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Texto 1 - Le Goff e o debate - A Crise da Ordem Medieval

p. 1 O autor situa a época medieval em meados do século XV, mais precisamente 1453. Com inicio na
tomada de Constantinopla pelos Turcos Otamanos e com final no termino da Guerra dos Cem anos,
entre França e Inglaterra.
Contudo, salienta que “se a aceitamos aleatoriamente como instaurada entre os séculos XIV e XV,
negamos todo um conjunto estrutural que prossegue existindo, que é herdeiro direto dessa crise e
que, necessariamente, dá prosseguimento a diversos elementos que dela são oriundos”. Ou seja, teria
existido uma “Longa Idade Media” estendida ate o século XVII.
O autor reflete “se [a “crise da ordem medieval” ] efetivamente vem a ser uma “crise” ou é apenas
uma inflexão”, um momento de “readaptação” daquela ordem em virtude das transformações
estruturais ocorridas durante o período”.
Para Le Goff, se trata de um momento de inflexão, de readaptação, resultante da própria dinâmica da
Sociedade Feudo-Clerical, termo do professor Hilario Franco, que havia chegado ao máximo de sua
expansão, ou seja, “havia chegado aos seus limites possíveis e as ambiguidades nascidas dessa
expansão chegaram ao ponto de sua inflexão, determinando a necessidade de sua reorganização”.
Em seguida, o autor elenca outros autores e as razoes que esses teriam dado para essa “crise”:
 R. Hilton – “procura desencadeá-la através de uma estagnação tecnológica, promovida por
um não reinvestimento produtivo senhorial, determinando assim o declínio da
produtividade”;
p. 2  Os professores Duby e Chaunu – “assentem suas bases no ‘máximo atingido pela curva
demográfica’, determinando assim uma ‘alta de preços’ engendradora de uma queda no
regime alimentar de boa parcela da população que, enfraquecida, ‘ficava a mercê das
epidemias’”;
 Os professores Hamilton e Robson – “buscam uma explicação mais economicista: teria
havido uma ‘interrupção do crescimento do estoque monetário’”;
 O professor Delatouche – “tenta identifica-la a ‘uma depressão moral provocada pelas
epidemias’”;
 E. Le Roy Ladurie – “a atribui a alterações climáticas”;
 E o professor Calmette – “remete suas origens ‘as guerra’”.
Le Goff dirá que, por se tratar de uma “crise global e orgânica”, não há preferencia de nenhuma
delas.
 “Economicamente, essa inflexão da ‘ordem medieval’ é resultante da economia extensiva e
predatória Idade Media Central, decorrentes da necessidade de aumento da produção em
virtude do crescimento demográfico. [...] Contudo, o caráter extensivo e predatório da
economia medieval, cabe-nos perceber, concordando com o professor Hamilton, a ausência
de reinvestimentos adequados em virtude da mentalidade aristocrática”.
 “A busca de terras na época da expansão levara, também, a ocupação de áreas pouco
produtivas, ao que devemos acrescentar o recuo dos espaços reservados as pastagens e, com
esse fato, o escasseamente do adubo animal que, gradualmente, levava a inversão de recursos
que promoviam parcos ou nenhum retorno”.
 “A consequência mais imediata desses fatos era a ocorrência de períodos de escassez mais ou
menos regionalizadas [...] em que se deram chuvas torrenciais [...] o que assevera o ponto
levantado pelo professor Ladurie, prejudicando as vinhas a secagem do sal, o
amadurecimento dos cereais, fazendo as sementes apodrecerem sem brota, levando a
ocorrência da chamada ‘crise frumentária’ e a alta de preço do trigo”.
 “Por seu turno, o aumento dos gêneros alimentícios, provocavam a ausência de demanda dos
produtos artesanais, têxteis, levando a crise aos meios urbanos e lá, de uma forma mais aguda
pois, além do declínio das vendas, em razão do declínio populacional, a escassez de mão-de-
obra tendia a um aumento dos trabalhadores assalariados”.
p. 3  “Paralelamente, concordando com os professores Robson e Hamilton, o período também
sofria mutações monetárias, em grande parte promovidas pelas monarquias em virtude de
suas necessidades monetárias cada vez maiores, a ‘Fome Metálica’, agravada pelas
limitações tecnológicas para melhorar a exploração mineira, pela lenta circulação monetária
devido a retração da oferta, da crise agrícola e da procura pelos manufaturados”.
 “A Peste Negra chega a Europa ocidental através dos genoveses fugitivos do porto de Kaffa,
na Crimeia, propagando-se do litoral para o interior. Seu ritmo era sazonal, ligado ao clima.
Segundo o professor Birabem, parece não ter sido a fome a causa principal de sua incidência,
mas a desorganização social em que se encontrava o Ocidente europeu”. [...] “A arte macabra
que atinge esse período reflete bem como a ‘dança da morte’ o estado de espirito das
populações nesse momento: crença em castigo divino; má conjunção astral; realização de
inúmeras preces e procissões; perseguição aos judeus leprosos, acusados de envenenadores
de poços d’agua...”.
Em consequência, para Le Goff, a crise acelera a transição da sociedade de ordens – típica da Feudo
Clerical – para a estamental ou, como coloca J. L. Romero feudo-burguesa. “A mobilidade torna-se,
de fato, mais intensa, especialmente nas camadas de base”.
p. 4 O autor coloca que, “a ‘crise’ também viabiliza a formação de uma elite camponesa, criando um
fosse social nos meios rurais [...]”; “dá-se a falência dos poderes tradicionais. A nobreza perde força,
busca novas conquistas, lutam contra a nova ordem ou une-se a ela: era o desenvolvimento da
nobreza de serviços”; “A falência gradativa da aristocracia feudal é acompanhada de um de seus
principais pilares, o clero. Também afetado pelo declínio dos grandes domínios senhoriais, a Igreja
assiste, desde o século XII, o avanço das ideias da autonomia do poder civil”; “o reino deixava de
ser onde estava o rei; cresce a tendência a instalação de uma ‘capital’ para a monarquia que,
institucionalmente, organiza-se com o conselho fiscal, administrativo, judiciário: enfim, com a
articulação de uma ‘burocracia’”.
p. 5 Em conclusão, salienta que “podemos então observar que a ‘crise’ da retração do século XIV, de
fato, nada mais é que a reorganização necessária da Sociedade Feudo-Clerical que se ternava Feudo-
Burguesa. Tal é que, no século seguinte, retoma-se o crescimento e uma nova ‘crise’ encontra sua
válvula de escape no prosseguimento da expansão, agora não mais contida pela Europa ou pelo
Mediterrâneo: o Ocidente transborda pra o Atlântico. Para tanto, necessitariam centralizar seus
esforços, o que é efetivado pelo nascente ‘Estado Nacional’; a economia segue seu caminho rumo a
busca de novos metais e mercadorias, episodio capitaneado pela incipiente burguesia... Por seu
torno, a Igreja busca a sombra do monarca diante das Reformas”.

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