Вы находитесь на странице: 1из 108

A MAIOR REFERÊNCIA EM VINHOS DO BRASIL

CLOS LANSON
O CHAMPAGNE DO CORAÇÃO DE REIMS ESP
ECI A
L
ED.

10 VARIEDADES
SUBESTIMADAS
QUE PRODUZEM
150

GRANDES VINHOS

HARMONIZAÇÃO
SUGESTÕES PARA COMBINAR
COM CABERNET FRANC

FERMENTAÇÃO
MALOLÁTICA
O TRUNFO DOS
ENÓLOGOS

DE LOUISE
BOURGEOIS
AO L’APPARITA
A ARTE E OS VINHOS
DO CASTELLO DI AMA

DICAS
COMO COMPRAR
COM SEGURANÇA
SEM PROVAR O
VINHO ANTES

O MELHOR DO
POMEROL
DEGUSTAÇÃO DE SAFRAS HISTÓRICAS DE PETRUS, LE PIN, LAFLEUR,
ANO XI - NO 150 - R$ 18,00 – € 4,00
ISSN 18083722

TROTANOY, L’EVANGILE, LE GAY, CLINET, LA CONSEILLANTE, LE BON


PASTEUR, LA FLEUR-PETRUS, LATOUR A POMEROL, L’EGLISE CLINET
 SWV 
6DIUD 6DIUD 6DIUD

&ODUHWV'LVWULEXLGRUDXWRUL]DGRQR%UDVLO
FODUHWVFRPEU
0TNBJTQSFNJBEPTWJOIPT
EBSBSBVWB4VTVNBOJFMMP 
BHPSBOP#SBTJM
0NFMIPSEB1VHMJB *UÈMJB WPDÐFODPOUSBOB$MBSFUT

&ODUHWV6¥R3DXOR &ODUHWV5LRGH-DQHLUR
5XD)UHL&DQHFD&MWR $Y-R¥R&DEUDOGH0HOR1HWR&MWR
7HOHIRQH   7HOHIRQH  
EDITORIAL |

Número
150
DIREÇÃO
PUBLISHER
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br

DIRETORA DE OPERAÇÕES
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br

REDAÇÃO
EDITOR

E
sta edição marca o número 150 de ADEGA. Doze anos Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br

(completaremos 13 em outubro) e uma centena e meia de DIRETOR DE ARTE


Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
revistas depois, o mercado de vinho brasileiro já não é mais
o mesmo, assim como nós também não somos. Nesse processo, ASSISTENTE DE ARTE
Aldeniei Gomes - arte@innereditora.com.br
evoluímos, tornamo-nos a principal referência em vinhos do Brasil
e temos certeza de ter contribuído para o desenvolvimento do amor EDITOR DE VINHO
Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br
ao vinho pelos consumidores brasileiros.
CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS
Para celebrar esta importante marca, ADEGA apresenta uma Patricio Tapia e Steven Spurrier
edição épica. Logo de cara trazemos uma degustação com safras
COLABORADORES
históricas dos melhores vinhos do Pomerol, uma lista que conta Beto Duarte, Christiane Miguez, Guilherme Velloso,
Mauricio Leme, João Paulo Gentille e Juliana Trombetta Reis (texto)
com Petrus, Laleur, Le Pin, Trotanoy, Clinet e outras grandes es- e Luna Garcia e Máximo Júnior (fotos)
trelas dessa espetacular região de Bordeaux. Aqui você vai conferir
PUBLICIDADE
o melhor dessa prova sem precedentes. publicidade@innereditora.com.br
Também vai ter a oportunidade de descobrir 10 variedades de uva +55 (11) 3876-8200 – ramal 11

geralmente subestimadas, mas capazes de produzir excelentes vinhos. REPRESENTANTES COMERCIAIS - BRASIL
Você irá se surpreender. Da surpresa, passa-se ao encantamento em Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br
Carminha Aoki - carminhaaoki.adegasabor@gmail.com
uma entrevista com Lorenza Sebasti, do Castello di Ama, produtora
RIO GRANDE DO SUL/SANTA CATARINA
do fenomenal L’Apparita e “detentora” de uma coleção de arte singu- Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br
lar com obras estonteantes de nomes como Michelangelo Pistoletto,
MARKETING
Anish Kapoor, Louise Bourgeois, Lee Ufan etc. marketing@innereditora.com.br

Para quem quer ter mais profundidade de conhecimento, falamos INTERNATIONAL SALES
sobre a pisa a pé em lagares de pedra, uma técnica ancestral que Estados Unidos
Inner Publishing - sales@innerpublishing.net
resiste, e mesmo brilha, em nossos dias. Por quê? O que ela tem de
FINANCEIRO
especial? Também falamos sobre a fermentação malolática e sua his- inanceiro@innereditora.com.br
tória, que deinitivamente mudou a forma como os vinhos são feitos.
PRODUÇÃO
Em um vasto mar de rótulos de diferentes países, variedades e Baunilha Editorial
produtores, você sabe o que escolher? Conira as nossas dicas para
ASSINATURAS
comprar um rótulo, com segurança, sem nunca ter provado antes. assinaturas@innereditora.com.br
+55 (11) 3876-8200
Quer saber que tipos de pratos harmonizam com Cabernet Franc? Distribuição Nacional pela Treelog S.A. Logística e Distribuição
Veja aqui três excelentes opções.
ASSESSORIA JURÍDICA
Alcançar a marca de 150 edições é algo que nos enche de orgu- Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br
lho e aumenta nossa responsabilidade. Faz com que nos lembremos IMPRESSÃO
dos nossos primeiros anos, das conquistas no trajeto e também nos Maistype Gráica

remete aos próximos desaios, sempre no intuito de trazer a melhor DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
informação e a melhor seleção de vinhos para você. Obrigado por Total Publicações

estar conosco e compartilhar de nossa paixão pelo vinho. Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda.

A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e conceitos


Saúde, emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem
de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Christian Burgos e Arnaldo Grizzo www.revistaadega.com.br


Selo Best-Buy
entre os rosés
Adega Edição 148

C E R RO BE RCI AL RO S AD O 2 0 1 5
Um vinho delicioso, feito em Utiel-Requena com a casta Bobal, típica da região. Muito
ćRUDOHIUXWDGRPDVDRPHVPRWHPSRHOHJDQWH$YLQ¯FROD6LHUUD1RUWHUHDOPHQWH
entende tudo de Bobal. Campeão com peixes, crustáceos e saladas.
Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1912 - Cj. 4c - Jardim Paulistano - São Paulo/SP - Fone: (11) 2384.694
46

12 54
ENTREVISTA LISTA
12 O melhor do vinho e da
arte, por Lorenza Sebasti, do
62 Conheça 10 variedades de uva
subestimadas, mas capazes de
Castello di Ama produzir grandes vinhos

GRANDES DEGUSTAÇÕES DEGUSTAÇÃO


46 Prova histórica de grandes safras
de ícones do Pomerol, como
68 Vertical com sete safras de
Ripassa, o “segundo vinho” do
Petrus, Laleur, Le Pin etc. Zenato Amarone

HARMONIZAÇÃO ESCOLA DO VINHO


54 Três opções de pratos para
combinar com vinhos de
70 Quais referências usar na hora
de comprar um rótulo que você
Cabernet Franc nunca provou

ESCOLA DO VINHO DEGUSTAÇÃO


58 A história da “domesticação”
da fermentação malolática,
76 Provamos a cuvée Clos Lanson,
feita com vinhas de dentro da
essencial na enologia cidade de Reims
CONTEÚDO |

62

70
ESCOLA DO VINHO
78 Por que a pisa a pé sobrevive
até os nossos dias? O que ela 87
tem de especial?

ENOARQUITETURA
72 Gatos e peixes gigantes no
jardim exótico da Sculpterra
TODO MÊS
8 | CARTAS
Winery
10 | ADEGA RESPONDE

DROPS 22 | PRESENTES

24 | MUNDOVINO
SAÚDE
56 Vinho contra as cáries 87 | CAVE

POLÊMICA 100 | CLUBE ADEGA


74 Chaptalização
106 | QUEM DISSE
CARTAS | ESCREVA PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

RenatoKonzen Kenzo Albieri e


@renatokonzen Nicki Minaj
#achavalferrer @kenzoenicki
#mendoza Só de boas lendo
#revistaadega @revistaadega
AJUDA? #revistaadega #cat
Tenho uma gravura muito interessante. Dois homens
dentro de uma antiga adega e um terceiro observando
desconiado, pois um dos homens, um provável cliente,
aponta um barril datado 1811. Ano da passagem do
cometa Flaugergues. Teria alguém que possa me ajudar
descobrindo autoria etc.?
Reinaldo Luna

Caro, Reinaldo, izemos nossas buscas, mas infelizmente,


até o momento, não encontramos qualquer referência.
Quem sabe a publicação desta carta possa ajudar e
algum leitor ter alguma dica. Carlos André Ribeiro Mizael Tavares Gomes @
@carlos.andre.ribeiro mizael_gomes_sommelier
#revistaadega A mais recente edição da
LOPEZ @revistaadega @revistaadega divulgou
Apenas uma sugestão para o painel de vinhos ou uma matéria sensacional
quem sabe uma reportagem. A Vitoria Foods está sobre este grande produtor
representando a Bodega Lopez da Argentina. Comprei da região Francesa da
direto deles por e-mail o Montchenot e o Vieux. Provence. #revistaadega
Gostaria de saber a opinião de vocês sobre esses vinhos
que foram importados por eles. Recentemente, vocês
izeram uma reportagem comparando os Lopez da Quer ver sua foto publicada aqui?
Argentina e os Lopes da Espanha, que são vinhos Siga @revistaadega e marque as imagens com #revistaadega
envelhecidos. Infelizmente não vejo esses vinhos no
varejo aqui em São Paulo. Eles izeram fama um tempo
atrás mas foram esquecidos pelo mercado brasileiro.
Aurelio Guerreiro

Caro, Aurelio, podemos dizer com certeza que são


Erratas
grandes vinhos. E, quem sabe, futuramente tenhamos a
Na edição 149, seção Degustação, página 43, a imagem do
oportunidade de fazer um painel como o que você propõe.
vinho Catena Alta Malbec está errada. Publicamos aqui a
Porém, não izemos reportagem com essa comparação.
imagem correta.
Um dos primeiros a escrever sobre os vinhos argentinos
Na mesma edição, na seção Cave, na página 89, o
Lopez foi nosso colaborador Patricio Tapia (http://
vinho Namaqua Sauvignon Blanc 2016 foi publicado com a
revistaadega.uol.com.br/artigo/classicos-infantis_9365.
pontuação equivocada. A pontuação correta é 88 pontos.
html) e já citamos também os Montchenot em matérias
Lamentamos os erros e agradecemos os leitores e
que tratavam de vinhos de guarda do Novo Mundo. No
assinantes Fernando Antonio Tasso e Aurelio Guerreiro por
site MelhorVinho.com.br, temos avaliado o Montchenot
terem nos alertado sobre os equívocos.
115 Cabernet Sauvignon Merlot Malbec 1988.

8 ADEGA >> Edição 150


ADEGA RESPONDE ENVIE SUAS DÚVIDAS PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

Vinho branco
no decanter?
O leitor Enzo Pereira questiona: “Entendo o porquê de se decantar vinhos tintos
para a separação de sedimentos, mas por que decantar vinho branco?”

D
ecantar signiica “separar (um líquido Ainda assim, os vinhos brancos raramente pre-
sobrenadante) de (os sedimentos for- cisam ser aerados para este propósito. Mas, sim,
mados no fundo do recipiente que o uma breve exposição ao oxigênio pode ajudar em
contém), isolar (um líquido) de (outro líquido alguns casos. Contudo, mais do que o contato
imiscível), livrar de impurezas, puriicar ou livrar com o ar (que não deve ser demasiado), decantar
(alguém) de (algo que represente um mal)”, isso um branco pode ajudar a “equilibrar” sua tem-
segundo o dicionário. peratura.
No caso do vinho, a ideia quando se decanta Na maioria das vezes, as pessoas tendem a ser-
é, sim, separar sedimentos (depósitos no fundo da vir os brancos bem mais gelados do que o neces-
garrafa) que, se movimentados, possivelmente lu- sário, o que faz com que eles não se expressem da
tuarão no líquido. Esses sedimentos (que podem melhor maneira. Em uma área maior, a tempera-
ser leveduras mortas, resquícios da casca da uva, tura vai aumentar mais rapidamente e atingir o
tartaratos etc.) costumam se formar em vinhos ponto ideal. Mas também é preciso icar atento
tintos mais antigos e não iltrados. Vale lembrar para não subir demais.
que eles não representam defeitos. Mas, e no Outra situação em que usar um decanter
caso dos brancos? Por que decantar se rara- pode ser interessante é quando nos depa-
mente há formação de sedimentos? ramos com vinhos em que há a presença
Pois é, os vinhos brancos raramente de mercaptanos, compostos derivados
apresentam depósitos. Quando há, na de enxofre que tendem a se difundir
maioria das vezes, são cristais tartáricos. em ambientes anaeróbicos (princi-
Portanto, pensando somente na decan- palmente em garrafas com tampas de
tação como separação de resíduos, não rosca). Eles tendem a trazer aromas de
há porque decantar um vinho branco. repolho, coisas podres, borracha, etc.
para a camada superior da garrafa. Aí,
Aeração ou decantação? uma breve aeração resolve.
No entanto, pode-se usar o decanter Portanto, pode-se decantar um
não apenas para decantar um vinho no estrito vinho branco? Sim. É muito provável que essa
senso do termo, mas também para aerar. Quan- decantação não seja necessária, apenas estética
do um vinho apresenta aromas e sabores muito (para servir o vinho em uma jarra bonita), então,
fechados, aerá-lo pode ajudar revelar suas carac- desde que não seja feita por tempo demasiado,
terísticas e aumentar o prazer da degustação. não há problema.

10 ADEGA >> Edição 150


ENTREVISTA | p o r ARNALDO GRIZZO E EDUARDO MILAN
Alessandro Moggi

12 ADEGA >> Edição 150


Opera
aperta
A filosofia dos vinhos e da arte do Castello di Ama,
produtor do mítico L’Apparita, por Lorenza Sebasti

D
escoberta. É assim que muitas vezes o vinho e a arte se
mostram diante dos nossos olhos. Como uma descober-
ta. E foi assim para Lorenza Sebasti, proprietária do his-
tórico Castello di Ama.
Lorenza descobriu o vinho “tarde”. Segundo ela,
nem mesmo seu pai – que havia comprado a propriedade nos anos 1970
em sociedade com amigos – era um apaixonado pela bebida. Ela, porém,
apaixonou-se primeiramente pela bela paisagem do Castello, localizado
no coração da Toscana, em Gaiole in Chianti, durante as férias quando
era adolescente.
O vinho veio logo em seguida, juntamente com o relacionamento
com Marco Pallanti, enólogo da propriedade, que se tornaria seu marido
e com quem ela teria três ilhos. Hoje, ambos dirigem o Castello di Ama.
Sua paixão e seu perfeccionismo também a levaram ao mundo da
arte. No im do último milênio, Pallanti e ela criaram o projeto “Castello
di Ama per l’Arte Contemporanea” e passaram a convidar artistas de re-
nome internacional para criar obras que não somente conversassem com
a paisagem de Ama, mas fossem inspiradas pelo local. Assim, gente do
calibre de Michelangelo Pistoletto, Daniel Buren, Giulio Paolini, Ken-
dell Geers, Anish Kapoor, Chen Zhen, Carlos Garaicoa, Cristina Igle-
sias, Nedko Solakov, Louise Bourgeois, Ilya e Emilia Kabakov, Pascale
Marthine Tayou, Hiroshi Sugimoto e Lee Ufan passaram um tempo no
Castello para se inspirar e produzir uma “interferência”.
Hoje, vinho e arte estão na essência do Castello di Ama e, como no
conceito de obra aberta de Umberto Ecco, estão lá à mercê da interpre-
tação de quem interage com eles.
Alessandro Moggi

Qual a história do Castello di Ama? de Bordeaux que o pudesse guiar. E teve a


Acho Meu pai comprou Castello di Ama com três sorte de encontrar Patrick Léon, enólogo do
amigos no começo dos anos 1970. Mas esta- Château Prieuré-Lichine. Nasceu ali uma
que demos ao va tudo em estado de abandono. Decidimos amizade. Ele não assumiu Ama, mas disse
Sangiovese voltar a fazer uma produção de qualidade, que ajudaria algum enólogo novo e aí entrou
uma nobreza pela qual a propriedade era conhecida antes, Marco Pallanti, em 1982.
descrita pelo grão-duque da Toscana como o
que antes não lugar das vinhas mais bonitas de toda a re- E a sua história com o vinho, como começou?
havia gião de Chianti. Lá se produzia vinhos desde A minha história pessoal nasce com um en-
1770, eram importantes, vendidos na Ingla- contro com Ama em umas férias. Foi para lá
terra, vinhos de guarda. Com essa herança, com 15 anos e: “Oh, este é o lugar da mi-
decidimos reinvestir nos vinhedos e na can- nha vida”. É minha “raison de vivre”, tudo é
tina. Fazer uma “cantina château”. Um dos ao redor de Ama. Depois de quase 40 anos,
sócios foi muito visionário na época. Ele foi tenho a mesma lucidez e a mesma paixão.
procurar amizade e conselhos com alguém Tentei passar isso para os meus ilhos, mas se

14 ADEGA >> Edição 150


Obra de Daniel Buren
“Sulle vigne: punti di
vista”, é uma das mais
impactantes do Castello
di Ama

poderia fazer melhor. Nos anos 1980, já se


fazia muito bem, os vinhos eram muito bons,
como em 82, 83, 85, 88, mas eu me lembro
que dizia: “Devemos fazer melhor”. E Marco
é extraordinário, pois ele faz vinhos sempre
mais puros, mais precisos. Digo que a sua
enologia é inspirada em [Henri] Jayer. Você
precisa conhecer bem a enologia para fazer
menos. Menos é mais. Não há uma preten- Ele
são, uma exasperação, é como um chef que
respeita cada vez mais a matéria-prima.
[Marco
Pallanti] tem
E o relacionamento com Marco, como começou?
A relação com Marco foi no trabalho. E per-
uma visão
maneceu por muito tempo uma relação de muito metódica
trabalho. Depois nos casamos, tivemos três e precisa, e
ilhos, uma família belíssima... Mas nossa
relação sempre foi uma boa troca de pontos
a minha é
de vista. Ele tem uma visão muito metódi- seguramente
ca e precisa, e a minha é seguramente mais mais passional,
passional, mas também mais visionária, e
isso lhe deu os instrumentos para arriscar.
mas também
Devo dizer que, de nossa parte, houve uma mais visionária,
fase sofrida de foco na busca pela qualidade,
pois nós éramos integralistas e o mundo es-
e isso lhe deu
tava procurando o storytelling, o marketing. os instrumentos
Nos anos 2000, estávamos um pouco fora do para
tempo, ou íamos muito à frente ou íamos de
volta.
arriscar
Mas vocês já tinham um grande ícone que era
L’Apparita, não?
eles têm ou não a mesma paixão, não me im- Gosto de falar de L’Apparita, um vinho im-
porta, é a minha vida. portantíssimo para nós, que fez 30 anos.
Lembro-me daquele dia da degustação em
Mas sua família tinha ligação com o vinho? Zurique, em 1991, com jornalistas impor-
Nada. Ninguém. Nem meu pai. O vinho lhe tantes. Eu tinha 26 anos e já estava com as
interessava, mas não era importante. O vinho rédeas da cantina. Não pensava que pudesse
para mim foi depois de Ama. Descobri Ama e icar entre os 100 Merlots do mundo, depois
depois estudei o vinho, com o mestre Marco, entre os melhores 20. Mas Marco era muito
que me ajudou tanto. E depois fui a Bordeaux consciente de que tinha um grande vinho e
estudar. E, em seguida, como uma missão, que poderia competir. Quando vencemos,
andei por diversas vinícolas, para conhecer, para mim foi uma emoção grandíssima, des-
conhecer, conhecer, visitei muitíssimas, e, cobrir que tinha um cavalo vencedor, mas
para mim, era muito importante a busca pela logo, como uma mãe que defende o próprio
qualidade. O vinho era uma emoção grandís- ilho, pensei no Chianti Classico, a identida-
sima, mas no alto nível. Sempre acreditei que de que tínhamos.

Edição 150 >> ADEGA 15


Alessandro Moggi

Como foi lidar com isso?


Patrick O mundo queria o Merlot e tínhamos Merlot “Experimente com outras variedades. Para
Léon plantado em outras vinhas. Para nós, fazer um entender o Sangiovese talvez seja preciso
L’Apparita de todos os vinhedos seria fácil, fazer uma variedade complementar”. Inserir esse
nos disse: 50 mil em vez de 7, 8 mil garrafas. Hoje rio da varietal foi um experimento. No caso de
‘Experimente Joana d’Arc que eu era, pois era revolucionária L’Apparita foi uma sorte excepcional, pois
com outras e passional. Mas digo: “Este vinho me represen- desde o primeiro ano esse vinho já fez “uau”.
ta?” Em 30 anos, o vinho é o mesmo, não mu- Também plantamos Pinot Nero em alta
variedades. dou. E isso para mim é lindo. L’Apparita per- densidade em 1984. Marco diz sempre: “O
Para entender manece um ícone do vinho italiano, é preciso, Pinot Nero foi a tentativa mais interessante
do nascimento à ultima safra, não nos compro- para aprender a viniicar o Sangiovese”. A
o Sangiovese metemos, permaneceu o mesmo, é uma obra- delicadeza do tanino da Pinot, a sensibilida-
talvez seja -prima bela que se mantém iel à origem. Me de, permitiu-nos trabalhar nosso Sangiovese
preciso uma vem à mente alguns belos crus da Itália, que de modo muito diferente dos outros. Se me
são um patrimônio, com produtores importan- pergunta: ‘qual a sua contribuição à enologia
variedade tes que mantiveram sob custódia os valores da do mundo?’ Acho que demos ao Sangiovese
complementar vinha. Com L’Apparita, izemos isso. uma nobreza que antes não havia. Depois de
nós, todos izeram. Isso me dá muito prazer,
Mas como nasceu esse Merlot? foi uma escola que Marco experimentou, tra-
Graças a Patrick Léon. Nos primeiros anos, balhou com mente aberta e seguindo o con-
ele fez a coisa mais certa a se fazer, disse: selho de Patrick Léon.

16 ADEGA >> Edição 150


Obra de Louise
Bourgeois, “Topiary”

Vocês replantaram muitas vinhas?


Os vinhedos dos anos 1970 estavam mal plan-
tados, com materiais diversos, com um San-
giovese um pouco bastardo. Então izemos
uma grande seleção massal interna e, a partir
de 1996, replantamos a vinha. Nesses 20 anos,
replantamos 50 hectares de vinhas (temos 75
hectares). Marco escolheu fazer esses terraços
para ter a melhor exposição, a melhor homo-
geneidade de maturação e isso signiicou 70
ou 80 mil euros por hectare. Foi o investimen-
to da nossa vida (devo ainda devolver mais da
metade ao banco), mas precisávamos traba-
lhar, pois a vinha foi sempre o centro do nosso
trabalho. Temos obsessão pela vinha.

Isso de certa forma levou ao que se tornou Chianti


Classico Gran Selezione atualmente?
Com seis anos de presidência do conselho de
Chianti Classico, Marco nos presenteou com
esse resultado. Ainda é um pouco mal comuni-
cado, pois o jeito mais fácil de explicar Gran Se-
lezione é que são vinhos produzidos em vinhe-
dos da propriedade, vinhos de vinhateiros, que
nascem naquela terra. Algo simples no mundo,
mas em Chianti não era. Todos os vinhos de “O desfaio para mim,
Ama são Gran Selezione, pois todos nascem de E quando nasceu o projeto de arte? cada vez que convido
nós mesmos, mas acreditamos ter aberto uma Devo dizer que a arte não é algo de segun- um artista, é sentir o
lugar, fazer com que ele
estrada para o consumidor. Nós não tínhamos do plano em Ama. Hoje metade da minha se apaixone pelo lugar e
a experiência do vinho com o território, que experiência é viver esse projeto. O desfaio queira deixar um traço
de seu trabalho, mas
em algumas regiões do mundo é muito banal, para mim, cada vez que convido um artista, é um traço inspirado no
normal. Na Itália, acho que tirando Barolo e sentir o lugar, fazer com que ele se apaixone local”

Barbaresco, não havia esse conceito. Essa expe- pelo lugar e queira deixar um traço de seu
riência da vinha com essa identidade era algo trabalho, mas um traço inspirado no local. E
ainda novo como conceito por aqui. de certo, modo nosso curador (Philip Larratt-
-Smith), cuja sensibilidade é riquíssima, en-
O que acha da proposta das tende que estamos a serviço desse lugar e não
subdivisões de Chianti Classico? devemos ser os protagonistas. O lugar é que
Não tenho uma resposta precisa. Acho que fala. Esses artistas estão nos presenteando
tudo o que tem sido feito até agora em termos cada um com uma peça de um grande mo-
de Gran Selezione é correto. Espero que eles saico que está se completando. Há diversas
possam ir se espalhando pelas comunas, mas, experiências com arte em vinícola e locais
ao mesmo tempo, sei como os italianos são e especíicos, mas a força deste diálogo com o
pode se tornar 100 lugares. Isso seria difícil lugar, dito pelos artistas, em Ama, é único,
de comunicar ao consumidor. O mundo é é uma parte criativa amarrada ao lugar. Não
grande, o mapa da Itália já é bastante. Talvez vou fazer uma bela escultura e decidir onde a
devesse ter duas ou três subdivisões, mas não coloco. Não, o lugar leva você a escolher algo
mais, porém quando você abre a porta... da sua arte que se modiica pelo lugar.

Edição 150 >> ADEGA 17


Alessandro Moggi

de Anish Kapoor, que é um gigante, mas um


dos medos que tive era de pegar uma de suas
esculturas e colocar no jardim. Não quería-
mos isso, e dissemos isso. E o trabalho dele
na igreja é emocionante. Eles e as obras en-
tram em diálogo com o lugar. No inal, nosso
papel é de custódia, não somos protagonistas,
pois o local permanece como protagonista.

Antes vocês não recebiam muitos visitantes...


A partir de Louise Bourgeois entendi que pre-
“La lumière intérieur du corps
cisava dividir isso com a comunidade. Temos
humain”, de Chen Zhen visitas, mas sou muito integralista. Então, as
visitas são guiadas em pequenos grupos e os
“É uma visita monitores são formados para explicar os tra-
informativa, mas de Como é essa relação com os artistas? balhos. Não em um senso didático, porém
experiência, pois a
arte, como o vinho,
O trabalho de Louise Bourgeois, extraordiná- de experiência, de deixar o silêncio diante da
é uma obra aberta. rio, foi meu turning point. Vi tudo o que ela arte. É uma visita informativa, mas de expe-
Ela [arte] permanece
desconhecida, e o
fez, sou obcecada pelo seu trabalho, e aquela riência, pois a arte, como o vinho, é uma obra
que ela dá, é o que pequena escultura, naquela cisterna... Esse aberta. Ela [arte] permanece desconhecida,
encontra” encontro é extraordinário. Cada ano tenta- e o que ela dá, é o que encontra. Se você es-
mos seguir adiante com este projeto com a tiver desinteressado, pode ver a Mona Lisa, e
sensibilidade de encontrar artistas compro- não muda nada. E esse encontro é um belo
metidos, que entram nesse jogo. Lembro-me desaio, sempre há algum tipo de revelação.

18 ADEGA >> Edição 150


“Yo no quiero ver mas a
mis vecinos”, de Carlos
Garaicoa

“Amadoodles”, de
Nedko Solakov

“Towards
the ground”,
de Cristina
Iglesias
VINHOS AVALIADOS

Udo Bernhart
AD 92 pontos 40% novas. Chama atenção pela precisão
AL POGGIO CHARDONNAY DI TOSCANA 2015 e profundidade, mostrando as notas florais,
Castello di Ama, Toscana, Itália (Mistral US$ 90). terrosas e de frutas vermelhas frescas de modo
Branco elaborado exclusivamente a partir de franco e elegante. Austero, tem final longo e
Chardonnay, sendo que 40% do vinho fermenta delicioso, com toques de camurça, de ervas
e estagia durante oito meses em barricas de secas e de cerejas. Álcool 13,5%. EM
carvalho francês 50% novas. Mostra nariz de
perfil mais austero, com frutas tropicais frescas AD 95 pontos
acompanhadas de notas florais, de frutos secos, CASTELLO DI AMA VIGNETO LA CASUCCIA CHIANTI
de mel, de manteiga e de especiarias doces. CLASSICO GRAN SELEZIONE 2013
Impressiona pela acidez vibrante e pela cremosa Castello di Ama, Toscana, Itália (Mistral US$
textura, tudo num contexto de finesse, ótimo 359). Tinto composto de 80% Sangiovese, 20%
volume de boca e profundidade. Está muito bom Merlot, com estágio de, pelo menos, 18 meses
agora, mas deve ficar ainda melhor nos próximos em barricas de carvalho francês, sendo 40%
cinco anos. Álcool 13%. EM novas. Aqui a Merlot fala alto. Comparado ao
Vigneto Bellavista 2013, é um vinho maior tanto
AD 93 pontos em estrutura, quanto em potência de fruta,
CASTELLO DI AMA SAN LORENZO impressionando pela textura de taninos, volume
CHIANTI CLASSICO GRAN SELEZIONE 2011 de boca e profundidade. Apesar de já estar
Castello di Ama, Toscana, Itália (Mistral US$ 119). exuberante e voluptuoso, precisa de, ao menos,
Tinto composto de 80% Sangiovese, 13% Merlot uns cinco anos para começar a se mostrar
e 7% Malvasia Nera, com estágio de, pelo menos, plenamente. Álcool 13,5%. EM
10 meses em barricas de carvalho francês, sendo
18% novas. Mostra notas florais e de especiarias AD 97 pontos
doces escoltando as frutas vermelhas e negras CASTELLO DI AMA L’APPARITA 2013
de perfil maduro (não sobremaduro). Refinado Castello di Ama, Toscana, Itália (Mistral US$
e preciso, tem taninos de textura lembrando giz, 459). Tinto elaborado exclusivamente a partir
acidez elétrica e final persistente, com toques de Merlot, com estágio de 18 meses em
terrosos, florais, de couro e de alcaçuz. Álcool barricas de carvalho francês, sendo 50% novas.
13%. EM Mostra sedutoras notas florais envolvendo os
aromas de frutas negras e vermelhas de perfil
AD 96 pontos mais fresco. Preciso, compacto e refinado, tem
CASTELLO DI AMA VIGNETO BELLAVISTA acidez vibrante, taninos de excelente textura
CHIANTI CLASSICO GRAN SELEZIONE 2013 e final muito longo, com toques minerais e
Castello di Ama, Toscana, Itália (Mistral US$ de couro. Consegue de modo sutil, quase
359). Tinto composto de 82% Sangiovese, 18% delicado, mostrar a exuberância e o lado
Malvasia Nera, com estágio de, pelo menos, 18 frutado da Merlot sem comprometer sua força e
meses em barricas de carvalho francês, sendo sua intensidade. Álcool 13,5%. EM

20 ADEGA >> Edição 150


PRESENTES | ACESSÓRIOS COM ESTILO

Dourado de Putin
A Caviar Phone, empresa
russa de customização de
peças de luxo, resolveu
lançar uma versão de
iPhone X inspirada na
“Era de ouro de Vladimir
Putin”. O Caviar iPhone
X Leaders Putin Golden
Age tem gravada a face
do presidente russo e
diverso detalhes em
ouro. Versão limitada a
76 peças.
US$ 5.000
www.caviar-phone.ru

Profissional
O yeti Broadcaster, da Blue Designs,
é um microfone para quem quer fazer
transmissões de rádio ou pela internet
(youtube) com máxima qualidade de som
US$ 199
www.bluedesigns.com

Volante vem em
, Black Silver e Gray
03 cavalos, V8, indo
m 4,1 segundos.
500
astonmartin.com

22 ADEGA >> Edição 150


O mai
O Bulga
Finissimo Tourb
Automatic está sen
considerado o ma
fino relógio de pulso
do mundo, com
apenas 3,95 mm de
espessura. Ele tem
uma base de titânio e
A empresa Ma suporta até 30 metros
Louis lançou s abaixo d’água. Venda
Kubya em versã limitada a 50 peças
apenas nove apenas.
moldadas em fibr US$ 118.000
e com detalhe www.bulgari.com
quilates, além d

www.reve

Tecnológica
Esta “abotoadura”
transmite sinal WI-FI
e também é capaz de
armazenar 2 GB de
arquivos com conexão
USB. Algo para quem
quer praticidade
Harry Potter e elegância. Uma
produção da Ravi Ratan.
US$ 200
www.amazon.com

Edição 150 >> ADEGA 23


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Exportações francesas
Número de 2017 revelam cifras recorde na França

De acordo com dados divulgados Unidos e China, o primeiro e Unido, o segundo maior mercado
pela Federação dos Exportadores terceiro maiores mercados de vinhos da França, aumentaram 2,7%, para
de Vinhos e Destilados Franceses e destilados franceses. € 1,33 bilhão.
(FEVS), as exportações de vinho No mercado norte-americano, No geral, as vendas de vinho
e destilados da França registraram as vendas aumentaram 9,5% e francesas subiram 6% em volume
crescimento recorde em 2017. superaram a marca de € 3 bilhões para mais de 144 milhões de caixas,
As vendas atingiram 12,91 pela primeira vez. As exportações enquanto o seu valor de vendas
bilhões de euros, um aumento totais para o país aumentaram aumentou 9,6% para € 8,67 bilhões
de 8,5% em relação a 2016. Os 50% nos últimos três anos. As em comparação com 2016. O vinho
volumes aumentaram 5% atingindo vendas para a China registraram tranquilo representou a maioria das
quase 200 milhões de caixas. As um aumento de mais de 25% exportações, mas o Champagne
exportações foram impulsionadas superando € 1.2 bilhão. Enquanto cresceu em volume (4,3%) e valor
principalmente pelos Estados isso, as exportações para o Reino (7,4%) no ano passado.

24 ADEGA >> Edição 150


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

O gosto do amor
Pesquisa mostra que sua vida amorosa pode afetar seu gosto no vinho

Um estudo publicado no jornal de amostras de aromas, que incluíam relacionamento. Aqui, mostramos
ciência comportamental Appetite, fragrâncias como eucalipto, que as preferências de gosto e cheiro
pesquisadores da Universidade butanol, toranja, carne defumada e são mais parecidas em casais com
de Wrocław, da Polônia, e caramelo. Os pesquisadores também maior duração do relacionamento”,
TU Dresden, da dissolveram amostras de cada um airmou o estudo.
Alemanha, dos cinco gostos básicos: doce, O estudo analisou não só
testaram as ácido, salgado, amargo e umami; e como as preferências podem ser
preferências pulverizou as soluções na língua de afetadas pela longevidade de um
de sabores e cada participante. Os participantes relacionamento, mas também em
aromas de 100 avaliaram cada amostra com notas de como isso poderia ser inluenciado
casais heterossexuais cujos 1 (gosto muito) a 5 (não gosto nada). pela felicidade do casal. Longe de
relacionamentos variaram “Embora numerosos estudos seus parceiros, cada participante
entre três meses e 45 anos. tenham demonstrado que os também preencheu uma pesquisa de
Eles descobriram que quanto parceiros tendem a se tornar mais nove perguntas sobre a felicidade em
mais um casal estava junto, semelhantes em várias características seu relacionamento. Curiosamente,
mais semelhantes eram suas ao longo do tempo, nenhum os casais felizes não tinham mais
preferências. deles explorou uma mudança preferências semelhantes em
Cada participante foi na percepção quimiosensorial comparação com aqueles que
convidado a provar 38 relacionada à duração do estavam menos satisfeitos.

Elenco estrelado
Terceiro ilme da série de documentários “Somm” deve contar com nomes de peso do vinho

A série de documentários “Somm”, produzida pelo Wise acredita que o próximo ilme é
diretor Jason Wise, deve ter seu elenco “o mais ambicioso dos três”, e mudará o
reforçado em seu terceiro episódio. A foco para as pessoas que moldaram mais
produção, que pode ir ao ar ainda este signiicativamente a indústria do vinho.
ano, apresentará nomes como Steven “Para o terceiro ilme, realmente
Spurrier, o homem responsável pelo queríamos voltar para as pessoas que
Julgamento de Paris de 1976, a crítica nos levaram para onde estamos no
de vinhos Jancis Robinson e o master vinho hoje”, airmou.
sommelier Fred Dame. A maioria do elenco original de
“Não há dúvida de que este é o “Somm” deve estar na produção,
melhor elenco que eu tive”, airmou além de alguns membros do elenco da
Wise. O primeiro “Somm” foi lançado em 2012 sequência, como o vinicultor californiano
e acompanhou quatro aspirantes ao título de Steve Matthiasson e Madeline Puckette. No
Master Sommelier enquanto se preparavam para momento, não há data de lançamento deinida
o exame. Em 2015, foi criada a sequência, “Somm: para o ilme, mas Wise disse que pode ser ainda em
Into the Bottle”, focada na produção de vinho. 2018.

26 ADEGA >> Edição 150


Los Intocables
A intocável obsessão da Las mo as que veio conquistar você.
Notas de baunilha e frutas vermelhas e arricas de Bourbon.
Los Intocables: venha conhec erto de você.

Balneário Camboriú/SC: (47) 3360-0206 Belém/PA: (91) 3241-3216 Belo Horizonte/MG: (31) 3287-3618
Blumenau/SC: (47) 3326-0111 Brasília/DF: (61) 3349-1943 Brusque/SC (47) 3351 7972
Campo Grande/MS: (67) 3383-3207 Curitiba Batel/PR: (41) 3039-2333 Florianópolis/SC: (48) 3223-5565
Jaraguá do Sul/SC: (47) 3054-0098 Joinville/SC: (47) 3434-4466 Londrina/PR: (43) 3024-0010 Marília/SP: (14) 3453-5679
Piracicaba/SP: (19) 3402-8462 Porto Alegre/RS: (51) 3508.7968 Rio Preto/SP: (17) 3234-3358 Santos/SP: (13) 2104-7555
São Bento do Sul/SC: (47)3633-6290 São Paulo/SP: (11) 3702-2020 A verdade do vinho.

www.decanter.com.br
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Vinho faz bem só para os ricos?


Pesquisa analisa os benefícios da bebida com um viés socioeconômico

Estudo publicado pela PLOS condição social.


Medicine examinou mais A análise também mostrou que o consumo muito
profundamente a relação frequente (quatro a sete vezes por semana) está associado
entre vinho e saúde a um maior risco de morte por doença cardiovascular,
através de uma visão mas apenas entre os participantes com baixa posição
socioeconômica. Os socioeconômica. Aqueles nas categorias média e alta não
dados foram coletados apresentaram maior risco.
com base na população O estudo norueguês discute as diferenças de estilo de
na Noruega. Os vida entre as classes socioeconômicas como uma possível
pesquisadores analisaram explicação. Diz-se, por exemplo, que as pessoas de
os hábitos de consumo e posição mais alta podem ser mais propensas a consumir
o status socioeconômico de o álcool durante a refeição, o que é considerado mais
mais de 207.000 adultos de 1987 saudável do que beber sem a companhia de alimentos.
a 2003. Eles categorizaram os dados pela frequência Outras explicações comuns incluem mais conhecimento
de consumo de álcool, e criaram três classiicações sobre vida saudável e acesso a melhores cuidados de
de posição socioeconômica: baixa, média ou alta. Em saúde.
seguida, calcularam o risco de doença cardiovascular No entanto, o estudo revelou um fator de risco que
para cada grupo. não discriminava com base na renda. “O consumo
Os pesquisadores descobriram que o consumo compulsivo foi associado ao aumento do risco de
moderado e frequente (beber álcool duas a três doenças cardiovasculares em todos os grupos de posição
vezes por semana) foi associado a um risco menor socioeconômica. Portanto, independentemente da
de doença cardiovascular do que o consumo pouco posição social, os bebedores compulsivos têm maior
frequente (deinido neste estudo como menos de uma risco em comparação com aqueles que não bebem
vez por mês). Esse benefício foi signiicativamente compulsivamente”, disse Eirik Degerud, pesquisador do
mais pronunciado entre aquelas pessoas com melhor Instituto Norueguês de Saúde Pública.

Opções na Netflix
Serviço de streaming deve lançar ilme
chamado “Wine Country”

As opções na televisão para Napa Valley para comemorar um


entretenimento de enóilos não aniversário de 50 anos. Esta será a
são muitas, mas, aos poucos, estreia na direção da comediante e
elas vão surgindo. A Netlix, por atriz Amy Poehler. Ela vai dirigir,
exemplo, está promovendo o produzir e estrelar o ilme, ao lado
ilme “Wine Country”, cuja data de outras estrelas da série Saturday
de lançamento ainda não foi Night Live, incluindo Rachel
anunciada. Dratch, Maya Rudolph, Ana
Wine Country é sobre um Gasteyer e Tina Fey. As ilmagens
grupo de amigos que visitam o começaram no inal de março.

28 ADEGA >> Edição 150


CELEBRAMOS 03 ANOS COM
TRADIÇÃO DE FAMÍLIA, MÚSICA E VINHOS

Compre seu ingresso para o show de


Andrea Bocelli no Eataly e tenha
10% de desconto na compra dos vinhos
Bocelli Family Wines.*

BOCELLI CHIANTI DOCG - R$ 139,90


BOCELLI TENOR RED IGT - R$ 199,00
BOCELLI SANGIOVESE IGT - R$ 139,90

Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1489 - SÃO PAULO


www.eataly.com.br
* Promoção válida enquanto durar o estoque
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Em novas mãos
Vinícola de O.Fournier foi vendida para a família Agostino

Após oito meses de negociação, a agora pela família Agostino.


vinícola O.Fournier, na Argentina,
A família de quatro irmãos – Vincenzo,
foi vendida para a família
Rosalía, Sebastian e Miguel Agostino –
Agostino. A vinícola, no
produz vinho em Mendoza desde 2005
Vale Uco, em Mendoza,
em sua vinícola em Maipú, a Finca
era de propriedade de
Agostino. Eles ainda possuem 50 hectares
José Manuel Ortega
de vinhedos em La Consulta.
Fournier, que também é
proprietário de vinícolas O enólogo José Spisso continuará a
no Chile e na Espanha. gerir as vinhas e a produção de vinho de
O.Fournier para os novos proprietários
Ele adquiriu 263 hectares
e o sistema de investimento imobiliário
no início dos anos 2000
Wine Partners (lançado por O.Fournier
e investiu mais de 20
em 2012) deverá continuar. A compra
milhões de euros na vinícola
não incluiu as propriedades de
e vinhedos. Os vinhedos e a
O.Fournier em Maule, no Chile, ou em
vinícola, com capacidade de 1,2
Ribera del Duero, na Espanha.
milhão de litros, foram adquiridos

Retaliação chinesa
China ameaça exportação de vinho dos Estados Unidos com tarifas

Após o governo de Donald Trump “A retaliação chinesa contra Estados Unidos para a China
anunciar restrições de investimento o vinho dos Estados Unidos continental aumentou em
e tarifas sobre produtos chineses que, colocaria nossos produtores em uma 450% na última década.
segundo estimativas, signiicariam US$ desvantagem signiicativa em um dos As exportações de bens
60 bilhões, o governo chinês resolveu mercados mais importantes do mundo e serviços dos Estados
reagir. em um momento crítico”, airmou o Unidos para a China
A China decidiu impor tarifas sobre CEO do California Wine Institute, equivaliam a cerca de
128 produtos norte-americanos, com Robert Koch. US$ 170 bilhões em
um valor combinado de importação As exportações de vinhos norte- 2016, de acordo com
de cerca de US$ 3 bilhões. Uma americanos para a China, incluindo estatísticas do governo
primeira onda de impostos atingiria o continente, Hong Kong e também norte-americano, o
vários setores, incluindo vinho, frutas Taiwan, foram avaliadas em US$ 210 que signiica que
e castanhas, e as tarifas provavelmente milhões em 2017, um aumento de os Estados Unidos
seriam em torno de 15%. A China 10% em relação ao ano anterior. As tinham um déicit
também pode apresentar uma exportações totais de vinho dos Estados comercial com a
queixa contra os Estados Unidos na para 2017 foram de US$ 1,53 bilhão. China de cerca de
Organização Mundial do Comércio. O valor das exportações de vinho dos US$ 385 bilhões.
MARCA MUNDIAL E
CA
RVALHO

ARRIL D

FR
12

ANCÊS •
UNINDO O VELHO E

•B
O NOVO MUNDO COM A MESES

EXPRESSÃO MÁXIMA
DE CADA TERROIR.
APRECIE COM MODERAÇÃO.

Curitiba • São Paulo • Rio de Janeiro | com distribuição para todo o Brasil
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Pantone “espumante inglês”


“English Sparkling” se torna uma cor

Quer pintar sua casa com vinho Wyfold Vineyard Brut produtora de tintas Valspar meio do Pantone Matching
“espumante inglês”? Pois o da Laithwaite. já registrou “English System (PMS), usado
termo “English Sparkling” “Ter uma cor oicial Sparkling” em seu banco em todo o mundo por
foi anunciado oicialmente é uma ótima forma de de dados, que é usado pelas designers gráicos. “English
como uma nova cor pelo reconhecer a crescente lojas de artigos para casa em Sparkling” não é a primeira
Pantone Color Institute, popularidade da indústria todo o Reino Unido. cor relacionada ao vinho
após uma colaboração com de vinhos inglesa em A Pantone, com a ser reconhecida pela
a Laithwaite’s Wine. O todo o mundo”, disse sede em Nova Jersey, é Pantone. Borgonha, Merlot
tom foi desenvolvido pela David Thatcher, CEO conhecida por padronizar e Zinfandel já estão na
Pantone e inspirado no da Laithwaite’s Wine. A a reprodução de cores por paleta de cores há tempos.

Robert Haas
Cofundador de Tablas Creek morre na
Califórnia aos 90 anos

Em março, Robert Haas, pioneiro Mais de 600 produtores em todo o


das variedades de uvas Rhône na país já usaram clones de Tablas Creek,
Califórnia e fundador da vinícola de acordo com o Rhône Rangers, um
Tablas Creek, faleceu em sua casa órgão criado para promover variedades
na Califórnia, aos 90 anos. Ele foi da região francesa de mesmo nome e
responsável por promover o vinho contando com cerca de 150 vinícolas
entre os norte-americanos, em especial como membros.
o vinho francês, logo após a II Guerra “Bob era um homem de grandes
Mundial. vinhos. Ele queria que todo vinho
Durante a década de 1950, ele fosse o produto de seu terroir e
caçou vinhos na França para a loja de dos homens que o produziam. Ele
seu pai em Nova York, M. Lehmann. passou os últimos 25 anos de sua vida
Ele se tornou o importador exclusivo descobrindo o terroir de Paso Robles
dos Perrins nos Estados Unidos com e mais especiicamente o de Tablas
a Vineyard Brands. Depois, ele se Creek, no qual ele se empenhou e
convenceu de que variedades clássicas amava profundamente. Depois da
de uvas Rhône prosperariam em partes morte de Jacques Perrin, nosso pai, ele
da Califórnia, e, juntamente com os tem sido nosso substituto espiritual.
Perrins, procurou locais adequados, Hoje nos sentimos órfãos mais uma
fundando Tablas Creek em 1989. vez”, disse François Perrin.

32 ADEGA >> Edição 150


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Culpa do Trump?
Exportações de vinho dos Estados Unidos caíram em 2017

O valor das exportações de vinho dos Estados exportação mais lucrativo dos Estados Unidos, com
Unidos caiu 5,5% para US$ 1,53 bilhão em 2017. A valor de US$ 553,1 milhões em 2017, à frente do
principal queda se deu nas exportações para a União Canadá, com US$ 443,9 milhões (que teve alta de
Europeia com decréscimo de quase 20% na receita, 2,9%), apesar de os volumes caírem
segundo dados do Departamento de Comércio. 5,4%, para 84 milhões de litros.
O Instituto do Vinho da Califórnia airmou que Os principais aumentos em
a baixa se deve à queda do dólar, aos produtores valor foram registrados na Ásia,
estrangeiros “altamente subsidiados” e concorrentes com mais de 20% de crescimento
que fazem acordos de livre comércio em mercados- em Hong Kong (apesar de os
chave. volumes diminuírem 24,7%),
Os volumes de exportação caíram também, valor semelhante ao de
diminuindo 7,9% para 380 milhões de litros, ou Cingapura. No Japão, as
42,2 milhões de caixas. Aqui, a queda para a União exportações subiram
Europeia também foi vital com mais de 10%, para 7,6% em valor, mas
197,8 milhões de litros. diminuíram 1,2% em
Ainda assim, a UE continua sendo o destino de volume.

Fraude generalizada no Rhône


Agência francesa aponta mais de 48 milhões de litros
de vinho falsiicados de denominações do Rhône

do sul da França. Entre elas 108.000 mas liberado sob iança e proibido
caixas de Châteauneuf-du-Pape de trabalhar na empresa. Ele nega as
De acordo com o relatório da acusações.
DGCCRF, entre 2013 e 2016, o Ryckwaert era considerado um
comerciante vendeu cerca de 20 prodígio do mundo do vinho a granel.
milhões de litros de vinho de mesa – o Raphaël Michel possui operações
equivalente a 2,23 milhões de caixas – signiicativas em Provence, Languedoc-
como vinhos de denominações famosas, Roussillon, na Argentina e no Chile.
como Côtes du Rhône, Côtes du A empresa também é dona de uma
Segundo um relatório da DGCCRF Rhône-Villages e Châteauneuf-du-Pape. enorme plataforma de vinhos na Itália
(Direção Geral da Política de “No total, a fraude atingiu mais de 48 chamada Oenotria-Cluster, que estoca
Concorrência, Defesa do Consumidor milhões de litros de vinho, o equivalente vinhos a granel de diferentes variedades
e Controle da Fraude) na França, a 5,33 milhões de caixas de vinho falso, e qualidades de nações do Novo Mundo,
entre outubro de 2013 e junho 15% da produção da Côtes du Rhône como Chile, Austrália e África do Sul,
de 2016, Raphaël Michel, um durante esses anos”, airmou o relatório. e atua como um balcão único para
comerciante de vinhos a granel Em 27 de junho de 2017, o compradores internacionais. No ano
no Vale do Rhône, vendeu o presidente da Raphaël Michel, passado, após a prisão de Ryckwaert, a
equivalente a 13 piscinas olímpicas Guillaume Ryckwaert, e outros diretores empresa registrou dívidas de 20 milhões
de vinho de mesa como se fossem de foram levados sob custódia. Dois dias de euros e buscou proteção dos tribunais
denominações clássicas dessa região depois, Ryckwaert foi acusado de fraude, de falências.

34 ADEGA >> Edição 150


Chile
ODFJELL Chile
CONO SUR
Argentina
ANDELUNA

Argentina
BODEGA ANIELLO
ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS

Argentina
ALTOS LAS HORMIGAS

Argentina
BODEGA ATAMISQUE

Argentina
VALLISTO Chile
VIÑA BISQUERTT

Chile
VIÑA TABALÍ

Chile
CLOS DES FOUS

Uruguai
BODEGA GARZÓN

Argentina
FINCA SOPHENIA

CONSTELAÇÃO WORLD WINE.


Grandes estrelas da América do Sul você encontra aqui.
SÃO PAULO • Jardins – Rua Padre João Manuel, 1269 • Itaim Bibi – Rua Amauri, 255 • Vila Nova Conceição – Rua Jacques Felix, 626 • Shopping Cidade Jardim – Loja 27A3 - 3º piso
RIBEIRÃO PRETO • Vila Ana Maria – Rua Raul Peixoto, 749 • RIO DE JANEIRO • Shopping Fashion Mall – 1º piso • Aeroporto Santos Dumont – Bossa Nova Mall - Térreo
Barra da Tijuca – Avenida das Américas, 7841 – Loja 103 - Bloco 01 • BRASÍLIA • Asa Sul – SCLS quadra 410 bloco C - loja 34 • CAMPO GRANDE • Jardim dos Estados – Rua Euclides da Cunha, 518

TELEVENDAS: 4003-9463 (capitais) 0800-880-9463 (demais localidades) • VENDAS ON-LINE: www.worldwine.com.br • CURTA NO FACEBOOK: facebook.com/worldwinebrasil
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

O primeiro fora do en primeur


Latour lança Les Forts 2012 fora do sistema de négociants de Bordeaux

Em 2012, o Château Latour anunciou que a sistema de vendas. “Este vinho incorpora
safra de 2011 seria a última que venderia no perfeitamente a nossa ilosoia na propriedade
sistema en primeur de Bordeaux. Desde então, até que o primeiro estágio de maturidade seja
lançou safras mais antigas a cada ano, ainda atingido”, apontou o château.
através do sistema de Bordeaux, mas manteve Em 2012, Latour colocou 36% da
as novas safras na propriedade, para serem produção total para seu primeiro vinho, 43%
liberadas quando os vinhos estivessem maduros. foi para o Les Forts de Latour e 22% para
Agora, Latour fez o lançamento do Les o Pauillac de Latour. Em um ano médio, a
Forts (seu segundo vinho) da safra 2012. Esta propriedade faz entre 12.000 e 15.000 caixas
é a primeira vez que Latour testa seu novo nos três rótulos.

Apontar calorias
Organismo de comércio de vinho da União Europeia
publica plano de rotulagem de calorias

A União Europeia apresentou porém, tem gerado críticas


um plano para colocar de organizações médicas, que
informações nutricionais pedem controles mais rígidos.
nos contrarrótulos das Algumas empresas já
bebidas alcoólicas. Dessa fornecem informações sobre
forma, produtores de calorias on-line, incluindo
vinho, fabricantes de a Treasury Wine Estates,
cerveja e bebidas destiladas proprietária da Penfolds,
disponibilizarão mais além da Pernod Ricard, da
informações nutricionais Diageo e da Accolade Wines.
e de ingredientes para os Entre as informações
consumidores. estão as calorias, que
A medida vem depois seriam apresentados como
de a Comissão Europeia, quantidades “energéticas”.
em março de 2017, ter Um símbolo “E” seria usado
airmado que a indústria para denotar “energia” e isso
de bebidas alcoólicas tinha seria seguido por quantidades
12 meses para planejar de calorias com base no
maneiras para melhorar a tamanho da porção. Um dos
informação nutricional e exemplos foi: Espumante
sobre os ingredientes para Brut: E = 301 kJ / 72 kcal
os consumidores. A medida, (por 100 ml).

36 ADEGA >> Edição 150


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Vinícola própria
Marca Masseto, da família Frescobaldi,
rá sua própria vinícola
Desde a sua criação em 1987, o vinho
Masseto foi produzido na mesma vinícola
que seu “irmão” Ornellaia. Os dois vinhos
sempre foram tratados como marcas bastante
separadas, mas agora, com a construção de uma Investindo
vinícola dedicada somente a Masseto, a família
Frescobaldi está claramente tornando esta
no Oregon
divisão ainda mais clara.
Vinícola doa US$ 6 milhões
A nova vinícola foi projetada pelo estúdio
para novo centro de pesquisa
Zito + Mori. As novas instalações serão Grace e Ken Evenstad, donos do Domaine
completamente subterrâneas, embaixo da Serene, no Oregon, Estados Unidos, e do
antiga casa Masseto – que também está sendo Château de la Cree, em Santenay, França,
reconstruída. Espera-se que o trabalho seja doaram US$ 6 milhões para a Linield
concluído a tempo da safra 2018. College, do Oregon, com o objetivo de atrair
especialistas em pesquisa e ensino de vinhos.
A doação inanciará uma posição no
corpo docente para o professor Greg Jones,
Produção chinesa cai um dos principais climatologistas do mundo,
que atualmente é diretor de ensino de
Produção de vinho da China caiu vinhos na faculdade e também inanciará
pelo quinto ano consecutivo a construção de um laboratório de vinhos
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Departamento dentro de um novo centro de ciências, além
Nacional de Estatísticas, a produção de vinho da China caiu de ajudar a estabelecer um programa de
5,25% para cerca de 10 milhões de hectolitros em 2017 frente intercâmbio com a Universidade de Dijon,
aos 11,37 milhões de hectolitros de 2016. Foi o quinto ano na Borgonha.
consecutivo de baixa. “Esta parceria entre a Universidade da
A queda na produção de vinho também está associada Borgonha e Linield é uma decorrência
ao declínio das vendas. A receita total gerada pelas vendas natural de décadas de trocas transatlânticas
despencou 9% em relação ao entre produtores de vinho e estudantes do
ano anterior, para US$ 6,67 Oregon e da Borgonha. Proissionais de
bilhões. Vale lembrar que a vinho, estudantes e professores de ambas as
China tem a segunda maior universidades se beneiciarão dessa parceria
área produtiva do mundo, simbiótica”, airmou a professora Alix Meyer.
perdendo somente para a “Esperamos que essa doação atraia
Espanha. algumas das mentes mais brilhantes para
Por outro lado, os a indústria vinícola de Oregon. Neste
volumes e o consumo de momento, os centros de educação de vinho
vinho importado continuam dos Estados Unidos estão em torno do
a crescer no país. A China estado de Sonoma e UC Davis. Estamos
importou US$ 2,714 bilhões esperançosos de que podemos mover o
em vinhos, representando um epicentro um pouco”, revelou Matthew
crescimento de 17,58%. Thompson, gerente de marketing do
Domaine Serene.

38 ADEGA >> Edição 150


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Tensão em
Bordeaux
Um dos principais comerciantes
de vinho de Bordeaux é
acusado de fraude

Promotores franceses estão acusando


a empresa Grands Vins de Gironde
(GVG), que pertence à família Castéja,
um dos principais negociantes de vinho
de Bordeaux, de fraude. Os promotores
alegam que a GVG misturou
ilegalmente vinhos de denominações
de origem com vinho de mesa, além de
vinhos de denominações mistas, safras
e châteaux.
A juíza Caroline Baret declarou que
a investigação revelou que pelo menos
611.900 litros de vinho (o equivalente
a 68.000 caixas) no valor de US$ 1,6
milhões foram rotulados erroneamente
entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de
dezembro de 2015. Foi solicitada uma
multa de US$ 614.000 para a GVG e
de US$ 12.000 para Eric Marin, ex-
diretor de compras da empresa.
Os investigadores foram alertados
sobre a fraude durante uma auditoria
de rotina nas caves da GVG em
St.-Loubès, na margem direita de que as cubas foram preenchidas com vinhos de outras origens e safras. Marin
Bordeaux, em 2014. Eles descobriram vinhos diferentes ou então estavam não é acusado de lucrar pessoalmente
que Borie Manoux, uma empresa completamente erradas. Entre os com a fraude. Ele disse ao tribunal que
négociant também pertencente à exemplos, eles citam vinhos de mesa a gerência da empresa não estava ciente
família Castéja, que usa a cave da franceses que foram colocados como das ilicitudes.
GVG, tinha perdido 200.000 litros de Pays d’Oc IGP; vinhos Languedoc A promotora Anne Kayanakis,
vinho, enquanto a GVG havia ganho que foram misturados em cubas de porém, contesta: “Duvido que a
misteriosamente 220.000 litros. Bordeaux; um Bordeaux 2011 que foi hierarquia não estivesse ciente dessas
Eric Marin disse ao tribunal vendido como Bordeaux 2012 etc. práticas. Mas vamos supor que não
que havia avisado os inspetores que A promotoria contou que Marin estava ciente... Eles cobriram os olhos.
os tanques da GVG não estavam confessou à polícia que não podia Não imagino por um segundo que
rotulados corretamente naquele dia, mais dormir à noite devido ao estresse a empresa não estava preocupada
pois o movimento era intenso e a causado pela atividade ilícita. Ele disse com a qualidade, o cumprimento dos
equipe estava instruída a trocar os que os tanques precisavam ser mantidos regulamentos e a adaptação de um
rótulos apenas duas vezes por semana. sempre cheios para proteger o vinho novo diretor de compras e gerente de
No entanto, os investigadores airmam da oxidação, então eles adicionaram empresa ao seu posto”, airmou.

40 ADEGA >> Edição 150


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Primeiro
“Champagne”
inglês
A Pommery se tornou a
primeira casa de Champagne
a lançar um espumante inglês

Em março, a Vranken Pommery se tornou


a primeira casa Champagne a lançar um
espumante inglês, sob a marca Louis Pommery.
A casa começou a planejar investimentos no
Reino Unido em 2014, quando anunciou uma
parceria com Hampshire’s Hattingley Valley.
Na mesma época, comprou um terreno de 40
hectares chamado Pinglestone, em Alresford,
Hampshire, que icou sob a supervisão
de Clément Pierlot, diretor das vinhas de
Pommery desde 2004.
Serão necessários vários anos até que
o vinhedo de Pinglestone dê frutos. A
primeira colheita está prevista para 2021 e
produção a partir de 2024, mas Pommery
visa um planejamento de longo prazo. “O
tempo e o clima não são completamente
os mesmos [de Champagne] no momento,
mas, com a mudança
climática, presumimos
Recorde
Taittinger é, até agora,
a única outra casa que em 10 ou 30 anos europeu
de Champagne a ter será muito diferente e
estabelecido raízes Leilão atinge £ 264.000
será qualitativamente
na Inglaterra, tendo para uma caixa de vinho
interessante produzir
plantado 20 hectares de Romanée-Conti
Chardonnay, Pinot Noir vinhos espumantes no
e Meunier no Domaine Reino Unido”, disse Um dos mais recentes leilões da
Evremond, em Kent. No Christie’s em Londres causou furor entre
entanto, seus primeiros
Julien Lonneux, CEO
espumantes estão da Vranken Pommery no os colecionadores de vinho. A venda foi
previstos para serem Reino Unido. notória por estabelecer um novo recorde para uma caixa de
lançados em 2023. Enquanto isso, vinho vendida na Europa, com 12 garrafas de Domaine de
Pommery usou uvas de la Romanée-Conti 1988 vendida por £ 264.000.
Hampshire, mas também Essex e Sussex, para No total, o leilão arrecadou £ 9 milhões. Além de
produzir seu primeiro Louis Pommery Brut – Romanée-Conti, os destaque foram uma garrafa de 12 litros
um espumante feito de uma mistura de Pinot de Ornellaia 2015, que angariou £ 3.600; 18 garrafas de
Noir, Pinot Meunier e Chardonnay. Seu nome Solaia (safras 2001, 2004 e 2007) que custaram £ 3.360 e
é uma homenagem ao fundador da Pommery, uma vertical de seis garrafas de Cavallotto Barolo Riserva
e menos de 20.000 garrafas foram produzidas San Giuseppe (1964, 1967, 1971, 1985, 1996 e 2001) que
até agora. também foram vendidas por £ 3.360.

42 ADEGA >> Edição 150


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VIN

Garrafa-boia Falso? E aí?


Empresa vende bote de piscina Pesquisa aponta que
em formato de garrafa de vinho cerca de 40% dos
consumidores chineses
Que tal lutuar sobre uma garrafa admitem comprar
de Cabernet Sauvignon? A empresa vinhos falsiicados
Kangaroo, especializada em boias
inláveis, decidiu comercializar Uma pesquisa conduzida
uma versão de seus instrumentos pelo jornal chinês Southern
de piscina em formato de garrafa de Metropolis Daily, de
vinho. Guangzhou, revelou que
Vendidas no site da Amazon, as em “vinil de alta durabilidade”. Outros quase 40% dos entrevistados
boias de garrafa de vinho vêm em duas insuláveis inspirados em bebidas admitiram comprar
variedades de uva, Cabernet Sauvignon incluem uma Margarita gigante com bebidas falsiicadas. Em
e Sauvignon Blanc. Com preço de uma borda salgada e uma caneca de sua pesquisa, 38,2% dos
US$ 29,95 cada, elas são produzidas cerveja com espuma. entrevistados admitiram
comprar Baijiu (bebida
alcoólica chinesa) falsiicado

Enólogo dos enólogos e 32,1% admitiram comprar


vinho falso. Para a cerveja,
Jean-Claude Berrouet recebe premiação 16,92% dos consumidores
reconhecida pelos próprios colegas confessaram comprar
produtos falsos e 17,78%
Durante a feira ProWein, Jean-Claude Um de seus ilhos, Olivier, assumiu para bebidas importadas.
Berrouet, ex-enólogo de Petrus, recebeu o cargo de diretor de viniicação em Além disso, cerca de
o prêmio de melhor enólogo entre os Petrus, e, com seu outro ilho, Jean- 70% dos entrevistados
enólogos, o Winemakers Winemaker François, ele não apenas administra a confessaram que não sabem
Award de 2018. propriedade de Vieux Château St- distinguir um vinho falso e
Nascido em Bordeaux em 1942, André, Samion e Montagne-St-Emilion, apenas 43,9% sabiam como
Berrouet trabalhou nas empresas de Jean- como também presta consultoria em procurar seus direitos por
Pierre Moueix, onde foi enólogo-chefe várias propriedades mundo afora. terem adquirido produtos
de propriedades como Trotanoy, Petrus A honraria, que tem sido concedida falsiicados.
e também Dominus, na Califórnia. Ele anualmente desde 2011, reconhece Recentemente, a polícia
permaneceu em Petrus por 44 anos. realizações notáveis no campo da na província de Anhui, no
Mesmo aposentado em 2007, viniicação e é escolhida por um painel leste da China, prendeu
Berrouet não saiu do meio do vinho. de enólogos que compreendem todos uma quadrilha de produção
os Master of Wine que são produtores de Baijiu falsiicado e
de vinho e vencedores do prêmio em coniscou US$ 4,7 milhões
edições anteriores. em produtos. Na província
Os ganhadores anteriormente de Guangdong, um dos
foram: Peter Sisseck, Dominio de principais consumidores de
Pingus (2011), Peter Gago, Penfolds Baijiu e vinhos da China
(2012), Paul Draper, Ridge (2013), continental, a pesquisa
Anne-Claude Lelaive, Domaine descobriu que cerca de
Lelaive (2014), Egon Müller, Egon 20% dos consumidores
Müller Scharzhof (2015), Álvaro compraram Baijiu e vinho
Palacios (2016) e Eben Sadie (2017). falsos, relativamente abaixo
do nível nacional.

44 ADEGA >> Edição 150


+ de
1 MILHÃO
de leitores
GRANDES DEGUSTAÇÕES | p o r CHRISTIAN BURGOS

Pomerol
uma jornada no
tempo e espaço
Uma noite regada a clássicos como Petrus,
Lafleur, Le Pin, L’Evangile e outros

M
esmo com muito tempo pela frente em
2018, podemos airmar que, recente-
mente, participamos da mais memo-
rável degustação de Pomerol do ano
e, consequentemente, será a mais es-
pecial prova de vinhos com base de Merlot deste ano. A
degustação, que celebrava o lançamento do escritório da
importadora Clarets no Rio de Janeiro, foi conduzida por
Manoel Beato no restaurante Fasano Al Mare. A tradição
de respeito ao vinho das casas Fasano subiu mais um de-
grau com o chef Paolo Lavezzini demonstrando sensibili-
dade, e mesmo reverência aos vinhos, e criando seis dos
sete pratos da noite especialmente para o encontro, o que
acrescentou uma dimensão adicional à degustação.
Beato lembrou que o Pomerol é uma ínima região,
com apenas 800 hectares de vinhedos plantados na famosa
margem direita em Bordeaux. Junto com sua vizinha Saint-
-Émilion, o lado direito até a primeira metade do século pas-
sado tinha pouca exposição, visto que o lado esquerdo e seu
Cabernet Sauvignon eram o foco dos ingleses. Foi a família
Moieux (de Petrus) que desbravou o comércio do vinho da
margem direita e deu visibilidade ao berço do Merlot.
Ali predomina o solo argiloso, que se combina com o
cascalho nas áreas mais altas, justamente onde se produzem
seus grandes vinhos. O efeito da argila sobre o Merlot é exa-
tamente o grande contribuinte para a elaboração de vinhos
mais potentes da região, e cujas características permitem
que sejam apreciados mais cedo do que seus vizinhos da
margem esquerda com base de Cabernet Sauvignon.

46 ADEGA >> Edição 150


Máximo Júnior

Edição 150 >> ADEGA 47


Karen Marchioro, Paolo Lavezzini
e Guilherme Lemes

A degustação,
que celebrou
o lançamento
do escritório da
importadora Clarets
no Rio de Janeiro,
foi conduzida por
Manoel Beato no
restaurante Fasano
Al Mare

48 ADEGA >> Edição 150


fotos: Máximo Júnior
Isso icou ainda mais evidente depois que o A sequência dos lights
e os pratos servidos para a harmonização foram:
enólogo Michel Rolland apostou na maior ma-
turação de Merlot nos vinhedos e maior extra- E n t ra da
ção na vinícola. Produtores da região passaram a Krug Clos du Mesnil 2002
contar com Rolland como consultor ou simples- Caviar Beluga servido em madrepérola, blinis “à la minute”
e creme azedo fresco
mente seguir seus passos. Exceção é o Petrus, que
manteve um peril de colheita mais precoce, algo P ri me i ro p rat o :
que se apresenta claramente em sua estrutura. Petrus 1975 / Trotanoy 1975
Para quem tem preconceito contra Michel Ravióli de pato real com zimbro silvestre e jerimum crocante
Rolland, nada como uma boa taça de Le Bon
S e g u n d o P rat o :
Pasteur 1982 como antidoto. Esta mesma taça L’Evangile 1982 / Le Gay 1982 / Le Bon Pasteur 1982
também serve como contraprova para quem du- Tagliolini de Campoilone ao ovo, morilles da Borgonha e “riz de veau”
vida da capacidade de evolução destes vinhos. glaceadas de vitelo

Sedutores Te rc e i ro p rat o :
Clinet 1989 / La Conseillante 1989 / L’Eglise Clinet 1989
Os vinhos do Pomerol são sedutores e já encan- Nobre Risoto Aquarello curado 24 meses com coelho da fazenda “alla
tam pelo nariz. A presença de dois Petrus na mes- Cacciatora”
ma noite (safras 1975 e 2000) trouxe a curiosi-
dade sobre como foram escolhidos os 12 vinhos Q ua rt o p rat o :
La Fleur-Pétrus 1995 / Latour à Pomerol 1995 / Lafleur 1995
da noite. Ainal, apenas um Petrus, ainda mais Tenra codorna recheada com pão de especiarias, lardo de Colonnata e
acompanhado de outros ícones, como o Le Pin, polenta branca com feijão e espinafre
por exemplo, já seria apelo mais que suiciente
para o evento. Guilherme Lemes, proprietário Q u i n t o p rat o :
da Clarets, conidenciou que ia colocar apenas Le Pin 2000 / Petrus 2000
Cordeiro braseado por 12 horas, legumes da estação e trufas negras de
o 2000, mas adicionou o segundo, pois queria Norcia, Úmbria
criar a oportunidade de comparar o Petrus com
o Trotanoy em sua grande safra, 1975. A partir Fi na l i z ação
daí, é fácil ver que a paixão e o desejo de com- Château d’Yquem 1983
Seleção de queijos franceses com chutney de manga,
partilhar experiências é o ingrediente que move mel loral, castanha de Baru do cerrado
estas degustações. Lemes, Beato e Marcelo Ba- e torrada de frutas secas
tista, sommelier chefe da importadora, passaram
meses selecionando os vinhos e procurando-os
pelo mundo.
OS VINHOS
E FLIGHTS

Flight 1

AD 99 pontos
PETRUS 1975
Manoel Beato ressalta que 1975 foi um ano ir-
regular, mas estávamos diante dos dois melhores
representantes da safra. Muitas vezes nas degus-
tações comparativas, Petrus não brilha como de-
veria, pois este monstro precisa de muito tempo
Abertura para atingir seu apogeu. Mas esta era sua noite,
e o 1975 estava estupendo. Nariz extremamente
AD 96 pontos exuberante, quase canela. Iodo e sangue. Couro
CHAMPAGNE KRUG CLOS DU MESNIL 2002 e caça. Trufa preta. Água corrente. Terroso. Ro-
De um vinhedo de apenas 2 hectares, este pu- busto. Aromas lorais vão icando cada vez mais
e Chardonnay consegue aliar uma óbvios à medida que abre em taça. Apesar de ain-
a sobre-humana com cremosidade da apresentar fruta madura e taninos presentes, o
el vibração. Além da lor branca, equilíbrio sugere que está pronto para ser aberto
ítrico com grapefruit e lima da hoje com emoção garantida. CB
om sua parte branca, caminha no
para a textura de im de boca ga- AD 99 pontos
sua ímpar vocação gastronômica. CHÂTEAU TROTANOY 1975
çamos com a melhor harmoniza- Menos conhecido que seu companheiro de light
noite. O caviar Beluga com creme e que seu vizinho Le Pin. Sendo a primeira vez
Harmonizei inicialmente o Be- que o degustei, não me sinto qualiicado a ge-
sem o creme azedo, icou ótimo. neralizar sua personalidade. Mas é muito fácil
erimentei então acrescentando o descrever esta safra deste corte de 90% Merlot
me azedo, o que tornou a harmo- e 10% Cabernet Franc. Era um jovem esportis-
zação perfeita e garantiu o prêmio ta na taça, austero e coeso, com especial peril
e campeão em harmonização para loral, leve toque medicinal e ervas. Fruta muito
ste Champagne que, de tão persis- viva, ameixa madura. Depois, conirma a cereja.
ente consegue se manter no pala- Em boca, está muito coeso, com inal de vibran-
dar mesmo após a comida. CB te de acidez e taninos lapidados que deixam bri-
lhar sua mineralidade. Mais límpido e cristalino.
Com o paladar preparado pelo Está mais inteiro. Resiste ainda 10 anos. Inteiro e
Krug, partimos para o light de impecável. A mesma nota que o Petrus, mas por
1975: razões diferentes. Hoje o Petrus está imbatível,
amanhã ele (a um quinto do preço). CB

50 ADEGA >> Edição 150


Flight 2

AD 94 pontos

fotos: divulgação e Máximo Júnior


CHÂTEAU L’EVANGILE 1982
Acredito que passou seu apogeu. Sinto isto na
estrutura e no peril terciário, com muito couro,
embora ainda tenhamos um pouco de fruta. A
boca está mais curta e vale mais pelo nariz. Vai
abrindo com elegância ao nariz com mais ter-
ciários e mineralidade. A acidez está presente e
mantém o paladar no alto. Sua cor mais para os
tons de marrom ajuda no diagnóstico. CB
Pomerol é
AD 93 pontos uma região
CHÂTEAU LE GAY 1982
Ainda fruta viva e, em seguida, revela-se um to-
com apenas
que de butano, mas os taninos se sobrepõem à 800 hectares
fruta e não creio que vão evoluir como gostaria. de vinhedos
Um vinho forte. Ainda tem cânfora e um toque
salino, no peril sangue, iodo e terra molhada. A plantados
textura é seu ponto alto. CB na margem
direita em
AD 96 pontos
CHÂTEAU LE BON PASTEUR 1982 Bordeaux
Belíssimo nariz. A fruta está perfeita ainda. Uma
prova de que a fruta madura encontra sua longe-
vidade quando há equilíbrio. Tem o medicinal
estilo xarope. Colado ao L’Evangile, e ambos no
limite com Saint-Émilion. Íntegro, com notas ne-
gras e de folha de tabaco. De fato, um peril mais
maduro que os outros do light, mas está pronto
para mais. Untuoso, polido e equilibrado. Para
repensar o preconceito com Michel Rolland.

Edição 150 >> ADEGA 51


Flight 3
Flight 4
Aqui o risoto preparado na hora e o tomate em
ramas foram um ponto alto do jantar.
AD 94 pontos
AD 97 pontos CHÂTEAU LA FLEUR-PÉTRUS 1995
CHÂTEAU CLINET 1989 Vizinho ao Petrus. Monolítico. Austero e pro-
Com vinhedos mais ao norte na região. É um fundo. A fruta ainda está incrível. Tem musgo,
passeio olfativo. Peril com muita carambola, pimenta vibrante. O toque vegetal a ervas de um
temperado com miolo da jabuticaba e um pou- vinho jovem. Os taninos estão ótimos e ainda
co do dulçor da atemoia. Os taninos estão muito prometem alegria por muitos anos. CB
bem e presentes. Um pouquinho de Cabernet
Sauvignon que também se demonstra. Está mais AD 96 pontos
inteiro que seus companheiros de light. Beato CHÂTEAU LATOUR À POMEROL 1995
ressalta que “ainda vai explodir”. CB Em boca, está delicioso e equilibrado, com fru-
tas, taninos e tudo mais na medida certa. Com
AD 95 pontos este equilíbrio, consegue se manter alegre e exu-
CHÂTEAU L’EGLISE CLINET 1989 berante. Um verdadeiro perfume que conirma o
O segundo mais maduro do light. Aqui vem a encantamento olfativo do Pomerol. Sua ponta é
gordura do toucinho, seguida da fruta negra de à madeira, um pouco mais presente. CB
amora madura. Ao fundo um toque loral. Equi-
libra-se pelo toque mentolado e tabaco. Também AD 98 pontos
pela vibração e força dos taninos. CB CHÂTEAU LAFLEUR 1995
Um vinho estupendo de um pequeno vinhedo
AD 96 pontos de 4 hectares. Floral, blueberry fresco e musgo
CHÂTEAU LA CONSEILLANTE 1989 na loresta. Austero e extremamente elegante. A
Nariz ao mesmo tempo rico e elegante no vinho qualidade dos taninos é surpreendente, uma aula
mais maduro do light. Um peril carnudo acom- no assunto. A palavra que o deine é nobreza.
panhado de um perfume de muita fruta, especia- Muita lor seguida de camadas de fruta. Pimenta
rias e tabaco. Em boca, está muito vivo em acidez do reino. Graite total. Denso. A acidez torna-o
e taninos. Se enriquece com as frutas, e o morango ainda mais elegante. Melhora a cada gole. Incrí-
impera, mas as amoras também estão aí. Os tani- vel que após tantos grandes vinhos seja capaz de
nos e a acidez garantem muito tempo à frente. CB emocionar. CB

52 ADEGA >> Edição 150


AD 95 pontos
LE PIN 2000
Num vinhedo de 2 hectares nasce este precursor

fotos: divulgação e Máximo Júnior


dos vinhos de garagem. Desde a juventude, é um
vinho mais pronto. Um sedutor Novo Mundo
nascido no Velho Mundo. Fruta e bala de fru-
ta. A boca é juvenil, embora no nariz tenha mais
maturidade. A fruta e acidez são a vida deste vi-
nho. Exuberância com a mineralidade. O uso da
madeira é menos contido que os demais. Tentar
deini-lo é encontrar uma combinação do Novo
Mundo com a acidez da Borgonha. CB

AD 98 pontos
PETRUS 2000
Austero. Tons de musgo, de loresta, ervas aromáti-
cas. Precisa de tempo. Comprar este vinho é um ato
de fé. Difícil projetar o 1975 desta noite neste 2000.
A textura de taninos tem uma personalidade e força
indescritíveis. Um corredor de ultramaratona. Pa-
ciência é tudo. Apesar de ser um dos preferidos da
noite, esqueceria na adega até 2030. CB

Encerramento

AD 97 pontos
CHÂTEAU D’YQUEM 1983
Nada de doce. Frescor, cera de abelha, fruta à
damasco ou ameixa amarela fresca. Floral e mi-
neral. Longo inal, perfeito para encerrar uma
grande noite de vinhos. CB

Edição 150 >> ADEGA 53


HARMONIZAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO

A outra
Cabernet
Dicas de pratos para acompanhar a Cabernet Franc

uando falamos de harmonização, levando em conta a importância dessa uva na his-


pouco se comenta sobre as possi- tória da vitivinicultura brasileira – nas décadas de
bilidades de combinação com a 1970 e 1980, era a vinífera mais plantada no país –,
Cabernet Franc. Talvez por não acredito muito em sua combinação com a gastro-
encontrarmos varietais dela tão nomia nacional”, diz. Sendo assim, ele propõe aqui
facilmente quanto de Cabernet três pratos que podem harmonizar com Cabernet
Sauvignon ou Merlot, por exemplo. “A Cabernet Franc. Conira suas sugestões e explicações.
Franc é geralmente deixada de lado, mesmo sen-
do uma uva bastante versátil”, airma Maurício Filé a Oswaldo Aranha
Roloff, professor de Enogastronomia da Unisinos, É um clássico nacional. Composto de ilé ou
no Rio Grande do Sul, e diretor técnico da seção contrailé, alho frito, batatas portuguesas e faro-
gaúcha da Associação Brasileira de Sommeliers. fa, pode ser encontrado em qualquer esquina do
Ele pondera que, nos varietais de Cabernet país (às vezes, com diferentes nomes), mas prin-
Franc, “percebem-se delicados aromas de frutas cipalmente no Rio de Janeiro. Originalmente le-
vermelhas (principalmente a groselha), lorais varia um corte alto de carne, mas não é o que se
(violeta) e, sua assinatura, um refrescante toque encontra regularmente. Por nem sempre trazer
herbáceo que vai da grama ao eucalipto”. “A le- essa suculência, não pede tantos taninos, e aí já
veza faz com que os vinhos de Cabernet Franc temos uma pista de que a Cabernet Franc é boa
sejam boas combinações para carnes que seriam opção. O alho aporta a característica herbácea,
‘atropeladas’ pela Cabernet Sauvignon, como fazendo uma ponte por concordância. Sendo a
aves, caças pequenas, vitela, cortes brancos de batata e a farofa razoavelmente neutras, temos
suíno, entre outras. A uva também tem vocação um conjunto bastante harmonioso. Já que o pra-
para embutidos e cogumelos de sabor mais ame- to homenageia o político gaúcho, eleger um vi-
no, ingredientes importantes de uma das regiões nho gaúcho parece justo.
onde a uva se destaca no mundo: o Vale do Loire,
na França”, airma. Vitela ao forno
Roloff acredita ainda que se pode pensar em Esta segunda dica é boa para preparar em casa. A
harmonizações culturais, indo ao berço da varie- vitela é uma carne tenra, delicada em sabor e que
dade, em Bordeaux, na França, com seus molhos exige vinhos mais comedidos em potência. Ain-
à base de vinho e o uso da carne de cordeiro. “E da que o forno aporte corpo ao preparo, ele não

54 ADEGA >> Edição 150


A leveza faz com que os vinhos de Cabernet Franc
sejam boas combinações para carnes que seriam
“atropeladas” pela Cabernet Sauvignon, como
aves, caças pequenas, vitela, cortes brancos de
suíno, entre outras

perderá a característica de ser um prato elegan- são ótimas opções de combinação com a Cabernet
te. Principalmente se contar com um bom mix Franc, por compartilharem com a uva o equilíbrio
de ervas, como tomilho e alecrim, e um acom- entre força e elegância. Cada cozinheiro terá sua
panhamento como cebolas. Corpo médio para receita para o recheio das codornas. Na dúvida,
leve, elegância e toques herbáceos é tudo o que a uma opção é seguir o clássico ilme “A Festa de
Cabernet Franc pede para um casamento perfei- Babette”, no qual elas são acompanhadas de co-
to. Dê preferência a um vinho do Vale do Loire, gumelos. Também é possível elaborar o recheio
onde a uva faz fama em algumas denominações, com foie gras ou rillettes (outro ingrediente típico
como Saumur Champigny. do Loire), deixando o conjunto mais encorpado.
De uma maneira ou de outra, um bom Cabernet
Codornas recheadas Franc vai dar conta do recado, especialmente se
Entre as caças pequenas, as aves de sabor marcante tiver alguns anos de guarda.

Edição 150 >> ADEGA 55


DROPS | p o r ARNALDO GRIZZO

Vinho tinto previne

CÁRIES
Pesquisa mostra que os polifenóis do
vinho podem afastar as bactérias que
causam cáries e doenças das gengivas

U
ma pesquisa publicada no Jour-
nal of Agricultural and Food
Chems aponta que os polifenóis
do vinho podem ser bons para a
saúde bucal. Este estudo recente,
realizado por uma equipe espanhola, sugere que
os polifenóis podem impulsionar a saúde ao tra-
balhar com “bactérias boas” em nosso intestino,
ao mesmo tempo em que afastam bactérias no-
civas na boca.
Tradicionalmente, alguns benefícios dos polife-
nóis para a saúde foram atribuídos ao fato de que es-
ses compostos serem antioxidantes, o que signiica
que eles provavelmente protegem o corpo de danos
causados por radicais livres. No entanto, trabalhos
recentes indicam que eles também podem promo-
ver a saúde ao interagir ativamente com bactérias.
Os pesquisadores testaram os efeitos de dois po-
lifenóis do vinho tinto (ácido cafeico e p-coumari-
co) em bactérias que grudam nos dentes e gengivas
e causam cáries e outras doenças. Eles descobriram
que os polifenóis do vinho reduziram a capacidade Polifenóis do vinho
de essas bactérias de aderirem às células. Quando reduziram a capacidade
de bactérias de
combinado com o Streptococcus dentisani (um laram a capacidade das bactérias orais para proces- aderirem às células dos
probiótico oral que estimula o crescimento de bac- sar polifenóis e libertar metabólitos que poderiam dentes e das gengivas
térias boas), os polifenóis foram ainda mais eicazes auxiliar nesse processo. Esta pesquisa tem o poten-
para inibir o crescimento de bactérias ruins. cial de transformar a maneira como a doença oral
“Pesquisas anteriores demonstraram que os ex- é tratada”, airmou Blessing Anonye, pesquisadora
tratos de vinho tinto e semente de uva impediram da Warwick Medical School, Microbiology & In-
o crescimento de diferentes bactérias que causam fection, Biomedical Sciences
doenças bucais. Esta nova pesquisa foi mais longe No entanto, apesar de o vinho tinto conter poli-
ao mostrar que os polifenóis do vinho inibiram a fenóis benéicos a uma boa saúde bucal, o nível de
capacidade de bactérias causadoras de doenças na ácido e açúcar contidos no vinho pode ter impacto
boca de aderirem às células. Além disso, eles reve- negativo no esmalte dos dentes.

56 ADEGA >> Edição 150


O clube de assinaturas
mais gostoso do Brasil

BE A EDIÇÃ
CE O
RE D
E

O
UB


DO CL

S DE SABO

GANHE!
NTE
NA

R.C
SI

LU
AS B

Receba em casa todos os meses uma seleção de


produtos muito especiais escolhidos pela equipe
da revista de gastronomia mais antenada do País.

Saiba mais em
ww.clubesabor.club
ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO

A “domesticação”
da fermentação
malolática ocorreu
somente nos anos
1960

58 ADEGA >> Edição 150


A história
da malô Como a fermentação malolática foi “domesticada”
e se tornou um trunfo dos enólogos

O
mosto só se torna vinho com a corpo e textura, abrindo mão de um pouco do
fermentação alcoólica, quando frescor das frutas.
as leveduras transformam açú-
car em álcool. Aqui está a es- Recente
sência do vinho. No entanto, Ou seja, a fermentação malolática é uma
na vitivinicultura, é muito comum ouvirmos grande ferramenta enológica, contudo, ela
falar de um outro tipo de fermentação, a só foi completamente entendida há pouco
malolática, que, para alguns, pode parecer tempo. Até meados da década de 1950, por
tão essencial quanto a alcoólica – também exemplo, muitos produtores se deparavam
conhecida como primária. com vinhos que não faziam a tão esperada e
Mas o que seria e para que serve a fer- desejada fermentação malolática e não con-
mentação malolática? Resumindo, ela é a seguiam entender o porquê disso. Na época,
transformação do ácido málico em ácido lá- havia uma crescente preocupação sobre a im-
tico. O ácido málico tende a ser bastante pun- portância da malolática nos tintos de alta gama.
gente, trazendo por vezes aquela sensação de Mas os enólogos ainda não entendiam o proces-
algo azedo, e ocorre naturalmente nas uvas. Sua so. Sabiam apenas que ele poderia começar es-
presença e quantidade podem se mais ou me- Hermann pontaneamente ou não, que poderia ser simples
nos desejável em um vinho dependendo do que Müller-Thurgau e rápido, ou durar muito tempo, ser interrompi-
o enólogo pretende. Já o ácido málico é muito foi um dos primeiros a do e voltar posteriormente.
mais suave, deixando aquela sensação amantei- propor que a redução A primeira menção à fermentação maloláti-
da acidez de um vinho
gada na boca. Para transformar o málico em lá- poderia ser por atividade
ca é de 1837, do químico alemão Freiherr von
tico, é usada a bactéria Oenococcus oeni, além bacteriana em 1891. Ele Babo. Ele descreveu uma segunda fermentação
explicou a degradação
de outras da família dos lactobacilos. O resultado bacteriana do ácido
ocorrida em alguns vinhos durante a primavera,
inal é uma redução da acidez geral do vinho em málico em ácido lático e quando as temperaturas começaram a subir, re-
torno de 0,1 a 0,3%. chamou esse fenômeno sultando em liberação de CO2 e coloração turva
de “fermentação
Isso faz com que o vinho se torne menos ás- malolática” no vinho. Quando em 1866 Louis Pasteur isolou
pero ao paladar, ganhando cremosidade, toques as bactérias do vinho pela primeira vez, ele con-
aveludados e oleosos. Muitos vinhos passam siderou todas como organismos degradantes. Um
por esse processo e nem nos damos conta, pois dos primeiros a propor que a redução da acidez
é algo, de certa forma, natural. Sim, muitas ve- de um vinho poderia ser por atividade bacteriana
zes, a malolática ocorre de forma espontânea nos foi Hermann Müller-Thurgau (que deu nome
vinhos, em outras, porém, ela é induzida. Boa à casta Müller-Thurgau), em 1891. Até então,
parte dos tintos fazem malolática, assim como al- acreditava-se que o processo fosse devido à preci-
guns brancos em que o enólogo pretende ganhar pitação do ácido tartárico. No começo do século

Edição 150 >> ADEGA 59


Brad Webb e James D.
Zellerbach, da vinícola
Hanzell, foram os
primeiros a conseguir
induzir a malolática
em seus vinhos

XX, Thurgau e um colega suíço chamado Oster- juntamente com John Ingraham, pesquisador da
walder explicaram a degradação bacteriana do FERMENTAÇÃO UC Davis, conseguiu induzir a malolática em
ácido málico em ácido lático e CO2 de acordo MALOLÁTICA seus vinhos em 1959.
é a transformação do
com uma fórmula e chamaram esse fenômeno ácido málico em ácido Três anos antes, ele começou a trabalhar na vi-
de “desacidiicação biológica” ou “fermentação lático nícola Hanzell, fundada por James D. Zellerbach,
malolática”. embaixador dos Estados Unidos na Itália, que que-
Mas um dos primeiros a escrever sobre a im- ria produzir Pinot Noir e Chardonnay de estilo
portância do ácido málico nos vinhos foi o cé- borgonhês na Califórnia. No entanto, Webb logo
lebre Émile Peynaud, em 1939. Na época, ele Ácido percebeu que seu Pinot não estava passando por
ressaltou que a ausência de malolática era um málico fermentação malolática, deixando os vinhos mais
fator limitante na qualidade dos vinhos: “Não só ácidos do que ele gostaria. Diante do problema,
a composição ácida do vinho mudou completa- ele tentou de tudo. Inoculou bactérias, introduziu
mente, mas a malolática tem um impacto no aro- vinho que já estava passando por malolática junto
ma desses vinhos e até diminui a intensidade da aos seus, mas nada deu resultado.
cor e muda seus tons. Não é exagerado dizer que Com ajuda de Ingraham, que estudou as bac-
sem fermentação malolática, diicilmente have- térias de ácido lático no suco de tomate, eles isola-
ria ótimos tintos de Bordeaux”. ram uma, que chamaram de ML34, e inocularam
Oenoccocus Oeni no vinho de Hanzell, conseguindo que a malolá-
Para imitar a Borgonha tica fosse induzida, tornando-se um dos primeiros
Mas foi somente durante a década de 1950 que na história a conseguir tal feito. Mas vale lembrar
Ácido
os pesquisadores se debruçaram verdadeiramente que outros estavam aprimorando o processo na
lático
sobre o tema para tentar controlar deinitivamen- mesma época, como o próprio Émile Peynaud.
te a fermentação malolática. Um dos precursores Foi nessa época, enim, que a malolática passou a
foi Brad Webb, enólogo norte-americano, que, verdadeiramente contribuir com os enólogos.

60 ADEGA >> Edição 150


DE S C U BRA OS MI TOS E VE RD ADE S
S OBR E VIN HOS C OM QUE M
É R E F E R Ê NC I A NO A S S UN TO H Á MAI S
DE 20 ANOS . A A BS-SP OFERECE
A M PL A GA MA DE CURSOS DIRIGIDOS
A P R OF IS S ION AI S , AMAD ORE S
E A QU E M DESEJA TORNA R-SE
SOM M E LIER. OS A MA NTES DO V INHO
TA M B É M P ODEM AUMENTA R SEUS
CONHECIM ENTOS ATRAV ÉS
DE CU R SOS E DEGUSTAÇÕES ESPECIA IS.

VIN HO TINTO
SÓ C OMBIN A C OM
C AR N E V ERMELHA?

RUA GOMES DE C A RVA LHO, 1327


2 º A NDA R, V IL A OLÍMPIA
11 3814 -7853
WW W. AB S -S P.C OM.BR
LISTA | p o r ARNALDO GRIZZO E EDUARDO MILAN

Subestimados
Selecionamos 10 variedades que podem produzir
ótimos vinhos, mas que não costumam ser
prestigiadas pelos enófilos

N
inguém duvida da capacidade da Cabernet Sauvig-
non de produzir grandes vinhos. Nem mesmo da
Pinot Noir. Tampouco da Syrah ou da Tempranil-
lo. Mundo afora há variedades que são consagradas
e estão sempre na mente dos enóilos. Elas acabam
servindo de portos seguros para muitos quando estão diante de vá-
rias opções – o que atualmente é cada vez mais comum. Quando se
depara com a diversidade, muitos preferem optar por algo familiar.
Não à toa, as variedades mais vendidas do planeta são quase sem-
pre as mesmas. No entanto, há muito para a ser descoberto e, em
alguns casos, a ser levado em consideração. À sombra de muitas das
variedades clássicas, muitas vezes estão outras subestimadas. Na Bor-
gonha, por exemplo, palco da Pinot Noir, a Gamay foi relegada (e
até mesmo banida durante a Idade Média), mas, ultimamente, vem
mostrando cada vez mais um potencial até então desconhecido do
público.
E há casos semelhantes em diversas regiões vitivinícolas do glo-
bo. Na maioria das vezes, algumas cepas se destacam e se tornam
famosas, ofuscando outras que não são ruins. Elas acabam relegadas
a um segundo plano e, ocasionalmente, sofrem algum desprezo e até
preconceito. ADEGA, portanto, selecionou 10 variedades que estão
fora do radar, mas que merecem ser valorizadas.

62 ADEGA >> Edição 150


Aglianico
Acredita-se que a Aglianico tenha sido uma das principais uvas
da Itália antiga. Ela teria sido trazida pelos gregos e seu nome
seria uma corruptela da expressão “Ellenico” (no entanto, pes-
quisas apontam que não existe nenhuma variedade similar na
Grécia). Ela se desenvolveu na região da Campania, mas tam-
bém em outras regiões ao sul da Itália, como Basilicata (onde
se produz o lendário Aglianico del Vulture), Puglia e Calábria.
A Aglianico, por exemplo, é a uva da DOCG Radici Taurasi,
na Campania, onde se destaca o produtor Mastroberardino. Ela
tem muita capacidade de envelhecimento, além de apresentar
austeridade e reinamento para rivalizar com os grandes tintos
do mundo. Outros produtores que elaboram varietais de
Aglianico são Terredora e Villa Matilde, por exemplo.

AD 91 pontos
TERREDORA AGLIANICO 2011
Terredora, Campania, Itália (Cantu R$ 208). Tinto elaborado
exclusivamente a partir de uvas Aglianico, com estágio em
barricas de carvalho francês. Apresenta aromas de cerejas e
amoras acompanhados de notas florais, especiadas, minerais e
de ervas frescas. Chama atenção pela ótima textura de taninos
e pela acidez refrescante. É estruturado, tenso e tem final
persistente, com toques terrosos e de frutas vermelhas ácidas.
Álcool 13%. EM

Edição 150 >> ADEGA 63


Touriga Franca Graciano Negroamaro
Segundo a Wines of Portugal, a Touriga Fran- Esta é outra cepa coadjuvante que tende a ser O nome realmente não é muito atrativo. Ne-
ca (ou Francesa, como também é conhecida) bastante subestimada. A Graciano é comu- groamaro signiica “amargor negro”. Esta cas-
é a variedade mais cultivada do Douro, Portu- mente usada em blends em Rioja, Espanha, ta típica da Puglia, na Itália, é ofuscada pela
gal. Ela é uma das cepas historicamente usa- fazendo par com a mundialmente famosa Primitivo, uma das variedades mais na moda
das nos blends de Vinho do Porto e, mais re- Tempranillo. Acredita-se que, antes do ata- atualmente. Até pouco tempo atrás, Negroa-
centemente, também nos Douro DOC. Ela que da iloxera, em meados do século XIX, maro costumava ser mais utilizada para dar
é costumeiramente tida como tendo uma boa a cepa tinha muito mais representatividade cor aos vinhos e complementar blends com
cor e taninos, mas “sem a qualidade da Tou- na região. Agora, porém, ela vai retomando, outras cepas, como Primitivo e Malvasia
riga Nacional e da Tinta Roriz”. Ela tende a aos poucos, pois é uma variedade bastante Nera, por exemplo. No entanto, cada vez
mostrar aromas delicados, porém intensos, de susceptível a doenças. Ela dá vinhos com bas- mais os produtores, especialmente da penín-
frutas negras e notas lorais, de grande corpo. tante acidez e taninos, porém destaca-se nos sula de Salento (Cantine Due Palme, Cosi-
Por isso, além de seus bons rendimentos e de aromas, sempre muito intensos. Alguns pro- mo Taurino, San Marzano, por exemplo),
ser “coniável”, é uma das mais usadas nos dutores evitam varietais por acreditar que ela vêm mostrando o potencial da uva, criando
blends. No entanto, cada vez mais os produ- se oxida facilmente, mas outros apostam em vinhos com maior textura de taninos e, ge-
tores vêm realizando experimentos de suces- seu peril de estrutura e aromas e produzem ralmente, acidez mais pronunciada, bastante
so com varietais, tanto no Douro quanto no excelentes exemplares, como os da Dinastia gastronômicos.
Alentejo, e algumas regiões como Tejo, Beiras Vivanco e Bodegas Valdemar, por exemplo.
e Lisboa, onde a Casa Santos Lima é uma das AD 89 pontos
AD 92 pontos SAN MARZANO IL PUMO NEGROAMARO 2014
pioneiras.
COLECCIÓN VIVANCO San Marzano, Puglia, Itália (Grand Cru
PARCELAS DE GRACIANO 2007 R$ 69). Tinto elaborado exclusivamente
AD 90 pontos
Bodegas Vivanco, Rioja, Espanha (World Wine a partir de Negroamaro, sem
HERDADE SÃO MIGUEL TOURIGA FRANCA 2010
R$ 567). Tinto elaborado exclusivamente a passagem por madeira. Acolhedor,
Herdade São Miguel, Alentejo, Portugal
artir de Graciano, com estágio de 18 gostoso de beber e fácil de
antu R$ 130). Tinto elaborado
eses em barricas novas e usadas de entender, mostra amoras
clusivamente a partir de Touriga Franca,
rvalho francês de 500 litros. Mostra e cerejas acompanhadas
m estágio de nove meses em carvalho
otas de frutas maduras e em compota, de notas florais, de
francês. Mostra aromas de frutas
além de geleia de ameixa e morango, ervas e de especiarias.
vermelhas maduras, bem como notas
acompanhadas de notas florais, Os taninos macios e a
florais, herbáceas e de especiarias,
tostadas e de especiarias doces. No acidez refrescante, trazem
além de toques terrosos e de tabaco.
palato, é frutado, suculento, cheio, equilíbrio ao conjunto e a
É suculento, redondo, tem ótima
concentrado e estruturado, tudo toda sua fruta, convidando
acidez, taninos maduros e final médio/
equilibrado por taninos de ótima a mais um gole. Versátil
longo. Chama atenção pela estrutura
textura e acidez vibrante que trazem pode acompanhar massas,
e qualidade da fruta, num estilo mais
sustentação a toda sua opulência e embutidos e pizzas em
austero elegante. Álcool 13%. EM
exuberância. Álcool 15%. EM geral. Álcool 14%. EM

64 ADEGA >> Edição 150


Aligoté Avesso Sylvaner
Quando se pensa na Borgonha, as primeiras A Avesso é uma das diversas castas de culti- Mais uma variedade coadjuvante nas re-
castas que surgem na mente são a Pinot Noir vo permitido na região de Vinho Verde, em giões onde costuma ser cultivada, como a
e a Chardonnay. No entanto, um olhar mais Portugal. Ela é costumeiramente usada como Alsácia, na França, e também em diversos
atento vai descobrir que a região francesa parte do blend especialmente no Minho, locais da Alemanha. A Sylvaner (ou Silva-
não se resume somente a isso. Apesar de ter juntamente com as mais famosas Arinto, ner) não possui a fama da Riesling e tam-
importância muito inferior à Chardonnay, a Loureiro e Trajadura. Diz-se que os vinhos pouco da Gewürztraminer, as principais
branca Aligoté (que tende a não estar plan- elaborados com esta uva tendem a ser mais castas quando falamos de vinhos alsacia-
tada nos principais locais das denominações cheios e aromáticos, assim como apresentar nos e alemães. Muito de sua “má fama”
de origem) vem lentamente sendo revitaliza- teor alcoólico mais alto e relativamente baixo deveu-se à onda dos Liebfraumilch e che-
da e valorizada por alguns produtores de re- teor de acidez (se comparado com as outras gou a ser considerada uma variedade de vi-
nome. Um deles, por exemplo, é o lendário brancas locais). Aliás, acredita-se que essa ca- nhos “neutros”. Mas ela vem, aos poucos,
Aubert de Villaine, dono do Domaine de la racterística valeu o nome de Avesso, pois ela retornando ao cenário mundial com vi-
Romanée-Conti, que está utilizando a cepa apresenta o oposto das características comuns nhos de boa acidez e aromas e sabores que
em seu projeto pessoal. Quando bem culti- das cepas da região. Cada vez mais produto- podem ir do cítrico ao amendoado, como
vada e viniicada, a Aligoté resulta em vinhos res, como a Quinta de Covela, por exemplo, os do produtor Horst Sauer, da Alemanha,
de excelente estrutura e de aspectos minerais, vêm experimentando com varietais que com- ou Hugel, da Alsácia.
às vezes um pouco discretos nos aromas, mas provam o potencial da casta.
com grande capacidade de envelhecimento. AD 91 pontos
AD 91 pontos HORST SAUER ESCHERNDORFER LUMP SILVANER
COVELA EDIÇÃO NACIONAL AVESSO 2015 KABINETT TROCKEN 2010
AD 90 pontos
JOSEPH DROUHIN BOURGOGNE ALIGOTÉ 2015 Quinta de Covela, Minho, Portugal Horst Sauer, Franken, Alemanha (Decanter R$
Joseph Drouhin, Borgonha, França (Mistral (Winebrands R$ 80). Branco elaborado 222). Seguramente um dos melhores produtores
US$ 40). Branco elaborado exclusivamente a partir de Avesso, sem de Franken, Horst Sauer elabora este branco a
exclusivamente a partir de Aligoté, passagem por madeira. Sempre partir de uvas Silvaner advindas exclusivamente
sem passagem por madeira. Mais consistente, nesta safra mostra mais do vinhedo Escherndorfer Lump, sem passagem
discreto no nariz, mostra peras corpo e um perfil de fruta branca por madeira, mas mantido em contato com as
e melão, além de toques florais, e de caroço mais madura, mas borras. Mostra notas florais e minerais
minerais e de ervas frescas, que se mantendo a tensão, a verticalidade nvolvem os aromas de frutas
confirmam no palato. Estruturado, e a vivacidade de sempre, tudo s e tropicais. Porém, é a boca
tem volume de boca, acidez envolto por acidez refrescante, merece atenção, com ótima
refrescante e final persistente, com gostosa textura e final persistente, tura, bom volume, acidez
toques salinos e de cítricos. Com o com toques salinos e de limão vibrante e final persistente e
tempo na taça foi se mostrando mais siciliano. Por ser direto e muito cheio de mineralidade. Austero
e mais. Álcool 12%. EM agradável, aparenta ser menos e elegante, é equilibrado e
complexo do que realmente é. Álcool gostoso de beber. Álcool 12%.
12,5%. EM EM

Edição 150 >> ADEGA 65


Trousseau Catarratto Macabeo
O Jura é uma região ainda pouco conhe- Apesar de ser uma das uvas mais cultivadas Também conhecida como Viura, esta
cida da França, mas vem ganhando noto- da ilha da Sicília, e amplamente planta- cepa branca é tradicional de Rioja, na Es-
riedade nos últimos anos. Lá, os principais da em toda a Itália, a Catarratto sempre panha. De alto rendimento, ela costuma
vinhos são feitos com duas cepas tintas, esteve em segundo plano em termos de ser muito usada na produção de Cava. Ela
a Poulsard (tida como delicada e ina) e importância. Em território siciliano, ela também pode ser encontrada no Langue-
a Trousseau (dita como irme e concen- costuma ser produzida principalmen- doc-Roussillon. Os brancos do Rioja ten-
trada). Esta última tende a ser menos te para compor os vinhos de Marsala e, dem a ter grande percentual de Macabeo,
valorizada na região. Ela também é co- muitas vezes, também para ser destilada. pois é uma casta que resiste à oxidação.
nhecida como Bastardo, em Portugal, Tida como “neutra”, ela também tende a Dessa forma, ela está por trás de alguns
onde costuma também ser subestimada. compor blends com diversas outras cepas dos grandes brancos da Espanha, princi-
Todavia, no Jura, ela tem gerado vinhos como Inzolia, Grillo e Chardonnay, por palmente riojanos, e também do mundo,
deliciosos, frutados e frescos – alguns dos exemplo. No entanto, quando bem vinii- com exemplares icônicos de produtores
principais exemplares são do lendário pro- cada pode produzir vinhos de grande qua- como Viña Tondonia, Castillo Ygay, entre
dutor Pierre Overnoy, além de outros ex- lidade, geralmente com bom corpo, com outros.
poentes como Domaine Ganevat, Domai- aromas delicados de lores, toques cítricos
ne Tissot, Rollet e Domaine du Pelican, e minerais, além de sabores de ervas acom- AD 92 pontos
VIÑA MURIEL RESERVA BLANCO 2010
por exemplo. A Trousseau também tem panhados de boa acidez. Bodegas Muriel, Rioja, Espanha
apresentado bons resultados nos Estados (Winebrands R$ 165). Branco
Unidos e na Patagônia argentina (Bodega AD 91 pontos elaborado exclusivamente a partir
DONNAFUGATA ANTHÌLIA 2016 de Viura, com fermentação e estágio
Aniello e Miras, por exemplo).
Donnafugata, Sicília, Itália (World de oito meses em barricas novas de
Wine R$ 143). Branco elaborado carvalho francês, sendo quatro desses
AD 92 pontos
majoritariamente a partir de Catarratto e meses em contato com as borras.
DOMAINE TISSOT SINGULIER TROUSSEAU 2014
outras castas típicas da região, Surpreende pela cremosidade e
Domaine Tissot, Jura, França (De
em passagem por madeira. olume de boca. Consegue ser
La Croix R$ 238). 100% Trousseau
Chama atenção pelo frescor e otente, estruturado e untuoso,
advindas de vinhedos biodinâmicos,
mineralidade, tudo em meio mas também elegante, tenso
com estágio de 12 meses em
a muita fruta branca e de e vibrante. Austero, tem final
barricas de carvalho 10% novas.
caroço, seguida de notas persistente, com toques salinos e
Esbanja cerejas maduras envoltas
florais e herbáceas. Tem minerais. Complexo, as notas de
por notas florais, herbáceas e de
gostosa acidez, boa textura e frutos secos e de caroço, além
especiarias, que se confirmam na
final suculento, com toques de toques florais, de resina, e
boca, que é cheia de energia e
salinos e de frutas cítricas. de ervas vão aparecendo com o
tensão. Tem taninos de ótima textura,
Experimente-o na companhia tempo na taça. Álcool 13%. EM
acidez vibrante e final persistente
de peixes brancos e vegetais
e profundo, com um lado rústico e
grelhados. Álcool 12,5%. EM
cativante. Álcool 12%. EM

66 ADEGA >> Edição 150


DEGUSTAÇÃO | p o r EDUARDO MILAN

Presente
compartilhado , , , , ,
do tinto Ripassa, espécie de segundo vinho do Zenato Amarone

A
história dessa vertical começa com Vitório Marianecci, produção do Amarone ao vinho Valpolicella recém-elaborado.
embaixador da Zenato, que esteve no Brasil para promo- Ao se provar as sete safras em sequência decrescente, ou
ver os vinhos da marca e trouxe na mala seis safras (2011, seja, da mais nova para a mais velha, pode-se perceber clara-
2010, 2009, 2008, 2007 e 2006) do tinto Ripassa Valpolicella Ri- mente o efeito do clima em cada uma delas, além do ótimo
passo Superiore para presentear o proprietário da importadora potencial de envelhecimento desse vinho. De fato, até as safras
World Wine, Celso La Pastina, que, em vez de desfrutar dos vi- 2006, 2007 ou 2008, as mais antigas que degustamos, mostra-
nhos sozinho, resolveu compartilhá-los com um grupo de amigos. ram-se ainda jovens e com capacidade de evoluir em garrafa
A primeira safra de Ripassa foi lançada em 1996. Segundo tanto quanto as mais novas.
Marianecci, que conduziu a degustação, o Ripassa, foi a al- O Ripassa é composto de 85% Corvina, 10% Rondinella e
ternativa encontrada por Sérgio Zenato, fundador da vinícola, 5% Oseleta, com estágio de 18 meses em tonneau (80%) e bot-
para oferecer um vinho com as características, a qualidade e a ti (20%) de carvalho. Cabe ressaltar, que pelas amostras pro-
boa capacidade de envelhecimento do Amarone, porém mais vadas, este tinto oferece qualidade superior à de muitos Ama-
versátil e acessível quando jovem. O nome é uma alusão ao rone, com a vantagem de ter menos teor alcoólico e custar,
estilo ripasso desse tinto, em que uma espécie de segunda fer- muitas vezes, a metade do preço do seu irmão mais famoso.
$OEDQHGH5RIÀJQDF

mentação é induzida pela adição de uvas prensadas usadas na Vamos aos vinhos.

68 ADEGA >> Edição 150


AD 91 pontos
ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA acidez, que trazem sustentação a toda sua fruta
SUPERIORE RIPASSO 2013 madura. O mais exuberante e grande entre as sete
Zenato, Vêneto, Itália (World Wine R$ 277). amostras degustadas. Álcool 14%. EM
Redondo, com a madurez bem dosada e equilibrada
por gostosa acidez e ótima de textura de taninos. Va AD 92 pontos
envelhecer muito bem. Muito agradável de beber, ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA
com notas de chocolate e de tabaco ao final, que SUPERIORE RIPASSO 2008
convidam a mais um gole. Álcool 14%. EM Zenato, Vêneto, Itália (World Wine - Não disponível).
Lembra um pouco o perfil aromático e de estrutura
AD 91 pontos do 2010, porém com mais elegância e equilíbrio.
ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA Mostra boa persistência, com notas terrosas e de
SUPERIORE RIPASSO 2011 couro, além de deliciosas cerejas ácidas ao final.
Zenato, Vêneto, Itália (World Wine - Não disponível) Álcool 14%. EM
Mostra aromas cativantes, com toques florais, de
tabaco e de especiarias doces, tudo num contexto AD 92 pontos
de acidez refrescante e taninos de ótima textura, ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA
com final persistente acompanhado de toques SUPERIORE RIPASSO 2007
terrosos e de ameixas. Álcool 14%. EM Zenato, Vêneto, Itália (World Wine - Não
disponível). Apresenta perfil de fruta madura e
AD 93 pontos em compota semelhante ao encontrado na safra
ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA 2009, porém com mais acidez e taninos de
SUPERIORE RIPASSO 2010 deliciosa textura. Ainda jovem, surpreende pelo
Zenato, Vêneto, Itália (World Wine - Não equilíbrio e elegância nesse estilo mais cheio e
disponível). Comparado ao 2011 e 2013, já grandioso, que agrada a muitos. Álcool 14%.
mostra uma nota de chocolate, acompanhada EM
de toques mais evidentes de couro e de
especiarias, com mais corpo, estrutura e fruta AD 90 pontos
madura. Num estilo mais austero e refinado, ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA
tem longa vida pela frente. Um verdadeiro SUPERIORE RIPASSO 2006
“Amaroninho”. Álcool 14%. EM Zenato, Vêneto, Itália (World Wine - Não
disponível). Mostra frutas negras e
AD 91 pontos vermelhas de perfil mais maduro, bem
ZENATO RIPASSA VALPOLICELLA sustentadas por taninos de ótima textura
SUPERIORE RIPASSO 2009 e refrescante acidez. Apesar de ter
Zenato, Vêneto, Itália (World Wine - Não menos álcool quando comparado ao das
disponível). Comparado aos exemplares de safras 2013, 2011, 2010, 2009, 2008 e
2013, 2011 e de 2010, mostra-se mais cheio, 2007, aqui passa uma maior sensação
frutado e potente, indicando um ano mais de potência e de calor no final de boca.
quente. Tem taninos mais marcados e gostosa Álcool 13,5%. EM

Edição 150 >> ADEGA 69


ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO

Compra
no escuro
Dicas para você comprar com segurança sem nunca
ter provado um rótulo antes

uais referências você usa quando quer com-


prar um vinho que nunca provou? Pergunta
para o vendedor da loja? Pergunta para os
amigos? Ou apenas vai em frente e “arrisca”
o seu dinheiro naquele rótulo que você nun-
ca tinha visto antes?
A quantidade de vinhos no mundo é gigantesca. E a
quantidade de vinhos presentes no mercado brasileiro tam-
bém é imensa. Ele é considerado um dos maiores merca-
dos do planeta em quantidade de rótulos disponíveis. Você
encontra desde chilenos até neozelandeses, passando por
argentinos, australianos, franceses, italianos, portugueses,
espanhóis, sul-africanos, israelenses, húngaros, búlgaros,
gregos etc. A lista é tamanha que invariavelmente você vai
se defrontar com algum rótulo que nunca provou antes. E,
quando isso acontece, o que você faz?
A maioria das pessoas, antes de se arriscar, costuma se
apegar a algo familiar. Não à toa muitos enóilos compram
caixas e caixas de um rótulo quando acreditam ter encon-
trado alguma coisa preciosa por um valor compatível com
o seu orçamento. É também por isso que as cartas dos res-
taurantes tendem a ter alguns nomes conhecidos.
Mas e quando não reconhecemos nada? Ou então,
quando não queremos optar pelas mesmas coisas sempre?
Como fazer? É possível ter alguma “segurança” ao com-
prar uma garrafa sem nunca ter provado antes? Posso acre-
ditar no vendedor da loja ou no sommelier do restaurante?
Em quem me iar? Ou devo simplesmente arriscar?
Você não precisa necessariamente “apostar em um
vinho” que não conhece. Há algumas formas de tentar
“minimizar os riscos”, ainda mais se você estiver diante de
rótulos mais caros. Então, seguem algumas dicas.
Edição 150 >> ADEGA 71
fotos: divulgação
Use as Indicações independentes sultores contratados por importadores. Sempre
Não há problema algum em ouvir os conselhos que possível, preira, portanto, quem “deixa tudo
pontuações do vendedor da loja ou do sommelier no restau- às claras”, fazendo avaliações sérias. Nós temos
como rante, pelo contrário. Eles são proissionais que grande respeito por revistas como a inglesa De-
referência, estão lá para lhe ajudar a ter a melhor experiên-
cia possível com seu vinho – ainal eles querem
canter e guias como Descorchados e Gambero
Rosso, entre tantos. Modestamente, ADEGA, há
mas esteja que você ique feliz e volte. Também é válido 150 edições deiniu que nossos avaliadores não
atento às buscar outras referências, até mesmo apelar para podem trabalhar nem prestar consultoria de vi-
descrições um amigo que tenha gosto parecido com o seu.
Que tal sites ou aplicativos de avaliação por
nho em produtores ou importadoras. Além disso,
indicamos até mesmo quando degustamos um
nas resenhas usuários? É, sem dúvida, um ambiente democrá- vinho às cegas ou sabendo o que estamos degus-
tico onde cada um pode dar a sua nota e fazer a tando. Também preferimos, sempre que possível,
sua crítica, mas diicilmente um parâmetro segu- degustar em conjunto e não sozinhos, e em caso
ro para se basear. Você não encontrará em nossas de divergência de mais de dois pontos na nota,
páginas uma avaliação de automóveis, embora optar por não publicar a avaliação.
aqui todos saibamos dirigir.
A melhor alternativa, portanto, são avalia- Forneça dados
dores independentes. Nesse caso, ique atento, a quem se propõe a lhe ajudar
pois nem todo crítico de vinhos é independente Mas se você está com pressa e não tem acesso
como propaga. Muitos recebem mimos e agrados a nenhuma outra fonte de informação sobre o
para postarem comentários sobre determinados vinho que pretende comprar, não conie apenas
vinhos ou produtores. Pior ainda, alguns são con- no instinto. Dê crédito ao vendedor. Mas, antes

72 ADEGA >> Edição 150


de simplesmente deixar que ele discorra sobre as
qualidades de um rótulo, dê a ele algumas infor-
mações sobre o que espera encontrar.
Sim, tente explicar o seu gosto, se prefere
vinhos mais amadeirados, ou mais frutados, ou
mais minerais etc. Diga de que tipos de vinhos
você gosta, essa informação pode ser crucial.
Com ela, um bom vendedor poderá fazer com-
parações e apontar se aquele rótulo que você pre-
tende comprar tem algo de semelhante ou não
com o que você gosta de beber costumeiramente,
ou com o que quer experimentar de novo. Mais
que isso, ele poderá explicar, em termos compa-
rativos, se aquele rótulo, por exemplo, é mais ou
menos tânico, mais ou menos frutado que o vi-
nho que você deu de referência.
Com base nessas informações e comparativos,
você conseguirá ter uma ideia melhor do que lhe
aguarda dentro da garrafa.

Valorize tanto a resenha


quanto a pontuação
Comparando com uma avaliação de hotel na in-
ternet, coniar apenas na pontuação nem sempre é
uma boa alternativa. Um hotel, por exemplo, pode
ter uma nota média alta, mas não ter academia de
ginástica ou ser pet friendly, o que para sua família
pode ser crucial. Ou seja, quem está procurando
um hotel para atender algumas necessidades espe-
cíicas (quase sempre o caso), vai precisar olhar,
além das notas, as resenhas dos clientes. Diante de um mar de
O mesmo vale para os vinhos. As notas po- nada estranho. Se o rótulo parece bem conser- rótulos, é mais fácil
dem ser, sim, a primeira referência – para avaliar vado. Veja ainda o ambiente. É um lugar muito escolher quando se tem
alguma indicação, mas
o nível de qualidade –, mas você deve analisar a quente? Se for, talvez esse vinho esteja “cozido”. também é preciso avaliar
resenha para saber se o rótulo que pretende com- Conira a safra. É recente ou antiga? Se for mui- quem está dando a
indicação
prar tem as características que você deseja. to antiga, isso pode indicar um vinho que icou
esquecido e malconservado, daí a oferta. Descon-
Procedência e afins ie. Questione o vendedor. Dê preferência a esta-
Às vezes, estamos diante de algo que parece uma belecimentos reconhecidos e cheque a existência
oportunidade única, alguma oferta aparente- de contrarrótulo. Peça nota iscal, e se o vinho
mente irresistível. Nessas horas, por mais coceira apresentar algum problema, um lojista sério não
na mão que você tenha para comprar, é preciso se importará em trocar a garrafa, exceção é claro
icar atento a alguns detalhes. Conira, primei- a garrafas antigas ou colecionáveis, tema que tra-
ramente, o estado da garrafa. Veja se não há taremos em outra ocasião.

Edição 150 >> ADEGA 73


DROPS | p o r ARNALDO GRIZZO

Chaptalização
CRIMINOSA?
Processo contra Château Giscours reacende o debate
em torno da chaptalização dos vinhos

U
ma prática “demonizada” e um deaux, é acusado de acrescentar açúcar a uma
processo burocrático lento estão barrica de Merlot durante a safra de 2016. Na
dando o que falar em Bordeaux época, as autoridades haviam dado aval à chap-
neste começo de ano. Em junho, talização de diversas variedades, como Cabernet
o Château Giscours deve ter que Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot, porém
se defender diante de um tribunal francês devi- não de Merlot.
do ao uso “ilegal” de chaptalização – acréscimo Alexander Van Beek, diretor de Giscours, nega
de açúcar ao mosto durante a fermentação. qualquer intenção de “falsiicar” a produção e ale-
Giscours, um dos 15 Troisièmes Crus de Bor- ga que o problema foi causado pela letárgica buro-

74 ADEGA >> Edição 150


cracia francesa. “Isso é muito frustrante para toda a
nossa equipe. Essa logística administrativa da Fran-
ça precisa mudar”, alega.

Entenda o problema
Os problemas de Giscours começaram no inal
da colheita de 2016. Uma parcela de Merlot foi
colhida e preencheu somente cerca de 20% de
um tanque. Os 80% restantes foram de Caber-
net Sauvignon. Assim como diversos produtores
naquele ano, Giscours pediu permissão para adi-
cionar açúcar – que só pode ser acrescido em um
ponto especíico durante a fermentação – para
todas as variedades de uva, e recebeu um e-mail
do Organisme de défense et de gestion (ODG)
de Margaux, em 10 de outubro, dando o aval in-
formal do INAO (órgão que supervisiona as de-
nominações de origem da França).
Gonzague Lurton, presidente da ODG de Mar-
gaux e proprietário do Château Durfort-Vivens,
conirmou o teor do e-mail, que dizia que os produ-
tores poderiam chaptalizar o mosto de uvas para 1°
brix adicional. Giscours fez a chaptalização, mas,
horas depois, recebeu a notícia de que o Merlot
havia sido excluído da autorização. Lurton reco- chaptalizar com uma semana de antecedência – é CHAPTALIZAÇÃO
nheceu que o primeiro e-mail enviado esqueceu de sempre de última hora. Mas o peso administrativo É um método de
adição de sacarose ao
mencionar a exclusão da casta. de todo o sistema é muito complicado e longo, es- suco de uva que pode
Durante a colheita de 2016, toda a região do pecialmente considerando a velocidade da infor- aumentar os níveis
Médoc solicitou e recebeu autorização para chap- mação hoje”, apontou Van Beek. de álcool no vinho.
talizar todas as variedades de uvas – exceto Mar- O nome se deve a
Jean-Antoine Chaptal,
gaux, que não obteve autorização para a Merlot. E Legal ou ilegal químico francês
Giscours não foi a única propriedade de Margaux a A cuba contendo 20% de Merlot foi misturada que teria proposto
solicitar a chaptalização para todas as variedades de com outra, o que signiicava que 39.700 litros, o método no século
XVIII
uvas. Segundo Van Beek, este é um pedido banal o equivalente a 4.400 caixas de vinho, haviam
feito “sistematicamente” na maior parte dos anos, sido “tocados” pelo Merlot chaptalizado. O lote
para todas as variedades de uvas, mas raramente inteiro foi reservado e separado da mistura inal.
usado, exceto no caso de videiras jovens que podem Não foi colocado no mercado e está avaliado em
precisar. US$ 2,8 milhões. No dia 14 de outubro de 2016,
Durante a colheita, o produtor envia as informa- investigadores da agência antifraude foram a Gis-
ções à ODG, e esta as envia ao INAO, que agrupa cours, exigindo a documentação dos lotes. Foi
as solicitações e as envia para o Prefet na região, que aberto um processo criminal.
toma uma decisão, notiica o governo, que deve as- Lurton culpa o processo letárgico em torno da
sinar, e a decisão é enviada de volta a toda a cadeia. chaptalização na França e acredita que Giscours
O processo de aprovação pode levar até oito dias – não teve a intenção de ignorar as regras. A acusa-
tempo que inviabiliza qualquer prática enológica. ção vem em um momento duro para o château que
Luna Garcia/Estúdio Gastronômico

“O ODG está sob muita pressão para satisfazer precisou superar o estigma de ter usado chips de
seus membros. A colheita é sempre um momen- madeira (proibidos pela denominação) no inal dos
to estressante. Você não pode pedir permissão para anos 1990.

Edição 150 >> ADEGA 75


DEGUSTAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO E EDUARDO MILAN

No coração
de Reims
Provamos com exclusividade a cuvée criada no único vinhedo
murado dentro da capital de Champagne
$OEDQHGH5RIÀJQDF
U
m único hectare “perdido” no meio AD 95 pontos
de Reims. Em 2006, Philippe Bai- CLOS LANSON 2006
Lanson, Champagne, França (Cantu
jot, presidente da casa de Cham-
- Não disponível). Espumante branco
pagne Lanson, fundada em 1760, brut nature elaborado exclusivamente
entendeu que tinha um pequeno a partir de uvas Chardonnay
tesouro em mãos, o único vinhedo remanescente cultivadas em um vinhedo de 1
dentro da cidade de Reims, seu Clos Lanson. hectare, com fermentação do vinho
Até então, as uvas dessa parcela de um hec- base em barricas de carvalho da
floresta de Argonne, sem malolática,
tare eram usadas para as cuvées prestige da casa. e posterior estágio mínimo de 10
Naquele ano, Baijot, juntamente com o chef-de- anos com as leveduras antes do
-cave Hervé Dantan, decidiu viniicar separada- dégorgement. Não se deixe enganar
mente. Mais que isso, eles resolveram fazer algo por seu estilo mais vertical e sutil,
totalmente singular dentro da ilosoia da casa. atrás desse refinamento há força, fibra
e tensão. Impressiona pelo caráter
Clos Lanson (o nome clos deve-se ao vinhedo
da fruta tropical e de caroço (madura
murado, o único em Reims) é um Chardonnay e em compota) em harmonia com a
100% de plantas com idades que variam de 15 a mineralidade (toques salinos), tudo
50 anos deste vinhedo que existe desde 1870. O num contexto de profundidade e
fato de ser um blanc de blancs já é bastante ori- refrescante acidez. A madeira em que
fermenta o vinho base tem o papel
ginal para a Lanson, conhecida muito mais por
de trazer complexidade de aromas,
seus blends com forte acento na Pinot Noir. além de aportar textura, cremosidade
Além disso, desde 2011, a casa vem iniciando e um pouco de redondez a este blanc
trabalhos com vinhedos biodinâmicos – algo extre- de blanc. Está ótimo agora, mas deve
mamente raro nesta região onde apenas 1,4% das ficar ainda melhor nos próximos 10
plantações são biodinâmicas. Com isso, Clos Lan- anos. Álcool 12%. EM
son, aos poucos vai recebendo tratamentos nessa
linha. “Usamos experiências que funcionaram
em outros vinhedos. Estamos indo passo a passo.
Reduzimos a compactação do solo, não tiramos a
grama, introduzimos técnicas para manter a umi-
dade do solo...”, conta Edouard de Boissieu, ex- que permite uma dosagem menor na cuvée, com Esta cuvée especial segue
a filosofia de produção da
port manager da marca, que foi a primeira (dentre apenas 3 gramas de açúcar, fazendo com que ela Lanson e não passa por
os grandes produtores) a ter uma cuvée orgânica. seja uma brut nature. fermentação malolática
Segundo Boissieu, a colheita de Clos Lanson
Singularidades é sempre em um sábado com a presença dos em-
Outros detalhes ainda fazem com que esta cuvée pregados da casa e com a ajuda de alguns con-
seja verdadeiramente única. Uma delas é o fato vidados famosos. Nesses anos, já participaram
de ser viniicada integralmente em pequenas bar- Adriana Karembeu, Tomer Sisley, Julie Gayet.
ricas de carvalho da loresta de Argonne, que ica Vale lembrar ainda que, seguindo a ilosoia
a cerca de 30 quilômetros de Reims. Além disso, da casa, não há fermentação malolática. Por im,
o solo e o microclima são particularidades que o envelhecimento sobre as borras é de mais de
inluenciam diretamente. 10 anos, sendo que, após o dégorgement, o vi-
O típico solo calcário de Champagne, neste nho permanece ainda cerca de um ano nas caves
pequeno pedaço, é muito fragmentário e, por antes de ir para o mercado. Da primeira e única
isso, as raízes tendem a se aprofundar muito mais safra lançada até agora, 2006, foram feitas somen-
do que em outros locais da vizinhança. Depois, te 7.870 garrafas numeradas. ADEGA foi a única
graças ao clima da cidade, com temperatura mé- publicação a provar uma única garrafa trazida
dia cerca de 2 a 3 graus mais alta do que no cam- especialmente por Boissieu em sua mais recente
po, a acidez das uvas é ligeiramente mais baixa, o visita ao Brasil.

Edição 150 >> ADEGA 77


ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO
divulgação
Pisa Qual a diferença entre esmagar as
uvas com o pé ou com máquinas?

U
ma das mais antigas tradições da a uva contra o chão, libera mais cor das cascas e
vitivinicultura mundial sobrevive também outros componentes de aroma e sabor
até hoje não apenas como brin- se comparado com outras formas de prensagem
cadeira dos festivais das colheitas, por máquinas.
mas também como método de Apesar de ser uma prática mais comum entre
maceração preferido por alguns produtores. Sim, os produtores de Porto, ela não é exclusiva deles e
a pisa a pé, uma das primeiras maneiras que o tampouco exclusiva de vinhos fortiicados. Tanto
ser humano encontrou para prensar as uvas para no Douro quanto em outras partes do mundo, há
fazer vinho, ainda é tida como uma das formas tintos tranquilos e também outros tipos de vinho
mais interessantes de realizar a prensa. sendo produzidos com pisa a pé em lagares.
É interessante pensar no porquê de ela ter so- “Esta técnica está intimamente ligada à fer-
brevivido, já que as técnicas e tecnologias para mentação em lagar e tem a sua história, em Por-
prensar e macerar as uvas evoluíram muito rapi- tugal, na produção de vinhos tintos do Douro
damente. Em pouco tempo, o homem criou ma- (fortiicados e tranquilos). Acredito que o funda-
neiras de prensar a uva com o uso de ferramentas mento para a sua utilização seja a rápida, total e
e máquinas, fazendo com que o processo fosse suave extração de todos os componentes da uva.
muito mais veloz e menos cansativo. Há prensas Relembro que o tempo de fermentação dos vi-
de vinho quase tão antigas quanto lagares de pisa. nhos fortiicados são de dois a três dias enquanto
Então, por que a pisa a pé em lagares de pedra que o de um vinho tranquilo é de oito a 10. Se
continua sendo usada? Seria apenas por tradição? recordarmos que, no passado, não existiam esma-
Seria por marketing? Produtores centenários da re- gadores, ainda se percebe melhor o porquê da
gião do Douro, por exemplo, até hoje não abrem sua utilização”, conta o enólogo Rui Cunha, da
mão da pisa a pé para seus Vinhos do Porto. Se- Secret Spot Wines.
gundo eles, nenhum outro método se mostrou tão “A viniicação em lagar permite uma extração
eicaz para a produção desses vinhos singulares. mais suave, mais selectiva e, por isso, melhor.
A pisa a pé faz sentido na produção dos Por- Os vinhos são mais sólidos, mais concentrados,
tos, pois eles são vinhos de maceração curta (são com maior estabilidade corante e aromaticamen-
fortiicados, o que interrompe a fermentação, ex- te mais ricos. Talvez com fruta menos evidente,
tração de cor etc.) e ainda assim extremamente mas com maior complexidade”, garante José
densos em cor e sabores. Aqui então a pisa seria Luis Moreira da Silva, da Quinta dos Murças,
o método ideal, porque o pé humano, ao prensar que viniica todos os seus vinhos com pisa a pé.

Edição 150 >> ADEGA 79


A primeira fase é conhecida como
“corte”. Nela, os pisadores formam
uma linha, ombro a ombro, e
avançam lentamente pelo lagar,
pisando de maneira ritmada, por
cerca de duas horas

Pisa é mais Qual a diferença? fermentação em cuba inox que permite uma ma-
custosa e A maioria das prensas mecânicas tende a romper ceração pós-fermentativa”, aponta Cunha.
as sementes de uva, potencialmente liberando “A extração em lagar é melhor e mais seletiva,
demorada elementos amargos, muitas vezes indesejáveis. Já dando origem a vinhos mais concentrados, com
que a o pé humano, não importa o quão forte alguém mais cor e taninos. O maior risco que existe não
prensagem pise na uva, é incapaz de romper uma semente. é a oxidação, como se poderia pensar, mas sim a
A pisa costuma ser um processo que dura horas, sobre-extração. É muito fácil extrair (e principal-
mecânica, enquanto que uma prensa mecanizada tende a mente no Douro) demais e, com isso, produzir
porém os realizar todo o trabalho em minutos. Essa ques- vinhos demasiadamente concentrados, com tani-
produtores tão do tempo faz diferença, pois quanto maior o
contato com as cascas, mais cor é extraída, mais
nos a mais, e desequilibrados”, diz Silva.
Muitos veem a pisa como um processo pouco
acreditam aromas, mais sabores. higiênico, mas vale lembrar que muitos dos possí-
que é o “Algumas das vantagens da pisa a pé são a veis patógenos humanos que poderiam estar pre-
rápida e suave extração dos compostos do bago. sentes não sobrevivem no vinho. No entanto, um
melhor tipo Para mim talvez o ponto mais importante. Como dos fatores para que a pisa tenha sido substituída
de extração está associada ao lagar, pressupõe obviamente com o tempo é o seu processo lento e custoso. Não
de cor, sabor uma fermentação em contato com o oxigênio,
originando vinhos mais ‘abertos’, cheios e estru-
é fácil e muito menos barato manter um grupo de
pessoas pisando uvas por várias horas. Não à toa,
e aromas turados. Além disso, é um processo fermentativo muitos produtores de Vinho do Porto – que não
sem recurso a nenhum tipo de bombagem, ou querem abrir mão da tradição, mas também sa-
seja, ‘amigo’ do ambiente (zero pegada CO2) e, bem que não podem icar arcando com seus cus-
por im, pode ser associada depois a um inal de tos eternamente – têm buscado mecanizar a pisa

80 ADEGA >> Edição 150


Após o “corte”, há a fase
da “liberdade”, que dura
cerca de três horas e, nela,
os pisadores passam a se
mover de forma livre ao
redor do lagar

a pé, criando robôs que simulam os movimentos


e a pressão exercida pelos pés e pernas humanas.
“Sim, há um elevado custo de mão-de-obra
de equipamento (o valor do equipamento que faz
o mesmo tipo de trabalho é muito elevado). A
pisa também impossibilita o recurso à macera-
ção pré e pós-fermentativa (por causa do lagar ser
um recipiente aberto), ainda consome bastante
aguardente, pois os pisadores precisam de ener-
gia…”, brinca Cunha, que garante: “Pela minha
experiência e, em função do tipo de vinho a ob-
ter, continua a ser uma técnica com valor e vai
continuar a ser utilizada na produção de grandes
vinhos do Douro”.

Como é feita a pisa?


As uvas costumam ser pisadas em tanques de gra-
nito, conhecidos como lagares. A primeira fase é
conhecida como “corte”, que consiste em esma-
gar as uvas para separar o suco de suas peles. Nes-
ta fase, os pisadores (dois para cada 750 quilos de
uva) costumam formar uma linha, ombro a om-
bro, e avançar lentamente pelo lagar, pisando de
maneira ritmada, por cerca de duas horas, para
garantir o esmagamento das uvas.
Terminada essa etapa, passa-se para a fase da
“liberdade”, que dura cerca de três horas. Nela,
os pisadores passam a se mover de forma livre ao
redor do lagar, assegurando que as peles de uva
sejam mantidas submersas sob a superfície do vi-
nho. Se a fase do corte tende a ser realizada em
silêncio, exceto por uma marcação de tempo, a
da liberdade normalmente é feita com alguma
música típica da época da vindima. Nos produto-
res de Porto mais tradicionais, essa fase é acom-
panhada por um tocador de acordeão, mas atual-
mente é mais fácil encontrar aparelhos de som.
Esse trabalho pode ser repetido no dia seguin-
te, com três horas de pisa e duas de descanso.
Após algumas horas, a fermentação tem início e
o calor e o álcool produzidos começam a libertar
cor, taninos e aromas das peles. A pisa a pé tam-
bém pode ser complementada pelos “macacos”,
êmbolos de madeira utilizados para empurrar as
fotos: divulgação

peles para baixo da superfície do mosto.


Enim, a pisa a pé é um processo lento, dis-
pendioso, minucioso, que deinitivamente deixa
sua marca no vinho.

Edição 150 >> ADEGA 81


ENOARQUITETURA | p o r ARNALDO GRIZZO

82 ADEGA >> Edição 148


DOS
PISTACHES
À ARTEVinícola californiana
une o vinho à
escultura

P
umas, sereias, mamutes. Ao adentrar
a vinícola Sculpterra, na Califórnia,
tem-se a impressão de que se está
em um jardim exótico. De um lado
surge um gato gigante esculpido em
bronze, de outro, um cavalo em ferro retorcido,
mais adiante uma sereia emerge de uma fonte,
peixes de proporções gigantescas, borboletas etc.
Todas obras de artistas comissionados por Warren
Frankel.
A história da vinícola começou em 1979, quan-
do este médico, sua esposa e seus ilhos resolve-
ram se mudar para Paso Robles. O nova-iorquino
Frankel havia feito sua especialização na famosa
universidade UCLA e decidiu que queria viver
uma vida mais tranquila, no campo. Ele adquiriu
alguns hectares de terra em Linne Valley. Lá plan-
tou pistaches. Pouco depois, um pequeno vinhedo
de Cabernet Sauvignon.
Com o tempo, resolveu investir mais no vinho.
Em 1997, plantou mais variedades, aumentando
o leque de possibilidades da vinícola. Mas, assim
como o negócio do vinho cresceu, loresceu tam-
bém a paixão pela arte de Frankel. Para criar um
“universo” de criaturas em seu jardim, ele comis-
sionou o amigo John Jagger. Durante cinco anos,
o artista produziu diversas obras monumentais
para a Sculpterra.

Bronze e granito
Jagger, falecido em 2013, elaborou esculturas em
bronze e granito, a maioria delas enorme e baseada
em animais ou seres imaginários. Uma das primei-
ras a serem vistas é um gato de quatro metros de

Edição 150 >> ADEGA 83


Warren Frankel deixou Nova
York para começar uma vinícola
em Paso Robles em 1979

84 ADEGA >> Edição 150


altura com longos bigodes e 9 toneladas. Emergin-
do de uma fonte, Jagger fez uma sereia de mais de
três metros de altura, toda em bronze. Um de seus
trabalhos mais simbólicos é a “Eternal Flame”, a
chama eterna, que representa a chama do inextin-
guível espírito humano.
“Foi a Providência que uniu Warren Frankel e
eu. Com seu sonho de se cercar com as belas artes,
e eu me perguntando o que seria o meu ‘canto do
cisne’, nossa associação foi perfeita e certamente
não foi coincidência”, airmou Jagger. Além dos Esculturas
trabalhos gigantescos expostos no jardim, ele ain- tantos ornamentos em ferro produzidos por ele
da criou esculturas menores que icam expostas em estilo barroco (como candelabros, por exem-
de John
no interior na vinícola, muitas delas à venda. plo), decoram a sala de degustação. Bentley, no Jagger
Parte da renda obtida com as esculturas e tam- entanto, não é o único outro artista a igurar na e Dale
bém com os vinhos da Sculpterra vão para uma Sculpterra.
fundação de médicos “The Healing Hands”, fun- Uma vasta lista de pintores, fotógrafos, de-
Evers estão
dada por Frankel, que envia médicos em missões signers etc., ou seja, artistas de todos os gêneros, espalhadas
de ajuda para locais afetados por desastres naturais. passaram por lá e produziram obras. Um deles
é o dominicano Robert Maja, com algumas de
pelos jardins
Seguindo o mestre suas pinturas embelezando a sala de degustação,
Após a morte de Jagger, quem assumiu seu lugar assim como a “Criação” (desenhada no teto, em
como “artista em residência” foi Dale Evers. Ele clara alusão ao trabalho de Michelangelo na Ca-
teve Jagger como mentor no início de carreira e pela Sistina, no Vaticano) de Steve Kalar, natural
manteve a inluência do mestre nos trabalhos da de Paso Robles. Mas há trabalhos de Jim Albeter,
vinícola. Uma de suas obras mais comentadas Joe Tomei, Paul McCloskey, Douglas Tharalson,
do jardim da vinícola é Mega Focus, com mais Bruce Marchese, Jack Oliver, W.B. Eckert, Dana
de sete metros de altura, representando a força Kimberly Hixon, Josh Talbott, Linda Denman,
da humanidade. Outra é seu carrilhão de vento Dennis Curry, Darren Brown, entre outros.
adornado por borboletas. Segundo a família Frankel, Sculpterra é um
Mas antes mesmo de Evers, a propriedade já trabalho aberto. De tempos em tempos, novas
havia recebido trabalhos de Robert Bentley. O obras vão sendo acrescentadas para formar um
suntuoso portão de entrada, assim como outros conjunto de beleza exótica.

Edição 150 >> ADEGA 85


CAVE
Para esta edição, a
C A D E R N O D E AVA L I A Ç Ã O D E ADEGA
Tabela de avaliação
equipe de avaliadores Classificação Pontos
de ADEGA provou mais Extraordinário 95 A 100
de 1.000 vinhos, dos Excelente 91 A 94
quais selecionamos 87, Ótimo 89 A 90
que estão em nossas Muito Bom 87 A 88
páginas
Bom 85 A 86
Regular 82 A 84
Fraco ABAIXO DE 82
Avaliações por
Evolução
Editor de vinho:
Eduardo Milan (EM) = Beber
= Beber ou Guardar
Beto Duarte (BD), = Guardar
Christian Burgos (CB), Observações
Christiane Miguez (CM),
= BEST BUY - Melhor custo-benefício
Guilherme Velloso (GV),
Os preços são aproximados no varejo e
João Paulo Gentille (JPG), sujeitos à variação.
Juliana Trombeta Reis (JTR) = Vinhos degustados em ocasiões
especiais – lançamentos e raridades –
e Mauricio Leme (MSL) e, portanto, não às cegas.
www.oMelhorVinho.com.br
Degustações realizadas no restaurante
Praça São Lourenço com ajuda do sommelier
Espumantes, página 88
Gustavo dos Santos Barros
Brancos, página 88
Rosés, página 90
Tintos, página 91
Eventos, página 98

Hora do saca-rolha
ESPUMANTES BRANCOS

AD 86 pontos AD 86 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos


GARIBALDI MOSCATEL J.P. CHENET ICE EDITION LA BELLA D’ALBA BRUT ALTOSUR ANNIE SPECIAL RESERVE
ROSÉ ESPUMANTE ROSÉ DEMI-SEC Enos Vinhos de SAUVIGNON BLANC 2016 SAUVIGNON BLANC 2016
Cooperativa Vinícola Les Grands Chais de Boutique, Serra Finca Sophenia, Bodegas y Viñedos De
Garibaldi, Garibaldi, France, Languedoc- Gaúcha, Brasil (R$ Mendoza, Argentina Aguirre, Vale Central,
Brasil (R$ 30). Sob a Roussillon, França 130). Espumante (World Wine R$ 62). Chile (Obra Prima R$
supervisão do enólogo (La Pastina R$ 77). branco brut elaborado Branco elaborado 70). Branco elaborado
Gabriel Carrissimi Espumante rosé meio pelo método tradicional exclusivamente a partir exclusivamente a
é elaborado este seco elaborado pelo a partir de 60% de uvas Sauvignon partir de Sauvignon
espumante rosado método Charmat a Chardonnay, 20% Blanc advindas do vale Blanc, com passagem
doce pelo método Asti partir de uvas brancas Pinot Noir e 20% do Uco – Tupungato, de quatro meses em
composto de Moscato e tintas. Bem feito para Trebbiano, com cerca sem passagem por barricas de carvalho
de Hamburgo e seu propósito e para de 12 meses em contato madeira. Nessa francês. Apresenta
Moscato de Alexandria. um meio seco (ser com as leveduras. safra, encontra-se aromas de pêssego
Mostra boa tipicidade tomado com pedras Num estilo jovial especialmente fresco e doce, que suavizam
no nariz, com de gelo), mostra bom e leve, surpreende vibrante, tudo em meio seus toques de grama
aromas de morangos equilíbrio entre doçura pelo equilíbrio do a muita fruta cítrica e fresca cortada. Mostra
acompanhados de e acidez, além de certa conjunto, tudo num notas herbáceas e de boa persistência e
notas lorais e de ervas, cremosidade. Deixe contexto de gostosa especiarias picantes. um leve dulçor de
que se conirmam na o preconceito de lado cremosidade e acidez Gostoso de beber e fácil fruta madura, bem
boca. Num estilo mais e experimente-o na refrescante. Uma de agradar, tem ótima equilibrado por sua
maduro e com maior beira da piscina como deliciosa limonada tipicidade, radiante acidez refrescante.
sensação de dulçor, aperitivo, você não vai com borbulhas. Álcool acidez, boa textura e Álcool 13,5%. CM
tem boa cremosidade se arrepender. Álcool 12,5%. EM inal persistente, com
e inal com toques 11%. EM salinos e de limão.
de frutas vermelhas. Álcool 12%. EM
Álcool 7,5%. EM

88 ADEGA >> Edição 150


>>

AD 88 pontos AD 89 pontos AD 91 pontos


AURORA VARIETAL CASA VERRONE DONA BERTA RESERVA
CHARDONNAY 2016 SAUVIGNON BLANC 2016 VINHAS VELHAS
Aurora, Bento Casa Verrone, São RABIGATO 2016
Gonçalves, Brasil (R$ José do Rio Pardo, Dona Berta, Douro,
32). Branco elaborado Brasil (R$ 70). Portugal (Chico
exclusivamente Branco elaborado Carreiro R$ 144).
a partir de uvas exclusivamente a partir Branco elaborado
Chardonnay, sem de Sauvignon Blanc, exclusivamente a partir
passagem por sem passagem por de uvas Rabigato, sem
madeira. Direto e madeira. Surpreende passagem por madeira,
de boa tipicidade, pela tipicidade. Mostra mas mantido em
apresenta frutas frutas cítricas e de contato com as borras
tropicais e de caroço caroço acompanhadas por alguns meses antes
seguidas de notas de notas de ervas de ser engarrafado. O
lorais e de ervas frescas e de lores, resultado é um vinho
frescas. Fácil de tudo equilibrado por vibrante e de bom
entender e de gostar, acidez refrescante, volume de boca, cheio
chama atenção pelo agradável textura e inal de frutas brancas e de
frescor do conjunto. com toques salinos e caroço acompanhadas
Sem querer ser mais de limão. Acessível por cativantes notas
do que é, deve ir e gostoso de beber. lorais, minerais e de
bem com aperitivos e Álcool 13%. EM ervas frescas. Tenso
pratos leves em geral. e estruturado, tem
Álcool 12%. EM acidez refrescante,
gostosa textura e inal
persistente, com toques
cítricos e salinos.
Álcool 14%. EM
ROSÉ

AD 89 pontos AD 88 pontos AD 89 pontos AD 92 pontos AD 89 pontos


MILLAMAN ESTATE RESERVE MIOLO RESERVA MITO ESCOLHA 2016 WITTMANN WESTHOFENER JP AZEITÃO ROSÉ 2016
SAUVIGNON BLANC 2016 SAUVIGNON BLANC 2017 Lusovini, Minho, RIESLING TROCKEN 2015 Bacalhôa, Península
Millaman, Curicó, Miolo Wine Group, Portugal (Brasvini Wittmann, de Setúbal, Portugal
Chile (Adega Campanha Gaúcha, R$ 75). O reputado Rheinhessen, (Portus R$ 60). Rosado
Alentejana R$ 52). A Brasil (R$ 52). enólogo Anselmo Alemanha composto de 92% Syrah
Sauvignon Blanc se Amarelo muito claro Mendes é quem (Weinkeller R$ 269). e 8% Moscatel Roxo,
dá bem em diferentes e translúcido com elabora este branco Branco elaborado sem passagem por
regiões chilenas, sejam tons esverdeados, este composto de Alvarinho exclusivamente madeira. Além da linda
mais próximas do branco revela notas e Loureiro, sem a partir de uvas cor rosa pálida, mostra
Pacíico, sejam mais cítricas que merecem passagem por madeira. Riesling advindas dos cativantes notas lorais
para o interior, caso atenção especial, mas Mostra aromas de vinhedos Morstein e envolvendo os aromas
desse bom exemplar também tem espaço frutas tropicais e Brunnenhäuschen, sem de frutas vermelhas
produzido no vale de para lichia, pêssego de caroço maduras passagem por madeira. e de caroço de peril
Curicó. De cor palha, branco e grama acompanhados de Esbanja sensação mais fresco. Gostoso
ele se destaca pela cortada no nariz e na típicas notas lorais, de mineralidade e de beber, tem ótima
tipicidade e equilíbrio. boca. No paladar, a minerais e de ervas toques salinos tanto acidez, bom volume
Os aromas puxam um acidez e o álcool estão frescas, que se no nariz quanto na de boca e inal médio
pouco para o lado equilibrados. É bem conirmam no palato. boca. Tenso e vibrante, conirmando o nariz.
herbáceo da casta, mas feito, agradável e com Leve e vibrante, tem tem excelente acidez, Álcool 12,2%. EM
com boa presença de inal saboroso. Álcool acidez refrescante, muita fruta branca,
fruta cítrica e até a 11,5%. JTR bom volume de boca, gostosa textura e inal
clássica nota de “xixi gostosa textura e inal persistente e profundo,
de gato”. Na boca, agradável, com toques com toques cítricos,
é seco, com ótima cítricos e salinos, que minerais e de ervas.
acidez, mas fruta convidam a mais um Álcool 13,5%. EM
suiciente para não o gole. Álcool 12%. EM
deixar excessivamente
austero. De corpo
médio e preço atraente,
fará bom par com
frutos do mar em geral,
abundantes em seu país
de origem. Álcool 13%.
GV

90 ADEGA >> Edição 150


TINTOS >>

AD 91 pontos AD 91 pontos AD 89 pontos


ANA CRISTINA BARÓN LADRÓN DE BAYANEGRA
PINOT NOIR 2016 GUEVARA CRIANZA 2013 TEMPRANILLO 2016
Villaggio Bassetti, São Bodegas Valdelana, Bodegas Celaya,
Joaquim, Brasil (R$ Rioja, Espanha Castilla La Mancha,
119). Tinto elaborado (Vind’Ame R$ 139). Espanha (Mistral US$
exclusivamente a partir Tinto composto de 15). Tinto elaborado
de Pinot Noir, com 95% Tempranillo exclusivamente a partir
estágio de 13 meses em e 5% Mazuelo, de uvas Tempranillo
barricas de carvalho com estágio de 12 cultivadas na região de
francês. Nesta safra, meses em barricas Albacete, a 800 metros
apresenta estilo de de carvalho francês do mar, viniicadas em
frutas vermelhas um (60%) e americano cachos inteiros e sem
pouco mais maduras, (40%). Um Rioja de passagem por madeira.
muito bem sustentadas corpo e alma, mostra Direto e muito frutado,
por deliciosa acidez. cerejas e ameixas, é um puro suco de
Ganhou em estrutura, seguidas de notas framboesas e amoras,
em volume de boca e lorais, tostadas e de seguidos de toques
em inesse, mas perdeu baunilha. Estruturado lorais e de ervas
um pouco da tensão e suculento, tem frescas, tudo temperado
em comparação ao taninos aveludados, por gostosa acidez e
2014 (talvez efeito gostosa acidez e inal taninos macios. Sirva-o
do clima do ano em agradável e persistente, um pouco mais frio
si). Interessante seria com toques terrosos e (14oC), de preferência
uma mistura do nervo de frutas vermelhas. na companhia de um
e vibração da safra Álcool 13,5%. EM chorizo com páprica.
2014, com a estrutura, Álcool 12%. EM
a profundidade e o
reinamento desta
versão. É notável o
trabalho cada vez
melhor com a madeira,
que ano após ano se
mostra mais integrada.
Álcool 13%. EM
AD 90 pontos AD 92 pontos AD 91 pontos AD 89 pontos AD 91 pontos
BODEGA TINEDO CALIZA 2012 CASAS DEL BOSQUE GRAN DOMINI VENETI BARDOLINO FAMILY WINE R.J.
CALA 1 2014 Marques de Griñon, RESERVA SYRAH 2014 CLASSICO 2014 DISTINTO BLEND 2011
Bodega Tinedo, Toledo, Espanha Casas del Bosque, Domini Veneti, Vêneto, R.J. Viñedos, Mendoza,
Castilla La Mancha, (Winebrands R$ 157). Casablanca, Chile Itália (La Pastina R$ Argentina (Mar &
Espanha (Domno R$ O Caliza, como seu (Domno R$ 157). 83). Blend de Corvina, Rio R$ 299). Sua
82). Tinto elaborado próprio domínio diz, é Tinto elaborado Rondinella e Molinara, imponente garrafa já
a partir de uvas 50% um excelente exemplar exclusivamente a partir sem passagem por denota o que se pode
Tempranillo, 40% dos cultuados Vinos de uvas Syrah, com madeira. Surpreende esperar deste vinho e,
Syrah e 10% Cabernet de Pago. Seu nariz já estagio de 11 meses em pela harmonia entre de fato, no primeiro
Sauvignon, com breve chama grande atenção ao barricas de carvalho, fruta vermelha de contato com o nariz
passagem por madeira e combinar os adocicados sendo 65% novas. De qualidade, acidez uma enorme surpresa.
mais um ano de estágio aromas das famosas boa tipicidade, mostra vibrante e taninos Primeiramente notas
em tanques de cimento griottes, ou ginja, com notas defumadas e de de boa textura. que lembram Bordeaux,
sem revestimento. o agradável toque quase especiarias picantes Combinação perfeita depois elas icam mais
Apresenta aromas de salgado de azeitonas, escoltando as frutas para acompanhar maduras e densas
cerejas e morangos lembrando até mesmo os negras, além de massas ao molho de lembrando um Amarone
acompanhados de notas grandes vinhos do Rhône. toques lorais e de tomates. Gostoso, e, inalmente, pode-se
lorais, de ervas e de Porém, sua grande ervas. Suculento, tem descomplicado, prova sentir um marcante
especiarias, além de intensidade em boca ótimos taninos, gostosa de que, muitas vezes, vinho argentino, em
toques minerais. No mostra seu forte caráter acidez e inal cheio e menos é mais. Álcool que se combinam a uva
palato, surpreende pelo espanhol, mas sem perder persistente, com toques 12%. EM Malbec, a Cabernet
frescor e pela qualidade sua elegância. A Syrah, a minerais e de carne. Sauvignon e a Merlot.
da fruta, é suculento e Petit Verdot e a Graciano Álcool 14%. EM Em seu complexo aroma
cativante, tem taninos combinam-se para moldar se combinam alcaçuz,
de boa textura, gostosa um vinho clássico, com com um perfume de
acidez e inal tenso e belos taninos muito bem cassis e uma interessante
cheio de vivacidade. trabalhados e textura nota de azeitona. Sua
Álcool 14,5%. EM marcante, isso sem contar boca é plena, bastante
que ainda valerá a pena marcante, com taninos
guardá-lo e esperar um intensos, mas muito bem
aumento ainda maior de polidos e que deixam
sua complexidade tanto uma agradável textura
em seu nariz, como em em seu inal de boca.
boca. Álcool 14,5%. MSL Álcool 14,5%. MSL

92 ADEGA >> Edição 150


>>

AD 91 pontos AD 92 pontos AD 90 pontos


FAZZOLETTO BARBERA FIGURE LIBRE FINCA LA FLORENCIA
PASSITO 2016 CABERNET FRANC 2009 MALBEC 2015
Araldica, Piemonte, Domaine Gayda, Familia Cassone,
Itália (Decanter R$ Languedoc-Roussillon, Mendoza, Argentina
109). Tinto elaborado França (Vinci US$ (Família Cassone R$
exclusivamente a 70). Inspirado em sua 82). Tinto elaborado
partir de Barbera, com terra natal, o Loire, exclusivamente a
seis meses de estágio o enólogo Vincent partir de uvas Malbec
em barris e tonéis Chansault elabora este advindas de Luján de
de carvalho do leste tinto exclusivamente Cuyo, em Mendoza,
europeu, sendo que a partir de Cabernet com estágio de seis
20% das uvas sofrem Franc, casta pouco meses em barricas
processo de secagem comum no Languedoc, de carvalho francês e
(apassimento) por com fermentação americano. Mantendo
cerca de um mês espontânea (sem o estilo mais clássico
antes da fermentação. adição de leveduras) e “velha escola”
O resultado sente-se e estágio de 15 da casa, nesta safra
no peril de frutas meses em barricas mostra-se mais tenso e
vermelhas e negras de carvalho francês, vibrante, com ameixas
mais maduras, sendo 20% novas. O e amoras maduras
acompanhadas de resultado é um vinho (nunca sobremaduras)
notas lorais, terrosas tenso e vibrante, mas acompanhadas de notas
e de especiarias também com muita lorais, especiadas e
doces. Estruturado e fruta vermelha e de couro. Estruturado
carnudo, tem acidez negra madura. Tem e redondo, tem
vibrante e taninos de refrescante acidez, refrescante acidez,
ótima textura, que taninos de ótima taninos de boa textura
equilibram e sustentam textura e inal cheio e e inal persistente,
toda sua fruta madura persistente, com toques conirmando o nariz.
lembrando ameixa. de graite e de cassis. Álcool 14,5%. EM
Álcool 14%. EM Álcool 14%. EM
AD 91 pontos AD 93 pontos AD 89 pontos AD 89 pontos AD 89 pontos
JÈMA CORVINA LAVARINI AMARONE LFE SELECCIÓN DE FAMILIA MANNARA NERO MARQUÊS DE BORBA
VERONESE 2012 DELLA VALPOLICELLA 2010 GRAN RESERVA CABERNET D’AVOLA 2015 TINTO 2016
Cesari, Vêneto, Itália Lavarini, Vêneto, Itália SAUVIGNON 2015 Barone Montalto, João Portugal Ramos,
(BEV Group R$ 260). (Vinhos do Comendador Luis Felipe Edwards, Sicília, Itália Alentejo, Portugal
Corvina é sinônimo R$ 420). Uma ótima Colchagua, Chile (Grand Cru R$ 64). (Porto a Porto R$ 65).
de Valpolicella (e, por surpresa, este tinto (Pão de Açúcar R$ Tinto elaborado João Portugal Ramos,
extensão, de Amarone), é composto de 70% 83). Tinto elaborado exclusivamente a partir reconhecidamente um
invariavelmente Corvina e Corvinone, exclusivamente a de Nero d’Avola, sem dos melhores enólogos
acompanhada de 25% Rondinella e partir de Cabernet passagem por madeira. de Portugal, elabora
suas ieis escudeiras 5% Molinara, com Sauvignon, com estágio Muito frutado, exprime esse tinto a partir das
Rondinella e Molinara. processo de secagem - entre 10 e 12 meses em a cepa sem adornos, de uvas Alicante Bouschet,
Aqui ela brilha sozinha apassimento - entre três barricas de carvalho forma direta, atraente Aragonês, Trincadeira e
e mostra porque é e quatro meses antes da francês e americano. e fácil de gostar, em Touriga Nacional, com
sempre majoritária fermentação e posterior Mostra ameixas e que os taninos macios estágio em meias-pipas
nesse corte. Com amadurecimento de 30 cassis escoltados por e a acidez na medida usadas de carvalho
um belo rubi escuro meses, sendo 75% em típicas notas de ervas envolvem as ameixas francês. Gostoso
e pequeno halo de botti de 25 hectolitros e e especiarias, além de e amoras, seguidas e descomplicado,
evolução, o Jèma é 25% em barricas novas toques lorais, tostados de notas lorais, mostra profusão de
um vinho sedutor, de carvalho. Denso, e de chocolate. Gostoso terrosas e de ervas. frutas vermelhas
mais elegante do que potente e robusto, de beber, tem acidez Gastronômico do acompanhadas de notas
potente. No nariz, mostra agradáveis aromas refrescante, taninos de início ao im, é difícil lorais, de ervas e de
frutas vermelhas de cerejas e ameixas ótima textura e inal pensar nele longe da especiarias. Redondo
maduras e um pouco maduras permeados cheio e persistente, mesa, melhor ainda e de estrutura média,
de especiarias. Na boca, por notas terrosas, de com toques de cedro e se acompanhando tem taninos macios,
boa acidez, taninos tabaco, de ervas secas baunilha. Álcool 14%. embutidos. Álcool boa acidez e inal
quase sedosos e madeira e de chocolate, que se EM 13,5%. EM convidativo, com
muito bem integrada. É conirmam no palato. toques de cerejas e
um vinho gastronômico Redondo e equilibrado, ameixas. Álcool 14%.
por excelência, que chama atenção pela EM
vai realçar pratos de ótima textura, pela gostosa
massa com molho à acidez e pelo inal muito
base de carnes (ragu de persistente e elegante.
ossobuco, por exemplo). Para os queijos curados.
Álcool 13,5%. GV Álcool 16%. EM

94 ADEGA >> Edição 150


>>

AD 90 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 95 pontos


MURIEL FINCAS DE LA NORTON PRIVADO 2013 PÉREZ CRUZ RESERVA PERICÓ BASALTINO PERTIMALI BRUNELLO
VILLA CRIANZA 2013 Norton, Mendoza, CABERNET SAUVIGNON 2015 PINOT NOIR 2015 DI MONTALCINO 2012
Bodegas Muriel, Argentina (Winebrands Pérez Cruz, Maipo, Pericó, São Joaquim, Pertimali, Toscana,
Rioja, Espanha R$ 204). Antes Chile (Casa Santa Brasil (R$ 130). Itália (Sonoma R$
(Winebrands R$ mesmo de chegar a Luzia R$ 55). Tinto Tinto elaborado 599). Tinto elaborado
111). Tinto elaborado taça, o Privado já se elaborado a partir exclusivamente a exclusivamente a
exclusivamente a partir destaca por sua bela de 94% Cabernet partir de Pinot Noir, partir de Sangiovese,
de uvas Tempranillo, apresentação. Sua Sauvignon, 4% com estágio de 12 com estágio de 36
com estágio de 12 garrafa imponente Carménère e 2% meses em barricas meses em botti
meses em barris de e seu rótulo ino e Cabernet Franc, com de carvalho francês. de carvalho (33
carvalho americano, elegante já mostram estágio de 12 meses em Cativantes aromas de hectolitros) do leste
mais um ano em que são estas últimas barricas de carvalho, morangos escoltados europeu. Mostra
garrafa. Apresenta as características que sendo 60% americano por típicas notas estilo limpo, em
cativantes aromas de podemos esperar do e 40% francês. Sempre terrosas, de ervas que a fruta negra e
cerejas escoltados vinho em si. E de fato muito consistente, secas e de especiarias vermelha madura
por notas lorais, são esses os maiores para ser o vinho de envolvem o nariz aparece com clareza e
terrosas, de couro e de destaques deste intenso entrada da vinícola, e se conirmam no profundidade. Chama
especiarias doces, que vinho. Seu nariz é este Cabernet é um palato. É notável a atenção pelos taninos
se conirmam na boca. marcado por frutas ótimo retrato do Maipo, evolução deste tinto de excelente textura,
Gostoso de beber, tem vermelhas e negras mais precisamente de nos últimos anos, pela acidez vibrante,
refrescante acidez, bem maduras e que Huelquén, com suas tanto em relação a pela tensão do
taninos de grãos inos são acompanhadas notas especiadas e busca por mais frescor conjunto e pelo inal
e inal persistente e por frutas secas, como herbáceas envolvendo quanto pelo uso longo e persistente,
suculento, com toques nozes. Em boca, assim as ameixas, que nessa mais parcimonioso com deliciosos toques
minerais e de frutas como sua dedicada safra mostram um da madeira. terrosos, de cerejas e
vermelhas. Álcool embalagem, é muito peril mais maduro, Deinitivamente, está de especiarias doces.
13,5%. EM elegante mostrando mas com ótima textura muito jovem, mas Está muito bom agora,
corpo concentrado de taninos e gostosa tem estrutura, fruta mas deve icar ainda
e bem balanceado acidez, que trazem de qualidade e acidez melhor nos próximos
por sua ótima acidez. sustentação e vibração para amalgamar o 10 anos. Álcool 14%.
Álcool 14,5%. MSL ao conjunto. Álcool aporte de carvalho. EM
13,5%. EM Dê tempo a ele. Você
não vai se arrepender.
Álcool 12,8%. EM

Edição 150 >> ADEGA 95


AD 91 pontos AD 91 pontos AD 94 pontos AD 92 pontos AD 88 pontos
PODERI ALDO CONTERNO QUINTA DA FALORCA QUINTA DO VALE MEÃO 2013 ROQUETTE & CAZES 2014 SALTON PARADOXO
LANGHE 2014 TINTO 2012 Quinta do Vale Meão, Roquette & Cazes, MERLOT 2014
Giacomo Conterno, Quinta da Falorca, Douro, Portugal Douro, Portugal Salton, Campanha
Piemonte, Itália Dão, Portugal (World (Mistral US$ 250). (Qualimpor R$ 298). Gaúcha, Brasil (R$
(Clarets R$ 265). Wine R$ 120). Tinto Tinto composto de Tinto composto de 57). Tinto elaborado
Tinto composto de composto de 60% Touriga Nacional, uvas Touriga Nacional, exclusivamente a partir
80% Freisa, 10% Touriga Nacional, 15% Tinta Roriz, Touriga Touriga Franca e Tinta de uvas Merlot, com
Cabernet Sauvignon Alfrocheiro, 10% Tinta Franca e outras Roriz, advindas de estágio de seis meses
e 10% Merlot, com Roriz, 10% Jaen e 5% variedades portuguesas, vinhedos com idade em barricas de carvalho
breve estágio em Rufete, com estágio de com estágio de 18 média de 35 anos, francês e americano.
tonéis de carvalho. 50% do vinho durante meses em barricas com estágio de 18 Mostra notas lorais, de
Mostra cerejas e seis meses em barricas de carvalho francês, meses em barricas de ervas e de especiarias
amoras envoltas por de carvalho francês. sendo 60% novas. Nariz carvalho francês 70% doces escoltando os
típicas notas lorais, Mostra aromas de cativante, com frutas novas. Mantendo o aromas de ameixas
terrosas, de tabaco e framboesas, cerejas e negras mais frescas estilo polido e reinado e amoras. De médio
de especiarias doces. amoras seguidos de acompanhadas de notas das edições anteriores, corpo e muito frutado,
Tenso e estruturado, agradáveis notas lorais, lorais e de especiarias. nesta safra mostra frutas tem acidez refrescante,
tem acidez refrescante, terrosas, de ervas Encorpado, mostra vermelhas e negras de taninos macios e inal
taninos de ótima frescas e de especiarias, excelente textura de peril mais fresco, bem persistente, com toques
textura que pedem que se conirmam na taninos, ótima acidez como notas lorais, de minerais e de baunilha.
comida e inal boca. Estruturado, tem e inal profundo e ervas e de especiarias, Álcool 13,5%. EM
persistente com toques bom volume de boca, persistente, com toques que se conirmam na
frutados e minerais. gostosa acidez e taninos minerais e lorais, boca. Tem taninos
Álcool 12,5%. EM de boa textura e inal terminando com cassis de excelente textura,
persistente, com toques e amoras. Um Douro ótima acidez e inal
mentolados e de graite. de estirpe e tipicidade. persistente, com
Álcool 13%. EM Álcool 14%. EM toques de tabaco e de
graite, que trazem
complexidade ao
conjunto. Álcool
14,5%. EM

96 ADEGA >> Edição 150


>>

AD 89 pontos AD 89 pontos AD 93 pontos AD 88 pontos AD 88 pontos


SANTA DIGNA RESERVA SOZO RESERVA VERTICE 2013 VISTAMAR BRISA YELLOW TAIL SHIRAZ 2016
CABERNET SAUVIGNON 2015 PINOT NOIR 2015 Ventisquero, Apalta, CABERNET SAUVIGNON 2015 Casella Family
Torres, Vale Central, Sozo, Campos de Cima Chile (Cantu R$ 300). Viña Vistamar, Brands, South
Chile (Devinum R$ da Serra, Brasil (R$ Tinto composto a partir Vale Central, Chile Eastern Australia,
65). Tinto elaborado 55). Tinto elaborado de 50% Carménère (Grand Cru R$ 44). Austrália (Cantu R$
exclusivamente a exclusivamente a e 50% Syrah, com Tinto elaborado 55). Tinto elaborado
partir de Cabernet partir de uvas Pinot estágio de 20 meses em exclusivamente a partir exclusivamente a partir
Sauvignon, com estágio Noir plantadas a 1.000 barricas de carvalho de Cabernet Sauvignon de Shiraz, com estágio
de seis meses em metros acima do nível francês 40% novas. sem passagem por de quatro meses em
barricas de carvalho do mar na região de Assim como o Pangea, madeira. Num estilo carvalho francês e
francês. As típicas Campos de Cima da este vinho conta descompromissado americano. De boa
notas de ervas e de Serra, com estágio de com a assessoria do e fácil de entender, tipicidade, mostra
especiarias da cepa seis meses em barricas prestigiado enólogo mostra a Cabernet aromas de ameixas e
envolvem os aromas de carvalho francês John Duval e mostra de modo claro, cassis maduros, quase
de ameixas e amoras, de segundo uso. Dê peril mais untuoso e num estilo de frutas em compota, bem
que se conirmam tempo a ele na taça, de fruta negra mais vermelhas mais frescas como notas lorais,
no palato. De boa para que mostre todas madura, com mais escoltadas por notas tostadas e de especiarias
tipicidade, tem acidez as suas notas minerais corpo e potência, mas lorais, herbáceas e de picantes. Encorpado
na medida, taninos que acompanham as com vibrante acidez especiarias. Gostoso e de bom volume de
de boa textura, bom frutas vermelhas de e taninos de grande de beber, tem corpo boca, tem acidez na
volume de boca e inal peril mais maduro. estrutura, que trazem médio, boa acidez, medida, taninos macios
médio/longo, com Os cativantes toques sustentação e certa taninos macios e inal e inal frutado, que
toques lorais e de de cogumelos, de tensão ao conjunto. também médio, com pede a companhia de
couro. Álcool 13,5%. sangue e de ferro Preciso e reinado, tem toques de cerejas e carne vermelha na
EM aportam complexidade inal persistente, com morangos. Álcool 13%. brasa ou de queijos
ao conjunto. Álcool toques de cassis, de EM curados. Álcool 13,5%.
12,5%. EM especiarias e de graite. EM
Álcool 14%. EM

Edição 150 >> ADEGA 97


EVENTOS ||

ALMOÇO CHÂTEAU MINUTY ALMOÇO CHÂTEAU MINUTY ALMOÇO GUASPARI ALMOÇO GUASPARI

AD 90 pontos AD 90 pontos AD 92 pontos AD 91 pontos AD 91 pontos


ZENATO VALPOLICELLA M DE MINUTY ROSÉ 2016 MINUTY PRESTIGE GUASPARI CABERNET GUASPARI VIOGNIER
SUPERIORE 2014 Château de Minuty, ROSÉ 2016 SAUVIGNON CABERNET VISTA DO BOSQUE 2016
Zenato, Vêneto, Provence, França Château de Minuty, FRANC VISTA DA MATA 2015 Guaspari, Espírito
Itália (World Wine (Premium Drinks R$ Provence, França Guaspari, Espírito Santo do Pinhal,
R$ 150). Tradicional 170). Rosé composto (Premium Drinks R$ Santo do Pinhal, Brasil (R$ 158).
empreendimento de Grenache, Cinsault 220). Rosé composto Brasil (R$ 198). Tinto Branco elaborado
familiar fundado e Syrah, sem passagem de Grenache, Cinsault, composto de uvas 70% exclusivamente a
em 1960 por Sergio por madeira. Mostra Tibouren e Syrah, Cabernet Sauvignon e partir de uvas Viognier
Zenato na região do aromas cativantes de sem passagem por 30% Cabernet Franc advindas do vinhedo
Vêneto, elabora esse frutas de caroço e madeira. Mais sério advindas do vinhedo Vista do Bosque,
tinto a partir de 85% cítricas seguidas de e austero, sem perder Vista da Mata, com com fermentação e
Corvina Veronese, notas lorais, herbáceas seu caráter frutado e estágio de 19 meses em estágio de 12 meses
10% Rondinella e e minerais. No palato, refrescante, tem acidez barricas de carvalho em barris de carvalho
5% Sangiovese, com é frutado e refrescante, vibrante, bom volume francês 70% novas. francês de 300 e 600
estágio de 12 meses tem acidez vibrante de boca, ótima textura Ainda jovem, mostra litros, sem malolática.
em barris de carvalho. e inal agradável, e inal persistente e ameixas e amoras Nessa versão, mostra
Mostra aromas de frutas conirmando o nariz. profundo, com toques maduras acompanhadas a tensão e o frescor
vermelhas maduras, Leve e redondo, é fácil cítricos e salinos. Por de típicas notas de encontrados no 2015,
bem como notas de beber e de agradar. ser muito gostoso e ervas e de especiarias, mas com uma dose
minerais, lorais e de Álcool 13%. EM equilibrado, parece além de toques lorais, a mais de volume de
baunilha. É frutado ser menos complexo minerais, tostados e de boca, de cremosidade
e estruturado, tem do que realmente é. chocolate. Equilibrado e de persistência, tudo
acidez gastronômica, Aqui menos é mais. e estruturado, tem num contexto de muita
taninos que pedem Um rosado para mudar acidez refrescante, tipicidade, muita fruta
comida e inal de a ideia daqueles taninos de ótima de caroço e notas
boa persistência, que creem que esse textura e inal lorais e de frutos secos.
conirmando o nariz. estilo é só frescor e persistente e reinado, Álcool 14%. EM
Limpo e sem arestas, é simplicidade. Álcool com toques salinos,
a companhia ideal para 13%. EM que trazem vibração
massas com molhos a e tensão ao conjunto.
base de tomate. Tem Álcool 14%. EM
13,5% de álcool. EM

98 ADEGA >> Edição 150


CLASSIFICADOS • PARA ANUNCIAR, LIGUE 11 3876 8200 • CLASSIFICADOS

CLASSIFICADOS • PARA ANUNCIAR, LIGUE 11 3876 8200 • CLASSIFICADOS


INFORMATIVO
Benefícios para
associados ativos
VINHO + CONHECIMENTO + EXPERIÊNCIA
do Clube ADEGA:

• Recebe gratuitamente a
edição da Revista ADEGA

PRESENTES • Associado ativo no mês


de lançamento recebe
gratuitamente o Guia
E CONVITES Descorchados 2018

O tempo está voando e já chegamos a um dos maiores eventos


• Pré-venda com desconto
que fazemos há anos. Neste mês, lançamos a edição de 20 anos para o lançamento do Guia
do guia DESCORCHADOS. De um livro, tornou-se o maior evento Descorchados 2018
de vinhos da América do Sul realizado no mundo. Neste ano,
convidamos 100 produtores para apresentar seus vinhos, mas os
• Associado ativo no mês
pedidos foram tantos que expandimos para 112, o máximo que
de lançamento recebe
o espaço (que já era 40% maior que o ano passado) comportava.
gratuitamente o Guia ADEGA
E isto é apenas uma das métricas do sucesso deste guia, que de Vinhos do Brasil 2018
sempre esgota todos os exemplares impressos. Também não é à
toa, pois, com meses de provas, milhares de vinhos degustados
• Pré-venda com desconto para
e compilados em mais de 1.200 páginas, o guia, sem dúvida, é
participação no International
a ferramenta mais importante de consulta sobre os vinhos e o
Tasting 2018
cenário vitivinícola sul-americano.
Você que é assinante ativo do Clube ADEGA nesta entrega receberá
• Pré-venda com desconto para
o guia de presente, além de ter sido convidado VIP para participar deste
participação nos jantares com
grande encontro do vinho sul-americano em nosso país.
grandes Chefs Sabor.club
Queremos também antecipar uma novidade que nasce de
uma sugestão de nossos associados. Lançaremos, no próximo
mês, uma nova categoria, a “Black”, contendo dois grandes vinhos • Desconto na compra de
que merecem ser conhecidos hoje, mas com grande potencial de ingressos para o Encontro de
Vinhos em 2018
guarda, sejam eles tintos, brancos ou espumantes. A mensalidade
da categoria Black será de R$ 750,00 + frete e, a exemplo do
Platinum, terá um número limitado de participantes. Informamos • Até 25% de desconto no site
isso antes do lançamento, pois abriremos as inscrições desta da importadora Mistral
categoria primeiro para quem já é associado do clube e só depois
para novos integrantes. • Até 20% de desconto no site
Por favor, continuem compartilhando conosco seus desejos, da importadora Winebrands
críticas e sugestões para pautar os desenvolvimentos e benefícios
que norteiam este clube, que é de todos nós. • 10% de desconto em
produtos gastronômicos e
Saúde, vinhos no site Loja.Sabor.
Club
Christian Burgos e Eduardo Milan
BE ADEG
LU A
C

A LISA 2012
Bodega Noemía / Vinci (R$ 175)
REGIÃO/PAÍS: Patagônia, Argentina
AD
Tinto composto de 90% Malbec, 9% Merlot
e 1% Petit Verdot, fermentado somente com 92
pts
No Platinum deste mês, trazemos uma
leveduras indígenas e posterior estágio de mistura de inovação e tradição. Da Itália,
nove meses de 25% do vinho em barricas AD na Toscana, vem um Chianti Classico Ri-
de carvalho francês de terceiro e quarto
usos, 30% em tanques de cimento e o
92
pts
serva, com a assinatura da família Antinori,
que dispensa apresentações. Da Espanha,
restante em tanques de aço inoxidável.
escolhemos o Valdehermoso Crianza, da
Sempre consistente, é uma delícia de
suco de ameixa e amoras acompanhado Bodega Valderiz, um dos produtores mais
ORCHAD
SC
de notas florais, especiadas e minerais. comentados no momento na região de

OS
DE
'UVTWVWTCFQGTGƒPCFQVGOVGZVWTCUGFQUC 93pts
Ribera del Duero. Cruzando o Atlânti-
TGHTGUECPVGCEKFG\GƒPCNRGTUKUVGPVG co, fomos até a Patagônia para trazer o A
aliando intensidade com volume de boca. AD Lisa Malbec, elaborado por Hans Vinding
Seguramente, um dos melhores exemplos
do que a Patagônia é capaz de produzir.
92pts
Diers, um dos enólogos mais talentosos e
que mais conhece essa região do sul da
Álcool 13,5%. EM
Argentina.

VALDEHERMOSO CRIANZA 2013


Bodegas y Viñedos Valderiz /
World Wine (R$ 174)
REGIÃO/PAÍS: Ribera del Duero, Espanha

Tinto 100% Tempranillo, com estágio de 18


meses em barricas de carvalho 30% novas,
sendo 80% francês e 20% americano.
Mostra agradáveis notas de ervas frescas
que acompanham os aromas de ameixas
GCOQTCUSWGUGEQPƒTOCOPCDQEC0WO
estilo mais frutado e cheio, porém com CONDESSA
textura de taninos, acidez refrescante e Tradicional produtora de vinhos na região
ƒPCNEQOVQSWGUUCNKPQUSWGEQPHGTGOWO
de Montalcino, na Itália, a condessa Noemi
RGTƒNOCKUCWUVGTQGVGPUQCQXKPJQǩNEQQN
14,5%. EM Marone Cinzano escolheu a Patagônia como
lar e também para produzir os vinhos de seu
projeto na Argentina, a Bodega Noemía.
VILLA ANTINORI CHIANTI
CLASSICO RISERVA 2013
Antinori / Winebrands (R$ 252)
REGIÃO/PAÍS: Toscana, Itália

SUSTENTABILIDADE
Quando falamos de Antinori, quase que
automaticamente pensamos em vinhos
Originalmente propriedade
de grande qualidade e, neste rótulo, ele de uma família de
comprova que sua fama não é à toa. Um produtores de uvas, a
belíssimo Chianti Riserva que mostra que Bodegas y Viñedos Valderiz
a Sangiovese, quando bem trabalhada, é uma das precursoras da
produz vinhos memoráveis. Em boca, agricultura biológica e
combina de maneira primorosa acidez sustentável na região de
vibrante, com taninos marcantes, porém Ribera del Duero.
RQNKFQUGOWOCVGZVWTCƒPCGGNGICPVG
Álcool 13,5%. MSL
GRAN
GOLD
DESTAQUE
Marlborough é a
principal e mais extensa
região vitivinícola da Nova AD

No Grand Gold desse mês elegemos


Zelândia, contando com mais de
20 mil hectares de vinhedos, o que
91
pts AD

tintos de renome, mas ainda pouco corresponde a aproximadamente 90


pts
conhecidos por aqui. Começamos nos- dois terços do total plantado RP
sa viagem na Nova Zelândia, de onde
vem o The Crossings, um Pinot Noir
naquele país. 91
pts

cheio de tipicidade e de fruta verme- AD


lha fresca. Da pouco conhecida região
de Valência, na Espanha, pinçamos o
91
pts

DOS, um blend de Cabernet Sauvig-


non, Cabernet Franc e Monastrell,
elaborado por Rafael Cambra, um dos
enólogos mais respeitados da região.
Por im, do Vêneto, na Itália, elegemos
o Capitel della Crosara, um Valpolicel-
la Ripasso de estirpe, com toda quali-
dade e vocação gastronômica dos bons
tintos produzidos por ali.

RIPASSO
O método “ripasso” consiste em
adicionar as cascas das uvas secas
fermentadas para fazer o tradicional
Amarone ao mosto para fermentarem
novamente, aportando assim mais
corpo, estrutura e complexidade ao
vinho se comparado ao Valpolicella
tradicional.

CAPITEL DELLA CROSARA


RAFAEL CAMBRA DOS 2014 THE CROSSINGS PINOT NOIR 2015
Rafael Cambra / Grand Cru (R$ 109) The Crossings / Domno (R$ 126) VALPOLICELLA RIPASSO 2015
REGIÃO/PAÍS: Valência, Espanha REGIÃO/PAÍS: Montresor / Cantu (R$ 116)
Marlborough, Nova Zelândia REGIÃO/PAÍS: Vêneto, Itália
Tinto composto de 35% Cabernet
O nome deste vinho é uma referência
Sauvignon, 35% Cabernet Franc e Tinto elaborado exclusivamente a partir
ao método “ripasso” usado em sua
30% Monastrell, com fermentação de Pinot Noir, com estágio de sete
elaboração. Esse processo dá mais corpo,
espontânea e estágio de oito meses meses em barricas de carvalho francês
estrutura e complexidade ao Valpolicella
em barris usados de carvalho francês. 20% novas. Cativante e sedutor, mostra
Mantendo o estilo vivaz e puro da RGTƒN FG OQTCPIQU G EGTGLCU OCFWTCU tradicional. O resultado é este tinto
casa, esbanja frutas vermelhas seguidas de notas florais, terrosas e de encorpado e suculento, elaborado a partir
maduras acompanhadas de notas ervas, típicas da variedade. Estruturado, de Corvina e Rondinella. Complexo no nariz,
florais, de ervas e de especiarias. Num tem bom volume de boca, refrescante mostra aromas de frutas maduras e em
estilo mais austero e gastronômico, CEKFG\ VCPKPQU OCEKQU G ƒPCN RGTUKUVGPVG compota, acompanhados de notas florais,
tem acidez refrescante, taninos de e agradável, com toques minerais e de especiarias doces, de frutos secos e de
ȕVKOC VGZVWTC G ƒPCN RGTUKUVGPVG especiados. Álcool 14%. EM EJQEQNCVGCOCTIQSWGUGEQPƒTOCOPC
com toques minerais, de cedro e de boca. Companhia ideal para queijos duros
amoras. Álcool 14%. EM como o parmesão. Álcool 14%. EM
GOLD
CEFIRO RESERVA CARMÉNÈRE 2016
Viña Casablanca / Porto a Porto (R$ 72)
REGIÃO/PAÍS: Rapel, Chile
Tinto 100% Carménère, com estágio entre oito e 10 meses em barricas
de carvalho, sendo 40% novas. Puro suco de ameixas e amoras
acompanhadas de notas florais, de ervas frescas e de especiarias
RKECPVGUVWFQPWOEQPVGZVQFGCEKFG\TGHTGUECPVGVCPKPQUOCEKQUGƒPCN O Gold deste mês reúne tintos de três
muito frutado. Álcool 14%. EM continentes. Da Oceania vem o aus-
traliano Heartland Spice Trader, um
blend de Shiraz e Cabernet cheio de
CENTINE ROSSO 2015 personalidade. Na Europa, conse-
%CUVGNNQ$CPƒ9QTNF9KPG
4) guimos selecionar o italiano Centine
REGIÃO/PAÍS: Toscana, Itália Rosso, um blend tipicamente toscano,
Tinto composto de 60% Sangiovese, 20% Merlot e 20% Cabernet com a assinatura do Castello Bani,
Sauvignon, com breve passagem em barricas de carvalho francês. um dos produtores mais conceituados
Mantendo o estilo mais polido, redondo e de fruta vermelha mais madura da região. Da América Sul, trazemos
FCECUCVGODQCCEKFG\VCPKPQUUGFQUQUOȌFKQEQTRQGƒPCNCITCFȄXGN o chileno Ceiro, um Carménère de
e suculento, com toques especiados, terrosos e de ameixas. Para as
clima mais frio, que vai conquistar até
massas ao molho de carne. Álcool 13,5%. EM
aqueles que torcem o nariz para essa
cepa.
HEARTLAND SPICE TRADER 2014
Heartland Wines / Grand Cru (R$ 79)
REGIÃO/PAÍS: Langhorne Creek, Austrália
Tinto composto por 52% Shiraz e 48% Cabernet Sauvignon, com 12 meses AD
de estágio em barricas de carvalho. Cativantes aromas mentolados e de
GWECNKRVQGPXQNXGOCUHTWVCUXGTOGNJCUGPGITCUFGRGTƒNOCKUOCFWTQ 90
pts
Estruturado e muito frutado, tem acidez refrescante e taninos de boa
VGZVWTCSWGVTC\GOGSWKNȐDTKQCQEQPLWPVQ6GOƒPCNRGTUKUVGPVGEQO
toques especiados e de cassis. Álcool 14,5%. EM

AD
AMÉRICA!
Reputado por seus 90
pts
AD

Brunello di Montalcino, 90
pts
o Castello Bani foi
fundado em 1978 pelos
irmãos ítalo-americanos
John and Harry
Mariani.

REDESCOBERTA
Muito cultivada em Bordeaux no
início do século XIX, a Carménère
foi dizimada pela iloxera. Julgada
extinta, foi redescoberta em 1994,
no Chile, pelo ampelógrafo francês
Jean-Michel Boursiquot, onde era,
até então, confundida com a Merlot.
SILVER
ALTAS CUMBRES CABERNET SAUVIGNON 2015
Lagarde / Devinum (R$ 57)
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina

Uma das mais tradicionais vinícolas da Argentina, a Lagarde foi fundada em 1897
e elabora este tinto exclusivamente a partir de uvas Cabernet Sauvignon, com
passagem de 30% do vinho em barricas de carvalho francês e americano entre três
O time Silver é composto neste mês de e cinco meses. Redondo, frutado, suculento e de boa tipicidade, mostra as notas de
verdadeiros achados, que além de mos- ervas e de especiarias típicas da casta envolvendo as frutas negras, como amoras
trarem ótima relação qualidade-preço, GCOGKZCU6GOCEKFG\PCOGFKFCVCPKPQUFGDQCVGZVWTCGƒPCNOȌFKQNQPIQ
têm a virtude de serem versáteis na hora EQPƒTOCPFQQPCTK\ǩNEQQN'/
da harmonização. De Mendoza, vem
o Altas Cumbres, um Cabernet Sau-
APICE CARMÉNÈRE 2016
vignon surpreendente, para comprovar Viña del Triunfo / Vinci (R$ 55)
de uma vez por todas que a Argentina REGIÃO/PAÍS: Vale Central, Chile
não é só Malbec. Cruzando os Andes,
elegemos o Apice Carménère, um dos Tinto 100% Carménère, sem passagem por madeira. Típico aroma vegetal, que lembra
destaques da grande degustação de tin- pimentão assado com frutas vermelhas e negras maduras. Na boca, faz bonito,
tos dessa casta realizada por ADEGA. Já apresenta bom corpo, com textura de taninos delicada e macia. Tem boa persistência
e muita fruta. Despretensioso e muito bem feito, tem notas herbáceas, acidez viva e
da Espanha, escolhemos o Ave de Pre-
bastante frescor. Álcool 13%. JPG
sa, um Tempranillo de dicionário, ideal
para acompanhar aquela mesa de frios
rodeada de amigos. AVE DE PRESA COLECCIÓN TEMPRANILLO 2016
Bodega Celaya / Winebrands (R$ 39)
REGIÃO/PAÍS: Castilla-La Mancha, Espanha

Tinto elaborado exclusivamente a partir de Tempranillo, sem passagem por


madeira. Cheio de fruta no nariz. Groselha, cereja, cassis e uma nota floral de violeta
AD
aparecendo entremeada. Na boca, tem corpo médio, taninos e acidez que conversam
89pts bem. Enquanto um tenta secar a boca, o outro aparece dando frescor e suculência,
pedindo mais um gole. Direto e com bom equilíbrio, tem sabor frutado e boa
persistência. Álcool 12%. BD

AD AD

89
pts
88 pts DO SÉCULO XIX
Uma das mais tradicionais vinícolas
da Argentina, a Lagarde foi fundada
em 1897 e adquirida em 1969 pela
família Pescarmona.

A MAIOR DO MUNDO
A região de Castilla-La Mancha, no
platô central da Espanha, abriga
a DO La Mancha, que conta com
mais de 164.000 hectares de vinhedos
plantados e, além de ser a maior deno-
minação de origem do país, é a maior
área vitivinícola contínua do mundo,
abrangendo 182 municípios.
BRANCO
AD

TREJ AMIS ROERO ARNEIS 2015


90
pts

Franco Francesco / Vind’ame (R$ 129)


AD
REGIÃO/PAÍS: Piemonte, Itália AD

89 89
pts Neste mês trazemos diferentes estilos
Branco elaborado exclusivamente a pts
de brancos, variando entre o fresco e
partir de Arneis, com estágio de três
meses em barricas de carvalho francês.
o aromático até o mais estruturado e
Mostra frutas brancas e de caroço encorpado. Do Piemonte, na Itália,
maduras acompanhadas de notas escolhemos o Trej Amis, da pouco co-
florais, herbáceas e de especiarias doces, nhecida casta Arneis, com passagem
SWGUGEQPƒTOCOPQRCNCVQ6GODQO por madeira e ideal para acompanhar
volume de boca e certa cremosidade, peixes mais gordurosos ou carnes de
bem equilibradas por sua refrescante porco. Do Chile, vem o Annie Spe-
CEKFG\GIQUVQUCVGZVWTC5GWƒPCNȌ cial Reserve, um Sauvignon Blanc de
persistente, com toques cítricos, salinos e carteirinha, perfeito para acompanhar
de camomila. Álcool 13,5%. EM frutos do mar em geral. Terminamos
nossa viagem na Argentina, onde se-
lecionamos o Finca Angel Torrontés,
ANNIE SPECIAL RESERVE
SAUVIGNON BLANC 2016 um branco de aromas cativantes e se-
Bodegas y Viñedos De Aguirre / dutores, aposta certeira para acompa-
Obra Prima (R$ 70) nhar pratos da culinária oriental.
REGIÃO/PAÍS: Vale Central, Chile

Branco elaborado exclusivamente a partir


de Sauvignon Blanc, com passagem de
quatro meses em barricas de carvalho
francês. Apresenta aromas de pêssego
doce, que suavizam seus toques de PARA CONHECER
grama fresca cortada. Mostra boa A casta Arneis é originária
persistência e um leve dulçor de fruta do Piemonte, onde é muito
madura, bem equilibrado por sua acidez
cultivada nas zonas de
refrescante. Álcool 13,5%. CM
Langue e Roero.

FINCA ANGEL TORRONTÉS 2016


Mauricio Lorca / Viníssimo (R$ 84)
REGIÃO/PAÍS: La Rioja, Argentina

O enólogo Mauricio Lorca iniciou seu


próprio empreendimento em 1999 e ECLÉTICA
elabora este branco exclusivamente
Famosa por seus vinhos
a partir de uvas Torrontés advindas
do vale Famatina, em La Rioja, sem elaborados na região de
passagem por madeira. Apresenta Sancerre, na França, a
cor amarelo-palha de reflexos Sauvignon Blanc adaptou-
esverdeados e aromas exuberantes se muito bem no Chile,
de frutas brancas e cítricas maduras, onde vem produzindo
seguidos de notas florais e minerais. atualmente alguns dos
Frutado e untuoso, tem bom volume
melhores exemplares da cepa
FGDQECGƒPCNOȌFKQNQPIQSWGRGFG
aperitivos e pescados em geral. Álcool disponíveis no mercado.
13%. EM

LEIA MAIS SOBRE OS VINHOS DO MÊS EM NOSSO SITE


WWW.CLUBEADEGA.COM.BR
A uva tem suas raízes no
chão; o vinho voa Fischel Báril, enófilo

“O vinho é um universo
ininito a ser explorado”
Fernando José Cantele, enófilo

“As pessoas precisam entender


que uma taça de vinho não é
“Colhemos uvas baseados
apenas vinho, é amizade”
no sabor, sabor, sabor. Louis de Funès, ator
Então integramos um
número diferente de fatores,
incluindo equilíbrio,
potencial alcoólico, logística,
calendário biodinâmico,
procurando por esses
complicados ‘dias de fruta’”
Randall Grahm, enólogo biodinâmico

“A divergência entre
religiões, culturas e opiniões
nos separa, enquanto que os
“O vinho conversa com todos poderes espirituais do vinho
os nossos sentidos” nos unem”
Mary Lou Posch, enófila Wine Ponder, blog de vinho

Вам также может понравиться