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RESUMO

A FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO por Donald A. Carson

Wirlan Pajeú de Moraes1

Se pensarmos no cânon do Novo Testamento como uma lista "encerrada" de livros


reconhecidos, os principais acontecimentos são bem conhecidos e em geral não são
questionados. A primeira dessas listas encerradas de que temos conhecimento é a de Marcião.
É indubitável que a obra de Marcião e as de outros heréticos levaram a igreja a
publicar listas mais abrangentes e menos tendenciosas. Numa situação parecida, o movimento
montanista, que buscava alçar a voz da profecia a um nível de autoridade suprema na igreja
também serviu para forçar a igreja a tomar decisões públicas quanto ao padrão de ortodoxia.
Por volta do final do século II, a lista Muratoriana, embora praticamente sem valor como
orientação quanto à origem dos livros do Novo Testamento a que ela se refere, reflete a
opinião da igreja universal que reconhece um cânon do Novo Testamento não muito diferente
do nosso.
Nesta Introdução tem sido visto rapidamente o padrão como estes ou outros Pais citam
os vários livros do Novo Testamento como Escritura; mas esse padrão não estabelece quando
houve o reconhecimento do cânon do Novo Testamento como uma lista encerrada.
Ao tratar do cânon do Novo Testamento, Eusébio elabora uma classificação tripartite:
os livros reconhecidos (homologoumena), os livros questionados (antilegomena) e os livros
introduzidos pelos hereges em nome dos apóstolos, mas rejeitados por aqueles que Eusébio
considera ortodoxos. Na primeira categoria Eusébio inclui os quatro evangelhos, Atos, 14
epístolas paulinas (Eusébio inclui Hebreus, embora tenha consciência de que a igreja em
Roma não considerava que Hebreus tivesse sido escrita por Paulo), 1 Pedro, 1 João e,
aparentemente (ainda que com certas reservas), Apocalipse. Em outras palavras, os quatro
evangelhos, Atos, as 13 epístolas paulinas, 1 Pedro e 1 João são universalmente aceitos já
bem cedo; a maior parte do restante do cânon do Novo Testamento já está estabelecida à
época de Eusébio.
A primeira lista que inclui todos e tão somente os 27 livros do nosso Novo Testamento
é a da carta de Páscoa escrita por Atanásio em 367 à igreja alexandrina. O sexagésimo cânone
do Concílio de Laodiceia (c. 363) inclui todos os 27 livros com exceção do Apocalipse, mas
os indícios do manuscrito sugerem que esse cânone pode ter sido um acréscimo posterior. O

1
Discente do curso de pós-graduação em Estudos Teológicos do CPAJ.
Terceiro Concílio de Cartago (397), em que Agostinho esteve presente, reconheceu os 27
livros do Novo Testamento e, depois disso, no Ocidente praticamente não houve quem se
afastasse dessa posição.
É importante observar que, embora não houvesse nenhum poder eclesiástico como o
papado medieval para impor decisões, assim mesmo a igreja em todo o mundo veio quase
universalmente a aceitar os mesmos 27 livros. A questão não foi tanto a de a igreja ter feito a
seleção do cânon, mas de o cânon ter feito a seleção de si próprio.
Foram basicamente três os critérios que a igreja empregou nos debates para determinar
quais livros eram canônicos:
1) Uma exigência básica para determinar a canonicidade era a conformidade à "regra de fé”
conformidade entre o documento e a ortodoxia, ou seja, a verdade cristã reconhecida como
normativa nas igrejas.
2) Nos Pais o critério mais comumente mencionado é talvez a apostolicidade, que, como
critério, veio a incluir aqueles que estiveram em contato direto com os apóstolos. Nesse
sentido o evangelho de Marcos era entendido como ligado a Pedro; o de Lucas estava ligado a
Paulo.
3) Um critério quase tão importante é a aceitação disseminada e contínua de um documento e
seu uso por igrejas em toda parte. É assim que Jerônimo insiste em que não importa quem
escreveu Hebreus, pois de qualquer maneira esse livro é a obra de um "escritor da igreja". Se
as igrejas latinas foram lentas em aceitar Hebreus e as igrejas gregas foram lentas em aceitar
Apocalipse, Jerônimo aceita ambos, em parte porque muitos escritores antigos haviam
aceitado os dois como canônicos.

A IMPORTÂNCIA DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO


O debate sobre o cânon é sobre uma lista encerrada de livros autorizados. Os próprios
livros necessariamente estavam circulando muito antes, sendo que a maioria deles era
oficialmente reconhecida por toda a igreja e todos eles era aceitos em grandes segmentos da
igreja.
A revelação da boa notícia, o evangelho do Filho amado de Deus, esteve tão
intimamente ligada à vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus que os relatos dessa "boa
notícia" vieram a ser denominados evangelhos.
Três outros elementos de prova são importantes:
1) Nas primeiras etapas da transmissão, antes que se fizessem esforços de oferecer registros
escritos (veja Lc 1. 1-4), a "tradição" era transmitida oralmente. Como frequentemente se tem
admitido, no Novo Testamento a palavra "tradição" (paradosis) não traz necessariamente
nuanças negativas.
2) A única passagem que todos citam para justificar a noção de que a tradição oral era tida
num grau mais elevado de estima é uma afirmação de Papias registrada por Eusébio. Tem-se
alegado convincentemente que Papias acentua a importância da tradição oral para privilegiar
seu comentário sobre as palavras do Senhor, não o conteúdo em si dessas palavras.
3) Se indagarmos quando e como foram feitas as primeiras coleções de pelo menos alguns dos
livros do Novo Testamento, a resposta direta é que não sabemos. Sabemos seguramente que
no máximo até meados do século II os quatro evangelhos canônicos estavam circulando
juntos na forma do evangelho quádruplo "segundo Mateus", "segundo Marcos" e assim por
diante. Provavelmente ainda antes as epístolas paulinas estavam em ampla circulação. O
processo de promover a circulação desses materiais recebeu, sem dúvida alguma, o impulso
do amplo uso, pelos cristãos, de livros na forma de códices.
Finalmente, deve-se rapidamente assinalar quatro perspectivas contemporâneas da
importância do cânon.
1) Alguns têm sustentado que se deve abolir a noção de um cânon. Dizem que não há
diferenças qualitativas entre os livros do Novo Testamento e outros textos cristãos antigos.
Fica claro que essa teoria só se torna viável caso se rejeite não somente a noção de cânon
como uma lista encerrada de livros oficialmente reconhecidos, mas também a noção de
Escrituras.
2) No momento ocorre um debate complexo sobre um possível "cânon dentro do cânon".
Todos nós tendemos a nos apoiar mais em algumas partes do cânon do que em outras - da
mesma forma como Lutero e Calvino destacaram mais Romanos e Gálatas do que, digamos, 1
Pedro ou Apocalipse. Algumas partes do Novo Testamento podem exercer continuamente
uma maior influência porque são mais longas e abrangentes.
3) As vezes a teologia católica romana tradicional tem falado do papel da igreja na formação
(ou estabelecimento) do cânon, e isto, por sua vez, tem dado origem a um ponto de vista sobre
a autoridade da igreja bem diferente do encontrado no protestantismo. Este situa nas
Escrituras o depósito do evangelho; o catolicismo conservador situa na igreja o depósito da fé,
do qual as Escrituras são apenas um dos componentes.
4) Tem havido considerável interesse na denominada crítica do cânon. Há muitas coisas
proveitosas nesse movimento. Ele representa um esforço de ler a Bíblia como um todo e de ler
livros bíblicos como produtos acabados. Na prática, contudo, alguns defensores da crítica do
cânon tendem a defender verdades abstratas que podem ser inferidas do texto como um todo,
mas rejeitam numerosas afirmações bíblicas que têm referentes históricos.
Em suma, o fato de que Deus é um Deus que se revela, fala e é fiel à aliança, tendo se
revelado de modo supremo num personagem histórico, o Messias Jesus, estabelece a
necessidade do cânon e, implicitamente, o seu encerramento. A noção de cânon proíbe todas
as tentativas conscientes de escolher apenas uma parte do cânon como o padrão de governo da
igreja cristã: isso seria descanonizar o cânon, uma contradição de termos.

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