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Farejador de Plágio - NÂO REGISTRADO - Analisando SOMENTE 50% do documento

João Capistrano de Abreu (1853-1927) nasceu em Maranguape, no interior do Ceará.


Ali passou sua infância e fez seus primeiros estudos, continuando-os depois em Pernambuco.
No ambiente familiar, Capistrano encontrou uma educação rígida, severa e austera, com um
cotidiano marcado pelo trabalho duro (exercido por escravos, por agregados e por sua própria
família) e pelo dogmatismo católico. Tratava-se de um ambiente fortemente sertanejo, com
ritmo próprio, ditado pela natureza (REIS, 2007, p. 85). Dali sairia um dos historiadores mais
inovadores do Brasil. Após não conseguir ingressar na Faculdade de Direito do Recife,
Capistrano mudou-se para o Rio de Janeiro aos vinte e um anos.
Chegou sem grandes certezas, porém contando com o apoio de José de Alencar, seu
conterrâneo, que o apresentou a alguns jornais da Corte. Para sobreviver, Capistrano publicava
artigos e foi aprovado em concurso para a Biblioteca Nacional. Trabalhou ainda na livraria
Garnier e deu aulas. Foi professor do Colégio Aquino e do Colégio Pedro II, para o qual passou
por concurso em 1883, ocupando a vaga de História do Brasil, com tese sobre o descobrimento.
Ficou nesse colégio até 1899, quando uma reforma curricular acabou com sua cátedra e
colocou-o em disponibilidade. Das rendas de funcionário público, bibliotecário e professor,
além de alguns poucos ganhos com seus escritos, Capistrano se sustentaria até sua morte, em
1927.
Desde muito cedo, conforme pode ser visto nas cartas que escreveu a amigos, Capistrano
nutria um desejo de superar a escrita da História de Varnhagen, a quem via com certa
admiração, porém cercado de limitações. E será em relação à obra de Varnhagen que Capistrano
realizará uma grande inovação (FALCON, 2011, p. 155; REIS, 2007, p. 89). Incomodava, a
Capistrano, tanto o estilo de Varnhagen, a quem acusava de uma “escrita fria e insensível”,
quanto a abordagem, com cronologia rígida e oficialista, integrada aos destinos da monarquia
portuguesa (e, posteriormente, brasileira). Em Varnhagen, Capistrano, no dizer de Ronaldo
Vainfas, “deplorava sua falta de sensibilidade em relação à vida social, às diversidades
regionais, ao povo. Capistrano preocupava-se com o povo, ausente em Varnhagen” (VAINFAS,
2008, p. 176).
Essa preocupação, embora nunca tenha levado Capistrano a escrever uma síntese da
História nacional, como era a História Geral de Varnhagen, levou-o a preocupar-se em
descobrir novos caminhos para a pesquisa e o ensino da História no país. A forma mais acabada
de sua abordagem pode ser vista em sua principal obra: Capítulos de História colonial, de 1907.
Capistrano teve uma formação marcadamente autodidata. Admirador de línguas, aprendeu
inglês, francês, alemão, italiano, latim, holandês e até mesmo línguas indígenas, sobre as quais
lançou trabalhos. Adentrou no universo cultural da Europa, lendo trabalhos ligados às correntes
cientificistas da segunda metade do século XIX, ao darwinismo social, positivismo,
historicismo, economia, geografia etc. Interessava-se, sobretudo, pela escola histórica alemã,
que tinha em Ranke seu maior expoente.
Capistrano incorporou, assim, em sua obra os matizes do historicismo e do
cientificismo. Permaneceu como referência de historiografia ao longo de, pelo menos, a
primeira metade do século XX, orientando alguns historiadores, dentre eles: Afonso Taunay,
Pedro Calmon, Américo Lacombe. Essa historiografia, definitivamente, incorporou os métodos
e as técnicas, estabelecidos pelo historicismo alemão e pela escola metódica francesa, em
termos de estabelecer o primado das fontes primárias no trabalho do historiador. Tais fontes,
constituídas de documentos oficiais, em sua grande maioria, ou não, uma vez submetidas à
crítica, externa e interna do historiador, eram a chave-mestra de seu trabalho de reconstituição
dos acontecimentos históricos. O ofício do historiador, no entanto, não era desprovido de suas
interpretações. Estas poderiam variar e combinar-se, a partir de dois polos.
A geração de 1870, como ficou conhecido o grupo de intelectuais que tinham por
objetivo repensar o Império, em que pesem as diferenças múltiplas entre seus integrantes,
acabou por influenciar também transformações na forma de se interpretar a História nacional.
Capistrano buscou na época colonial as raízes da formação do Brasil, a partir de uma abordagem
social que fugia à cronologia, à sequência de “grandes homens” e ao viés eurocêntrico de
Varnhagen. Em Capistrano, a perspectiva é a do nativo brasileiro, é a da história social
totalizante buscando apreender os acontecimentos históricos a partir de múltiplas influências
(políticas, econômicas, sociais etc.). No que tange ainda às diferenças de interpretação histórica
de Varnhagen e Capistrano de Abreu é importante assinalar que este deixa de lado o elogio da
colonização portuguesa, o foco na História do Brasil como prolongamento de Portugal, e
interpreta a colonização com o povo miscigenado como protagonista a partir de suas forças
próprias, intenções próprias e conflitos. Em terceiro lugar, o espaço privilegiado de
acontecimentos históricos e da formação do povo brasileiro, em Capistrano, não é o litoral, a
“civilização”, mas o sertão, o interior. É nesse espaço geográfico que surge, para Capistrano,
uma realidade própria, diferenciada daquela europeia, indígena ou africana. Uma mistura que
faz surgir um elemento novo: o povo brasileiro. E daí decorre outra diferença: em Varnhagen,
a identidade brasileira já está contida na portuguesa, sendo a primeira decorrência da segunda.
Para Capistrano, a identidade brasileira não é dada às portas da independência: como vimos, a
sociedade colonial, em Capistrano, tendia à dispersão. Era múltipla. Era tensa.

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Relatório do arquivo: João Capistrano de Abreu.docx em 43039

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