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RESUMO
Na indústria de alimentos são utilizados diversos tipos de sanitizantes com o objetivo de tornar a superfície que
entrará em contato com o alimento limpa, evitando-se assim problemas com contaminações microbianas. Conceitos de
higienização e a correta escolha dos sanitizantes nas etapas do processo são informações fundamentais para uma
implantação adequada de programas que garantam a qualidade microbiológica no processo produtivo.
manipuladoras de alimento, trabalhando assim com finais de 100, 200, e 300 ppm em diferentes tempos
condições ideais para obter um ótimo resultado (4). de exposição em 10 espécies diferentes do microrga-
1. Higienização - Praticar higiene e limpeza nas nismo. Encontraram na maioria dos fungos estudados
indústrias de alimento é uma obrigação tendo seu mais de 99% de inibição, com um minuto de exposição
inicio na escolha do local de instalação da fabrica, na a 100 ppm. O ácido peracético é um forte oxidante
elaboração do projeto, instalação de equipamentos, com atuação na parede celular e no interior da célula
condições da água e eliminação dos resíduos. A higie- microbiana o que danifica o sistema enzimático cau-
ne tem que ser exercida em todos os setores e com sando a destruição do microrganismo. Como todo
todos os manipuladores (2). Higienização é a ação esterilizante o acido peracético possui algumas vanta-
combinatória da limpeza e sanitização. gens: a ação em baixas temperaturas, não sendo
2. Limpeza - Segundo KUAYE (8), podemos de- corrosivo ao aço inox e alumínio em concentrações
finir limpeza como sendo a remoção das contamina- recomendadas de uso e não requer enxague da super-
ções visíveis da superfície e tem como objetivo livrar fície sendo inodoro na forma diluída. Desvantagens:
as superfícies de substancias que servem de abrigo e baixa estabilidade durante a estocagem, irritante à
ajudam no desenvolvimento de microrganismo. pele, necessitando muitos cuidados com o manuseio
Uma boa limpeza é responsável por até 99,9% do produto; é incompatível com ácidos, álcalis concen-
da eliminação de partículas indesejáveis sendo 0,1% trados, borrachas naturais e sintéticas, ferro, cobre e
restante representado pelos microrganismos elimina- alumínio (16).
dos somente com sanitizante (4). 3.2 - Compostos Clorados - O cloro é largamen-
3. Sanitização - Ação de reduzir, ou eliminar te utilizado, seja na forma de gás cloro, hipoclorito de
completamente, a presença de microrganismos de cálcio ou sódio, ou produtos liberadores de cloro como
importância higiênico-sanitária em superfícies. A sani- dicloroisocianurato de sódio ou potássio, que apresen-
tização pode ser conseguida, por meios físicos e quí- tam vantagens de custo e eficiência (13). Com a des-
micos (9). O meio físico tipicamente utilizado pela truição da cápsula bacteriana de proteção e oxidação
indústria de alimento é a sanitização térmica, tem por do protoplasma celular exercem a sua ação sanitizante
sua vez um custo elevado porem é empregada onde a também formando cloraminas tóxicas que alteram a
sanitização química não pode ser feita, e normalmente permeabilidade celular e impedem a regeneração en-
são empregadas na forma de vapor ou água quente zimática. É um dos sanitizantes mais barato encontra-
(6). A temperatura da água ou vapor vai determinar o dos no mercado, eficaz em diferentes diluições e de
tempo de exposição, quanto mais quente menos tem- fácil preparo e aplicação, porem altamente corrosivo,
po de sanitização, agindo na degradação de algumas danificam juntas de peças de borrachas e reagem com
proteínas dos microrganismos. matéria orgânica, podendo irritar a pele, mucosa e
A sanitização química é um meio muito empre- vias respiratórias dos manipuladores (2).
gado, e diversos são os sanitizantes utilizados na in- 3.3 - Iodoforos - Sua ação é através de seu alto
dústria de alimentos, como: compostos à base de poder de penetração na parede celular, levando a
cloro, iodo,peróxido de hidrogênio, ácido peracético e ruptura de proteínas. Usualmente utilizados em con-
quaternário de amônio, e devem ser aprovados atra- centração de 30 a 50 ppm por um tempo menor ou
vés de testes laboratoriais, nas condições recomenda- igual a 10 minutos. São menos irritantes a pele e me-
das pelos fabricantes (3). nos corrosivos aos metais que o cloro, ativo em baixa
Entende-se por sanitizante um agente normal- concentração, estável e de fácil preparo. Diminui a
mente químico que mata formas vegetais, mas não eficiência com a elevação do pH e podem alterar o
necessariamente as formas esporuladas de microrga- sabor ou odor dos alimentos, bem como manchar os
nismo patogênicos (12). materiais plásticos, possuem um custo superior ao do
De acordo com HAYES (7), um bom sanitizante cloro e não pode ser utilizado em temperaturas acima
tem que preencher alguns quesitos como: não ser de 45ºC (2). Um estudo realizado por MONTEIRO et
corrosivo aos materiais encontrados nas indústrias; all. (11) constatou que o iodo em solução a 1%, é
não ser tóxico e irritante para os manipuladores; ser eficiente no combate de bactérias do Grupo Coliforme,
de fácil enxágue; ser econômico; ter uma ação rápida como a Escherichia coli e do Staphylococcus aureus;
e ser suficientemente estável para o armazenamento. contribuição significativa na redução de surtos infec-
Como não existem sanitizantes que possuam todas ciosos causados por alimentos erroneamente manipu-
essas características, bem como, que atendam a todas lados.
as necessidades em um único produto, faz-se necessá- 3.4-Compostos Quaternários de Amônio -
rio uma avaliação rigorosa das propriedades dos mes- Quando em contato com membrana celular dos mi-
mos, suas vantagens e desvantagens de utilização crorganismos, alteram sua permeabilidade estimulan-
antes da escolha final. A atividade germicida dos sani- do a glicólise provocando assim o esgotamento celular.
tizantes utilizados nas indústrias de alimentos depende Possuem a vantagem de ser de fácil preparo e aplica-
de algumas condições como: limpeza prévia do local; ção, neutralizam odores e tem um amplo espectro de
monitoração das variáveis físico-química dos sanitizan- ação com exceção das bactérias gram negativas. O
tes; tempo de contato com a superfície; tipo de super- custo desse composto é elevado, pouco eficiente em
fície; espécie e concentração dos microrganismos a meio ácido e em contato com proteínas. Um estudo
destruir realizado por Oliveira & Silva (10), constatou que o
3.1 - Ácido Peracético - De acordo com Germa- composto contendo quaternários de amônia (400ppm
no; Germano (5), o ácido peracético é o princípio ativo do princípio ativo) foi mais eficiente que o composto
de diversos sanitizantes comerciais. Esses produtos clorado (50,2ppm) na redução da contaminação por
são constituídos de uma mistura estabilizada de ácido Salmonela enteritidis e mesófilos totais.
peracético, peróxido de hidrogênio, ácido acético e um Novos produtos estão surgindo no mercado
veículo estabilizante. SANTURIO & ALVES (15) estuda- como, por exemplo, o Vortexx, que é um desinfetante
ram a ação antifúngica da mistura: acido peracético na à base de ácido peracético e ácido peroctanóico utili-
concentração de 20%, peróxido de hidrogênio a 7% e zado em indústrias alimentícias, possui algumas van-
ácido acético a 19%, que compõem o produto Proxita- tagens como: Alta eficiência biocida contra a maioria
ne. O produto foi diluído de modo a obter soluções dos microorganismos; concentrações muito mais bai-
12
Nascimento, Delgado, Barbaric,, Revista Ceciliana Jun 2(1):11-13, 2010
xas do que os desinfetantes à base de ácido peracético GORMEZANO, L. Desenvolvimento e implantação de siste-
convencionais; elimina a necessidade de múltiplos ma para avaliar a cinética de remoção de resíduos pre-
desinfetantes; elimina a necessidade de enxágüe. A sentes no interior de tubular. Dissertação (mestrado),
sanitização finaliza o procedimento de higienização, e
Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do
irá assegurar a qualidade microbiológica das superfí-
cies, e esta deverá ser realizada, sempre que possível, Instituto Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, SP
logo antes do uso do equipamento, já que após as 2007. 109p.
etapas de limpeza, os microrganismos sobreviventes
HAYES, P.R. Microbiologia e Higiene de los Alimentos. Zara-
poderão se multiplicar formando biofilmes (1).
goza, Acribia, 1993. 369p.
KUAYE, A . Y. Higiene e Sanificação na Industria de Alimen-
3. Conclusão tos. Universidade Estadual de Campinas - Biblioteca do
ITAL. Campinas, 1995.
Através da análise da literatura citada é possí- OLIVEIRA, A.J.; CARUSO, J.G.B. Leite :Obtenção e qualida-
vel determinar que a utilização dos sanitizantes esta de do produto fluido e derivados . Piracicaba :São Pau-
relacionada ao tipo de amostra, a espécie de organis-
lo: Editora Fealq, 1996 . 80 p.
mos e o grau de contaminação. Procedimentos opera-
cionais padronizados com uma boa higienização favo- OLIVEIRA, D. D.;SILVA, E. N. Salmonela em ovos comerci-
recem no custo da produção e na qualidade do produto ais: ocorrência, condições de armazenamento e desin-
oferecido para os consumidores. Durante a escolha dos
fecção da casca. Faculdade de Engenharia de Alimen-
sanitizantes devem ser levados em conta, além da
ação antimicrobiana, outros fatores de interesse como; tos – Unicamp. Campinas, 2000.
alteração das características sensoriais dos alimentos, MONTEIRO, C. N.;TIMBÓ, M. O. P. P.; OLIVEIRA, S. C. A.;
segurança no manuseio, estabilidade da solução, cor-
COSTA, L. A. T. Controle Higiênico-Sanitário de Mani-
rosões nos equipamentos e desenvolvimento de com-
postos indesejáveis. Portanto cada situação exige um
puladores de Alimento de Cozinhas Industriais do Es-
estudo dos fatores limitantes antes da escolha do tado do Ceará. Higiene Alimentar, vol. 15, p 90, 2001.
produto a ser utilizado.
PELCZAR, M.;REID, R.; CHAN, E.C.S. Microbiologia do ar.
In: Microbiologia. São Paulo: Mc Graw-Hill Bra-
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