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Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Engenharia Mecânica


Grupo de Análise e Projeto Mecânico

CURSO DE PROJETO ESTRUTURAL COM MATERIAIS COMPOSTOS

Prof. José Carlos Pereira

Florianópolis, agosto de 2005


SUMÁRIO

1 – ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS COMPOSTOS __________________ 1

1.1– De
Deffinição ___________________________________________________ 1
1.2–
2– Componeen
Compon nteess coon
nstituinteess de um mateerrial compo
ma ompossto ___________________ 1
1.2.1 – Fibras_
Fibras__________________________________________________ 1

1.2.2 – Matrizes _______________________________________________ 2

1.3 – IIn
nteerreessse do
doss m
maateerriais compo
omposstooss _______________________________ 3
1.4 – Ap
Apllicaçõe
õess do
doss mateerriais compo
ma omposstooss _______________________________ 4
1.5 – Prop
oprriedade
edadess físicas pprrincippa
ais ___________________________________ 9
1.6 – C
Caaracteerrísticas dam
da miistura reef
foorrço-
o-matriz _________________________ 11
ma
1.7 – Prooc
ceesssooss de fab
brricação ______________________________________ 13
1.7.1 – Moldagem sem pressão ____________________________________ 14

1.7.2 – Moldagem por projeção simultânea ___________________________ 15

1.7.3 – Moldagem a vácuo ________________________________________ 16

1.7.4 – Moldagem por compressão a frio _____________________________ 17

1.7.5 – Moldagem por injeção _____________________________________ 17

1.7.6 – Moldagem em contínuo ____________________________________ 18

1.7.7 – Moldagem por centrifugação ________________________________ 19

1.7.8 – Bobinamento circunferencial ________________________________ 20

1.7.9 – Bobinamento helicoidal ____________________________________ 21

1.7.10 – Bobinamento polar _______________________________________ 22

1.8 – A
Arrquiteettura do
doss mateerriais compo
ma omposstooss _____________________________ 23
1.8.1 – Laminados ______________________________________________ 23

1.8.2 – Sanduíche _____________________________________________ 24

1.9 – De
Detteerrm
miinação expe
experrime
menntal das coon
da nstanteess eellásticas de uma lâm
ma miina ______ 25
2 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS ___________28

2..1 – E
2 quaçõe
Eq õess coon
nstitutivas ppa
ara mateerriais compo
ma omposstooss ____________________ 28
2..2 – E
2 feeiito d
Ef a tempe
da emperratura _______________________________________ 33
3 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS NUMA DIREÇÃO

QUALQUER ___________________________________________________34

3..1 – E
3 quaçõe
Eq õess coon
nstitutivas do
doss mateerriais compo
ma omposstooss numad
ma diireeç
ção qualqueerr ____ 34

3..2 - E
3 feeiito d
Ef a tempe
da emperratura _______________________________________ 42
4 – COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PLACAS LAMINADAS _____________44

4..1 – Teo
4 Teorria C
Cllássica de LLa
am
miinado
doss (T
T..C
C..LL..) _____________________________ 44
4.1.1 – Comportamento em membrana _______________________________ 44

4.1.2 – Comportamento em flexão __________________________________ 54

4.1.3 – Efeito da temperatura ____________________________________ 64

4..2 – Teo
4 Teorria de Prime
meiira O
Orrdem (T.
(T.P.O
O..) _______________________________ 69
4..3 – De
4 Detteerrm
miinação d
daa de
defflexão em ppllacas lam
exã miinadas _____________________ 74
da
4..4 – De
4 Detteerrm
miinação d
daas teen
nsõe
õess de cisalh
haame
mennto transveerrso em ppllacas lam
miinada s 83
da
4..5 - V
4 Viib
brraçõe
õess em ppllacas lam
miinadas _________________________________ 87
da
4.5.1 – Equações lineares de equilíbrio de placas _______________________ 87

4.5.2 – Vibrações de placas laminadas pela Teoria Clássica de Laminados _____ 90

4.5.3 – Vibrações de placas laminadas pela Teoria de Primeira Ordem _______ 93

5 – CRITÉRIOS DE RUPTURA______________________________________99

5..1 – C
5 Crritéérrio de teen
nsão máx
máxiim
maa _____________________________________ 99

5..2 – C
5 Crritéérrio de de
deffoorrmação m
ma mááx
xiima ________________________________ 100
ma
5..3 – Comp
5 aração een
Compa ntre ooss critéérriooss de teen
nsão máx
máxiim
maa e de de
deffoorrmação m
ma mááx
xiima 101
ma
5..4 – C
5 Crritéérriooss inteerrativooss ________________________________________ 104
5.4.1 – Revisão do critério de von Mises ____________________________ 104

5.4.2 – Critério de Hill _________________________________________ 108


5.4.3 – Critério de Tsai-Hill _____________________________________ 110

5.4.4 – Critério de Hoffman_


Hoffman_____________________________________ 110

5.4.5 – Critério de Tsai-Wu _____________________________________ 111

5..4 – Mé
5 Méttodo de deg
degrradação ______________________________________ 124
da
6 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AOS MATERIAIS

COMPOSTOS _________________________________________________ 142

6..1 – E
6 ner
En erggiia de de
deffoorrmação eelleme
ma emenntar ______________________________ 142

6..2 – E
6 neerrggiia cinééttica eelleme
En emenntar ___________________________________ 146

6..3 – T
6 Trrab
baalho reea
alizza
ado pe
pellas foorrças ext
exteerrnas ________________________ 148
6..4 – Prob
6 obllema eesstático – pprrincíppiio do
ema doss trab
baalho
hoss virtuais _________________ 149
6..5 – Prob
6 obllemad
ema diinâm
miico – eeq
quaçõe
õess de laggrrange ________________________ 150
6.5.1 – Freqüências naturais e modos de vibração _____________________ 150

6.5.2 – Resposta no tempo ______________________________________ 151

6..6 – Exemp
6 Exempllooss de appllicação_
o_______________________________________ 151
6.6.1 – Chassi de kart _________________________________________ 151

6.6.2 – Chassi de side-car ______________________________________ 152

6.6.3 – Quadro de bicicleta (a)_


(a)___________________________________ 153

6.6.4 – Raquete de tênis _______________________________________ 153

6.6.5 – Carroceria de caminhão baú _______________________________ 154

6.6.6 – Casco de catamaran _____________________________________ 154

6.6.7 – Quadro de bicicleta (b) __________________________________ 155

6.6.8 – Chassi de um caminhão leve_


leve________________________________ 155

7 – FLAMBAGEM DE PLACAS LAMINADAS __________________________ 156

7..1 – E
7 quaçõe
Eq õess lineea
areess de eeq
quilíb
brrio de ppllacas _________________________ 156
7..2 – E
7 quaçõe
Eq õess não lineea
areess de eeq
quilíb
brrio de ppllaca _______________________ 158
7..3 – Mé
7 Méttodo da pe
da perrturb
baação appllicado à flamb
mbaagem _____________________ 161
REFERÊNCIAS ________________________________________________ 174
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 1

1 – ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS COMPOSTOS

1.1– Definição

Um material composto é formado pela união de dois materiais de naturezas

diferentes, resultando em um material de performance superior àquela de seus

componentes tomados separadamente. O material resultante é um arranjo de fibras,

contínuas ou não, de um material resistente (reforço) que é impregnado em uma

matriz de resistência mecânica inferior as fibras.

1.2– Componentes constituintes de um material composto

1.2.1 – Fibras

A(s) fibra(s) é o elemento constituinte que confere ao material composto suas

características mecânicas: rigidez, resistência à ruptura, etc. As fibras podem ser

curtas de alguns centímetros que são injetadas no momento da moldagem da peça,

ou longas e que são cortadas após a fabricação da peça.

Os tipos mais comuns de fibras são: de vidro, de aramida (kevlar), carbono,

boro, etc. As fibras podem ser definidas como sendo unidirecionais, quando

orientadas segundo uma mesma direção; bidimensionais, com as fibras orientadas

segundo duas direções ortogonais (tecidos), Figura 1.1 e Figura 1.2, ou com as fibras

orientadas aleatoriamente (esteiras), Figura 1.3; e tridimensionais, quando as fibras

são orientadas no espaço tridimensional (tecidos multidimensionais).


2 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

1.2.2 – Matrizes

As matrizes têm como função principal, transferir as solicitações mecânicas

as fibras e protegê-las do ambiente externo. As matrizes podem ser resinosas

(poliéster, epóxi, etc), minerais (carbono) e metálicas (ligas de alumínio).

Figura 1.1 – Tecido - padrão 1

Figura 1.2 – Tecido - padrão 2


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 3

Figura 1.3 – Esteira (fibras contínuas ou cortadas)

A escolha entre um tipo de fibra e uma matriz depende fundamentalmente da

aplicação ao qual será dado o material composto: características mecânicas

elevadas, resistência a alta temperatura, resistência a corrosão, etc. O custo em

muitos casos pode também ser um fator de escolha entre um ou outro componente.

Deve ser observada também a compatibilidade entre as fibras e as matrizes.

1.3 – Interesse dos materiais compostos

O interesse dos materiais compostos está ligado a dois fatores: econômico e

performance. O fator econômico vem do fato do material composto ser muito mais

leve que os materiais metálicos, o que implica numa economia de combustível e

conseqüentemente, num aumento de carga útil (aeronáutica e aeroespacial). A

redução na massa total do produto pode chegar a 30 % ou mais, em função da

aplicação dada ao material composto. O custo de fabricação de algumas peças em

material composto pode ser também sensivelmente menor se comparado com os

materiais metálicos.
4 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

O fator performance está ligado a procura por um melhor desempenho de

componentes estruturais, sobretudo no que diz respeito às características

mecânicas (resistência a ruptura, resistência à ambientes agressivos, etc.). O

caráter anisotrópico dos materiais compostos é o fator primordial para a obtenção

das propriedades mecânicas requeridas pelo componente.

A leveza juntamente com as excelentes características mecânicas faz com

que os materiais compostos sejam cada vez mais utilizados dentro de atividades

esportivas.

1.4 – Aplicações dos materiais compostos

A aplicação dos materiais compostos surgiu inicialmente na área aeronáutica

devido a necessidade de diminuição de peso, preservando a robustez dos

componentes estruturais. Atualmente uma grande variedade de peças em materiais

compostos podem ser encontradas nos aviões em substituição aos materiais

metálicos: fuselagem, spoilers, portas de trem de aterrissagem, portas internas,

etc., Figura 1.4. Em muitos destes componentes, sua concepção foge da definição

dada inicialmente para materiais compostos, pois nestes casos os componentes são

fabricados normalmente em placas de baixa densidade, contra-placadas por placas

finas de alta resistência. Esta configuração normalmente é dita sanduíche. De uma

forma mais ampla, estas configurações são também consideradas “materiais

compostos”, pois combinam diferentes materiais.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 5

Figura 1.4 – Componentes em material composto em aviões-caça

Dentro da área aeronáutica, os helicópteros possuem também vários

componentes em material composto: pás da hélice principal, hélice traseira, árvore

de transmissão, fuselagem, etc, Figura 1.5.

Figura 1.5 – Componentes em material composto em helicópteros

A utilização dos materiais compostos dentro da industria automobilística é

bem mais recente do que na área aeronáutica. Inicialmente, eram produzidos


6 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

somente pára-choques e tetos de automóveis. Atualmente, o material composto é

utilizado para a fabricação de capôs, carters de óleo, colunas de direção, árvores de

transmissão, molas laminadas, painéis, etc., Figura 1.6.

Uma das grandes vantagens trazidas para o meio automobilístico pelos

materiais compostos é, além da redução do peso, a facilidade em confeccionar peças

com superfícies complexas.

Figura 1.6 – Componentes em material composto em automóveis

Uma atividade esportiva notória que emprega material composto é a Fórmula

1, que pode ser considerada como um laboratório para as inovações tecnológicas. Em

muitos casos, o que se emprega dentro dos carros de Fórmula 1, será utilizado

futuramente nos carros de passeio. Neste caso, o aumento da relação potência/peso

é fundamental para um bom desempenho do carro nas pistas. A configuração mais

freqüentemente utilizada nestes carros é do tipo sanduíche que é utilizada para a

confecção da carroceria.

Em praticamente todas as atividades esportivas, a redução do peso está

diretamente ligada a redução do tempo de execução de uma prova esportiva. Como

exemplo disto, podemos citar: barcos a vela, skis, bicicletas, etc. Em alguns casos, o
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 7

que se procura é a agilidade, e a perfeição de alguns golpes, como no tênis, com suas

raquetes; no golfe, com seus tacos; e no surf, com suas pranchas.

Figura 1.7 – Barcos a vela Figura 1.8 – Ski

Uma aplicação bem recente dos materiais compostos na área aeroespacial são

os painéis solares de satélites, confeccionados em uma configuração sanduíche,

Figura 1.9, e os motores de último estágio dos lançadores de satélites,

confeccionados a partir do bobinamento das fibras sobre um mandril, Figura 1.10.


8 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

Figura 1.9 – Painéis solares de satélite

Figura 1.10 – Propulsor de último estágio de lançador de satélite


9

Temperatura limite Preço/kg 1985

$US

70 a
Tmax

800

650
350

700

2,8

70
12
de utilização (°C)
Coeficiente de Temperatura limite

>1500
Tmax

700
700
dilatação térmica de utilização (°C)
2,2

0,8

1,7
1,3
α

(10-5 °C-1)
Coeficiente de

0,02
-0,2
0,5
0,3
dilatação térmica

α
Alongamento à
1,8 a

(10-5 °C-1)
10

10

14
ruptura (%)
ε

Alongamento à

3,5

2,3

1,3
4
ε
Tensão de ruptura ruptura (%)
400 a

200 a
1600

1200

500
450
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos

à tração (MPa) Tensão de ruptura

0,25 2500
3200

2900

3200
σ
à tração (MPa)
Coeficiente de
0,3

0,3

0,3

0,3
ν

poisson Coeficiente de

0,2

0,4

0,3
ν
Módulo de poisson
1.5 – Propriedades físicas principais

40,3
Módulo de
79

29

48
cisalhamento (GPa)
G

30

50
12
G
cisalhamento (GPa)
Módulo de Módulo de

230
130
74
86
E
205

105

125
elasticidade (GPa) elasticidade (GPa)

75
E
Massa volumétrica

2600
2500

1450

1750
ρ
Massa volumétrica (kg/m3)

7800

2800

4400

8800
(kg/m3)

ρ
Fibras

Kevlar 49
Vidro “E”
Vidro “R”

Grafite
Metais

alumínio
ligas de

ligas de

titânio

Cobre
aços
10 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

“HR” 140

Grafite 1800 390 20 0,35 2500 0,6 0,08 >1500 70 a

“HM” 140

Boro 2600 400 3400 0,8 0,4 500 500

Temperatura limite
cisalhamento (GPa)
Massa volumétrica

Tensão de ruptura
elasticidade (GPa)

dilatação térmica

de utilização (°C)
Coeficiente de

Coeficiente de
à tração (MPa)

Alongamento à

Preço/kg 1985
ruptura (%)
Módulo de

Módulo de

(.10-5°C-1)
Matrizes

(kg/m3)

poisson

ρ E G ν σ ε α Tmax $US

Termoresistentes

Epóxi 1200 4,5 1,6 0,4 130 2a6 11 90 a 6 a 20

200

Fenólica 1300 3 1,1 0,4 70 2,5 1 120 a

200

Poliéster 1200 4 1,4 0,4 80 2,5 8 60 a 2,4

200

Poli 1200 2,4 60 6 120

carbonato

Termoplásticas

Poli 900 1200 30 20 a 9 70 a

propileno 400 140

Poliamida 1100 4000 70 200 8 170 6


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 11

1.6 – Características da mistura reforço-matriz

As propriedades da lâmina (reforço+matriz) são obtidas em função das

percentagens de cada componente na mistura.

a) Percentagem em massa do reforço.

massa de reforço
Mf =
massa total

b) Percentagem em massa da matriz.

massa da matriz
Mm = ou Mm = 1 - Mf
massa total

c) Percentagem em volume do reforço.

volume de reforço
Vf =
volume total

d) Percentagem em volume da matriz.

volume da matriz
Vm = ou Vm = 1 - Vf
volume total

e) Massa volumétrica da lâmina.

massa total
ρ=
volume total

ou:

massa do reforço massa da matriz


ρ= +
volume total volume total

volume do reforço volume da matriz


ρ= ρf + ρm
volume total volume total

ρ = ρf . Vf + ρm . Vm

onde ρf e ρm são as massas volumétricas do reforço e da matriz, respectivamente.

f) Módulo de elasticidade longitudinal El ou E1 (propriedades estimadas).

E1 = Ef . Vf + Em . Vm
12 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

ou:

E1 = Ef . Vf + Em . (1 – Vf)

g) Módulo de elasticidade transversal Et ou E2.

 
 1 
E2 = Em  
 (1 − V ) + Em V 
 f
Eft 
f

onde Eft representa o módulo de elasticidade do reforço na direção transversal.

h) Módulo de cisalhamento Glt ou G12.

 
 1 
G12 = Gm  
 (1 − V ) + Gm V 
 f
Gft
f


onde Gft representa o módulo de cisalhamento do reforço.

i) Coeficiente de poisson νlt ou ν12.

ν12 = νf . Vf + νm . Vm

j) Resistência a ruptura da lâmina.

 E 
σ1ruptura = σf ruptura  Vf + (1 − Vf ) m 
 Ef 

ou:
σ1ruptura = σf ruptura .Vf

k) Propriedades mecânicas de algumas misturas mais comumente utilizadas.

As propriedades na Tabela 1.4 abaixo correspondem a uma mistura de fibras

unidirecionais+resina epóxi com 60 % do volume em fibras.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 13

Tabela 1.4 – Propriedades de fibras unidirecionais+resina com 60 % do volume em

fibras

vidro kevlar carbono

Massa volumétrica (kg/m3) 2080 1350 1530

σruptura em tração na direção 1 (Xt) (MPa) 1250 1410 1270

σruptura em compressão na direção 1 (Xc) (MPa) 600 280 1130

σruptura em tração na direção 2 (Yt) (MPa) 35 28 42

σruptura em compressão na direção 2 (Yc) (MPa) 141 141 141

τ12 ruptura em cisalhamento (S12) (MPa) 63 45 63

τruptura em cisalhamento interlaminar (MPa) 80 60 90

módulo de elasticidade longitudinal E1 (MPa) 45000 85000 134000

módulo de elasticidade transversal E2 (MPa) 12000 5600 7000

módulo de cisalhamento G12 (MPa) 4500 2100 4200

coeficiente de poisson ν12 0,3 0,34 0,25

Coef. de dilatação térmica long. α1 (10-5 °C-1) 0,4 a 0,7 -0,4 -0,12

Coef. de dilatação térmica transv. α2 (10-5 °C-1) 1,6 a 2 5,8 3,4

1.7 – Processos de fabricação


Muitas peças ou estruturas em material composto são geralmente produzidas

por uma composição de lâminas sucessivas, chamadas de estruturas estratificadas.

Os processos de fabricação são inúmeros e devem ser selecionadas segundo

requisitos como: dimensões, forma, qualidade, produtividade (capacidade de

produção), etc.

As operações básicas para a obtenção da peça final têm a seguinte seqüência:


14 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

Fibras Resina

Impregnação (mistura)

Colocação da mistura sobre o


molde/mandril

Polimerização (estufa)

Desmoldagem

Acabamento

1.7.1 – Moldagem sem pressão

O molde é primeiramente revestido de um desmoldante e posteriormente de

uma resina colorida. A seguir as fibras são depositadas sobre o molde e em seguida

impregnadas com resina e compactadas com um rolo. O processo se segue para as

lâminas sucessivas, Figura 1.11. A polimerização (solidificação) ou cura da resina

pode ser feita com ou sem o molde, isto em função da geometria da peça. A cura da

resina pode ser feita em temperatura ambiente ou ser acelerada se colocada em

uma estufa a uma temperatura entre 80° C e 120° C. Após a cura da resina e a

desmoldagem, a peça é finalizada: retirada de rebarbas, pintura, etc.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 15

resina

fibras

molde

Figura 1.11 – Moldagem sem pressão

1.7.2 – Moldagem por projeção simultânea

Este processo consiste em projetar simultaneamente fibras cortadas

impregnadas em resina sobre o molde. A lâmina de fibras impregnadas é em seguida

compactada por um rolo e novas lâminas podem ser sucessivamente depositadas,

Figura 1.12. Um contra-molde pode eventualmente ser utilizado para a obtenção de

faces lisas e para proporcionar uma melhor compactação entre as lâminas. A

vantagem deste processo com relação ao anterior é permitir uma produção em série

das peças, no entanto, as características mecânicas das peças são médias devido ao

fato das fibras serem cortadas.


16 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

resina

fibra
cortada
fibra e impreg-
nada

Figura 1.12 – Moldagem por projeção simultânea

1.7.3 – Moldagem a vácuo

Neste processo as fibras podem ser colocadas manualmente como na

moldagem sem pressão, ou automaticamente por projeção simultânea. Neste caso um

contra-molde e uma bomba a vácuo são utilizados para permitir uma melhor

compactação e evitar a formação de bolhas, Figura 1.13.

contra
molde
fibras

Bomba a
resina
vácuo

Figura 1.13 – Moldagem a vácuo


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 17

1.7.4 – Moldagem por compressão a frio

Neste processo a resina é injetada sob pressão no espaço entre o molde e o

contra-molde. A cura pode ser feita a temperatura ambiente ou em uma estufa. Há

casos onde o molde e o contra-molde são aquecidos, sendo este processo chamado

de compressão a quente. Neste caso a cura da resina é feita no próprio molde,

Figura 1.14.

1.7.5 – Moldagem por injeção

O processo por injeção consiste em injetar as fibras impregnadas a partir de

um parafuso sem fim no molde aquecido, Figura 1.15.

contra-molde

molde

resina

Figura 1.14 – Moldagem por compressão a frio


18 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

Fibra
molde Contra-molde
pré-impregnada
aquecido aquecido
aquecida

Figura 1.15 – Moldagem por injeção

1.7.6 – Moldagem em contínuo

Este processo permite produzir placas e painéis de grande comprimento. As

fibras (unidirecionais, tecidos ou esteira) juntamente com a resina são depositadas

entre dois filmes desmoldantes. A forma da placa e a cura da resina são dadas

dentro da estufa, Figura 1.16 e Figura 1.17.

fibras
filme
desmoldante
estufa

faca

filme rolos
desmoldante

Figura 1.16 – Moldagem de placas contínuas


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 19

fibras filme
resina cortadas desmoldante

faca

filme
desmoldante

Figura 1.17 – Moldagem de placas onduladas contínuas

1.7.7 – Moldagem por centrifugação

Este processo é utilizado na produção de peças de revolução. Dentro do molde

em movimento de rotação é injetado as fibras cortadas juntamente com a resina. A

impregnação da resina nas fibras e a compactação é feita pelo efeito de

centrifugação. A cura da resina pode ser feita a temperatura ambiente ou em uma

estufa. Este processo é utilizado em casos onde não se exige homogeneidade das

propriedades mecânicas da peça.

fibra

Figura 1.18 – Moldagem por centrifugação


20 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

Outros processos de fabricação de peças de revolução podem ser empregados

quando se exige homogeneidade das propriedades mecânicas da peça. Nestes

processos fibras são enroladas (bobinadas) sobre um mandril que dará a forma final

da peça. Este processo permite a fabricação industrial de tubos de diversos

diâmetros e grandes comprimentos de alta performance.

Para atender a estas necessidades de projeto, o bobinamento das fibras pode

ser feito da seguinte maneira: bobinamento circunferencial, bobinamento helicoidal

e o bobinamento polar.

1.7.8 – Bobinamento circunferencial

No bobinamento circunferencial, as fibras são depositadas em um mandril

rotativo, com um ângulo de deposição de 90° em relação ao eixo de rotação, Figura

1.19. Este tipo de bobinamento resiste aos esforços circunferenciais.

Figura 1.19 - Bobinamento circunferencial


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 21

1.7.9 – Bobinamento helicoidal

No bobinamento helicoidal, as fibras são depositadas em um mandril rotativo

com um ângulo de deposição α em relação ao eixo de rotação, Figura 1.20. Este tipo

de bobinamento resiste aos esforços circunferenciais e longitudinais.

fibras

guia
resina

Figura 1.20 - Bobinamento helicoidal

fibras

fibras estufa
impregnadas

mandri

Figura 1.21 - Bobinamento helicoidal contínuo


22 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

1.7.10 – Bobinamento polar

No bobinamento polar, o reforço é depositado no mandril de forma a

tangenciar as duas aberturas dos domos, traseiro e dianteiro, Figura 1.22. O ângulo

de deposição varia de αo, constante na região cilíndrica, até 90° nas duas aberturas

dos domos. O bobinamento polar resiste preferencialmente aos esforços

longitudinais.

A fabricação de vasos de pressão bobinados consiste de dois tipos de

bobinamento, como é o caso da Figura 1.10. Nos domos traseiro e dianteiro, o

bobinamento é do tipo polar [(±θ], enquanto que na região cilíndrica, os

bobinamentos circunferencial e polar se intercalam [(90º/±θ].

Figura 1.22 - Bobinamento polar


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 23

1.8 – Arquitetura dos materiais compostos

1.8.1 – Laminados

Os laminados, ou estruturas laminadas, são constituidos de sucessivas lâminas

de fibras impregnadas em resina segundo uma orientação, Figura 1.23. A designação

dos laminados é efetuada segundo a disposição das lâminas e a orientação da lâmina

com relação ao eixo de referência, Figura 1.24.

Figura 1.23 – Constituição de um laminado

30° 90° 90° 45° 0° 45°


45

45
90
90
30
[45/0/45/902

Figura 1.24 – Designação de um laminado


24 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

1.8.2 – Sanduíche

O princípio da técnica de estruturas do tipo sanduíche consiste em colocar um

material leve (geralmente com boas propriedades em compressão) entre duas

contra-placas com alta rigidez. Este princípio concilia leveza e rigidez a estrutura

final.

Placas rígidas (aço,


placas laminadas, etc)
alma de baixo
peso (espuma,
resina, etc)

Alma de madeira

Sentido das fibras Placas rígidas (aço,


da madeira placas laminadas, etc)

Figura 1.25 – Sanduíche de alma plena

colméia

(a)
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 25

alma ondulada

(b)

Figura 1.26 – Sanduíche de alma “oca” – (a) e (b)

1.9 – Determinação experimental das constantes elásticas de uma lâmina

Para a determinação das constantes elásticas de placas unidirecionais em

fibra/resina, é necessário cortar dois corpos de prova padronizados, sobre os quais

são colados dois extensômetros dispostos ortogonalmente como mostrado abaixo.

y
σx

y
σx

20° x
26 Aspectos Gerais dos Materiais Compostos

Os corpos de prova são ensaiados numa máquina de tração e as deformações

são medidas pelos extensômetros.

Como exemplo, se for aplicado uma tensão de tração σx = 20 MPa, as

deformações medidas pelos extensômetros no primeiro corpo de prova são: ε1x =

143e-6 e ε1y = - 36e-6. Assim:


σx σx σx 20
ε1x = = , E1 = = , E1 = 139860 MPa
E x E1 ε1x 143e − 6

ε1y 36e − 6
ε1y = −ν xy ε1x = −ν12 ε1x , ν12 = − , ν12 = , ν12 = 0,25
ε1x 143e − 6

Analogamente, se for aplicado uma tensão de tração σx = 20 MPa, as

deformações medidas pelos extensômetros no segundo corpo de prova, no qual as

fibras formam um ângulo de 20° com o eixo x, são: ε2x = 660e-6 e ε2y = - 250e-6.

Assim de [1], pag. 332:


σx
ε2x = (1)
Ex

1 c 4 s4  1 ν 
= + + c 2 s2  − 2 12  (2)
E x E1 E2  G12 E1 

 c 4 s4  1 ν  
ε2x =  + + c 2 s2  − 2 12   σ x (3)
 E1 E2  G12 E1  

σx
ε2y = −ν xy (4)
Ex

ν 21 ν12 ν yx ν xy
onde c = cos 20° e s = sen 20°. Como = e = :
E2 E1 Ey Ex

ν xy ν 21 4  1 1 

Ex
=−
E2
( )
c + s 4 + c 2 s2  +
1
− 
 E1 E2 G12 
(5)
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 27

Substituindo (5) em (4):

 ν  1 1  
( )
ε2y = −  12 c 4 + s4 − c 2s2  +
 E1
1
−  σx
 E1 E2 G12  
(6)

De (3) e (6) temos:


1 0,1325 1 1
+ = 2,69e − 4 , − = 1,144e − 4
G12 E2 G12 E2

A solução é:

E2 = 7320 MPa , G12 = 3980 MPa e ν21 = 0,013


28 Constantes elásticas dos materiais compostos

2 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS

2.1 – Equações constitutivas para materiais compostos

A anisotropia dos materiais compostos é mais facilmente trabalhada do que

nos casos mais gerais de materiais anisotrópicos, como por exemplo a madeira. Para

os materiais compostos, pode-se definir um sistema de eixos ortogonais, dentro do

qual as propriedades mecânicas são identificadas. Um eixo designado 1 (ou l) é

colocado longitudinalmente as fibras, um outro designado 2 (ou t) é colocado

transversalmente as fibras e um outro designado 3 (ou t’) é colocado

ortogonalmente aos dois anteriores, Figura 2.1.

Figura 2.1 – Sistema de eixos de ortotropia

A lei de comportamento do material composto que relaciona

deformação/tensão pela matriz de flexibilidade, dentro do sistema de eixos de

ortotropia (1, 2, 3), contêm 9 constantes elásticas independentes, e é da seguinte

maneira:
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 29

 1 −ν 21 −ν 31
0 0 0 
 E1 E2 E3 
 
 ε1   −ν12 −ν32
1 0 0 0   σ1 
ε   E1 E2 E3  σ 
   −ν
2
−ν 23  2 
 ε3   13 E 1 0 0 0   σ3 
E2 E3 (2.1)
 = 1  
 γ 23   0 0 0 1 0
τ
0   23 
 γ13   G23  τ13 

   1  
 γ12   0 0 0 0
G13
0   τ12 
 
 0 0 0 0 0 1 
 G12 

onde:

εii = deformações normais na direção i

γij = deformações angulares no plano ij

σii = tensões normais na direção i

τij = tensões de cisalhamento no plano ij

νij = coeficiente de poisson (deformação causada na direção j devida a uma

solicitação na direção i).

Ei = módulo de elasticidade na direção i

Gij = módulo de cisalhamento no plano ij

Como a matriz de comportamento é simétrica tem-se que:


ν 21 ν12 ν31 ν13 ν ν
= , = , 32 = 23 (2.2)
E2 E1 E3 E1 E3 E2

Para a demonstração da simetria da matriz de comportamento, considere uma

placa unidirecional de dimensões a, b e espessura e:


30 Constantes elásticas dos materiais compostos
2

a
1

Deformações devido a σ1 (na direção longitudinal):


∆bl σ1 ∆al σ
( ε1 )l = = , ( ε2 )l = = −ν12 ( ε1 )l = −ν12 1 (2.3)
b E1 a E1

Deformações devido a σ2 (na direção transversal):


∆a2 σ2 ∆b2 σ
( ε 2 )2 = = , ( ε1 )2 = = −ν 21 ( ε 2 )2 = −ν 21 2 (2.4)
a E2 b E2

Considerando a energia acumulada devida ao carregamento σ1 e depois a σ2,

mantendo σ1:
1 1
W= (σ1 a e) ∆b1 + (σ2 b e) ∆a2 + (σ1 a e) ∆b2 (2.5)
2 2

Considerando agora a energia acumulada devida ao carregamento σ2 e depois a

σ1, mantendo σ2:


1 1
W' = (σ2 b e) ∆a2 + (σ1 a e) ∆b1 + (σ2 b e) ∆a1 (2.6)
2 2

Sendo a energia final a mesma, W = W’:

 σ   σ 
(σ1 a e) ∆b2 = (σ2 b e) ∆a1 , σ1 a e  −ν 21 2  b = σ2 b e  −ν12 1  a (2.7)
 E2   E1 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 31

ν 21 ν12
= (2.8)
E2 E1

Em alguns casos, é possível considerar que as propriedades mecânicas nas

direções 2 e 3 são idênticas, já que, como mostrado pela Figura 2.1, estas direções

são direções perpendiculares a direção 1. Para este caso de materiais, ditos

isotrópicos transversos, a matriz de comportamento se simplifica, necessitando

somente de 5 constantes elásticas independentes:

 1 −ν 21 −ν 21 0 0 0 
 E1 E2 E2 
 
 ε1   −ν12 1 −ν 2
0 0 0   σ1 
ε   E1 E2 E2  
   −ν12
2
−ν 2   σ2 
1 0 0 0   σ 
 ε3   E E2 E2
 = 1
 
3
(2.9)
 γ 23   0 0 0 2(1 + ν 2 ) 0 0   
τ 23
 γ13   E2  τ13 
    
 γ12   0 0 0 0 1 0   τ12 
G12
 
 0 0 0 0 0 1 
 G12 

onde:

ν2 = coeficiente de poisson no plano de isotropia transversa


1 2(1 + ν 2 )
Nota-se que, devido a isotropia transversa, = .
G23 E2

A relação tensão/deformação é dada pela matriz constitutiva do material,

inversa da matriz de flexibilidade dada na eq. (2.1):


32 Constantes elásticas dos materiais compostos

 σ1   Q11 Q12 Q13 Q14 Q15 Q15   ε1 


   Q26   
 σ2  Q21 Q22 Q23 Q24 Q25  ε2 
 σ3  Q31 Q32 Q33 Q34 Q35 Q36   ε3 
 =    (2.10)
τ23  Q41 Q42 Q43 Q44 Q45 Q46   γ 23 
 τ13  Q51 Q52 Q53 Q54 Q55 Q56   γ13 
     
 τ12  Q61 Q62 Q63 Q64 Q65 Q66   γ12 

onde os termos não nulos são:


1 + ν 23 ν32 ν + ν31ν 23
Q11 = Q12 = 21 Q44 = G23
E 2 E3 ∆ E 2 E3 ∆
1 + ν13 ν 31 ν + ν 21ν32
Q22 = Q13 = 31 Q55 = G31 (2.11)
E1 E3 ∆ E 2 E3 ∆
1 + ν12ν 21 ν + ν12ν31
Q33 = Q23 = 32 Q66 = G12
E1 E2 ∆ E1 E3 ∆

1 + ν12ν 21 − ν 23 ν32 − ν13ν 31 − 2 ν 21ν 32ν13


com ∆ =
E1 E2 E3

Considerado somente o estado plano de tensão (placas laminadas com σ33 = 0,

τ23 = 0 e τ13 = 0), a matriz de rigidez do material composto pode ser freqüentemente

encontrada da seguinte forma:

 σ1   Q11 Q12 0   ε1 
    
 σ2  = Q12 Q22 0   ε2  (2.12)
  Q66   γ12 
τ12   0 0

onde:
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 33

E1
Q11 =
(1 − ν12ν 21 )
E2
Q22 =
(1 − ν12ν 21 ) (2.13)
ν 21E1
Q12 =
(1 − ν12ν 21 )
Q66 = G12

2.2 – Efeito da temperatura

Quando se deseja levar em consideração os efeitos de variação de

temperatura em estruturas compostas, na lei de comportamento do material devem

ser consideradas as deformações devido a este efeito:

 1 −ν 21 −ν31
0 0 0 
 E1 E2 E3 
 
 ε1   −ν12 −ν32
1 0 0 0   σ1   α1 
ε   E1 E2 E3 σ  α 
   −ν
2
−ν 23  2   2
 ε3   13 E 1 0 0 0   σ3 
E2 E3 α3 
 = 1    + ∆T   (2.14)
γ
 23   0 τ 0
0 0 1 0 0   23 
 γ13   G23 
 τ13  0
   1    
 γ12   0 0 0 0
G13
0   τ12   0 
 
 0 0 0 0 0 1 
 G12 

onde α1 é o coeficiente de dilatação térmica das fibras, α2 é o coeficiente de

dilatação térmica da resina e α3 é o coeficiente de dilatação térmica da resina.

A forma inversa da relação anterior colocada de maneira compacta é:

{σ } = [Q] {ε
1 1
}
− ε1t (2.15)

onde ε1t é a deformação térmica.


34 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

3 – CONSTANTES ELÁSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS NUMA DIREÇÃO

QUALQUER

3.1 – Equações constitutivas dos materiais compostos numa direção qualquer

Para a análise do comportamento mecânico de placas laminadas é necessário

definir um sistema de eixos de referência (x, y, z) para o conjunto de lâminas e

expressar as constantes elásticas de cada lâmina neste sistema de referência. Para

isto é considerada uma lâmina sobre a qual estão definidos os eixos de ortotropia (1,

2, 3). O sistema de eixos de referência é girado em torno do eixo 3 do ângulo θ,

Figura 3.1.

3, z

θ
1
x

Figura 3.1 – Sistema de eixos de ortotropia e de referência

Uma das maneiras de determinar a matriz de transformação, que relaciona as

tensões dadas no sistema de eixos de referência com as tensões no sistema de

eixos de ortotropia, é através do balanço de forças nas direções x e y sobre um

elemento plano, conforme mostrado na Figura 3.2.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 35

2
y σ2

τ21
B τ12

θ σ1
+θ C x
A


1

y y

x
τxy σx x τxy dA σx dA

θ σ1 dA cosθ θ
σ1

τ12 dA τ12 dA cosθ


τ21 τ21 dA senθ

σ2 dA senθ
σ2

Figura 3.2 – Transformação de tensão no plano x-y

Aplicando as equações de equilíbrio estático:

→ ∑Fx = 0 ,
36 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

σ x dA − σ1 dA cos θ cos θ − τ12 dA cos θ sen θ −


(3.1)
σ2 dA sen θ sen θ − τ12 dA sen θ cos θ = 0

σ x = σ1 cos2 θ + σ2 sen2 θ + 2 τ12 cos θ sen θ (3.2)

↑ ∑Fy = 0 ,
τ xy dA + σ1 dA cos θ sen θ − τ12 dA cos θ cos θ −
(3.3)
σ2 dA sen θ cos θ + τ12 dA sen θ sen θ = 0

τ xy = − σ1 cos θ sen θ + σ2 sen θ cos θ + τ12 (cos2 θ − sen2 θ) (3.4)

A tensão normal σy é obtida fazendo θ = θ + 90° na equação para σx.

σ y = σ1 sen2 θ + σ2 cos2 θ − 2 τ12 cos θ sen θ (3.5)

Considerando o elemento conforme apresentado pela Figura 3.3, pode-se

determinar a tensão σxz:

z x
dA
y θ 1

τxz

τ13
τ23

Figura 3.3 – Transformação de tensões transversas


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 37

↑ ∑Fz = 0 ,
τ xz dA − τ13 dA cos θ −τ23 dA sen θ = 0 (3.6)

τ xz = τ23 sen θ + τ13 cos θ (3.7)

A tensão σyz é obtida fazendo θ = θ + 90° na equação para σxz.

σ yz = σ23 cos θ −σ13 sen θ (3.8)

A matriz de transformação [T], pode então ser escrita da forma:

σ x   c 2 s2 0 0 2sc   σ1 
0
σ   2  
 y  s c2 0 0 − 2sc   σ 2 
0
 σ z   0 0   σ 3 
 =
τ
0 1 0 0
  ou {σ } = [T ] {σ }
x
σ
1
(3.9)
 yz   0 0 0 c −s 0  τ 23 
τ xz   0 0 0 s c 0   τ13 
    
τ
 xy  − sc sc 0 0 0 c 2 − s 2   τ12 

O tensor de deformações medido no sistema de referência tem a mesma

forma que o tensor de tensões dado no sistema de referência (x, y, z), ou seja:

 εx   c2 s2 0 0 0 sc   ε1 
ε   2  ε 
 y  s c2 0 0 0 −sc   2
 ε z   0 0   ε3 
 =
0 1 0 0
 { }
  ou ε = [ Tε ] ε
x 1
{ } (3.10)
 γ yz   0 0 0 c s 0   γ 23 
γ     γ13 
0 0 0 −s c 0 
 xz    
 γ xy   −2sc 2sc 0 0 0 c 2 − s2   γ12 

onde [Tε ] = ( [T ] )
σ
−1 t
ou [Tε ]
−1
= [Tσ ] t
38 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

Considerando o comportamento elástico linear, a lei de comportamento do

material composto expressa no sistema de eixos de referência (x, y, z) é da

seguinte forma:

{σ } = [T ] {σ } = [T ] [Q] {ε } = [T ] [Q] [T ] {ε } = [T ] [Q] [T ] {ε }


x
σ
1
σ
1
σ ε
−1 x
σ σ
t x
(3.11)

Logo, a matriz de rigidez ou matriz constitutiva Q dada no sistema de eixos

de referência (x, y, z) é:

Q = [ Tσ ] [Q] [Tσ ] t


(3.12)

Considerado somente o estado plano de tensão (placas laminadas com σ33 = 0,

τ23 = 0 e τ13 = 0), a matriz de rigidez do material composto obtida no sistema de

eixos de referência é freqüentemente encontrada da seguinte forma:

 σ  Q Q12 Q16  ε 
 x   11   x 
 σ y  = Q21 Q22 Q26   εy  (3.13)
  Q Q62 Q66   
τ xy   61  γ xy 

com:

Q11 = c 4Q11 + s4Q22 + 2c 2s2 (Q12 + 2Q66 )


Q22 = s4Q11 + c 4Q22 + 2c 2s2 (Q12 + 2Q66 )
)Q
Q66 = c 2s2 ( Q11 + Q22 − 2Q12 ) + c 2 − s2 ( 66
(3.14)
Q12 = c s ( Q + Q − 4Q
2 2
11 22 66 ) + (c
+ s )Q 4 4
12

Q16 = −cs c Q − s Q − ( c − s ) ( Q + 2Q
2 2 2 2
)
 11 22 12 66

Q26 = −cs s Q − c Q + ( c − s ) ( Q + 2Q
2 2 2 2
)
 11 22 12 66

onde Q11, Q22, Q12 e Q66 são dados na eq. (2.13).


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 39

As curvas abaixo ilustram a evolução dos termos da matriz constitutiva Q

para o carbono/epóxi (ver Tabela 1.4).

Q11 (GPa) Q22 (GPa)


150 150

125 125

100 100

75 75

50 50

25 25

0 θ 0 θ
-90 -60 -30 0 30 60 90 -90 -60 -30 0 30 60 90

Q12 (GPa) Q66 (GPa)


50 50

40 40

30 30

20 20

10 10

0 θ 0 θ
-90 -60 -30 0 30 60 90 -90 -60 -30 0 30 60 90
40 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

Q16 (GPa) Q26 (GPa)


50 50

25 25

0 θ 0 θ
-90 -60 -30 0 30 60 90 -90 -60 -30 0 30 60 90

-25
-25

-50
-50

Figura 3.4 – Evolução dos termos da matriz Q em uma lâmina em carbono/epóxi

A matriz de flexibilidade S , que relaciona deformação/tensão, dada no

sistema de eixos de referência (x, y, z) é:

{ε } = [T ] {ε } = [T ] [S] {σ } = [T ] [S] [T ] {σ } = [T ] [S] [T ] {σ }


x
ε
1
ε
1
ε σ
−1 x
ε ε
t x
(3.15)

ou:

{S} = [Tε ] [S] [Tε ] t (3.16)

Após a multiplicação de matrizes, a matriz de flexibilidade pode ser expressa

como mostra a eq. (3.17) (ver Gay 1991).

Observa-se que surgem termos de acoplamento que relacionam tensões de

cisalhamento com deformações normais: ηxy/Gxy, µxy/Gxy e ζx/Gxy; e termos de

acoplamento que relacionam tensões normais com deformações angulares ηx/Ex,


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 41

µy/Ex, e ζz/Ez. Estes termos surgem quando, por exemplo, aplicando uma tensão

normal, a lâmina se deforma conforme ilustrado pela Figura 3.5.

 1 − ν yx − ν zx η xy 
 0 0
Ex Ey Ez G xy 
 
−ν − ν zy µ xy
 ε x   xy 1 0 0  σ 
ε   Ex Ey Ez G xy   x 
  − ν xz
y − ν yz ς xy  σ y 
1 0 0
 ε z   Ex Ey Ez G xy   σ z 
 =   (3.17)
γ yz   0 0 0 1 ξ xz 0  τ yz 
γ xz   G yz G xz  τ 
   ξ yz 1
  xz 
γ xy   0 0 0
G yz G xz
0  τ xy 
 
 ηx µy ςz 1 
 0 0
 Ex Ex Ez G xy 

Material Material
σx σx

σx
σx

Figura 3.4 – Deformação de materiais isotrópico e ortotrópico devido à carga

normal
42 Constantes elásticas dos materiais compostos numa direção qualquer

3.2 - Efeito da temperatura

O efeito da temperatura sobre os materiais compostos considerado em uma

direção qualquer é dado da forma:

{ε } = [T ] {ε }
x
t ε
1
(3.18)

ou seja:

 εx t   c 2 s2 
  
0 0 0 sc  ∆T α1 
  ∆T α 
 εy t   s2 c2 0 0 0 −sc 
   2

 εz t   0 0 1 0 0 0   ∆T α3 
 =    (3.19)
 γ yz t   0 0 0 c s 0   0 
γ   0 0 0 −s c 0   0 
 xz t    
 c 2 − s2   0 
 γ xy t   −2sc 2sc 0 0 0

A relação tensão/deformação considerando o efeito da temperatura, dada no

sistema de eixos de referência (x, y, z) pode ser obtida pela eq. (2.19) e utilizando a

matriz de transformação dada pelas eqs. (3.9) ou (3.10):

[Tσ ] {σ } = [T ] [Q] {ε
1
σ
1
}
− ε1t = [Tσ ] [Q] [Tε ]
−1
{ε x
}
− ε xt = [ Tσ ] [Q] [ Tσ ] t
{ε x
}
− ε xt (3.20)

ou seja:

{σ } = Q {ε
x x
− ε tx } (3.21)

A relação tensão/deformação considerando somente o estado plano de tensão

é do tipo:
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 43

 σ  Q Q16   εx − εx t 
x 11 Q12
     
 σ y  = Q21 Q22 Q26   εy − εy t  (3.22)
  Q Q62 Q66   
τ xy   61  γ xy − γ xy t 
44 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

4 – COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PLACAS LAMINADAS

Os materiais compostos são na maioria dos casos utilizados na forma de

laminados, onde as lâminas são coladas umas sobre as outras com orientações e

espessura das fibras podendo ser diferentes uma das outras. No caso de estruturas

do tipo placas, uma dimensão é muito pequena com relação as outras duas. Em

conseqüência disto, a tensão e a deformação normal na direção da espessura da

placa são considerados desprezíveis (σz = 0 e εz = 0).

As deformações são determinadas em função do campo de deslocamentos

definido por uma teoria para prever o comportamento do laminado. Pela Teoria

Clássica de Laminados, na definição do campo de deslocamentos, o cisalhamento

transverso resultante é nulo (σxz = σyz = 0). Pela Teoria de Primeira Ordem, na

definição do campo de deslocamentos, o cisalhamento transverso resultante é não

nulo (σxz ≠ 0, σyz ≠ 0), porém constante ao longo da espessura de cada lâmina da

placa.

4.1 – Teoria Clássica de Laminados (T.C.L.)

Da definição do campo de deslocamento na Teoria Clássica de Laminados, o

cisalhamento transverso é considerado nulo, o que resulta num estado plano de

tensões, onde as únicas tensões não nulas são: σx, σy e σxy.

4.1.1 – Comportamento em membrana

No estudo do comportamento em membrana de estruturas laminadas em

materiais compostos, é considerado um laminado de espessura total h com n lâminas

de espessura hk cada uma. Os esforços internos de membrana atuantes no plano do

laminado são denotados Nx, Ny (forças normais por unidade de comprimento


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 45

transversal); Nxy e Nyx (forças cortantes por unidade de comprimento transversal)

(ver Figura 4.1). Os eixos x, y, e z são eixos de referência, conforme item 3.

z
N xy dx N x dy

N y dx N xy dx
dy y
dx
N y dx
N xy dx
N xy dx
x

N x dy

Figura 4.1 – Esforços de membrana sobre um elemento de placa

Em supondo a colagem perfeita entre as lâminas e a diferença de rigidez em

cada lâmina, a distribuição das deformações e tensões ao longo de uma placa

laminada é conforme mostra a Figura 4.2.

z z

hk tensões
deformações

Figura 4.2 – Distribuição das deformações e tensões ao longo de uma placa laminada
46 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Os esforços Nx, Ny, Nxy e Nyx são determinados pela imposição do equilíbrio

de forças atuantes em uma seção transversal:


h/2 n

∫ σ x (dz .1) = ∑ σ x hk
k
N x .1 =
−h / 2 k =1
h/2 n

∫ σ y (dz .1) = ∑ (4.1)


k
N y .1 = σy hk
−h / 2 k =1
h/2 n

∫ τ xy (dz .1) = ∑
k
N yx .1 = N xy .1 = τ xy hk
−h / 2 k =1

Considerando que os deslocamentos na direção x e y são u e v,

respectivamente, as deformações normais e angulares correspondentes a estas

solicitações são:
∂u
εx =
∂x
∂v
εy = (4.2)
∂y
∂u ∂v
γ yx = +
∂y ∂x

As tensões σx, σy e σxy são obtidas no sistema de eixos de referência x, y, e

z, e estão relacionadas com as deformações pela matriz de rigidez, eq. (3.13).

Considerando somente os esforços de membrana, os esforços Nx, Ny, e Nxy são

determinados em função das constantes elásticas de cada lâmina:

{ }
n
N x = ∑ Q11
k k
ε x + Q12 k
ε y + Q16 γ xy hk (4.3)
k =1

que de maneira mais compacta pode escrito:

Nx = A11 ε x + A12 ε y + A16 γ xy (4.4)


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 47

onde:
n
A 11 = ∑ Q11
k
hk
k =1
n
A 12 = ∑ Q12
k
hk (4.5)
k =1
n
A 16 = ∑ Q16
k
hk
k =1

De maneira análoga:

Ny = A 21 ε x + A 22 ε y + A 26 γ xy (4.6)

com:
n
A 2 j = ∑ Q2k j hk (4.7)
k =1

N xy = A 61 ε x + A 62 ε y + A 66 γ xy (4.8)

com:
n
A 6 j = ∑ Q6k j hk (4.9)
k =1

Exprimindo os esforços Nx, Ny, e Nxy em forma matricial, temos:

 N x   A 11 A 12 A 16   ε x 
    
 N y  =  A 21 A 22 A 26   ε y  (4.10)
N   A A 62 A 66  γ xy 
 xy   61

com:
48 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

n
A ij = ∑ Qijk hk (4.11)
k =1

Observações:

As expressões acima são independentes da ordem de empilhamento das lâminas.

Os termos de acoplamento A16, A26, A61 e A62 se anulam quando o laminado é

simétrico e equilibrado (mesmo número de lâminas de mesma espessura na

direção +θ e -θ) ou anti-simétrico.

A partir dos esforços Nx, Ny, e Nxy, pode-se determinar as tensões globais

(fictícias), considerando o laminado como sendo homogêneo:


Nx
σx =
h
Ny
σy = (4.12)
h
N xy
τ xy =
h

A lei de comportamento em membrana do laminado “homogêneo” é da seguinte

forma:

σx   A 11 A 12 A 16   ε x 
  1  
 σ y  =  A 21 A 22 A 26   ε y  (4.13)
τ  h  A A 62 A 66  γ xy 
 xy   61

Os componentes da matriz de comportamento acima podem também ser

apresentados em termos de porcentagem de lâminas numa mesma orientação em

relação á espessura total.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 49

n
1 h
A ij = ∑ Qijk k (4.14)
h k =1 h

Da inversão da matriz de comportamento acima, obtêm-se as constantes

elásticas aparentes ou homogeneizadas do laminado:

 1 − ν yx ηxy 
 Ex Ey Gxy   σ 
 εx    x
  − ν xy 1 µ xy σ 
 εy  =  (4.15)
γ   Ex Ey Gxy   y 
 xy   ηx  τ xy 
µy 1 
 Ex Ex Gxy 

A partir destas constantes elásticas, uma vez conhecido o carregamento

aplicado no laminado (Nx, Ny e Nxy), é possível determinar as deformações.

Exemplo 4.1 – Considere o laminado simétrico e balanceado (-45°/+45°/+45°/-45°)

em vidro/epóxi. Determine as constantes elásticas do laminado se cada lâmina tem

espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.

A matriz constitutiva das lâminas no sistema de ortotropia (1, 2, 3), eq. (2.12),

é da seguinte forma:

46,1 3,7 0

[Q] =  3,7 12,3 0  10 3 MPa (4.16)
 0 0 4,5

Para as lâminas orientadas à -45°, a matriz constitutiva das lâminas no

sistema de referência (x, y, z), eq. (3.13), é da forma:


50 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 20,9 11,9 8,46 


Q  0
  −45 =  11,9 21,0 8,46  103 MPa (4.17)
 
8,46 8,46 12,8 

Para as lâminas orientadas à +45°, a matriz constitutiva das lâminas no

sistema de referência (x, y, z), eq. (3.13), é da forma:

 20,9 11,9 −8,46 


Q  0
  +45 =  11,9 21,0 −8,46  103 MPa (4.18)
 
 −8,46 −8,46 12,8 

A matriz [A] que representa a rigidez em membrana do laminado, eq. (4.10) é:

 41,87 23,89 0 
[A ] = 23,89 41,91 0  10 3 N
 (4.19)
mm
 0 0 25,51

A lei de comportamento em membrana do laminado considerado “homogêneo”,

eq. (4.13) é da seguinte forma:

 σx   41,87 23,89 0   εx 
  1  
 σ y  =  23,89 41,91 0   ε y  103 MPa (4.20)

  2 0 0 25,51  γ xy 
τ
 xy    

Logo, invertendo o sistema dado pela eq. (4.20), as constantes elásticas

podem ser encontradas:

Ex = 14,13 103 MPa, Ey = 14,14 103 MPa, νxy = 0,5701, νyx = 0,5705,

Gxy =12,76 103 MPa

e os termos de acoplamento são:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 51

ηxy = 0.0, µxy = 0.0, ηx = 0.0, µy = 0.0

As curvas abaixo ilustram a evolução das constantes elásticas

homogeneizadas de um laminado simétrico e balanceado em vidro/epóxi na

configuração (θ°,-θ°,-θ°,θ°) (ver Tabela 1.4).

Ex (GPa) Ey (GPa)
50 50

40 40

30 30

20 20

10 θ 10 θ
0 15 30 45 60 75 90 0 15 30 45 60 75 90

Gxy (GPa)
15

13

10

3 θ
0 15 30 45 60 75 90
52 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

NUxy NUyx
1.0 1.0

0.8 0.8

0.5 0.5

0.3 0.3

0.0 θ 0.0 θ
0 15 30 45 60 75 90 0 15 30 45 60 75 90

Figura 4.3 – Constantes elásticas homogeneizadas de um laminado simétrico e

balanceado em vidro/epóxi

Exemplo 4.2 – Considere o laminado anti-simétrico e balanceado (-45°/+45°/-

45°/+45°) em vidro/epóxi. Determine as constantes elásticas do laminado se cada

lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa,

ν12 = 0,30.

As matrizes constitutivas no sistema de eixos de ortotropia e de referência

são idênticas às apresentadas no exemplo 4.1. A matriz [A] e a lei de

comportamento em membrana do laminado considerado “homogêneo”, também são

idênticas, logo as constantes elásticas são também idênticas e são:

Ex = 14,13 103 MPa, Ey = 14,14 103 MPa, νxy = 0,5701, νyx = 0,5705,

Gxy =12,76 103 MPa

e os termos de acoplamento são:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 53

ηxy = 0,0, µxy = 0,0, ηx = 0,0, µy = 0,0

Observa-se que nos dois exemplos anteriores, o laminado pode ser

considerado quase isotrópico.

Exemplo 4.3 – Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória

(-30°/+45°/+60°/-45°) em vidro/epóxi. Determine as constantes elásticas do

laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0

GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.

A matriz constitutiva no sistema de eixos de ortotropia é a mesma dada pela

eq. (4.16). Para as lâminas orientadas à -45° e +45°, as matrizes constitutivas das

lâminas no sistema de referência (x, y, z) são dadas pelas eqs. (4.17) e (4.18),

respectivamente. Para as lâminas orientadas à -30° e +60°, as matrizes constitutivas

das lâminas no sistema de referência (x, y, z) são respectivamente:

 31,5 9,88 10,9 


Q  0
  −30 = 9,88 14,6 3,75  103 MPa (4.21)
 
10,9 3,75 10,7 

 14,6 9,88 −3,74 


Q  0
  +60 = 9,88 14,6 −10,9  103 MPa
 (4.22)
 
 −3,74 −10,9 10,7 

A lei de comportamento em membrana do laminado considerado “homogêneo”,

é da seguinte forma:

σx  43,94 21,82 3,58   ε x 


  1   3
 σ y  =  21,82 35,51 − 3,57  ε y  10 MPa (4.23)
τ  2  3,58 − 3,57 23,45  γ 
 xy     xy 
54 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Logo, as constantes elásticas encontradas são:

Ex = 15,19 103 MPa, Ey = 15,31 103 MPa, νxy = 0,5131, νyx = 0,5170,

Gxy =10,94 103 MPa

e os termos de acoplamento são:

ηxy = -0,1603, µxy = 0,1788, ηx = -0,2225, µy = 0,2502

4.1.2 – Comportamento em flexão

No estudo do comportamento em flexão de estruturas laminadas em

materiais compostos é considerado um laminado de espessura total h com n lâminas

de espessura hk cada uma. Os esforços internos de flexão atuantes no laminado são

denotados Mx, My (momentos fletores por unidade de comprimento em torno dos

eixos y e x respectivamente); Mxy e Myx (momentos torçores por unidade de

comprimento) (ver Figura 4.4). Os eixos x, y, e z são novamente eixos de referência.

z Mx dy
Mxy dy
Mxy dx
My dx dy y
dx My dx

Mxy dx
Mxy dy
x Mx dy

Figura 4.4 – Esforços de flexão em um elemento de placa


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 55

Os esforços internos Mx, My, Mxy e Myx são determinados impondo o equilíbrio

de momentos numa seção transversal:


h/ 2
Mx .1 = ∫ σx (dz . 1) z
−h / 2
h/ 2
My .1 = ∫ σy (dz . 1) z (4.24)
−h / 2
h/ 2
Myx .1 = Mxy .1 = ∫ τ xy (dz . 1) z
−h / 2

A Teoria Clássica de Laminados considera as seguintes hipóteses: as seções

transversais que são planas e perpendiculares á superfície média antes do

carregamento, permanecem planas e perpendiculares após o carregamento (ver

Figura 4.5).

∂w 0
∂x

∂w 0
∂x
z

wo
zk
h zk-1 uo
com carregamento

sem carregamento

Figura 4.5 – Hipóteses de deslocamento pela Teoria Clássica de Laminados


56 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

O deslocamento de um ponto genérico distante z da superfície média é

definido como:

∂w o ( x,y )
u ( x,y,z ) = uo ( x,y ) − z
∂x
∂w o ( x,y )
v ( x,y,z ) = v o ( x,y ) − z (4.25)
∂y
w ( x,y,z ) = w o ( x,y )

onde uo, vo e wo são os deslocamentos da superfície média nas direções x, y e z,

respectivamente.

O estado de deformações obtido em conseqüência da definição do campo de

deslocamento dado pela eq. (4.25) é da forma:

∂uo ∂2wo
εx = −z
∂x ∂x 2
∂v o ∂2wo
εy = −z
∂x ∂y 2
 ∂u ∂v  ∂2wo
γ xy =  o + o  − z 2 (4.26)
 ∂y ∂x  ∂x∂y
γ xz = 0
γ yz = 0

ou de forma resumida:

ε x = ε 0x + z κ x
ε y = ε 0y + z κ y (4.27)
γ xy = γ 0xy + z κ xy

As deformações ε0x, ε0y e γ0xy são deformações normais e angular da

superfície média, e κx, κy e κxy as curvaturas.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 57

Considerando a matriz de comportamento de cada lâmina no sistema de eixos

de referência, os momentos são da forma:

n  zk 
Mx = ∑  ∫ Q11
k =1 
k
( k
ε x + Q12 k
ε y + Q16 γ xy ) z dz  (4.28)
 zk −1 

que, levando em conta as deformações, dadas pela eq. (4.26):

 zk 
[ ( ) ( ) ( )]
n
M x = ∑  ∫ Q11 k
z ε 0x + z 2 κ x + Q12
k
z ε 0y + z 2 κ y + Q16
k
z γ 0xy + z 2 κ xy dz  (4.29)
k =1  z k −1 

zk
Se considerarmos que o laminado é simétrico, as integrais do tipo ∫ Q1j z dz ,
k

z k −1

− z k −1
se anulam com as integrais ∫ Q1j z dz , consideradas para as lâminas simétricas com
k

− zk

relação a superfície neutra, logo:


n  3
(3
 k z k − z k −1
M x = ∑ Q11 κ x + Q12
3
)3
k z k − z k −1 (3 3
k z k − z k −1
κ y + Q16
) 
κ xy 
( ) (4.30)
k =1 
 3 3 3 

que, de forma mais compacta, pode ser colocado:

Mx = D11κ x + D12 κ y + D16 κ xy (4.31)

com:

D1j = ∑
n
Q1jk
(z 3
k − zk3−1 ) (4.32)
k =1 3

Os momentos My e Mxy podem ser também obtidos de forma análoga. Assim,

colocadas em forma matricial, as expressões de momentos são:


58 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 M  D D12 D16   κ x 
 x   11   
 My  = D21 D22 D26   κ y  (4.33)
  D D62 D66   κ xy 
Mxy   61  

com:

Dij = ∑
n
Qijk
(z 3
k − zk3−1 ) (4.34)
k =1 3

Observações:

As expressões acima dependem da ordem de empilhamento das lâminas.

Os coeficientes D16 e D26 são termos de acoplamento que torçem o laminado

quando aplicados somente momentos de flexão e os coeficientes D61 e D62 são

termos de acoplamento que extendem o laminado quando aplicados somente

momentos de torção.

Questão: É possível um laminado flexionar devido a um carregamento do tipo

membrana. Considere o campo de deformações do laminado em flexão devido aos

esforços de membrana:

n  zk 
Nx = ∑  ∫ Q11
k =1 
k
( k
ε x + Q12 k
ε y + Q16 γ xy ) dz  (4.35)
 k −1
z 

n  zk 
Nx = ∑  ∫ Q11
k =1 

k
(
ε0x + z κ x + Q12
k
)
ε0y + z κ y + Q16
k
( )
 (
γ 0xy + z κ xy  dz  ) (4.36)
 zk −1 

Como anteriormente, se considerarmos que o laminado é simétrico, as


zk − z k −1
integrais do tipo ∫ Q1kj z dz , se anulam com as integrais ∫ Q1j z dz , consideradas
k

z k −1 − zk
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 59

para as lâminas simétricas com relação a superfície neutra, logo:

{ }
n
N x = ∑ Q11
k
ε 0x + Q12
k
ε 0y + Q16
k
γ 0xy hk (4.37)
k =1

Portanto, para laminados simétricos, esforços do tipo membrana não causam

deformações de flexão.
zk
De uma forma geral, para laminados não simétricos, as integrais ∫ Q1j z dz
k

z k −1

− z k −1
não se anulam com as integrais ∫ Q1j z dz , assim, o comportamento global de um
k

− zk

laminado é da forma:

 ε x 
0
 Nx  
N  
[A ] [B]  ε0 
 y   y 
N xy     γ 0xy 
 =   (4.38)
 M x    κ x 
 My   [B] [D]  κ y 
    
M xy    κ xy 

onde os coeficientes da matriz [B] são da forma:


n
B ij = ∑ Qijk
(z 2
k − z k2−1 ) (4.39)
k =1 2

Exemplo 4.4 – Considere um laminado simétrico e balanceado (-30°/+30°/+30°/-30°)

em vidro/epóxi submetido a uma força Nx = 1000 N/mm. Determine as deformações

e as curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 =

45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.


60 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

A matriz constitutiva no sistema de eixos de ortotropia é a mesma dada pela

eq. (4.16). Para as lâminas orientadas à -30° e +30°, as matrizes constitutivas das

lâminas no sistema de referência (x, y, z) são as mesmas dadas pelas eqs. (4.21) e

(4.22):

A matriz de comportamento para este laminado simétrico, dada pela eq.

(4.38) é da forma:

N x = 1000   62,91 19,77 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0    
 y  19,77 29,12 0 0 0 0   ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 0 0 0   γ 0xy  3
 =    10 (4.40)
 Mx = 0   0 0 0 20,97 6,59 5,45   κ x 
 My = 0   0 0 0 6,59 9,71 1,87   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 5,45 1,87 7,13  κ xy 

As deformações e as curvaturas podem então ser determinadas resolvendo o

sistema dado pela eq. (4.40):

ε0x = 0,202e-01, ε0y = -0,137e-01, γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

Exemplo 4.5 – Considere um laminado anti-simétrico e balanceado (30°/-30°/+30°/-

30°) em vidro/epóxi submetido a uma força Nx = 1000 N/mm. Determine as

deformações e as curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm.

Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.

A matriz de comportamento para este laminado anti-simétrico, é da forma:

Nx = 1000   62,91 19,77 0 0 0 −5,45   ε x 


0

 N =0    0
 y  19,77 29,12 0 0 0 −1,87   ε y 
 N =0   0 0   γ xy  3
0
 xy  0 21,39 −5,45 −1,87
 =    10 (4.41)
 Mx = 0   0 0 −5,45 20,97 6,59 0   κx 
 My = 0   0 0 −1,87 6,59 9,71 0   κy 
    
 Mxy = 0   −5,45 −1,87 0 0 0 7,13   κ xy 
 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 61

Resolvendo o sistema dado pela eq. (4. ), as deformações e as curvaturas são:

ε0x = 0,213e-01, ε0y = -0,136e-01, γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,127e-01

Exemplo 4.6 – Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória

(-45°/+30°/+45°/-30°) em vidro/epóxi submetido a uma força Nx = 1000 N/mm.

Determine as deformações e as curvaturas do laminado se cada Lâmina tem

espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.

A matriz de comportamento para este laminado com empilhamento aleatório é

da forma:

Nx = 1000  52,39 21,83 0 −2,63 0,52 −1,22   ε x 


0

 N =0    0
 y   21,83 35,51 0 0,52 1,60 2,35   ε y 
 N =0   0 21,39 −1,22 2,35 0,52   γ xy  3
0
 xy  0
 =    10 (4.42)
 M x = 0   − 2,63 0,52 − 1,22 17,46 7,28 4,84   κx 
 My = 0   0,52 1,60 2,35 7,28 11,84 3,05   κ 
    y
 Mxy = 0   −1,22 2,35 0,52 4,84 3,05 7,82   κ xy 

Resolvendo a eq. (4.42), as deformações e as curvaturas determinadas são:

ε0x = 0,265e-01, ε0y = -0,167e-01, γ0xy = 0,337e-03, κx = 0,360e-02, κy = -0,329e-02,

κxy = 0,821e-02

Conclusão: Em um laminado não simétrico com uma solicitação do tipo membrana, as

curvaturas não são nulas. Logo, o laminado pode fletir devido a uma força Nx (κx ≠ 0,

κy ≠ 0, κxy ≠ 0).

Exemplo 4.7 – Considere o laminado simétrico e balanceado (-30°/+30°/+30°/-30°)

em vidro/epóxi submetido a um momento Mx = 1000 Nmm/mm. Determine as


62 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

deformações e as curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm.

Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.

A matriz de comportamento para este laminado simétrico é a mesma dada

pela eq. (4.40).

 N x = 0   62,91 19,77 0 0 0 0   ε 0x 
 N =0    
 y  19,77 29,12 0 0 0 0   ε 0y 
 N xy = 0   0 0 21,39 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (4.43)
 M x = 1000   0 0 0 20 ,97 6,59 5,45   κx 
 My = 0   0 0 0 6,59 9,71 1,87   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 5,45 1,87 7,13  κ xy 

Assim, as deformações e as curvaturas podem então ser determinadas

resolvendo o sistema dado pela eq. (4.43):

ε0x = 0,0 , ε0y = 0,0 , γ0xy = 0.0, κx = 0,718e-01, κy = -0,402e-01, κxy = -0,443e-01

Conclusão: No comportamento em flexão do laminado simétrico, os termos de

acoplamento não são nulos (D16 ≠ 0 e D26 ≠ 0). A deformação do laminado devido a um

momento Mx pode ser portanto como apresentado pela Figura 4.6:

placa isotrópica
placa laminada

Figura 4.6 – Placas isotrópica e laminada submetidas a um momento fletor


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 63

Exemplo 4.8 – Considere o laminado anti-simétrico e balanceado (-30°/+30°/-

30°/+30°) em vidro/epóxi submetido a um momento Mx = 1000 Nmm/mm. Determine

as deformações e as curvaturas do laminado se cada lâmina tem espessura 0,5 mm.

Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 = 0,30.

A matriz de comportamento para este laminado anti-simétrico, é a mesma

dada pela eq. (4.41):

 Nx = 0   62,91 19,77 0 0 0 −5,45   ε x 


0

 N =0    0
 y  19,77 29,12 0 0 0 −1,87   ε y 
 N =0   0 0   γ xy  3
0
 xy  0 21,39 −5,45 −1,87
 =
     10 (4.44)
Mx = 1000   0 0 −5,45 20,97 6,59 0   κx 
 My = 0   0 0 −1,87 6,59 9,71 0   κy 
    
 Mxy = 0   −5,45 −1,87 0 0 0 7,13   κ xy 
 

Resolvendo o sistema de equações dado pela eq. (4.44), as deformações e as

curvaturas são:

ε0x = 0,0, ε0x = 0,0, γ0xy = 0,127e-01, κx = 0,638e-01, κy = -0,409e-01 , κxy = 0,0

Exemplo 4.9 – Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória

(-45°/+30°/+45°/-30°) em vidro/epóxi submetido a um momento Mx = 1000

Nmm/mm. Determine as deformações e as curvaturas do laminado se cada lâmina

tem espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, ν12 =

0,30.

A matriz de comportamento para este laminado com empilhamento aleatório é

a mesma dada pela eq. (4.42):


64 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 Nx = 0  52,39 21,83 0 −2,63 0,52 −1,22   ε x 


0

 N =0    0
 y   21,83 35,51 0 0,52 1,60 2,35   ε y 
 N =0   0 21,39 −1,22 2,35 0,52   γ xy  3
0
 xy  0
 =    10 (4.45)
Mx = 1000   −2,63 0,52 −1,22 17,46 7,28 4,84   κ x 
 My = 0   0,52 1,60 2,35 7,28 11,84 3,05   κ 
    y
 Mxy = 0   − 1,22 2,35 0,52 4,84 3,05 7,82   κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (4.45), as deformações e as

curvaturas determinadas são:

ε0x = 0,360e-02, ε0y = 0,106e-02, γ0xy = 0,101e-01, κx = 0,883e-01, κy = -0,471e-01,

κxy = -0,366e-01

4.1.3 – Efeito da temperatura

O comportamento de estruturas laminadas pode ser estudado incluindo o

efeito da temperatura. Considerando o comportamento em membrana e em flexão,

as tensões nas lâminas podem ser definidas da seguinte maneira:

 σ x   Q11 Q12 Q16   ε 0x + z κ x   Q11 Q12 Q16   ε x t 


       
 σ y  =  Q21 Q22 Q26   ε 0y + z κ y  −  Q21 Q22 Q26   ε y t  (4.46)
τ   Q Q62 Q66  γ 0xy + z κ xy   Q61 Q62 Q66  γ xy t 
 xy   61

Os esforços de membrana e de flexão do laminado, eqs, (4,1) e (4.24)

respectivamente, podem então ser obtidos como sendo:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 65

  ε x   Nx t 
0
 Nx  
N  
[A ] [B]   ε0   N 
 y   y   yt 
N xy     γ 0xy  N xy t 
 =   −  (4.47)
 M x     κ x   Mx t 
 My   [B] [D]   κ y   My t 
      
M xy    κ xy  M xy t 

onde:
n
Nx t = ∑ Q11
k

k =1
( k
ε x t + Q12 k
εy t + Q16 γ xy t hk ) (4.48)

e:

n (z 2
− zk2−1 )
Mx t = ∑
k =1
( k
Q11 k
ε x t + Q12 k
εy t + Q16 γ xy t ) k

2
(4.49)

Os esforços Ny t, Nxy t, My t e Mxy t são obtidos por analogia.

Exemplo. 4.10 – Considere um laminado simétrico (-45°/+30°/+30°/-45°) em

kevlar/epóxi com espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Determine as deformações

e as curvaturas se o laminado é submetido a uma variação de temperatura de -90°C

oriunda do processo de cura da resina. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 =

2,0 GPa, ν12 = 0,35, α1 = -0,4 x 10-5 °C-1, α2 = 5,8 x 10-5 °C-1.

A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia

(1, 2, 3), eq. (2.12), é da seguinte forma:

76,7 1,94 0 
[Q] = 1,94 5,55 0  10 3 MPa (4.50)
 0 0 2,0
66 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Para as lâminas orientadas à -45°, a matriz constitutiva no sistema de

referência (x, y, z), eq. (3.13), é da forma:

 23,5 19,5 17,8 


Q  0
  −45 = 19,5 23,5 17,8  103 MPa (4.51)
 
17,8 17,8 19,6 

Para as lâminas orientadas à +30°, a matriz constitutiva no sistema de

referência (x, y, z), eq. (3.13), é da forma:

 45,7 15,1 −23,0 


Q  0 
= 15,1 10,1 −7,79  103 MPa (4.52)
  +30  
 −23,0 −7,79 15,2 

As deformações de origem térmica calculadas no sistema de eixos de

ortotropia são: ε1t = 3.6e − 4 , εet = −5,22e − 3 e γ12t = 0 .

Para as lâminas orientadas à -45° e à +30°, as deformações de origem térmica

calculadas no sistema de eixos de referência (x, y, z), eq. (3.10), são

respectivamente:

 ε xt   −24,3 
   
 ε yt  =  −24,3  10−4 (4.53)
   55,8 
 γ xyt −45  

 ε xt   −10,35 
   
 ε yt  =  −38,25  10−4 (4.54)
   −48,32 
 γ xyt +30  

A matriz de comportamento e o vetor relativo ao carregamento térmico,

dados pela eq. (4.47), são da forma:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 67

 0
 Nx = 0   69,20 34,67 −5,24 0 0 0   εx   0,061 
N = 0    0 −2,222 
 y  34,67 33,69 10,00 0 0 0  εy 
   
Nxy = 0   −5,24 10,00 34,78 0 0 0  0  0,306  1
   γ xy  3
 =    10 −   10 (4.55)
 Mx = 0   0 0 0 17,52 12,65 8,45   κ 
x  0 
 My = 0   0 0 0 12,65 14,58 9,73   κ   0 
    y   
Mxy = 0   0 0 0 8,45 9,73 12,7  κ   0 

 xy 

Resolvendo o sistema de equações dado pela eq. (4.55), as deformações e as

curvaturas obtidas são:

ε0x = +0,109e-02, ε0y = -0,202e-02, γ0xy = +0,834e-03, κx = 0,0, κy = 0,0,κxy = 0,0.

Ex. 4.11: Considere um laminado com seqüência de empilhamento aleatória

(-30°/+45°/+30°/-45°) em kevlar/epóxi com espessura de 0,5 mm para cada lâmina.

Determine as deformações e as curvaturas se o laminado é submetido a uma

variação de temperatura de -90°C oriunda do processo de cura da resina. Considere:

E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35, α1 = -0,4 x 10-5 °C-1, α2 = 5,8 x

10-5 °C-1.

A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia

(1, 2, 3) é dada pela eq. (4.50). Para as lâminas orientadas à -45°, a matriz

constitutiva no sistema de referência (x, y, z) é dada pela eq. (4.51), e para as

lâminas orientadas à +45°, a matriz constitutiva no sistema de referência é da

forma:

 23,5 19,5 −17,8 


Q  0
  +45 =  19,5 23,5 −17,8  103 MPa (4.56)
 
 −17,8 −17,8 19,6 
68 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Para as lâminas orientadas à +30°, a matriz constitutiva no sistema de

referência (x, y, z) é dada pela eq. (4.52), e para as lâminas orientadas à -30°, a

matriz constitutiva no sistema de referência é da forma:

 45,7 15,1 23,0 


Q  0
  −30 =  15,1 10,1 7,79  103 MPa (4.57)
 
 23,0 7,79 15,2 

As deformações de origem térmica das lâminas à -45° e à +30° são dadas

pelas eqs. (4.52) e (4.53), respectivamente. As deformações de origem térmica das

lâminas à +45° e à -30° são respectivamente:

 ε xt   −24,3 
   
 ε yt  =  −24,3  10−4 (4.58)
   −55,8 
 γ xyt +45  

 ε xt   −10,35 
   
 ε yt  =  −38,25  10−4 (4.59)
   48,32 
 γ xyt −30  

A matriz de comportamento e o vetor relativo ao carregamento térmico,

dados pela eq. (4.47), são da forma:

 Nx = 0  69,20 34,67  ε0 
0 −5,55 1,10 −2,62   x   0,061 
N = 0    0  
ε
3,35 5,00   y 
 y  34,67 33,69 0 1,10
   −2,222 
 
Nxy = 0   0 0 34,78 −2,62 5,00 1,10   γ 0xy  3  0,00  1
 =   10 −  10 (4.60)
 Mx = 0   −5,55 1,10 −2,62 23,07 11,56 10,20   κ x  −0,286 
 My = 0   1,10 3,35 5,00 11,56 11,23 6,40   κ   0,286 
    y   
Mxy = 0   −2,62 5,00 1,10 10,20 6,40 11,59     0,153 
 κ xy 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 69

Resolvendo o sistema de equações dado pela eq. (4.60), as deformações e as

curvaturas obtidas são:

ε0x = 0,917e-03, ε0y = -0,190e-02, γ0xy = -0,284e-03, κx = -0,106e-02 , κy = 0,108e-

02, κxy = 0,152e-02.

Conclusão: O processo de cura da resina pode provocar flexão em um laminado não

simétrico.

4.2 – Teoria de Primeira Ordem (T


(T.P.O.)

No estudo do comportamento em flexão de placas laminadas a Teoria de

Primeira Ordem considera as seguintes hipóteses: as seções transversais que eram

planas e perpendiculares á superfície média antes do carregamento, permanecem

planas mas não mais perpendiculares à superfície média após o carregamento (ver

Figura 4.7). Como resultado destas hipóteses o cisalhamento transverso é não nulo,

γxz ≠ 0 e γyz ≠ 0.

O deslocamento de um ponto genérico distante z da superfície média é dado

da forma:

u(x,y,z) = u0 (x,y) + z.α(x,y)


v(x,y,z) = v 0 (x,y) + z.β(x,y) (4.62)
w(x,y,z) = w 0 (x,y)

onde uo, vo e wo são os deslocamentos da superfície média nas direções x, y e z, e α

e β são as inclinações de seção nos planos (x,z) e (y,z), respectivamente.


70 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

γxz

∂w o
∂x α

∂w o
∂x

z
w0

u0
x

Figura 4.7 – Hipóteses de deslocamento da Teoria de Primeira Ordem

O estado de deformações obtidos em conseqüência da definição do campo de

deslocamento dado pela eq. (4.62).


∂u0 ∂α
εx = +z
∂x ∂x
∂v ∂β
εy = 0 + z
∂y ∂y
 ∂u ∂v   ∂α ∂β 
γ xy =  0 + 0  + z  +  (4.63)
 ∂y ∂x   ∂y ∂x 
∂v ∂w
γ yz = +
∂z ∂y
∂u ∂w
γ xz = +
∂z ∂x

ou de forma resumida:
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 71

ε x = ε0x + z κ x
ε y = ε0y + z κ y
γ xy = γ 0xy + z κ xy (4.64)
∂w o
γ yz = α +
∂y
∂w o
γ xz =β+
∂x

onde ε0x, ε0y e γ0xy são deformações normais e angular na superfície média e κx, κy e

κxy são as curvaturas.

Os esforços internos cisalhantes ou esforços cortantes por unidade de

comprimento, Qx e Qy são determinados impondo o equilíbrio de forças verticais

atuantes numa seção transversal (ver Figura 4.8):

Q y  h / 2 τ yz 
  = ∫   dz (4.65)
Q x  −h / 2 τ xz 

Q x dy
Nx dy
z Mx dy
Mxy dy Q y dx
Mxy dx Nxy dy
Nyx dx
My dx y
dy
My dx
Ny dx dx Q x dy
Ny dx
Q y dx
Nyx dx
Nxy dy
x Mx dy Mxy dy

Nx dy

Figura 4.8 – Esforços de internos em um elemento de placa pela T.P.O.


72 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Considerando que a deformação cisalhante transversa é constante ao longo da

espessura do laminado, porém como cada lâmina de forma geral tem uma rigidez

diferente ao cisalhamento, a eq. (4.65) se torna:


k
Qy  n k  τ yz 
z

  = ∑ ∫   dz (4.66)
Qx  k =1 zk −1  τ xz 

A matriz constitutiva no sistema de ortotropia considerando somente os

efeitos de cisalhamento transverso é da forma:

τ23  G23 0   γ 23  Q44 Q45   γ 23 


 =  =   (4.67)
 τ13   0 G13   γ13  Q54 Q55   γ13 

A relação das tensões medidas no sistema de referência com as tensões

medidas no sistema de ortotropia, considerando somente os efeitos de cisalhamento

transverso, é dada pela matriz de transformação:

 τ yz  c −s   τ23   τ 23 
 =    = [Tσ ]   (4.68)
 τ xz   s c   τ13   τ13 

De maneira análoga, a relação das deformações medidas no sistema de

referência com as deformações medidas no sistema de ortotropia é dada pela

mesma matriz de transformação:

 γ yz   c s   γ 23   γ 23 
 =    = [ Tε ]   (4.69)
 γ xz   −s c   γ13   γ13 

Multiplicando a matriz de transformação na relação constitutiva na qual é

considerado somente os efeitos do cisalhamento transverso, eq. (4.67), temos:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 73

 τ23  Q44 Q45   γ 23 


[Tσ ]   = [ Tσ ] Q  
Q55   γ13 
(4.70)
 τ13   54

e, substituindo a eq. (4.69) na eq. (4.70), temos:

 τ yz  Q44 Q45   γ yz  Q44 Q45   γ yz 


t 
  = [ Tσ ] Q [ ]
 σ  =
T    (4.71)
 τ xz   54 Q55   γ xz  Q54 Q55   γ xz 

Substituindo a eq. (4.71) na eq. (4.66), e considerando que as deformações

cisalhantes são constantes ao longo da espessura, temos:


k
Qy  n zk Q44 Q45   γ yz 
 =∑ ∫   dz   (4.72)
Qx  k =1 zk −1 Q54 Q55   γ xz 

Realizando a integral ao longo da espessura da lâmina k:


k
Qy  n Q44 Q45   γ yz 
  = ∑ hk     (4.73)
Qx  k =1 Q54 Q55   γ xz 

Colocando a eq. (4.73) de forma compacta:

Qy  F44 F45   γ yz 


 =   (4.74)
Qx  F54 F55   γ xz 

A equação de comportamento que inclui o efeito do cisalhamento transverso

obtida com a Teoria de Primeira Ordem é da forma :


74 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 Nx   ε0x   Nx t 
N     0  
 y    ε y   Ny t 
N   [A] [B]   γ 0  N 
 xy     xy   xy t 
 Mx     κ x   Mx t 
 =   −  (4.75)
 My   [B] [D]   κ y   My t 
M    κ   
 xy     xy  Mxy t 
 Qy    γ yz   0 
   [F]     
 Q x   γ xz   0 

4.3 – Determinação da deflexão em placas laminadas

O comportamento em flexão de placas laminadas pode ser estudo pela Teoria

Clássica de Laminados e pela Teoria de Primeira Ordem, as quais utilizam as

relações matriciais de comportamento, dadas pelas eqs. (4.47) e (4.75),

respectivamente, para a determinação de sua deflexão.

Em virtude do acoplamento em placas laminadas em suas diferentes formas:

membrana/flexão, deformação normal/deformação cisalhante, flexão/torção,

somente alguns casos serão estudados. Neste sentido, somente os laminados

simétricos serão estudados, [B] = 0.

A deflexão em placas laminadas simétricas é determinada a partir da relação

momentos/curvaturas dada pela eq. (4.76):

 Mx  D11 D12 D16   κ x 


     
 My  = D21 D22 D26   κ y  (4.76)
  D D62 D66   κ xy 
Mxy   61  

onde, pela Teoria Clássica de Laminados as curvaturas são:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 75

∂2wo
κx = −
∂x 2
∂2wo
κy = − (4.77)
∂y 2
∂2wo
κ xy = −2
∂x∂y

e, pela Teoria de Primeira Ordem as curvaturas são:


∂α
κx =
∂x
∂β
κy = (4.78)
∂y
 ∂α ∂β 
κ xy =  + 
 ∂y ∂x 

Sabe-se, no entanto que, como a Teoria de Primeira Ordem prevê o

cisalhamento transverso, a relação entre os esforços cortantes e as deformações

cisalhantes transversas é dada pela eq. (4.74).

Para comparar os resultados obtidos com a Teoria Clássica de Laminados e a

Teoria de Primeira Ordem, considere um laminado simétrico bi-apoiado com a

seguinte disposição de lâminas (0°/90°/90°/0°).

z
q(y)
y

x
wo (x)
L/2 L/2
76 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Em função das condições de apoio e do carregamento aplicado, sabe-se que os


q(y) q(y)
esforços internos são: Mx = − x , My = Mxy = 0, Q x = − e Qx = 0 . E, em
2 2

função da disposição das lâminas, sabe-se que os termos de acoplamento na relação

momentos/curvaturas são D16 = D26 = D61 = D62 = 0. Logo, a eq. (4.76) se reduz a:

Mx  D11 D12 0 κ 


x
    
 0  = D21 D22 0   κy  (4.79)
   
 0   0 0 0 
 κ xy 

Conclui-se portanto que κ xy = 0 , e a relação entre κx e κy é:

D21
κy = − κx (4.80)
D22

Substituindo a eq. (4.80) na eq. (4.79) e considerando que D12 = D21:

 D122 
Mx =  D11 −  κx (4.81)
 D22 

Invertendo a eq. (4.81), a expressão que fornece a curvatura é:

 D22 
κ x =   Mx
2 
(4.82)
 D11D 22 − D12 

A deflexão da placa laminada pode ser determinada pela Teoria Clássica de

Laminados com as eqs. (4.77) e (4.82):

∂2w o  D22 
2
= −   Mx
2 
(4.83)
∂x  D11D22 − D12 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 77

Considerando a equação de evolução de Mx e integrando a eq. (4.83) obtém-se

a inclinação da seção transversal do laminado no trecho (0 < x < L/2):

∂w o  D22 x q 
∂x
= −   ∫  − x  dx + C1
2 
(4.84)
 D11D22 − D12  0  2 

Resolvendo a eq. (4.84), tem-se:

∂w o  D22 q 2
=   4 x + C1
2 
(4.85)
∂x D D
 11 22 − D12 

Integrando a eq. (4.85) obtém-se a deflexão do laminado no trecho (0 < x <

L/2):

 D22  q 3
w o (x) =   x + C1 x + C2
2 
(4.86)
 D11D22 − D12  12

As constantes de integração C1 e C2 são determinadas impondo as condições


∂w o
de contorno em x = 0, wo = 0 e em x = L/2, = 0 . Assim:
∂x

 D22  q  L 2
C1 = −  2 
  
 D11D22 − D12  4  2  (4.87)
C2 = 0

Logo, a deflexão do laminado no trecho (0 < x < L/2) é:

 D22  q  x 3  L 2 
w o (x) =    −   x
2 
(4.88)
 D11D22 − D12  4  3  2  

A deflexão máxima em x = L/2 pela Teoria Clássica de Laminados é:


78 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 D22  qL3
w o (max) = −  2 
 (4.89)
 D11D22 − D12  48

A deflexão da placa laminada pode ser determinada pela Teoria de Primeira

Ordem com as eqs. (4.78) e (4.82):

∂α  D22 
=  2 
Mx (4.90)
∂x  D11D22 − D12 

Integrando a eq. (4.90) obtém-se a inclinação da seção transversal do

laminado no trecho (0 < x < L/2):

 D22 x q 
α =   ∫  − x  dx + C3
2 
(4.91)
 D11D22 − D12  0  2 

Resolvendo a eq. (4.91):

 D22 q 2
α = −   4 x + C3
2 
(4.92)
D D
 11 22 − D12 

A relação entre a inclinação e a deflexão é dada pela deformação cisalhante

transversa γxz:
∂w
γ xz = α + (4.93)
∂x

Em função da disposição das lâminas, tem-se que da eq. (4.74):

Q x = F55 γ xz (4.94)

Substituindo a eq. (4.94) na eq. (4.93) e considerando Qx:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 79

∂w q
=− −α (4.95)
∂x 2F55

Substituindo a eq. (4.92) na eq. (4.95):

∂w  D22 q 2  q 
=  2 
x −  C +  (4.96)
∂x  D11D22 − D12  4
3
 2F55 

Integrando a eq. (4.96) obtém-se a deflexão do laminado no trecho (0 < x <

L/2):

 D22  q 3  q 
w o (x) =  2 
 x −  C3 +  x + C4 (4.97)
 D11D22 − D12  12  2F55 

As constantes de integração são determinadas impondo as condições de

contorno em x = 0, wo = 0 e em x = L/2, α = 0. Assim:

 D22  q  L 2
C3 =  2 
  
 D11D22 − D12  4  2  (4.98)
C4 = 0

Logo, a deflexão do laminado no trecho (0 < x < L/2) é:

 D22  q 3  D22  q  L 2 q 
w o (x) =  2 
 12 x −   
D D −D  4 2
2   + x (4.99)
D D
 11 22 − D12  
 11 22 12 
2F55 

Reagrupando os termos, a eq. (4.99) se torna:

 D22  q  x 3  L 2  q
w o (x) =  2 
  −   x − x (4.100)
D D
 11 22 − D12  
4  3  2  
 2F55

A deflexão máxima em x = L/2 pela Teoria de Primeira Ordem é:


80 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 D22  qL3 q L
w o (max) = −  2 
 − (4.101)
 D11D22 − D12  48 2F55 2

Comparando a eq. (4.89) com a eq. (4.101) percebe-se que a deflexão obtida

pela Teoria Clássica de Laminados é menor que a deflexão obtida pela Teoria de

Primeira Ordem. Isto significa que pela Teoria Clássica de Laminados o laminado é

considerado mais rígido.

Uma outra comparação dos resultados obtidos com a Teoria Clássica de

Laminados e Teoria de Primeira Ordem pode ser realizada em uma placa laminada

simétrica em balanço com a disposição de lâminas (0°/90°/90°/0°).

z
q(y)
y

x
wo (x)

Em função das condições de apoio e do carregamento aplicado, sabe-se que os

esforços internos são: Mx = q(y) (L − x ) , My = Mxy = 0, Q x = −q( y) e Qx = 0. E, em

função da disposição das lâminas, sabe-se que os termos de acoplamento na relação

momentos/curvaturas são D16 = D26 = D61 = D62 = 0. Desta forma, a eq. (4.82)

continua sendo válida para estas condições.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 81

Pela Teoria Clássica de Laminados a inclinação da placa laminada pode ser

determinada pela integração da eq. (4.83). Logo:

∂w o  D22 x
∂x
= −   ∫ q (L − x ) dx + C1
2 
(4.102)
 D11D22 − D12  0

Resolvendo a eq. (4.102):

∂w o  D22   x2 
= −  2 
q
  Lx −  + C1 (4.103)
∂x D D
 11 22 − D12   2 

Integrando a eq. (4.103) obtém-se a deflexão do laminado:

 D22   x2 x3 
w o (x) = −   qL
2 
−  + C1 x + C2 (4.104)
 D11D22 − D12   2 6 

As constantes de integração são determinadas impondo as condições de


∂w o
contorno em x = 0, wo = 0 e = 0 . Assim:
∂x
C1 = 0
(4.105)
C2 = 0

A deflexão máxima em x = L pela Teoria Clássica de Laminados é:

 D22  L3
w o (max) = −  q
2 
(4.106)
 D11D22 − D12  3

A inclinação da placa laminada pode ser determinada pela Teoria de Primeira

pela integração da eq. (4.90) que resulta:

 D22   x2 
α =   q
2  
Lx −  + C3 (4.107)
 D11D22 − D12   2 
82 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Considerando as eqs. (4.93) e (4.94), tem-se:


∂w q
=− −α (4.108)
∂x F55

Substituindo a eq. (8.19) na eq. (8.23):

∂w  D22   x2   q 
= −  
2 
q  Lx −  −  C3 +  (4.109)
∂x  D11D22 − D12   2   F55 

Integrando a eq. (4.109) obtém-se a deflexão do laminado:

 D22   x2 x3   q 
w o (x) = −  2 
 qL −  −  C3 +  x + C4 (4.110)
 D11D22 − D12   2 6   F55 

As constantes de integração são determinadas impondo as condições de

contorno em x = 0, wo = 0 e α = 0. Assim:
C3 = 0
(4.111)
C4 = 0

A deflexão máxima em x = L pela Teoria de Primeira Ordem é:

 D22  L3 q
w o (x) = −  2 
 q − L (4.112)
 D11D22 − D12  3 F55

Novamente neste exemplo é observado que pela Teoria Clássica de Laminados

o laminado é considerado mais rígido.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 83

4.4 – Determinação das tensões de cisalhamento transverso em placas laminadas

As tensões de cisalhamento transversas, como visto anteriormente, são

constantes ao longo da espessura de cada lâmina, quando determinadas pela Teoria

de Primeira Ordem e nulas pela Teoria Clássica de Laminados. Para obter a

distribuição correta destas tensões seja pela T.P.O, seja pela T.C.L., considere um

elemento infinitesimal de volume dx, dy e dz submetido a um estado de tensões

triaxiais. Por comodidade, somente as tensões na direção x são mostradas na Figura

4.8:

z ∂τ xz
τ xz + dz
∂z

σx

τ xy
∂σ
σ x + x dx
∂x y

τ xz ∂τxy
τ xy + dy
x ∂y

Figura 4.8 – Elemento submetido à um estado de tensões triaxiais

Impondo o equilíbrio estático da direção x, temos:

 ∂σ   ∂τ xy 
− σ x dydz +  σ x + x dx  dydz − τ xy dxdz +  τ xy + dy  dxdz
 ∂x   ∂y 
Σ Fx = 0, (4.113)
 ∂τ 
− τ xz dxdy +  τ xz + xz dz  dxdy = 0
 ∂z 
84 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Após algumas simplificações, a eq. (4.113) resulta na equação diferencial que

representa o equilíbrio na direção x:

∂σ x ∂τ xy ∂τ xz
+ + =0 (4.114)
∂x ∂y ∂z

As equações diferenciais que representam o equilíbrio nas direções y e z

podem ser obtidas de maneira análoga:


∂σ y ∂τ yx ∂τ yz
+ + =0 (4.115)
∂y ∂x ∂z

∂σz ∂τzx ∂τzy


+ + =0 (4.116)
∂z ∂x ∂y

A distribuição da tensão cisalhante transversa τxz na lâmina k pode ser obtida

a partir da eq. (4.114), e de σx e τxy obtidas da eq. (4.47):


zk
 ∂σ x ∂τxy 
τ xz = − ∫  +  dz (4.117)
zk −1  ∂x ∂y 

Em não havendo o efeito da temperatura, tem-se:

 k ∂ 0 k ∂ k ∂
zk ( ) 0
( ) ( 0
)
Q11 ∂x ε x + zκ x + Q12 ∂x ε y + zκ y + Q16 ∂x γ xy + zκ xy + 

τ xz =− ∫   dz (4.118)
∂ 0 ∂ 0 ∂ 0
zk −1 Qk (
ε + zκ x + Q62
 61 ∂y x
k
∂y
) ( ) k
ε y + zκ y + Q66
∂y
(
γ xy + zκ xy ) 


A distribuição da tensão cisalhante transversa τxz na lâmina k pode então ser

obtida seja pela Teoria Clássica de Laminados, seja pela Teoria de Primeira Ordem.

De maneira a comparar o cisalhamento transverso determinado por estas


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 85

duas teorias, considere o caso da placa laminada simétrica bi-apoiada com disposição

de lâminas (0°/90°/90°/0°).

Em função do carregamento aplicado e da disposição das lâminas, tem-se:


zk
 k ∂ k ∂ ∂ 
τ xz = − ∫ ( ) ( )
Q11 ∂x ( zκ x ) + Q12 ∂x zκ y + Q66 ∂y zκ xy  dz
k
(4.119)
zk −1  

Pela Teoria Clássica de Laminados, a tensão de cisalhamento transverso é:


zk
 k ∂3 w ∂3 w ∂3 w 
∫  11 ∂x3 12 ∂x∂ 2 y (4.120)
k k
τ xz = Q + Q + 2Q 66 2 
z dz
zk −1 ∂x∂ y 

Se a largura da placa é muito maior que o seu comprimento (a>>L), pode-se

considerar que as variações na direção y são desprezíveis quando comparadas com

as variações na direção x. Logo:


zk
∂3 w
∫ (4.121)
k
τ xz = Q11 z dz
zk −1 ∂x 3

Considerando a equação de deflexão obtida pela Teoria Clássica de Laminados

dada pela eq. (4.88), tem-se:

∂3 w  D22 q
=   (4.122)
∂x3  D11D22 − D122  2

Substituindo a eq. (4.122) na eq. (4.121) e integrando:

k  q 2
τ xz = Q11 
D22
2 
 (
zk − zk2−1 ) (4.123)
 D11D22 − D12  4
86 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Observa-se que a distribuição da tensão de cisalhamento transversa τxz ao

longo da espessura do laminado é quadrática e pode ser determinada impondo as

condições de contorno que são: tensões nulas nas bordas inferior e superior e

continuidade das mesmas na interface de uma lâmina a outra.

Pela Teoria de Primeira Ordem, a tensão de cisalhamento transverso é:


zk
 k  ∂ 2α  k  ∂ 2β  k  ∂ α
2
∂ 2β  
τ xz = − ∫  11  ∂x2  12  ∂x∂y  66  ∂y2 ∂y∂x   dz
 Q  z  + Q  z  + Q  z + z (4.124)
zk −1  

Se (a>>L), pode-se considerar que as variações na direção y são desprezíveis.

Logo:
zk
∂ 2α
∫ (4.125)
k
τ xz = − Q11 z dz
zk −1 ∂x 2

Considerando a equação de inclinação obtida pela Teoria de Primeira Ordem

dada pela eq. (4.92), tem-se:

∂ 2α  D22 q
2
= −  2 
 (4.126)
∂x  D11D22 − D12  2

Substituindo a eq. (4.126) na eq. (4.125) e integrando:

k  q 2
τ xz = Q11 
D22
2 
 (
zk − zk2−1 ) (4.127)
 D11D22 − D12  4

Comparando as eqs. (4.127) e (4.123), pode ser observado que elas são

idênticas. Conclui-se portanto que as teorias T.C.L. e T.O.P. fornecem a mesma

distribuição de tensão de cisalhamento transverso.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 87

A distribuição da tensão cisalhante transversa τyz, pode ser obtida a partir da

eq. (4.115), e de σx e τxy obtidas da eq. (4.47):

 ∂τ yx ∂σ y 
zk

τ yz = − ∫  ∂x + ∂y  dz
zk −1 
(4.128)

E, a distribuição da tensão normal σz, pode ser obtida a partir das eqs.

(4.116), (4.117) e (4.128):

 ∂τzx ∂τzy
zk

σz = − ∫ 
z k −1
∂x
+
∂y
 dz

(4.129)

4.5 - Vibrações em placas laminadas

Para o estudo de placas laminadas em vibração é necessário primeiramente, a

obtenção das equações de equilíbrio, considerando o efeito de inércia.

Posteriormente, pode-se aplicar a Teoria Clássica de Laminados ou a Teoria de

Primeira Ordem. Para a solução das equações diferenciais pode-se considerar o

método de Rayleigh-Ritz que propõe uma resposta no espaço que respeita as

condições de contorno do problema.

4.5.1 – Equações lineares de equilíbrio de placas

Considere um elemento de placa infinitesimal de dimensões dx, dy, e

espessura h submetido a esforços variáveis de membrana (força por unidade de

comprimento), Figura 4.9.


88 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

z
N xy dx N x dy

N y dx N xy dx
dy y
dx  ∂N y 
Ny + dy dx
 ∂y 
 
 ∂N xy 
 N xy + dy dx
 ∂N xy   ∂y
x  N xy + dx dy  
 ∂x
 
 ∂N x 
Nx + dx dy
 ∂x 

Figura 4.9 – Esforços de membrana sobre um elemento de placa

Impondo o equilíbrio estático na direção x e considerando o efeito de inércia,

tem-se:

 ∂Nxy  n zk
 ∂Nx  ∂ 2uo
−Nx dy +  Nx + dx  dy − Nxy dy +  Nxy + dy  dx = ∑ ∫ ρ dz dxdy 2
k
(4.130)
 ∂x   ∂y  k =1 zk −1 ∂t

∂ 2uo
onde ρkdzdxdy é a massa de um elemento infinitesimal da lâmina e é a sua
∂t 2

aceleração na direção x.

Simplificando a eq. (4.130):

∂Nx ∂Nxy n
∂ 2uo
+ = ∑ ρ hk
k
(4.131)
∂x ∂y k =1 ∂t 2

Analogamente, com relação ao eixo y, temos:


∂Ny ∂Nxy n
∂2 vo
+ = ∑ ρ hk k
(4.132)
∂y ∂x k =1 ∂t 2
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 89

Considere agora, o mesmo elemento de placa infinitesimal submetido a

esforços de flexão e de cortante, ambos por unidade de comprimento.

Q x dy
z Mx dx
Mxy dy  ∂Q y 
Qy + dy dx
 ∂y 
Q y dx Mxy dx  
My dx dy y
dx  ∂Q x   ∂My 
Qx + dx dy  My + dy  dx
 ∂x   ∂y 
 ∂M xy 
 Mxy + dy  dx
 ∂Mxy   ∂y 
x M
 xy + dx  dy
 ∂Mx   ∂x 
 Mx + ∂x dx  dy
 

Figura 4.10 – Esforços de flexão e cortantes em um elemento de placa

Impondo o equilíbrio das forças na direção z, temos:

 ∂Q y  n zk
 ∂Q x  ∂2w
−Q x dy +  Q x + dx  dy − Q y dx +  Q y + dy  dx = ∑ ∫ ρk dz dxdy 2 (4.133)
 ∂x   ∂y  k =1 zk −1 ∂t

Simplificando, a eq. (7.4) resulta em:

∂Q y ∂Q x n
∂2 wo
+ = −∑ ρkhk (4.134)
∂y ∂x k =1 ∂t 2

Impondo o equilíbrio dos momentos com relação ao eixo x, temos:

 ∂My   ∂Mxy   ∂Q y 
−My dx +  My + dy  dx − Mxy dy +  Mxy + dx  dy −  Q y + dy  dx.dy = 0 (4.135)
 ∂y   ∂x   ∂y 

Desprezando termos de segunda ordem, a eq. (4.135) resulta em:


90 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

∂My ∂Mxy
+ − Qy = 0 (4.136)
∂y ∂x

Por analogia, do equilíbrio dos momentos com relação ao eixo y, tem-se:

∂M x ∂M xy
+ − Qx = 0 (4.137)
∂x ∂y

Somando a derivada da eq. (4.136) com relação a y, a derivada da eq. (4.137)

com relação a x, tem-se:

∂ 2Mx ∂ 2Mxy ∂ 2My n


∂2wo
∂x 2
+ 2
∂x∂y
+
∂2y
= − ∑ k ∂t 2
ρk
h (4.138)
k =1

4.5.2 – Vibrações de placas laminadas pela Teoria Clássica de Laminados

A procura pelas freqüências naturais de placas laminadas é realizada

exprimindo o campo de deslocamento da forma:

uo (x,y,t) = uo (x,y)eiωt
v o (x,y,t) = v o (x,y)eiωt (4.139)
w o (x,y,t) = w o (x,y)eiωt

onde uo(x,y), vo(x,y) e wo(x,y) são funções que devem respeitar as condições de

contorno e de continuidade do problema.

Para exemplificar, considere um laminado simétrico bi-apoiado com a seguinte

disposição de lâminas (0°/90°/90°/0°). Sabe-se que, em função da disposição das

lâminas, os termos de acoplamento [B] = 0, A16 = A26 = A61 = A62 = 0 e D16 = D26 = D61

= D62 = 0. Logo, as eqs. (4.131), (4.132) e (4.138) se reduzem, respectivamente a:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 91

z
y

a
x

1° modo
L

∂  ∂uo ∂v o  ∂   ∂uo ∂v o   n k ∂ 2uo


A + A + A
 66  +   = ∑ ρ hk (4.140)
∂x  ∂y  ∂y 
11 12
∂x  ∂y ∂x   k =1 ∂t 2

∂  ∂uo ∂v o  ∂   ∂uo ∂v o   n k ∂ 2 v o
A12 + A 22 +  A 66  +   = ∑ ρ hk (4.141)
∂y  ∂x ∂y  ∂x   ∂y ∂x   k =1 ∂t 2

∂2  ∂2w o ∂2wo  ∂2  ∂2wo ∂2wo  ∂2   ∂2wo 


D + D  + D + D  + 2 D 66    =
11 12 21 22
∂x∂y  
∂x 2  ∂x 2 ∂y 2  ∂y 2  ∂x 2 ∂y 2   ∂x∂y   (4.142)
n
∂2wo
−∑ ρk hk
k =1 ∂t 2

Derivando as eqs. (4.140), (4.141) e (4.142):

∂ 2uo ∂2vo  ∂ 2uo ∂v o  n k ∂ 2uo


A11
∂x 2
+ A 12
∂x∂y
+ A  ∂y 2 + ∂y∂x  = ∑ ρ hk ∂t 2
66  (4.143)
  k =1

∂uo ∂2vo  ∂ 2uo ∂ 2 v o  n k ∂ 2 v o


A12
∂y∂x
+ A 22
∂y 2
+ A  ∂x∂y + ∂x 2  = ∑ ρ hk ∂t 2
66  (4.144)
  k =1

∂4wo ∂4wo ∂4wo ∂4wo  ∂4wo  n


∂2wo
D11
∂x 4
+ D12
∂x 2∂y 2
+ D 21
∂x 2∂y 2
+ D 22
∂y 4
+ 2D 66 
 ∂x 2∂y 2  = − ∑ k ∂t 2
ρk
h (4.145)
  k =1
92 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

Considerando que a vibração ocorrerá preponderantemente na direção de z,

tem-se que:

∂ 2uo
=0
∂t 2
∂2 vo
=0 (4.146)
∂t 2
∂2 wo
2
= −ω2 Wo eiωt
∂t

No caso da placa bi-apoiada, o campo de deslocamento que satisfaz as

condições de contorno e de continuidade são:


mπx
uo (x) = Uo sen
L
mπy
v o (y) = Vo cos (4.147)
a
mπx mπy
w o (x,y) = Wo sen cos
L a

onde Uo, Vo, Wo são as amplitudes de vibração nas direções, x, y e z e m é o número

do modo a ser determinado.

Introduzindo a eq. (4.146) e as derivadas das eqs. (4.147) nas eqs. (4.43),

(4.144) e (4.145), temos:


2
 mπ  mπx
−Uo   sen A11 = 0 ⇒ Uo = 0 (4.148)
 L  L
2
 mπ  mπy
− Vo   cos A 22 = 0 ⇒ Vo = 0 (4.149)
 a  a
4 2 2 4 n
 mπ   mπ   mπ   mπ 
D
 L  11
 
+ 2  L   a 
   
( D12 + D 66 ) +
 
D
 a  22 = − ∑
k =1
(
ρk hk −ω2 ) (4.150)
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 93

Desenvolvendo a eq. (4.150), a primeira freqüência natural (m = 1) da placa

laminada bi-apoiada é:
4 2 2 4
π π π π
 L  D11 + 2  L   a  (D12 + D66 ) +  a  D22
ω=      
n
  (rad/s) (4.151)
∑ ρkhk
k =1

4.5.3 – Vibrações de placas laminadas pela Teoria de Primeira Ordem

A procura das freqüências naturais de placas laminadas é realizada

exprimindo o campo de deslocamento da forma:

uo (x,y,t) = uo (x,y)eiωt
v o (x,y,t) = v o (x,y)eiωt
w o (x,y,t) = w o (x,y)eiωt (4.152)
α(x,y,t) = α(x,y)eiωt
β(x,y,t) = β(x,y)eiωt

Considerando o mesmo exemplo usado anteriormente de um laminado

simétrico bi-apoiado com a seguinte disposição de lâminas (0°/90°/90°/0°), os

termos de acoplamento serão [B] = 0, A16 = A26 = A61 = A62 = 0, D16 = D26 = D61 = D62

= 0, além de F45 = F54 = 0. Logo, a eq. (4.133) que representa o equilíbrio de forças

na direção z se reduz a:

∂ ∂ n
∂2wo
∂y
( )
F44 γ yz + (F55 γ xz ) = −∑ ρk hk
∂x ∂t 2
(4.153)
k =1

Desenvolvendo a eq. (4.153):


94 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

∂  ∂w o  ∂  ∂w o  n
∂2wo
F44  β +  + F55  α + = −∑ ρ hk
k
(4.154)
∂y  ∂y  ∂x  ∂x  k =1 ∂t 2

Derivando a eq. (4.154):

 ∂β ∂ 2 w o   ∂α ∂ 2 w o  n
∂2 wo
F44  + 
∂y 2 
+ F 
55  + 
∂x 2 
= − ∑ k ∂t 2
ρk
h (4.155)
 ∂y  ∂x k =1

No caso da placa bi-apoiada, o campo de deslocamento que satisfaz as

condições de contorno e continuidade são:


mπx mπy
w o (x,y) = Wo sen cos
L a
mπx mπy
α(x,y) = A o cos cos (4.156)
L a
mπx mπy
β(x,y) = Bo sen sen
L a

onde Wo, Ao, Bo são as amplitudes de vibração e m é o número do modo a ser

determinado.

Derivando as eqs. (4.156) e substituindo na eq. (4.155), segue:


n
mπ  mπ  mπ  mπ 
F44
a  B o − Wo 
a 
− F55
L  A o + Wo
L  = − ∑
k =1
( )
ρk hk −ω2 Wo (4.157)

Isolando os termos em Ao, Bo e Wo, e sabendo que F44 = F55, tem-se:

mπ mπ  2 1 1 n k 
F44 A o − F44 Bo + F44 ( mπ )  2 + 2  + ∑ ρ hk ω2  Wo = 0 (4.158)
L a  a L  k =1 

Observa-se pela eq. (4.158) que há acoplamento entre os deslocamentos nas

direções x, y e z. Portanto, para a determinação das freqüências naturais da placa


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 95

laminada pela Teoria de Primeira Ordem, faz-se necessário o uso das eqs. (4.136) e

(4.137), que representa o equilíbrio de momentos com relação ao eixo x e y,

respectivamente, para a resolução do problema. Portanto, fazendo uso da eq.

(4.136):

∂  ∂α ∂β  ∂   ∂α ∂β    ∂w o 
D21 + D22  + D66  +   − F44  β + =0 (4.159)
∂y  ∂x ∂y  ∂x   ∂y ∂x    ∂y 

Desenvolvendo a eq. (4.159):

∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β   ∂w o 
D21 + D22 2 + D66  + 2  − F44  β + =0 (4.160)
∂x∂y ∂y  ∂x ∂y ∂x   ∂y 

Substituindo a eq. (4.156) na eq. (4.160):

 mπ   mπ   mπ 
2   mπ   mπ   mπ 
2 
D A −
 L   a  21 o  a  22 o D B + D 
66  A − B 
       L   a  o  L  o 
  (4.161)
  mπ  
−F44 Bo − Wo   = 0
  a 

Isolando os termos em Ao, Bo e Wo, tem-se:

 mπ   mπ   m π  2  mπ 
2   mπ 
 L   a  21[D + D 66 ] A o −  D +
 a  22  L  66 D + F44  Bo + F44   Wo = 0 (4.162)
         a 

Fazendo uso da eq. (4.137), tem-se:

∂  ∂α ∂β  ∂   ∂α ∂β    ∂w o 
D11 + D12  + D66  +   − F55  α + =0 (4.163)
∂x  ∂x ∂y  ∂y   ∂y ∂x    ∂x 

Desenvolvendo a eq. (4.163):


96 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β   ∂w o 
D11 + D + D 66  +  − F55  α + =0 (4.164)
∂x 
12
∂x 2
∂x∂y  ∂y
2
∂x∂y  

Substituindo a eq. (4.156) na eq. (4.164):

 mπ 
2
 mπ   mπ    mπ 2  mπ   mπ  
− D A +
 11 o  L   a  12 o D B + D  − A + B 
 L    
66
  a  o  L   a  o 
  (4.165)
  mπ  
−F55  A o +   Wo  = 0
  L  

Isolando os termos em Ao, Bo e Wo, tem-se:

 m π  2  mπ 
2   mπ   mπ   mπ 
  D +
11   D66 + F55  A o −     [D12 + D66 ] Bo + F55   Wo = 0 (4.166)
 L   a    L  a   L 

As freqüências naturais da placa laminada são determinadas colocando-se as

eqs. (4.158), (4.162) e (4.166) em uma forma matricial, temos:

 Ao 
[KM]  Bo  = 0 (4.167)
W 
 o

A primeira freqüência natural (m = 1) da placa laminada bi-apoiada pela Teoria

de Primeira Ordem é obtida impondo o determinante da matriz [KM] igual a zero.

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Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 97

π π  1 1 n
F44 −F55 F55 π2  2 + 2  + ∑ ρk hk ω2
L a a L  k =1
 π  π   π  2 π
2  π
 L   a  [D21 + D66 ] −   D22 +   D66 + F44  F44 =0
    a  L  a
 π  2 π
2   π  π  π
  11   D66 + F55 
D + −     [D12 + D66 ] F55
 L  a   L  a  L
(4.168)

Como D21 = D12 e F55 = F44, tem-se:

 π  2 π
2  π   π 
2 2
π
2  π
2
  D22 +   D66 + F44   F44  +   D11 +   D66 + F44   F44 
 a  L   L   L  a   a
2
 π  π     1 1 n 
+    [D12 + D66 ] F44 π2  2 + 2  + ∑ ρk hk ω2 
 L  a    a L  k =1 
 π  2 π
2   π 2 π
2   1 1 n 
−   D11 +   D66 + F44    D22 +   D66 + F44  F44 π2  2 + 2  + ∑ ρk hk ω2 
 L  a   a  L   a L  k =1 

 π  π  (F π ) −  π   π  D + D (F44 π ) = 0
−    [D12 + D66 ] 44
2 2

 L   a  [ 12 66 ]
 L  a  aL    aL

(4.169)

Reagrupando termos da eq. (4.169):


2 2
 D22 D66 F44   F44   D11 D66 F44   F44 
 2 + L2 + π2   L  +  L2 + a2 + π2   a 
a     
2
 1    1 1 n 
+  [D12 + D66 ] F44 π2  2 + 2  + ∑ ρk hk ω2 
 aL   a L  k =1  (4.170)
D D F  D D F    1 1 n 
−  11
2
+ 662
+ 442   22
2
+ 662
+ 442  F44 π2  2 + 2  + ∑ ρk hk ω2 
L a π  a L π  a L  k =1 
2
F 
−2 [D12 + D66 ]  44  = 0
 aL 
98 Comportamento Mecânico de Placas Laminadas

 2 1 1 n k 
2   1   D11 D66 F44   D22 D66 F44  
2
F π
 44  2 + 2  ∑
+ ρ hk ω    [ 12D + D 66 ] −  2 + 2
+ 2   2 + 2 + 2  +
  a L  k =1    aL   L a π  a L π  
2 2 2
 D22 D66 F44   F44   D11 D66 F44   F44   F44 
 a2 + L2 + π2   L  +  L2 + a2 + π2   a  − 2 [D12 + D66 ]  aL  = 0
       

(4.171)

Chamando de:
2 2 2
D D F   F  D D F F  F 
Φ =  22 2
+ 66
2
+ 442   44  +  112
+ 662
+ 442   44  − 2 [D12 + D66 ]  44 
a L π  L   L a π  a   aL 
  1 2
 D D66 F44   D22 D66 F44  
∆ =   [D12 + D66 ] −  11 2
+ 2
+ 2   2 + 2 + 2  (4.172)
  aL   L a π  a L π  

A eq. (4.171) pode ser reagrupada e a primeira freqüência natural (m = 1) da

placa laminada bi-apoiada é:

Φ  1 1
− − F44 π2  2 + 2 
∆ a L 
ω= n
(rad/s) (4.173)
∑ ρ hk k

k =1
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 99

5 – CRITÉRIOS DE RUPTURA

Os critérios de ruptura têm por objetivo permitir ao projetista avaliar a

resistência mecânica de estruturas laminadas. A ruptura de estruturas laminadas

em material composto pode se dar por diferentes mecanismos: ruptura das fibras,

ruptura da matriz, decoesão fibra/matriz, delaminação (descolamento das lâminas),

etc.

Os critérios de ruptura podem ser classificados da seguinte maneira:

critério de tensão máxima,

critério de deformação máxima,

critérios interativos ou critérios energéticos.

5.1 – Critério de tensão máxima

O critério de tensão máxima estipula que a resistência mecânica da lâmina

analisada é atingida quando umas das três tensões as quais a lâmina está sendo

submetida atingir o valor da tensão de ruptura correspondente. Desta forma, o

critério pode ser escrito da seguinte maneira:


X c < σ1 < X t
Yc < σ 2 < Yt (5.1)
− S < τ12 < S

onde: σ1, σ2 e τ12 representam as tensões longitudinal, transversal e de cisalhamento

no plano da lâmina. Xc e Xt representam as resistências mecânicas na direção

longitudinal em compressão e em tração, Yc e Yt representam as resistências

mecânicas na direção transversal em compressão e em tração e S representa a


100 Critérios de ruptura

resistência mecânica ao cisalhamento. Se as inequações acima são verificadas, a

lâmina não se romperá devido ao estado de tensão σ1, σ2 e τ12.

Como normalmente as lâminas estão orientadas segundo o sistema de eixos de

referência (x, y, z), girado de θ com relação ao sistema de eixos de ortotropia (1, 2,

3), a matriz de transformação dada pela eq. (3.9) deve ser utilizada:

σ x   c 2 s2 2sc   σ1 
   2
σy  =  s c 2  
− 2sc   σ 2  ou {σ } = [T ] {σ }
x
σ
1
(5.2)
τ  − sc sc c 2 − s 2  τ 
 xy     12 

A inversa da matriz de transformação fornece a relação das tensões medidas

no sistema de eixos (x, y, z) com as tensões nos eixos de ortotropia (1, 2, 3)

utilizadas no critério de tensão máxima:

{σ } = [T ] {σ }
1
σ
−1 x
(5.3)

5.2 – Critério de deformação máxima

O critério de deformação máxima estipula que a resistência mecânica da

lâmina analisada é atingida quando umas das três deformações as quais a lâmina está

sendo submetida atingir o valor da deformação de ruptura correspondente. Desta

forma, o critério pode ser escrito da seguinte maneira:


X εc < ε1 < X εt
Yεc < ε 2 < Yεt (5.4)
− S ε < γ 12 < S ε

onde: ε1, ε2 e γ12 representam as deformações longitudinal, transversal e de

cisalhamento no plano da lâmina. Xεc e Xεt representam as deformações máximas na


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 101

direção longitudinal em compressão e em tração, Yεc e Yεt representam as

deformações máximas na direção transversal em compressão e em tração e Sεc

representa a deformação máxima em cisalhamento. Se as inequações acima são

verificadas, a lâmina não se romperá devido as deformações ε11, ε22 e γ12.

Como normalmente as lâminas estão orientadas segundo os eixos ortogonais x

e y, girados de θ com relação aos eixos de ortotropia, a matriz de transformação,

eq. (3.9), deve ser utilizada:

 εx   c2 s2 sc   ε1 
  
 εy  =  s
2
c2
 
− sc   ε 2  ou {ε } = [T ] {ε }
x
ε
1
(5.5)
γ  − 2sc 2sc c 2 − s 2  γ 
 xy     12 

A inversa da matriz de transformação fornece a relação das deformações

medidas no sistema de eixos (x, y, z) com as deformações nos eixos de ortotropia

(1, 2, 3) utilizadas no critério de deformação máxima:

{ε } = [T ] {ε }
1
ε
−1 x
(5.6)

5.3 – Comparação entre os critérios de tensão máxima e de deformação máxima

Considere uma lâmina solicitada com as tensões como representadas abaixo:

2
σ2

σ1 σ1= 12 σ2

σ2
102 Critérios de ruptura

Suponhamos que as propriedades da lâmina sejam as seguintes:

Xt = 1400 MPa, Yt = 35 MPa, S = 70 MPa

E1 = 46 GPa, E2 = 10 GPa, G12 = 4,6 GPa, ν12 = 0,31

Procura-se valores de σ1 e σ2 para as quais a ruptura acontece. Utilizando o

critério de tensão máxima, temos:

σ1 < Xt e σ2 < Yt

ou seja:
Xt
12 σ2 < Xt, σ2 < = 117 MPa
12

e σ2 < Yt = 35 MPa

A ruptura se dará no menor valor de tensão, 35 MPa, e será na direção

transversal. O estado de tensão neste caso é σ1 = 12 x 35 = 420 MPa e σ2 = 35 MPa.

Utilizando o critério de deformação máxima e admitindo que o material se

comporta linearmente até a ruptura, temos:


Xt Y
X εt < e Yεt < t
E1 E2

As deformações nas direções longitudinal e transversal são definidas da

forma:
σ1 σ
ε1 = − ν 21 2
E1 E2

σ2 σ
ε2 = − ν 12 1
E2 E1
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 103

ν 12 ν 21
Como = , temos:
E1 E2

σ1 σ
ε1 = − ν 12 2 =
1
(σ1 − ν12 σ 2 ) < X t
E1 E1 E1 E1

σ2 σ
ε2 = − ν 21 1 =
1
(σ 2 − ν 21 σ1 ) < Yt
E2 E2 E2 E2

ou seja:
σ1 − ν 12 σ 2 < X t

σ 2 − ν 21 σ1 < Yt

Como σ1 = 12 σ2.
Xt
σ2 < = 120 MPa
12 − ν 12

Yt
σ2 < = 183 MPa
1 − 12ν 21

A ruptura se dará no menor valor de tensão, 120 MPa, e será na direção

longitudinal. O estado de tensão neste caso é σ1 = 12 x 120 = 1440 MPa e σ2 = 120

MPa.

Os valores encontrados utilizando o critério de tensão máxima σ1 = 420 MPa

e σ2 = 35 MPa e aqueles encontrados utilizando o critério de deformação máxima σ1

= 1440 MPa e σ2 = 120 MPa são contraditórios em valores e em modo de ruptura:

ruptura transversal no primeiro e longitudinal no segundo. Isto vem do fato de

estabelecer a relação entre tensão máxima e deformação máxima como

anteriormente, mas que devem ser mais complexas.


104 Critérios de ruptura

5.4 – Critérios interativos

Nos critérios de tensão máxima e deformação máxima, assume-se que os

mecanismos de ruptura longitudinal, transversal e de cisalhamento se produzem de

forma independente. De maneira a levar em consideração todos estes mecanismos

simultaneamente como no critério de von Mises para materiais isotrópicos, foram

desenvolvidos os critérios interativos ou energéticos.

5.4.1 – Revisão do critério de von Mises

Considere a energia de deformação total por unidade de volume em um

material isotrópico (densidade de energia de deformação) para um estado multiaxial

de tensões:

U total =
1
2E
( 2 2 2
σx + σy + σz −
ν
E
) (
σxσy + σyσz + σzσx +
1
2G
) (
τ 2 xz + τ 2 yz + τ 2 xz ) (5.7)

Esta energia de deformação total, medida nos eixos principais é da forma:

U total =
1
2E
( 2 2 ν
E
)
σ1 + σ 2 + σ 3 − (σ1σ 2 + σ 2 σ 3 + σ 3 σ1 )
2
(5.8)

A energia de deformação total acima, é dividida em duas partes: uma

causando dilatação do material (mudanças volumétricas), e outra causando

distorções de cisalhamento, Figura 5.2. É interessante lembrar que em um material

dúctil, admite-se que o escoamento do material depende apenas da máxima tensão

de cisalhamento.
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 105

σ2 σ σ2 − σ

σ1 = + σ1 − σ
σ

σ3
σ σ3 − σ
Energia de deformação Energia de Energia de
elástica total dilatação distorção

Figura 5.2 – Energias de deformação de dilatação e de distorção

A fim de facilitar a compreensão, somente o estado de tensão uniaxial será

considerado. A passagem para um estado de tensão multiaxial é automática. Desta

forma, para um estado de tensão uniaxial, as energias de dilatação e de distorção

são representadas da seguinte forma:

σ1/3 σ1/3
= + +
σ1 σ1

σ1/3

Energia de deformação Energia de Energia de


elástica total dilatação distorção

Figura 5.3 – Energias de dilatação e de distorção num elemento solicitado

axialmente

Os círculos de tensão de Mohr para os estados de tensão com somente

energia de distorção são, Figura 5.4.


106 Critérios de ruptura

τ τ

τmax = σ1/3 τmax = σ1/3

σ σ
0 0
σ1/3 σ1/3 σ1/3 σ1/3

Plano 1-2 Plano 1-3

Figura 5.4 – Círculos de tensão de Mohr para o cisalhamento puro

No tensor correspondente a energia de dilatação, os componentes são

definidos como sendo a tensão “hidrostática” média:


σ1 + σ 2 + σ 3
σ= (5.9)
3

onde σ1 = σ2 = σ3 = p = σ .

A energia de dilatação é determinada substituindo σ1 = σ2 = σ3 = p na

expressão de energia de deformação total e em seguida substituindo


σ1 + σ 2 + σ 3
p=σ= :
3
1 − 2ν
Udilatação = (σ1 + σ 2 + σ 3 )2 (5.10)
6E
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 107

A energia de distorção é obtida subtraindo da energia de deformação total a

energia de dilatação:

Udistorção =
1
12 G
[
(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 ] (5.11)

A energia de distorção em um ensaio de tração simples, onde neste caso σ1 =

σesc e σ2 = σ3 = 0 é da forma:

2 σ 2esc
Udistorção = (5.12)
12 G

Igualando a energia de distorção de cisalhamento com a energia no ponto de

escoamento à tração simples, estabelece-se o critério de escoamento para tensão

combinada.

(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 = 2 σ 2esc (5.13)

Freqüentemente a eq. (5.13) pode ser rearranjada, sendo a expressão

resultante chamada de tensão equivalente.

1
( σ1 − σ 2 ) + ( σ2 − σ3 ) + ( σ3 − σ1 ) 
2 2 2
σequ = (5.14)
2 

A eq. (5.13) pode também ser apresentada da forma:


2 2 2
 σ1   σ2   σ3   σ1 σ 2   σ2 σ3   σ 3 σ1 
  +   +   −   −   −   = 1 (5.15)
 σ esc   σ esc   σ esc   σ esc σ esc   σ esc σ esc   σ esc σ esc 

A equação acima é conhecida como sendo o critério de von Mises para um

estado multiaxial de tensões para materiais isotrópicos. Para um estado plano de


108 Critérios de ruptura

tensão, σ3 = 0, tem-se:
2 2
 σ1   σ1 σ 2   σ2 
  −   +   = 1 (5.16)
 σ esc   σ esc σ esc   σ esc 

5.4.2 – Critério de Hill

A energia de distorção para um material ortotrópico onde as tensões de

cisalhamento τ12, τ23 e τ31 são diferentes de zero, é obtida de maneira análoga à

obtida por um material isotrópico. Igualando a energia de distorção de cisalhamento

com a energia no ponto de ruptura, estabelece-se o critério de ruptura para tensão

combinada para materiais compostos.

F (σ1 − σ 2 ) + G (σ 2 − σ 3 ) + H (σ 3 − σ1 ) + 2L τ12
2 2 22
+ 2M τ 223 + 2N τ 31
2
=1 (5.17)

As constantes F, G, H, L, M e N são parâmetros da lâmina analisada e estão

ligadas as tensões de ruptura do material.

Colocando a equação acima sob uma outra forma, tem-se:

(F + H) σ12 + (F + G) σ 22 + (G + H) σ 32 − 2F σ1σ 2 − 2H σ1σ 3


(5.18)
2
− 2G σ 2 σ 3 + 2L τ12 + 2M τ 223 + 2N τ 31
2
=1

Para um ensaio em tração (ou compressão) na direção longitudinal (1), o

critério se reduz:
1
(F + H) X 2 = 1, (F + H) = (5.19)
X2

onde X é a tensão de ruptura em tração (ou compressão) na direção longitudinal.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 109

Da mesma forma, para um ensaio em tração (ou compressão) nas direções

transversais (2 e 3), o critério se reduz:


1
(F + G) Y 2 = 1, (F + G) = (5.20)
Y2

1
(G + H) Z 2 = 1, (G + H) = (5.21)
Z2

onde Y e Z são as tensões de ruptura em tração (ou compressão) nas direções

transversais.

Para um ensaio de cisalhamento no plano (1,2), o critério se reduz:


1
2L = 2
(5.22)
S12

onde S12 é a tensão de ruptura no cisalhamento no plano (1,2). Analogamente:


1
2M = (5.23)
S 223

1
2N = 2
(5.24)
S 31

Substituindo os parâmetros F, G, H, L, M e N na equação do critério de

ruptura para tensão combinada para os materiais compostos, eq. (5.18), tem-se:
2 2 2
 σ1   σ 2   σ 3   1 1 1   1 1 1 
  +  +  −  2 + 2 − 2  σ1σ 2 −  2 + 2 − 2  σ 2 σ 3
 X   Y   Z  X Y Z  Y Z X 
2 2 2
(5.25)
 1 1 1  τ  τ   τ 31 
−  2 + 2 − 2  σ 3 σ1 +  12  +  23  +   = 1
Z X Y   S12   S 23   S 31 

Para um estado plano de tensão, onde σ3 = τ23 = τ31 = 0:


110 Critérios de ruptura

2 2 2
 σ1   σ 2   1 1 1  τ 
  +  −  2 + 2 − 2  σ1σ 2 +  12  = 1 (5.26)
 X   Y  X Y Z   S12 

5.4.3 – Critério de Tsai-Hill

No critério de Tsai-Hill, o critério de Hill analisado para o estado plano de

tensão é simplificado fazendo-se Z = Y.


2 2 2
 σ1   σ 2   σ1σ 2   τ12 
  +  −  2  +   = 1 (5.27)
 X   Y   X   S12 

5.4.4 – Critério de Hoffman

No critério de Hoffman é levado em consideração a diferença do

comportamento em tração e em compressão. Este critério admite que a ruptura

acontece quando a igualdade é verificada:

C1 (σ1 − σ 2 ) + C 2 (σ 2 − σ 3 ) + C 3 (σ 3 − σ1 ) + C 4 σ1
2 2 2
(5.28)
2
+ C 5 σ 2 + C 6 σ 3 + C 7 τ12 + C 8 τ 223 + C 9 τ 31
2
=1

Observe que a diferença do critério de Hoffman para o critério de Hill está

na adição dos termos relativos aos parâmetros C4, C5, C6.

As constantes Ci são determinadas a partir de ensaios experimentais para a

obtenção das tensões de ruptura em tração e em compressão.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 111

1 1 1 1 
C1 =  + − 
2  Yt Yc Z t Z c X t X c 
1 1 1 1 
C2 =  + − 
2  Z t Z c X t X c Yt Yc 
1 1 1 1 
C3 =  + − 
2  X t X c Yt Yc Z t Z c 
1 1
C4 = −
X t Xc
1 1
C5 = −
Yt Yc
1 1
C6 = −
Z t Zc
1
C7 = 2
S12
1
C8 =
S 223
(5.29)
1
C9 = 2
S 31

Considerando somente o estado plano de tensão, o critério de Hoffman se põe

da seguinte maneira:
2
σ12 σ2 σσ X − Xt Y − Yt τ 
+ 2 − 1 2 + c σ1 + c σ 2 +  12  = 1 (5.30)
X t X c Yt Yc X t X c X t Xc Yt Yc  S12 

5.4.5 – Critério de Tsai-Wu

O critério de Tsai-Wu foi desenvolvido de maneira a melhorar a correlação

entre os resultados experimentais e teóricos a partir da introdução de parâmetros

adicionais. Considerando somente o estado plano de tensão, o critério de Tsai-Wu se

põe da seguinte forma:


112 Critérios de ruptura
2
σ12 σ2 σσ  1 1   1 1  τ 
+ 2 + 2F12 1 2 +  − σ1 +  − σ 2 +  12  = 1 (5.31)
X t X c Yt Yc X t Xc  X t Xc   Yt Yc   S12 

onde F12 é um coeficiente de acoplamento expresso da forma:

1   X t Xc   X t X c  2 
F12 = 1 − X
 c − X + (Y − Y )
t  σ + 
 1 + σ  (5.32)
Yt Yc  
t c
2σ 2   Yt Yc  

ou:

2   XX σ  XX XX  σ 245 
F12 = 2 1 −  X c − X t + t c (Yc − Yt ) 45 + 1 + t c + t c 
 2  (5.33)
σ 45   Yt Yc  2  Yt Yc S12 c  

onde σ e σ45 são as tensões de ruptura determinadas respectivamente em ensaios

biaxial (σ) e de tração à 45° (σ45). O coeficiente de acoplamento F12 é normalmente

utilizado para ajustar aos resultados obtidos experimentalmente e pode variar de

–1< F12<1. Fazendo F12 = –1/2, o critério de Tsai-Wu se transforma no critério de

Hoffman. Se, além disso fizermos Xt = Xc = X e Yt = Yc = Y, o critério se transforma

no critério de Tsai-Hill.

Exemplo 5.1 – Considere um laminado simétrico (0°/-45°/+45°)S em kevlar/epóxi

submetido a um carregamento do tipo membrana Nx = 1000 N/mm. Verifique,

utilizando o critérios da máxima tensão e de Tsai-Hill, se haverá ruptura em

qualquer das lâminas de espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa,

G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35, Xt = 1380 MPa, Xc = – 280 MPa, Yt = 28 MPa, Yc = – 140 MPa

e S12 = 55 MPa.
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 113

Lâmina à 0° Z = 1,5 mm
Lâmina à -45° Z = 1,0 mm
Lâmina à +45° Z = 0,5 mm
x
Lâmina à +45° Z = – 0,5 mm
Lâmina à -45° Z = –1,0 mm

Lâmina à 0° Z = –1,5 mm

A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia

(1, 2, 3) é dada pela eq. (4.50). Para a lâmina à 0°, a matriz constitutiva no sistema

de referência (x, y, z) é a mesma dada pela eq. (4.50). Para as lâminas orientadas à

-45° e +45°, as matrizes constitutivas no sistema de referência são dadas pelas eqs.

(4.51) e (4.54) respectivamente.

A matriz de comportamento para este laminado é da forma:

N x = 1000  123,7 41,00 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0  
41,00 52,64 0 0 0 0   ε0 
 y    x 
 N xy = 0   0 0 41,17 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (5.34)
 Mx = 0   0 0 0 137,1 16,09 8,89   κ x 
 My = 0   0 0 0 16,09 24,48 8,90   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 8,89 8,90 16,22 κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.34), as deformações e as

curvaturas determinadas são:

ε0x = 0,109e-01, ε0y = -0,849e-02 , γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

O estado de tensões medido no sistema de coordenadas de referência (x, y,

z) em cada ponto de uma lâmina distante z da superfície neutra é obtido usando a


114 Critérios de ruptura

eq. (3.23). Para o ponto à z = 1,5 mm e z = 1,0 mm, ou para o ponto à z = -1,5 mm e z

= - 1,0 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é o mesmo, já que as curvaturas são

nulas:

 σx   76,7 1,94 0   10,9 + 1,5 x 0,0 


    3 
 σy  = 1,94 5,55 0 10  −8,49 + 1,5 x 0,0  10−3 (5.35)
 
   0 0 2,0  0,0 + 1,5 x 00 
 τ xy  0
 

Logo:

 σx   σ1   819,56 
     
 σy  =  σ2  =  −25,65  MPa (5.36)
  τ   
 τ xy 0
 12 0  0 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 819,56
= = 0,59 < 1 OK
Xt 1380
σ 2 − 25,65
= = 0,18 < 1 OK
Yc − 140

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 819,56   − 25,65   819,56.( −25,65)   0 
  +  −  +   = 0,40 < 1 OK
 1380   − 140   1380 2   55 

Para o ponto à z = 1,0 mm e para z = 0,5 mm, ou para o ponto à z = -1,5 mm e

para z = - 0,5 mm na lâmina à - 45°, o estado de deformação é o mesmo, já que as

curvaturas são nulas:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 115

 σx   23,5 19,5 17,8   10,9 + 1,0 x 0,0 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 17,8 10  −8,49 + 1,0 x 0,0  10 −3 (5.37)
 
  17,8 17,8 19,6  0,0 + 1,0 x 0,0 
 τ xy  −45
 

O que resulta:

 σx  90,595 
   
 σy  = 13,035  MPa (5.38)
   42,898 
 τ xy  −45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que

2 2
cos( −45) = e sen( −45) = − , temos:
2 2

90,595  1 1 −2  σ1 
  1   
13,035  = 1 1 2   σ2  (5.39)
 42,898  2 1 −1 0   τ 
     12 

Logo:

 σ1   1 1 2  90,595  94,713 
  1    
 σ2  = 1 1 −2 13,035  =  8,917  MPa (5.40)
  2 
   
 τ12 −45  −1 1 0   42,898   −38,78 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 94,713
= = 0,069 < 1 OK
Xt 1380
σ2 8,917
= = 0,318 < 1 OK
Yc 28
τ12 −38,78
= = 0,71 < 1 OK
S12 −55
116 Critérios de ruptura

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 94,713   8,917   94,713.8,917   38,78 
 1380  +  28  −   +  55  = 0,603 < 1 OK
     13802   

Para o ponto à z = 0,5 mm ou para o ponto à z = - 0,5 mm na lâmina à + 45°, o

estado de deformação é também o mesmo:

 σx   23,5 19,5 −17,8   10,9 + 1,0 x 0,0 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 −17,8 10  −8,49 + 1,0 x 0,0  10−3 (5.41)
 
   −17,8 −17,8 19,6   0,0 + 1,0 x 0,0 
 τ xy  45
 

O que resulta:

 σx   90,595 
   
 σy  =  13,035  MPa (5.42)
   −42,898 
 τ xy  45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que

2 2
cos 45 = e sen 45 = , temos:
2 2

 90,595   1 1 2   σ1 
  1   
 13,035  =  1 1 −2  σ2  (5.43)
 −42,898  2  −1 1 0   τ 
     12 

Logo:

 σ1  1 1 −2  90,595  94,713 


  1     
 σ2  = 1 1 2   13,035  =  8,917  MPa (5.44)
  2    
 τ12 45 1 −1 0   −42,898   38,78 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 117

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 94,713
= = 0,069 < 1 OK
Xt 1380
σ2 8,917
= = 0,318 < 1 OK
Yc 28
S12 38,78
= = 0,71 < 1 OK
S 55

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 94,713   8,917   94,713.8,917   38,78 
 1380  +  28  −   +  55  = 0,603 < 1 OK
     13802   

Exemplo 5.2 – Considere o laminado simétrico (0°/-45°/+45°)S em kevlar/epóxi

submetido à um momento Mx = - 500 Nmm/mm. Utilize os critérios de Tsai-Hill,

Hoffman e Tsai-Wu para verificar se haverá ruptura em alguma das lâminas de

espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35, Xt

= 1380 MPa, Xc = -280 MPa, Yt = 28 MPa, Yc = -140 MPa e S12 = 55 MPa.

A matriz de comportamento para este laminado é da forma:

0   ε x 
0
 Nx = 0  123,7 41,00 0 0 0
 N =0  
0   εx 
0
 y   41,00 52,64 0 0 0
  
 Nxy = 0   0 0 41,17 0 0 0   γ 0xy 
 
 =    10
3
(5.45)
M
 x = − 500   0 0 0 137,1 16,09 8,89   κx 
 My = 0   0 0 0 16,09 24,48 8,90   κ y 
     
 Mxy = 0   0 0 0 8,89 8,90 16,22   κ 
 xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.45), as deformações e as

curvaturas determinadas são:

ε0x = 0,0, ε0y = 0,0 , γ0xy = 0,0, κx = -0,397e-02, κy = 0,227e-02, κxy = 0,930e-03
118 Critérios de ruptura

O estado de tensões medido no sistema de coordenadas de referência (x, y,

z) em cada ponto de uma lâmina distante z da superfície neutra é obtido usando a

eq. (4.46). Pelo fato do carregamento ser do tipo flexão e o laminado ser simétrico,

basta apenas aplicar um critério de ruptura no ponto mais distante da superfície

neutra na lâmina. Neste exemplo, os critérios de ruptura serão aplicados somente

nos pontos acima da superfície neutra, devendo o mesmo ser feito nos pontos abaixo

da superfície neutra. Para o ponto à z = 1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é

da forma:

 σx   76,7 1,94 0  0,0 + 1,5 x −3,97 


   
 σy  =  1,94 5,55 0  103  0,0 + 1,5 x 2,27  10−3 (5.46)
 
   0 0 2,0  0,0 + 1,5 x 0,93 
 τ xy  0
 

Logo:

 σx   σ1   −450,14 
     
 σy  =  σ2  =  7,35  MPa (5.47)
  τ   
 τ xy 0
 12 0  2,79 

Pelo critério de Tsai-Hill:

2 2 2
 −450,14   7,35   −450,14.7,35   2,79 
 −280  +  28  −   +  55  = 2,70 > 1 FALHA
     2802   

Pelo critério de Hoffman

( −450,14 ) 2 7,35 2 ( −450,14).7,35 − 280 − 1380


+ − + ( −450,14) +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  2,79 
7,35 +   = −2,16 > −1 FALHA
28.( −140 )  55 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 119

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:

( −450,14 ) 2 7,35 2 ( −450,14).7,35 − 280 − 1380


+ −2 + ( −450,14 ) +
1380.( −280 ) 28.( −140 ) 1380.( −280 ) 1380.( −280 )
2
− 140 − 28  2,79 
7,35 +   = −2,17 > −1 FALHA
28.( −140 )  55 

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 17,8  0,0 + 1,0 x −3,97 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 17,8 10  0,0 + 1,0 x 2,27  10−3 (5.48)
 
  17,8 17,8 19,6  0,0 + 1,0 x 0,93 
 τ xy  −45
 

O que resulta:

 σx   −32,476 
   
 σy  =  −7,516  MPa (5.49)
   −12,032 
 τ xy  −45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que

2 2
cos( −45) = e sen( −45) = − , temos:
2 2

 −32,476  1 1 −2  σ1 
  1   
 −7,516  = 1 1 2   σ2  (5.50)
  2 1 −1 0   τ 
 −12,032     12 

Logo:

 σ1   1 1 2   −32,476   −32,028 
  1    
 σ2  = 1 1 −2  −7,516  =  −7,964  MPa (5.51)
2  
     
 τ12 −45  −1 1 0   −12,032   12,48 
120 Critérios de ruptura

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 −32,028   −7,964   −32,028.(−7,964)   12,48 
 −280  +  −140  −   +  55  = 0,06 < 1 OK
     2802   

Pelo critério de Hoffman:

( −32,028)2 ( −7,964)2 32,028.7,964 −280 − 1380


+ − + (−32,028) +
1380.( −280) 28.( −140) 1380.( −280) 1380.( −280)
2
−140 − 28  12,48 
( −7,964) +   = −0,45 < −1 OK
28.( −140)  55 

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:

( −32,028)2 ( −7,964)2 32,028.7,964 −280 − 1380


+ − + (−32,028) +
1380.( −280) 28.( −140) 1380.( −280) 1380.( −280)
2
−140 − 28  12,48 
( −7,964) +   = −0,45 < −1 OK
28.( −140)  55 

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 −17,8 0,0 + 0,5 x −3,97 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 −17,8 10  0,0 + 0,5 x 2,27  10 −3 (5.52)
 
   −17,8 −17,8 19,6   0,0 + 0,5 x 0,93 
 τ xy  45
 

O que resulta:

 σx   −32,792 
   
 σy  =  −20,312  MPa (5.53)
   24,244 
 τ xy  45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 121

2 2
cos 45 = e sen 45 = , temos:
2 2

 −32,792   1 1 2   σ1 
  1   
 −20,312  =  1 1 −2  σ2  (5.54)
 24,244  2  −1 1 0   τ 
     12 

Logo:

 σ1  1 1 −2  −32,792   −50,796 


  1     
 σ2  = 1 1 2   −20,312  =  −2,303  MPa (5.55)
  2    
 τ12 45 1 −1 0   24,244   −6,24 

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2 2
 −50,796   −2,303   ( −50,796).( −2,303)   6,24 
 −280  +  −140  −   +  = 0,04 < 1 OK
     ( −280)2   55 

Pelo critério de Hoffman:

( −50,796)2 ( −2,303)2 ( −50,796).( −2,303) −280 − 1380


+ − + (−50,796) +
1380.( −280) 28.( −140) 1380.( −280) 1380.( −280)
2
−140 − 28  6,24 
( −2,303) +   = −0,31 < −1 OK
28.( −140)  55 

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:

( −50,796)2 ( −2,303)2 ( −50,796).( −2,303) −280 − 1380


+ − + (−50,796) +
1380.( −280) 28.( −140) 1380.( −280) 1380.( −280)
2
−140 − 28  6,24 
( −2,303) +   = −0,31 < −1 OK
28.( −140)  55 
122 Critérios de ruptura

Exemplo 5.3 – Considere o laminado simétrico (0°/90°)S em kevlar/epóxi submetido

à uma variação de temperatura de – 100° C. Utilize os critérios de Tsai-Hill,

Hoffman e Tsai-Wu para verificar se haverá ruptura em alguma das lâminas de

espessura 0,5 mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, ν12 = 0,35,

α1 = -0,4 x 10-5 °C-1, α2 = 5,8 x 10-5 °C-1, Xt = 1380 MPa, Xc = -280 MPa, Yt = 28 MPa,

Yc = -140 MPa e S12 = 55 MPa.

A matriz constitutiva das lâminas em kevlar/epóxi no sistema de ortotropia

(1, 2, 3) é dada pela eq. (4.50). Para as lâminas orientadas à 90°, a matriz

constitutiva no sistema de referência é da forma:

5,55 1,94 0 
Q 
  90 =  1,94 76,7 0  103 MPa (5.56)
 0 0 2,0 

As deformações de origem térmica das lâminas à 0° e à 90° são

respectivamente:

 ε xt   ε1t   0,4 
     
 ε yt  =  ε1t  =  −5,8  10−3 (5.57)
  γ   0 
 γ xyt  0
 12t   

 ε xt   ε2t   −5,8 
     
 ε yt  =  ε1t  =  0,4  10−3 (5.58)
  γ   0 
 γ xyt  90
 12t   

A matriz de comportamento para este laminado é da forma:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 123

 Nx = 0  82,23 3,88  ε0x 


0 0 0 0   0  −12,00 
N =0    −12,00 
 y   3,88 82,23 0 0 0 0   εx 
  0   
 Nxy = 0   0 0   
  0 4,00 0 0  γ xy  0
 =    10 − 
3
 (5.59)
 M x = 0   0 0 0 45,19 1,30 0   κx   0 
 My = 0   0 0 0 1,30 24,48 0  κ   0 
     y  
Mxy = 0   0 0 0 0 0 1,33  κ xy   0 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.56), as deformações e as

curvaturas determinadas são:

ε0x = -0,139e-03, ε0y = -0,139e-03, γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

O efeito da temperatura nas tensões em uma lâmina, eq. (3.22). Assim, as

tensões nas lâminas à 0° e à 90° obtidas no sistema de referência são:

 σx   76,7 1,94 0   −0,139 − 0,4   −30,36 


    3  −3  
 σy  = 1,94 5,55 0 10  −0,139 + 5,8  10 =  30,37  MPa (5.60)
 
   0 0 2,0  0   0 
 τ xy  0
   

 σx  5,55 1,94 0   −0,139 + 5,8   30,37 


    3  −3  
 σy  = 1,94 76,7 0 10  −0,139 − 0,4  10 =  −30,36  MPa (5.61)
 
   0 0 2,0  0   0 
 τ xy  90
   

Logo, as tensões nas lâminas à 0° e à 90° obtidas no sistema de ortotropia

são:

 σ1   σx   −30,36 
     
 σ2  =  σy  =  30,37  MPa (5.62)
τ     
 12 0  τ xy 0  0 
124 Critérios de ruptura

 σ1   σy   −30,37 
     
 σ2  =  σx  =  30,36  MPa (5.63)
τ     
 12 90  τ xy 90  0 

Aplicando os critérios de falha na lâmina à 0° e à 90°, tem-se:

Pelo critério de Tsai-Hill, temos:

2 2
 −30,37   30,36   (−30,37).(30,36) 
 −280  +  28  −   = 1,2 > 1 FALHA
     ( −280)2 

Pelo critério de Hoffman:

( −30,37)2 (30,36)2 ( −30,37).(30,36) −280 − 1380


+ − + (−30,37) +
1380.( −280) 28.( −140) 1380.( −280) 1380.(−280)
−140 − 28
(30,36) = 0,93 < 1 OK
28.( −140)

Pelo critério de Tsai-Wu, com F12 = 1, temos:

( −30,37)2 (30,36)2 ( −30,37).(30,36) −280 − 1380


+ − + (−30,37) +
1380.( −280) 28.( −140) 1380.( −280) 1380.(−280)
−140 − 28
(30,36) = 0,93 < 1 OK
28.( −140)

5.4 – Método de degradação

Os métodos de degradação aplicados à estruturas laminadas são métodos

iterativos de avaliação de falha em lâminas, que consistem em alterar as

propriedades mecânicas de lâminas rompidas segundo o modo de falha identificado,

de forma a melhor avaliar o processo de ruptura da estrutura. Os modos de falha de

uma lâmina podem ser: trinca da matriz, ruptura da fibra, delaminação, etc. São
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 125

inúmeros os métodos de degradação utilizados para alterar as propriedades

mecânicas de lâminas rompidas. Um dos métodos mais simples considera que, na

falha por trinca da matriz, as propriedades E2, E3, ν12, ν13, ν23, G12, G13 e G23 são

anuladas, E1 permanecendo inalterado. Na falha por ruptura da fibra, as

propriedades E1, ν12, ν13, G12 e G13 são anuladas, enquanto E2, E3, ν23 e G23

permanecem inalteradas. Na falha por delaminação, as propriedades G13 e G23 são

anuladas, enquanto que as restantes permanecem inalteradas.

Exemplo 5.4 – Considere um laminado simétrico (0°/90°/90°/0°) em kevlar/epóxi

com espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Aplique um método de degradação de

maneira a verificar se todo o laminado romperá quando submetido a um

carregamento Nx=500 M/mm. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa,

ν12 = 0,35, XT = 1380 MPa, XC = -280 MPa, YT = 28 MPa, YC = -280 MPa e S = 55 MPa.

z
y

Nx
Nx

A matriz de comportamento para este laminado é da forma:

Nx = 500  82,25 3,88 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0    
 y   3,88 82,25 0 0 0 0   ε 0x 
 Nxy = 0   0 0 4,00 0 0 0   γ 0xy  3
 =    10 (5.64)
 Mx = 0   0 0 0 45,20 1,29 0   κx 
 My = 0   0 0 0 1,29 45,20 0   κ y 
    
 Mxy = 0   0 0 0 0 0 1,33  κ xy 
126 Critérios de ruptura

Resolvendo o sistema dado pela eq. (5.61), as deformações e as curvaturas

determinadas são:

ε0x = 6,1e-03, ε0y = -2,9e-04 , γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:

 σx   76,7 1,94 0   6,00 + 1,0 x 0,0 


    3 
 σy  = 1,94 5,55 0 10  −0,29 + 1,0 x 0,0  10 −3 (5.65)
 
   0,00 + 1,0 x 0,0 
 τ xy  0
 0 0 2,0  

Logo:

 σ1   σx   459,64 
     
 σ2  =  σy  =  10,03  MPa (5.66)
τ     
 12 0  τ xy 0  0 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 459,64
= = 0,33 < 1 OK
Xt 1380
σ 2 10,03
= = 0,36 < 1 OK
Yc 28

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à 90°, o estado de tensão é:

 σx  5,55 1,94 0   6,00 + 1,0 x 0,0 


    3 
 σy  = 1,94 76,7 0 10  −0,29 + 1,0 x 0,0  10 −3 (5.67)
 
   0 0 2,0  0,00 + 1,0 x 0,0 
 τ xy  90
 

O que resulta:
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 127

 σx   32,74 
   
 σy  =  −10,60  MPa (5.68)
   0 
 τ xy  90
 

Logo:

 σ1   σy   −10,60 
     
 σ2  =  σx  =  32,74  MPa (5.69)
τ     
 12 90  τ xy 90  0 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 − 10,60
= = 0,04 < 1 OK
Xt − 280
σ 2 32,74
= = 1,17 < 1 FALHA
Yc 28

Considerando que o modo de falha das lâminas à 90° é do tipo trinca da

matriz, as propriedades mecânicas somente destas lâminas serão alteradas da

seguinte forma: E2 = 0, ν12 = 0 e G12 = 0. Logo a matriz constitutiva para estas

lâminas é agora da forma:

0 0 0
[Q ]900 = 0 76,7 0 10 3 MPa
 (5.70)
0 0 0

A matriz de comportamento para o laminado considerado degradado é da

forma:
128 Critérios de ruptura

N x = 500  76,7 1,94 0 0 0 0   ε 0x 


 N =0   1,94 82,25  0 
 y   0 0 0 0   εx 
 N xy = 0   0 0 2,00 0 0 0   γ 0 
 =   
xy
 10
3
(5.71)
 M x = 0   0 0 0 44,74 1,13 0   κx 
 My = 0   0 0 0 1,13 45,20 0   κy 
     
 M xy = 0   0 0 0 0 0 1,17 κ xy 

Resolvendo o novo sistema de equações dado pela eq. (5.68), as novas

deformações e as curvaturas são:

ε0x = 6,5e-03, ε0y =-1,5e-04 , γ0xy = 0,0, κx = 0,0, κy = 0,0, κxy = 0,0

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:

 σx   76,7 1,94 0   6,50 + 1,0 x 0,0 


   
 σy  =  1,94 5,55 0  103  −0,15 + 1,0 x 0,0  10−3 (5.72)
 
   0 0 2,0  0,00 + 1,0 x 0,0 
 τ xy  0
 

Logo:

 σ1   σx   498,26 
     
 σ2  =  σy  =  11,78  MPa (5.73)
τ     
 12 0  τ xy 0  0 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 498,26
= = 0,36 < 1 OK
Xt 1380
σ 2 11,78
= = 0,42 < 1 OK
Yc 28

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à 90°, o estado de tensão é:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 129

 σx  0 0 0  6,50 + 0,5 x 0,0 


    3 
 σy  = 0 76,7 0 10  −0,15 + 0,5 x 0,0  10 −3 (5.74)
 
  0 0 0  0,00 + 0,5 x 0,0 
 τ xy  90
 

O que resulta:

 σx   0 
   
 σy  =  −11,51 MPa (5.75)
   0 
 τ xy  90
 

Logo:

 σ1   σy   −11,51
     
 σ2  =  σx  =  0  MPa (5.76)
τ     
 12 90  τ xy 90  0 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 −11,51
= = 0,04 < 1 OK
Xt −280
σ2 ==> JA TINHA OCORRIDO FALHA

Conclusão: Como não houve mais nenhuma falha, o laminado suportaria o

carregamento mesmo tendo ocorrido falha em uma das lâminas.

Exemplo 5.5 – Considere um laminado simétrico (0°/-45°/+45°)S em kevlar/epóxi

com espessura de 0,5 mm para cada lâmina. Aplique um método de degradação para

verificar se haverá se todo o laminado se romperá quando submetido a um

carregamento W = 20 kN/m2. Considere: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa,

ν12 = 0,35, XT = 1380 MPa, XC = -280 MPa, YT = 28 MPa, YC = -280 MPa e S = 55 MPa.
130 Critérios de ruptura

z
y
W = 20 kN/m2

100 mm

500 mm

Considerando que o carregamento W pode ser substituído por uma força

distribuída em x = 250 mm de intensidade 10 kN/m, as reações nos apoios são iguais

e de intensidade 5 kN/m. Assim, o momento máximo situado em x = 250 mm, pode

ser obtido da forma:

z
y

100 mm
Mx
x

250 mm
5 kN/m

Impondo o equilíbrio estático com relação aos momentos em torno do eixo y,

temos:

Mx – 5000 N/m.125 mm + 5000 N/m.250 mm = 0

Mx = – 625 Nmm/mm

A matriz de comportamento, é neste caso igual a da eq. (5.34). Logo o sistema

a ser resolvido é da forma:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 131

 N x = 0  123,7 41,00 0 0 0 0   ε 0x 
 N =0    
 y   41,00 52,64 0 0 0 0   ε 0x 
 N xy = 0   0 0 41,17 0 0 0   γ 0xy  3
 =
     10 (5.77)
 M x = − 625   0 0 0 137 ,1 16,09 8,89   κx 
 My = 0   0 0 0 16,09 24,48 8,90   κ y 
    
 M xy = 0   0 0 0 8,89 8,90 16,22 κ xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.74), as deformações e as

curvaturas determinadas são:

ε0x = 0,0, ε0y = 0,0 , γ0xy = 0,0, κx = -0,497e-02, κy = 0,284e-02, κxy = 0,116e-02

Para o ponto à z = 1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:

 σx   76,7 1,94 0  0,0 + 1,5 x −4,97 


   
 σy  =  1,94 5,55 0  103  0,0 + 1,5 x 2,84  10 −3 (5.78)
 
   0,0 + 1,5 x 1,16 
 τ xy  0
 0 0 2,0  

Logo:

 σx   σ1   −563,53 
     
 σy  =  σ2  =  9,18  MPa (5.79)
  τ   
 τ xy  0
 12 0  3,48 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 −563,53
= = 2,01 > 1 FALHA
Xt −280
σ2 9,18
= = 0,33 < 1 OK
Yc 28
S12 3,48
= = 0,06 < 1 OK
S 55
132 Critérios de ruptura

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 17,8  0,0 + 1,0 x −4,97 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 17,8 10  0,0 + 1,0 x 2,84  10−3 (5.80)
 
   0,0 + 1,0 x 1,16 
 τ xy  −45
17,8 17,8 19,6  

O que resulta:

 σx   −40,767 
   
 σy  =  −9,527  MPa (5.81)
   −15,178 
 τ xy  −45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que

2 2
cos( −45) = e sen( −45) = − , temos:
2 2

 −40,767  1 1 −2  σ1 
  1   
 −9,527  = 1 1 2   σ2  (5.82)
 −15,178  2 1 −1 0   τ 
     12 

Logo:

 σ1   1 1 2   −40,767   −40,325 
  1    
 σ2  = 1 1 −2  −9,527  =  −9,969  MPa (5.83)
2  
τ   −1 1 0   −15,178   15,62 
 12 −45

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 −40,325
= = 0,14 < 1 OK
Xt −280
σ2 −9,969
= = 0,07 < 1 OK
Yc −140
S12 15,62
= = 0,28 < 1 OK
S 55
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 133

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 −17,8 0,0 + 0,5 x −4,97 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 −17,8 10  0,0 + 0,5 x 2,84  10 −3 (5.84)
 
   0,0 + 0,5 x 1,16 
 τ xy  45
 −17,8 −17,8 19,6   

O que resulta:

 σx   −41,032 
   
 σy  =  −25,412  MPa (5.85)
   30,325 
 τ xy  45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), e sabendo que

2 2
cos 45 = e sen45 = , temos:
2 2

 −41,032   1 1 2   σ1 
  1   
 −25,412  =  1 1 −2  σ2  (5.86)
 30,325  2  −1 1 0   τ 
     12 

Logo:

 σ1   1 1 2   −41,032   −63,547 
  1     
 σ2  =  1 1 −2  −25,412  =  −2,897  MPa (5.87)
τ  2
 12 45  −1 1 0   30,325   −7,81 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 −63,547
= = 0,227 < 1 OK
Xt −280
σ2 −2,897
= = 0,021 < 1 OK
Yc −140
S12 −7,81
= = 0,142 < 1 OK
S −55
134 Critérios de ruptura

Para o ponto à z = -1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:

 σx   σ1  563,53 
     
 σy  =  σ2  =  −9,18  MPa (5.88)
  τ   
 τ xy  0
 12 0  −3,48 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 563,53
= = 0,408 < 1 OK
Xt 1380
σ2 −9,18
= = 0,033 < 1 OK
Yc −280
S12 −3,48
= = 0,06 < 1 OK
S −55

Para o ponto à z = -1,0 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:

 σx   40,767 
   
 σy  =  9,527  MPa (5.89)
   15,178 
 τ xy  −45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), as tensões no

sistema de ortotropia são:

 σ1   40,325 
   
 σ2  =  9,969  MPa (5.90)
τ   
 12 −45  −15,62 

Pelo critério de máxima tensão, temos:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 135

σ1 40,325
= = 0,03 < 1 OK
Xt 1380
σ2 9,969
= = 0,36 < 1 OK
Yt 28
S12 −15,62
= = 0,28 < 1 OK
S −55

Para o ponto à z = - 0,5 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:

 σx   41,032 
   
 σy  =  25,412  MPa (5.91)
   −30,325 
 τ xy  45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), as tensões no

sistema de ortotropia são:

 σ1  63,547 
   
 σ2  =  2,897  MPa (5.92)
τ   
 12 45  7,81 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 63,547
= = 0,046 < 1 OK
Xt 1380
σ2 2,897
= = 0,103 < 1 OK
Yc 28
S12 7,81
= = 0,142 < 1 OK
S 55

Considerando que a falha que ocorreu na lâmina à 0° e na posição z = 1,5 mm é

do tipo trinca das fibras, as propriedades mecânicas, somente desta lâmina, serão
136 Critérios de ruptura

alteradas da seguinte forma: E1 = 0, ν12 = 0 e G12 = 0. Logo a matriz constitutiva para

esta lâmina é agora da forma:

0 0 0
Q = 0 5,55 0  103 MPa
 (5.93)
0  
0 0 0 

A matriz de comportamento para o laminado considerado degradado é então

da forma:

0   ε x 
0
 Nx = 0   85,36 40,03 0 0 0
 N =0  
0   εx 
0
 y   40,03 52,62 0 0 0
  
 
 Nxy = 0   0 0 40,17 0 0 0   γ 0xy 
 =    10
3
(5.94)
Mx = −625   0 0 0 76,38 14,56 8,89   κ x 
 My = 0   0 0 0 14,56 24,48 8,90   κ y 
     
 Mxy = 0   0 0 0 8,89 8,90 14,64   κ 
 xy 

Resolvendo o sistema de equações da eq. (5.91), as deformações e as

curvaturas determinadas são:

ε0x = -0,194e-01, ε0y = 0,143e-01, γ0xy = 0,249e-03, κx = -0,229e-01, κy = 0,981e-02,

κxy = 0,799e-02

Para o ponto à z = 1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:

 σx  0 0 0  −19,4 + 1,5 x −22,9 


    3 
 σy  = 0 5,55 0 10  14,3 + 1,5 x 9,81  10 −3 (5.95)
 
   0,249 + 1,5 x 7,99 
 τ xy  0
0 0 0   

Logo:
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 137

 σx   σ1   0 
     
 σy  =  σ2  = 161,03  MPa (5.96)
  τ   
 τ xy  0
 12 0  0 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 ==> JA TINHA OCORRIDO FALHA


σ2 161,03
= = 5,75 > 1 FALHA
Yc 28
S12 0
= = 0,0 < 1 OK
S 55

Para o ponto à z = 1,0 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 17,8   −19,4 + 1,0 x −22,9 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 17,8 10  14,3 + 1,0 x 9,81  10 −3 (5.97)
 
  17,8 17,8 19,6   0,249 + 1,0 x 7,99 
 τ xy  −45
 

O que resulta:

 σx   −379,60 
   
 σy  =  −113,56  MPa (5.98)
   −164,08 
 τ xy  −45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), as tensões no

sistema de ortotropia são:

 σ1   −410,66 
   
 σ2  =  −82,5  MPa (5.99)
τ   
 12 −45  133,02 

Pelo critério de máxima tensão, temos:


138 Critérios de ruptura

σ1 −410,66
= = 1,47 > 1 FALHA
Xt −280
σ2 −82,05
= = 0,59 < 1 OK
Yc −140
S12 133,02
= = 2,42 > 1 FALHA
S 55

Para o ponto à z = 0,5 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 −17,8   −19,4 + 0,5 x −22,9 


     
 σy  = 19,5 23,5 −17,8 103  14,3 + 0,5 x 9,81  10−3 (5.100)
 
   −17,8 −17,8 19,6   0,249 + 0,5 x 7,99 
 τ xy  45
 

O que resulta:

 σx   −426,02 
   
 σy  =  −225,80  MPa (5.101)
   291,31 
 τ xy  45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), as tensões no

sistema de ortotropia são:

 σ1   −617,22 
   
 σ2  =  −34,6  MPa (5.102)
τ   
 12 45  −100,11

Pelo critério de máxima tensão, temos:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 139

σ1 −617,22
= = 2,20 > 1 FALHA
Xt −280
σ2 −225,80
= = 0,25 < 1 OK
Yc −140
S12 −100,11
= = 1,82 > 1 FALHA
S −55

Para o ponto à z = -1,5 mm na lâmina à 0°, o estado de tensão é da forma:

 σx   76,7 1,94 0   −19,4 − 1,5 x −22,9 


     
 σy  = 1,94 5,55 0 103  14,3 − 1,5 x 9,81  10 −3 (5.103)
 
   0 0 2,0   0,249 − 1,5 x 7,99 
 τ xy  0
 

Logo:

 σx   σ1  1145,86 
     
 σy  =  σ2  =  26,70  MPa (5.104)
  τ   
 τ xy  0
 12 0  −23,47 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 1145,86
= = 0,83 < 1 OK
Xt 1380
σ2 26,7
= = 0,95 < 1 OK
Yc 28
S12 −23,47
= = 0,43 < 1 OK
S −55

Para o ponto à z = - 1,0 mm na lâmina à - 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 17,8   −19,4 − 1,0 x −22,9 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 17,8 10  14,3 − 1,0 x 9,81  10 −3 (5.105)
 
  17,8 17,8 19,6  0,249 − 1,0 x 7,99 
 τ xy  −45
 
140 Critérios de ruptura

O que resulta:

 σx   32,02 
   
 σy  = 35,98  MPa (5.106)
   −9,50 
 τ xy  −45
 

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), as tensões no

sistema de ortotropia são:

 σ1   43,50 
   
 σ2  = 24,49  MPa (5.107)
τ   
 12 −45  −1,98 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 43,50
= = 0,03 < 1 OK
X t 1380
σ2 24,49
= = 0,87 < 1 OK
Yc 28
S12 −1,98
= = 0,04 < 1 OK
S −55

Para o ponto à z = - 0,5 mm na lâmina à + 45°, o estado de tensão é:

 σx   23,5 19,5 −17,8   −19,4 − 0,5 x −22,9 


    3 
 σy  = 19,5 23,5 −17,8 10  14,3 − 0,5 x 9,81  10−3 (5.108)
 
   −17,8 −17,8 19,6   0,249 − 0,5 x 7,99 
 τ xy  45
 

O que resulta:

 σx   63,06 
   
 σy  = 132,43  MPa (5.109)
   −99,14 
 τ xy  45
 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 141

Fazendo a transformação de eixos utilizando a eq. (3.9), as tensões no

sistema de ortotropia são:

 σ1  196,89 
   
 σ2  =  −1,40  MPa (5.110)
τ   
 12 45  −34,69 

Pelo critério de máxima tensão, temos:

σ1 196,89
= = 0,14 < 1 OK
Xt 1380
σ2 −1,40
= = 0,01 < 1 OK
Yc −140
S12 −34,69
= = 0,63 < 1 OK
S −55

Observa-se que o número de lâminas que falharam aumentou, o que significa

que uma nova iteração considerando a perda de rigidez em função do modo de falha

deve ser realizado. Conclui-se dessa forma que, este laminado não resistirá ao

carregamento considerado.
142 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

6 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AOS MATERIAIS

COMPOSTOS

No método dos elementos finitos aplicados a estruturas em material

composto laminado a Teoria de Primeira Ordem é empregada. As matrizes de

rigidez e de massa são obtidas pela formulação da energia de deformação e pela

energia cinética de um elemento.

6.1 – Energia de deformação elementar

O estado plano de tensões é como segue:

 ∂u   ∂u 0   ∂α 
     
 ε x   ∂x   ∂x   ∂x   ε 0x   κx 
   ∂v   ∂v 0   ∂β   0  
 εy  =  = +z   =  εy  + z  κy  (6.1)
γ   ∂y   ∂y   ∂y  γ 0  κ 
   ∂u ∂v   ∂u 0 ∂v 0 
xy
 ∂α ∂β    xy   xy 
+
 ∂y ∂x   ∂y +  + 
   ∂x   ∂y ∂x 
 

onde ε0x, ε0y são deformações normais nas direções x e y na superfície neutra, γ0xy é

a deformação angular no plano (x,y) na superfície média, e κx, κy e κxy são as

curvaturas.

As deformações cisalhantes transversas são da forma:

 ∂v ∂w   ∂w o 
+  β+

 γ yz   ∂z ∂y    ∂y 
   =  =  (6.2)
 γ xz   ∂u + ∂w  α + ∂w o 
 ∂z ∂x   ∂x 

onde α e β são as inclinações de seção transversal nos planos (x,z) e (y,z).


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 143

A energia de deformação em um elemento infinitesimal pode ser colocada da

forma:
t
 εx   σx  t
1     1  γ yz  τ yz 
Ue = ∫  ε y   σ y  dV + ∫     dV (6.3)
2V    2 V  γ xz  τ xz 
 γ xy  τ
 xy 

onde, a primeira integral corresponde a energia devido ao estado plano de tensão e a

segunda corresponde a energia devido ao cisalhamento transverso.

Substituindo as deformações obtidas anteriormente, temos:


t
 ε0 + z κ   σ 
h h
x x t
2    x 
1  0 1 2  γ yz  τ yz 
Ue = ∫ ∫  ε y + z κ y   σ y  dz dx dy + ∫ ∫     dz dx dy (6.4)
2 A −h     2 A −h  γ xz  τ xz 
2 γ0 + z κ
 xy 
xy    τ xy 

2

Desenvolvendo a expressão acima temos:


t t
 ε0 
h σ  h κ  σ 
x
2 
 0   x  x x
1 1 2    
Ue = ∫ ∫  ε y   σ y  dz dx dy + ∫ ∫  κ y   σ y  z dz dx dy +
2 A −h     2 A −h    
2 γ0
 xy  τ
 xy 
2 κ
 xy  τxy  (6.5)
h t
1 2  γ yz  τ yz 
2 A∫ −∫h
    dz dx dy
2
 γ xz  τ xz 

Sabe-se que:

 Nx  h 2 σx   Mx  h 2 σx 
        Q y  h / 2 τ yz 
 Ny  = ∫  σ y  dz ,  My  = ∫  σ y  z dz e   = ∫   dz (6.6)
N  −h 2 τ  M  −h 2 τ  Q x  −h / 2 τ xz 
 xy   xy   xy   xy 

Substituindo as eqs. (6.6) na eq. (6.5):


144 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

t t
 ε0  N  κ  M 
x t
1  0  1  γ yz  Q y 
x x x
  1    
Ue = ∫  ε y 
2 A∫  
N
 y dx dy + κ
 y  My  dx dy + ∫     dx dy (6.7)
2A      2 A  γ xz  Q x 
Nxy   κ xy  Mxy 
0
 γ xy 

Reagrupando a eq. (6.7):


t
 ε0x   Nx 
 0  
 εy   Ny 
 0  Nxy 
 γ xy   
1  κ   Mx 
Ue = ∫  x    dx dy (6.8)
2 A  κy   My 
  M 
 κ xy   xy 
γ   Qy 
 yz   
 γ xz   Q x 

Substituindo a eq. (4.75) na eq. (6.8) e desconsiderando os efeitos térmicos,

tem-se finalmente:
t
 ε0x   ε0x 
 0  0
 εy     εy 
 0   [A] [B] 0   0 
 γ xy    γ xy 
     
1  κx    κ 
Ue = ∫      x  dx dy (6.9)
2 A  κy   κy 
 [B] [B] 0 
     
 κ xy     κ xy 
γ   γ 
 yz   0 0 [F]   yz 
 γ xz   γ xz 

Considerando que os deslocamentos e as inclinações possam ser definidas

como sendo interpolações nodais da forma:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 145

n
uo (x,y) = ∑ Ni (x,y) ui
i =1
n
v o (x,y) = ∑ Ni (x,y) v i
i =1
n
w o (x,y) = ∑ Ni (x,y) w i ou {u (x,y)} = N ( x,y ) {U }
e e
(6.10)
i=1
n
α(x,y) = ∑ Ni (x,y) αi
i =1
n
β(x,y) = ∑ Ni (x,y) βi
i =1

onde ue(x,y) é o vetor deslocamento elementar, Ni(x,y) são funções de interpolação

obtidas em função do número de nós n do elemento, e Ue é o vetor deslocamento

nodal do elemento contendo ui, vi, wi, αi e βi.

A relação deformação/deslocamento pode então, segundo as eq. (6.1) e (6.2),

ser dada da forma:

 ∂u   ∂N1 0 0 0 0
∂N2
0

 ∂x   ∂x ∂x 
 ∂v   ∂N1 ∂N2 
   0 0 0 0 0 
 ε 0x   ∂y   ∂y ∂y 
 0   ∂u ∂v   ∂N1 ∂N1 ∂N2 ∂N2   u1 
 ε y   ∂y + ∂x   ∂y ∂x
0 0 0
∂y ∂x
 
γ0       v1 
   ∂α   0
xy ∂N1  w 
0 0 0 0 0   1
 κ x   ∂x  
=
   ∂β   = ∂x
∂N1
{ }
  α1  = [B] U
e
(6.11)
 κy     0 0 0 0 0 0  β 
κ xy   ∂y   ∂y   1
   ∂α ∂β   ∂N1 ∂N1  
 γ xz   ∂y + ∂x   0 0 0 0 0  β 
γ     ∂y ∂x  n
 yz   ∂w   ∂N1 ∂N2 
α+ 0 0 N1 0 0
 ∂x   ∂x ∂x 
 ∂w   ∂N1 ∂N2 
β+   0 0 0 N1 0 
 ∂y   ∂y ∂y 

Substituindo a eq. (6.11) na eq. (6.9), temos:


146 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

 A B 0
1
Ue = ∫ Ue
2A
{ } [B] t t
  { }
B D 0 [B] Ue dx dy (6.12)
 0 0 F

6.2 – Energia cinética elementar

A energia cinética de um elemento infinitesimal pode ser colocada da forma:

1  ∂u( x, y, z, t )  2  ∂v( x, y, z, t )  2  ∂w( x, y, z, t )  2 


Te = ∫ ρ( x, y, z)   +  +   dV (6.13)
2V  ∂t   ∂t   ∂t  

Considerando o campo de deslocamentos definido pela eq. (6.1), temos:


h
1 2  ∂u 2
∂α   ∂v 0 ∂β   ∂w 0  
2 2
Te = ∫ ∫ ρ( x, y, z )  0
+z  + +z  +   dz dx dy (6.14)
2 A −h  ∂t ∂t   ∂t ∂t   ∂t  

2

Desenvolvendo a eq. (6.14), temos:


h
1 2  i 2 i 2 i 2   i i i i  2 i
2 i 2 
Te = ∫ ∫ ρ(x,y,z)  uo + v o + w o  + 2z  u0 α+ v 0 β  + z  α + β   dz dx dy (6.15)
2 A −h       
2

Para uma placa, laminada, a densidade de cada lâmina pode ser considerada

constante ao logo da espessura, logo ρk = ρ(x,y). Definindo ρ0(x,y) como sendo uma

densidade de massa por unidade de área da superfície média da placa como sendo:
h
2

∫ρ (6.16)
k
ρ o ( x, y ) = dz
−h
2

e definindo ρ1(x,y) como sendo o primeiro momento de massa por:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 147

h
2

∫ρ (6.17)
k
ρ1( x, y ) = z dz
−h
2

Observe que se a densidade for constante ao longo da espessura, como no caso

de uma placa homogênea, ρ1(x,y)=0. Definindo também ρ2(x,y) como sendo o segundo

momento de massa por:


h
2

∫ρ (6.18)
k
ρ 2 ( x, y ) = z 2 dz
−h
2

ρk h3
Para uma placa homogênea, ρ 2 = .
12

Substituindo as eqs. (6.16), (6.17) e (6.18) na eq. (6.15), temos:

1   i 2 i 2 i 2 i i i i  i 2 i 2 
Te = ∫ ρ0 (x,y)  uo + v o + w o  + 2ρ1(x,y)  u0 α+ v 0 β  + ρ2 (x,y)  α + β   dx dy (6.19)
2 A        

Reagrupando a eq. (6.19) na forma de vetores, temos:

  i t i  
  uo  u
  i 
o t t 
 i  i i  i 
1   uo 
i
α  α  α 
2 ∫A
Te =   v o  ρ0 (x,y)  v o  +   2ρ1(x,y)   +   ρ2 (x,y)   dx dy (6.20)
 i  i
 i  v o 
i i
 β   β   β 
i

w o  w o  
     

A eq. (6.20) pode ser reescrita através da definição de uma matriz [m] do

tipo:
148 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

ρ 0 ( x, y ) 0 0 ρ1( x, y ) 0 
 0 ρ 0 ( x, y ) 0 0 ρ1( x, y ) 

[m] =  0 0 ρ 0 ( x, y ) 0 0  (6.21)
 
 ρ1( x, y ) 0 0 ρ 2 ( x, y ) 0 
 0 ρ1( x, y ) 0 0 ρ 2 ( x, y )

Substituindo a eq. (6.21) na eq. (6.20), segue:

  i t  i 
  uo   uo 
 i   i 
 v o   v o 
1  i   i 
2 ∫A
Te =   w o  [m]  w o  dx dy (6.22)
 i   i 
 α   α 
   
 i   i 
 β   β 


Considerando a derivada temporal da eq. (6.10), temos:

 i e   i e 
 u (x,y,t)   (
= N x,y ) U (t)
 (6.23)
   

Substituindo a eq. (6.23) na eq. (6.22), tem-se:

  i e t  i e 
 U  [N] [m] [N] U  dx dy
1 t
Te = ∫ (6.24)
2A     

6.3 – Trabalho realizado pelas forças externas

O trabalho realizado pelas forças externas pode ser colocado da forma:

We =
1
2A∫ { } 1
q ( x, y ) Ue dx dy + {F} Ue
2
{ } (6.25)
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 149

onde q(x,y) é o carregamento transversal e {F} são os esforços concentrados do tipo

força e momento.

6.4 – Problema estático – princípio dos trabalhos virtuais

Este princípio considera que o trabalho virtual realizado pelas forças

externas é igual ao trabalho virtual realizado pelos esforços internos quando da

aplicação de deslocamentos virtuais do tipo {δUe}. Assim das eq. (6.12) e (6.25) e

considerando o trabalho realizado no elementos, temos:

 A B 0
∫ {U } [B] { } { } { } {F}
B D 0 [B] Ue dx dy = δUe t q ( x, y ) dx dy + δUe t
(6.26)

e t t
 
A  0 0 F A

Colocando os deslocamentos virtuais em evidência, tem-se:

 A B 0  
{δU }  ∫ [B]
e t  t
   { }
B D 0  [B] dx dy  U e − q( x, y ) dx dy + {F} = 0
∫  (6.27)
 A  0 0 F  A 
  

Como a solução da eq. (6.27) é valida para qualquer deslocamento virtual, o

problema a ser resolvido, após a superposição das matrizes elementares, é da

forma:

[K ] {U} = {P} (6.28)

A eq. (6.28) é a equação que descreve o comportamento estático do sistema,

onde [K] é a matriz de rigidez global, {P} é o vetor forças externas global

e {U} é o vetor dos graus de liberdade de todo o sistema.


150 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

6.5 – Problema dinâmico – equações de lagrange

Inúmeras técnicas podem ser utilizadas para se chegar na equação que

representa o comportamento do sistema, equação esta que será resolvida pelo

método dos elementos finitos: princípio da energia potencial mínima, método dos

resíduos ponderados, etc. Um método bastante utilizado para se obter a equação

que representa o comportamento dinâmico de um sistema é o da aplicação das

equações de Lagrange sobre as todas as energias consideradas no sistema. Estas

equações de Lagrange são expressas da seguinte forma:

d  ∂T  ∂T ∂U
 − + = Fqi (6.29)
dt  ∂qi  ∂qi ∂qi

onde T é a energia cinética do sistema, U é a energia de deformação do sistema e

Fqi são as forças generalizadas do sistema. Aplicando a eq. (6.57) sobre as eqs.

(6.27), (6.39) e considerando que as forças generalizadas são obtidas pelo trabalho

virtual realizado pelas forças externas, obtém-se a eq. (6.58) que representa a

equação de movimento do sistema, dada da forma:

[M] U(t) + [K ] {U(t)} = {P(t)}


ii
(6.30)
 

onde [M] é a matriz de massa global.

6.5.1 – Freqüências naturais e modos de vibração

As freqüências naturais e os modos de vibração de um sistema em vibração

são obtidos através da solução da equação homogênea da eq. (6.30):

[M] {U( t )}+ [K ] {U(t )} = {0} (6.31)


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 151

A solução da eq. (6.31) é da forma harmônica do tipo:

{U(t )} = {U} e iωt (6.32)

{}
onde U são deslocamentos nodais, independentes do tempo, representativos do

modo de vibração associado à freqüência natural ω.

Substituindo a eq. (6.32) na eq. (6.31) e simplificando o termo exponencial,

obtemos:

[K − ω M] {U} = {0}
2
(6.33)

6.5.2 – Resposta no tempo

A solução da eq. (6.30) pode ser obtida por diferentes métodos: Método das

Diferenças Centrais, Método de Houbolt, Método de Newmark, etc., nos quais são

definidos os deslocamentos, as velocidades e as acelerações obtidas em um tempo t

em função dos deslocamentos, das velocidades e das acelerações obtidas em tempo

t-∆t e t+∆t. A escolha entre um destes métodos se restringe na convergência ou não

da solução e/ou no tempo de convergência.

6.6 – Exemplos de aplicação

6.6.1 – Chassi de kart


152 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

6.6.2 – Chassi de side-car


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 153

6.6.3 – Quadro de bicicleta (a)

6.6.4 – Raquete de tênis


154 Método dos Elementos Finitos aplicados aos Materiais Compostos

6.6.5 – Carroceria de caminhão baú

6.6.6 – Casco de catamaran


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 155

6.6.7 – Quadro de bicicleta (b)

6.6.8 – Chassi de um caminhão leve


156 Flambagem de placas laminadas

7 – FLAMBAGEM DE PLACAS LAMINADAS

Para a determinação dos esforços críticos que causam a flambagem em placas

laminadas, é necessário a determinação das equações de equilíbrio estático numa

situação anterior a ocorrência da flambagem assim como na iminência de flambar. A

solução das equações diferenciais deve satisfazer as condições de contorno e de

continuidade do problema.

7.1 – Equações lineares de equilíbrio de placas

Considere um elemento de placa infinitesimal de dimensões dx, dy, submetido

à esforços de membrana (força por unidade de comprimento), Figura 7.1.

z
N xy dx N x dy

N y dx N xy dx
dy y
dx  ∂N y 
Ny + dy dx
 ∂y 
 
 ∂N xy 
 N xy + dy dx
 ∂N xy   ∂y
x  N xy + dx dy  
 ∂x 
 
 ∂N x 
Nx + dx dy
 ∂x 

Figura 7.1 – Esforços de membrana sobre um elemento de placa

Impondo o equilíbrio estático na direção x, temos:

 ∂N   ∂Nxy 
−Nx dy +  Nx + x dx  dy − Nxy dy +  Nxy + dy  dx = 0 (7.1)
 ∂x   ∂y 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 157

∂Nx ∂Nxy
+ =0 (7.2)
∂x ∂y

Analogamente, com relação ao eixo y, temos:


∂Ny ∂Nxy
+ =0 (7.3)
∂y ∂x

Considere agora, um elemento de placa infinitesimal de dimensões dx, dy,

submetido à esforços de flexão e de cortante, ambos por unidade de comprimento.

Q x dy
z Mx dx
Mxy dy  ∂Q y 
Qy + dy dx
p( x, y )  ∂y 
Q y dx Mxy dx  
My dx dy y
dx  ∂Q x   ∂My 
Qx + dx dy  My + dy  dx
 ∂x   ∂y 
 ∂Mxy 
 Mxy + dy  dx
 ∂M   ∂y 
xy
x  Mxy + dx  dy
 ∂Mx   ∂x 
 Mx + ∂x dx  dy
 

Figura 7.2 – Esforços de flexão e cortantes em um elemento de placa

Impondo o equilíbrio das forças na direção z, temos:

 ∂Q x   ∂Q y 
−Q x dy +  Q x + dx  dy − Q y dx +  Q y + dy  dx + p dx dy = 0 (7.4)
 ∂x   ∂y 

Simplificando, a eq. (7.4) resulta em:

∂Q x ∂Q y
+ +p = 0 (7.5)
∂x ∂y
158 Flambagem de placas laminadas

Impondo o equilíbrio dos momentos com relação ao eixo x, temos:

 ∂My   ∂Mxy   ∂Q y 
−My dx +  My + dy  dx − Mxy dy +  Mxy + dx  dy −  Q y + dy  dx dy +
 ∂y   ∂x   ∂y  (7.6)
dy
p dx dy =0
2

Desprezando termos de segunda ordem, a eq. (7.6) resulta em:


∂My ∂Mxy
+ − Qy = 0 (7.7)
∂y ∂x

Por analogia, do equilíbrio dos momentos com relação ao eixo y, tem-se a eq.

(7.8):

∂M x ∂M xy
+ − Qx = 0 (7.8)
∂x ∂y

Somando a derivada da eq. (7.7) com relação a y, a derivada da eq. (7.8) com

relação a x e a carga distribuída sobre a placa p(x,y), temos:

∂ 2M x ∂ 2M xy ∂ 2M y
+2 + = −p (7.9)
∂x 2 ∂x∂y ∂2y

7.2 – Equações não lineares de equilíbrio de placa

Para levar em consideração as interações entre forças e rotações, a equação

representando o equilíbrio de forças na direção z deve ser obtidas para um

elemento de placa de dimensões dx e dy em uma configuração levemente deformada,

Fig. 7.3. Para fins de simplicação, na Fig. 7.3, como as forças e as rotações variam ao
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 159

∂NX
longo do elemento, a notação Nx+ é usada para considerar Nx + dx . As rotações
∂x

βx e βy representam o ângulo entre os eixos coordenados e as tangentes à superfície

média no vértice superior da placa. Como os ângulos βx e βy são pequenos, pode-se

considerar que sen βx = βx e sen βy = βy e, cos βx = cos βy = 1.

As relações entre as rotações e o deslocamento transversal são:


∂w o
βx = −
∂x
(7.10)
∂w
βy = − o
∂y

Nxy dy Nx dy

Ny Nyx
p
y
βy
Qx Qy+ dx
βy+
Qy Qx+ dy Ny+ dx
βx
Nyx+ dx

βx + Nxy+ dy
Nx+ dy

Figura 3.3 – Esforços internos em um elemento de placa numa configuração

deformada

Impondo o equilíbrio das forças na direção z, temos:


160 Flambagem de placas laminadas

 ∂Qy   ∂Qx 
−Qydx +  Qy + dy  dx − Qx dy +  Qx + dx  dy +
 ∂y   ∂x 
 ∂N   ∂β 
+Nx dx β x −  Nx + x dx  dy  β x + x dx 
 ∂x   ∂x 
 ∂N   ∂β 
+Nydx β y −  Ny + y dy  dx  β y + y dy  (7.11)
 ∂y   ∂y 
 ∂N   ∂β 
+Nxydy β y −  Nxy + xy dx  dy  β y + y dx 
 ∂x   ∂x 
 ∂N   ∂β 
+Nyx dx β x −  Nyx + yx dy  dx  β x + x dx  + p dx dy = 0
 ∂y   ∂y 

Reagrupando a eq. (7.11), desprezando os termos de ordem superior, e

considerando as eqs. (7.2) e (7.3), e que Nxy = Nyx, temos que:

∂Qx ∂Qy ∂β ∂β ∂β ∂β
+ − Nx x − Nxy ( y + x ) − Ny y + p = 0 (7.12)
∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y

Substituindo as eqs. (7.10) na eq. (7.12), a equação resultante do equilíbrio de

forças na direção z é da forma:

∂Qx ∂Qy ∂ 2w0 ∂ 2 w0 ∂ 2w0


+ + Nx + Ny + 2Nxy +p =0 (7.13)
∂x ∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

A eq. (7.13) pode ser colocada de uma outra forma, usando as eqs. (7.7) e

(7.8):

∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy
2
∂2w0 ∂2w0 ∂2w0
+ +2 + Nx + Ny + 2Nxy +p = 0 (7.14)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

Portanto, as equações que prevêem o comportamento da placa são as equações

de equilíbrio de forças nas direções x, y e z, dadas pelas eqs. (7.2), (7.3) e (7.13) ou
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 161

(7.14), respectivamente, e eventualmente as eqs. (7.7) e (7.8) que são as equações

de equilíbrio de momentos com relação ao eixo x e y.

7.3 – Método da perturbação aplicado à flambagem

Para resolver o problema de flambagem, é utilizado um método de

perturbação, no qual o campo de deslocamento é escrito da forma:

u = u i + λu
v = v i + λv (7.15)
i
w = w + λw

onde ui, vi e wi são deslocamentos da placa em uma configuração antes de ocorrer a

flambagem e que mantém a placa numa trajetória primária (ver Figura 3.4) e, u, v e w

são deslocamentos quaisquer e admissíveis (verificam todas as condições de

contorno e de continuidade) e λ é um escalar infinitamente pequeno e independente

das coordenadas. Os deslocamentos λu, λv e λw são portanto deslocamentos

infinitesimais que causam a flambagem na placa e que conduzem a placa à uma

trajetória secundária (flambada) (ver Figura 3.4).

Px

trajetóri trajetória
a primária secundária

-w +w

Figura 3.4 – Curva de equilíbrio para placa sujeita à um carregamento compressivo

no plano
162 Flambagem de placas laminadas

Considerando a matriz de comportamento dada pela eq. (4.38) e o campo de

deslocamentos para a flambagem, eq. (7.19), temos:


i
 Nx   ε 0x   ε 0x 
N   0   0 
 y   εy   εy 
N xy  A B  γ 0  A B  γ 0 
 =  B D 
xy
 +λ  B D 
xy
 (7.16)
 Mx    κ
 x   κ
 x
 My  κ  κ 
   y  y
M xy  κ xy  κ xy 

Colocando a eq. (7.16) num forma compacta:

( )
N = A ε i + B κ i + λ A ε i + B κ i = Ni + λ N
(7.17)
M = B εi + D κi + λ (B ε i
+D κ )= M + λ M
i i

onde ε são deformações da superfície neutra e κ são curvaturas, dependentes da

teoria utilizada: Teoria Clássica de Laminados ou Teoria de Primeira Ordem.

Substituindo a eq. (7.16) na eq. (7.14), temos:

∂ 2Mix ∂ My ∂ 2Mixy
2 i
i ∂ w0 i ∂ w0 i ∂ w0
2 i 2 i 2 i
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy + pi +
∂x 2
∂y 2
∂x∂y ∂x 2
∂y 2
∂x∂y
 ∂ 2Mx ∂ 2My ∂ 2Mxy ∂ 2 w i0 i ∂ w0
2 
 2 + + 2 + N x + N x + 
∂x ∂y 2
∂x∂y ∂x 2
∂x 2
λ  + (7.18)
 ∂2wi 
i ∂ w0 ∂ w0 i ∂ w0
2 2 i 2
Ny 0
+ N y + 2N xy + 2N xy + p 
 ∂y 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x∂y 
 ∂2w0 ∂2w0 ∂2w0 
λ 2
Nx + Ny + 2Nxy =0
 ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y 

Desprezando os termos de segunda ordem em λ e considerando que a eq.

(7.18) é válida para qualquer valor de λ, tem-se:

∂ 2Mix ∂ My ∂ 2Mixy
2 i
i ∂ w0 i ∂ w0 i ∂ w0
2 i 2 i 2 i
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy + pi = 0 (7.19)
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 163

∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy
2
∂ 2 w i0 i ∂ w0
2
+ + 2 + Nx + Nx +
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x 2 ∂x 2
(7.20)
∂ 2 w i0 i ∂ w0
2
∂ 2 w i0 i ∂ w0
2
Ny + Ny + 2Nxy + 2Nxy +p = 0
∂y 2 ∂y 2 ∂x∂y ∂x∂y

A eq. (7.19), não linear pelo fato de haver acoplamento entre esforços de

membrana e de flexão, permite determinar a configuração antes de ocorrer a

flambagem da placa com a ajuda das eqs. (7.2) e (7.3). A resolução desta equação é

feita de forma iterativa, a partir da linearização da eq. (7.20) no primeiro passo.

∂ 2Mix ∂ My ∂ 2Mixy
2 i

+ +2 + pi = 0 (7.21)
∂x 2
∂y 2
∂x∂y

A eq. (7.19) é a equação que permite determinar os esforços Nix , Niy e Nixy que

causaram a flambagem da placa e são função da teoria utilizada. Pela Teoria Clássica

de Laminados, o campo de deslocamentos é

∂w o ( x,y )
u ( x,y,z ) = uo ( x,y ) − z
∂x
∂w o ( x,y )
v ( x,y,z ) = v o ( x,y ) − z (7.22)
∂y
w ( x,y,z ) = w o ( x,y )

Conseqüentemente, o estado de deformações é:


164 Flambagem de placas laminadas

∂2wo
εx = εox −z
∂x 2
∂2wo
ε y = εoy − z
∂y 2
∂2wo
γ xy = γ oxy − z 2 (7.23)
∂x∂y
γ xz = 0
γ yz = 0

Como na configuração antes de ocorrer a flambagem, o deslocamento wi0 é

∂ 2 wio ∂ 2 wio ∂ 2 wio


pequeno, os gradientes das inclinações, , e são desprezíveis. Logo,
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

a eq. (7.20) se transforma em:


2
∂ 2Mx ∂ My ∂ 2Mxy 2
i ∂ w0
2
i ∂ w0
2
i ∂ w0
+ + 2 + Nx + Ny + 2Nxy +p = 0 (7.24)
∂x 2 ∂2y ∂x∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y

Considerando a eq. (7.20), a eq. (7.28) pode ser substituida por:

∂2
∂x 2 ( )
B11 εox + B12 εoy + B16 γ oxy + D11 κ x + D12 κ y + D16 κ xy +

∂2
∂ 2y
( )
B21 εox + B22 εoy + B26 γ oxy + D21 κ x + D22 κ y + D26 κ xy +
(7.25)
∂2
2
∂x∂y
(
B61 εox + B62 εoy + B66 γ oxy + D61 κ x + D62 κ y + D66 κ xy + )
∂ 2wo 2
i ∂ wo
2
i ∂ wo
Nix + 2Nxy + Ny +p =0
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2

Substituindo as eqs. (7.22) e (7.23) na eq. (7.25) tem-se:


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 165

∂ 3uo ∂3vo  ∂ 3uo ∂ 3 v o  ∂4wo ∂4wo ∂4wo


B11 + B12 + B 
16  + 3  − D11 − D12 − 2D16 +
∂x 3 ∂x 2∂y 2
 ∂x ∂y ∂x  ∂x 4 ∂x 2∂y 2 ∂x3 ∂y
∂ 3uo ∂3 v o  ∂ 3u ∂3 v  ∂4w ∂4wo ∂4wo
B21 + B22 + B26  3o + 2 o  − D21 2 o2 − D22 − 2D +
∂y 2∂x ∂y3  ∂y ∂y ∂x  ∂y ∂x ∂y 4 26
∂x ∂y 3
 
 ∂ 3uo ∂3 vo  ∂ 3uo ∂3 v o 
B61 2 + B62 + B66  + (7.26)
∂x ∂y ∂x∂y 2  ∂x∂y 2 ∂x 2∂y  
   +
2 
4 4 4
 −D ∂ w o − D ∂ w o − 2D ∂ w o 
 61 ∂x 3 ∂y 62
∂x∂y 3
66
∂y 2∂x 2 

∂2w o ∂2wo ∂2wo


Nix + 2Nixy + Niy +p = 0
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2

Além da eq. (7.26) que representa o equilíbrio de forças na direção z, as

outras relações fundamentais para analisar o comportamento de placas pela Teoria

Clássica de Laminados são, a eq. (7.27) que representa o equilíbrio de forças na

direção x:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0


A11 + A 12 + A 16  + 2 
− B11 − B12 − B16 2 +
∂x 2 ∂x∂y  ∂x ∂y ∂x  ∂x 3
∂x∂ y 2
∂x 2
∂y
(7.27)
∂ u02
∂ v0 2  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0
A 61 + A 62 + A 66  +  − B 61 − B 62 − B 66 2 =0
∂y∂x ∂y 2  ∂ y 2
∂y∂x  ∂y∂ x 2
∂y 3
∂x∂ y 2

e a eq. (7.28) que representa o equilíbrio de forças na direção y:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0


A 21 + A 22 + A 
26  +  − B − B − B 2 +
∂y∂x 
21 22 26
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 2 ∂y3 ∂x∂y 2
(7.28)
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂3 w 0 ∂3 w 0 ∂3 w 0
A 61 + A 62 + A 66  + − B − B − B 2 =0
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 2  61
∂x 3 62
∂x∂ y 2 66
∂x 2
∂y
 

Pela Teoria de Primeira Ordem, o campo de deslocamentos é como segue:


166 Flambagem de placas laminadas

u ( x,y,z ) = uo ( x,y ) + z α ( x,y )


v ( x,y,z ) = v o ( x,y ) + z β ( x,y ) (7.29)
w ( x,y,z ) = w o ( x,y )

Conseqüentemente, o estado de deformações é:

∂α
ε x = εox + z
∂x
∂β
ε y = εoy + z
∂y
 ∂α ∂β 
γ xy = γ oxy + z  +  (7.30)
 ∂y ∂x 
∂w o
γ xz = α +
∂x
∂w o
γ yz = β +
∂y

Para a Teoria de Primeira Ordem, pelo fato dela prever o cisalhamento

transverso, a eq. (7.17) pode ser utilizada para a análise de estabilidade de placas.

Considerando a eq. (6.13), que representa o equilíbrio de forças na direção z, a eq.

(7.17) pode ser colocada da forma:

∂  ∂w 0  ∂  ∂w  ∂  ∂w  ∂  ∂w 
F45  + β  + F55  0 + α  + F44  0 + β  + F45  0 + α  +
∂x  ∂y  ∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂y  ∂x 
(7.31)
∂ w0
2
∂ w0
2
∂ w0
2
Nix + Niy + 2Nixy +p = 0
∂x 2
∂y 2
∂x∂y

Reagrupando a eq. (7.31), tem-se:

 ∂ 2 w 0 ∂α   ∂ 2 w 0 ∂β   ∂α ∂β ∂2w0 
F55  + + F
 44  + + F
 45  + + 2 +
 ∂x ∂x   ∂y ∂x   ∂y ∂x ∂x∂y 
2 2

(7.32)
∂2w0 i ∂ w0
2
i ∂ w0
2
Nix + N y + 2N xy +p = 0
∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 167

Além da eq. (7.32) que representa o equilíbrio de forças na direção z, as

outras relações fundamentais para analisar o comportamento de placas pela Teoria

de Primeira Ordem são, a eq. (7.33) que representa o equilíbrio de forças na direção

x:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


A11 + A 12 + A 16  +  + B11 + B12 + B16  + 2 +
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
(7.33
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
A 61 + A 62 + A 66  +  + B 61 + B 62 + B 66  + =0
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 

a eq. (7.34) que representa o equilíbrio de forças na direção y:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


A 21 + A 22 + A 26  +  + B 21 + B 22 + B 26  + +
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 
(7.34
∂ 2u ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
A 61 20 + A 62 + A 66  +  + B 61 + B 62 + B 66  + 2=0
∂x ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 

a eq. (7.39) que representa o equilíbrio de momentos com relação ao eixo x:

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


B21 + B22 + B 26  +  + D 21 + D 22 + D 26  + +
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
B61 + B 62 + B 66  +  + D 61 + D 62 + D 66  + 2 − (7.35)
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
 ∂w   ∂w 
F44  0 + β  − F45  0 + α  = 0
 ∂y   ∂x 

e a eq. (7.36) que representa o equilíbrio de momentos com relação ao eixo y:


168 Flambagem de placas laminadas

∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 


B11 + B12 + B16  +  + D11 + D12 + D16  + 2 +
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
2
∂x 2 ∂x∂y  ∂x∂y ∂x 
∂ 2u0 ∂2v0  ∂ 2u0 ∂ 2 v 0  ∂ 2α ∂ 2β  ∂ 2α ∂ 2β 
B61 + B62 + B 66  +  + D 61 + D 62 + D 66  + − (7.36)
∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x  ∂y∂x ∂y 2  ∂y
2
∂y∂x 
 ∂w   ∂w 
F45  0 + α  − F55  0 + β  = 0
 ∂x   ∂y 

As eqs. (7.26), (7.27) e (7.28) para a Teoria Clássica de Laminados e das eqs.

(7.32), (7.33), (7.34), (7.35) e (7.36) para a Teoria de Primeira Ordem são

resolvidas supondo, por exemplo, que as variáveis u0, v0 e w0 para a Teoria Clássica

de Laminados, e u0, v0, w0, α, e β para a Teoria de Primeira Ordem são da forma:
mπx nπy
u0 = Uo sen sen
a b
mπx nπy
v 0 = Vo sen sen
a b
mπx nπy
w 0 = Wo sen sen (7.37)
a b
mπx nπy
α = A o sen sen
a b
mπx nπy
β = Bo sen sen
a b

onde Uo, Vo, Wo, Ao e Bo são amplitudes, m e n são o número de ondas nas direções x

e y respectivamente e a e b são as dimensões da placa nas direções x e y.

O problema pode ser simplificado quando o laminado é simétrico, [B] = 0,

quando o laminado é, além de simétrico, balanceado, A16 = A61 = A26 = A62 = 0, quando

o laminado é ortotrópico (fibras somente a 00 e 900), D16 = D61 = D26 = D62 = 0e

quando o laminado é anti-simétrico e balanceado, B16 = B61 = B26 = B62 = 0.


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 169

Exemplo 7.1: Determine a carga crítica de um laminado simétrico biapoiado em x = 0

e x = L, submetido a um carregamento de compressão N0 utilizando a Teoria Clássica

de Laminados.

Considerando que o laminado é simétrico, [B] = 0. Devido ao carregamento, Nix

= - N0, Niy = Nixy = p= 0.

Da eq. (7.28), temos:

∂4 w0 ∂4 w0 ∂4 w0 ∂4 w0 ∂4 w0 ∂4 w0
−D11 − D12 − 2D16 − D21 − D22 − 2D26 +
∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂x3 ∂y ∂y 2 ∂x 2 ∂y 4 ∂x∂y 3
(7.38)
 ∂4 w ∂4 w0 ∂4 w0  ∂2 w0
2  −D61 3 0 − D62 − 2D 66  − N0 =0
 ∂x ∂y ∂x∂x 3 ∂y 2 ∂x 2  ∂x 2

Se a placa tem dimensão muito grande na direção y comparado com a

dimensão x, os gradientes de w0 em y são desprezíveis. Assim:

∂4w0 ∂2w 0
−D11 − N0 =0 (7.39)
∂x 4 ∂x 2

Admitindo um deslocamento w0, que satisfaça as condições de contorno, ser

da forma como apresentado pela eq. (7.37) e substituindo na eq. (7.39), tem-se:

  mπ 
2   mπ 
2
mπx
 11 
D  − N0 Wo  sen =0 (7.40)
  L    L  L

Como na configuração deformada, Wo ≠ 0, m ≠ 0 e conseqüentemente


mπx
sen ≠ 0 , tem-se a menor carga crítica para m = 1:
L
2
 π
Ncr = D11   (7.41)
L
170 Flambagem de placas laminadas

Para um laminado não simétrico, onde [B] ≠ 0, a utilização das eqs. (7.38) e

(7.39) são necessárias devido ao acoplamento dos deslocamentos u0, v0 e w0. Assim:

∂ 2u0 ∂ 2v0 ∂3 w 0
A11 + A 16 − B11 =0 (7.42)
∂x 2 ∂x 2 ∂x 3

∂ 2u0 ∂ 2v0 ∂3 w 0
A16 + A 66 − B16 =0 (7.43)
∂x 2 ∂x 2 ∂x3

e a eq. (7.26) se apresenta da forma:

∂ 3u0 ∂3 v 0 ∂4w0 2
i ∂ w0
B11 + B16 − D11 + Nx =0 (7.44)
∂x3 ∂x 3 ∂x 4 ∂x 2

O desacoplamento dos deslocamentos se faz da seguinte forma:

d2u0 B d3 w 0
=
dx 2 A dx 3
(7.45)
d2 v 0 C d3 w 0
=
dx 2 A dx 3

onde:
2
A = A11A 66 − A16
B = A 66B11 − A16B16 (7.46)
C = A11B16 − A16B11

Derivando a eq. (7.45) com relação a x, e substituindo na eq. (7.44), temos:

∂4w0 A ∂2w0
+ N0 =0 (7.47)
∂x 4 D ∂x 2

onde:

D = D11A − B11B − B16C (7.48)


Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 171

Aplicando (7.43) em (7.49), temos:

 m π 2 A   mπx 
2
mπx
  − N0 W   sen =0 (7.49)
  L  D   L  L

Assim, a menor carga crítica para m = 1, é da forma:


2
D π
Ncr = (7.50)
A  L 

Da comparação da eq. (7.50) com a eq. (7.41), observa-se que a carga crítica

diminui quando [B] ≠ 0, ou seja, quando o laminado não é simétrico.

Exemplo 7.2: Determine a carga crítica de uma placa laminada simétrica em

kevlar/epóxi do tipo (0°/90°/90°/0°) com lâminas de 0,5 mm de espessura,

utilizando a Teoria Clássica de Laminado. A placa está simplesmente apoiada,

submetida à um carregamento de compressão Px, s, conforme mostra a Figura 7.5.

Px
b
Px

a
h x

Figura 7.5 – Placa sujeita a uma carga compressiva


172 Flambagem de placas laminadas

Px
Nix = − Niy = Nixy = p = 0 (7.51)
b

Introduzindo a eq. (7.51) na eq. (7.26), e considerando que o laminado é

simétrico ([B]=0) e os termos de acoplamento da matriz de rigidez em flexão são

nulos (D16 = D26 = 0), temos:

∂4wo ∂4wo ∂4wo ∂4wo ∂ 4 w o Px ∂ 2 w o


−D11 − D12 2 2 − D21 2 2 − D22 − 2D66 2 2 + =0 (7.52)
∂x 4 ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y 4 ∂y ∂x b ∂x 2

Considerando que D21 = D12, a eq. (7.51) se torna:

∂4wo ∂4wo ∂ 4 w o Px ∂ 2 w o
D11 + 2 (D12 + D66 ) 2 2 + D22 − =0 (7.53)
∂x 4 ∂x ∂y ∂y 4 b ∂x 2

As condições de contorno são para este caso, w = Mx = 0 para x = 0 e x = a, e

∂ 2w ∂ 2w
w = My = 0 para y = 0 e y = b. Da eq. (4.33), Mx = −D11 − D12 e
∂x 2 ∂y 2

∂2w ∂ 2w
My = −D21 − D 22 . As condições de contorno podem então ser escritas:
∂x 2 ∂y 2

∂ 2w
w= =0 para x = 0, a
∂x 2
(7.54)
∂ 2w
w= 2 =0 para y = 0, b
∂y

A solução da eq. (7.51) é da forma da eq. (7.37) que obedece as condições de

contorno dadas pela eq. (7.54). Introduzindo a solução em w dada pela eq. (7.37) na

eq. (7.53) temos:


4 2 2 4 2
 mπ   m π   nπ   nπ  P  m π 
D11   + 2 (D12 + D66 )     + D22   − x  =0 (7.55)
 a   a   b   b  b  a 
Curso de Projeto Estrutural com Materiais Compostos 173

Rearranjando a eq. (7.55), tem-se:

Px  aπ 
2
 m
4 2
m n
2
n 
4
=  11   + ( 12 + 66 )     + 22   
D 2 D D D (7.56)
b  m   a  a  b  b  

Rearranjando a eq. (7.56), tem-se:

Px  m
2
n
2
 a  n 
2 4
= π D11   + 2 (D12 + D66 )   + D22     
2
(7.57)
b  a b  m   b  

A Figura 7.6 apresenta um exemplo de forma deformada nas condições: a/b =

2, m = 2 e n = 1. A Tabela 7.1 mostra valores de carga crítica para um laminado em

kevlar/epóxi nesta configuração, os termos D11, D12, D22 e D66 são: D11 = 45,20.103

N.mm, D12 = 1,29.103 N.mm, D22 = 45,20.103 N.mm e D66 = 1,33.103 N.mm

Figura 7.6 – Forma flambada de uma placa sujeita com a/b = 2, m = 2 e n = 1


174 Flambagem de placas laminadas

Tabela 7.1 – Carga crítica (Px/b) para a = 1000 mm

a/b m n Px/b

1 0,94

1 2 7,79
1 1 1,95

2 2 3,78

1 7,79

1 2 115,48
2 1 3,78

2 2 31,16

1 0,49

1 2 0,94
0,5 1 1,80

2 2 1,95

REFERÊNCIAS

[1] Gay, Daniel, Matériaux Composites, Hermès, Paris, 1991.

[2] Berthelot, J.-M., Matériaux Composites, Comportement et analyse des

structures, Masson, Paris, 1992.

[3] Tsai, S. W., Hahn, H. T., Introduction to Composite Materials, Technomic

Publishing Co., Inc., 1980.

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