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A

Deyvison Rodrigues Lima*

Revista de Filosofia
O conceito do político em
Carl Schmitt

RESUMO

O objetivo deste artigo é apresentar a estrutura fundamental do conceito do político no con-


texto da teoria de Carl Schmitt no Der Begriff des Politischen (1927/32) e da disputa entre
realismo e normativismo. Dessa forma, pretendo mostrar que, embora de caráter estritamente
existencial, o realismo político na teoria schmittiana é capaz de revelar genealogicamente a
estrutura jurídico-política moderna a partir da relação entre poder e normas.

Palavras-chave: Político; Realismo; Poder; Direito; Nomos.

ABSTRACT

The objective of this paper is to present the fundamental structure of concept of the political in
the context of Carl Schmitt’s theorie in Der Begriff des Politischen (1927/1932) and of dispute
between realism and normativism. Therefore, I intend to show that, although strictly exis-
tential, the political realism in the schmittian theorie can reveal the structure of the modern
politics and law through relation power and norms.

Key words: Political; Realism; Power; Law; Nomos.


Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFC/CNPq.

164 Argumentos, Ano 3, N°. 5 - 2011


A filosofia política pode ser radical- O objetivo desta análise é caracterizar
mente divida em dois paradigmas distintos1: analiticamente o pensamento político de
o normativismo e o realismo. Evidentemente, Schmitt e expor a estrutura fundamental de
há posturas intermediárias ou dialéticas seu realismo. A via de acesso ao pensamento
que tomam em igual consideração tanto o político do autor, especificamente, à teoria
aspecto da norma quanto o aspecto do poder. schmittiana do poder é o seu conceito do
Entretanto, apesar das possibilidades teóri- político.3 O jurista tedesco investiga os pres-
cas e práticas, os extremos no pensamento supostos elementares de uma estrutura de
político são delimitados por normativistas pensamento caracterizado, em traços gerais,
e cratólogos: uns exigem princípios nor- por uma perspectiva concreta do direito e da
mativos e uma reflexão sobre a validade da política que se define como realismo político
ação do homem, constituindo assim uma e pode ser exposto em cinco proposições
filosofia prática em termos éticos; outros, ao centrais, quais sejam: primeiro, a categoria
contrário, levam às últimas consequências do polémos através do par conceitual amigo-
o paradigma da Realpolitik e as situações inimigo; segundo, a relação entre politisch
concretas de poder. De modo geral, a questão (político) e Staatlichkeit (estatalidade); tercei-
decisiva pressuposta na discussão entre am- ro, a soberania e o mecanismo da exceção e
bas posições é acerca da relação entre moral da decisão; quarto, a concepção ontológico-
e política, ethos e kratos, isto é, traduzindo existencial do político e, por fim, quinto,
em termos simples, se o político é entendido uma antropologia política. De modo geral, o
como Macht ou como Recht. argumento sobre o estatuto da relação entre
Carl Schmitt (1888-1985) foi um autên- poder e normas expõe analiticamente o rea-
tico cratólogo ou, como queiram, um realista lismo político schmittiano como a seguir.
político. O fio que une seu extenso e múlti-
plo pensamento é, precisamente, a reflexão I
sobre o poder e a ordem e suas manifesta- Para Schmitt, o critério elementar do po-
ções através do antagonismo entre amigos lítico é a distinção amigo-inimigo, pois tal é
e inimigos. Sua vasta obra eivada do início a condição necessária e suficiente para qual-
ao fim pelo polémos representa um marco quer relação tornar-se política e participar
no pensamento político contemporâneo e das diferenciações que se articulam a partir
uma testemunha dos acontecimentos do de uma situação extrema de enfrentamento:
breve século XX. Seja através da análise da “a distinção especificamente política, à qual
democracia parlamentar e da contradição podem ser relacionadas as ações e os moti-
entre democracia e liberalismo, seja por sua vos políticos, é a diferenciação entre amigo
denúncia do romantismo político e de toda e inimigo.” (SCHMITT, 2002a, p. 26). Nestes
modalidade de metafísica ou especulação termos, o político é constituído por uma
ou ainda pela crítica ao formalismo das relação de oposição e heterogeneidade de
abstrações normativistas e ao Estado de formas de vida que se põem em contradição
Direito, Schmitt destaca o caráter agonístico extrema, atribuindo-lhes sentido específico,
do poder.2 visto que para Schmitt o termo político “não

.
1
Cf. SCHMITT, 1994, p.51-59 e SCHMITT, 2006, p. 13 et. seq. Ainda sobre uma possível classificação da filosofia política nestes termos,
HÖSLE, 1997, p.94-104, onde expõe de forma aproximada essa distinção com os termos “das Politische” e “das Kratische”.
2
De forma geral, pode-se distinguir três fases do pensamento de Schmitt: sua obra crítica à República de Weimar, ao liberalismo e ao
Estado de Direito; os textos de 1933 à 1936 alinhados ao nacional-socialismo e, após a segunda guerra mundial, temas de Direito Inter-
nacional Público, entre outros. No entanto, apesar de transformações e percalços do labirinto schmittiano, sua obra mantem coerência
nas linhas básicas de argumentação. Uma distinção de fases vinculada à questão da legitimidade é proposta por Hofmann, 2002, passim.
Para uma periodização do pensamento de Schmitt, MCcormick, 1997, para uma visão geral da vida e obra, cf. Balakrishnan, 2000.
3
De acordo com a tese afirmada, entre outros, por Böckenförde, que afirma ser o Der Begriff des Politischen a chave de leitura para
compreender a Verfassungslehre, podemos alargar essa concepção e adotar a relação entre normas e poder ou então entre ordem e
político como parâmetro interpretativo de todo pensamento político-jurídico schmittiano, cf. Böckenförd, 1988, p. 283-299.

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designa um domínio de atividade próprio, do político não procura desvelar uma essên-
mas apenas o grau de intensidade de uma cia do político nem realizar uma definição
associação ou de uma dissociação de pes- exaustiva,4 mas apenas buscar critérios para
soas.” (SCHMITT, 2002a, p.38). Entretanto, a integibilidade do fenômeno do político.
Schmitt argumenta ainda que para a obten- Para Schmitt, “o político não tem substância
ção do conceito do político são necessárias própria.” (SCHMITT, 1994, p.160), logo, se
categorias específicas porque a relação po- não é uma substância ou conjunto de objetos,
lítica é autônoma e distinta a partir de suas mas sim uma relação, uma função ou modo,
diferenciações existenciais extremas, uma uma ontologia política seria uma ontologia
vez que “qualquer antagonismo religioso, relacional e não substancialista e, ainda, a
moral, econômico, étnico ou qualquer outro determinação do político dar-se-ia a partir de
se transforma em um antagonismo político um “critério conceitual” (Begriffsmerkmal) e
quando for suficientemente forte para agru- não por uma “definição de essência” (Wesens-
par efetivamente os homens em amigos e bestimmung), ou seja, o objetivo é apenas
inimigos.” (SCHMITT, 2002a, p.37). Portanto, trazer as características determinantes de
se na esfera moral, as diferenciações extre- uma noção, já que o problema do político é
mas são o bom e mau; no estético, o belo e um unermessliches Problem. Assim, qualquer
o feio; no econômico, o útil e o prejudicial, relação social pode tornar-se uma grandeza
etc.; na esfera do político, para Schmitt, a fim política quando chega ao “ponto decisivo”
de resguardar sua autonomia, é fundamen- (entscheidenden Punkt), caracterizado pela
tal a diferenciação de algo especificamente intensidade da oposição especificamente
político, ou seja, política, pois
[...] a questão é, então, se também existe o que interessa é o caso de conflito. Se as
e em que consiste uma diferenciação forças antagônicas econômicas, culturais
específica como critério elementar do ou religiosas forem tão fortes a ponto de
político, a qual, embora não idêntica e definirem, por si mesmas, a decisão sobre
análoga àquelas outras diferenciações, o caso crítico, elas terão se convertido
seja independente destas, autônoma e, na nova substância da unidade política.
como tal, explícita sem mais dificuldades. (SCHMITT, 2002a, p.39).
(SCHMITT, 2002a, p.26).
Há, portanto, certa indeterminação
A partir disso, o autor propõe a autono- subs­tancial do político: se, ao alcançar a ló-
mia do político através de um critério próprio gica agonística, qualquer relação da prática
para a identificação do fenômeno, pois humana torna-se política; então, da mesma
[...] a objetividade que dá a medida e forma, o político não se fixa enquanto instân-
autonomia do político já se apresentam cia ou esfera de objetos determinada, pois,
nesta possibilidade de separar de outras assim como a liberdade e a igualdade, entre
diferenciações tal contraposição especí- outras relações, são indissociáveis de uma
fica como aquela entre amigo e inimigo situação de conflito, a medida (Maßnehmen)
e de concebê-la como algo autônomo. das instituições e das leis justas são elabo-
(SCHMITT, 2002a, p. 28). radas através da forma de sociabilidade que
Assim, as relações sociais, segundo orienta a realidade política estruturalmente
o autor, são construídas a partir de disso- polêmica, uma vez que
ciações, ou seja, a dialética da amizade- [...] a oposição política é a oposição
inimizade é constitutiva do mundo público, mais intensa e mais extrema e qualquer
tornando-se o critério do político necessaria- situação de oposição concreta é tão mais
mente agonístico. política quanto mais se aproxima do ponto
Entretanto, a tese schmittiana da au- extremo que é o agrupamento entre ami-
tonomia do político e do critério específico gos e inimigos. (SCHMITT, 2002a, p.30).

4
Para Julien Freund, influenciado por Schmitt e Weber, a essência do político é, necessária e suficiente, definida a partir do ponto de
vista ontológico, ou seja, por uma fundamentação absoluta da política. Sobre isso, (cf. FREUND, 1964, p. 5 et seq.).

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Há, ainda, a partir do conceito de rela- ções de oposições e dissenso, pois qualquer
ção e oposição, outra característica: a ilimita­ dissociação concreta, ou seja, dada a partir
bilidade do político porquanto se expressa de uma configuração histórica de formas
em qualquer relação social que alcance o de vida transforma-se em uma dissociação
grau de intensidade em associação e dis- política quando discrimina entre amigos e
sociação, ou seja, potencialmente qualquer inimigos, o que caracteriza em termos ge-
relação pode tornar-se política. O autor arre- rais seu existencialismo político. Entretanto,
mata de forma decisiva a peculiaridade do não se pode reduzir o critério do político ao
político enquanto relação e conflito quando seu lado da negatividade e afirmar simples-
afirma que: mente que o político é caracterizado pela
[...] contraposições religiosas, morais, inimizade. A dialética do político exige os
entre outras, intensificam-se como con- dois pólos: amizade e inimizade. Não existe
traposições políticas e podem provocar apenas inimigo e dissenso radical, mas tam-
o agrupamento decisivo do tipo amigo- bém associação e identidade. A sutileza do
inimigo; porém, se ocorrer este agrupa- argumento schmittiano para compreender o
mento de combate, a contraposição que que está em jogo, como afirma o autor num
dá a medida passa a ser não mais pura- texto chave sobre Däubler, é que “o inimigo
mente religiosa, moral ou econômica, mas é a nossa própria pergunta enquanto forma
sim política [...] Nada pode escapar desta e ele nos arrasta, e nós a ele, para o mesmo
consequência do político. (SCHMITT, fim.” (SCHMITT, 1991, p. 213). Assim, Schmitt
2002a, p.36). busca na condição humana, o significado do
No seu conceito do político, Schmitt político, ou seja, o elemento polêmico que
elabora uma dialética da luta ou dialética do une e separa os homens, seja pelo consenso
agón: uma dialética conflitiva entre amigos seja pelo dissenso.
e inimigos imposta por uma decisão através Para Schmitt, é necessário lutar contra
da qual a distinção especificamente política o inimigo, porém não se pode considerá-lo
(spezifisch politische Unterscheidung) dá uni- como hors-de-la-loi ou hors-de-la-humanité,
dade e ordem a um agrupamento; porém, ao uma vez que, em última instância, o inimigo
invés de solucionar a contraposição, deixa é ineliminável, pois não se pode perdê-lo
em tensão o antagonismo, pois tal antago- ou destruí-lo sem perder-se e destruir-se a
nismo entre amigos e inimigos não possui si mesmo. A formação da identidade de um
sentido normativo, mas sim existencial, “nós” se dá na medida do “eles”, ou seja,
cuja determinação se dá por uma realidade na diferença. O inimigo é existencialmente
concreta no conflito contra um inimigo para distinto e estranho, diferente à forma de vida
além de qualquer razão ética ou moral: e heterogêneo, contra quem o conflito é pos-
sível. Nesse sentido, a distinção fundamental
Ele (o inimigo político) é precisamente o
outro, o estrangeiro e, para sua essência,
da política marca o grau de intensidade da
basta que ele seja, em um sentido espe- associação ou dissociação de uma unidade
cialmente intenso, existencialmente algo a ponto tal que não é possível política sem
diferente e desconhecido, de modo que, inimigo atual ou possível. É necessário lutar
em caso extremo, sejam possíveis conflitos existencialmente contra um inimigo para en-
com ele, os quais não podem ser decidi- contrar a própria medida, em outras palavras,
dos nem através de uma normalização ao descobrir a diferença do outro, nomeá-lo
geral empreendida antecipadamente, como estranho e decidir pelo conflito contra
nem através da sentença de um terceiro o inimigo, descobre-se a si mesmo em uni-
“não envolvido” e, destarte, “imparcial.” cidade e politicidade, o outro modo de ser
(SCHMITT, 2002a, p.27).
contraposto ao modo de ser de uma unidade
Assim, Schmitt não se refere a qualquer política, pois
relação, mas apenas a relações confitivas cada um deles só pode decidir ele pró-
que alcancem a intensidade existencial prio se o caráter diferente do desconhe-
do conflito, ou seja, o caráter relacional do cido significa, no existente caso concreto
político é marcado estruturalmente por rela- de conflito, a negação do próprio tipo de

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existência e, por isso, se será repelido ou a política. É uma espécie de pressuposição
combatido a fim de resguardar o próprio sempre presente (vorhandene Vorausetzung),
tipo de vida que dá a medida. (SCHMITT, pois
2002a, p.27).
[...] o político não reside no conflito em
O inimigo, porém, é sempre hostis e si, [...] (mas sim) em um comportamento
nunca inimicus, ou seja, o estatuto político do determinado por essa possibilidade real,
inimigo é de um indivíduo público, no caso, na clara compreensão da própria situa-
uma outra unidade política, isto é, um outro ção assim determinada e na incumbência
Estado e não o adversário privado, concor­ de distinguir entre amigos e inimigos.
rente comercial ou o infiel. Seja a violência (SCHMITT, 2002a, p.37).
declarada, seja o combate regulado, é neces-
sário e suficiente que na situação de inimi-
zade, em caso extremo, os protagonistas se II
enfrentem como inimigos e, eventualmente, A relação entre o estatal (Staatlichkeit)
o conflito leve à luta de vida ou morte. Dessa e o político (politisch) é por vezes confusa,
maneira, qualquer conflito entre grandezas uma vez que, de modo geral, o político é
públicas é um justus bellum e o inimigo um relacionado ao Estado, excluindo a socieda-
justis hostis. Todavia, a criminalização do ini- de como algo não-estatal, logo não-político
migo rompeu com a tradição do jus publicum ou apolítico. Entretanto, segundo Schmitt,
europaeum5 que estabelecia a distinção entre o estatuto do político é distinto do Estado
criminoso e inimigo; este teria um status jurí- moderno, pois este, como assevera no Der
dico e não poderia ser objeto de aniquilação, Begriff des Politischen:
porquanto é o outro, diferente e estranho, [...] no sentido literal do termo e conforme
em um sentido intenso e existencial, com o sua manifestação histórica, [...] é uma
qual, em caso extremo, seja possível o con- situação de um tipo particular de povo,
flito, porém possuidor dos mesmos direitos e, mais precisamente, a situação que
e equivalentes numa configuração jurídica, dá a medida (ou determinante) no caso
decisivo; ele constitui assim, em relação
por meio da qual, inclusive, ao final de uma
aos múltiplos status pensáveis, tanto
guerra, podia-se acordar paz. Assim, para
individuais como coletivos, o status por
Schmitt, não é suficiente apenas a distinção
excelência. (SCHMITT, 2002a, p.20).
entre amigos e inimigos, mas é necessária
também a distinção entre paz e guerra e a A noção de Estado enquanto status de
concreta possibilidade desta, já que as rela- um povo rejeita as abordagens normativistas
ções de antagonismo entre amigos e inimi- ou contratualistas que reduzem o público ao
gos tornam imperativo o enfrentamento do privado a partir da pressuposição de uma re-
inimigo por motivos político-existenciais: alidade pré-estatal e pré-social não-histórica.
[...] a guerra decorre da inimizade, pois Assim como Max Weber, Schmitt critica a
esta é a negação que dá a medida de tese do desenvolvimento das sociedades do
outro ser. A guerra é apenas a realiza- estatuto para o contrato, e estabelece o mo-
ção extrema da inimizade [...] tendo, delo estatutário se não como forma superior
antes, que permanecer existente como de relação, ao menos como forma social que
possibilidade real, na medida em que o “compromete a pessoa em sua existência e
conceito de inimigo conserva seu sentido.
a insere numa ordem global.” (SCHMITT,
(SCHMITT, 2002a, p.33).
1993, p.68), portanto, uma forma política.
A guerra para Schmitt é uma espécie de Ademais, o Estado é a forma da unidade
situação-limite a partir da qual se determina política, ou seja, é o ser-aí especificamente

5
Sobre a criminalização do inimigo, cf. o artigo “Die Wendung zum diskriminierenden Kriegsbegriff”, in: SCHMITT, 2005, p.518-597.
Contemporaneamente, o desenvolvimento da guerra levou a conceitos de paz e de inimigos totalizantes, sobre isso cf. Schmitt, 2002b
e os artigo “Die Wendung zum totalen Staat”, In: SCHMITT, 1994, p.166-178 e “Totaler Feind, totaler Krige, totaler Staat” in Schmitt,
1994, p. 268-273.

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político de um povo, porém, embora seja a Além disso, a consequência imediata
forma privilegiada da manifestação ou do do conceito do político para a realidade es-
modo de ser do político, onde se expressou tatal internacional é a configuração de um
privilegiadamente na noção de soberania e pluriversum político, ou seja, a existência de
jurisdição que traduziu a natureza especifi- um complexo de unidades políticas distintas,
camente política do Estado, não se constitui pois não há de se falar sobre uma universum,
como sinônimo do político (Cf. KERVÉGAN, mas sim em um pluriversum, uma vez que
2005, p. 68 et. Seq.). da característica conceitual do político
A tese afirmada de modo lapidar por resulta o pluralismo do universo de
Schmitt logo no ínicio do Begriff des Politis- Estados. A unidade política pressupõe
chen revela precisamente que “o conceito a possibilidade real de existência do
de Estado pressupõe o conceito do político.” inimigo e, com ela, outra unidade po-
(SCHMITT, 2002a, p.20). Para ele, o político lítica coexistente [...] O mundo político
não se esgota na realidade estatal, pois o é um Pluriversum, e não um Universum.
Estado como expressão histórica concreta da (SCHMITT, 2002a, p.54).
unidade política não é nada mais do que o Assim, esta é a condição do Estado na
status político de um povo organizado em um teoria schmittiana do político, pois mesmo
território, ou seja, a forma institucional mo- relativizada em sua centralidade, segundo
derna do político. No entanto, a pressuposição o jurista, não há dúvidas de que a forma
(Voraussetzung) estabelecida por Schmitt se política da unidade de um povo deve ser
realiza tanto de forma lógica quanto de forma considerada a forma superior de organização
histórica, isto é, enquanto unidade política de política:
um povo, o Estado se estrutura através do po-
A unidade política é, segundo sua essên-
lítico, já que o político, ou seja, a polemicida-
cia, a unidade que dá a medida, sendo
de radical, é estrutura relacional, necessária
indiferente de quais forças retira seus úl-
e suficiente, para a determinação da politici- timos motivos psíquicos. Ela existe ou não
dade de uma situação. No entanto, Schmitt, existe. Quando existe, constitui a unidade
embora lúcido quanto a distinção conceitual suprema, i.e., a unidade determinante no
e lógica entre Estado e político, quanto ao caso decisivo. (SCHMITT, 2002a, p.43).
ponto de vista histórico hesitara quanto à
dissociação entre ambos, pois embora logica-
mente e conceitualmente distintos, o estatal III
e o político empiricamente se identificaram Segundo Schmitt, o conceito de decisão
por alguns séculos. Para o jurista, o Estado significa a necessidade de uma instância
moderno identificou os conceitos de estatal política determinante sobre a situação de
e político, pois foi capaz de “conseguir a paz exceção, já que “toda ordem se fundamenta
em seu interior e excluir a inimizade como numa decisão.” (SCHMITT, 2004, p.16). Ao
conceito jurídico.” (SCHMITT, 2002a, p.10). afirmar ainda que
Esse movimento de ordenação se deu em “Soberano é aquele que decide sobre
torno do Estado como “o campo de referência o estado de exceção.” (SCHMITT, 2004,
do político.” (SCHMITT, 2002a, p.9), no qual p.13), o jurista tedesco associa a situação
pôs-se fim às guerras civis confessionais dos excepcional à soberania como aquela
séculos XVI e XVII. No entanto, no Vorwort à figura que dá a ordem no caso extremo,
edição de 1963 do Der Begriff des Politischen, sem restrições nem lei ao ficar fora-da-lei
após analisar o esgotamento da para assegurá-la. Por isso, Schmitt asse-
vera que “do ponto de vista normativo,
época da estatalidade”, e consequente- a decisão surge do nada.” (SCHMITT,
mente de todo quadro teórico da política 2004, p. 37-38).
moderna, afirma que “destrona-se o Es­
tado como o modelo da unidade política, pois a decisão passa a ser o único funda-
o Estado como o titular do mais admirável mento possível uma vez que a ordem jurídica,
monopólio entre todos, o monopólio da de- na verdade como qualquer ordem, se vincula
cisão política. (SCHMITT, 2002a, p.10). a uma decisão e não a uma norma, porque

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“não há norma que seja aplicada ao caos. reito não pode estabelecer uma regulação
Para uma norma fazer sentido, uma situação pré-existente, pois a decisão sobre a forma e
normal deve existir” (SCHMITT, 2004, p.19), a estrutura da unidade política se dá a partir
ou seja, a normalidade fática é o pressuposto do paradigma da discriminação entre dentro
para a validade de qualquer norma. Nestes e fora da ordem, necessariamente político.
termos, Schmitt distingue radicalmente en- O Estado, segundo o jurista alemão, é a ins-
tre decisão e norma e, segundo sua tese, titucionalização dessa decisão e, portanto,
o soberano não precisa ser validado por posterior àquilo que é propriamente político,
uma norma para criar direito, pois possui a já que pressupõe a inevitável esfera do polí-
autoridade concreta para fundamentar uma tico que recoloca a questão da polemicidade
ordem normativa, visto que “somente algo e do conflito na origem da ordem da unidade
concretamente existente e não uma simples política estabelecida. O Estado, para Schmitt,
norma válida pode ser soberana.” (SCHMITT, assim como para Hobbes anteriormente, é a
1993, p.7). Assim, Schmitt ressalta a vincu- tentativa de evitar a guerra civil por meio do
lação entre soberania e exceção, sobretudo monopólio da decisão e, durante alguns sé-
na origem de uma ordem jurídico- política culos, o monopólio do político. Dessa forma,
concreta: antes do monopólio da violência, o Estado
A questão que interessa é quis iudicabit: moderno possuíra o monopólio da decisão,
sobre o “que” é o bem público e o inte- pois através deste adquiriu o jus belli e a
resse comum decide o soberano; em que jurisdictio, autonomia externa e soberania in-
consiste o interesse do Estado, quando terna, numa expressão, existência política:
deve ocorrer uma ruptura ou remoção Na medida em que um povo tem sua
completa da ordem jurídica existente, existência na esfera do político, ele tem
são todas questões que não se deixam que, mesmo se for apenas para o caso
determinar normativamente, mas cujo mais extremo [...] determinar, ele próprio,
conteúdo concreto remete a uma decisão a distinção entre amigo e inimigo. É aí
concreta da instância soberana (SCH- que reside a essência de sua existên-
MITT, 1993, p.49). cia política. Quando não mais possui
a capacidade ou a vontade para fazer
Em todos os casos, a decisão se refere essa distinção, ele cessa sua existência
a um caráter real, nunca de modo univer- política. (SCHMITT, 2002a, p.50).
salista ou ideal, muito menos não se pode
falar numa espécie de decisão normativa Para Schmitt, ao soberano cabe o po-
(normativische Entscheidung), mas sim numa der de decidir internamente para conservar
decisão que dá a medida (Maßgebendsents- a ordem, mesmo que haja necessidade de
cheidung) no caso concreto. A soberania se suspendê-la ou criar outra situação de ordem,
manifesta precisamente na decisão sobre a onde nova configuração jurídico-política seja
manutenção ou instauração da ordem, ou válida. Assim, o decisionismo schmittiano
seja, numa situação de exceção na qual é difere da simples arbitrariedade ou violência
necessária uma ordem concreta para que, por meio da constituição da ordem, ou seja, a
afastando a situação anormal, voltem a va- exceção que insere no interior do direito não
ler a normalidade garantida pelo soberano. é niilista, ao contrário: funciona como me-
Assim, na leitura decisionista schmittiana, o canismo para possibilitar o funcionamento
político exige um poder que decida sobre a da ordem e como fundamento, embora não
ordem e garanta a unidade do povo. Através racional, do direito, lado a lado com a decisão
da decisão política, é assegurada a unidade que determina a situação de exceção.
e soberania, ordem e representação tanto
externamente quanto internamente (Sobre a IV
noção de Representação e Ordem em Schmitt O político em Carl Schmitt é carac-
cf. (Galli, 2010, p. 229-279). terizado ainda por ser uma relação do tipo
A decisão soberana define a situação ontológico-existencial. A articulação entre
de conflito excepcional, uma vez que o di- política e moral ou poder e normas, re­cebe

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diverso tratamento e estatuto na teoria do quando emprega o adjetivo maßgebend, por
poder schmittiana: dá-se primazia ao on- exemplo, na passagem a seguir, não quer se
tológico-existencial como instância matriz referir a uma grandeza normativa, isto é, algo
de qualquer norma, pois é necessário uma abstrato e formal, mas sim a uma relação
“normalidade fática (que) não é somente um concreta que dá a medida: “aquilo que dá a
mero pressuposto que o jurista pode ignorar. medida continua sendo apenas a possibili-
Ao contrário, pertence à sua validade ima- dade desse caso decisivo, do combate real,
nente.” (SCHMITT, 2004, p.19). Dessa forma, e a decisão acerca se este caso está dado ou
as relações ontológico-existenciais, ou seja, não” (SCHMITT, 2002a, p. 35), ou ainda:
vínculos comuns que envolvem o ser hu- Político é, em todo caso, sempre o agru-
mano enquanto forma de vida escapam aos pamento que se orienta pelo caso crítico.
princípios normativos, sejam eles morais ou Destarte, ele é sempre o agrupamento
jurídicos, porque a discriminação entre ami- humano que dá a medida e, por conse-
gos e inimigos é existencialmente política e guinte, a unidade política sempre quando
ontologicamente concreta. O antagonismo existe em absoluto, sendo a unidade que
característico da existência humana é um dá a medida e é “soberana” no sentido
comportamento estruturalmente polêmico e de que, por necessidade conceitual, a
não uma norma universal: decisão sobre o caso que dá a medida,
mesmo quando este for um caso de ex-
[...] na realidade concreta da existência ceção, sempre haverá de residir nela.
política não reinam ordens e normas (SCHMITT, 2002a, p.39).
abstratas, sendo, ao contrário, sempre
pessoas ou associações concretas que go- Ambas as passagens não devem ser
vernam outras pessoas e associações con- traduzidas como “normativo”, pois, dessa for-
cretas, também aqui, naturalmente, visto ma, tornaria o texto cheio de inconsistências
de uma perspectiva política, o ‘domínio’ e contradições, uma vez que não é possível
da moral, do Direito, da economia e da
haver, por exemplo, um caso excepcional
‘norma’ possui apenas um sentido político
que exija uma decisão a partir da norma ou
concreto. (SCHMITT, 2002a, p.72).
então um “agrupamento humano normativo”
Especificamente, Schmitt utiliza al- ou ainda a possibilidade do caso decisivo e
guns termos, cuja análise é bastante sig- a guerra como normativas. Para Schmitt, a
nificativa para o caso em questão. São as guerra, a decisão, a ordem, etc., são grande-
palavras seinsmäßig, maßgebend e nomos zas históricas e concretas, bem como o polí-
que podem ajudar na compreensão do que tico e a unidade política são caracterizados
significa a contraposição entre poder e nor- como seinsmäßig e maßgebend, ou seja, o
mas e sua dimensão existencial. Em vários político “conforme o ser” e a unidade política
textos, o autor utiliza a palavra seinsmäßig “que dá a medida.” 6
ou maßgebend e suas variações no sentido Para Schmitt, a palavra nomos, por sua
de, respectivamente, algo conforme o ser e vez, designa “a apropriação da terra como
daquilo que dá a medida para o caso con- participação e divisão fundamental do es­
creto. Por caso con­creto, entenda-se uma paço.” (SCHMITT, 1997, p. 36). Nesse sentido,
situação existencial, na qual estão envol- nomos seria o “ato originário que funda o
vidas grandezas onto­lógicas e históricas e direito” (SCHMITT, 1997, p.16), ou seja, o mo-
não simplesmente lógicas ou normativas. mento histórico concreto da constituição da
Ao empregar o adjetivo seinsmäßig, Schmitt ordem e da norma. Assim, o sentido original
enfatiza sua compreensão do conflito político de nomos, que ele se esforça por recuperar,
e da unidade política como algo concreto e revela a íntima relação com o conceito de
histórico em contraposição à algo apenas espaço (Raum). Entretanto, diante do uso
normativo (sollensmäßig). Da mesma forma, impróprio, a palavra nomos perdeu seu sen-

6
O Prof. Bernardo Ferreira expôs de forma lúcida a compreensão dos termos seinsmäßig e maßgebend nos textos de Carl Schmitt (cf.
FERREIRA, 2004, p. 290-291).

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tido originário e passou a significar qualquer mos, servem de exemplos para a consolida-
regulação ou ordem normativa, confundindo- ção dessa característica do realismo político
se com o conceito formal de lei (Gesetz), ou schmittiano, qual seja, o primado do real, do
seja, de um significado concreto e histórico existencial sobre a norma ou o formal.
para uma acepção abstrata e universal. A
interpretação que o realismo político sch- V
mittiano dá a partir da relação fundante do Segundo Schmitt, há um pressuposto
nomos, enquanto força real que atua con- antropológico em qualquer teoria política:
cretamente, entre espaço e ordem concreta
todas as teorias do Estado poderiam ser
traz consequên­cias para a questão sobre a
examinadas quanto a sua antropologia
caracterização do seu realismo político, mais e classificadas segundo o critério se
precisamente, para a recusa do enquadra- pressupõem ou não, consciente ou in-
mento normativo da política e da primazia da conscientemente, um ser humano ‘mau
norma sobre as relações concretas. Por outro por natureza’ ou ‘bom por natureza.
lado, quando Schmitt quer fazer referência ao (SCHMITT, 2002a, p.59).
conceito formal de norma, ou seja, à norma
De forma geral, o conflito é o funda-
abstrata ou lógica, utiliza o termo Norm ou
mento do político, pois há uma conflitividade
ainda Gesetz e seus derivados.
imanente na sociabilidade humana, cuja
O problema central é o nomos arti-
polêmica permanente lhe efetiva. Assim,
culado enquanto mediação concreta e sua
pode-se afirmar com Schmitt que “todas as
vinculação com o fenômeno fundamental da
teorias políticas verdadeiras pressupõem o
tomada da terra (Landnahme), resultando daí
homem como ‘mau’, isto é, consideram-no
o fenômeno de localização e ordenamento
como um ser que não é de forma alguma não-
(Ortung und Ordnung). Tais conceitos permi-
problemático, mas ao contrário, ‘perigoso’
tem ao autor demonstrar a estrutura espacial
e dinâmico” (SCHMITT, 2002a, p.61), o que
de uma ordenação concreta e apresentar
confirma um pensamento especificamente
a relação originária entre ser e dever-ser.
político está vinculado à concepção de uma
Segundo ele, no sentido original, a palavra
antropologia negativa, pois concordam com
nomos significa a plena “imediatidade de
a natureza problemática da natureza huma-
uma força jurídica não atribuída por leis”
na. Assim, teorias autênticas do Estado e do
(SCHMITT, 1997, p.42) em outras palavras, o
político pressupõem o conflito como estrutura
nomos é “um acontecimento histórico consti-
da condição do homem e a impossibilidade
tutivo.” (SCHMITT, 1997, p. 42). A partir disso,
de mecanismos normativos para sua con-
Schmitt desenvolve a noção de legitimidade
tenção, pois
histórica que dá sentido à legalidade da lei
(Sobre a idéia de legitimidade histórica em [...] da mesma forma que a distinção
Schmitt, Cf. HOFMANN, 2002, p. 189-248), entre amigo e inimigo, o dogma teoló­
pois o nomos é o processo fundamental de gico fundamental da pecaminosidade do
divisão do espaço, um ato originário e con- mundo e dos homens conduz [...] a uma
classificação dos homens, a uma ‘tomada
creto de localização e ordenamento do espaço
de distância’ e torna impossível o otimismo
que se configura na forma de um factum
indiscriminado de um conceito geral de
constituinte, isto é, de um poder constituinte ser humano. (SCHMITT, 2002a, p. 64).
de toda e qualquer normatividade, pois, no
início de qualquer ordem jurídica, “não está De forma geral, em formulação que
uma norma fundamental (Grund-Norm), mas engloba as características elementares do
sim uma apropriação fundamental (Grund- seu conceito do político, Schmitt expõe o
nahme)” (SCHMITT, 1995, p. 581 e cf. ainda significado do realismo político num relato
o ensaio “Nehmen, Teilen, Weiden”, in: SCH- preciso sobre a polêmica entre racionalismo
MITT, 2003, p.489-504). Compreender nomos das normas e pragmatismo político:
como norma ou lei representa uma perda Enquanto a crença na racionalidade e na
semântica e teórica para a compreensão da idealidade de seu normativismo ainda for
obra de Schmitt. Assim, esclarecidos os ter- viva, nas épocas e nos povos que ainda

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costumam manifestar a crença (de tipo Aufl. 5. Nachdruck der Ausgabe von 1963.
cartesiano) nas idées générales [...] Berlim: Duncker & Humblot, 2002[a].
Enquanto isso ocorre, faz valer tam-
bém uma diferenciação milenar e um _____.Theorie des Partisan. Zwischenbemer-
ethos primi­tivo: o nomos contra o mero kung zum Begriff des Politischen (1963). 5.
demos; a ratio contra a mera voluntas; Aufl. Berlim: Duncker & Humblot, 2002 [b].
a inteligência contra a vontade cega e
_____. Legalität und Legitimität (1932). 6. Aufl.
sem lei; a idéia do direito normatizado
e calculado contra a idéia da pura ade-
Berlim: Duncker & Humblot, 1998.
quação de medidas e decretos a partir _____. Der Nomos der Erde im Völkerrecht
de alterações conjunturais; o raciona­ des Jus Publicum Europaeum (1950). 4. Aufl.
lismo racional­mente fundamentado con- Berlim: Duncker & Humblot, 1997.
tra o pragmatismo e o emociona­lismo;
o idealismo e o Direito justo contra o _____. Staat, Grossraum, Nomos. Arbeiten
utilitarismo; a validade e o dever-ser aus den Jahren 1916-1969. Berlim: Duncker
contra a pressão e a necessidade das & Humblot, 1995.
relações e acontecimentos. (SCHMITT,
1998, p.15).
_____. Positionen und Begriffe (1940). 4. Aufl.
Berlim: Duncker & Humblot, 1994.
Assim, a forma do político é caracte-
riza no pensamento de Schmitt através das _____.Verfassungslehre (1928). 9. Auf. Berlim:
características apresentadas, constituindo Duncker & Humblot, 1993.
a estrutura fundamental do seu realismo _____.Glossarium (1991). Berlim: Duncker &
político o pragmatismo das relações fáticas, Humblot, 1991.
embora com referência ao Direito e à Ordem,
pois a genealogia da política schmittiana Obras de Outros Autores
mostra a tessitura elementar da relação entre
BALAKRISHNAN, G. The Enemy. London:
racionalidade e irracionalidade na origem do
Verso, 2000.
político e do Direito.
BÖCKENFÖRDE, E-W., Der Begriff des
Referências Bibliográficas Politischen als Schlüssel zum staatsrechtlichen
Werk Carl Schmitts. In: QUARITSCH, H. (Org.).
Obras de Carl Schmitt Complexio oppositorum: Über Carl Schmitt.
Berlim: Duncker & Humblot, 1988, p. 283-299.
SCHMITT, Carl. Die Diktatur. Von den Anfängen
des modernen Souveränitätsgedankes bis FERREIRA, B. O risco do político: crítica ao
zum proletarischen Klassenkampf. 7. Auf. liberalismo e teoria política no pensamento
Berlim: Duncker & Humblot, 2006. de Carl Schmitt. Belo Horizonte/Rio de Janei-
ro: UFMG/IUPERJ, 2004.
_____. Frieden oder Pazifismus? Arbeiten zum
Völkerrecht und zur internationalen Politik FREUND, J. L’essence du politique. Paris:
1924-1978. Berlim: Duncker & Humblot, Sirey, 1965.
2005. GALLI, C. Genealogia della politica. 2. ed.
_____. Politische Theologie. Vier Kapitel zur Bolonha: Il Mulino, 2010.
Lehre von der Souveränität (1922). 8. Aufl. HOFMANN, H. Legitimität gegen Legalität.
Berlim: Duncker & Humblot, 2004. Berlim: Duncker und Humblot, 2002.
_____.Verfassungsrechtliche Aufsätze aus HÖSLE, V. Moral und Politik. Grundlagen einer
den Jahren 1924-1954. Materialien zu einer politischen Ethik für das XXI Jahrhundert.
Verfassungslehre. 4. Auflage. Duncker & München: Beck, 1997.
Humblot: Berlim, 2003.
McCORMICK, J. Carl Schmitt’s critique of
_____ .Der Begriff des Politischen (1932). Text Liberalism. Against politic as technology.
mit einen Vorwort und drei Corollarien. 6. London: Cambridge University Press, 1997.

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