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Norte - Americana
Material Teórico
Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Silvana Nogueira da Rocha
Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe,
Nathaniel Hawthorne)
• Romantismo
• Edgar Allan Poe (1809 – 1849)
• Nathaniel Hawthorne (1804 – 1864)
• Considerações finais
Estamos prestes a estudar o período do Romantismo nos Estados Unidos, que teve início
no século XIX, dando destaque a dois autores importantes desse movimento: Edgar Allan
Poe e Nathaniel Hawthorne.
Será uma viagem interessante no universo da Literatura norte-americana. Aproveite e
interaja com o material disponível!
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Contextualização
O cenário dos Estados Unidos, no século XIX, estava voltado para os valores estéticos da
arte romântica, numa república agrária, mas que também se enveredou para a arte realista,
num industrialismo urbano.
Era possível observar naquela época a profissão das letras, o renascimento da Nova Inglaterra
com sua herança puritana, o velho sul e a aristocracia de fazendeiros, a arte realista e a ficção
do regionalismo.
A América queria se reafirmar e mostrar sua identidade, seu “eu” próprio como nação que
surgia cheia de força e talento.
É nesse contexto que, nesta unidade, vamos estudar um primeiro momento do Romantismo na
Literatura norte-americana, ressaltando autores importantes como Edgar Allan Poe e Nathaniel
Hawthorne, que fazem parte do Dark Romanticism, cujo foco principal é a falibilidade humana
e sua tendência para o pecado e autodestruição. Veja a seguir alguns livros desses autores!
“Contos de Imaginação e Mistério”, Edgar Allan Poe; “O Corvo”, Edgar Allan Poe; Editora Melhoramentos “A letra escarlate”, Nathaniel Hawthorne; Editora
Editora Tordesilhas, 2012 Companhia das Letras, 2011
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Romantismo
Durante o século XIX, muitos europeus migraram para a América devido à oportunidade
de se tornarem proprietários de terras. Dessa forma, a população cresceu cada vez mais,
conquistando novos territórios a oeste, o que resultou em uma grande expansão das fronteiras
e da economia dos Estados Unidos.
Neste cenário, a cultura americana também se expandiu. Tal crescimento ocorreu sob a
influência de um movimento cultural europeu denominado Romantismo.
Importante!
No caso dos Estados Unidos, o Romantismo coincidiu com “a expansão nacional”,
a descoberta de uma voz “norte-americana”, a consolidação da identidade nacional
e o idealismo emergente dessa época (VANSPANCKEREN, 1994, p. 26).
O Romantismo implicou em voltar-se para a natureza, vista como algo “sublime”,
grandioso e esplendoroso, afirmando a crença no conceito de natureza como
orgânica, sendo o homem, parte dela (por isso, conhecer o “ser” não é um processo
egoísta, mas um processo para se reconectar com a humanidade).
Assim, era perfeitamente apropriado para o contexto norte-americano, onde a
natureza ocupava o centro do palco, a criação de uma nova identidade nacional
e cultural fundamentada na reconsideração e revalorização do “ser”, que se
manifestava na formação de novas palavras, como self-reliance; self-realization;
self-expression.
Seus representantes podem ser agrupados em ensaístas, romancistas e poetas, e são
considerados os pais da tradição literária norte-americana. No caso dos ensaístas,
destacam-se: Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau.
Podemos afirmar que a maioria dos autores americanos do século XIX foi afetada, de
alguma forma, pelo Romantismo. Nesta unidade, conheceremos dois autores fortemente
influenciados por este movimento: Edgar Allan Poe e Nathaniel Hawthorne.
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Em 1836, Poe casa-se com sua prima Virgínia Clemm, que tinha apenas treze anos na época.
Produz vários contos de terror e mistério e publica, em 1839, “Histórias Extraordinárias”. Em
1841, escreve “Assassinatos na Rua Morgue”, em que aparece pela primeira vez seu genial
detetive Dupin. Porém, só conhece o sucesso, de fato, com a publicação de seu poema “O
Corvo” (The Raven), em 1845.
Uma fatalidade abate Poe profundamente: sua esposa Virgínia, doente havia muito tempo, morre
de tuberculose em 1847. Após este golpe, ele se afunda no alcoolismo. Em 1849, ao ser encontrado
delirando numa sarjeta, é levado ao hospital, e acaba morrendo em 7 de outubro.
Em vida, Poe foi mais conhecido na Europa do que nos Estados Unidos, devido ao famoso
autor francês Charles Baudelaire que, fascinado pelo trabalho do autor americano, traduziu
várias de suas obras para o francês, além de publicar textos críticos sobre ele.
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Once upon a midnight dreary, while I pondered weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of someone gently rapping, rapping at my chamber door.
‘‘Tis some visitor,’ I muttered, ‘tapping at my chamber door –
Only this, and nothing more.’
A princípio, o eu lírico (o jovem amante) imagina que o ruído na porta seja alguém pedindo
abrigo devido à tempestade, porém, ao abrir a porta, depara-se apenas com a escuridão
(darkness there and nothing more). Atemorizado, então, o jovem atribui as batidas na porta
a alguma presença sobrenatural, talvez a sua amada Lenore.
De repente, o ruído começa a ficar mais intenso repercutindo nas janelas. O jovem, tentando
acalmar-se, atribui os terríveis ruídos ao vento (’Tis the wind and nothing more). Ao abrir a
janela, entra de forma tumultuosa um corvo que pousa no busto de Pallas. O trecho abaixo
relata o momento no qual o jovem faz a primeira das muitas perguntas que dirigirá ao corvo,
e cuja resposta será sempre a mesma _ Nevermore:
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Segundo o próprio Edgar Allan Poe, em seu ensaio “Filosofia da Composição”, que
estudaremos adiante, há uma razão lógica na sequência de perguntas feitas ao corvo:
A última pergunta feita ao corvo, de acordo com Poe, deveria ser “aquela pergunta
em resposta à qual o Nevermore envolveria a máxima concentração possível de tristeza e
desespero”. Este é justamente o momento no qual o amante pergunta se abraçaria novamente
sua amada Lenore:
Nas duas últimas estrofes, o jovem, desesperado, ordena que o corvo vá embora, que volte
à tempestade e ao inferno. A ave então responde o seu terrível “nunca mais”. Note que,
neste ponto, a presença do corvo torna-se, de fato, algo sobrenatural e demoníaco, pois ele
permanecerá para sempre no busto de Pallas aprisionando a alma do jovem:
‘Be that word our sign of parting, bird or fiend!’ I shrieked upstarting –
‘Get thee back into the tempest and the Night’s Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken! - quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!’
Quoth the raven, ‘Nevermore’.
O’er: over
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Observe que pouco acontece neste poema. No entanto, a sequência dos versos mostra a
capacidade genial que Poe tinha de criar o clima de horror a partir de elementos quase
inexistentes.
Importante!
Leia o poema The Raven e sua tradução, na sua íntegra, na seção “Material Complementar”
desta unidade ou acesse o link:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=6202 (Acesso em 29 de mar. 2015).
Veremos agora três traduções da primeira estrofe do poema The Raven. A primeira foi
feita pelo grande escritor brasileiro Machado de Assis. Note que esta tradução não mantém a
estrutura do texto original em relação ao número de versos e de sílabas poéticas, podendo ser
considerada uma versão. A segunda é a tradução em português mais conhecida do poema,
feita pelo famoso poeta português Fernando Pessoa e, por fim, temos a tradução do jornalista
Milton Amado, considerada por muitos críticos e tradutores a mais fiel ao texto original.
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Segundo Poe, “A morte de uma bela mulher é, inquestionavelmente, o tema mais poético
do mundo e, igualmente, a boca mais capaz de desenvolver tal tema é a de um amante
despojado de seu amor.”
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In this kingdom by the sea:
But we loved with a love that was more than love –
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.
[…]
For the moon never beams without bringing me dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I feel the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so, all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling -my darling -my life and my bride,
In the sepulchre there by the sea –
In her tomb by the sounding sea.
Contos de Horror
Poe é um dos maiores autores de contos (short stories) da literatura mundial, principalmente
de horror e mistério. Contos como “Berenice”, “O Gato Preto”, “A Queda da Casa de Usher”,
“William Wilson” e “O Retrato Oval” exploram temas como o enterramento precoce, a amada
amaldiçoada, o duplo e o castelo mal-assombrado. É importante salientar que Poe foi precursor
ao explorar esses temas que, atualmente, são considerados clássicos nas histórias de terror.
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Contos de Detetive
Para muitos críticos, o maior feito de Poe foi a invenção do detetive Dupin e do gênero
policial. Chevalier Auguste Dupin é o protagonista de três contos: “Assassinatos na Rua
Morgue”, “O Mistério de Marie Rogêt” e “A Carta Furtada”.
Assim como os inúmeros detetives criados por autores influenciados por Poe, Dupin
utiliza como instrumento de compreensão dos fatos a sua capacidade de recriar os eventos
a partir da análise.
Em Murders in the Rue Morgue (1841), Dupin desvenda o mistério do assassinato de duas
mulheres a partir da descrição da cena do crime e dos depoimentos de várias testemunhas
publicados em um jornal. A narração é feita em primeira pessoa (narrador-personagem) pelo
amigo e confidente do detetive Dupin, que inicia o conto refletindo sobre a importância das
faculdades mentais analíticas.
Apresentamos um trecho de “Assassinatos na Rua Morgue” que relata a notícia sobre
os dois assassinatos, publicada no jornal Gazette des Tribunaux:
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também ensanguentadas e com todo o aspecto de
terem sido arrancadas pelas raízes. [...] procedeu-se a
uma busca na chaminé e (horrível revelação!) retirou-
se de lá o cadáver da filha de Madame L’Espanaye,
com a cabeça para baixo. No rosto havia fortes
arranhões e a garganta apresentava nódoas negras
e vincos profundos feitos com unhas, como se a
morte fosse produzida por estrangulamento. Depois
de uma minuciosa investigação dos recantos da casa,
sem resultado positivo, todos se dirigiram para um
patiozinho pavimentado, que ficava na parte de trás do
prédio: ali jazia o cadáver da velha, com o pescoço tão
bem cortado que a cabeça caiu quando procederam ao
levantamento.
Para ler o conto Murders in the Rue Morgue, na íntegra, acesse o link:
http://poestories.com/read/murders
Importante!
Edgar Allan Poe faz parte do que se chama Romantismo Sombrio (Dark
Romanticism), cujas características literárias são irracionais e melancólicas, com
ênfase no fascínio sobre a formação da loucura humana e do mal.
Por isso, suas obras (assim como de outros autores e artistas envolvidos) geralmente
são sombrias, cheias de resignação e protagonistas autodestrutivos que não possuem
graça e sabedoria inerentes.
Os autores do Romantismo Sombrio concordam com as desvantagens do ser
humano, exibindo isso em suas obras de caráter derrotista, demoníaco e macabro, que
envolvem protagonistas satânicos, que servem para descrever os comportamentos
abstruso-excessivos e fantásticos, e fenômenos grotescos em uma estética refinada
e decadente no erótico, sensível e mórbido.
O Romantismo Sombrio manifesta um lado menos otimista sobre a condição
humana, a natureza e a divindade. Ao contrário das crenças perfeccionistas do
Transcendentalismo , o Romantismo Sombrio enfatiza a falibilidade humana e a
propensão para o pecado e a autodestruição, assim como as dificuldades inerentes
à tentativa de reforma social. Ou seja, contempla a natureza sob uma luz sinistra.
Fazem parte dessa categoria Herman Melville, Emily Dickinson, e os poetas italianos
Giacomo Leopardi e Ugo Foscolo.
O próximo autor a ser estudado aqui, Nathaniel Hawthorne, também faz parte do Dark
Romanticism.
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Casou-se em 1842 com Sophia Peabody, com quem teve três filhos. O casal foi viver em
Concord, onde Hawthorne conviveu com os transcendentalistas Ralph Waldo Emerson e
Henry David Thoreau. Três anos mais tarde, em 1845, voltou com a família para Salém, onde
assumiu, em 1846, o cargo de inspetor da Alfândega, por nomeação do Presidente James Polk.
Publicou, no mesmo ano, uma coletânea de contos e crônicas, intitulada Mosses from an Old
Manse (Musgos de um Velho Solar). Em 1849, devido à eleição de um presidente da oposição,
Hawthorne foi demitido do seu cargo na Alfândega e dedicou-se inteiramente à escrita.
Em 1850 publicou The Scarlet Letter (“A Letra Escarlate”), que esgotou na primeira
edição em apenas um mês. Em agosto, conheceu Herman Melville, de quem se tornou grande
amigo. O segundo romance de Hawthorne, The House of the Seven Gables (“A Casa das
Sete Empenas”, em Portugal; “A Casa das Sete Torres”, no Brasil), foi publicado em 1851 e
o terceiro, The Blithedale Romance (“O Romance de Blithedale”), em 1852.
Em 1858, os Hawthorne viajaram pela França e Itália, tendo vivido vários meses em Roma
e depois em Florença. De regresso à Inglaterra, Hawthorne terminou The Marble Faun (“O
Fauno de Mármore”), romance ambientado na Itália, publicado em 1860.
Ainda nesse ano, regressou com a família a Concord, onde iniciou vários livros que não
conseguiu acabar. Reuniu num volume, intitulado Our Old Home (“A Nossa Velha Casa”), as
crônicas sobre a Inglaterra que havia publicado em revistas.
Hawthorne escreveu também vários livros para crianças, dentre os quais se destacam as suas
adaptações de lendas gregas, como A Wonder Book for Girls and Boys (“Um Livro de Maravilhas
para Meninos e Meninas”), em 1852, e Tanglewood Tales (“Histórias de Tanglewood”), em
1853. Hawthorne morreu no dia 19 de maio de 1864, em Plymouth, New Hampshire.
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The Scarlet Letter (1850)
Sua obra-prima The Scarlet Letter (“A Letra Escarlate”) conta a história de Hester Prynne,
uma mulher que, considerada adúltera pela sociedade puritana, é humilhada e condenada a
usar em sua roupa uma letra A bordada em vermelho por toda a vida.
Graças a Hawthorne, A Letra Escarlate tornou-se um emblema da intolerância puritana. A
obra narra o drama do amor impossível entre Hester Prynne e o Reverendo Arthur Dimmesdale.
O romance tem início com o julgamento de Hester que, com sua filha Pearl nos braços, se
recusa a dizer quem é o pai do bebê, fruto do adultério.
Segundo Carolina Nabuco (2000), Hester Prynne “escapou da pena máxima – a morte – apenas
por acharem que sua juventude e beleza diminuíam a responsabilidade de culpa. O amante, de
quem ninguém desconfiava, continuou tido como modelo de pureza e fidelidade à vocação.”
Sobre as personagens principais, podemos afirmar que Hester é uma mulher corajosa e
íntegra que, mesmo diante das maiores humilhações, está sempre disposta a ajudar as pessoas.
Dimmesdale, o famoso reverendo, demonstra um grande remorso ao ver o sofrimento da amada
Hester, porém é covarde até os momentos finais do romance, quando revela o seu pecado:
a letra “A” gravada em sua carne. A pequena Pearl, ironicamente “pérola”, representa, ao
mesmo tempo, a inocência da criança e o adultério supostamente cometido pela mãe.
O trecho abaixo traz a grande revelação do reverendo Arthur Dimmesdale a toda
comunidade puritana:
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Importante!
Quando publicado em 1850, Hawthorne duvidou que se tornasse popular. Entretanto,
o romance se tornou best-seller instantâneo. Embora elogiado por críticos, “A Letra
Escarlate” provocou a ira de alguns religiosos que não se conformaram com o tema que
estava sendo tratado.
Vale ressaltar que o tema estava em alta na época devido ao começo do feminismo e do
lançamento de obras como “Dom Casmurro” (Machado de Assis), “Madame Bovary”
(Gustave Flaubert) e óperas como “Tristão e Isolda” (Richard Wagner).
Saiba Mais
Gótico gênero de romance, cultivado mais significativamente na Inglaterra e nos
Estados Unidos (séculos XVIII e XIX), onde a presença de elementos sobrenaturais e
criaturas grotescas cria uma atmosfera de mistério e terror. Associado com frequência
ao conto fantástico, o gênero apresent ambientes oníricos e carregados de tensão
psicológica. O protagonista da história surge quase como um anti-herói, fragmentado
interiormente e alienado da realidade que o cerca, por vezes buscando no sobrenatural
uma explicação e um sentido para a sua existência.
Algumas obras que fazem parte desse estilo: The Castle of Otranto (1768), de
Horace Walpole; The Mysteries of Udolpho (1794); e The Italian (1797), de Ann
Radcliffe; The Monk (1796), de Matthew Gregory Lewis; Melmoth, the Wanderer
(1820), de Charles Robert Maturin; e Frankenstein (1818), de Mary Shelley.
Entre os expoentes máximos do romance gótico norte-americano contam-se Charles
Brockden Brown e Edgar Allan Poe (este último conhecido como o impulsionador dos
contos de terror e do romance policial).
O romance gótico marcou também presença na literatura portuguesa do período
romântico, com as narrativas Anátema; e O Esqueleto, de Camilo Castelo Branco,
entre outros
Vale ressaltar que uma visão moderadamente cínica e pessimista da natureza humana
impregna os romances de Hawthorne, frequentemente explorando as falhas humanas, tais
como a hipocrisia e a imortalidade.
No centro do romance, que mistura realismo e fantasia, a família Pyncheon detém muitos
segredos obscuros e terríveis, apesar de sua proeminência social.
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Hawthorne chamou The House of the Seven Gables de romance, dizendo que os romances
não eram vinculados pelo curso natural da experiência humana.
A história foi inspirada em uma Casa de Sete Torres existente em Salém, pertencente à
prima de Hawthorne, Susanna Ingersoll, e pelos antepassados Hawthorne que desempenharam
algum papel na caça às Bruxas de Salém, em 1692.
O livro foi bem recebido na época e mais tarde teve uma forte influência no trabalho de
H. P. Lovecraft, escritor estadunidense que revolucionou o gênero de terror, atribuindo-lhe
elementos fantásticos que são típicos dos gêneros de fantasia e ficção científica. O princípio
literário de Lovecraft era o que ele chamava de Terror Cósmico, que se resume à ideia de
que a vida é incompreensível ao ser humano, e de que o universo é infinitamente hostil
aos interesses do homem. Em suas obras, expressa uma profunda indiferença às crenças e
atividades humanas. Lovecraft produziu um panteão de entidades extremamente anti-humanas
com as quais, nas suas histórias, os seres humanos podem se comunicar.
De uma maneira geral, seus trabalhos expressam uma atitude profundamente pessimista e
cínica, muitas vezes desafiando os valores do Iluminismo, Romantismo, Cristianismo e Humanismo.
Importante!
Durante a sua vida, Lovecraft dispôs de um número relativamente pequeno de leitores,
mas sua reputação se elevou com o passar das décadas.
É considerado um dos escritores de terror mais influentes do século XX. E, igualmente a
Edgar Allan Poe, (século XIX), tem exercido uma influência incalculável sobre sucessivas
gerações de escritores de ficção de horror.
Voltando à obra de Hawthorne, The House of the Seven Gables foi adaptado diversas
vezes para o cinema e televisão. É classificado como drama e as estrelas principais são George
Sanders, Margaret Lindsay e Vincent Price.
A trama cinematográfica, no entanto, difere dramaticamente do romance. O filme começa
com a câmera focalizando um livro, e enquanto as páginas do livro são viradas, o público
apreende a história sobre a família Pyncheon. A atmosfera é excelente, a direção artística e o
figurino são impressionantes.
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Considerações finais
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Material Complementar
Vídeos:
A Queda da Casa de Usher (1928)
Mesmo sem som, o cineasta polonês Jean Epstein parece ter feito a tradução definitiva do
desespero e decadência da história de Edgar Allan Poe.
Vincent (1982)
História de um garotinho que sonha ser Vincent Price e tem Edgar Allan Poe como seu autor favorito.
Livros:
The Scarlet Letter (“A Letra Escarlate”)
O romance está disponível, em sua íntegra, no link:
http://www.online-literature.com/hawthorne/scarletletter/ (Acesso em 21 de mar. 2015).
Vídeos:
The House of the Seven Gables
Assista ao filme, disponível no YouTube, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=n3TW8BwUGio (Acesso em 30 de mar. 2015).
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Referências
CUNLIFFE, M. The Literature of the United States. 4.ed. Middlesex: Penguin, 1986.
NABUCO, C. Retrato dos Estados Unidos a Luz da sua Literatura. 2.ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
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Unidade: Século XIX: Romantismo (Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne)
Anotações
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