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FORTALEZA – CEARÁ
2011
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FORTALEZA – CEARÁ
2011
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BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Essa dissertação resultou de um trajeto bastante atribulado, ao longo do qual fui recebendo
apoio e estímulo de muitas pessoas. Nesse sentido, os méritos que ela possa ter devem-se
às contribuições das pessoas que, durante a sua elaboração, motivaram-me das mais
diversas maneiras e contribuíram para fazer a caminhada menos árdua. Foram elas que a
tornaram possível, por isso gostaria de expressar a todas, a minha mais profunda gratidão.
Em primeiro lugar a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de chegar até aqui.
Aos meus pais Nogueira e Leoneide, que sempre acreditaram em mim e, cada qual do seu
jeito, ajudou em mais esta tarefa me oferecendo apoio afetivo e até mesmo logístico para
cursar o Mestrado. Obrigada por suas presenças em toda a minha trajetória de vida.
Ao meu irmão Kayro pelo apoio e à minha irmã Karen, que mora distante, e compreendeu
minha ausência durante sua visita em nossa terra e em minha casa.
A toda a minha família, pela felicidade de tê-la, em especial à vó Naninha e tia Zita, pelas
orações e à tia Aldyana, pelas diversas vezes que ajudou a encontrar um direcionamento.
Aos amigos, sempre tão importantes em todos os momentos da vida. Entre eles, as eternas
companheiras dos tempos de graduação (Meury, Sandrinha, Lidiana, Ariadna, Jane)
responsáveis pelo encorajamento para ingressar novamente na academia, em busca da
qualificação profissional; e as recentes, mas não menos importantes, amigas do INSS que
compartilham as alegrias e angústias da inserção profissional. A todas vocês, obrigada por
toda compreensão e incentivo.
Aos colegas de turma com quem muito aprendi durante a realização das disciplinas do
mestrado, em especial à Tereza que, além de me oferecer sua amizade, sempre me
incentivou nos momentos de maior dificuldade.
Ao meu chefe Otacílio, gerente da APS Russas, a quem devo a oportunidade de continuar
cursando o Mestrado em um momento em que nem eu mesma acreditava na possibilidade
de poder concluí-lo.
À minha orientadora professora Dra. Liduína Farias Almeida da Costa de quem tive
oportunidade de ser aluna durante a graduação e aprendi a admirar nesse reencontro como
sua orientanda. Obrigada pelas valiosas orientações e por todo o apoio e incentivo.
Aos professores da banca por aceitarem o convite de avaliar e colaborar com o
aprimoramento deste trabalho.
Aos interlocutores da pesquisa, sem os quais não seria possível o desenvolvimento deste
trabalho.
Enfim, a todos aqueles que contribuíram nesta fase de minha formação, muito obrigada!!!
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RESUMO
Essa dissertação analisa a implantação do novo modelo de avaliação das pessoas com deficiência
para acesso ao Benefício de Prestação Continuada – BPC. Este benefício é uma garantia
constitucional que oferece um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência que não tenham
como prover a própria subsistência ou tê-la provida pela família. Trata-se de medida de proteção
social para pessoas que se encontram em situação de extrema pobreza, entretanto, os critérios para
acessá-lo são considerados bastante excludentes, especialmente no caso das pessoas com
deficiência, que precisam comprovar, além da condição de pobreza, a incapacidade para a vida
independente e para o trabalho, conforme determina a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.
Essa avaliação da incapacidade era, até recentemente feita através de uma perícia médica que
levava em consideração apenas a deficiência, sem analisar os fatores contextuais que condicionam a
experiência da deficiência. Para atender as reivindicações de segmentos envolvidos com a temática e
conferir maior justiça social ao BPC, após um longo processo de construção, foi implantado a partir de
junho de 2009 um novo modelo para avaliação das pessoas com deficiência que requerem o
benefício, baseada na Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Doenças –
CIF. O Decreto 6.214/2007 que determinou a implantação do novo modelo de avaliação previu, além
de outras questões, que a partir de junho de 2009, a avaliação do grau de incapacidade para a vida
independente e para o trabalho deveria ser feita por avaliação social e médica, realizados
respectivamente pelo Serviço Social e Perícia Médica do INSS. Diante dessa nova atribuição para os
assistentes sociais do INSS e consciente de que o profissional, especialmente na área social, não
pode perder a oportunidade de compreender os limites e possibilidades de sua ação cotidiana no
sentido de construir novas formas de ação, esta pesquisa investigou a implantação desse novo
modelo de avaliação para o acesso das pessoas com deficiência ao BCP. O objetivo foi, então,
analisar como se apresentam as condições éticas e operacionais para o desenvolvimento desta
atividade sob a ótica das assistentes sociais. Para tanto, utilizou-se a análise de dados quantitativos a
partir da comparação dos resultados de deferimentos e indeferimentos dos requerimentos no ano
imediatamente anterior e no primeiro ano de operacionalização; e qualitativos, através da aplicação
da técnica de entrevistas semiestruturadas com as assistentes sociais da referida Gerência Executiva
do INSS Fortaleza, público alvo da pesquisa. Os principais resultados apontaram que o processo na
referida gerência tem conseguido qualificar o reconhecimento do direito a esse benefício através da
colaboração e empenho das assistentes sociais envolvidas no processo, que vivenciam em seus
cotidianos profissionais vários desafios de ordens técnica e operacional, inclusive com a dificuldade
de conciliar a implantação de um novo paradigma para a elegibilidade dos requerentes ao BPC com
as demais atribuições do Serviço Social no INSS, em um momento decisivo para a consolidação dos
seus espaços sócio-ocupacionais, especialmente nas APS onde este serviço não era prestado
anteriormente, como é o caso da maioria das agências do interior do Estado.
Palavras-chave: Proteção social; Avaliação social; BPC; Avaliação de políticas públicas; Assistência
Social e Sociedade; Pobreza.
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ABSTRACT
This dissertation analyses the implementation of the new assessment model for people with
disabilities to access the Continuous Cash Benefit (Benefício de Prestação Continuada – BPC). This
benefit is a constitutional guarantee which offers a minimum wage for the elderly and disabled people
who do not have means to afford their subsistence or having it provided by the family. It is a measure
of social protection for people who are in extreme poverty; however, the criteria for accessing it are
considered quite exclusive, especially for people with disabilities, which must prove, beyond the
condition of poverty, the inability to live and to work independently, as required by the Organic Law of
Social Assistance (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). This evaluation of inability was, until
recently, made by a medical examination which took into consideration only the disabled, regardless
to the contextual factors inherent to the experience of disability. In order to meet the demands of
segments involved in this sector and achieve greater social justice to the BPC, after a long
construction process, it was implemented from June 2009 a new model for assessment of people with
disabilities who require the benefit, based on the Functioning, Disability and Health International
Classification (Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Doenças – CIF). The
Decree 6.214/2007 determined that the implementation of the new assessment model grants, among
other issues, on and after June 2009, that the evaluation of the degree of disability for independent
living and working should be done by social and medical appraisal, held respectively by the Social
Service and Medical Expertise of the National Institute of Social Security (Instituto Nacional de Seguro
Social – INSS). Given this new assignment for social assistant from INSS and aware that
professionals, especially in the social area, cannot miss the opportunity to understand the limits and
possibilities of their everyday actions to construct new forms of action, this research investigated the
implementation of this new evaluation model for the access of people with disabilities to BCP. The
objective was then to examine how are presented the ethical and operational conditions for the
development of this activity from the viewpoint of social assistants. For that, we used the analysis of
quantitative data from the comparison between the results of deferrals and rejections of applications in
the previous year and the first year of operation; and qualitative, through the application of the
technique of semi-structured interviews with social assistants from the Executive Management of
Fortaleza’s INSS, target audience of the research. The main results showed that the process in that
management has coped to qualify for recognition of right to this benefit through collaboration and
commitment of social assistants involved in the process, who experience many challenges of technical
and operational nature in their professional everyday, including the difficulty of integrating the
deployment of a new paradigm for the eligibility of applicants to the BPC with the other duties of Social
Work in INSS, at a defining moment for the consolidation of their social-occupational areas, especially
in the APS where this service was not provided previously; the same applying to most of the agencies
in the State’s countryside.
Keywords: Social protection, Social evaluation, BPC; Evaluation of public politics; Social Work and
Society; Poverty.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Mapa da Região Nordeste com sua divisão por Estados ..................... 49
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
A opção por esta área de investigação teve sua origem após o ingresso como
servidora no Serviço Social do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), o que
possibilitou um conjunto de observações empíricas, bem como questionamentos advindos
da vivência profissional, os quais suscitaram a vontade de aprofundar os estudos sobre a
relação entre a política pública de Seguridade e seus beneficiários na realidade local de
intervenção profissional.
A Assistência Social, que até bem pouco tempo se caracterizou por oferecer
auxílio em forma de benesse, atualmente pode ser considerada uma dessas políticas
públicas. Antes marcada pela fragmentação e centralização no nível federal, com a
completa ausência dos usuários em seu processo decisório, destinada a compensar
carências e, em alguns casos, oferecer legitimidade a grupos no poder, hoje avança em
direção à concepção de direito.
Além disso, sempre houve uma tendência a se fazer essa avaliação, levando em
consideração apenas o diagnóstico da deficiência, dentro de um enfoque puramente
14
1
A Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Saúde- CIF, aprovada pela Organização
Mundial de Saúde, permite classificar a nível mundial, a funcionalidade, a saúde e a deficiência do ser humano.
É adotada em 191 países, entre os quais o Brasil, trazendo um novo paradigma que se contrapõe às idéias
tradicionais de saúde e doença. Este assunto será aprofundado no 3º capítulo.
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Por outro lado, é preciso ter o cuidado para se afastar das pré-noções do senso
comum, arraigadas na familiaridade que se tem com o objeto de pesquisa. Ou seja, efetuar
a construção do objeto de forma a não se tornar objeto do problema que se toma como
objeto, como diria Bourdieu (1998).
Neste sentido, para além da expectativa acadêmica, acredita-se que este estudo
possa contribuir para analisar se a mudança de paradigma ocorrida a partir de 2009 tem, de
fato, qualificado o processo do reconhecimento do direito dessas pessoas ao benefício,
possibilitando um olhar crítico acerca do assunto o que poderá contribuir para aprimorar
esse serviço prestado à população, bem como para ensejar possibilidades concretas de
enfrentamento dos problemas e restrições ao benefício.
Durante muito tempo, a questão da pobreza foi tratada a partir da caridade que
surgia da iniciativa particular de grupos ou frações de classe que se organizavam
principalmente por intermédio da Igreja. A Lei dos Pobres, na Inglaterra, seria um dos
exemplos mais eloquentes desse fato. As ações do Estado, por sua vez, eram pautadas na
repressão policial e, posteriormente, nas ações de cunho assistencialistas e paternalistas.
2
O keynesianismo, doutrina teórica considerada base da implantação de uma das mais importantes formas de
regulação da atividade econômica do sistema capitalista, propunha que o governo deveria promover a
construção maciça de obras públicas, o que incentivaria o aumento do consumo dos produtos postos à venda e
garantiria o pleno emprego.
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Concorda-se com Mota (2008), que essas duas correntes interpretativas devem
ser vistas em conjunto, no sentido de explicar esses novos campos de intervenção estatal,
tendo em vista que estas ações fazem parte de um processo mais amplo de valorização do
capital, o qual adquire diferentes influências e expressões em cada país, a depender de
variados elementos relacionados às correlações de forças existentes, como afirma Oliveira,
(2003)
O fato é que de acordo com a mesma autora, sendo financiada pelo fundo
público, criado através dos impostos arrecadados pelo Estado, a proteção social encontra-
se no centro da disputa entre capitalistas e trabalhadores que buscam respectivamente
garantir a acumulação do capital e a reprodução da força de trabalho, obtendo vantagem o
grupo que tiver maior força de organização. Neste sentido, os sistemas de proteção social
adquiriram configurações particulares, apresentando perfis diferenciados em cada país,
influenciados pela trajetória do desenvolvimento do capitalismo em cada um deles.
Pode-se chegar a uma primeira síntese com base em Couto (2004), segundo a
qual em um sistema de proteção social formulado pelo Poder Executivo e voltado ao
trabalho urbano-industrial, as políticas sociais podem ser caracterizadas como políticas de
recorte seletivo, dirigindo-se a um grupo específico, e fragmentadas, pois respondem de
maneira insuficiente às demandas.
3
Welfare State pode ser compreendido como um conjunto de serviços e benefícios de alcance universal
promovido pelo Estado visando garantir um equilíbrio entre o avanço das forças de mercado e uma relativa
estabilidade social, suprindo a sociedade de benefícios sociais capazes de gerar um mínimo de base material
para que possa enfrentar os efeitos negativos de uma estrutura de produção capitalista que traz a desigualdade
e a exclusão em seu bojo.
4
A primeira CAP foi criada em 1923, por meio da Lei Eloy Chaves, e dirigia-se aos ferroviários. É baseada nessa
estrutura que se deu a expansão da Previdência no Brasil, a partir de 1930. Couto (2004, p. 96)
21
5
Esses Institutos congregavam os trabalhadores brasileiros no âmbito de sua competência. São exemplos de
IAPs: o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos (IAPM), o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos
Comerciários (IAPC), o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários (IAPB), entre outros.
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Planejamento que definia a orientação político, econômica e social para desenvolver o Brasil 50 anos em 5.
Esse ideal desenvolvimentista foi consolidado num conjunto de 30 objetivos a serem alcançados em diversos
setores da economia, que se tornou conhecido como Plano de Metas. Elaborados com base em estudos e
diagnósticos realizados desde o início da década de 1940 por comissões econômicas, esse plano mencionava
cinco setores básicos da economia, abrangendo várias metas cada um, para os quais os investimentos públicos
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e privados deveriam ser canalizados. Os setores que mais recursos receberam foram energia, transportes e
indústrias de base, num total de 93% dos recursos alocados. Esse percentual demonstra por si só que os outros
dois setores incluídos no plano, alimentação e educação, não mereceram o mesmo tratamento dos primeiros. A
construção de Brasília não integrava nenhum dos cinco setores. Ao final dos anos JK, muitos foram os avanços,
e muitas foram as críticas à opção de JK pelo crescimento econômico com recurso ao capital estrangeiro, em
detrimento de uma política de estabilidade monetária.
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Tornou-se consenso que, durante a década de 70, enquanto surgiam nos países
desenvolvidos as primeiras críticas ao Welfare State, assistia-se no Brasil, o período
conhecido como milagre brasileiro, caracterizado por uma relativa ampliação das políticas
de seguridade social.
Fora isso, a ditadura deixou um legado para o país que inclui: a ampliação do
déficit público; o endividamento externo; uma forte crise fiscal, resultado da diferença entre
arrecadação e gastos pelo governo com a área social; e uma crescente mobilização da
população pela redemocratização e pelo enfrentamento da questão social, decorrente do
alto nível de concentração de renda do período, que gerou uma sociedade extremamente
desigual.
7
O SINPAS foi instituído em 1979 e congregou o Instituto Nacional de Previdência Social ( INPS), o Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social ( INAMPS), a Fundação Nacional do Bem-Estar
do Menor (FUNABEM), a Legião Brasileira de Assistência (LBA) e a Central de Medicamentos (CEME).
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Para tentar cumprir seus preceitos, apesar de ter sido instituída em meio a um
forte movimento de reforma do Estado, disciplinou em seu artigo 194 a Seguridade Social,
compreendendo “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à
Assistência Social” (BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988).
8
Neste período, “o Brasil se tornou signatário do acordo firmado com os organismos financeiros internacionais,
como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), por meio das orientações contidas no Consenso
de Washington” (COUTO, 2004 p. 144) o qual subordina os interesses do social ao econômico.
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Por este motivo, Werneck Vianna (2004) considera que, do ponto de vista da
estrutura formal, o Brasil possui um sistema de proteção social capaz de reduzir as
desigualdades sociais do país, mas, por outro lado, a consolidação e expansão desse
sistema foram prejudicadas pela sua desfiguração através da legislação infraconstitucional.
Segundo a autora, “a seguridade social brasileira foi praticamente ignorada pelos governos
que se sucederam desde a promulgação da Carta Magna...” ( p. 1).
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O Programa Comunidade Solidária foi criado em 1995, pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso,
constituindo-se enquanto principal estratégia para enfrentamento da pobreza nesse governo. De acordo com a
análise de Silva (2001), seria uma nova estratégia para enfrentar a pobreza e a exclusão social, mediante a
articulação de ações já desenvolvidas por diferentes Ministérios, numa perspectiva descentralizada e com a
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Concorda-se com Rocha (2006) que, a partir da década de 1970, o país cresceu
e se modernizou, situando-se hoje, a nível mundial, entre os países de renda média,
exibindo um produto interno capaz de oferecer condições de vida adequadas para todos. O
aumento da renda fez declinar a pobreza absoluta, entretanto, níveis elevados de pobreza
persistem em função da enorme desigualdade da distribuição de rendimentos.
A Previdência Social deve ser entendida, segundo Duarte (2003), como sistema
de cobertura dos efeitos de contingências associadas ao trabalho. Possui caráter
contributivo e tem como objetivo ofertar benefícios e serviços ao segurado que, por algum
motivo, esteja impossibilitado de exercer suas atividades laborativas. Esta política pode ser
comparada a um seguro que tem como bem tutelado a capacidade de trabalho do
contribuinte.
participação e parceria da sociedade civil. Visava incentivar ações em duas frentes; atribuição de um selo de
prioridade e gerenciamento de programas de diferentes Ministérios que tivessem maior potencialidade de
impacto sobre a pobreza e identificação dos municípios que apresentassem maior concentração de pobreza,
onde os programas seriam desenvolvidos. Foi interrompido em 1998, depois de percebida sua limitada eficácia
no enfrentamento da pobreza no Brasil.
10
Os segurados especiais são os trabalhadores rurais e os pescadores artesanais que produzem
individualmente ou em regime de economia familiar e não utilizam empregados para essas atividades.
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11
A Lei Orgânica da Saúde demorou dois anos para ser sancionada, a Lei dos Planos de Custeio e Benefícios
da Previdência Social demorou três anos e a Lei Orgânica da Assistência Social demorou cinco anos para ser
sancionada.
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12
De acordo com Silva (1997), a renda mínima é entendida como uma transferência monetária a indivíduos ou a
famílias, prestada condicional ou incondicionalmente, complementando ou substituindo outros programas sociais,
objetivando garantir um patamar mínimo de satisfação de necessidades básicas. No caso brasileiro, essa
provisão de mínimos sociais, introduzida na agenda política brasileira nos anos1990, é tida como “mínimos de
subsistência” e assume a forma de uma resposta isolada e emergencial aos efeitos da pobreza absoluta.
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De acordo com a nota explicativa da execução orçamentária e financeira do FNAS, “o orçamento de 2010 se
subdivide em despesas obrigatórias e despesas discricionárias, sendo as despesas obrigatórias aquelas que
constituem obrigações constitucionais e legais e não podem ser objeto de contingenciamento e pagamento,
enquanto as despesas discricionárias são aquelas em que o governo possui poder de deliberação sobre sua
execução, conforme prioridades estabelecidas, e podem ser objeto de contingenciamento”.
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Neste sentido, concorda-se com Sposati (2008) que, exceto pelo BPC, do ponto
de vista dos direitos que lhe coube assegurar, a LOAS seria um ordenamento jurídico que
contem mais potencialidades do que garantias.
Fávero (2004), por sua vez, considera uma lástima a forma como a LOAS
disciplinou o acesso ao BPC, segundo ela, “praticamente inviabilizando este acesso, ou,
quando não, transformando a obtenção do benefício num ATESTADO de incapacidade” (p.
183).
Por ser operacionalizado pelo INSS, o BPC teve uma trajetória inicial apartada
da assistência social e desarticulada das demais ações, experimentando um distanciamento
do ponto de vista da condução da política, sem visibilidade e sem sua apropriação. Não é
sem razão que se confunde o BPC com a aposentadoria previdenciária, confusão feita tanto
por beneficiários como pela sociedade em geral.
O BPC encontra sua identidade na proteção básica, pois visa garantir aos
seus beneficiários o direito à convivência familiar e comunitária, bem como
o trabalho social com suas famílias, contribuindo para o atendimento de
suas necessidades e para o desenvolvimento de suas capacidades e de
sua autonomia. (2005, p.61).
14
Levando em consideração o salário mínimo de 545,00 reais, vigente na data deste estudo.
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beneficiários, desconsideração que não encontra respaldo legal nos princípios que regulam
a assistência social no Brasil.
A LOAS determinou ainda a revisão do limite de 70 anos após dois anos, até
chegar aos 65 anos. Neste sentido, o Decreto 1.744/95 de 8 de dezembro de 1995 reduziu a
idade mínima de acesso, de 70 para 67 anos (a partir de 1º de janeiro de 1998) e previu a 2ª
alteração para 65 anos, em 1º de janeiro de 2000. Por fim, a Lei 10.741 de 1º outubro de
2003 concretizou a 2ª redução na idade mínima de acesso ao benefício para os idosos, no
caso 65 anos, surtindo efeito a partir de 1º de janeiro de 2004 e permanecendo ainda hoje,
mesmo depois de sancionado o Estatuto do Idoso que considera pessoa idosa aquela com
idade igual ou superior a sessenta anos.
Vale ressaltar que o Estatuto do Idoso ainda passou a permitir que, no cálculo da
renda per capita para o acesso da pessoa idosa, não seja considerado o valor do benefício
já concedido a outra pessoa idosa da mesma família.
No caso das pessoas com deficiência, a restrição se assevera ainda mais, tendo
em vista que, além de comprovar estar dentro do critério de renda, os requerentes precisam
comprovar também a incapacidade para a vida independente e para o trabalho, o que até
maio de 2009 era comprovado através de uma perícia médica realizada pelo INSS.
No primeiro ano de concessão (1996), essa perícia era realizada por uma
equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde – SUS, de acordo com o artigo 20, § 6º
da LOAS, o qual não especifica os profissionais que devem fazer parte da equipe.
que impeçam o desempenho das atividades da vida diária e do trabalho. Esse Decreto
restringiu o conceito de deficiência ao colocar a irreversibilidade da lesão ou anomalia e ao
definir como sinônimo de incapacidade de vida independente o não desempenho das
atividades da vida diária e do trabalho.
severa, profunda e vida diária. Além disso, conforme Diniz (2007), os dois aspectos que
deveriam nortear o reconhecimento do direito, no caso, a vida independente e o trabalho,
pouco são aludidos nos dispositivos legais que não estabelecem critérios avaliativos de
desempenho mínimo entre essas duas variáveis.
[...] há limitações por parte deste instrumental, já que corre o risco de nem
sempre dar conta da diversidade das situações, especialmente quando
tratado por profissionais não especializados e que não acompanham a
problemática da deficiência.
15 Esse instrumento contempla os seguintes itens de avaliação: Aptidão para o trabalho; níveis de dificuldades
nas áreas de: Visão, audição e palavra; níveis de dificuldades para exercer as Atividades da vida diária; níveis de
dificuldade de Locomoção; níveis de Instrução; níveis de controle de Excretores.
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Para essa autora, essa baixa taxa de confiança no instrumento deve ser
entendida para além de uma simples ineficácia do questionário. Ela pode ser um indicador
do quanto a mensuração das variáveis trabalho e vida independente é complexa e pouco
permeável a um instrumento nos termos da legislação atualmente em vigor.
16
A Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Saúde – CIF foi estabelecida pela
Resolução da Organização Mundial de Saúde nº 542, aprovada pela Resolução nº 5421. Organização Mundial
de Saúde e aprovada pela 54ª Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. Permite classificar a nível
mundial, a funcionalidade, a saúde e a deficiência do ser humano. É adotada em 191 países, entre os quais o
Brasil, trazendo um novo paradigma que se contrapõe às idéias tradicionais de saúde e doença.
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perícia médica e pelo serviço social do INSS, sendo que: a avaliação médica considerará as
deficiências nas funções e estruturas do corpo; a avaliação social, os fatores ambientais,
sociais e pessoais; e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a
restrição da participação social, de acordo com suas especificidades.
No mesmo artigo, o inciso 2° traz mais uma inovação: determina que, para fins
de reconhecimento do direito ao Benefício da Prestação Continuada de crianças e
adolescentes menores de 16 anos de idade, deve ser avaliada a existência da deficiência e
o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação,
compatível com a idade, sendo dispensável a avaliação da incapacidade para o trabalho.
O BPC pode ser considerado a principal política social voltada para as pessoas
com deficiência no Brasil. Adota como critério de inclusão, além da comprovação da
incapacidade, a renda, que somente permite a inclusão de deficientes muito pobres.
A perícia médica do INSS, até meados de 2009, era a única autoridade para dar
o veredicto final para a concessão do benefício, situando-se, portanto, entre o anúncio como
deficiente pobre e a inclusão no sistema de proteção social. Mas a inexistência de um
consenso sobre o conceito de deficiência se mostra como uma das questões mais
controversas para a garantia de acesso a esse direito.
Essa dificuldade é reflexo das formas históricas de como o corpo da pessoa com
deficiência foi tratado, sempre submetido a diversas narrativas que vão desde as religiosas,
em que a compreensão da deficiência estava muito ligada ao sobrenatural, passando pelo
modelo médico, que defende que o corpo com deficiência deve ser ajustado para se
adequar às normas e padrões da sociedade, focalizando a necessidade de mudança quase
que exclusivamente na pessoa com deficiência, até as recentes abordagens
biopsicossociais, que levam em consideração a influência dos fatores ambientais para a
compreensão do tema.
Hoje é a autoridade biomédica que está sendo contestada pelo modelo social da
deficiência. A tentativa de avançar no processo de construção de uma sociedade que
respeite as diferenças busca suas bases no chamado “modelo social de deficiência”. Ao
contrário do modelo biomédico que traduz a deficiência como tragédia pessoal,
transformando o corpo com impedimentos em um objeto de intervenção e normalização, o
modelo social compreende a deficiência como resultado da interação entre um corpo com
impedimentos e um ambiente hostil à diversidade corporal.
Assim, o modelo social da deficiência sustenta que são as barreiras sociais que,
ao ignorar os corpos com impedimentos, provocam a experiência da desigualdade. A
opressão não é um atributo dos impedimentos corporais, mas resultado de sociedades não
inclusivas. Nesta perspectiva, os impedimentos corporais somente ganham significado
quando convertidos em experiências pela interação social.
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. (Art. 1º)
Foi a partir desse novo paradigma que o Decreto 6.214/200717 passou a exigir
um novo modelo de avaliação da incapacidade de pessoas com deficiência requerentes a
esse benefício. Com a adoção da CIF, as perícias do corpo com impedimentos passaram a
17
O Decreto 6.214/2007 regulamenta o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social devido à
o o
pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei n 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei n 10.741, de
o o
1 de outubro de 2003 e acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto n 3.048, de 6 de maio de 1999.
42
A avaliação é feita através dos qualificadores18 que, a partir de uma escala (de 0
a 4), que varia de Nenhuma, passando pela Leve, Moderada, Grave, até chegar à Completa,
mensuram a presença e a gravidade de um problema em funcionalidade nos níveis da
pessoa ou da sociedade. Para os Fatores Ambientais o qualificador indica a presença de um
obstáculo e chama-se Barreira. Já para o componente Atividade e Participação, o
qualificador é chamado de Dificuldade.
18
Os qualificadores registram a presença e a gravidade de um problema em funcionalidade nos níveis do corpo,
da pessoa ou da sociedade. Para as classificações de função e estrutura do corpo, o qualificador primário indica
a presença de uma deficiência e, em uma escala de cinco pontos, o grau de deficiência de função ou de
estrutura (nenhuma deficiência, deficiência leve, moderada, grave e completa).
44
Embora possa ser considerado um avanço no que diz respeito à seleção dos
possíveis beneficiários do BPC, é preciso ter em mente as limitações de um instrumental
como esse no processo de inclusão das pessoas com deficiência à proteção social, pois o
que ainda comumente se vê são muitas pessoas com restrições leves ou moderadas de
suas habilidades que enfrentam graves restrições no mercado de trabalho em consequência
de variáveis difíceis de serem mensuradas, tais como discriminação, preconceito ou
barreiras sociais de outra ordem.
Por outro lado, há pessoas para as quais a deficiência gera de fato incapacidade
ou limitação para a realização de atividades e, consequentemente, restrição de participação
social. Daí a importância de uma avaliação adequada de todos os aspectos que envolvam
as incapacidades decorrentes das necessidades específicas de cada pessoa numa
perspectiva de efetivação do direito à inclusão social.
Enfim, os desafios sobre o tema ainda são muitos, mas o entendimento de que a
deficiência é uma expressão da diversidade de estilos de vida é um avanço sem
precedentes para a concretização de um projeto de justiça social urgente: a integração das
pessoas com deficiência na proteção social e em todos os âmbitos da sociedade.
46
3 O CAMPO DA PESQUISA
Concorda-se com Sposati (2008) quando esta afirma que, por ser mantido sob
uma gestão securitária, que é contributiva, o processo de reconhecimento do direito ao BPC
submete o acesso a um direito de cidadania a uma burocracia treinada para funcionar sob a
lógica do direito trabalhista, prevalecendo a noção do benefício como um amparo de ajuda.
Possui como missão “Garantir proteção ao trabalhador e sua família, por meio de
sistema público de política previdenciária solidária, inclusiva e sustentável, com o objetivo de
promover o bem-estar social” (INSS, RELATÓRIO DE GESTÃO 2003-2010, p. 6). Tem por
finalidade a operacionalização do reconhecimento dos direitos da clientela do Regime Geral
de Previdência Social – RGPS19, bem como do Benefício de Prestação Continuada – BPC
19
No Brasil existem, além do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, os Regimes Próprios de Previdência
dos servidores, administrados pelos respectivos governos e a Previdência Complementar optativa, administrada
por fundos de pensão abertos ou fechados.
48
da Lei Orgânica da Assistência Social. Para cumprir sua missão, diante da dimensão
territorial do Brasil, o INSS possui uma estrutura organizacional hierarquizada com grande
capilaridade
Para atender toda essa demanda, o sistema conta com um total de 37.135
servidores, distribuídos em 1.156 unidades de atendimento, espalhadas pelo Brasil. As
unidades chamadas de Agências da Previdência Social – APS são responsáveis pela
inscrição do contribuinte, para fins de recolhimento, bem como pelo reconhecimento inicial,
manutenção e revisão de direitos ao recebimento de benefícios previdenciários. E, de
acordo com o Relatório de Gestão 2003-2010 do INSS, são 1.156 APS que realizam cerca
de 4 milhões de atendimentos mensais, estando distribuídas nas 5 Superintendências
Regionais21.
20
A Sala de Monitoramento é um sistema virtual criado pela diretoria de Atendimento do INSS com o objetivo de
melhorar a gestão do atendimento e facilitar o acompanhamento de cada unidade de atendimento em tempo
real. Essa ferramenta é disponibilizada a todos os servidores.
21
Além das Agências da Previdência Social, são consideradas também unidades de atendimento as Agências
Especializadas em Benefícios por Incapacidade (APS-BI), Agências de Atendimento de Demandas Judiciais
(APS-ADJ), unidades especializadas na análise de benefícios decorrentes de acordos internacionais e, ainda, as
Unidades Móveis Flutuantes – PREVBarcos e Unidades de Atendimento PREVCidades.
49
Tabela 1: População atendida no INSS do Ceará por Gerência Executiva em março de 2011
Gerência Executiva População atendida Municípios abrangidos Nº de APS
Fortaleza 4.996.882 66 22
Sobral 2.022.334 68 12
Juazeiro do Norte 1.528.593 50 11
Total 8.547.809 184 45
Fonte: Sala de Monitoramento em março/2011
50
Conforme demonstra a tabela acima, uma das APS que se destaca por uma
demanda elevada de atendimento é a APS Russas, local priorizado para a realização desta
pesquisa. Uma breve descrição e análise dessa APS pode demonstrar aspectos importantes
da rotina das agências da GEXFOR, embora deva ser levada em consideração as
peculiaridades de cada local.
Atualmente, o espaço físico no térreo é composto por um amplo salão que conta
com 25 guichês de atendimento. Além disso, possui 4 salas para perícia médica, 1 sala para
o Serviço Social, banheiros masculino e feminino para o público. O arquivo é bastante amplo
e as dependências de uso restrito aos servidores contam com banheiros masculino e
feminino e copa/cozinha.
Apesar de ter passado por uma grande reforma há cerca de 9 anos, decorrente
do Programa de Melhoria do Atendimento22, a APS não dispõe de acessibilidade para seus
usuários, parte considerável deles pessoas com deficiência ou com capacidade de
locomoção reduzida. Com exceção das portas dos banheiros que foram adaptadas para
possibilitar a entrada de cadeirantes e da rampa de entrada, não se percebe por parte da
instituição, a observância a outros tantos critérios de acessibilidade.
Quanto aos recursos humanos, a APS Russas conta com 36 servidores, sendo
27 Técnicos do Seguro Social, 5 médicos peritos, 3 estagiários e 1 assistente social. A
quantidade de servidores se justifica pela demanda diária de atendimento da Agência.
Embora não haja uma demarcação oficial, já que os segurados e usuários podem ser
atendidos na agência de sua preferência, a APS Russas é utilizada como referência para o
atendimento de 14 municípios, além de Russas, o que corresponde a quase todos os
municípios da região do Vale do Jaguaribe, tendo como única exceção a cidade de
22
Em 2002 teve início a transformação dos antigos Postos do INSS em modernas Agências da
Previdência Social, as quais foram totalmente informatizadas.
54
Tabela 3: População total, urbana e rural e número de benefícios ativos em julho de 2010
dos municípios referenciados pela APS Russas
Município População População População Benefícios ativos
Total Urbana Rural em jul/2010
Morada Nova 61.751 33.807 27.944 12.738
Russas 63.975 40.839 23.136 11.710
Limoeiro do Norte 53.289 30.188 23.101 9.785
Jaguaribe 35.237 22.455 12.782 7.083
Tabuleiro do Norte 28.291 17.365 10.926 6.525
Quixeré 18.652 11.111 7.541 3.796
Iracema 14.313 9.977 4.336 3.327
Jaguaretama 18.041 7.366 10.836 3.390
Pereiro 15.231 5.518 9.773 3.202
Alto Santo 19.154 7.509 11.645 2.851
S. João do Jaguaribe 8.310 3.075 5.235 2.210
Jaguaribara 9.992 6.415 3.365 1.991
Palhano 8.797 4.379 4.418 1.978
Ererê 6.931 3.291 3.636 1.184
Potiretama 6.474 2.469 4.009 1.183
Dados do IBGE/2007, da PNUD/2000 e do SUIBE 07/2010
23
A instalação dessas unidades ocorre por meio de um convênio com a prefeitura local e seu objetivo é dar
maior comodidade à população de municípios em que a Previdência Social não possui agência própria. Nesse
tipo de convênio, o INSS fornece treinamento e suporte técnico, enquanto a prefeitura cede funcionários, imóvel
e equipamentos. No local, a população pode obter informações e entregar a documentação necessária para
requerer os benefícios da Previdência, agendar perícia médica, solicitar a cessação de benefício e atualizar
cadastro.
56
Neste sentido, quem chega na APS no início da manhã, pode observar que nas
primeiras horas de atendimento começam a chegar topics e até ônibus carregados de
pessoas em busca dos serviços oferecidos pela agência. São trabalhadores e trabalhadoras
em situação de privação de sua capacidade de trabalho em busca dos benefícios
previdenciários ou assistenciais. Vale ressaltar que, apesar da existência de empresas de
grande porte na região, a grande maioria dos segurados da APS Russas é formada por
agricultores, na qualidade de segurados especiais24.
Figura 6: Foto de um dos transportes utilizados diariamente por usuários da APS Russas.
24
São os trabalhadores rurais que produzem em regime de economia familiar, sem utilização de mão de obra
assalariada permanente, e que a área do imóvel rural explorado seja de até 04 módulos fiscais. Estão incluídos
nesta categoria cônjuges, companheiros e filhos maiores de 16 anos que trabalham com a família em atividade
rural. Também são considerados segurados especiais o pescador artesanal e o índio que exerce atividade rural e
seus familiares.
57
Figura 7: Foto das barraquinhas que se localizam diariamente em frente à APS Russas.
58
Tabela 4: Tempo médio de espera para o atendimento até a avaliação social nas APS da
GEXFOR
25
APS Requerimento de B-87 Avaliação Social Total
(espera em dias) (espera em dias) (espera em dias)
Aracati 4 0 4
Canindé 2 1 3
Cascavel 3 0 3
Caucaia 65 22 87
Fortaleza-Aldeota 11 2 13
Fortaleza-Centro Oeste 23 3 26
Fortaleza-Jacarecanga 84 18 102
Fortaleza-Sul 82 3 85
25
Numeração atribuída pela operacionalização do INSS ao Benefício de Prestação Continuada - BPC para
pessoas com deficiência.
59
Fortaleza-Messejana 7 4 11
Fortaleza-Parangaba 56 14 70
Fortaleza-Parquelândia 29 17 46
Fortaleza-Centro 136 36 172
Maracanaú 5 2 7
Maranguape 7 2 9
Pacajus 7 3 10
Pacatuba 5 8 13
Quixadá 4 1 5
Quixeramobim 2 1 3
Redenção 5 0 5
Baturité 4 1 5
Boa Viagem 19 6 25
Russas 2 3 5
Fonte: Sala de Monitoramento/ Março-2011
Além dos suportes para avaliação social inicial como parte do procedimento para
o reconhecimento do direito ao BPC, existe ainda uma grande demanda de deslocamento
das assistentes sociais de suas APS de origem para realização de avaliação social em fase
recursal26, tendo em vista que a maioria das APS conta apenas com uma asistente social
em seus quadros e a avaliação, em fase de recurso, deve ser realizada por profissional
diferente daquela que realizou a avaliação social inicial.
26
Quando o requerente possui seu requerimento indeferido, o interessado pode entrar com pedido de recurso
administrativo dentro do prazo de 30 dias a contar da ciência do resultado.
60
Entretanto, quase dois anos após a contratação das 866 assistentes sociais no
Brasil inteiro aprovadas no referido concurso, o número desses profissionais ainda não é
suficiente para atender a necessidade dos usuários pelos serviços ofertados pelo setor de
Serviço Social na previdência, tendo em vista que, além de algumas APS possuírem uma
demanda bastante elevada, aumentada com a implantação da avaliação social para acesso
ao BPC, ainda existem APS sem assistente social em seus quadros.
27
O recurso é o procedimento que pode ser realizado pelo requerente diante de uma decisão do INSS
desfavorável ao ser requerimento de benefício. Ou seja, em caso de indeferimento do pedido, é possível
apresentar um recurso para que a decisão final do INSS possa ser revista ou modificada.
61
Ainda de acordo com Silva (2008), esse era um desafio que extrapolava as
possibilidades de atuação da profissão, bem como de qualquer outro exercício profissional,
visto que, através de benefícios e serviços, se resolve apenas parte dos efeitos que o
capitalismo, com a intensificação das desigualdades concernentes à distribuição de riqueza,
gera para grande parte da população. Entretanto, as condições que acabam por gerar a
necessidade de tais benefícios permanecem inalteradas. Uma limitação, portanto, do próprio
sistema previdenciário, e não das unidades institucionais de Serviço Social.
Foi neste contexto que o Serviço Social foi concebido na Previdência como
assistência complementar, visando, entre outras coisas, promover a solução dos problemas
dos desajustamentos sociais que assolavam a sociedade, através das seguintes atividades:
cumprindo notar, porém, que tudo isto deverá ser feito sem tirar a iniciativa
do próprio segurado ou beneficiário, somente como função supletiva ou de
ajuda, quando evidenciada a dificuldade ou impossibilidade de agir da parte
deles.” (SILVA, 2008, p. 22).
28
“A profissão institucionaliza-se na Previdência por meio da Portaria n 25, de 6 de abril de 1944, no contexto da
expansão previdenciária dos Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAP's que surgiram, no Brasil a partir de
1933.” (YAZBEK, 2008, p. 120)
63
Vale ressaltar que até este momento não havia operacionalização de benefícios
assistenciais pelo INSS, o que não demandava atividades dessa natureza por parte do
Serviço Social. A RMV29 somente veio a ser implementada em 1974 e, diferente do que
ocorre atualmente para a concessão do BPC, não necessitava de intervenção direta do
Serviço Social para sua concessão.
29
A Renda Mensal Vitalícia (RMV) foi criada por meio da Lei nº 6.179/74 como benefício previdenciário
destinado às pessoas maiores de 70 anos de idade ou inválidos, definitivamente incapacitados para o trabalho*
que, em um ou outro caso, não exerciam atividades remuneradas e não auferiam rendimento superior a 60% do
valor do salário mínimo. Além disso, não poderiam ser mantidos por pessoas de quem dependiam, bem como
não poderiam ter outro meio de prover o próprio sustento. Foi extinta a partir de 01 de janeiro de 1996, quando
entrou em vigor a concessão do BPC, portanto, é um benefício em extinção, mantido apenas para aqueles que já
eram beneficiários, com base no pressuposto do direito adquirido.
30
No Brasil, Segundo Yazbek (2008), as 3 principais vertentes que emergiram no bojo do Movimento de
Reconceituação são:
“- a vertente modernizadora (Netto, 1994: 164 e ss.) caracterizada pela incorporação de
abordagens funcionalistas, estruturalistas e mais tarde sistêmicas (matriz positivista), voltadas a uma
modernização conservadora e melhoria do sistema pela mediação do desenvolvimento social e do
enfrentamento da marginalidade e da pobreza na perspectiva de integração da sociedade. (…) Configuram um
projeto renovador tecnocrático fundado na busca da eficácia e eficiência para nortear a produção do
conhecimento e a intervenção profissional;
- a vertente inspirada na fenomenologia, que emerge como metodologia dialógica, que,
apropriando-se da visão de pessoa e comunidade de E. Mounier (1936) dirige-se ao vivido humano, aos sujeitos
em suas vivências, atribuindo ao Serviço Social a tarefa de auxiliar a abertura desse sujeito existente, singular
em relação aos outros e ao mundo de pessoas. (...) vai priorizar as concepções de pessoa, diálogo e
transformação social (dos sujeitos) é analisada por José Paulo Netto como uma reatualização do
conservadorismo presente no pensamento inicial da profissão;
- a vertente marxista que remete a profissão à consciência de sua inserção na sociedade de
classes e que no Brasil vai configurar-se, em um primeiro momento, como uma aproximação ao marxismo sem o
recurso ao pensamento de Marx. (Netto, 1994:247 e ss.)” ( p. 122)
64
31
O Plano Básico de Ação influenciou e foi fortemente influenciado pelo Documento de Araxá, o qual foi
sintetizado no I Seminário de Teorização do Serviço Social em 1967 e se consolidou com o Documento de
Teresópolis, construído durante o II Seminário de Teorização do Serviço Social realizado em 1970.
65
32
Resolução INPS n 064.2, de 4 de setembro de 1978.
66
Embora em primeiro momento possa não ter tido adesão uniforme de toda a
categoria, pois, conforme Netto, ela “é um espaço plural do qual podem surgir projetos
profissionais diferentes” (1999, p. 96), a Matriz33 possibilitou, entretanto, um novo
direcionamento ao Serviço Social da Previdência, consolidando-se por toda a década de
1990.
33
Utilizaremos o termo Matriz para nos referirmos à Matriz Teórico Metodológica do Serviço Social na
Previdência.
68
que deve ser utilizado para favorecer a inclusão da população usuária na concessão dos
benefícios sociais.
De acordo com Yazbek, não se pode negar que a Matriz “Representou uma
busca de ruptura com a prática profissional conservadora, burocratizada, de inspiração
funcionalista e calcada na abordagem psicossocial dos usuários da Previdência Social”.
(2008, p. 133)
Essa pretensão foi revertida em apenas quatro dias, depois de uma intensa
mobilização da categoria que contou com o apoio e a participação de entidades da
sociedade civil e política e intermediação do conjunto Conselho Federal de Serviço Social –
CFESS e Conselhos Regionais de Serviço Social – CRESS, com o envolvimento da Divisão
do Serviço Social – INSS e culminou com a da edição de uma Emenda Supressiva assinada
pelos parlamentares em 08/12/1998.
Art. 161 - O Serviço Social constitui atividade auxiliar do seguro social e visa
prestar ao beneficiário, orientação e apoio no que concerne à solução dos
problemas pessoais e familiares e à melhoria de sua inter-relação com a
Previdência Social, para a solução de questões referentes a benefícios,
69
34
De acordo com levantamento realizado pela Divisão de Serviço Social, em 2004 havia necessidade de 3.288
assistentes sociais para os quadros do INSS. Em fevereiro de 2007, o número total de profissionais – Serviço
Social e Reabilitação Profissional – era de 437, com o encargo de realizar o atendimento direto ao usuário. (Reis
Cabral e Cartaxo, 2008, p. 167)
70
imediata de 1.600 assistentes sociais, como condição para dar sequência ao atendimento
ao usuário.
35
A nomenclatura do cargo foi alterada de Assistente Social para Analista do Seguro Social com formação em
Serviço Social, de forma proposital, numa clara manobra para conseguir com que os assistentes sociais que
ingressarem na instituição com este cargo possam realizar atividades meramente administrativas, bem como não
sejam contemplados com as conquistas trabalhistas da categoria.
71
do Serviço Social no INSS, nos termos da Lei 8.213 de 1991 e às atribuições profissionais
previstas na Lei que regulamenta a profissão – Lei 8.662/1993 e no edital do concurso, não
havendo respaldo legal, de acordo com Parecer Jurídico do Conselho Federal de Serviço
Social - CFESS 12/2010, para se exigir dos assistentes sociais do INSS a realização de tais
atividades sem ferir a legislação profissional, o que tem gerado um forte desconforto
profissional.
36
O documento OS‐IAPAS‐SAD‐nº 135, de 04‐03‐86, que trata das atribuições dos Assistentes Sociais no INSS
encontra-se desatualizado e já não atende às novas demandas institucionais. O recente provimento de mais de
800 cargos de Analista do Seguro Social com formação específica em Serviço Social, decorrente de concurso
público intensifica a necessidade de atualização da norma.
72
emitidas de forma conjunta pelas Secretarias Executivas do MDS e do MPS, tendo como um
dos objetivos “definir atribuições, competências, funções do serviço social no âmbito da
Previdência Social a fim de readequar a estrutura existente às demandas”, conforme
comprovado nas cópias das referidas portarias.
Finalmente, concorda-se com Silva (2008), que mais do que refletir o que se
passou no exercício profissional em geral e na sociedade brasileira, o serviço social
previdenciário vivencia uma trajetória caracterizada pela expressividade no meio profissional
e pela luta dos assistentes sociais no sentido de desvelar as inelutáveis contradições da
74
É preciso ressaltar que, durante quase 40 anos, o Serviço Social no Brasil, não
incorporou em seus espaços de trabalho, como via de regra, a prática das atividades de
pesquisa. Somente nos marcos do Movimento de Reconceituação, impulsionado pelas
transformações operadas na sociedade brasileira, novas demandas foram postas à
profissão, entre as novas respostas construídas, o exercício da pesquisa se fortaleceu.
prematura uma avaliação de impacto desse novo modelo para o reconhecimento do direito
de seus beneficiários, tendo em vista que o mesmo ainda nem completou dois anos de
operacionalização. Optou-se, então, por analisar como vem ocorrendo o processo de
implantação da avaliação social no INSS e o seu significado para os principais operadores
desse processo, no caso, os assistentes sociais.
Evidentemente, o uso por este tipo de dados não se reduz a uma opção pessoal
do pesquisador. Ela deve se afirmar, conforme Minayo (2008), com o caráter do objeto
específico do conhecimento aqui tratado: com o entendimento de que nos fenômenos
sociais há possibilidade de se analisarem regularidades, frequências, mas também relações,
histórias, representações, pontos de vista e lógica interna dos sujeitos em ação.
em vista que um dos objetivos do estudo é exatamente fornecer subsídios para orientar e
instrumentalizar a intervenção profissional das assistentes sociais relativamente ao novo
modelo de avaliação em questão.
Em seguida, realizou-se uma coleta dos dados relativos aos períodos de junho
de 2008 a maio de 2009, ano imediatamente anterior à implantação do novo modelo de
avaliação desses requerentes pelo INSS, e de junho de 2009 a maio de 2010, primeiro ano
de operacionalização da nova forma de avaliação, visando fazer um comparativo entre os
37
Mesmo o Decreto 6.214/2007 tendo estabelecido que o novo modelo de avaliação deveria começar a ser
operacionalizado a partir de 1º junho de 2009, isso não foi possível pois, além da falta de capacitação das
profissionais que já se encontravam no INSS para esta atividade, as assistentes sociais do concurso que ainda
não haviam sido convocadas para assumir suas funções em várias APS que não contavam com este profissional
em seus quadros, impossibilitando o início desta atividade. Na GEXFOR, as assistentes sociais assumiram em
suas APS em agosto de 2009 após um período de capacitação.
79
38O resultado desta pesquisa foi apresentado na XV Semana Universitária da UECE com o título O processo de
implantação da avaliação social para o reconhecimento do direito das pessoas com deficiência ao BPC na
Agência da Previdência Social de Russas.
80
A análise dos dados das entrevistas foi realizada através do agrupamento das
respostas das interlocutoras por assunto, o que possibilitou a organização destes assuntos
nos tópicos do Capítulo 6.
Foi, portanto, com esses saberes profissionais, a partir do olhar dos atores
envolvidos no processo, que buscamos dialogar e realizar análise comparativa com os
dados sobre o fenômeno investigado. A proximidade que se tem com o objeto de pesquisa
foi tratada com cuidado, levando em consideração, mais uma vez, os ensinamentos de
Minayo ((2008) que alerta caber ao pesquisador o uso de um acurado instrumental teórico e
metodológico que o municie na aproximação e na construção da realidade, ao mesmo
tempo que mantenha a crítica não só sobre as condições de compreensão do objeto como
de seus próprios procedimentos.
Nesse período, dos 387 benefícios requeridos na APS Russas, 62% foram
indeferidos. Em 42% dos casos o indeferimento teve como motivo o parecer contrário da
perícia médica39, conforme demonstra a Tabela 6. Sob o ponto de vista do reconhecimento
39
Vale lembrar que, até este momento, a avaliação da incapacidade para fins de reconhecimento do direito era
realizada apenas através de perícia médica.
82
Tabela 6: Resultado dos requerimentos para acesso ao BPC no período de junho de 2008 a
maio de 2009 na APS Russas
SITUAÇÃO QUANTIDADE %
%
Benefícios Requeridos 387 100%
40
Reuniões regulares, organizadas pela Coordenação de Serviço Social da Gerência Executiva Fortaleza, com o
objetivo de alinhar e orientar os procedimentos técnicos do Serviço Social. Espaço onde os participantes podem
socializar e refletir sobre os aspectos facilitadores e dificultadores do cotidiano profissional.
83
Neste sentido, instigadas por conhecer melhor de que forma vêm se dando
essas implicações, prosseguiu-se investigando acerca da implantação da avaliação social
para o processo de reconhecimento do direito das pessoas com deficiência ao BPC e suas
repercussões para o Serviço Social previdenciário, sob a ótica das profissionais envolvidas,
conforme a seguir.
“[...] o serviço social funciona em sala destinada à perícia médica, mas que só é
utilizada por este serviço um turno por semana, de modo que optou-se por
conciliar a agenda dos profissionais em detrimento da possibilidade de construir
improvisadamente uma sala para o serviço social. Nesse contexto, todas as
quartas pela manhã, o serviço social fica sem sala para realizar atendimentos, de
84
“Não tenho privacidade com os requerentes na sala em que atuo, pois são
divisórias improvisadas onde qualquer pessoa que transite pelo corredor escuta o
que está se falando. O armário onde as avaliações são armazenadas não possui
segurança e podem ser violadas facilmente.” (Entrevistada 6 )
“Gostaria de registrar que o acesso físico a agência é precário, pois a APS fica
localizada em uma área íngreme. Além disso, o prédio não dispõe de rampas, não
atendendo as normas de acessibilidade vigentes. A Sala do Serviço Social possui
um pequeno espaço e não está inserida no fluxo de atendimento da APS, sendo
necessário os usuários adentrarem no local de atendimento restrito aos servidores
para terem acesso a sala”. (Entrevistada 13)
“O tempo não deveria ser estipulado como meta, visto que depende das
particularidades de cada situação apresentada, pois existem casos em que a
duração é menor e casos em que a duração é maior que uma hora, como é
estipulado pela Gerência.” (Entrevistada 6)
Entretanto, é preciso esclarecer que este tempo foi acordado pela Coordenação
de Serviço Social da GEXFOR, através de sugestão das próprias assistentes sociais, com
base nas primeiras experiências de entrevista e preenchimento do instrumental de avaliação
social. Alguns depoimentos revelam que, inicialmente, essa atividade chegava a demorar
até mais de uma hora, tendo em vista a pouca familiaridade com o processo. Neste sentido,
algumas profissionais analisam da seguinte maneira:
41
Processo de formalização do requerimento do benefício realizado pelos técnicos do seguro social.
87
“a demanda pelo benefício não é muito grande nesta APS e, como o serviço
encontra-se disponível quatro dias na semana, é comum que as avaliações sociais
sejam realizadas no mesmo dia ou até um dia depois que o requerente solicita o
benefício, de modo a cumprir a meta colocada a este tipo de serviço.”
(Entrevistada 1)
Vale ressaltar que a maioria das assistentes sociais que atua na Capital não
respondeu a entrevista. Nestas APS a demanda por este benefício é bastante alta, o que
eleva o número de dias que as pessoas aguardam pela avaliação social. Em alguns casos,
os requerentes chegam a esperar mais de dois meses pela avaliação social segundo dados
extraídos do Painel de Desempenho do Plano de Ação 201142. Por esse mesmo motivo,
analisamos que o fato de 100% das assistentes sociais que responderam a entrevista terem
revelado que o tempo obedece à meta exigida pela instituição, não pode ser considerado
uma realidade de toda a GEXFOR.
42
Ferramenta de acompanhamento das metas institucionais disponibilizada pela intranet aos servidores do
INSS.
88
“A entrevista atende a maioria dos casos, mas também temos a liberdade de, em
casos específicos, utilizar outras técnicas”. (Entrevistada 10)
“[...] o instrumental elaborado para avaliação social para pessoa com deficiência
deixa a desejar em inúmeros quesitos. Algumas doenças e incapacidades são
difíceis de serem incluídas porque o instrumental restringe demais a questões
muitas vezes voltadas para incapacidades bem específicas e isso é observável
não só na avaliação social, mas também na médica. No que tange às questões
sobre atividade e participação, encontramos dificuldades para encaixar a
avaliação de incapacidades que não interferem diretamente naqueles aspectos
demarcados. Isso fica bem mais evidente quando se avaliam crianças.”
(Entrevistada 1)
“Uma das principais dificuldades que tenho é na avaliação de crianças com menos
de um ano. Muitas vezes as limitações da doença/deficiência ainda não são
perceptíveis e nosso desconhecimento com relação a certos problemas de saúde
dificulta a análise do qualificador “atividades e participação”. (Entrevistada 9)
“Com relação a áreas principais da vida: a maioria dos requerentes não tem
problemas em identificar cédulas e nem em realizar trocas/compras, todavia, os
mesmos não possuem recursos financeiros para isso e nem possibilidade de
integração no mercado de trabalho, o que dificulta essas transações econômicas,
portanto, seria interessante que essa possibilidade de escassez de recursos
estivesse mais claramente exposta para ser analisada e avaliada” (Entrevistada
8)
6.3 Capacitação
“[...] Penso que os conceitos trazidos pelo instrumental foram pouco trabalhados
entre os profissionais e a diversidade de entendimentos pode acarretar em
prejuízo ao reconhecimento do direito.” (Entrevistada 10)
“Participei da capacitação para o novo modelo, a qual foi feita em conjunto com
médicos peritos. Considero que foi esclarecedora, mas poderia ter sido mais
aprofundada. Essas capacitações em conjunto também deveriam ocorrer
sistematicamente, uma vez que o resultado é dado pelos dois profissionais. Além
da citada capacitação, o tema sempre foi discutido em reuniões técnicas e grupo
de estudo. Não lembro quantas vezes.” (Entrevistada 9)
A grande maioria das assistentes sociais entrevistadas, 13, acredita que sejam
necessárias outras atividades, além dos cursos de treinamento e/ou aperfeiçoamentos
específicos sobre o novo modelo. Entre as sugestões:
“Considero que o novo modelo é bem mais totalizante mas acredito que necessite
de alterações.” (Entrevistada 5)
“Na APS onde trabalho não tem um médico lotado que sempre realize as
avaliações sociais. Os médicos são escalados pelo SST de acordo com a
necessidade da agência e há muita rotatividade, o que dificulta o entrosamento
entre os profissionais. Com alguns sinto mais abertura e há discussões, sim, sobre
as avaliações e com outros profissionais não há qualquer contato.” (Entrevistada
9)
“A principal dificuldade é que os médicos têm uma agenda lotada durante o tempo
que em eles permanecem na agência”. (Entrevistada 12)
Neste sentido, o que deveria ser uma atividade de rotina, por exigência do
próprio desenho metodológico do novo modelo de avaliação, a interação entre os
profissionais fica reduzida a situações eventuais ou conversas informais. Apenas 5
entrevistadas afirmaram haver momentos de troca de informações, de experiências e de
momentos para sanar dúvidas com o médico(a)-perito(a), o que demonstra falhas na
aplicação que podem comprometer o processo de reconhecimento do direito ao benefício,
tal como foi pensado pelos idealizadores do novo modelo de avaliação social.
Diante desta realidade que desconsidera uma das principais exigências para o
sucesso do novo modelo, no caso a interação entre os técnicos envolvidos no processo, não
causa admiração o fato de 13 assistentes sociais terem afirmado já terem experimentado
situações de discordância com os (as) médicos (as) peritos (as) a respeito das avaliações
baseadas no Novo Modelo.
Diante desta dificuldade, apenas metade das entrevistadas considera que, além
dos médicos e dos assistentes sociais, outros profissionais deveriam fazer parte da
avaliação das pessoas com deficiência para acesso ao BPC. Entre estes profissionais, se
destaca o psicólogo, citado também pela metade das assistentes sociais.
provoca o deslocamento de assistentes sociais entre as APS visando dar suporte tanto para
a realização de avaliações sociais iniciais quanto para a realização de avaliações sociais em
fase recursal43.
“O ideal é que todas as APS 's disponibilizassem de assistentes sociais, pois além
da espera no agendamento da avaliação social, outros projetos do Serviço Social
não podem ser executados sem a presença permanente do profissional”
(Entrevistada 3)
43
Na fase recursal do BPC, momento em que o requerente que teve seu pedido de benefício indeferido pelo
INSS recorre administrativamente da decisão, é necessária a realização de novas avaliações social e médica
que devem ser realizadas por técnicos diferentes daqueles que realizaram a avaliação inicial. Se houver
retificação da decisão inicial, o benefício é implantado imediatamente na própria APS. Em caso de ratificação da
decisão inicial, o recurso é enviado para a Junta de Recursos da Previdência Social para ser apreciado. A
necessidade de nova avaliação por profissional diverso daquele que realizou a avaliação inicial gera a
necessidade constante de suportes, já que a maioria das APS possui apenas uma assistente social em seus
quadros.
97
Assim como nas APS de origem, nas APS onde se realiza suporte também não
se observa a troca de informações entre os técnicos envolvidos na avaliação dos
requerentes para acesso ao BPC, no caso, o médico e a assistente social. Conforme pôde
ser verificado, 11 profissionais afirmam não haver momentos para essas discussões
também quando realizam trabalhos em outras APS.
Essas ações, por sua vez, devem estar contempladas nos Planos de Ação do
Serviço Social de cada APS através dos seguintes projetos: Atendimento Geral ao Usuário;
Atenção à Saúde do Trabalhador; Atenção ao BPC e Atenção ao Segurado Especial. Esses
projetos também são citados pelas entrevistadas.
Além disso, a prioridade dada pela instituição à avaliação social contribui para
reforçar essa visão equivocada da avaliação social como única função do assistente social.
A preocupação com as metas, traduzidas na quantidade de avaliações a serem realizadas
diariamente, impõe um desgaste emocional ao profissional que também contribui para
prejudicar o desenvolvimento das outras atividades e enfraquece a possibilidade de
consolidação do projeto ético-político previsto na Matriz Teórico-metodológica do Serviço
Social na Previdência.
“A GDASS prejudica ainda mais, haja vista que a avaliação social é a única
atividade do serviço social que tem visibilidade”. (Entrevistada 5)
A avaliação social, por enquanto, é a única atividade do Serviço Social que faz
parte dos indicadores a serem medidos pela instituição para fins de recebimento da GDASS.
Daí a explicação para a prioridade da avaliação social sobre as demais atividades, o que,
somado à falta de conhecimento de alguns gerentes sobre as atribuições do Serviço Social,
principalmente nas agências do interior que não contavam com este serviço até bem pouco
tempo, dificultam a negociação para a realização de outras atividades pelos assistentes
sociais.
Entretanto, elas assumem a precariedade com que esta articulação vem sendo
feita, diante da dificuldade que encontram para sua execução.
“Em parte, sim. Possuo um bom relacionamento com os CRAS, CREAS e CAPS.
Em especial, nas referências e contra-referências de casos. Entretanto, sei que
ainda há um largo caminho a percorrer dentro do município de atuação e nos
outros abrangidos pela APS em que atuo” (Entrevistada 2)
101
44
A Portaria nº 44, de 19 de fevereiro de 2009 estabelece instruções sobre Benefício de Prestação Continuada -
BPC referentes a dispositivos da Norma Operacional Básica - NOB/SUAS/2005.
102
“Desde o início do meu trabalho nesta APS, tenho procurado manter uma tabela
com os requerimentos, dados do requerente e sua situação final. Uma forma de
acompanhar os níveis de deferimento e indeferimento e as situações que levam a
esses resultados”. (Entrevistada 2)
“Porque agora inclui pessoas com doenças crônicas, as quais não eram
contempladas anteriormente. Além disso, o modelo é mais inclusivo, sendo
considerada a questão econômica e social do requerente e familiares no momento
da avaliação, embora a restrição da renda per capita continue.” (Entrevistada 9)
“Acredito que o quantitativo de concessões tem sido ampliado com o novo modelo,
especialmente por que o mesmo propôs uma mudança de paradigma, saindo do
conceito restritamente médico e considerando indicadores que influenciam
diretamente na condição de saúde do requerente, como, por exemplo, o acesso às
políticas sociais (saúde, educação, infra-estrutura básica), as situações de
preconceito, a condição de moradia, como também, as limitações e incapacidades
na atividade e participação de cada requerente. Outro ponto importante é a
possibilidade que o modelo permite de analisar os casos de doenças crônicas
geradoras de incapacidade.” (Entrevistada 3)
“Ainda que tenha suas limitações, a incorporação desse novo modelo de avaliação
ao processo de reconhecimento de direito ao BPC garantiu a análise do contexto
social em que os indivíduos encontram-se inseridos, afastando um pouco a ideia
de direito ligado apenas à questão da doença em si”. (Entrevistada 1)
103
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O novo modelo de avaliação das pessoas com deficiência para acesso ao BPC
mudou o enfoque do modelo anterior de perícia médica, centrado na avaliação de critérios
biomédicos, incluindo, entre outras inovações, a avaliação social como processo de
reconhecimento do direito dos requerentes, trazendo um novo olhar para a elegibilidade a
essa garantia de proteção social.
Nesse sentido, o BPC, uma das mais importantes ações nacionais orientadas
para a população pobre com deficiência, inclusive em termos de volume orçamentário, está
enfrentando transformações importantes no que diz respeito a um dos seus critérios de
acesso, no caso a comprovação da incapacidade para a vida independente e para o
trabalho, conforme determina a LOAS.
105
Visando contribuir com este aprimoramento, este estudo teve como desafio
analisar quais as condições éticas e técnicas que as assistentes sociais possuem para
realizar a avaliação social, como parte desse novo modelo de análise da deficiência e do
grau de incapacidade das pessoas com deficiência que requerem o BPC, levando em
consideração suas percepções sobre esse novo processo de trabalho.
os procedimentos, sendo necessária a promoção de outros momentos como esse para uma
melhor qualificação das assistentes sociais no que diz respeito a essa nova atribuição.
A prioridade dada pela Instituição à avaliação social, a qual está entre as metas
cujo cumprimento condiciona o recebimento de gratificações, aliada ao desconhecimento de
alguns gerentes sobre as atribuições do Serviço Social, pode estar gerando situações
desagradáveis, inclusive de assédio moral, por parte de alguns gestores.
Foi possível ainda apreender, a partir dos depoimentos, que a avaliação social,
não obstante o avanço que tem trazido para o reconhecimento do direito das pessoas com
deficiência ao BPC, tem dificultado a execução das atividades previstas na Matriz Teórico-
metodológica do Serviço Social na Previdência. Diante da priorização desta atividade para o
cumprimento de metas institucionais, a avaliação social, nos moldes em que vem sendo
realizada hoje, não está contribuindo para o fortalecimento do projeto ético-político
profissional na instituição.
Além disso, é preciso ressaltar que o fato de, em muitas agências, a avaliação
social ser a principal atividade e, quando não, a única, tem contribuído para construir uma
imagem do Serviço Social na instituição, voltada apenas para essa atividade, dificultando a
consolidação da Matriz, especialmente nas agências onde o Serviço Social é mais recente.
Para obter êxito, mais do que nunca, é exigido do assistente social que atua no
Serviço Social previdenciário, um domínio teórico-metodológico que lhe permita elaborar
uma interpretação crítica do seu contexto de trabalho, através de uma leitura constante da
conjuntura para o estabelecimento de estratégias de ação viáveis, negociadas com a
população usuária dos serviços sociais e da instituição.
108
Diante desta pesquisa, com sua análise teórica e dados encontrados, configura-
se uma recomendação: considerando que a avaliação social ainda não está prevista entre
as ações da Matriz teórico-metodológica do Serviço Social na Previdência, urge a
necessidade de uma nova postura que se inicie com a atualização da Matriz, garantindo
assim, um lugar para a avaliação social no projeto ético político do Serviço Social na
previdência.
109
REFERÊNCIAS
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no INPS – 1972: racionalidade técnica modernizadora no serviço assistencial da política
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Previdência: Trajetórias, projetos profissionais e saberes. São Paulo: Cortez, 2008.
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possibilidade? São Paulo: Paulus, 2006.
______. Lei n. 3.807, de 26 de agosto de 1960. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência
Social. Brasil, 1960.
______. Lei n. 8.662 de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e
dá outras providências
CARTAXO, Ana Maria Baima de; CABRAL, Maria do Socorro Reis. O processo de
desconstrução e reconstrução do projeto profissional do Serviço Social na Previdência – um
registro de resistência e luta dos Assistentes Sociais. In: Léa Braga e Maria do Socorro Reis
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O Direito Social e a Assistência Social na sociedade brasileira: uma equação possível?
São Paulo: Cortez, 2004.
112
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FAVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Direitos das Pessoas com Deficiência: Garantia de
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NETTO, Paulo José. A construção do projeto ético-político do Serviço Social frente a crise
contemporânea. Capacitação Profissional, Módulo 1, Brasília: CEFESS/UnB, 1999.
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ONU – Organização das Nações Unidas. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. In: Débora Diniz; Marcelo Medeiros e Lívia Barbosa (Orgs). Deficiência e
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e o benefício. In: Léa Braga e Maria do Socorro Reis Cabral (Orgs). O Serviço Social na
Previdência: Trajetórias, projetos profissionais e saberes. São Paulo: Cortez, 2008.
APÊNDICE
Entrevista semi-estruturada
4 Perfil dos participantes
5 Condições de trabalho
2.1. Você possui condições éticas e técnicas para o desenvolvimento das avaliações sociais
dos requerentes ao BPC?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2.2. Você realiza avaliações sociais para o BPC todos os dias da semana?
( ) sim ( ) não
2.3. Quantas avaliações sociais você realiza em média por semana para o BPC?
( ) de 1 a 5 ( ) de 6 a 10 ( ) mais de 31
( ) de 11 a 15 ( ) de 16 a 20
( ) de 21 a 25 ( ) de 26 a 30
115
2.4. Qual o tempo médio entre a habilitação e a avaliação social em sua APS?
( ) menos de 1 dia ( ) entre 1 e 5 dias
( ) entre 6 e 10 dias ( ) entre 11 e 15 dias
( ) entre 15 e 20 dias ( ) mais de 20 dias'
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
adequado?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2.10. Você acha que deveriam ser utilizadas outras técnicas durante o processo de
avaliação social além da entrevista?
( ) sim ( ) não
Quais?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
116
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6 Capacitação
3.4. Acredita que sejam necessárias outras atividades, além dos cursos de treinamento e/ou
aperfeiçoamentos específicos sobre o Novo Modelo?
( ) sim ( ) não.
Quais
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3.5. Em caso de dúvidas sobre a aplicação dos critérios do Novo Modelo, recorre a algo ou
alguém para solucioná-las?
( ) sim ( ) não.
(atenção: em caso afirmativo, pode ser escolhida mais de uma opção abaixo)
A quem recorre?
( ) a outro(a) assistente social
( ) a um(a) médico(a) perito(a)
( ) a(o) chefe da APS
( ) a(o) responsável técnico(a) dos(as) assistentes sociais da Gerência Executiva
( ) a outra pessoa da APS
( ) tem outras alternativas para tirar dúvidas
Quais?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.1. Conheceu o modelo de avaliações das pessoas com deficiência solicitantes do BPC
antes do Novo Modelo instituído pelo Decreto nº 6.214/2007?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
117
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.2. Considera importante conhecer como eram as avaliações das pessoas com deficiência
solicitantes do BPC antes do Novo Modelo?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.3.Considera o Novo Modelo baseado na CIF de avaliação das pessoas com deficiência
solicitantes do BPC é adequado para a seleção das pessoas que tem direito ao benefício
assistencial?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Já experimentou situações de discordância com os(as) médicos(as) peritos(as) a respeito
da aplicação das avaliações baseadas no Novo Modelo?
( ) sim ( ) não
5.6 Já experimentou situações de desrespeito à sua avaliação técnica do Novo Modelo por
outros(as) profissionais da APS ?
( ) sim ( ) não
5.7. Considera que além dos(as) peritos(as) médicos(as) e dos(as) assistentes sociais,
outros(as) profissionais de nível superior deveriam fazer parte da avaliação das pessoas
com deficiência para o BPC?
( ) sim ( ) não.
Em caso positivo, quais profissionais?
118
( ) psicólogo(a)
( ) terapeuta ocupacional
( ) pedagogo(a)
( ) enfermeiro(a)
( ) outros(as) Quais? _______________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.1. Além do município da APS de lotação, realiza deslocamentos para cobrir outras APS’s
para a avaliação social do BPC?
( ) sim ( ) não.
Quantas agências?
( ) apenas mais uma agência fixa
( ) apenas mais uma agência de acordo com a demanda
( ) mais duas agências fixas
( ) mais duas agências de acordo com a demanda
( ) mais três agências fixas
( ) mais três agências de acordo com a demanda
( ) mais de três agências
6.2. Como avalia tais deslocamentos para cobrir outras APS’s para a avaliação social para o
BPC:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
aplicação do Novo Modelo entre você e o(a) médico(a) perito(a) da(s) agência(s) coberta(s)
por você no deslocamento?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
119
7. Possibilidade de intersetorialidade
7.1. Tem outras atribuições no INSS além das avaliações sociais para o BPC?
( ) sim ( ) não.
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7.2. A operacionalização das avaliações sociais para acesso ao BPC tem comprometido o
desenvolvimento das outras atividades que já eram desenvolvidas pelo Serviço Social no
INSS?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7.3. Consegue promover a articulação com a rede de proteção social do município de APS
para atendimento das demandas das pessoas com deficiência além daquelas relacionadas
ao BPC?
( ) sim ( ) não.
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
8. Considerações
8.1. A adoção do novo modelo de avaliação social realizada pelos (as) assistentes sociais
favorece a análise de elegibilidade das pessoas com deficiência solicitantes do BPC?
( ) sim ( ) não
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Comentários
_________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
14. Você considera que esse novo modelo de avaliação tem favorecido o aumento do
número de concessões do benefício?
( ) sim ( ) não
Por que?
__________________________________________________________________________
120
ANEXOS
121
122
123
124
125
126
127
128
129
CDD: 320.6