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Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH)


Departamento de Ciência Política (DCP)
Tópicos em Política: Estado e Gestão no Pensamento Político Brasileiro (DCP030)

Fichamento: Introdução Crítica à Sociologia Brasileira –


Guerreiro Ramos

Grupo:
Amanda Siqueira Carvalho

Gustavo Costa Silva Sbampato


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH)
Departamento de Ciência Política (DCP)
Tópicos em Política: Estado e Gestão no Pensamento Político Brasileiro (DCP030)

RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro:


Editora UFRJ, 1995.

Sobre o autor: Alberto Guerreiro Ramos nasceu em Santo Amaro (BA) no dia 13 de
setembro de 1915. Diplomou-se em ciências pela Faculdade Nacional de Filosofia do
Rio de Janeiro em 1942 e um ano depois se bacharelou um ano depois pela Faculdade
de Direito da mesma cidade. Assessorou o presidente Getúlio Vargas durante seu
segundo governo, atuando em seguida como diretor do departamento de sociologia do
Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb). Foi deputado federal pelo Rio de
Janeiro e atuou também como delegado do Brasil junto à Organização das Nações
Unidas. Como jornalista colaborou em O Imparcial, da Bahia, O Diário, de Belo
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Horizonte, e Última Hora, O Jornal e Diário de Notícias, do Rio de Janeiro. Guerreiro
Ramos deixou o país em 1966, radicando-se nos Estados Unidos, onde passou a lecionar
na Universidade do Sul da Califórnia. Foi um autor que em suas obras analisa a situação
da sociologia na segunda metade do século XX. Entre suas obras tem-se: Sociologia e a
Teoria das Organizações - Um Estudo Supra Partidário (1983), Administração e
Estratégia do Desenvolvimento - Elementos de uma Sociologia Especial da
Administração (1966), A Redução Sociológica - Introdução ao Estudo da Razão
Sociológica (1965), Mito e verdade da revolução brasileira (1963).

Grupo:

Amanda Siqueira Carvalho

Gustavo Costa Silva Sbampato


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Primeira Parte: Crítica da Sociologia Brasileira

I. Notas para um Estudo Crítico da Sociologia no Brasil


A construção de uma sociedade nacional deriva de seu processo histórico. Para
Guerreiro Ramos, a objetividade está presente no conhecimento dos fatos sociais pelo
fato de não admitir dúvidas, porém para a realidade histórico-social ser objetiva o
processo é gradual.
A tomada de consciência do contexto sociológico brasileiro é um fato recente.
Partindo do tempo colonial do país, este período impõe um tipo específico de evolução
e de psicologia coletiva às pessoas que foram colonizadas. Assim, tanto o Brasil como
os países da América Latina que também passaram pela colonização, o estudo da
sociologia é guiado por fatores exógenos.
O estudo sociológico no Brasil teve início em 1878 com o surgimento da Sociedade
Positivista por Benjamin Constant. Porém, a evolução deste estudo implicou nos
seguintes problemas:
a. Simetria e sincretismo: a simetria se caracteriza pela imitação de métodos de
pesquisa, doutrinas e teorias de acordo com a variabilidade de prestígio das
mesmas em países estrangeiros. O sincretismo é a junção de teorias
originalmente incompatíveis, em que suas incompatibilidades metodológicas são
reduzidas a “meras questões de nomenclatura”, como citado no livro;
b. Dogmatismo: está relacionado ao uso de argumentos de autoridade na discussão
sociológica ou na avaliação de fatos a partir de textos de autores conhecidos;
c. Dedutivismo: surge em decorrência do dogmatismo. Esta tendência toma os
sistemas estrangeiros como ponto de partida para a explicação dos fatos da vida
brasileira;
d. Alienação: não representa o esforço a promover a autodeterminação da
sociedade brasileira. A ideia de alienação está intimamente ligada à relação entre
aspirações e conhecimento;
e. Inautenticidade: todos estes problemas citados resultam na inautenticidade da
produção sociológica brasileira. Os sociólogos brasileiros não se organizam em
bases próprias e são altamente versáteis, caracterizando assim, uma certa
imaturidade;
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A fim de superar tais barreiras/problemas, Guerreiro Ramos propõe o
estabelecimento de uma sociologia que inclua a autocrítica como um de seus pilares
fundamentais, de modo a formar uma teoria militante da própria realidade nacional.
Para o autor, a sociologia no Brasil será autêntica a partir do momento que colaborar
para o desenvolvimento da autoconsciência nacional, adquirindo as características de
funcionalidade, intencionalidade e organicidade.

II. Crítica e Autocrítica


A crítica no Brasil valoriza os seguintes aspectos nas obras: a proeza ou elemento
surpresa que possuem, a linguagem formal e o fato de se basear em critérios de
julgamento de modelos estrangeiros.
Para se estabelecer a crítica é preciso elaborar um método de análise e
estabelecer a integração do significado das obras nos fatos; revisão crítica do conteúdo
produzido; estímulo da autoanálise. Para realizar estas tarefas é preciso da mudança de
atitude dos pensadores, a fim de superar o individualismo.
Para Guerreiro Ramos, ser crítico é conseguir perceber e enxergar o significado
implícito da obra e relação entre pensamento e o existente.

III. Nacionalismo e Xenofobia


Guerreiro Ramos defende um nacionalismo que se contrapõe à xenofobia. Para ele,
o nacionalismo ocorre enquanto processo ontológico na nação brasileira, isto é,
funciona como expressão da emergência do ser nacional.
Nesse sentido, destaca-se a visão de Alberto Torres em relação à nação brasileira, na
qual a ficção jurídico-constitucional não se concretiza, pois ainda fosse defendido a
manutenção das atividades agrícolas como característica primária do Brasil, sua
perspectiva não englobava a fundamentação econômica do fenômeno nacional.

IV. A Dinâmica da Sociedade Política no Brasil


Existem dois tipos de teorização da realidade social, a ideológica e a sociológica. A
teorização ideológica baseia-se em interesses particulares de um grupo ou uma classe,
enquanto a segunda reflete uma compreensão global da sociedade, resultante do
comportamento crítico e autocrítico.
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É ressaltado o posicionamento político de grupos sociais: ascensão, domínio e
decadência. Na ascensão prevalece o espírito de libertação, de razão, de
desenvolvimento, de projeção para o futuro. Já no domínio predomina-se a idéia de
evolução e ordem. E na decadência há a volta ao passado, caracterizada pela restauração
e recuperação.
A classe média tende a aliar-se às classes dominantes ou em declínio, apenas em
situações de empecilhos econômicos é que ela volta-se aos grupos ascendentes. O
lumpenproletariat é utilizado como massa de manobra, correspondendo à mão de obra
marginal que se utiliza em épocas de grande mobilização política ou econômica em prol
de determinados fins. Desse modo, Guerreiro Ramos sustenta que a dinâmica de
relações de poder se processa através das transformações materiais das relações de
produção, condicionando a ascensão, o domínio e a decadência de diferentes classes e
grupos sociais. Um exemplo dessa situação é o que aconteceu com a classe latifundiária
brasileira, que passou pela ascensão ao poder ao atuar como articuladora da
independência e organizadora do Estado nacional e dominar o país no período de 1822 a
1930, e passar a declinar com o advento progressivo da industrialização brasileira.
Nesse contexto pôde ser observado que o modelo sociológico de industrialização
brasileiro diferiu consideravelmente do europeu, uma vez que as condições econômicas
não permitiam a radicalização dos interesses da classe proletária. Esse quadro esbarra na
articulação sindical que se efetivou a partir de 1931.

V. Esforços de Teorização da Realidade Nacional Politicamente Orientados, de


1870 aos nossos dias
O autor Oliveira Viana caracteriza o que ele chama de idealismo utópico, em que as
elites brasileiras acreditavam na eficácia dos sistemas e instituições europeus e norte-
americanos e os adotaram no Brasil. Tal situação foi assim realizada para induzir que os
cidadãos alterassem sua forma de pensar. Em um primeiro momento as práticas
idealísticas-utópicas eram instrumentos para a melhoria da organização social, e
posteriormente, passaram a ser vistas como uma forma de supressão dos males sociais.
No Brasil, tais práticas estiveram associadas às tendências positivas de evolução da
sociedade.
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a. Os Republicanos de 1870
O Manifesto de 1870 do Partido Republicano foi um dos primeiros esforços na
tentativa de teorização da realidade nacional. Nesse período já se via nítidas
contradições entre instituições vigentes e novas instituições produtivas. A população era
constituída de senhores e escravos, havendo a carência de posição e função na
sociedade.
Tal manifesto, portanto, se configurou como um instrumento de sistematizar os
pontos mais problemáticos a fim de contorná-los. O documento incidiu em todos os
pontos do regime imperial, sendo uma interpretação orientada segunda a visão dos
setores de classe média que passaram a ter acesso na esfera de decisão política. O
documento não fez referência aos aspectos econômicos da sociedade brasileira.

b. O Movimento Positivista
O problema da formulação da teoria da sociedade brasileira como fundamento da ação
política e social foi colocado primeiramente pelos positivistas. Algumas obras da época
abordaram os problemas nacionais, como “A Escravidão no Brasil” de Francisco José
Brandão, “Fórmula da civilização brasileira” de Anibal Falcão e “A Pátria Brasileira”
de Teixeira Mendes.
O positivismo no Brasil caracteriza-se pelo seu caráter normativo, em que a atenção é
voltada para o que se apresenta como discrepante em relação aos padrões. Existem dois
aspectos na concepção positivista, as teses gerais e o programa. O modelo de Comte foi
adotado e refletia as condições vividas naquele momento junto com o papel de
desenvolvimento da sociedade europeia.

c. Sylvio Romero e a Sociologia da Sociedade Republicana


Sylvio Romero foi outro autor que falou sobre a teoria da sociedade brasileira. Ele
considerava o presidencialismo de 1891 a fonte dos males da história brasileira e
defendia as instituições parlamentares.

d. Os ideólogos da Ordem e Progresso


A partir de 1990 o desenvolvimento industrial brasileiro foi crescendo cada vez
mais. Porém, paralelo a este crescimento houve o controle de determinados setores do
comércio interno e externo.
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Nesse contexto foram fundados a Propaganda Nativista e a Ação Social
Nacionalista, que tinham um caráter nacionalista em suas ações.

e. A Revolução de 1930
Algumas mudanças ocorreram com a revolução de 1930, sendo elas no campo
político. Houve a expansão da participação da classe média, a sindicalização, a
intervenção do Estado na economia. Além disso, o processo de teorização política da
realidade nacional tomou determinadas direções, como a direção acadêmico-normativa,
a direção indutiva e a direção pragmático-partidária.

Segunda Parte: Cartilha Brasileira de Aprendiz de Sociólogo

O presente capítulo é fruto do rebate de críticas feitas ao autor durante o II Congresso


Latino-americano de Sociologia no qual presidiu a Comissão de Estruturas Nacionais e
Regionais em que expressou algumas recomendações sobre a Sociologia Latino-
americana e seus problemas.

Distingue dois tipos de sociologia: a “consular” que é uma apropriação institucional


acrítica do pensamento europeu e americano; e outra corrente que procura servir-se
como instrumento de autoconhecimento e desenvolvimento. Suas sugestões seguem
esse segundo ponto. São elas:

I. A Sociologia como instrumento de autodeterminação

Trata da transplantação de instituições de outros países podendo ser predatórias


(importam as instituições em seu modelo final sem considerar as especificidades
locais, sacrificando “as disponibilidades de renda em consumos descapitalizantes”) e
acelerativas (considera a tipicidade histótico-cultural, incrementando a velocidade
de capitalização dos países) e reforça a necessidade de termos mais instituições do
segundo tipo.

II. O Ensino da Sociologia no Brasil

Precisamos superar o costume de assimilar as teorias importadas integralmente, é


preciso equipar os intelectuais brasileiros com instrumentos intelectuais para
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interpretar de modo autêntico a realidade nacional de forma a contribuir com a
emancipação social, sendo as teorias importadas usadas como ponto de partida;

III. Para uma Sociologia “em Mangas de Camisa”

Seria uma sociologia útil a construção nacional, para isso, deve considerar as
disponibilidades de renda nacional nas suas formulações. Substituindo uma visão
parcelada das necessidades do país por uma visão unitária de sua contextura
integral.

IV. Meditação para os Sociólogos em Flor

É preciso ter em mente o custo econômico do trabalho sociológico e, portanto, deve-


se primeiramente estabelecer concepções básicas, de caráter genérico dos aspectos
globais, só então, estimula-se a pormenorização da atividade científica sobre
detalhes da vida social.

V. A Industrialização como Categoria Sociológica

Afirma que as condições de vida das populações estão condicionadas ao


desenvolvimento industrial, pois é este que opera as mudanças quantitativas e
qualitativas nas estruturas nacionais. Considera-a como categoria básica de caráter
dinâmico que permite compreender o processo civilizatório nos países
subdesenvolvidos.

VI. O Problema da Pesquisa Sociológica no Brasil

Recomenda que os métodos e processos de pesquisa devem coadunar-se com os


seus recursos econômicos e de pessoal técnico, bem como o nível cultural de suas
populações. Trata-se de não mais considerar os métodos de países avançados como
verdade universal, mas como empírico-dedutivo, da experiência para a regra, ou
seja, ter critérios de pesquisa ajustados às peculiaridades locais.

VII. O Problema do Negro na Sociologia Brasileira

Neste ponto o autor não trata dos problemas do negro em si, mas da forma como
fora estruturado na literatura. Distingue três correntes de estudo. A primeira,
chamada crítico-assimilativa, teve seu mérito em desenvolver um estudo
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verdadeiramente brasileiro ao abordar suas peculiaridades, porém contribuiu para
torna-los exóticos ou estranhos a comunidade. A segunda, monográfica, realizou
levantamentos e resgatou a origem e cultura desse povo, contudo os trata de maneira
apartada do restante da sociedade e, através da reprodução de obras europeias e
americanas, trata-os como inferiores e incapazes. Aponta como falha dessas
correntes a não dissociação de raça e cultura. Consideravam questões culturais como
desvios étnicos. Guerreiro chama atenção para os problemas que o processo de
europeização do mundo tem causado, entre eles, o de populações passarem a se ver
sob um ponto de vista importado e passar a considerar os problemas do país como
acidentes étnicos. Acredita que superar esse problema só será possível por meio da
crítica e autocrítica da situação em questão.

Esforço esse que vê nos membros da terceira corrente. Pautam-se mais em


comportamentos do que em escritos e caracteriza-se pelo propósito de transformar a
condição do negro. Atualmente esta corrente é corporificada no Teatro Experimental
do Negro que critica e expõe todos os problemas de abordagem das duas outras
correntes e da realidade nacional. Representa uma alteração na abordagem do tema
e, por isso, tem sido recebido com grande resistência.

O autor termina a presente sessão reafirmando a necessidade de uma autocrítica da


sociologia brasileira em que seus vícios sejam expurgados, seja pautada no fazer e na
correspondência com a realidade nacional, sendo praticada como construção de
interpretação coletiva. De forma a superar a tradição consular da sociologia brasileira.

Terceira Parte: Documentos de uma Sociologia Militante


I. Patologia social do “branco” brasileiro
Guerreiro Ramos faz uma breve introdução da temática do negro e a vida do negro.
Enquanto tema se comporta com um traço na sociedade que chama a atenção, e como
vida é algo com comportamento múltiplo, que não se deixa imobilizar. Daí desenvolve-
se a problemática referente à raça no Brasil, na qual há a contradição entre as ideias e os
fatos que consideram as questões de raça. No plano ideológico a raça branca ainda é
dominante. Porém, no plano dos fatos, é dominante uma camada de origem negra em
diversas instâncias da sociedade.
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É colocada em questão a definição do patológico e da existência da patologia
coletiva. Para os biologistas e organicistas, a questão é levada ao paralelo entre
sociedade e biologia, tendo a sociedade como organismo, e o patológico é visto como
aquilo que tira o equilíbrio natural da sociedade.
Algumas posições sobre essa questão são colocadas. Durkheim propõe pela primeira
vez a diferença entre normal e patologia, a primeira é algo que faz parte das condições
particulares de cada sociedade, respeitando o aspecto faseológico. E o patológico é
quando um fato social foge à sua fase, de seu desenvolvimento. Nos momentos de
transição uma condição continua como normal se o fato gerador de tudo isso
permanece, mas se há a mudança do fator gerador a condição também sofre alterações.
Eduardo Spranger coloca a norma como a questão que preside a estrutura da cultura e a
enfermidade seria algo contra essa norma.
Guerreiro Ramos afirma que questões como normas e ethos são reflexos do que
existe, e se modificam conforme as mudanças da sociedade sem trazer respostas
concretas. Nas sociedades coloniais as normas e ethos são impostos e dessa forma não
demonstram sua verdade interior.

Nas regiões Norte e Nordeste, as pessoas consideradas claras tendem a manifestar


protesto contra si próprias, contra a sua condição étnica objetiva. Esse desequilíbrio de
auto-estimação que é considerado patológico no Brasil. Em 1940 na pesquisa do IBGE,
o questionários trazia opções de autoclassificação quanto à raça. O resultado foi o
número crescente de pessoas que se consideraram parda e a tendência de outros em
mudar para cor mais clara. Tal retrato reflete o sentimento de inferioridade que a
verdadeira condição étnica suscita, onde o branco é maioria o negro se reconhece mais,
e em situação inversa o negro se considera mais branco.
A questão no negro-tema e negro-vida é retomada após essa exposição. Existe a
tendência de tomar o negro-tema como objeto de estudo e assim aproximar-se do
arquétipo estético europeu. Guerreiro Ramos fala que essa minoria branca do Norte e
Nordeste é muito sensível quando se coloca em questão a sua “brancura”. Para isso, cita
alguns exemplos de intelectuais até então brancos que foram descritos como pardos,
morenos ou negros e pediram retratação.
O autor ainda faz uma crítica ao texto de Gilberto Freyre, “O Brasil e a Mãe Preta”.
Guerreiro afirma que ele faz uma diferença entre a mãe branca e a mãe preta, sendo que
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a primeira é chamada de senhora e a segunda não é referida da mesma forma. Assim,
retrata-se novamente a necessidade de europeização da minoria branca.
Guerreiro Ramos deixa claro que essa postura da minoria branca já não cabe mais,
pois as estruturas sociais que colocavam os negros como inferiores na escala econômica
já não mais existem, além do que o grande número de negros absorveu, devido a
miscigenação, grande parte do contingente branco. A colonização dificultou o
desenvolvimento dessa afirmação, pois nossa visão ética e étnica se desenvolveu
espelhada na Europa, criando um sentimento de inferioridade.
Essa patologia do branco será superada quando o problema de articulação de
gerações for contornado, pois ainda existe pouca integração social.

II. O Negro desde dentro

Muitos povos passaram pelo processo de colonização e foram submetidos à


imposição de comportamento e imagem pelos colonizadores. No Brasil, ser “branco”
era sinônimo de padrão de beleza e excelência. Assim, a imagem do negro sempre foi
associada termos negativos como alma negra, nuvem negra, dia negro, humor negro.
Guerreiro Ramos coloca a beleza negra como algo objetivo, não como
reivindicação. É um valor eterno, válido mesmo que não reconhecido. E por isso,
merece o seu lugar em um plano digno. Mas essa valorização não deve ser levada à
folclorização, pois assim pode haver o preconceito de não aceitar essa beleza
naturalmente. Determinados autores como Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Nicolas
Guillen demonstraram de alguma forma esse tipo de preconceito.
O autor Luiz Gama retratou de forma pura e singela a beleza negra e antecipou
movimentos revolucionários como o Teatro Experimental Negro. Isso se configura em
uma auto-afirmação de cor e tem grande importância política e sociológica.
Assim, é preciso defender a autenticidade do negro, pois a partir disso é que a
mistificação será desmascarada.

III. Política de Relações de Raça no Brasil

Como também retratado por Luiz Gama, o Teatro Experimental Negro apresentou
no período de 9 a 13 de maio de 1955, uma Declaração de Princípios, com base em
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estudos sociológicos e antropológicos sobre o negro no Brasil e levando em
consideração a conjuntura do momento.
No encerramento da Semana de Estudos sobre Relações de Raça foi considerado o
que foi tratado e discutido na conferência; as mudanças do quadro das relações
internacionais impostas pelo desenvolvimento econômico, social e cultural dos povos de
cor; que é anti-histórico fazer com que negros voltem às formas arcaicas de
sociabilidade e cultura; as mudanças no cenário atual de teorias científicas acerca das
questões coloniais; que o Brasil é uma nação em que predomina o contingente
populacional de origem negra; que apesar de termos instrumentos para a democracia
racial, ainda há discriminação.
E a partir dessas considerações foi declarado:
a. É desejável que organismos internacionais sejam cada vez mais encorajados
a discutir medidas concretas para a liquidação do colonialismo;
b. Reconhecer que o recente incremento da importância dos povos de cor tem
contribuído para restaurar a segurança psicológica das minorias desses
povos;
c. É condenável toda medida ou toda política que tenha por objetivo fazer
retornar as minorias e os povos de cor às formas arcaicas de sociabilidade e
de cultura, ou conserva-las marginais;
d. É necessário desenvolver a capacidade crítica dos quadros científicos,
intelectuais e dirigentes dos povos e grupos de cor, a fim de que eles se
tornem aptos a discernir nas chamadas ciências sociais o que é mera
camuflagem e sublimação de propósitos espoliativos e domesticadores e o
que é objetivamente positivo na perspectiva das sociedades ditas
subdesenvolvidas;
e. É desejável que o Governo Brasileiro apoie os grupos e as instituições
nacionais que, pelos seus requisitos de idoneidade científica, intelectual e
moral, possam contribuir para a preservação das sadias tradições de
democracia racial no Brasil.
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Bibliografia:

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, Centro de Pesquisa e Documentação de História


Contemporânea do Brasil. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/guerreiro_ramos>.
Acesso em: 25 de Março de 2014

GÉLEDES, Instituto da Mulher Negra. Disponível em:


<http://www.geledes.org.br/patrimonio-cultural/literario-
cientifico/ciencias/sociologia/1770-alberto-guerreiro-ramos>. Acesso em: 25 de Março
de 2014.

RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro:


Editora UFRJ, 1995.

WIKIPEDIA, A enciclopédia livre. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Guerreiro_Ramos>. Acesso em: 25 de Março de
2014.

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