Вы находитесь на странице: 1из 52

CARTILHA

fazer renda
Princípios Básicos
da Renda de Bilro
Histórico • Elementos da renda • Como fazer •
Técnica básica • Pontos básicos da renda
FICHA TÉCNICA

Proponente
Instituto da Arte – INSTARTE

Projeto cultural
Instituto Sommos – Gestão de Design
Contexto – Gestão de Projetos

Conselho editorial
Elga Moraes
Michele Laforga
Ulisses Souza

Consultoria técnica – Mestre artesã


Maria da Glória Viana Soares (Glorinha)

Coordenação pedagógica
Denise Soares Miguel

Textos
Denise Soares Miguel (Texto técnico)
Andréa Fischer (Apresentação e Histórico)
Elga Moraes

Projeto gráfico, diagramação e capa


Renata Hinnig

Ilustração
Michele Laforga

Fotografia
Claudia Pinz
Elga Moraes

Revisão de texto
Daise Ribeiro Pereira Carpes

Contato
milaforga@gmail.com
moraeselga@gmail.com
ulisses@contextoconsultoria.com

C327 Cartilha me ensina a fazer renda : princípios básicos da renda de bilros :


histórico, elementos da renda, como fazer técnica básica, pontos
básicos da renda / HB Editora Valorizando o Tempo. − Florianópolis :
HB Editora Valorizando o Tempo, 2015.
48 p. : il. color. ; 21x30 cm

Bibliografia: p. 48.
ISBN 978-85-86864-88-9

1. Florianópolis – Artesanato. 2. Florianópolis – Renda de bilro. 3.


Florianópolis – Cultura popular. I. HB Editora Valorizando o Tempo. II.
Título.

CDD 745

Bibliotecária: Juliana Pitz – CRB 14/1362.


CARTILHA

fazer renda
Princípios Básicos
da Renda de Bilro
Histórico • Elementos da renda • Como fazer •
Técnica básica • Pontos básicos da renda

Patrocínio: Apoio: Realização: Correalização:


04
Apresentação

06
Histórico

10
Elementos da renda

14
Como fazer

18
Técnica básica

22
Pontos básicos
MEIO PONTO • 24
pontos TRANÇA E TORCIDO • 30
ponto PANO • 36
ponto PERNA-CHEIA • 42

48
Referências
cartilha – me ensina a fazer renda

04
05

apresentação
A cartilha Me ensina a fazer renda
nasceu da vontade de valorizar
a renda de bilro tradicional de Flo-
A cartilha está dividida em cinco ca-
pítulos: Histórico, Elementos, Como
fazer, Técnica básica e Pontos bási-
rianópolis e facilitar o ensino de sua cos. Devido à complexidade da ren-
técnica. O repasse de conhecimen- da de bilro, o projeto selecionou so-
to vem sendo feito pelas rendeiras, mente alguns dos pontos básicos
porém, acontece de maneira oral e utilizados pelas rendeiras de Flo-
informal. Foi a partir dessa cons- rianópolis. Os textos preservam o
tatação, somada à escassez de pu- vocabulário regional, citando e ex-
blicações específicas para essa fina- plicando expressões utilizadas por
lidade, que o Instituto Sommos e a elas, como “armar a renda”, “fechar
Contexto Gestão de Projetos perce- o ponto” e “picar o pique”. Para facili-
beram a necessidade de elaborar um tar o aprendizado, elas vêm acompa-
material didático com o passo a pas- nhadas de ilustrações e de links para
so da renda de bilro. A ideia é que ele vídeos produzidos para o projeto.
possa servir de apoio aos alunos e às
mestras. Esse desejo virou realida- A publicação é resultado do cuida-
de com o projeto aprovado pelo Edi- doso trabalho de profissionais de di-
tal Apoio ao Artesanato Brasileiro versas áreas, incluindo gestores cul-
(2014), da Caixa Econômica Federal. turais, pesquisadoras de artesanato
e cultura popular, designer e peda-
O principal objetivo da publicação goga, que reconhecem o valor cul-
é auxiliar no processo de ensino– tural da renda de bilro e acreditam
aprendizagem da renda de bilro. Seu que ações nascidas a partir da real
papel não é substituir as aulas prá- necessidade da comunidade podem
ticas, mas complementá-las, servin- contribuir para soluções coletivas.
do de ferramenta para quem está O projeto também teve a oportuni-
aprendendo essa arte. Ela também dade de contar com a consultoria de
busca contribuir com a preservação Maria da Glória Viana Soares, uma
dessa importante manifestação cul- experiente e respeitada rendeira co-
tural popular brasileira, deixando-a nhecida como Glorinha, além do
documentada para as futuras gera- apoio da ONG Instarte e da Associa-
ções. O material colabora ainda com ção do Bairro de Sambaqui.
a divulgação da renda de bilro den-
tro e fora do país, visto que algumas
rendeiras são convidadas a minis-
trar cursos no exterior.
06
cartilha – me ensina a fazer renda

A renda de bilro é uma arte ma-


nual muito apreciada por sua
beleza e faz parte da cultura popu-
cerca de 6 mil açorianos – morado-
res do Arquipélago dos Açores, em
Portugal – chegaram ao estado por
lar brasileira. O seu nome se deve incentivo do governo português,
aos instrumentos utilizados para para povoá-lo. Cerca de 4,5 mil fi-
tecer, os chamados bilros, hastes xaram-se ao longo da costa, sen-
de madeira onde a linha é enrola- do que desse total, em torno de
da. Ao longo de sua história no Bra- 3 mil ficaram na vila Nossa Senho-
sil, ela aparece principalmente nas ra do Desterro, atual Florianópolis.
regiões litorâneas. Enquanto os Além do aumento populacional –
homens se lançavam ao mar para segundo historiadores, o número
pescar – atividade que geralmen- de habitantes dobrou –, outra con-
te durava meses –, as mulheres de- sequência importante foi a influên-
dicavam-se às rendas para ajudar cia da cultura dos imigrantes no
no sustento da família, o que fez cotidiano local.
surgir o ditado popular “onde há
rede, há renda”. Os imigrantes trouxeram mais do
que bagagens nos navios: seus há-
No Brasil, mais do que um artesa- bitos e costumes, suas danças, suas
nato que vem sendo preservado ao músicas, suas comidas, suas mani-
longo de gerações, a renda de bilro festações religiosas, seus modos de
faz parte da herança cultural deixa- falar e de vestir. Naquela época, a
da pelos colonizadores açorianos. renda de bilro já era bastante de-
senvolvida em Portugal e nos Aço-
chegada a Santa Catarina res. Longe de sua terra natal e sem
A imigração açoriana no Sul do previsão de volta, as mulheres aço-
Brasil, no século XVIII, provocou rianas continuaram a fazer suas
profundas mudanças em Santa Ca- rendas e, com isso, mantiveram as
tarina. No período de 1748 a 1756, tradições de seus antepassados.
07

histórico
Onde é produzida tema, aponta outras características No Brasil,
na atualidade das rendas catarinenses: “variedade mais do que
A região Sul é considerada por al- de tamanhos e de formatos, esme- um artesanato
guns pesquisadores como uma das rados e de rara habilidade, reprodu- preservado
primeiras a ter renda de bilro no ções de piques modificados ou cria- ao longo de
Brasil. Essa renda é encontrada em dos para novos modelos.” gerações, a
Santa Catarina, com destaque para renda de bilro
Florianópolis. Nessa cidade, a ativi- A renda de bilro não é exclusivida- faz parte da
dade não se limita à Lagoa da Con- de de Santa Catarina. Embora esse herança cultural
ceição, bairro turístico bastante co- estado se destaque no cenário na- deixada pelos
nhecido que tem sua principal via cional, a renda de bilro pode ser en- colonizadores.
batizada de Avenida das Rendeiras, contrada em todo o Brasil, predomi-
onde se encontram pequenas lojas nando nas cidades do litoral, mas
de rendeiras locais. A renda de bil- também presente no interior. En-
ro pode ser encontrada em várias tre os estados que concentram sig-
outras áreas, com destaque para os nificativa produção, além de San-
bairros Barra da Lagoa, Costa da La- ta Catarina, estão: Alagoas, Ceará,
goa, Rio Tavares, Campeche, Pânta- Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
no do Sul, Ribeirão da Ilha, Santo Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí
Antônio de Lisboa, Sambaqui, Ra- e Bahia (Nordeste); Pará (Norte); e
tones, Cacupé, Praia do Forte, Ponta Rio de Janeiro (Sudeste).
das Canas, Jurerê e Estreito.
O Nordeste é conhecido como im-
Uma característica marcante da ren- portante produtor, sendo o Ceará o
da de bilro de Santa Catarina, que seu maior representante. A origem
pode ser apontada como um diferen- do bilro nessa região é atribuída não
cial daquela produzida em outras re- apenas aos colonizadores portugue-
giões, é o ponto “tramoia”, conside- ses, mas também à influência ho-
rado típico da capital catarinense. landesa durante o século XVII. Essa
Ele é também conhecido como “sete constatação é reforçada pela varia-
pares”, por ser o único que é teci- ção nos tipos de almofadas encon-
do com sete pares de bilros. Doralé- tradas no Brasil, o que sugere mais
cio Soares, respeitado pesquisador e de uma procedência.
autor de diversos trabalhos sobre o

Florianópolis
é destaque na
produção de renda
de bilro no Brasil, e
a renda representa
um dos principais
elementos culturais
da região.
08
cartilha – me ensina a fazer renda

Dos 6 mil Outros países também produzem a res condições financeiras, as meni-
açorianos que renda de bilro. Em Portugal, a maior nas aprendiam para fazer o seu pró-
aportaram no concentração está nas cidades bal- prio enxoval e impressionar o noivo
Brasil entre neárias Peniche e Vila do Conde. A e a sogra com seus dotes manuais.
1748 e 1756, Itália e a Bélgica, que disputam a in-
em torno de venção dessa arte (ainda não há con- Com o tempo, o ensino da renda
3 mil se fixaram senso), também a produzem, além de bilro modificou-se para se adap-
na vila Nossa de Rússia e Espanha, entre outros. tar às constantes mudanças sociais
Senhora do e econômicas dos novos tempos. O
Desterro, atual A transmissão do saber crescimento da presença das mulhe-
Florianópolis. A renda de bilro vem se mantendo res no mercado de trabalho fez di-
viva em Florianópolis há quase três minuir o interesse das novas gera-
séculos por meio da transmissão da ções em aprender, seja como ofício
técnica no seio familiar, de geração ou passatempo. Por outro lado, per-
em geração. No passado, cabia às cebe-se nos últimos anos um au-
mulheres mais experientes – mães, mento na procura pelos cursos. Os
tias, avós, primas, irmãs mais ve- alunos são de várias idades e classes
lhas – a tarefa de ensinar a prática sociais, mulheres, crianças e até ho-
às mais novas. A iniciação acontecia mens, além de turistas brasileiros e
de forma oral ainda na infância, por estrangeiros. São pessoas que admi-
volta dos seis ou sete anos de idade, ram a beleza e reconhecem o valor
geralmente depois dos afazeres do- cultural da renda de bilro, buscan-
mésticos, quando se sentavam to- do em sua confecção uma atividade
das juntas para tecer. de lazer.

Além de manter a tradição, o objeti- A importância


vo era que as iniciantes logo pudes- da preservação
sem fazer peças para vender e ajudar A renda de bilro é, assim como ou-
a pagar as contas da casa. Durante tras artes populares – cerâmica, bor-
muito tempo, as rendas foram, jun- dado, cestaria, danças, cantigas fol-
tamente com a pesca e a agricultura, clóricas –, uma herança trazida para
as principais atividades econômicas Santa Catarina pelos imigrantes aço-
da cidade. Nas famílias com melho- rianos. Ela representa um importan-
09

histórico
te elemento de identidade do povo As mudanças buscam dar visibilida- Os novos usos
catarinense. Preservá-la significa ga- de ao produto e aumentar suas ven- para produtos
rantir a continuidade dessa tradição. das, porém, mantendo a originali- tradicionais
Para isso, é preciso que tanto o po- dade da técnica. representam
der público quanto as rendeiras co- inovação,
loquem em prática ações que fortale- Ao encarar a renda de bilro como criatividade
çam a atividade na região. um produto, e não apenas um cos- e visão
tume de família, as rendeiras come- empreendedora
O governo pode colaborar através çaram a profissionalizar e diversifi- das rendeiras,
da implantação de políticas públicas car sua produção. Além de toalhas que vêm dando
de proteção e valorização cultural, e outros produtos de cama e mesa, fôlego comercial
além de ações de apoio, incentivo e passaram a tecer artigos de vestuá- a essa atividade.
orientação ao trabalho das rendei- rio e até acessórios. Esse movimento
ras. A oferta de cursos permanen- que vem sendo verificado em todo
tes é fundamental para garantir que o Brasil ganhou o apoio do merca-
a técnica da renda de bilro seja pas- do da moda. Hoje, já é possível ver
sada adiante. rendas manuais nas passarelas e em
coleções de importantes grifes e es-
O envolvimento e as iniciativas das tilistas. Já a decisão de fazer peças
rendeiras também são importantes. menores permitiu que pessoas com
Muitas comunidades produtoras de menos poder aquisitivo pudessem
renda de bilro na capital catarinen- adquiri-las, conquistando-se assim
se já vêm unindo forças, organizan- novos consumidores.
do-se coletivamente em associações
e realizando parcerias, permitindo Outras iniciativas das rendeiras vêm
assim mais troca de experiências e proporcionando o fortalecimento
informações. dessa tradição. Entre as principais,
estão: identificação de público inte-
A cartilha Me ensina a fazer renda ressado em aprender; motivação de
busca contribuir com a preservação outras rendeiras a repassar seu co-
da renda de bilro, sendo uma ferra- nhecimento; mobilização e estímu-
menta de apoio ao seu ensino. lo junto às antigas rendeiras para
que voltem a produzir; realização de
Novos horizontes cursos abertos ao público em geral;
O futuro da renda de bilro em Flo- criação de aulas diferenciadas para
rianópolis está sendo construído no turistas, associando o ensino da téc-
presente. A inovação, a criativida- nica à experiência com a cantoria da
de e a visão empreendedora de algu- ratoeira (forma antiga de as rendei-
mas rendeiras vêm dando novo fô- ras cantarem versos improvisados);
lego a essa atividade na região. São busca de novos espaços de comer-
mulheres que acreditam no artesa- cialização da renda, com destaque
nato, mas perceberam que essa tra- para a Casa das Rendeiras no Mer-
dição precisa se adequar às moder- cado Público de Florianópolis; e par-
nidades para permanecer atraente. ticipação em feiras e exposições.
10
cartilha – me ensina a fazer renda

S er rendeira implica significados


que vão além do fato de se ter
habilidade em trocar e cruzar pe-
A ferramenta de trabalho mais co-
nhecida quando se fala em renda
de bilro é o próprio bilro, tão im-
quenas hastes de madeira envolvi- portante que empresta o seu nome
das com linha e apoiadas em uma a esse ofício centenário, diferen-
almofada de tecido florido. Por trás ciando-o de todas as outras artes
da figura poética de uma rendeira que transformam a linha em teci-
entoando as cantigas da “ratorei- do rendado.
ra”, existe um universo simbólico
alimentado por processos rotinei- Associados ao bilro, os elementos
ros que mais parecem rituais. mais representativos da ativida-
de são as almofadas e os cavaletes,
Os instrumentos necessários para que juntos compõem a estrutura fí-
a produção da renda são muito es- sica que possibilita ao desenho im-
pecíficos para essa atividade e pos- presso no pique poder, pelo tra-
suem valor sentimental, que os balho da rendeira, transformar a
transforma em herança de famí- linha em uma estrutura rendada.
lia. É muito comum, ao visitarmos
uma rendeira, ela abrir suas caixas A descrição dos elementos neste
de recordações e nos mostrar bilros capítulo ressalta a importância que
e piques marcados pelo tempo e pe- cada um deles possui dentro desse
las lembranças de mães, tias e avós. sistema de produção artesanal.
11
Pique

elementos da renda
O pique é o desenho (gráfico ou molde) da ren-
da feito em papel. Para facilitar sua fixação na
almofada, ele é colado em um papelão mais
firme (papel-sola ou papel-cartão). Na primei-
ra vez que esse cartão for utilizado, deverá ser
“picado”, ou seja, antes de dar início à execu-
ção da renda, todos os pontos desenhados no
papel deverão ser furados com alfinete. Des-
sa forma, o pique se transforma em gabarito e
poderá ser aplicado inúmeras vezes para a re-
produção do mesmo desenho.

Pela dificuldade em adquirir novos desenhos


Desenho gráfico da renda de renda, a solução encontrada pelas rendei-
estampado em papel e ras é fotocopiar uma peça pronta, que será co-
lada ao papelão e em seguida servirá de base
estruturado em papelão, para a renda. Infelizmente, esse processo ten-
o que possibilita sua de a diminuir a qualidade técnica do produto
fixação na almofada. final pela falta de padronização das medidas.

Bilros
São pequenas hastes de madeira cilíndricas
de 10 a 17 cm de comprimento que possuem
uma esfera em uma das extremidades, que va-
ria em formato e tamanho. A linha é enrolada
na parte mais alongada do bilro.

O bilro é a ferramenta de trabalho da rendei-


ra, e ele é trabalhado aos pares. O movimen-
to alternado e contínuo da rendeira vai sen-
do orientado pela troca de lugar dos alfinetes.
Principal ferramenta de
Até hoje, os bilros são feitos por artesãos que trabalho da rendeira, o bilro
podem utilizar na sua confecção diferentes ti-
pos de madeira, como canela, rabo-de-macaco,
é trabalhado aos pares e
araçá e pau-vermelho. serve de apoio para linha.
12
Almofada
cartilha – me ensina a fazer renda

A almofada é a base de apoio para a produção


da renda e onde se prende, com alfinetes, o pi-
que (molde) da renda que vai ser construída.

O seu diâmetro determina o tamanho máxi-


mo da peça a ser feita. Portanto, peças gran-
des de renda precisam de almofadas maiores,
ou deverão ser tecidas em partes e depois cos-
turadas à mão.

Apresentando forma cilíndrica e estrutura Base de apoio para


firme, geralmente é confeccionada pelas pró- a produção da renda,
prias rendeiras.
é na almofada que
Enchimento: As almofadas precisam ser se prende o pique
preenchidas com um material acolchoado, ne- com alfinetes.
cessário para espetar os alfinetes que pren-
dem os piques.

Atualmente, utilizam-se para o enchimen-


to das almofadas materiais industrializados,
como espuma sintética, pela facilidade de
aquisição, embora as rendeiras tradicionais
deem preferência ao uso de diversas fibras na-
turais, como palha de bananeira, capim-col-
chão, barba-de-velho, entre outras.

Peso: Para que a almofada tenha estabilida-


de durante a produção da renda, é importante
usar um peso, em torno de 1 kg, dentro dela.
Uma pedra ou uma garrafa pet cheia de areia
envolvida dentro da espuma estão entre as so-
luções utilizadas pelas rendeiras.

Forro: O tecido que envolve a almofada é de


algodão – em geral, usa-se chita ou chitão. A
costura do forro pode ser feita à maquina ou
à mão, sendo que neste caso recomenda-se o
uso de linha mais resistente, a mesma que é
empregada para fazer a renda.

Linhas
No que se refere ao uso da linha, ainda preva-
lece o tradicional: fio de algodão na cor bran-
ca. Embora não seja tão comum, também é
possível empregar fios sintéticos e padrões co-
loridos.

As marcas de linhas mais utilizadas são Cír-


culo (linhas Clea) e Coats Corrente (linha Es-
terlina no 5 e no 8).
13
Cavalete

elementos da renda
Estrutura de madeira que funciona como su-
porte e facilita o movimento da almofada quan-
do o que está sendo produzido é de comprimen-
to maior do que a circunferência dela.

Esse cavalete em geral pode ser ajustado à al-


tura do trabalho da rendeira e é de construção
simples, feito artesanalmente na própria comu-
nidade.

Antigamente não se utilizava cavalete, a almo-


fada ficava no chão, onde a rendeira se sentava,
na janela e na porta de casa, para aproveitar a
claridade do sol.

Estrutura de madeira
construída de forma artesanal
que apoia a almofada para
a confecção da renda.

Alfinetes
A importância do alfinete para a renda de bil-
ro vai além da utilidade de prender a peça na
almofada. Ele serve como apoio e guia para
onde a rendeira direciona a renda que está
sendo tecida.

De forma prática, o alfinete prende o pique


(desenho) na almofada ao mesmo tempo em
que sustenta a linha que vai sendo rendada. O
cuidado no posicionamento do alfinete vai ga-
rantir uma renda com a tensão adequada do
fio, ou seja, uma renda bem-feita.

Atualmente, o alfinete é encontrado em me- Servem como apoio e guia


tal, geralmente aço niquelado, e cabeça de para a rendeira direcionar
plástico, mas já houve um tempo em que a sua
função era resolvida com espinhos da laranjei-
a renda, além de garantir a
ra ou de outras plantas. tensão adequada do fio.
14
cartilha – me ensina a fazer renda

D iferentemente do que aconte-


ce com outras técnicas artesa-
nais, a renda de bilro não é atendi-
pre fez parte desse conjunto. Já
houve um tempo em que a almo-
fada era apoiada no chão, mas hoje
da pela grande indústria no que se existem vários modelos para dife-
refere à produção de instrumentos rentes necessidades. Na prática, e
necessários para a sua confecção. talvez instintivamente, a melho-
ria permitiu que a ergonomia con-
Saber fazer uma almofada de bil- tribuísse como adequação de posto
ros faz parte do aprendizado ini- de trabalho, trazendo no mínimo
cial de quem deseja ser aprendiz de um pouco mais de conforto para a
rendeira, e o primeiro ensinamen- rendeira.
to passado pelas mestras rendeiras
mostra o quanto é importante co- As propostas apresentadas nes-
nhecer todos os processos que con- te capítulo sugerem o passo a pas-
tribuem para a continuidade dessa so de um modelo de almofada feita
tradição. com matéria-prima de fácil acesso
e construção simples. Quanto ao
Complementar à almofada temos cavalete, a sugestão segue o mes-
o cavalete de madeira como supor- mo propósito da almofada, tendo
te para a rendeira desenvolver seu sido selecionado um modelo dobrá-
trabalho. Segundo as lembranças vel e de fácil transporte.
mais remotas, o cavalete nem sem-
15
Almofada

como fazer
Para fazer uma almofada de tamanho pequeno
são necessários os seguintes materiais:

ŸŸ Espuma com 2 m de comprimento x 5 cm


de espessura x 35 cm de largura;
ŸŸ Linha 100% algodão;
ŸŸ Agulha de costura;
ŸŸ Tecido 100% algodão em quantidade sufi-
ciente para revestir o cilindro de espuma;
ŸŸ Um peso de 1 kg (uma pedra, por exemplo).

Siga o passo a passo para fazer a almofada:

1 Esticar a espuma sobre uma mesa e colocar o peso


centralizado numa das pontas (que tem a função
de dar estabilidade e peso à almofada).

2 Enrolar a espuma no peso, apertando-a firmemente


com as mãos para que vá formando um cilindro.

3 Ao chegar no final da espuma, cortá-la em diagonal


na espessura, para que fique chanfrada.

4 Costurar as duas partes da espuma com uma agulha


e linha dupla unida por um nó.

5 Costurar em ponto luva, da esquerda para a direita, unindo a


ponta da espuma chanfrada ao cilindro. Nesse ponto a agulha
transpassa inclinada (entre 1 e 2 cm) a ponta da espuma
chanfrada e une-se à espuma do cilindro. O espaçamento
é curto, com a mesma distância e um arremate no final.

ponto luva
16 6 Depois de pronto o cilindro de espuma é hora de revesti-lo com
o tecido de algodão. O tecido deve ser suficiente para cobrir o
cilindro. Ajustar bem o tecido sobre a espuma, transpassar cerca
cartilha – me ensina a fazer renda

de 4 cm e deixar mais 2 cm de tecido para virá-lo para dentro na


hora da costura, a fim de não desfiá-lo. A medida do tecido para
cobrir as laterais do cilindro deve ser: metade da circunferência
do cilindro mais 1 cm para virar quando for costurar.

7 Unir as duas partes do tecido com agulha e linha dupla em ponto


luva, deixando o tecido bem esticado no rolo. Depois de termina-
da essa parte da costura, passar para o fechamento das laterais.

8 Nas laterais, dobrar cerca de 1 cm do tecido para dentro e


costurar com ponto alinhavo. Passar a agulha por cima e
por baixo do tecido, fazendo os pontos no direito do mesmo
comprimento. Os pontos do avesso devem ser também do
mesmo tamanho que os pontos do direito. Puxar para franzir
e arrematar.

ponto alinhavo

9 Para finalizar a almofada, pregar um fuxico, um botão ou


costurar um tecido para dar o acabamento na costura lateral.

Cavalete
As dimensões para o cavalete proposto neste
projeto são para uma peça com 70 cm de altura
depois de pronta, mas essas dimensões podem
ser alteradas de acordo com o desejado buscan-
do uma altura confortável para o trabalho.
A madeira sugerida é o pínus, e o projeto apre-
senta ajustes que tornam a estrutura dobrá-
vel, facilitando a forma de guardar o cavalete
quando ele não estiver sendo usado e também
o seu transporte.
Para fazer o cavalete são necessários 17
os seguintes materiais:

como fazer
ŸŸ A – 4 ripas de pínus aplainadas
(2 cm x 4 cm x 70 cm)
ŸŸ B – 2 ripas de pínus aplainadas
(2 cm x 4 cm x 23 cm)
ŸŸ 1 parafuso barra em inox (27 cm x 1/4”)
ŸŸ 4 porcas sextavadas travantes (1/4”)
ŸŸ 2 porcas borboleta zincadas (1/4”)
ŸŸ 4 parafusos cabeça chata (4 cm)

Siga o passo a passo para montar o cavalete:

1 Com uma furadeira faça um furo exatamente no meio das ripas A.


O tamanho do furo deve ser compatível com o parafuso barra 1/4”.

2 Encaixar o parafuso barra nos furos ajustan-


do as porcas travantes na parte interna e as
porcas borboleta na parte externa, conforme
o encaixe do projeto ao lado.

Fazer três furos nas ripas B: um no meio


3 e um em cada extremidade, conforme o
desenho. Prender os parafusos de 4 cm
nos furos das extremidades para fixar
as ripas B nas ripas A.

4 Para dar acabamento, amarrar um


barbante resistente nos furos do centro
da ripa B. Regular a abertura máxima
do cavalete pelo tamanho do barbante.
18
cartilha – me ensina a fazer renda

P ara que a tecelagem da renda


aconteça, é necessário que al-
gumas atividades sejam realizadas
a escolha do pique e a organização
necessária para o início dos traba-
lhos de tecer a renda, projetando a
com antecedência. É preciso pre- quantidade de bilros a serem utili-
parar o caminho para que a renda zados; os movimentos executados
possa ser tecida. com os bilros para a execução dos
pontos e as suas especificidades; o
Embora as técnicas de elaboração ajuste dado à linha no momento da
dos elementos de fabrico da ren- execução do ponto para que fique
da tenham se alterado, se aperfei- mais firme ou mais solto. Até para
çoado e se atualizado durante os terminar o trabalho há um cuida-
anos e ainda que carreguem a es- do especial com o arremate da peça
pecificidade do local onde a renda é e o momento de retirada da renda
feita, as ações necessárias para te- do pique.
cer a renda e o conjunto de mate-
riais utilizados são praticamente Cada etapa que será descrita neste
os mesmos nos vários lugares em capítulo tem fundamental impor-
que a atividade é realizada. tância para fazer a renda de bilro.
As técnicas de execução das ativi-
Na tecelagem da renda é impor- dades que serão apresentadas fa-
tante observar: a maneira como se zem parte do ritual das rendeiras
enchem os bilros com a linha para são resultado de longa tradição lo-
que o manuseio e a utilização dos cal do seu fabrico. Contudo, é a prá-
fios sejam feitos de modo adequa- tica que vai levar à destreza e à ha-
do; como se prende o pique na al- bilidade em manusear os bilros e
mofada para que fique bem firme e fazer uma boa renda.
não se mova durante a tecelagem;
19
Como encher os bilros

tÉcnica básica
Para enrolar a linha no bilro vamos seguir os seguintes passos:

1 Segurar a linha entre o polegar e o indicador da mão esquerda


e colocar a parte superior do bilro sobre a linha, que deve ficar
direcionada para a direita.

2 Segurar o bilro com a mão direita e prender a linha com o


polegar direito, enrolando a linha da direita para a esquerda,
em sentido horário.

3 Depois que a ponta da linha estiver bem presa, girar o bilro


para enrolar a linha na haste. Fazer uma laçada para prender
a linha. Com a laçada a linha fica esticada e não se solta do
bilro no momento de tecer.

Para fazer a laçada, segurar a linha entre o


4 polegar e o indicador da mão esquerda, de
laçada

modo que a linha fique direcionada para


a esquerda. Fazer um movimento, torcendo
a linha, e passar o bilro por trás da laçada.

5 Medir umas 5 braçadas de linha (cerca de 5 m)


e cortar com uma tesoura.

6 Com a ponta da linha fazer o mesmo processo: fixar


a linha no bilro, enrolar e finalizar com uma laçada.

7 Deixar uns 25 cm de linha entre os nó de rendeira


dois bilros.

Os bilros devem ficar com o mesmo


comprimento de linha pendente.
Cada vez que precisar de linha para
tecer, afrouxar a laçada torcendo o
bilro para o lado esquerdo e puxar
o tanto de linha que desejar.

Se faltar linha no bilro e necessitar


fazer uma emenda com outra linha,
utilize o nó de rendeira para pren-
der as duas pontas das linhas.
20
Como prender o pique na almofada
cartilha – me ensina a fazer renda

O pique (ou cartão) deve ser preso na almofada com alfinetes


fixados com um pouco do tecido e enchimento da almofada,
para que fique bem preso.

Como “armar a renda”


Esta é uma expressão utilizada pelas rendei- posição de dois pares de
ras para dizer por onde serão começados os bilros no mesmo alfinete
trabalhos de uma peça de renda. Cada renda
tem um início, e é necessário pensar nessa
composição inicial dos bilros, quantos e onde
serão fixados no pique, para que a tecelagem
seja desenvolvida até o final da peça.

Os alfinetes que serão usados para segurar


os bilros devem ser colocados no pique de
forma inclinada, para que as linhas fiquem
bem presas e não se soltem no momento de
ajustar os pontos.

Sempre que necessário, colocar dois pares de


bilro no mesmo alfinete: um par deve passar
por cima do outro, como na figura ao lado.

Movimentos básicos da renda


Os movimentos básicos executados com Movimento trocar e cruzar
os bilros para tecer a renda são o de trocar
e o de cruzar.

O movimento de trocar é executado


da direita para a esquerda com os bilros
da mesma mão: o bilro da direita passa
por cima do da esquerda.

O movimento de cruzar é executado da


esquerda para a direita com dois pares de
bilros: o bilro interno da mão direita passa
por baixo do bilro interno da mão esquerda.
21
“Fechar o ponto”

tÉcnica básica
Esta também é uma expressão utilizada pelas rendeiras para se
referir a um conjunto de movimentos de tecelagem da renda que
são executados para terminar uma carreira e iniciar a próxima.

Como “conchar o ponto”


Esta é outra expressão utilizada pelas rendeiras para se referir
ao ajuste do ponto que está sendo executado, quando os bilros
da mão direita devem ser puxados para a direita e os da mão
esquerda para a esquerda. Esse ajuste terá intensidade leve, mo-
derada ou forte, dependendo do ponto que está sendo executado.

Como terminar a renda


Para terminar a renda, dê um nó de arremate duplo com
cada par de bilros.

As linhas podem ser cortadas mais longas para fazer uma


franja ou o suficiente para serem entrelaçadas com a agulha
de costura na renda pronta a fim de arrematar a peça.

nó de arremate duplo
22
cartilha – me ensina a fazer renda

E xistem muitos pontos de ren-


da de bilro, assim como há uma
grande variedade de piques cujos
flores, corações, figuras humanas,
entre outros, que servem para en-
feitar um tecido. Também as ren-
nomes são antigos, tradicionais e das são feitas em peças únicas (toa-
designam semelhanças com ani- lhas, almofadas, porta-copos, etc.);
mais, objetos, flores, etc. Há pon- em quadros de tamanhos diversos,
tos que são mais apropriados para que depois de prontos são costura-
as bordas da renda e outros para dos um a um formando peças de
os bicos. Alguns são mais decorati- vestuários; colchas; e como palas,
vos e outros, mais utilizados como tecidas numa peça única, para ser
pano de fundo da renda. aplicadas em decotes de vestidos,
blusas, etc.
As rendas geralmente são tecidas
como entremeios, bicos e aplica- Nesta cartilha, vamos apresentar
ções. Os entremeios são costura- quatro pontos de renda conside-
dos ao tecido pelos dois lados das rados básicos e que estão presen-
bordas da renda: os bicos são utili- tes no arranjo de praticamente to-
zados nas beiradas de tecidos como das as rendas e como elementos de
acabamentos; e as aplicações são composição de vários outros pon-
rendas com formas definidas de tos e desenhos.
23

24
meio ponto

30
PONTOs TRANÇA E TORCIDO

36
PONTO PANO

42
PONTO PERNA-CHEIA
24
cartilha – me ensina a fazer renda

meio ponto
Este ponto, também conhecido como “pano
aberto”, é empregado geralmente como pano
de fundo na tecelagem da renda, assim como
no centro e na estruturação das bordas.

Se a trama for tecida mais fechada, o ponto


ficará mais firme; se for tecida mais aberta, o
ponto ficará mais flexível. Essa aparência do
ponto depende da textura da linha utilizada e
do ajuste do ponto no momento da tecelagem.
25
Pique Meio Ponto

pontos básicos > meio ponto


cópia em preto e branco:
Pode ser feita cópia em preto e branco
do pique ao lado para ser montado na
almofada antes de iniciar o trabalho.

Para saber mais acesse


o canal do YOUTUBE:
Projeto Me ensina a fazer renda
26 Como “armar a renda”
cartilha – me ensina a fazer renda

1 Para fazer este ponto, montar


o pique com 7 pares de bilros.

No primeiro traçado horizontal


2 do pique, colocar 6 alfinetes, um
em cada furo.

3 No primeiro alfinete da direita


pendurar 2 pares de bilros.

Nos demais alfinetes pendurar


4 1 par. Com os bilros pendentes
e paralelos, começar a tecer.
Execução do ponto 27

1a carreira (da direita para a esquerda)

pontos básicos > meio ponto


1 No primeiro alfinete, cruzar os dois bilros internos formando
um “x”, da seguinte maneira: o bilro interno da mão direita
passa por baixo do bilro interno da mão esquerda.

2 Ainda com os mesmo pares de bilros, fazer os seguintes


movimentos (trocar-trocar-cruzar):

A) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo


por cima do bilro interno, esperar;

B) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno


por cima do bilro externo, esperar;

C) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro


interno da mão esquerda, cruzando o ponto.

3 Todos os pontos devem ser conchados levemente.

4 Descansar o par de bilros da mão direita num alfinete fora do


pique na almofada. Os alfinetes de descanso devem ficar na
direção da carreira que está sendo executada e um pouco mais
para baixo, colocados em diagonal, à medida que for sendo
tecido cada ponto.
28 5 Passar o par de bilros da mão esquerda para a mão direita;
pegar o próximo par de bilros da esquerda.
cartilha – me ensina a fazer renda

Repetir os movimentos A, B e C (trocar-trocar-cruzar) e


6 descansar os pares de bilros da mão direita até chegar aos
dois últimos pares.

7 Com os dois últimos pares de bilros executar duas


vezes os movimentos A, B e C (trocar-trocar-cruzar +
trocar-trocar-cruzar) para fechar o ponto.

8 Prender o ponto com um alfinete, colocado no furo


logo abaixo, entre os dois pares de bilros.
29
2a carreira (da direita para a esquerda)

pontos básicos > meio ponto


Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro interno
9 da mão esquerda formando um “x”, ou seja, cruzando o ponto.

10 Executar com esses mesmos pares de bilros os movimentos


A, B e C (trocar-trocar-cruzar) para fechar o ponto.

11 Largar o par de bilros da mão esquerda no alfinete de descanso.

12 Passar o par de bilros da mão


direita para a mão esquerda e pegar
o próximo par de bilros da direita.

13 Repetir os movimentos A, B e C (trocar-trocar-cruzar) e


descansar os pares de bilros da mão esquerda até chegar aos
dois últimos pares de bilros, quando será fechado o ponto com
os movimentos de trocar-trocar-cruzar + trocar-trocar-cruzar –
colocar o alfinete no pique – cruzar-trocar-trocar-cruzar.

14 Fazer as demais carreiras do pique repetindo os passos acima.

15 Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada


par de bilros.

16 Cortar as linhas com tesoura e retirar cuidadosamente os


alfinetes que prendem a renda ao pique.
30
cartilha – me ensina a fazer renda

PONTOs TRANÇA
E TORCIDO
O ponto trança, também conhecido como
“trancinha”, é utilizado em quase todos os
desenhos de renda, porque serve como elemen-
to decorativo, para unir partes da renda e, em
alguns piques, é tecido como pano de fundo.

O ponto torcido, ou “torcidinho”, é de fácil


execução e também está presente em muitas
rendas. Ele serve basicamente para fazer a
união com outros pontos do desenho e na
tecelagem dos bicos da renda.
31
Pique Pontos
Trança e Torcido

pontos básicos > pontos trança e torcido


cópia em preto e branco:
Pode ser feita cópia em preto e branco
do pique ao lado para ser montado na
almofada antes de iniciar o trabalho.

Para saber mais acesse


o canal do YOUTUBE:
Projeto Me ensina a fazer renda
32 Como “armar a renda”
cartilha – me ensina a fazer renda

1 Para fazer estes pontos, montar


um pique com 4 pares de bilros.

Colocar um alfinete no primeiro furo do pique (no alto,


2 à esquerda) e dois alfinetes na almofada, um de cada lado
de fora do pique, na mesma altura. Esses dois alfinetes
servirão para descansar os bilros que não serão manuseados
na carreira.

3 Pendurar, nesse primeiro alfinete, 3 pares de bilros: um par fica


no centro e os outros dois ficam pendurados no centro e abertos
nos alfinetes de descanso presos na almofada.
Execução do ponto 33

pontos básicos > pontos trança e torcido


1 Fechar o ponto com os pares de bilros da esquerda e do centro:

A) Cruzar os dois bilros internos,


formando um “x”, da seguinte
maneira: o bilro interno da mão
direita passa por baixo do bilro
interno da mão esquerda.

Ainda com esses mesmo pares de


bilros fazer os seguintes movimen-
tos de trocar-trocar-cruzar:

B) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo


por cima do bilro interno, esperar;

C) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno


por cima do bilro externo, esperar;

D) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro


interno da mão esquerda, cruzando o ponto.

2 Colocar o par de bilros da mão esquerda no alfinete de descanso.

3 Pegar os outros dois pares de bilros da direita e fechar o ponto.


Executar os movimentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar)
descritos no item 1.

4 Com os mesmos pares de bilros, tecer sete vezes com


os movimentos B, C e D (trocar-trocar-cruzar) fazendo o
ponto trança até o próximo furo do pique abaixo à direita.

5 Os pontos devem ser conchados de maneira firme, para isso,


deve-se apertar a trancinha que se forma.
34 6 Colocar um alfinete nesse furo e pendurar mais um par de bilros
nesse mesmo alfinete, posicionando esse novo par no centro.
cartilha – me ensina a fazer renda

7 Colocar o par de bilros da direita no alfinete de descanso.

8 Fechar o ponto, com os dois pares de bilros do centro, com os


movimentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar) e executar
sete vezes o ponto trança, com os movimentos B, C e D (trocar-
trocar-cruzar), até o próximo furo do pique abaixo, à esquerda.

9 Largar o par de bilros da mão


direita.

10 Pegar o par de bilros que estava no alfinete de descanso


da esquerda e fazer o ponto torcido: o bilro da direita passa
por cima do bilro da esquerda.

11 Fazer esse movimento sete vezes. Arrumar o torcido.

Agora, com o par de bilros do ponto torcido, fechar o ponto


12 com o par de bilros da direita, com os movimentos A, B, C e D
(cruzar-trocar-trocar-cruzar).
13 Pôr o alfinete para segurar o ponto e ainda com esses mesmos
pares de bilros fechar o ponto com os movimentos A, B, C e D
35
(cruzar-trocar-trocar-cruzar).

pontos básicos > pontos trança e torcido


14 Colocar o par de bilros da esquerda no alfinete de descanso.

Fechar o ponto, com os dois pares de bilros do centro, com os movi-


15 mentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar) e fazer sete vezes
o ponto trança até o próximo furo do pique abaixo, à direita.

16 Largar o par de bilros da esquerda.

17 Pegar o par de bilros que estava no alfinete de descanso da


direita e fazer sete vezes o ponto torcido: o bilro da direita
passa por cima do bilro da esquerda. Arrume o torcido.

18 Fechar o ponto com o par de bilros da mão direita e do centro


com os movimentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

19 Colocar o alfinete no pique e fechar o ponto com os movimentos


A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

20 Fazer as demais carreiras do pique repetindo os passos acima.

21 Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada


par de bilros.

22 Corte as linhas com tesoura e retire cuidadosamente os alfinetes


que prendem a renda ao pique.
36
cartilha – me ensina a fazer renda

PONTO PANO
Esse ponto, conhecido também como “pani-
nho”, é utilizado geralmente em pequenas
partes da renda para construir o desenho e
alguns detalhes. Além disso, é empregado no
acabamento da renda para que a borda tenha
uma boa resistência ao ser costurada ao tecido.

A aparência do ponto pode ser mais fechada ou


mais aberta, dependendo da textura da linha e
do ajuste do ponto no momento da tecelagem.
37
Pique Ponto Pano

pontos básicos > ponto pano


cópia em preto e branco:
Pode ser feita cópia em preto e branco
do pique ao lado para ser montado na
almofada antes de iniciar o trabalho.

Para saber mais acesse


o canal do YOUTUBE:
Projeto Me ensina a fazer renda
38 Como “armar a renda”
cartilha – me ensina a fazer renda

1 Para fazer esta renda, montar um pique com 6 pares


de bilros.

2 Colocar um alfinete em cada furo da primeira carreira


horizontal do pique.

3 Em cada alfinete pendurar um par de bilros; no primeiro


alfinete da direita pendurar 2 pares.
Execução do ponto 39

1a carreira (da direita para a esquerda)

pontos básicos > ponto pano


1 Fechar o ponto com os dois pares de bilros do primeiro alfinete
da seguinte maneira:

A) Cruzar os dois bilros internos formando um “x”, assim:


o bilro interno da mão direita passa por baixo do bilro
interno da mão esquerda.

Ainda com esses mesmo pares de bilros fazer os seguintes


movimentos de trocar- trocar-cruzar:

B) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo


por cima do bilro interno, esperar;

C) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno


por cima do bilro externo, esperar;

D) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro


interno da mão esquerda para cruzar o ponto.

2 Descansar o par de bilros da mão direita num alfinete fora do


pique na almofada. Os alfinetes de descanso devem ficar na
direção da carreira que está sendo executada e um pouco mais
para baixo, colocados em diagonal, na medida em que for sendo
tecido cada ponto.

3 Conchar todos os pontos levemente.

4 Passar o par de bilros da mão esquerda para a mão direita


e pegar o próximo par de bilros da esquerda.
Repetir os movimentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar)
40 5 e descansar os bilros até o final da carreira.
cartilha – me ensina a fazer renda

6 Colocar um alfinete no furo do pique logo abaixo, à esquerda.

2a carreira (da direita para a esquerda)

7 Para iniciar a carreira, pegar os dois primeiros pares de bilros


da esquerda para fechar o ponto com os movimentos A, B, C e D
(cruzar-trocar-trocar-cruzar).

8 Colocar o par de bilros da esquerda no alfinete de descanso.

9 Passar o par de bilros da mão direita para a mão esquerda e


repetir os movimentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

10 As demais carreiras do pique seguem a sequência acima.

Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada


11 par de bilros.

Cortar as linhas com tesoura e retirar cuidadosamente os


12 alfinetes que prendem a renda ao pique.
pontos básicos > ponto pano
41
42
cartilha – me ensina a fazer renda

PONTO
Perna-cheia
Este é um ponto que serve como elemento
decorativo da renda. Por isso, é utilizado tanto
no meio da renda quanto na borda, e pode ser
executado em qualquer sentido.

A tecelagem deste ponto é feita no ar, sem


auxílio de molde ou alfinete, pois os alfinetes
são colocados apenas no início e no fim do
trabalho. A aparência do ponto depende do tipo
de linha utilizada e dos ajustes no momento da
tecelagem, ou seja, se forem mais apertados, a
peça terá aspecto engomado; se os pontos forem
mais frouxos, o aspecto será mais flexível.
43
Pique Ponto Perna-Cheia

pontos básicos > ponto perna-cheia


cópia em preto e branco:
Pode ser feita cópia em preto e branco
do pique ao lado para ser montado na
almofada antes de iniciar o trabalho.

Para saber mais acesse


o canal do YOUTUBE:
Projeto Me ensina a fazer renda
44 Como “armar a renda”
cartilha – me ensina a fazer renda

1 Para fazer esta renda, montar


um pique com 2 pares de bilros.

Colocar um alfinete no primeiro


2 furo do pique no alto e pendurar
2 pares de bilros.

Execução do ponto

Fechar o ponto com os dois pares de bilros com os movimentos


1 de cruzar-trocar-trocar-cruzar:

A) Cruzar os dois bilros internos formando um “x”, da seguin-


te maneira: o bilro interno da mão direita passa por baixo do
bilro interno da mão esquerda.

B) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo


por cima do bilro interno, esperar;

C) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno


por cima do bilro externo, esperar;

D) Passar o bilro interno da mão


direita por baixo do bilro interno
da mão esquerda para cruzar
o ponto.
Para fazer o ponto perna-cheia, o bilro interno da mão
2 direita deve ficar com mais linha solta do que os demais,
45
porque é esse bilro que vai tecer o ponto – nós o chamaremos

pontos básicos > ponto perna-cheia


de “trabalhador”.

Fazer a seguinte sequência para a execução do ponto:


3
A) Com os bilros da mão direita, passar o trabalhador
por baixo e por cima do bilro externo.

B) Passar o trabalhador por baixo do bilro interno da


mão esquerda.

C) Passar o trabalhador por cima e por baixo do bilro externo


da mão esquerda.

D) Passar o trabalhador por cima do bilro interno da mão direita.

Diagrama Perna-cheia

4 O segredo deste ponto está no ajuste da linha e em como


conchar os 4 bilros juntos.

5 O ajuste só vai acontecer quando o trabalhador voltar para


o lugar dele, ou seja, na posição de bilro interno da mão direita.

6 No momento de conchar o ponto, geralmente o trabalhador


deve ficar neutro, ou seja, ele não participa do ajuste, mas
fornece a linha necessária para tecer o ponto.
46 7 Para conchar este ponto, segure os bilros pela parte mais grossa
e estique levemente o bilro externo da direita e o bilro externo
da esquerda, cada um para o seu lado, puxados para baixo.
cartilha – me ensina a fazer renda

8 O bilro interno da mão esquerda fica no centro do ponto e


precisa também ser levemente ajustado quando necessário.

9 A parte do ponto que fica mais larga tem um ajuste mais leve,
ou seja, tem mais linha.

10 Repita os movimentos de entrelaçamento com o bilro trabalha-


dor (a, b, c e d) até chegar perto do furo do pique à direita.
Para terminar o ponto perna-cheia, conchar os quatro bilros
11 juntos, inclusive o trabalhador, empurrando-o mais para trás.
47

pontos básicos > ponto perna-cheia


12 Colocar um alfinete no pique, entre os pares de bilro.

13 Fechar o ponto com os movimentos A, B, C e D


(cruzar-trocar-trocar-cruzar).

14 Voltar a tecer o ponto perna-cheia.

15 As demais carreiras do pique seguem a sequência acima.

16 Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com


cada par de bilros.

Cortar as linhas com tesoura e retirar cuidadosamente


17 os alfinetes que prendem a renda ao pique.
48
cartilha – me ensina a fazer renda

BERGAMIN, Camila. A importância da renda MARINS, Marina. Primeira apostila de ren-


de bilro na economia familiar em Florianópo- da de bilros para principiantes. [Niterói]:
lis a partir de 1900 e a sua continuidade no [s.n.], [20--]. 62 p.
tempo presente. Revista Santa Catarina em
História, Florianópolis, v. 7, n. 1, p. 14-23, MELO, Osvaldo Ferreira de. Influência Cul-
2013. Disponível em: <www.nexos.ufsc.br/ tural dos Açores em Santa Catarina. In: 2o
index.php/sceh/article/download/561/270>. CONGRESSO DE COMUNIDADES AÇORIA-
Acesso em: 3 ago. 2015. NAS, 1986. Angra do Heroísmo: 1986.

CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Os Açoria- PERDIGÃO, Teresa; AMORIM, Maria Norber-


nos. Florianópolis: Imprensa Oficial do Esta- ta; CORREIA, Alberto. Rendas dos Açores:
do, 1950. ilhas do Pico e Faial. Açores: Secretaria Regio-
nal da Economia, 2004.
CLASEN, Mary Neuza de Freitas. Lingua-
gem e cultura: recontextualização da renda RENDERO, Ômi. A renda de birros: renda de
de bilro catarinense na moda brasileira. 2013. bilros, renda do norte, renda da terra, renda
147 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da do Ceará, renda de almofada. [Bruxelas]: [s.n.],
Linguagem) – Universidade do Sul de San- 2012. 80 p.
ta Catarina, Palhoça, 2013. Disponível em:
<http://aplicacoes.unisul.br/pergamum/pdf/ SOARES, Doralécio. Rendas e rendeiras da
107698_Mary.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2015. Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: FCC,
1987.
FIGUEIREDO, Wilmara. (Org.) Desde o tem-
po da pomboca: renda de bilro de Florianó- WENDHAUSEN, Maria Armenia Müller.
polis. Pesquisa e texto de Carin Heloisa Ma- Rendas de bilro de Florianópolis. Rio de Ja-
chado, Maria Armenia Muller Wendausen e neiro: IPHAN, CNFCP, 2011.
Wilmara Figueiredo. Rio de Janeiro: IPHAN,
CNFCP, 2014. ZANELLA, Andréa Vieira. Aprendendo a te-
cer a renda que o tece: apropriação da ativi-
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO dade e constituição do sujeito na perspectiva
CULTURAL. As guardiãs da renda: ren- histórico-cultural. Revista de Ciências Hu-
deiras de bilro no Estado do Rio de Janeiro. manas, Florianópolis, Edição Especial Te-
Rio de Janeiro: 2004. Disponível em: <http:// mática, p. 145-158, 1999. Disponível em:
www.inepac.rj.gov.br/application/assets/img/ <https://periodicos.ufsc.br/index.php/revis-
site/RendeirasdeBilro.pdf>. Acesso em 9 ago. tacfh/article/viewFile/24089/21505>. Acesso
2015. em: 1 ago. 2015.
ISBN: 978-85-86864-88-9

A cartilha Me ensina a fazer renda apresenta


de forma didática as técnicas básicas da renda
de bilro produzida em Florianópolis.

E sta cartilha ensina de forma didática o


passo a passo da renda de bilro tradi-
cional de Florianópolis. Seu objetivo não
plicações são acompanhadas de ilustrações
e links para vídeos produzidos pelo pro-
jeto Me ensina a fazer renda. A publicação
é substituir as aulas práticas, mas servir também revela os elementos dessa arte –
como material de apoio para mestras e ini- bilros, linha, alfinete, almofada, cavalete e
ciantes nessa admirada arte popular. Para pique (desenho) – e ensina a fazer a almofa-
atingir esse objetivo, a publicação contou da e o cavalete. Traz ainda um breve levanta-
com o trabalho de uma pedagoga e a con- mento histórico que conta a origem da renda
sultoria de uma experiente rendeira local. de bilro em Santa Catarina, revela os locais
O resultado são textos claros e objetivos onde ela está presente no país e no mundo,
que demonstram de forma simples a técni- incluindo reflexões sobre as mudanças pelas
ca e os pontos básicos do rendado. As ex- quais vem passando nas últimas décadas.

Patrocínio: Apoio: Realização: Correalização:

Вам также может понравиться