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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

FERNANDO MOREIRA DE SOUZA

RESENHA 1

SILVIO ROMERO – INTRUDUÇÃO À HISTÓRIA DA LITERATURA


BRASILEIRA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA V

DOCENTE: IVAN FONTES

SÃO CRISTÓVÃO/SE

2018
A obra “Introdução à história da literatura brasileira” de Silvio Romero apresenta
as linhas mestras do crítico literário que foi um dos percussores da sociologia brasileira.
O autor considera que naquele final do século XIX e início do XX, haviam poucos
trabalhos que versavam sobre a produção literária brasileira, principalmente em
abordagens que tocasse a crítica literária sobre as produções nacionais. É com esse
propósito que Romero se incumbe da missão de escrever a história da literatura brasileira
nesse período. Para o autor, essa história não é a simples reprodução parcelada da história
portuguesa na América, dos tupis ou dos negros africanos, mas pela configuração de cinco
fatores em que predomina a mestiçagem. “Todo brasileiro é um mestiço, quando não no
sangue, nas ideias. Os operários deste fato inicial hão sido o português, o negro, o índio,
o meio físico e a imitação estrangeira” (ROMERO, 2002, p. 124)
Por essa perspectiva, Silvio Romero destaca que tudo aquilo o que contribuiu para
a diferenciação brasileira deve ser estudado como meio para compreender o caráter
nacional. Para ele, quem procede por imitação do português é um tipo negativo. Sendo
assim, o trabalho de escrita da história literária brasileira tem por objetivo compreender
os escritores em suas individualidades, como também nas relações com o país. É nesse
ponto que Romero alinha a análise de um produto da cultura para compreender a realidade
social de forma mais ampla. Isso tem relação, inclusive, com o positivismo que
caracterizava as obras sociológicas do período que visava encontrar verdades,
eventualmente se valendo da credibilidade científica das ciências naturais, pelo emprego
de categorias biológicas ou metáforas médicas às análises sociais. Para ilustrar esse
aspecto, o autor refere como finalidade da sua obra: “[...] encontrar as leis que
prescindiram e continuam a determinar a formação do gênio, do espírito, do caráter do
povo brasileiro” (ROMERO, 2002, p. 125).
É assim que Romero busca analisar as relações da vida intelectual brasileira e suas
interfaces com a história política, econômica e social da nação. Ele busca descobrir como
o português se transformou no contato com o índio, o negro e a natureza americana. A
partir desse referencial e das ideias estrangeiras é que, segundo o autor, teria sido formado
o brasileiro que tende a se tornar ainda mais característico.
Para traçar o panorama da história da literatura brasileira, Romero se vale dos
trabalhos de autores que nasceram no Brasil ou em Portugal, mas que tiveram sua vida
marcada pelas preocupações com as questões brasileiras, sejam elas políticas, econômicas
ou sociais. O trabalho de Romero busca escrever uma introdução naturalista à história da
literatura brasileira. Para isso, se vale do critério popular e étnico com vistas a
compreender o caráter nacional, ele deixa clara a sua escolha pelo critério positivo e
evolucionista da “nova filosofia social”, quando busca estabelecer relações do Brasil com
a humanidade em geral.
A partir daí Romero deixa transparecer certa iniciativa comparativa entre o Brasil
e nações mais desenvolvidas que serviriam de modelo para o progresso nacional. Ao
mesmo tempo, assinala a importância de se construir um sentido de nação que colocasse
o país no seio da modernidade. “Veremos no que consiste nossa pequenez e o que
dêveramos fazer para ser grandes” (ROMERO, 2002, p. 127). O trabalho de Romero
apresenta os elementos de uma história natural da literatura brasileira; estuda as condições
do determinismo literário, com a aplicação da geologia e da biologia às letras; faz um
resumo histórico das quatro grandes fases da literatura por ele apresentadas. Essas fases
são entendidas como marcos da nossa evolução mental.
Silvio Romero mostra que o meio não é o único critério fundador da raça, mesmo
que seja capaz de modificá-la, e essa modificação ocorre por meio do fator humano, o
que se dá através de pressões operadas no seio da cultura. Desse modo, compreende que
o povo brasileiro não é nem um grupo étnico, já que é formado por três raças diversas que
se encontrariam separadas. Nem se constitui em uma formação histórica, porque, segundo
ele, não teríamos uma feição característica e original. No entanto, Romero esclarece que
o país dispunha dos elementos indispensáveis para tomar uma face étnica e uma maior
coesão histórica.
Apesar de mostrar perspectivas otimistas sobre o processo histórico brasileiro, que
conduziria para o progresso, o autor se utiliza de escolhas vocabulares marcadamente
ambíguas, atribuindo ao elemento branco características positivas ao mesmo tempo em
que via o negro como raça inferior, embora sua presença fosse um diferencial positivo do
Brasil em relação ao contexto europeu. “A raça ariana, reunindo-se aqui a duas outras
totalmente diversas, contribuiu para a formação de uma sub-raça mestiça e crioula,
distinta da europeia” (ROMERO, 2002, p. 130). As populações indígenas também são
agregadas como fator positivo e auxiliar na caracterização do povo brasileiro. Além disso,
as condições da geografia brasileira ajudam a compor os fatores contribuintes para a
construção nacional.
Nessa perspectiva, o autor visualiza o processo de miscigenação da população
brasileira tendo em conta a gradativa redução do número de índios e negros, com o
consequente triunfo do mestiço, este último tenderia a se confundir com os brancos.
Romero enxerga que esse branqueamento tem premissas históricas, inclusive
reconhecendo a ação predadora dos brancos sobre as populações nativas indígenas, assim
como, pelo uso da mão-de-obra escrava que dizimou amplas parcelas dessas populações.
É aí que entram os critérios de seleção natural para explicar a preponderância branca no
processo de mestiçagem. “Sabe-se que na mestiçagem a seleção natural, ao cabo de
algumas gerações, faz prevalecer a forma superior do branco. É conhecida, por isso, a
proverbial tendência do pardo, do mulato em geral, a fazer-se passar por branco, quando
sua cor pode iludir”. (ROMERO, 2002, p.132)
A obra de Silvio Romero é uma importante chave compreensiva da sociologia
brasileira e do pensamento dos autores da chamada "Geração de 70". Esses pensadores
estavam preocupados em compreender a realidade brasileira e as condições para o
ingresso na modernidade através da sociologia. Nesse contexto, o Darwinismo social e
perspectiva evolucionista serviam como justificativas para o domínio cultural, econômico
e político dos países mais fortes, admitindo a existência de povos superiores e inferiores.
Romero encontrava na mestiçagem o resultado da luta pela sobrevivência das espécies,
mas no lugar de condenar a mistura racial, seguindo as linhas evolucionistas sociais da
época, ele via na miscigenação o caminho para o progresso brasileiro. Talvez, o otimismo
do autor tenha a ver com sua inspiração nacionalista, o fato é que Silvio Romero realizou
uma das mais relevantes contribuições ao pensamento social brasileiro.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ROMERO, Silvio. Introdução à história da literatura Brasileira. Em: Literatura,


História e Crítica. Rio de Janeiro, Imago; Aracaju, UFS. 2002. (Partes I, II, III, IV e V)

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