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Profª Luiza
O filme foi escrito e dirigido por Andrew Niccol e lançado no ano de 1997. Conta a
história de Vincent, que é fruto de uma concepção natural em uma sociedade na qual a grande
maioria das pessoas é criado em laboratórios de manipulação genética. A tecnologia permite
analisar as predisposições genéticas e constata um temperamento com tendências violentas,
altas chances de insuficiência cardíada e uma expectativa de vida bastante baixa.
Ainda no início do filme os pais de Vincent decidem ter outro filho, desta vez em
laboratório. Nasce Anton, irmão de Vincent, geneticamente favorecido, mais forte, mais alto,
mais inteligente etc. Anton sempre ganhava na “brincadeira do covarde” pelo seu físico
avantajado.
Vincent sempre tem a ambição de se tornar astronauta e visitar o espaço, trabalho
restrito à elite da sociedade, portanto, aos portadores dos melhores e mais impecáveis mapas
genéticos. Ele escuta os conselhos familiares e se torna faxineiro até que um dia decide largar
tudo e tentar alcançar o seu sonho por outros meios. Ele procura um contato obscuro que lhe
ofereçe uma identidade nova, um ex-atleta, agora cadeirante, dotado de um excelente mapa
genético. Com a nova identidade ele consegue ser aceito em Gattaca, é promovido devido
seus enormes esforços e excelentes resultados, e, finalmente, consegue o seu objetivo e viaja
para Titan, 14ª lua de Saturno.
Nosedive é o primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror, dirigido por Joe
Wright e lançado no ano de 2016. A protagonista é Lacie Pound que usa e é viciada num
programa de avaliação pessoal, como praticamente todos na sociedade em Nosedive. Há
diversas vantagens sociais conforme a avaliação de cada um, motivo pelo qual Lacie pretende
aumentar esta avaliação de 4,2 para 4,5; nota que dá à ela um desconto consideràvel de 20%
da compra de um imóvel.
O programa fornece uma lente através da qual é possível ver os perfis de todo mundo
em realidade aumentada e, assim, a avaliação de cada um em tempo real. Permite evitar
pessoas “suspeitas” com avaliações baixas ou, ao contrário, procurar contato com pessoas
influentes e “queridas”, de altas avaliações. Lacie procura um consultor para traçar um plano
de melhoramento de sua nota pessoal quando sua “amiga de infância”, Naomi, um “alto 4”, a
convida para ser sua madrinha de casamento. Após análise, Lacie e o consultor concordam em
tentar catapultar a avaliação através da visibilidade neste círculo de elite.
Quando Lacie está pronta para partir para o casamento tem uma briga com o seu
irmão, que divide o apartamento com ela, e decide avaliar ele com uma estrela. É a partir
deste momento que tudo se complica para a protagonista. O irmão retribui a má avaliação e
Lacie, distraída, tromba com uma “alto 4” e lhe derruba o café. A desconhecida também a
avalia com uma estrela, igual ao taxista, incomodado com a espera e a voz aguda de Lacie.
Quando esta chega ao aeroporo descobre que seu vôo foi cancelado e que os outros vôos
alternativos são restritos para passageiros com uma avaliação de no mínimo 4,2. Por ter
acabado de cair abaixo de tal nota Lacie perde o controle e cria uma confusão com a mulher
no caixa o que lhe rende uma multa de -1.0 pontos na avaliação total e “dano duplo” para
notas negativas por 24 horas.
Ela decide alugar um carro e dirigir. Em alguma parte da noite o carro descarrega, ela
não consegue adaptador para recarregá-lo e, ao longo da odisséia, a avaliação dela continua
em declínio por causa de diversos encontros infortúnos. Encontra uma caminhoneira com uma
avaliação em torno de 1,4 e aceita carona. A caminhoneira Susan conta como tambem era
obsecada pelo jogo das avaliações até que um dia o marido dela perdeu um tratamento de
câncer exclusivo para outra pessoa com 0,1 pontos a mais e morreu. Quando Lacie está
pegando outra carona sua amiga Naomi liga para proibí-la de aparecer no casamento devido
sua nota extremamente baixa.
Uma das semelhanças mais intrigantes entre as duas histórias é certamente o avanço
tecnológico. Mesmo que se trate de tecnologias diferentes, a genética e a tecnologia digital, as
duas servem para uma nova estruturação social. Surgem de um contexto no qual se pretende
somente reduzir os riscos, sejam quais forem. Na cena da escolha do irmao de Vincent, no
filme Gattaca, fica evidente como o doutor considera natural diminuir quaisquer riscos
mentais ou físicos geneticamente, simplesmente, porque ele pode. Já em Nosedive a avaliação
de cada um é como se fosse o mapa genético de Gattaca. Empréstimos, seguros, vôos; tudo
depende da nota. A sua avaliação é a garantia que a coletividade dá sobre cada pessoa. Com
nota alta você é muito provávelmente confiável, bonito, bem sucedido etc. No Gattaca se você
nasce com um bom mapa genético você será provávelmente bonito, bem sucedido, confiável
etc...
O que a tecnologia faz, é nos permitir ver esse universo pessoal, privado, íntimo e,
consequentemente, tirar conclusões precipitadas dessas informações. Tanto do mapa genético,
quanto do perfil virtual. Hoje mesmo é perfeitamente natural buscar pela avaliações de
produtos e vendedores antes de comprar. O “currículum vitae” de hoje em dia é a tentativa das
corporações de visualizar o desempenho, confiabilidade, determinação etc. do candidato.
Inclusive já checam também os perfis de redes sociais de alguns.
O avanço tecnológico é, portanto, nos dois casos, o responsável pela maior vigilância
da sociedade. Possibilita o acúmulo de tanta informação sobre o cidadão que este
praticamente não encontra outra possibilidade a se submeter. Este domínio é muito óbvio em
Gattaca, formada por estritas camadas sociais conformes seus mapas genéticos. Já em
Nosedive ele aparece na forma do guarda de ordem no aeroporto “invocando sua autoridade”
para aplicar a multa.
Já em Nosedive Lacie tem um papel um tanto oposto. Ela é iludida e acha que a
realidade é o joguinho das avaliações. Claramente tem problemas em ser autêntica, “vive para
o jogo”, não enxerga, muito menos entendo visões reais opostas a ela, as do irmão sendo o
melhor exemplo. Durante o episódio a realidade mostra ser mais complexa, mais irônica e
mais cruel do que a “realidade aumentada” (ou ser “realidade diminuido”?) à que Lacie tinha
se acostumado.
Esta é outra semelhança importante nas duas distopias e, talvez, um tipo de moral de
história. A ilusão por grande parte da sociedade, feita a acreditar cegamente na determinação
dos genes, nos perfis virtuais de pessoas reais. Mais importante que este problema é a solução
sugerida, de que a natureza, a realidade seja mais complexa do que esta abstração. A própria
evolução genética sempre dependeu de mutações que naturalmente foram favorecidos em
determinados ambientes, em certas circunstâncias.
Breve anedota
Temos que então admitir que esta segregação entre “quality” e o resto, entre “do bem”
e “do mal”, aqui no Brasil, já acontece. É um preconceito para qual o brasileiro aparentemente
nem precisa de tecnologia futurística, basta a linha editorial da Rede Globo. Não precisamos
ver o mapa genético para tirarmos conclusões sobre as capacidades de alguem, olhamos os
empregos dos pais e se o sujeito estudou em escola particular etc...