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TRADUÇÃO

O PROBLEMA MORAL NA FILOSOFIA DE SPINOZA1


VICTOR DELBOS
TRADUÇÃO DE MARTHA DE ARATANHA *
REVISÃO TÉCNICA DE EMANUEL ANGELO DA ROCHA FRAGOSO * *

O
problema moral, tal como Spinoza A Metafísica só pode e só deve existir para
concebeu, consiste em eliminar todas compreender e glorificar a vida: a Metafísica é
as denominações extrínsecas que uma Ética.
relacionam a atividade humana a fins Assim se explica o sistema de Spinoza. É
transcendentes e imaginários, para achar um idealismo, já que estabelece na origem, pela
denominações intrínsecas, absolutamente própria definição de “causa de si”, a identidade
verdadeiras, que exprimam o âmago da nossa entre o pensamento e a existência, entre o Ser
natureza e a relação real de nosso ser com o Ser: racional que é em si e o Ser real que é por si.
então, isto só pode ser resolvido por um sistema. Apenas ele é um idealismo concreto, isto é, que
O sistema, que, por conseguinte Spinoza ele se recusa a fazer da existência um não-ser,
edificou, consiste em colocar a priori a Razão uma simples aparência, e que ele a funde
ontológica como a medida de tudo. O que não imediatamente na essência. Ele coloca a verdade,
está na Razão, o que não é fundamentado por ao mesmo tempo, na ideia e na coisa, na ideia
ela, é só uma ilusão e um nada: nenhuma coisa tal como concebida pelo entendimento,
pode ser admitida, nenhuma coisa pode ser dada purificado de todo elemento sensível e
como boa por uma qualificação exterior ou por imaginário, na coisa tal como ela é realmente,
vontade contingente. Uma coisa só é boa, se, sem mistura nem corrupção. Ele lembra o
podendo ser afirmada absolutamente, existe platonismo pelo esforço que faz em colocar, antes
necessariamente por uma potência inteligível do próprio ser, a inteligibilidade do ser; ele
interna. Mas também uma coisa só é boa se não lembra o aristotelismo pela preocupação de levar
está fora de nós, se nos concerne diretamente e em consideração o que é dado, o que se
se nos interessa. Consequentemente, nossa manifesta. Ele se apresenta, contudo, como
melhor e mais certa maneira de conceber a Razão diretamente oposto às doutrinas antigas, e
é de concebê-la aplicada à vida: a suprema procura justificar a noção da individualidade
verdade, de onde decorre toda a doutrina, é a humana. Trabalhando para se aprofundar, a
afirmação absoluta da vida. É verdade, é útil tudo razão ontológica se desprende de toda ideia de
que exprime a vida, o que a sustenta e a fatalidade externa; ela entende, não se submete,
completa; é falso, é prejudicial tudo o que mas se coloca; ela toma consciência do que existe
desnatura a vida, o que a rebaixa ou a diminui. nela de subjetividade profunda e de liberdade
interna. A obra filosófica de Spinoza, apesar de
1
Este artigo é um capítulo de um livro que deve aparecer tudo que já foi dito, tende mesmo a afirmar o
brevemente com o título: O Problema Moral na Filosofia
indivíduo.
de Spinoza e na História do spinozismo.
*
Formada em E NGENHARIA E LETRÔNICA pela UFRJ. Se esta tendência pode se desenvolver e
Organizadora de um GRUPO DE ESTUDOS sobre a obra de se completar em um sistema, é certamente graças
Spinoza no Rio de Janeiro e membro do GRUPO DE a Descartes. A lógica geométrica de Descartes
PESQUISA A FUNDAMENTAÇÃO POLÍTICA EM BENEDICTUS DE teve como resultado descartar e substituir a
SPINOZA. Tradutora de francês e inglês.
** lógica antiga pela lógica do conceito. Ela
Professor da graduação em FILOSOFIA e do CURSO DE
MESTRADO ACADÊMICO EM FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL eliminou da ciência todas as noções específicas
DO CEARÁ - UECE e Coordenador do GRUPO DE PESQUISA A com as quais se tentava resolver os objetos reais.
FUNDAMENTAÇÃO POLÍTICA EM BENEDICTUS DE SPINOZA.
REVISTA Conatus - FILOSOFIA DE SPINOZA - VOLUME 7 - NÚMERO 13 - JULHO 2013 69
DELBOS, VICTOR. O PROBLEMA MORAL NA FILOSOFIA DE SPINOZA. (TRADUÇÃO DE MARTHA DE ARATANHA. REVISÃO TÉCNICA E NOTA
INTRODUTÓRIA DE EMANUEL ANGELO DA ROCHA FRAGOSO). P. 67-76.

Por sua vez, Spinoza tenta eliminar da filosofia exerce, ao longo de toda natureza a perfeição
moral todas as noções análogas com as quais se dos modelos que mais ou menos o imitam: de
tenta resolver a vida. Fala-se de bem supremo, tal sorte que ele é o supremo artista da obra de
de perfeição exemplar: nada é mais inútil do que arte que se efetua nas coisas. O Pensamento
estes tipos transcendentes que são propostos ou divino, tal como o concebe Spinoza, é um Infinito
que são impostos ao homem; nada é mais tirânico que não poderia se pensar, que, em vez de se
do que a pretensão de tentar encaixar o homem pensar eternamente, produz eternamente os
em gêneros: o homem tem nele seu modelo, que seres; ele é incomparável porque o que é por ele
é ele mesmo, com sua natureza, seu desejo de não poderia ser como ele. Ele não é então um
ser, sua necessidade de felicidade; o homem não objeto determinado que pudesse servir de modelo
pertence a um gênero, ele tem o seu próprio original e fazer da natureza a sua cópia. Ele não
gênero, sui generis; não há hierarquia que possa é a causa final, a causa transcendente que se
tirar os seres de seus lugares e fixá-los mantém a distância das coisas que ele move; ele
arbitrariamente em outras posições: cada ser, é a causa eficiente e imanente, que sustenta
pelo que ele é, está em sua posição. É necessário, imediatamente as coisas de sua ação. Ele é uno
então, quebrar todas estas estruturas com aquilo que engendra; mas o que ele
convencionais nas quais, quer queira quer não, engendra é outra coisa que não ele: não é a noção
querem aprisionar uma humanidade universal, é o indivíduo; e entre ele e o indivíduo
desfigurada, e em vez de imaginar uma razão nada se interpõe. A realidade, então, não é uma
inimiga do homem, que ela absorve e reduz a obra de arte que se organiza segundo fórmulas:
nada, reconhecer que todo homem é uma Razão. ela é uma ordem viva de afirmações individuais,
Ao idealismo antigo, que se fundava antes de um sistema de inspirações singulares. O
tudo sobre a necessidade lógica e estética dos Pensamento divino é indiferente a tudo, isto é, a
universais, e que era sempre mais ou menos todas as qualificações gerais pelas quais se vêm
forçado a admitir no indivíduo alguma de fora para nomear os seres; ele não é
contingência, Spinoza substitui, sob a influência indiferente aos indivíduos que ele determina a
de Descartes, um novo idealismo que exclui como ser, e que, por assim dizer, ele chama pelo nome.
ilusórias as ideias universais de gênero e de O que é então eterno no Pensamento
espécie e que afirma, em primeiro lugar, a divino, são inicialmente as Ideias individuais, as
necessidade racional do indivíduo. Em vez de se “Essências particulares afirmativas”; em seguida,
sacrificar à beleza ou à regularidade da ordem e para que haja uma unidade inteligível, são as
de ficar fora do sistema que ele poderia perturbar, relações entre essas Ideias, entre essas Essências.
o indivíduo declara inconsistente a ordem que Mas estas relações não são mais as relações de
não o compreende e se estabelece energicamente hierarquia entre os tipos gerais; são relações de
no centro do sistema que ele mesmo desenvolve. comunicação entre os indivíduos, fundadas sobre
Sem dúvida, a diferença entre estas duas suas propriedades comuns, relações de afinidade
concepções está nas diferentes maneiras de e de parentesco. O indivíduo se compreende e
entender o Pensamento. O Pensamento, segundo se aperfeiçoa pelo que é do indivíduo: então, ele
os antigos, o Pensamento que se pensa, funda é sempre a medida da ordem na qual ele entra,
sua unidade sobre sua homogeneidade absoluta. ou melhor, da ordem que ele contribui a instituir.
Ele só conhece essencialmente ele mesmo, Assim, o que Spinoza leva ao absoluto no
segundo o princípio que o semelhante pode Pensamento divino, é, junto com a afirmação do
somente conhecer o semelhante. Ele é o Ser ser individual, a concepção moderna da lei. A
determinado por excelência, o Ser completo, o lei não é uma forma universal de explicação, mais
Ser perfeito, cujo ato puro é a reflexão sobre si. ou menos exterior ao seu objeto, ela é a relação
Ele é incomparável, pois é o último termo de imanente, imediata, que une as coisas singulares;
toda comparação. Se ele age sobre os seres, não ela é a expressão do ato pelo qual os indivíduos
é por impulso, mas por atração, que não é por se completam e se unem, pelo qual eles
um contato direto, mas pela influência que exprimem na diversidade de suas existências a

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unidade essencial do Ser infinito. Também, ela É então ao seu próprio ser que o homem
tem mais que um valor simbólico ou deve retornar; quando ele se afasta de si mesmo,
representativo: ela é verdadeiramente uma ele se afasta de Deus. Além disso, o homem
potência que o homem pode se apropriar, jamais pode se separar de sua natureza e de suas
concebendo-a como um encadeamento dialético inclinações: ele está sempre presente nele mesmo
de ideias, como um princípio de coesão em tudo o que faz, em tudo o que ele é. Todos os
sistemático, agindo segundo ela como se fosse seus atos, quaisquer que sejam, relevam esta
ela. O indivíduo que compreende claramente a tendência de perseverar no ser, que é sua própria
lei necessária da natureza se compreende a si essência. Ele é todo constituído pelo seu desejo
próprio por ela: ele não se submete à ordem, ele de viver, e é este desejo que, na medida da sua
a faz. potência interna, cria seu objeto. Ele é, então,
Desta unidade eterna, na qual o ser e a enquanto indivíduo, plenamente autônomo,
lei se interpenetram a ponto de parecerem porque o desejo pelo qual ele existe depende
idênticos, a Geometria é a tradução adequada e apenas de si mesmo, porque este desejo, ao invés
certa. A Geometria é a própria verdade, de ser determinado, como pensavam os antigos,
precisamente porque ela não admite a verdade, pelo desejável que o atrai, determina a si mesmo
isto é, uma espécie de tipo universal ao qual se o que considera desejável. Em outras palavras,
subordinarão suas demonstrações, porque ela o desejo vale por si mesmo e não pelo que
está toda em sua marcha racional, e exclui persegue; ele tem seu fim nele mesmo e não nas
rigorosamente todas as qualificações extrínsecas. coisas aos quais se aplica: ele encontra seu objeto
Ela é a verdade porque ela deduz as noções umas adequado quando ele apreende a si mesmo em
das outras por suas respectivas propriedades, só seu princípio e como sua raiz: ele é, então, a
levando em conta o que elas contêm, porque ela identidade do indivíduo consigo mesmo. Por
não altera em nada os objetos aos quais se aplica conseguinte, na natureza, tudo só faz sentido em
e os considera como inteligíveis. A ideia relação ao indivíduo: é bom aquilo que o
considerada pelo geômetra é ao mesmo tempo indivíduo persegue, é mau o que o indivíduo
em que clara e distinta essencialmente repele. É em vão tentar qualificar o universo e a
individual: ela tem um sentido determinado que vida em geral: toda a significação do universo e
não podemos nem amplificar, nem reduzir, que todo o interesse da vida estão no indivíduo.
é a sua propriedade interna. E quando ela entra Entretanto, de onde vem a inquietude e o
na ordem da dedução, ela não se reduz, ao sofrimento se o indivíduo é o centro de tudo?
contrário, ela se desdobra e se valoriza. Portanto, Eles vêm precisamente porque o homem trabalha
não existe verdade distinta das ideias: a verdade para realizar o que não é ele, o que, por
é unicamente a unidade lógica das ideias. consequência, o nega. Ao invés de se constituir
E pela mesma razão, também não existe no que ele é verdadeiramente, ele procura
moral, se a entendemos como uma arte humana ultrapassar a si mesmo; ao invés de ser pura
que deve se sujeitar às regras e ter por objeto afirmação de si, ele quer se afirmar por objetos
alguma qualidade universal; não existe moral, alheios; ser finito, ele é impaciente com os limites
isto quer dizer que não há uma disciplina exterior que encontra, ao invés de sentir intimamente a
que tenha validade de legalidade prática que alegria de ser com o que ele tem. O desejo, que é
possa se impor ao ser unicamente pela força de a sua essência, se determina, não por ele mesmo,
suas sanções; enfim, não existe moral porque os mas sob a influência de causas exteriores: ele se
preceitos que lhe estão subsumidos dizem aliena em cada um dos objetos que o afeta; ele
respeito a noções abstratas que não possuem se quebra em uma série incoerente de tendências
conteúdo real, que acabam por ser indiscerníveis que se opõem entre si, e acabam por se opor a
e por deixarem se dissolver no vazio de sua ele. Então, começa uma vida de mentiras, de
generalidade a distinção formal do bem e do mal. incertezas e de contradição. Então, todas as
O maior esforço de virtude individual consiste crenças que engendram ou sustentam a
em negar a moral. moralidade se encontram desfiguradas. É no

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finito que se pretende apreender o infinito, isto remédio ao mal nas limitações da lei? O grande
é, buscar todo o prazer e todo o bem; e como o erro da maioria dos teólogos e filósofos, segundo
finito não será suficiente para satisfazer a alma, Spinoza, é de crer que a lei que comanda, pode,
nós o prolongamos numa infinitude enganadora unicamente porque é a lei, nos conduzir à
sugerida pela imaginação. Ao invés de ver em salvação. E este erro se apoia primeiramente
Deus a medida de tudo, a medida suprema que sobre a falsa concepção de uma vontade livre,
não pode ser mensurada, se decide, por meio de que poderia por uma decisão categórica se
uma impressão sensível ou por um interesse inclinar tanto para o bem como para o mal; ela
momentâneo, o valor definitivo das coisas; se se apoia, além disso, sobre uma falsa assimilação
imagina uma lei de finalidade pela qual a da vida moral à vida social. A lei imperativa só
Providência se empenha em prover a todas as tem valor completo na ordem civil, que não inclui
necessidades, e as decepções que sentimos não a totalidade do indivíduo; ela supõe uma
nos deixam outra alternativa senão a resignação atividade que se distingue dela e que encontra
dolorosa ou a revolta impotente. Como nada nela seu limite; então, ela está sempre em algum
parece definido, se imagina que as lacunas da lugar exterior ao indivíduo que ela governa; ou
ordem natural são para Deus e para os homens, então, se admitimos que ela penetre inteiramente
ocasiões excepcionais de agir: de Deus e do o indivíduo, o que quer dizer, senão que o
homem se espera ações espetaculares que indivíduo é a lei viva? Quando invocamos a lei
ordenem melhor o universo. Como nada parece para controlar a potência interior do indivíduo,
determinado, se empurra o ser no sentido da só fazemos aguçar nele o sentido do mal,
indeterminação mais radical; se coloca na origem estimular a tentação. A lei, é o pensamento do
de tudo potências indiferentes, que chamamos erro possível, é a lembrança da falta cometida, é
de vontade divina ou vontade humana, a imagem obsessiva do pecado; a lei é o pecado.
igualmente capazes de tudo fazer e de tudo Com a lei que é dada como absoluta se introduz
desfazer: se traveste a liberdade em livre arbítrio, no homem já dividido um princípio de cisão mais
o ato pleno em faculdade vazia, a firme razão profunda: os sentimentos naturais são
em capricho indeciso. Deste modo, pervertidos; existem alegrias más, existem
generalizamos e colocamos no absoluto o que a tristezas boas; o homem estando mais disposto
vida sensível contém de negação: o indivíduo a se submeter quando está abatido, faz do seu
apreende nele o que lhe é o mais completamente prazer uma vergonha, e de seu sofrimento um
alheio, e é com isto que faz seu Deus. mérito; o esmagam com a ideia de provação e
Não é de surpreender que uma existência de expiação. A lei assim imaginada para reprimir
que está tão completamente fora da verdade, se a sensibilidade se cerca e se fortifica de toda sorte
sinta rapidamente fora da paz e da alegria. Não de representações sensíveis; sob a forma da lei,
conhecendo o que ele é, o homem não pode é uma potência tirânica que imaginamos, se
conhecer melhor o que são os outros, e pelos opondo caprichosamente aos nossos caprichos,
bens fictícios que o fascinam, ele trabalha para violentamente às nossas violências. Não é esta a
destruir suas individualidades assim como faz unidade que a alma precisa. É ao contrário, a
com a sua: ele pretende fazer deles instrumentos dualidade irredutível de duas forças alheias que
de suas fantasias, tratá-los como meios. Nós os se combatem sem tréguas, que só se penetram
vemos, naturalmente, se voltarem contra ele, e no sofrimento e só se aniquilam na morte. Que
opor suas forças à dele; daí estas lutas de todos cesse então o reino da servidão e da lei; que
os dias que dilaceram tão dolorosamente a advenha o reino da liberdade e do amor.
humanidade; daí também, a causa das misérias Assim toda fórmula de moralidade
que estas lutas causam, a ideia de tentar uma aparece como inútil: é mais exatamente destruir
nova via, de ter outra conduta. É necessário a moralidade do que procurar a fórmula. A
restaurar a unidade destruída. Mas restaurar virtude não é um fim exterior que nós possamos
significa continuar a concebê-la sob as formas perseguir por meios distintos dela: a virtude está
da sensibilidade, continuar a procurar o supremo tanto nos meios como no fim: ou melhor, a

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virtude é o próprio esforço do homem que chega, são as afirmações, que necessariamente elas
pela consciência de si, à sua plena autonomia. devem se compreender, e que enfim, a lei
Portanto, não é pela abnegação que o homem universal que rege o mundo é a unidade lógica
poderá se restaurar no seu ser; mas ao contrário, destas afirmações. Donde segue que a sabedoria
por uma completa afirmação de sua natureza. está na ciência, não nesta ciência abstrata e
Sempre e em toda parte, o homem vai procurar separada de tudo que não seja um jogo de ideias,
o que lhe é útil, e é também tão ilusório quanto mas na ciência da vida, que no fundo é a vida
ilegítimo propor a ele um bem que não seja o consciente dela mesma. Donde segue ainda que
seu bem. Mas como passar de uma vida de o entendimento é a maior potência da natureza,
mentiras para uma vida verdadeira? Por uma que a natureza aspira ao entendimento, não no
transição natural e contínua. Enquanto na vida sentido teleológico onde o entendimento seria o
de mentiras apresentam a submissão à lei como fim a ser atingido pela natureza, mas no sentido
uma ruptura com os desejos, é preciso reconhecer bem geométrico no qual o entendimento é a
antes que é o desenvolvimento do desejo que própria natureza no supremo esforço que ela
conduz à vida verdadeira. Há na existência dada realiza, ao mesmo tempo, para se concentrar e
um princípio sólido que faz com que possamos se dilatar. Donde segue, enfim, que as oposições
ultrapassá-la sem destruí-la: a tendência a imaginadas entre a força e o direito, a felicidade
perseverar no ser, que está dispersa na e a virtude, são caducas e sem nenhuma
multiplicidade incoerente dos objetos exteriores, influência. O direito, que é a verdade, é
trabalha para se reconquistar e se reconstituir; necessariamente por si mesmo a maior força; a
ela se fortifica e se libera à medida que ela se virtude, que é o ato perfeito, é necessariamente,
transpõe a uma nova ordem, que é a ordem da por si mesma, a maior felicidade: portanto, para
razão; é pela razão que ela consegue reagrupar evitar qualquer consideração utópica de abstrato
sob uma unidade firme os elementos que a e sobrenatural, é pela força que devemos
compõem; então ela transforma em ideias determinar o direito e pela felicidade que
adequadas, que são sua própria potência, as devemos determinar a virtude.
ideias inadequadas, que são sobretudo a potência Desta maneira, unindo o que a
das coisas; ela atrai, para retomá-la, toda a força sensibilidade dividiu, a razão nos permite
que ela tinha inutilmente espalhado ao redor. recuperar, sob uma forma doravante inteligível,
Mas esta libertação somente é possível porque a as convicções, que para a maioria dos homens,
vida sensível não se sustenta só por si mesma; são protetoras da moralidade: ela dá uma
por mais que a paixão divinize o seu objeto: ela irrecusável certeza a este reino de justiça e de
não poderia dar o ser ao que não tem ser. As amor que a fé religiosa anuncia pela revelação e
relações empíricas ou imaginárias que a pela graça: ela supera todas as antinomias nas
sensibilidade estabeleceu caem pela sua própria quais se perdeu o melhor da vida como também
fragilidade: só há consistência nas relações o melhor da fé. Em relação aos sentidos, com
estabelecidas pela razão. Porém, as relações efeito, quase todas as grandes concepções
estabelecidas pela razão são verdadeiras, porque metafísicas e religiosas se dividem em grupos de
elas unem os seres por suas propriedades noções contrárias: a necessidade, que significa
positivas e constitutivas, porque elas mostram o destino, se opõe à liberdade, que significa o
em cada ser a necessidade que o faz ser e que o livre arbítrio: o desejo, que significa a paixão, se
faz ser assim, que o torna, num certo sentido, opõe à lei, que significa restrição: Deus, que
indestrutível e inviolável. O homem que concebe significa o bem, se opõe à natureza, que significa
este tipo de relações não está mais exposto a o mal. E estas antíteses lógicas não fazem mais
afirmar o que é ilusório, a negar o que é real; do que traduzir em termos abstratos as
doravante ele não se coloca em contradição nem contradições sofridas pela alma. O entendimento,
com a natureza, nem com seus semelhantes; ele que não pode admitir em si nada de
sente que as afirmações verdadeiras, que são os contraditório, leva estas antíteses à unidade pela
próprios seres, não poderiam se excluir, pois elas exclusão dos elementos negativos. Uma vez que

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a necessidade é compreendida não como uma esta obra de ressurreição. Ou melhor, não há
fatalidade irracional, mas como o princípio de propriamente ressurreição, porque não há morte;
inteligibilidade das coisas, uma vez que a a vida, que só pode ser afirmada, exclui toda
liberdade é compreendida, não como uma concepção positiva do nada: ela se constitui por
faculdade ambígua, mas como a determinação ela mesma sem que a morte sirva de instrumento
interna do ser por ele mesmo, não há mais ou de condição. A oposição entre a vida e a morte
oposição, há unidade absoluta entre a é relativa à sensibilidade, que compara o que
necessidade e a liberdade: a necessidade é a aparece e o que cessa de aparecer; mas no fundo,
própria razão do ser em seu íntimo; a liberdade o que simplesmente aparece não é mais real do
é a causa certa de que o ser produz por si mesmo. que o que deixa de aparecer: é sempre no nada
Uma vez que o desejo é compreendido não como que a sensibilidade imagina a existência. Nada
uma inclinação desordenada, mas como a pode restringir ou alterar esta inefável afirmação
potência de viver, uma vez que a lei é de si que engendra todo ser; longe de ser apenas
compreendida não como uma ordem exterior, o termo de nossa ação, ela é a nossa própria ação
mas como a expressão da essência das coisas, em sua imutável atualidade. Nossa verdadeira
não há mais oposição, há a unidade absoluta vida é nossa vida eterna; e se podemos chamar a
entre o desejo e a lei: o desejo é a lei interna do vida presente uma prova, é unicamente no
indivíduo; a lei é o desejo tornado consciente de sentido que nós experimentamos por ela o que
si mesmo e de sua virtude. Uma vez que Deus é nós somos por toda a eternidade. O destino que
compreendido não como um bem exemplar que nós cumprimos não é então obra de um capricho,
se propõe ou se impõe de longe, mas como a nem de um instante; ele está fundado em Deus e
potência infinita que se produz por si mesma e por Deus; ele é inteiro eternamente na razão
que sustenta imediatamente os seres, uma vez individual que nós somos, e no amor que
que a natureza é compreendida não como uma sentimos por nós, amando Deus.
força independente ou revoltada, mas como a Assim, segundo a filosofia de Spinoza, a
unidade dos seres que mantêm intimamente a origem e o fim de nossa vida são idênticos. O
Razão soberana de sua existência, não há mais que é verdadeiro não necessita do tempo para
oposição, há a unidade absoluta entre a natureza ser verdadeiro; e até se diria que o próprio
e Deus: Deus é a natureza levada ao seu princípio sistema trabalha para apagar, pela rigidez de suas
de inteligibilidade geradora; a natureza é Deus fórmulas, o que não é realidade concluída, ato
que se exprime nos seres singulares. A unidade completo, o que é simples movimento, simples
assim reconstituída, percebida doravante em passagem ao ato. Há na tônica da palavra
toda parte onde antes havia contradição e luta, spinozista como uma ressonância de eternidade.
não é o resultado de operações exteriores e Mas talvez seja aqui que a doutrina de Spinoza
abstratas; é o fruto da alma razoável que encontre sua mais grave dificuldade. Por que o
reconciliou nela todas as suas potências e que Ser, se ele é absolutamente uma existência atual,
goza plenamente de sua obra, que ela sente boa. se revela como tendência, como potência
E a vida que se elevou até lá é verdadeiramente relativamente indeterminada? Qualquer esforço
inatacável; ela afastou de si todas as negações, que façamos para reduzir ao nada estes objetos
interiores ou exteriores, para se constituir numa da sensibilidade, que, elevados ao infinito, são o
afirmação firme e inquebrantável: é a vida do erro e o mal, ainda resta o fato de que, fora do
homem livre. Ser pleno sobre o qual toda afirmação se funda,
Entretanto, o homem pode fazer melhor existem possibilidades que o ultrapassam ou que
do que se compreender, pela verdade comum a o limitam. Então, por que a verdade imediata
todos os homens; ele pode se afirmar por si não é o objeto de uma afirmação imediata? E
mesmo como uma verdade e dizer a si próprio: em virtude de qual necessidade ela é obrigada a
eu sou minha vida. É pela pura intuição de sua se limitar ou a se esconder para tomar a forma
essência, é em relação a todo o seu ser, como do contingente e do temporal, por mais ilusório
uma Ideia, ao Pensamento divino, que ele opera que seja? Parece que para explicar tudo, o Ser
absoluto deve conter em si um princípio de
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inteligibilidade capaz de abarcar não apenas o que não pode ser rejeitado se não queremos
que é, mas o que parece ser. Ele verdadeiramente afirmar o nada absoluto. É sobretudo pela via
contém isto? da eliminação que ele é dado, porque ele só tem
Muitas vezes foi dito acima que a doutrina relação com ele mesmo; tudo o que o
de Spinoza não era homogênea: dedicamo-nos determinaria de fora seria uma negação. Mas,
a mostrar que tinha nela algumas contradições precisamente porque ele se opõe a toda
que podem levar a uma contradição geral. A determinação externa, o Ser tira de si seu
concepção de Deus tal como é apresentada no princípio de realização; ele tende, por assim
primeiro e no segundo livro da Ética não está de dizer, a se preencher, e eis porque ele se revela
acordo com a concepção de Deus apresentada nos seres. Somente este ato, pelo qual ele sai de
no fim do quinto livro, na teoria da vida eterna. sua identidade pura, deve ser adequado à sua
Na origem, Deus é sobretudo o Ser infinito que infinita potência, e ele deve, por conseguinte,
se manifesta por uma infinidade de atributos: engendrar outra coisa além de cópias defeituosas
ele é superior e alheio a todas as formas desta potência. O Ser seria infecundo se ele se
particulares da sensibilidade e da atividade repetisse em imagens inúteis, se ele agisse apenas
humana; ele é impassível e impessoal; ele não como modelo, e ele se limitaria se estas imagens
tem nem entendimento nem vontade, no sentido ganhassem alguma consistência e lhe tirassem
ordinário destas palavras; ele é potência e uma parte de seu ser sob sua forma própria. O
pensamento. O homem é assim uma simples Ser que se realiza não se reproduz: ele produz.
parte da natureza; todas as suas maneiras de ser Mas, somente indivíduos podem exprimi-lo sem
são determinadas pelas coisas; sua vontade é limitá-lo; e a razão que une, pelos atributos, o
constrangida. No final do quinto livro, Deus é Infinito e os seres, é uma razão viva, já que ela
bem mais o princípio da verdade do que o não é mais somente a identidade do Ser consigo
princípio do ser; de seus infinitos atributos mesmo, mas a identidade do Ser com os seres. A
apenas um parece determiná-lo efetivamente: o existência é então fundada sobre a necessidade
Pensamento; mesmo o Pensamento parece ter de conceber na verdade eterna ao mesmo tempo
perdido sua impessoalidade original; ele é o que é o mesmo e o que é outro; e talvez seja
imediatamente unido aos seres pensantes, que necessário pensar se o indivíduo, existindo, se
se concebem como livres na razão de seu ser; estabelece primeiro no erro e no mal, é porque
Deus, que estava impassível, vivencia na Glória ele participa pela imaginação e a sensibilidade
a alegria de um amor infinito. Não existe aqui desta forma anterior do Ser que é, em relação
uma oposição manifesta e uma contradição ao que não é ela, exclusão e negação. Porém, se
insolúvel? o insucesso destas pretensões leva o indivíduo
A oposição é manifesta sem que ela seja pouco a pouco ao que ele é verdadeiramente, o
imediatamente contraditória; talvez ela exprima indivíduo se concebe em relação imediata com
apenas uma diferença de pontos de vista na o Ser infinito; ele se ama na sua razão que se
inteligência e uma diferença de momentos na afirma, na sua vida que se funda, em seu destino
inteligibilidade do absoluto. Podemos sustentar que se constitui. E, por esta afluência do homem,
que há, segundo o spinozismo, uma dialética o Ser se concilia consigo mesmo, ele se realiza,
interna do Ser. O Ser é primeiramente dado em ele se conquista. Deus, que se revelou fora de si
si numa espécie de identidade formal e como natureza, se revela em si como espírito.
puramente negativa; ele é o que exclui qualquer Doravante, o Ser é menos a substância infinita
outra coisa que não seja ele, o que é, por do que o pensamento eterno; ele é antes de tudo
consequência, anterior a tudo. Substantia prior este amor intelectual que Deus vivencia por si e
est natura suis affectibus2. Talvez esteja ainda sob pelos homens, “não tanto enquanto é infinito,
o nome de Ser apenas a forma pura do Ser, o mas enquanto sua natureza pode se exprimir pela
essência da alma humana considerada sob a
2
NT: Trata-se da proposição 1 da parte 1 da Ética: forma da eternidade”. A moralidade do homem
“Uma substância é, por natureza, primeira, tem então seu princípio último neste tipo de
relativamente às suas afecções”.
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DELBOS, VICTOR. O PROBLEMA MORAL NA FILOSOFIA DE SPINOZA. (TRADUÇÃO DE MARTHA DE ARATANHA. REVISÃO TÉCNICA E NOTA
INTRODUTÓRIA DE EMANUEL ANGELO DA ROCHA FRAGOSO). P. 67-76.

progresso ideal pelo qual o Ser tende a se realizar interior, está totalmente nas verdades eternas
plenamente atravessando os seres para uni-los a que exprimem Deus nos homens? Enfim, Spinoza
si na Beatitude e na Glória. E se este progresso, não concebeu firmemente que a salvação só pode
que contém todo o desenvolvimento da vida estar no amor de Deus e de nosso próximo em
humana e da existência concreta, não seja Deus? Eis certos paralelos que não são sem razão
suficientemente explicado e deduzido por e que têm um valor histórico pela influência que
Spinoza, ele está suposto e traduzido pelo próprio o spinozismo exerceu na teologia alemã. Porém
desenrolar do sistema. Há consubstancial ao seria enganoso esquecer certas diferenças que
Deus que é por toda a eternidade, um Deus que existem entre o cristianismo e o spinozismo,
se torna toda a eternidade, e nossa moralidade diferenças de espírito. Spinoza não se submete
é precisamente o Deus que se torna em nós e ao pensamento cristão, ele adapta certas
que nós levamos, de alguma maneira pela nossa fórmulas a uma concepção que é exclusivamente
própria virtude, à pura consciência de si; nossa racional e que pretende se justificar por si só. E
moralidade é a vida em Deus e é a vida de Deus. então, mesmo que ele interprete pela sua
Tal nos parece a doutrina de Spinoza. Ela doutrina certas doutrinas do cristianismo, ele fica
considera a noção de qualidade moral uma noção decididamente fora do sentimento cristão.
fictícia que precisa ser resolvida em uma Precisamente porque ele tende a colocar a
concepção metafísica e religiosa. Ela se exprime verdade em um ato imediato, ele considera este
em um sistema dialético onde a potência da ato uma expressão adequada e imediata da
natureza e a potência da razão, a afirmação do natureza; assim ele trabalha para apagar o
indivíduo e a afirmação de Deus são tão sentido do que não é alegria completa, inteira
intimamente ligadas que não há nenhum lugar virtude; ele lança uma espécie de desaprovação
na ordem das coisas para a autoridade exterior, sobre o esforço impotente, a resignação dolorosa,
para a regra abstrata, para a obra sem fé, para a a certeza mesclada com esperança. Ele considera
ciência sem amor. Ela se realiza e conquista todo que a graça deve fazer esquecer a provação, e
o seu sentido nesta teoria do amor intellectualis que não há outra via para a vida do que a vida.
que encerra o quinto livro da Ética. Ela pretende O sofrimento, então, é irracional e mau: ele é
ser a forma interna na qual as almas se uma negação, não uma afirmação do ser, uma
compreendem e se realizam, e assim ser para opressão, não uma elevação. O estado eterno de
elas, não apenas uma simples ciência teórica, mas beatitude no qual a vida humana e a vida divina
a ciência da vida, a verdadeira religião. Ela tenta se unem, não admite em si a dor, a paixão: ele é
constituir somente pela força do livre ação pura, inalterável, infinitamente alegre. Para
pensamento o equivalente ao que o cristianismo provar que por toda eternidade Deus está
trouxe aos homens; e de fato ela frequentemente presente ao mundo e ao homem, nada é mais
procura traduzir numa linguagem racionalista, claro, segundo Spinoza, que a felicidade humana,
para delas se apropriar, certas concepções cristãs. nada mais triunfante que o grito de alegria da
No Prefácio, que compôs para as Obras póstumas, natureza.
Jarig Jellis se esforçava em estabelecer que o
cristianismo, sendo essencialmente uma religião
racional, não devia ser contrário à filosofia de Victor Delbos
Spinoza. Não é uma ideia cristã, dizia ele, a ideia
de um Deus soberano mestre do universo por
sua potência e seus decretos? Todas as virtudes
que recomenda Spinoza, a força da alma, a
generosidade, o ardor da ciência verdadeira, não k k k
são virtudes cristãs? Qual foi a promessa da Nova
Aliança, senão a que o spinozismo afirma
expressamente, saber que o reino da lei acabou,
que a revelação, de agora em diante imediata e

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