Вы находитесь на странице: 1из 42

Avaliação Mediadora: a ponte entre o conhecimento e a aprendizagem

A avaliação mediadora propõe um modelo baseado no dialogo e aproximação do


professor com o seu aluno de forma que as práticas de ensino sejam repensadas e
modificadas de acordo com a realidade sócio-cultural de seus alunos, nesta perspectiva
de avaliação o erro é considerado como parte do processo na construção do
conhecimento e não como algo passível de punição, na visão mediadora o professor é
capaz de criar situações desafiadoras que tornem capaz a reflexão e ação tornando a
aprendizagem mais significativa.

A avaliação escolar há muito tempo é utilizada para classificar, selecionar seus


alunos e como instrumento de disciplina e autoritarismo na sala de aula, a avaliação
classificatória privilegia a competição e o julgamento e não a aprendizagem e a ação
pedagógica.

INTRODUÇÃO

As formas de avaliação tradicionais (oral e escrita) contribuem para o fracasso


escolar, muitas vezes não determinam o grau de conhecimento do aluno, é necessário
criar uma avaliação integrada ao processo de aprendizagem, modificar as práticas
avaliativas para que ela seja contínua e verdadeiramente capaz de agir e regular a
aprendizagem.
A avaliação mediadora possibilita ao aluno construir seu conhecimento,
respeitando e valorizando suas idéias, ou seja, faz com que o aluno coloque em prática
toda sua vivência.
O processo de aprendizagem torna-se continuo através da avaliação mediadora,
uma vez que o professor possui ferramentas de intervenção adequadas para que os
alunos se apropriem de conhecimentos significativos, sem o sentimento de obrigação,
ou seja, o aprendizado ocorre de maneira natural com mais facilidade de internalização
do conteúdo aplicado em sala de aula.
Partindo deste pressuposto é possível indagar se de fato as formas tradicionais de
avaliação são eficientes ou é necessário mudar esta prática para que realmente seja
possível uma aprendizagem significativa e não apenas estudar para tira boas notas.
As formas tradicionais de avaliação tornam-se ineficientes quando usadas apenas
como instrumento de medida, como uma forma de classificar e julgar o aluno, com
objetivos apenas de reprodução de conhecimento.
É necessário que a avaliação auxilie o aluno a aprender e a se desenvolver, como
a avaliação mediadora que é capaz de compreender o aluno fornecendo indicações para
mudanças nas práticas pedagógicas.
Em tempos de inclusão e inovação pedagógica as escolas ainda utilizam como
mecanismos de avaliação provas teóricas e orais com o objetivo de classificar, atribuir
uma nota para cada aluno.
Este tema foi escolhido por que este tipo de avaliação muitas vezes não mostra o
real desenvolvimento do aluno, contribuindo cada vez mais para o fracasso escolar e o
baixo nível de qualidade da educação.
Segundo HOFMANN (2000) a avaliação mediadora se desenvolve em beneficio
ao educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é
educado.
Através da avaliação mediadora é possível compreender que cada aprendizagem
tem o seu momento próprio e é diferenciada em cada aluno, propiciando tanto ao
professor quanto ao aluno momentos de reflexões sobre as práticas pedagógicas
utilizadas.
Para PERRENOUD (1999) a avaliação deve ser analisada como componente de
um sistema de ação e como um momento de reflexão, ou seja, avaliar é preciso, porém
não apenas com o objetivo de promover ou reprovar um aluno, mas para mediar à
aprendizagem, como um agente de formação do aluno.
Avaliar trata-se de um processo contínuo e evolutivo e um professor mediador
olha cada aluno, investigando e refletindo sobre o seu jeito de aprender, conversando,
convivendo e desafiando o aluno de forma que aprenda mais e melhor.
Para HAYDT (2004) ao avaliar o aluno o professor está avaliando o seu
trabalho, portanto a avaliação está sempre presente na sala de aula, fazendo parte da
rotina escolar.
Daí a responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas de avaliação.
O professor deve construir um cenário avaliativo que seja convidativo à
aprendizagem, organizados de forma significativa que permita ao aluno confiança e
espaço para as suas descobertas.
A metodologia utilizada foi a Pesquisa Bibliográfica com ênfase no conceito de
avaliação proposto por Jussara Hoffman.
Este trabalho teve como objetivo estudar e mostra diferentes formas de
avaliação, especialmente à avaliação mediadora em que o aluno é visto em um processo
contínuo de aprendizagem.

O que é avaliação?

Ao procurarmos o significado de avaliação nos dicionários encontramos as


seguintes definições:
“Avaliação- ato de avaliar, apreciação, cômputo, estimação. Determinação do
justo preço de qualquer coisa alienável. Valor de bens, determinado por avaliadores.
(Dicionário Michaellis) Avaliação – ato de avaliar, seu efeito. Calculo do valor
comercial de uma propriedade. As avaliações são feitas por especialistas chamados
avaliadores. (Dicionário Aurélio) Avaliação – ato de avaliar, valor determinado por
peritos, apreciação. Estima. (Dicionário Priberam). Avaliar é dar valor, apreço ou
merecimento”.
Logo, a ação de avaliar constitui-se inicialmente por um ajuste de acordo com
uma escala de valores pré-fixadas.
Durante muito tempo o termo avaliar foi usado como sinônimo de medida,
segundo HYDT (2004) a partir de 1960 o termo avaliação assumiu novas dimensões
voltando a destacar-se primeiramente na esfera da avaliação de currículo.
Ao longo dos últimos anos muito se tem discutido sobre a avaliação e diversos
conceitos e teorias surgiram, segundo HYDT (2004) a avaliação é um processo de
coleta e análise de dados, tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram
atingidos ou não, nesta perspectiva a avaliação é definida em um conceito geral.
Já no âmbito escolar HYDT (2004) afirma que a avaliação se realiza em vários
níveis do processo ensino- aprendizagem, do currículo ao funcionamento da escola
como um todo, ou seja, a avaliação deve ser realizada por todos os envolvidos no
sistema de ensino-aprendizagem.
LUCKESI (2006), quando fala de avaliação da aprendizagem, prefere defini-la
como sendo um juízo de qualidades sobre dados relevantes tendo em vista uma tomada
de decisão, o juízo de qualidade é produzido por um processo comparativo entre o
objeto que está sendo ajuizado e o padrão ideal de julgamento.
Com muita frequência verificamos o termo avaliação associado a outros, como
nota, exame, promoção e repetência, sucesso e fracasso e a avaliação sendo vista como
um processo que determina o grau de aprendizagem dos alunos.
Nas escolas a avaliação tem assumido uma função seletiva, de exclusão daqueles
que costumam ser rotulados como “incapazes”, pois o modelo de avaliação atualmente
utilizado nas escolas é baseado no processo classificatório.
Para LUCKESI (2006) a avaliação praticada nas escolas é a avaliação da culpa e
as notas praticadas são utilizadas para classificar os alunos, onde são comparados
desempenhos e não os objetivos que se pretende atingir.
Esta prática de avaliação se explícita por uma relação autoritária e conservadora
que permite ao professor manter a disciplina e atenção dos alunos, desta forma a
avaliação da aprendizagem torna-se um instrumento de controle que tudo pode.
Nesta concepção é possível perceber que a avaliação tem sido utilizada como um
instrumento estático e freador do processo de crescimento, com o objetivo de
desempenhar um papel disciplinador tornando o padrão de exigência critério do
professor que ao planejar suas aulas não estabelece um mínimo de necessário a ser
aprendido pelos alunos e utiliza-se de “médias” de notas para estabelecer a competência
do aluno. “A média então é realizada a partir da quantidade e não da qualidade, não
garantindo o mínimo de conhecimento”. (LUCKESI, 2006).
Esta forma de avaliação retira dos alunos a espontaneidade, a criatividade e a
criticidade, gerando insegurança e medo, o aluno passa a ser conduzido a estudar em
função da nota e não pela obtenção do saber, a aprendizagem deixa de ser algo
prazeroso e passa a ser um processo desmotivador, contribuindo para a seletividade
social. Para HYDT (2004) a avaliação do processo ensino-aprendizagem apresenta
basicamente três funções: diagnosticar, controlar e classificar.
Para a autora a avaliação classificatória tem o objetivo de classificar o aluno de
acordo com seus níveis de aproveitamento, sua função é comparar com o grupo da
classe, aspecto próprio da escola tradicional, segundo PERRENOUD (1999) outra
função tradicional da avaliação e certificar aquisições em relação a terceiros, tendo
como objetivo principal a certificação ou “passar de ano”, servindo para controlar o
trabalho dos alunos.
Notas e conceitos servem apenas para padronizar o que é diferente, produzindo a
ficção de um ensino homogêneo e relações de autoritarismo em sala de aula,
privilegiando a classificação e a competição em detrimento à aprendizagem.
Já a avaliação diagnóstica tem como função verificar a presença ou ausência de
pré-requisitos para novas aprendizagens e detectar as dificuldades de aprendizagem
tentando identificar suas causas, esta avaliação pode ser realizada em qualquer momento
do processo de ensino-aprendizagem, pois seu principal objetivo é investigar sobre o
desempenho e proceder a uma ação tendo em vista o redirecionamento da ação
pedagógica.
A partir deste pressuposto LUCKESI (2006) sugere que a avaliação seja
diagnóstica, ou seja, que os dados coletados sejam analisados não com o objetivo de
aprovar ou reprovar os alunos, mas para que os professores revejam o desenvolvimento
dos alunos dando oportunidades para que ele avance no processo de construção do
conhecimento.
Através desta avaliação tanto professores como alunos trabalham juntos e
tomam as decisões juntos para um melhor aproveitamento e desenvolvimento,
interagindo desta forma com o processo de construção do conhecimento na sala de aula.
Para HYDT (2004) a avaliação formativa é orientadora, pois orienta tanto o
estudo do aluno como o trabalho do professor e deve ser utilizada como um recurso de
motivação que causa efeitos positivos evitando as tensões que a avaliação tradicional
causa.
O ato de avaliar associa-se ao de ensinar, de formar, num processo de interação
contínua. O professor, numa ação pedagógica reorganizada, aborda os conteúdos de
forma diversificada e propicia que o próprio aluno monitore a sua aprendizagem,
tornando-se capaz de identificar e corrigir os próprios erros.
Esta modalidade de avaliação formativa corresponde, na visão da autora, ao
modelo ideal, pois se coloca deliberadamente a serviço do fim que lhe dá sentido,
contribuindo para uma saudável regulação da atividade de ensino.
Para PERRENOUD (1999) a avaliação formativa dá maior importância à
regulação da aprendizagem, ou seja, à busca por novas didáticas e perspectivas de
ensino. Esta prática de ser contínua e com o objetivo de contribuir para melhorar as
aprendizagens em curso.
A avaliação formativa é utilizada para atender a função controladora que ocorre
durante o processo de instrução e inclui os conteúdos importantes de uma etapa, informa
o professor e aluno sobre o rendimento da aprendizagem e localiza as deficiências na
organização do ensino.
Os novos paradigmas em educação devem contemplar o qualitativo, auxiliando o
aluno a avançar em seus conhecimentos e ao professor buscar estratégias para que este
avanço aconteça.

Avaliação segundo documentos oficiais.

A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,


determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos
prevaleçam sobre os aspectos quantitativos nos sistemas de ensino, desta mesma forma
os resultados obtidos pelos estudantes ao longo do ano devem ser mais valorizados que
a nota de uma prova final.
A LDB propõe além a avaliação do aluno, a avaliação institucional.
Ela estabelece em seu inciso V do artigo 24, as seguintes diretrizes para a
avaliação na escola. A verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
os de eventuais provas finais; Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
atraso escolar; Possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado; Aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralela ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos.
A LDB vem tornar obrigatoriedade o que é preciso ser traçado como uma meta
na educação nacional. De acordo com a lei, cabe a escola comprovar a eficiência dos
estudantes nas atividades, ou seja, avaliar o êxito por eles alcançado no processo de
ensino aprendizagem, mas quando se trata em comprovar esse êxito e como avaliar se
torna complexo.
Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida pode-se dispor de
instrumentos precisos tais como: régua balança, etc. E quanto mais preciso os
instrumentos, mais exatos a medida. Ao contrário disso não há instrumento preciso para
a avaliação.
Na avaliação escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um
processo humano contínuo. Por outro lado, para tentar contornar esse problema e evitar
avaliações precipitadas, para impedir que a avaliação de um momento seja generalizada
para todo o processo, deve-se proceder a uma avaliação continua que capte o
desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S), introduzidos em 1996 trata do
tema avaliação como um subsídio ao professor com elementos para uma reflexão sobre
sua prática pedagógica.
Neste documento é possível perceber que a avaliação é vista em diversos
âmbitos da aprendizagem, refere-se à avaliação como uma investigação que
instrumentaliza o professor para que ele possa pôr em prática seu planejamento de
acordo com as características de seus alunos.
A avaliação nos Parâmetros Curriculares Nacionais é compreendida como
elemento integrador entre a aprendizagem e o ensino, como um conjunto de ações que
busca obter informações sobre o que foi aprendido e como foi aprendido, como um
elemento de reflexão para o professor sobre sua prática educativa e como um
instrumento que possibilita o aluno tomar consciência de seus avanços e de suas
dificuldades.
Nos PCN’s a avaliação serve de indicador para orientar a prática educacional.
Mostra ao professor quando é preciso realizar ajustes no processo educativo. Para tanto,
ela não pode ser feita apenas em momentos específicos ou no final do ciclo escolar.
A avaliação exige uma observação sistemática dos alunos para saber se eles
estão aprendendo como estão aprendendo e em que condições ou atividades eles
encontram maior ou menor dificuldade.
Essa avaliação não se refere apenas ao domínio de conteúdos específicos, mas
também ao desenvolvimento das capacidades. Portanto, importa avaliar o aluno como
um todo, nas diversas situações que envolvem aprendizagem: no relacionamento com os
colegas, no empenho para solucionar problemas propostos, nos trabalhos escolares, nas
brincadeiras, etc.
A avaliação inicial da classe ganha destaque nos PCN’s porque é ela que dará ao
professor elementos para fazer seu planejamento, determinando os conteúdos e
respectivo grau de aprofundamento, notas, conceitos, etc. não estão descartados.
A escola precisa desses instrumentos para seus registros. O importante é que o
aluno entenda como está sendo avaliado e que o resultado seja explicado e discutido
com ele, e não apenas comunicado através de uma nota.
Outro aspecto fundamental é que nas atividades específicas de avaliação, uma
prova, por exemplo, fique claro para o aluno o que se pretende avaliar e sejam usadas
situações semelhantes às de aprendizagem. A avaliação pode se tornar também um
instrumento de aprendizagem, estimular o aluno a fazer a auto-avaliação é uma forma
de ele aprender a analisar seus trabalhos, desenvolvendo seu senso crítico e sua
autonomia.
As propostas de avaliação dos PCN’s minimizam um dos piores problemas
escolares, que é a reprovação, sempre associada ao fracasso. Professor e aluno terão
tempo suficiente para detectar problemas e encontrar soluções antes de chegar a um
resultado tão radical e negativo. A reprovação será solução apenas para casos muito
específicos.
Neste contexto abordado pelos PCN’s é possível perceber que esta seria a
maneira ideal para se avaliar nas escolas, porém a realidade que encontramos é que este
modelo de avaliação está muito longe de acontecer, com a proposta da progressão
continuada para o ensino fundamental nas escolas públicas, ou seja, com o agrupamento
da primeira a quarta séria em um módulo e da quinta à oitava série em outro módulo,
deixando de lado o modelo tradicional de seriação foi possível perceber que a avaliação
perdeu o sentido, ou seja, antes os professores só realizavam provas para aprovar ou
reprovar, com a não-reprovação a avaliação passou a ser vista como desnecessária.
Nesta proposta a educação nas escolas passa a ficar abandonada, pois um aluno
chega à oitava série analfabeto e desta forma é possível perceber que não houve nenhum
tipo de avaliação ou reflexão em torno da aprendizagem deste aluno, ou seja, com a
aprovação automática os professores adotara a idéia de que não- reprovação significa
não-avaliação, se não reprova não há necessidade de avaliar, segundo FREITAS (2003)
a progressão continuada não se contrapõe a seriação, ela apenas limitou o poder de
reprovar que a avaliação formal tinha ao final de cada série.
O regime de progressão continuada visa o acompanhamento do aluno e sua
progressão contínua de uma série para outra respeitando ritmos e interesses individuais,
não significa abandonar as práticas avaliativas, este regime torna-se coerente quando
utiliza o princípio de avaliação mediadora.
Segundo HOFFMANN (2000, p. 24), “qualquer proposta de promoção
automática que desperta tais considerações pelos educadores, sem o repensar da prática
avaliativa no ensino fundamental corre o risco de maximizar o abandono às nossas
crianças”.
É possível perceber claramente que a avaliação não é utilizada e nem vista pelos
professores em seu sentido real, que é regular a aprendizagem, sendo indispensável
quando há necessidade de atribuição de notas para aprovar ou reprovar um aluno, e
desnecessária quando não há reprovação, é preciso compreender que avaliar vai além
disto, avaliar é repensar as formas de ensino, é levar professor e aluno a refletir sobre as
reais possibilidades de aprendizado, levando em consideração todos os aspectos
educacionais.
O processo de avaliação tem se constituído em um desafio para o professor de
Educação Básica, as políticas de avaliação instituídas para a implementação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam aspectos contraditórios, tanto no que se
refere à operacionalização das modalidades de avaliar, quanto do cotidiano da sala de
aula.
O processo de avaliar é vivenciado nas classes, envolvendo o professor que
avalia e o aluno que é avaliado. Estamos longe de alcançarmos todas essas teorias sobre
avaliação que encontramos descritas nas leis e no sistema de ensino como um todo, a
avaliação encontrada nas escolas é a classificatória que visa a atribuição de notas e
certificados e presta-se a comparação de resultados obtidos com diferentes alunos,
materiais e métodos de ensino.
Para LUCKESI (2006, p.66) “a prática de avaliação escolar tem estado contra a
democratização do ensino na medida em que ela não tem colaborado para a
permanência do aluno na escola e a sua promoção qualitativa”.
À medida que analisamos a realidade da avaliação no sistema de ensino atual é
possível perceber que as formas avaliativas nas escolas não vão mudar em decorrência
das leis, decretos ou resoluções, mas sim a partir de um compromisso dos educadores
com a realidade educacional e social que enfrentamos.

A Avaliação mediadora.

As práticas avaliativas são questionadas principalmente devido à questão da


melhoria da qualidade de ensino, ou seja, que só é possível modificar as formas de se
avaliar nas escolas se a qualidade da educação melhorar, segundo HOFFMANN (2000,
p. 11) “as escolas justificam os seus temores em realizar mudanças em decorrência de
sérias resistências das famílias com relação a inovações”.
A sociedade como um todo acredita que a avaliação quando é realizada no
sistema tradicional torna-se mais eficiente e responsável por uma escola mais
competente. Há também certa resistência por parte dos professores em modificar suas
práticas avaliativas, pois segundo HOFFMAN (2005), sua formação e educação foi toda
pautada no sistema tradicional, com a obrigação de atribuir uma nota para cada aluno e
que esta nota seja a responsável pela aprovação ou reprovação e em sua formação pouco
se ouviu falar em avaliação.
Segundo VASCONCELLOS (1998) a resistência a mudanças pode ter diferentes
origens, falta de conhecimento, falta de segurança em fazer o novo, defesa natural
diante de situações novas, entre outros.
Para HOFFMANN (2000) alcançar a qualidade de ensino significa desenvolver
o máximo de seus alunos, tornando a aprendizagem possível no seu sentido amplo,
alcançada pela criança a partir das oportunidades que o meio oferece.
De acordo com HOFFMANN (2000), em uma perspectiva construtivista uma
educação de qualidade oferece oportunidades amplas e desafiadoras para a construção
do conhecimento, é responsável por tornar a aprendizagem possível, já em uma
perspectiva tradicional a qualidade de ensino se dá através de padrões pré-estabelecidos,
padrões comparativos e critérios de promoção, neste sentido a qualidade passa a ser
confundida com quantidade.
Ainda segundo a mesma autora em uma perspectiva mediadora a qualidade de
ensino é desenvolver o aluno no máximo de seu potencial, não há limites e nem critérios
pré-estabelecidos, porém objetivos bem definidos e planejados, sem que haja uma
padronização de notas e valores.
Ao definir objetivos o professor deve delinear as ações educativas e este
processo deve ocorrer respeitando a realidade escolar do aluno, sua história e a
comunidade em que está inserido, devendo considerar as possibilidades e limites que
este cenário educativo lhe oferece.
O critério essencial e necessário para a avaliação mediadora é que o professor
conheça seu aluno, ou seja, o professor deve conhecer sua realidade, compreender sua
cultura, seu modo de falar, e pensar, e isto se dá “através de perguntas, fazendo-lhe
novas e desafiadoras questões, na busca de alternativas para uma ação educativa voltada
para a autonomia moral e intelectual”, HOFFMANN (2000, p. 34).
A avaliação mediadora propõe uma ação reflexiva da aprendizagem, ao invés de
uma avaliação classificatória, de julgamento de resultados. A avaliação mediadora
destina-se a conhecer, não apenas para compreender, mas também para promover ações
em benefícios aos educandos, o professor tem como papel participar do sucesso ou do
fracasso dos alunos, ou seja, o professor tem a responsabilidade de através de uma
prática reflexiva conhecer o seu aluno e identificar a maneira adequada de promover a
aprendizagem levando em conta seus conhecimentos anteriores, o professor terá que
possuir uma postura reflexiva e uma formação continuada para saber avaliar o aluno,
avaliar a si mesmo e avaliar a avaliação que deverá ser permanente, pois se o aluno
fracassar não será apenas sua responsabilidade, mas também do professor que ao avaliar
seu aluno constantemente deve realizar as devidas interferências buscando novos
caminhos e alternativas para que a aprendizagem ocorra.
Para HOFFMANN (2000) é responsabilidade do educador trabalhar a
individualidade do seu aluno, respeitando suas diferenças com o intuito de formar
jovens autônomos, críticos e cooperativos.
Na avaliação mediadora o professor ao propor uma tarefa define suas intenções,
pois sua prática é uma ação que deve ser planejada, sistemática e intuitiva, e parte de
duas premissas básicas: confiança na possibilidade dos alunos construírem suas próprias
verdades e valorização de suas manifestações e interesses, ou seja, o aluno passa a ser o
centro do processo de ensino, deixando de lado a educação bancária onde o aluno é
apenas um depósito de idéias e não agente atuante na aprendizagem.
A mediação é aproximação, diálogo, que assume um papel de grande relevância
na educação, é o acompanhamento do jeito de ser de cada aluno, bem como da sua
história pessoal e familiar, nela o tempo do aluno deve ser respeitado, pois ele é sujeito
e produtor de seu conhecimento, exemplificando, em uma mesma atividade os alunos
apresentarão reações diferentes de entendimento, riqueza em suas respostas e até mesmo
nas manifestações.
Um professor mediador preocupa-se com a aprendizagem de seu aluno e tem a
observação como um aliado na construção do conhecimento, ao observar seu aluno o
mesmo é capaz de identificar suas habilidades e trabalhá-las plenamente e também suas
dificuldades procurando alternativas junto ao aluno para transformar a aprendizagem em
um momento prazeroso e levar o aluno a perceber sua importância para a construção de
seu próprio conhecimento.
Através da avaliação mediadora o professor deve utilizar a prova para pensar em
novas estratégias pedagógicas que ele deverá utilizar para interagir com seus alunos, e
para que isto aconteça de forma eficaz e significativa o professor deve levar em conta os
conhecimentos prévios de seus alunos, estes devem ser explorados e trabalhados, pois
são necessários para que o professor possa abordar novos temas e como uma fonte
confiável para detectar as dificuldades de aprendizagens, bem como para indicar novos
rumos e estratégias a serem utilizadas.
Na avaliação mediadora é importante que o professor seja reflexivo e que tome
decisões coerentes, coloque-as em prática avaliando-as e ajustando-as
progressivamente, conforme suas experiências e as necessidades de seus alunos, pois
estes estão sempre evoluindo, em diferentes ritmos à medida que o professor os provoca
a prosseguir sempre.
Para que o aluno seja orientado a uma prática reflexiva de análise de suas
aprendizagens é necessário que o professor mobilize este aluno a partir de ações do
cotidiano tais como: comentários, novas perguntas e orientações para a continuidade de
seus estudos traçando metas pessoais e coletivas de enfrentamento de dificuldades e de
avanços em determinadas áreas.
A visão tradicional é aquela em que o professor primeiro ensina e depois
pergunta, na visão mediadora, as perguntas assumem um caráter permanente de
mobilização, ou seja, professores e alunos questionam-se, buscam informações
pertinentes para construir conceitos e resolver problemas, as condições de aprendizagem
definem as condições de avaliação, pois se cria um ambiente de investigação e
intervenção, adequadas à observação de cada aluno. Segundo HOFFMANN (2000) a
aprendizagem acontece em tempos diferentes para cada aluno, pois é um processo de
natureza individual, o importante é apontar rumos do caminho e torná-lo tão sedutor a
ponto de aguçar a curiosidade do aluno para o que ainda está por vir.
A avaliação deve ser organizada de forma a favorecer a aprendizagem dos
alunos, promovendo a evolução dos alunos, mas acima de tudo respeitando o tempo de
cada um.
De acordo com HOFFMANN (2000) é o aluno quem determina o seu próprio
tempo de aprendizagem e é no cotidiano escolar que estas condições se revelam, uma
tarefa igual não é cumprida por todos ao mesmo tempo, desta forma ao desenvolver um
projeto o professor deve ter um planejamento flexível, pois este pode ou não acabar
dentro do tempo esperado, por isso é importante que o professor avalie todo tempo os
objetivos esperados e os rumos tomados pelo grupo de alunos, diversificando o seu
fazer pedagógico.
Um fator muito importante na avaliação mediadora é o diálogo, que nesta
concepção é entendido como uma conversa como o aluno, pois é através dele que o
professor vai se aproximar de seu aluno e despertar o interesse e a atenção pelo
conteúdo a ser transmitido. É necessário que o professor acompanhe seu aluno, no
sentido de estar junto dele e caminhar junto dele para que seja possível a observação
passo a passo de seus resultados individuais, porém segundo HOFFMANN (2000),
acompanhamento e diálogo por si só não conduzem a uma avaliação mediadora, pois
nesta prática o diálogo é muito mais que uma conversa e o acompanhamento é muito
mais que observar os alunos realizarem uma tarefa, na mediação dialogar é refletir em
conjunto e acompanhar é favorecer o vir a ser, realizando ações educativas que
possibilitem novas descobertas, proporcionando vivências enriquecedoras e
favorecedoras à ampliação do saber.
A visão mediadora oferece tanto ao professor quanto ao aluno momentos de
reflexão e diálogo, para que juntos possam traçar novos objetivos, através de uma visão
menos centralizada do saber, nesta perspectiva o aluno tem sua devida importância no
processo de ensino que deve estar inserido em sua realidade e planejado para que seja
objeto de interesse e participação coletiva.
Ao utilizar a avaliação mediadora o professor é capaz de conhecer cada um de
seus alunos e utilizar a prática da observação e acompanhamento para que possa
adequar o ensino a cada um como um processo individualizado.

A Perspectiva do erro na visão mediadora.

A pedagogia tradicional nos transmite a idéia de que o erro é vergonhoso e ruim e


precisa ser evitado a qualquer custo, sob este ponto de vista o aluno fica sem coragem
de se expressar por medo de falar alguma coisa errada e receio de se expor, e assim se
aprende desde pequeno a dar respostas certas para satisfazer o professor ou o grupo, é
comum os alunos ao responderem uma questão de prova escrever o que o professor quer
que eles respondam e não o que eles acreditam que seja verdade.
A visão culposa do erro na prática escolar tem conduzido ao uso constante do
castigo como uma forma de correção, não as formas de castigos com agressões físicas
que ocorriam no passado, mas o uso mais sutil desta prática como tensão e ansiedade
entre os alunos e um ambiente com um clima de medo.
O castigo que emerge o erro, verdadeiro ou suposto, marca o aluno tanto pelo
seu conteúdo quanto pela sua forma. As atitudes ameaçadoras, empregadas repetidas
vezes, garantem o medo, a ansiedade, a vergonha de modo intermitente. A partir do erro
na prática escolar, desenvolve-se e reforça no aluno uma visão culposa da vida, pois
além de ser castigado por outros ainda sofre uma autopunição. O erro, no caso da
aprendizagem, não deve ser fonte de castigo, pois na visão mediadora o erro é um
suporte para auto-compreensão e para o crescimento individual e coletivo. Os erros dos
alunos constituem-se em ricas fontes de informação para o professor. Mostra-lhe
continuidade, as maneiras através das quais seus alunos raciocinam, seu nível evolutivo
atual, e apontam em especial os aspectos que, no momento, concentram as principais
dificuldades. Os erros das crianças podem desta maneira, auxiliar muito o professor,
norteando sua conduta em sala de aula.
Os estudos de Hoffmann, mostram que a prática tradicional coloca um ponto
final a cada tarefa que o aluno faz. O professor assim acaba anulando o caráter de
continuidade de sua própria ação educativa e impede ao aluno o progresso natural em
termos de processo de conhecimento. “Ao invés do certo/errado e da pontuação
tradicional, fazer comentários sobre as tarefas dos alunos, auxiliando-os a localizar as
dificuldades, oferecendo-lhes a oportunidade de descobrir melhores soluções”
(HOFFMANN, 2000, p. 82).
É necessário ultrapassar a sistemática do certo e errado e atribuir significado ao
que se observa, valorizando as idéias, dando importância as dificuldades e orientando o
aluno a fim de obter progressos e compreensão.
Segundo HOFFMANN (2000, p. 85), “[...] os registros de avaliação devem
responder questões que parecem esquecidas na escola: O aluno aprendeu?/ Ainda não
aprendeu? Quais os encaminhamentos feitos ou por fazer nesse sentido?” Muitos
professores valorizam apenas as respostas erradas dos alunos para dar continuidade à
ação educativa, corrigindo e apontando o que julgam que seja o certo.
Se analisarmos o significado da palavra corrigir, teremos retificar, endireitar,
consertar, este sentido de correção daria ao professor o direito de refazer o que o outro
fez, a partir desta perspectiva é possível um questionamento a cerca da correção, se a
mesma favorece a compreensão e o desenvolvimento da autonomia dos alunos, se o fato
do professor apontar uma resposta certa ou errada contribui para que o aluno tome
consciência das contradições do que está certo ou errado.
A dinâmica de avaliação efetiva-se, a partir das análises das respostas dos alunos
frente as situações desafiadoras nas diferentes áreas do conhecimento, suas perguntas e
respostas representam tentativas de se apropriar das múltiplas relações entre os
fenômenos que vivencia.
Um ambiente livre de tensões e limitações favorece as tentativas de conquista do
saber, ao mesmo tempo em que permite ao professor a análise das relações estabelecidas
em termos de lógica existente nas soluções apontadas pelo aluno e o acompanhamento
individual feito pelo professor é muito importante.
Segundo HOFMANN (2000, p. 76) “a teoria construtivista introduz a
perspectiva da imagem positiva do erro cometido pelo aluno como mais fecundo e
produtivo do que um acerto imediato”.
Desta forma o processo avaliativo que Hoffmann se refere é um método
investigativo, que prescinde de correção tradicional, impositiva e coercitiva, que acaba
por tornar o aluno submisso às correções e aos conceitos atribuídos. HOFMANN (2000)
propõe a conversão dos métodos tradicionais, em métodos investigativos de
interpretação e de soluções propostas pelos alunos às diferentes situações de
aprendizagem, para a prática efetiva da avaliação mediadora.
Na avaliação mediadora erro deve ser entendido como possibilidades para a
construção do conhecimento, pois o mesmo fornece pistas sobre o modo de organização
do pensamento dos alunos; oferece novas informações ao professor; elabora novas
perguntas sobre a dinâmica da sala de aula e indica ainda “o que não sabe” e o “que
pode vir, a saber,”.
É de fundamental importância que durante o aprendizado o erro seja visto como
um degrau que deve ser ultrapassado para se construir novas hipóteses até que se
chegue ao acerto, e não como algo a ser corrigido com uma única verdade absoluta.
Se as crianças cometem erros é porque, geralmente, estão usando sua
inteligência a seu modo. Considerando que o erro é um reflexo do pensamento da
criança, a tarefa do professor não é a de corrigir, mas descobrir como foi que a criança
fez o erro (KAMII, 1992, p. 64).
O papel do professor mediador é fazer as investigações necessárias para que o
aluno acrescente em sua aprendizagem novas verdades, porém nem todos os erros são
construtivos, na mediação o erro só é construtivo quando as hipóteses são
progressivamente reconstruídas através de comparações e questionamentos através do
professor, ou seja, sua intervenção não deve ser para corrigir e sim como um modo
desafiador, trazendo novas situações para que os alunos confrontem com as situações já
conhecidas.
Acerca desta concepção do erro a avaliação mediadora se dá para que haja
pesquisa e reflexão sobre o processo de construção do saber de maneira que o professor
faça as intervenções que auxiliem os alunos, valorizando e questionando de forma
qualitativa os conhecimentos prévios de cada um.

Como é possível desenvolver uma cultura avaliativa mediadora?

Segundo as investigações de HOFFMAN, para os professores os fatores que


impedem a utilização da avaliação mediadora é que para realizá-la é necessário um
atendimento individual para cada aluno, uma aproximação maior com cada um e nos
padrões atuais torna-se difícil, devido ao número de alunos em cada classe e o tempo
que o professor permanece com os mesmos.
Ainda segundo a autora é necessário que as escolas mudem os seus princípios e
não apenas transformem as metodologias utilizadas, pois é necessário ter certa clareza
sobre os princípios avaliativos, que devem preocupar-se com a ação, em uma avaliação
que prevê a melhoria da educação, outro princípio que autora cita é o princípio de
avaliação como projeto de futuro, ou seja, na avaliação tradicional a preocupação maior
é com o passado “o aluno não aprendeu” e não com o futuro “como este aluno irá
aprender?”, nas reuniões de conselho o que muito se discute é o que tem acontecido
com os alunos, sendo que a maior parte do tempo deveria se discutir e procurar novas
propostas pedagógicas que possam auxiliar os alunos na aprendizagem, ao projetar o
futuro o professor deve interpretar a prova para pensar e criar novas estratégias
pedagógicas e não para ver o que o aluno não sabe, estas estratégias podem ser
discutidas com o grupo de alunos tornando-os mais precisos e claros em suas idéias, o
terceiro princípio que deve estar claro não apenas para o professor, mas para toda a
escola é o princípio da ética, ou seja, o professor deve atender a cada aluno, atender a
individualidade de cada um, conhecendo suas necessidades, suas vivencias e suas
dificuldades, é necessário que a escola tenha a clareza nesses princípios para que possa
criar um projeto político pedagógico onde a prática avaliativa seja clara, concisa e
coerente com os objetivos da escola.
Para se transformar as práticas avaliativas tradicionais que se encontram nas
escolas é necessário que se mudem algumas atitudes dentro da sala de aula, o professor
deve promover tarefas e atividades que dêem oportunidades para os alunos se
expressarem e essas expressões devem ser observadas e interpretadas tornando-se
estratégias pedagógicas, ou seja, ao interpretar diferentes tipos de tarefas, sejam elas
orais ou escritas, o professor está realizando uma mediação articulando o processo
avaliativo ao contexto sócio-cultural de seus alunos.
Muitas escolas alegam que o sistema de ensino é quem determina que o
professor deve atribuir uma nota a cada aluno, porém o que há é uma resistência muito
grande a mudanças tanto por parte dos professores, quanto da escola e também da
comunidade em geral, os pais sempre cobram da escola uma nota para o seu filho,
porém não é necessário mudar estas formas de registros ou conceitos e sim a prática de
como se chega a esse registro final.
Outro aspecto de deve ser superado para se utilizar a avaliação mediadora nas
escola é o de que as escolas têm cada vez mais um número maior de alunos o que
dificulta a avaliação mediadora e o professor deste novo século acaba assumindo
diversas funções na sala de aula, passando a ser um educado que além de lidar com
situações pedagógicas também tem que lidar com situações afetivas e emocionais.
Segundo HOFFMAN (2000), as escolas que desenvolvem experiências
significativas da avaliação mediadora são as que diminuíram o número de alunos e
abriram espaços e tempo de estudos para seus professores como salas de leitura,
bibliotecas para estimular a construção de novos conceitos pedagógicos a partir da
própria realidade escolas, ou seja, é necessário que haja um compromisso por parte da
Escola com a formação continuada de seus professores, pois a nossa sociedade está em
constantes mudanças que exigem que a cada dia os princípios e conceitos sejam
repensados e isto só acontece significativamente quando torna-se uma tarefa em grupo,
com troca de idéias e experiências.
É possível utilizar a avaliação mediadora, pois esta deve ser uma prática diária
do professor, diferente dos métodos de avaliação convencionais que estão presentes
apenas ao final de cada ciclo, deve fazer parte da rotina do professor, pois desta forma
facilitará o uso da avaliação que servirá como documento de exigência legal, pois ao
conhecer o seu aluno o professor é capaz de produzir situações que não sejam de
punição e medo e sim apenas mais um momento de aprendizagem e descobertas, porém
para que isto aconteça o professor deve aceitar as mudanças e encarar novos desafios,
cabe à direção, coordenação das escolas incentivarem os professores e motivá-los a
alterar suas práticas avaliativas, favorecendo ao professor uma reflexão acerca de suas
práticas pedagógicas e de sua atuação.
É necessário que se valorize o trabalho do professor, pois muitas vezes o
professor apresenta certa resistência ao falar de seu trabalho em seus relatórios por
insegurança e medo de mostrar-se frágil, desta maneira é necessário que o professor
tenha a clareza e o apoio por parte da direção da escola de que ao utilizar os relatórios
como ferramenta de avaliação o mesmo servirá como base para as transformações
necessárias para se conduzir a aprendizagem que é o objetivo principal da avaliação.
O sistema de ensino de nosso país ainda está muito distante de promover a
avaliação mediadora nas escolas, porém o professor é o maior responsável por iniciar
esta pratica, tomando consciência de que a qualidade de nossa educação só acontecerá
quando for deixada de lado esta importância que se dá em distinguir quem é melhor ou
pior, quem aprendeu mais de quem aprendeu menos, passando a acreditar que cada um
tem seu momento e que a aprendizagem acontece de forma distinta para cada aluno.

Concluindo.

Após realizar este estudo sobre avaliação, foi possível perceber o quanto avaliar
é uma tarefa difícil e de muita responsabilidade para o professor que pouco sabe a
respeito deste assunto, pois em sua formação a avaliação sempre foi considerada como
uma maneira de classificar e atribuir uma nota ao aluno com o único propósito de
aprovação ou reprovação, esta é a forma de avaliar mais comum nas escolas, e as
poucas escolas que tentam modificá-la ainda encontram certa resistência tanto por parte
do professor quanto por parte da sociedade.
Avaliar vai além de atribuir uma nota ou um valor, ao estudar a avaliação
mediadora, foi possível entender que para a aprendizagem tornar-se efetiva é necessário
integrar a avaliação a todo o processo de ensino-aprendizagem e não a um momento
isolado, pois desta forma o aluno é avaliado por tudo o que produziu e o que apreendeu.
A construção de um diálogo também é essencial para que a avaliação mediadora
alcance seus objetivos, pois o professor ao aproximar-se de seus alunos, ao conhecê-los
é capaz de dar significados ao que o aluno precisa conhecer, ou seja, integrar a
aprendizagem aos conhecimentos prévios de seus alunos.
A avaliação mediadora não é uma tarefa fácil para o professor, pois ao realizá-la
o professor também estará realizando uma avaliação de sua atividade docente, o que
vem a torná-la ainda mais difícil, pois em nossa cultura o professor não está acostumado
a ser avaliado.
Ao utilizar os métodos tradicionais de avaliação o professor atribui os fracassos
de seus alunos exclusivamente a eles, e não leva em consideração seus métodos e
técnicas para ensinar.
Para que a avaliação mediadora seja realizada efetivamente é necessário que os
professores tenham o desejo de mudança, não é tarefa fácil no início, pois além de ser
mais trabalhosa exige que o professor observe sua turma e os ouça, pois nesta avaliação
o aluno também participa, dando opiniões e sugestões no sentido de transformar os
momentos de aprendizagem mais prazerosos, o professor deve treinar muito para deixar
de lado as formas classificatórias de julgar o aluno.
A sociedade também apresenta muita resistência em relação a mudanças na
avaliação, pois para muitos somente através da nota – e que se torna possível perceber
se o aluno aprendeu ou não, é necessário que se quebrem as barreiras e que haja
esclarecimentos dentro da própria escola para pais e alunos compreenderem de forma
coerente a avaliação mediadora.
Seria interessante que as escolas passassem a incentivar a avaliação mediadora e
que este tema tornasse objeto de estudo para que os professores tomassem
conhecimento, pois somente conhecendo é que o professor vai perceber que realizar a
avaliação mediadora é uma prática diária que com o passar do tempo acontecerá de
forma natural, tornar-se-á um hábito, como parte integrante do processo de ensino-
aprendizagem.
Para finalizar é possível concluir que avaliar não é um ato estático, e sim algo
que está sempre se modificando e o professor deve modificar suas práticas a cada
avaliação.
Levando em conta a realidade cultural e social que seus alunos estão inseridos, é
possível avaliar sem fazer julgamento e compreender que cada aprendizagem tem seu
momento e seu tempo.

Para saber mais sobre o assunto.

HAYDT, Regina Cazaux, Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem. São Paulo:


Editora Atica, 2004.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e
Proposições. São Paulo: Cortez, 2006.
PERRENOUD, Phillippe. Avaliação da Excelência à Regulação das Aprendizagens
Entre Duas Lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora: uma prática em construção
da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 2000.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: Mito e Desafio: uma perspectiva
construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2005.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de mudança
por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 1998.
KAMII, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para
atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas: Papirus, 1992.
FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclo, Seriação e Avaliação: Confronto de Lógicas. 2003.
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/27/diversos/te_luiz_carlos_freitas.pdf
Acesso em 14 Abr 2010.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: 1ª a 4ª série. Introdução. Brasília:
SEF/MEC, 1997. V1. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf Acesso em 28 Mar 2010.
BRASIL. LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em: 28
Mar 2010.

Texto: Profa. Giovana Gomes de Macedo Luz.

Pós-Graduanda em Psicopedagogia Institucional pelo INEC/UNICSUL.


Avaliação mediadora um desafio para a aprendizagem
Publicado em 13 de dezembro de 2015
Raimundo Sousa

Avaliação mediadora um desafio para a aprendizagem

A avaliação mediadora possibilita ao aluno construir seu conhecimento, respeitando e


valorizando suas idéias, ou seja, faz com que o aluno coloque em prática toda sua
vivência. O processo de aprendizagem torna-se continuo através da avaliação
mediadora, uma vez que o professor possui ferramentas de intervenção adequadas para
que os alunos se apropriem de conhecimentos significativos, sem o sentimento de
obrigação, ou seja, o aprendizado ocorre de maneira natural com mais facilidade de
internalização do conteúdo aplicado em sala de aula.
A avaliação mediadora propõe um modelo baseado no dialogo e aproximação do
professor com o seu aluno de forma que as práticas de ensino sejam repensadas e
modificadas de acordo com a realidade sócio-cultural de seus alunos, nesta perspectiva
de avaliação o erro é considerado como parte do processo na construção do
conhecimento e não como algo passível de punição, na visão mediadora o professor é
capaz de criar situações desafiadoras que tornem capaz a reflexão e ação tornando a
aprendizagem mais significativa.
Corrigir não é avaliar, interpretar é avaliar. Um número (nota) não me permite
interpretar e compreender a aprendizagem. Falta na prova significa ausência na prova e
não zero. Não é investigar o que o aluno aprendeu. As frases da educadora e
conferencista Jussara Hoffmann que, para muitos, podem parecer provocações,
fornecem os pressupostos para o entendimento do conceito do qual ela é especialista:
avaliação mediadora.
Avaliação Mediadora: Como fazer? Qual o papel do professor? Como mediar às
aprendizagens? Pergunta Norteadora: Quais são as principais dificuldades que o
professores encontram para propor a avaliação de alunos?
É interessante falarmos das dificuldades no ensino superior segundo Hoffmann (2005).
A teoria evoluiu bastante para uma concepção de acompanhamento e acompanhamento
individual de alunos e toda uma intervenção pedagógica adequada, apoio aos alunos.
Essa teoria tem por fundamentos os alicerces teóricos da pedagogia, da educação,
filosofia, enfim várias ciências. A grande dificuldade no ensino superior é que este
professor é professor, mas não tem a formação pedagógica. Ele sabe muito seu
conteúdo, tem grande domínio teórico sobre o que ele ensina e não sobre como ensinar
ou sobre como o aluno aprende o que ele ensina. Este mesmo docente é quem vai
formar os professores de educação básica do ensino médio e do ensino fundamental.
Então há uma preocupação hoje em evoluir também no ensino superior e essa reflexão
sobre a avaliação formativa mediadora que está mais implementada em países do
mundo inteiro. Nós somos um dos últimos países do mundo que reprovam na educação
básica, por exemplo, e na contrapartida há uma prática de não reprovação no ensino
superior. Nos outros países ocorre exatamente o inverso. Tudo isso é decorrente de
concepções que ainda temos vigentes como a concepção classificatória, reprovativa, o
predomínio do professor que dá uma aula e não o que organiza uma situação de
aprendizagem. Aquele professor que dá uma aula e depois dá uma prova ao final e passa
para outro conteúdo.
Avaliação Mediadora, de acordo com Jussara Hoffmann (2009), exige prestar muita
atenção no aluno, conhecê-lo, ouvir seus argumentos, propor-lhe questões novas e
desafiadoras, guiando-o por um caminho voltado à autonomia moral e intelectual, pois
estamos vivendo um momento caracterizado por uma infinidade de fontes de
informação. Nessa concepção a subjetividade na elaboração das perguntas é positiva,
uma vez que, permite no momento da correção uma reflexão sobre as hipóteses
construídas pelos alunos, quanto maior a empatia entre professor e aluno, maior será o
aprendizado.
Para a autora o caminho posto para o processo de avaliação passa por um novo olhar;
olhar que perceba o indivíduo, o singular; Avaliação não pode ser confundida com os
instrumentos avaliativos; avaliação deve ser mediadora. Tal caminho deve ensejar uma
nova relação com o saber; promover aprendizagem.
Para que a avaliação mediadora seja realizada efetivamente é necessário que os
professores tenham o desejo de mudança, não é tarefa fácil no início, pois além de ser
mais trabalhosa exige que o professor observe sua turma e os ouça, pois nesta avaliação
o aluno também participa, dando opiniões e sugestões no sentido de transformar os
momentos de aprendizagem mais prazerosos, o professor deve treinar muito para deixar
de lado as formas classificatórias de julgar o aluno.
Tempo de admiração do aluno; Tempo de reflexão sobre aprendizagem; Tempo de
reconstrução e de invenções e de novas estratégias – situações de aprendizagens. De
acordo com Hoffmann (2009) é o aluno quem determina o seu próprio tempo de
aprendizagem e é no cotidiano escolar que estas condições se revelam, uma tarefa igual
não é cumprida por todos ao mesmo tempo, desta forma ao desenvolver um projeto o
professor deve ter um planejamento flexível, pois este pode ou não acabar dentro do
tempo esperado, por isso é importante que o professor avalie todo tempo os objetivos
esperados e os rumos tomados pelo grupo de alunos, diversificando o seu fazer
pedagógico.
Compreender o aluno é projetar o futuro; as possibilidades cognitivas, buscar as
potencialidades dos educandos; Criar alternativas para compartilhar informações sobre
os alunos (tempos e espaços diferentes de um Conselho de Classe); Os livros partem de
uma posição que defende a avaliação atrelada à aprendizagem. O que avaliação para
nós? A avaliação mediadora é pautada na multidimensionalidade do olhar. Interrogar-se
para favorecer as aprendizagens; No âmbito da escola a idéia central que deve motivar a
prática educativa é a busca por compreender (avaliar) para agir. O olhar investigativo é
elemento da avaliação mediadora. Este caminho exige reflexão sobre as práticas
docentes institucionalizadas, Conhecer para promover oportunidades Observação em
ação análise (aluno e contexto; cenário educativo, currículo e as aprendizagens) Busca
de um novo olhar! Segundo as investigações de Hoffman, para os professores os fatores
que impedem a utilização da avaliação mediadora é que para realizá-la é necessário um
atendimento individual para cada aluno, uma aproximação maior com cada um e nos
padrões atuais torna-se difícil, devido ao número de alunos em cada classe e o tempo
que o professor permanece com os mesmos.
Avaliação Mediadora Interpreta-se Instrumentos Mediação – Conceito fundamentado
em Vygotsky Concepção Construtivista Compreender para ajudar Postura investigativa
Diálogo Responsabilidade A. M. requer: observar, refletir e favorecer oportunidades
complexa e cíclica? Segundo Hoffmann (2005) a aprendizagem acontece em tempos
diferentes para cada aluno, pois é um processo de natureza individual, o importante é
apontar rumos do caminho e torná-lo tão sedutor a ponto de aguçar a curiosidade do
aluno para o que ainda está por vir. De acordo com Hoffmann (2000), em uma
perspectiva construtivista uma educação de qualidade oferece oportunidades amplas e
desafiadoras para a construção do conhecimento, é responsável por tornar a
aprendizagem possível, já em uma perspectiva tradicional a qualidade de ensino se dá
através de padrões pré-estabelecidos, padrões comparativos e critérios de promoção,
neste sentido a qualidade passa a ser confundida com quantidade.
Em Avaliação Mediadora: O tempo da reflexão, não é olhar para trás, explicando o que
o aluno não fez, não alcançou ou não sabe, mas de projetar o futuro, tempo de
prospecção. A reflexão é a referência para os próximos passos! A visão mediadora
oferece tanto ao professor quanto ao aluno momentos de reflexão e diálogo, para que
juntos possam traçar novos objetivos, através de uma visão menos centralizada do saber,
nesta perspectiva o aluno tem sua devida importância no processo de ensino que deve
estar inserido em sua realidade e planejado para que seja objeto de interesse e
participação coletiva. Ao utilizar a avaliação mediadora o professor é capaz de conhecer
cada um de seus alunos e utilizar a prática da observação e acompanhamento para que
possa adequar o ensino a cada um como um processo individualizado.
Avaliar para aprovar ou reprovar ou formar para a vida? Tempo de reconstrução Ética e
Inclusão Respeito e compromisso com a formação verso competição Seleção Escolha?
Segundo Hoffmann (2005), os registros de avaliação devem responder questões que
parecem esquecidas na escola: O aluno aprendeu?/ Ainda não aprendeu? Quais os
encaminhamentos feitos ou por fazer nesse sentido? Muitos professores valorizam
apenas as respostas erradas dos alunos para dar continuidade à ação educativa,
corrigindo e apontando o que julgam que seja o certo.
A autora defende que é a postura mediadora do professor que faz a diferença em
avaliação formativa. Explicar as concepções de aprendizagens: Memorística,
Significativa e ZDP. Princípios: dialógico/interpretativo; reflexão e reflexão na ação. A
mediação é aproximação, diálogo, que assume um papel de grande relevância na
educação, é o acompanhamento do jeito de ser de cada aluno, bem como da sua história
pessoal e familiar, nela o tempo do aluno deve ser respeitado, pois ele é sujeito e
produtor de seu conhecimento, exemplificando, em uma mesma atividade os alunos
apresentarão reações diferentes de entendimento, riqueza em suas respostas e até mesmo
nas manifestações.
Dinâmica de a Avaliação Mediadora Mediar à mobilização Mediar à experiência
educativa Mediar à expressão do conhecimento = Relação com o Saber. Na avaliação
mediadora erro deve ser entendido como possibilidades para a construção do
conhecimento, pois o mesmo fornece pistas sobre o modo de organização do
pensamento dos alunos; oferece novas informações ao professor; elabora novas
perguntas sobre a dinâmica da sala de aula e indica ainda o que não sabe e o que pode
vir, a saber. A dinâmica de avaliação efetiva-se, a partir das análises das respostas dos
alunos frente às situações desafiadoras nas diferentes áreas do conhecimento, suas
perguntas e respostas representam tentativas de se apropriar das múltiplas relações entre
os fenômenos que vivencia.
Avaliação para promover Hoffmann (2009) assevera que a ação avaliativa mediadora se
desenvolve em benefício do aluno e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre
quem educa e quem é educado. Quando diz que o professor necessita compreender o
que é avaliar e, ao mesmo tempo, praticar essa compreensão no cotidiano escolar e, que
repetir conceitos de avaliação é uma atitude simples e banal; o difícil é praticar a
avaliação. Isso exige mudanças não só do professor, mas também do sistema de ensino.
E que a escola necessita praticar a avaliação, prática essa que realimentará novos
estudos e aprofundamentos que possibilitem identificar sucessos e deficiências e, desse
modo orientar novas situações motivadoras e com significação de ensino aprendizagens
para os alunos. Evidenciando-se, a partir destas percepções a prática refletida,
investigada.
Nossa escolha passa pela construção de caminhos. Superar as formas classificatórias é
um passo importante. A autora vai propor um caminho: A. M. É possível utilizar a
avaliação mediadora, pois esta deve ser uma prática diária do professor, diferente dos
métodos de avaliação convencionais que estão presentes apenas ao final de cada ciclo,
deve fazer parte da rotina do professor, pois desta forma facilitará o uso da avaliação
que servirá como documento de exigência legal, pois ao conhecer o seu aluno o
professor é capaz de produzir situações que não sejam de punição e medo e sim apenas
mais um momento de aprendizagem e descobertas, porém para que isto aconteça o
professor deve aceitar as mudanças e encarar novos desafios, cabe à direção,
coordenação das escolas incentivarem os professores e motivá-los a alterar suas práticas
avaliativas, favorecendo ao professor uma reflexão acerca de suas práticas pedagógicas
e de sua atuação.
Segundo Hoffman (2009), as escolas que desenvolvem experiências significativas da
avaliação mediadora são as que diminuíram o número de alunos e abriram espaços e
tempo de estudos para seus professores como salas de leitura, bibliotecas para estimular
a construção de novos conceitos pedagógicos a partir da própria realidade escolas, ou
seja, é necessário que haja um compromisso por parte da Escola com a formação
continuada de seus professores, pois a nossa sociedade está em constantes mudanças
que exigem que a cada dia os princípios e conceitos sejam repensados e isto só acontece
significativamente quando se torna uma tarefa em grupo, com troca de idéias e
experiências.
Caminho interpretar para compreender. Os fungos são bastante úteis, mas também são
nocivos aos Interesses humanos. Cite e justifique dois aspectos positivos e negativos
sobre a importância dos fungos? Problema de pesquisa.
Avaliação mediadora Processo de troca de mensagens, de interação entre P-A em busca
de patamares superiores de aprendizagens, novas possibilidades. Relação com o Saber
Não está na verdade preocupado com o processo de aprendizagem, avaliar é estar
preocupado com o processo de aprendizagem e ele está muito mais preocupado com o
processo de ensino, com seu planejamento, sua metodologia e não com a estratégia
pedagógica que seja adequada ao interesse e a necessidade daquele aluno. Então o
professor vai em frente, mesmo que aquele aluno fique para trás. O grande entrave para
os avanços em avaliação é a falta de fundamentação teórica dos educadores nesta área.
O professor de medicina, por exemplo, também deveria ter essa fundamentação. Nosso
grande problema ainda é a falta de fundamentação teórica, de leitura e de formação na
área, por mais que a teoria de avaliação formativa date de 50 anos atrás, nós ainda
estamos engatinhando.
Na avaliação mediadora o professor ao propor uma tarefa define suas intenções, pois
sua prática é uma ação que deve ser planejada, sistemática e intuitiva, e parte de duas
premissas básicas: confiança na possibilidade dos alunos construírem suas próprias
verdades e valorização de suas manifestações e interesses, ou seja, o aluno passa a ser o
centro do processo de ensino, deixando de lado a educação bancária onde o aluno é
apenas um depósito de idéias e não agente atuante na aprendizagem.
Um professor mediador preocupa-se com a aprendizagem de seu aluno e tem a
observação como um aliado na construção do conhecimento, ao observar seu aluno o
mesmo é capaz de identificar suas habilidades e trabalhá-las plenamente e também suas
dificuldades procurando alternativas junto ao aluno para transformar a aprendizagem em
um momento prazeroso e levar o aluno a perceber sua importância para a construção de
seu próprio conhecimento.
Através da avaliação mediadora o professor deve utilizar a prova para pensar em novas
estratégias pedagógicas que ele deverá utilizar para interagir com seus alunos, e para
que isto aconteça de forma eficaz e significativa o professor deve levar em conta os
conhecimentos prévios de seus alunos, estes devem ser explorados e trabalhados, pois
são necessários para que o professor possa abordar novo tema e como uma fonte
confiável para detectar as dificuldades de aprendizagens, bem como para indicar novos
rumos e estratégias a serem utilizadas.
Na avaliação mediadora é importante que o professor seja reflexivo e que tome decisões
coerentes, coloque-as em prática avaliando-as e ajustando-as progressivamente,
conforme suas experiências e as necessidades de seus alunos, pois estes estão sempre
evoluindo, em diferentes ritmos à medida que o professor os provoca a prosseguir
sempre.
De acordo com a conferencista, a disciplina avaliação praticamente inexiste nos cursos
de pedagogia brasileiros. Ela afirma que mediação é diálogo intelectual e que, para
compreender o pensamento de um aluno, é preciso se aproximar dele, não negar a
história do sujeito. Em relação às notas atribuídas aos estudantes, Jussara salienta que o
problema da análise quantitativa é a arbitrariedade que confere poder ao professor. Não
sou contra a nota, mas números não me falam das pessoas e nem do que elas estão
aprendendo, reiterou.
Perspectiva mediadora de avaliação significa desenvolvimento máximo possível, um
permanente vir a ser, sem limites preestabelecidos, embora com objetivos claramente
delineados, desencadeadores da ação educativa. Não se trata aqui, como muitos
compreendem, de não delinearmos pontos de partida, mas, sim, de não delimitarmos ou
padronizarmos pontos de chegada.
O papel do professor mediador é fazer as investigações necessárias para que o aluno
acrescente em sua aprendizagem novas verdades, porém nem todos os erros são
construtivos, na mediação o erro só é construtivo quando as hipóteses são
progressivamente reconstruídas através de comparações e questionamentos através do
professor, ou seja, sua intervenção não deve ser para corrigir e sim como um modo
desafiador, trazendo novas situações para que os alunos confrontem com as situações já
conhecidas.
A avaliação mediadora destina-se a conhecer, não apenas para compreender, mas
também para promover ações em benefícios aos educandos, o professor tem como papel
participar do sucesso ou do fracasso dos alunos, ou seja, o professor tem a
responsabilidade de através de uma prática reflexiva conhecer o seu aluno e identificar a
maneira adequada de promover a aprendizagem levando em conta seus conhecimentos
anteriores, o professor terá que possuir uma postura reflexiva e uma formação
continuada para saber avaliar o aluno, avaliar a si mesmo e avaliar a avaliação que
deverá ser permanente, pois se o aluno fracassar não será apenas sua responsabilidade,
mas também do professor que ao avaliar seu aluno constantemente deve realizar as
devidas interferências buscando novos caminhos e alternativas para que a aprendizagem
ocorra. Seria interessante que as escolas passassem a incentivar a avaliação mediadora e
que este tema tornasse objeto de estudo para que os professores tomassem
conhecimento, pois somente conhecendo é que o professor vai perceber que realizar a
avaliação mediadora é uma prática diária que com o passar do tempo acontecerá de
forma natural, tornar-se-á um hábito, como parte integrante do processo de ensino
aprendizagem.

REFERÊNCIA
HOFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à
universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: Mito e Desafio: uma perspectiva
construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2005.
Avaliação formativa ou avaliação mediadora?
Jussara Hoffmann
Para se entender de avaliação, o primeiro passo é conceber o termo na amplitude que lhe
é de direito. Ao avaliar efetiva-se um conjunto de procedimentos didáticos que se
estendem sempre por um longo tempo e se dão em vários espaços escolares,
procedimentos de caráter múltiplo e complexo tal como se delineia um processo.
Decorre daí que não se deve denominar por avaliação testes, provas ou exercícios
(instrumentos de avaliação). Muito menos se deve nomear por avaliação boletins,
fichas, relatórios, dossiês dos alunos (registros de avaliação).
Métodos e instrumentos de avaliação estão fundamentados em valores morais,
concepções de educação, de sociedade, de sujeito. São essas as concepções que regem o
fazer avaliativo e que lhe dão sentido. É preciso, então, pensar primeiro em como os
educadores pensam a avaliação antes de mudar metodologias, instrumentos de testagem
e formas de registro. Reconstruir as práticas avaliativas sem discutir o significado desse
processo é como preparar as malas sem saber o destino da viagem.
A avaliação da aprendizagem, mais especificamente, envolve e diz respeito diretamente
a dois elementos do processo: educador/avaliador e educando/avaliando. Alguém
(avaliando) que é avaliado por alguém (educador).
Mesmo que o educador trabalhe com muitos alunos, sua relação, no processo avaliativo,
estabelecer-se-á de forma diferente com cada um deles. Por meio da ação mediadora, da
tomada de decisão, ele estará afetando vidas e influenciando aprendizagens individuais.
Da mesma forma, cada aluno irá estabelecer maiores ou menores vínculos intelectuais e
afetivos com cada professor, resultando em atitudes e respostas diversas por parte
destes.
Dessa forma, o processo avaliativo é sempre de caráter singular no que se refere aos
estudantes, uma vez que as posturas avaliativas inclusivas ou excludentes afetam
seriamente os sujeitos educativos. É preciso refletir, portanto, sobre procedimentos
adotados como justos, com a prerrogativa de que se avaliam muitos alunos nas escolas e
universidades. Esta justificativa não é pertinente!
Todo o processo avaliativo tem por intenção:
a) observar o aprendiz;
b) analisar e compreender suas estratégias de aprendizagem; e
c) tomar decisões pedagógicas favoráveis à continuidade do processo.
Somente se constitui o processo como tal, se ocorrerem os três tempos: observar,
analisar e promover melhores oportunidades de aprendizagem.
Não se pode dizer que se avaliou porque se observou algo do aluno. Ou denominar por
avaliação apenas a correção de sua tarefa ou teste e o registro das notas, porque, nesse
caso, não houve a mediação, ou seja, a intervenção pedagógica, decorrente da
interpretação das tarefas, uma ação pedagógica desafiadora e favorecedora à superação
intelectual dos alunos.
Essa é a intenção do avaliador: conhecer, compreender, acolher os alunos em suas
diferenças e estratégias próprias de aprendizagem para planejar e ajustar ações
pedagógicas favorecedoras a cada um e ao grupo como um todo. O objetivo de
“promover melhores condições de aprendizagem” resulta em mudanças essenciais das
práticas avaliativas e das relações com os educandos, uma vez que toda observação ou
“exigência” do professor passa a vir acompanhada de apoios, tanto intelectuais quanto
afetivos, que possibilitam aos alunos superar quaisquer desafios.
Nesse caso, nenhuma atenção aos alunos é considerada em demasia (como muito se
fala, hoje, de “alunos que tomam tempo”), seja em termos de estratégias de sala de aula,
seja em termos de Conselho de Classe ou de apoio pedagógico de qualquer natureza.
Perder tempo, pelo contrário, é não fazer a intervenção pedagógica no tempo certo.
No sentido de sua sistematização, devem-se programar tarefas avaliativas, tempos de
análise de tarefas e devolução aos alunos, estratégias interativas decorrentes, etc. Mas
tratando-se a avaliação de um processo, como se defendeu de início, é contínua e
evolutiva, não podendo ocorrer por etapas delimitadas. Bimestres, trimestres, semestres,
anos letivos, no que se refere aos registros escolares, não podem ser determinantes da
sistemática de avaliação. O processo avaliativo se desenvolve concomitante ao
desenvolvimento das aprendizagens dos alunos. Anotações sobre seu desempenho
bimestral, por exemplo, são pequenas “paradas” de um trem em movimento, ou seja,
momentos de o professor dar notícias sobre o caminho percorrido pelo aluno até aquele
momento. Da mesma forma, o significado essencial desses registros é servirem de
pontos de referência para a continuidade das ações educativas, do próprio professor ou
de professores que lhe sucederem, quando são feitos ao final de anos letivos.
Processo subjetivo e multidimensional
O olhar avaliativo, frente a fenômenos, situações, objetos e pessoas, vislumbra múltiplas
dimensões. Olhares vários, além disso, expressam experiências, pensamentos,
sentimentos e desejos, sempre de forma única, singular. Vemos sempre muitas coisas.
Pessoas diferentes olham para o mundo de jeitos diferentes.
Pretender constituir a avaliação da aprendizagem num processo objetivo, normativo e
padronizado é deturpá-la em seu significado essencial – de humanidade. A relação
educador/educando exige o processo avaliativo mediador, que, por sua vez, só sobrevive
por meio do resgate à sensibilidade, do respeito ao outro, da convivência e de
procedimentos dialógicos e significativos.
A avaliação da aprendizagem consubstancia-se no contexto próprio da diversidade. É
angustiante saber que milhares de crianças e jovens têm, em pleno século XXI, sua
aprendizagem matematicamente avaliada, e tal fato ser considerado (ingenuamente)
uma avaliação precisa e justa. O sentido da avaliação é o de promover uma diferença
“sensível”, o que não se coaduna com a objetividade, com a padronização.
Assim como o seu caráter é o da subjetividade – as situações avaliadas são sempre
interpretadas pelos avaliadores – o seu contexto é o da diversidade: o olhar avaliativo
deve abarcar as singularidades dos educandos para que as estratégias pedagógicas se
ajustem a cada um. O que não significa, entretanto, que algum educando aprenda
sozinho.
É preciso valorizar as diferenças individuais sem jamais perder de vista o contexto
interativo. Escola é sinônimo de interação. Só existe escola para que muitas crianças e
jovens possam conviver, trocar ideias, reunir-se, brincar, imaginar, sorrir, conviver.
Toda relação de saber se dá a partir da interação do sujeito com os objetos de
conhecimento, da relação com os outros e da relação consigo próprio (Charlot, 2000).
Significa que cada aluno, interativamente, descobre o mundo a sua própria maneira,
diferente e única. Mas aprende o mundo de forma mais rica e desafiadora na medida de
sua maior socialização e da cooperação dos adultos nesse sentido. Desenvolve-se, ainda
mais, quando interage com o diferente, com pessoas de idade, gênero, etnia,
experiências de vida, sentimentos e desejos diferentes dos seus. Na heterogeneidade de
uma turma de alunos se expressam as singularidades, uma vez que se revelam as
opiniões dissonantes, os conflitos, os diferentes jeitos de fazer, de falar, de sentir, se
forem criadas as oportunidades para tal. É função da avaliação a promoção permanente
de espaços interativos sem, entretanto, deixar de privilegiar a evolução individual ou de
promover ações mediadoras que tenham sentido para o coletivo.
Para que o processo avaliativo tenha sentido, as propostas educativas precisam estar
articuladas em termos de gradação e complexidade. O objetivo é fazer desafios
superáveis aos alunos, de modo que as respostas de cada um provoquem o professor a
fazer outras perguntas sobre elas, em outras dimensões, sobre outros assuntos, sob
diferentes formas e provocativas, também, em termos de estratégias de pensamento.
Nesse sentido, a heterogeneidade, ou seja, os diferentes saberes dos alunos, que
cooperam entre si e debatem os assuntos, é um fator fortemente favorecedor da melhoria
das aprendizagens.
Uma ação em três tempos
Avaliação é, portanto, uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer pedagógico e
cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os
elementos da ação educativa. Basta pensar que avaliar é agir com base na compreensão
do outro, para se entender que ela nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo.
Sem uma reflexão séria e valores éticos se perdem os rumos do caminho, a energia, o
vigor dos passos em termos da melhoria do processo.
A observação, a reflexão e a ação ocorrem em tempos não lineares, que podem se dar de
forma simultânea ou paralela, na dinamicidade que caracteriza a própria aprendizagem,
conforme se pode perceber nessa cena de sala de aula:
A observação e as intervenções que a professora fazia em relação a cada criança eram
muito diferentes e era difícil para ela dar conta de tudo o que acontecia em sala de aula,
movimentando-se de trás para frente e para todos os lados. Uma criança perguntava
sobre o que estava escrito no quadro de giz, pedindo explicação sobre o exercício,
enquanto outras já pediam seu auxílio direto para realizar a tarefa no caderno. Um
menino aprendia a leitura das sílabas, outro já lia palavras. Havia um que não sabia o
que era para fazer depois de copiar do quadro. Duas meninas conversavam alto
enquanto apontavam o lápis no lixo, e a professora pediu que se apressassem um pouco,
ao mesmo tempo em que sentava ao lado de outro aluno para explicar uma questão de
ortografia que havia percebido. Voltava ao quadro e continuava a copiar novos
exercícios e, tudo isso, sem deixar de providenciar material para aqueles que não
haviam trazido, resolver brigas, conversar com crianças nas classes, juntar borrachas do
chão (Professora).
O cenário de uma sala de primeira série traduz a riqueza e a plasticidade de um
ambiente de aprendizagem, no qual se percebe claramente a dinâmica dos três tempos
da avaliação: a professora observando, corrigindo cadernos, orientando, encaminhando
próximas atividades, observando, mais além, exercícios de outros alunos,
simultaneamente, sem que, talvez, tenha tempo de refletir sobre seu fazer.
No conjunto de suas ações, entretanto, pode-se perceber sua intenção de ajudar cada
criança em suas atividades diferentes, mediando sua compreensão, mediando relações, e
dando conta da dinâmica da sala de aula: circulando entre as classes, falando,
gesticulando, disponibilizando materiais, dando seu apoio a quem precisa mais, sem
deixar de mediar o trabalho de todo o grupo todo o tempo.
É o movimento percebido que faz a diferença: viver a espontaneidade de cada momento,
estabelecer o múltiplo diálogo com os aprendizes, com a flexibilidade necessária para
fazer o desafio diferente a diferentes alunos dentro de um mesmo grupo. Diversificar
sem discriminar, sem rotular, sem desrespeitar. O que nos permite destacar dos
princípios de um processo avaliativo mediador presentes na cena relatada:
a) O princípio formativo/mediador: a intenção da professora de desenvolver
estratégias pedagógicas desafiadoras para cada um e para todos os alunos a partir da
observação e reflexão das manifestações individuais de aprendizagem;
b) O princípio ético: cuidar mais e mais tempo de quem precisa mais. Avaliar em
benefício ao aluno, valorizando diferenças, preservando sua liberdade e dignidade,
refletindo acerca de ações educativas que sejam pertinentes aos seus interesses e
necessidades e dedicando-se todo o tempo a efetivá-las.
Todos os dias, todas as horas e na dinâmica própria das salas de aula se fazem
espontaneamente presentes os três tempos da avaliação mediadora³:
1. O tempo da admiração
2. O tempo da reflexão
3. O tempo da reconstrução das práticas avaliativas
No primeiro tempo, tempo de admiração, aprende-se a “ad-mirar” o sujeito aprendiz:
Essa exigência primeira nos coloca a necessidade indeclinável de que o ato, para o qual
mais do que nos estamos preparando porque nele já nos sentimos inseridos, não se
reduza a um mero “passear” os olhos descomprometidos, pouco ou ingenuamente
curiosos: sobre o que será o objeto de nossa incidência reflexiva. Um “passear” os olhos
acriticamente, como se fosse objeto de nossa análise algo sobre o que apenas
devêssemos “blablabear” e que, por isso mesmo, não fosse capaz de provocar em nós
uma curiosidade penetrante e inquieta (Freire, 2001, p. 41-42).
Através de um olhar ingênuo, diz o autor, ocorre a percepção do objeto “ad-mirável”
como um dar-se conta, uma pura opinião. Mas quando se adentra o que se admira, se
alcança, de fato, o conhecimento sobre o objeto “ad-mirado”. Aprende-se a admirar,
assim, a partir da convivência com o outro, observando-o com a curiosidade de quem
olha para saber como é, não para saber se é como queria que fosse, buscando, pela
aproximação e pelo diálogo, um olhar mais amplo, mais intenso, mais delicado, sempre
presente. Querendo saber para poder compreender. Esse é o tempo, então, de aprender a
observar, a registrar, a reunir dados, a ler tarefas, a escutar crianças e jovens, a
acompanhar brincadeiras, a conversar com as famílias, a ouvir outros professores.
Tempo de admirar-se de tudo o que crianças e jovens são incrivelmente capazes de
aprender e fazer!
Do segundo tempo, o tempo de refletir sobre jeitos de aprender, ensina Freire a
questionar nossas hipóteses todo o tempo. A termos humildade no sentido de pensar no
que somos e sabemos para interpretar o que se está vendo acerca da realidade
observada.
Refletir acerca “do momento de educação” em que o aluno se encontra, o que não
significa enunciar resultados definitivos, mas descrever etapas de um caminho que se
percorre. Paradas de um trem sempre em movimento.
O terceiro tempo da avaliação, o tempo que lhe dá essência, é o da ação reflexiva, da
mediação. Que fazermos, agora, para atender à necessidade do sujeito admirado que
viemos a conhecer? Esse é o tempo da tomada de consciência de cada um, tempo de
professores comprometidos, tempo do estudo, do preparo, da qualificação profissional.
Questões essas, que, por si só, não dão conta das dúvidas que surgem.
A partir desses pressupostos, apresentarei as considerações teóricas na outra parte desse
livro, organizando-as nesses três tempos, para melhor exposição de algumas ideias à
semelhança do desenvolvimento de estudos de caso que irei relatar.
Uma concepção formativa e mediadora
Durante a década 1980 a 1990, quando iniciei a coordenar cursos de formação de
professores, percebi que o entendimento de muitos acerca da denominação “formativa”
se reduzia à questão processual dessa concepção – acompanhar o aluno durante o
processo “em formação”. Mas, entendida essa premissa, estabelecida pela teoria de
Michael Scriven (1967), teórico norte-americano, vários deduziam, por exemplo, que
bastaria realizar uma série de testes parciais para desenvolver um processo de avaliação
formativa, o que não correspondia de fato ao que a teoria prescrevia. Nada mais ocorria,
e ainda ocorre, do que uma leitura superficial e equivocada dos preceitos teóricos de
Scriven, mal transpostos para a prática de sala de aula por professores mal orientados.
Resultavam desse fator (e ainda resultam) novas práticas que não significavam
mudanças de concepção. Aplicar vários testes ao longo de um bimestre, mas corrigir
todos eles ao final, por exemplo, é um procedimento classificatório. A intenção é a
classificação, mesmo ocorrendo a prática de uma série de tarefas menores ou parciais.
Tal cenário não expressa, de forma alguma, um processo de avaliação formativa, cujo
pressuposto básico é a continuidade do processo de aprendizagem e a intervenção
pedagógica desafiadora. Muda-se o jeito de fazer algumas coisas, mas não as
concepções dos professores. Assim ocorre também com alterações nos regimentos
escolares e sistemas de registros. Todo o ano surgem normas e determinações nas
instituições que não representam, na verdade, transformações dos princípios e valores
que dão sentido ao processo formativo.
_______
³ A organização metafórica em três tempos e alguns termos utilizados tiveram por
inspiração o livro de RICHTER, Sandra. Criança e pintura: ação e paixão do conhecer.
Porto Alegre: Editora Mediação, 2004. Sugiro a leitura do seu livro que considero
importante como referencial no sentido da mediação em educação infantil.
A essência da concepção formativa está no envolvimento do professor com os alunos e
na tomada de consciência acerca do seu comprometimento com o progresso deles em
termos de aprendizagens – na importância e natureza da intervenção pedagógica. A
visão formativa parte do pressuposto de que, sem orientação de alguém que tenha
maturidade para tal, sem desafios cognitivos adequados, é altamente improvável que os
alunos venham a adquirir da maneira mais significativa possível os conhecimentos
necessários ao seu desenvolvimento, isto é, sem que ocorra o processo de mediação.
No meu entender é, essencialmente, a postura mediadora do professor que pode fazer
toda a diferença em avaliação formativa. Decorre de tais considerações a ênfase que dou
a essa terminologia utilizada no livro “Avaliação mito & desafio: uma perspectiva
construtivista”, publicado em 1991.
As contribuições de Piaget e Vygotsky
Em relação aos meus estudos, vêm sendo importantes as contribuições de Piaget e
Vygotsky que alertam sobre a importância de inferências mediadoras significativas para
que o aprendiz tenha melhores oportunidades de desenvolvimento intelectual e moral.
Os estudos de cunho piagetiano sugerem situações educativas que privilegiem desafios
cognitivos ao invés do “instrucionismo” que prevalece, hoje, nas salas de aula. Uma
perspectiva de trabalho pedagógico muito diferente da tradicional. Para o educador que
se baseia na perspectiva mediadora construtivista, o desafio está em propor atividades
que sejam provocativas aos alunos, desde que adequadas às suas possibilidades de
desenvolvimento, o que lhes exige, então, um grande conhecimento dos educandos.
A concepção de aprendizagem de Piaget (1977) pressupõe desequilíbrio, conflito,
reflexão e resolução de problemas. Cabe aos adultos mediar a aquisição de ferramentas
culturais (linguagem e símbolos) das crianças e jovens que lhes possibilitem refletir
sobre as suas experiências, articulando ideias, construindo compreensões cada vez mais
ricas acerca da realidade. O educador/mediador oportuniza e favorece processos de
reflexão do educando sobre suas ações (abstração reflexionante), oportunidades de
refletir sobre a própria experiência, de estabelecer relações entre ideias e ações, de
perceber diferentes pontos de vista para reconstruir suas experiências no plano mental,
evoluindo em termos de desenvolvimento moral e intelectual.
Em Vygotsky (1991a,1991b,1993,1995), o conceito de mediação é central em termos do
desenvolvimento humano como processo sócio-histórico. Como sujeito do
conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos do conhecimento. Esse
acesso é mediado por elementos mediadores a partir dos quais se dá a transposição dos
significados do mundo real para o seu pensamento (representações).
A mediação é um processo de “transvase” de informação a partir de um sistema de
representação (o professor, com um conteúdo, uma estrutura informativa e um código) a
outro sistema de representação (o aluno, que processa ativamente tal informação). A
mediação se produz, em primeiro lugar, fora do aluno, por meio dos agentes culturais
que atuam como mediadores externos ao resumir, valorizar, interpretar a informação a
transmitir. O aluno capta e interioriza a informação, relacionando-a e interpretando-a
mediante a utilização de estratégias de processamento eu atuam como mediadores
internos (Reig e Gradolí in Minguet, 1998, p. 117).
Há diferença, no sentido da mediação, entre o que uma pessoa pode aprender ou se
desenvolver realizando uma tarefa sozinha ou realizando a mesma tarefa com a ajuda de
outra, principalmente mais competente ou que lhe proporcione desafios adequados.
Tais estudos associados à noção de ZDP (zona de desenvolvimento proximal),
desenvolvida pelo teórico, ressaltam a importância do papel mediador do professor no
processo de ensino e sugerem a necessidade de uma observação simultânea sobre o que
o aluno “já é ou conhece” e sobre tudo o que “pode vir a ser ou conhecer”, isto é, sobre
o desenvolvimento real (conquistas ou capacidades já construídas e consolidadas) e
sobre a área de desenvolvimento proximal (os conhecimentos a construir, as funções
cognitivas a desenvolver).
De acordo com essa teoria, o educador não deve levar em conta, como ponto de partida
para a ação pedagógica, apenas o que o aluno já conhece ou faz, mas, principalmente,
deve pensar nas potencialidades cognitivas dos educandos, fazendo outros desafios e
mais exigentes no sentido de envolvê-los em novas situações, de modo a provocá-los,
permanentemente, à superação cognitiva.
Esta leitura a fazer, importante destacar, é de cada aluno, e as exigências devem vir
acompanhadas de apoios adequados, para que cada um possa alcançar o êxito em sua
tarefa. Do mesmo modo, tanto o desafio do professor quanto os recursos de apoio são
vistos por Vygotsky como mediadores do conhecimento do aluno, uma vez que o
objetivo é que ele possa enfrentar situações cada vez mais complexas e com maior
independência, tornando-se assim autônomo em relação àquela etapa do seu
conhecimento.
O papel mediador do professor
Dessa forma, tanto Piaget quanto Vygotsky fundamentam o papel insubstituível do
educador na construção do conhecimento, defendendo a importância da interação
adulto/criança e criança/criança como desencadeadora dos processos de aprendizagem e
de desenvolvimento.
Sugerem ambos, de forma vigorosa em seus estudos, a intervenção pedagógica
desafiadora, seguindo o princípio de que o único bom ensino é o que acompanha o
desenvolvimento dos alunos, salientando a importância da confiança mútua e da
reciprocidade do pensamento educador/educando, assim como alertam para a função
representativa e simbólica da linguagem no processo de aprendizagem.
Em sintonia com tal perspectiva teórica, o processo de avaliação mediadora tem por
intenção, justamente, promover melhores oportunidades de desenvolvimento aos alunos
e de reflexão crítica da ação pedagógica, a partir de desafios intelectuais permanentes e
de relações afetivas equilibradas.
A tomada de consciência, por parte dos professores do ensino fundamental, dos
caminhos ou rotas de aprendizagem dos alunos e, até mesmo das suas, torna-se
relevante para que estes se reconheçam como capazes, não apenas de produzir um
resultado, mas, principalmente, para compartilhar um processo de aprendizagem
mediada. Busca-se compreender como o indivíduo organiza e entra em contato com as
informações, como organiza seu pensamento e, consequentemente, como se utiliza
dessas informações, construídas por meio de seus processos mentais para consolidar
novos saberes. Tais elementos são relevantes para o trabalho em educação,
principalmente parar os professores do ensino fundamental que, a partir da tomada de
consciência das condições pessoais para a construção de novos saberes, poderão melhor
compreender o seu processo de aprendizagem e de seus alunos e, consequentemente,
desenvolver uma prática pedagógica desafiadora, sendo, portanto, promotora de
desequilíbrios, por meio do conflito sociocognitivo, fruto da interação entre pares, o que
favorecerá a reestruturação cognitiva, levando o sujeito desse processo ao progresso
intelectual (Bolzan, 2002, p. 56).
Quando o aluno está realizando a leitura de um texto e o professor faz um comentário a
respeito desse texto, a relação aluno-texto sofre uma interferência da ação do professor e
deixar de ser uma relação direta para ser uma relação mediada. O comentário do
professor (elemento intermediário, mediador) abre um espaço de produção de sentido
entre ambos. Há o que o aluno irá pensar sobre o que o professor falou do texto,
concordando, discordando, compreendendo, não entendendo o que disse, pensando a
respeito. Há o que o professor irá pensar sobre o que o aluno respondeu ou deixou de
responder, sobre o que ele próprio disse e que deveria ter dito e sobre a reação dos
outros alunos que estavam por perto. Gerando ou não uma troca de palavras entre o
educador e o educando, o comentário do professor faz diferença na relação de saber do
aluno com o texto lido, provocando-o a pensar em outra direção, a ter ideias que poderia
não ter tido, a ir além ou não.
O mesmo acontece quando o professor explica algo. O aluno escuta. O sentido que o
professor pensa ter transmitido pode ser muito diferente do sentido construído pelo
aluno. Dificilmente o sentido será o mesmo para duas pessoas diferentes, considerando-
se as vivências e os momentos de educação de cada uma. As relações afetivas também
são mediadas. O aluno se movimenta em sala, agita-se, conversa. O professor observa,
silenciosamente, sua atitude. Que sentidos produzem ambos sobre essa relação que está
sendo construída? O silêncio do professor é a sua forma de intervir nessa situação.
Agindo ou deixando de agir, o aluno interpreta essas reações a sua própria maneira.
Cada um dos participantes desse diálogo (mesmo mudo) tem sua própria capacidade de
operar mentalmente sobre o mundo e, dessa forma, produzir sentidos diferentes. É essa
mágica relação de conhecimento que une ou desune alunos e professores. O papel do
avaliador/mediador é o de buscador a convergência máxima de significados, a
aproximação e o entendimento dos educandos a partir de processos dialógicos e
interativos.
A partir dessas considerações teóricas sobre a mediação, pode-se transpor para a prática
avaliativa três princípios essenciais:
– O princípio dialógico/interpretativo da avaliação: avaliar como um processo de
enviar e receber mensagens entre educadores e educandos e no qual se abrem espaços
de produção de múltiplos sentidos para esses sujeitos. A intenção é a de convergência de
significados, de diálogo, de mútua confiança para a construção conjunta de
conhecimentos.
– O princípio da reflexão prospectiva: avaliar como um processo que se embasa em
leituras positivas das manifestações de aprendizagem dos alunos, olhares férteis em
indagações, buscando ver além de expectativas fixas e refutando-as inclusive: quem o
aluno é, como sente e vive as situações, o que pensa, como aprende, com que aprende?
Uma leitura que intenciona, sobretudo, planejar os próximos passos, os desafios
seguintes ajustados a cada aluno e aos grupos.
– O princípio da reflexão-na-ação: avaliar como um processo mediador se constrói na
prática. O professor aprende a aprender sobre os alunos na dinâmica própria da
aprendizagem, ajustando constantemente sua intervenção pedagógica a partir do diálogo
que trava com eles, com outros professores, consigo próprio, refletindo criticamente
sobre o processo em andamento e evoluindo em seu fazer pedagógico.
O que se faz com o que se vê? A reflexão e a comunicação com os alunos devem ser
consideradas processos interdependentes. Significados compartilhados entre educadores
e educandos passam a fazer parte do mundo de crianças e jovens por um processo de
contínua negociação, iniciada e orientada por um professor. Assim, o que se vê sobre as
tarefas dos alunos e o diálogo que se trava sobre elas não pode ocorrer de forma
distanciada em tempo ou desarticulada, “pois o conflito cognitivo, gerado pela interação
social, encoraja as crianças a refletir sobre as incongruências, o que as conduz a uma
descentração do próprio pensamento e a solucionar o conflito em um nível mais
avançado de abstração” (Golbert, 2002, p.44).
O texto que o aluno produz precisa ser lido por um leitor atento que confia, exige com
afeto e orienta a retomá-lo, a aprimorá-lo; que o lê novamente, noutro momento,
fazendo-lhe novas indagações, que é parceiro do aluno até a produção final. A tarefa que
o aluno deixa de fazer é ponto em branco a ser preenchido. É silêncio que o professor
também deve escutar e transformar em ação. Precisa descobrir a razão da não resposta,
mudar a pergunta, ou, talvez, o tom da pergunta. O aluno “turista” é convite ao
professor a passear com ele, a pensar nos seus devaneios, na razão de seus desinteresses,
a provocar-lhe desejo de saber, atenção. Nessas cenas pode ou não estar presente o ato
avaliativo em sua essência mediadora.
Para acompanhar o ritmo alucinado de uma escola, de muitas horas de trabalho com
crianças e adolescentes, é certo que não basta ser consciente do caráter mediador e
interativo da avaliação. Penso que temos de admitir que não sabemos e tentar descobrir
como fazer. Que não sabemos como resolver as imensas dificuldades em educação que
se apresentam nesse país. Que não entendemos por que algumas crianças se alfabetizam
em alguns meses e outras em muitos. Que não sabemos como conversar com um aluno
violento que nem sequer olha para o professor. Que não temos respostas para tantas
perguntas. Mas que teremos de começar por aí – pelos não saberes, com a confiança de
quem acredita na aprendizagem pelo diálogo e pela convivência.
REFERÊNCIAS
BOLZAN, Doris. Formação de professores: compartilhando e reconstruindo
conhecimentos. Porto Alegre: Editora Mediação. 2002.
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto
Alegre: ArtMed Editora, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Editora UNESP, 2001
(Série Paulo Freire: organização e apresentação Ana Maria Araujo Freire).
GOLBERT, Clarissa. S. Novos rumos na aprendizagem da matemática: conflitos,
reflexão e situações-problemas. Porto Alegre: Editora Mediação, 2002.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito & desafio: uma perspectiva construtivista.
Porto Alegre: Editora Mediação, 1991.
______. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à
universidade. Porto Alegre: Editora Mediação, 1993.
_____. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Editora Mediação,
2001.
MINGUET, Pilar A. (org.). A construção do conhecimento na educação. Porto Alegre:
ArtMed Editora, 1998.
PIAGET, Jean. (1997) Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem
das relações espaciais. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.
RICHTER, Sandra. Criança e pintura: ação e paixão do conhecer. Porto Alegre:
Editora Mediação, 2004 (Coleção Educação & Arte, 5).
SCRIVEN, Michael (org.). The methodology of evaluation: perspectives on curriculum
evaluation. AERA Mono graph Series on Curriculum Evaluation, n.I Chicago Rand
MacNally 1967.
VYGOTSKY, Lev S. Obras escogidas. Tomo II. Madrid: Visor Distribuciones, 1991b.
_____. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
_____. Obras escogidas. Tomo III. Madrid: Visor Distribuciones, 1995.
HOFFMANN, Jussara. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação,
2005. 192p.
Autor: Livia Reis Santanna
Avaliação escolar como prática mediadora
Rebecca Faria da Silva
Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Faculdades Integradas
Simonsen)

Avaliar é uma característica intrínseca do ser humano, uma prática diária em sua vida;
assim, é uma atividade cotidiana, acontece a todo momento. Em âmbito educacional, a
avaliação constitui-se como peça chave do ensino e da aprendizagem; é um processo
complexo, cuja formulação de objetivos exige juízo de valor, garantindo o alcance dos
resultados.
O termo avaliar tem sido associado a preparar provas, exames, atribuir notas, repetir ou
passar de ano. O educando tende a ser considerado um ser passivo e receptivo, e o
processo de avaliação se resume a julgar a memorização dos conteúdos e transmissão de
informações prontas. Entretanto, a prática de avaliar não deve estar concentrada em
apenas uma prova, mas sim numa variedade de observações feitas pelo professor
durante toda a trajetória escolar dos alunos.
O ato de avaliar a aprendizagem está relacionado profundamente ao processo de ensino;
portanto, deve ser conduzido como mais um momento em que o aluno está aprendendo.
Segundo Vasco Moretto,
o aluno coloca suas energias em busca do sucesso, normalmente associado a uma boa
nota. Se é essa a cultura estabelecida, por que não aproveitá-la e transformar a avaliação
em mais um momento de construção de conhecimento? (Moretto, 2007, p. 10).
Observa-se que o primeiro passo para a transformação é dar à avaliação e a seu processo
um novo sentido, transformando-a em um momento para o aluno refletir e demonstrar o
que sabe, mostrar que adquiriu competências como estudante e não apenas se preocupar
com a média das notas que precisa alcançar para evitar a reprovação.
Uma característica muito comum no ensino é o uso da memorização. Geralmente as
instituições mais tradicionais apelam para essa metodologia sem contextualização ou
significado, obrigando os alunos a decorar conteúdos por força da repetição. Dessa
forma, são “adestrados” a reproduzir modelos e informações sem, no entanto,
compreender seu sentido. Apesar de estarmos numa era de tecnologia avançada, em que
é possível encontrar informações armazenadas e de livre acesso, há quem queira obrigar
os alunos a copiar e ouvir passivamente a fala do professor e reproduzir o que decorou
nas provas.
O foco se sintetiza na aquisição de conteúdos vinculados às apresentações já trazidas
pelo aluno de seu contexto social e político. O ensino visa à acumulação e reprodução
de informações por meio da habilidade de memorização e reprodução de informações e
a aprendizagem limita-se à capacidade de repetir a informação transmitida. Porém os
rumos da educação voltam-se para um novo foco: o desenvolvimento de competências
em vários campos do saber que tenham real significado para a vida dos educandos.
Ainda segundo Moretto, diante dessa nova perspectiva,
o professor precisa, em primeiro lugar, conhecer bem os conteúdos pertinentes à sua
disciplina. Em seguida, precisa ter as habilidades necessárias para organizar o contexto
da aprendizagem, escolhendo estratégias de ensino adequadas. Na escolha dessas
estratégias ele deve levar em conta os valores culturais de seu grupo de alunos e dirigir-
se a eles com uma linguagem clara, precisa e contextualizada (Moretto, 2007, p. 25).
Além de conhecer o conteúdo específico de sua disciplina, o professor competente no
ensinar necessita identificar os assuntos relevantes tendo em vista o contexto dos
alunos, estabelecer relações significativas entre sua disciplina e outras, escolhendo
estratégias adequadas à sua prática. Nessa perspectiva, o saber social faz com que o
aluno interaja no contexto escolar e deixe de ser apenas um receptor de informações
para ser um elaborador de representações. Nesse contexto, o professor está presente
como mediador, facilitador do processo de aprendizagem. “Fica claro então que o
professor não é transmissor de conhecimento e sim aquele que prepara as melhores
condições para que sua construção se efetue” (Moretto, 2007).
Nesse aspecto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394/96)
redimensiona a visão sobre os procedimentos de avaliação de modo geral, com o
enfoque de transformação frente ao desafio contínuo de educar. Em seu Art. 24, aborda
a avaliação na Educação Básica:
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
as eventuais provas finais.
Nota-se, portanto, que o ponto de partida é o enfoque qualitativo da avaliação,
libertando o sujeito de condicionamentos determinados. Assim sendo, o docente deve
valorizar todo o processo de aquisição de conhecimento dos discentes, não apenas
acrescentando ao final do ano letivo em seus registros a nota final de somente uma
única avaliação. Uma reflexão sobre isso pode até mesmo levá-lo, em alguns casos, a
mudar de procedimentos e se adequar a novas formas de avaliação além da prova
escrita.
Observa-se ainda que a LDB usa a expressão “verificação do rendimento escolar”.
Verificar significa comprovar; rendimento pode ser entendido como eficiência relativa a
determinada tarefa. Então, de acordo com a Lei, cabe às instituições educacionais
comprovar a eficiência dos alunos nas atividades, ou seja, avaliar o êxito alcançado no
processo de ensino-aprendizagem.
Para medir qualquer coisa, é preciso dispor de instrumentos precisos como régua e
balança, porém para a avaliação não existe um instrumento preciso, porque se trata de
avaliar não um objeto concreto e observável, mas sim um processo humano e gradativo.
Portanto, é importante que a avaliação ocorra de forma contínua, que possa captar o
desenvolvimento do educando, com o objetivo de diagnosticar a situação de
aprendizagem em relação à programação curricular. Como prática de investigação, a
avaliação deve, de forma dialógica, identificar os conhecimentos construídos e as
dificuldades.
O erro, por sua vez, passa a ser considerado uma pista que indica que o aluno está
relacionando os conhecimentos que já possui com os novos que estão sendo adquiridos
ao longo do processo de aprendizagem. A avaliação, sob o enfoque psicopedagógico, se
apropria da função prognóstica, avaliando o conhecimento prévio dos aprendentes, e
adquire a função diagnóstica porque, por meio dela, pode verificar as reais causas que
impedem a aprendizagem do aluno.
Funções e instrumentos da avaliação escolar
A avaliação da aprendizagem tem sido estudada desde o início do século XX; é
caracterizada pela utilização de testes ou provas escritas para medir as habilidades e
aptidões dos discentes, atravessando as seguintes fases:

 Mensuração – nesta etapa, a preocupação é relacionada à elaboração de


ferramentas ou instrumentos para verificar o rendimento escolar. O professor
tem papel estritamente técnico. Exames e questionários eram indispensáveis ao
progresso dos alunos.

 Descritiva – a busca primordial desta fase era a melhor compreensão dos


objetivos da avaliação e a definição de padrões e critérios classificatórios com
relação aos objetivos esperados por parte dos educandos. É nesta fase que surge
o termo “avaliação educacional”.

 Negociação – nesta fase, o enfoque passa a ser a avaliação vista de um


paradigma construtivista como processo educativo comprometido com a garantia
da aprendizagem do aluno, por meio de relações partilhadas e cooperativas dele
e do professor.

Hoje observa-se que, na maioria dos casos, a avaliação é vista como um momento
terminal do processo educativo, relacionado a procedimentos conclusivos como a
prática de provas finais em determinado período do ano letivo. Em seu conjunto, vem
sendo considerada um ato de julgamento, transformando-se numa prática coletiva
angustiante. Assim, é importante analisar suas funções no processo avaliativo:
formativa, somativa e diagnóstica.

 Formativa – tem como função informar o professor e o aluno sobre os resultados


da aprendizagem no desenvolvimento das atividades escolares. É utilizada
durante o decorrer do ano letivo. Busca constatar se os objetivos pretendidos
estão sendo devidamente atingidos. Dessa forma, o discente passa a reconhecer
seus erros e acertos, assim como o educador tem o papel de observá-los para
possibilitar a localização de deficiências ou erros, assim como a correção e a
recuperação deles.

 Somativa – o foco desta avaliação é determinar o grau de domínio do aluno em


uma determinada área de aprendizagem. Também chamada função creditativa,
permite aprovar ou consentir ao estudante uma qualificação pela aprendizagem
realizada. Portanto, esta função tem como propósito aperfeiçoar o processo de
ensino com base em classificar os alunos ao final de um período de estudos de
acordo com os níveis de aproveitamento individuais.

 Diagnóstica – tem como objetivo identificar, analisar as causas de repetidas


incapacidades na aprendizagem. Essa modalidade propicia informações acerca
das capacidades do educando antes do início do trabalho com conteúdos. Sua
busca fundamenta-se em pré-requisitos que devem ser alcançados em
conhecimentos com relação a aprendizagens anteriores que servirão de base para
as atuais e futuras, assim como a análise de dificuldades apresentadas a serem
trabalhadas.
A avaliação da aprendizagem deve ser orientada por instrumentos variados; a coerência
não pode ser esquecida, pois deve ser consistente com os objetivos e metodologias e
atividades do currículo escolar, considerando os aspectos cognitivos, afetivos e sociais,
assumindo características escritas ou orais.
A avaliação é o instrumento que promove a aprendizagem do educando e do educador.
“O aluno ensina ao aprender e o professor aprende ao ensinar” (Freire, 2009). Avaliar é,
acima de tudo, promover o conhecimento de mundo tanto do discente quanto do
docente, é servir de ponte entre essas duas partes para que se realize a verdadeira
aprendizagem.
Destaca-se, como objetivo geral, analisar o papel sócio-econômico-político-cultural da
avaliação escolar com perspectivas coerentes com a realidade do educando, identificar
dificuldades encontradas em seu desempenho, investigar os instrumentos de avaliação e
suas consequências no contexto escolar e apontar possíveis alternativas para que esse
momento ocorra de forma interativa entre professor e aluno.
Diversas modalidades de avaliação podem ser empregadas na escola, com instrumentos
variados; o mais comum deles, em nossa cultura, é a prova escrita. É fundamental que o
professor possa aproveitar a correção da prova como preciosa oportunidade para que os
alunos identifiquem suas principais dificuldades e possam desenvolver melhores
habilidades e compreender determinados conceitos. Outra boa alternativa seria permitir
que os alunos reelaborem as questões da prova, de modo que possam recuperar as falhas
anteriores.
As provas que seguem a linha tradicional se caracterizam pela exploração exagerada da
memorização. Essa técnica tem o seu lugar no processo de aprendizagem, desde que
seja acompanhada de compreensão significativa da matéria analisada como objeto de
estudo. Porém questões que enfatizam o ato de decorar repetitivo e mecânico, como os
questionários, apelam para a memorização pouco significativa, sem análise ou
explicação.
Sob a perspectiva construtivista, a ênfase está na contextualização, ou seja, dar sentido à
questão elaborada. Por exemplo, durante uma interpretação de texto, é preciso que o
aluno busque apoio no enunciado para responder à questão. O melhor seria se esta
tivesse algo a ver com seu cotidiano, para que o aluno possa fazer uma ligação entre o
que aprende na escola e sua vida diária. Para tanto, se faz mister a inclusão de
problemas reais sobre temas atuais que tenham relevância para a compreensão de
mundo, contribuindo para a reflexão do estudante sobre o contexto histórico em que
vive.
Dessa forma, o professor, numa avaliação, pode mesclar esses tipos de instrumentos por
elaborar questões mais simples e objetivas, porém relacionadas à aquisição de
conteúdos fundamentais para o aprendizado da disciplina, fazendo contextualização,
obviamente de forma distinta das questões transitórias encontradas nas provas mais
tradicionais, cuja resposta depende de uma simples descrição de informações, muitas
vezes aprendidas de cor sem muito significado para o estudante em seu contexto diário.
Segundo Hoffmann (2008), as transformações de avaliação são multidimensionais, pois
avaliar envolve valor e envolve pessoas. Quando se avalia uma pessoa, observa-se o que
se sabe sobre ela, o que se conhece, ou seja, a relação que se tem com tal pessoa. Avaliar
é muito mais que conhecer o aluno superficialmente, é reconhecê-lo como pessoa digna
de respeito e interesse. O professor tem de estar preocupado com a aprendizagem do
aluno, porque só assim poderá intervir ajudar e orientá-lo.
O aprender envolve o interesse, a curiosidade do aluno, sua autoria como pesquisador
escritor e leitor. Envolve seu desenvolvimento pleno; assim, é preciso perceber a
aprendizagem nessas múltiplas dimensões. Ainda segundo Hoffmann, a expressão
“avaliação mediadora” tem como objetivo salientar a importância do papel do professor
no sentido de observar o aluno para mediar, ou seja, refletir sobre as melhores
estratégias que visem promover sua aprendizagem.
Medir é verificar extensão, quantidade, volumes e outros atributos de objetos e
fenômenos, expressados em escalas ou graus numéricos. A medida, o uso de notas,
reforça um mecanismo de competição e seleção na escola. Dessa forma, a postura do
professor deve estar comprometida com a concepção do erro construtivo, considerar o
conhecimento produzido pelo aluno em processo de superação. A criança aprimora sua
forma de pensar o mundo à medida que se depara com novas situações, novos desafios e
hipóteses. A posição que se estabelece entre professor e aluno deve ser à base do
diálogo, conforme Freire (1986, p. 125) apresenta:
O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato comum de
conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em vez de transferir o conhecimento
estatisticamente, como se fosse posse fixa do professor, o diálogo requer uma
aproximação dinâmica na direção do objeto.
Dessa forma, a ação mediadora é uma postura construtivista na educação em que a
relação dialógica de troca de discussões possibilita entendimento progressivo entre
professor e aluno. O conhecimento dos alunos é adquirido com a interação, com o meio
em que vivem e as condições desse meio, vivências, objetos e situações que
estabelecem relações de forma evolutiva. Compreender essa evolução é assumir
compromisso diante das diferenças individuais dos alunos.
Quanto ao erro, na concepção mediadora da avaliação entende-se que a correção de
tarefas conjuntas com os alunos é um elemento positivo a se trabalhar numa
continuidade de ações envolvidas. O momento da correção passa a existir como
momento de reflexão diante das hipóteses constituídas pelo aluno, não por serem certas
ou erradas, problematizando o diálogo, trocando ideias.
Assim, para que uma instituição possa desenvolver esse trabalho, para que possa
construir uma cultura mediadora tão necessária na atual prática docente, é preciso que se
fundamentem princípios muito mais do que se transformem metodologias. É importante
que exista uma avaliação a serviço da ação, uma investigação sobre a aprendizagem do
aluno, promovendo sua melhoria.
A avaliação é muito mais que o conhecimento de um aluno; é o reconhecimento desse
aluno. Portanto, cada aluno é importante em suas necessidades, em sua vivência, em seu
conhecimento. Cabe ao professor e a todo o sistema escolar planejar essa ação avaliativa
como projeto de futuro, encaminhando propostas pedagógicas para auxiliar os alunos
em suas necessidades, procurando atender esse aluno de acordo com a perspectiva da
avaliação mediadora.
Referências
ARANHA, M. L. A história da Educação. São Paulo: Moderna, 1989.
BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 5 fev. 2016.
BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CARVALHO, José Sérgio de Fonseca de. As noções de erro e fracasso no contexto
escolar: algumas considerações preliminares. In: AQUINO, Julio Groppa (Org.). Erro e
fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997.
DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Coleção Magistério-formação e trabalho
pedagógico. Campinas: Papirus, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 2009.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito & desafio – uma perspectiva construtivista.
Educação e Realidade, Porto Alegre, 39ª ed. 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Coleção Magistério – 2º Grau – Série Formação do
Professor. São Paulo: Cortez, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.
São Paulo: Cortez, 1999.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: compreensão e prática.
Entrevista concedida ao Jornal do Brasil e publicada em 21 jul. 2000. Disponível em:
http://www.luckesi.com.br/textos/art_avaliacao/art_avaliacao_entrev_jornal_do_Brasil2
000.pdf. Acesso em 22 abr. 2016.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Entrevista à revista Nova Escola, nº 191, abril 2006.
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/cipriano-carlos-luckesi-
424733.shtml.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto
de contas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulamentação das aprendizagens
– entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
SHOR, Ira; FREIRE, Paulo. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1986.
Sites pesquisados
Aprendendo a Pensar – Metamorfose digital. Disponível em:
http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=554#ixzz49EROH2jz. Acesso em 24 maio
2016.
http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-avaliacao-acordo-com-os-
pcns.htm. Acesso em 5 fev. 2016.
http://www.pedagogia.com.br/artigos/funcoes_avaliacao/?pagina=2. Acesso dia 14 mar.
2016.
http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-do-psicopedagogo/48/. Acesso em 27
abr. 2016.
Leia também:
 Avaliação escolar: objeto da aprendizagem segundo a perspectiva
psicopedagógica

Publicado em 29 de maio de 2017

Вам также может понравиться