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25/02/2018 Paulo Freire, o patrono da educação brasileira: herói ou doutrinador?

| Gazeta do Povo

EDUCAÇÃO
PATRONO DA EDUCAÇÃO

Paulo Freire: o pai da


doutrinação nas escolas?
O componente ideológico de esquerda é parte
significativa, talvez inseparável, do método do
educador

Gabriel de Arruda Castro [28/09/2017] [09h17]

Foto: Instituto Paulo Freire

Durante muito tempo, Paulo Freire reinou quase absoluto como referência da educação
brasileira. E, aparentemente, com alguns méritos. O maior deles foi a dedicação a corrigir um
problema grave em seu tempo: os índices elevados de analfabetismo no Brasil, especialmente
entre a população mais pobre. 

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25/02/2018 Paulo Freire, o patrono da educação brasileira: herói ou doutrinador? | Gazeta do Povo

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Hoje, entretanto, esse consenso começa a ser contestado. 

Freire nasceu no Recife (PE), em 1921. O primeiro esboço do seu trabalho surgiu em 1958, na tese
que apresentou em um concurso para professor da Universidade do Recife.

O episódio que alçou Paulo Freire à notoriedade nacional, entretanto, surgiria em 1963: o mutirão
de alfabetização em Angicos (RN). Ao todo, 380 adultos, sobretudo de áreas rurais, participaram. 

O convite a Freire partiu do governador potiguar, Aluísio Alves – por acaso, pai do ex-deputado
Henrique Eduardo Alves, hoje presidiário na operação Lava Jato. O combate ao analfabetismo,
que estava na casa dos 70% no Rio Grande do Norte, era uma promessa de campanha do
governador. 

Freire, acompanhado por um grupo de voluntários, ficou célebre por alfabetizar pessoas em 40
horas. O mutirão ficou conhecido como as “Quarenta Horas de Angicos” – embora, no quesito
celeridade, a propaganda não correspondesse exatamente à realidade. 

O presidente João Goulart e o ministro da Educação, Paulo de Tarso, gostaram da ideia e


convidaram Paulo Freire para dirigir o Programa Nacional de Alfabetização. De lá, ele espalhou
seu método Brasil afora e se tornou referência até mesmo da Unesco.

Em 1974, o autor publicou sua obra mais célebre: Pedagogia do Oprimido, que detalha o seu
método de alfabetização e faz elogios a Fidel Castro e Che Guevara. O livro é o terceiro mais
citado do mundo na plataforma acadêmica Google Scholar. 

O que é o método Paulo Freire? 

O método Paulo Freire adota uma abordagem sociocultural, o que significa fizer que contexto do
aluno deve guiar as lições. Por exemplo: um lavrador deve aprender a ler a partir de palavras que
fazem parte de seu cotidiano, como “enxada”. A imagem do objeto é apresentada e associada à
palavra. Essa palavra é dividida em "tijolos", que mais adiante podem ser usadas para ensinar
outras. A sílaba “da”, por exemplo, é um “tijolo” que serve para apresentar a família das sílabas
começadas com a letra d.

O método é diferente da abordagem mais comum, que propõe o ensino de letra por letra, sílaba
por sílaba, antes das primeiras palavras. 

Mas este é apenas o primeiro componente do método de Paulo Freire.

O segundo é o mais problemático: a inclusão da ideologia. O pedagogo pretendia “despertar a


consciência” dos alunos – geralmente adultos em áreas rurais – para a “opressão”. A enxada não
seria usada apenas para ensinar as letras, mas também para “problematizar” as relações de
trabalho, a riqueza do patrão, as injustiças sociais. Marxista assumido, Paulo Freire tinha a luta de
classes embutida em sua visão de mundo. 

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Eis o que disse em 2007 a viúva do educador, Ana Maria Araújo Freire, sobre o mutirão de
 Angicos, em entrevista a uma publicação da Univali: “Como a época era de um período de
efervescência política pré-revolucionária, que acreditava que o Brasil ia fazer uma revolução mais
à esquerda do vinha sendo sempre ou à esquerda do que sempre conhecíamos na história,
difundiu-se que era possível alfabetizar-se em quarenta horas. Na verdade, esse foi o tempo que
se levou para que os e as alfabetizandos se apropriassem do mecanismo da articulação das
sílabas na formação de outras palavras. Palavras que tinham envolvimento com o
questionamento que a sociedade fazia naquele momento histórico e social sobre nosso passado
colonial e sob a tutela do capitalismo imperialista”. 

Paulo Freire comandou a jornada em Angicos de janeiro a abril. Em maio, surgiu a primeira greve
na cidade. 

Método x ideologia

O método Paulo Freire, portanto, tem um componente pedagógico que pode ou não ser eficaz (a
abordagem por meio dos “tijolos”), mas não é ideológico. E uma segunda parte repleta de
ideologia. 

É possível separar uma coisa da outra? 

Para Gilmar Bornatto, professor da PUCPR, sim. “O método em si é fantástico, é maravilhoso e


cultuado no mundo todo. O que não pode é ter uma ideologia por trás”, afirma. 

Geraldo Balduíno Horn, do programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, discorda: “Não é


possível separar o método do processo de construção. Ele pensou o método num sentido
emancipatório. A escola não faz sentido nenhum se isso for retirado”. 

Para Horn,  retirar a ideologia da educação é inalcancável. Ele também defende que, embora
diferente do que há cinco décadas, a dinâmica de opressores e oprimidos continua existindo: “Há
uma luta de classes. Ela é mais complexa mas existe”. 

Já Luís Diniz, também da UFPR, não vê nada de aproveitável na obra de Paulo Freire. “A
“Pedagogia do Oprimido”, nem sequer é um livro sobre educação. É um livro que trata
basicamente de política, de marxismo, de revolução, e pensa o ensino com um meio para realizar
uma transformação revolucionária”, afirma. 

Para Diniz, os problemas de doutrinação ideológica em sala de aula se devem, em grande parte, à
influência da visão de Paulo Freire sobre o sistema educacional brasileiro. “Todos os vícios da
educação brasileira atual, o desprezo de conteúdos, a valorização exagerada de temas ligados a
valores e atitudes, o repúdio a métodos de avaliação da qualidade do ensino, tudo isso tem muita
influência do Paulo Freire”, afirma. 

Plágio?  

A politização indevida da sala de aula não é a única crítica ao método Paulo Freire. Ele também é
acusado de copiar a parte mais “objetiva” de seu método de outro pedagogo, o americano Frank
Charles Laubach. 

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Em artigo publicado em 2012, o historiador David Gueiros Vieira, que é de Pernambuco, afirma
que Freire plagiou o método Laubach e substituiu os valores cristãos defendidos pelo americano
pelo credo marxista. 

Para reforçar sua tese, Gueiros menciona que Laubach esteve no Recife em 1943, quando Freire já
era diretor do SESI de Pernambuco mas ainda não havia iniciado a elaboração do seu método. 

Independentemente da denúncia de plágio, é curioso que o pensador seja quase unanimidade


como referência da educação brasileira quando o país continua a ocupar posições muito ruins
em rankings internacionais. 

Quando contestados com os problemas na obra de Freire, os defensores do pedagogo costumam


mencionar que o educador é o brasileiro com mais citações acadêmicas no exterior, e que ele
recebeu 27 diplomas de doutor honoris causa, inclusive de Harvard e Oxford. É verdade. 

Mas, na visão de Jean-Marie Lambert, professor emérito da PUC de Goiás, esse dado apenas
confirma que existe uma agenda da nova esquerda – que é internacional – em defesa das
“minorias”, e que esse grupo predomina nos departamentos de humanidades de universidades
dentro e fora do Brasil. 

Lambert diz que o consenso em torno do é fabricado porque a seleção de professores e de teses
acadêmicas raramente dá espaço a posições divergentes: “É impossível contestar Paulo Freire na
universidade”. 

Para ele, o método propõe uma “tomada de consciência crítica” irreal, já que não permite que os
próprios pressupostos de esquerda sejam questionados. Lambert ironiza: “A abordagem crítica
não aceita críticas à própria abordagem crítica”.

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