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Acimarney C. S. Freitas / Acimarley C. S. Freitas / Acimarleia C. S.

Freitas

ACIMARNEY C. S. FREITAS

Dislexia e os desafios
para a equipe
A efetividade da lei nº 10.639/03 e a (in)existência da
temática história e cultura afro-brasileira no currículo do

multidisciplinar
proeja: no programa da disciplina história

ACSF
Acimarney C. S. Freitas / Acimarley C. S. Freitas / Acimarleia C. S. F

Dislexia e os desafios 2

para a equipe
multidisciplinar
Copyright © 2015 by Acimarney C. S. Freitas / Acimarley C.
S. Freitas / Acimarleia C. S. Freitas.

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua


Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. 3

Capa Yenramica Satierf .

Todos os direitos desta edição reservados à editora ACSF.


Rua Q, 39, Recanto dos Pássaros - Felícia. CEP 45055-694 —
Vitória da Conquista – BA — Telefone: (77) 98808-8849

Site: www.ney1.com

Dados Internacionais de Catalogação da Publicação:

Freitas, C. S. Acimarney, Freitas, C. S. Acimarley, Freitas, C.


S. Acimarleia. Dislexia e os desafios para a equipe
multidisciplinar/ Acimarney C. S. Freitas. — 1a ed. —
Vitória da Conquista : ACSF, 2015. ISBN 978-85-913433-8-
6 1. Psicologia 2. Educação.
4

DEDICATÓRIA:

Este livro é dedicado aos


profissionais que dia após dia
se empenham em ajudar
crianças a superarem suas
dificuldades.
5

AGRADECIMENTOS:

Agradecemos aos mestres que nos


inspiraram ao longo dos árduos anos
de formação acadêmica. Agradecemos
a nossa família que sempre foi motivo
de inspiração. Agradecemos
especialmente a Deus, autor e
consumador de nossa fé.
6

Não basta amar, é


preciso cuidar de quem
necessita...
Educação Especial

Entende-se por educação especial, para os efeitos da Lei nº


9.394, de 20 de dezembro de 1996, a modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
7
ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado,
na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela
de educação especial. O atendimento educacional será feito
em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que,
em função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns do ensino
regular. A oferta da educação especial, dever constitucional
do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos,
durante a educação infantil.
Sumário
Capítulo I - Reconhecendo a dislexia ............................ 9
Capítulo II - Dislexia e os transtornos associados ........ 17
Capítulo III - Dislexia e o prognóstico .......................... 19
8
Capítulo IV- Dislexia e a necessidade de intervenção .. 20
Capítulo V - Dislexia, a atuação da equipe
multidisciplinar .......................................................... 24
Capítulo VI - Dislexia - tem tratamento....................... 42
REFERÊNCIAS ............................................................. 45
Capítulo I - Reconhecendo a dislexia

A temática Educação Especial Inclusiva vem


ganhando espaço no mundo, precisamente, nas duas últimas
décadas. Podemos dizer que esse movimento envolve ações 9
nas áreas: política, cultural, social, médica e pedagógica.
A discussão em si tem sua semente na defesa do
direito de toda pessoa humana ter acesso à Educação, por
meio do ensino regular, oferecido pelo Estado, e ao Portador
de Necessidades Especiais em particular, de usufruir desse
direito junto aos outros alunos, aprendendo e participando,
respeitando as suas capacidades e limitações, sem nenhum
tipo de discriminações.
Os movimentos sociais vêm impulsionando através
das reivindicações para que haja mais igualdade entre todos
os cidadãos. Sabe-se que o projeto de reforma para se obter
escolas mais inclusivas não é uma tarefa simples, é necessário
criar um currículo comum a todos os alunos, mas é também
preciso respeitar os ritmos de aprendizagem de cada aluno.
Sendo assim, é necessário que a sociedade, as
escolas, profissionais liberais e professores, tomem
consciência destas dificuldades e procurem criar as condições
que cooperem no alcance deste objetivo.
A respeito da questão prática, existe um longo
caminho a percorrer até alcançar parâmetros dignos de nota, a
questão jurídica já caminhou consideravelmente, constando
em leis, decretos, portarias e normas regulamentadoras, pelo
qual se deve ocorrer a inclusão.
10
Ao reconhecermos, através de nossas reflexões, as
dificuldades enfrentadas para a implantação do plano previsto
em lei, confrontamos as práticas discriminatórias e a
necessidade de criarmos alternativas para superá-las.
Esta superação ocorrerá por meio de mudanças
estruturais, que dizem respeito à acessibilidade; ações
pedagógicas com adoção de projeto pedagógico, ao mesmo
tempo especial e inclusivo; mudanças sociais, uma vez que o
desconhecimento e o preconceito ainda imperam, e,
sobretudo, mudança cultural, a fim de que o educando, seja
ele Portador de Necessidades Especiais ou não, tenha todas as
suas especificidades plenamente atendidas.
PAIN (2008) afirma que em função do caráter
complexo da função educativa, a aprendizagem se dá
simultaneamente como instância alienante ou como
possibilidade libertadora. A autora ainda afirma que o sujeito
que não aprende não realiza nenhuma das funções sociais da
educação.
A inclusão de pessoas com necessidades especiais no
ensino regular tem se propagado com grande velocidade entre
educadores, familiares, governantes e demais autoridades que
desejam uma sociedade mais igualitária.
O que poderia ser um ideal na área da educação,
11
muitas vezes acaba por tornar-se uma frustração, uma vez que
o discurso ainda está muito longe da ação, por uma série de
razões.
Questões socioculturais ainda fomentam e
promovem a discriminação do aluno especial; As dificuldades
e limitações vivenciadas pelos educadores tanto no sistema
escolar quanto no ambiente da sala de aula; As limitações na
formação profissional desses educadores, não tendo preparo
adequado para “ensinar” alunos com necessidades especiais;
Os professores da educação especial, não se sentem
preparados para atender uma turma tão diversificada com
alunos ditos “normais” e alunos especiais; Destaca-se ainda, o
receio e insegurança dos pais de alunos especiais que tendem
a manter seus filhos em instituições especializadas, de forma
a evitar que seus filhos sejam discriminados ou
estigmatizados por alunos do ensino regular.
O desenvolvimento de habilidades básicas para ler e
escrever, graças ao seu impacto na educação recebe uma
atenção especial, principalmente nas séries iniciais do ensino
fundamental.
A aprendizagem pode ser um grande desafio para
muitos e dificuldades variáveis podem surgir durante este
processo.
12
Verifica-se que um dos aspectos que mais chama a
atenção está relacionado à ortografia, isto é, o domínio da
escrita convencional das palavras.
Pode ser difícil, para muitas crianças, compreender
como as palavras devem ser apropriadamente escritas, o que
pode ser observado nas alterações ortográficas presentes em
suas produções escritas.
Desta forma, ressaltamos que as crianças cometem
"erros" durante a aprendizagem da escrita até que,
progressivamente, elas dominem de forma mais segura o
sistema ortográfico.
Assim, os erros tendem a tornarem-se cada vez mais
específicos e ocasionais.
Por outro lado, também se observa que algumas
destas crianças parecem ter uma direção diferente, exibindo
uma diversidade e constância de alterações de escrita mais
clara e duradoura.
Tais problemas podem, além de revelar uma possível
má qualidade do ensino, serem sintomas de problemas ou
limitações, como os distúrbios de aprendizagem e as
dislexias.
Muitas crianças acabam sendo encaminhadas para
profissionais especializados para diagnóstico e atendimento
extraescolar.
13
Neste singelo livro apresentam-se os conceitos de
transtorno de aprendizagem, com destaque para a dislexia e
também aborda os desafios que uma equipe multidisciplinar
precisa enfrentar para confirmar o diagnóstico da dislexia,
bem como, proporcionar ao disléxico uma forma de conviver
com a dificuldade.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens
Mentais - DSM IV-R (2002), apresenta como a principal
característica dos Transtornos de Aprendizagem a presença de
um funcionamento acadêmico abaixo do esperado para a
pessoa, tendo em vista sua idade cronológica, suas medidas
de inteligência e se a educação que recebe é apropriada para
sua idade.
Dentre os vários Transtornos de Aprendizagem
existentes, destacam-se o Transtorno de Leitura (ou Dislexia);
Transtorno de Matemática (ou Discalculia); Transtorno da
Expressão Escrita (ou Disgrafia); e Transtorno da
Aprendizagem sem outra especificação (DSM IV-R, 2002).
Pode-se diagnosticar um transtorno de aprendizagem
quando os resultados obtidos a partir de testes padronizados e
aplicados individualmente que avaliam itens como leitura,
matemática e expressão escrita trazem como resultado dados
substancialmente abaixo do esperado para a idade,
14
escolarização e nível de inteligência da pessoa (DSM IV-R,
2002).
Para o diagnóstico preciso, é preciso também que
este baixo desempenho nas referidas áreas acadêmicas
interfiram significativamente no rendimento escolar ou nas
atividades da vida diária que exigem habilidades em leitura,
matemática e escrita.
Isto porque, quando há existência de um déficit
sensorial, as dificuldades de aprendizagem são maiores do
que apenas as dificuldades associadas com o déficit (DSM
IV-R, 2002).
A Dislexia é uma perturbação em um dos processos
psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização
da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por
uma aptidão imperfeita de escutar; ler, compreendendo o que
se lê; escrever; soletrar ou fazer cálculos matemáticos.
Ao contrário do que o senso comum tem como
verdade, a dislexia não é o resultado de má alfabetização,
desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou baixa
inteligência.
A principal razão da dislexia é condição hereditária,
na qual, a pessoa herda alterações genéticas, o que ocasiona
mudanças no padrão neurológico.
15
Paulla Telles (2004), psicóloga Educacional, em seu
artigo: Dislexia: Como identificar? Como intervir?, faz uma
importante abordagem sobre a perturbação sofrida em
decorrência da dislexia:

“O rendimento na leitura/escrita, medido através de provas


normalizadas, situa-se substancialmente abaixo do nível
esperado para a idade do sujeito, quociente de inteligência e
escolaridade própria para a sua idade; A perturbação interfere
significativamente com o rendimento escolar, ou atividades
da vida quotidiana que requerem aptidões de leitura/escrita;
Se existe um déficit sensorial, as dificuldades são excessivas
em relação às que lhe estariam habitualmente associadas” (pg.
04).

Diante de um quadro de incerteza, a família em


muitos momentos fica desnorteada, sem saber qual direção
tomar. A família em regra não sabe discernir se a criança está
fazendo corpo mole, com preguiça, desinteresse, ou se de fato
existe um déficit sensorial.
Assim, o desafio de diagnosticar estas perturbações
que interferem significativamente no rendimento escolar do
educando e em suas atividades quotidianas e que repercutem
em suas aptidões de leitura/escrita devem ser levadas para
uma criteriosa avaliação de uma equipe multidisciplinar
(neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo).
Destarte, para o êxito na resolução do problema, se
faz necessária uma avaliação detalhada das condições de vida
16
da criança, e um acompanhamento mais efetivo das
dificuldades apresentadas após o contato inicial, para somente
após uma maturação das informações obtidas, se proceder a
elaboração de um diagnóstico preciso.
Efetuado o diagnóstico pela equipe, deve-se
direcionar o tratamento às particularidades de cada indivíduo,
pois, somente assim, com um acompanhamento das
especificidades da criança, será possível chegar a resultados
mais eficientes.
O diagnóstico diferencial da dislexia deve ser
diferenciado de síndromes de retardo mental; habilidades de
leitura pobres resultantes de educação inadequada; disfunções
ou deficiências auditivas e visuais; lesões cerebrais (congênita
e adquirida); desordens afetivas anteriores ao processo do
fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o
disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são
consequências, não causa da dislexia).
Capítulo II - Dislexia e os transtornos
associados

Crianças com transtorno de leitura têm risco mais


alto do que a média de apresentar problemas de atenção, 17
transtornos disruptivos do comportamento (p. ex., transtorno
de conduta) e transtornos depressivos, em especial as mais
velhas e os adolescentes.
Dados sugerem que até 25% das crianças com esse
transtorno também têm TDAH (Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade). Estudos familiares indicam que
pode haver alguns fatores genéticos comuns que produzem
tanto o transtorno da leitura, como a síndromes de atenção.
Alguma evidência sugere incidência mais alta de
transtornos de conduta entre os adolescentes afetados. O risco
aumentado pode ser atribuído a TDAH co-mórbido e a fatores
independentes, que tornam adolescentes com transtornos de
leitura mais suscetíveis a envolvimento em comportamentos
anti-sociais.
Crianças com transtornos da aprendizagem têm taxas
mais altas de depressão, do que a média. Esta informação é
constatada em questionários auto-respondidos. Nestes
questionários as crianças demonstram que elas experimentam
mais sintomas de ansiedade do que aquelas sem transtornos
da aprendizagem.
Corroborando com este fato, está também o registro
de que elas tendem a apresentar dificuldades nos
relacionamentos com os pares e menos habilidade para
18
responder com sensibilidade a situações sociais ambíguas.
Capítulo III - Dislexia e o prognóstico

Muitas crianças com transtorno da leitura obtêm


algum conhecimento da linguagem impressa durante seus
primeiros dois anos do ensino fundamental, mesmo sem 19
qualquer assistência.
Ao final da 1ª série, muitas delas aprendem a ler
algumas palavras, entretanto, quando chegam à 3ª série,
necessitam de suporte pedagógico para acompanhar seus
colegas.
Em casos de dislexia leve, o suporte o quanto mais
cedo garantirá a remissão dos sintomas na 1ª ou 2ª série,
porém, em casos graves, e a depender do padrão de déficits e
áreas cerebrais preservadas, pode ser necessário apoio
educacional especializado até o ensino médio.
Capítulo IV- Dislexia e a necessidade
de intervenção

Pela própria conceituação, há necessidade de que um


grupo de profissionais proceda à investigação e à análise dos 20
déficits funcionais, traçando o perfil de desempenho da
criança e formulando hipóteses explicativas para as causas da
dislexia, com fins a propiciar ao educando e a família
soluções terapêuticas.
Os autores: Helenice Maria Abrantes Soares,
Marcela Pi Rocha Reis, Kerley Oliveira Aquino, Jadson
Rabelo Assis (2010), no artigo intitulado “ Diagnóstico
Precoce da Dislexia: Importância da Equipe Multidisciplinar”
apresentam ponderações extremamente relevantes sobre a
necessidade de um acompanhamento mais efetivo das
dificuldades após o diagnóstico:

“A dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe


multidisciplinar, a fim de realizar um acompanhamento mais
efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o às
particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais
concretos...” (pg. 06)

Na mesma esteira, tratam da importância de se


determinar o nível funcional da leitura de cada criança que
apresentar a sintomatologia:
“Na realização do diagnóstico devem-se utilizar
procedimentos que possibilitem determinar o nível funcional
da leitura, seu potencial e capacidade, a extensão da
deficiência, as deficiências específicas na capacidade de
leitura, as disfunções neuropsicológicas, os fatores associados
e as estratégias de desenvolvimento e recuperação para a
melhoria do processamento neuropsicológico e para a
integração das capacidades perceptivo-linguísticas
21
(CECHELLA, 2009)” (pg. 06).

Assim, torna-se imperioso uma análise acurada dos


fatores associados a causa primária da dislexia e também a
extensão da deficiência, traçando de maneira pormenorizada e
compartilhada as estratégias de desenvolvimento e
recuperação para a melhoria do processamento
neuropsicológico.
Somente assim será possível a integração das
capacidades perceptivo-linguísticas após o diagnóstico de
dislexia.
Ainda segundo SOARES (2010),

“...a equipe de profissionais deve verificar todas as


possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico
de dislexia. É o que se chama de avaliação multidisciplinar e
de exclusão. Fatores como déficit intelectual, disfunções ou
deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e
adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de
fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o
disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes não
são conseqüências, não a causa da dislexia...” (pg. 07).
Cunha (2008) em seu Livro – Psicodiagnóstico - V,
enfatiza com precisão que o psicodiagnóstico enquanto
entrevista clínica é permeado por técnicas de investigação:

“A entrevista clínica é um conjunto de técnicas de


22
investigação, de tempo delimitado, que utiliza conhecimentos
psicológicos em uma relação profissional, com objetivo de
descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou
sistêmicos (individuo, casal, família, rede social), em um
processo que visa fazer recomendações, encaminhamentos ou
propor algum tipo de intervenção em beneficio das pessoas
entrevistadas” (pg. 45).

Neste diapasão, ao final da investigação é possível,


se bem realizada a entrevista, descrever e avaliar os muitos
aspectos envolvidos na escuta.
Assim, ressalta-se a importância da
interdisciplinaridade entre os saberes dos profissionais da área
da educação e da saúde, para que o processo de intervenção
após o diagnostico, sinalize a possibilidade de redução dos
danos do distúrbio da aprendizagem ao disléxico.
Um dos fatores de maior importância do diagnóstico
cediço do problema é a necessidade de se estabelecer e
descrever o desempenho do paciente, e avaliar outros
possíveis déficits, proporcionando assim para a equipe
multidisciplinar a possibilidade de uma classificação
nosológica, que permitirá um diagnóstico diferencial, com o
objetivo de determinar o provável curso do caso
(prognóstico).
Dessa forma a equipe multiprofissional atuará
colaborativamente com o objetivo de prevenção. CUNHA
23
(2008) sinaliza que a equipe multiprofissional, ainda que cada
profissional utilize-se das ferramentas peculiares a sua
profissão, deve colocar os dados colhidos a disposição de
todos da equipe, com o intuito de proporcionar ao disléxico
uma melhor qualidade de vida acadêmica.
RORATO (2007) sinaliza que cada vez mais ocorre a
evidência de que se faz necessário considerar o aspecto
orgânico como importante na avaliação do problema de
aprendizagem, como também é indispensável que os aspectos
cognitivos e afetivos sejam ponderados na elaboração do
diagnóstico, dessa forma é importante a intervenção de uma
equipe multidisciplinar frente aos problemas enfrentados pelo
disléxico.
Capítulo V - Dislexia, a atuação da
equipe multidisciplinar

Cada integrante da equipe multidisciplinar tem um


papel relevante na busca do diagnóstico preciso e na 24
condução do processo de resolução do problema de
aprendizagem.
O psicólogo atuará realizando a avaliação emocional,
perceptual e intelectual, auxiliando na estabilização da auto-
estima, no auto-conhecimento que possibilite ao indivíduo a
percepção de como consegue aprender melhor, o que
auxiliará o estabelecimento da metodologia utilizada pelo
psicopedagogo.
Neste sentido, o trabalho com a família do disléxico
não pode ser esquecido, considerando a importância desta no
desenvolvimento dos filhos. O psicólogo deverá interagir com
a família para que esta o ajude na construção do diagnóstico,
seja compartilhando informações, percepções e/ou
sentimentos.
O tratamento psicoterápico se dar somente após a
avaliação intelectual e emocional, caso seja necessário. Ele
ocorrerá por intermédio dos testes psicológicos psicométricos
e projetivos. Estes consistem em medir as diferenças
existentes, quanto à determinada característica, entre diversos
sujeitos, como também o comportamento do mesmo
indivíduo em diferentes ocasiões.
O tratamento psicoterápico deve se iniciar realizando
o levantamento histórico da criança, colhida junto aos pais, e
do exame direto da criança.
25
Ressalta-se que antes de qualquer coisa, é preciso
diferenciar um quadro orgânico de um quadro emocional,
sendo que, é alta a incidência de problemas de fala
ocasionados por problemas emocionais.
Assim, é necessário que os familiares de crianças
com problemas de fala e linguagem sejam inseridos no
tratamento, pois se trata de um quadro de deficiência
comunicativa e a família é o maior estímulo e modelo
comunicativo.
Surte grande efeito também as comunicações
individuais e em grupo. A psicoterapia em grupo tem como
proposta criar dentro do grupo um espaço de descontinuidade
para que eles possam elaborar as suas histórias, suas
dificuldades e conflitos.
Outrossim, espera-se que na interlocução e na
interação com o outro, a criança e/ou adolescente acabe por
processar os fatos que o afligem. Ao fazer um relato, o outro
que o ouve e opina, permite aquele momento de processar, de
tornar pensável o ocorrido.
Este momento leva o adolescente a um
desenvolvimento de sua crítica, à percepção de que eles
possuem um potencial que deve ser respeitado,
desenvolvendo um sentimento de autoconfiança e auto-estima
e, deste modo, ressignificar todo o seu processo de
26
aprendizagem.
O indivíduo, ao desenvolver sua crítica, estará
desenvolvendo também um poder de autoria de pensamento,
que o leva a uma autonomia e responsabilidade.
Deve-se propor o estabelecimento de metas a serem
alcançadas com o sentimento de autonomia do individuo. Se
ele não tiver metas a atingir não terá nunca a responsabilidade
do fazer; não terá o sentimento de gratidão de um ser
autônomo e conseqüentemente, será um indivíduo que não se
autoriza, e por não se autorizar, não se respeita, advindo
insatisfação, desmotivação e insegurança.
O indivíduo precisa de alguém que interaja com ele,
tanto o adulto como os participantes do grupo, que o ouçam,
que o ajudem a desenvolver “o seu poder ser”, “o seu poder
fazer”, e “o seu poder aprender”.
Os grupos possuem uma importância tão grande que
as dinâmicas acabam por tornarem-se tanto meios, que nos
indicam os prováveis diagnósticos das dificuldades de
aprendizagem, bem como os próprios instrumentos de
intervenções psicoterápicas e pedagógicas abarcando os
contextos individuais, familiar e escolar.
Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicólogo,
Fonoaudiólogo, Psicopedagogo e o Professor, deve iniciar
uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda
27
garantir uma maior abrangência do processo de avaliação,
verificando a necessidade do parecer de outros profissionais,
como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.
Identificar um quadro de dislexia não é tarefa fácil.
Ainda hoje, o método por exclusão é o mais empregado. Por
meio dele é possível excluir déficit intelectual, sensorial,
orgânico, motivacional e instrucional, que pode ser causa de
dificuldade na aquisição da leitura.
Os disléxicos ainda podem apresentar dificuldade em
memorizar sequências, em orientação direita/esquerda e em
organização espaço-temporal.
Sendo assim, a equipe de profissionais deve verificar
todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o
diagnóstico de dislexia. Em suma o psicólogo conduzirá a
avaliação emocional, perceptual e intelectual do disléxico.
Em relação à família da criança com dislexia, o
psicólogo pode sinalizar para os pais possíveis orientações
como:
1) A necessidade de se oferecer segurança, carinho,
compreensão e elogiar os pequenos acertos da criança.
2) A importância de se procurar ajuda profissional para
realizar um diagnóstico correto: fonoaudiólogo,
neurologista, psicopedagogo e outros.
28
3) Explicar que as dificuldades da criança tem um nome, e
que embora seja desconhecido é possível tratar.
4) Orientar a criança que a família vai ajudá-la a superar a
deficiência, mas que ela é o principal agente desta
mudança.
5) Encoraja-la a encontrar coisas em que se saia bem e
estimula-la nessas atividades.
6) Elogiar por seus esforços e motivá-lo a esforçar-se para
atingir metas no desenvolvimento da leitura e escrita.
7) Orientar a família a auxiliar a criança em seus trabalhos
escolares, ou, em algumas lições em especial, com
paciência (mas não escrevendo para ele, ou resolvendo
as suas tarefas de matemática). O dever de efetuar a
atividade é da criança.
8) Ajudar a ser organizado. A organização ajuda as ideias a
se concatenarem
9) Encorajar a pessoa com dislexia a ter atividades fora da
escola, como esportes, musica, teatro, etc.
10) Acompanhar e observar se ele está recebendo ajuda na
escola, porque isso faz muita diferença na habilidade
dele enfrentar suas dificuldades, de prosperar e de
crescer “normalmente”.
11) Não permitir que os problemas escolares impliquem em
29
mau comportamento ou falta de limites. Pois uma coisa
nada tem a ver com a outra.

A observação destas sinalizações do psicólogo possibilitarão


um maior êxito e assertividade no tratamento.
O papel do psicopedagogo na dislexia é de olhar e
escutar. Esta escuta psicopedagógica é dirigida para o sujeito
e sua história, não se interessando pelas características que os
disléxicos têm em comum, nem com rótulos.
O olhar e a escuta psicopedagógica é dirigida para o
sujeito e sua história de trocas, dificuldades de leitura /
escrita, no contexto de sua modalidade de aprendizagem.
O psicopedagogo deve fazer perguntas para situar o
indivíduo com dislexia como sujeito e não como síndrome;
como identidade e não como categoria; saber como esse
indivíduo aprendeu o que sabe hoje; quais os conhecimentos
que possui, e quais não consegue estruturar, situando-o como
aprendente e não como aluno.
A partir deste momento é possível intervir de
algumas formas:
1- Diferenciando - tirando o sujeito do lugar do
estereótipo e tornando-o único a seus próprios olhos e
aos de sua família e escola;
30
2- Abrindo possibilidades de mudança - a partir da
diferenciação, o sujeito, a família e a escola podem
mudar sua maneira de atuar, o que vai repercutir na
modalidade de aprendizagem;
3- Resgatando o prazer de aprender - fundamental para
conectar a estrutura desejante e estruturar um corpo
com possibilidades de aprendizagem;
4- Construindo juntos estratégias para o desempenho das
funções de leitura e escrita;
5- Oferecendo suporte tecnológico - para adequação das
respostas do sujeito às necessidades de comunicação
com o meio em que convive.
Agindo desta forma, a Psicopedagogia tem ajudado
muitos indivíduos com síndrome disléxica ou outras
dificuldades, a resgatar sua autonomia, prazer e criatividade
diante de situações de aprendizagem.
Em suma o psicopedagogo fará a avaliação
acadêmica do disléxico.
O fonoaudiólogo é o profissional que atua em

pesquisas, prevenção e terapia fonoaudióloga na área de

comunicação oral e escrita, voz e audição.

Em sua atividade, o fonoaudiólogo pode atuar


31
sozinho ou em conjunto, com outros profissionais de saúde

em clínicas, creches, escolas comuns e especiais e

comunidades.

Essa ciência aborda os distúrbios de voz, audição e

da linguagem. As quatro maiores áreas abordadas pela

fonoaudióloga são: voz, audição, linguagem e motricidade

oral.

Um dos principais objetivos do fonoaudiólogo no

processo de diagnóstico é avaliar a audiometria do disléxico,

cujo foco é descartar possível déficit auditivo.

RORATO (2007) sinaliza que os Fonoaudiólogos

definem dislexia como a dificuldade específica que afeta a

aprendizagem da decodificação do sistema verbal escrito,


classificada entre as patologias de linguagem, mais

especificamente de linguagem escrita.

O trabalho de Prevenção pode ser feito ainda na


primeira infância quando os pais ou professores estiverem
atentos aos sinais de alerta.
32
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de
um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de
aprendizagem, os sintomas não confirmam a dislexia.
Somente um profissional capacitado poderá diagnosticar a
dislexia.
A terapia precoce proporciona os melhores
resultados. Sendo assim, o fonoaudiólogo o encaminhará a
outros profissionais incluindo psicólogo, neurologista,
psicopedagogo, oftalmologista e outros profissionais
conforme o caso.
A Intervenção do professor e da escola é
fundamental. O profissional de educação tem papel
preponderante no processo de acompanhamento da
aprendizagem do aluno.
Em se tratando de professor de alunos portadores de
dificuldade de aprendizagem, observar-se-á a importância de
uma formação específica e continuada em Educação Inclusiva
ou Especial.
A sua atividade deve ser baseada na diferença de
cada estudante, sendo importante salientar que o tipo de
acolhimento, a diversidade e a qualidade das atividades
voltadas para o contexto, garantem o desenvolvimento do
aluno.
33
Uma rede de relações deve ser criada entre o trabalho
do professor, instituição escolar e família.
A intervenção da escola se refere à garantia dos
direitos da inclusão previstos pela legislação, quais sejam a
garantia do sucesso escolar através do acesso e da
permanência, em parceria com as secretarias responsáveis
pelo tema e principalmente, com a interação com a família.
Para tanto, a escola precisa se adequar às
necessidades do aluno, especialmente quando se tratar de
portador de uma necessidade especial.
Cabe à escola oferecer aos pais de alunos e aos
próprios alunos, metodologias interessantes e eficientes, do
ponto de vista pedagógico, para atender aos alunos especiais,
os que apresentam dificuldades em leitura, escrita e
ortografia.
É incumbência da escola e, em especial dos
professores, oferecerem recuperação de estudos para aqueles
que têm baixo rendimento escolar.
O aluno disléxico exige um tratamento diferenciado
por parte dos professores e da instituição. Diferenciado no
sentido de que precisa de mais atenção para aprender os
conteúdos, precisa ser submetido a outro tipo de avaliação,
que não a convencional aplicada pelas escolas.
34
É direito dos estudantes com algum tipo de
deficiência ou necessidade especial o atendimento
especializado.
Está garantido na Constituição de 1988 o princípio
da dignidade da pessoa humana, razão pela qual ninguém
deve ser discriminado em razão de sua condição.
A própria Lei de Diretrizes e Bases da educação (Lei
nº 9394/96) assegura as pessoas com deficiências físicas e de
aprendizado o direito a uma educação inclusiva e
especializada.
No entanto, a maioria das escolas ainda se mostram
resistentes a isto, porque significa mais trabalho e alguns
professores até evitam saber sobre o assunto.
Contudo, pelo país vai se multiplicando as
experiências exitosas de profissionais que com afinco e
determinação, usam da criatividade para superar os desafios
de um sistema educacional que muitas vezes não proporciona
as condições mínimas para a realização de um trabalho eficaz.
O professor que atua na educação especial é alguém
muito importante. A função da educação escolar é promover,
de forma intencional, o desenvolvimento de certas
capacidades e apropriação de determinados conteúdos da
cultura, indispensáveis para que os alunos possam ser
35
membros ativos em sua esfera sociocultural de referência.
A escola deve obter o difícil equilíbrio de
proporcionar uma resposta educativa, tanto compreensiva,
quanto diversificada, ajustando uma cultura comum a todos
os alunos, que evite a descriminação e a desigualdade de
oportunidades e, ao mesmo tempo, que respeite suas
características suas necessidades individuais.
Todos os alunos compartilham de necessidades
educativas comuns, em relação ao seu desenvolvimento de
aprendizagem pessoal e sua socialização, no entanto, nem
todos os alunos, enfrentam com a mesma bagagem e da
mesma forma, as aprendizagens estabelecidas no currículo
escolar.
Sabe-se que existem capacidades, interesse, ritmos,
motivações e experiências diferentes que conduzem a
diferentes formas de aprendizagem.
Os professores precisam conhecer bem as
possibilidades de aprendizagem dos alunos, os fatores que a
favorecem e as necessidades mais específicas deles. Somente
com esse conhecimento poderão ser ajustadas pedagógicas ao
processo de construção pessoal de cada aluno.
GUIJARRO (2010) apresenta a maneira como o
professor deve organizar o ensino:

36
“Oferecer experiências e atividades diversificadas que
permitam trabalhar determinados conteúdos com diversos
graus de complexidade e, inclusive, conteúdos distintos.
Elaborar atividades que tenham diferentes graus de
dificuldades e permitam diferentes possibilidades de execução
e expressão: propor várias atividades para trabalhar um
mesmo conteúdo; apresentar uma mesma atividade para
trabalhar conteúdos com diferentes graus de dificuldade;
utilizar metodologias que incluam atividades de tipo diverso,
como, por exemplo, o trabalho por meio de projetos, de
oficinas, etc”.

A autora GUIJARRO (2010) sinaliza a necessidade


de utilizar estratégias metodológicas diversificadas, dar
oportunidades para que os alunos pratiquem e apliquem de
forma autônoma o que aprenderam, utilizem métodos de
avaliação distintos que se adaptem a diferentes estilos,
capacidades e possibilidades de expressão dos alunos.
Percebe-se que o papel do professor na educação
especial é de fundamental importância, sobretudo numa
sociedade como a que vivemos. A atuação do professor tem
início já no diagnóstico.
O professor, por meio da observação e do trabalho
com a criança portadora de necessidades especiais é quem
vai, em regra, em primeiro lugar, descobrir e perceber essas
necessidades.
A depender da instituição escolar, em algumas vezes,
37
o professor atuará amparado por equipes multiprofissionais, e
na grande maioria das vezes não, será apenas ele. Em nosso
país, na maior parte das vezes, o professor tem nessa fase uma
participação essencial.
O Professor desempenha outro papel muito
importante que é o de mediador dos processos ensino-
aprendizagem. É ele quem primeiro recebe o aluno com
necessidades especiais na sala de aula, e sua atitude perante a
deficiência será determinante para facilitar a forma como esse
aluno, com as suas diferenças, será recebido pelos colegas.
O trabalho de organização pedagógica, que envolve a
programação, os procedimentos e avaliação, também é
realizado, na maior parte das vezes, unicamente pelo
professor.
A LDB preconiza no Art. Art. 59 que: Os sistemas
de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais: I – currículos, métodos, técnicas, recursos
educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades; (BRASIL, 1996). Neste sentido, é dever dos
sistemas de ensino fornecerem aos professores condições para
um trabalho individualizado e que contemple as necessidades
dos alunos com algum tipo de necessidade especial ou
deficiência.
Em regra é o professor quem pensa nas estratégias
38
para garantir que todos tenham a possibilidade de participar e
aprender.
A escola também responde pela inclusão, contudo
cabe ao professor promover a mediação entre a família e a
escola, solicitando, sempre que necessário o seu suporte
durante o ano letivo.
Dessa forma, a mediação da qual falamos dá-se nos
mais diversos níveis, seja no tocante ao trabalho pedagógico,
nas relações em sala de aula, e também nas relações com a
família e a comunidade.
Sabe-se que muitos profissionais, sequer receberam
treinamento ou formação para trabalhar com alunos com
necessidades especiais.
Existe uma crença de que são necessárias
características como dedicação, amor, afeto, boa vontade,
sensibilidade, paciência, compreensão como essenciais para o
trabalho em educação especial.
Muito embora tais características, ligadas à
sensibilidade do ser humano, sejam de fato importantes e
relevantes, elas são necessárias em qualquer profissão. Não se
pode sobrepor-se à questão técnica-profissional e de
formação.
A ação pedagógica exige um processo de
investigação e estudo e de solução de problemas. Na sala de
39
aula o professor encontra problemas relacionados às
condições de trabalho, da sua própria formação, ou das
necessidades especiais do aluno.
Esta situação exigirá do professor a busca de
alternativas, outras estratégias, ou até mesmo uma
reprogramação pedagógica para solucionar o problema.
Assim, as soluções podem vir de vários campos do
conhecimento e o professor deverá estar preparado para isso.
É nessa situação que entendemos a necessidade de uma
equipe multiprofissional.
Compete à família, enquanto primeira instituição de
integração social, acompanhar o processo de desenvolvimento
da criança e observar se a criança apresenta dificuldades em
alguma área.
No caso específico que estamos tratando neste livro,
os desafios frente à dislexia, à família deve estar atenta ao
nível de proficiência das palavras, por isso, deve ter
informações sobre o nível de linguagem de acordo à faixa
etária da criança.
Em casa, o estímulo deve ser iniciado com a leitura
de histórias infantis pelos pais para os filhos, a estimulação de
jogos de rimas, que ajudam na consciência fonológica, jogos
com letras e desenhos, para a criança já ir se familiarizando
com a escrita, leitura de rótulos e propagandas, enfim, nunca
40
se deve obrigar uma criança a ler um livro, e sim fazê-la ter
vontade de ler e conhecer a sua história.
Destacando ainda o papel da família no processo de
tratamento, é imperioso frisar que os pais devem ficar atentos
sobre o desempenho de leitura de seus filhos.
Desta forma, as baixas notas em língua portuguesa e
a falta de interesse em ler textos podem ser sinais de alerta.
Ocorrendo uma destas situações é importante procurar a ajuda
de um profissional.
Os alunos que apresentam características de dislexia
tendem a se afastar de atividades que envolvem a leitura ou
texto escrito, temendo as dificuldades inerentes ao sistema
escrito da língua e buscam outras atividades, como lazer,
esporte, liderança escolar, entre tantas em que possa revelar
seu potencial de criação e inteligência.
Sendo assim percebe-se que em volta do disléxico
deve haver situações e indivíduos que os incentive a
desenvolver um sentimento de autoconfiança e autoestima e,
desse modo, ressignificar todo o seu processo de
aprendizagem, e a família será a mola propulsora de
intervenção no disléxico.
Destarte, a família exerce significativa função no
diagnóstico e na reconstrução desse aprendizado, pois é o
espaço de apoio afetivo e emocional.
41
Capítulo VI - Dislexia - tem tratamento

Sabe-se que as causas de alterações de linguagem e


de dificuldades de aprendizagem podem ser variadas, apesar
de existirem muitos estudos indicando fatores neurológicos 42
para tais problemas.
Avanços na compreensão da neurobiologia dos
processos de desenvolvimento da linguagem e aprendizagem
certamente irão contribuir para uma melhoria na abordagem
terapêutica desses pacientes.
A sistemática da investigação em busca do
diagnóstico preciso pode direcionar o profissional de saúde na
escolha do melhor tratamento indicado para cada caso.
A participação da equipe multidisciplinar no
diagnóstico é fundamental, contudo será pouco producente se
não houver o envolvimento, apoio e ação familiar no sentido
de viabilizar as ações propostas.
Em síntese, podemos afirmar que a Dislexia é um
Transtorno de Aprendizagem, caracterizado pela dificuldade
específica nas áreas de leitura e escrita.

Os teóricos apontam para fatores físicos


(neurológicos) e/ou má formação congênita. A patologia
costuma ser diagnostica na infância, idade escolar, e necessita
de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo neurologista,
fonoaudiólogo, psicopedagogo, psicólogo e professor.

Assim como os demais transtornos de aprendizagem,


a dislexia não tem cura, porém existe tratamento. Em casos
bem sucedidos a redução dos sintomas é considerável. 43

São muitos os desafios enfrentados pela pessoa que


sofre da dislexia. A família e os profissionais envolvidos
também enfrentam muitos desafios, desde o pouco
conhecimento dos fatores que causam a dislexia, até
condições mínimas de formação e espaço adequado para o
tratamento.

Após o diagnóstico, o tratamento requer desde


treinamento fonético-fonológico, a psicoterapia e o
imprescindível apoio familiar.

Percebe-se assim a importância da intervenção de


uma equipe multiprofissional para diagnosticar, bem como,
para criar estratégias que possam possibilitar um prognóstico
com avanços no desempenho acadêmico do disléxico.

Sabe-se que unindo profissionais de diversas áreas


da saúde e educação (psicólogos, psicopedagogos,
fonoaudiólogos e médicos de diversas especialidades como
neurologista, pediatra), consegue-se dissecar cada aspecto da
dislexia, contando com a atuação específica de cada
profissional, possibilitando o diagnóstico precoce.

A equipe multidisciplinar é um dos meios mais


eficientes para suprir as limitações que cada profissional
encontra de forma isolada. 44

Com o apoio da família é possível assegurar um


tratamento completo e adequado a cada criança com dislexia.
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Acimarney C. S. Freitas é Advogado e professor de Direito do Instituto Federal da
Bahia, é Especialista em Educação Profissional e de Jovens e Adultos pelo IFBA, e em Direito
Educacional pela Faculdade de Tecnologia e Ciências, concluiu o Bacharelado em Teologia no
ano de 2004. Cursou mestrado em Filosofia pela UFSC e atualmente é mestrando em Teologia.
Atuou como professor em cursos de pós-graduação e extensão universitária na Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB e na Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Foi
professor de Teologia no Instituto Teológico no Centro Evangelístico Urbano.
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Acimarley C. S. Freitas é Psicólogo e atua na Clínica Afetos, é Especialista em


Educação Especial com Ênfase em Deficiências, Pós-Graduando em Psicologia do Trânsito,
Bacharel em Teologia pelo CFTBN, Graduando em Licenciatura em Letras / Espanhol pela
Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Atuou como Professor no Programa Nacional de
Apoio ao Ensino Técnico no Instituto Federal da Bahia no ano de 2014. Desde 2013 é
Professor do CEEPS.

Acimarleia C. S. Freitas possui Bacharelado em Secretariado Executivo Trilingue, é


Especialista em Gestão Governamental. Atualmente é analista da Universidade do Estado da
Bahia - UNEB. Atuou por 11 anos na Secretaria Municipal de Educação de Vitória da
Conquista e realizou importante contribuição na Secretaria Municipal da Transparência e do
Controle deste mesmo município. Teve participação importante na organização dos Congressos
de Educação da Secretaria Municipal de Educação - SMED. Dedicou parte de sua atividade
profissional a pesquisar a temática educação de jovens e adultos. Pesquisa também a temática
comunicação interna, qualidade no atendimento e redes sociais.

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