC) do MHRA e vice-presidente do British
Joanne Barnes obteve o diploma de Farmácia na University of Pharmacopoeia Expert Advisory Group on Herbals and Comple-
Nottingham, em 1988, o certificado de pós-graduação em Farmaco- mentary Medicines. Além disso, faz parte do grupo de trabalho sobre
vigilância e Farmacoepidemiologia na London School of Hygiene medicamentos complementares/alternativos do Royal Pharmaceu-
and Tropical Medicine, em 1999, e o PhD em Farmácia na School of tical Society’s Science Committee.
Pharmacy, University of London, em 2001.
É inscrita como farmacêutica no Royal Pharmaceutical Society
Professor J. David Phillipson
of Great Britain desde 1989, tornou-se colaboradora do Linnean
BSc(Pharm), MSc, PhD, DSc, FRPharmS, FLS
Society of London em 2003 e obteve o registro de farmacêutica na
Nova Zelândia em 2007. David Phillipson graduou-se BSc em Farmácia (1956), MSc (1959) e
Foi pesquisadora na área de Medicamentos Complementares DSc (1979) pela University of Manchester, e PhD (1965) pela Uni-
na University of Exeter (1996-1999), colaboradora (1999-2002) e versity of London. Foi conferencista em Farmacognosia (1961-1972)
conferencista em fitofarmácia (2002-2005) no Centre of Pharma- no Department of Pharmacy, Chelsea College, Londres, e conferen-
cognosy and Phytotherapy, University of London, Reino Unido, e, cista sênior (1973-1979), conferencista em fitoquímica (1979-1981)
desde 2005, é Professora Associada da disciplina de Medicamentos e Professor e Chefe do Departament of Pharmacognosy (1981-
Fitoterápicos da School of Pharmacy, Faculty of Medical and Health 1994) na School of Pharmacy University of London. Ao aposentar-
Sciences, University of Auckland, Nova Zelândia. Sua pesquisa se -se, recebeu o título de Professor Emérito de Farmacognosia. Foi in-
concentra no uso, na eficácia e na segurança dos medicamentos fito- dicado como Wilson T. S. Wang Distinguished International Visiting
terápicos, explorando em especial questões relacionadas à farmaco- Professor na Chinese University de Hong Kong de janeiro a junho
vigilância. Antes de ingressar na carreira acadêmica, trabalhou como de 1995. Seu trabalho inclui pesquisas sobre atividades químicas e
farmacêutica clínica em hospital, como farmacêutica para informa- biológicas de produtos naturais de plantas superiores, com interesse
ções médicas na indústria farmacêutica e em divulgação na área far- especial em alcaloides indólicos e isoquinolínicos e plantas usadas em
macêutica. medicamentos tradicionais para o tratamento da malária e de outras
A Dra. Joanne foi editora (1996-1999) e cofundadora do jornal doenças causadas por protozoários. Sua colaboração com a indústria
Focus on Alternative and Complementary Therapies (FACT), coeditora farmacêutica inclui a aplicação de testes de ligação de radioligantes-
(2003-2005) de Complementary Therapies in Medicine e é editora asso- -receptores na pesquisa de produtos naturais com atividade no siste-
ciada de Phytochemistry Letters, faz parte também do corpo editorial ma nervoso central.
de Phytotherapy Research, Drug Safety e International Journal of Phar- David Phillipson recebeu prêmios da Phytochemical Society
macy Practice. É membro do Health Canada Natural Health Product of Europe, incluindo o Tate and Lyle Award (1982), a PSE Medal
Directorate’s Expert Resource Group, um grupo de trabalho sobre (1994) e o Pergamon Prize por Criatividade em Bioquímica de
medicamentos complementares do RPSGB, e foi membro do UK Plantas (1996). Recebeu o prêmio do Korber Foundation Prize for
Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency’s Indepen- Achievement in European Science (1989) ao colaborar com o Pro-
dent Review Panel for the Classification of Borderline Products fessor M.H. Zenk da University of Munich e quatro outros colegas
(2000-2005). europeus; recebeu a Harrison Memorial Medal da Royal Pharma-
ceutical Society of Great Britain (1999) e a Sir Hans Sloane Medal
Dra. Linda A. Anderson da Society of Apothecaries (2001). Em 1985, foi Science Chairman
da British Pharmaceutical Conference. Foi secretário (1977-1982),
BPharm, PhD, FRPharmS
vice-presidente (1982-1984, 1986-1988) e presidente (1984-1986)
Linda Anderson obteve seu diploma em Farmácia e seu PhD em da Phytochemical Society of Europe.
Farmacognosia na Welsh School of Pharmacy em Cardiff. Foi pes- O Professor Phillipson supervisionou 33 estudantes de PhD e
quisadora e colaboradora nas áreas de pós-doutorado e ensino na 11 pesquisadores de pós-doutorado. Publicou 222 artigos de pes-
School of Pharmacy, University of London, de 1981 a 1987. quisa, 150 pequenas comunicações, 42 artigos de revisão e editou
A Dra. Anderson ingressou na Medicines and Healthcare Pro- seis livros sobre produtos naturais. A pesquisa colaborativa foi esta-
ducts Regulatory Agency (MHRA, Departamento de Saúde, Reino belecida com cientistas em vários países do mundo e, em 1989, foi
Unido; antes Medicines Control Agency) em 1987. No MHRA, indicado como Professor Honorário da Chinese Academy of Me-
trabalhou inicialmente na avaliação de novas substâncias químicas e dical Sciences do Institute of Medicinal Plant Research and Deve-
atualmente se dedica em especial a notificações simplificadas, sendo lopment, Beijing, China. Por 19 anos, foi membro do Natural Pro-
responsável por produtos fitoterápicos. Participa do Committee on ducts Group of the International Foundation for Science, Suécia,
Safety of Medicine’s (CSM) Expert Advisory Group on Chemistry, ajudando a obter auxílios de pesquisa para cientistas jovens nos paí-
Pharmacy and Standards (CPS) e é representante, no Reino Unido, ses em desenvolvimento. Foi membro de vários comitês nacionais e
do European Committee on Human Medicinal Products (CHMP) internacionais, incluindo o Herbal Medicines Advisory Committee
Quality Working Party. Também é representante do Reino Unido (HMAC) do MHRA.

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Este livro é dedicado à memória
do falecido Dr.W. Gwynne Thomas,
Ex-diretor de Ciências Farmacêuticas na
Royal Pharmaceutical Society da Grã-Bretanha.
A inspiração para este livro foi sua, e, graças
ao seu empenho, foi possível concretizá-lo.

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Prefácio à Terceira Edição
Esta terceira edição de Fitoterápicos reflete o contínuo interesse a res- sam ser diferentes. A qualidade dos medicamentos fitoterápicos (p.
peito das plantas medicinais, o qual é acompanhado por uma preo- ex., uniformidade de dose) é importante para sua eficácia: os resul-
cupação constante sobre a qualidade, a segurança e a eficácia dos tados do ensaio clínico de um medicamento fitoterápico específi-
medicamentos fitoterápicos e por um aumento da conscientização co não podem simplesmente ser extrapolados para outros produtos
sobre a necessidade de proteger a população contra produtos de que contenham o mesmo componente, visto que sua constituição
baixa qualidade. Farmacêuticos, médicos, enfermeiros, ervanários e pode ser diferente. Os detalhes dos medicamentos fitoterápicos tes-
outros profissionais da saúde devem ser informados sobre essas ques- tados em ensaios clínicos são apresentados nas monografias deste li-
tões e ser capazes de orientar os pacientes e o público sobre o uso vro. Existe um número crescente de pesquisas que compreendem
seguro, eficiente e adequado de formulações à base de plantas. Este as análises qualitativas (ou seja, o perfil dos constituintes químicos)
livro apresenta informações científicas resumidas sobre fitoterápicos, e quantitativas (a quantidade de constituintes químicos) dos medi-
porém com detalhes suficientes para que esses profissionais possam camentos fitoterápicos que demonstram variações no conteúdo en-
empregá-los. tre produtos de diferentes fabricantes. Em algumas monografias de
Os medicamentos fitoterápicos continuam sendo uma escolha componentes fitoterápicos mais comumente encontradas e daqueles
popular não apenas para a manutenção da saúde e do bem-estar e o sobre os quais existe informação abundante, os resultados das análises
tratamento de pequenos males (p. ex., tosses e resfriados), condições foram resumidos em uma nova seção chamada Qualidade do material
crônicas (p. ex., dor nas costas) e doenças crônicas graves (p. ex., asma, vegetal e de produtos comerciais (para exemplos, veja Erva-de-são-joão
câncer, depressão, diabetes), mas também para a melhora de funções e Equinácea).
ou processos, como o uso de produtos à base de Ginkgo biloba para A qualidade dos medicamentos fitoterápicos também é impor-
melhorar a memória. O público em geral recebe informações so- tante para a sua segurança, e a preocupação com esse tema, incluin-
bre medicamentos fitoterápicos por meio de várias fontes, incluin- do a toxicidade intrínseca e problemas por causa de adulteração e
do revistas populares e artigos de jornais, assim como pela televisão, contaminação, continua crescendo. Esta edição inclui novas mono-
pela internet e por outras fontes de literatura. Grande parte dessa grafias sobre a cava (Piper methysticum) e a celidônia-maior (Chelido-
informação é apresentada acriticamente e direcionada para o con- nium majus), bem como uma monografia totalmente revisada sobre
sumidor na forma de promoções, que, geralmente, são o principal a cimicífuga (Cimicifuga racemosa), todas as quais foram associadas
atrativo de tais produtos. Existe um número crescente de produtos com reações hepatotóxicas. O uso concomitante de medicamentos
que respondem à demanda do público, os chamados medicamentos fitoterápicos e outros medicamentos é uma grande preocupação dos
para “estilo de vida”. Os fabricantes comercializam, por exemplo, profissionais da saúde, devido ao potencial de importantes intera-
alternativas fitoterápicas para o Viagra (sildenafil), formulações para ções medicamentosas. A evidência das interações farmacocinéticas e
“emagrecimento/perda de peso”, tratamento da “ressaca” e produ- farmacodinâmicas entre a erva-de-são-joão (Hypericum perforatum) e
tos para aumento do tamanho dos seios. Geralmente, esse tipo de medicamentos “convencionais” surgiu em 2000, e, desde então, fo-
produto é vendido na internet sem qualquer garantia de qualidade, ram feitos relatos de interações entre outros medicamentos fitoterá-
segurança e eficácia. picos e convencionais, especialmente os que possuem baixo índice
Foram observados importantes progressos com relação aos terapêutico. Até o momento, existe pouca pesquisa clínica formal
medicamentos fitoterápicos na última década. A principal foi a in- sobre as interações entre os medicamentos fitoterápicos e outros
trodução de uma nova estrutura regulatória para os tradicionais medicamentos, e a informação é baseada principalmente em relatos
medicamentos fitoterápicos no Reino Unido e em 27 outros es- espontâneos e, até certo ponto, em resultados de estudos in vitro dos
tados-membros da União Europeia (UE), após a implementação da efeitos de certos medicamentos fitoterápicos sobre as enzimas do
diretiva da UE sobre Medicamentos Fitoterápicos Tradicionais em citocromo P450 que metabolizam fármacos. As informações sobre
2005.Vários outros países adotaram uma nova legislação para regular interações conhecidas e potenciais estão resumidas nos Apêndices
os medicamentos fitoterápicos. A Austrália e o Canadá, por exem- deste livro, e informações e detalhes adicionais são fornecidos em
plo, têm sido particularmente ativos a esse respeito. Como o cenário cada uma das monografias.
regulatório para os medicamentos fitoterápicos mudou substancial- A farmacovigilância contínua e os relatos dos efeitos adversos,
mente, foi necessária uma revisão completa desse conteúdo, que, nes- incluindo interações e problemas de má qualidade associados aos
ta edição, pode ser encontrada em “Como usar este livro”, incluindo medicamentos fitoterápicos, são essenciais para detectar problemas
detalhes da nova legislação na Europa e um resumo de regulamentos de segurança. No Reino Unido, farmacêuticos e outros profissionais
para medicamentos fitoterápicos em vários outros países. da saúde e, desde 2005, pacientes e consumidores podem relatar as
Embora existam novos regulamentos, na Europa vigora um pe- reações adversas a medicamentos (RAM) associadas aos fitoterápi-
ríodo de transição, até 2011, para que os fabricantes se adaptem às cos diretamente à Medicines and Healthcare Products Regulatory
novas exigências; assim, é provável que as questões relacionadas a Agency (MHRA), usando os formulários de relato “cartão amarelo”.
qualidade, segurança e eficácia de medicamentos fitoterápicos per- Esses formulários foram incluídos no British National Formulary e
sistam ainda depois da próxima edição deste livro. Portanto, com estão disponíveis online (veja www.mhra.gov.uk). Muitos outros paí-
relação à qualidade, os consumidores e os profissionais da saúde de- ses têm um esquema de relato de RAM similar ao do Reino Unido
vem estar cientes de que os rótulos de medicamentos fitoterápicos e estimulam o relato de suspeitas de RAM de plantas, pelo menos
não registrados (não regulados) podem não refletir o seu conteúdo por parte dos profissionais da saúde. O Centro de Monitoração de
real; também é provável que os constituintes exatos dos medicamen- Uppsala da Organização Mundial da Saúde, na Suécia, recebe relatos
tos fitoterápicos que contenham o(s) mesmo(s) componente(s) de 70 países, incluindo Austrália, Canadá, França, Alemanha, Nova
fitoterápico(s), mas sejam produzidos por fabricantes distintos, pos- Zelândia, Reino Unido e EUA, e um resumo dessas informações

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x Prefácio à Terceira Edição

sobre vários medicamentos fitoterápicos cuja segurança é alvo de re- dônia-maior (Chelidonium majus), cava (Piper methysticum) e rodiola
levantes preocupações é apresentado neste livro (veja as monografias). (Rhodiola rosed). A cava está proibida no Reino Unido desde 2002,
Os efeitos dos medicamentos fitoterápicos, logicamente, vêm por sua associação com reações hepatotóxicas; no entanto, sua mo-
de seus constituintes químicos. Algumas pessoas podem não com- nografia foi incluída por ser possível que os consumidores e pacien-
preender completamente que comprimidos de ácido acetilsalicílico, tes do Reino Unido obtenham o produto em outros países. Algumas
por exemplo, contêm uma quantidade medida (com estreitos limites) monografias sobre medicamentos fitoterápicos populares foram to-
de um único constituinte químico ativo, enquanto comprimidos (e, talmente revisadas; foram feitas substanciais atualizações e revisões
portanto, outras formas farmacêuticas) de um medicamento fitote- em diversas outras monografias, bem como pequenas alterações em
rápico contêm uma mistura complexa de muitos (centenas ou mais) todas as demais. Além disso, em resposta aos comentários de farma-
compostos químicos. Para avaliar os procedimentos de controle de cêuticos, acadêmicos e outros usuários deste livro, esta edição in-
qualidade e garantia da qualidade, que são essenciais para os medi- clui fotografias das drogas vegetais que constam na monografia assim
camentos fitoterápicos, e compreender seus efeitos farmacológicos e como, em muitas monografias, das plantas das quais elas se originam.
toxicológicos, é necessário estar ciente dos diferentes tipos de cons- Também, pela primeira vez, as monografias apresentam informações
tituintes químicos, (p. ex., alcaloides, glicosídeos, flavonoides, etc.) de vários países sobre produtos comercializados contendo os respec-
que podem estar presentes, assim como os constituintes individuais tivos componentes fitoterápicos. Esperamos que esses novos recursos
específicos de medicamentos fitoterápicos. Esta edição apresenta dois sejam úteis. Manter um livro atualizado é uma tarefa interminável, e
novos recursos que fornecem tais informações: as fórmulas estrutu- a explosão de literatura científica sobre os medicamentos fitoterápi-
rais químicas incluídas em praticamente todas as monografias para cos a torna ainda mais difícil. A necessidade de um livro que revise
suplementar a informação sobre os constituintes e um novo capítulo, e resuma todas essas informações nunca foi tão grande, e esperamos
“Constituintes Químicos das Plantas Usadas como Medicamentos que esta edição forneça aos profissionais de saúde as informações
Fitoterápicos”, que resume os diferentes grupos de compostos na- necessárias para que possam aconselhar seus pacientes com compe-
turais (p. ex., alcaloides, glicosídeos, flavonoides, terpenos) presentes tência e confiança sobre a segurança, a eficácia e o uso adequado dos
nas plantas medicinais. medicamentos fitoterápicos.
A primeira edição deste livro forneceu informações sobre Críticas construtivas sobre o conteúdo desta obra são bem-vin-
medicamentos fitoterápicos disponíveis nas farmácias do Reino das e podem ser usadas para auxiliar na preparação de futuras edições.
Unido, ao passo que expandimos o alcance desta terceira edição para O leitor pode enviar qualquer comentário ao editor pelo correio ou
incluir novas monografias de medicamentos fitoterápicos que não por e-mail (pharmpress@rpsgb.org).
são necessariamente encontrados nas farmácias do Reino Unido,
mas são de interesse público ou profissional. Portanto, esta edição Joanne Barnes, Linda Anderson, David Phillipson
inclui novas monografias sobre butterbur (Petasites hybridus), celi-

Agradecimentos
Agradecemos à equipe da Pharmaceutical Press por sua ajuda ativa e A maioria das fotografias de plantas foi obtida nos principais
incentivo a este livro:Tamsin Cousins, Simon Dunton, Louise Mcln- jardins botânicos da Europa. As fotografias das drogas vegetais foram
doe, Karl Parsons, Linda Paulus, Paul Weller e John Wilson. Também obtidas de materiais fornecidos por reputados fornecedores de plan-
agradecemos a Marion Edsall por seu trabalho de revisão e a Lida tas medicinais da Alemanha.
Teng, PhD, estudante da School of Pharmacy, University of London, Também agradecemos a Dra. Christine Leon (Royal Botanic
pela assistência administrativa. Gardens, Kew, Reino Unido), que forneceu orientação e sugestões
As fotografias foram incluídas com a permissão de Thomas sobre os nomes botânicos adequados e sinônimos que foram incluí-
Brendler (www.plantaphile.com, Alemanha). Algumas foram for- dos. A Dra. Leon solicitou orientação especializada dos seguintes co-
necidas a Plantaphile por Larry Allain, Pierre Cabalion, Alvin Dia- legas, a quem agradecemos: equipe do Royal Botanic Gardens, Kew,
mond, Ulrich Feiter, Trish Flaster, Nigel Gericke, Michael Guiry, Reino Unido: Dr. Tom Cope, Dr. Aaron Davis, Dr. Nicholas Hind,
M.J. Hatfield, Gary Kauffman, Diane Robertson, Joachim Schmitz, Dr. Sven Landrein, Dr. Gwilym Lewis, Eve Lucas, Dr. Alan Paton,
Stan Shebs e Michael Wink. Dr. Nigel Taylor. Pesquisadores Associados Honorários de Kew: Jill
Além disso, a fotografia da flor-de-lis é reproduzida com auto- Cowley, Dr. Phillip Cribb, Dr. David Frodin, Brian Mathew. A Dra.
rização de Brian Mathew, da Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Leon e seus colegas também ofereceram comentários úteis sobre as
Unido, pesquisador associado honorário, e a fotografia da urtiga é fotografias.
reproduzida com a gentil permissão do Dr. Tom Cope, da Royal Agradecemos a todos pelo apoio. Se existir qualquer erro ou
Botanic Gardens, Kew, Reino Unido. omissão no conteúdo deste livro, eles são de nossa responsabilidade.

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Como Usar este Livro

Objetivo e alcance camentos fitoterápicos, incluindo medicamentos registrados e pro-


dutos não registrados no Reino Unido e na União Europeia (UE).
Fitoterápicos tem o propósito de ser uma obra de referência para far-
Todos os medicamentos foram avaliados quanto a sua qualidade,
macêuticos, médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde,
segurança e eficácia. No contexto dos medicamentos fitoterápicos,
ajudando-os a aconselhar o público sobre o uso de medicamentos à
existem critérios específicos que não são encontrados na avaliação
base de plantas. Este livro não se destina a ser um guia para autodiag-
de outros medicamentos. Como primeira providência para garantir
nóstico nem autotratamento com medicamentos fitoterápicos e não
a segurança e a eficácia dos medicamentos fitoterápicos, há uma
deve ser usado para tal objetivo.
O termo “medicamento fitoterápico” ou “produto medicinal série de diretrizes para a avaliação da qualidade, que são discutidas
fitoterápico” (ou, menos frequentemente, “remédio fitoterápico”) é rapidamente. Em termos de segurança, existe o conceito popular de
usado para descrever um produto comercializado, enquanto o ter- que, por serem “naturais”, as plantas são necessariamente seguras.
mo “componente fitoterápico” é usado para uma planta que esteja Esse é um conceito equivocado, sendo enfatizado que alguns com-
presente em um medicamento fitoterápico. “Constituinte fitote- ponentes fitoterápicos provocam efeitos adversos, enquanto outros
rápico” é usado para descrever um constituinte químico especí- são decididamente tóxicos. No contexto das 152 monografias sobre
fico de um componente fitoterápico. Por exemplo, comprimidos componentes fitoterápicos, a maioria documenta efeitos adversos
de valeriana são um produto fitoterápico, a raiz da valeriana é um ou potenciais para interagir com outros medicamentos, e poucos
componente fitoterápico, e o valtrato é um constituinte fitoterápi- podem ser recomendados durante a gravidez. As tabelas da Introdu-
co da valeriana. ção e dos Apêndices no final das monografias resumem os aspectos
O principal critério para a inclusão de um componente fitote- sobre segurança de componentes fitoterápicos e contêm informa-
rápico neste livro é sua presença nos medicamentos fitoterápicos que ções sobre os componentes fitoterápicos biologicamente ativos e
são usados no Reino Unido, particularmente os que são vendidos seus compostos ativos. A eficácia clínica não foi estabelecida para a
em farmácias. Além disso, foram incluídas plantas que receberam di- maioria dos componentes fitoterápicos descritos neste livro, e, em
vulgação nos meios de comunicação ou que foram alvo de interesse alguns casos, falta documentação dos constituintes químicos e das
científico recentemente. O objetivo deste livro é atrair a atenção do atividades farmacológicas.
leitor para supostos usos e ações dos componentes fitoterápicos e
sua confirmação (se houver) pela evidência a partir de estudos pré- As monografias dos fitoterápicos
-clínicos e/ou clínicos. Também foi discutida qualquer toxicidade
Foram incluídas 152 monografias dos componentes fitoterápicos en-
conhecida ou potencial dos componentes fitoterápicos e como ela
contrados em produtos, sendo o título usado para a monografia seu
pode influenciar a adequação para uso na medicina fitoterápica ou
nome comum preferido. O formato escolhido para as monografias
convencional.
considerou a melhor forma de organizar as informações relevantes
de modo familiar para farmacêuticos, médicos, enfermeiros e outros
Introdução às monografias profissionais da saúde.
A seção de introdução das 152 monografias sobre componentes fi- Os subtítulos usados nas monografias das plantas estão listados a
toterápicos contidas neste livro discute os aspectos legais dos medi- seguir com uma breve explicação das informações fornecidas.

Título da monografia Nome comum do componente fitoterápico; se existir mais de um nome comum, este é o
nome preferido.
Resumo e comentário farmacêutico Esta seção foi planejada para fornecer ao leitor um resumo geral do conteúdo da mono-
grafia, indicando a extensão dos dados fitoquímicos, farmacológicos e clínicos disponí-
veis do componente fitoterápico, se os usos fitoterápicos propostos são justificados ou
não, preocupações sobre a segurança e, com base nessa informação, se o componente
fitoterápico é considerado adequado para o uso.
Espécies (Família) Nome botânico preferido e autoria, junto com a família da planta.
Sinonímia e nome popular Outros nomes comuns ou botânicos.
Parte(s) usada(s) Parte(s) da planta tradicionalmente usada(s) no medicamento fitoterápico.
Monografias farmacopeicas e outras Importantes monografias farmacopeicas e textos sobre medicamentos fitoterápicos.
Categoria legal (produtos registrados) Categoria legal da planta com relação aos produtos registrados. Para a maioria dos
componentes fitoterápicos, esta será a General Sales List (GSL).
Constituintes Principais constituintes químicos documentados, agrupados em categorias como alca-
loides (tipo especificado), flavonoides, glicosídeos iridoides, saponinas, taninos, triterpe-
nos, óleo volátil e outros constituintes de miscelâneas e constituintes químicos de menor
importância.

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xii Como Usar este Livro

Fórmula estrutural química Foram incluídas as fórmulas estruturais químicas dos constituintes-chave dos componen-
tes fitoterápicos em praticamente todas as monografias.
Qualidade do material vegetal e de produ- Esta seção foi incluída em componentes fitoterápicos comumente encontrados em
tos comerciais produtos comerciais. Descreve os estudos que examinaram a variação no conteúdo
fitoquímico da droga vegetal e produtos comercializados, bem como outros aspectos
relacionados à qualidade do produto, como as diferenças entre o teor real e rotulado
dos produtos comerciais.
Uso alimentício Indica se o componente fitoterápico é usado em alimentos. A categoria do Conselho
Europeu (COE), que reflete a opinião do COE sobre a adequação do componente fito-
terápico para uso como um flavorizante alimentício, é citada quando aplicável.
Uso fitoterápico Apresenta as supostas ações e usos dos componentes fitoterápicos com base em várias
fontes de informação. Em alguns casos, foram incluídas pesquisas atuais de interesse
particular.
Fotografias Apresentadas na maioria das monografias, mostrando a droga vegetal e a planta a partir
da qual ela é retirada. Como não fornecemos descrições botânicas, macroscópicas ou
microscópicas, essas fotografias são apenas ilustrativas e não se destinam ao uso para
identificação.
Posologia Apresenta a dose tradicional do componente fitoterápico, principalmente a partir das
monografias da British Herbal Pharmacopoeia (BHP), German Commission E e European
Scientific Cooperative on Phytotherapy (ESCOP), fornecendo doses da parte da planta
que é usada (p. ex., erva, rizoma, folha), extrato líquido e infusão. Quando possível, foram
incluídas as doses usadas em ensaios clínicos.
Atividades farmacológicas Descreve qualquer atividade farmacológica documentada do componente fitoterápico. É
dividida em uma seção sobre estudos in vitro e em animais e em uma seção de estudos
clínicos, que descreve os estudos em humanos.
Efeitos colaterais, toxicidade Detalha efeitos colaterais documentados do componente fitoterápico e estudos sobre
toxicologia. Se os efeitos colaterais ou a toxicidade são em geral associados com qual-
quer um dos constituintes do componente fitoterápico, ou da família da planta, eles são
mencionados aqui. Ver também as Tabelas I1 e I2 na Introdução.
Contraindicações, advertências Descreve potenciais contraindicações e efeitos colaterais, bem como pessoas que po-
dem ser mais suscetíveis a um efeito colateral em particular. Esta seção deve ser usada
junto com os Apêndices 1 a 3. Os comentários sobre gravidez e lactação estão incluídos;
é fornecido um resumo na Tabela I3 da Introdução.
Formulações Descreve informações sobre o produto de mais de 35 países. Organizado em duas
seções, a primeira seção lista, por país, os nomes registrados (nomes dos produtos) das
formulações que contêm apenas o componente fitoterápico descrito na monografia.
A segunda seção lista, por país, os produtos que contêm mais de um componente, in-
cluindo a planta descrita na monografia. Fornecedores específicos de formulações são
apresentados no Apêndice 4, junto com as informações de contato do fornecedor, no
Apêndice 5.
Referências As referências foram incluídas no final do texto de cada monografia. Existe uma quan-
tidade considerável de literatura sobre plantas e foram selecionadas referências gerais
para uso com o manual. Estas Referências Gerais, indicadas como G1 a G88, estão lista-
das após a Introdução. No caso de alguns componentes fitoterápicos bem conhecidos,
apenas as referências gerais foram citadas. A maioria das monografias também apresen-
ta referências específicas.

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Sumário

Introdução 15 C Erva-mate 319


Constituintes Químicos das Plantas Cacto 145 Escrofulária 321
Usadas como Medicamentos Cálamo 146 Escutelária 323
Fitoterápicos 41
Calêndula 149 Estigma-de-milho 326
Referências Gerais 46
Camomila (alemã) 153 Eucalipto 328
Camomila-romana 157 Eufrásia 330
As Monografias
Canela 160 Eupatório 332
A Capsicum (pimentas e
pimentões) 162 F
Agnocasto 48
Cardo-mariano 165 Falso-unicórnio 334
Agrimônia 54
Cardo-santo 172 Fel-da-terra 336
Agripalma 57
Cáscara-sagrada 174 Feno-grego 338
Aipo 59
Cássia 176 Ficária 341
Álamo-branco 62
Castanha-da-índia 178 Filipêndula 343
Alcachofra 64
Cava 182
Fitolaca 345
Alcaçuz 69
Cebola-do-mar 196
Flor-d’água 348
Alecrim 74
Celidônia-maior 198
Flor-de-lis 350
Alecrim-do-norte 78 Cenoura-silvestre 208
Framboesa 352
Alface-selvagem 80 Centela 211
Frângula 355
Alfafa 82 Chá-de-java 214
Freixo-espinhoso-do-norte 358
Alho 85 Chaparral 219
Freixo-espinhoso-do-sul 360
Aloé 96 Cidrão 222
Fucus 363
Aloe-vera (gel) 99 Cimicífuga 224
Fumária 366
Alteia 101 Confrei 236
Angélica 104 Cratego 239 G
Aparine 108 Cravo-da-índia 245 Garra-do-diabo 369
Aphanes 110 D Genciana 377
Arnica 112 Damasco 247 Gengibre 380
Assafétida 115 Damiana 250 Giesta 386
Atanásia 118 Dente-de-leão 253 Ginkgo 388
Azeda-crespa 120 Ginseng 404
E
Grama 416
B Efedra 256
Guaiaco 418
Bardana 122 Eleuterococo 260
Boldo 125 Equinácea 270 H
Bolsa-de-pastor 128 Erva-benta 290 Hamamélis 420
Borragem 130 Erva-de-santa-luzia 292 Hera-terrestre 423
Buchu 132 Erva-de-são-joão 294 Hidraste 425
Butterbur (Petasites) 134 Erva-doce 315 Hortênsia 428

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xiv Sumário

I R U
Ínula 430 Rainha-dos-prados 506 Unha-de-gato 586
Iúca 433 Raiz-da-rainha 508 Urtiga 590
Raiz-de-pedra 510 Uva-de-urso 594
L
Raiz-de-pleuriz 512
Leontice 435 V
Raiz-forte 514
Lobélia 438 Valeriana 597
Rodiola 516
Lúpulo 440 Verbena 608
Rorela 522
Visco-branco 610
M Ruibarbo 524
Maracujá 444 Z
S
Marroio-branco 453 Zimbro 621
Sabugueiro 526
Marroio-negro 455
Salgueiro 529 Apêndices
Melissa 458
Salsa 532
Mil-folhas 462 1
Salsaparrilha 535
Mirra 466 Interações Potenciais entre
Sálvia 538 Fármacos e Fitoterápicos 624
Mirtilo 469
Sanguinária 541
2
N Sapatinho-de-vênus 544
Atividades Farmacológicas e
Noz-de-cola 474
Sassafrás 546 Constituintes de Compostos
Vegetais 628
O Saw palmetto 549
Olmo-vermelho 476 Sene 558 3
Oxicoco 478 Senécio 562 Interações Potenciais entre
Fármacos e Fitoterápicos 634
P T
Tanaceto 564 4
Pimpinela 482
Diretório de Produtos 635
Plantago-indiano 484 Tanchagem 569
Poejo 489 Tília 572 5
Polígala 491 Timbó-boticário 574 Lista de Fornecedores 671
Primavera 495 Tomilho 576
Prímula 497 Trevo-vermelho 579
Índice 701
Pulsatila 502 Trevo-d’água 581
Tussilagem 583
Q
Quássia 504

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Introdução
A associação de um desapontamento com medicamentos conven- No Reino Unido, observou-se que as vendas no varejo de produ-
cionais ao desejo de um estilo de vida “natural” resultou no uso cres- tos fitoterápicos aumentaram 43% no período de 1994 a 1998, sendo
cente de medicamentos complementares e alternativos (MCAs) no as vendas de produtos fitoterápicos regitrados estimadas em £ 50 mi-
mundo desenvolvido. lhões em 1998.(9)
Nos Estados Unidos, um estudo das tendências a longo pra- O balanço comercial de 2003 indicou um crescimento das ven-
zo sobre terapias com MCAs relatou que seu uso vem aumentando das de medicamentos complementares quase 60% maior do que o
constantemente desde 1950.(1) Esse aumento não depende do gê- dos cinco anos precedentes, com um valor estimado de £ 130 mi-
nero, da etnia ou do grau de instrução, mas é mais comum entre as lhões.(16) Relatos recentes indicam que o mercado no Reino Unido
pessoas mais jovens. O estudo de medicamentos fitoterápicos cresceu continuou se expandindo, chegando a 45% de 1999 a 2004. As ven-
significativamente a partir de 1970 e então, novamente, na década das de medicamentos fitoterápicos foram responsáveis por mais de
de 1990. Esse estudo concluiu que a demanda contínua de MCAs 50% desse índice, tendo aumentado 16% desde 2002.(17)
afetará o cuidado com a saúde em um futuro próximo, e estudos Esses números demonstram que os produtos medicinais à base
mais recentes confirmaram que a prevalência do uso de MCAs per- de plantas estão sendo utilizados de forma crescente pelo público em
maneceu estável, sendo que cerca de um terço dos adultos nos EUA geral, por escolha própria, para substituir ou complementar a medica-
relata o uso de terapias com MCAs.(2,3) Os 10 produtos fitoterápicos ção convencional. Nesse cenário de uso crescente, foram levantadas
mais vendidos nos EUA em 2004 foram alho, equinácea, saw palmetto, questões importantes de saúde pública relativas aos medicamentos fi-
Ginkgo biloba, soja, oxicoco, ginseng, cimicífuga, erva-de-são-joão e toterápicos, que destacaram a necessidade de os profissionais de saúde
cardo-mariano.(4) O uso contínuo de MCAs também foi verificado terem informações científicas atualizadas sobre a qualidade, a segurança
no sul da Austrália, onde foi relatado, em 2004, que esse tipo de e a eficácia desses produtos.
produto estava sendo usado por cerca de 50% da população.(5) Vários A substituição de certos compostos por Aristolochia nos medi-
outros estudos documentaram o uso crescente de MCAs no Reino camentos da medicina tradicional chinesa resultou em casos de grave
Unido, sendo as terapias complementares mais usadas a acupuntura, toxicidade renal e câncer renal na Europa, na China e nos Estados Uni-
a homeopatia, os produtos fitoterápicos e as terapias de manipulação dos.(18) O surgimento de interações entre Hypericum perforatum (veja
quiropraxia e osteopatia.(6) Erva-de-são-joão) e certos medicamentos sob prescrição originou a
Estimativas da prevalência de uso de MCAs na população do necessidade de ações regulatórias em todo o mundo.(19) Casos graves
Reino Unido variam de 10,6% para o uso de uma lista limitada de de dano hepático, incluindo várias mortes associadas ao uso de Piper
terapias com MCAs a 46,6% para o uso de terapias com MCAs ou methysticum (veja Cava), levaram a restrições do seu uso em vários
produtos MCAs isentos de prescrição.(7,8) Em seu relato sobre medi- países.(20) Relatos frequentes da presença de metais pesados tóxicos
cina complementar e alternativa, a House of Lords Select Commit- e fármacos nos medicamentos tradicionais chineses e ayurvédicos
tee on Science and Technology’s Subcommittee on Complementary refletem o problema global da baixa qualidade de muitos produtos
and Alternative Medicine destacou a falta de informações abrangen- fitoterápicos.(21,22)
tes sobre o uso de medicamentos fitoterápicos no Reino Unido.(9) Os farmacêuticos precisam ter condições de aconselhar
As estimativas sobre o uso de medicamentos fitoterápicos estão dis- o consumidor sobre o uso racional e seguro de todos os medi-
poníveis, mas é difícil medi-lo com precisão, visto que muitos pro- camentos. Estudos no Reino Unido, na Austrália e nos EUA mos-
dutos são considerados suplementos alimentares. Contudo, um le- tram que, frequentemente, os farmacêuticos estão envolvidos no
vantamento realizado por telefone com uma amostra nacionalmente fornecimento de medicamentos fitoterápicos.(23-26) Para cumprir
representativa de 1.204 adultos britânicos constatou que cerca de 7% esse papel, os farmacêuticos precisam ter conhecimento sobre os
deles haviam usado medicamentos fitoterápicos no ano anterior.(10) produtos fitoterápicos e ter acesso a informações confiáveis para
Em outro estudo transversal, cerca de 5.000 adultos selecionados ale- aconselhar os pacientes e o público sobre a eficácia e o uso ade-
atoriamente na Inglaterra receberam um questionário pelo correio quado de formulações fitoterápicas.(27-29) Além disso, muitos ou-
sobre o uso de MCAs.(7) Cerca de 20% dos que responderam tinham tros profissionais de saúde estão se tornando cientes do uso de
comprado um medicamento fitoterápico isento de prescrição médi- medicamentos fitoterápicos pelos seus pacientes e da necessidade
ca nos 12 meses anteriores. de serem informados sobre a adequação desses produtos para uso
As estimativas do gasto com produtos fitoterápicos variam, mas como medicamentos.
os dados mostram que o mercado global de produtos fitoterápicos Este livro traz, em um volume, monografias sobre 152 plantas
cresceu rapidamente na última década. Nos EUA, as vendas anuais comumente presentes nos produtos fitoterápicos vendidos nas far-
no varejo foram estimadas em US$ 1,6 bilhões em 1994(11) e quase mácias do Reino Unido. Também são apresentados três apêndices
US$ 4 bilhões em 1998.(12) Entretanto, desde então, foi relatado que que agrupam as plantas com ações específicas e destacam potenciais
o mercado nos EUA estagnou-se e, em alguns casos, decaiu.(13) As interações com medicamentos convencionais.
vendas no varejo de produtos fitoterápicos na União Europeia (UE) Como prefácio para as monografias, é fornecida uma visão geral
foram estimadas em US$ 7.000 milhões em 1996.(14) da legislação do Reino Unido e da Europa sobre produtos fitoterá-
Uma análise detalhada do mercado de medicamentos fitoterá- picos, junto com questões pertinentes sobre qualidade, segurança e
picos na Europa demonstrou que a Alemanha e a França responde- eficácia. Além da venda no varejo, as plantas podem ser colhidas na
ram por mais de 70% da participação do mercado.(15) Em 1997, o natureza ou obtidas de um ervanário. Esta obra não discute a própria
total de vendas desses produtos (considerando preços do atacado) foi colheita de material vegetal para uso como remédio à base de plantas
US$ 1,8 bilhão na Alemanha e US$ 1,1 bilhão na França. ou a prescrição de medicamentos fitoterápicos pelos ervanários.

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16 Introdução

Medicamentos fitoterápicos e fitoterapia incluindo o Reino Unido (veja Posição regulatória atual dos produ-
tos fitoterápicos no Reino Unido), que possuem cláusulas nacionais
Os medicamentos fitoterápicos também são conhecidos como re-
permitindo que certos produtos à base de plantas sejam isentos das
médios à base de plantas, produtos fitoterápicos, produtos à base de
cláusulas de licenciamento sob condições específicas. Em geral, em
plantas, fitomedicamentos, agentes fitoterapêuticos e fitofarmacêuti-
todos os Estados-membros, os produtos fitoterápicos são classificados
cos. O uso de medicamentos fitoterápicos com base em evidências
como produtos medicinais se justificarem as indicações terapêuticas
ou na ciência para o tratamento e prevenção de doenças é conhe-
ou profiláticas.
cido como fitoterapia (racional). Essa abordagem contrasta com o
O advento do novo sistema de autorização do mercado pan-eu-
herbalismo médico tradicional, que usa medicamentos fitoterápicos
ropeu, em 1993, levantou questões com relação aos produtos fitote-
de forma holística e, principalmente, com base no seu uso empírico
rápicos e, em particular, a preocupação de que as grandes diferenças
e tradicional. Embora essas duas abordagens sejam totalmente dife-
na classificação/avaliação poderiam obstruir sua livre circulação na
rentes, em alguns casos elas empregam a mesma terminologia. Por
UE. Os novos sistemas para autorização de comercialização envol-
exemplo, o herbalismo tradicional também é descrito como “fitote-
vem três procedimentos: centralizado, descentralizado (reconheci-
rapia” e se refere a formulações com material vegetal como “medi- (32,33)
mento mútuo) e nacional. O procedimento centralizado é obri-
camentos fitoterápicos”. Hoje em dia, existe uma continuidade entre
gatório para produtos biotecnológicos e, desde novembro de 2005,
esses caminhos, e muitos herbalistas também usam a evidência cien-
é obrigatório para medicamentos órfãos e qualquer medicamento
tífica para apoiar o uso tradicional de medicamentos fitoterápicos.
para uso humano que contenha novas substâncias ativas (ou seja, que
As plantas têm sido usadas na medicina por milhares de anos por
não eram autorizadas anteriormente na comunidade) para o trata-
culturas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial
mento de Aids, câncer, doenças neurodegenerativas e diabete.(34) O
de Saúde, 80% da população mundial usa remédios à base de plantas
procedimento descentralizado ou mútuo reconhecimento envolve
como terapia primária no cuidado com a saúde.(30) Em alguns países,
o acordo da avaliação entre os Estados-membros participantes; esse
os medicamentos fitoterápicos ainda são a espinha dorsal do sistema
procedimento se tornou obrigatório a partir de janeiro de 1998 para
de saúde, como a medicina ayurvédica, na Índia, e a medicina tradi-
produtos que solicitam autorização em mais de um Estado-membro.
cional chinesa, na China. Os medicamentos fitoterápicos têm uma
Desde então, tornaram-se possíveis solicitações nacionais simultâneas,
longa história e tradição na Europa.
mas o sistema de reconhecimento mútuo torna-se automaticamente
Geralmente, os leigos confundem os medicamentos fitoterápi-
necessário uma vez que uma autorização tenha sido concedida pelo
cos e os remédios homeopáticos. Entretanto, a homeopatia é baseada
primeiro Estado-membro. A intenção original era manter os proce-
no princípio de que “o semelhante deve ser tratado pelo semelhante”
dimentos nacionais existentes para os medicamentos que solicitam
e envolve a administração de pequenas doses de medicamentos, que,
autorização em um único Estado-membro. Entretanto, a Comissão
em grandes doses, produzem sintomas em uma pessoa saudável, mi-
Europeia concordou que os procedimentos nacionais poderiam ser
metizando os sintomas manifestados pelas pessoas doentes.
mantidos para solicitações bibliográficas, incluindo aquelas para pro-
Muitos dos remédios homeopáticos, mas não todos, são origi-
dutos fitoterápicos, até que as questões sobre harmonização pudes-
nados de plantas. Já os medicamentos fitoterápicos (fitoterapia) em-
sem ser resolvidas.
pregam o material seco de plantas ou o extrato de partes da planta
Em 1997, com a iniciativa do Parlamento Europeu, da Comis-
em doses terapêuticas para tratar os sintomas. Neste último aspecto,
são Europeia e da (então) European Medicines Evaluation Agency
são similares aos medicamentos convencionais.
(EMEA), atualmente European Medicines Agency, foi estabelecido
um grupo de trabalho ad hoc sobre Produtos Medicinais Fitoterápi-
Os controles regulatórios sobre cos (HMPWG) na EMEA. O principal impulso do HMPWG era a
os medicamentos fitoterápicos proteção da saúde pública por meio da preparação de um guia que
facilitasse o reconhecimento mútuo das autorizações de comercia-
Produtos à base de plantas na Europa lização no campo dos medicamentos fitoterápicos e que reduzisse
Os produtos fitoterápicos estão disponíveis em todos os países da a necessidade de autorizações do CHMP (Committee on Human
União Europeia (UE), embora o tamanho relativo de seus mercados Medicinal Products), anteriormente denominado Committee on
varie. Desde o fim da década de 1980, a regulamentação dos produ- Proprietary Medicinal Products (CPMP).
tos fitoterápicos tem sido uma questão importante na UE, devido Um estudo maior feito pela Association of the European Self-
às diferenças no modo pelo qual os Estados-membros classificam os -medication Industry (AESGP), em 1998, por solicitação da Co-
produtos fitoterápicos e às dificuldades que isso pode apresentar na missão Europeia, confirmou os diferentes caminhos tomados pelos
implementação do mercado único de produtos farmacêuticos. Estados-membros na regulação de produtos à base de plantas.(35) Tra-
De acordo com a diretiva do Conselho 2001/83/EEC e suas al- dições diferentes no uso terapêutico de formulações fitoterápicas,
terações, um produto medicinal é definido como “qualquer substân- associadas a abordagens nacionais diferentes para sua avaliação, têm
cia, ou combinação de substâncias, apresentada como tendo proprie- resultado em diferenças na disponibilidade de alguns medicamen-
dades para o tratamento ou a prevenção de doença nos seres vivos ou tos fitoterápicos. Por exemplo, o Ginkgo biloba está disponível como
que possa ser administrada aos seres humanos para restaurar, corrigir medicamento dispensado somente sob prescrição em alguns países
ou modificar as funções fisiológicas ao exercer uma ação farmacoló- da UE, mas como suplemento alimentar em outros. Similarmente, a
gica, imunológica ou metabólica ou para fazer um diagnóstico”.(31) erva-de-são-joão (Hypericum perforatum) é aceita como um tratamen-
Os produtos fitoterápicos são considerados produtos medicinais to para depressão em alguns Estados-membros, mas não em outros.
se estiverem em conformidade com a definição da diretiva. Entretan- O estudo da AESGP revelou que, em geral, os medicamentos
to, a classificação legal é complicada pelo fato de que, na maioria dos fitoterápicos são totalmente licenciados quando apresentam eficácia
Estados-membros, os produtos fitoterápicos estão disponíveis tan- comprovada por meio de estudos clínicos ou bibliografia (de acordo
to como produtos medicinais com justificativas terapêuticas quanto com Artigo 10.1 a (i) da diretiva do Conselho 2001/83/EC) ou apre-
como suplementos alimentares/dietéticos sem justificativas terapêu- sentam provas mais ou menos simplificadas de sua eficácia, de acordo
ticas. A situação é ainda mais complexa em alguns Estados-membros, com seu uso em cada país. Além disso, o estudo encontrou maiores

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Introdução 17

discrepâncias entre os Estados-membros na classificação de formula- segurança submetidos. As exigências de qualidade normais exigidas
ções fitoterápicas e produtos de uma dessas categorias, assim como nas dos medicamentos licenciados serão aplicadas, incluindo as boas prá-
exigências para obtenção da autorização de comercialização (registro ticas de fabricação e os padrões da Farmacopeia Europeia. Os rótulos
do produto). Foi destacada a necessidade de esclarecimento do qua- e as bulas dos produtos registrados deverão incluir necessariamente
dro regulatório e de harmonização das exigências regulatórias para informações e instruções sobre o uso seguro do produto, bem como
garantir que os medicamentos fitoterápicos possam ser disponibiliza- uma declaração de que o produto é baseado no uso existente há mui-
dos em um mercado único de produtos farmacêuticos. to tempo. Vitaminas e minerais poderão ser adicionados aos consti-
Uma iniciativa importante no processo de harmonização foi tuintes medicinais, desde que suplementem os ativos medicinais. Será
a formação da European Scientific Cooperative on Phytotherapy exigido que os fabricantes tenham um sistema adequado de farma-
(ESCOP), uma organização que representa associações nacionais de covigilância, para manter os registros de todas as reações adversas a
fitoterapia. A ESCOP foi fundada em 1989 por seis associações cien- medicamentos (RAMs) que ocorrem em todo o mundo, e terão que
tíficas nacionais da UE com o objetivo de estabelecer uma organi- relatar todas as RAMs à autoridade licenciadora regulatória nacional.
zação científica para fornecer critérios harmônicos na avaliação dos A diretiva estabeleceu um novo Comitê Europeu na EMEA, o
produtos à base de plantas, apoiar a pesquisa científica e contribuir Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC), com a respon-
para a aceitação da fitoterapia na Europa.(36,37) sabilidade de elaborar as monografias da comunidade e uma lista das
A ESCOP abrange agora 13 associações nacionais da Europa e substâncias fitoterápicas da comunidade. Uma monografia de planta
o American Botanical Council. O Comitê científico da ESCOP pu- medicinal da comunidade inclui a opinião científica da comunidade
blicou 80 monografias de drogas vegetais, seguindo o formato do Eu- sobre um dado produto à base de planta com base na sua avaliação
ropean Summary of Product Characteristics (SPC).(38) Anteriormen- dos dados científicos disponíveis ou no histórico do uso de tal pro-
te, a EMEA Herbal Medicinal Products Working Party (HMPWP) duto na comunidade europeia (uso tradicional). Alguns produtos à
empregava as monografias da ESCOP como base para seu trabalho base de plantas constarão na monografia da comunidade com o uso
para desenvolver SCPs. O HMPWP tem sido substituído pelo Herbal bem-estabelecido e o tradicional. As monografias da comunidade
Medicinal Products Committee (HMPC), como discutido a seguir, têm o objetivo de auxiliar a padronização das exigências “bibliográ-
e a colaboração com a ESCOP continua de acordo com os novos ficas” das solicitações de autorização de comercialização. Quando
regulamentos da UE. o HMPC produz um esboço de monografia da comunidade, ele é
liberado para a consulta pública no website da EMEA, em geral por
Novas regulamentações para produtos à três meses. Os comentários recebidos são posteriormente revisados,
base de plantas tradicionais na UE e a versão final da monografia do fitoterápico da comunidade é
A partir do fim da década de 1980, a necessidade de uma nova es- publicada.
trutura regulatória para produtos fitoterápicos esteve sob discussão, Constará na lista da comunidade, para cada planta medicinal
apoiada pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia. Em ou formulação à base de planta medicinal, a indicação, a concen-
geral, foi aceito que um número significativo de produtos à base tração especificada e a posologia, a via de administração e qualquer
de plantas não satisfazia as exigências para a autorização de co- outra informação necessária para seu uso seguro como ativo de um
mercialização. Em setembro de 1999, o European Pharmaceutical produto medicinal tradicional. Essa lista fornecerá uma abordagem
Committee criou um grupo de trabalho dos Estados-membros para uniforme para toda a UE, com informações sobre as plantas ou for-
investigar a possibilidade de uma diretiva para os medicamentos tra- mulações à base de plantas tradicionais. A lista incluirá plantas e for-
dicionalmente usados. O trabalho começou em abril de 2000, e uma mulações que são de uso fitoterápico por longo tempo e, portanto,
nova diretiva da UE sobre Produtos Medicinais Fitoterápicos Tradi- não são consideradas perigosas sob condições normais de uso e estará
cionais 2004/24/EC entrou em vigor em abril de 2004, exigindo liberada para consulta pública no website da EMEA, geralmente por
que os Estados-membros implementassem esquemas de registro até três meses. As solicitações de registros tradicionais podem fazer re-
outubro de 2005.(39) O objetivo é eliminar as diferenças que criam ferência à lista em vez de fornecer evidência sobre o uso tradicional
obstáculos para o movimento livre de produtos medicinais na UE e e a segurança, simplificando, assim, o procedimento de registro. O
ao mesmo tempo garantir a proteção da saúde pública. Quanto aos esboço e as monografias da comunidade adotados estão disponíveis
medicamentos fitoterápicos não licenciados legalmente no mercado no site da EMEA.(40)
em 30 de abril de 2004, a diretiva prevê um período de transição de Um esquema simplificado para registro foi introduzido no Rei-
sete anos, para dar às empresas o tempo necessário para que possam no Unido em outubro de 2005 para produtos à base de plantas tra-
se adaptar às novas exigências. A nova diretiva fornece uma estrutura dicionais. Um novo comitê consultivo, o Herbal Medicines Advisory
para a regulamentação de produtos à base de plantas tradicional- Committee (HMAC), foi estabelecido para aconselhar os Ministros
mente usadas, exigindo que eles satisfaçam padrões específicos de da Saúde em questões relacionadas ao registro de produtos à base de
segurança e qualidade e que o produto seja acompanhado de infor- plantas tradicionais e sobre a segurança e a qualidade de remédios à
mação adequada para garantir seu uso seguro. Os produtos devem base de plantas sem registro.
ser registrados para permitir uma automedicação adequada, sem a
necessidade da intervenção do médico. Os requisitos usuais para a Posição regulatória atual dos produtos
comprovação da eficácia de medicamentos, como exigido pela di- fitoterápicos no Reino Unido
retiva 2001/83/EC para uma autorização de comercialização, foram Os produtos fitoterápicos estão disponíveis no Reino Unido por
substituídos pela exigência de comprovação do uso tradicional por meio de vários pontos de venda no varejo, como farmácias, lojas de
30 anos para a indicação médica requerida, sendo que ao menos 15 produtos naturais, remessa postal, supermercados, lojas de departa-
anos desse uso deve ter sido feito dentro da UE. mentos e, de forma crescente, pela internet. Alguns produtos à base
Os pedidos de registro devem incluir uma revisão bibliográfica de plantas medicinais consistem apenas de material seco, indefinido,
dos dados sobre segurança associada ao uso do produto fitoterápico de plantas; outros são apresentados como produtos disponíveis em
em uma indicação em particular. Além disso, essa revisão precisa ser grande variedade de formas farmacêuticas para uso interno (compri-
acompanhada de um relatório de um especialista sobre os dados de midos, cápsulas, líquidos) e externo (cremes, pomadas) e podem con-

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18 Introdução

ter um ou vários compostos à base de plantas medicinais, que podem As solicitações de autorização para comercialização (registros
ser plantas secas ou seus extratos. A situação regulatória atual é com- dos produtos) de novos produtos fitoterápicos são avaliadas pela
plicada pelo fato de que os produtos fitoterápicos podem estar em MHRA quanto à sua segurança e eficácia, de acordo com a legis-
uma das três seguintes categorias: produtos fitoterápicos registrados, lação da CE e do Reino Unido. Existem diretrizes da CE espe-
isentos de registro ou vendidos como suplemento alimentar. Além cíficas sobre a qualidade, especificação e fabricação de produtos à
(46-48)
disso, a partir de novembro de 2005, o procedimento de registro dos base de plantas. Poucas solicitações de novas autorizações para
produtos à base de plantas tradicionais introduziu outra categoria, a comercialização têm sucesso, e as dificuldades encaradas pelos fa-
dos “produtos registrados”. bricantes de fitoterápicos em responder às exigências regulatórias
A maioria dos produtos fitoterápicos é vendida sem justificativas têm levado ao desenvolvimento de um esquema simplificado de
médicas, com isenção de registro (veja Remédios à base de plantas registro do uso tradicional, descrito anteriormente. Permanece-
isentos de registro) ou como suplemento alimentar. Os que são for- rá a possibilidade de obter anteriormente uma autorização para
necidos como suplemento alimentar são controlados pela legislação comercialização de um produto à base de plantas, desde que os
para alimentos, enquanto os que são isentos de registro são contro- dados necessários sobre segurança, qualidade e eficácia possam ser
lados pela legislação para medicamentos. A dificuldade em definir a demonstrados.
situação dos produtos que ocupam a divisa entre medicamentos e
alimentos tem resultado em produtos similares sendo vendidos nas Medicamentos à base de plantas isentos de registro
duas categorias. No passado, desde que os produtos fossem vendidos Conforme a Lei dos Medicamentos, os remédios fitoterápicos fa-
sem referências a justificativas médicas, a Medicines and Healthcare bricados e vendidos ou fornecidos de acordo com as isenções espe-
products Regulatory Agency (MHRA; anteriormente Medicines cíficas demonstradas nas Seções 12(1) ou (2) ou artigo 2 da Ordem
(49)
Control Agency, MCA), órgão do governo responsável por regular de Medicamentos de 1971 (SI 1450) (Isentos de Registro) (Casos
os produtos medicinais, geralmente aceitava que não fossem sujeitos Especiais e Transitórios) são isentos da necessidade de licença. Os
à legislação para medicamentos.(41) Entretanto, a implementação da produtos isentos são aqueles manipulados e fornecidos por herbo-
definição de um produto medicinal de acordo com as diretivas da rista sob sua própria recomendação, incluindo apenas plantas secas,
CE significou que agora se dá maior ênfase sobre a natureza dos trituradas ou pulverizadas vendidas sob seu nome botânico, sem
materiais vegetais fornecidos como suplemento alimentar. recomendações por escrito sobre seu uso, e aqueles feitos por um
detentor de uma licença especial de fabricação em nome de um
Medicamentos fitoterápicos registrados herborista.
As isenções são destinadas, por exemplo, a permitir que os fi-
Quase todos os medicamentos fitoterápicos registrados já estavam
toterapeutas preparem seus próprios remédios aos pacientes, sem a
no mercado do Reino Unido há algum tempo, e a maioria deti-
obrigação do licenciamento, e para permitir que simples plantas secas
nha originalmente o direito à licença do produto (DLP). Seguindo
estejam prontamente disponíveis para a população. O fornecimento
a implementação da Lei dos Medicamentos no Reino Unido, feita
de remédios à base de plantas pelos fitoterapeutas não é afetado pelos
em 1971, o direito à licença do produto foi emitido para todos os
novos regulamentos sobre medicamentos tradicionais. As propostas
produtos medicinais que estavam no mercado em setembro de 1971;
para a reforma da regulamentação dos remédios à base de plantas sem
entretanto, a avaliação científica não havia sido feita na época em que
licença, feita para satisfazer as necessidades dos pacientes, atualmente
o DLP foi concedido. Uma revisão subsequente de todos os DLPs estão em avaliação.
(50)

em relação à segurança, à qualidade e à eficácia ocorreu em 1990. No momento, a maioria dos medicamentos fitoterápicos isentos
Durante a revisão no Reino Unido dos produtos que detinham DLP, de prescrição fabricados no Reino Unido são vendidos como isen-
a autoridade licenciadora concordou em aceitar evidência biblio- tos, conforme a Seção 12(2) da Lei dos Medicamentos. Admite-se, há
gráfica da eficácia dos produtos que eram indicados para condições algum tempo, que as disposições para os produtos à base de plantas
menores, autolimitantes.(42) Não foi exigida evidência de novos tes- sem registro não fornecem proteção suficiente para a saúde públi-
tes clínicos, contanto que os fabricantes concordassem em rotular ca, havendo a necessidade de melhorar a posição regulatória. Atual-
seus produtos como “um remédio à base de planta tradicional para mente, a MHRA considera que as disposições regulatórias atuais
o alívio sintomático de...” e incluir a declaração “se os sintomas per- para medicamentos fitoterápicos sem registro são significativamente
sistirem, procure seu médico”. A autoridade licenciadora considerou (9)
frágeis. As ações para produtos fitoterápicos sem registro não for-
inadequado abrandar as exigências de comprovação de eficácia dos necem proteção suficiente sobre informações para o público, e não
produtos à base de plantas indicados para casos mais graves. Assim, existem garantias específicas para a adequada qualidade e segurança
foi exigida a evidência de testes clínicos controlados para produtos do produto.
(51)

medicinais fitoterápicos indicados em casos de quadros considerados Os partidos da House of Lords Select Committee on Science
inadequados para autodiagnóstico e tratamento.Várias características and Technology concluíram o seguinte: “Estamos preocupados sobre
do novo esquema de registro do uso tradicional são similares às apli- as implicações da segurança de um setor fitoterápico sem regula-
cadas na revisão dos DLPs. mentação e realçamos que todas as vias legislativas sejam exploradas
A MHRA regula os produtos medicinais para uso em huma- para garantir melhor controle desse setor não regulado para o inte-
(9)
nos de acordo com os Regulamentos Adicionais para Medicamentos resse da saúde pública.”.
(The Medicines Amendment Regulations)(Autorizações de Co- Em setembro de 2004, o Committee on Safety of Medicines
mercialização, etc.) 2005, (O Regulamento)(43) e a Lei dos Medi- (CSM) repetiu um aviso anterior sobre sua preocupação com relação
(44)
camentos, 1968 (The Medicines Act). A Lei dos Medicamentos à baixa qualidade de alguns medicamentos tradicionais chineses no
(52)
e a legislação secundária continuam sendo a base legal para outros mercado do Reino Unido.
aspectos do controle dos medicamentos, incluindo autorizações para A MHRA indicou que a intenção do governo é a de, após o
o fabricante e o revendedor por atacado, controle sobre a venda e o período de transição da diretiva de uso tradicional, extinguir a seção
fornecimento e controle sobre a promoção. Mais explicações podem 12(2), para que deixe de fornecer uma rota regulatória pela qual os
ser encontradas no capítulo sobre fitoterápicos do livro Dale and produtos à base de plantas fabricados possam alcançar o mercado sem
(53)
Appelbe’s Pharmacy Law and Ethics.(45) um registro tradicional ou licença.

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Introdução 19

Controle de plantas medicinais no Reino Unido rapêuticas, de 1989, e todas as mercadorias terapêuticas importadas,
A maioria dos componentes usados nos medicamentos fitoterápicos fornecidas ou exportadas da Austrália devem ser incluídas no Regis-
(66)
registrados tem sido usada por séculos sem problemas maiores de tro Australiano de Mercadorias Terapêuticas (ARTG). Os medi-
segurança, e a maioria está incluída na General Sales List (GLS).(54) camentos fitoterápicos, incluindo medicamentos tradicionais, como
Plantas potencialmente perigosas, como digitalis, rauwolfia e nux ayurvédicos e tradicionais chineses (MTC) são regulados como
vomica são especificamente controladas pela Lei dos Medicamentos medicamentos complementares. Para as exigências de rotulagem, as
como medicamentos sob prescrição (POM)(55) e, portanto, só estão plantas são incluídas na Lista de Nomes Australianos Aprovados para
disponíveis sob precrição de um médico registrado. Além disso, cer- Substâncias Farmacêuticas, que é publicada pela Administração de
tas plantas medicinais são controladas pela Ordem de Medicamentos Mercadorias Terapêuticas. O sistema australiano tem uma abordagem
em dois níveis, com base no risco. Os medicamentos de baixo risco,
1971 SI 2130 (Venda e fornecimento do varejo de remédios à base
que incluem a maioria dos medicamentos complementares, estão in-
de plantas medicinais).(56) Essa Ordem (Parte I) especifica 25 plantas
cluídos no ARTG como medicamentos listados. Esses medicamen-
que não podem ser fornecidas exceto por uma farmácia e inclui
tos não foram avaliados antes de serem liberados para consumo, mas
espécies sabidamente tóxicas, como Areca, Crotalaria, Dryopteris e
foram verificados para garantir que estejam em conformidade com
Strophanthus. Na Parte II, a Ordem especifica espécies de plantas,
certas exigências legislativas. Os medicamentos listados têm indica-
como Aconitum, Atropa, Ephedra e Hyoscyamus, que podem ser for-
ções terapêuticas limitadas, como melhora da saúde, redução do risco
necidas por fitoterapeutas, e, na Parte III, define as doses e as vias de
de uma doença, distúrbio ou condição, redução da frequência de um
administração permitidas.
evento determinado, auxílio no tratamento de um sintoma, doença,
Foi criada uma lei para proibir o uso da espécie Aristolochia ou
distúrbio ou condição, alívio dos sintomas. Geralmente, a indicação
espécies semelhantes que possam ser confundidas com Aristolochia
e as justificativas de medicamentos listados para tratamento, cura ou
em medicamentos sem registro.(57) Essa medida foi introduzida após
prevenção de uma doença, distúrbio ou condição não são autori-
uma série de casos de grave toxicidade e de evidência da ampla subs-
zadas. Os medicamentos considerados como tendo risco maior são
tituição de certos compostos em medicamentos tradicionais chine-
avaliados individualmente quanto à sua segurança, qualidade e eficá-
ses por Aristolochia (veja Qualidade, segurança de eficácia dos medi-
cia, antes da comercialização.
camentos fitoterápicos).
No Canadá, o Regulamento de Produtos Naturais para a Saú-
A cava foi proibida em medicamentos fitoterápicos sem registro (67)
de entrou em vigor em janeiro de 2004. Produtos que estão in-
em janeiro de 2003, após casos sucessivos de dano hepático grave
cluídos nos novos regulamentos incluem remédios à base de plantas,
associados ao consumo de Piper methysticum (veja Cava).(58) A MHRA medicamentos homeopáticos, vitaminas, minerais, medicamentos
também anunciou a necessidade de atualizar a lista de plantas medi- tradicionais, probióticos, aminoácidos e ácidos graxos essenciais. Os
cinais sujeitas a restrições ou proibições para uso em medicamentos novos regulamentos introduzem um sistema de licenciamento de
sem registro, levando em consideração as plantas medicinais usadas produto, licenciamento do local, boas práticas de fabricação, relato
em medicamentos chineses e ayurvédicos tradicionais.(59) de reação adversa e exigências para o rótulo. Aqueles que vendiam
os produtos antes de janeiro de 2004 tiveram um período de tran-
O controle regulatório de medicamentos
sição de dois anos para adaptaram-se às exigências regulatórias para
fitoterápicos no mundo
a licença local, e os produtos com um número de identificação de
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conduziu um recente fármaco válido do regime regulatório anterior têm seis anos para
levantamento global sobre o controle regulatório dos medicamen- obter o registro de produto conforme os novos regulamentos. As
tos fitoterápicos e relatou resultados de 141 países.(60) Esse trabalho solicitações de registro de produto são avaliadas quanto à segurança
fornece uma valiosa atualização para as revisões mais recentes da e à eficácia, e diferentes tipos de justificativas podem ser propostas
OMS e ilustra as amplas diferenças na abordagem da regulação en- (p. ex., justificativas terapêuticas, justificativas de redução de risco
tres esses países.(61,62) Esse levantamento confirma que, durante os ou justificativas em relação à estrutura-atividade), apoiadas pelo uso
últimos anos, vários países definiram ou iniciaram o processo para tradicional ou não.
estabelecer uma política nacional e regulamentar para os medi- Nos EUA, a maioria das plantas medicinais e seus produtos são
camentos fitoterápicos. Os desafios mais importantes que os países regulados como alimentos para suplementos dietéticos, sob a Lei de
enfrentam estão relacionados ao status regulatório, à avaliação da (68,69)
Educação e Saúde para Suplementos Alimentares (DSHEA).
segurança e eficácia, e ao monitoramento de controle da qualida- Embora não possam ser feitos apelos terapêuticos para os produtos,
de e segurança. Em resposta às solicitações dos Estados-Membros, o rótulo pode descrever os efeitos sobre o bem-estar geral. Ao con-
a OMS resolveu fornecer apoio técnico para o desenvolvimento trário dos novos medicamentos, em geral os suplementos dietéticos
de metodologia para monitorar ou garantir segurança, eficácia e não precisam passar pela revisão da Food and Drug Administration
qualidade aos produtos, a elaboração de diretrizes e a promoção da (FDA) quanto à segurança e à efetividade ou ser aprovados antes
troca de informações. As diretrizes da OMS foram desenvolvidas da comercialização. Entretanto, os fabricantes devem fornecer um
recentemente em várias áreas importantes, incluindo informações aviso antes da comercialização e uma evidência da segurança de
para o consumidor, farmacovigilância e boas práticas para agricul- qualquer suplemento que eles planejem vender que contenha ingre-
tura e colheita.(63-65) dientes dietéticos não existentes no mercado antes de a DSHEA ser
Os produtos fitoterápicos estão bem-estabelecidos como fito- aprovada. A efetividade da legislação DSHEA foi questionada após o
medicamentos em alguns países, enquanto em outros são considera- surgimento de problemas sérios de segurança decorrentes de ingre-
dos alimento, e as justificativas terapêuticas não são permitidas. No dientes inseguros (p. ex., efedra), falta de boas práticas de fabricação,
(69,70)
contexto deste livro, deve-se observar que muitas das plantas incluí- rotulagem precária e relato inadequado das reações adversas. Em
das nas monografias são de importância econômica em alguns países resposta, a FDA anunciou o desenvolvimento de estratégias para mo-
fora da Europa, particularmente Austrália, Canadá e EUA. nitorar e avaliar a segurança dos produtos e dos ingredientes, garantir
Na Austrália, os produtos terapêuticos para uso humano que a qualidade do produto (regulamentos atuais das boas práticas de
(71,72)
são importados ou fabricados estão sujeitos à Lei de Mercadorias Te- fabricação) e melhorar o rótulo dos produtos.

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20 Introdução

É notório que a regulamentação das plantas medicinais difere Reino Unido, foram relatados dois casos de estágio terminal de
(85,86)
entre os países e que os processos regulatórios não são necessaria- insuficiência renal em 1999. Foram relatados outros casos na
mente ideais, motivo pelo qual estão sob revisão. China (17 casos, com 12 fatalidades) e no Japão (dez casos de in-
suficiência renal).(18) A FDA também relatou dois casos de doença
Qualidade, segurança e eficácia dos renal grave por causa da substituição da espécie Aristolochia em um
medicamentos fitoterápicos suplemento alimentar pela Clematis.(87)
A substituição de uma espécie de planta por outra, em geral
Para garantir a saúde pública, os produtos medicinais devem ser se- de um gênero completamente diferente, é uma prática estabeleci-
guros, eficazes e ter qualidade para o uso. Para obter a autorização da na MTC. Além disso, os materiais vegetais são comercializados
para comercialização (registro do produto) no âmbito da UE, os fa- usando seus nomes comuns Pin Yin Chineses, o que pode levar à
bricantes de produtos medicinais à base de plantas devem demons- confusão. Por exemplo, o nome Fang ji pode ser usado para des-
trar que seus produtos satisfazem padrões aceitáveis de qualidade, crever as raízes das espécies Aristolochia fangchi, Stephania tetranda
segurança e eficácia. ou Cocculis, e o nome Mu Tong pode ser usado para descrever o
caule das espécies Aristolochia manshuriensis, Clematis ou Akebia. A
Qualidade
ampla substituição pela espécie Aristolochia em produtos da MTC
Durante a última década, a qualidade dos produtos medicinais con- disponíveis no Reino Unido foi demonstrada em um estudo da
tinuou a ser uma grande preocupação. A importância da qualidade MHRA que relatou a presença de ácidos aristolóquicos em pelo
para garantir a segurança e a eficácia dos produtos fitoterápicos foi menos 40% dos produtos que continham Fang ji e Mu Tong.(88)
(22,73-78)
extensivamente revisada. Os problemas associados à Aristolochia levaram a uma ação re-
gulatória em todo o mundo, e uma nova legislação foi introduzida
Problemas com produtos fitoterápicos não regulados no Reino Unido para proibir o uso da espécie Aristolochia em
A grande maioria dos problemas relacionados com a qualidade é medicamentos não registrados no Reino Unido.(57)
associada aos produtos fitoterápicos não regulados. Existe substan- Apesar dos avisos e de um importante alerta emitido pela FDA
cial evidência de que muitos medicamentos étnicos, em particular os dos EUA em 2001, foram encontrados produtos contendo áci-
usados na medicina tradicional chinesa (MTC) e em medicamentos do aristolóquico disponíveis em websites dos EUA em 2003.(89)
tradicionais asiáticos (ayurvédicos e unani), não possuem controle A MHRA relatou que continua a encontrar produtos contendo
de qualidade eficiente e podem levar a problemas sérios de saúde Aristolochia no mercado do Reino Unido. Em 2003, foi desco-
pública. Tais problemas abrangem a inclusão deliberada ou acidental berto que um produto chamado Xie Gan Wan continha ácidos
de ingredientes proibidos ou restritos, a substituição de ingredientes, aristolóquicos, e, em dezembro de 2004, foi descoberto que com-
a contaminação com substâncias tóxicas e a falta de correspondência primidos chamados Jingzhi Kesou Tanchuan continham frutos de
entre o teor declarado no rótulo e o teor real. Esses problemas são Aristolochia.(90) Também em dezembro de 2004, as autoridades de
agravados pela demanda superior à oferta de ingredientes de boa Hong Kong alertaram outras autoridades de saúde sobre um pro-
qualidade, pela nomenclatura confusa entre espécies de planta e por duto chamado Shen Yi Qian Lie Hui Chin, que continha ácidos
diferenças culturais na visão da toxicidade e práticas tradicionais, aristolóquicos. Em dezembro de 2005, a MHRA emitiu um aviso
como a substituição de um ingrediente por outro considerado de sobre a possível presença da espécie Aristolochia em medicamentos
ação similar. fitoterápicos africanos disponíveis no Reino Unido.
Embora as plantas presentes nos medicamentos tradicionais chi-
Digitalis Foram relatados casos de graves arritmias cardíacas nos
neses e nos medicamentos tradicionais asiáticos não sejam o assunto
EUA em 1997 após a substituição acidental de um tipo de Digitalis
das monografias deste livro, ilustram os problemas que podem estar
lanata.(91) Subsequente investigação revelou que grandes quanti-
associados à qualidade e à segurança dos medicamentos fitoterápicos.
dades da bananeira contaminada tinham sido enviadas a mais de
Substituição e adulteração 150 fabricantes, distribuidores e revendedores, em um período de
Aristolochia A exposição à espécie Aristolochia em medicamentos
dois anos.
fitoterápicos não licenciados tem resultado em casos de nefroto- Podophyllum Catorze casos de envenenamento por Podophyllum
xicidade e carcinogenicidade na Europa, na China, no Japão e nos foram relatados em Hong Kong, após o uso inadvertido das raízes
(18)
EUA. A preocupação sobre os efeitos de produtos contendo de Podophyllum hexadrum em vez de espécies de Gentiana e Clema-
ácidos aristolóquicos apareceu inicialmente na Bélgica, onde, des- tis.(92) É relatado que essa substituição acidental ocorreu devido à
de 1993, foram relatados mais de 100 casos de nefropatia irreversí- aparente similaridade na morfologia das raízes.
vel em mulheres jovens que usavam uma formulação que alegava
Aconitum Foram relatados casos de cardiotoxicidade resultante da
ter efeito sobre a perda de peso. Foi descoberto que a nefrotoxici-
ingestão da espécie Aconitum usada na MTC, em Hong Kong.(93)
dade vinha do uso inadvertido da raiz tóxica de Aristolochia fangchi,
Na MTC, os rizomas de Aconitum são mergulhados e fervidos em
como um substituto da Stephania tetrandra. Os ácidos aristolóqui-
água para hidrolisar os alcaloides aconitos em derivados menos tó-
cos, componentes tóxicos da espécie Aristolochia, são sabidamen-
xicos, as aconinas. Entretanto, a toxicidade pode ser o resultado
te nefrotóxicos, carcinogênicos e mutagênicos. A International
quando tais processos não são controlados nem validados. No Rei-
Agency for Research on Cancer classifica os produtos contendo
(79) no Unido, o uso interno de aconita é restrito apenas à prescrição.
a espécie Aristolochia como carcinogênicos para os humanos.
Várias das pacientes belgas desenvolveram câncer urotelial como Anis estrelado O perigo de confundir o anis estrelado chinês
(80-84)
resultado da exposição aos ácidos aristolóquicos. (Illicium verum Hook.f.) e o japonês (Illicium anisatum L.) é co-
Foram relatados sete casos de nefropatia devido à substituição nhecido há muitos anos, visto que as frutas secas não podem ser
(18)
da Stephania tetrandra e Aristolochia fangchi, na França. A toxi- distinguidas visualmente. O anis estrelado japonês é similar à va-
cidade também resultou da substituição do caule das espécies de riedade chinesa, mas foi relatado que provoca toxicidade neuroló-
(18)
Clematis e Akebia pelo caule de Aristolochia manshuriensis. No gica e gastrintestinal por causa da presença de anisatina.(94,95) Em

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Introdução 21

2001, foram relatados casos de envenenamento nos Países Baixos, tos eram adulterados com fármacos sintéticos, mais comumente ca-
(104)
na Espanha e na França, onde o anis estrelado japonês foi usado feína, paracetamol, indometacina e hidroclorotiazida.
(96-98)
acidentalmente no lugar do anis estrelado chinês. Os casos Outros exemplos de produtos adulterados surgiram em um re-
graves incluíram crises do tipo epiléticas em bebês que tinham re- lato do Ministério da Saúde de Cingapura, que identificou sildenafila
cebido infusões de anis estrelado, o que levou ao relato de mais de em dois medicamentos chineses registrados,(105) e em um relato da
50 casos de envenenamento, mas não houve comprovação de que FDA dos EUA, que descreveu o recolhimento de produtos fitote-
os produtos afetados tinham sido importados pelo Reino Unido. rápicos após terem sido encontrados traços de hidroclorotiazida em
Nos EUA, sete casos de reações adversas neurológicas foram re- cápsulas.(106) Em 2001, no Reino Unido, a MCA relatou a presença
latados entre crianças de duas semanas a três meses de vida que de mercúrio (por causa da inclusão de cinábrio) em amostras do
(99) (90)
foram expostas ao chá do anis estrelado. produto Shugan Wan, no mercado do Reino Unido.
Os casos de toxicidade associados a fármacos sintéticos presen-
Adulteração com metais pesados/elementos tóxicos e tes em medicamentos étnicos incluem um caso de envenenamento,
fármacos sintéticos em Hong Kong, resultante do uso de um produto da MTC que
A adulteração de medicamentos étnicos com metais pesados/ele- continha agentes anticonvulsivantes (fenitoína, carbamazepina e val-
(107)
mentos tóxicos e fármacos sintéticos continua sendo um grande pro- proato). Em 2000, a FDA emitiu um alerta para a saúde pública
blema internacional. Uma revisão abrangente, em 1992, resumiu os sobre cinco produtos fitoterápicos após efeitos adversos em pacien-
(108)
resultados de testes em produtos e histórias de casos de pacientes que tes. Foi constatado que os produtos continham os fármacos anti-
(72)
experimentaram efeitos tóxicos. Descobertas similares continuam -hiperglicemiantes sob prescrição, glibenclamida e fenformina. Em
sendo relatadas, e o potencial impacto na saúde pública é significati- março de 2001, o MCA do Reino Unido relatou um caso grave de
(22)
vo. Na maioria dos casos envolvendo fármacos sintéticos, estes não coma hipoglicêmico em um paciente que tinha usado um produto
(109)
são declarados no produto e surgem apenas quando o usuário sente da MTC, Xiaoke Wan, que continha glibenclamida.
efeitos adversos que sejam suficientemente graves para levar à inter- Os casos de toxicidade associados a metais pesados em medi-
venção médica. A exposição a um fármaco não declarado é revelado camentos étnicos incluem um paciente de Taiwan que desenvolveu
na subsequente investigação do caso clínico. É particularmente preo- uma rara síndrome de disfunção tubular renal múltipla após usar um
(110)
cupante a adição deliberada de derivados muito parecidos de fárma- medicamento fitoterápico chinês contendo cádmio. Nos EUA,
cos, como o uso de nitrosofenfluramina no lugar de fenfluramina em foram relatados dois casos de alopecia e polineuropatia sensorial re-
(22) (111)
produtos para perda de peso. sultante de tálio em um produto da MTC. No Reino Unido,
A questão dos metais pesados/elementos tóxicos difere porque, foram relatados casos de dois pacientes com intoxicação por metal
enquanto esses ingredientes podem surgir a partir dos próprios in- pesado após a ingestão de um remédio indiano contendo arsênio e
(112)
gredientes das plantas ou serem introduzidos em pequenas quanti- mercúrio inorgânicos, e de um paciente com envenenamento
dades durante o processamento, eles são frequentemente adiciona- por chumbo após a exposição a um medicamento indiano contendo
(113)
dos intencionalmente e declarados como ingredientes em algumas quantidades tóxicas de chumbo, arsênio e mercúrio. Em um caso
formulações medicamentosas asiáticas e da MTC. A Farmacopeia relatado no Macau, a morte de uma garota de 13 anos por envene-
Chinesa, por exemplo, inclui monografias de realgar (bissulfeto de namento pelo chumbo foi relacionada a um produto fitoterápico
(114)
arsênio), calomelano (cloreto mercuroso), cinábrio (sulfeto mercú- chinês, Niu Huang Chieh Tu Pien.
rico) e hydrargyri oxydum rubrum (óxido vermelho de mercúrio) e A evidência desse problema internacional continua crescendo, e
inclui formulações de quase 50 produtos que incluem uma ou mais uma quantidade substancial de literatura está disponível atualmente.
(100)
dessas substâncias. A adulteração de medicamentos fitoterápicos chineses e ayurvédicos
Um levantamento dos EUA, em 1998, relatou inconsistências com fármacos sintéticos e metais tóxicos tem sido extensivamente
(21, 22, 115-119)
muito difundidas e adulterações em medicamentos asiáticos importa- revisada.
(101)
dos. De 260 produtos importados testados, pelo menos 83 (22%) Um levantamento de 70 produtos medicinais fitoterápicos
continham fármacos não declarados (mais comumente efedrina, clor- ayurvédicos disponíveis nas lojas da área de Boston (EUA) verificou
feniramina, metiltestosterona e fenacetina) ou metais pesados (chum- que 20% deles continha concentrações potencialmente perigosas de
(120)
bo, arsênio ou mercúrio). Outro levantamento encontrou indícios de chumbo, mercúrio e/ou arsênio. Em resposta aos muitos proble-
que 10% dos 500 produtos de venda livre apresentavam resultados mas levantados pelos produtos fitoterápicos, a MHRA criou uma
positivos para fármacos não declarados e/ou quantidades tóxicas de página especial na internet, a Herbal Safety News, para informar
(102) (90)
chumbo, mercúrio ou arsênio. sobre os alertas de segurança. Nela são postadas notícias regulares
Em outros lugares, os departamentos de saúde relataram conclu- sobre a presença de metais pesados/elementos tóxicos e fármacos em
sões similares baseadas nas suas descobertas. Um levantamento con- produtos da MTC/ayurvédica, bem como de esteroides em formu-
duzido em Singapura, entre 1990 e 1997, sobre produtos da MTC lações dermatológicas. Uma preocupação especial nos últimos anos
relatou que foram encontrados 42 produtos diferentes contendo é a descoberta de produtos da MTC para emagrecimento contendo
quantidades excessivas de metais pesados (mercúrio, chumbo, arsênio) compostos potencialmente perigosos, como a fenfluramina, a nitro-
e que foi constatado que 32 produtos diferentes da MTC continham sofenfluramina, a sibutramina e o metilfenidato. Em março de 2004,
(103)
um total de 19 fármacos. No total, foram detectados 93 casos de a MHRA foi informada sobre um caso de insuficiência hepática ir-
teor excessivo de metais pesados tóxicos e fármacos não declarados. reversível, no Reino Unido, com suspeita de ter sido causado por um
Os fármacos detectados incluíam berberina, anti-histamínicos (clorfe- produto chamado “Shubao-Slimming Capsules”. O paciente preci-
niramina, prometazina, ciproeptadina), anti-inflamatórios não esteroi- sou de transplante de fígado. O produto era rotulado como conten-
des (diclofenaco, indometacina, ibuprofeno), antipiréticos analgésicos do apenas ingredientes vegetais, mas foi descoberto que continha
(paracetamol, dipirona), corticosteroides (prednisolona, dexametasona, nitrosofenfluramina não declarada, um fármaco relacionado com o
fluocinonida), agentes simpatomiméticos (efedrina), broncodilatadores medicamento vendido sob prescrição, fenfluramina. A nitrosofenflu-
(teofilina), diuréticos (hidroclorotiazida) e o antidiabético fenformina. ramina é sabidamente tóxica para o fígado. Outras amostras de Shu-
Um estudo em Taiwan descobriu que mais de 20% dos 2.609 produ- bao testadas não continham nitrosofenfluramina e/ou fenfluramina.

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22 Introdução

A MHRA emitiu orientação para o público alertando sobre apenas os sinônimos autorizados devem ser usados. É importante
as preocupações específicas com produtos da MTC para perda de observar que, mesmo quando corretamente autenticados, lotes di-
(90)
peso. Em setembro de 2004, a MHRA emitiu uma declaração à ferentes da mesma droga vegetal podem apresentar diferenças de
imprensa advertindo os consumidores sobre a baixa qualidade de qualidade, devido a vários fatores.
alguns produtos da MTC, informando que consumi-los poderia ser Variação inter ou intraespécie Em muitas plantas, existe conside-
um risco à saúde. A MHRA enfatizou que ainda encontra exem- rável variação interespécie e intraespécie nos constituintes, a qual
plos de produtos que contêm os ingredientes proibidos Aristolochia é geneticamente controlada e pode estar relacionada ao país de
e Ephedra, além de produtos contendo metais pesados/elementos origem.
tóxicos, fármacos sob prescrição, placenta humana e excrementos Fatores ambientais A qualidade de uma droga vegetal pode ser
(52)
de morcego. afetada por fatores ambientais, como o clima, a altitude e as con-
dições de crescimento.
A qualidade dos produtos fitoterápicos regulados Tempo da colheita Para algumas plantas, o tempo ótimo da co-
Em comparação com as formulações convencionais, os produtos à lheita deve ser especificado, visto que a concentração dos consti-
base de plantas apresentam vários problemas de qualidade decorren- tuintes de uma planta pode variar durante o ciclo de crescimento
tes da natureza dos materiais vegetais, que são misturas complexas de ou, mesmo, durante o curso de um dia.
constituintes cujas concentrações podem variar consideravelmente, Parte da planta usada Os constituintes ativos geralmente variam
dependendo dos fatores ambientais e genéticos. Além disso, os cons- entre as partes da planta que são empregadas, não sendo incomum
tituintes responsáveis pelos efeitos terapêuticos prometidos são fre- a adulteração de uma droga vegetal pelo uso de partes da planta
quentemente desconhecidos ou apenas parcialmente explicados, im- que não devem ser usadas. Além disso, o material da planta que já
pedindo que o nível de controle possa ser rotineiramente alcançado foi submetido à extração e, portanto, está “esgotado”, às vezes é
com substâncias sintéticas em produtos farmacêuticos convencionais. usado para aumentar o peso de um lote do material vegetal.
A situação é complicada pela prática tradicional de usar a combina- Fatores pós-colheita As condições de armazenamento e os trata-
ção de materiais vegetais, não sendo incomum a presença de cinco mentos de processamento podem afetar em muito a qualidade de
materiais vegetais, ou mais, em um produto. drogas vegetais. O armazenamento inadequado após a colheita
Reconhecendo os problemas especiais associados aos produ- pode resultar em contaminação microbiana, e processos como a
secagem podem resultar na perda de constituintes ativos termo-
tos à base de plantas, o CHMP (antigo CPMP) publicou diretrizes
lábeis.
específicas que abrangem a qualidade, as especificações e a fabri-
(46-48) Adulteração/Substituição Os exemplos de medicamentos à base de
cação, as quais foram atualizadas recentemente. O HMPC da
plantas adulterados com material de outra planta e medicamentos
EMEA também publicou diretriz sobre boas práticas de agricultura
(121) convencionais, assim como suas consequências, já foram discutidos
e colheita para matérias-primas de origem vegetal. As diretri-
anteriormente. Em particular, foram destacadas as graves conse-
zes do CHMP destacam a necessidade de um bom controle das
quências para a saúde pública que podem surgir da substituição de
matérias-primas e do produto acabado e enfatizam a importância
drogas vegetais pela espécie tóxica Aristolochia. Os relatos de pro-
das boas práticas de fabricação na produção de formulações à base dutos fitoterápicos sem constituintes ativos conhecidos reforçam a
de plantas. necessidade de um controle de qualidade adequado.
A OMS também publicou diretrizes que tratam do controle de Testes de identidade Para tentar garantir a qualidade dos medi-
qualidade de plantas medicinais e de boas práticas na agricultura e camentos fitoterápicos registrados, é essencial não apenas estabe-
(65,122)
colheita. lecer a identidade botânica de um material vegetal, mas também
garantir sua reprodutibilidade lote a lote. Assim, além da avaliação
Farmacopeia Europeia
macroscópica e microscópica, são necessários testes de identidade
Desde sua criação, em 1964, a Farmacopeia Europeia (Ph Eur) dedi- que incluem testes químicos simples, como colorimétricos ou de
cou parte de seu trabalho à elaboração de monografias sobre drogas precipitação, e testes cromatográficos. A cromatografia em camada
vegetais que são usadas no seu estado natural, após secagem ou extra- fina é comumente usada para identificação, mas, para materiais
ção, ou para o isolamento de constituintes ativos naturais. A Ph Eur vegetais contendo óleos voláteis, pode ser usado um teste com
tem mais de 120 monografias sobre plantas medicinais, e um número cromatografia gás-líquida. Embora o objetivo de tais testes seja
similar de monografias está sendo elaborado. Muitos dos métodos confirmar a presença do(s) constituinte(s) ativos(s), é frequente
gerais de análise também estão descritos na Ph Eur, incluindo testes que a natureza do composto ativo não tenha sido estabelecida.
(123)
para pesticidas e contaminação microbiana. Nesses casos, os testes químicos e cromatográficos ajudam a for-
necer a comparação lote a lote, e o cromatograma pode ser usado
Material vegetal como uma “impressão digital” do material vegetal, por demons-
O controle das matérias-primas é essencial para garantir a qualidade trar o perfil de alguns constituintes comuns da planta, como os
(22, 78, 124)
reprodutível dos medicamentos. Os seguintes pontos devem flavonoides.
ser considerados no controle das matérias-primas.
Dosagem Para as matérias-primas vegetais com princípios ativos
Autenticação e reprodutibilidade dos materiais vegetais Os conhecidos, um ensaio deve ser desenvolvido com o intuito de
problemas associados a produtos fitoterápicos não regulados, como estabelecer uma porcentagem mínima aceitável da(s) substância(s)
ilustrado anteriormente, destacam as principais questões de saúde ativa(s). Essas dosagens devem ser, sempre que possível, o mais es-
pública que podem surgir quando seus materiais vegetais não fo- pecíficas possível para a substância química isolada, sendo a croma-
ram corretamente autenticados. Os materiais vegetais devem ser tografia a líquida de alta eficiência e a cromotografia gás-líquida
identificados com exatidão por meio de comparação macroscó- os metódos de escolha. Quando tais dosagens não tiverem sido
pica e microscópica com o material autêntico ou de descrições estabelecidas, métodos inespecíficos, como a titulação ou a co-
(125)
exatas das plantas autênticas. É essencial que sejam citados por lorimetria, podem ser usados para determinar o teor total de um
sua denominação binominal, em latim, do gênero e da espécie; grupo de compostos relacionados.

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Introdução 23

Contaminantes do material vegetal Os materiais vegetais de- A qualidade de um medicamento à base de plantas não regula-
vem ter qualidade elevada e ser livres de insetos, outros animais e do não é avaliada por uma autoridade reguladora e, portanto, pode
excrementos. Como não é possível remover totalmente todos os afetar potencialmente a segurança e a eficácia do produto. Assim,
contaminantes, foram determinadas especificações para limitá-los: pode-se concluir que o farmacêutico deve vender ou recomendar
Determinação de cinzas A incineração de um material vegetal apenas produtos que detenham uma licença ou um registro de medi-
produz cinzas que constituem matéria inorgânica. O tratamento camento fitoterápico tradicional. Entretanto, a maioria dos produtos
das cinzas com ácido clorídrico resulta em uma cinza insolúvel em à base de plantas está disponível apenas como produto sem licença.
ácido, que consiste principalmente de sílica e pode ser utilizada Quando decidir sobre a adequação de tais produtos, o farmacêutico
como uma medida da presença de areia no material. Podem ser deve considerar o fabricante e o uso a que se destina. É muito prová-
determinados os limites para cinzas e cinzas insolúveis em ácidos vel que os medicamentos que não necessitam de requisito, fabricados
nos materiais vegetais. por uma empresa farmacêutica estabelecida, tenham sido submetidos
Matéria orgânica estranha Não é possível coletar um material ve- a procedimentos de qualidade internos adequados.
getal sem pequenas quantidades de outras partes da planta ou de
outras plantas. Os padrões devem ser estabelecidos para limitar a Segurança
porcentagem de tais contaminantes indesejáveis. Como acontece com todas as formas de automedicação, o uso de
Contaminação microbiana Bactérias aeróbias e fungos estão pre- produtos à base de plantas apresenta um risco potencial para a saú-
sentes normalmente no material de plantas e podem aumentar de humana.(22,126) Existe a preocupação de que o paciente possa ser
por causa de apodrecimento, colheita, armazenamento ou pro- exposto a substâncias potencialmente tóxicas do próprio material
cessamento inadequados. Os materiais vegetais, particularmente vegetal ou como resultado da exposição aos contaminantes presentes
aqueles com teor elevado de amido, podem estar predispostos ao no produto fitoterápico. Além disso, a automedicação em detrimento
aumento de crescimento microbiano. Não é incomum que os ao tratamento ortodoxo pode fazer com que o paciente demore a
2
materiais vegetais tenham bactérias aeróbias presentes em 10 a procurar um serviço qualificado ou que ele abandone o tratamento
8
10 unidades formadoras de colônia por grama. Foi demonstrado convencional sem primeiro procurar uma orientação adequada. Evi-
que os organismos patogênicos, incluindo Enterobacter, Enterococcus, dência emergente sugere que os produtos à base de plantas podem,
Clostridium, Pseudomonas, Shigella e Streptococcus, são contaminantes em alguns casos, comprometer a eficácia dos medicamentos conven-
de materiais vegetais. É essencial que sejam estabelecidos os limites cionais, como, por exemplo, pelas interações planta-fármaco.
de contaminação microbiana, e a Ph Eur fornece uma diretriz, A segurança de todos os produtos medicinais é o mais impor-
(123)
que não é obrigatória, sobre os limites aceitáveis. tante. Todas as solicitações de autorização de comercialização para
Pesticidas Os materiais vegetais, particularmente os que crescem novos medicamentos passam por ampla avaliação de seus riscos e
como plantações cultivadas, podem ser contaminados por DDT benefícios, e, uma vez concedida, os produtos registrados são moni-
(diclorodifeniltricloroetano) ou outros hidrocarbonetos clorados, torados de perto quanto à ocorrência de efeitos adversos suspeitos.
organofosforados, carbamatos e bifenilas policloradas. É necessário A segurança dos produtos à base de plantas é de particular impor-
realizar testes para determinar o nível aceitável de contaminação tância, visto que o uso da maioria desses produtos ocorre por meio
por pesticida nos materiais vegetais. A Ph Eur inclui detalhes dos da automedicação e para tratar condições menos importantes e, ge-
métodos do teste junto com os limites obrigatórios de 34 resíduos ralmente, crônicas.
(123)
potenciais de pesticidas. O amplo uso tradicional das plantas como medicamento per-
Fumigantes Óxido de etileno, brometo de metila e fosfina têm mite que esses produtos com sinais agudos e óbvios de toxicida-
sido usados para controlar as pestes que contaminam as drogas de sejam bem conhecidos e tenham seu uso evitado. Entretanto, a
vegetais. O uso de óxido de etileno como fumigante em drogas premissa do uso tradicional de uma planta por, talvez, muitos anos
vegetais não é mais autorizado na Europa. não determina que a sua segurança seja necessariamente verdadei-
Metais tóxicos Foi demonstrado que chumbo, cádmio, tálio e ra.(22, 126, 127) As formas mais sutis e crônicas de toxicidade, como car-
arsênio são contaminantes de alguns materiais vegetais. Os testes cinogenicidade, mutagenicidade e hepatotoxicidade, podem ter sido
de limites para tais metais tóxicos são essenciais para materiais negligenciadas pelas gerações anteriores, e é esse o tipo de toxicida-
vegetais. de mais preocupante na avaliação da segurança dos medicamentos
Outros contaminantes Considerando o aumento do padrão de fitoterápicos.
qualidade dos materiais vegetais, é possível que os testes para A UK Medical Toxicology Unit conduziu um estudo sobre as
determinar o grau permitido de outros contaminantes, como as reações adversas graves potencialmente associadas com a exposição
endotoxinas, as micotoxinas e os radionuclídeos, sejam utilizados a medicamentos tradicionais e suplementos alimentares, de 1991
para garantir uma alta qualidade para fins medicinais. a 1995.(128) Dos 1.297 questionários respondidos por profissionais
de saúde, um total de 785 casos foram identificados como possíveis
Produtos fitoterápicos (n=738), prováveis (n=35) ou confirmados (n=12) casos de envene-
A garantia da qualidade dos produtos fitoterápicos pode ser asse- namento provocados por medicamentos tradicionais ou suplementos
gurada pelo controle dos materiais vegetais e pela observância dos alimentares. O relato concluiu que o risco geral para a saúde pública
padrões de boas práticas de fabricação. Alguns produtos fitoterápicos provocado por esse tipo de produtos era baixo. Entretanto, foram
possuem muitos materiais vegetais, com a presença de apenas peque- identificados grupos de casos preocupantes: 21 casos de toxicidade
nas quantidades de cada planta. Os testes químicos e cromatográficos hepática, incluindo duas mortes, foram associados ao uso de medi-
são úteis para determinar as especificações do produto acabado. A camentos tradicionais chineses, embora não tenha sido identificado
estabilidade e o prazo de validade dos produtos fitoterápicos devem um agente causal.
ser determinados pelos fabricantes. Não deve haver diferença nos A hepatotoxicidade potencial associada aos produtos fitoterápi-
padrões de qualidade estabelecidos para as formas famacêuticas de cos vem sendo discutida há algum tempo.(129,130) Foi relatada hepa-
medicamentos fitoterápicos, como comprimidos ou cápsulas, e o pa- totoxicidade com vários produtos fitoterápicos (veja as monografias
drão de outras formulações famacêuticas. de Cimicífuga, ou erva-de-são-cristóvão, Chaparral, Confrei, Efedra,

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24 Introdução

Cava). A espécie Teucrium (veja Escutelária) também está relaciona- Safrol Estudos com animais envolvendo o safrol, o principal
da à hepatotoxicidade. Após o relato de casos graves de toxicidade constituinte do óleo de sassafrás, demonstraram que ele é hepa-
(131)
hepática associados ao uso de Piper methysticum (veja Cava), ela foi totóxico e carcinogênico. O nível permitido de safrol como
proibida como produto medicinal sem licença no Reino Unido a flavorizante alimentício é de 0,1 mg/kg.
(58)
partir de janeiro de 2003. Metileugenol Metilegenol é um constituinte de várias plantas de
À época do relato, a MHRA foi informada sobre 79 casos de uso culinário e está presente em pequenas quantidades no óleo da
(90)
dano hepático associados ao consumo de cava em todo o mundo. canela e do cravo-da-índia (veja Canela, Cravo-da-índia). Os da-
Também foram relatados casos de hepatoxicidade associada ao uso dos sobre a toxicidade crônica do metileugenol demonstram que
(90)
de cimicífuga (veja Cimicífuga, ou erva-de-são-cristóvão). o composto é carcinogênico genotóxico. O HMPC da EMEA
concluiu que a exposição ao metileugenol, resultante do consu-
Constituintes tóxicos intrínsecos aos materiais vegetais mo de produtos medicinais à base de plantas (uso a curto prazo
Existem poucos dados toxicológicos sobre as plantas medicinais. En- em adultos na posologia recomendada), não apresenta um risco
tretanto, há uma considerável sobreposição entre as plantas usadas significativo de aparecimento de câncer. Contudo, são necessá-
para propósitos medicinais e as usadas para propósitos cosméticos ou rios mais estudos para definir a natureza e as implicações da curva
culinários, sobre as quais existem informações. Em relação a muitas dose-efeito em ratos expostos a baixas dosagens de metileugenol.
plantas de emprego culinário usadas em medicamentos à base de Por enquanto, a exposição ao metilegenol por grupos suscetíveis,
plantas, não existe motivo para duvidar de sua segurança, contanto como crianças, grávidas e lactantes, deve ser reduzida. A avaliação
que a dose indicada e a via de administração estejam de acordo com toxicológica das formulações para uso tópico e externo deve ser
o uso em alimentos. Quando destinadas ao uso em doses terapêuticas aprofundada, pois faltam dados sobre a absorção cutânea.(134)
elevadas, a segurança das plantas culinárias requer uma reavaliação.
Outros compostos intrinsecamente tóxicos. Os ácidos aris-
Plantas culinárias. Algumas plantas empregadas na culinária con- tolóquicos ocorrem apenas na família Aristolochiaceae. Eles foram
têm componentes potencialmente tóxicos. O uso seguro dessas encontrados na espécie Aristolochia e parece que estão presentes
plantas é garantido pela limitação da quantidade do componente em toda a planta – nas raízes, no caule, nas folhas e no fruto. Os
permitido em um produto alimentício numa concentração que ácidos aristolóquicos são uma série de ácidos nitrofenantreno-
não seja considerada perigosa à saúde. -carboxílicos substituídos. Seu principal componente é o ácido
Apiol O princípio irritante presente no óleo volátil da salsa 3,4-metileno-dioxi-8-metóxi-10-nitrofenantreno-1-carboxílico.
(131)
é considerado como responsável por ação abortiva. O apiol Baixa concentração de ácidos aristolóquicos foi relatada na espécie
também é hepatotóxico, e tem sido documentado dano hepático Asarum, outro membro da família Aristolochiaceae. Foi demons-
como resultado da ingestão excessiva de salsa, excedendo em mui- trado que os ácidos aristolóquicos são nefrotóxicos, carcinogênicos
(131)
to o consumo normal, por um período prolongado (veja Salsa). e mutagênicos.(135)
β-Asarona O constituinte majoritário do óleo do rizoma do Os alcaloides pirrolizidínicos estão presentes em vários gêneros de
cálamo é a β-asarona, que é carcinogênica, conforme demonstrado plantas, notavelmente na Crotalaria, no Heliotropium e no Senecio.
(131)
em estudos com animais. Muitas outras plantas de uso culi- Muitas dessas plantas são usadas em países da África, do Caribe e
nário têm baixas concentrações de β-asarona no seu óleo volátil, da América do Sul como fontes de alimento e como “chá me-
e, portanto, o nível de β-asarona permitido nos alimentos como dicinal”. A hepatotoxicidade associada ao seu consumo está bem
flavorizante é limitado. O HMPC da EMEA concluiu que, devi- documentada e é atribuída aos alcaloides pirrolizidínicos.(136, 137)
do à toxicidade da α- e β-asarona, sua concentração em produtos Os alcaloides pirrolizidínicos podem ser divididos em duas ca-
medicinais à base de plantas deve ser reduzida ao mínimo, e devem tegorias, de acordo com a sua estrutura, isto é, os que possuem
ser sempre preferidas as variedades diploides. Em analogia à regu- núcleo insaturado (tóxico) e os que possuem núcleo saturado
lamentação aplicada aos alimentos (limite de ingestão de β-asarona (considerados como atóxicos).Várias plantas utilizadas atualmente
proveniente de alimentos e bebidas alcoólicas), um limite de expo- nos medicamentos à base de plantas contêm pirrolizidinas; elas
sição a partir de produtos medicinais à base de plantas de aproxi- incluem senécio, borragem, confrei, tussilagem e equinácea (veja
madamente 115 μg/dia, ou seja, cerca de 2 μg/kg de peso corpo- as monografias).
ral/dia poderia ser aceito temporariamente, até que uma avaliação Além dos dados pré-clínicos, foram documentados casos de
(132)
completa do risco-benefício tenha sido realizada. hepatotoxicidade humana associada à ingestão de confrei (veja
Estragol (Metilchavicol) Estragol é um constituinte de várias Confrei). A concentração dos alcaloides pirrolizidínicos presen-
plantas de uso culinário, mas é o principal componente dos óleos tes na borragem e na tussilagem é considerada muito baixa para
de estragão, erva-doce, manjericão e cerefólio. Foi relatado que ter importância clínica, embora o perigo da exposição de baixa
(131)
o estragol é carcinogênico em animais. O nível de estragol, dose a longo prazo não seja claro. Atualmente, o uso de óleo de
como flavorizante, permitido em produtos alimentícios é restri- borragem como fonte do ácido gamalinolênico, como alternativa
to. O HMPC da EMEA concluiu que a exposição ao estragol, ao óleo de prímula, é muito popular, e os alcaloides pirrolizidíni-
resultante do consumo de produtos medicinais à base de plan- cos identificados na equinácea são do tipo saturado atóxico. Em
tas (uso a curto prazo em adultos na posologia recomendada), 2002, o MRHA levantou dúvidas sobre um produto da MTC,
não apresenta um risco significativo de aparecimento de câncer. conhecido como Qianbai Biyan Pian, disponível no mercado do
Contudo, são necessários mais estudos para definir a natureza e Reino Unido, que contém Senecio scandens, o qual, por sua vez,
as implicações da curva dose-efeito em ratos expostos a baixas contém os alcaloides pirrolizidínicos insaturados, senecionina e
dosagens de estragol. Por enquanto, a exposição ao estragol por senecifilina.(90)
grupos suscetíveis, como crianças, grávidas e lactantes, deve ser Os alcaloides benzofenantridínicos estão presentes nas cinzas da san-
reduzida. A avaliação toxicológica das formulações para uso tó- guinária e do freixo-espinhoso. Embora alguns desses alcaloides te-
pico e externo deve ser aprofundada, pois faltam dados sobre a nham apresentado propriedades citotóxicas em estudos com animais,
(133)
absorção cutânea. sua toxicidade em humanos tem sido contestada (veja Sanguinária).

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Introdução 25

As lectinas são proteínas de planta que possuem propriedades he- A (PUVA), após ingerir uma grande quantidade de sopa feita de
(143)
maglutinantes e mitogênicas potentes. O visco-branco e a fitolaca aipo, salsa e pastinaca. Os autores destacam o perigo poten-
contêm lectinas. A exposição sistêmica à fitolaca tem resultado em cial de ingerir alimentos contendo psoralenos durante a terapia
aberrações hematológicas. As lectinas do visco-branco também po- PUVA. No Reino Unido, o MCA recebeu dois relatos descreven-
(138)
dem inibir a síntese proteica (veja Visco-branco e Fitolaca). do graves queimaduras de pele em pacientes que foram tratados
As viscotoxinas, compostos do visco-branco, são proteínas de bai- com formulações da MTC derivadas da fruta Psoralea corylifolia.(144)
xo peso molecular que possuem propriedades citotóxicas e car- Óleos voláteis (Veja Precauções em grupos específicos de pacien-
(138)
diotóxicas. Por muitos anos, as formulações de visco-branco te, grávidas/lactantes, a seguir).
foram usadas na Europa como tratamentos para o câncer. Testes
clínicos feitos com o iscador, um produto do suco do visco-bran- Constituintes de plantas medicinais que podem provocar
co naturalmente fermentado, concluíram que o iscador pode exi- efeitos adversos
bir alguns efeitos antitumorais leves, mas devem ser usados apenas Os exemplos de efeitos adversos ocasionados por constituintes de
como coadjuvante da terapia convencional no tratamento a longo plantas medicinais que foram documentados em humanos e animais,
prazo do câncer. descritos nas monografias, estão resumidos na Tabela I1. Esses efeitos
Lignanas As reações hepatotóxicas relatadas do chaparral foram adversos incluem, efeitos alérgicos, cardíacos, hepáticos, hormonais,
associadas aos componentes lignanos (veja Chaparral). irritantes e purgantes, bem como uma série de toxicidades. Alguns
Saponinas A fitolaca também contém saponinas irritantes que dos efeitos adversos potenciais dos constituintes de plantas medici-
produzem grave irritação gastrintestinal, levando à intensa cólica nais abordados nas 152 monografias estão listados na Tabela I2. Para
abdominal e à hematemese. A exposição sistêmica a essas saponi- informações detalhadas, incluindo referências de literatura, o leitor
nas tem resultado em hipotensão e taquicardia. Em maio de 1979, deve consultar cada uma das monografias. Os poucos exemplos a
a US Herb Trade Association solicitou que todos os seus membros seguir ilustram alguns dos efeitos adversos provocados pelos consti-
parassem de vender fitolaca como bebida ou alimento fitoterápico, tuintes de plantas medicinais.
(139)
devido à sua toxicidade. Confrei, tussilagem. Foram documentadas reações hepatotóxicas
Diterpenos As propriedades irritantes de muitos diterpenos estão do confrei e da tussilagem. Ambos os materiais vegetais contêm al-
bem documentadas, e a raiz-da-rainha contém ésteres diterpenos caloides pirrolizidínicos, compostos que são sabidamente hepatotó-
que irritam extremamente toda a superfície das mucosas (veja xicos. Entretanto, posteriormente foi relatado que a reação docu-
Raiz-da-rainha). mentada para tussilagem pode ter de fato envolvido um chá que
Os glicosídeos cianogênicos estão presentes nas sementes de várias continha uma espécie de Senecio em vez de tussilagem.(73) O gênero
frutas, incluindo sementes de damasco, amêndoa-amarga, cereja, Senecio é caracterizado pelos seus constituintes alcaloídicos do tipo
pera e ameixa. A hidrólise gástrica desses compostos, após a in- pirrolizidínicos.
gestão oral, resulta na liberação de ácido cianídrico (HCN), que Visco-branco, escutelária Foi relatado um caso de hepatite em uma
é rapidamente absorvido pelo trato gastrintestinal superior e que mulher que estava usando um produto fitoterápico com vários com-
pode levar à insuficiência respiratória. É estimado que doses orais ponentes (veja Visco-branco). Com base nos constituintes tóxicos co-
de 50 mg de HCN, equivalentes a cerca de 50 a 60 sementes de nhecidos do visco-branco e nos demais constituintes presentes no
(140)
damasco, podem ser fatais (veja Damasco). Entretanto, a varia- produto, foi concluído que o visco-branco era o componente res-
ção no teor de glicosídeo cianogênico das sementes poderia re- ponsável pela hepatite. Lectinas e viscotoxinas, os constituintes tóxicos
duzir ou aumentar a quantidade necessária para uma reação fatal. do visco-branco, não são hepatotóxicos, e não foram documentados
No início da década de 1980, uma substância chamada amigda- outros relatos de dano hepático associado à ingestão de visco-branco.
lina foi promovida como cura “natural” “atóxica” para o câncer. O produto também continha escutelária, que é frequentemente adul-
A amigdalina é um glicosídeo cianogênico que também é citado terada com uma espécie de Teucrium. Reações hepatotóxicas foram
como laetrile e “vitamina B17”. Foram registrados dois episódios associadas à carvalinha (Teucrium chamaedrys) (veja Escutelária).
de envenenamento com HCN quase fatais, nos quais os pacientes Fitolaca Grave irritação gastrintestinal e anormalidades hemato-
tinham consumido sementes de damasco como uma fonte alter- lógicas documentadas podem estar diretamente relacionadas às sapo-
nativa de amigdalina, devido a baixa disponibilidade de laetrile. ninas e às lectinas da fitolaca.(73)
A pesquisa científica não embasa os apelos feitos para o laetrile, Sassafrás Hepatotoxicidade foi associada ao consumo de um chá
embora um pequeno número de relatos sem comprovação sugira contendo sassafrás. O principal constituinte do óleo volátil de sassa-
que o laetrile possa ter uma leve atividade anticancerígena. Como frás é o safrol, que é hepatotóxico e carcinogênico.(127)
(141)
resultado, a legislação promulgada em 1984 restringiu a dispo-
nibilidade de substâncias cianogênicas; desse modo, a amigdalina Ingestão excessiva
só pode ser administrada sob supervisão médica. Ginseng Foi relatado que doses excessivas de ginseng provocam agi-
As furanocumarinas são encontradas principalmente nas famí- tação, insônia e aumento da pressão sanguínea. Também foram re-
lias Umbelliferae (p. ex., salsa, aipo), Rutaceae (p. ex., bergamo- latados efeitos colaterais do ginseng após a ingestão das doses reco-
ta, espécie Citrus), Moraceae e Leguminosae. As furanocumarinas mendadas, que incluem mastalgia e sangramento vaginal. Entretanto,
apresentam-se nas formas linear e ramificada: as mais comumente os relatos são de uma literatura antiga, os produtos estão insuficien-
relatadas são 8-metoxi-psoraleno, 5-metoxipsoraleno (bergapteno) temente descritos e não foi estabelecida uma associação, causal do
e psoraleno. As furanocumarinas são fototóxicas. Foram relatadas ginseng (veja Ginseng).
graves reações fototóxicas em humanos após o uso de óleo de Alcaçuz A ingestão excessiva de alcaçuz resultou em efeitos co-
bergamota em formulações tópicas. Foram relatadas queimaduras laterais semelhantes aos dos corticosteroides, como edema e hiper-
fototóxicas graves em um paciente sueco após bronzeamento arti- tensão (veja Alcaçuz).
(142)
ficial depois de ingerir uma grande quantidade de sopa de aipo. Salsa O óleo volátil da salsa contém apiol, que é estruturalmente
No Reino Unido, um paciente desenvolveu grave fototoxicida- relacionado ao hepatocarcinogênico safrol. A ingestão de apiol tem
de durante a fotoquimioterapia oral com psoraleno e ultravioleta resultado em vários casos de envenenamento fatal.(131)

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26 Introdução

Tabela I1 Exemplos de efeitos adversos que podem ocorrer com plantas medicinais
Efeito adverso potencial Composto/Constituinte da planta medicinal
Alérgico (veja Apêndice 2, Tabela A2.11)
Hipersensibilidade Lactonas sesquiterpênicas: arnica, camomila, tanaceto, mil-folhas
Fototóxico Furanocumarinas: angélica, aipo, cenoura-silvestre
Imunológico Canavanina: alfalfa
Cardíaco (veja Apêndice 2, Tabela A2.2) Glicosídeos cardíacos: raiz-de-pleuriz, cebola-do-mar
Endócrino
Hipoglicêmico (veja Apêndice 2, Tabela A2. 8) Alfafa, feno-grego
Hipertireoidismo Iodeto: fucus
Hormonal (veja Apêndice 2, Tabela A2. 9)
Mineralocorticóide Triterpenoides: alcaçuz
Estrogênico; Antiandrogênico Isoflavonoides: alfafa, trevo-vermelho
Saponina: ginseng, saw palmetto
Irritante (veja Apêndice 2, Tabela A2. 12)
Gastrintestinal Numerosos compostos, incluindo antraquinonas (purgante), capsaicinoides, diterpe-
nos, saponinas, óleos voláteis ricos em terpeno
Renal Aescina: castanha-da-índia, óleos voláteis ricos em terpeno
Tóxico
Hepatotóxíco/carcinogênico Alcaloides pirrolizidínicos: confrei, senécio; β-asarona: cálamo; lignanas: chaparral; safrol:
sassafrás; constituintes hepatotóxicos não confirmados: cimicífuga, cava
Mitogênico Proteínas: visco, fitolaca
Envenenamento por cianeto Glicosídeos cianogênicos: damasco
Convulsivante Cânfora/ óleos voláteis ricos em tujona

Tabela I2 Efeitos adversos potenciais dos compostos derivados de plantas medicinais listados nas monografias
Planta Efeito adverso Motivos/Comentários
Acariçoba Fototóxico, dermatite —
Agnocasto Reações alérgicas —
Agripalma Dermatite fototóxica Óleo volátil
Aipo Fotóxico, dermatite Furanocumarinas
Alcachofra Alergênico, dermatite Lactonas sesquiterpênicas
Alcaçuz Hiperaldosteronismo Ingestão excessiva
Alecrim Convulsões Cânfora no óleo volátil
Alecrim-do-norte Carcinogênicos em ratos —
Alfafa Lúpus eritematoso sistêmico Canavanina, aminoácido tóxico
Alho Irritante ao TGI, dermatite Sulfetos
Aloé Purgante, irritante ao TGI Antraquinonas
Angélica Dermatite fototóxica Furanocumarinas
(a)
Arnica Dermatite, irritante ao TGI Lactonas sesquiterpênicas
Assafétida Dermatite, irritante Goma, espécie relacionada
(a)
Atanásia Gastrite grave, convulsões Tujona no óleo volátil
Azeda-crespa Purgante, irritante ao TGI Antraquinonas
Boldo Toxicidade, irritante Óleo volátil
Bolsa-de-pastor Irritante Isotiocianatos
(Continua)

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Introdução 27

Tabela I2 (Continuação)
Planta Efeito adverso Motivos/Comentários
(a)
Borragem Genotóxico, carcinogênico, hepatotóxico Alcaloides pirrolizidínicos
(a)
Borragem Irritante Protoanemonina
Buchu Irritante ao TGI, rim Óleo volátil
Butterbur Genotóxico, carcinogênico, hepatotóxico Alcaloides pirrolizidínicos
Cacto Irritante ao TGI Suco fresco
Cálamo(a) Carcinogênico, nefrotóxico, convulsões ␤-Asarona no óleo
Camomila (alemã) Reações alérgicas Lactonas sesquiterpênicas
Camomila-romana Reações alérgicas Lactonas sesquiterpênicas
Canela Alergênico, irritante Cinamaldeido no óleo volátil
Capsicum Irritante Capsaicinoides
Cáscara-sagrada Purgante, irritante ao TGI Antraquinonas
Cássia Alergênico, irritante Cinamaldeído no óleo volátil
Castanha-da-índia Nefrotóxico Aescina
Cebola-do-mar Irritante, cardioativo Saponinas
Celidônia-maior Hepatotóxico Alcaloides
Cenoura-silvestre Fototóxico, dermatite Furanocumarinas
Chaparral Dermatite, hepatotóxico Lignanas
Cola Sonolência, ansiedade, tremor Cafeína
Confrei(a) Genotóxico, carcinogênico, hepatotóxico Alcaloides pirrolizidínicos
Cravo-da-índia Irritante Eugenol no óleo volátil
Damasco(a) Envenenamento por cianeto, semente Glicosídeos cianogênicos
Damiana Convulsões Alta dose (um relato apenas), quinonas, glico-
sídeos cianogênicos
Dente-de-leão Alergênico, dermatite Lactonas sesquiterpênicas
Equinácea Alergênico, irritante Polissacarídeo
Erva-de-são-joão Fototóxico Hipericina
Erva-doce Dermatite de contato Anetol no óleo volátil
Erva-mate Inquietação, ansiedade, tremor Cafeína
Escutelária Hepatotoxicidade Devido à adulteração com a hepatotóxica spp.
Teucrium
Estigma-de-milho Alergênico, dermatite —
Eucalipto Náusea, vômito Óleo volátil
Eufrásia Confusão mental, aumento da pressão intraocular Tintura
Eupatório(a) Genotóxico, carcinogênico, hepatotóxico Alcaloides pirrolizidínicos
Fitolaca Mitogênico, tóxico, nausea, vômito, cãibra Lectinas
Flor-d‘água Coceira, inflamação __
Flor-de-lis Náusea, vômito, irritante ao TGI e aos olhos Raiz fresca, furfural (óleo volátil)
Frângula Purgante, irritante ao TGI Antraquinonas
Freixo-espinhoso-do-norte Tóxico para animais —
Fucus Hipertireoidismo Teor de iodo
Giesta Cardiodepressor Esparteína (alcaloide)
Ginseng Mastalgia, sangramento vaginal, insônia Vários efeitos relatados, mas sem espécie confir-
mada (veja Eleuterococo)
Guaiaco Alergênico, dermatite Lignanas
Hera-terrestre Irritante ao TGI, rins Pulegona em óleo volátil
Hidraste Distúrbio gástrico Berberina, potencialmente venenoso
(Continua)

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28 Introdução

Tabela I2 (Continuação)
Planta Efeito adverso Motivos/Comentários
Hortênsia Dermatite, irritante ao TGI —
Ínula Alergênico, irritante Lactonas sesquiterpênicas
Leontice Irritante ao TGI Sementes venenosas
Lobélia Náusea, vômito, diarreia Lobelina (alcaloide)
Lúpulo Alergênico, dermatite Oleorresina
Marroio-branco Dermatite, irritante Suco da planta
Mil-folhas Alergênico, dermatite Lactonas sesquiterpênicas
Óleo de prímula Leve indigestão, aumento do risco de epilepsia Pacientes esquizofrênicos fazendo uso de feno-
tiazinas
Plantago-indiano Obstrução esofágica, flatulência Se engolido com pouca água
Poejo Irritante, nefrotóxico, hepatotóxico Pulegona no óleo volátil
Polígala Irritante ao TGI Saponinas
Primavera Alergênico Quinonas
Pulsátilla00 Alergênico, irritante Protanemonina
Raiz-da-rainha00 Irritante ao TGI Diterpenos
Raiz-de-pleuriz Dermatite, irritante, atividade cardíaca Cardenolideos
Raiz-forte Alergênico, irritante Glucosinolatos
Ruibarbo Purgante, irritante ao TGI Antraquinonas
Salsa Irritante, hepatite, fototóxico, abortivo Apiol no óleo volatil, ingestão excessiva
Sálvia Tóxico, convulsivante Tujona, cânfora no óleo volátil
Sapatinho-de-vênus Alergênico, dermatite, alucinações —
Sassafrás00 Carcinogênico, genotóxico Safrol no óleo volátil
Sene Purgante, irritante ao TGI Antraquinonas
Senécio(a) Genotóxico, carcinogênico, hepatotóxico Alcaloides pirrolizidínicos
Tanaceto Alergênico, dermatite Lactonas sesquiterpênicas
Tanchagem Alergênico, dermatite, irritante Óleo tipo mostarda
Timbó-boticário Irritante, sonolência, tremores Altas doses
Tomilho Irritante ao TGI Timol no óleo volátil
Trevo-d’água Purgante, vômito Em altas doses
Trevo-vermelho Estrogênico Isoflavonoides
(a)
Tussilagem Genotóxico, carcinogênico, hepatotóxico Alcaloides pirrolizidínicos
Urtiga Irritante Aminas
Visco-branco Hepatite, hipotensão, envenenamento Formulação medicinal com plantas mistas
Zimbro Irritante, abortivo Óleo volátil, confusão com savina
a
Não recomendado para uso interno.

Reações de hipersensibilidade Compositae (p. ex., artemisia/absinto). Muito raramente, foram rela-
Camomila Sabe-se que lactonas sesquiterpênicas têm propriedades tadas reações alérgicas graves (choque anafilático, asma, edema facial
alergênicas. Elas estão presentes principalmente nas plantas da família e urticária) após o uso interno.(145)
Compositae (Asteraceae), da qual a camomila é um membro. Foram Tanaceto As lactonas sesquiterpênicas presentes no tanaceto
relatadas reações de hipersensibilidade à camomila e a outras plan- são consideradas o princípio ativo da planta. Não se sabe se os
tas da mesma família (veja Camomila [alemã], Camomila-romana). efeitos colaterais associados ao tanaceto, como úlceras de boca e
A sensibilidade cruzada a outros membros da família Compositae é língua inchada, também são atribuíveis a esses componentes (veja
bem conhecida. O HMPC da EMEA emitiu uma declaração pública Tanaceto).
propondo a seguinte declaração SPC (Summary of Product Charac-
teristics) para os produtos de camomila: “As reações de hipersensibi- Reações fototóxicas
lidade à camomila (alemã) (p. ex., dermatite de contato) são muito Salsa As furanocumarinas, compostos que sabidamente provocam
raras. As reações cruzadas podem ocorrer em pessoas com alergia à reações fototóxicas, são os constituintes da salsa. A ingestão excessiva

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Introdução 29

de salsa tem sido associada ao desenvolvimento de erupções cutâneas recomendadas durante a gravidez, e o uso de formulações laxantes
fotossensíveis que desaparecem quando o consumo de salsa é inter- não padronizadas é particularmente inadequado. Foi documentado
rompido (veja Salsa).(131) um caso de hepatotoxicidade em um bebê recém-nascido cuja mãe
consumiu um chá de ervas medicinais durante a gravidez como ex-
Precauções em grupos específicos de pacientes pectorante.(148) Após a análise, foi descoberto que o chá de ervas me-
Grávidas/lactantes Poucos medicamentos convencionais foram es- dicinais continha alcaloides pirrolizidínicos, que são conhecidos por
tabelecidos como seguros para serem usados durante a gravidez, serem hepatotóxicos.
e, em geral, sabe-se que nenhum medicamento deve ser usado, Lactantes Os produtos medicinais usados por mulheres duran-
exceto se os benefícios para a mãe superarem qualquer risco para te a amamentação apresentam perigo se forem transferidos para o
o feto. Essa regra também deve ser aplicada aos produtos à base de leite materno em quantidades farmacológica e toxicologica signi-
plantas. Entretanto, um dos maiores problemas é que os produtos ficativas. Existe pouca informação disponível sobre a segurança de
fitoterápicos são geralmente apresentados ao público como sen- medicamentos convencionais usados durante a amamentação. Existe
do alternativas “naturais” e totalmente “seguras” em relação aos muito menos informação sobre os produtos fitoterápicos, e, em geral,
medicamentos convencionais. Um levantamento de 400 grávidas o uso desses produtos não é recomendado durante a lactação.
norueguesas constatou que 36% delas tinham usado produtos fi-
toterápicos durante a gravidez.
(146)
Essa porcentagem é maior do Uso pediátrico Os medicamentos fitoterápicos têm sido tradicio-
que a de outros estudos publicados em países ocidentais. Dessas nalmente usados para tratar adultos e crianças. A crença de que os
mulheres que tinham usado produtos fitoterápicos na gravidez, produtos naturais podem ser mais seguros do que os medicamen-
em quase 40% dos casos os autores consideram os produtos possi- tos convencionais pode influenciar os pais que preferem medi-
velmente perigosos ou sem informações suficientes acerca da se- camentos fitoterápicos para as suas crianças. Os medicamentos
gurança na gravidez. É interessante notar que 43% das mulheres fitoterápicos podem oferecer uma alternativa mais suave em re-
usaram galactogogos fitoterápicos, e isso é preocupante, visto que lação a alguns medicamentos convencionais, embora a adequação
existe pouca informação sobre a segurança desses produtos para a de um medicamento à base de plantas necessite ser avaliada com
mãe ou para o bebê (veja Lactantes, a seguir). A falta de informa- mais cautela com relação à sua qualidade, segurança e eficácia. Os
ção sobre a segurança dos medicamentos fitoterápicos durante a medicamentos fitoterápicos devem ser usados com cuidado em
gravidez é verdadeira.
(147) crianças, e deve-se procurar orientação médica em caso de dúvida.
A Tabela I3 lista alguns constituintes de plantas medicinais in- A administração de chás de ervas medicinais a crianças em geral
tegrantes nas 152 monografias que devem ser especificamente evi- não é aconselhável, exceto se usado de acordo com orientação
tados ou usados com cuidado durante a gravidez. Assim como os profissional.(149) Vários levantamentos indicam que o uso de fito-
medicamentos convencionais, nenhum produto fitoterápico deve terápicos em crianças está aumentando, e estima-se que 28 a 40%
ser usado durante a gravidez, exceto se o benefício superar o risco das crianças possam ser expostas a formulações fitoterápicas para
potencial. o manejo de asma, ansiedade, transtorno de hiperatividade com
Óleos voláteis Muitas plantas são tradicionalmente conside- déficit de atenção, insônia e infecções respiratórias.(150,151)
radas como abortivas, e, em alguns casos, essa reputação pode ser Um levantamento de 503 crianças atendidas pelo Royal
(131) Children’s Hospital, Melbourne, verificou que o uso de MCAs
atribuída ao seu óleo volátil. Vários óleos voláteis são irritantes
para o trato geniturinário, se ingeridos, e podem induzir contrações por crianças é comum. Os produtos fitoterápicos foram usados
uterinas. As plantas que contêm óleos voláteis irritantes incluem por 12% do grupo pesquisado, sendo que 8% estava usando pro-
hera-terreste, zimbro, salsa, poejo, sálvia, atanásia e mil-folhas. Al- dutos à base de equinácea. Entre aqueles que eram usuários de
guns desses óleos contêm o terpenoide tujona, que é sabidamente MCAs, 63% relataram que não haviam discutido o uso com o seu
abortivo. O óleo do poejo também contém um terpenoide hepa- médico. Os autores concluíram que, dado o risco potencial de
totóxico, a pulegona. Foi documentado um caso de insuficiência efeitos adversos associados ao uso de MCAs ou interações com a
hepática em uma mulher que ingeriu óleo de poejo como abortivo terapia convencional, os médicos devem perguntar sobre seu uso
(veja Poejo). como parte da coleta do histórico.(152)
Atividade uterina Foi documentada uma ação estimulante ou Foi feita uma revisão de alguns dos produtos fitoterápicos mais
espasmolítica sobre a musculatura uterina em alguns materiais ve- comumente usados em crianças submetidas a testes clínicos ran-
getais, como leontice, bardana, feno-grego, hidraste, cratego, timbó- domizados controlados, , incluindo Andrographis paniculata, oxi-
-boticário, agripalma, urtiga, framboesa e verbena. A framboesa é coco, equinácea, óleo de prímula, alho, folha de hera e valeriana.
um remédio popular usado durante a gravidez para promover um Os autores concluíram que, enquanto alguns dos estudos mos-
trabalho de parto mais fácil, pois relaxa os músculos uterinos. A ati- traram resultados promissores, outros apresentaram imperfeições
vidade farmacológica exibida pela framboesa pode variar entre di- metodológicas, tais como pequeno tamanho da amostra, falta
ferentes formulações e de uma pessoa para outra. A framboesa não de controle de qualidade, remessas inadequadas do placebo e da
deve ser usada durante a gravidez, exceto sob supervisão médica dose. São necessários testes clínicos bem planejados, randomi-
(veja Framboesa). zados e controlados para avaliar essas terapias para a população
Chás de ervas medicinais O aumento da noção dos efeitos peri- pediátrica.(153)
gosos associados ao excesso de consumo de chá e café tem levado Foram feitas revisões sistemáticas dos riscos associados ao uso
(154,155)
várias pessoas a trocar para chás de ervas medicinais. Enquanto al- de medicamentos fitoterápicos em crianças e adolescentes.
guns chás de ervas medicinais podem oferecer alternativas agradáveis Esses trabalhos mostram que muitos relatos de efeitos adversos es-
ao chá e ao café, outros contêm plantas farmacologicamente ativas tão associados a produtos de baixa qualidade, cujo efeito adverso
que podem ter efeitos imprevisíveis, dependendo da quantidade de é causado por adulteração com metais pesados ou fármacos. Em
chá consumido ou da concentração da bebida fervida. Alguns chás muitos casos, não é possível demonstrar uma relação causal entre
de ervas medicinais contêm materiais fitoterápicos laxantes, como o produto usado e o efeito adverso. É clara a necessidade de mais
o sene, a frângula e a cáscara. Em geral, essas formulações não são pesquisas sobre a população pediátrica.

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30 Introdução

Tabela I3 Componentes fitoterápicos que devem ser evitados ou usados com cuidado durante a gravidez. A ausência de um
componente fitoterápico nessa lista não significa segurança e, como com todos os medicamentos, os produtos à base de plantas
devem ser usados apenas quando o benefício observado superar qualquer possível risco. A fitoquímica e a farmacologia de várias
plantas são mal documentadas, e seu uso na gravidez deve ser evitado. Algumas das plantas listadas são consideradas abortivas
ou afetam o ciclo menstrual, embora não existam dados clínicos ou experimentais recentes. Devido aos potenciais efeitos graves,
é aconselhável ter cuidado ao usá-los.
Planta Efeito
Agnocasto Ação hormonal
Agripalma Atividade uterina, in vitro, supõe-se que afete o ciclo menstrual
Álamo-branco Relatos conflitantes sobre o uso do ácido acetilsalicílico na gravidez, os salicilatos excretados no
leite materno podem provocar erupções cutâneas nos bebês
Alcaçuz Atividade estrogênica, supõe-se que seja abortivo
Aloé Catártico, supõe-se que seja abortiva
Assafétida Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual
Atanásia Atividade uterina, abortiva (tujona em óleo)
Azeda-crespa Antraquinonas, as formulações não padronizadas devem ser evitadas
Bardana Estimulante uterino, in vivo
Boldo Óleo irritante
Bolsa-de-pastor Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual
Borragem Alcaloides pirrolizidínicos
Buchu Óleo irritante
Butterbur Alcaloides pirrolizidínicos
Calêndula Supõe-se que afete o ciclo menstrual, estimulante uterino, in vitro
Camomila (alemã) Supõe-se que afete o ciclo menstrual, estimulante uterino com o uso excessivo
Camomila-romana Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual com o uso excessivo
Cáscara-sagrada Antraquinonas, as formulações não padronizadas devem ser evitadas
Cava Hepatotóxico
Cebola-do-mar Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual
Celidônia-maior Hepatotóxica
Cenoura-silvestre Atividade estrogênica, óleo irritante
Centela Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual
Chaparral Atividade uterina, hepatotóxico
Cimicífuga (erva-de-são-cristóvão) Ligação ao receptor uterino para estrogênio in vitro, potencial hepatotoxicidade
Cola Cafeína, o consumo deve ser restrito
Confrei Alcaloides pirrolizidínicos
Cratego Atividade uterina, in vivo, in vitro
Damasco Toxicidade pelo cianeto
Damiana Glicosídeos cianogênicos, risco de toxicidade por cianeto em altas doses
Eleuterococo Atividade hormonal
Erva-benta Considera-se que possa afetar o ciclo menstrual
Erva-de-santa-luzia Atividade sobre o músculo liso, in vitro
Erva-de-são-joão Ligeira atividade uterina, in vitro
Erva-mate Cafeína, o consumo deve ser restrito
Escutelária Uso tradicional para eliminar a placenta após o parto e promover a menstruação, potencial hepato-
toxicidade
Estigma-de-milho Estimulante uterino, in vivo
Eucalipto O óleo não deve ser usado internamente durante a gravidez
Eupatório Constituintes citotóxicos (espécies relacionadas)
Feno-grego Oxitócico, estimulante uterino, in vitro
(Continua)

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Introdução 31

Tabela I3 (Continuação)
Planta Efeito
Filipêndula Atividade uterina, in vitro
Fitolaca Constituintes tóxicos, estimulante uterino, supõe-se que afete o ciclo menstrual
Flor-d‘água Supõe-se que afete o ciclo menstrual
Flor-de-lis Óleo irritante
Framboesa Atividade uterina, in vitro, uso tradicional para facilitar o parto
Freixo-espinhoso-do-norte Alcaloides e cumarinas farmacologicamente ativos
Freixo-espinhoso-do-sul Alcaloides farmacologicamente ativos
Frângula Antraquinonas, as formulações não padronizadas devem ser evitadas
Fucus Atividade sobre a glândula da tireoide, possível contaminação com metal pesado
Genciana Supõe-se que afete o ciclo menstrual
Giesta Esparteína é oxitócica
Ginseng Atividade hormonal
Hera-terrestre Óleo irritante
Hidraste Alcaloides com atividade estimulante do útero, in vitro
Leontice Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual
Lobélia Lobelina, toxicidade
Lúpulo Atividade uterina, in vitro
Maracujá Harmano, harmalina, estimulantes uterinos, in vitro
Marroio-branco Supõe-se que seja abortivo e afete o ciclo menstrual
Marroio-negro Supõe-se que afete o ciclo menstrual
Mil-folhas Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual (tujona em óleo)
Mirra Supõe-se que afete o ciclo menstrual
Poejo Abortivo, óleo irritante (pulegona)
Pulsatila Supõe-se que afete o ciclo menstrual, atividade uterina, in vitro, in vivo, irritante (planta fresca)
Raiz-da-rainha Diterpenos irritantes
Raiz-de-pleuriz Atividade uterina, in vivo, constituintes cardioativos
Raiz-forte Óleo irritante, evite a ingestão excessiva
Ruibarbo Antraquinonas, as formulações não padronizadas devem ser evitadas
Salgueiro Relatos conflitantes sobre o uso do ácido acetilsalicílico na gravidez, os salicilatos excretados no
leite materno podem provocar erupções cutâneas em bebês
Sálvia Supõe-se que seja abortiva
Sassafrás Abortivo (óleo), hepatotóxico (safrol)
Sene Antraquinonas, as formulações não padronizadas devem ser evitadas
Senécio Alcaloides pirrolizidínicos
Tanaceto Supõe-se que seja abortivo e afete o ciclo menstrual
Tanchagem Atividade uterina, in vitro, laxante
Timbó-boticário Atividade uterina, in vitro, in vivo, irritante
Trevo d’água Irritante, possível purgante
Trevo-vermelho Atividade estrogênica
Tussilagem Alcaloides pirrolizidínicos
Urtiga Supõe-se que seja abortiva e afete o ciclo menstrual
Uva-de-urso Grandes doses, oxitócico
Verbena Supõe-se que seja abortiva, oxitocico, atividade uterina in vivo
Visco-branco Constituintes tóxicos, estimulante uterino, in vivo
Zimbro Supõe-se que seja abortivo e afete o ciclo menstrual, dúvidas sobre a possível toxidade do óleo

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32 Introdução

Pacientes idosos Os levantamentos mostram que o uso de medi- fármaco-planta também é discutido, em particular as interações
(163)
camentos fitoterápicos por pacientes idosos está aumentando com varfarina, sinvastatina, ciclosporina e digoxina.
e que, tipicamente, é usado mais de um produto fitoterápico ao
Pacientes com câncer Estudos demonstraram que o uso de MCAs
mesmo tempo, em geral associado aos medicamentos sob pres- (164-168)
por pacientes com câncer é elevado em muitos países. Os le-
crição. Os pacientes idosos relutam em dizer ao seu médico que
vantamentos indicam que esse uso está aumentado, e é interessante
eles estão usando produtos fitoterápicos e, assim, estão correndo o
notar que as pacientes com câncer de mama usam mais MCAs do
risco de interações potenciais fármaco-planta.(156-158)
que as pessoas com outros tipos de câncer.(169) Estudos na Europa
Uma revisão considerou a evidência disponível sobre o uso de
relataram o uso de MCA em 23,6% dos pacientes com câncer nos
vários medicamentos fitoterápicos (erva-de-são-joão, valeriana,
pulmões, 32% dos pacientes com câncer colorretal e 44,7% das pa-
castanha-da-índia, saw palmetto e ioimbina) por pacientes ido- cientes com câncer de mama, após o diagnóstico do câncer. Em
sos.(159) Embora os tratamentos possam oferecer consideráveis be- todos esses levantamentos, o uso do medicamento fitoterápico foi a
nefícios para um conjunto de condições, é necessário ter cuidado, terapia mais comumente usada em mais de 40% dos pacientes usan-
particularmente com relação às interações potenciais fármaco- do MCA.(170-173) Um levantamento feito no Hospital Royal Mars-
-planta e aos possíveis efeitos adversos dos medicamentos fitoterá- den, em 2004, verificou que 164 (51,6%) dos 318 pacientes estavam
picos usados por pacientes idosos. usando algum medicamento complementar alternativo durante seu
Pacientes com doença cardiovascular Foram levantadas ques- tratamento de câncer. Desses, 10,4% estavam usando medicamen-
tões sobre o uso de medicamentos fitoterápicos para o tratamento tos fitoterápicos, 42,1% estavam usando suplementos alimentares e
de (e por pacientes com) doença cardiovascular, em particular por 47,6% estavam usando uma combinação dos dois. Desses pacientes,
causa da falta de avaliação científica e pelo potencial de efeitos tó- 30% não estavam seguros do motivo pelo qual estavam usando os
xicos e de importantes interações fármaco-planta (veja Interações remédios, e 50% não tinham discutido o uso com seu médico.(174)
planta-fármaco).(160) Por causa da prevalência do uso de produtos fitoterápicos por
Uma revisão sistemática da literatura publicada entre 1990 e pacientes com câncer, é essencial que os profissionais de saúde
2001 encontrou evidência, em sua grande maioria, a partir de estejam cientes e solicitem informações aos pacientes. É de co-
relatos de caso e série de casos, de que os medicamentos fitote- nhecimento geral que os pacientes relutam em discutir o uso de
rápicos poderiam levar a graves efeitos cardiovasculares adversos. MCAs com seus médicos.(175) Na maioria dos casos, o impacto dos
Os efeitos adversos foram atribuídos não apenas à toxicidade dos medicamentos fitoterápicos no tratamento do paciente é desco-
produtos fitoterápicos, mas, em alguns casos, à contaminação dos nhecido, e existe o potencial de interações fármaco-planta, como
produtos com substâncias como os medicamentos sob prescrição, demonstrado pelo efeito da erva-de-são-joão sobre o irinotecano
assim como interações fármaco-planta.(161) usado no tratamento do câncer do cólon.(176) Também existe o po-
Uma revisão sistemática da literatura publicada entre janeiro de tencial para outros componentes fitoterápicos, como alho, ginkgo,
1996 e fevereiro de 2003 foi feita para determinar as interações equinácea, ginseng e cava, que interagem com agentes anticance-
possíveis entre os medicamentos fitoterápicos e os fármacos car- rígenos (veja também Interações planta-fármaco).(177)
diovasculares. Foram identificados 43 relatos de caso e oito ensaios Uso perioperatório Foram destacadas questões sobre a necessida-
clínicos. A varfarina foi o fármaco cardiovascular mais frequen- de de os pacientes interromperem o uso de produtos medicinais
temente envolvido. Foi evidenciado que ela interage com boldo, antes de cirurgia.(178,179) Estudos nos EUA demonstraram que o
curbicina, feno-grego, alho, danshen, garra-do-diabo, dong quai, uso de medicamentos fitoterápicos é comum em pacientes sub-
ginkgo, papaia, lycium, manga, PC-SPES (resultando em anticoa- metidos a cirurgia.(180) Em um estudo de 2.186 pacientes, 38% ti-
gulação excessiva), bem como com ginseng, chá verde, soja e erva- nham usado medicamentos fitoterápicos nos dois anos anteriores à
-de-são-joão (provocando redução do efeito anticoagulante). Foi cirurgia, e 16% continuaram o uso de medicamentos fitoterápicos
descoberto que a goma guar, a erva-de-são-joão, o eleuterococo e no mês da cirurgia. Foi evidenciado que o uso de medicamento
o farelo de trigo reduzem a concentração plasmática de digoxina; fitoterápico era maior em pacientes submetidos a procedimentos
as interações com o ácido salicílico incluem hifema espontâneo, ginecológicos (52%) e urológicos (45%) e menor em pacientes
quando usado concomitantemente com ginkgo, e aumento da submetidos a procedimentos cirúrgicos vasculares (10%).(180) Um
biodisponibilidade, se combinado com tamarindo. Foi observada estudo do uso de medicação fitoterápica em pacientes pediátricos
redução da concentração plasmática de sinvastatina ou de lovastati- sob cirurgia demonstrou que a prevalência de uso era maior em
na após a coadministração com erva-de-são-joão e farelo de trigo, crianças cujos pais usavam medicamentos fitoterápicos e crianças
respectivamente. Os outros efeitos adversos relatados foram hiper- cujos pais as consideravam cronicamente doentes.(181) Enquanto
tensão após a coadministração de ginkgo com um diurético tiazí- 21% dos pais eram usuários de medicamentos fitoterápicos, apenas
dico, hipocalemia após alcaçuz e anti-hipertensivos e anticoagula- 4% de seus filhos usavam esses medicamentos. Os medicamen-
ção após fenprocumona e erva-de-são-joão. Os autores concluíram tos fitoterápicos mais comuns usados eram equinácea, camomila
que a interação entre os medicamentos fitoterápicos e os fármacos e aloé. Quarenta e dois por cento das crianças que usavam medi-
cardiovasculares é uma questão de segurança potencialmente im- camentos fitoterápicos usavam medicamentos sob prescrição con-
portante em pacientes que usam anticoagulantes de alto risco.(162) comitantemente. O estudo evidenciou que apenas 10% dos pais
O potencial de interações planta-fármaco é discutido a seguir (veja relataram que o cirurgião perguntou sobre o uso de medicamento
Interações planta-fármaco). fitoterápico pelo paciente.
A British Heart Foundation produziu um informativo entitula- A partir da evidência disponível, foi sugerido que existe po-
do Herbs and the Heart em associação com a British Cardiac Socie- tencial de efeitos farmacológicos diretos e de interações farmaco-
ty, que informa os pacientes sobre o uso de produtos fitoterápicos. dinâmicas e farmacocinéticas com oito medicamentos fitoterápi-
O informativo destaca a possível cardiotoxicidade que pode ocor- cos comumente usados (equinácea, efedra, alho, ginkgo, ginseng,
rer com certos componentes fitoterápicos, como heléboro-negro, cava, erva-de-são-joão, valeriana). Foi destacada a necessidade de
escrofulária, cratego, efedra e ioimbina. O potencial de interações os médicos terem uma clara compreensão dos produtos à base

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Introdução 33

de plantas usados pelos pacientes e um histórico detalhado desses produziram proliferação celular. Os autores concluíram que as for-
(179)
pacientes. A American Society of Anesthesiologists (ASA) tem mulações que contenham trevo-vermelho e soja devem ser usadas
relatado que vários anestesiologistas notaram mudanças significati- com cuidado no tratamento dos sintomas de menopausa em mu-
vas na frequência cardíaca ou na pressão sanguínea em alguns pa- lheres sob risco ou com histórico de câncer de mama sensível ao
cientes que estavam usando medicamentos fitoterápicos, incluin- estrogênio. Aviso similar foi incluído em um boletim informativo,
do erva-de-são-joão, ginkgo e ginseng. A ASA produziu folhetos Herbal Medicines and Breast Cancer Risk, preparado pelo US Program
informativos para pacientes e médicos orientando os pacientes a on Breast Cancer and Environmental Risk Factors (BCERF) na
(192)
informar o médico caso estivessem usando produtos fitoterápi- Universidade de Cornell. Um estudo recente de 452 mulheres
cos antes da cirurgia e enfatizando a necessidade de os médicos com históricos familiares de câncer de mama que foram inscritas em
perguntarem especificamente aos pacientes se eles estão usando um programa de avaliação do risco de câncer descobriu que 32%
(193)
medicamentos fitoterápicos.(182,183) relataram o consumo de alimento à base de soja. Os autores con-
O Royal College of Anaesthetists (RCA) e a Association of cluíram que essas mulheres se beneficiariam com mensagens claras
Anaesthetists of Great Britain and Ireland (AAGBI) produziram em relação aos efeitos da soja sobre a saúde.
um folheto informativo destinado aos pacientes que os aconselha Foram levantadas questões sobre o potencial para interações
a levar qualquer remédio à base de plantas ao hospital. Os pacien- fármaco-planta conhecidas ou teoricamente associadas a medi-
tes são orientados sobre a necessidade eventual de interromper o camentos fitoterápicos comumente usados por mulheres para o
(194)
uso dos remédios à base de plantas antes da cirurgia.(184) A MHRA alívio dos sintomas da menopausa.
aconselhou os pacientes que necessitem de cirurgia para sempre
informar ao seu médico sobre qualquer remédio à base de plantas Interações planta-fármaco
que estejam usando.(90) A evidência de importantes problemas associados à ingestão de suco
de pomelo concomitantemente a certos medicamentos enfatizou o
Mulheres na menopausa Muitos estudos demonstram que as mu- fato de que podem ocorrer interações clinicamente relevantes entre
lheres fazem maior uso de medicamentos fitoterápicos do que os fármacos e produtos naturais, plantas e alimentos.(195-197) O potencial
homens, e, em alguns levantamentos recentes, parece que esse uso para interações entre medicamentos fitoterápicos e convencionais é
está aumentando significativamente.(3,5) Em geral, as mulheres expe- conhecido há algum tempo, mas a preocupação aumentou consi-
(185-187)
rimentam medicamentos fitoterápicos durante a menopausa. deravelmente desde o surgimento de interações clinicamente rele-
O uso de produtos convencionais para terapia de reposição hormo- vantes entre a erva-de-são-joão e uma gama de medicamentos sob
nal (TRH) vem caindo desde 2002, após relatos de que a TRH au- prescrição.(198-201) O potencial de interações fármaco-planta tem sido
menta o risco de tromboembolismo venoso, acidente vascular, cân- extensivamente revisado.
(19, 202-206)

cer de endométrio e câncer de mama. Seguindo a tendência desses Foram levantadas questões na literatura sobre medicamentos fi-
relatos, o uso de produtos fitoterápicos para o alívio dos sintomas toterápicos que interferem no tratamento do câncer de mama e no
da menopausa tem aumentado substancialmente. Resultados de um tratamento antirreumático, bem como sobre interações potenciais
levantamento nacional feito nos EUA com 750 mulheres entre 40 entre produtos fitoterápicos em fármacos cardioativos.
(207-210)

e 65 anos revelou que 29% delas tinham usado remédios à base de Em geral, as informações sobre interações planta-fármaco,
plantas ou produtos à base de soja para aliviar os sintomas da me- particularmente no cenário clínico, são limitadas, e, na maioria dos
nopausa. A grande maioria das mulheres não tinha discutido o uso casos, existe pouca investigação clínica formal. Exemplos de inte-
de produtos fitoterápicos com seus médicos, mas muitas estavam rações medicamentosas têm sido relacionadas por tentativa, retros-
frustradas porque eles não forneciam informação suficiente sobre pectivamente, ao uso concomitante de medicamentos fitoterápicos.
os suplementos fitoterápicos ou dietéticos para aliviar os sintomas As razões para tais interações em geral são de difícil explicação caso
da menopausa. Cerca de 70% das mulheres expressaram pelo menos o conhecimento sobre a constituição fitoquímica do produto fitote-
alguma preocupação ou incerteza sobre a segurança dos produtos rápico, sua atividade farmacológica e seu metabolismo sejam pouco
que estavam usando. Os pesquisadores destacaram a falta de co- compreendidos. Como acontece com as interações medicamentosas
municação paciente-médico e acreditam que as mulheres devem convencionais, as interações planta-fármaco podem ser farmacodinâ-
receber mais esclarecimentos sobre esses tratamentos.(188) micas ou farmacocinéticas. As interações farmacodinâmicas podem
Os principais componentes fitoterápicos encontrados em pro- surgir quando um medicamento fitoterápico e um medicamento
dutos para os sintomas da menopausa são os que contêm isoflavo- convencional têm efeitos farmacológicos similares ou antagônicos
nas (trevo-vermelho, soja), cimicífuga, dong quai, ginseng, óleo de ou efeitos adversos. Geralmente, essas interações são previsíveis a par-
prímula e inhame-selvagem.(189) As isoflavonas fazem parte de um tir do conhecimento da farmacologia da planta e do fármaco que in-
grupo de compostos não esteroidais polifenólicos presentes nas teragem. As interações farmacocinéticas podem ocorrer quando uma
plantas conhecidos como fitoestrogênios. Outros fitoestrogênios planta altera a absorção, a distribuição, o metabolismo ou a elimina-
incluem flavonoides, estilbenos e lignanas. Os estudos epidemioló- ção de um fármaco (e vice-versa). Não é fácil prever essas interações.
gicos e experimentais têm demonstrado que o consumo de dietas Além disso, existe o potencial das interações planta-planta, quando
ricas em fitoestrogênios pode ter efeitos protetores sobre sintomas são usadas combinações de componentes fitoterápicos ou quando os
da menopausa, doenças como câncer de próstata e mama, osteo- pacientes usam vários produtos fitoterápicos juntos. Pouco se sabe
porose e doenças cardiovasculares.(190) sobre a farmacocinética dos componentes fitoterápicos e se eles po-
Foram levantadas questões sobre o uso de medicamentos fitoterá- dem, por exemplo, induzir ou não seu próprio metabolismo.
picos contendo isoflavona, particularmente em mulheres com cân- As potenciais interações medicamentosas são particularmente
ceres sensíveis ao estrogênio. Estão disponíveis dados limitados, mas preocupantes quando os pacientes estão sendo estabilizados com
alguns estudos demonstraram que certos extratos de trevo-vermelho medicamentos convencionais, como varfarina, digoxina, anticonvul-
e soja podem induzir a proliferação celular em células MCF-7, um sivantes (p. ex., fenitoína) e ciclosporina, que sabidamente têm uma
modelo estabelecido de tumor mamário dependente de estrogênio, janela terapêutica estreita. As potenciais interações planta-fármaco
in vitro.(191) No mesmo estudo, os extratos de cimicífuga testados não são consideradas para cada planta nas suas monografias individuais.

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34 Introdução

Uma revisão recente ilustrou as dificuldades em avaliar a impor- ambulatoriais atendidos para anticoagulação, revelou que 26,9%
tância das interações planta-fármaco, analisando quatro componentes dos pacientes estavam usando alguma forma de MCAs. Entre esses
fitoterápicos comumente usados, a saber, erva-de-são-joão, ginseng, usuários, 58% estavam usando um MCA que poderia interferir
(211)
ginkgo e alcaçuz. Os autores concluíram que em geral não há com a varfarina. Os autores enfatizaram a importância de coletar
evidência conclusiva sobre as interações planta-fármaco, e, quando um histórico completo dos medicamentos usados pelos pacientes,
(216)
foram feitas observações clínicas ou estudos conduzidos, as questões para evitar interações entre MCA e varfarina.
com relação ao tipo, à qualidade e ao conteúdo dos produtos fito- O CSM emitiu um alerta aos profissionais de saúde sobre a pos-
(217,218)
terápicos não estão descritas. São necessários rigorosos estudos para sibilidade de interação entre a varfarina e o suco de oxicoco.
avaliar o mecanismo e a significância clínica das potenciais interações Em outubro de 2004, a MHRA recebeu 12 relatos de suspeitas
para orientar os profissionais de saúde e os consumidores. de interações envolvendo a varfarina e o suco de oxicoco; oito
Na ausência de uma evidência abrangente, os pacientes que casos apresentaram aumento do índice internacional normalizado
recebem fármacos com estreita margem de segurança (p. ex., imu- (INR) e/ou episódios de sangramento; em três casos, foi relatado
nossupressores, anticoagulantes, digoxina) e os que apresentam risco que o INR estava instável, e, em um caso, o INR reduziu. O CSM
maior de interações medicamentosas graves (ou seja, pacientes ido- alertou que não é possível definir uma quantidade ou marca segu-
sos, com doença crônica, disfunção orgânica e os que recebem vários ra de suco de oxicoco e, portanto, os pacientes em uso de varfarina
medicamentos) devem ser monitorados de perto para evitar as pos- devem evitar essa bebida, exceto se for considerado que os bene-
síveis consequências adversas das interações planta-fármaco. Como fícios para a saúde excedam qualquer risco (o que é improvável).
destacado nessa revisão, a importância da qualidade do produto fito- Não se sabe se outros produtos à base do suco de oxicoco, como
terápico em termos de seu perfil fitoquímico deve ser enfatizada. Em cápsulas ou concentrados, também podem interagir com a varfa-
virtude da significativa variação nos produtos fitoterápicos, a extra- rina. Portanto, deve-se ter o mesmo cuidado com esses produtos.
polação dos achados sobre um extrato específico para outros extratos A evidência e a compreensão da maioria das interações fárma-
pode não ser válida. Por exemplo, pesquisas recentes que relatam que co-planta são limitadas. Pode-se fazer uma tentativa, entretanto,
não há alteração no tempo de sangramento em pacientes idosos nem para identificar os componentes fitoterápicos que têm potencial
interações com medicamentos anticoagulantes com o extrato EGB para interagir com categorias específicas de medicamentos con-
761 específico do Ginkgo biloba podem não ser válidas para outros vencionais, com base nas informações conhecidas sobre a fitoquí-
extratos de ginkgo.(212, 213) mica e as propriedades farmacológicas dos constituintes da planta
e sobre qualquer efeito adverso documentado. Por exemplo, o
Erva-de-são-joão Desde 1998 surgiram evidências a partir de re-
uso prolongado ou excessivo de um fitoterápico diurético pode
latos espontâneos e relatos de casos publicados sobre as interações
potencializar uma terapia existente, interferir na terapia hipo/hi-
entre a erva-de-são-joão e certos medicamentos sob prescrição,
pertensora existente ou potencializar o efeito de certos fármacos
causando a perda ou redução do efeito terapêutico de tais medi-
cardioativos, devido a hipocalemia. As plantas que foram docu-
camentos (veja Erva-de-são-joão).(19, 204) Os fármacos que podem
mentadas como tendo reduzido a glicemia podem provocar hi-
ser afetados incluem indinavir, varfarina, ciclosporina, digoxina,
poglicemia se usadas em quantidades suficientes, interferindo na
teofilina e contraceptivos orais. Também existem relatos de au-
terapia hipoglicemiante existente. Uma pessoa que esteja receben-
mento dos efeitos serotoninérgicos em pacientes que usavam
do terapia anti-hipertensiva pode ser mais suscetível aos efeitos ad-
erva-de-são-joão concomitantemente com inibidores seletivos da
versos hipertensivos que têm sido documentado com, por exem-
recaptação da serotonina (p. ex., sertralina, paroxetina). Os resul-
plo, ginseng, ou àqueles associados à ingestão excessiva de plantas
tados dos estudos sobre as interações medicamentosas forneceram
como o alcaçuz. Essa abordagem foi empregada na elaboração do
alguma evidência de que a erva-de-são-joão pode induzir algumas
Apêndice 1, Tabela A1.1 e do Apêndice 2, Tabelas A2.1 a A2.12,
enzimas do citocromo P450 (CYP), que metabolizam fármacos
que fornecem informação sobre potenciais interações fármaco-
no fígado e afetam a P-glicoproteína (uma proteína transporta-
-planta. O Apêndice 1, Tabela A1.1, agrupa várias categorias tera-
dora). As autoridades reguladoras de toda a UE e de outros países
pêuticas de medicamentos que podem ser afetados por uma planta
emitiram aviso aos pacientes e profissionais de saúde.
em particular ou um grupo de plantas. O Apêndice 2,Tabelas A2.1
Interações com varfarina Foi relatado que vários componentes a A2.12, lista componentes fitoterápicos que pretensamente pos-
fitoterápicos interferem potencialmente na varfarina, incluindo suem uma atividade específica, listados em ordem alfabética em
garra-do-diabo, dong quai, tanaceto, alho, ginkgo, ginseng e erva- cada tabela, incluindo efeito laxante, cardioativo, diurético, hipo/
-de-são-joão.(202, 210, 214) hipertensivo, anticoagulante/coagulante, hipo/hiperlipidêmi-
Um levantamento de 1.360 pacientes no Reino Unido evi- co, sedativo, hipo/hiperglicêmico, hormonal, imunoestimulante,
denciou que 8,8% estavam usando um ou mais medicamentos à alergênico ou irritante. Alguns grupos de produtos naturais co-
base de plantas que interagem com a varfarina. Tratamentos com- mumente encontrados entre esses 152 componentes fitoterápicos
plementares ou homeopáticos que não foram especificados no contribuem para suas atividades, toxicidades ou efeitos adversos.
questionário do levantamento foram usados por 14,3% dos que O Apêndice 2, Tabelas A2.13 a A2.21, lista esses componentes fi-
responderam.(215) De modo geral, 19,2% dos pacientes estavam toterápicos que contêm aminas, alcaloides ou têm atividades sim-
usando um ou mais desses medicamentos. Desses pacientes, 28,3% patomiméticas, anti-inflamatórias ou antiespamódicas, cumarinas,
consideravam que os medicamentos fitoterápicos talvez, ou defi- flavonoides, iridoides, saponinas, taninos ou óleos voláteis.
nitivamente, interferiam em outros fármacos prescritos por seu
médico; entretanto, é pouco provável que os pacientes que usam Interações de produtos fitoterápicos no monitoramento
qualquer medicação isenta de prescrição acreditem nisso. O uso terapêutico de fármacos
de medicamentos fitoterápicos não havia sido discutido com um Também existem exemplos de medicamentos fitoterápicos que apre-
profissional de saúde convencional por 92,2% dos pacientes. sentam reação cruzada com marcadores de diagnóstico no monitora-
Outro estudo no Reino Unido, que conduziu uma análise re- mento terapêutico de fármacos, como com o teor de digoxina (veja
(200)
trospectiva dos planos de atenção farmacêutica para 631 pacientes Eleuterococo).

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Introdução 35

Relato de reações adversas associadas a medicamentos -boticário, aphanes, pulsatila e alface-selvagem. Para outras plantas, os
fitoterápicos dados fitoquímicos ou dados farmacológicos documentados a partir
É essencial que as informações sobre os riscos associados ao uso de de estudos em animais podem fornecer uma base plausível para seu
produtos fitoterápicos sejam sistematicamente coletadas e analisadas uso tradicional, mas a evidência da eficácia a partir de estudos clínicos
para proteger a saúde pública. Existe uma crescente consciência da é limitada.
necessidade de desenvolver práticas de farmacovigilância para os A ênfase atual sobre a medicina baseada em evidência requer
medicamentos fitoterápicos.(22,219) Recentemente, a OMS criou di- a evidência da eficácia a partir de rigorosos ensaios clínicos rando-
retrizes sobre o monitoramento da segurança dos medicamentos fi- mizados e controlados. Quando for possível, a evidência é mais bem
toterápicos em sistemas de farmacovigilância.(64) Os atuais programas avaliada por meio de revisões sistemáticas e metanálises de dados
de ação para farmacovigilância de medicamentos fitoterápicos no disponíveis de ensaios clínicos, visto que tais abordagens reduzem o
Reino Unido foram revisados.(219) viés da seleção e o erro aleatório.
Em 1996, a MHRA do Reino Unido estendeu seu programa Tais abordagens agora estão sendo aplicadas aos medicamentos
chamado Yellow Card Scheme para o relato de reação adversa a fár- fitoterápicos. Foram feitas revisões sistemáticas de vários componentes
maco, para incluir o relato de suspeitas de reações adversas a produtos fitoterápicos, como aloe-vera, alcachofra, equinácea, prímula, tanace-
fitoterápicos não registrados, seguido por um relato da Medical To- to, alho, gengibre, ginkgo, ginseng, cratego, castanha-da-índia, fitolaca,
(231-236)
xicology Unit do RU sobre reações adversas potencialmente graves hortelã-pimenta, saw palmetto, erva-de-são-joão e valeriana.
associadas a medicamentos à base de plantas. Vinte e um casos de (veja as monografias).Várias revisões foram feitas pela Cochrane Colla-
boration (associação internacional dedicada a preparar e manter revi-
toxicidade hepática, incluindo duas mortes, foram associados ao uso (237)
sões sistemáticas dos efeitos das intervenções na saúde). A maioria
de MTCs.(128)
dessas revisões destaca que, em muitos casos, a base da evidência é
A necessidade de melhorar a farmacovigilância sobre produtos (235,236)
fraca e, em geral, os estudos são inválidos. Em outros casos, os
fitoterápicos foi destacada em um estudo observacional do compor-
estudos foram metodologicamente confiáveis e a evidência da eficácia
tamento dos pacientes para relatar as reações adversas.(6) O estudo
é forte.
demonstrou que seria menos provável que os pacientes consultassem
A erva-de-são-joão, um produto fitoterápico amplamente
seu médico por causa de suspeita de reações medicamentosas ad-
usado, foi investigada em vários estudos clínicos (veja Erva-de-são-
versas (de pouca gravidade ou grave) dos remédios à base de plantas (19)
-joão). Uma recente revisão sistemática de evidência a partir de
do que por causa de reações adversas similares aos medicamentos
37 ensaios clínicos randomizados e controlados concluiu que os ex-
convencionais livres de prescrição. Isso ilustra a necessidade de maior
tratos parecem ser mais eficientes do que o placebo e tão eficientes
consciência por parte do público de que as reações adversas podem
quanto os antidepressivos-padrão para o tratamento de depressão
ocorrer e devem ser relatadas. Também destaca a necessidade de os
leve a moderada. Entretanto, os autores destacaram que esses resulta-
profissionais de saúde coletarem um histórico médico detalhado, in-
dos se aplicam apenas às formulações testadas nos ensaios, visto que
cluindo o uso de produtos fitoterápicos, e ficarem cientes de que (238)
as formulações comercializadas variam consideravelmente. Existe
os pacientes podem relutar em fornecer tais informações. O Yellow a necessidade de mais estudos para avaliar a eficácia comparada com
Card Scheme do Reino Unido foi ampliado recentemente para in- a dos tratamentos-padrão, particularmente com agentes antidepressi-
cluir o relato de pacientes e de cuidadores sobre medicamentos sob vos mais novos, em grupos de pacientes bem definidos e conduzidos
prescrição e livres de prescrição, assim como medicamentos fitoterá- por longos períodos.
picos e complementares.(220) O Uppsala Monitoring Center (UMC), Um dos problemas fundamentais característicos dos produtos
da Organização Mundial de Saúde, tem um papel importante no medicinais fitoterápicos é de que os componentes fitoterápicos in-
monitoramento internacional dos efeitos adversos à saúde associados dividuais contêm um amplo conjunto de constituintes químicos.
a medicamentos fitoterápicos.(221) Além disso, tradicionalmente, os medicamentos fitoterápicos en-
O UMC reconhece os problemas inerentes ao relato de reação volvem misturas de diferentes componentes fitoterápicos, embora,
adversa aos medicamentos fitoterápicos e estabeleceu um projeto de nos países desenvolvidos, as recentes tendências indiquem que os
medicamentos tradicionais para estimular o relato nesta área e para produtos fitoterápicos contendo apenas um componente estejam se
padronizar as informações sobre medicamentos fitoterápicos, parti- tornando populares. Os herbalistas argumentam que as combinações
cularmente com relação à nomenclatura. Por exemplo, um conjunto dos componentes são planejadas para fornecer o melhor resultado
especial de sistemas anatômico-terapêutico-químicos (ATC) foi de- terapêutico, enquanto reduziriam os efeitos adversos e a toxicidade.
senvolvido para fitoterápicos de forma totalmente compatível com o Está surgindo evidência de que os diferentes constituintes em uma
sistema regular de classificação ATC para os medicamentos conven- formulação fitoterápica podem contribuir para o efeito terapêutico
cionais.(222) Outro projeto importante estava voltado para o desenvol- geral do produto e de que, em alguns casos, os efeitos sinérgicos e
vimento de um registro de componente fitoterápico para o uso no aditivos têm um papel importante.
(239,240)

programa internacional de monitoramento de medicamento.(223) Di- Na maioria dos casos, não existe conhecimento dos constituin-
retrizes abrangentes da UMC para instalar e gerenciar um centro de tes fitoquímicos responsáveis pelos pretensos efeitos terapêuticos de
farmacovigilância foram incluídas na recente publicação da OMS.(64) muitos componentes fitoterápicos. Para dificultar ainda mais, sabe-se
que os produtos fitoterápicos derivados da mesma droga vegetal
Eficácia podem variar consideravelmente em termos de constituintes fito-
Apesar da crescente popularidade dos medicamentos fitoterápicos químicos, dependendo da origem do material vegetal, da produção
pelo mundo, existe uma escassez de evidência científica sobre a efi- dos extratos e da formulação das formas farmacêuticas. Como re-
cácia da maioria deles. De fato, muitas das plantas usadas medicinal- sultado, o empenho para estabelecer a eficácia clínica aumenta pela
mente na Europa têm uma reputação tradicional para seus usos, mas dificuldade de que os resultados de um produto específico possam
existe pouca documentação científica de seus constituintes ativos, ati- ser extrapolados para outros produtos contendo a mesma planta, mas
vidades farmacológicas ou eficácia clínica.(224-231) Exemplos desse gru- diferentes extratos. Quando os constituintes ativos de um compo-
po incluem erva-benta, eupatório, bardana, aparine, damiana, timbó- nente fitoterápico são conhecidos, é possível e, na maioria dos casos,

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36 Introdução

desejável, padronizar o extrato/produto. O objetivo da padroniza- 5 MacLennan AH et al. The continuing use of complementary and al-
ção é obter uma qualidade ótima e consistente de uma formulação ternative medicine in South Australia: costs and beliefs in 2004. M/A
medicamentosa fitoterápica para fornecer um teor definido de um 2006; 184: 27-31.
constituinte ou grupo de constituintes, com atividade terapêutica 6 Barnes J. Herbal medicine, Pharm y 1998; 260: 344-348.
7 Thomas KJ et al. Use and expenditure on complementary medicine
conhecida. Os exemplos de medicamentos fitoterápicos com cons-
in England: a population based survey. Complement Ther Med 2001; 9:
tituintes com atividade terapêutica conhecida são poucos. As plantas 2-11.
com atividades documentadas (e constituintes ativos conhecidos) 8 Dixon A. et al. Complementary and Alternative Medicine in the UK
incluem sene, frângula (hidroxiantracenos), beladona (alcaloides) e and Germany - research and evidence on supply and demand. Anglo-
castanha-da-índia (saponinas). German Foundation for the Study of Industrial Society 2003. http://
No caso da erva-de-são-joão, estudos anteriores se concen- www.agf.org.uk December 2005.
traram nos constituintes hipericinas, mas um trabalho mais recente 9 House of Lords Select Committee on Science and Technology Session
sugere que a hiperforina e, possivelmente, os flavonoides também 1999ó-2000, 6th Report. Complementary and Alternative Medicine.
contribuam para as propriedades antidepressivas.(19) Estudos que 21 November 2000.
10 Ernst E, White AR. The BBC survey of complementary medicine use
analisaram produtos à base de erva-de-são-joão relataram diferentes
in the UK. Complement Ther Med 2000; 8: 32-36.
teores de hipericina e hiperforina.(241-243) Além disso, alguns produ- 11 Brevoort P. The US botanical market - an overview. Herbalgram 1996;
tos apresentaram concentrações consistentes de hipericina e hiper- 36: 49-57.
forina lote a lote, enquanto outros exibiram significativa variação 12 Brevoort P.The booming US botanical market. A new overview. Herb-
entrelotes.(241) algram 1998; 44: 33-46.
Apesar da escassez de evidência clínica documentada sobre os 13 Rogers G. Herb consumers’ attitudes, preferences profiled in new mar-
efeitos da maioria dos componentes fitoterápicos, não existe motivo ket study. Herbalgram 2005; 65: 60-61.
para que os medicamentos fitoterápicos não devam estar disponíveis 14 Blumenthal M. Herbs and phytomedicines in the European Commu-
nity. In: Blumenthal M, ed. The Complete German Commission E Mono-
para o uso em estados menos graves, desde que sejam consistentes
graphs. Therapeutic Guide to Herbal Medicines. Austin, Texas: American
com o uso tradicional e que os componentes fitoterápicos tenham
Botanical Council, 1998.
qualidade e segurança adequadas. Seria mais apropriado usar com- 15 Institute of Medical Statistics (IMS) Self-Medication International.
ponentes fitoterápicos cujos dados fitoquímicos e farmacológicos Herbals in Europe. London: IMS Self-Medication International, 1998.
documentados apoiem o uso tradicional. Os medicamentos fitoterá- 16 Complementary Medicines – UK. Mintel International Group Ltd. April
picos destinados para o uso em estados médicos mais graves exigem 2003.
evidência da eficácia para justificar seu uso. 17 Complementary Medicines – UK. Mintel International Group Ltd.
March 2005.
18 EMEA Herbal Medicinal Products Committee. Public statement on
Conclusão the risks associated with the use of herbal products containing Aristolo-
O uso de medicamentos fitoterápicos continua a aumentar, e exis- chia species, www.emea.europa.eu/pdfs/human/hmpc/ 13838105en.
te uma evidência crescente de que esses medicamentos fitoterá- pdf November 2005.
picos são usados amplamente por todos os grupos da sociedade, 19 Barnes J et al. St. John’s Wort (Hypericum perforatum L.): a review of
incluindo crianças, mulheres grávidas e em aleitamento, mulheres, its chemistry, pharmacology and clinical properties. J Pharm Pharmacol
2001; 53: 583-600.
especialmente, durante a menopausa e idosos. De particular impor-
20 O’Sullivan HM, Lum K.The poisoning of ‘awa: the non-traditional use
tância é o uso de medicamentos fitoterápicos por pacientes com of an ancient remedy. Pac Health Dialog. 2004; 11(2): 211-215.
uma ampla faixa de condições, muitos dos quais são estabilizados 21 Ernst E. Contamination of herbal medicines. Pharm J 2005; 275: 167-
com medicamentos sob prescrição, bem como a evidência de que 168.
os pacientes relutam em informar a seus médicos sobre os produtos 22 De Smet PAGM. Health risks of herbal remedies: An update. Clinical
fitoterápicos que estão usando. Nos últimos cinco anos, a impor- Pharmacology Therapeutics 2004; 76(1): 1-17.
tância das interações planta-fármaco foi reconhecida e, com isso, 23 Barnes J, Abbot NC. Experiences with complementary remedies: a
compreendeu-se a necessidade de os profissionais de saúde estarem survey of community pharmacists. Pharm J 1999; 263 (Suppl. Suppl.)
cientes de que os pacientes podem estar usando medicamentos fi- R37-R43.
24 Kayne S. A helping hand? Chemist and Druggist 2002; 12: 26-28.
toterápicos, bem como a necessidade de conhecer seus efeitos e
25 Naidu S et al. Attitudes of Australian pharmacists toward complementary
potenciais problemas associados ao uso. Este livro fornece ao leitor and alternative medicines. Annals Pharmacotherapy 2005; 39: 1456-1461.
informações sobre 152 componentes fitoterápicos presentes em 26 Welna EM et al. Pharmacists’ personal use, professional practice be-
medicamentos fitoterápicos na Europa e em outros países desen- haviours, and perceptions regarding herbal and other natural products.
volvidos. Os fitoterápicos podem oferecer uma alternativa para os Journal American Pharmacists Association 2003; 43(5): 602-611.
medicamentos convencionais em condições sem risco de vida, des- 27 Ernst E. Complementary medicine pharmacist. Pharm J 2004; 273:
de que eles apresentem qualidade e segurança e sejam usados de 197-198.
forma adequada. 28 Ernst E. Recommended information sources. Pharm J 2005; 275: 348.
29 Nathan JP et al. Availability of and attitudes toward resources on alter-
native medicine products in the community pharmacy setting. J Am
Referências Pharm Assoc 2005; 45(6): 734-739.
1 Kessler RC et al. Long-term trends in the use of complementary and 30 Evans WC. Trease and Evans’ Pharmacognosy, 15th edn. London: WB
alternative medical therapies in the United States. Ann Intern Med Saunders, 2001.
2001; 135: 262-268. 31 Council Directive 2001/83/EC. Official Journal of the European Com-
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Introdução 37

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Constituintes Químicos das Plantas
Usadas como Medicamentos
Fitoterápicos
Todos os organismos vivos produzem várias substâncias químicas do maracujá), tropanos (p. ex., a hioscina, da beladona), imidazólicos (p.
que são chamadas de produtos naturais. Esses produtos naturais, co- ex., a pilocarpina, do jaborandi) e xantínicos (p. ex., a cafeína, da erva-
muns a todas as formas de vida, são conhecidos coletivamente como mate). Os compostos biossinteticamente relacionados que não seguem
metabólitos primários e são exemplificados pelos carboidratos, pe- a definição de alcaloide anteriormente citada também podem ser refe-
las proteínas e pelos lipídeos. Assim, muitos dos blocos químicos de ridos como alcaloides, como as fenilalquilaminas que não contêm um
construção do metabolismo primário são encontrados em todas as anel N-heterocíclico (p. ex., a efedrina, da efedra) ou os que não são
plantas medicinais (p. ex., aminoácidos, açúcares comuns, como a básicos (p. ex., colchicina, de açafrão-do-prado). No Apêndice 2,Tabela
glicose, e ácidos graxos). Além dos metabólitos primários, as plantas A2.15, são apresentados exemplos das plantas medicinais que contêm
também produzem outros compostos com uma distribuição mais res- alcaloides. Para mais informações sobre alcaloides, o leitor deve consul-
trita que são coletivamente denominados de metabólitos secundários. tar outros textos (p. ex., referências 1, 3 e 6).
As plantas são uma fonte rica de metabólitos secundários, e alguns
deles apresentam distribuição limitada, sendo encontrados apenas em Glicosídeos
gêneros particulares (p. ex., Papaver) ou até em uma única espécie (p.
Um glicosídeo consiste de dois componentes, uma aglicona (parte
ex., Papaver somniferum). No entanto, alguns metabólitos secundários
não açúcar) e uma parte açúcar. A porção aglicona pode ser de vá-
são amplamente distribuídos por muitas famílias de plantas. Não se
rios tipos diferentes de metabólitos secundários (Figura 2), incluin-
sabe por que algumas plantas em particular produzem metabólitos
do cumarina (p. ex., a escopolina, da castanha-da-índia, veja também
secundários específicos, mas alguns deles são conhecidos por funções
Apêndice 2, Tabela A2.16), flavonoide (p. ex., a rutina, do buchu; veja
definidas, (p. ex., alguns são tóxicos e formam uma defesa contra os
também Apêndice 2, Tabela A2.17) ou hidroxiantraceno (p. ex., o cas-
predadores, enquanto outros são atrativos para os insetos e ajudam na
carosídeo A, da cáscara-sagrada; veja também Apêndice 2, Tabela A2.1).
polinização). Qualquer que seja sua função dentro das plantas, muitos
A cadeia de açúcar é ligada à aglicona por meio de uma ligação direta
deles apresentam atividade farmacológica, o que tem sido explorado
carbono-carbono (C-glicosídeo), ou de uma ligação oxigênio-carbono
para fornecer fármacos como codeína, morfina, digoxina e quinina.
(O-glicosídeo). Os glicosídeos cianogênicos (p. ex., a amigdalina, do
Foi provado que alguns metabólitos secundários são muito tóxicos
damasco) liberam ácido cianídrico tóxico quando as células são danifi-
para o uso humano (p. ex., a aconitina do acônito), mas os estudos
cadas e agem como um mecanismo de defesa. Os glicosinolatos (p. ex.,
sobre o seu mecanismo de ação estimularam a pesquisa de análogos
a sinigrina, da raiz-forte) contêm nitrogênio e enxofre e são pungentes.
sintéticos como potenciais agentes terapêuticos.
Os glicosídeos hidroxiantracênicos são os compostos ativos das plantas
Para obter mais detalhes sobre os metabólitos secundários das
laxantes cáscara-sagrada e sene (veja também Apêndice 2,Tabela A2.1).
plantas, é recomendado que o leitor consulte textos especializados,
por exemplo, sobre a biossíntese de produtos medicinais naturais (p.
ex., Dewick, 2002(1)), sobre o histórico científico dos medicamentos
(2) (3)
fitoterápicos (p. ex., Evans, 2002; Henrich et al., 2003 ) e sobre as
(4)
específicas estruturas químicas (p. ex., Harborne and Baxter, 1993;
Dictionary of Natural Products CD-ROM(5)).
Vários metabólitos secundários são derivados de um precursor Pirrolidina Piridina Piperidina
biossintético comum, como, por exemplo, o ácido chiquímico, que
participa na formação de cumarinas, lignanas, fenilpropanos e tani-
nos. Embora cada um desses grupos de metabólitos secundários seja
quimicamente diferente, todos eles contêm uma estrutura química
em comum, um núcleo C6-C3. Entre a maioria prevalente de meta- Pirrolizidina Quinolizidina Quinolina
bólitos secundários estão os alcaloides, os glicosídeos e os fenóis. Os
exemplos desses tipos de metabólitos secundários podem ser encon-
trados em muitas das plantas medicinais.

Alcaloides
Isoquinolina Indol Tropano
Um alcaloide típico é quimicamente básico (alcalino) e contém uma
função amina secundária ou terciária dentro de um anel heterocíclico
(p. ex., codeína). Os alcaloides podem ser classificados pela sua estrutu-
ra química (Figura 1) de acordo com os seguintes tipos principais: pir-
rolidínicos (p. ex., a betonicina, do marroio-branco), piridínicos (p. ex.,
a gencianina, da genciana), piperidínicos (p. ex., a lobelina, da lobélia),
pirrolizidínicos (p. ex., a sinfitina, do confrei), quinolizidínicos (p. ex.,
Imidazol Xantina
a esparteína, da giesta), quinolínicos (p. ex., a quinina, da quina), iso-
quinolínicos (p. ex., a boldina, do boldo), indólicos (p. ex., a harmana, Figura 1 Exemplos de estruturas de alcaloides.

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42 Constituintes Químicos das Plantas Usadas como Medicamentos Fitoterápicos

Terpenos
Os terpenos são derivados de duas unidades C5 (isopentano), di-
Glicose metilalilpirofosfato e isopentenilpirofosfato. Os monoterpenos
contêm duas unidades isopentano (C10) e são os constituintes de
Escopolina muitos óleos voláteis (veja Apêndice 2, Tabela A2.21). Alguns dos
monoterpenos mais comuns estão apresentados na Figura 4. Os
sesquiterpenos contêm três unidades isopentano (C15) e ocorrem
com diferentes tipos de estruturas, como, por exemplo, eudesmano,
germacreno, guaiano (Figura 5). Um grande número de sesquiter-
penos contém um anel γ-lactônico e são conhecidos como lactonas
rutinose sesquiterpênicas. Algumas lactonas sesquiterpênicas são alergênicas
(veja Apêndice 2,Tabela A2.11). Exemplos de diferentes tipos de es-
truturas moleculares, incluindo eudesmanolídeo, germacranolídeo
Rutina
e guaianolídeo (p. ex., componentes do confrei) e pseudoguaiano-
Glicose lídeo (p. ex., matricina, camomila), estão ilustrados na Figura 5. Os
diterpenos são derivados de quatro unidades de isopentano (C20), e
exemplos de abietano (p. ex., o ácido carnósico, da sálvia) dafnano,
caurano, labdano (p. ex., a rotundifarina, do agnocasto), taxano e ti-
Glicose
gliano são fornecidos na Figura 6. Os ginkgolídeos do Ginkgo biloba
são exemplos de diterpenos complexos. Os triterpenos são deriva-
Cascarosídeo A dos de seis unidades de isopentano (C30), e alguns compostos que
Figura 2 Exemplos de glicosídeos. ocorrem comumente estão ilustrados na Figura 7, como campeste-
rol, β-sitosterol, estigmasterol, α- e β-amirina e os ácidos oleanoico
e ursólico. Os glicosídeos cardioativos (cardenolídeos, veja Apêndice
2, Tabela A2. 2) e as saponinas (veja Apêndice 2, Tabela A2. 19) são
Fenólicos
exemplos de triterpenos que ocorrem com menor frequência nas
Muitos dos constituintes aromáticos das plantas contêm hidroxilas plantas do que os triterpenos ilustrados na Figura 7.
e são fenólicos. Existe uma ampla variedade de fenólicos nas plan-
tas medicinais, e a sua estrutura química varia desde simples ácidos
fenólicos (Figura 3), como o ácido cafeico, da alcachofra, a taninos
complexos (veja Apêndice 2, Tabela A2.20).
Nos casos em que as estruturas químicas tenham sido incluí-
das em uma monografia, pode-se tratar dos componentes ativos ou
dos compostos que podem ser usados como marcadores químicos
da planta, ou seja, eles estão presentes em quantidades significati-
vas ou são característicos de uma planta específica. Como alguns (+)-Linalol Mirceno α-Terpineol
constituintes são de ocorrência comum nas plantas medicinais, sua
estrutura química não está necessariamente incluída nas monogra-
fias. Alguns dos produtos naturais mais comuns, incluindo mono-,
sesqui-, di- e triterpenos, flavonoides e taninos, estão resumidos a
seguir.

1,8-Cineol (+)-Mentona (−)-Mentol

Ácido p-hidroxibenzoico
Ácido protocatéquico
Ácido vanílico
Ácido gálico (−)-Tujona (+)-Carvona (−)-Piperitona

Ácido p-cumárico
Ácido cafeico
Ácido ferúlico α-Pineno Cânfora Carvacrol

Figura 3 Exemplos de ácidos fenólicos simples. Figura 4 Alguns dos monoterpenos comuns dos óleos voláteis.

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Constituintes Químicos das Plantas Usadas como Medicamentos Fitoterápicos 43

Flavonoides dos por meio de ligações C-C (p. ex., taninos da cola). Os exemplos
Os flavonoides são biossintetizados a partir de uma unidade de fenil- de algumas estruturas químicas de taninos hidrolisáveis e não hidro-
propano (C6-C3), derivada do ácido chiquímico e da fenilalanina, e lisáveis são apresentados na Figura 10.
uma unidade C6, a partir de três moléculas de malonil-CoA. Eles são
amplamente distribuídos no reino vegetal e ocorrem com frequência
em várias plantas medicinais (veja Apêndice 2, Tabela A2. 17). Exis-
tem cinco grupos principais: chalconas, flavanonas, flavonas, flavonóis
e antocianos (Figura 8). As flavonas e seus análogos 3-hidróxi (flavo-
nóis) são os mais difundidos. As cinco agliconas, canferol, querceti-
na, miricetina, apigenina e luteolina, assim como os glicosídeos da
quercetina, quercitrina e rutina estão entre aqueles mais comumente
presentes nas plantas medicinais (Figura 9).

Taninos Abietano Caurano


Os taninos também são constituintes comuns de muitas plantas me-
dicinais (veja Apêndice 2, Tabela A2. 20) e ocorrem como dois prin-
cipais grupos, os taninos hidrolisáveis e os taninos não hidrolisáveis
(condensados). Os taninos hidrolisáveis são ésteres de açúcares com
ácidos fenólicos como os galotaninos (ésteres do ácido gálico com
glicose), por exemplo, pentagaloil glicose, ou elagitaninos (ácido he-
xaidrodifênico, derivado de duas unidades de ácido gálico, esterifica-
do com glicose), tais como a agrimonina, da agrimônia. Os taninos Labdano Tigliano
não hidrolisáveis, também conhecidos como taninos condensados ou
proantocianidinas, são polímeros de catequina ou galocatequina uni-

Dafnano Taxano

Eudesmano Germacreno Figura 6 Exemplos de alguns tipos diferentes de estrutura


de diterpenos.

Guaiano Eudesmanolídeo
β-Sitosterol

Campesterol

Estigmasterol
Germacranolídeo Guaianolídeo

Pseudoguaianolídeo α-Amirina β-Amirina


Ácido ursólico Ácido oleanólico
Figura 5 Alguns tipos de estrutura de sesquiterpenos e lac-
tonas sesquiterpênicas. Figura 7 Exemplos de alguns triterpenos comuns.

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44 Constituintes Químicos das Plantas Usadas como Medicamentos Fitoterápicos

Chalcona Flavanona

Flavona Flavonol

Antociano

Figura 8 Exemplos de algumas estruturas de flavonoides.

Quercitrina Ramnosil
Canferol
Quercetina
Miricetina
Rutina Rutinosil

Apigenina
Luteolina

Figura 9 Exemplos de alguns flavonoides comuns.

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Constituintes Químicos das Plantas Usadas como Medicamentos Fitoterápicos 45

Taninos hidrolisáveis Taninos não hidrolisáveis

1,2,6-Trigaloil glicose

Trímero de epicatequina

Ácido elágico
Figura 10 Exemplos de constituintes de taninos.

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