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Curso Pretos Velhos | Por Alan Barbieri

O Tráfico de Escravos no Brasil

O tráfico negreiro no Brasil perdurou do século XVI ao XIX. Nosso país recebeu a maior
parte de africanos escravizados no período (quase 40% do total) e foi a nação da América
a mais tardar a abolição do cativeiro (1888). Era uma atividade lucrativa e praticada pelos
portugueses antes do descobrimento do Brasil.
As embarcações utilizadas para o transporte desses escravos da África para o Brasil eram
as mesmas anteriormente usadas para o transporte de mercadorias da Índia. Assim,
podemos levantar dúvidas sobre o estado de conservação e a segurança dos navios
negreiros.

No início desse “comércio” eram utilizadas para o tráfico negreiro desde as charruas até as
caravelas, com arqueações que variavam entre 100 e 1000 toneladas. Mas com o passar
do tempo os navios negreiros começaram a ser escolhidos com mais especificidade, indo
de naus com apenas uma cobertura (os escravos eram transportados sem distinção nos
porões) a naus com três coberturas (separando-se homens, mulheres, crianças e mulheres
grávidas). Àquela época, esses navios eram apelidados de “tumbeiros”, pois devido às
condições precárias muitos escravos morriam. Os negros que não sobreviviam à viagem
tinham seus corpos jogados ao mar.

Os negros que aqui chegavam pertenciam, grosso modo, a dois grupos étnicos: os bantos,
vindos do Congo, da Angola e de Moçambique (distribuídos em Pernambuco, Minas Gerais
e no Rio de Janeiro) e os sudaneses, da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim (cuja
mão-de-obra era utilizada no Nordeste, principalmente na Bahia). 

A saudade da terra natal (banzo) e o descontentamento com as condições de vidas
impostas eram as principais razões das fugas, revoltas e até mesmo dos suicídio dos
escravos. A “rebeldia” era punida pelos feitores com torturas que variavam entre
chicotadas, privação de alimento e bebida e o “tronco”. Durante essas punições, os negros
tinham seus ferimentos salgados para provocar mais dor.

O motivo para o início do tráfico negreiro no Brasil foi a produção de cana-de-açúcar. Os
escravos eram utilizados como mão-de-obra no Nordeste. Comercializados, escravos
jovens e saudáveis eram vendidos pelo dobro do preço de escravos mais velhos ou de
saúde frágil. Vistos como um bem material, eles podiam ser trocados, leiloados ou
vendidos em caso de necessidade.
O Tráfico Negreiro foi extinto pela Lei Eusébio de Queirós, em 1850. A escravidão no
Brasil, no entanto, somente teve fim em 1888, com a Lei Áurea.

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Quilombo de Palmares

“Primeiros europeus a chegar ao Brasil, no ano de 1500, os portugueses fizeram vir negros
da África para o trabalho escravo nas plantações de cana-de-açúcar, principal riqueza da
colônia. Senhores absolutos da vida e da morte de seus escravos, os proprietários brancos
os faziam trabalhar sem descanso, a custa de castigos e torturas muitas vezes fatais.
Alguns escravos, porém, conseguindo fugir do cativeiro, se escondiam pelo interior virgem
do país, onde formavam comunidades livres a que se deu o nome de quilombo. Destes, o
mais célebre foi o Quilombo dos Palmares, fundado em fins do século XVI, nas montanhas
do Nordeste do Brasil.” Assim começa o filme “Quilombo”, de 1984.

Como a própria introdução do filme diz, o Quilombo de Palmares situava-se nas montanhas
do Nordeste do Brasil, mais especificamente na Serra da Barriga, região que hoje pertence
ao estado de Alagoas, e foi fundado no século XVI – alguns registros mostram que já havia
um quilombo naquelas localidades em 1580, mas a mais antiga referência a ao nome
Palmares vem de uma carta escrita pelo padre Pero Lopes, datada de 1597.

O nome “Palmares” remete ao fato da região escolhida ter muitas palmeiras. No começo de
sua existência, Palmares era habitado por poucos, contudo, após o início da (1630 à
1654), os senhores de engenho voltaram suas atenções para os holandeses, o que
proporcionou a oportunidade de fuga para muitos escravos. Vários negros fugiram para
Palmares, o que fez com que no início da invasão – em 1630 – o número de habitantes de
palmares subisse para 3.000 e no final dela – em 1654 – Palmares abrigava entre 23 e 30
mil pessoas (cerca de 13% da população brasileira da época).

Os holandeses tentaram diversas expedições contra Palmares mas, sem sucesso, foram
derrotados cruelmente em 1644. Após 1654, os portugueses organizaram mais de 20
expedições militares contra Palmares, pois o quilombo havia se tornado uma espécie de
estado autônomo, ocupando uma faixa de terra de 200km.

Somente em janeiro de 1694 o Quilombo dos Palmares foi ocupado e destruído. Com um
exército de mais de 8.000 homens munidos até com canhões, Caetano Mello e Castro
(governador da capitania de Pernambuco) e seu braço direito (o comandante-geral)
atacaram por 22 dias até a vitória. Contudo, os palmarinos continuaram a resistência por
meio de ataques surpresa, saques e libertação de escravos. Mesmo com a morte de seu
líder, o povo de palmares lutou até 1716.

Enquanto palmares existiu, os quilombolas garantiam a sobrevivência pela agricultura, caça
e colheita de frutos.

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Também se produzia artesanatoQuilombo depalmeira,


com palha de Palmarestecidos, cerâmica e metalurgia.
O Quilombo de Palmares também é conhecido como “Esparta Negra”. Até hoje a história de
Palmares é lembrada por muitos como uma luta pela igualdade.

Por: Carolina de Souza Campos de Sá



P r in c ip a is T e r r e ir o s d e C a n d o m b lé n a B a h ia

O Candomblé da Barroquinha foi o primeiro candomblé a funcionar regularmente na Bahia.
De origem kêtu-nagô, foi fundado em 1830, por três negras da Costa da Mina, de quem se
conhece apenas os nomes africanos: Adêtá (Iyá Dêtá), Iyá Kalá e Iyá Nassô. Batizado de
Ilê Iyá Nassô (Casa de Mãe Nassô), o terreiro, hoje conhecido como Candomblé do
Engenho Velho ou Terreiro da Casa Branca, deu origem aos três mais famosos terreiros
kêtu-nagô da Bahia. Com a morte da Ialorixá Iyá Nassô, o comando do terreiro ficou com a
filha de uma das três fundadoras, conhecida por Marcelina, que, por sua vez, tinha duas
filhas, duas Maria Júlia: uma Conceição e a outra Figueiredo.

Com a morte de Marcelina, as duas passaram a disputar a chefia do terreiro. Venceu Maria
Júlia Figueiredo, que já era Mãe Pequena do terreiro e desfrutava de grande prestígio junto
aos freqüentadores. A outra Maria Júlia, porém, se afastou, arrendou um terreno no bairro
do Rio Vermelho, e ali fundou, com os demais dissidentes, o Ilê Axé Omim Iyá Massê,
atual candomblé do Gantois, que recebeu esse nome por causa do proprietário francês.
Reza a lenda, que Maria Júlia Conceição levou consigo os axés do Engenho Velho,
constituindo-se, portanto, no legítimo herdeiro do candomblé da Barroquinha. O Gantois
prosperou e tornou-se internacionalmente conhecido na gestão de Mãe Pulquéria, filha de
Maria Júlia Conceição e tia de Maria Escolástica Conceição Nazaré, Mãe Menininha do
Gantois, a Ialorixá mais famosa da Bahia.

Mas, nessa mesma ocasião, o Ilê Iyá Nassô saiu da Barroquinha e mudou-se para o
Caminho do Rio Vermelho e passou a ser conhecido como Terreiro do Engenho Velho ou
da Casa Branca, ainda sob o comando de Maria Julia Figueiredo. Com a sua morte, Mãe
Sussu (Ursulina) assumiu a direção. Uma nova disputa pelo comando do Ilê Iyá Nassô
acontece com a morte de Mãe Sussu. O conflito gira em torno de Ti’Joaquim, um
babalorixá baiano, radicado no Recife, e foi liderada por Aninha, que queria que ver o
Ti’Joaquim no comando da casa. Prevaleceu, porém, o partido da ordem e quem assumiu o
axé foi Tia Massi (Maximiana Maria da Conceição).

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Quilombo
Derrotados, a facção liderada por de Palmares
Aninha deixou o terreiro e fundou um candomblé
independente, o Ilê Axé Opô Afonjá, sob a direção de Ti’Joaquim, que quando morreu,
passou a liderança da casa para a própria Aninha (Eugênia Ana Santos) que o conduziu até
1938. Hoje o Opô Afonjá é comandado pela famosa mãe-de-santo Stella de Oxossi.



Pai Obaluayê

É o Orixá que atua na Evolução e seu campo preferencial é aquele que sinaliza as
passagens de um nível vibratório ou estágio da evolução para outro.
O Orixá Obaluaiyê é o regente do pólo magnético masculino da linha da Evolução, que
surge a partir da projeção do Trono Essencial do Saber ou Trono da Evolução.
O Trono da Evolução é um dos sete Tronos essenciais que formam a Coroa Divina regente
do planeta, e em sua projeção faz surgir, na Umbanda, a linha da Evolução, em cujo pólo
magnético positivo, masculino e irradiante, está assentado o Orixá Natural Obaluaiyê, e em
cujo pólo magnético negativo, feminino e absorvente está assentada a Orixá Nanã
Buruquê. Ambos são Orixás de magnetismo misto e cuidam das passagens dos estágios
evolutivos.

Ambos são Orixás terra-água (magneticamente, certo?). Obaluaiyê é ativo no magnetismo
telúrico e passivo no magnetismo aquático. Nanã é ativa no magnetismo aquático e
passiva no magnetismo telúrico. Mas ambos atuam passivamente, o outro atua
ativamente.
Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Obaluaiyê estabelece o cordão energético
que une o espírito ao corpo (feto), que será recebido no útero materno assim que alcança o
desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).

É o mistério “Obaluaiyê” que reduz o corpo plasmático do espírito até que fique do tamanho
do corpo carnal alojado no útero materno. Nesta redução, o espírito assume todas as
características e feições do seu novo corpo carnal, já formado.
Muito associam o divino Obaluaiyê apenas com o Orixá curador, que ele realmente é, pois
cura mesmo! Mas Obaluaiyê é muito mais do que já o descreveram.
Ele é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro, de uma dimensão para a outra, e
mesmo do espírito para a carne e vice-versa.

Espero que os Umbandistas deixem de temê-lo e passem a amá-lo e adorá-lo pelo que ele
realmente é: um Trono Divino que cuida da evolução dos seres, das criaturas e das
espécies, e que esqueçam as abstrações dos que se apegaram a alguns de seus aspectos
negativos e os usam para assustar seus semelhantes.

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Estes manipuladores dos aspectos negativos do Orixá Obaluaiyê certamente conhecerão


os Orixás cósmicos que lidam com o negativo dele. Ao contrário dos tolerantes Exús da
Umbanda, estes Obaluaiyês cósmicos são intolerantes com quem invoca os aspectos
negativos do Orixá maior Obaluaiyê para atingir seus semelhantes. E o que tem de
supostos “pais de Santo” apodrecendo nos seus pólos magnéticos negativos só porque
deram mau uso aos aspectos negativos de Obaluaiyê... Bem, deixemos que eles mesmos
cuidem de suas lepras emocionais. Certo?

Ervas de limpeza: Casca de alho, casca de cebola, mamona, fumo, pinhão roxo.

Ervas de equilíbrio: Sálvia, Folha de beterraba, fumo, pinhão roxo.

Oferenda: Velas brancas e brancas/pretas; vinho rosé licoroso, água potável; coco fatiado
coberto com mel e pipocas; rosas, margaridas e crisântemos.



Chapéu, cachimbo e valores

A Lei Penal do Império determinava que o escravo era considerado rês (simultaneamente
coisa e pessoa) e portanto nenhuma autorização tinha para exercer direitos civis e, quiçá,
políticos. Como objeto que respirava, somente devia ser útil aos seus compradores e não
levantar nada além dos braços para carregar mais um pacote de grãos. Caso fugisse,
ganhava anúncio no Jornal do Commercio com imagem e descrição tão bárbara quanto o
tempo permitia. Humanos de verdade eram os detentores do poder financeiro e não seus
subordinados.

Humildemente eles vêm à terra de seus algozes: sem barulheira, sem “dançarias”, sem
alegoria pra encantar os olhos e desviar a mente. Nada pedem além de uma caneca - por
vezes enferrujada - de café preto quentinho, um cigarro de palha para as defumações e
algumas velas para trabalhar na força de “nosso Sinhô Jesus”. De barra da calça dobrada e
pés nus no chão, atendem desconhecidos, conhecidos e companheiros de outras jornadas;
ninguém sai sem um abraço apertado com cheiro de vô e a esperança de volta no peito.

“Fio precisa aprender a perdoar”, diz sempre Preto-Velho numa voz caridosa de quem viveu
de tudo muito, aconselha em tom de novidade mesmo que já tenha repetido a frase
centenas e tantas vezes porque sabe como ninguém que a verdadeira libertação da alma
não acontece sem deixar “as coisa ruim” irem embora. Também diz com orgulho que não
cabe no peito e vai pra garganta que “escravo pode apanhá do feitô, mas feitô jamais vai
apanhá do escravo” e se indagar o motivo, ele taciturnamente responderá: “sÕeu faço igual

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Pai Obaluayê
então também sô feitô que bate nos escravo”.

Vô superou o chicote, a fome, o desespero, a tristeza profunda de ser arrancado de sua
casa e trazido para um mundo onde sua língua, cultura e existência não valiam mais do
que alguns réis; o classificam com a palavra da moda: Preto-Velho tem resiliência. 

E tem mesmo. Batalhou sozinho, ele contra ele mesmo e os “dois” contra a selvageria dos
capitães do mato que perseguiam a si e a seus irmãos de etnia como leões enfurecidos em
busca duma presa boa para o jantar. Vovô hoje abrilhanta os terreiros de Umbanda com o
sorriso no rosto e a caridade nas mãos; nem parece que foi separado de sua família,
transportado num navio-pesadelo com nome intimidador com tantas boas intenções quanto
seus tripulantes (Amável Donzela, Brinquedo dos Meninos, Caridade, Feliz Dias a
Pobrezinhos etc), trocado por pedaços redondos de metal e obrigado a sustentar o luxo que
jamais seria seu.

Em sua calmaria as perturbações do homem têm pouco ou nenhum espaço, em seu colo
acolhedor de almas sofridas as lágrimas descem e se transformam em flor, em sua
compreensão os julgamentos da mente cheia de artimanhas invalidam-se e evaporam
como cinzas ao vento. Tanta é a sabedoria que o silêncio após um relato deixa de ser
incômodo para se transformar num afago para os tantos barulhos das adversidades.
Preto-Velho, embora livre das correntes, ainda volta a nós para nos livrar das nossas.



A linha de ação de trabalho dos Pretos Velhos

A figura de ex-escravos, de velhos “feiticeiros” negros, conhecedores de rezas e de
encantamentos poderosos, capazes de realizar “milagres”, foi o arquétipo ideal para atrair
milhares de espíritos para a Umbanda.

Espíritos de negros, amadurecidos no tempo e na vida do plano material, assumiram o grau
de “Pretos-Velhos”, orientando e ensinando os reais valores da vida, simplicidade,
humildade e caridade. Sabedoria, simplicidade, humildade, caridade, evolução, seriedade,
paciência, calma e ponderação são qualidades, atributos que nos remetem ao mistério
ancião – de velho, sábio e profundo conhecedor dos mistérios divinos – sustentado pelos
orixás mais velhos: Pai Oxalá, Pai Obaluaiê, Pai Omolu e Mãe Nana Buruquê. Os
Pretos-Velhos trazem esse mistério consigo, pois são espíritos elevadíssimos, bastante
amadurecidos; são nossos irmãos mais velhos na senda evolutiva, que com sua
experiência de vida alcançaram a sabedoria. 


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Pai Obaluayê
O arquétipo do ancião preto, nobre, poderoso, amoroso, humilde e sábio, ocultado por trás
do jeito simples de falar, encantou e tornou imortal a figura carismática do Preto-Velho. Os
Pretos-Velhos, ou linha das almas, atuam na irradiação de Pai Obaluaiê, de quem captam
as irradiações, tornando-se também irradiadores delas, estabilizando e transmutando a vida
de quem os consulta.

Preto-Velho, no ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de um Mistério Divino.
Nem todo preto-velho é preto ou velho. A forma como eles incorporam, curvados, expressa
a qualidade telúrico-aquática de Pai Obaluaiê. O peso que parecem carregar não é fruto do
cansaço, da idade avançada ou velhice, mas á a ação da qualidade estabilizadora terra,
desse Orixá, diante da qual todos se curvam, se aquietam e evoluem calmamente.

Essas entidades manifestam-se sob a aparência de negros escravos, trazendo-nos o
exemplo de humildade e simplicidade da alma. São espíritos elevadíssimos com vasto
campo de atuação, encontrados nas Sete Linhas de Umbanda, pois trabalham a Evolução
nos sete sentidos da vida dos seres. Trazem sempre palavras de fé, de esperança, de
consolo e de perseverança, com sua sabedoria, paciência, paz e serenidade.

No arquétipo do amoroso Preto-Velho, esses espíritos estão sempre a nos ensinar que o
perdão é sempre a melhor opção e que a caridade é o melhor caminho evolutivo. Eles não
carregam mágoa, raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas que sofreram na
carne.

São conselheiros pacientes, mostrando-nos a vida e seus caminhos. Com suas mirongas,
banhos de ervas e outros elementos, exorcisam forças negativas, obsessesores e
quiumbas, e, apoiados pelos Exus de Lei, desfazem trabalhos de magia negra.
Esse arquétipo é tão poderoso e forte que foi adotado por milhões de espíritos
evoluidíssimos que se apresentam discretamente nos centros de Umbanda nessa linha de
trabalho. O Preto-Velho sábio, humilde e caridoso simboliza a sabedoria dos velhos
benzedores, a humildade daqueles que extraíram suas forças das condições cruéis que
lhes foram impostas em vida. Com sabedoria e simplicidade, ensinam as pessoas para que
entendam e encarem seus problemas cotidianos e busquem as melhores soluções. Eles
aliviam o fardo dos consulentes, fazendo com que se fortaleçam espiritualmente.

Por Mãe Lurdes de Campos Vieira

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Pai Obaluayê
O Mistério da Cruz

Conta uma outra lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos
cristãos quando um “padre” romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de
sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la… e o mesmo fazia
ao sair dela.

O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não
podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por
causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde
jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou:

— Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!

— Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado
do sinal da cruz, meu negro velho?

— É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante
de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que
temos a dizer-lhe.

— Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o
meu? É isso, meu negro velho e cansado?

— É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o
lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado
do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como
escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser
revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus
pés, pedi ao meu pai Obaluayê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e
sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância
dos cruzamentos… e das passagens.

O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto
carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as
fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa
comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de
carregar fardos alheios.

Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala

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Pai Obaluayê
particular localizada atrás da sacristia.

Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um
banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado
do sinal da cruz.

O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a
curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um
trono, de tão trabalhada que ela era.

— Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?

— Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou
sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluayê para
assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me
incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das
coisas deixamos de sentir os “pesos” do lado profano de nossa vida.

O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não
estava diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não
falasse bem o latim (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava
coisas que nem os mais sábios dos romanos conheciam.

O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a
direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano,
que perguntou-lhe:

— Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar?

— Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluayê que abrisse uma passagem
nele para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele
senão elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real
significado delas ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai.

— Então tudo tem dois lados, meu preto velho?

— Tem sim, meu senhor.

— Por que você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando
estava apoiado sobre sua bengala?

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— Meu senhor, quando nos assentamos PainoObaluayê


lado sagrado das coisas, aquietamos nosso
espírito e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas.

— Entendo, meu velho – murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as
palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz!

E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento
que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda

não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e
começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então.

Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos
de pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar.
E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis
magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde
seu lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da
existência de passagens entre esses dois lados, etc.

Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus
olhos enchiam-se de lágrimas e mais ele se achegava, chegando um momento em que ele
se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder
nenhuma das palavras dele.

E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e
horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a
escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados.

Aos poucos estava reescrevendo o cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados.

– Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio.

– Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua
forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal.

– Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o
sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho.

– Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o Orixá da varíola ao
cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros

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Pai Obaluayê
“padres de todos os padres”, uma espécie de “cappo de tutti capos” (os papas), começaram
a adaptar os mistérios de muitos povos ao cristianismo, fundamentando a crença dos
muitos seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios
para oficializá-los e torná-los dogmas.

Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao
cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos
cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho.

1º. O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados:

a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e
a Deus através do lado sagrado ou interno da criação.

Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado
sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.

Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da
criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação
e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.

b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado
sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos
aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.

c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e
terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que
eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.

d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o
nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao
local que estamos abençoando (cruzando).

e) Ao cruzarmos o solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o
lado sagrado dela.

f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado
sagrado exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la.

g) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e

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sagrado dele para que ele, através dessePai lado


Obaluayê
seja um portal sagrado que tanto absorverá
vibrações negativas como irradiará vibrações positivas.

h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos
nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada,
estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior.

i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: “— Eu
saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do
meu pai Obaluayê que abra o seu lado sagrado para mim”.

Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os
padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele
sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos
estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do cristianismo e se esmeravam em
conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos
deles que os elegeriam.

Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres),
colocarem nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou
inventados na hora para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto
na plebe como nas classes mais abastadas.

E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com
grande peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos
padres romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao
cristianismo!

Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes
doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete
mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia.

A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja
romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo
“católico” que significava “universal” e universalizaram suas práticas de mercadores da fé.

Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser
chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas,
que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo
esse que consistia em acabar com as outras religiões.


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No acordo, o imperador ficava com osPaibensObaluayê


delas (tesouros acumulados em séculos,
propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos
os que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles.

O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para
provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo,
hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a
questão dos dízimos cobrados por eles.

Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na
declaração dos bens das suas igrejas.

Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam
que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de
então.

O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no
começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça
da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que
estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal
de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis
(digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se
confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente
pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem
decoradas.

No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda
toda às suas estripulias intramuros palacianos.

O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras
religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar
suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as
mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia
tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os
povos, épocas e pessoas.

Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com “tudo”: A grana que arrecadavam,
parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte
usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que
exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao cristianismo que havia

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tornando-os prósperos e bem sucedidos PainaObaluayê


vida.

Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos
rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que
davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé
no singular).

Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da
segunda metade do século IV d.C.

Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de
pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.

E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha
aprendido com ele, aconteceu ao contrário.

O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto,
mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).

Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas
colhiam na calada da noite das torneiras).

Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no
Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um “reciclador” barricas de um
óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro).

E isso, sem falar nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas
réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que
algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para
churrasco.

Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele
jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos
outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si
mesmo: “Me perdoa, meu pai Obaluayê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto
é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em
benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em
horrendas cobras negras”.

Obaluayê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos

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Pai Obaluayê
de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes.

inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito
curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido: “Meu
filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos
Orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos Senhores dos Mistérios mas que
acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra
e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para
recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às
trevas. 

Bem que eu alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da
Cruz para abrir passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas
com meu mistério da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio
preto?

“É sim, meu divino pai Obaluayê!” —disse o preto velho.

Por Rubens Saraceni



Práticas na força dos Pretos-Velhos

Firmeza

1 alguidar
1 vela 7 dias branca com preta
1 fava de Obaluaiê
* Grãos de café
1 cachimbo
*Fumo
* Algodão
* Azeite de oliva

Modo de preparo:
Lave o alguidar com água corrente, posicione-o no chão e despeje, inicialmente, o azeite.
Após sinalizar a cruz três vezes com o indicador, deposite a fava já enrolada no algodão,
regue o próprio com um pouco mais de azeite e insira algumas ervas características.
Finalize colocando os grãos de café, acendendo a vela e baforando o cachimbo com fumo.


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Oferenda
Pai Obaluayê
1 prato de barro

1 vela palito branca com preta


1 caneca com café
1 cigarro de palha / cachimbo
Milho
cozinho
Inhame
Mandioca
Batata doce
Rapadura
Goiabada
Doce de banana
Bolo de laranja
Banana

Modo de preparo:
Distribua no prato os elementos, coloque a xícara com café ao lado, acenda a vela e bafore
a oferenda com um cigarro de palha ou cachimbo.



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