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1. Introdução
A necessidade de prevenção, acompanhamento, mitigação de desastres representa uma
certa urgência, pois à quantidade de eventos vem freqüentemente crescendo e atingindo
vários municípios de todas as regiões do Brasil.
Uma das causas prováveis da ocorrência de eventos de desastre atribui-se as
mudanças climáticas no globo terrestre. Estas trazem estiagens prolongadas,
precipitações intensas seguidas de alagamentos ou enchentes, vendavais, tornados,
ciclones, entre outros, que causam grande destruição e desordem nos locais afetados.
Diferentes órgãos, em esfera municipal, estadual e federal procuram unir forças
para atender as ocorrências desses fenômenos. Um dos principais órgãos que executam
ações de prevenção e resposta pós-desastre é a Defesa Civil.
Por outro lado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, implantou em
seu Centro Regional Sul – CRS, o Núcleo de Pesquisa e Aplicação de Geotecnologias
em Desastres Naturais e Eventos Extremos, denominado “Geodesastres – Sul”. Este
Grupo de pesquisa busca atuar juntamente com órgãos como a defesa civil, corpo de
bombeiros, brigada militar e outros, numa parceria para a prevenção de desastres
naturais. A função do grupo é usar a Geotecnologia aliada às atividades na área de
Observação da Terra (OBT), identificando as conseqüências das mudanças climáticas
sobre a população da região sul do Brasil.
Uma das iniciativas do grupo Geodesastres, foi à criação de um banco de dados
para acompanhamento da ocorrência de desastres naturais. A implementação deste
banco permite construir uma base de dados formada por imagens de satélite, mapas,
cartas, documentos, fotos e vídeos relacionados aos eventos de desastres naturais para
desenvolver projetos na região sul do Brasil de pesquisa e aplicação de geotecnologias
em desastres naturais. Possibilitando assim, o mapeamento de áreas de riscos
localizadas na região sul do Brasil e Mercosul, visualização de imagens de satélites,
criação de mapas e cartas que possibilitam o monitoramento das regiões em estudo na
prevenção de fenômenos naturais.
O grupo Geodesastres poderá compartilhar dados com os órgãos que atuam na
prevenção e mitigação desses fenômenos e disponibilizar o acesso das informações a
pesquisadores e população em geral.
Dessa forma, o trabalho é dividido em mais 3 secções, onde na secção 2 é
apresentado os trabalhos relacionados, na secção 3 a metodologia materiais e métodos
usados no desenvolvimento do banco, na seção 4 é apresentado os resultados e na 5 a
conclusão.
2. Trabalhos Relacionados
Atualmente são efetuadas muitas pesquisas relacionadas a desastres naturais, entre elas,
o Sistema de Monitoramento de Alerta de Desastre Naturais (Sismaden), uma
ferramenta de geoprocessamento para controle, recuperação, armazenamento e
processamento de dados ambientais com o objetivo de emitir alertas na ocorrência de
desastres. Lopes (2007).
Este sistema integra dados hidrometeorológicos, plano de riscos, planos de
informações adicionais para a análise e definição de alertas, possibilitando a geração de
mapas de riscos nas áreas observadas. Dividido em módulos, o sistema é baseado no
conceito de serviço SOA (Service Oriented Architecture), onde um serviço é uma
funcionalidade independente, sem estado, que aceita uma ou mais requisições e retorna
um ou mais resultados. Executado em várias plataformas preferencialmente Linux, usa
o gerenciador de banco de dados Postgresql com extensão espacial Postgis, ambiente de
desenvolvimento TerraLib (TerraManager, TerraPHP, TerraView) e outras bibliotecas
para linux como flex, bison, geos, proj, qt e zlib.
O trabalho de Marcelino, Nunes e Kobiyama (2006), teve como objetivo analisar a
qualidade dos bancos de dados de desastres naturais em escala global e regional. Em
escala global, o banco de dados analisado denomina-se EM-DAT – (Emergency Events
Database), que contém dados de desastres ocorridos em todo o mundo, contabilizados a
partir de 1900. A ONU utiliza esse banco como fonte de dados para nortear as ações de
prevenção em desastres naturais. Em escala regional, foi analisado o banco de dados do
Departamento Estadual de Defesa Civil do Estado de Santa Catarina (DEDC-SC).
Os autores verificaram com base no EM-DAT um crescimento na freqüência e
intensidade de desastres naturais no mundo a partir da década de 50. Também em seu
trabalho, os dados obtidos do EM-DAT para o Brasil (261 registros) apresentam-se bem
inferiores aos dados do DEDC-SC para Santa Catarina, que foram de 3.373 registros no
período analisado. Essa diferença foi caracterizada como um erro de omissão no EM-
DAT visto que o DEDC-SC obedece a pelo menos um dos critérios requerido pelo
banco global. Por outro lado, ambos os bancos apresentam grandes similaridades em
relação à porcentagem de cada tipo de desastres.
Na avaliação final dos dois bancos, apesar da diferença nas escala de atuação, foram
identificados erros similares, como omissão, inserção, tipologia e quantificação, mesmo
assim, o banco de dados é um importante instrumento para tomada de decisões.
Na literatura encontram-se outros bancos de dados globais para desastres naturais,
tais como: NatCat mantido pelo Munich Reinsurance Company, que oferece estatísticas
anuais e dados sobre grandes catástrofes naturais. Outro importante banco de dados é
mantido pela universidade de Dartmouth, (Darmouth Food Observatory – USA), que
contém informações sobre as maiores inundações ocorridas no mundo a partir de 1985.
A proposta do grupo de pesquisas Geodesastres é criar um banco de dados com
características geográficas servindo como um repositório de dados de diferentes fontes
para estudos em desastres naturais.
3. Metodologia
Para prevenir os desastres naturais, primeiro necessita-se de estudos sobres os mesmos,
tais como: a freqüência dos acontecimentos, onde ocorrem e quando ocorrem, sua
recorrência, de quanto em quanto tempo o mesmo evento acontece, sua intensidade,
danos causados (materiais, econômicos e humanos), identificação dos atingidos
relacionando a situação econômica e habitacional com o tipo de evento, por exemplo.
Diante disso, um banco de dados provê mecanismos para estudos de eventos de
desastres naturais servindo como gerenciador de dados de diferentes fontes e formatos.
Baseado na análise efetuada, as informações que deverão ser armazenadas no banco de
dados identificam três etapas que formam o processo de gerenciamento da informação,
são elas: a entrada de dados, o armazenamento e a saída.
Para a entrada de dados, o banco deve permitir informações referentes a Desastres
Naturais, Imagens de Satélites e Mapas, ou seja, inserção de diferentes formatos de
arquivos, além de Dados Ambientais, Dados Sociais e Dados Econômicos. Cada entrada
de dados, pode ser fornecida por diferentes órgãos ou instituições parceiras, que deverão
trabalhar juntas formando a base de entrada de dados.
O armazenamento identifica a adoção de tecnologias de informática como
gerenciadores de banco de dados para gerir as informações de entrada e saída.
A saída de dados permite gerar diferentes mapas e relatórios que garantam o
monitoramento dos desastres naturais e o diagnóstico dos eventos que ocorreram. Tais
mapas, como de perigo, de vulnerabilidade, precipitação, entre outros, possibilitam
identificar as áreas de risco para prevenção de desastres naturais. Além disso, outros
tipos de dados, como: quadros, tabelas, documentos podem ser gerados como
informação de saída.
Além de dados convencionas o banco de dados possui características geográficas,
como é o caso da inserção de imagens de satélite e eventos de desastres. Para estes
casos, coordenadas geográficas são inseridas como pontos geográficos no banco de
dados, permitindo a localização espacial tanto de imagens de satélite quanto de
desastres naturais ocorridos, além de associar diferentes tipos de arquivos a eventos de
desastres.
Tal coordenada permite a consulta espacial especificando, por exemplo, para o
arquivo do tipo imagens qual município ou municípios intersectam aquela imagem, e
para o evento qual município ou municípios foram atingidos pelo desastre e o local onde
ocorreu o mesmo (ou os locais onde ocorreram desastres dentro do município, na região
ou no estado).
Para a implementação do banco de dados, desde a conceituação até a fase
operacional do primeiro módulo, diferentes etapas foram contempladas. Tais etapas
compreendem a análise dos requisitos, modelo conceitual (ER – modelo de entidade
relacionamento), modelagem lógica, onde são criados as tabelas, com seus atributos,
campos, relacionamentos, integridade referencial, regras e funções no banco de dados.
Na fase final, é implementada a interface que deve permitir o acesso do grupo de
qualquer lugar, possibilitando assim, inserir, atualizar e consultar dados. Para isso, serão
usadas tecnologias Web na estruturação de páginas que permitam o acesso ao banco de
dados.
O acesso ao banco de dados terá níveis de restrições, onde para os pesquisadores do
Geodesastres, será permitido inserir, alterar e consultar dados na base de dados. Para os
parceiros terá um módulo possibilitando a inserção e consulta dos dados, e os usuários
externos terão acesso somente às consultas no banco de dados.
O primeiro módulo do banco de dados tem a função de montar uma base de dados
que forneça materiais referentes aos fenômenos de desastres naturais. Estes materiais
são as imagens de satélites, as fotografias dos desastres os documentos em PDF e DOC,
mapas geológicos, de uso do solo, de vegetação, cartas topográficas e todo material
relevante que pode ser inserido no banco em forma de arquivos.
A primeira etapa foi criar o modelo conceitual, onde foi elaborada a definição das
classes de entidades. Na definição das entidades, são atribuídos nomes que representam
o tipo de objeto ou dado que será armazenado.
Definidas as entidades, as quais correspondem às tabelas que serão armazenadas no
banco, são estabelecidos os relacionamentos entre as classes de entidades e a
cardinalidade da associação (do relacionamento) das classes, segundo Queiroz et al.
(2007). Estas entidades são denominadas o modelo de Entidade Relacionamento (ER).
Após definir o modelo ER, são definidos os atributos das classes de entidades e dos
relacionamentos, tais atributos são os campos e os tipos de dados que poderão ser
armazenados no banco, como caracteres, inteiros e campos geométricos. A partir desse
modelo é elaborado o modelo lógico, ou seja, traduzir o modelo ER para o modelo
Relacional. A figura 1 ilustra algumas tabelas do modelo lógico do banco de dados.
Nela, a tabela mais significativa do banco de dados é a tabela “arquivo”. Esta
possui três especializações, pois alguns atributos dela são iguais às tabelas
“arq_imagem”, “arq_mapas” e “arq_cartas” como é o caso de nome, data e path
(caminho ou diretório de localização). Portanto, a tabela “arquivo”, tem a função de
armazenar todos os tipos de arquivos que serão inseridos no banco e seu relacionamento
com a tabela “evento”, permite relacionar um evento de desastre natural com os
arquivos referentes ao mesmo.
Na criação do modelo lógico, também são criadas visões (views), regras (rules)
gatilhos (triggers), chaves, integridade referencial e funções, para o correto
funcionamento e operações de acesso ao banco.
Figura 1 – Modelagem lógica do banco de dados
O banco de dados criado possui características espaciais. Tais características
permitem efetuar consultas espaciais, nas tabelas com o campo de coordenadas
espaciais, cujo atributo é definido como GEOMETRY, neste caso, as tabelas
“arq_imagem” e “ponto”. O tipo de dado GEOMETRY é uma extensão espacial que
possibilita armazenar pontos, linhas, polígonos, multipontos, multipolígonos, entre
outros, caracterizando o armazenamento de objetos geográficos no banco de dados.
Observa-se o mesmo atributo, GEOMETRY, na tabela de municípios. Esta tabela
possui a geometria de todos os municípios do Brasil, sendo que este campo armazena os
pontos que representam os polígonos de cada município e foi adquirido através de
arquivos “Shape” disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE (IBGE, 2008).
Sendo assim, para realizar consultas espaciais, as tabelas não precisam
necessariamente estar relacionada, bastam possuírem campos geométricos que
representam objetos geográficos da região de interesse. Dessa forma, a consulta pode
ser realizada, por exemplo, através de uma junção, intersecção ou união das mesmas
através dos campos geométricos, utilizando funções de consultas espaciais. Tais
funções, já estão pré-definidas em banco de dados geográficos como é o caso da
PostgreSQL através da extensão espacial PostGis.
4. Resultados
Na operação e desenvolvimento do banco de dados, foram utilizadas várias ferramentas:
Servidor Web Apache versão 2.0.63, linguagem de programação e acesso a banco de
dados PHP 5.2.5, gerenciadores de banco de dados PhpPgAdmin 4.2.1 e PgAdmin III,
Banco de Dados PostgreSQL 8.3.4 e sua extensão espacial PostGis 1.3.3.
A escolha do banco de dados baseou-se nas necessidades do grupo, que verificando
as muitas opções de bancos de dados disponíveis, como os banco de dados
proprietários, optou por usar um banco de dados de código aberto, como é o caso do
sistema gerenciador de banco de dados PostgreSQL e sua extensão espacial PostGIS.
Este gerenciador possui recursos como consultas complexas, triggers, views, rules,
stored procedure, chaves estrangeiras, entre outros. Sua extensão espacial permite o
armazenamento de dados geográficos com diversas funções implementadas que
possibilitam diferentes consultas espaciais.
Uma interface Web foi desenvolvida possibilitando efetuar inserções, alterações,
exclusões e consultas. Nesta interface, todos os utilizadores do banco de dados deverão
ser cadastrados, sendo que cada usuário receberá uma senha e permissão de acesso
conforme a categoria definida. Ao acessar o link “Geodesastres”, uma nova página irá
surgir com as opções de login, ao preencher corretamente o nome do usuário e senha, é
acessado os dados do banco. A figura 2 apresenta a listagem dos arquivos tipo foto
inseridos no banco, representando um evento de desastre natural.
5. Conclusão
Um banco de dados permite armazenar informações de diferentes formatos, sua
capacidade de recuperação dos dados através de consultas torna-o uma ferramenta
adequada que agiliza muitas tarefas. Sua função de armazenamento, consultas,
cruzamento de informações garantem a geração de relatórios e o gerenciamento de
grande massa de dados.
Os bancos de dados geográficos introduzem a manipulação de dados
georeferenciados, cujo tratamento espaço temporal são importantes para os sistemas de
informações geográficas. Assim, possibilitam a representação do mundo real no
computador.
Uma das diferenças entre um banco de dado relacional e um banco de dados
geográficos, é que neste último, toda associação pode ser feita pelos campos
geométricos das tabelas envolvidas, não existe a necessidade de relacionamento entre as
mesmas.
Através dessas características a utilização de um banco de dados geográfico serve
como uma ferramenta que auxilia os estudos, a prevenção, a mitigação e ações pós-
desastre aos pesquisadores do Núcleo de Pesquisas e Aplicação de Geotecnologias em
Desastres Naturais e Eventos Extremos do Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais.
Utilizar banco de dados geográficos em eventos de desastres naturais traz ganhos
antes não alcançados, a localização geográfica o armazenamento e as diferentes
maneiras de consultas caracterizam os bancos de dados como importante ferramenta
Geotecnológica para o combate a desastres naturais e eventos extremos na região sul do
Brasil.
6. Referências
Baptista, S. C. “Disciplina de Sistemas de Informações Geográficas – Unidade 07:
Banco de Dados Espaciais”. Julho de 2007. Disponível em:
<http://www.dsc.ufcg.edu.br/~baptista/cursos/SIG/>. Acessado em: 21 de nov.
2008.