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Pós-Graduação em Escola Austríaca (IMB/UniÍtalo)

Módulo 12 – Constituição e Liberdade: uma visão liberal sobre os direitos fundamentais


Professor: Rodrigo Marinho
Alunos: Mariangela Ghizellini e Nícolas Ribeiro de Lacerda
Turma: 002

“Para avaliação do professor Rodrigo, todos devem carregar na Wikipédia e no site


"academia.edu" um artigo/verbete original sobre algum aspecto jurídico tratado na aula - de no
mínimo 2 (duas) e no máximo 5 (cinco) páginas.”

1 ESPOLIAÇÃO LEGAL

Espoliação legal é o ato de tirar de alguém aquilo que lhe pertence e dar a outra pessoa
o que não lhe pertence usando para tal o aparato legal do Estado, transformando em algo
coerente com a lei um ato que seria considerado um crime se fosse cometido por um cidadão
qualquer. O termo foi cunhado pelo economista e jornalista francês Claude Frédéric Bastiat,
tendo destaque em seu Magnum opus “A Lei”, publicado em 1850.
Ao longo dos seis breves anos em que atuou como escritor e político (1844-1850),
Bastiat publicou diversas cartas, panfletos, artigos e livros, onde apresenta sua visão do Estado
como uma máquina propositalmente projetada para perpetuar a espoliação, tirando a
propriedade de algumas pessoas sem seu consentimento e as transferindo para outras pessoas
[artigo]. O termo usado por Bastiat com mais frequência para descrever tais ações do Estado é
“la spoliation” (a espoliação), porém encontramos também “parasite” (parasita), “viol”
(estupro), “vol” (roubo), e “pillage” (saques ou pilhagem) (HART, 2012).

2 COMO IDENTIFICAR A ESPOLIAÇÃO LEGAL

Segundo Bastiat, para se identificar uma espoliação basta se atentar ao seu significado
e observar se, através da lei, o Estado tira de algumas pessoas aquilo que lhes pertence e dá a
outras o que não lhes pertence. Ao identificar uma lei com esta característica, Bastiat sugere
que a mesma seja revogada imediatamente, a fim de que tal prática não se difunda, multiplique
e se torne sistemática.
Ao se buscar revogar uma lei que supostamente promova a espoliação tem-se outra
forma de identificar se esta é, de fato, uma espoliação legal. Dada a possibilidade de sua
revogação, aquele que se beneficia desta lei em detrimento de outros indivíduos invocará e
justificará os “direitos adquiridos”:
“Dirá que o estado deve proteger e encorajar sua indústria particular e alegará que é
importante que o estado o enriqueça, porque, sendo rico, gastará mais e poderá pagar
maiores salários ao trabalhador pobre.” (BASTIAT, 2010, p.21)

3 EXEMPLOS DE ESPOLIAÇÃO LEGAL

Apesar de Bastiat ter vivido apenas na primeira metade do século XIX, suas observações
sobre a atuação do Estado são ainda atuais, inclusive na forma como perpetua a espoliação
através da lei.
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Em sua obra, A Lei, Bastiat apresenta diversas formas em que a espoliação legal se dá
na prática. Além do referido “direito adquirido”, Bastiat elenca, dentre outras possíveis, as
seguintes: tarifas, benefícios, subvenções, incentivos, imposto progressivo, instrução gratuita,
garantia de empregos, de lucros, de salário mínimo, de previdência social, de instrumentos de
trabalho, e gratuidade de crédito.
Como sistema político-econômicos onde a espoliação legal é predominante, Bastiat
ainda especifica o protecionismo, o comunismo e o socialismo. No primeiro, destacando-se a
característica de ser a espoliação mais visível e que, por este motivo, dificilmente se perpetua.
No segundo, destaca-se a espoliação universal, onde todos espoliam e todos. No terceiro, a
vaguidade, onde a espoliação por mais que sistêmica, não é tão concentrada quando no
protecionismo nem tão difusa quanto no comunismo.

4 POPULARIDADE DA IDEIA DE ESPOLIAÇÃO LEGAL

Por mais que a ideia de espoliação legal, aos olhos de Bastiat, seja absurda, devido sua
profunda incoerência com a função da lei, uma vez que lei é força, devendo ser usada para
combater injustiças, ainda assim foi e tem sido praticada em diversas sociedades.
Segundo o autor, isto se dá devido à sedutora ideia de que não basta a lei ser justa, esta
deve também ser filantrópica e promover a fraternidade:
“Não se julga suficiente que a lei garanta a cada cidadão o livre e inofensivo uso de
suas faculdades para o seu próprio desenvolvimento físico, intelectual e moral. Exige-
se, ao contrário, que espalhe diretamente sobre a nação o bem-estar, a educação e a
moralidade.” (BASTIAT, 2010, p.23)

5 ESPOLIAÇÃO LEGAL COMO FORMA DE FRATERNIDADE FORÇADA

Uma vez que a lei, para Bastiat, é a organização coletiva do direito individual de legítima
defesa, baseado nos direitos naturais de preservação da própria pessoa, sua liberdade e
propriedade, sua única função prática é a organização da justiça.
Esta organização se dá não de maneira positiva, mas sim negativa. Ao invés de se
promover a justiça, a única atuação possível é combater a injustiça:
“A lei e a força realizam uma missão cuja inocuidade é evidente, a utilidade palpável
e a legitimidade indiscutível. Isto é tão verdadeiro que um de meus amigos me fez
observar que a finalidade da lei é fazer reinar a justiça, o que, a rigor, não é bem exato.
Seria melhor dizer-se que a finalidade da lei é impedir a injustiça de reinar. Com
efeito, não é a justiça que tem uma existência própria, mas a injustiça. Uma resulta da
ausência da outra.” (BASTIAT, 2010, p.26)
Quando a promoção de justiça, que só pode ser feita no combate a injustiça, é
confundida com a promoção de um mundo mais justo através da “falsa filantropia”, também
denominada “fraternidade forçada”, a liberdade passa a ser legalmente destruída e, em
consequência, a justiça legalmente pisada.
Tendo em vista que para Bastiat, a espoliação nada mais é do que a ideia oposta à ideia
de propriedade, seja salários, terras, dinheiro ou qualquer outra coisa, a “fraternidade forçada”
só é possível ao se negligenciar o direito natural à propriedade privada de indivíduos,
contrariando toda a noção do que justo ou injusto, passando a se permitir por lei a espoliação
de um ou mais indivíduos inocentes em benefício de outros.
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6 CONSEQUÊNCIAS DA PERPETUAÇÃO DA ESPOLIAÇÃO LEGAL

Segundo Bastiat, quando a espoliação se dá pelas vias legais, acaba por ser maior e pior
do ponto de vista social, do que se fosse à margem da lei, sobretudo pelas suas consequências.
A primeira delas e, provavelmente, a mais substancial é o fato de que as pessoas de uma
sociedade em que a espoliação legal é predominante acabam por perder a noção do justo e do
injusto. Muitas vezes colocando os indivíduos em situação perturbadora, como apresenta o
próprio autor:
“Quando a lei e a moral estão em contradição, o cidadão se acha na cruel alternativa
de perder a noção de moral ou de perder o respeito à lei, duas infelicidades tão grandes
tanto uma quanto a outra e entre as quais é difícil escolher.”
Um fato que evidentemente frustra o economista francês é que muitos povos, ao
perceberem que as classes que fazem as leis são beneficiadas através da espoliação, ao invés de
buscarem extirpar a injustiça sistêmica, buscam generalizá-la. Desta forma, ao invés de se
preservar a justiça e a boa relação entre os concidadãos, promove-se o conflito:
“Enquanto se admitiu que a lei possa ser desviada de seu propósito, que ela pode violar
os direitos de propriedade em vez de garanti-los, então qualquer pessoa quererá
participar fazendo leis, seja para proteger-se a si próprio contra a espoliação, seja para
espoliar os outros. As questões políticas serão sempre prejudiciais, dominadoras e
absorverão tudo. Haverá luta às portas da assembleia legislativa e também luta, não
menos violenta, no seu interior.” (BASTIAT, 2010, p.19)

7 ESPOLIAÇÃO LEGAL POR OUTROS AUTORES

Alguns outros autores em diferentes épocas tratam da espoliação legal usando termos
de mais fácil compreensão, sendo a definição mais comum e atual: “impostos”.
Murray N. Rothbard discorre sobre o mesmo assunto, em seu livro Ética da Liberdade.
Para Rothbard, somente o Estado (com exceção dos ladrões) obtém receita através da coerção,
e sob ameaça de penalizar aqueles que não disponibilizarem a renda ou propriedade requisitada.
Esta coerção para o autor é o que conhecemos como "taxação", “imposto” ou “tributo”.
“Se, então, o imposto é compulsório e, portanto indissociável de roubo, logo o estado,
que subsiste pelos impostos, é uma enorme organização criminosa muito mais
impiedosa e bem sucedida do que qualquer máfia "privada" da história. Além disto,
ele deveria ser considerado criminoso não apenas de acordo com a teoria de direitos
de propriedade e de crime mostrada neste livro, mas mesmo de acordo com o
entendimento comum da humanidade, que sempre considera que o roubo é um crime.”
(ROTHBARD, 2010, p.237)
Para Hans-Hermann Hoppe, ainda mais atual, “impostos nunca são, em qualquer nível
de tributação, consistentes com a liberdade individual e com os direitos de propriedade.
Impostos são pura e simplesmente um roubo, um assalto” (HOPPE, 2011).
Para Hoppe, “tributar é um ato de roubar e extorquir; ato esse por meio do qual um
seguimento da população, a classe dominante ligada ao estado, enriquece a si própria à custa
da classe restante, os dominados” (HOPPE, 2011).
Para Juan Ramón Rallo o “esbulho alheio” é o pilar do governo. Para ele, que estudou
as origens da tributação, o governo nasceu da extorsão, de bases espoliativas, pois os
fazendeiros eram obrigados a pagar um "arrego" para o governo, do contrário, eram
assassinados. Demonstrando que a criação de riqueza é anterior a tributação, e a função precípua
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do governo de proteção, vem somente após a prévia criação de riqueza, que em nenhum
momento dependeu do governo para acontecer.
Já Lysander Spooner, um dos precursores do anarcocapitalismo, diz que “todos os
impostos cobrados sobre a propriedade de um homem para o sustento do governo, sem seu
consentimento, são um mero roubo, uma violação do direito natural à propriedade” (POWELL,
2009).
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REFERÊNCIAS

BASTIAT, F. A Lei. Tradução de Ronaldo da Silva Legey. 3ª. ed. São Paulo: Instituto Ludwig
von Mises Brasil, 2010. 64 p. ISBN 978-85-62816-03-1. Disponivel em:
<https://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=17>.
HART, D. Frédéric Bastiat on Legal Plunder. Foundation for Economic Education, 2012.
Disponivel em: <https://fee.org/articles/frdric-bastiat-on-legal-plunder/>. Acesso em: 01 abr.
2018.
HOPPE, H.-H. Impostos, moralidade e ética. Instituto Mises Brasil, Abril 2011. Disponivel
em: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=926>. Acesso em: 2018.
POWELL, J. Biografia: Lysander Spooner. Ordem Livre, 2009. Disponivel em:
<http://ordemlivre.org/posts/biografia-lysander-spooner>. Acesso em: 2018.
RALLO, J. R. Impostos nada mais são do que roubo legalizado. Instituto Mises Brasil, 2017.
Disponivel em: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2725>. Acesso em: 2018.
ROTHBARD, M. N. Ética da Liberdade. 2ª Edição. ed. São Paulo: Instituto Mises Brasil,
2010.

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