RESENHA SOBRE A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO PARA OS SOCIÓLOGOS
KARL MARX E ÉMILE DURKHEIM
por Mariane Chagas Suzarte
Karl Marx e Émile Durkheim são autores clássicos da Sociologia considerados de
extrema importância, pois suas ideias são atemporais. Embora seus objetos de estudo sejam distintos, ainda assim, são referências para a análise da sociedade ao longo da história e da atualidade. Marx voltou suas preocupações ao estudo das relações sócio-econômicas e políticas e seu desenvolvimento no processo histórico, ainda assim deixou grandes contribuições teóricas no campo de educação. Como objeto de estudo, deu enfoque às “relações sociais” e à “luta de classes”. Embora a educação não tenha sido a temática central da obra de Marx, ele a referenciou nos documentos “Manifesto do Partido Comunista” (1848), “Instruções aos Delegados do Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores” (1866) e em “O Capital” (1867-1894). A concepção Marxista de educação tem por base o materialismo histórico, com forte crítica ao capitalismo. Para este autor, é necessário entender a sociedade para compreender o fenômeno da educação, para assim conduzir a humanidade para uma sociedade justa, livre da exploração do homem pelo próprio homem. Fleuri (1999) refere que o sistema educacional montado em nossa sociedade, objetiva a formação de alguns para mandar e outros para obedecer. O que contradiz a ideia do modelo marxista dialético e de relação recíproca, porque, ainda hoje, a escola é usada como um elemento de manutenção da hierarquia social, de controle das classes dominantes sobre as classes dominadas, portanto o trabalho assalariado é uma manifestação histórica de como o capitalismo organizou-se como sociedade. Para Durkheim foi o criador da Sociologia da Educação, teoria educativa em que foi proposta uma socialização metódica das novas gerações, pois a educação é fundamental para manter a coesão social. De forma que, a educação e a pedagogia, são anexos apêndices da sociedade, que não necessitam de autonomia para seu desenvolvimento. Como referido na obra “As Regras do Método Sociológico” publicada em 1895 por Émile Durkheim, a educação é considerada reguladora dos tipos de conduta ou de pensamentos que são, tanto externos ao indivíduo, como, também, dotados de poder coercitivo em virtude do qual se lhe impõe. O caráter determinista da teoria educacional de Durkheim enfatiza que, a escola deveria reforçar os padrões de comportamento sociais, satisfazendo as necessidades sociais por meio da imposição de suas regras. Considerando que o ser humano é o centro do processo educativo e que a sociedade é dinâmica. Lucena (2010) refere que Durkheim compreende a educação como uma poderosa ferramenta para a construção gradativa de uma moral coletiva, fundamental para a continuidade da sociedade capitalista. O olhar sociológico determinante para o método investigativo de Durkheim sobre a sociedade de sua época predominou na forma como defronta a educação do ponto de vista sociológico e considerou-a como reguladora da vida social (GALTER E MANCHOPE, 2003). Sob o olhar de Marx, a educação não deve ser baseada na reprodução ou repetição de ideias, portanto a escola deve ser um espaço epistemológico de formação para a ação de um mundo que requer intervenções conscientizadas em processo dialético sobre as solicitações sociais (LIMA, 2009). Enquanto Durkheim, considera que a educação e a escola têm o papel de socializar o indivíduo para que ele se desenvolva dentro dos padrões preestabelecidos o seu grupo social, enfatizando que é a sociedade é quem produz o indivíduo e prepondera sobre ele. Considerando o posicionamento dos autores, é possível ter um vislumbre realístico da sociedade atual. E baseado no contexto social, é importante que os educadores sejam protagonistas no cenário educacional, com objetivo de mudanças e transformações que contemplem a redução das desigualdades no campo da qualidade da educação entre as classes sociais, permitindo assim a possibilidade de redução nas desigualdades sociais e autonomia aos educandos.
REFERÊNCIAS
CORRÊA, R. A.; KRATANOV, S. V. Fundamentos históricos e filosóficos da educação.
SP : Claretiano, 2013. 198p
FLEURI, R. M. Educar para quê? São Paulo: Cortez 1997.
GALTER, M. I.; MANCHOPE, E. C. P. A educação em Émile Durkheim. Revista