Comunicação Social/ Jornalismo – 2º período Resenha Pérsepolis
Recentemente uma iraniana ganhou as páginas dos jornais: Sakineh
Mohammadi foi condenada à morte por apedrejamento porque estava envolvida com dois homens depois de ficar viúva. O caso causou repercussão no mundo inteiro e envolveu milhares de pessoas em discussões que cercam a cultura iraniana, dentre elas, uma mais específica – e pouco respondida, por causa de conflitos internos e religiosos – Como vive a mulher naquele país?
Pérsepolis, lançado recentemente em DVD aqui no Brasil, conta a
história de uma mulher iraniana, desde quando essa era pequena até ficar adulta e sair definitivamente de seu país. A história, que até então era apenas uma Graphic Novel, de traços simples e marcantes, se transformou em filme de mesmo nome, lançado na França em 2007, mas que chegou às lojas do Brasil apenas nesse ano. O filme – bem como o livro homônimo – é a auto biografia de Marjane Satrapi, escritora iraniana, que atualmente mora na França. Apesar do tema sombrio que por muitas vezes é um tabu, Pérsepolis conta a história de Marjane de uma forma engraçada e – acredite – leve!
O filme é uma animação que segue os mesmos traços da HQ e assim
como no livro, é apresentado em preto e branco. O filme é a história da pequena Marjane, que é uma garota de oito anos, muito curiosa e hiperativa. A infância de Marjane piora quando o Irã sofre vários golpes e a menina que sempre teve liberdade de pensamento, se vê presa em um regime religioso autoritário. A menina cresce junto com a guerra e vê ela de perto, mas quer ser resistente e “desafia” a sociedade como pode: consumindo a cultura considerada subversiva para a sociedade em que vivia, como Iron Maiden, por exemplo. Mas a história empolga mesmo quando os pais decidem mandar a menina para a Europa, porque sabem que ela é idealista demais e pode correr riscos ficando em seu país. A menina, agora já uma adolescente, vai para a Europa e encontra tudo o que sempre sonhou: festas, conheceu punks e idealistas de sua época. Mas Marjane percebe que seu sonho utópico por liberdade contrasta dramaticamente com tudo que ela deixou para trás, no Irã. Percebe que sua nacionalidade vai ser sempre um “problema”, por causa do preconceito que irá enfrentar.
Mas Marjane é sensacional. Com uma sagacidade e uma sensibilidade
incrível, a personagem conta sua história de modo a não intimidar o espectador, mas fazendo o ficar emocionado e mesmo morrendo de rir em algumas cenas, como quando ela se ridiculariza cantando “Eyes of Tiger”. Marjane não é uma heroína perfeita: poderia se dizer que erra mais do que acerta. Mas isso é só parte do seu charme. A relação de Marjane com sua mãe e mais ainda com sua avó, é que encanta de verdade, pois é a avó na verdade o grande guia de Marjane rumo às suas descobertas passando pela adolescência até a vida adulta.
Além do roteiro leve e descontraído, o filme tem uma trilha sonora
apropriada para mostrar o que se passa na cabeça da menina. Pérsepolis concorreu ao Oscar de melhor animação e ao Globo de Ouro, por melhor filme estrangeiro, dentre outros prêmios tão importantes quanto.
Se vale a pena assistir? Sempre. Além de aprender um pouco sobre a
história e a cultura iraniana, o filme ainda é um exemplo para as tantas pessoas que, assim como Marjane, tentam ser donas de si mesmas e lutam e nunca desistem disso. Uma verdadeira lição de vida – com muitos toques de humor.