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~
1
'
DOS SISTEMAS ELÉTRICOS
..~·
AMADEU C. CAMINHA
Professor lil're-docente da
Escola Federal de Engenharia de Itajubá, ·Minas Gerais
FICHA CATALOGRÁFICA
17. CDD-621.3178
18. -621.317
17. -621.3178076
77-0634 18. -621.317076
~~
Índices para catálogo sistemático:
1. Dispositivos de proteção : Sistemas elétricos : Engenharia elétrica
621.3178 (17.) 621.317 (18.)
2. Exercícios: Relés: Engenharia elétrica .
621.3178076 (17.) 621.317076 (18.)
EDITORA ~DGARD BLÜCHER LTDA.
3. Problemas : Relés : Engenharia elétrica
621.3178076 (17.) 621.317076 (18.)
4. Relés :.Engenharia elétrica 621.3178 (17.) 621.317 (18.)
5. Sistemas elétricos : Proteção : Engenharia alétrica
621.3178 (17.) 621.317 (18.)
L
CONTEÚDO
1!3 PARTE
1ntrodução à proteção
CAPÍTULO 1
b) evitar, em caso de incidente, inadmissivel transferência de carga sobre Ainda para outro sistema de muita alta-tensão constatou-se, recentemente:
as linhas ou instalações que permanecerem em serviço, impedindo-se com isso a) desligamentos devidos a descargas atmosféricas: 10-20% do total;
sobreaquecimento, b) tempo médio de interrupção de fornecimento aos usuários, em periodo
funcionamento anárquico das proteções, de 10 anos, ·
rutura de sincronismo entre as regiões ou sistemas interligados. devido a tempestades, foi de 2,3 min/ano,
devido ao total de defeitos, foi de 12 min/ano;
c) os defeitos fugitivos ou passageiros constituiram 95 % dos casos totais
1.1.3 CONJUNTO COERENTE DE PROTEÇÕES e desses, 85 % foram do tipo fase-terra. '
Para atenuar os efeitos das perturbações, o sistema de proteção deve:
É fácil verificar-se que para um sistema com boa coleta de dados esta-
a) assegurar, o melhor passivei, a continuidade de alimentação dos usuários; tisticos, devidamente t~atados, pode-se prever um sistema de proteção adequado,
b) salvaguardar o material e as instalações da rede. d~ntro de. nscos. razoa veis. Voltaremos ao assunto quando da aplicação dos
. No cumprimento dessas missões ele deve: diversos d1spos1tJvos de proteção. No entanto, é bom indicar que atualmente
as falhas em um sistema elétrico podem distribuir-se, aproximadamente, em:
tanto alertar os operadores em caso de perigo não imediato,
como retirar de serviço a instalação se há, por exemplo, um curto-circuito falhas devidas a natureza elétrica diversa, 73 %;
que arriscaria deteriorar um equipamento ou afetar toda a rede. falhas de atuação de relés e outros dispositivos automáticos, 12 %;
falhas de VI das a erros de pessoal, 15 %.
Verifica-se, assim, que há necessidade de dispositivos de proteção distintos
para:
a) as situações anormais de funcionamento do conjunto interconectado,
ou de elementos isolados da rede (perdas de sincronismo, por exemplo);
1 .3 Aspectos considerados na proteção
b) os curto-circuitos e os defeitos de isolamento.
Na proteção de um sistema elétrico, devem ser examinados três aspectos:
1) operação normal,
2) prevenção contra falhas elétricas,
1.2 Tratamento estatístico dos defeitos 3) e a limitação dos defeitos devidos às falhas.
As estatisticas conhecidas nem sempre são completamente coerentes, se- A operação normal presume
gundo as diversas fontes consultadas. No entanto, algumas informações são inexistência de falhas do equipamento,
particularmente úteis, por exemplo, nas fases de planejamento. No entanto, inexist.ência de erros do pessoal de operação,
deve-se ter cuidado de lembrar nas análises, por exemplo, que a incidência de e inexistência de incidentes ditos "segundo a vontade de Deus".
certos tipos particulares de. defeito dependem da localização; assim, em lugares
extremamente secos, como áreas desérticas, as faltas à terra são mais raras, . Sendo, pois, fútil - se não antieconômico - pensar-se em eliminar por
ao passo que em outros locais elas constituem maioria. completo as falhas, segundo as estatisticas que apresentamos. providências devem
Como indicação, em certo sistema de 132/275 kV, registrou-se a seguinte ser tomadas no sentido de prevenção e/ou limitação dos efeitos das falhas.
distribuição de falta& (em percentagem e capacidade instalada), em um ano Algumas providências na prevenção contra as faltas são:
recente:
previsão de isolamento adequado,
Equipamento Percentagem do total anual coordenação do isolamento,
Linhas aéreas (acima de 132 kV) 33 % ou 1 falta/80 km uso de cabos pára-raios e baixa resistência de pé-de-torre,
Cabos (se incluídas as muflas) 9 % ou 2 (3) faltas/80 km apropriadas instruções de operação e manutenção, etc.
Equipamento de manobra 10% ou 1 falta/450MW
12 % ou 1 falta/15 MW A limitação dodefeitos das falhas inclui:
Transformadores
Geradores 7% ou 1 falta/40MW limi_tação da magnitude da corrente de curto-circuito (reatores);
1 1
Equipamento secundário (TC, TP, : l'roJeto capaz de suportar os efeitos mecânicos e térmicos das correntes
relés, fiação, etc.) 29% ou 1 falta/150 MW de defeito;
6 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Filosofia de proteção dos sistemas 7
existência de circuitos múltiplos (duplicata) e geradores de reserva; Isso tudo, a um custo da ordem de 2-5 % daquele correspondente aos equi-
existência de releamento e outros dispositivos, bem como disjuntores com pamentos prot,egidos. É, pois, um seguro barato, principalmente considerando-se
suficiente capacidade de interrupção; o tempo usual para depreciação dos equipamentos.
meios para observar a efetividade das medidas acima (oscilógrafos e obser-
vação humana);
finalmente, freqüentes análises sobre as mudanças no sistema (crescimento 1.5 Características gerais dos equipamentos
e desdobramento das cargas) com os conseqüentes reajustes dos relés, reorga-
nização do esquema operativo, etc. de proteção
Verifica-se, pois, que o releamento é apenas uma das várias providências Há dois principios gerais a serem obedecidos, em seqüência:
no sentido de minimizar danos aos equipamentos e int,errupções no serviço, 1. Em nenhum caso a proteção deve dar ordens, se não existe defeito na
quando ocorrem falhas elétricas no sistema. Contudo, devido à sua situação sua zona de controle (desligamentos intempestivos podem ser piores que a
de verdadeirà "sentinela silenciosa" do sistema, justifica-se a ênfase do presente falha de atuação);
estudo. 2. Se existe defeito nessa zona, as ordens devem corresponder exatamente
àquilo que se espera, considerada que seja a forma, intensidade e localização
do defeito.
1.4 Análise generalizada da proteção Disso resulta que a proteção por meio de relés, ou o releamento, tem duas
funções:
Basicamente, em um sistema encontram-se os seguintes tipos de proteção: a) função principal - que é a de promover uma rápida retirada de serviço
· de um elemento do sistema, quando esse sofre um curto-circuito, ou quando
proteção contra incêndio, ele começa a operar de modo anormal que possa causar danos ou, de outro modo,
proteção pelos relés, ou releamento, e por fusive1s, interferir com a corret.a operação do resto do sistema.
proteção contra descargas atmosféricas e surtos de manobra. Nessa função um relé (elemento detetor-comparador e analisador) é auxi-
liado pelo disjuntor (interruptor), ou então um fusivel engloba as duas funções
Um estudo de proteção leva, pois, em conta as seguintes considerações ~ig. 1.1)
principais:
BARRAMENTO
a) elétricas, devidas às caracteristicas do sistema de potência (natureza das a
í
' \___
8 Introdução-à proteção dos sistemas elétricos
9
Dentro dessa idéia geral, os chamados princípios fundamentais do relea- b) O releamento de retaguarda, cuja finalidade é a de atuar na manutenção
mento compreendem (Fig. 1.2): .do releamento primário ou falha deste, só é usado, por motivos econômicos,
para determinados elementos do circuito e soment!' contra curto-circuito. No
releamento primário ou de primeira linha; entanto, sua previsão deve-se à probabilidade de oqorrer falhas, seja, na corrente
releamento de retaguarda ou de socorro; ou tensão fornecida ao relé; ou na fonte de corrente de acionamento do dis-
releamento auxiliar. juntor; ou no circuito de disparo ou no mecanismo do disjuntor; ou no próprio
relé, etc.
a) O releamento primário é aquele em que: uma zona de proteção se-
Nestas condições, é desejável que o .releamento de retaguarda seja arranjado
parada é estabelecida ao redor de cada elemento do sistema, com ~ist.as à sele-
independentemente das possíveis razões de falha do releamento primário. Uma
tividade, pelo que disjuntores são colocados na conexão de cada d01s elementos;
observação importante é que o releamento de retaguarda não substitui uma
há uma superposição das zonas, em torno dos disjuntores, visando ao socorro
boa manutenção, ou vice-versa.
em caso de falha da proteção principal; se isso de fato ocorre, obviamente, pre-
c) O releamento auxiliar tem função como multiplicador de contatos, sina- ,..
judica-se a seletividade, mas esse é o mal menor. lização ou temporizador, etc. ·
~ ......... l
1 1
\ru/
\....----
1.6 Características funcionais do releamento
/----1-
1 1
-,:----- - ----t- -:.----..
' 1
1
__
1 - -4 __
1
1
1
1
foi projetada.
i :· :..,.___ Protepão de Linha3 É apreciado por um fator de sensibilidade, da forma
' ' k = Jccmin//PP'
FIGURA 1.2 Zoneamento d.a proteção onde, e por exemplo,
10 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Filosofia de proteção dos sistemas 11
p
10 s
.1
' f4
s
Tipos de Falto T
s 2
"
s
T 4 6
fl s
1
Tempo (Relé + Disjuntor) s
9 li T
FIGURA 1.3 Relacionamento da potência transmitida e velocidade do releamento
FIGURA 1.4
I"m'• =calculada para o curto-circuito franco no extremo mais afastado da
seção de linha, e sob condição de geração mínima;
I PP = corrente primária de operação da proteção (valor mínimo da corrente
de a~ionamento ou de picape, exigida pelo fabricante do relé).
O valor de k ;;;., 1,5 a 2, é usual.
c) Define-se confiabilidade como a probabilidade de um componente, um
equipamento ou um sistema satisfazer a função prevista, sob dadas circunstâncias.
A longa inatividade, seguida de operação em condições difíceis, exige do
equipamento de proteção simplicidade e robustez, e isso traduz-se em fabricação
empregando matéria-prima adequada com mão-de-obra não só altamente capaz,
mas também experimentada.
d) Por seletividade entende-se a propriedade da proteção em reconhecer
e selecionar entre aquelas condições para as quais uma imediat,a ói\eração é
requerida, e aquelas para as quais nenhumâ' operação ou um retardo de atuação
é exigido.
EXERCÍCIOS
l. Para cada uma das condições seguintes, e conforme esquema da Fig. 1.4,
indicar quais disjuntores devem atuar. Supor inicialmente que só a proteção
remota ou distante atue. Repetir o problema supondo que ambas as proteções,
local e remota, sejam usadas.
Proteção Proteção
Condições remota remota e
local
a) Falta em f 1 e o disjuntor J
9 falha na abertura
b) Falta em f 2 e falha do
relé diferencial de barra
c) Falta em / 3 e o disjuntor
5 fal~a )la abertura
d) Falta em f. e o disjuntor
3 falha na abertura
i:
L l.
Princípios fundamentais dos relés 13
'º
,, '1
l•l
.. (b)
Nas condições acima, obviamente, há aspectos contraditórios que devem
ser considerados em cada caso.
·~-~~-
16 Introdução à proteção dos sistemas elétricos
CAPÍTULO 3
NÚCLEO
rencial com restrição harmônica da General Electric) indicando no seu catálogo CONTATO
FIXO EIXO
J2 t = 48 400 = 2202 significa que admite 220 A, durante um segundo, ou seja, /
220 .jTft A durante t segundos.
BOBINA
g) O regime dos contatos refere-se a possibilidade do relé abrir óu fechar
circuitos indutivos ou não, sob tensão de corrente contínua ou alternada Assim,
um relé (IAC-53, tipo sobrecorrente da General Electric), conforme indica o
catálogo, suporta 30 A x 250 V, continuamente. Se a corrente que deve passar
por ele for maior que 30 A, ou a tensão aplicada superior a 250 V, exige-se um
!
,.
ANEL OE
relé auxiliar com contatos mais robustos, por exemplo. DEFASAGEM
h) O consumo próprio ou carregamento do relé refere-se à potência asso- DISCO
atuando na direção F 2 para F 1 , fazendo girar o disco e, portanto, fechar os ou seja, finalmente,
contatos do relé. (3.2)
Se supomos, como é usual na prática, que a estrutura magnética é simétrica, indicando
o fluxo de dispersão é praticamente nulo, e nesse caso 4> é proporcional a I,
donde pode-se escrever Cm., para cos (ll-T) = 1 ou li= T,
F = Kl 1 12 senll, (3.1) C""" para cos (li - T) =O ou ll=T±90,
onde K é uma constante de proporcionalidade.; veja a Fig. 3.3. o que vem demonstrar, no diagrama vetorial, que há uma região de conjugado,
Const.ata-se que o valor F ..,,, ocorre para sen li = 1 ou li ,,;, 90º, o que exi- em torno da posição de Cm,,, .90º à esquerda e direita, respectivamente ..Surge,
giria perfeita quadratura entre os fluxos, algo difícil de obter-se na prática, já pois, do acima exposto, o conceito de direcionalidade dos relés, pois só há con- .
que toda bobina tem certo valor de resistência ôhmica associado ao valor indu- jugado para variações de ·1 2 (grandeza de operação em relação a grandeza de
tivo. Ou seja, pretendemos que o relé possa operar sob condição de conjugado referência I 11) desde Oº até 180º. Ou seja, se no defeito de curto-circuito, por
máximo, resultante da força F, para qualquer valor de li, e não unicamente. exemplo, o sentido de 1; se inverte, é possível detetar, efetivamente, as condições
para O= 90º. de defeito por meio desta variação do ângulo de fase, como será discutido adiante.
Na prática, pois, ao invés de trabalhar-se com o valor <f>, que é o ângulo
de projeto do r~lé, trabalha-sé com T, denominado "ângulo de conjugado má-
ximo" do relé. E evidente, desde já, que este ângulo pode ser alterado pela sim-
ples modificação do ângulo </>, adicionando-se resistores e/ou capacitores no
circuito das bobinas do relé. Assim, pode-se afirmar ser possível obter para o
I
I relé qualquer ângulo de conjugado máximo desejado, atendendo-se condições
peculiares de utilização. Por exemplo, o relé (R3Z27), tipo distância, da Siemens,
pode ser ajustado para ângulos T = 60, 67, 73 e 80º por meio de reator, para
perfeito casamento com ângulos de impedância de diversas linhas.
I
I
I
' 3.3 Equação universal dos relés
FIGURA 3.3 Noção de conjugado máxi,mo do relé de indução
Foi visto anteriormente que, para um relé de sobrecorrente, do tipo.charneira,
F ou C = K 1 12 ' (3.3)
Para isso, na Fig. 3.3, vamos admitir que façamos a decomposição da cor- e para o relé tipo indução
rente I 1 em suas componentes indutiva(/") e resistiva (1 1,) que circulassem, hipo-
teticamente, nas indutância e resistência puras. Aparece o ângulo (1 1 ;, ! 1) = </>,' F ou C = Kl 11 ·1 2 • cos(ll-T).
ângulo de projeto do relé, e a expressão do conjugado (C), respeitada a convenção Se considerarmos que uma tensão (U) aplicada a um resistor de valor
de sentido de contagem dos ângulos, serã, agora, ôhmico 1/ K, gera uma corrente
C = K · Ili · I 2 • sen (O - 4>). . U K
'= 1/K = U,
Verifica-se também que C..,,, dá-se, quando
sen(ll-</>) = 1 ou ll-4>=±90º que é proporcional a tensão, pode-se concluir, de imediato, que o conjugado
ou de um relé de tensão é da forma
ll=</>±90°
C = K 2 U 2• (3.4)
do que resulta aparecer a reta-suporte característica do relé direcional coin-
cidindo com I 1 ., e também o ângulo T definidor do conjugado máximo, como Igualmente, substituindo-se na unidade direcional a grandeza de referência I .
indicado no catálogo. do fl~bricante, e que será discutido em detalhe adiante. por U, como é usual na prática, resulta para essa unidade um conjugado d~
24 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés de corrente, tensão e potência 25
/,'
forma geral fabricante (Fig. 3.5). No eixo vertical são mostrados os tempos, em geral em
(3.5) segundos; no eixo horizontal aparecem as correntes de acionamento, em múl-
C = K 3 Ulcos(9-T).
tiplos de 1 a 20 vezes o tape escolhido, em geral. Assim, o tape escolhido passa
Finalmente se lembrarmos que a constante de mola deve ser representada, a ser o valor de atuação do relé, ou seja, o valor para o qual o relé começa a
por exemplo, p~r K 4 , resulta que, reunindo-se essas expressões em umà. única, atuar e realmente operaria seus contatos em um tempo infinito; por motivos
o conjugado de um relé complexo será de segurança (problemas de atrito, por exemplo), costuma-se fazer com que a
grandeza do defeito represente pelo menos uma vez e meia o valor de atuação
C = K 1I 2 + K 2 U 2 + K 3 Ulcos(9-T) + K 4 , (3.6)
(fator de sensibilidade). Como indicação, e em igualdade de condições de escolha,
denominada equação universal do conjugado dos relés, de enorme utilidade na em um relé de caracteristica de tempo inverso, o valor de atuação ou picape
nossa análise futura. deve ser escolhido na parte mais inversa das curvas, ou seja, múltiplo baixo e
dispositivo de temporização alto.
A maioria dos relés tem uma faixa de ajuste que os torna adaptáveis a uma
1
larga faixa de circunstâncias possíveis.
Linha
I·
Di sjun'tor
r ___\ _ _ _, /do Disparador
Disjuntor
• • l\-++-\---f-'<-+-:~~~~~4-++---1
~
,
: 1 r- -, ~
•
~
E 31\---.l;-~c--'\l-----l--'~+--~...._t++++----J
: ~Mr---l~=i='*'?n: Relé
vda
w
1 Mola
1l,.. _ _ _ _ _ _ _ _ J' f------1 Regu\agem
TemporizaçSo{D.T.I
1 Fonte
~Auxiliar 'r
1
15 20
MÚitipios do Corrente de Acionamento do Relé
Contato Móvel
Cavilha
Isolante
NÚcleo
Ampola de Hg
Parafuso
Sem-Fim Um exemplo de estrutura física é mostrada na Fig. 3.7 (tipo RO, da CdC).
O relé compreende um circuito magnético fixo, em duas peças, a bobina, a arma-
Setor ~--+--Armadura de dura móvel pivotando em torno do eixo de modo a bascular a ampola de mer-
Embreagem
Dentado
Bobina ~· cúrio, com isso estabelecendo o contato entre os terminais; a mola de restrição
Ímã--~ Excrtoçao
recoloca a armadura na posição de repouso após a passagem da perturbação
f'ermonente
(por exemplo, uma sobretensão) e serve ainda como regulagem do relé.
3.5 Refés de tensão Se desprezarmos o efeito da mola (K 3 =O), no limiar de operação (C =O),
virá
São aqueles que reagem em função da tensão do circuito elétrico que eles
guardam; sua equação de conjugado é da forma K1 Ji = K 2 1~,
':flllJf'
Corocterístioa de
e a Fig. 3.9 retrata essa solução muito comum nos relés modernos, tipo estado
sólido (semi-estático, no caso).
--"
Operação
Rei~
(Bobina)
onde, supondo-se I 2 = O, vem FIGURA 3.9 Esquemático de relé semi-estático. tipo ponte
11= !K.,
'1K, 3.8 Relés direcionais e/ou de potência
0 que faz a característica de operação fugir, na origem, da linha reta antes defi- Foi visto anteriormente que um relé direcional é capaz de distinguir entre
nida (ou seja, mesmo com corrente de restrição l 2 = O, exige-se. c:rto valor da o fluxo de corrent.e em uma direção ou outra; em circuito de corrente alternada
corrente de operação l 1 , para vencer a ação da mola de restnçao K,). isso é feito pelo reconheciment.o do ângulo de fase entre a corrente e a gran-
Esse tipo de relé é usado ainda, por exemplo, para proteção de enrol.ament.o deza de polarização (ou de referência). ·
de fase dividida de geradores, ou para proteção de linhas paralelas samdo de Há basicamente dois tipos de relés direcionais: aqueles que respondem ao
um barramento. fluxo de potência normal e os que respondem a condições de falt.a (curto-circu.ito).
Na forma de unidade direcional, como já sabemos, a equação de conjugado
aparece na forma de produto das grandezas de operação e restrição. Para aumen-
tar a sensibilidade, ao invés de trabalhar com as grandezas simples 1 1 e J,. 3.8.1 RELÉS DIRECIONAIS DE POTÊNCIA·
usam-se as funções soma (J 1 + l,) e diferença (1 1 - l,) das mesmas. Resulta, São conectados para serem polarizados por uma tensão de um circuito,
para a equação do conjugado da unidade direcional (se l 1 e 12 estão em fase): e as conexões de corrente e as características do relé são escolhidas tal que o
C = K 1 (1 1 + l 2 )(l 1 -l,)-K 2 • conjugado máximo do relé ocorra quando uma carga com fator de potência
Nela, verifica-se que, se (J 1 # l ,), have~Á :conjugado em um ou outro sentido,
0
_unitário percorre o circu,ito. Assim, se um circuito monofásico é envolvido,
usa-se um relé direcional que terá conjugado máximo quando a corrente está
dependendo do valor relativo de l" em relação a l 2 • em fase com a tensão; o mesmo relé pode ser usado em um circu_ito trifásico,·
caso a carga seja suficientemente bem equilibrada. N.est.e caso, a Fig. 3.IO(a)
mostra as conexões apropriadas. Outra forma de conexão usual, conforme a
3.7 Relé estático. tipo ponte Fig. 3.lO(b) mostra o conjugado máximo obtido quando a corrente no relé
está adiantada de 30º em relação à tensão.
Ao invés da estrutura eletromecânica, tipo viga de balanço, pode-se usar No caso da carga do circu.ito trifásico ser suficientemente desequilibrada,
duas estruturas retificadoras, tipo ponte, atuando sobre um sensível relé de tal que um relé monofásico não seja suficiente, ou ainda, quando uma corrente
bobina móvel. de atuação muito baixa seja requerida, usa-se um relé polifásico. Este consta
30 /ntroduçOo à proteção dos sistemas elétricos Relés de corrente, tensão e potência 31
1
i
a
desejado ajuste de conjugado, foi mostrada anteriormente. Na Fig. 3.11, um relé
•
e tipo RWV, da CdC, está ligado a uma rede, e mostra uma caixa de acessórios
(
que permite ajustes convenientes na obtenção de diferentes ângulos de con-
a
jugado máximo (T ).
CbA r---~--,
e Ih a
I
1
,__,__V__,
V
1
Relé 1
e b
1
'
l..-----J ' {o) {b)
deve provocar ou não a abertura do circuito. Assim, esses relés direcionais não Barra
são temporizados, nem ajustáveis, mas operam sob baixos valores de corrente;
têm boa sensibilidade.
~ ~~
~
1
2
Se certos cristais semicondutores contendo adições eletrônicas condutivas •N
(germânio, ligas de índio com arsênico e antimônio), são colocados em um
campo magnético com densidade de fluxo (B), e uma corrente (ii passa por eles, ,.,. oo• 60"
u.u ...; """
uma força eletromotriz (ex), denominada de Hall, aparece entre as faces laterais • A li>Ó"-••
"°'""
r.......-si
Relé
T•rra
-3Vo . - -
•+. ' •
dos cristais, tal que [Fig. 3.13(a)]
-· ~+ • '---±..rv-
3
+.
ex= K· i· B, 1, -1, ii;
onde K é um fator constante dependente do material e espessura do cristal.
~~ !?. I2+I3
It l
--~··
•
1 ... -4-In=3I0=l,t + I2+l3
,,
1
1 '-~-.;,]
l 2.
1
:tUr
Linha
•
1
1
c--'---~1 FIGURA 3.14 Diversas conexões de unidades direcionais
__...: 1 J
(•) Ir L----------
]b)
b) para um curto-circuito externo e que dê uma corrente atrasada da tensão
de 45º, pergunta-se se o relé operará. Se houver dúvida, qual a sugestão para
FIGURA 3.13 Esquemático de relé, tipo efeito Hall garantir a operação?
c) como se comportará o relé, no caso do item a), para uma carga com
fator de potência 0,80 indutivo?
Verifica-se que se i"' !" e se B"' V, resulta que ex será proporcional à d) como se comportaria esse relé, se a ligação fosse em quadratura (conexão
corrente de defeito do circuito, à tensão e ao ângulo de fase entre aquelas duas 90ª) - como, aliás, aconselha o fabricante - nos casos b) e c)? Mostrar o dia-
grandezas. Ou seja, trata-se de um elemento direcional que no futuro poderá grama vetorial equivalente.
ser muito útil, por eliminar partes móveis de relés que teriam a configuração
apresentada na Fig. 3.13(b).
SOLUÇÃO. Um teste de polaridade, efetuado no elemento direcional do relé,
revelou o seguinte (Fig. 3.16), de acordo com convenção de marca de polaridad~.
3.8.4 RELÉS DIRECIONAIS
As conexões usuais das unidades direcionais estão mostradas na Fig. 3.14. a) Observando o esquema de ligação, constata-se que a bobina de tensão
67-1, está energizada entre as fases 1 e 2, marcada a polaridade + 7 para 8; ao
3.8.5 APLICAÇÕES mesmo tempo, a bobina de corrente 51-1 tem sua polaridade marcada +5 para
6, na ocorrência de defeito. Assim, pois, marcamos corretamente as polaridades
EXEMPLO. Em uma subestação recebedora de uma grande indústria, relés
direcionais JBC foram ligados conforme o esquema da Fig. 3.15, estando o que resultaram do teste feito. Traça-se, a seguir, o diagrama vetorial denominado
"conexão original", conforme a Fig. 3.18. A partir de V,, - V, - V3 , marcados
fluxo de corrente indicado "N9rmal" e "Defeito". Pede-se:
no sentido da rotação de fases indicado, obtém-se V12 = V78 representando a
a) traçar o diagrama vetorial das ligações, mostrando a zona de operação tensão aplicada à bobina de potencial do relé. Como foi dito que o relé JBC
do relé, sabendo-se que para o relé JBC-GE dado, o ângulo de conjugado má- tem T = 45º, corrente adiantada da tensão (no relé), basta marcar a posição
ximo é T = 45º, corrente adiantada da tensão (no relé); de C=x (correspondente à condição de defeito) adiantada 45º sobre V,, 2 e, em
-~ 1
8 t 0)-'v I
+ o
67-3
67.2 +7
FIGURA 3.17 Convenções de polaridade
Bem, locando-se l,.1 ,.,0 = 156 1-45º, vê-se que o vetor cai na região -C;
logo, o relé não operaria.
Há duas soluções para corrigir isso:
11 a) inverter a ligação da bobina de corrente;
1
b) ou melhor, segundo o fabricante, ligar o relé em quadratura (conexão
JJ 90º). Esta <leve.ser adotada: Fig. 3.18.
1 ;í 52 c)· No caso da conexão original, como se comporta o relé face a uma carga
'~
fz com cos </> = 0,8 (ou </> = 36,8º)? Locando-se 16 , , verifica-se que com ou sem
CN
inversão de l, a conexão fica muito instável para carga coin fator de potência
•li 51-1 próximo à unidade; poderia operar na partida de grandes motores, por exemplo.
CI 6 d) Finalmente, pois, tracemos o diagrama vetorial da conexão em qua-
cz
5 6 dratura (90º), Fig. 3.18, e pela qual alimentamos o relé com V, 3 e l 1 • Como
sabemos, a posição de C=x estará 45º adiantada da tensão V, 3 : assim aparece
C3
FIGURA 3.15 Aplicação de relé direcional tipo JBC da General Electric ANEXO 1
e
FU Fu
jlow relay)
64 - Relé de proteção de terra (ground protective relay)
65 - Regulador (governar)
66 - Dispositivo de intercalação ou escapamento de operação (notching, or jogging, device)
67 - Relé direcional de sobrecorrente CA (a~c directional overcurrent relay)
68 - Relê de bloqueio (blocking relay)
69 - Dispositivo de controle. permissivo (permissive control device)
70 - Reostato eletricamente operado (electrical!J operated rheostat)
71 - Reservado para futura aplicação
72 - Disjuntor de corrente ·contínua (d-c circuit breaker}
73 - Contactar de resistência de carga (load-resistor contactar)
74 - Relê de alarme (alarm relay)
75 - Mecanismo de mudança de posição (position changing mechanism) FIGIJRA 3.19
76 - Relé de sobrecorrente CC (d-c overcu"ent relay)
77 - Transmissor de impulsos (pulse transmitter) 3. Traçar o diagrama vetorial de um relé direcional cujo ângulo de con-
78 - Relé de medição de ângulo de fase, ou de proteção contra falta de sincronismo (phas_e jugado máximo é 20º, e está alimentado por uma conexão de 90º. Considerando
angle measuring, or out-of-step protective relay) que a corrente de curto-circuito. que esse relé deve medir tem um defasamento
79 - Relé de religamento CA (a-e reclosing relay) de 75º (atrasado) em relação à tensão, pergunta-se: com qual das conexões 30º
80 - Reservado para futura aplicação ou 90º o relé apresentará maior conjugado? Mostrar isso gráfica e analiticamente.
81 - Relé de freqüência (frequency relay)
82 - Relé de religamento CC (d-c reclosing relay)
83 - Relé de seleção de controle ou de transferência automática (automatic selective control,
or transfer, relay)
84 - Mecanismo de operação (operati'ng mechanism)
85 - Relé receptor de onda portadora ou fio-piloto (carrier, or pilot-wire, receiver relay)
86 - Relê de bloqueio (locking-out relay)
87 - Relé de proteção diferencial (differential protective relay)
88 - Motor auxiliar ou motor gerador (auxiliary motor, or motor generator)
89 - Chave separadora (line switch)
90 - Dispositivo de regulação (regulating device)
91 - Relé direcional de tensão (voltage directional relay}
92 - Relé _direcional de tensão e potência (voltage and power directional relay)
93 - Contactar de variação de campo (field changing contactar)
94 - Relé de desligamento, ou de disparo livre (tripping, or trip-free, relay)
95 a 99 - Usados para aplicações específicas, não cobertos pelos números anteriores.
EXERCÍCIOS
1. Esboçar na Fig. 3.19 uma estrutura física de relé e suas conexões tal que
o mesmo possa dar um alarme caso a fonte de tensão seja reduzida significan-
temente, ou que haja fusão de um fusível. O sistema de alarme deve permitir
identificar o circuito defeituoso.
2. Para o exercício anterior (Fig. 3.19), e com base na equação universal dos
relés, escrever a equação do mesmo, representá-la no plano R-X, e interpretá-la.
1 Relés diferenciais, de freqüência, de tempo e auxiliares 41
CAPÍTULO 4
(o)
Por definição, _um relé diferencial é aquele que opera quando o vetor da ,-~~V--./v-~~~~~~~~~-3
diferença de duas ou mais grandezas elétricas semelhantes excede uma quan- i~t-~-t---0/'v-+-·~~~~~~~2
tidade pré-determinada.
Assim sendo, quase que qualquer tipo de relé, quando conectado de uma
certa maneira, pode operar como um relé diferencial. Há, basicamente, os relés
diferenciais amperimétricos e a porcentagem [Fig. 4.l(a)-(d)J.
Nessas condições, é necessário utilizar-se uma conexão menos sensível, ou .. d Es~revendo-se, pois, a equação do relé, na forma da equação universal
seja, menos susceptível de falsas operações que o relé diferencial amperimétrico. os reles, seu conJugado seria
2 1 1 2
4.1.2 RELÉ DIFERENCIAL À PORCENTAGEM C = K 1 (I 1 -I 2 ) -K 2 ( • +
2 2) -K 3'
A Fig. 4.l(b) mostra que neste relé, além da bobina de operação, há uma
bobina de restrição, em duas metades. A Fig. 4.1 (d) mostra um desenho esque- , _Fazendo-se inicialmente K 3 = O, no limiar de operação do relé: e= O;
entao, resulta
mático do principio.
Observando a Fig. 4.l(d), constata-se que para fechar os contatos do relé, (J -I)
z
= (I 1 +1 2 )~2
a bobina com N 1 espiras, percorrida pela corrente diferencial (1 1 -Izl, deve
..
~·
i 2 K '
1
1
.l
42 Introduçiio à proteção dos sistemas e1'trlcos Relés diferenciais, de freqüência, de tempo e auxiliares 43
que é a equação de uma reta da forma y = ax, representada na Fig. 4.l(c), indi- vj - - + - - - - -
cando as zonas de conjugado positivo e negativo. R
Se não desprezarmos a força da mola, para C = O, vem Is
V
(I 1 -I 2 )2 = ~(
1
' +2 12) + !S.
2 L
K1 K 1
e
=~•
Fixo indutor
Variável
1 1 -1 2
mostrando o efeito da mola apenas para as baixas correntes. f;IGURA 4.2 Relé de freqüência tipo RF2 ASEA
i 11
l
44 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés diferenciais, de freqüência, de tempo e auxiliares 45
Entre os inúmeros sistemas de temporização, alguns dos quais estão mos- A título de exemplificação, consideremos um relé de tempo que utiliza um
trados esquematicamente na Fig. 4.3 citam-se: o mecanismo de relojoaria, tipo circuito RC (tipo RS-401, da Siemens), conforme Fig. 4.3(a). Nele, quando do
balanceiro; o motor síncrono, com engrenagens; o freio eletromagnético, tipo dis- fechamento do contato de comando a fonte auxiliar alimenta simultaneamente
co de Foucault; as ampolas de mercúrio com orifício calibrado; a descarga de o relé, que funciona instantaneamente, e o capacitar paralelo que se carrega.
capacitar; etc. Quando da abertura do contato de comando, o capacitar (C) descarrega sobre
Tais relés são disponíveis em tipos controlados por corrente alternada a bobina do relé e assim retarda o retorno à posição de repouso (contato
(mais usuais em sistemas industriais) ou por corrente contínua. ' tipo abertura com retardo). No caso, a resistência (R) serve para regulagem da
A temporização é feita em faixa muito ampla; por exemplo, até 20 s em temporização (constante de tempo) e para evitar descarga oscilante do capacitar
relés de corrente contínua, tipo ímã permanente; 25-90 s para mecanismos de e proteção do circuito de comando e da: fonte auxiliar em caso de curto-circuito
relojoaria; e, para maiores temporizações, preferindo-se o tipo motor com interno no capacitor.
engrenagens.
+--~----
1 contato de 4.4 Relés auxiliares ou intermediários
:j bl Comando
São\ denominados, correntemente:
i
il a) repetidores - no caso de pequenos relés destinados sobretudo para
multiplicação do número de contatos do relé principal;
il b) contatares - quando se destinam a manobrar um ou diversos contatos
de grande poder de corte ou fechamento (além do regime dos contatos do relé
11
(a) CIROJITO RC (b) AMPOLA OE MERCÚRIO principal).
Tais relés são essencialmente instantâneos, robustos, do tipo corrente ou
tensão, com contatos normalmente abertos e/ou fechados. A Fig. 4.4 mostra
!I um exemplo (relé tipo RE-148, da CdC).
Contatos Fixos
{t>) AMORTECEDOR
'-9
(f)ESCAPAMENTO
/
'i
\
46
4.5 Aplicações
Introdução à proteção dos slstemils elétricos G
·I
i
diferenciais, de freqüência, de tempo e auxiliares
i serão
' 1
EXEMPLO 1. A Fig. 4.5 mostra um relé diferencial percentual aplicado para I" 304 A 320
proteção do enrolamento do estator de um gerador. O relé tem um valor de 11 = R = 400/5 = 3•8 ' 12 = = 4,0 A.
1 TC 40015
picape mínimo (corrente de atuação) de 0,1 A e está regulado para uma decli· Resulta
vidade de 10%. 1 1 + 12 4,0 + 3,8
Uma falta à terra, como a mostrada na Fig. 4.5, oco.rreu no enrolamento = 3,9A,
1 2 2
do gerador, próxima ao extremo correspondente ao neutro aterrado solida·
mente, quando o gerador alimentava uma certa carga. 1 1 -1 2 = 4,0-3,8 = 0,2 A.
Locando-se esse par de valores, verifica-se que o ponto A está na região
' .
:1
;'1 de conjugado negativo, indicando que o relé não ·opera. De fato, analiticamente,
1 L...,,-vv-.,-.,v-,,!'!::::.....,---11· viria
1 l1s1-jo
il" 11 -12
(1 1 + 12 )/2 ~·~ = 0,051
= 5,1 % < 10% da declividade;
il Relé&7 '
b) Para o caso B, no entanto, como 1 1 = O e mantendo o valor da corrente
1 de falta: ·
16
12 = = 0,2A,
40015
o,e
O,
f.º''•
• +e _--==::i:: s,1 •1•
vêm
11 +1 2 o+ 0,2
2
11 -
2 = 0,1,
~
' 51·
5
<;
51-1
L )
2 46810 20 40
Relés de distância 51
ou seja,
V.
2z = -1..
I
Então, pode-se dizer que no caso de um curto-circuito franco no ponto D,
CAPÍTULO 5 a impedância aparente no ponto P é igual à impedância do anel P 1 D 1 D 2 P 2 •
Como porém, z = pl/s, ou seja, a impedância (z) da linha é proporcional ao
comprimento (1) da mesma, convencionou-se chamar relé de distância àquele
RELÉS DE DISTÂNCIA que, de alguma forma, compara as grandezas tensão e corrente no seu ponto
de aplicação.
Generalizando para os diversos tipos de defeitos, vem
z = .!::. .
5.1 Introdução I
Há inúmeras possibilidades de obtenção dessa impedância, o que carac- a Eq. (5.2) tornar-se
teriza os diversos tipos de relés. Vamos iniciar o estudo pelos tipos usuais nos
E.U.A. e, posteriormente, apresentaremos outros tipos preferidos em outros (5.4)
países. Para obtenção das características de operação, usaremos a equação ou seja,
universal do conjugado dos relés, bem como introduziremos um novo plano
de representação, denominado R-X.
l= íf3;·
5.3.l RELÉ DE IMPEDÂNCIA OU OHM
Na Fig. 5-.2(c) está, pois, indicada a influência da mola de restrição so-
Por definição, é um relé de sobrecorrente com restrição por tensão. Assim, mente para baixos valores da grandeza de restrição (a tensão, neste caso); a
sua equação de conjugado será da forma caracter1st1ca ~o plano 1-V não é, pois, uma reta passando pela origem, e sin1
(5.1) uma curva mista que separa o plano em duas regiões de conjugado positivo
(parte supenor) e negativo (parte inferior).
e poderia ser representada como na Fig. 5.2. Para passar de uma região de con-
X
jugado negativo (não-operação) para a região de conjugado positivo do relé I
(operação), passa-se obrigatoriamente por e =o (chamado limiar de operação).
Fazendo-se, pois, na Eq. (5.1) do conjugado, C = O, vem
K 2 V 2 = K 112 -K,, •
ou, dividindo por K 2 l 2, lo 1
V2 K1 K3
/2 =K-K
2 2
12' lbl lo l
~ = z = J~:- :,~2.
~---
+ ---,.--
(5.2)
Medido e
Se, inicialmente, desprezamos o efeito da mola, fazendo K 3 = O, vem sinalização
que é da forma
. U!Jidqde
01rec1ona1 +e '3 ---- - ---
-e '2
'• . ''
\
'' :. ''' e
ou também y = ax, representando uma linha reta no plano (l - V), como na \
,·'
1 ....__ .... , , / / A t, 2 Linho ASCO
Fig. 5.2(c).
Se agora resolvêssemos considerar o efeito da mola que auxilia a restrição '' ___
', ......,,- _,.,// /
....._ _ _ ,..,,. {f) {g)
fornecida pela tensão, e lembrando que no instante do defeito a tensão (V) di-
minui sensivelmente, tendendo para zero, enquanto a corrente cresce razoa-
velmente, pode-se supor .que, no limite, V/l = Z tende para zero, resultando FIGURA 5.2 Relé de distância, tipo impedância
54 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés de distância 55
Por outro lado, na Fig. 5.2(b), analisando a Eq. (5.2), verificamos que a 5.3.2 RELÉ DE REATÂNCIA
região de conjugado positivo é interior ao círculo já que este foi traçado des-
É, por definição, um relé de sobrecorrente com restrição direcional. Por-
prezando-se a parcela J K 3 /K 2 1'. Conseqüentemente, se um relé for ajustado
tanto, sua equação de conjugado é
para um certo valor de impedáncia (Z), ele operará sempre que o relé "enxergar"
um valor menor ou igual ao ajustado. Os defeitos além do comprimento de C = K 1 1 2 -K 2 VI cos(O-T)-K 3 • (5.5)
linha que correspondem a essa impedáncia ajustada, devem ser eliminados por Façamos, inicialmente T = 90º. Resulta
outra maneira, como será mostrado a seguir.
Realmente, na prática, um tal relé de impedáncia é constituído de diversas C = K 1 12 -K 2 Vlsen0-K 3 • (5.6)
partes, por exemplo: Na iminência de operação (C =O) e desprezando o efeito da mola (K 3 =O),
vem
a) unidade de partida, geralmente direcional (D);
K 1 1 2 = K 2 VI sen O,
b) três unidades de medida de impedáncia (Z 1 -Z 2 -Z 3 ) de alta velocidade,
reguláveis independentemente (T1 -T2 -T3 ); ou, dividindo por K 2 12 ,
c) unidade de temporização; K V
d) unidades auxiliares para sinalização (bandeirola B), bloqueio de con- - 1 =-serre= Z·sene =X
K2 I '
tatos (selo S), etc. . ou
K,
As Figs. 5.2(d) e 5.2(e) mostram um arranjo típico de esquema de corrente X = K = cte. (5.7)
2
contínua. Na Fig. 5.2(1) estão indicadas diversas das unidades acima citadas,
e na Fig. 5.2(g) um esquema no plano (tempo x distância). A Eq. (5.7) representa, no plano R-X, uma reta paralela ao eixo dos R,
Para explicar o funcionamento de um tal relé, admitamos que sua ·primeira conforme mostra a Fig. 5.3(a).
zona (círculo Z 1) fosse ajustada para ver faltas até 80% do comprimento do X
trecho protegido; a segunda zona fosse ajustada para 120% (círculo Zzl e a X
terceira zona para 200 %. por exemplo. Quanto às temporizações, admitamos
para a primeira zona, T1 = O, ·para a segunda zona, T2 = 0,5 s, para a terceira
zona, T3 = J s, como é usual. Assim, se ocorre uma falta dentro da primeira
zona, as três unidades de medida vêm, fecham os contatos z,, Z 2 e Z 3 e ener-
giza-se a bobina de temporização suposta que a falta esteja sendo alimentada
R R
na direção vista pela unidade direcional de partida por sobrecorrente. Ora, como, C= K1i2-K2VIsene-1<:5
1•1
1b)
T1 é praticamente nulo (só tempo próprio do relé), e já que o contato (52a) do
disjuntor está fechado (acompanha o posicionamento dos pólos do disjuntor) l•I
energizam-se as bobinas das bandeirolas, de selo e de disparo do disjuntor, X
abrindo-se este. A bobina de selo serve para fechar' um contato que, estapdo
em paralelo com os contatos Z, e sendo da abertura retardada (t.a), protege os
contatos principais do relé, estes abertos sem temporização quando da abertura
do disjuntor, eliminando o defeito. As bobinas de bandeirola servem para si-
nalizar qual relé atuou e zona em que ocorreu a falta. Se, no entanto, a falta
ocorre na segunda zona, somente as unidades Z 1 e Z 2 vêm, e .como T2 < T3 ,
o disparo do disjuntor dá-se através o caminho dos contatos Z 2 e Tz- Com a
falta ocorrendo na terceira zona, o caminho para disparo do disjuntor é via Z 3 ,
já que só esta unidade vê a falta. FIGURA 5.3 Relé de distância. tipo reatância
(d)
Uma observação útil, nesta altura, é que as unidades Z 2 e Z 3 servem como
retaguarda de Z 1 do trecho seguinte ao protegido pelo relé de distância. Tam- Embora esse relé tenha algumas restrições por ser de característica aberta,
bém, se invertermos a alimentação de corrente de uma unidade como Z,. por o qu,e. o torna sensível às oscilações do sistema, ele é usado muitas vezes graçás
exemplo, ela passa a ver para traz, fazendo assim a proteção do barramento, etc. a sua independência quanto ao valor da resistência de ateo. De fato, admitindo-se
.i São recursos que discutiremos oportunamente. que essa resistência possa ser representada-por um valor ôhmico puro, qualquer
{,,
Relés de distância 57
56 Introdução à proteção dos sistemas elétricos
que seja seu valor, ainda o relé verá o defeito, ao contrário do que ocorre com direcionalidade à característica, uma primeira vantagem em relação ao relé de
relés de característica fechada, tipo relé de impedância. impedância ou ohm.
Uma outra consideração a ser feita, diz respeito aos chamados relés de
característica angular. Eles resultam da equação (5.5) onde, fazendo-se C = O X
v2 p2 ~ Q2
2 p
R =V p2 + Q2 X= Uma segunda vantagem, mostrada na Fig. 5.4(b), é que há melhor aco-
modação de uma possível resistência de arco, do que no relé de impedância.
Se ocorre uma perturbação no sistema, o ponto figurativo da carga movimenta-se
Constata-se que para proteger um mesmo comprimento de linha e uma dada
no plano R-X, e poderá penetrar na zona de atuação de um relé ohm, como
resistência de arco, o relé abrange uma menor área no plano R-X, o que é van-
indicado, provocando um desligamento indevido. Para evitar isso, por vezes,
tajoso quanto à sensibilidade menor às possíveis oscilações do sistema.
usam-se características angulares que, fazendo papel de verdadeiros antolhos,
Sob o ponto de vista da direcionalidade intrínseca, sem dúvida urna van-
determinam bloqueio do relé de distância, sob certas condições de oscilação,
tagem, vamos tecer mais algumas considerações. Assim, já definimos anterior-
mas não sob condição de defeito de curto-circuito, por exemplo.
mente que a equação de conjugado de urna unidade direcional simples é da
Uma observação mais: é usual a combinação de características do tipo forma
impedância e admitância, para formar um relé c~mplexo que tira vantagem .de
ambas as curvas, como indicado no Cap. 13 (relé tipo GCX, da General Electnc). /i<c = K 1 VIcos(O-T)-K,. (5.11)
; '
Para C = O, resulta
5.3.3 RELÉ MHO OU DE ADMITÂNCIA K1 .
Z = - V 2 ·cos(O-T).
• (5.12)
É por definição, um relé direcional com restrição por tensão. Logo, sua Kz .·
equação de conjugado é Essa equação mostra que o diâmetro do círculo característico é propor-
e= K 1 VI cos(8-T)-K 2 V 2 -K,. (5.9)
cional a (~: V 2
} Ou, seja, para faltas muito próximas à fonte, e sendo V pe-
Na iminência de operação (C = 0) e desprezado o efeito da mola (K 3 =O),
resulta queno no instante do defeito (V= Z · I"), pode ocorrer um mau funcionamento
ou mesmo falha de funcionamento do relé, criando-se uma "zona morta". Assim,
K 1 VI cos(O-T) = K 2 V2, há para o relé a exigência de um "comprimento mínimo" de linha, para que o
ou, dividindo por K 2 VI, mesmo possa atuar confiavelmente. Na prática, duas medidas básicas são ado-
tadas. Ou se utiliza uma forma construtiva do tipo copo, que é leve, rápido e
K 1 V de alto conjugado intrínseco, e no qual o fabricante ajusta um valor (K 1 /K 2 ), de
-cos(O-T) = - =Z. (5.10)
K2 I modo a ver um certo valor mínimo de impedânçia, e que é indicado no catálogo,
Essa equação, conhecida da geometria analítica, representa um círculo ou, então, adota-se a chamada "ação de memória". Nesta última disposição
passando pela origem dos eixos e com diâmetro (K 1 /K 2 ), conforme é ~ostrado construtiva, a energia é constantemente ·armazenada em um capacitor em um
na Fig. 5.4(a), inclinado de T (condição de fabricação do relé), o que dá merente circuito paralelo ao da bobina de tensão. Assim, mesmo que caia a zero a tensão
1 '·
58 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés de distância 59
no lado de alta-tensão do transformador, no caso de curto-circuito, ainda uma
corrente, proveniente do capacitar, descarregando-se, fluirá na bobina de tensão
do relé, por curto tempo, mas o suficiente para operação do relé de alta velo-
cidade. O caso de um curto-circuito em que V = O é raro, felizmente; também
a própria tensão através do arco, da ordem de uns 4 % da tensão nominaL cos-
tuma ser suficiente para operar o relé.
i
.j •
5.3.4 RELÉ DE IMPEDÂNCIA MODIFICADO
'
É possível, com um artifício de compoundagem, fazer com que o relé de
impedãncia tenha sua característica deslocada no plano R-X, de modo a ofe-
2 2
recer resultados semelhantes ao do relé mho no que diz respeito à acomodação c=Ki 1 -IV-Cl:) -.K3
de certa resistência de arco voltaico (RAvl· Isso é feito, conforme a Fig. 5.5(a), 1o1
polarizando-se convenientemente a bobina de tensão com uma componente CI lol
proporcional à corrente aplicada no relé. Ou seja, o conjugado do relé de impe- FIGURA 5.5 Relé de impedância modificado
dãncia modificado será da forma
C' = K 1 12 -K 2 (V + CI)2-K 3 • (5.13) ·característica de operação do relé em qualquer parte do diagrama R-X, de
Façamos inicialmente, C' = O e K3 = O e desenvolvamos a expressão vetorial; modo a cobrir contra qualquer tipo de defeito imaginável. Essa idéia evoluiu
resulta, por exemplo, muito, ultimamente, com os relés estáticos, dando origem a características
poligonais extremamente úteis em releamento de proteção.
K,j12 j-K2 v-c1J 2J =o,
ou seja, 2
K 1 1 -K 2 [V 2
-2CVIcosO + c 2 12 ] =o,
V 2CVI
2 2
C J ]
K 1 -K 2 [ ~ ----ç:- cos O+ J2 =O,
5.4 Indicações de uso dos relés de distância
1
K 1 -K2[Z 2 -2CZcosO + C 2] =o. Resumindo as vantagens e desvantagens citadas, indicam-se as seguintes
E como aplicações para os relés já vistos.
Z 2 = R2 + X 2 e Z · cos O = R,
vem a) Relés de impedãncia ou ohm. Indicados para proteção de fase, em linhas
K, -K2[R 2 + X 2 -2CR + C 2] =o,
de comprimento médio, por exemplo, até 138 kV. São um pouco sensíveis às
K 1 -K 2[(R-C)2 + X 2] =O, oscilações do sistema e exigem adicional unidade direcional.
~y.
b) Relés de reatância. São indicados particularmente para proteção de
(R- C)2 + x2 = ( (5.14) fase, em linha de comprimento curto, onde a resistência tem valor apreciável
em relação à indutância e os arcos voltaicos não podem ser desconsiderados.
que é a equação de um círculo com centro deslocado C da origem e com raio São bastante afetados pelas oscilações e também exigem adicional unidade
igual a J K 1 /K 2 , conforme a Fig. 5.5(b). direcional.
Pode-se constatar, pois, que o relé ohm deslocado tomou-se intrinseca- c) Relés de admitância ou mho. São bem indicados na proteção de fase
mente direcional e, ao mesmo tempo, para a mesma área ocupada no plano em linhas longas e de mais altas-tensões, sujeitas a sérias oscilações. São bas-
R-X, absorveu ainda um certo valor da resistência de arco voltaico (RAv) sem tante afetados pela resistência de arco voltaico, mas devido serem inerentemente
perder a propriedade .de cobrir a mesma extensão de linha (Z). direcionais e praticamente insensíveis a oscilações do sistema, são muito usados
É fácil imaginar que se a bobina de compoundagem tiver tapes diversos, na prática de proteção de linhas.
desde C = O até C = 1, pode-se deslocar à vontade o círculo no plano R-X.
(Por exemplo, se C igual ao raio do círculo, tem-se o chamado relé de condu-
tância, muito usado na Europa). Isso ocorre em alguns relés encontrados na EXERCÍCIOS
prática e para os quais, a simples escolha de um determinado tape da bobina
de compoundagem fornece característica mais ou menos deslocada no plano. . 1. Em um diagrama R-X trace o vetor representativo de uma linha com
Outros artifícios semelhantes permitem-nos afirmar que é possível colocar uma impedância de (2,8 + j5,0) Q. No mesmo diagrama pede-se mostrar as carac-
i
1,
,-
6.1 Introdução
Constituem uma adaptação dos princípios do releamento diferencial para
proteção de seções de linhas de transmissão. Uma tal adaptação é necessária
porque o releamento diferencial clássico não é econômico para grandes distâncias.
O termo piloto significa que entre os terminais de uma linha há um canal
de interconexão, de alguma forma, e sobre o qual informações podem ser
conduzidas.
Três tipos de canais são usados:
a) Fio piloto - consiste geralmente em um circuito a dois fios, do tipo
linha telefônica, aberta ou por cabo. É um sistema econômico para distâncias
da ordem de 10-15 km, sendo bastánte comum em sistemas de distribuição de
energia e em sistemas industriais, particularmente na proteção de redes sub-
terrâneas. Usa freqüência industrial.
Conforme a Fig. 6.l(a) e (b), respectivamertte, há duas variantes denomi-
nadas por circulação de corrente e por oposição de tensão.
------~---
--------- ' ---esfr.:
----------ª1)--
:- ~P.!---------,x·!~ -1
-------
1
1 1 t: 1 _______/ \1 t
._ ___ _, L.. ____ _,
L...----' 1...---.J
-fD-L1r---~~~·----fY+ :-·------~ .
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e
Cin:.
saída
AºT
T
.
C1rc. controle
Transmissão A Recepção B
a capacidade técnica ou econômica do sistema por onda portadora (neste sis- Conforme foi visto anteriormente, a corrente da onda portadora, ou cor-
tema, o alto preço deve-se ao grande número de filtros que são necessários aos rente carrier, de elevada freqüência, é transmitida pelos próprios condutores
vários canais requeridos). Os transmissores são controlados da mesma maneira da linha. Em geral, há três tipos cláesicos de acoplamento, conforme a Fig. 6.5:
que no sistema de onda portadora, e os receptores convertem os sinais recebidos
em tensão de corrente contínua, igualmente. Nesse sistema, equipamentos de a)' acoplamento singelo - indicado até 138 k V;
antena parabólica com linha de visada, uma em relação à outra, são necessários. b) acoplamento bifásico ou duplo - acima de 230kV;
A Fig. 6.3 mostra um esquema típico. c) e, de circuitos duplos, no caso de linhas ou circuitos em paralelo, aumen-
tando a confiabilid. .-le e o custo.
------ 1- Singelo { 138k.V) 2- Bifásico ( 23Q.k. V} 3- Circuitos Duplos
--
-- :;;:: .
~
..
H
·1 1
l.~ .. J.
FIGURA 6.3 Releamento por microonda
6.2 Sistema de onda portadora por FIGURA 6.5 Tipos de acoplamento para onda portadora
comparação direcional Vamos descrever um acoplamento singelo, melhor detalhado na Fig. 6.i/.,
sendo que em cada extremidade do trecho de linha protegido é instalado equi-
Um sistema de geração, transmissão e distribuição de energia compreende pamento semelhante, tal que um sinal é transmitido do ponto A (transmissor)
estações geradoras (G) que alimentam os centros de carga (M), através de um para o ponto B (receptor) ou vice-versa. Na Fig. 6.6 identificamos:
sistema constituído por linhas de transmissão (L T) e subestações transforma-
doras (T) elevadoras ou abaixadoras da tensão, conforme a Fig. 6.4. e, capacitor de acoplamento;
Nesse sistema, relés de proteção seletivos, rápidos e confiáveis, atuando U B, unidade de bloqueio;
por meio de vários esquemas, permitem a desejável continuidade de fornecim.ento US, unidade de sintonia;
de energia às cargas. Descreve-se, a seguir, um desses esquemas, denominado T, transmissor, calibrado entre 20 e 400 kHz;
releamento com canal piloto por comparação direcional (são igualmente usados R, receptor;
os métodos de comparação de fase). D, disjuntores-limite do trecho AB de linha.
--- ---------- -------------------------
1
' protegida que lhe serve de condutor-suporte. É composta de um indutor e de
"' _ . .?
um capacitar, em paralelo (logo, oferecendo alta impedância para a freqüência
1r ~·1 1lus
l •l
d) Resumo
:1 i1 . fL{LT ~ 4ÓcrSio- ii().A.. Observa-se que o transmissor em A (TA) emite um sinal de onda portadora
1
'
T, n
v.JV..>J
1----.----...J1
l
Zo' Vc
C Coaxial"::: 70.,._
em freqüência devidamente ajustada, o qual será recebido pelo receptor em B
(RA), enquanto que o transmissor em B (TB) emite sinal para A (RB). Tais sinais
'
1
podem ser usados:
IC) 1 Col>O 1) para_ comandar certas partes componentes do sistema de transmissão;
: Caaxial
2) para funcionar como sistema telefônico, se a onda portadora for con-
FIGURA 6.6 Acoplamento singelo da proteção por onda portadora venientemente modulada em um extremo e demodulada no outro;
3) para sistema de telemedição de certas medidas efetuadas em A e que
a) Equipamento transmissor e receptor - T e R serão registrados em B, ou vice-yersa.
1
------- ------------------------
FilGURA 6.9 Funcionamento do sistema de onda portadora (GE) por comparação direcional
1'. Placa!+}
Brade-Controle
',, a)
b)
c)
corrente nominal e relação nominal;
classe de tensão de isolamento nominal;
freqüência nominal;
,, d) classe de exatidão nominal;
e) carga nominal;
l
li
'
f) fator de sobrecorrente nominal;
Introdução à proteção dos sistemas elétricos Redutores de medida e filtros 71
70
r,
g) fator térmico nominal;
h) limites de corrente de curta-duração nominal para efeito térmico e
para efeito dinâmico. r,
Apresentaremos breve descrição desses valores.
a) Corrente e relação nominais
Segundo a norma P-EB-251 da ABNT, para correntes nominais secun-
Z'm
v, Zç
dárias de 5 A, as correntes nominais primárias são 5, 10, 15, 20, 25, 30, 40, 50, 60,
75, 100, 125, 150, 200, 250, 300, 400, 500, 600, 800, 1000, lZOO, 1500, 2000,3000,
4000, 5000, 6000eBOOO A (os valores segundo a norma ASA estão sublinhados).
A relação é indicada assim: 120:1 se o TC é 600-5 A; se há vários enrola-
mentos primários (série, série-paralelo e paralelo), indica-se 150 x 300 x 600-5 A.
FIGURA 7.1 Circuito equivalente do transformador de corrente
b) Classe de tensão de isolamento nominal
É definida pela tensão do circuito ao qual o TC vai ser conectado (em Z~, impedância de magnetização, referida ao secundário;
geral, a tensão máxima de serviço). tensao de excitação secundária (volts);
i:;,.
c) Freqüência nominal
z,. impedância do enrolamento secundário (ohm);
I,. corrente secundária (amperes);
São normais às freqüências de 50 e/ou 60 Hz.
V,. tensão nos terminais do secundário (volts);
d) Classe de exatidão Z,, impedância da carga (ohm).
Merece particular atenção; apresenta características distintas nos serviços
Do circuito equivalente, constata-se que parte da corrente primana, é
de medição e proteção. Corresponde ao erro máximo de transformação espe-
~onsu~ida na excitação do núcleo: 1'1 = I~ + I,. e que a f.e.m. secundária (E,)
rado, se respeitada a carga permitida. e funçao da corrente de excitação(/~). da impedância secundária (Z,) e da própria
1) TC de medição - Para valores de 10 a 100% 1. os TC devem apresentar carga (Z,).
erros de relação e de ângulo de fase mínimos, dentro de cada classe. Devem, !í. curva que relaciona E 2 e I~ é denominada curva de excitação secundária
pois, enquadrar-se nos respectivos paralelogramos de precisão correspondentes (Fig. 7.2), e é muito importante nas aplicações. Assim, ela permite determinar a
às classes de 0,3, 0,6 e 1,2 % de erro, em função do "fator de correção da relação"
E2:: Es
- FCR, dado pelo quociente da real relação de transformação medida e a re-
lação nominal de placa, ou seja,
FCR = 11 /1 2 =1 2 +1•.
K 12 100 V
A
~~·600-5
~ 300~5
Em geral, a indicação da classe de exatidão precede o valor correspondente
à carga, para um dado enrolamento X; por exemplo, 0,6-C2,5.
As classes 0,3 e 0,6 destinam-se às medidas de laboratório e faturamentos;
-=------- 150-5
-------100-5
.;
72 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Redutores de medida e filtros 73
tensão secundária a partir do qual o TC começa a saturar; é o ponto-de-joelho, _Em resumo. do an~eriormente exposto, significa que devemos especificar a
PJ, definido como aquele em que, para se ter aumento de 10% em E,. pre- ten.sao secundána máxima (E 2 = E,) a partir da qual o TC passa a sofrer os
cisa-se aumentar 50 % em J~ (às vezes as curvas mostram isso na reta AB). efeitos da saturação, deixando de apresentar a precisão da sua classe de exa-
Dependendo das caracteristicas construtivas do TC, a reatância de dis- tidão. Ou seja, deve-se calcular
persão do enrolamento secundário será maior ou menor. Na prática eles são E, = 4,44N ,- f · S · Bmox' 10-• = I 2 (Z, + Z 2 + ZL) = I ,- Z, volts,
ditos de baixa impedância (B segundo a ABNT, ou L segundo a ASA) ou tipo
bucha, e de alta ímpêdância (A segundo a ABNT, ou H segundo a ASA) ou onde
de enrolamento concentrado. S, seção do núcleo (cm 2 );
Segundo a norma ASA, admitindo que o TC esteja suprindo 201, (ou 100 A) Bmax, máxima densidade de fluxo (gauss);
a sua carga, ele é classificado na base da máxima tensão eficaz que pode manter ZL, impedância dos condutores (ohms).
em seus terminais secundários, sem exceder o erro especificado de 10 ou 2,5 %.
Assim, 10 (ou 2,5) H (ou L) 100 significa um TC de alta (ou baixa) impedância, e) Carga nominal
capaz de manter 100 V (ou 100/20 x 5 A = l O) em seus terminais sob erro
Todas as considerações sobre exatidão dos TC está condicionada ao co-
máximo de 10% (ou 2,5 %) quando alimentando carga até l O. As tensões se-
nhecimento da carga dos mesmos (Z, = R + jX). Os catálogos dos fabricantes
cundárias - padrão ASA - são 10, 20, 50, 100, 200, 400 e 800 V, que correspon-
de relés e .medidores foi;necem as cargas z, que os mesmos representam para
dem às cargas O,l, 0,2, 0,5, 1,0, 2,0, 4 e 8 O, respectivamente, e válidas apenas para
os TC; a isto deve-se amda adicionar a carga imposta pela fiação (ZL), e que
a menor relação do TC. O número antes da letra H ou L, indica o máximo erro de
pode ser calculada aproximadamente, por
relação especificado, ou exatidão do TC, em porcentagem[%= lOO(FCR-1)].
Notar que a potência: VA,., O x A 2 • ZL = 2 x 10- 2 _!_ (ohms),
Um método aproximado de descobrir a classificação de um TC, tipo bucha, s
segundo a norma ASA consiste na leitura dos dados do ponto-de-joelho da onde
curva J, x E,. Então:
Z L = resistência da fiação (ohms),
,) aproxima-se o valor de E, lido para o E, padronizado; 1 = comprimento simples da fiação de cobre (metros),
ii) calcula-se a classe de exatidão, pela expressão abaixo,. e aproxima-se-a
S = seção reta do condutor (milímetros quadrados).
de 2,5 ou 10%,
Em .geral, para especificar o ponto-de-joelho mm1mo seguro de um TC,
% =]elido X lOO para fugir da saturação da componente contínua, toma-se um fator de segu-
º Iz '
rança de 100% sobre o cálculo (201, · Z 1), ou seja,
onde J2 refere-se ao valor da corrente secundária nominal do TC considerado.
Para as demais relações do TC, a precisão mantém-se, mas a carga tolerável PJ mi•= 2 X 201, x z, (volts),
reduz-se proporcionalmente. Por exemplo, no TC da Fig. 7.2 teríamos se o TC tem fator de sobrecorrente F20.
Segundo a ABNT, os erros são também de 2,5 ou 10 %, de J, até o fator g) Fator térmico nominal
de sobrecorrente nominal e que pode ser F5, FIO, F15 (TC tipo bucha) ou F20
(a ASA só considera F20). Assim, um TC indicado B (ou A) 2,5 (ou 10) FlO ClOO, É o fator pelo qual deve ser multiplicada a corrente primária nominal de
significa tipo de baixa impedância (ou alta), erro máximo de 2,5 (ou 10 %), sob um TC, para se obter a corrente primária máxima que o transformador deve
fator de sobrecorrente 101,, capaz de alimentar a carga de 100 VA. As potências poder suportar, em regime perínanente, operando em condições normais sem
padronizadas são 12,5, 25, 50, 100, 200, 400 e 800 VA, dependendo do fator de exceder os limites de temperatura especificados para a sua classe de isol~ento.
sobrecorrente e da classe de exatidão tabelados. Segundo a ABNT, esses fatores podem ser 1,0, 1,3, 1,5 ou 2,0.
j
1
\,\
Introdução à proteção dos sistemas elétricos Redutores de medida e filtros 75
74
h) Limite de corrente de curta duração para efeito térmico Seleciona-se a relação normalizada para uma tensão primária igual ou
imediatamente superior à tensão de serviço.
É o valor eficaz da corrente primária simétrica que o TC pode suportar
por um tempo determinado (normalmente 1 s), com o enrolamento secundário b) Classe de tensão de isolamento nominal
curto-circuitado, sem exceder os limites de temperatura especificados para sua
A seleção da classe de tensão de isolamento de um T P depende da máxima
classe de isolamento. tensão de linha do circuito ao qual será ligado (veja o Anexo II).
Em geral, é maior ou igual à corrente de interrupção máxima do disjuntor
associado. c) Freqüência nominal
i) Limite de corrente de curta-duração para efeito mecânico Os T P são fabricados para 50 e/ou 60 Hz.
É o maior valor eficaz de corrente primária que o TC deve poder suportar d) Carga nominal
durante determinado tempo (normalmente 0,1 s), com o enrolamento secundário
curto-circuitado, sem se danificar mecanicamente, devido às forças eletromag- É a potência aparente, em VA, indicada na placa e com a qual o T P não
néticas resultantes. Segundo a norma VOE, vale 2,5 vezes o limite para efeito ultrapassa os limites de precisão de sua classe. Para determinação da carga
térmico, na classe 10-30 k V e três vezes na classe 60-220 k V. imposta a um T P, basta somar as potências que cada um dos aparelhos co-
No Anexo I é apresentada parte de uma tabela do fabricante (GE), apre- nectados ao seu secundário absorve.
sentando cargas impostas aos TC por medidores e relés. Segundo a ABNT, a carga é indicada por Pl2,5 (correspondente à potência
aparente de 12,5 VA), P25, P50, PlOO, P200 e P400. Segundo a norma ASA, os
TP têm suas cargas indicadas por letras: W(corresponde a 12,5 VA), X(= 25 VA),
7.3 Transformadores de potencial (TP) Y(=75VA), Z(=200VA) e ZZ(=400VA).
e) Classe de exatidão nominal
São transformadores para instrumento cujo enrolamento primário é co-
nectado em derivação com o circuito elétrico, e que se destinam a reproduzir Os TP enquadram-se em uma das seguintes classes de exatidão: 0,3; 0,6
no seu circuito secundário a tensão do circuito primário com sua posição fa- ou 1,2; as aplicações correspondem às dos TC. Ou seja, as classes 0,3 e 0,6 des-
sorial substancialmente mantida em uma posição definida, conhecida e ade- tinam-se a aparelhos de medida ou laboratório e faturamento, enquanto a classe
quada para uso com instrumentos de medição, controle ou proteção. 1,2 destina-se à alimentação de aparelhos indicadores diversos e relés. Há, igual-
Os T p introduzem dois erros na transformação da tensão: em módulo e mente, os paralelogramas de precisão para os T P.
em ângulo. Tais erros são mais importantes na medição de energia. Há, pois,
f) Potência térmica nominal
também curvas de fator de correção de relação (FCR) e do ângulo de defasagem
diversas (função da carga, tensão e fator de potência). É a máxima potência que o TP pode fornecer em regime permanente, sob
tensão e freqüência nominais, sem exceder os limites de elevação de temperatura
7.3.1 CARACTERIZAÇÃO DE UM TP especificados. Em princípio, a potência térmica nominal não deve ser inferior
a 1,33 vezes a carga mais alta referente à exatidão do TP.
Segundo a ABNT, os valores nominais que caracterizam os T P, são:
a) tensão primária e relação de transformação nominal;
b) classe de tensão de isolamento nominal; 7.3.2 TRANSFORMADORES DE POTENCIAL CAPACITIVOS
c) freqüência nominal; Além dos T P convencionais, e semelhantes aos transformadores ·de po-
d) carga nominal; tência, ainda dois tipos de T P capacitivos são usados na proteção por meio de
e) classe de exatidão nominal; relés: o tipo capacitar de acoplamento, e o tipo bucha.
f) potência térmica nominal. Esses tipos são basicamente iguais; diferem apenas no divisor capacitivo
Apresentaremos breve descrição desses valores, a seguir. usado. As Figs. 7.3(a) e (b) mostram os dois tipos. Na Fig. 7.3(c) é mostrado o
esquema do T P capacitivo; o circuito mostrado é combinado com os outros
a) Tensão primária nominal e relação nominal das fases, sendo usual a conexão em estrela para relés de fase e triângulo aberto
Segundo a ABNT, e conforme o Anexo II, têm-se diversas classes de iso- para deteção de defeito para terra A reatância indutiva XL é variável, sendo
lamento (desde 0,6 até 440 kV), com tensões primárias nominais desde 115 até ajustada para fazer com que a tensão na carga (V8 ) esteja em fase com a tensão
460 000 V, e tensões secundárias de 115 V. do sistema (V,).
76 Introdução à proteção dor 1llte111118 •ltltrlco• Redutores de medida e filtro1 77
-·- A
lal
lei l• I •
,..._,,_ e
FIGURA 7.3 Transformador de tensão. tipo capacitivo lb+Ic
m n
a) Tensão.
TABELA 7.1 Conforme a Fig. 7.4(al, na conexão triângulo aberto,' muito usual, a tensão
que aparece através dos terminais do filtro é
Tensão (kV) TPbucha:
carga (watts)
Fase-fase Fase-terra v... = V.+ V,,+ V.=
.1
i = (V,., + V.2 + V.ol + (B., + V.2 + V.o) + (V,, + V.2 + V.o) =
115 115/fi = 66,4 25
= (V,., + V,,, + V,,) + <V.z + V.2 + V,,) + CV.o + V.o + V.ol =
138 79,7 35
161 93,0 45 = (V,. 1 + a2 V,. 1 + aV,. 1) + (V,. 2 + aV,. 2 + a2 V,.,) + (3V,. 0 ) =
1 230 133,0 80 = V,. 1(1 + a2 +a)+ V,. 2 (1 +a+ a2 ) + 3V,.0 =
. 287 16(!,0 100 V.,.= 3V,.0 •
li
I: b) Corrente
7.4 Filtros de componentes · Na Fig. 7.4(b) verifica-se que o filtro de corrente é dual do filtro de tensão,
e vice-versa. Resulta, aplicando as propriedades das componentes simétrica~,
São ,dispositivos usados para separação das correspondentes componentes
simétric.;;, de tensão ou corrente de um circuito trifásico. Têm terminais de I I I
1. 1.0
entrada aos quais são aplicadas correntes ou)ensões, e terminais de saíd11 onde a2
são obtidas correntes ou tensões proporcionais às correspondentes componentes 1, = I a X 1., '
simétricas das grandezas aplicadas na entrada, e que irão alimentar os relés 1, I a a> 1.2
ou controlar transmissores, receptores, etc.· ou
Os filtros são particularmente úteis, por exemplo, quando um sistema 1. + 1, + 1, = 3 x 1.0 ,
elétrico alcança os limites de estabilidade estáti"I!- e dinâmica, onde relés de ou
seqüência negativa devem impedir a operação incorreta dos dispositivos de . 1,.. = 3·1. 0 .
78 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Redutores de medida e filtros 79
. .Ua
[ -.,
Uc
7.4.2 FILTROS DE SEQÜÊNCIA NEGATIVA
.,
__.J
- e+
1 ••
-.,
Iac
~Z:ViRt
--
__,' --- '•
- .............
X •2
_Umn _ _ _,
' •2
rb-Ia
'• ztn '• '
-
Zl§S! FIGURA 7.6 Exemplo de cálculo de filtro de tensão de seqüência negativa
-
1
lb Ia- lb
'• Io-I Ib- l
Zl.§J/
-
I b-1 -
zlll.
I a -1
m
- "
SOLUÇÃO. Basta resolver o circuito dado:
onde
um,= R2 ·IAB + (R,-jx)·IBC•
m
-
lo!
R
I "
r
l•l
Logo
IAB
U =
1
UA-UB
(R + R_ ) -jx
2
(UA-UB) + (UB-Uc)
R
e
UB-Uc
IBc. = (R + R )~jx
1 2
FIGURA 7.5 Filtros de corrente de seqüência positiva (a) negativa (b) mo (R 1 + R 2)- jx (R 1 + R 2) - jx'
2
7.5 Aplicações
EXEMPLO 1. Pede-se determinar o valor da saída U ~ do filtro de tensão de
seqüência negativa a seguir, para R 2 = 2R 1 e x = .j3R,.
80 lntrod~ção à proteçiio dos sistemas elétricos Redutores de medida e filtros 81
ou seja, trata-se de um filtro de tensão de seqüência negativa, com boa ampli- SOLUÇÃO. Por definição, o limite térmico refere-se à máxima corrente que
tude de saída. pode ser suportada pelo TC durante 1 s. Então, como l 2 t = cte, vem
1:t 1 = l~t 2 ,
EXEMPLO 2. Desprezando-se a potência consumida pelas conexões e con- ou
dutores de ligação, qual a precisão recomendada para um TC destinado a ali-
mentar, simultaneamente, um amperímetro AH-11, um medidor de watt-hora 12
ft, fT
= 11 ..J t; = 40000'1/ 2' = 28400A.
V-65 e um medidor de watt-hora lB-10, usados em um laboratório de medição?
Por outro lado, o limite térmico é calculado pela expressão:
SOLUÇÃO. Consultando um catálogo da General Electríc (Anexo 1), fabricante
dos aparelhos em questão, obtêm-se as características: li· F
l' ,..m = 1 000 (kA),
AH-11 2,lOW 0,90VAR 2,30VA onde
V-65 0,12 0,12 0,17
1: IB-10 0,80 0,80 1,10 li, máxima densidade de corrente do condutor, em A/mm2 (vale 180 para
o cobre e 118 para o alumínio);
Total 3,02 1,82
F, seção reta do condutor primário (mm 2 ).
Resulta
VA = jw 2 + VAR 2 = j3,022 + 1,822 = 3,52. Então, o condutor primário deveria ter uma seção mínima de
Então, de acordo com as informações do texto, a exatidão recomendada para F=l""m= 40000A = 2
223mm,
o TC seria 0,3B0,2, segundo a norma ASA, e 0,3C5,0, segundo a norma ABNT. 180 180A/mm2
EXEMPLO 3. Suponhamos que o TC do exemplo anterior deva ainda ali- ou seja, uma barra de cobre de ( 1 ; x ; ) pol, por exemplo.
mentar um relé de sobrecorrente tipo 121AC51B, ligado no tape mínimo de 4 A
e destinado a operar com 20 A. Qual seria a nova especificação para ·o TC? EXEMPLO 5. Um TC de relação 100/5 A, cujo condutor primário de cobre
tem 55 mm 2 de seção reta, é colocado em um local do circuito em que a corrente
SOLUÇÃO. Dos catálogos do fabricante (General Electric, Anexo 1), vem: permanente de curto-circuito é de 10 000 A. Pede-se verificar o tempo de soli-
citação permissível para o TC, para fins de ajuste da proteção.
Z(ohm) R(ohm) VA
1
AH-11 0,090 0,085 2,30 SOLUÇÃO. Sabe-se que o aquecimento de um condutor é calculado por
V-65 0,007 0,005 0,17
0,042 0,030 1,10 I~ · t
I.B-10 v=--•
1 IAC51B 0,380 0,110 9,50 F 2 ·e
0,519 13,07 onde
'I Total
i· v, sobretemperatura admissível (para TC pode atingir 190 ºC);
ri Ou então, para o TC com 5 A secundários, l,, corrente permanente de curto-circuito, em amperes;
= Zl 2 = 0,519 x 52 = 13 VA. t, tempo, em segundos;
li P
F, seção do condutor, em milímetros quadrados;
Poder-se-ia, pois, indicar, segundo a ABNT, um TC:AIOF20Cl2,5, para e, constante térmica do material (vale 172 para o cobre e74para o aluminio).
i 1
menos, ou o equivalente ASA-10H50; ou; para mais: B10F20C25 segundo a
ABNT ou lOLlOO segundo a norma ASA (a classe de exatidão a 10% foi esco- Então
lhida porque a corrente de operação é inferior a dez vezes a corrente de tape 190.X 55 2 X 172 _ l
do relé; caso fosse superior; deveria ser especificada a exatidão a 2,5 %). 100002 - s.
82 Introdução à proteção dos sistemas elétricos ANEXO li Tabela de tensões primárias nominais e relações nominais para transformadores
de potencial (ABNT)
Grupo 1 Grupos 2 e 3
-;;-
o. Classe de para ligação de para ligação de
~
~~~ "' o "' o "' o "'o .E. tensão de fase para fase fase para neutro
~
u o" o" o" "' "' "'
o" o" o" ""'"'
o" o" o" " "'
o"o" ~- isolamento Relayífes nominais
:I nominal Tensão
pfimária Relação
Tensão
primária Tensão Tensão
~ o "' o ...._ ••""o nominal nominal nominal secundária de secundária
<
>
"' "'
;:!' "'
cN o"
cN _ .. _...
"' "' "' "' - 00
cNo"o" "' o
cN-" •
·e:>
(kV) (V) (V) 115/j"3 V de-115V
"'
"' "
"O (1) (2) (3) (4) (5) (6)
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Introdução à proteção dos sistemas elétricos Redutores de medida e filtros 85
84
E se os relés fossem ajustados para operar em 1,5 s, qual seria a seção ne- 2: Demonstrar que ~ resposta do filtro da Fig. 7.8, à tensão de seqüência
cessária no primário do TC? Viria negativa, se x 1 = R/.j3 e x 2 = 2R/V 13
J
é umn = 3U A2 e-i•o ·
1,5 - 2
190 x 172 - 67,75 mm .
Observação. Desejando-se religar mais de uma vez sobre o defeito será neces-
sária uma seção
m Umn
"
FIGURA 7.8
IAC 5A
TAPE SA
IAC 5A
TAPE 6A
FIGURA 7.7
Relês semi-estáticos e estáticos 87
simo relé de bobina móvel, ao passo que naqueles pode ser usado um sistema
de retificador controlado de silício (SCR), por exemplo.
Por motivos didáticos vamos apresentar um tipo comum, constante só de
duas pontes retificadoras e um relé de bobina móvel (sensibilidade para 10- 6 W),
CAPÍTULO 8 conforme a Fig. 8.1, e a partir do qual podem ser compreendidos tipos maís
complexos.
z
•
8.1 Introdução
.....
O desenvolvimento de dispositivos semicondutores estáticos com alto grau I t tu
+-~~t--.-'-~-+-~.,,..~--1~~,---~
i(2=2K3
de confiabilidade, como os transistores, o SCR, etc., conduziu ao projeto de r_ 'S:.K4:__
relés de proteção que utilizam esses componentes para produzir as respostas
-K4I
requeridas. Relés estáticos são extremamente rápidos em sua operação porque
não têm partes móveis, tendo, assim, tempos de resposta tão baixos correspon-
-, o
dentes a um quarto de ciclo. Os circuitos são projetados para prover as várias ""
funções de deteção de nível, medida de ângulo de fase, amplificação, tempo-
rização e outras. Tais circuitos reagem instantaneamente aos impulsos de entrada
tr rJl~.
- u R
de corrente e/ou tensão, de modo a fornecer apropriadas saídas para as carac- (ai
terísticas requeridas. (o 1
Tais relés estáticos apresentam as seguintes vantagens básicas, em relação FIGURA 8.1 Relé semi~estático. principio de atuação
aos relés eletromecânicos já apresentados:
a) alta velocidade de operação independentemente da magnitude e loca- Escolhendo-se convenientemente o tape no enrolamento intermediário do
lização da falta; TC, podem-se obter três características diferentes:
b) carga (burden) consideravelmente menor, para os transformadores de
instrumento;
e) menor manutenção, pela ausência de partes móveis, etc.
a) relé de impedância (Z), se K 4 = O 1 %, I .;: 1;
'l ~t
9 ------ . ,...."+KU
Z .;; (a + /f). --- / 9
SÍMBOLO E
8.2.2 RELÉ DIRECIONAL SÍMBOLO OU
De modo semelhante, a Fig. 8.2 mostra a ponte de medida utilizada para FIGURA 8.3 Simbologia de blocos lógicos
obtenção da característica direcionaL empregando relé semi-estático.
Constata-se que, se Como sabemos, a função E produz uma saída se um sinal está presente
IKU + 11 > IKU-11, em 1, e também em 2. Ou seja, se ambas as entradas 1 e 2 não estão presentes,
90 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés semi-estáticos e estáticos 91
nenhuma saída ocorre. Já a função OU gera uma saída sempre que um sinal ÇONVE:llSOll OE ENTRADA
ADAPTAÇÃO OAS COAllfNTfS
AJUSTE D1! COl!JiENTI
!XCITAcfo
T(MPOlll?ADClt COM
OUC:ON!Xio
INDICADOlllS
-1> tc•LllADO
pelo menos, apareça na entrada 1 ou 2. 00 TllA><Sl'O;lff"'ADOR
-1>UCLTA~O
-Dl!ll.llADO
Um exemplo de função de temporização é mostrada na Fig. 8.4. -1.> lXCITAçÁo
"1
FIGURA 8.4 Simbologia de relés estáticos
.,,
O número superior (6) é o tempo de picape temporizado, expresso em milis-
segundos; o número inferior (9) é o tempo de recomposição, também em ms. fONTf O? ALIM?~
t+ t+
,+
~+ ~+
A Fig. 8.4 mostra que, se uma entrada de 6 ms ou mais, se apresenta ao relé,
ocorrerá uma saída; além disso, mesmo após removido o sinal de entrada, o li I' I~ 17 1~
],
'
92 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés semi-estáticos e estáticos 93
1, X
8.3.2 RELÉS DE DISTÂNCIA ESTÁTICOS X
Como, pois, V e VT estão relacionados a ZF e Zr pela mesma corrente I, os A Fig. 8.8(a) mostra o ponto de equilíbrio da característica mho, onde o
fasores-tensão terão o mesmo relacionamenio relativo que os vetores-impedân- fasor de tensão termina sobre a característica. Resulta B = 90º entre V e {I Z - V).
cia Por isso, qualquer característica locada no diagrama R-X tem a mesma Se a falta é movida para mais perto do relé, V decresce em relação~ IZ
declividade que se fosse locada no diagrama de tensões (Fig. 8.7). As tensões [Fig. 8.8(b)], resultando B < 90º. Se a falta é externa, resulta B > 90º [Fig. 8.8(c)f
,] supridas ao relé são V. e V,,, correspondente a diferentes condições de geração Assim, sempre que B .;; 90º, sendo B o ângulo entre V e (IZT- V), a uni-
(S < L). dade mho operará.
),
1•.
111
I",
94 IntroduÇão à proteção dos sistemas elétricos Relés semi-estáticos e estáticos 95
A unidade mho determina se o ângulo B é menor que 90º medindo a coin- A Fig. 8.11 mostra três diferentes exemplos de ondas quadradas que podem
cidência dos fasores de tensão. Por exemplo (Fig. 8.9), consideremos dois con- estar presentes na entrada de funções E; cada conjunto define uma diferente
juntos de ondas de tensão. Para qualquer falta interna, o ângulo B terá um condição de defeito. Assim, a Fig. 8.ll(a) define o ponto de equilíbrio da carac-
valor na faixa de terística mho onde B = 90º. Quando essas formas de onda são aplicadas aos
IBI < 90°. (8.3) blocos lógicos mostrados, ocorre que os blocos positivos são comparados por
E+ e, após coincidência de 4,167 ms, os associados temporizadores provocam
A Fig. 8.9(a) mostra as formas de onda das tensões para B = O; como elas uma saída; ao mesmo tempo, o bloco v+ se anula e a entrada para o tempori-
estão em fase, coincidem a cada meio ciclo. À medida que B cresce, a coincidência zador é removida, mas a saída do temporizador prolonga-se ainda por 9 ms,
toma-se menor, até que para B = 90º a coincidência se verifica só durante tempo este requerido para permitir o picape de outro temporizador, se a falta
1/4 de ciclo. Se a falta é externa, a coincidência se dá em menos de 1/4 de ciclo; persiste (notar que este outro temporizador atua no fim do próximo meio ciclo,
e como 1/4 de Hz é igual a 4,167 ms na base de 60 Hz, a unidade mho operará tempo em que os blocos negativos são coincidentes por 4,17 ms). Assim, as
sempre que haja coincidência maior que 4,167 ms. entradas para a função OU superpõem-se, ligeiramente, resultando em uma
saída contínua.
V
V
v+ v+
v- v-
to) e=o
FIGURA 8.9 Principio de operação do relé estático, tipo mho ( a)B=90º fel B>9o•
A unidade mho executa as medidas considerando primeiramente as tensões FIGURA 8.11 Método bloco-bloco do relé estático, tipo mho
de entrada senoidais em um baixo nível, tal que as formas de onda se assemelhem
a ondas quadradas, e tal que suas partes positivas e negativas sejam separadas Na Fig. 8.1 l(b) é mostrada a coincidência das formas de onda que repre-
e aplicadas a diferentes blocos de funções E (AND), conforme a Fig. 8.10. Nesta sentam uma falta interna. Como a coincidência é maior que 4,167 ms, os tem-
figura v• e(JZr- vi+ são as partes positivas da onda quadrada e v- e(IZr- vi- porizadores atuarão e a função OU produzirá uma saída. Para uma falta externa,
as correspondentes partes negativas. As saídas das funções E são aplicadas a a coincidência das formas de onda será menor que 4,167 ms [Fig. 8.ll(c)] insu-
temporizadores cujo picape é ajustado para 4,167 ms; seus retardos de recom- ficiente, portanto, para at1'ar os temporizadores e ter-se saída na função OU.
posição (reset delay) são de 9 ms e suas saídas são conectadas como uma função Há duas outras características que podem ser obtidas a partir da unidade
OU (OR). O retardo de recomposição garante que a saída da função OU seja mho, simplesmente variando-se o ajuste de picape ou de atuação dos tempo-
contínua para qualquer falta interna. rizadores; são as características denominadas na literatura General Electric
de Lente e Tomate, mostradas na Fig. 8.12. Por exemplo, se a temporização é de
5,556 ms, tem-se uma "lente" com C = 120º; e se a temporização for de 2,778 ms
+ tem-se um "tomate" com e = 60°, etc.
O tempo de operação da unidade mho -depende do instante da ocorrência
MHO
da falta, ou seja, do ângulo da onda de tensão naquele momento. Estatisticamente,
o máximo tempo de operação ocorre para faltas no ponto de equilíbrio ou de
ajuste (Fig. 8.13), e o mínimo tempo para quando V e (IZr- V) estão em fase
FIGURA 8.10 Lógica do relé mho, tipo estático (Fig. 8.14); ou seja, esses tempos máximo e mínimo são de 12,5 ms e 4,167 ms
96 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Relés semi-estáticos e estáticos 97
circuito
IX lX Memória
C< 90°
unidade
MHO
IR
11 Ref.
FIGURA 8.12 Variantes do relé mho
==:Jll
para o equipamento em consideração (General Electric), para o chamado método
bloco-bloco. Se for usado o método pico-bloco, em que uma onda é do tipo qua-
-,
2
=:Jll ~----0----------~ •
Tronsactor
drada e a outra reduzida a um pico, esses tempos são 8,33 e Oms, respectiva- Topes Básicos
mente (mais rápido, portanto, mas só usado em esquemas de bloqueio e não
de desligamento, por ser menos seguro que o primeiro). FIGURA 8.15 Diagrama simplificado do relé estático da General Electric
100 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Panorama geral da proteção de um sistema 101
dos enrolamentos e, finalmente, aos curto-circuitos entre espiras ou mesmo plicidade é sempre um objetivo a ser procurado na proteção. São usuais os
entre fases. recursos a seguir indicados.
a) Proteção temporizada, com relés de sobrecorrente tempo definido, nos
casos de redes radiais, ou nas redes em anel quando o disjuntor de acoplamento
9.4 Proteção dos barramentos se abre instantaneamente, em caso de curto-circuito, tomando a rede radial.
Esta é uma técnica tipicamente européia.
A proteção seletiva dos jogos de barras adquire grande importância nas
b) Proteção temporizada, com relés de sobrecorrente de tempo inverso,
redes equipadas com sistemas de proteção, tais como a diferencial e por fio-
nos casos de média tensão, onde a corrente de curto-circuito for largamente
-piloto, e que em caS;O de defeito não podem agir senão sobre trechos de linhas
superior à corrente nominal do relé, permitindo a coordenação dos tempos de
bem delimitados. Nesse caso, a deteção de defeito nas barras, se não fosse espe-
desligamento dos disjuntores sucessivos a partir do mais próximo ao defeito.
cifica, ficaria a cargo da proteção de reserva, em geral insuficientemente seletiva.
Podem ter ainda um dispositivo de desligamento instantâneo, a máximo de
Tal inconveniente seria menor se a rede estivesse protegida por meio de relés
correnté, particularmente útil em redes contendo cabos que não admitem senão
de distância, caso em que a barra poderia ser protegida pela segunda zona do
uma carga limitada Esta é urna técnica predominantemente americana.
relé, uma razoável solução em muitos casos.
c) Proteção direcional de sobrecorrente temporizada, usada nas redes de
De um modo geral, contudo, a importância de urna rápida proteção de
até 20 kV, com alimantação unilateral, mas tendo linhas paralelas fechando-se
barras é considerável, pois que freqüentemente prpduzem-se grandes concen-.
sobre barramentos comuns, ou no caso de linhas únicas, mas com alimentação
!rações de energia nesses locais o que conduz, em caso de defeito, a grandes
bilateral.
prejuízos materiais e a sérias perturbações à exploração do sistema elétrico.
d) Proteção com relés de distância, para as redes de altas e muito altas-
Diversos fatores dificultam a generalização do emprego da proteção dos
-tensões, bem como redes de média-tensão em malha e com alimentação mul-
jogos de barras:
tilateral. É o padrão de proteção usado ultimamente.
a) a existência de segurança de serviço e seletividade absolutas, já que os e) Proteção diferencial longitudinal, por fio-piloto, usada nas linhas aéreas
desligamentos intempestivos podem ter repercussões desagradáveis sobre a dis- e em cabos de média e alta-tensão, tendo até cerca de 10 km de comprimento,
tribuição da energia e sobre as -interconexões; e nos quais são eventualmente inseridos transformadores. Para linhas curtas,
b) no caso de barras múltiplas, e/ou secionadas, a comutação a ser feita de algumas centenas de metros, usa-se a proteção -diferencial comum, semelhante
automaticamente nos circuitos dos auxiliares, em caso de defeito numa seção, à dos transformadores.
toma-se complexa, já que se exige para cada forma de acoplamento a manu- !) Proteção diferencial transversal, empregada como proteção seletiva para
tenção da seletividade. os cabos e linhas aéreas paralelas, e baseada na diferença entre as correntes
Assim, a estrutura da proteção depende das particularidades de cada caso. circulantes em cada linha, em caso de defeito. Já que ela exige também relés
Basicamente há, entre outras, as seguintes possibilidades: direcionais e outros órgãos suplementares, só será usada quando não for ra-
zoável a proteção longitudinal ou a de distância.
a) colocação de relés temporizados tipo mínimo de impedância, nas linhas g) Proteção contra os defeitos à terra, usada nas linhas aéreas e cabos
de alimentação da barra; onde, em geral, o incidente mais freqüente é o defeito monofásico. Dependendo
b) uso de relés de sobrecorrente, em conexão diferencial, ou relés diferenciais
da forma de ligação à terra, pode aparecer tanto corrente ativa, da ordem da
compensados, vendo-se a diferença entre as correntes que entram e saem da nominal ou menor, como correntes capacitivas (rede com neutro isolado) tam-
barra. bém de baixo valor. Tanto relés simplesmente indicadores do defeito, quanto
eliminadores, precisam ser utilizados, havendo esquemas clássicos.
9.5 Proteção d.as linhas A proteção contra sobrecarga deve permitir a máxima utilização da linha,
sem que o aquecimento resultante a danifique. Assim, quando a temperatura
Os mais importantes defeitos nas linhas são devidos aos curto-circuitos, máxima admissível for atingida será dado um sinal para que sejam tomadas
mas a sobrecarga também precisa ser considerada. medidas, evitando-se o desligamento propriamente dito. Para isso são usados
Se bem que nas redes de muita alta-tensão se deva obter a máxima rapidez relés térmicos diversos, tendo constante de tempo igual ou inferior àquela do
de desligamento por motivos de manuténção da estabilidade, pode-se admitir, cabo a proteger.
por vezes, em redes menos sensíveis, tempos de desligamento atingindo até Uma última observação diz respeito ao· religamento automático, muito
alguns segundos. Sabemos que os equipamentos de proteção são tanto mais útil na presença de defeitos tipo auto-extintores, (cerca de 80% dos casos). O
simples quanto menor a exigência de alta velocidade no desligamento, e a sim- religamento rápido é feito após alguns décimos de segundo, uma única vez, e
102 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Panorama geral da proteção de um sistema 103
aplicável somente a linhas aéreas, nunca aos cabos. Em redes de alta e muito Pode ocorrer que a corrente de defeito seja inferior à nominal do sistema?
alta-tensão é usado o religamento monopolar, freqüentemente, mas o religa- Como resolver um tal caso?
mento tripolar é preferido nas linhas muito longas (algumas centenas de qui- Como fazer a ligação relé-disjuntor?
lômetros) e tensões muito elevadas, devido à dificuldade de extinção do arco Como especificar corretamente cada componente?
residual realimentado pelo efeito capacitivo entre fases. Nas redes aéreas de
média-tensão, com maior incidência de defeito, e já que elas costumam ter neutro Constata-se, imediatamente, que a proteção envolve sempre: não só o relé,
isolado ou aterrado por meio de resistência de grande valor ôhmico, só o reli- a fiação de interconexão, os transformadores de corrente, o disjuntor c~m seu
gamento automático tripolar é indicado. disparador, etc., como também o próprio sistema em que está aplicada. E, pois,
um problema complexo, mesmo nos casos de configurações simples como esta
primeira analisada.
9.6 Síntese dos tipos correntes de
proteção de linhas GERAÇÃO
.
It >>
A crescente complexidade dos sistemas deu origem aos vanos tipos de
proteção hoje existentes. É possível reconstituir a seqüência, partindo-se do
simples para o complexo, ao mesmo tempo envolvendo perguntas que são
_____
,__.TRANSFORMAÇÃO _,_
2 •
i..,.,.,__ _()..f A, \-0~--<'l>-I
______.-.
Surge de imediato, a idéia de colocar também uma proteção de sobrecor-
TR ANSFORMAÇÂO l-0--'3::.C•:.-..:'c3:::.::•5:,ok.:,V-_::S:::.O:..:H::.'--...:,..--(H CONSUMIDOR "A" rente (I ;!>) no início de cada trecho de linha ajustando-as para as respectivas
._ 2
correntes de defeito vistas pelos relés. A dúvida, no entanto, é: se ocorre a falta
1 TRÃNSMISSÃO ., F" todos os consumidores serão desligados e não apenas o consumidor D.
Ou seja, não haveria seletividade nessa solução. Um modo de complementar a
FIGURA 9.1 Sistema radial, um consumidor
solução seria introduzir tempos de operação crescentes de C para A. Conclusão:
agora o sistema de proteção será depende~te de duas variáveis - corrente e
Ora, neste caso o subsistema de transmissão oferece apenas possibilidade tempo.
de fornecer energia ao consumidor A, através de um circuito singelo 1-2. Con- Uma pergunta adicional seria que tipo de temporizador utilizar e como
seqüentemente, no caso da falta em F, basta que seja desligado o disjuntor da conjugar esse elemento com o relé? Ou, ainda, esses tempos são de valor "de-
linha em 1; ou seja, é suficiente um relé de sobrecorrente (I!!>) no início da linha finido", ou poderiam ser dependentes do valor da corrente?
e atuando o disjuntor, caso seja ultrapassado seu valor de regulagem (I, > I,). Então, neste segundo esquema, ou seja, para um sistema com alimentação
Re,solvida esta questão, no entanto, outras complementares surgiriam: unilateral e diversos consumidores, a proteção seletiva é obtida com relés combi-
nando valores de corrente e tempo de operação. Além disso, surge um fato novo
Como estabele~~i a ligação entre o relé e a linha de alta-tensão? Direta com a temporização sucessiva: é a noção de "proteção de retaguarda", ou de
ou atraves de transformadores de . medida? segunda linha De fato, se ocorre a falta F 3 e o relé em 7 não opera no tempo
Em quantas fases devem ser colocados 'os relés? T3 , cabe ao relé em 5 operar no tempo T2 • É evidente, no entanto, que com a
A proteção sofreria alteração com o tipo da falta? operação da proteção de retaguarda o defeito persiste por mais tempo, ocasio-
Se falhar a atuação do relé 1, quem deve suprir a deficiência? De que ma- nando danos mais graves e, ao 111es1no tempo, os consumidores C e D seriaft"'
neira e em que tempo? desligados, o que, contudo, no momento, é o mal menor!
1
•
104 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Panorama geral da proteção de um sistema · 105
Perguntas complementares, semelhantes às do caso anterior, precisariam Constata-se, de imediato, que a solução anterior não é mais conveniente:
ser respondidas igualmente, do mesmo modo que nos casos que se seguem. os fluxos de corrente assumem combinações diversas dependendo não só da
localização e tipo da falta, como da condição de operação pré-falta. Assim, os
G-T - 1 -
A
-B
l))
6
e
7
rn m
•
D
o-r
trechos 5-6 e 5'-6' poderiam ser desligados para a falta F, sendo errado para o
trecho 5-6!
Deve-se, pois, introduzir um novo parâmetro discriminador. Por exemplo,
"''
r, f2 r, f4 f5 rs T7 Ta a possibilidade de determinado relé medir a distância entre sua localização e a
falta, ao mesmo tempo combinando o valor da sobrecorrente e direção do fluxo
f
da corrente e os tempos de atuação. Essa é a seletividade permissível, hoje, com
FIGURA 9.3 Sistema com dupla geração, vários consumidores os relés de distância dependentes, pois, da corrente (Jl> ), do tempo (t), do sen-
9.6.3 Seja agora o esquema da Fig. 9.3; considerando que o sistema tem ali- tido do fluxo (N) e da distância do defeito (DQ).
mentação bilateral, como fazer a proteção seletiva para uma falta F? Como tivemos oportunidade de discutir, em capítulos anteriores, todo esse
Uma solução intuitiva seria considerar cada fonte alimentando em um ferramental está à disposição do engenheiro de proteção. Evidentemente, nesta
sentido, de extremo a extremo, e colocar nos diversos consumidores A, B, C e D análise que precede as aplicações, tivemos a intenção de abordar apenas os
relés de sobrecorrente (Il>) e respectivos temporizadores (T). O problema, casos mais gerais e simples; um completo estudo de hipóteses de combinações
porém, é que para a falta F, no trecho 3-4, deveríamos ter T3 < T, e T4 < T5 , de defeitos e esquemas de sistemas é algo impossível, nos limites de tempo e espaço
por motivos de seletividade. No entanto, se a falta fosse registrada no trecho disponíveis neste estudo. Como em outras especializações, também na proteção,
1-2 ou 5-6, deveríamos ter T2 < T3 ou T5 < T4 , respectivamente. Há, pois, um caberá ao engenheiro "criar" soluções para cada caso particular, utilizando
impasse: às vezes T2 < T3 , Outras vezes T3 < T2 , o que é inviável de realizar-se· sua capacidade de observação e raciocínio, aliados a conhecimentos prévios
na prática. e a persistente estudo.
É, pois, necessário fazer-se uma discriminação do sentido da alimentação;
ou seja: o relé deverá decidir se deve operar ou não, analisando não só o valor
da sobrecorrente (Il> )eo tempo (T), como também a direção do fluxo de corrente.
A seletividade do sistema é conseguida agora fazendo-se conveniente cali-
bração dos relés ímpares, alimentados pela fonte esquerda, e dos relés pares,
alimentados pela direita, como se as duas fontes fossem independentes, e impondo
a condição de que um relé ímpar, por exemplo, bloqueia sua atuação se a cor-
rente alimentadora vem da direita. Em resumo, faz-se com que, em cada trecho,
os relés de extremidade "olhem" para dentro somente, e se a falta aí se encontra,
eles atuarão ou, na falha desses, os imediatamente próxnnos, em ação de
retaguarda.
•, B e s
• D
• E
0-T
- 2
• 4 7
- c-r
I'
- ••
1'
FIGURA 9.4 Sistema com dupla alimentação, duplo circuito de transmissão e diversos con-
sumidores
9.6.4 Para finalizar nossas considerações, seja agora o esquema da Fig. 9.4; •.J.
~.
CAPÍTULO 10
10.1 Introdução
Nesta 3.ª parte são tratadas as aplicações de relés a cada um dos diversos
elementos que compõem o sistema elétrico de potência.
Se bem que haja um bom entendimento enfre os engenheiros de proteção
sobre o que constitui a proteção necessária e como provê-la, há ainda muitas
diferenças de opinião em certas áreas. Isso é uma característica intransponível,
se considerarmos que há ainda muita Arte a par da Ciência que já se faz presente
na área de proteção. Só o tempo fará com que cada engenheiro encontre a sua
linha média de verdade. Assim, será nossa preocupação expor o que há de mais
corrente e mais acorde, referido a cada parte do sistema. As possíveis diver-
gências de opinião são discutidas em cursos mais avançados.
Neste capítulo será dada ênfase especial à proteção dos geradores síncronos
de corrente alternada. A proteção de motores, de conversores e de outras má-
quinas rotativas será objeto de análise menos profunda aqui, mas objeto de um
estudo especial em outra oportunidade.
112 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máauinas rotativas 113
132 kV
iii) contra sobreaquecimento,
/ /
iv) contra circuito aberto;
b) Rotor
i) contra curto-circuito no campo,
ii) contra sobreaquecimento do rotor, devido à carga desequilibrada no si@:......J°" / g-0 64 R
estator;
BO fI:>,,.,=--f
OTQ 87T
c) Sobretensões; _WTQ C>
d) Perda de excitação e/ou perda de sincronismo; TP 59Q-CD-/
e) Superexcitação; AVR©--/
f) Vibrações;
g) Antimotorização; 40
h) Sobrevelocidade; i20MW
i) Subfreqüência, etc. >- 13,BkV
0VT 7
Na Fig. 10.l é mostrada, esquematicamente, usando-se a simbologia ASA, 64A
oos
W'f-~Q4s
a proteção típica de uma unidade-bloco gerador-transformador de grande porte
(120MW).
64 64I
40~
114 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 115
a) cada relé deve ser alimentado por TC exclusivos dessa proteção e co-
) ) locados o mais perto possível dos terminais do gerador;
,,' , , h
b) a fiação entre os TC e os relés deve ser curta e simétrica;
c) a ligação dos TC, em estrela, à terra (eletrodo) deve ser feita só no lado
o
52 da fase; e a interligação entre os vários TC deve ser feita com fio de mesma
1 R
seção que os de fase .
r -- -- ,..,
•
> 1 ..
1 ::
1 1
Gerador
1 t ~ '
e' --- - _J
1'
10.5 Proteção diferencial do estator contra
, curto-circuito entre espiras
1
1 Quando as grandes máquinas têm fases subdivididas, por motivos cons-
trutivos, o defeito de curto-circuito entre espiras é detetado por simples relés de
- - sobrecorrente ligados em conexão diferencial transversal. É proteção sempre
4
aconselhável nos arranjos bloco-gerador-transformador, mas em desuso nas
unidades não em bloco (isolamento moderno melhorando, e o defeito tendendo
FIGURA 10.2 Proteção diferencial percentual de gerador
rapidamente para fase-fase, que é detetável pela proteção diferencial longitu-
dinal). O ajuste típico do relé é para corrente de desequilíbrio maior ou igual
a 5 % da corrente nominal do gerador. A atuação dá-se sobre os mesmos ele-
mentos que os da proteção longitudinal (que não pode ser dispensada).
116 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 117
10.6 Proteção diferencial do estator contra uma resistência, um transformador de distribuição com resistor de carga, uma
reatância ou um transformador de potencial (Fig. 10.5). Com a corrente do
falta à terra neutro limitada na ordem de 250 A, relés e disjuntores de alta velocidade são
requeridos; com 5-20 A ou menos, como é mais usual, relés de ação mais lenta
O aterramento do neutro de um gerador através de alta impedância tem são suficientes. Quanto mais alta a impedância do neutro, entretanto, maior o
as seguintes finalidades; risco de criar outra falta no enrolamento devido à tensão de ressonância com a
a) limitar os esforços mecânicos; capacitância do estator para a terra e o equipamento conectado a ele. A prática
b) limitar os danos no ponto de defeito; moderna é usar um transformador tipo distribuição monofásico, com resistor
c) proteger contra as descargas atmosféricas; de carga, não excedendo cerca de 45 kVA:
d) limitar as sobretensões transitórias; No caso de um gerador não conectado em bloco, o valor da impedância
e) necessidade de obter correntes para releamento seletivo das faltas fase- do resistor de aterramento é dado por Z = v;ft x I, onde:
-terra.
V, tensão entre fases do gerador;
Em geral, nesse tipo de aterramento, os relés diferenciais não são sufici- I, valor da máxima corrente de terra permitida (5-20 A).
entemente sensíveis e seguros contra desligamentos intempestivos devidos a Em geral a proteção cobre cerca de 80-90 % do enrolamento, ficando o
faltas externas à sua zona de proteção. restante, a partir do neutro, desprotegido. Isso, no entanto, não é grave já que
No caso do bloco gerador-transformador, mostrado na Fig. 10.1, e que
são muito menos prováveis as faltas nesse trecho do enrolamento.
constitui prática moderna, com o enrolamento do estator terminando no enro-
lamento de baixa-tensão do transformador, um sensível relé de seqüência zero
pode ser usado para proteger contra todas as faltas à terra É usual projetar-se
esse relé para ser insensível às correntes de terceiro harmônico e ter um ajuste 10.7 Proteção de retaguarda do estator por
da ordem de 15% em relação ao regime da impedância do neutro. Onde um . meio de rei és de sobrecorrente
relé de tempo inverso é usado, ajusta-se-o para picape sob 5 ~~ do regime da
impedância do neutro, e atuado em 0,5 s sob dez vezes o regime da impedância
do neutro. Se não existem TC conectados nas extremidades do neutro dos enrola-
mentos do estator em estrela, ou se o neutro não é acessívei os dispositivos de
Nos raros casos em que o gerador é isolado da terra, são usados detetores
proteção podem ser atuados somente pela corrente de curto-circuito suprida
eletrostáticos para esta proteção, já que as correntes de falta à terra correspondem
pelo sistema, conforme a Fig. 10.6. Tal proteção é efetiva somente quando o
aos baixos valores de correntes capacitivas alimentadas através das fases sadias.
disjuntor está fechado ou existe outra fonte externa. Se o neutro do gerador
Devido aos efeitos destrutivos de uma falta à terra (condutor para o núcleo),
não é aterrado, uma sensível e rápida proteção de sobrecorrente pode ser pro-
em conseqüência da alta temperatura do arco, a corrente de falta é usualmente
vida; porém, se o neutro é aterrado, um releamento de sobrecorrente direcional
limitada por uma impedância colocada no neutro do gerador, e que pode ser
deve ser usado para maiores sensibilidade e velocidade. Em cada caso, relés
R S T de sobrecorrente direcionais devem ser usados para proteção de fase.
Se relés de sobrecorrente com restrição de tensão, não-direcionais, são
usados para proteção de retaguarda contra falta externa, eles também servem
para proteger contra faltas nas fases do gerador.
No entanto, nenhúma das anteriores formas de releamento serão tão boas
como os relés diferenciais percentuais e não devem ser usadas exceto quando
o custo para tornar acessível os terminais do neutro, e instalar neles TC e relés
diferenciais, não puder ser justificado.
Um tipo de relé usado é o de sobrecorrente, ajustado para 1,3-1,41, x 4-10 s;
, . ., rn .
o;otri'";'㺠·~- Rei•
é preferível usar relés de tempo definido, para fins de coordenação, com o· cui-
dado de regular para corrente inferior à corrente mínima de defeito permanente.
A temporização do relé deve ser, no máximo, igual ao tempo que o fabricante
garante para suportar a corrente de defeito.
':'" Resistw de carga
É sempre preferível usar três TC, ao invés de dois, e tão próximos aos ter-
FIGURA 10.5 Proteção do estator à terra com transformador de distribuição no neutro minais do enrolamento quanto possível.
r
1
118 Introdução à proteção dos sistemas elétricos
usinas sem operadores. A Fig. 10.7 mostra uma forma de ligação dos detetores
em ponte de Wheatstone e um wlé direcional, em forma preferencial.
119
-5
R••istor
S'rie
Para geradores até 30 MW podem ser usados relés tipo réplica ou de imagem
térmica, sem detetores como acima, e que podem ser energizados a partir de TC
2
'il'Ç..:;~.'1;.-'1:;____ _ _ _ __J que transformam a corrente do estator, e, por variação da resistência, fazem
(b) atuar alarmes.
Dispositivos suplementares podem monitorizar a temperatura do ar de
FIGURA 10.6 {a) Proteção de retaguarda por meio de relés de sobrecorrente, e (b) proteção
contra sobrecarga e proteção de sobrecorrente temporizada. associadas refrigeração ou o óleo dos mancais, sendo regulados para alarme a 5-10 ºC,
acima das temperaturas julgadas normais.
estator
j 1 -
O sobreaquecimento do estator pode ser causado por sobrecarga ou por
falha no sistema de refrigeração. Além da proteção de sobrecarga temporizada,
r1•·
.' FIG U AA 10.8 Proteção contra sobretensão do gerador
mostrada na Fig. 10.6(b), é costume colocar bobinas detetoras de temperatura
ou termopares nas ranhuras do enrolamento do estator de máquinas maiores
que 1 500 k VA (pelo menos seis bobinas, bem distribuídas) para acionar um A proteção é freqüentem:nte garantida pelo regulador de tensão; caso
sistema de alarme para os operadores. ou provocar uma redução de carga em contrário, ela é provida por um relé de sobretensão temporizado com picape
em cerca de 1,10 Un e a unidade instantânea com picape entre 1,3-1,5 Un. O
120 Introdução à Proteção dos sistemas elétricos Proteçlo das máquinas rotativas 121
relé deve ser alimentado por T P que não o alimentador do regulador de tensão. - ~-- ...,,
/V" \
Em geral, a operação do relé introduz resistência adicional no circuito de campo, Excitotriz @eerador 1
1
por exemplo, em 0,5 s; se persiste a sobretensão (cerca de mais 8 s) devem ser 1
1
atuados os disjuntores principal e do campo do gerador (em cerca de 4 s, no 1
máximo, por exemplo). A Fig. 10.8 mostra um esquema em que um dispositivo 1
1
adicional toma o relé insensível à variação da freqüência. 1
1
1
1
1
Proteção contra perda de sincronismo -.._ ________ ,.., .., I
1
10.11
(o) Por CC lbJ Por .CA
A perda de sincronismo dos alternadores sincronos pod~ ser devida seja a
um defeito de excitação (abertura involuntária do disjuntor de campo; rom- FIGURA 10.9 Proteção de CC no campo do gerador
pimento de um condutor; ou por defeito no sistema de regulação) ou a uma
causa exterior (curto-circuito na rede; desligamento de um importante consu-
midor de carga indutiva; ou conexão a uma longa linha em vazio). 10.13 Proteção contra aquecimento do rotor
Na prática, no entanto (e salvo para conversores de freqüência indução-
-síncronos usados na interconexão de dois sistemas, caso em que a proteção
devido a correntes desequilibradas do
contra perda de sincronismo existe no lado síncrono), não é usual o emprego estator
dessa proteção, já que ela é assegurada pela obrigatória proteção de perda de
campo discutida adiante. 1
As principais condições que provocam danosas correntes desequilibradas
1 no estator são:
a) abertura de uma fase de uma linha ou falta de contato de um pólo do
10.12 Proteção do rotor contra curto-circuito disjuntor;
b) falta desequilibrada próxima à central, e não prontamente removida
no campo pelos relés normais;
c) falta no enrolamento do estator.
Como o circuito de campo opera não-aterrado, uma primeira falta não
provocaria dano ou mesmo afetaria a operação do gerador. No entanto, essa
A componente de seqüência negativa da corrente desequilibrada do estator
falta pode aumentar o esforço para a terra em outros pontos do campo quando
induz uma corrente de freqüência dupla no rotor. Se o grau de desequilibrio é
tensões são induzidas no campo devido a transitórios no estator. Assim, a proba-
suficientemente grande, severo sobreaquecimento pode ser provocado nas partes
bilidade de ocorrer um segundo aterramento aumenta. E se esse segundo defeito
estruturais do rotor, o que tende a afrouxar as cunhas e anéis de retenção do
ocorre realmente, parte do enrolamento do campo é curto-circuitado, criando enrolamento.
um desequilibrio de fluxo no entreferro e gerando forças magnéticas desequi-
O tempo durante o qual o rotor pode suportar esta condição é inversa-
libradas no rotor, capazes de deformar o eixo e, por vibração, chegar à quebra
mente proporcional ao quadrado da ~orrente de seqüência negativa, isto é,
dos mancais ou roçamento do rotor contra o estator, dentro de 30 min a duas
K = I~t onde:
horas, por exemplo. O extenso dano resultante é oneroso e deixa a máquina
fora de serviço por longo tempo. K = 7-30, para turbina a vapor,
Em centrais com operador, salvo em caso de grandes vibrações detetadas, K = 40-60, para turbina hidráulica,
só há alarme no primeiro contato à terra. A proteção preferida consta de um e I em amperes e t em segundos (Fig. 10.11).
relé de so.bretensão com injeção por fonte auxiliar (contínua ou alternada),
colocado entre o circuito de campo e terra (escova no eixo, no caso do relé de Em geral o fabricante fornece a curva (K = Iit) do gerador, permitindo ajustar
corrente alternada). a característica do relé de tempo inverso (alimentado pôr filtro de seqüência
A Fig. 10.9(a) mostra um esquema com relé de corrente continua (com negativa) imediatamente abaixo daquela curva.
picape regulado para 1,5 % da tensão de campo); a Fig. 10.9(b) mostra esquema · O relé pode atuar o disjuntor ou apenas operar um alarme em pequenos
com relé de corrente alternada (neste caso o relé deve ser menos sensíve~ para desequilíbrios, sendo regulado para / 2 = 8-40%/t> com retardo para prever
desequilíbrios de pequena duração. Por exemplo, há relés em que uma primeira
evitar intempestividade devida à capacitância para a terra).
122 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 123
• 220
2
ªº'
"º
10
5
(a) (b)- RELÉ PUM BBC
do primeiro para o quarto quadrante que é penetrado, em caso de severa redução 10.16 Proteção contra vibração
ou mesmo perda da excitação. Então, circundando esta última região com a
característica do relé, ele operará quando o gerador começa a deslisar e des- A proteção do rotor contra sobreaquecimento devido a correntes desequi-
liga-o antes que seja danificado. Se o gerador for desligado rapidamente, pode libradas no estator, minimiza ou elimina a vibração, dispensando proteção
retomar ao serviço; caso contrário, se trabalhou sem excitação algum tempo, específica. Em turbinas a gás, de alta rotação, costuma haver registradores para
precisa ser examinado cuidadosamente antes de religá-lo à rede. deteção de possíveis faltas progressivas.
A Fig. 10.12(b) mostra a ligação de um relé contra perda de excitação (tipo
PUM, da Brown-Boveri). Para o relé, o gerador, cuja excitação foi suprimida,
é visto como uma reatância indutiva. Enquanto a máquina está em sincronismo,
10.17 Proteção contra. motorização
essa reatância corresponde à sua reatância síncrona X.d ; se a máquina sai de É feita com vistas à turbina e não ao gerador. Assim, o fabricante indica
sincronismo, paralelamente com o aumento de deslizamento, a reatância se tempos críticos de operação após os quais pode haver sério risco para a turbina
aproxima do valor da reatância transitória x;. Tal relé foi construído de modo (na turbina a vapor, aquecimento do rotor; na hidráulica, cavitação; no motor
a funcionar tão logo o valor da rÇ.atância medida se encontre no interior de um diesel, pode incendiar o óleo não queimado; etc.) ou indesejável carga para a
círculo, cujo centro é colocado sobre o eixo negativo de reatância e cujas inter- rede resultante do gerador operando como motor e tracionando o. conjunto
cessões com ele podem ser escolhidas em função de X, e x;, por meio dos órgãos gerador-turbina, se o fluxo (vapor ou água) paralisa, por qualquer razão, na
de ajuste do relé. Verifica-se na Fig. 10.12(b) que há uma comparação entre os turbina.
conjugados de tensão e de corrente magnetizante, sendo este último somado ou Como se trata de um fenômeno simétrico, usam-se relés monofásicos de
subtraído daquele, resultando operação do relé ou não, respectivamente, se o potência inversa, regulados para cerca de 0,5-3 % da potência nominal, respec-
sentido da corrente reativa é para o gerador ou para .a rede. Para atender vários tivamente, para .turbina hidráulica e a vapor, e temporizados até minutos (veja
problemas (por exemplo, curto-circuito bifásico próximo ao gerador ou marcha as instruções do fabricante).
síncrona sem excitação, etc.), é usual deslocar-se o círculo da origem, regulando-se
o relé como indicado:
a. Turboalternador
10.18 Proteção contra sobrevelocidade
círculo de impedância: x, e 0,5 x; É fornecida com a turbina ou com regulador de velocidade, na forma de
temporização: 2 s uma chave centrífuga, por exemplo. Pode ser também usado um relé de sobre-
b. Alternador de pólos salientes freqüência. O ajuste, em qualquer caso, é da ordem de 110% (turbina a vapor)
círculo de impedância: 0,8 x,
e 0,5 x; a 140 % (turbina hidráulica), conforme instruções do fabricante. A atuação é
temporização: 2 s. sobre o fluxo de vapor ou água, freios e disjuntores do gerador.
A temporização destina-se a permitir a auto-sincronização; de fato, em caso 10.19 Proteção contra sobreaquecimento dos
de marcha assíncrona da máquina excitada (por exemplo, devido aos transi-
tórios do sistema), o vetor impedância oscila fora do círculo, podendo provocar · mancais
funcionamento intermitente do relé (em geral, pois, é adicionado ao relé um
O sobreaquecimento pode ser detetato por um relé atuado, seja por um
integrador de impulsões, para a discriminação). Essa temporização é coman-
dada por um relé de tensão mínima, em geral ajustado para 0,7 Un. bulbo termométrico colocado em um orifício do mancai, ou por detetor de
temperatura, tipo resistência, embutido no inancal. Pode haver também um
controle sobre o fluxo do óleo de refrigeração. Em geral só há atuação de alarme,
em centrais com operadores.
10.15 Proteção contra aquecimento do rotor
devido à sobreexcitação 10.20 · Proteção de retaguarda contra falta
É feita indiretamente pelo equipamento de proteção contra sobreaqu~ l externa
cimento do esta.tor, ou pela característica de limitação da excitação do equi- '!.'
li Os geradores devem ter provisão contra continuidade de fornecimento de
l
pamento regulador de tensão.
:ij corrente de curto-circuito a uma falta em elemento do sistema adjacente, e não
eliminada por falha do releamento primário respectivo.
J
126 Introdução à proteção dos sistemas el,tricos Proteção das máquinas rotativas 127
Em geral, relés de sobrecorrente satisfazem para faltas à terra, enquanto Para os motores de serviço essencial é costume omitirem-se os relés de
para faltas fase-fase é preferível um relé de sobrecorrente com restrição por sobrecorrente de tempo inverso de fase, como descrito anteriormente, evitando-se
tensão, ou relé de distância (uma zona só). É costume usar relés de proteção desligamentos intempestivos por outras causas que não o curto-circuito.
de retaguarda do mesmo tipo que o usado no correspondente releamento
primário.
b) Proteção contra sobreaquecimento do estator
Todos os motores necessitam proteção contra sobreaquecimento resul-
tante de. sobrecarga, rotor bloqueado ou correntes desequilibrad11s. Para isso
10.21 Outras proteções diversas são colocados elementos de sobrecarga em cada condutor de fase (melhor que
só em duas, isto aceitável para motores abaixo de 1 500 HP).
Há ainda outras proteções mecânicas, contra fogo, etc., bem como dos Em motores não de serviço essencial, menores que 1 500 HP, usam-se relés
próprios auxiliares da central, mas que não serão analisados nesta primeira de sobrecarga tipo réplica, relés de sobrecorrente de tempo inverso, ou dispa-
etapa. Mesmo a proteção de subfreqüência, será deixada para um tópico especial, radores de ação direta É preferível o relé tipo réplica por acompanhar melhor
em cursos mais avançados, por interessar mais ao sistema que ao gerador (sis- a curva de aquecimento do motor. Para motores de serviço continuo o ajuste
temas de rejeição ou de conservação de carga). é feito para 1,151,·; para motores com fator de serviço de 115% o ajuste é para
1,251,; para outros fatores de serviço ou outras condições, não exceder o ajuste
de 1,401,. Motores acima de 1 500 HP utilizam geralmente detetores de tem-
10.22 Proteção dos motores peratura tipo resistência, embutidos nas ranhuras do estator e atuando um relé
de sobrecorrente simples. Também, nesses grandes motores, pode haver relés de
As prescrições referentes aos motores pequenos são bem estudadas em balanço de corrente, ajustados para 25 %ou menos de desequi!ibrio entre as fases.
publicações como o "National Electrical Code''. Aqui serão analisadas, sucin- Quanto aos motores de serviço essencial, deve-se procurar minimizar as
tamente, as proteções de motores síncronos, de indução, conversores síncronos, possibilidades de desligamento desnecessário. Assim, os relés de sobrecorrente
etc., em locais com operadores. de tempo inverso só atuam alarme para sobrecarga além de 1,151,, enquanto a
Basicamente, para motores grandes devem ser previstas proteções contra unidade instantânea é ajustada para 2-31, em caso de rotor bloqueado.
curto-circuito no enrolamento do estator; contra sobreaquecimento do estator;
contra sobreaquecimento do rotor; contra perda de sincronismo; contra sub- c) Proteção contra sobreaquecimento do rotor
tensão; contra perda de excitação; contra falta à terra no campo.
No§ motores indução tipo gaiola, usam-se relés tipo réplica ou de sobre-
a) Proteção contra curto-circuito no enrolamento do estator corrente de tempo inverso. Nos motores de rotor bobinado é útil consultar o
fabricante. Nos motores síncronos a proteção dos enrolamentos amortecedores,
A proteção de sobrecorrente é o tipo básico usado: fusíveis (motor até durante a partida, deve ser prevista, principalmente se o motor parte em carga;
600 V), disparadores de ação direta e relés atuando sobre disjuntores (2 200 V se usados relés de balanço de corrente, a proteção global fica garantida, incluída
e acima). a partida. Ainda nos motores síncronos deve ser usado relé térmico para pro-
Deve ser feita uma distinção entre os chamados motores para serviço essen- teger o enrolamento do campo contra prolongada sobreexcitação alertando o
cial ou não. operador.
Nos motores de serviço não-essencial costuma-se usar relés de sobrecor-
rente de tempo inverso, com unidade instantânea, em cada fase. O ajuste dos
relés de tempo inverso de fase é feito para cerca de 41,, com retardo para ultra- d) Proteção contra perda de sincronismo
passar o tempo de partida; a unidade instantânea é ajustada para a corrente Todos os motores .síncronos partindo em carga devem poder removê-la,
de rotor bloqueado. Os relés de terra de tempo inverso são ajustados para cerca de bem como a excitação, em caso de perda de sincronismo, e reaplicá-la quando
0,21, ou 10% da máxima corrente de falta à terra disponível, se menor que permissível.
aquela; sua unidade instantânea ajusta-se entre 2,5-101, (pode ser dispensada,
em caso de risco de desligamento intempestivo). Ainda, para faltas à terra pode
ser usado um relé especial, denominado "sensor de terra" alimentado por TC .el Proteção contra subtensão
tipo bucha abraçando os três condutores de fase. Releamento diferencial per- Exceto os motores de serviço essencial, os demais usam como proteção
centual é· recomendado para· os grandes motores, como 2 200-5 000 V, acima contra subtensão o relé monofásico tipo tempo inverso até 1500 HP e o relé
de 1 500 HP, e acima de 5 000 V com potência também acima de 500 HP. trifásico para motores maiores.
1
i
l
,.,
128 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 129
FIGURA 10.13
IF = I~N = 5 A (fixada).
130 Introdução à proteção dos ristemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 131
__r,A =o c) Calcular a corrente primária mínima de operação (!) do relé escolhido
acima, sendo conhecidas as curvas de excitação dos TC, conforme a Tab. 10.2.
d) Calcular a porção do enrolamento do estator do gerador que é efeti-
vamente protegida pelos relés diferenciais anteriormente mencionados, no caso
. _ 1 FC de falha fase-terra. Comentar o resultado .
FIGURA 10.16
TABELA 10.2 Tabela dos TC {item 2c)
Logo
1
'" = 0,24
J3
+ 0,24 pu, V (volts)
/ex (amperes)
V (volts)
!ex (amperes)
FIGURA 10.17
SOLUÇÃO
Confirma-se, pois, a hipótese do pior curto-circuito ser o trifásico. Assim,
a) Esqüema unifilar do circuito CA
esse valor será usado nos problemas que se seguem, como pior hipótese.
b) Cálculo do ajuste do relé naquele caso, corretamente. Isso garante a segunda norma da proteção dife-
Uma norma fundamental da proteção diferencial é que o relé deve ficar rencial: o relé deve operar para a falta interna.
inoperante, mesmo para o maior valor possível da corrente de curto-circuito, c) Cálculo da corrente primária (J,,) de operação
para uma falta externa à zona protegida. O relé em questão é ajustado para um Segundo o catálogo do relé, essa corrente primária mínima de operação
valor de restrição VR, tal que não opere para o valor de defeito externo máximo é dada pela expressão abaixo (é da ordem de 2 % da relação de transformação
calculado. dos TC):
Assim, mesmo para um C-C trifásico que tivesse o valor de 10 460 A, como
calculado no ponto Fi, na ausência do valor real máximo de defeito externo, 11, = RTC(lR + I•.),
a tensão (e A - eB) aplicada aos terminais do relé deveria ser zero, para uma
falta que fosse externa F e, idealmente. Por outro lado, na pior hipótese, se o onde IR, corrente de operação do relé (dado do fabricante), I;,, somatório das
TC cujo cabo de ligação tem a maior resistência satura (x 2 = O), teremos entre correntes de excitação dos TC, por fase, na tensão de ajuste VR.
A e B o maior valor possível de tensão, para uma falta externa. De fato, o cir-
cuito equivalente é: Portanto, devemos inicialmente
i) Levantar as curvas (V x 1.,) dos TC (Tab. 10.2);
,,, ,---__,..,.,""'""'"""---:.:-----.
~ Fi ii) Calcular as correntes primárias correspondentes, usando o seguinte
circuito equivalente para falta interna:
1 Ra Rc e R RCS
,;
-i.
Rce
-"
Ra Rs Ro
z
•t
Fe
"
FIGURA 10.19 ir,., X
-I1
no catálogo do fabricante, •I
FIGURA 10.20
1, 10460
VR = VA - V8 = RTC (R, + R,) = 600 (1,35 + 0,643) = 34,74 V. Do circuito deduziremos para a falta interna Fi:
ls1 = l~ + I 1'
Admitimos que R 87 l> (R, + R,), donde 1,2 = 1, 1 ; assim 1,2 irá circular pelo Is2=I;+12,
TC2 saturado, gerando a tensão V,. a menos de um pequeno erro conservativo. l,=l, 1 +1, 2 ,
Este valor seria um pouco menor, realmente, se considerássemos a pequena
l, = 1, 1 + 1,,
corrente l R que circula na bobina de alta impedância do relé. Para garantir que e
o relé não opere, mesmo para falta externa Fe, é usual adotar-se ainda um fator I,. + 1,2 = (l~ + l~) + 11 +1 2 ).
de segurança da ordem de uns 50%. Ou seja, dentre os ajustes possíveis, for- Logo,
1, 1 + 1, 2 = (1'1 + l~) + (1 1 +1 2 ).
necidos pelo fabricante do relé, adotaremos
VR = 50V. Mas, como (1 1 + l 2) = l R (mínima corrente de operação do relé: dado
de catálogo1 vem
Nota. O valor de V,. para C-C interno (Fi) é da ordem de algumas vezes maior
que o da falta externa (Fe); logo, mesmo adotando VR = 50 V, o relé operará,
134 Introdução à proteção dos sistemas elétricos
Proteção das máquinas rotativas 135
Locando-se as curvas (V x I .,), ou interpolando na Tab. 10.2, e entrando com
como a porcentágem de enrolamento que fica protegida, vem
o valor V= 50 V (ajuste do relé, fixado anteriormente), tiram-se
q = 100-198,
1'1 = 12 mA e 1'2 = 8,8 mA.
q = -98%,
E como foi dada a mínima corrente de operação do relé IR = 16,5 mA, vem
i em (10.1)
indicando que nada no enrolamento é protegido, para falta fase-terra, pelo relé
diferencial. Logo, é necessário colocar relé de neutro para proteger o enrola-
I, = 600[(12 + 8,8) + 16,5] X 10-', mento do gerador contra aquele tipo de falta (veja o Problema 3).
ou Outra forma de raciocínio para solução do problema é a seguinte: a queda
/ 1,mi• = 22,38A de tensão no resistor do neutro, devido à corrente primária mínima de atuação
(ou de picape) do relé é
que é a mínima corrente primária capaz de fazer o relé operar para uma falta
interna (Fi). No caso, como RTC = 600, resultou ser 22,38/600 ~ 3,7~~ ao V= z. ·IR· RTC = (1594 x 9,9) V,
invés dos 2 % esperados.
Logo, para os curto-circuitos fase-fase e trifásico calculados no Problema 1
(suposta a falta nos terminais do gerador), o relé opera corretamente. 13800
V.
d) Porcentagem do enrolamento protegido no defeito fase-terra
Já vimos que
xE x V
IF=-=-·-A
z. z. J"3 -;,
, __
i
e também 6U =1m RTCX Zn
IF = I,·RTC, 1
136 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 137
IJ
E a impedância equivalente será
Zeq J• Z1 'Zs9R (388,9~)(306,37 flhl)
i. Z1 + Z59x 128,03/-47,80
·'J
FIGURA 10.23 = 930,62/31,5 = 793,48 + j486,25 íl.
Então,
Transformando os valores de L e C, vem VR 5/S)_
1 106 6 ' = z., = 930,62/31,5 = 0,0054/-31,5 A.
X,= 2nJC = 2n X 180 X 6,82 = 0,000130 X 10 = 130,
A queda no filtro é
XLl = 2n X 180 X 0,78 = 882,2Q.
Logo, V= i. Z2 = (0,0054/-31,5)(421,76/82,83) = 2,266/51,33,
z 59 x = R + jXL 1 = 86 + j882,2 = 886,38/84,43° Q e a tensão na entrada do filtro será
e
z 1 = -jX, = -j130 Q.
VF = i' Z 2 + VR = 2,266/51,33 + 5/S)_,
Então, a impedância-paralelo equivalente é VF = 6,419 + jl,769 = 6,66/15,41 V.
Z1. Zs9R J30f::2l! X 886,38~ Comparação dos resultados
z., = z 1 + z 59 R 86 + F/52,2 Os cálculos anteriores permitem as seguintes conclusões.
= 152/-89,05 = 2,52- j152,18 n. 1. O FT H ofereoe alta impedância para as tensões de 3.º harmônico
A corrente na entrada do filtro é (Vp/Vx = 36,3/5 "' 7), e baixa impedância para as tensões de faltas à terra do
estator (f = 60 Hz):
.
1 = ZVReq =
5/S)_
152,2/-89,05
= 0,033/89.05 A.
138 Introdução à proteção dos sistemas elélrlcos [ , r o t e ç o o das
1
~qumas rotativas 139
2. O FTH barra completamente a freqüência de 3. 0 harmônico; a qual surge PROBLEMA 5. Um gerador possui as seguintes características:
na operação normal da máquina, mas permite a atuação do relé 59R para falta
potência nominal P = 160 MVA;
à terra sem harmônicos (f = 60 Hz).
tensão nominal U = 15 kV;
3. Na prática, a amplitude de corrente (ou tensão) de 3.' harmônico e muito-
reatância transitória de eixo direto X~ = 0,29 pu;
pequena, comparada com a da freqüência fundamental; assim sendo, como a
1 reatância síncronà de eixo direto X, = 0,82 pu.
corrente de curto-circuito fase-terra é da ordem de 5 A, a corrente devida ao
3. 0 harmônico é muito pequena em relação à corrente de falta. Em conseqüência, li Deseja-se protegê-lo contra perda de excitação por meio de um relé da
após as devidas considerações de relação de transformação e da alta impedância General Electric, tipo CEH, de característica mho deslocada.
do FTH, a tensão VF resultante da corrente que circula no neutro, é insuficiente O catálogo do fabricante fornece as séguintes informações (veja a Fig. 10.25):
para sensibilizai; o relé (VR), quando da circulação do 3.' harmônico, somente 1) tape de deslocamento (off-set) - pode ser variado, sem variação do
sensibilizando o relé quando realmente houver a falta à terra. (Neste caso, o diâmetro da característica, através de tapes de 0,5-4 n, em degraus de 0,5 !l;
FT H oferece baixa impedância). O relé é ajustado para V,. pouco abaixo de VF 2) tape de restrição - pode-se variar o diâmetro da característica, sem va-
calculado; com isso garante-se a operação e, ao l!'esmo tempo, impede-se o riação do off-set, através de tapes de 1-100 %. com base na tensão fase-neutro,'
desligamento intempestivo que poderia ocorrer com VR da ordem de grandeza em degraus de 1 % ;
de v,. 3) o tape para diâmetro (d) desejado da característica, em ohms fase-neutro
secundário, é dado por
PROBLEMA 4. Explicar a seqüência de operação no circuito de corrente-con-
tínua, conforme esquema dado no catálogo do relé ASEA, tipo RYDHA, quando . 500
tape(%)= 7·
existe uma falta no enrolamento do estator do gerador do Problema 1.
Sabe-se ainda que os TC possuem relação RTC = 600/5 e os TP têm
SOLUÇÃO. Explicação da seqüência de operação no circuito DC do relé 87 ASA 1 relação RTP= 15 ooo;fi;12o;j3 ou RTP= 125:1.
+ scl rcl A B
Pede-se calcular:
i) o off-set e desenhá-lo na Fig. 10.27;
!SD ?D
'º ii) o diâmetro d da característica e desenhá-lo na Fig. 10.27;
... 87 B 870
N
"1 .• ..•
.;
o
~
•o
~
o
'õ
e
iii) o valor do tape(%) para o diâmetro d desejado .
FIGURA 10.24
3A-3D, abertura do disjuntor 52; a) Cálculo do deslocamento (off-set) do relé mho (Fig. 10.26)
4C-4B, abertura do disjuntor de campo 41; O A = reatância transitória (X~)
4D-4E, atuação na parada da máquina; OK <><(X' /2)
4F-4G, dispara o alarme da estação, alertando o operador para o defeito. d = diâ'metro do círculo mho.
·-t><
'
'
'
140 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção das máquinas rotativas 141
X
'1 c) Cálculo do valor do tape(%) para o diâmetro d
Segundo o catálogo, vem
Observação. Basta, agora, transpor esses Yalores para a Fig. 10.27, como pedido,
e ajustar no relé os valores
offset = 2n,
tape = 55%.
FIGURA 10.26
j_x
Como
I =-P-= 160000 =6170A
" j3U j3 X 15 ' Off- Set: 2 ..n... -~------·
logo T
RTC = 6 000/5 = 1200:1,
e
RTP= 15 ooo;j3;12o;j3 = 125:1.
E que é vista pelo relé como PROBLEMA 6. Ajustar a proteção antimotorização de um gerador de 192 MVA
il - 18 kV acionado por turbina a vapor, usando relés GGP53B (General Electric).
, RTC 1200 1
zb = zb. RTP = 1,406 X 125 = 13,500 n. O fabricante da turbina informou que a potência de motorização necessária,
sob rotação nominal, é de 4 000 kW.
As reatâncias transitória e síncrona do gerador são vistas pelo relé, assim.
x;"' = z; ·x; ,, = 13,5(0,29) = 3,915 n, SOLUÇÃO. Do catálogo do relé direcional de potência, trifásico, verifica-se
que o mesmo:
x,"' = z; · x, '" = 13,5(0,82) = 11,010 n.
i) tem corrente de picape mínimo de 0,025 A, sob tensão nominal (ajus-
O catálogo indica como calcular o deslocamento da característica tável até 0,3 A);
ii) a temporização (impedindo desligamento intempestivo, devido a re-
Off-set = ~ x; "' = 3 '~15 = 1,9575 n. versões de potência por ocasião de sincronizações e outras oscilações do sistema),
é feita entre 1,5-30 s, através de um ajustador, tal que, aproximadamente, no
Como os tapes variam de 0,5 até 4, em múltiplos de 0,5, escolhe-se DT = 10 equivale a t = 30s (ou 20s no DT = 7; e lOs no DT = 4).
Off-set = 2n. iii) o ajuste da handeirola pode ser feito no tape 0,2 ou 2 A, respectivamente,
dependendo se a corrente na bobina de acionamento do disjuntor é menor ou
b) Cálculo do diâmetro da característica maior que 2 A.
Ainda o catálogo indica o cálculo do diâmetro
O ajuste, pois, consiste basicamente em fixar o DT (em geral DT = 10) e
!Í = (X,"' - off-set) verificar se a potência reversa corresponde a um valor superior ao picape mí-
= 11,070-2 = 9,070'1. nimo do relé.
'i
l-
i, 1
f: 142 lntroduçiio à proteçlio dor drte11UU el,tricor Proteção das máquinas rotativas 143
A corrente nominal do gerador é
192000
l p = 6150A.
•G = .j3 U = .j3 X 18
IMp
p
= r:; = r:;
v 3U v 3
4000
x 18
= 128 A. t ;,- ;2
!;~
--
x 0,025 = 0,026 A <al IM• disponível.
BOOA
Logo, pode ser deixado o ajuste em DT = 10 e RTC = 8 000/5 como pretendido. RES
\_--l----+~-r=::::r-ll11
EXERCÍCIOS
1000/5
ramento limita a corrente de falta à terra em 400 A. Se a máquina está conduzindo FIGURA 10.29
800 A de carga, em que porcentagem do enrolamento do gerador o relé detetará
faltas à terra, supondo que os TC de 1 000-5 A permaneçam precisos? b) tape de restrição, ajustável entre _0-100%, em múltiplos de 1%;
· 3. Um gerador trifásico de 62 500 kV A, X~ = 13,8 %, X, = 114 %, 14 kV, c) a relação entre o tape de restrição e o diâmetro d da caracteristica é:
é protegido por meio de relé de perda de excitação tipo mho da GE. Pede-se tape(%) = 500/d.
escolher os TP e TC e ajustar o relé, conhecendo-se as seguintes informações Representar, no diagrama R-_X, a solução encontrada.
extraídas do catálogo respectivo:
a) tape de deslocamento ou off-set, ajustável entre 0,5-4 !l, em múltiplos
de 0,5 Q;
i
i[
Proteção de transformadores 145
transformadores de aterramento;
transformadores para retificadores;
transformadores para fornos a arco, etc.;
CAPÍTULO 11 · estaremos particularmente preocupados apenas com os dois primeiros tipos,
neste primeiro estudo de caráter mais geral.
Analisaremos, pois, aspectos das proteções por meio de relés: diferencial,
PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES· sobrecorrente, a gás e massa-cuba (ou de carcaça ou derivação).
1,6
'•
1
o.e
(o)
1 ---3-:1J 4=In
( b)
(O) (b)
(operação) e externo (não-operação), bem como as características de disparo
do relé para diversas possibilidades de ajuste da declividade entre 10 e 50 %, FIGURA 11.2 Conexão de pr~teção diferencial em transformador. [(a) Primeiro passo;
para um relé Brown-Boveri, tipo TG. (b) segundo passo]
A conexão dos TC obedece a uma regra empírica segundo a qual os TC secundárias circulem entre os TC como requerido para falta externa (isto é.
colocadoscno"lado estrela do transformador de potência devem ser conectados em-- sem passar pela bobina de operação do relé).
triângulo,.e os. TC do lado triângulo do tránsformador devem ser ligados em-esu:ela.-
Em gerai sempre que há uma diferença de corrente maior que 10-15 % Um quarto passo seria verificar que o relé, assun alimentado pelos TC,
entre as saídas dos TC de ambos os lados do transformador, é prudente usar opera para faltas internas, corretamente.
transformadores de corrente auxiliares, para melhor compensação. Neste caso,
a regra acima é transferida para o TC auxiliar; ou seja, os dois TC principais
são ligados em estrela e todos os pontos neutros interligados e aterrados em um
único e mesmo ponto. Unia observação importante é que o relé.deve.sempre-
sei::_çg_l<;>Çl!do~!l.tre du~_C<:)l_l!ll'Qe~.:Jrfil.l!g_!!lci___(§l'jª-.f!os J!2 O\l_do._tranfil°.QrJllad.Qr
de força), para.não.operar errado com falta_ex(ernal! terra (recordar que a cone&ãQ. J.J
:triâ!JgJJllLJlJ_ende_a_coiií'P:®~nte_âe_s~qil.~a_zerQ ). -- ----- ---·- ----- r·-·-· .,
A interconexão dos TC com o relé é feita em três passos, respeitados dois •li i o 1
A Fig. 1l.4(a) mostra uma dessas possibilidades (relé Brown-Boveri, tipo TG,
com apenas duas bobinas de restrição), enquanto a Fig. 11.4(b) mostra outra
possibilidade melhor (relé Westinghouse, tipo CA-4, com três bobinas de res-
trição).
r------,
' t
1 nf~"i
A 1---1~.: n:naoo
. T~I.
D1ferenc1al
Mínimo
conserva dor
FIGURA 11.8 Proteção de retaguarda do transformador. por meio de relé de sobrecorrente SOLUÇÃO
_O relé DMS é do tipo diferencial percentual compensado contra a corrente
de magnetização, c_apaz de proteger contra curto-circuitos em geral, inclusive
11.5 Desligamento remoto entre espiras. Opel5i: entre 20-50 ms.
A solução estíi'·!llOStrada na Fig. 11.10, onde foi julgado conveniente o
Quando uma linha de transmissão termina em um único banco de trans- emprego de um TC -auxíliar de relação 4,81/2,66.
formadores, é prática freqüente omitir-se o disjuntor do lado de alta-tensão,
por motivos de economia, e fazer um desligamento transferido sobre o disjuntor PROBLEMA 2. É dado um transformador trifásico de dois enrolamentos
no início da linha. conectado em triângulo-estrela aterrado (alta e baixa-tensão), que deve se;
154 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção de transformadores 155
Logo, as R TC escolhidas serão
RTCL = 1 000/5 = 200 RTC8 = 200/5 = 40.
b) Escolha dos tapes do relé
u V w As correntes nos secundários dos TC são
I I, 930
60/5 '= RTC I,L = 200 = 4,65,
À ., 167
u 4,81
i 1,,, = 40 = 4,18.
j 87 ASA
wÂv t 1
As correntes nos relés serão
1
J3. J3
~~-·
j I,L = I,L = X 4,65 = 8,05 A (TC em triângulo),
y Oº f:J.
l I,8 = I,,, = 4,18 A (TC em estrela).
4,60 Então, fixando-se o tape TL = 8,7 A, resulta para Tn
'
~:: . TL = ::~~
1
BT A
TH = X 8,7 = 4,64 A ou TH = 4,6 A.
2.50~ t c) Cálculo do erro de ajuste (mismatch)
,Ir·
Segundo o catálogo do relé, tal erro deve ser ioferior a 15 %, e é calculado
z
' pela fórmula seguinte:
FIGURA 11.10 Problema n. 0 1-esquema trifilar da proteção diferencial
.1
156 Introdução à proteção dos mtemar elitrlcor
Cálculo do ajuste do relé HU, para transformador
Pede-se ajustar para ele um relé tipo HU, da Westinghouse, e verificar o
desempenho dos TC escolhidos, sabendo-se que a resistência da fiação vale Lado H().) Lado I(Á) Lado L (ti)
RL = 0,5 n, e que os TC só alimentam o relé (Z,, = O).
!. Sl'lcc.,'fin rln Tr:
SOLUÇÃO kVA 40000 40000 10000
I,=-- - - = 143A --=334A = 465A
O catalogo do fabricante fornece as instruções para ajuste, semelhante ao uj3 161,/3 69,/3 12,4,/3
Problema 2, indicando o cálculo do erro de ajuste entre cada dois enrolamentos: TC escolhido 400/5 (N = 80) 6.00/5 (N = 120) l 000/5 (N = 200)
e%= 100(!,R/I,,)-(TH/T,)_ 2. Seleção dos tapes:
o s I, 143 334 465
1=-
, N so= l,78A = 2,78 A = 2,32 A
Quanto ao desempenho dos TC, o erro não deve ser superior a 10% sob 120 200
condição de máxima corrente de falta simétrica externa, ou de oito vezes o tape (sob 10 MVA)
do relé. Um método preciso de determinar o erro de relação é a utilização das IR (sob MVA, = 40) !RH = 1,78,/3
40
JRI = 2,78,/3 IRL = 10 X 2,32
curvas de fator de correção da relação. No entanto, um método menos preciso,
mas satisfatório, utiliza a classificação ASA, e, nesse caso, para um TC classe = 3,08A = 4,82A = 9,3A
IOL, usual na prática, o desempenho é considerado adequado se Tape escolhido 8,7
Np Vc;L IH
Tape desejado TH = TL- T = T !.!._
loO>ZT, IL I L IL
= 8 7 3,08 = 8 7 4,82
onde 9,30
' 9,30 J
b
_,, 2
3
PROTEÇÃO DE BARRAMENTOS
b'
_,, 4
5 ,.
'
PRIM. 6 6 SEC
12.1 Introdução
- A proteção seletiva dos jogos de barras adquire grande importância nas
FIGURA 11.11 redes equipadas com sistemas do tipo diferencial, e por fio-piloto, os quais, em
caso de defeito, não podem agir senão sobre trechos de linha bem delimitados.
2. Um transformador trifásico conectado, triângulo-estrela, tem relação Nesses casos, a deteção dos defeitos que afetam as partes entre tais zonas deli-
de tensão de linha 0,4/11 kV, tendo os TC do lado 400 V na relação 500-5 A. mitadas, não fora a proteção especifica de barra, ficaria a cargo da proteção de
Qual deve ser a relação dos TC no lado 11 kV? Justificar. retaguarda, cujo tempo de operação poderia criar problemas de seletividade.
3. Na Fig. 11.11, supor que a alimentação seja feita pelo lado a'b'c'. Nessa Portanto, uma proteção rápida e específica dos jogos de barras torna-se indis-
hipótese, esboçar as conexões para o relé diferencial percentual, e mostrar os pensável para o equipamento de uma rede, respondendo às modernas exigências.
fluxos das correntes no relé para o caso de uma falta externa fase-terra em uma Isso é menos grave, no entanto, se as instalações são equipadas com proteção
linha no lado estrela. Comentar o resultado. de distância, caso em que a segunda zona poderá eliminar os defeitos de barra,
ainda razoavelmente. Apesar disso, e de modo geral, a importância de uma pro-
teção de barras de ação rápida é considerável, pois que há neias, freqüentemente,
grande concentração de potência, o que conduz a grande dano para o equipa-
mento e sérias perturbações para a operação, em caso de defeito.
Costuma-se ouvir que uma barra não tem características de defeito pecu-
liares, e, por isso, seria passível de receber bem uma proteção do tipo diferencial,
desde que tivesse TC disponíveis. No entanto, também é afirmado que se trata,
fundamentalmente, de um problema de desempenho do transformador de cor-
rente, como veremos.
Diversas condições devem ser satisfeitas nesta proteção;
o Armário
- R•I'
51 ASA
r- 1 Isolador_
'
1
1 i'
... ---- -,
:'
1 •
'
.._......_ ,..__.,,. r'
!Rele
L __ _
--" FIGURA 12.6 Proteção massa-cuba de barramento em armários metálicos
'Rele'
L---- _J '
12.6 Proteção por comparação direcional
Durante um falta interna a energia flui na direção da barra em todos os
circuitos a ela conectados; durante uma falta externa o fluxo é para a barra em
FIGURA 12.4 Proteção diferencial combinada barra-transformador todos os circuitos exceto no alimentador faltoso.
Baseado nisso, alguns esquemas são usuais. No entanto, o esquema de com-
12.4 Proteção de retaguarda paração direcional é de dificil aplicação em grandes sistemas, especialmente em
redes de cabos (efeito capacitivo comparável com o valor da mínima corrente
É a mais antiga forma de proteção de barra; ela é feita pelos relés distantes de falta à terra), quando é necessária a restrição por tensão ou por meio de relés
dos circuitos alimentadores da própria barra (Fig. 12.5); ou seja, a barra é incluída direcionais de seqüência negativa (menos afetados, pois a corrente capacitiva
dentro da zona de proteção de retaguarda desses relés. É proteção lenta, por dos cabos tem pequeno conteúdo de seqüência negativa).
exemplo, atuada pela segunda zona dos relés de distância.
"ºº /
/
/
600
c) Cálculo da mínima falta interna capaz de operar o relé (I mi•)
200 -------------- ---- / O catálogo indica o seguinte cálculo
-- -
/
........ ;...... ' ( 400
' \ THYRJTE lm<• =CEI, + l, + l,)N (amperes),
- _.. _.. :
.......--=--- _..,__ ___ .'_ ___ --- 200 onde
,--- 1 t
(51) (59)
IsrH I;f,, somatório das correntes de excitação (/,) dos TC, correspondente
e THY ao valor V,. já calculado (se todos os x disjuntores são iguais, vem
FIGURA 12.7 Proteção de barras x · IJ e, no caso, para V,. = 205 V vem l, = 0,05 A e há x = 5 dis-
juntores;
a) Ajuste da unidade de tensão (87L)
1, = V,./2 (iOO, corrente na unidade 87L (circuito ressonante), em amperes,
conforme o catálogo;
O catálogo do fabricante indica o ajuste da unidade de alta impedância, 11 , corrente no limitador (Thyrite), em função de v. ; no caso, 1 = 0,06 A
1
como segue: (veja a curva no catálogo).
Logo,
lmin = ( X· I, + 2 v. + ) (
600 1, N = 5 X 0,05 + 2205 + 0,06) 240 = 93 A.
600
onde Essa é, pois, a sensibilidade do relé.
VR, ajuste de picape da unidade 87L (volts);
Rs, resistência do enrolamento secundário do TC, e da fiação até a junção
B (ohms);
RL, resistência da fiação desde o ponto de junção (B), suposto no TC mais
distante, até o relé (usar RL para faltas entre fases e 2RL para falta à
terra), em ohms;
l,, máxima corrente de falta externa (calcular a falta trifásica e a fase-
-terra; na ausência de cálculo, adotar a máxima capacidade de rutura
do disjuntor), em amperes;
N, número de espiras do enrolan1ento secundário do TC. ou seja. relação
de transformação do TC tipo bucha;
2, multiplicador usado como fator de segurança.
Proteção de linhas 169
C0-6 0$3 s
13.1 Proteção de sobrecorrente C0-7
co-s
0,75
2,5
CO· 9 3,0
CO·ll 10,0
O releamento de sobrecorrente é o mais simples e mais barato, porém, é
o mais difícil de se aplicar e também aquele que mais rapidamente requer rea-
justes, ou mesmo substituição, à medida que o sistema é modificado. É usado
basicamente para proteção de falta fase e terra em circuitos de distribuição de MÚLTIPLO 00 PICAPElml
concessionários e sistemas. industriais, e· em circuitos de subtransmissão onde a
FIGURA 13.1 Declividade das curvas tempo-corrente
proteção de distância não possa ser justificada economicamente.
Como proteção de falta à terra, no entanto, esse tipo de releamento é usado Se um tempo comum cp;2 s) for escolhido para múltiplo de tape igual a 20,
até mesmo em linhas de transmissão (que usam relés de distância como pro- os tempos de operação, para m = 2, serão respectivamente: 0,33.; 0,75; 2,5; 3,0
teção de fase); é ainda usado como proteção de retaguarda em linhas cuja ·e 10 s para os relés da série CO da Westinghouse (veja a Fig. 13.1). A Fig. 13.2
proteção primária é feita por fio piloto, por exemplo. mostra a família de curvas para o relé C0-8 da Westirighouse, a título de exemplo.
170 Introdução à proteção dos ristemas elétricos Proteção de linhos 171
Na técnica européia, principalmente, há ainda uma característica deno- 13.1.2.l Aplicação da unidade direcional
minada tempo definido, semelhante à do C0-6, e constante de uma reta paralela
ao eixo horizontal e outra perpendicular, indicando que o relé opera com tempo Denominemos corrente positiva (I pos) a corrente na direção fonte-carga, e
definido, uma vez atingida a corrente de ajuste. corrente negativa u..,)
a de sentido oposto ou de retroalimentação.
Nesse caso, haverá necessidade de discriminação direcional em um ponto
do sistema sempre que for empregada:
RELÉ
proteção instantâne~ se lneg > 0,8/pos;
6 proteção temporizada, se Ineu > 0,2~ 1pos.
Ou seja: o critério básico para determinar onde deve ser usada uma uni-
5 dade direcional é que se a falta na direção de não-atuação torna-se mais crítica
para o ajuste do relé do que a falta na direção de atuação, a unidade direcional
deve ser usada.
1l
o
4
z 13.1.2.2 Ajuste da unidade instantânea
lll"
"' 3 Costuma ser ajustada entre 125-135% da max1ma corrente simétrica de
falta aplicada no extremo afastado do trecho a proteger, ou seja, no início do
trecho seguinte {falta trifásica para relés de fase).
2
L~.,
rente no circuito secundário do TC. O disjuntor tem uma bobina de disparo
independente para cada relé. É preciso que a queda de tensão através do reator
seja suficientemente alta, durante o curto-circuito, para atuar o mecanismo de
··A·tt-~-·--·
' ' ' 2
disparo se o relé fechou o contato (/" > J.). A Fig. 13.8(a) ilustra o método.
J__j___l ._L. .~
t~ r~ 1!c r:c
Curv.as de seletividade
Relés de sobrecorrente instantâneos são' aplicáveis sempre que a magni- (a} Disparo por Reator [b) O~paro por Capacitor
tude da corrente de falta sob condição de geração máxima triplica à medida que
F.IGURA 13.8 Disparo do disjuntor por CA
a posição da falta desloca-se do ,extremo da linha para a locação do relé. Ou
seja, se existe impedância ponderável entre os extremos do trecho protegido.
Por exemplo, um transfonnador. Caso contrário, isto é, se o relé "vê" praticamente O disparo por c~pacitor, outra modalidade usada, utiliza a energia arma-
a mesma impedância para defeito no início e no fim da linha, não adianta co- zenada em um capacitar permanentemente carregado para atuar o mecanismo
locar duas unidades instantâneas em série: pode-se bloquear a mais próxima da bobina de disparo. É método melhor que o anterior, mas fornece apenas
da fonte, já que não haveria discriminação entre elas. A Fig. 13.7 esclarece. um impulso e não uma força permanente como aquele [Fig. 13.8(b)].
i'
mw·-.. :rr:
SIN
FIGURA 13.10
~2 m
Ajuste de relés de sobrecorrente
·com relações 120/100/60:1 A. A unidade temporizada do relé de sobrecorrente
(51) de fase tem tapes de 4, 5, 6, 8, 10, 16 A, enquanto a unidade instantânea (50)
é regulada continuamente entre 4-100 A.
Pede-se calculai:
a)
deverá
a relação em que o transformador de corrente do disjuntor da barra A
ser ligado;
Logo, o ajuste do relé 51-2 é - b) o tape da unidade temporizada do relé 51 da barra A;
c) a alavanca ou dispositivo de tempo do relé 51 da barra A;
tape = 8 A e DT = 1. d) a graduação da unidade instantânea do relé 50 da barra A.
178 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção de linhas 179
I'
B múltiplo m(m = t1ape
'") do tape escolhido.· Depois, com me t, entra-se
. nas curvas
681<.V
tempo-corrente do relé, e deduz-_se o DT.
r---f--(Q)--- 3 x 12 MVA Sabemos que
,.---'->u--- 88-3,SlcV E
13.2 Proteção de distância TC naquele extremo da linha; resultando, pois, uma brusca descontinuidade
que toma a seletividade fácil e automática. Por outro lado, veremos que o relé
Para as redes de alta e muito alta-tensão, bem como para as redes de média-
de distância tem outras vantagens, que sobrepujam mesmo essa consideração,
-tensão em malha e com alimentação multilateral, a proteção de distância tor-
tais como a proteção de retaguarda e a eliminação dos canais piloto.
nou-se padrão, já há muitos anos atrás. De fato, além de garantir tempos de
desligamento curtos, em caso de defeito no trecho protegido, garante ainda a Entrementes, com a finalidade de medir a mesma distância em todas as
proteção das barras e linhas vizinhas ·em tempo curto usando as demais zonas faltas envolvendo mais de uma fase [Fig. 13.12(b)] o relé de distância compara
de ajuste disponíveis. É além disso, independente de fios piloto entre as extre- o potencial entre as duas fases faltosas com a diferença vetorial de suas correntes;
midades. Em resumo, trata-se de uma proteção temporizada em que o escalo- por exemplo, para uma falta (b-c), o relé mede Z 1 = V,,,1(1, -1,), que é a impe-
namento é também função da impedância ao invés da corrente apenas. dância de seqüência positiva da linha entre o relé e a falta.
Realmente, como foi afirmado precedentemente o mais positivo e confiável Similarmente, para faltas fase-terra o relé mede a impedância de uma se-
tipo de proteção compara a corrente entrando no circuito com a corrente que melhante malha, agora ao longo do condutor da linha faltosa; passando pela
dele sai. No entanto, em linhas de transmissão e alimentadores não só o com- falta e voltando pelo percurso na terra até o neutro do sistema. Assim, para
primento, como a tensão ou o arranjo da linha; freqüentemente tomam este uma falta (e-terra) o relé mede Z 1 = V,,/(1,-1,); porém, já que a corrente 1,
princípio antieconómico. Assim, um relé de distância ao invés de comparar a no percurso pela terra é inacessível, ao relé é dada a corrente equivalente, que
corrente de linha no local do relé com a corrente no extremo do trecho protegido, é uma função da corrente residual (J,) do TC, e o relé da fase C mede V,/(l, -Kl,),
compara a corrente local com a tensão local na fase correspondente ou suas que é também Z 1 •
component~ convenientes.
O releamento de distância deve ser sempre preferido quando o releamento 13.2.2 AJUSTE DOS RELÉS DE DISTÂNCIA
de sobrecorrente revelar-se lento ou não-seletivo. Ademais, relés de distância O ajuste ôhmico ou alcance do relé, pode ser controlado seja pelo circuito
são menos afetados pela magnitude da corrente de defeito e pela variação da de corrente de operação, pelo circuito de tensão de restrição ou por an1bos.
capacidade geradora e configuração do sistema. Como o potencial decresce do normal durante a falta enquanto a corrente cresce,
segue-se que um alto nível de conjugado pode ser obtido com tapes de derivação
no circuito de corrente e deixando o circuito de tensão sozinho.
13.2.1 PRINCÍPIO DE MEDIDA DA IMPEDÂNCIA
Para uma falta no extremo da linha a tensão no local do relé será a queda a) O ajuste da primeira zona é feito para
Z 1 da linha. Segue-se que a relação da tensão para a corrente para uma falta
RTC
no extremo afastado, será V/l = Z, ondeZ é a impedância da linha [Fig.13.12(a)]. z, = z, RTP K,
Para uma falta interna (FJ a seção protegida da linha é V/l < Z. Como Z é
proporcional ao comprimento da linha entre o relé e a falta, Z é também uma onde
medida da distância à falta; justificando a denominação do relé d.e distância. z,, impedância secundária da linha (ohm);
Assim, pode ser visto que a comparação da corrente local com a tensão z,, impedância primária da linha (ohm), é da ordem de 0,5 !l/km ou 0,8 Q/
local é uma alternativa de compará-la com a corrente no extremo afastado. /milha;
Contudo, isso não é tão exato, porque a tensão varia gradualmente com a locação R TC e RTP, relação dos transformadores de corrente e tensão, respecti-
da falta, enquanto a corrente na extremidade inverte para uma falta além do vamente (em geral X-5 A e Y-115 V);
182 Introdução à proteção dos sistemas elétricos r
J,
Proteção de linhas
183
K, percentagem da linha a ser coberta ou alcance de cada zona em per- O extremo do vetor representativo de z, no plano R-X, pode cair em qualquer
centagem do comprimento total (km). Em geral, K = 0,90 para a quadrante, dependendo das direções dos fluxos de potência ativa e reativa.
primeira zona. Poderia, pois, fazer operar algum relé, caso penetrasse na sua característica
Se um relé de reatância é usado, calcula-se o ajuste para o valor da reatância representada no plano R-X. Verifica-se pela expressão que z, é tanto maior
ao invés da impedância da linha. . _ quanto menor a carga; assim, para os casos normais de carga não existe perigo
de falsa operação.
As linhas de transmissão aéreas têm, aproximadamente, os segumtes angulos
de fase (9) para faltas entre fases (os ângulos de fase para falta à terra dependem No entanto, sob certas condições de operação de um sistema, pode ocorrer
do terreno): a perda de sincronismo entre unidades. geradoras, resultante de oscilações do
sistema, possíveis por diversas causas.
kV 11 33 132 275 400 X
50Hz 45° 55° 70° 75° 81º
X carocteri'stica de
60Hz 50° 60º 72º 76º 82° ~ rele'
•\ ,,' ,,'
,
Às vezes z é dado como impedância ou reatância percentual; então, o valor
ôhmico será ·
' ---
R
10 kV2. Z % (ohm),
Z = kVA R 1,,
1 ,.
' ,
{o 1
onde kV (entre fases) e kVA são as bases de Z % dado. ! ',
A primeira zona não é temporizada. FIGURA 13.13 Principio da proteção contra oscilações e perda de sincronismo
b) O ajuste da segunda zona deve ser t~ que o relé não deve sobrealcançar
a primeira zona do relé da seção adjacente. E usual o ajuste para k = 1,20 ~ 1,50, a) Caso seja necessário ou conveniente separar o sistema em partes, visando
com temporização até 0,5 s (salvo em linhas mul!itermmrus, a serem analisadas a posterior recuperação por re-sincronização, há um método completamente
posteriormente). confiável a adotar [veja a Fig. 13.13(a)]. O releainento compreende duas uni-
c) Para a terceira zona, essencialmente de proteção de retagua~da (pre- dades do tipo impedância angular, uma unidade de sobrecorrente e diversos
venção de daria ao equipamento e risco do pessoal), o ajuste deve cobnr toda a relés auxiliares, ligados a uma só fase (já que o fenômeno é equilibrado). A Fig.
seção adjacente; a temporização costuma ser da ordem de 1,0 s. 13.13 mostra uma superposição das características das unidades angulares e da
característica de perda de sincronismo para uma locação correspondente a uma
interligação com a fonte geradora. As unidades angulares dividem o plano em
13.2.3 COMPORTAMENTO DA PROTEÇÃO NA PERDA três regiões A, B e C. Quando a impedância de carga (Z,) varia durante a perda
DE SINCRONISMO de sincronismo, o ponto representativo desta impedância move-se ao longo da
Quando um gerador ou mesmo uma usina sai de sincronismo com o~ de- característica da região A para a região B e daí para C, ou de C para B e A, de-
mais todas as ligações entre eles devem ser abertas para manter o serviço e pendendo de qual lado gerador está mais acelerado. Quando o ponto figurativo
per~itir que aqueles geradores perturbados sejrun re-sincronizados. i:al sepa- cruza a característica de operação de uma unidade angular, esta fecha um con-
ração, no entanto, deve ser feita somente nos locais em que a capacidade de tato para atuar um relé auxiliar. À medida que o ponto se desloca de uma região
geração e as cargas de cada lado do ponto de separação se ajustem de modo a para outra, uma cadeia de relés auxiliares permissivos é atuada (uma cadeia
não haver interrupção do serviço; ou seja, as cargas e geração remanescentes em cada direção ABC ou CBA), em seqüência. Se a terceira região é penetrada,
o último relé auxiliar atua sobre o disjuntor, promovendo a desejada separação
de cada trecho devem equilibrar-se. Os relés de distância podem. ser. usados
das partes do sistema. A função da unidade de sobrecorrente é impedir o des-
nessa função, adicionalmente ao seu papel de proteção ~e curt~-~irc~it~.'"
. ligamento intempestivo durante os ajustes de paralelismo entre geradores, nas
Sabemos que em operação normal do sistema o rele de distãneta ve a
' condições de carga normal, e correspondente a pontos diametralmente opostos
tensão normal do circuito e a corrente de carga; "vê", pois, uma impedância de
da caracterlstica mostrada na Fig. 13.13. De fato, relativamente pequenas cor-
carga (Z,) assim determinada: rentes fluem durante esses ajustes de sincronização sob carga leve, se comparado
com o alto fluxo de corrente que ocorre se os geradores se colocam em oposição
de fase (180°) correspondente à região B. Assim, o picape da unidade de sobre-
1' r.
1'
186 Introdução à proteção dos sistemas el'trlco1 Proteção de linhas 187
13.3 Proteção por meio de releamento de (1,61 .+ j~) % na base de 50 MVA, e o trec~o subseqüente tem impedância de
(2,68 + 110) % na mesma base, usando-se reles tipo GCX da General Electric
piloto alimentados por TC de relação 300-5 A. '
Constitui o melhor tipo de proteção de linha onde é requerida alta velo- Pede-se os ajustes dos relés de fase correspondentes de acordo com as
cidade de atuação da proteção com desligamento simultâneo dos disjuntores instruções do catálogo do fabricante.
terminais (isso permite religamento automático de alta velocidade, podendo-se
carregar o sistema de transmissão mais proximamente de seu limite de estabi- SOLl' Ç ÃO. Trata-se de um relé de distância composto de duas unidades de
lidade, promovendo máximo retorno do investimento). É sistema principalmente rea.tância (zonas 1 ~ II) e uma unidade mho (zona III, direcional), além de uma
usado em linhas multiterminais que complicam o emprego de relés de distância unidade de temponzação. Os alcances mínimo e máximo são dados na Tab. 13.1.
)\ resposta das unidades, para fins de escolha dos tapes, é mostrada na Fig. 13.15.
convencionais. Os diversos métodos da chamada "proteção 100 %" do trecho
de linha são discutidos em cursos mais avançados. É ainda usado quando as
linhas são muito curtas para usar o relé de distância (alto erro de medida), ou TABELA 13.1 Relé GCX
quando cargas críticas requerem alta-velocidade de desligamento. É pois, usado
tanto em transmissão como em distribuição. Modelo Alcance mínimo Faixa de alcance Ângulo
Unidade do (ohm) (ohm} de
13.3.1 RELEAMENTO COM FIO PILOTO alcance xmln ou z,,,fn X,;z. ª-«l
É usado em circuitos de baixa-tensão e nos de alta-tensão quando o sistema Padrão 0,25; 0,50; 1,00 0,25 a 10
carrier ou de onda portadora não for econômico. É também usado na proteção Reatâ.ncia curto 0,10; 0,20; 0,40 0,10 a 4
de cabos de energia de alta atenuação. Em resumo, em linhas curtas (até 20
Padrão 2,50 2,50 a 10 6.0 a 70º
milhas) é o mais econômico dos releamentos de alta velocidade. Sua desvan- Mho
curto 1,00 1,00 a 4 60 a 70º
tagem principal é a exposição dos fios piloto; além disso, não provê intrínseca
proteção de retaguarda.
l . a) Cálculo da reatância primária fase-neutro (ohms), da primeira seção da
13.3.2 RELEAMENTO CARRIER OU DE ONDA PORTADORA l hnha (zona 1).
É o melhor e o mais usado tipo de releamento em linhas de alta-tensão 10 · kV 2 10 x 1542
(a partir de 34,5 kV). Consiste inteiramente em equipamento-terminal, sob com-
pleto controle 'do usuário; logo, muito confiável. Além disso, pode prestar outros
t /(,,= kVA:·X%= 50000 x6=28,5Cl.
serviços: telefone, desligamento remoto, etc. b) Cálculo da reatância secundária fase-neutro vista pelo relé instalado
Há dois tipos básicos desse releamento: por comparação de fases; por no início do primeiro trecho.
comparação direcional, mais largamente usado, inclusive aceitando linhas multi- X =X RTC = 28 5 300/5 _ 13
81 ' 1 RTP ' 154000/115 - • Cl.
terminais mais facilmente.
13.3.3 RELEAMENTO POR MICROONDA
M
É um sistema-rádio que exige visibilidade direta entre as torres repetidoras;
é completamente dissociado da linha de transmissão, sem os problemas de
atenuações que afetam o carrier nos cabos de energia. É bastante mais oneroso,
justificando-se onde os outros sistemas não são aplicáveis, e principalmente se
outros serviços são exigidos (telecomunicações, telecomando, telemedição, além
} Tapo•~
da teleproteção).
x:.!..
13.4 ,L\plicações de proteção com relés de T ••
R
distância
EXEMPLO 1. Deseja-se proteger o trecho AB de uma linha de transmissão
ABC de 154 kV, sabendo-se que o primeiro trecho representa uma impedância FIGURA 13.15 Exemplo de .ajuste de relé de distância tipo GCX da G.E.
188 /nlrlJduçlo d p10tiçlo da11llt'111111 1/ltrlco1 Prt/t<çlo de llnh4• 189
Supondo a zona 1 cobrindo K = 90% da seção, vem EXEMPLO 2. Um relé de distância tipo R3Z27 da Siemens instalado em A,
X 8 = 0,90 · X 81 = 0,90 x 1,3 = 1,17 n. conforme a Fig. 13.16, deverá proteger o primeiro trecho da linha indicada,
sentido de atuação de A para B, do sistema trifásico 345 kV, 60 Hz.
Essa reatância cabe na faixa de alcance do relé (0,25-10 n); além disso e pela
· Os condutores têm impedância R' + jX' = (0,15 + j0,41) njkm/condutor.
recomendação do fabricante, escolhe-se o maior Xm•• tabelado, e menor que X 9
Os T P têm relação 300 000/100 V e os TC são de 400/5 A (tipo 10H200).
Calculado·' se;a
~
X mln = 1' O no alcance padrão (seu •emprego é usual). Logo, o
tape do primeiro trecho será ajustado para, aproxtmadamente, Sabendo-se que se deseja uma medição sem compensação de arco voltaico,
pede-~e para o relé instalado em A:
= 100·Xmin = 1,00 lOO = 855 % a) esquema característico das zonas de atuação do relé no que se refere
Ti Xs1 1,17 x ' º' às distâncias que serão protegidas, bem como seus respectivos tempos de atuação
(diagrama distância-tempo);
ou seja, para o tape 86 % (ajustes a cada 1 % são disponíveis no relé). b) idem, com relação aos valores primários;
e) Cálculo do ajuste para a segunda seção (zona 11). e) diagrama R-X das diversas zonas de atuação, com os círculos caracte-
rísticos (valores primários);
Analogamente, calcula-se para a reatância de 10%:
d) calcular .os valores das características elétricas do item b, que são real-
2
!O 1340 217
_!OkVt. 0 .RTC=10x154 x x~= n. mente vistos e medidos pelo relé;
Xs2 - kVA b X% RTP 50000 ' e) calcular as resistências de ajuste do relé, de acordo com as informações
do catálogo do fabricante (proteção de fase).
Admitindo que a zona II cobrirá até 50% da segunda seção e adotando B e D E
xmln "' 1, conforme instruções, o tape será 58,I km
53.2km 1 SS,lkm
1 ·~•m 1
- lOOXml• = 1,0 x 100 = 42%
7;, - X 81 + 0,5X 82 1,3 + 0,5 X 2,17 " © @ © @
FIGURA 13.lô
ou seja, o tape 42 % é escolhido. SOLUÇÃO. Segundo o catálogo do relé, para tensões acima de 145 kV, os relés
têm característica de impedância-combinada; como esta última é usada quando
d) Cálculo do ajuste para a terceira seção (zona III). é desejável a compensação de arco voltaico, usaremos a primeira.
O ângulo ·de impedância da linha é calculado a partir de O ângulo de curto-circuito (ou ângulo da linha) vale
z = (1,6 + j6) + (2,68 + j!O) = 16,6/JJ., .,,.
"' = are t g R'
X' = are tg O,l
0,4l ou "'• -= 70°
.,,
5
ou seja, (este valor já eliminaria o uso da característica de condutância, só indicado
li = 75º. para iP• .;;; 60°). '
Também Os ajustes do relé, ou seja, os alcances das suas diversas zonas, variam
de projetista para projetista, em função de diversos fatores. Vamos adotar, pois,
- JOkVt. o • RTC = 10 X 1542 X 16 6 X ~ = 3 53/1.iíl. o esquema de ajustes a seguir, aconselhados no catálogo do relé (Fig. 13.17).
Zs, - MVA• Z% RTP 50000 ' 1340 '
..
t
Supondo que a terceira zona alcançará pelo menos 10% da terceira seção
(desconhecida, no caso), e escolhendo na tabela o ângulo de conjugado máximo ... -.....-~·
....IV
, = 60º (para melhor acomodação da resistência de arco voltaico) e o Zm•• = 2,5 tm: f~~ªjº::;"'~·1~i·_·-~,8~1',]j:C:~_J.2.ss
da unidade padrão, resulta o tape para a zona III:
tJE 90•/o 11-2) IT"r--
_ lOO·Zm,,·cos(O-<) _ 100 x 2,5 x cos(75-60) = 2,l%, tz i
7iu - l lZ - 1 l X 3 53 6 °
' S3 ' '
4 A
•
ou seja, escolhe-se o tape 62 %- .
Em resumo, serão escolhidos para as zonas I, II e III, respectivamente, os ·
tapes 85%, 42% e o2%.
FIGURA 13.17
190 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção de linhas 191
l
'
192
z.11 40
= 37,5
lnll'Oduçlo d proteçlo dor 11111111111 1/ltrlcor
= 1,1 íl,
f Proteção de linhas
52
Z,m = 37,5 = 1,4 íl. r;; = r11 -r1 = 4,4-2,4 = 2'2.
Para a terceira zona, vem igualmente
e) Cálculo das resistências de ajuste do relé 2 · Z,m 2 x 1,4
É preciso consultar o catálogo do fabricante, onde é indicado esse cálculo 'm = C1. e, = 0,5 X 1 = 5•6 n
segundo a expressão ou
r~ 1 = r 01 -ri1 -r1·= 5,6-2-2,4 = 1,2n.
2Z,
r=---· A Fig. 13.20, correspondente à regra de bornes, está indicando como obter
e,· e, esse valor, pela seleção dos shunts convenientes:
onde C1 e C 3 são as constantes do relé, cujos valores são
C 1 = 0,1; 0,2; 0,5; 1; 2;
e3 = 1 (shunt de 50 m'2),
'1 = 1+0,2+0,4+0,e : 2.4 Ohms
= 2 (shunt de 100 m!l),
= 3 (shunt de 200 m!l);
13.21
194 Introdução à proteção dos sistemas elétricos Proteção de linhas 195
Segundo o catálogo do relé, seu autotransformador (T) tem três tapes b) Cálculo dos ajustes da primeira zona
(S = 1, 2, 3) no enrolamento principal e, no enrolamento terciário (M), tem
Entrando com o valor de Z, calculado, na Tab. 13.2, o valor mais próximo
mais quatro tapes que podem modificar Sem múltiplos de 3 %. Assim, o alcance
é 1,86, e que corresponde aos seguintes valores a serem ajustados no relé:
original (T = 0,87 a 5,8) pode ser expandido dentro de ± 1,5 % desde 0,737
até 21,3 Q, conforme a Tab. 13.2, esta fornecendo os ajustes do relé em função T = 2,03, S = 1, M = +0,09, L = 0,09 e R = 0,03.
de um valor z,
calculado. A esse valor tabelado corresponde realmente, conforme O catálogo, uma impe-
dância de
a) Cálculo da impedância da linha SEA-SEB
Z = ~ = • X l = 1 86238 Q
2 03
Zohm = Zpu X Zbase' 1±M 1 + 0,09 ' .
A linha de 73 km, em cabo 266,8 MCM, tem impedância (base 100 M VA) Logo, o erro cometido na aproximação feita será
60 Da Tab. 13.2, para o valor mais próximo de Z,1" e que é 4,62, vêm
= 40,8796 X 0,9 X l = 1,8396 Q.
200 T = 4,06, S = 1, M = 0,12, L =O e R = 0,09.
-
--- --·
1
= 4,6136 100 =
+ 1 O/
t.O f.O O'l O'l <.O ,,., O'l e<") C<"l O/
º
o"' º
o"' º
o"' º
o" º
o"' º
o" º º º
o"' º
o"' º º
o"'º
/o 4 ,577 X /o•
...."'
o 2. Deseja-se proteger uma linha trifásica de 69 kV, extensão de 8,045 m,
com um relé de reatância tipo GCX, da General Electric. A máxima corrente
de carga é de 450 A, e a impedância da linha corresponde a (0,087 + j0,50) O/km.
Pede-se o ajuste do relé, para o caso de levar-se a proteção de segunda zona
até um valor de 1,5 O secundários e a· terceira zona a 2, 75 /80º O.
CN' f.O -
r- r-. CO C0
<.O - r- e<"l O'l f.O C<"l - O'l
O'l O'l O O ,........ N C<"l C<"l
"7".. .......... _ .. _ ............. _ .. c..f C'f.. c..f c-.s" (N"... c..f
3. Um sistema de transmissão de 380 kV, trifásico, singelo, consta de quatro
C<"l f.O•O'l e<") r-. - U") O'l "1< O'l Ll") -
trechos de linha com 100; 50; 150 e 200 km de extensão, respectivamente. A
C''t C''t Ci., '!1,
------"'."'-"7"--"7" Cli,, C<"l.., ..i-<., ~.. '<t<.., '!1, tr:i.., r-... impedância específica da linha é de 0,2 O/km.
Para relés de impedância colocados no início do trecho de 50 km, e su-
:ll_ õJ:l_ :g_ g)_ ::;_ :=:_ 2q, 1 1 1 1 1 pondo e = ' = 80º, pede-se:
0"'."' ... --'7"--
a) esquema característico das zonas de atuação do relé, no que se refere
às distâncias, e valores de impedâncias primárias correspondentes, bem como
tempos de atuação, que serão protegidas.
b) traçar os círculos de impedância no diagrama R-X para as zonas de
atuação do relé.
1
.i 5
ISJMVA
15MVA-6o/o 2,5MVA-S,5 °/o 1000 HP
34,5- l:S,8 kV l:S,8-2,4kV tn= 240A 000
00
259/6:SOA 105!600A lp : 1440A '
<J -<8" "' "'
-
FIGURA 14.1 Esquema unifilar do sistema -
.1
o-
a) Característica do sistema 'o
o
O primeiro passo na seleção dos ajustes de dispositivos de proteção é o 'o
cálculo das correntes de curto-circuito. Para isso, deve-se obter previamente
!
outras informações como:
~
'
tipo, comprimento e bitola dos condutores;
.• '
1
--...:~
18,3/0 X
X -2-S'
3,5 S.
2500
•' ~
18,3 ;-;; = 18,3 X 105 = 1 920 A,
'\/ 3 X 13,8
que, referido à tensão de 2,4 kV, fornece
,
o
1 920 x }4,
1 8
= 10 900 A.
" Loca-_se-_o, pois, em (10 900 A x 3,5 s).
·"
~ ii) Correntes de magnetização
~"
•
:C:.1-
111- "' 1
l
É preciso que os relés não atuem na energização dos transformadores.
Na falta de dados do fabricante, vamos admitir que a corrente de magneti_zação L. ~ l
•
"""' 'º"""
P' '"' seja de 8/0 com duração de 0,1 s; virá {J:}o
b IM.\)\. \WU ·
100 x corrtt1t•, •m Am'*-s, a 2,4 kv
5
Tl5MVA: 8/,=8x l 000 =201A, 'd)IMJ)-. 0\......--
fi.IG U RA 14.3 Verificação gráfica de seletividade
./3 X 34,5 fW ~JQ •
/W~i rx ~
l 1
TABELA 14.2 Tabela ANSI que, referido à barra de 2,4 k V, dá
Impedância % do Ice max simétrico, em Tempo admissivel, 34 5 - 10.J.
transformador múltiplo de I, (A) em segundos
201 x • = 28 800 A, ~ -"'r0' '
.,,_.., 2,4
,,,
Ç> 4%
5
25 I,
20 I,
2 T2,5 MVA: 2500
81, = 8 X -~lo3~-- = 843 A, ~,QffeJ ~JJI
3 '\/ o X 13,8
ou
~~
6 16,6 ~I 4
7 14,3 ln 5
~4, 8 =
vJ:f. 1o}
t..,, .;.;s.t: 843 x 4810A.
"""
.'3
204 Introduçifo à proteçlio dor llst"'"" elitrlco• ":oordenaçio da proteção de um sistema 206
Locam-se, então, os valores das correntes de magnetização nos pontos de TABELA 14,3 Tabela de conversão de tanes (V,.=2.4 kV)
coordenadas (28 800 A x 0,1 s) e (4 810 A x 0,1 s).
~
Então, a curva do relé protetor de cada transformador deve-se localizar
4A 5A 6A 8A lOA 12A 16A RTC V
acima do ponto de magnetização e abaixo do ponto ANSI, correspondentemente Relé
(veja a Fig. 14.4).
1 320 400 480 640 800 960 1280 400/5 2,4
d) Localização do motor no plano I x t 2 640 800 960 1 280 1600 1920 2 560 800/5 2,4
3 920 1150 1380 1840 2 300 2 760 3680 200/5 13,8
É usual fazer-se a coordenação para o ramal que contém o maior motor. 4 3 680 4600 5 520 7 360 9 200 11040 14 720 800/5 13,8
Consultando-se o catálogo do fabricante, ou realizando oscilogramas, obtêm-se 5 4600 5 750 6900 9 200 11500 13 800 18400 400/5 34,5
os valores médios correspondentes à partida do motor (corrente e tempo):
I, = 1440 A, t, = 1 s. Realmente, suponhamos que os transformadores possam permitir uma
Como esse par de coordenadas será o limite esquerdo na folha-padrão, e sobrecarga de até 133 %. Ainda mais, conhecemos das Normas Técnicas que:
já que J, do motor é de 240 A, vamos usar o múltiplo 100 na escala de correntes, o dispositivo de proteção do ramal secundário do transformador é regu-
traçando uma vertical a partir de 240 A (parte superior da Fig. 14.3) e locando lado, no máximo, para 2,5 I nz ;
i as coordenadas de partida (a partir de 1 440 A na parte inferior da Fig. 14.3). o dispositivo de proteção de sobrecorrente do primário do transfórmador
I'
Esse ponto representativo do motor (1440 A x 1 s) é a base para o traçado é regulado da forma que segue.
li sucessivo das curvas tempo-corrente dos relés 1 a 5, e que ficarão à direita do
mesmo.
TABELA 14A
!'i
1 e) Localização dos tapes dos relés no plano I x t
1 Há dispositivo protetor de O dispositivo primário de
No catálogo do relé IAC-51, verifica-se que há os seguintes tapes dispo- sobrecorrente no secundário? sobrecorrente ajusta-se para:
níveis: 4, 5, 6, 8, 10, 12, e 16 A. Embora não seja obrigatório, é útil locá-los na
folha-padrão, em barretas, organizando previamente uma tabela de cálculo. Sim .;;4 I, 1 seZ%=6a10%
Esta é obtida, para cada tape, em função da relação do transformador de cor- ~ 6 Inl seZ% < 6%
rente (RTC), da tensão da barra em apreço (V) e da tensão da barra de referência Não ~ 2,51111
'' :1
escolhida (V,,= 2,4kV), por meio da expressão
ili,,
r V É, pois, necessário calcular-se os valores 1,33; 2,5; 4,0 e 6,01,r para cada
!,'i K = RTC X V. X tape. transformador e locar as barretas correspondentes na Fig. 14.3:
h
K 4,=400
5 X
2,4
2,4 X
4=320A
'
133% 250% 400% 600% I,,
e para o tape 16 A do relé n.º 4
15MVA(34,5kV) 335 630 1000 1500 252
800 13•8 16 = 14 720 A. 2,5 MVA(13,8kV)
K •16 =
5 X 2,4 X
140 252 420 630 105
15 MVA( 2,4kV) 4820 9050 14400 21600 3630
Resulta, pois, a tabela a seguir (Tab. 14.3). 2,5 MVA( 2,4kV) 805 1445 2410 3620 600
Na Fig. 14.3, tais barretas foram locadas, convenientemente, para facilitar
a escolha dos tapes (nem sempre serão os mais próximos aos valores nominais).
g) Localização da curva do relé n. • 1
1) Localização das barretas para os transformadores
Trata-se do relé de sobrecorrente protetor do motor. Logo, sua curva deve
Semelhantemente, convém traçar as barretas representativas dos trans' ficar acima
. do ponto correspondente às condições de partida (J p x t p), com
formadores, para as condições pré-fixadas e normalizadas. a1guma margem.
206 Introdução à proteção .dos sistemas el,trlcos Coordenação da proteção de um sistema 207
Vamos admitir que neste estudo estabeleçamos o degrau de temporização observando-se as barretas do T2,5 MVA e do relé n.º 2, verifica-se que satis-
de 0,4 s entre os relés em cascata. Isso equivale,. aproximadamente, ao seguinte: fazem apenas os tapes inferiores a 8, à esquerda da prumada de 2,5 /", mas não
inferiores a 6 (para não cruzar as características dos relés n.'" 1 e 2), ou seja,
tempos do disjuntor de 8 Hz e relé ""0,13 s
entre 133% e 250%1 •. Fixa-se, pois, o tape 8 A, e fazendo novamente a super-
tolerância de fabricação ""0,10 s posição das curvas, colocando o múltiplo 1 da Fig. 14.2 sob aprumada do tape
segurança do projetista ""0,17 s 8 A escolhido, decalca-se a curva de DT = 2 passando imediatamente acima
Total ""0,40s de PC2, na Fig. 14.3. Resulta, pois, o ajuste em tape 8 A e DT = 2.
Quanto à unidade instantânea do relé n.º 2, ficará bloqueada já que a impe-
Então, como o relé do motor não tem que esperar nenhum dispositivo dância existente entre os relés 1 e 2 é insuficiente para uma discriminação segura
jusante operar, basta adotar t = O, 10 + O, 17 = 0,27 s acima das coordenadas de tempo de funcionamento entre eles. No caso, há apenas um trecho de cabo,
de partida, obtendo-se o primeiro ponto de coordenação PC-1, da Fig. 14.3. de baixa impedância (por. exemplo cerca de 0,2 O/km, para cabo 250 MCM de
Para o traçado da curva do relé n. 0 l, lançamos mão das curvas tempo- seção), desprezível face à impedância representada pelo motor; é melhor, pois,
-corrente, fornecidas pelo fabricante em papel transparente e das mesmas di- deixar inoperante essa unidade instantânea.
mensões que a folha-padrão KE-336 (Fig. 14.2). Como faremos superposição Como verificação, a curva do relé n.º 2 está entre os correspondentes pontos
das duas folhas, é útil usar um copiômetm (caixa com lâmpada interior e vidro de magnetização e ANSI do T2,5 MVA.
na tampa) ou um retroprojetor, ou mesmo uma outra superfície transparente
como a vidraça de uma janela. i) Localização da curva do relé n. 0 3
'. Ora, como o transformador de 2,5 MVA admite sobrecarga de 133 %, a Como o relé n.º 2 deve "ver" qualquer curto-circuito na barra de 2,4 kV,
1
curva do relé deverá passar à direita dos pontos 133 % e de coordenação n. º !. inclusive a l "m = 9 020 A, traça-se essa prumada até encontrar a curva de DT = 2,
.1 Verifica-se; pois, que na barreta do relé n. º 1, e na prumada de 133 %, serviriam e, a partir daí marca-se o degrau de temporização de 0,4 s, obtendo-se o terceiro
apenas os tapes 10-12 ou 16 A. Escolhamos o tape n.º 12. Em seguida colocamos ponto de coordenação (PC3).
a folha virgem sobre a folha de curvas (1 x t) do relé, tal que ajustando as linhas Quanto ao ajuste desse relé, e que está no primário do transformador, e
verticais e horizontais, o múltiplo 1 da folha do relé fique exatamente por baixo segundo a Tab. 14.5, já que o T2,5 MVA tem dispositivo de proteção de sobre-
da prumada correspondente ao tape 12 A. Em seguida, basta decalcar, a lápis, corrente no secundário, e Z% < 6%, seu ajuste deve ser inferior a 600%1•.
sobre a folha virgem uma curva de DT que passe imediatamente acima do pri- Observando-se, pois, as barretas do T2,5 MVA e do relé n.º 3, verifica-se que
meiro ponto de coordenação, ou seja DT = 1! (interpolado entre DT = 1 e seria possível usar os tapes 6-8-10-12.
DT = 2). Escolhemo.s o tape 8 A que já impede o cruzamento das curvas dos relés
A unidade instantânea do relé é. sempre ajustada em função da corrente 2 e 3, e ao mesmo tempo deixa o transformador com proteção bem sensível.
assimétrica, ou seja, cerca de 1,5 x l = 1,5 x 1440 A = 2 160 (fator 1,5 por Fazendo novamente a superposição e o decalque, resulta DT = 3.
p • 1
ser a barra de tensão inferior a 5 kV). Seja l •"' = 2 400 A, e tracemos a vert1ca Para o ajuste da unidade instantânea, vamos adotar valor pouco acima
correspondente até cortar a curva de DT já traçada, e cujo final pode ser apagado de 1., = 1,5 x 9020 = 13500A da barra de 2,4kV; ou seja, para 16000A
(antes de passar tinta nanquim, se for o caso). Esse ajuste de 2 400 A cobre tam- resultaria através do RTC = 200/5 e, referido à barra de 2,4 kV,
bém possíveis sobrecorrentes resultantes de variações de tensão da rede, além
de ajustar-se o instantâneo do relé em 30A, pois que lr,JRTC = 2400 + 16 000 2,4
+ 400/5 = 30 A. (O relé tem disponibilidade de ajuste entre 20-80 A). l = 200/5 X 13,8 "" 70 A.
Então, o relé n. º 1 fica assim ajustado: Então, o ajuste do relé n. º 3 será
tape 12A; DT = l:l:; I = 30 A. tape = 8 A, DT = 3, l = 70 A.
h) Localização da curva do relé n. º 2 j) Observação sobre a conexão triângulo-estrela dos transformadores
O relé n.º 2 está no secundário do transformador de 2,5 MVA. Logo, sua Constata-se que o ajuste dos relés do transformador, ou seja, o posicio-
curva deve passar entre os correspondentes pontos de magnetização e ANSI namento das curvas correspondentes, deve ficar determinado como na Fig. 14.4.
já locados. Para achar o segundo ponto de coordenação (PC2), basta marcar No entanto, se a conexão do transformador é triângulo-estrela, resulta que
0,4 s acima da intercessão de DT = 1! e l •"' = 2 400 A. uma falta fase-terra no lado estrela (secundário), é vista no lado primário com
Em seguida, como foi dito anteriormente, o ajuste do dispositivo de sobre- valor de apenas 58 %. Então, é preciso deslocar o ponto ANSI 58 % para a
corrente no secundário do transformador não deve ultrapassar 2,51 •. Logo, esquerda, e fazer a verificação de enquadramento. Na realidade, 0,58 x 10 900 =
208 Introdução à proteção dos sistemaS elétricos
.
Coordenação da proteção de um sistema 209
suficiente detalhe, deixando-se ao leitor o trabalho de aprofundar no assunto,
na medida de suas necessidades futuras.
t
Quanto à coordenação de relés de distância, basta observar as regras citadas
0,58 -o nos capítulos anteriores. É importante dizer-se que cada projetista, escritório
1 - técnico, ou concessionário tem suas próprias regras de bolso, e que precisan1 ser
711~
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1
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, - Pooto ANSI
Pootodo
2,5 MVA
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consultadas conveniente e oportunamente. Nossa intenção foi apenas mostrar
uma dessas formas de solução do problema de coordenação da proteção, de
modo didático mas certamente não-completo.
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1 0,58
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O,ts -~--....,.- T
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TABELA 14.6
Ajuste
Tape (A) DT Instantâneo (A)
Relé
1 12 11/4 30
2 8 2 Bloqueado
3 8 3 70
4 6 3 Bloqueado
·5 6 4 80
14.5 Conclusões
A bibliografia consultada indica uma série de outras regras para ajuste de
fusíveis, disparadores e relés. No entanto, as linhas gerais foram descritas. com
'í." '
Bibliografia
'·.1 211
THE ELECTRICITY COUNCIL, Power Systems Protection, MacDonald
THE ENGLISH ELECTRIC CO. LIMITED, Protective Relays Application Guide 1968
TITARENKO, M., Protective Relaying in Electric Power Systems, Foreign L. P. Hou~es
WARRINGTON, A. R. Van C., Protective Relays, Chapman-Hall, 1962-69
WELLMAN, F. E., The Protective Gear Handbook. Pitman
WESTINGHOUSE ELECTRIC CORPORA TION, Applied Protective Relqying (Relay /ns-
trument Dwiswn)
WESTINGHOUSE ELECTRIC CORPORATION, Electrical Transmission and Distri-
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ZOPPETTI, G. J., Estaciones Tran.fformadorasy de Distribuicion, Gustavo Gili, 1955