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Sugestões e Respostas 58
3 Funções Contı́nuas 95
3.1 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
3.1.15 Propriedades dos Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
3.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Índice 293
Índice 443
8
Os Teoremas
de
Green, Stokes e Gauss
por
A. Carlos & J. Adonai
8.1
Campos Vetoriais
8.1.1
Definição Um campo vetorial é uma função vetorial do tipo
F : D ⊂ Rn −− − Rn
−→
−
X −−−−−→ F (X) = (F1 (X), F2 (X), . . . , Fn (X)),
359
360 Campos Vetoriais
8.1.3
Exemplo O campo de vetores F : D ⊂ Rn −→ Rn , definido por F (X) = X é o campo de
vetores identidade. Em cada ponto X ∈ Rn , localizamos o representante do vetor
X. Em outras palavras: marcamos o ponto X e consideramos o segmento orientado OX, o qual
é localizado em X. A figura a seguir ilustra este fato em R2 .
y
F (X)
8.1.4
Exemplo O campo de vetores F : D ⊂ R2 −→ R2 , definido por F (x, y) = (−y, x) tem pro-
priedades que facilitam o seu esboço. Note inicialmente que kF (x, y)k = k(x, y)k.
Também temos que F (X) · X = (−y, x) · (x, y) = 0, o que mostra que o vetor F (X) é perpen-
dicular a X e tem o mesmo comprimento de X. Portanto, dado X ∈ R2 , F (X) é um vetor
tangente ao cı́rculo de centro O e de raio kXk.
(−y, x)
X = (x, y)
Figura 143
(x, y, z) x y z
E(x, y, z) = k 3 = k(
p , p , p ),
k(x, y, z)k ( x + y + z ) ( x + y + z ) ( x + y 2 + z 2 )3
2 2 2 3 2 2 2 3 2
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 361
F : D ⊂ Rn −−− Rn
−→
−
∂f ∂f ∂f
X −−−−−→ F (X) = grad f (X) = ∇f (X) = ( (X), (X), . . . , (X))
∂x1 ∂x2 ∂xn
é chamado campo gradiente de f . Neste caso, dizemos, também, que f é um potencial de F .
8.1.7
Exemplo Considere o campo de vetores em R3 dado por F (x, y, z) = (2x, 2y, 2z). Temos
que F é um campo gradiente. De fato, basta tomar f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 , que,
claramente, é um potencial de F .
8.1.8
Exemplo Seja F (x, y) = (ey , x ey ), (x, y) ∈ R2 . Vamos verificar que F é um campo gradi-
ente. Com efeito, se f é tal que grad f = ( ∂f , ∂f ) = F , então ∂f
∂x ∂y ∂x
= ey e ∂f
∂y
= x ey .
Integrando a primeira equação com relação a x, vem que f (x, y) = x ey +g(y), onde g só depende
de y. Isto implica que ∂f
∂y
= x ey +g 0 (y) = x ey . Logo, g 0 (y) = 0 e, portanto, g deve ser constante.
Assim, f existe e tem a forma f (x, y) = x ey +c.
8.1.9
Exemplo Considere o campo de vetores em R2 dado por F (x, y) = (2x + y, 2y). Seria F
um campo gradiente? Para responder a esta pergunta, vamos supor que exista f
tal que ∇f = (fx , fy ) = (2x + y, 2y). Logo, fx = 2x + y, fy = 2y. Integrando fx com relação
a x, obtemos que f (x, y) = x2 + yx + g(y), onde g depende apenas de y. Isto implica que
fy = x + gy . Como, também, fy = 2y, obtemos que gy = 2y − x que depende também de x.
Isto é um absurdo. Portanto, F não é um campo gradiente. Uma outra maneira de ver isto é
observar que se fx = 2x + y e fy = 2y, então fxy = 1 e fyx = 0, o que é impossı́vel, visto que
fxy deve ser igual a fyx , de acordo com o teorema 4.2.10.
Para decidir se um campo vetorial é ou não um campo gradiente, dispomos do seguinte
resultado.
8.1.10
Proposição Se F : D ⊂ Rn −→ Rn , F = (F1 , F2 , . . . , Fn ), é um campo gradiente de classe
C 1 , então JF (X) é uma matriz simétrica.
362 Campos Vetoriais
8.1.11
Corolário Se F : D ⊂ R2 −→ R2 , F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)), é um campo gradiente de
∂Q ∂P
classe C 1 , então ∂x
− ∂y
= 0 em D.
Demonstração: De acordo com a proposição 8.1.10, temos que
!
∂P ∂P
∂x ∂y
JF = ∂Q ∂Q
∂x ∂y
Dado o campo vetorial F : D ⊂ R2 −→ R2 , F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)), a função real
∂Q
∂x
− ∂P
∂y
que, como veremos, desempenha papel importante no Cálculo, recebe um nome especial,
a saber: rotacional de F e é indicado por rot F . Na verdade, podemos definir o rotacional de
um campo em R3 , como vemos a seguir.
8.1.12 [Rotacional]
Definição Seja F : D ⊂ R3 −→ R3 um campo vetorial em R3 definido por
F (x, y, z) = (P (x, y, z), Q(x, y, z), R(x, y, z)). O rotacional de F ,
indicado por rot F , ou por ∇ × F , é o campo vetorial em R3 dado por
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
rot F (X) = (∇ × F )(X) = ( (X) − (X), (X) − (X), (X) − (X))
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
onde X = (x, y, z) ∈ D.
Agora, temos outro corolário da proposição 8.1.10, análogo ao corolário 8.1.11 e que o
contém como caso particular, agora envolvendo o rotacional.
8.1.13
Corolário Se F : D ⊂ R3 −→ R3 é um campo gradiente de classe C 1 , então o seu rota-
cional é nulo em D, isto é, rot F (X) = (0, 0, 0), para todo X ∈ D.
Demonstração: Suponhamos que F = (P, Q, R). De acordo com a proposição 8.1.10,
temos que
∂P ∂P ∂P
∂x ∂y ∂z
JF =
∂Q ∂Q ∂Q
∂x ∂y ∂z
∂R ∂R ∂R
∂x ∂y ∂z
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
é simétrica. Isto implica que ∂y
= ∂z
, ∂z = ∂x
e ∂x
= ∂y
. Portanto, rot F é nulo em D, como
querı́amos. pppppppppppppppppppppp
Observação Como veremos no exemplo 8.3.8, a recı́proca da proposição 8.1.10, ou dos seus
corolários, não é verdadeira, em geral. Entretanto, se impomos a D, o domı́nio
de F , uma condição especial (por exemplo, se D é convexo), ela fica verdadeira (veja o teo-
rema 8.3.12).
8.1.14
Exemplo Usando as idéias acima, vamos estudar o campo de vetores em R2 definido por
F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)), onde P (x, y) = ex sen y + y e Q(x, y) = ex cos y + x.
Temos que rot F = ∂Q ∂x
− ∂P
∂y
= ex cos y + 1 − (ex cos y + 1) = 0. Logo, de acordo com a observação
anterior, F deve ser um campo gradiente. Vamos achar os potenciais de F . Se f é um tal
potencial, então ∂f
∂x
= ex sen y + y e ∂f ∂y
= ex cos y + x. Integrando ∂f ∂x
com relação x, obtemos
x ∂f x 0
que f (x, y) = e sen y + xy + g(y). Donde ∂y = e cos y + x + g (y). Por outro lado, temos que
∂f
∂y
= ex cos y + x. Logo, g 0 (y) = 0, o que implica que f (x, y) = ex sen y + xy + c.
8.1.15 2
Exemplo Seja F o campo dado por F (x, y, z) = (xy, x2 + 1, z 2 ). A matriz jacobiana de F é
y x 0
JF (x, y, z) = x 0 0 ,
0 0 2z
que é simétrica. É claro que rot F = ∇ × F = (0, 0, 0). Logo, F deve ser um campo gradiente,
de acordo com a observação acima. Entretanto, como não dispomos, ainda, do teorema que
garante isto, vamos procurar um potencial para F, digamos f , isto é, vamos resolver o sistema:
∂f (x,y,z)
∂x
= xy
∂f (x,y,z) 2
∂y
= x2 + 1 . (¶1 )
∂f (x,y,z)
2
∂z
=z
364 Integrais de Linha
2
Integrando a primeira equação de (¶1 ), obtemos que f (x, y, z) = x2y + g(y, z), para alguma g
2
que depende apenas de y e z. Portanto, ∂f (x,y,z)
∂y
= x2 + ∂g(y,z)
∂y
, o que, confrontado com a segunda
∂g(y,z)
equação do sistema, dá que ∂y
= 1. Logo, g(y, z) = y + h(z), para alguma h que só depende
x2 y
de z. Assim, f (x, y, z) = 2 +y +h(z), o que implica ∂f (x,y,z)
∂z
= h0 (z) = z 2 . Finalmente, obtemos
2 3
f (x, y, z) = x2y + y + z3 onde c é uma constante. É claro que ∇f = F.
8.1.16 2
Exemplo Seja F o campo dado por F (x, y, z) = (xy + z, x2 + 1, y + z). A matriz jacobiana
de F é
y x 1
JF (x, y, z) = x 0 0 ,
0 1 1
que não é uma matriz simétrica. Alternativamente, temos que
∇ × F = (1 − 0, 0 + 1, x − x) = (1, 1, 0) 6= (0, 0, 0).
Logo, F não admite potenciais. Em outras palavras, o problema de achar f tal que ∇F = F
não tem solução.
8.2
Integrais de Linha
A noção de integral de linha é motivada pelo noção de trabalho que temos da Fı́sica. Dada
uma força constante F , o trabalho realizado por F para deslocar uma partı́cula de A até B, ao
longo de um segmento de reta que liga estes
pontos, é definido por F (α(t1 )) F (α(tn−1 ))
F (B)
W (F, A, B) = F · (B − A). α(tn−1 )
F (A)
A noção de trabalho realizado por um campo
vetorial qualquer F para deslocar uma partı́- α(t1 ) α(b) = B
cula de A até B, ao longo de uma curva γ li-
gando estes pontos é feita assim: parametriza- α(t2 )
mos γ com α : [a, b] −→ R3 , tal que α(a) = A α(a) = A
e α(b) = B, e em seguida construı́mos uma Figura 145
partição de [a, b]:
a linha poligonal determinada por P, conforme figura 145. Se escolhemos P suficientemente fina,
podemos supor F constante ao longo de cada segmento de lP e, portanto, o trabalho realizado
por F aı́ pode ser aproximado por
onde ti−1 ≤ ci ≤ ti , 1 ≤ i ≤ n, já que estamos supondo P suficientemente fina. Note que, para
cada 1 ≤ i ≤ n, estamos aproximando F (α(ti−1 )) · (α(ti ) − α(ti−1 )) por F (α(ti−1 )) · α0 (ci ), o
que é razoável de acordo com a desigualdade do valor médio (veja o teorema 2.2.11) aplicada
a α em [ti−1 , ti ]. Observando que este último somatório é uma soma de Riemann da função
f (t) = F (α(t)) · α0 (t), t ∈ [a, b], é natural definir o trabalho realizado por F para deslocar uma
partı́cula de A até B, ao longo de γ, como sendo
Z b
W (F, γ) = F (α(t)) · α0 (t) dt,
a
que é o limite das somas de Riemann construı́das (neste ponto, sugerimos o leitor olhar (¶3 ) na
página 284).
Antes da definição de integral de linha, vamos introduzir a noção de contorno, que signi-
ficará uma curva parametrizada de classe C 1 por partes (veja a definição 7.2.14, página 292).
8.2.1
Definição Uma curva parametrizada de classe C 1 por partes, α : [a, b] −→ Rn , será cha-
mada de contorno. Isto significa que existe uma partição de I, a0 = a < a1 <
. . . < am−1 < am = b, tal que
8.2.2
Exemplo As curvas parametrizadas de classe C 1 , α : [a, b] −→ Rn , são contornos.
366 Integrais de Linha
8.2.3
Exemplo Dados 3 pontos em Rn , A, B e C, consideremos o triângulo que liga estes pontos,
nesta ordem, dado por
Agora, defina
α : [0, 3] −−− Rn
−→
−
A + t(B − A), t ∈ [0, 1]
t −−−−−→ α(t) = B + (t − 1)(C − B), t ∈ [1, 2]
C + (t − 2)(A − C), t ∈ [2, 3].
Logo, γ é um contorno representado por α. Observe que α é, de fato, C 1 por partes, posto que
e os limites laterais em 0, 1, 2, 3 existem. Mais geralmente, note que qualquer linha poligonal
pode ser olhada como traço de um contorno.
Quando olharmos para F como um campo de forças, a integral de linha de F sobre α será
chamada trabalho realizado por F para deslocar uma partı́cula ao longo de γ, de A = α(a) a
B = α(b).
8.2.5
Exemplo Seja γ o arco de parábola parametrizado por α(t) = (t, t2 ), t ∈ [0, 1]. Se
F : R2 −→ R2 é o campo vetorial definido por F (x, y) = (x + y 2 , xy), (x, y) ∈ R2 ,
então α0 (t) = (1, 2t), F (α(t)) = (t + t4 , t3 ) e F (α(t)) · α0 (t) = t + 3t4 . Logo,
Z Z Z 1
F · dX = F · dX = F (α(t)) · α0 (t) dt
α γ 0
Z 1
11
t + t4 , t3 · (1, 2t) dt = .
=
0 10
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 367
8.2.6
y x 2
Exemplo Sejam F (x, y) = (− x2 +y 2 , x2 +y 2 ) o campo vetorial definido em R − {(0, 0)} e γ o
cı́rculo de raio r > 0 parametrizado por α(t) = (r cos t, r sen t), t ∈ [0, 2π]. Temos
que α (t) = (−r sen t, r cos t), F (α(t)) = (− sen t, cos t) e F (α(t)) · α0 (t) = 1. Logo,
0
Z Z Z 2π Z 2π
0
F · dX = F · dX = F (α(t)) · α (t) dt = dt = 2π.
α γ 0 0
Agora, como os pontos X = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ D que estão sobre γ, γ = tr α, são dados por
x1 = α1 (t), x2 = α2 (t), . . ., xn = αn (t), podemos escrever
dx1 = α10 (t) dt, dx2 = α20 (t) dt, . . . , dxn = αn0 (t) dt,
Pronto! Temos uma outra notação para representar a integral de linha de F sobre α, a saber:
Z
F1 dx1 +F1 dx1 + · · · + Fn dxn .
α
Portanto,
Z Z Z Z
F · dX, F · dX, F1 dx1 +F1 dx1 + · · · + Fn dxn , F1 dx1 +F1 dx1 + · · · + Fn dxn
α γ α γ
368 Integrais de Linha
Temos dois casos particulares da segunda notação: se F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)) é um campo
em D ⊂ R2 e α : [a, b] −→ R2 é um contorno em D, então
Z Z
F · dX = P dx +Q dy .
α α
Agora, se F (x, y, z) = (P (x, y, z), Q(x, y, z), R(x, y, z)) é um campo em D ⊂ R3 e α : [a, b] −→ R3
é um contorno em D, então
Z Z
F · dX = P dx +Q dy +R dz .
α α
8.2.7
Exemplo Se F (x, y, z) = (−yz, x + y, x2 + y) é o campo vetorial em R3 e γ o traço da
curva parametrizada α(t) = (t, t2 , t3 ), t ∈ [−1, 1]. Temos que α0 (t) = (1, 2t, 3t2 ),
F (α(t)) = (−t5 , t + t2 , 2t2 ) e F (α(t)) · α0 (t) = −t5 + 2 (t + t2 ) t + 6t4 . Logo,
Z Z 1
2 56
(−t5 + 2 t + t2 t + 6t4 ) dt =
−yz dx +(x + y) dy +(x + y) dz = .
α −1 15
8.2.8
Exemplo Seja F : D ⊂ Rn −→ Rn um campo vetorial contı́nuo qualquer. Dados A, B ∈ Rn ,
seja γ = [A, B] o segmento de reta ligando A a B. Temos que α(t) = A+t(B −A),
0 ≤ t ≤ 1, parametriza γ (veja o exemplo 1.3.2). Logo, α0 (t) = B − A e, portanto,
Z Z 1
F · dX = F (A + t(B − A)) · (B − A) dt .
γ 0
8.2.9
Definição Uma curva parametrizada α : [a, b] −→ Rn é dita fechada se α(a) = α(b). Um
contorno representado por uma curva parametrizada fechada será dito fechado.
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 369
8.2.10
Definição Uma curva parametrizada α : [a, b] −→ Rn é dita simples se ela é injetiva e não
é fechada, ou é fechada e sua restrição ao intervalo [a, b) é injetiva. Um contorno
representado por uma curva parametrizada simples será dito simples.
8.2.11
Exemplo O cı́rculo α(t) = (cos t, sen t), 0 ≤ t ≤ 2π, é um contorno simples e fechado.
8.2.12
Exemplo Seja γ o quadrado de vértices (0, 0), (1, 0), (1, 1), e (0, 1), o qual pode ser para-
metrizado por
(t, 0), se t ∈ [0, 1] y
(1, t − 1), se t ∈ [1, 2]
6
α(t) =
(3 − t, 1) , se t ∈ [2, 3] γ = γ1 ∪ γ2 ∪ γ3 ∪ γ4
(0, 4 − t) , se t ∈ [3, 4].
γ3
(0, 1) q q (1, 1)
Temos que
γ4 γ2
q
(1, 0), se t ∈ [0, 1] -
γ1 x
(1, 0)
(0, 1), se t ∈ (1, 2]
α0 (t) =
(−1, 0) , se t ∈ (2, 3] Figura 146
(0, −1) , se t ∈ (3, 4].
Logo, α é um contorno fechado, e podemos calcular integrais de linha sobre ele. Vamos calcular
a integral de F (x, y) = (2xy, x2 ), (x, y) ∈ R2 , sobre α, que parametriza γ. Para isto observamos
que γ é a união de quatro segmentos de retas, a saber:
Temos que,
1
Z Z Z
· dX= (2xy, x2 ) · dX 0, t2 · (1, 0) dt = 0,
F =
Zγ1 Zγ1 Z0 2
· dX= (2xy, x2 ) · dX
F
= (2t − 2, 1) · (0, 1) dt = 1,
Zγ2 Zγ2 Z1 3
· dX= (2xy, x2 ) · dX 6 − 2t, (3 − t)2 · (−1, 0) dt = −1,
F =
Zγ3 Zγ3 Z2 4
· dX= (2xy, x2 ) · dX
F
= (0, 0) · (0, −1) dt = 0.
γ4 γ4 3
370 Integrais de Linha
Logo,
Z Z Z 4
2
2xy dx +x dy = F · dX = F (α(t)) · α0 (t) dt
γ
Zγ Z0 Z Z
= F · dX + F · dX + F · dX + F · dX = 0 + 1 − 1 + 0.
γ1 γ2 γ3 γ4
8.2.13
Exemplo Seja F : R2 −→ R2 o campo vetorial F (x, y) = (−y, x). Dados X = (x1 , x2 ),
Y = (y1 , y2 ) e Z = (z1 , z2 ), consideremos o triângulo γ = [X, Y ] ∪ [Y, Z] ∪ [Z, X].
Procedendo como acima, vemos que Z
Z
−y dx +x dy = −x2 y1 + x1 y2
[X,Y ]
Z
−y dx +x dy = −y2 z1 + y1 z2
[Y,Z] Y
Z
−y dx +x dy = −z2 x1 + z1 x2 .
X
[Z,X]
Figura 147
Logo, Z
−y dx +x dy = | − x2 y1 + x1 y2 + x2 z1 − y2 z1 − x1 z2 + y1 z2 |
γ
8.2.14
Propriedades da Integral de Linha
A integral de linha de um campo vetorial sobre um contorno goza de várias propriedades
básicas que facilitam o cálculo destas integrais. Para a obtenção destas propriedades precisamos
de algumas novas definições.
8.2.15
Definição Sejam α : [a, b] −→ Rn e β : [b, c] −→ Rn dois contornos com α(b) = β(b). O
contorno
α ∪ β : [a, c] −−− Rn
−→
− (
α(t), se a ≤ t ≤ b
t −−−−−→ (α ∪ β)(t) =
β(t), se b ≤ t ≤ c
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 371
Observação Observe que esta nova curva parametrizada é de fato um contorno, posto que
sua derivada é a derivada de α em [a, b], e coincide com aquela de β em [b, c].
Portanto, os possı́veis pontos onde α ∪ β não tem derivada são aqueles de α juntamente com os
de β e, possivelmente, o ponto b.
8.2.16
Definição Seja α : [a, b] −→ Rn um contorno. O contorno
α− : [a, b] −−− Rn
−→
−
t −−−−−→ (α− )(t) = α(a + b − t)
8.2.17
Definição Sejam α : I −→ Rn um contorno e σ : J −→ I com σ 0 (u) 6= 0, para todo u ∈ J.
O contorno β = α ◦ σ é chamado reparametrização de α. A reparametrização é
dita positiva se σ 0 (u) > 0, para todo u ∈ J. A reparametrização é dita negativa se σ 0 (u) < 0,
para todo u ∈ J.
z
6 α0 (t)
I
r p p p p p p pppppppppppppppppppppppp
α(t) p ppprppppβ(u) pppp
ppp
t = σ(u) @ α
p p pp p
ppp p
β 0 (u) ppppp
@
ppppp
@
R
6
pp
p pp
ppp pp
σ -
y
p p pp
pppppp
β
p p p p p p pppppppp
J r
x
u
8.2.18
Proposição Se α : [a, b] −→ D e β : [b, c] −→ D são dois contornos em D ⊂ Rn com
α(b) = β(b), F : D −→ Rn é um campo vetorial contı́nuo, e σ : [r, s] −→ [a, b]
é tal que σ 0 (u) 6= 0, para todo u ∈ [r, s], então,
Z Z Z
(i) F · dX = F · dX + F · dX;
α∪β α β
Z
Z
F · dX, se σ 0 (u) > 0, u ∈ [r, s]
(ii) F · dX = αZ ;
α◦σ − F · dX, se σ 0 (u) < 0, u ∈ [r, s]
α
Z Z
(iii) F · dX = − F · dX.
α− α
Demonstração: Como α ∪ β está definida em [a, c] = [a, b] ∪ [b, c], vem que
Z Z c
F · dX = F ((α ∪ β)(t)) · (α ∪ β)0 (t) dt
α∪β a
Z b Z c
0
= F ((α ∪ β)(t)) · (α ∪ β) (t) dt + F ((α ∪ β)(t)) · (α ∪ β)0 (t) dt
Za b Z c b
Z Z
0 0
= F (α(t)) · α (t) dt + F (β(t)) · β (t) dt = F · dX + F · dX,
a b α β
o que prova (i). Para (ii), usando o teorema da mudança de varáveis para integrais envolvendo
uma variável (teorema 7.2.29), temos que
Z Z b Z s
0
F · dX = F (α(t)) · α (t) dt = F (α(σ(u))) · α0 (σ(u))|σ 0 (u)| du
α a r
Z
s
F (α(σ(u))) · α0 (σ(u))σ 0 (u) du, se σ 0 (u) > 0, u ∈ [r, s]
= r
Z s
− F (α(σ(u))) · α0 (σ(u))σ 0 (u) du, se σ 0 (u) < 0, u ∈ [r, s]
r
Z
s Z
0
F ((α ◦ σ)(u)) · (α ◦ σ) (u) du = F · dX, se σ 0 (u) > 0, u ∈ [r, s]
= r α◦σ
Z s Z
0
− F ((α ◦ σ)(u)) · (α ◦ σ) (u) du = − F · dX, se σ 0 (u) < 0, u ∈ [r, s].
r α◦σ
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 373
Donde, segue-se facilmente (ii). De (ii), obtemos (iii), posto que α− é uma reparametrização
negativa de α. ppppppppppppppppppp
8.2.19
Corolário Se α : [a, b] −→ D ⊂ Rn um contorno, e F : D −→ Rn é um campo vetorial
contı́nuo, então existe uma reparametrização positiva de α, β : [0, 1] −→ D,
tal que
Z Z Z 1
F · dX = F · dX = (b − a) F (α(a + (b − a)u) · α0 (a + (b − a)u) du .
α β 0
Demonstração: Seja σ : [0, 1] −→ [a, b] definida por σ(u) = a + (b − a)u. É claro que
σ é sobrejetiva e que σ 0 (u) = b − a > 0. Logo β = α ◦ σ é uma reparametrização positiva de α.
Usando a proposição 8.2.18, item (ii), vem que
Z Z Z 1
F · dX = F · dX = (b − a) F (α(a + (b − a)u) · α0 (a + (b − a)u) du . pppppppppppppppppppppp
α β 0
Observação O corolário anterior pode ser interpretado da seguinte maneira: dado um con-
R torno α : [a, b] −→ D ⊂ Rn com traço γ, podemos sempre calcular a integral de
linha γ F · dX através de alguma reparametrização definida em [0, 1]. O exemplo a seguir segue
estas idéias.
8.2.20
Exemplo Retomando o quadrado γ = γ1 ∪ γ2 ∪ γ3 ∪ γ4 do exemplo 8.2.12, vamos para-
metrizar suas arestas usando o mesmo intervalo, a saber [0, 1], tendo em vista o
exemplo 8.2.8 e o corolário acima. Temos
8.2.21
Campos Conservativos
Em Fı́sica, introduzimos a noção de campo de forças conservativo como sendo aquele cujo
trabalho para deslocar uma partı́cula de A a B só depende de A e B, não dependendo, portanto,
da trajetória usada. Motivados por este conceito, definiremos campo conservativo.
F · dX. ppppppppppppppppppppp
R R
o que mostra que α
F · dX = β
8.2.24
Exemplo Se F (X) = C, X ∈ Rn , é um campo constante, então F é conservativo. De fato,
sejam A, B ∈ D e α : [a, b] −→ D um contorno qualquer ligando A a B. Então,
Z Z b Z b
0
F · dX = C · α (t) dt = C · α0 (t) dt = C · (α(b) − α(a)) = C · (B − A),
α a a
R
e α
F · dX não depende de α.
8.2.25
Exemplo Sejam F (x, y) = (2xy, x2 ) e α(t) = (x(t), y(t)), t ∈ [a, b], um contorno ligando
A = (a1 , a2 ) a B = (b1 , b2 ). Logo, x(a) = a1 , y(a) = a2 , x(b) = a1 , y(b) = b2 e
Z b Z b
d(x2 (t)y(t))
Z
2 0 2 0
2xy dx +x dy = 2x(t)y(t)x (t) dt +x(t) y (t) dt = dt = a21 b2 − a21 a2 .
α a a dt
Portanto, F é conservativo.
Observação Nos dois exemplos acima, os campos dados são campos gradientes. Com efeito,
no exemplo 8.2.24, F = ∇f , onde f (X) = C ·X. Já no exemplo 8.2.25, F = ∇f ,
onde f (x, y) = x2 y. O leitor deve ter observado, pelo menos em 8.2.25, que tal propriedade é a
responsável pelo fato de ser F conservativo. O teorema a seguir formaliza estas idéias.
8.2.26
Teorema Se F : D ⊂ Rn −→ Rn é um campo gradiente contı́nuo, então F é conservativo.
Na verdade, se α é um contorno ligando A a B, A, B ∈ D, então
Z
F · dX = f (B) − f (A),
α
Demonstração: Do corolário 5.3.2, obtemos que (f ◦ α)0 (t) = ∇f (α(t)) · α0 (t). Logo,
Z Z b Z b
0
F · dX = F (α(t)) · α (t) dt = (f ◦ α)0 (t) dt = f (α(b)) − f (α(a)) = f (B) − f (A).
α a a
R
Agora, se α é fechada, então B = A e α F · dX = 0, o que segue-se da proposição 8.2.23, ou
diretamente de Z
F · dX = f (B) − f (A) = 0,
α
o que prova o teorema. pppppppppppppppppp
8.2.27 R
Exemplo Vamos calcular a γ (ex sen y + y) dx +(ex cos y + x) dy, onde γ é o contorno re-
presentado por α(t) = (et cos5 t, sen3 t), t ∈ [0, π/2]. Vimos no exemplo 8.1.14
que o campo de vetores definido por F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)), P (x, y) = ex sen y + y e
Q(x, y) = ex cos y + x, é gradiente, e f (x, y) = ex sen y + xy é um potencial de F . Logo,
Z
(ex sen y + y) dx +(ex cos y + x) dy = f (α(π/2)) − f (α(0)) = f (0, 1) − f (1, 0) = sen 1.
γ
8.2.28 R
Exemplo Calcularemos, agora, a integral de linha α F · dX, onde F é o campo dado por
2 2
F (x, y, z) = (xy, x2 + 1, z 2 ) e α(t) = (tet −1 , t + (1 − t) sen2 t, t2 ), t ∈ [0, 1]. No
2 3
exemplo 8.1.15, vimos que F = ∇f , onde f (x, y, z) = x2y + y + z3 + c. Logo,
x2
Z Z
2 11
xy dx +( + 1) dy +z dz = F · dX = f (α(1)) − f (α(0)) = f (1, 1, 1) − f (0, 0, 0) = .
α 2 α 6
Agora, faremos a recı́proca do teorema 8.2.26, onde obteremos que campos conservativos
devem ser gradientes.
8.2.29
Teorema Seja F : D ⊂ Rn −→ Rn é um campo contı́nuo e conservativo, definido no aberto
conexo D (veja a observação que segue o corolário 5.3.11, página 199), então F
é um campo gradiente, isto é, existe f : D ⊂ Rn −→ R tal que F (X) = ∇f (X).
Demonstração: Fixemos A ∈ D, e definamos
f : D −→ R por δ γ
Z
X0 X0 + he1
f (X) = F · dX, α
α
∂f
A seguir, provaremos que ∂x 1
= F1 , onde F1 é a primeira função coordenada do campo
F . Para isto, fixemos X0 ∈ D. Agora, seja α um contorno ligando A a X0 . Como D é aberto,
existe δ > 0 tal que B(X0 , δ) ⊂ D. Logo α ∪ γ é um contorno ligando X0 a X0 + he1 , onde
|h| < δ, e γ(t) = A + the1 , t ∈ [0, 1]. Temos que
Z
f (X0 + he1 ) − f (X0 )
Z Z
1 1
= F · dX − F · dX = F · dX,
h h α∪γ α h γ
1
1 1
Z Z
1 0
= F (γ(t)) · γ (t) dt = F (X0 + the1 ) · he1 dt
h 0 h 0
Z 1
= F1 (X0 + te1 ) dt = F1 (X0 + she1 ),
0
para algum s (que depende de h) entre 0 e 1, o que decorre de um teorema do valor médio para
integrais (veja, o teorema 12 (A), página 260 de [Lima], volume 1). Logo,
∂f
De modo análogo, para j = 1, 2, . . . , n, vale ∂xj
= Fj (X0 ), onde Fj é a j-ésima função coordenada
de F . Assim, ∇f (X0 ) = (F1 (X0 ), F2 (X0 ), . . . , Fn (X0 )) e, como X0 é arbitrário, segue-se que
F = ∇f . pppppppppppppppppp
8.2.30 2
Exemplo Reobteremos um potencial F (x, y, z) = (xy, x2 + 1, z 2 ), o que já fizemos no exem-
2 3
plo 8.1.15, onde vimos que F = ∇f , onde f (x, y, z) = x2y + y + z3 + c. Faremos
A = (0, 0, 0), X = (x, y, z) e escolheremos, como contorno ligando A a X, o segmento de reta
α(t) = (tx, ty, tz), t ∈ [0, 1]. Logo,
1
t2 x2 y
Z Z
1 1
f (x, y, z) = c + F · dX = c + (t2 z 3 + t2 x2 y + + y) dt = y + z 3 + x2 y + c,
α 0 2 3 2
como esperávamos.
t ∈ [a, b], e m é uma constante positiva. Neste caso, o trabalho realizado por F para deslocar
uma partı́cula de massa m ao longo de α, entre t = a e t = s ≤ b é dado por
Z Z s Z s
0
W = F · dX = F (α(t)) · α (t) dt = m α00 (t) · α0 (t) dt
α a a
s 0 0
d(α (t) · α (t))
Z
m m 0 s
= dt = (α (t) · α0 (t))|a
2 a dt 2
mv (s) mv 2 (a)
2
= − = Ec (s) − Ec (a),
2 2
mv 2 (t)
onde Ec (t) = 2
é a energia cinética da partı́cula no tempo t. Por outro lado, como F = ∇f ,
Z Z
W = F · dX = ∇f · dX = f (α(s)) − f (α(a)),
α α
de acordo com teorema 8.2.26. Logo, Ec (s) − Ec (a) = f (α(s)) − f (α(a)) e, portanto,
Isto mostra que a energia total do sistema E(t) = Ec (t) + Ep (α(t)) é conservada durante o
deslocamento da partı́cula. Este resultado é conhecido como teorema da conservação da energia.
Como caso particular desta situação, consideremos uma partı́cula P , de massa m, a qual é
largada de uma altura h > 0, isto é, do ponto A = (0, 0, h). O campo de forças que atua sobre P
é o seu peso, que é dado por F (x, y, z) = (0, 0, −mg), onde g é a constante gravitacional. Logo,
f (x, y, z) = −mgz é um potencial para F e, portanto, a energia potencial associada ao sistema
é dada por Ep (x, y, z) = mgz. Se α(t) = (x(t), y(t), z(t)) é a trajetória percorrida por P , então
α(0) = (0, 0, h), α0 (0) = (0, 0, 0) e α00 (t) = (0, 0, −g). Portanto, F (α(t)) = mα00 (t) e temos um
2
sistema newtoniano. Do teorema da conservação da energia, vem que E(t) = mv2 (t) + mgz(t) é
constante durante o movimento. Logo,
mv 2 (t)
E(t) = + mgz(t) = E(0) = mgh,
2
ou, equivalentemente,
v 2 (t)
+ gz(t) = gh.
2
√
Em particular, se ve é a velocidade escalar com a qual P atinge o solo, então ve = 2gh, que
obtemos fazendo z(t) = 0 na equação acima.
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 379
8.3
Teorema de Green
Rb
O teorema fundamental do Cálculo diz que a f 0 (x) dx = f (x)|ba = f (b) − f (a). Portanto,
estabelece que o cálculo da integral da derivada de f sobre o intervalo [a, b] se reduz à avaliação
de f nos extremos do intervalo, extremos esses que podem ser olhados como o bordo de tal
intervalo. Generalizando este fato, temos o teorema 8.2.26, que estabelece que
Z
∇f · dX = f (B) − f (A),
α
e que pode ser olhado, outra vez, da mesma forma: a integral de uma certa “derivada” de f
(gradiente) sobre um conjunto (a curva α) é obtida a partir dos valores de f no bordo da curva,
a saber {A, B}. R
Se, dados f : D ⊂ Rn −→ R e pontos X, Y ∈ D, definimos {X,Y } f = f (Y ) − f (X), os
dois teoremas acima ficam
Z b Z Z Z Z Z
0
f (x) dx = f= f, e ∇f · dX = f= f.
a ∂[a,b] {a,b} α ∂α {A,B}
Os teoremas de Green, Stokes e Gauss são teoremas que refletem, também, a mesma situação.
O primeiro deles, que estudaremos nesta seção, estabelece que
ZZ Z
∂Q ∂P
− dx dy = g6 P dx +Q dy,
∂x ∂y
B ∂B
onde B ⊂ R2 é uma região simples delimitada por uma união finita de contornos simples
fechados, indicada por ∂B (que chamaremos bordo de B), orientada positivamente, num sentido
a ser precisado a seguir (veja a figura 153). Neste caso, o objeto em questão é o campo F = (P, Q)
e a “derivada” de F é o rot F , isto é, a função real ∂Q
∂x
− ∂P
∂y
. Portanto, o conhecimento de F ao
longo de ∂B determina a integral dupla de tal derivada de F sobre a região B.
Visando estabelecer a noção de bordo orientado positivamente, consideremos, agora, um
contorno simples e fechado γ (veja definições 8.2.9 e 8.2.10). Geometricamente, isto significa que
γ não se auto-intercepta. Se a parametrização α descreve γ no sentido horário, escreveremos
Z Z
g?F · dX = g? P dx +Q dy
γ γ
para representar a integral de linha do campo vetorial F = (P, Q) sobre γ (ou α). Caso contrário,
escreveremos Z Z
gF · dX = gP dx +Q dy .
6 6
γ γ
para representar a integral de linha do campo vetorial F = (P, Q) sobre γ (ou α).
380 Teorema de Green
8.3.1
y x 2
Exemplo Se F (x, y) = (− x2 +y 2 , x2 +y 2 ) é o campo vetorial definido em R − {(0, 0)} e γ
8.3.2
Exemplo Se F (x, y) = (2x − y2 , x2 − y) é o campo vetorial definido em R2 e γ é o quadrado
de vértices (0, 0), (1, 0), (1, 1) e (0, 1). Neste contorno simples fechado, vimos no
exemplo 8.2.20 que Z Z
gF · dX = g(2x − y 2 ) dx +(x2 − y) dy = 2.
6 6
γ γ
γ3 γ4
γ2
..
.
γk
∂B = γ1 ∪ γ2 ∪ · · · ∪ γk
Figura 153: Uma região simples com bordo orientado positivamente
Caso 1: B é um retângulo simples fechado em R2 , isto é, B = [a, b] × [c, d]. Neste caso, não
há contornos internos e ∂B = γ1 ∪ γ2 ∪ γ3 ∪ γ4 , onde γ1 , γ2 , γ3 e γ4 são arestas de B, que serão
parametrizadas de modo natural, usando as variáveis x e y. Temos que
qqqqqqqqqqqqqqq
d
(ii) γ2 é parametrizado por
v(x) q
γ3
q q qqq qq
q qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq γ2
qqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqB q q q q qq q q q
α2 (y) = (b, y), y ∈ [c, d], d = v(b); c qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq-
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq6
γq 1
(iii) γ3− é parametrizado por
-
a x b x
Agora, usando a mudança de variável y = v(x), na terceira integral acima, vem que
Z b Z d
0
Q(x, v(x))v (x) dx = Q(v −1 (y), y) dy,
a c
o que implica,
Z ZZ Z d
∂P (x, y)
F · dX = − dx dy + (Q(b, y) dy −Q(v −1 (y), y)) dy
∂B ∂y c
B
ZZ Z d Z b
∂P (x, y) ∂Q(x, y)
=− dx dy + dx dy
∂y c v −1 (y) ∂x
B
ZZ ZZ
∂P (x, y) ∂Q(x, y)
=− dx dy + dx dy
∂y ∂x
B B
ZZ
∂Q(x, y) ∂P (x, y)
= − dx dy .
∂x ∂y
B
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 383
estamos olhando B como uma região simples do tipo 2. Portanto, o teorema está provado
para B. É claro que o mesmo argumento se aplica para o caso em v é decrescente.
Caso 3: Deixamos para o leitor verificar o teorema para o caso
y
no qual B é uma região simples do tipo 1, da forma: 6
A idéia, agora, é usar os casos 1, 2 e 3, e verificar que o teorema também vale para este caso.
Temos que
ZZ ZZ ZZ
∂Q(x, y) ∂P (x, y) ∂Q(x, y) ∂P (x, y) ∂Q(x, y) ∂P (x, y)
− dx dy = − dx dy + − dx dy +
∂x ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y
B B1 B2
ZZ
∂Q(x, y) ∂P (x, y)
+ − dx dy
∂x ∂y
B3
Z Z Z
= F · dX + F · dX + F · dX
∂(B1 ) ∂(B2 ) ∂(B3 )
Mas, Z Z Z Z Z
F · dX = F · dX − F · dX + F · dX − F · dX,
∂(B1 ) γ1 γ8 γ5 γ7
Z Z Z Z
F · dX = F · dX + F · dX + F · dX
∂(B2 ) γ8 γ3 γ4
384 Teorema de Green
e Z Z Z Z
F · dX = F · dX − F · dX + F · dX .
∂(B1 ) γ1 γ7 γ6
Logo, somando estes três resultados, obtemos que
ZZ Z Z Z
∂Q(x, y) ∂P (x, y)
− dx dy = F · dX + F · dX + F · dX +
∂x ∂y γ1 γ2 γ3
B
Z Z Z
+ F · dX + F · dX + F · dX
γ4 γ5 γ6
Z
= F · dX,
∂B
o que prova o teorema, também neste caso.
Caso 5: Agora, cuidamos do caso em que B é uma região simples do tipo 1 qualquer. Aqui,
decompomos B como a união de regiões simples do tipo 1, como aquelas que estudamos no
caso 4. Feito isso, com o mesmo tipo de argumento que usamos acima, verificamos facilmente o
teorema.
Caso Geral: Seja B é uma região simples qualquer com contornos internos, como na fi-
gura 153. Para simplificar a prova, consideraremos B com dois contornos internos apenas. Na fi-
gura, temos que B está decomposta em sete regiões simples do tipo 1: B = ∪7i=1 Bi , cujos bordos,
η6 η5
η7 γ1
B2 B5
µ1 β1 µ3 µ5 β3 µ7
η8 γ3 B7 η4
γ2
B1 B4
β2 β4
µ2 µ4 µ6 B6 µ8
B3
η1 η2 η3
Figura 158
e
ZZ Z Z Z Z
∂Q(x, y) ∂P (x, y)
− dx dy = F · dX + F · dX + F · dX − F · dX .
∂x ∂y η7 µ1 β1 µ3
B2
8.3.5
Exemplo Como primeira aplicação do teorema de Green, consideraremos o campo vetorial
em R2 dado por F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)) = (−y, x) restrito a uma região
simples B com bordo ∂B orientado positivamente. Logo, rot F (x, y) = ∂Q(x,y)
∂x
− ∂P∂y
(x,y)
=2eo
teorema de Green garante que
Z ZZ ZZ
−y dx +x dy = rot F (x, y) dx dy = 2 dx dy = 2 área(B).
∂B
B B
Z
8.3.6
y x 2
Exemplo Sejam F (x, y) = (− x2 +y 2 , x2 +y 2 ) o campo vetorial definido em R − {(0, 0)} e η
a elipse de semi-eixos a e b parametrizada por β(t) = (a cos t, b sen t), t ∈ [0, 2π].
0
Temos que β (t) = (−a sen t, b cos t), F (β(t)) = (− sen t, cos t) e
ab
F (β(t)) · β 0 (t) = .
a2 cos2 t + b2 sen2 t
386 Teorema de Green
Logo, Z Z 2π
g−
y x ab
6 x2 2
dx + 2 dy = dt .
+y x + y2 0 a2 cos2 t + b2 sen2 t
η
R 2π
Para sentir a força do teorema de Green, calcularemos diretamente a integral I = 0
g(t) dt,
onde
ab
g(t) = 2 , t ∈ R.
a cos t + b2 sen2 t
2
Assim,
Z π Z 2π Z 5π Z 3π Z 7π
4 4 4 4
I= g(t) dt + g(t) dt + g(t) dt + g(t) dt + g(t) dt .
7π 3π π 5π
0 4 4 4 4
Donde segue-se que I = 4(arctg( ab ) + arctg( ab )). Mas arctg x + arctg x1 = π2 , x > 0. Com efeito,
1
d(arctg x + arctg )
x = 1 + 1 1
− 2 =
1
−
1
= 0.
2 1 2 2
dx 1+x 1 + (x) x 1+x 1 + x2
Logo, arctg x + arctg x1 é constante em qualquer intervalo onde estiver definida. Em particular,
ela é constante em (0, +∞). Fazendo x = 1, obtemos que para todo x > 0, vale
1 π π
arctg x + arctg = 2 arctg 1 = 2 = .
x 4 2
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 387
Portanto, Z
g−
y x b a π
6 x2 2
dx + 2 2
dy = 4(arctg( ) + arctg( )) = 4 = 2π.
+y x +y a b 2
η
Reobteremos este resultado usando o teorema de Green. Para isto, consideraremos um cı́rculo
de raio r > 0, γ, orientado no sentido horário, inscrito na elipse η, como mostra a figura 160. Tal
cı́rculo junto com η, orientada no sentido anti-horário, formam o bordo do anel B. Do teorema
de Green, vem que
x −y
ZZ ∂ x2 +y2 ∂ x2 +y2 Z Z Z
− dx dy = F · dX = 6 gF · dX + g?F · dX
∂x ∂y ∂B
B η γ
Mas,
x −y
∂ x2 +y 2
∂ −x2 + y 2
x2 +y 2
−x2 + y 2
− = − = 0.
∂x ∂y (x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2
Logo, Z Z Z
gF · dX = − g?F · dX = g6 F · dX = 2π,
6
η γ γ
8.3.7
Exemplo Mais geralmente, note que se α é um contorno simples e fechado qualquer, que
não passa pela origem, então
Z (
g−
y x 2π, se α envolve a origem
6 x2 + y 2 dx + x2 + y 2 dy =
0, se α não envolve a origem.
α
α α
B
Figura 161
De fato, o resultado para o primeiro caso segue-se das idéias contidas no exemplo anterior,
onde inscrevemos em α um cı́rculo de raio r suficientemente pequeno. Para o caso em que α
não envolve a origem, temos que F está definido sobre α e em toda região envolvida por α,
digamos B. Portanto,
x −y
ZZ ∂ x2 +y 2 ∂ x2 +y 2
ZZ Z
y x
− dx dy = 0 dx dy = 0 = g6
− 2 dx + dy .
∂x ∂y x + y2 x2 + y 2
B B α
388 Teorema de Green
Voltaremos, agora, a nossa atenção para a recı́proca do corolário 8.1.11, o qual mostra
que se F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)) é um campo gradiente, então rot F = ∂Q(x,y)
∂x
− ∂P∂y
(x,y)
= 0.
Como já observamos, a recı́proca deste resultado não é verdadeira, em geral. O exemplo a seguir
mostra isto.
8.3.8
Exemplo Consideraremos, outra vez, o campo vetorial, definido em D = R2 − {(0, 0)},
y x
dado por F (x, y) = (P (x, y), Q(x, y)) = (− x2 +y 2 , x2 +y 2 ). Como vimos no exemplo
anterior, ∂Q(x,y)
∂x
− ∂P∂y
(x,y)
= 0. A despeito disto, F não pode ser o gradiente de nenhuma função
real definida em D. De fato, se F = ∇fR , sua integral ao longo de qualquer contorno fechado
em D seria nula (teorema 8.2.26). Mas, γ F · dX = 2π, onde γ é um cı́rculo de raio r qualquer
centrado na origem, de acordo com o exemplo 8.2.6.
Para reforçar a idéia de que a estrutura do domı́nio do campo é a grande responsável por
esta situação, vamos restringir F ao aberto
D1
D1 = {(x, y) ∈ R2 ; x > 0},
e aı́ definir ϕ(x, y) = arctg xy , conhecida como função
(x, y)
ângulo. Isto posto, temos que
y x ϕ
∇ϕ(x, y) = (− 2 , 2 ) = F (x, y).
x + y x + y2
2
8.3.9
y x 2
Exemplo Sejam F (x, y) = (− x2 +y 2 , x2 +y 2 ) o campo vetorial definido em R − {(0, 0)} e γ o
de acordo com as idéias do exemplo 8.3.6. Agora, calculamos a integral de F sobre η, o que
pode ser feito com o auxı́lio do potencial ϕ obtido no exemplo 8.3.8, isto é, ϕ(x, y) = arctg(y/x).
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 389
Assim,
Z
g−
y x π
6 x2 2
dx + 2 2
dy = ϕ(1, 0) − ϕ(2, 2) = arctg 0 − arctg 1 = − .
+y x +y 4
η
Portanto, Z
g−
y x π 9π
6 x2 2
dx + 2 2
dy = 2π + = .
+y x +y 4 4
γ
8.3.10
Definição Um conjunto conexo D ⊂ R2 é dito simplesmente conexo se o subconjunto de
D envolvido por qualquer curva de Jordan γ ⊂ D coincide com o aberto Lγ
determinado pelo teorema de Jordan.
8.3.11
Exemplo
(i) todo conjunto convexo D ⊂ Rn é simplesmente conexo. De fato, se X0 ∈ D e α : [a, b] −→ D
é uma curva fechada, então F : [0, 1] × [a, b] −→ D, definida por
Agora, temos a recı́proca do teorema 8.1.10 (ou corolário 8.1.11), cuja demonstração será
dada apenas o caso n = 2. O caso n = 3 será abordado logo após o teorema de Stokes
(teorema 8.5.10, página 419).
8.3.12
Teorema Seja F : D ⊂ Rn −→ Rn um campo vetorial definido no aberto simplesmente co-
nexo D. Se JF (X) é uma matriz simétrica, para todo X ∈ D, então F é um
campo gradiente.
Demonstração: Vamos supor n = 2 e F = (P, Q). Seja γ uma curva de Jordan qualquer
em D. Então, a região envolvida por γ, como subconjunto do R2 , está contida em D. Portanto,
B = γ ∪Lγ é uma região simples com bordo ∂B = γ, a qual consideraremos orientada no sentido
anti-horário. Pelo teorema de Green (8.3.4), temos que
ZZ Z
∂Q ∂P
0= − dx dy = g6F · dX .
∂x ∂y
B ∂B
Isto implica que se γ é um contorno fechado qualquer, então ainda temos intγ F · dX = 0, que
por sua vez implica que F é conservativo, de acordo com a proposição 8.2.23. Portanto, F é um
campo gradiente, agora usando o teorema 8.2.29. pppppppppppppppppppppp
8.3.13
Exemplo Seja F (x, y, z) = ( (x2 +yx2 +z2 )2 , (x2 +yy2 +z2 )2 , (x2 +yz2 +z2 )2 ), X = (x, y, z) 6= O. Vamos
calcular a integral de linha de F sobre o contorno γ representado por
π π 3 π
α(t) = (t cos t, ( − t) sen t, et( 2 −t) ), 0 ≤ t ≤ .
2 2
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 391
Observe que γ é um contorno fechado, pois α(0) = α( π2 ) = (0, 0, 1) e, além disto, γ está contido
em R3 − {(0, 0, 0)}, porque sua terceira coordenada é sempre não-nula. Se indicamos por P , Q
e R, as funções coordenadas de F , um cálculo direto mostra que
∂P −4xy
∂x (x2 +y 2 +z 2 )3
− (x2 +y4xz
2 +z 2 )3
JF (x, y, z) = − 2 4xy ∂Q
− (x2 +y4yz ,
(x +y2 +z2 )3 ∂y 2 +z 2 )3
−4yz
− (x2 +y4xz
2 +z 2 )3 (x2 +y 2 +z 2 )3
∂R
∂z
que é simétrica, para todo (x, y, z) 6= (0, 0, 0). Como R3 − {(0, 0, 0)} é simplesmente conexo, vem
que F é um campo gradiente. Agora, o teorema 8.2.26 dá que
Z
x y z
dx + 2 dy + 2 dz = 0.
γ (x2 2 2
+y +z )2 2 2
(x + y + z ) 2 (x + y 2 + z 2 )2
8.4
Integrais de Superfı́cie
Nas seções anteriores, aprendemos a integrar campos vetoriais ao longo de curvas, a partir
do conhecimento da integral para funções reais de uma variável real. A idéia agora é construir
integrais ao longo de superfı́cies, claro, a partir do nosso conhecimento de integrais duplas. A
seguir estudaremos área de uma superfı́cie, integral de uma função real sobre uma superfı́cie e,
finalmente, estudaremos integral de uma campo vetorial sobre uma superfı́cie, que receberá o
nome de fluxo.
8.4.1
Área de uma Superfı́cie
O conceito de área de um pedaço de superfı́cie pode ser motivado da seguinte forma. Seja
S uma superfı́cie parametrizada por g : R ⊂ R2 −→ R3 , de classe C 1 , onde R é o retângulo
simples fechado dado por R = [a, b] × [c, d].
392 Integrais de Superfı́cie
v z
∂g
6 S = g(R) ∂v (Cij )
R
d
q Sij
g(Cij ) H
H ∂g
∂u (Cij )
j
H
vj Rij
vj−1 g
-
Cij
c -
y
a ui−1 ui b u
x
Figura 166
Agora, tomamos uma partição de R
P = {Xij = (ui , vj ); 0 ≤ i ≤ m, 0 ≤ j ≤ n},
na qual fazemos a escolha Cij = (ui−1 , vj−1 ), que é o vértice inferior esquerdo do sub-retângulo Rij .
Por sua vez, este sub-retângulo é transformado por g no pedaço de S dado por Sij = g(Rij ).
Portanto, devemos ter que
m n
! ∂g
X X ∂v (Cij )
área(S) = área(Sij ) .
i=1 j=1 ∂g
∆ui ∂u (Cij )
r
A idéia agora é obter uma aproximação para a
área de cada Sij , admitindo que a partição tem r ∂g
Sij ∆vi ∂v (Cij )
malha pequena. Tendo em conta a figura ao lado,
g(Cij ) r
onde mostramos apenas Sij , vemos que área(Sij ) ∂g
∂u (Cij )
pode ser aproximada pela área do paralelogramo r
∂g ∂g
gerado pelos vetores ∆ui ∂u (Cij ) e ∆vi ∂v (Cij ), pois g(ui , vj−1 )
seus comprimentos são aproximações para os seg-
mentos de curvas de Sij , que ligam g(ui−1 , vj−1 ) Figura 167
a g(ui−1 , vj ) e g(ui−1 , vj−1 ) a g(ui , vj−1 ). De fato,
∂g
como g é diferenciável, vem que g(ui−1 , vj ) = g(ui−1 , vj−1 ) + ∆vj ∂v (ui−1 , vj−1 ) + rij , onde rij é
pequeno. Donde,
∂g
||g(ui−1 , vj ) − g(ui−1 , vj−1 )|| ' ∆vj || (ui−1 , vj−1 )||.
∂v
∂g ∂g
Logo, área(Sij ) ' || ∂u (Cij ) × ∂v (Cij )||∆ui ∆vj e, portanto,
m n
! m n
!
X X X X ∂g ∂g
área(S) = área(Sij ) ' || (Cij ) × (Cij )||∆ui ∆vj .
i=1 j=1 i=1 j=1
∂u ∂v
∂g ∂g
que é uma soma de Riemann da função real || ∂u (u, v) × ∂v
(u, v)||. Portanto,
Pm Pn ∂g ∂g
área(S) = limm(P)→0 i=1 ×
j=1 || ∂u (Cij ) ∂v
(Cij )||∆ui ∆vj
ZZ
∂g ∂g
= || (u, v) × (u, v)|| du dv .
∂u ∂v
R
8.4.2 [Área]
Definição Sejam B ⊂ R2 uma região simples, e g : B −→ R3 uma superfı́cie parametri-
1
zada de classe C . Se B0 ⊂ B tem conteúdo nulo e a restrição de g a B − B0
é injetiva, definimos a área de S = g(B) por
ZZ
∂g ∂g
área(S) = || (u, v) × (u, v)|| du dv .
∂u ∂v
B
8.4.3
Definição Sejam B ⊂ R2 uma região simples, g : B −→ R3 uma superfı́cie parametrizada
de classe C 1 e f : Ω −→ R contı́nua na região Ω que contém S. Se B0 ⊂ B tem
conteúdo nulo e a restrição de g a B − B0 é injetiva, definimos a integral de f sobre S = g(B)
por Z ZZ
∂g ∂g
f dσ = f (g(u, v)) || (u, v) × (u, v)|| du dv .
S ∂u ∂v
B
Se f é não-negativa em S, podemos olhar f como a densidade superficial de S e, neste caso,
∂g ∂g
R
a integral S f dσ é chamada de massa de S. O sı́mbolo dσ = || ∂u (u, v) × ∂v (u, v)|| du dv será
chamado elemento de área de S.
R
Observação Note que área(S) = S
dσ.
8.4.4
Proposição Se g : B −→ R3 uma superfı́cie parametrizada de classe C 1 , então
p
dσ = E(u, v)G(u, v) − F 2 (u, v) du dv .
Em particular, ZZ p
área(S) = E(u, v)G(u, v) − F 2 (u, v) du dv .
B
394 Integrais de Superfı́cie
8.4.5
Exemplo Vamos calcular a área da esfera de raio a, S 2 (a). Como vimos no exemplo 1.5.24,
podemos parametrizar S 2 (a) com g(u, v) = (a cos u sen v, a sen u sen v, a sen v),
onde (u, v) percorrem o retângulo R = [0, 2π] × [0, π]. Temos que g é injetiva no retângulo
aberto (0, 2π) × (0, π). Com efeito, se (u1 , v1 ), (u2 , v2 ) ∈ (0, 2π) × (0, π) e g(u1 , v1 ) = g(u2 , v2 ),
então a cos v1 = a cos v2 , o que por sua vez implica v1 = v2 , pois cos é injetiva no intervalo
aberto (0, π). Logo, a cos u1 = a cos u2 e a sen u1 = a sen u2 e, portanto, u1 = u2 . Portanto, g é
injetiva em R − B0 , onde B0 é a união das arestas de R, que, claro, tem conteúdo nulo. Agora,
vamos calcular os coeficientes da primeira forma de g. Temos que
∂g
∂u
(u, v) = (−a sen u sen v, a cos u sen v, 0)
∂g
∂v
(u, v) = (a cos u cos v, a sen u cos v, −a sen v).
Logo,
∂g ∂g
E(u, v) = ∂u
(u, v) · ∂u
(u, v) = a2 sen2 v
∂g ∂g
F (u, v) = ∂u
(u, v) · ∂v
(u, v) = 0
∂g ∂g
G(u, v) = (u, v) · (u, v) = a2 .
∂v ∂v
Portanto,
ZZ p ZZ Z 2π Z π
2 2 2
área(S (a)) = E(u, v)G(u, v) du dv = a | sen v| du dv = a du sen v dv = 4πa2 ,
0 0
R R
resultado bastante conhecido.
Agora, obteremos a fórmula para o cálculo da área de uma superfı́cie que é parte de um
gráfico. Temos a seguinte proposição.
8.4.6 z
p
Proposição Seja f : D ⊂ R2 −→ Ruma fun- p pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp z = f (x, y)
pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
ção real de classe C 1 . Dada ppp p p pp p ppp
ppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp pppppppppppppppp
uma região simples B ⊂ D, seja S ⊂ G(f ) o sub- pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
ppppppppppppppppppppppppp ppppp ppppp ppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp pp
pp pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
ppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
conjunto do gráfico de f que se projeta sobre B,
isto é, ppppppppppp ppppppp p pppp
S = {(x, y, f (x, y)) ∈ R3 ; (x, y) ∈ B}. pppppp ppp pp ppp ppp pppppp ppppp y
ppp pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppB
pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
Então, pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp p
s
ZZ 2 2 x
∂f ∂f Figura 168
área(S) = 1+ + dx dy .
∂x ∂y
B
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 395
Demonstração: Temos que g(x, y) = (x, y, f (x, y)), (x, y) ∈ B é uma parametrização
∂g ∂f 2
(x, y) = (1, 0, ∂f ∂g ∂f
, F (x, y) = ∂f ∂f
de S. Logo, ∂x ∂x
) e ∂y
(x, y) = (0, 1, ∂y
), e E(x, y) = 1 + ∂x ∂x ∂y
e
2
G(x, y) = 1 + ∂f ∂y
. Portanto,
s 2 2
ZZ √ ZZ
∂f ∂f
área(S) = EG − F2 dx dy = 1+ + dx dy . pppppppppppppppppp
∂x ∂y
B B
8.4.7
Exemplo Calcularemos agora, a área da porção do parabolóide de revolução z = x2 + y2
que se projeta sobre o quadrado R = [0, 1] × [0, 1], como mostra a figura 93,
página 275. De acordo com a proposição anterior, temos que
s 2 2
ZZ ZZ p
∂f ∂f
área(S) = 1+ + dx dy = 1 + 4x2 + 4y 2 dx dy
∂x ∂y
B B
Z 1 Z 1 p p Z 1 Z 1
= dx 1 + 4x2 + 4y 2 dy = 2 2
1 + 4x + 4y dy dx
0 0 0 0
Z 1 p p !1
x 1 + 4x2 + 4y 2 (1 + 4y 2 ) log(2x + 1 + 4x2 + 4y 2 )
= + dx
0 2 4
0
Z 1 √ √ √ √ !
x 1 + 4x2 x 5 + 4x2 log(2x + 1 + 4x2 ) 5 log(2x + 5 + 4x2 )
= − + − + dx
0 2 2 4 4
√ √
−20 + 8 5 + 15 log(25) − 6 log(2 + 5)
= .
24
Na última integral acima, nas parcelas que envolvem log, usamos integração por partes, en-
quanto, nas outras, simples substituições.
8.4.8
Exemplo Ainda olhando para o parabolóide z = x2 + y2 , vamos calcular a área de sua
porção que se projeta sobre o setor circular B do disco de raio 1 delimitado pelas
retas y = 0 e y = x, como na figura 96, exemplo 7.1.4. Como no exemplo anterior,
ZZ p
área(S) = 1 + 4x2 + 4y 2 dx dy,
B
π 3 1
√
Z
4
Z 1 √ π
Z 1 √
(1 + 4r 2 2
) −1 + 5 5
área(S) = dθ 2
r 1 + 4r dr = 2
r 1 + 4r dr = = .
0 0 4 0 12 12
0
396 Integrais de Superfı́cie
p
Suponhamos agora que f (x, y, z) = x2 + y 2 represente a densidade de S no ponto (x, y, z).
Então, sua massa vale
Z ZZ √ ZZ p p
f dσ = 2
f (g(x, y)) EG − F dx dy = x2 + y 2 1 + 4x2 + 4y 2 dx dy .
S
B B
z
P3 qqqqq
8.4.9 qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq z = 2 − x − y
Exemplo Neste exemplo, calcularemos a área do tri- qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
ângulo T do plano x + y + z = 2, o qual qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqT
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
se projeta no triângulo B de vértices (0, 0, 0), (1, 0, 0) e qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqP2
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
(0, 1, 0) do plano-xy. Começamos observando que T é o q
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
P1 qqq
subconjunto do gráfico de
(0, 1, 0)
q q q qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq q y
f (x, y) = 2 − x − y qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqB qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
q q q q qq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
(1, 0, 0) qqqqqqqqqqq
que se projeta sobre o triângulo B. Logo,
x Figura 169
s 2 2 ZZ √ √
ZZ
∂f ∂f √ 3
área(S) = 1+ + dx dy = 3 dx dy = 3 área(B) = .
∂x ∂y 2
B B
Convém observar que os vértices de T são os pontos P1 = (1, 0, 1), P2 = (0, 1, 1) e P3 = (0, 0, 2).
Logo, √
k(P2 − P1 ) × (P3 − P1 )k k(1, 1, 1)k 3
área(T ) = = = .
2 2 2
Agora, faremos uma breve digressão à subseção 1.5.22, onde estudamos a superfı́cie de
revolução Sα gerada por α(v) = (α1 (v), 0, α2 (v)), v ∈ I, com α1 > 0. Naquela subseção, vimos
que
g(u, v) = (α1 (v) cos u, α1 (v) sen u, α2 (v)), 0 ≤ u ≤ 2π, v ∈ I,
parametriza Sα . Neste ponto, vamos supor que I = [a, b] e que α é injetiva no intervalo
aberto (a, b). Nestas condições temos o seguinte resultado.
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 397
8.4.10 Rb p Rb
Proposição área(Sα ) = 2π a
α1 (v) (α10 (v))2 + (α20 (v))2 dv = 2π a α1 (v) kα0 (v)k dv.
Demonstração: Não é difı́cil verificar que g é injetiva no retângulo aberto (0, 2π)×(a, b),
porque estamos supondo que α é injetiva em (a, b). Temos que
(
∂g
∂u
(u, v) = (−α1 (v) sen u, α1 (v) cos u, 0)
∂g
∂v
(u, v) = (α10 (v) cos u, α10 (v) sen u, α20 (v)).
Logo,
∂g ∂g
E(u, v) =
∂u
(u, v) · ∂u
(u, v) = (α1 (v))2
∂g ∂g
F (u, v) = ∂u
(u, v) · ∂v
(u, v) =0
∂g
· ∂g
= (α10 (v))2 + (α20 (v))2 = kα0 (v)k2 .
G(u, v) =
∂v
(u, v) ∂v
(u, v)
Portanto, Z 2π Z π Z π
0
área(Sα ) = du α1 (v) kα (v)k dv = 2π α1 (v) kα0 (v)k dv,
0 0 0
como querı́amos. ppppppppppppppppppppp
8.4.11
Exemplo Vamos reobter área(S 2 (a)), usando o resultado da proposição anterior. A curva
α(v) = (a sen v, 0, a cos v), 0 ≤ v ≤ π, é uma geratriz de S 2 (a) e, claro, é injetiva
no intervalo aberto (0, π). Logo, α1 (v) = a sen v e kα0 (v)k = a. Logo,
Z π
2
área(S (a)) = 2π a2 sen v dv = 4πa2 .
0
z
8.4.12
qqqqqqqqqq
Exemplo Note que a superfı́cie S do exem- qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq z = x2 + y 2
plo 8.4.8 é de revolução (o mesmo qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
não ocorre no exemplo 8.4.7), visto que ela coin- qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
cide com a revolução da parábola z = x2 , do qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqq
plano-xz, para x ∈ [0, 1]. Vamos reobter sua área qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
q
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
a partir da fórmula dada pela proposição 8.4.10 qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq
y
q q qq
adaptada a este exemplo, visto que, neste caso, a (1, 0, 0) qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq u= π
4
revolução se dá entre os ângulos u = 0 e u = π/4.
Sabemos que α(v) = (v, 0, v 2 ), 0 ≤ v ≤ 1, é a x Figura 170
curva geratriz de S. Logo,
3 1
√
π
Z 1 √ (1 + 4v 2 2
) −1 + 5 5
área(S) = 2
v 1 + 4v dv = = .
4 0 12 12
0
Convém observar que no cálculo acima não usamos coordenadas polares. O fato de identificarmos
S como uma superfı́cie de revolução é responsável por isto.
398 Integrais de Superfı́cie
8.4.13
Fluxo
Visando motivar a noção de fluxo de um campo vetorial F , através de uma superfı́cie S,
admitiremos que F representa, em cada ponto do espaço, a velocidade de escoamento de um
certo lı́quido que atravessa S, e que kF k é medido em m/s. Portanto, dado X ∈ R3 , a partı́cula
do lı́quido que se encontra em X tem velocidade kF (X)k m/s. O fluxo de F através de S é o
volume do lı́quido que atravessa S em 1s, o qual faremos uma estimativa a seguir.
Seja S uma superfı́cie parametrizada por g : R ⊂ R2 −→ R3 , de classe C 1 , onde R é o
retângulo simples fechado dado por R = [a, b] × [c, d].
gu (Cij ) × gv (Cij )
v z
6
R
d
F (g(Cij ))
q
g(Cij )
vj Rij
vj−1 g
-
Cij
c -
y
a ui−1 ui b u
x
Figura 171
é o vetor unitário normal de S, segundo a parametrização g, o qual está bem definido se supomos
∂g ∂g
os vetores ∂u e ∂v linearmente independentes ao longo de S. Agora, usando a aproximação
∂g ∂g
área(Sij ) ' || ∂u (Cij ) × ∂v (Cij )||∆ui ∆vj (veja a página 392), obtemos
∂g ∂g
Φ(F, Sij ) ' || (Cij ) × (Cij )||∆ui ∆vj (F (g(Cij )) · N (Cij ))
∂u ∂v
∂g ∂g
= F (g(Cij )) · ( (Cij ) × (Cij ))∆ui ∆vj
∂u ∂v
Portanto,
m n
!
X X ∂g ∂g
Φ(F, S) = lim F (g(Cij )) · ( (Cij ) × (Cij ))∆ui ∆vj
m(P)→0 i=1 j=1
∂u ∂v
ZZ
∂g ∂g
= F (g(u, v)) · ( (u, v) × (u, v)) du dv,
∂u ∂v
R
8.4.14 [Fluxo]
Definição Sejam B ⊂ R2 uma região simples, g : B −→ R3 uma superfı́cie parame-
trizada de classe C 1 e F : D ⊂ R3 −→ R3 um campo vetorial contı́nuo
definido na região D que contém S = tr g. O fluxo de F através de S é definido por
Z ZZ
∂g ∂g
Φ(F, S) = F · dS = F (g(u, v)) · ( (u, v) × (u, v)) du dv .
S ∂u ∂v
R B
A integral S F · dS é também chamada integral de F sobre S.
o qual, claro, está bem definido nos pontos onde o vetor (também perpendicular a S)
∂g ∂g
Ng (u, v) = (u, v) × (u, v) (¶4 )
∂u ∂v
é diferente do vetor nulo. Isto posto, podemos escrever
∂g ∂g
∂g ∂g
(u, v) × (u, v) =
(u, v) ×
(u, v)
N (u, v),
∂u ∂v ∂u ∂v
e ficamos com uma nova expressão para o fluxo de F através de S:
Z ZZ
∂g ∂g
F · dS = F (g(u, v)) · N (u, v)
(u, v) ×
(u, v)
du dv
S ∂u ∂v
B
ZZ
= F (g(u, v)) · N (u, v) dσ .
B
400 Integrais de Superfı́cie
N
8.4.15
Exemplo Seja F : R3 −→ R3 o campo vetorial z
definido por F (x, y, z) = (x, y, −z).
Calcularemos o fluxo de F através da porção do pa-
rabolóide de revolução z = x2 + y 2 que se projeta
sobre o quadrado R = [0, 1] × [0, 1], como mostra a
F
figura 173 ao lado. Temos que
Observe, na figura, que em cada ponto X = g(u, v) de S os vetores F (X) e N (u, v) apontam
para lados opostos de S. Isso justifica o fluxo negativo que obtivemos.
A definição de fluxo (definição 8.4.14) que adotamos usa explicitamente uma determinada
parametrização para uma superfı́cie S. O estritamente correto, portanto, é que definimos o
fluxo de F através de S segundo uma parametrização g. Uma pergunta natural, neste ponto,
seria: se mudássemos a parametrização de uma superfı́cie S, como se comportaria fluxo de um
campo vetorial F através dela? Para responder esta questão, consideraremos o diagrama abaixo,
z
g x h
v t
B φ = (φ1 , φ2 )
B
e
u s
que mostra uma superfı́cie S parametrizada, ora por g, com parâmetros u e v, ora por h, usando
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 401
h(s, t) = (g ◦ φ)(s, t) = g(φ(s, t)) = g(φ1 (s, t), φ2 (s, t)), (s, t) ∈ B.
e
Este fato não é assim tão trivial, mas é verdadeiro para muitas superfı́cies. Agora, usando a
regra da cadeia, vem que
∂h
∂φ1 ∂g ∂φ2 ∂g
(s, t) = (s, t) (φ(s, t)) + (s, t) (φ(s, t))
∂s ∂s ∂u ∂s ∂v
∂h ∂φ1 ∂g ∂φ2 ∂g
(s, t) = (s, t) (φ(s, t)) + (s, t) (φ(s, t)).
∂t ∂t ∂u ∂t ∂v
Portanto,
∂h ∂h ∂φ1 ∂φ2 ∂φ1 ∂φ2 ∂g ∂g
× (s, t) = − (s, t) (φ(s, t)) × (φ(s, t))
∂s ∂t ∂s ∂t ∂t ∂s ∂u ∂v
(¶5 )
∂g ∂g
= det(Jφ)(s, t) (φ(s, t)) × (φ(s, t)) ,
∂u ∂v
onde Jφ é a matriz jacobiana de φ. Esta fórmula, imediatamente, dá a relação entre os vetores
normais (veja (¶4 )) produzidos pelas parametrizações g e h:
Portanto, os vetores normais unitários destas parametrizações podem apontar para lados dife-
rentes da superfı́cie S. Para isto, basta que o difeomorfismo φ seja negativo, isto é, det(Jφ) < 0.
No caso em que o difeomorfismo é positivo (det(Jφ) < 0), tais vetores coincidem.
Agora, vamos calcular o fluxo de um dado capo vetorial F através de S, usando g e h.
Usando g, temos que
Z ZZ
∂g ∂g
F · dS = F (g(u, v)) · ( (u, v) × (u, v)) du dv (¶6 )
S ∂u ∂v
B
e, para h, Z ZZ
∂h ∂h
F · dS = F (h(s, t)) · ( (s, t) × (s, t)) ds dt . (¶7 )
S ∂s ∂t
B
e
Logo,
ZZ
∂h ∂h
F (h(s, t)) · ( (s, t) × (s, t)) ds dt =
∂s ∂t
B
e
ZZ
∂g ∂g
F (g(u, v)) · ( (u, v) × (u, v)) du dv, se det(Jφ) > 0
∂u ∂v
B
= ZZ
∂g ∂g
− F (g(u, v)) · ( (u, v) ×
(u, v)) du dv, se det(Jφ) < 0,
∂u ∂v
B
o que resulta do teorema 7.2.30. Portanto, as integrais em (¶6 ) e (¶7 ) coincidem.
R
Concluı́mos, portanto, que S F · dS depende
do lado de S para o qual o vetor normal da para-
metrização aponta. Por isto, em muitas situações,
o fluxo é calculado considerando sobre S uma ori-
entação, isto é, fazemos uma escolha de um campo
de vetores unitários perpendiculares a S. Quando tal
escolha é possı́vel, a superfı́cie S é dita orientável. O
leitor curioso pode consultar um livro de Geometria
Diferencial e procurar pela faixa de Möbius, superfı́cie
que não é orientável: não tem dois lados. Nos nos-
sos exemplos, trabalharemos, apenas, com superfı́cies Figura 175: Faixa de Möbius
orientáveis. R
Portanto, como devemos proceder para calcular S F · S., com S orientada por um campo
de vetores unitários N ? A estratégia é a seguinte: parametrizamos S, digamos com
g : B −→ R3 ,
com parâmetros (u, v), calculamos
∂g ∂g
(u, v) ×
Ng (u, v) = (u, v)
∂u ∂v
e comparamos o seu sentido com o sentido do campo normal escolhido para orientar S. Se, em
cada ponto de S, Ng e N têm o mesmo sentido, o fluxo é o resultado de
ZZ
∂g ∂g
F (g(u, v)) · ( (u, v) × (u, v)) du dv, (¶8 )
∂u ∂v
B
Uma boa maneira de formalizar a discussão acima, é considerar a notação S − para indicar
que S está sendo olhada com a orientação oposta à orientação escolhida a priori, caso no qual
usamos, simplesmente, S. Portanto, podemos reescrever (¶8 ) e (¶9 ) assim:
Z Z
F · dS = − F · dS. (¶10 )
S− S
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 403
8.4.16
Exemplo Consideremos a esfera euclidiana S 2 (a), de raio a e centrada na origem, dada por
S 2 (a) = {(x, y, z); x2 + y 2 + z 2 = a2 }.
Considerando a S 2 (a) orientada pelo campo normal N que aponta para fora, vamos calcular o
fluxo do campo elétrico
(x, y, z) x y z
E(x, y, z) = k 3 = k(
p , p , p ),
k(x, y, z)k ( x2 + y 2 + z 2 )3 ( x2 + y 2 + z 2 )3 ( x2 + y 2 + z 2 )3
onde k é uma constante não nula. Como observamos acima, devemos parametrizar S 2 (a) e
comparar o sentido do vetor normal da parametrização com o sentido do campo normal de
S 2 (a), que escolhemos apontando para fora. Note que, neste caso, N (x, y, z) = ( xa , ay , az ). Como
vimos no exemplo 1.5.24, podemos parametrizar S 2 (a) com
g(u, v) = (a sen v cos u, a sen v sen u, a cos v), 0 ≤ u ≤ 2π, 0 ≤ v < π.
Quando olhamos de cima, na figura abaixo, vemos que as curvas coordenadas determinadas pelo
parâmetro u, os paralelos, são descritas no sentido anti horário. Já os meridianos, são descritos
∂g ∂g
de cima para baixo. Portanto, o vetor normal de g, Ng = ∂u × ∂v , deve apontar para dentro da
N gu
gu × gv
y
gv
x
esfera, sentido contrário ao sentido que adotamos inicialmente: o normal apontando para fora.
Logo, g é uma parametrização de (S 2 )− e, usando (¶10 ), temos que
Z Z
E · dS = − E · dS
S2 (S 2 )−
ZZ
∂g ∂g
=− E(g(u, v)) · ( (u, v) × (u, v)) du dv
∂u ∂v
[0,2π]×[0,π]
ZZ
g(u, v) ∂g ∂g
=− k 3
· ( (u, v) × (u, v)) du dv
a ∂u ∂v
[0,2π]×[0,π]
ZZ
g(u, v)
=k (sen v) · (cos u sen v, sen u sen v, cos v) du dv
a
[0,2π]×[0,π]
Z 2π Z π
=k du sen v dv = 4kπ.
0 0
404 Integrais de Superfı́cie
Consideremos um campo vetorial F (x, y, z) = (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z)) definido
em um certo subconjunto D ⊂ R3 e uma superfı́cie S ⊂ D parametrizada por
ou
X = (x, y, z) = g(u, v),
indicando que os pontos (x, y, z) ∈ S estão sendo cobertos por g. Os seguintes determinantes,
associados à matriz jacobiana de g,
∂g2 ∂g2
∂y ∂y
∂(y, z)
∂u
= det ∂g ∂v = det ∂u ∂v ,
∂g3 ∂z ∂z
3
∂(u, v)
∂u ∂v ∂u ∂v
∂g3 ∂g3
∂(z, x) ∂z ∂z
∂u
= det ∂g ∂v = det ∂u ∂v ,
1 ∂g1 ∂x ∂x
∂(u, v) ∂u ∂v ∂u ∂v
∂g1 ∂g1
∂x ∂x
∂(x, y)
∂u ∂v ∂u ∂v
= det ∂g 2 ∂g2 = det ∂y ∂y ,
∂(u, v) ∂u ∂v ∂u ∂v
∂g ∂g
F (g) · × = F (g) · Ng
∂u ∂v
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
= (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z)) · ( , , )×( , , )
∂u ∂u ∂u ∂v ∂v ∂v
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
= F1 (X), F2 (X), F3 (X)) · ( , , )×( , , )
∂u ∂u ∂u ∂v ∂v ∂v
∂y ∂z ∂z ∂y ∂z ∂x ∂x ∂z ∂x ∂y ∂y ∂x
= (F1 (X), F2 (X), F3 (X)) · − , − , −
∂u ∂v ∂u ∂v ∂u ∂v ∂u ∂v ∂u ∂v ∂u ∂v
∂(y, z) ∂(z, x) ∂(x, y)
= (F1 (X), F2 (X), F3 (X)) · , ,
∂(u, v) ∂(u, v) ∂(u, v)
∂(y, z) ∂(z, x) ∂(x, y)
= F1 (x, y, z) + F2 (x, y, z) + F3 (x, y, z) .
∂(u, v) ∂(u, v) ∂(u, v)
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 405
Z ZZ
∂(y, z) ∂(z, x) ∂(x, y)
F · dS = F1 (x, y, z) + F2 (x, y, z) + F3 (x, y, z) du dv
S ∂(u, v) ∂(u, v) ∂(u, v)
B (¶11 )
ZZ
∂(y, z) ∂(z, x) ∂(x, y)
= F1 (x, y, z) du dv +F2 (x, y, z) du dv +F3 (x, y, z) du dv .
∂(u, v) ∂(u, v) ∂(u, v)
B
∂(g2 , g3 ) ∂(y, z)
dy dz = du dv = du dv,
∂(u, v) ∂(u, v)
∂(g3 , g1 ) ∂(z, x)
dz dx = du dv = du dv
∂(u, v) ∂(u, v)
e
∂(g1 , g2 ) ∂(x, y)
dx dy = du dv = du dv,
∂(u, v) ∂(u, v)
que, substituı́dos em (¶11 ), produzem a bela notação
Z ZZ
F · dS = F1 dy dz +F2 dz dx +F3 dx dy .
S
S
8.4.17
Exemplo Retomando os dados do exemplo 8.4.15, temos que
ZZ
x dy dz +y dz dx −z dx dy = −2,
S
onde S 2 (a) é a esfera de raio a centrada na origem orientada com o normal apontando para fora.
406 Teorema de Stokes
8.5
Teorema de Stokes
ou Z Z
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
( − ) dy dz +( − ) dz dx +( − ) dx dy = g F · dX,
S ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y ∂S +
onde, agora, F : D ⊂ R3 −→ R3 ,
Ng (p)
z
v N(g(p))
∂B
p = (u, v)
g S
B ∂S = g(∂B)
y
u
x
Figura 178: orientando ∂S positivamente
8.5.1
Definição Dizemos que o bordo de S, ∂S = g(∂B), está orientado positivamente, o que
indicamos por ∂S + , se o bordo de B, ∂B, está orientada positivamente, como
na definição 8.3.3.
Observação A figura 178 mostra como obter a orientação positiva do bordo de S: começamos
orientando positivamente o bordo de B, isto é, o contorno externo de B é
orientado no sentido anti-horário e aqueles internos são orientados no sentido horário. Agora,
percorremos ∂B nessa orientação e vemos o que ocorre, via g, em ∂S. O sentido aı́ descrito é o
que determina ∂S + .
8.5.2
Exemplo Consideremos o cilindro circular reto de raio a > 0 e altura h > 0 dado por
C(a, h) = {(x, y, z) ∈ R3 ; x2 + y 2 = a2 , 0 ≤ z ≤ h},
de acordo com a subseção 1.5.22. Agora, faremos uma descrição cuidadosa do bordo de C(a, h) e
de
z
Q = (a, 0, h) β3 β3
Q = (a, 0, h)
v gv
β 2 = β4 gu β4
h γ3
g
Ng
γ4 B γ2 β2
γ1 2π u
y
P = (a, 0, 0) β1 P = (a, 0, 0) β1
x
sua orientação. Começamos calculando a orientação induzida por g. Temos que
Portanto, estamos trabalhando com a orientação com normal apontando para fora do cilindro.
Em outras palavras,
x y
N (x, y, z) = ( , , 0)
a a
é o campo de vetores unitários perpendiculares a C(a, h) e que aponta para fora de C(a, h).
Observe que, em cada ponto g(u, v), vale a relação
Agora, vamos aos bordos envolvidos, o de B e o do cilindro C(a, h). O bordo de B, orientado
positivamente, é composto de quatro segmentos de reta, que indicaremos por γ1 , orientado da
esquerda para a direita; γ2 , orientado de baixo para cima; γ3 , orientado da direita para esquerda;
γ4 , orientado de cima para baixo. Portanto,
∂(C(a, h)) = β1 ∪ β2 ∪ β3 ∪ β4 ,
que é o cı́rculo inferior de C(a, h), descrito no sentido anti-horário, para quem olha de cima,
digamos do ponto (0, 0, 2h);
(ii) β2 é parametrizado por
η3− (u) = g(α3− (u)) = g(u, h) = (a cos u, a sen u, h), u ∈ [0, 2π],
que descreve o cı́rculo superior de C(a, h), também no sentido anti-horário. Logo, β3 é o
mesmo cı́rculo, só que descrito no sentido horário, para quem olha de (0, 0, 2h);
(iv) β4− é parametrizado por
η4− (v) = g(α4− (v)) = g(0, v) = (a, 0, 0) + v(0, 0, 1), v ∈ [0, h].
Logo, β4− , assim como β2 , é o segmento de reta que começa em P e termina em Q. Portanto,
β4 começa em Q e termina em P .
Assim, ∂(C(a, h))+ é composto por dois cı́rculos, β1 e β3 , com orientações contrárias, e dois
segmentos coincidentes, β2 e β4 , também com orientações contrárias.
Suponha, agora, que, para algum campo vetorial F , quiséssemos calcular a integral de
linha Z
g F · dX .
∂(C(a,h))+
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 409
Z Z Z Z Z
g F · dX = g F · dX + F · dX + g F · dX + F · dX
∂(C(a,h))+ β1 β2 β3 β4
Z Z Z Z
= g F · dX + F · dX + g F · dX + F · dX
β1 β2 β3 β2−
Z Z Z Z
= g F · dX + F · dX + g F · dX − F · dX
β1 β2 β3 β2
Z Z Z
= g F · dX + g F · dX = g F · dX .
β1 β3 β1 ∪β3
Por esta razão, às vezes dizemos que o bordo do cilindro é composto, apenas, pelos cı́rculos
inferior e superior, o que, na verdade, é bem mais intuitivo. Diante disto, escreveremos:
∂(C(a, h)) = β1 ∪ β3 .
8.5.3
Exemplo Vamos considerar, agora, a superfı́cie S do exemplo 8.4.15, isto é, a parte do
parabolóide z = x2 + y 2 que se projeta sobre o quadrado B = [0, 1] × [0, 1]. A
parametrização natural desta superfı́cie é dada por
g(u, v) = (u, v, u2 + v 2 ), 0 ≤ u ≤ 1, 0 ≤ v ≤ 1.
Portanto, para identificar ∂S + , devemos descrever ∂B no sentido anti-horário e ver o que acon-
tece com a imagem de ∂B através de g. Como no exemplo anterior, ∂B é a justaposição de
quatro segmentos de reta:
∂B + = γ1 ∪ γ2 ∪ γ3 ∪ γ4 ,
onde
(i) γ1 é parametrizado por
z
α1 (u) = (u, 0), u ∈ [0, 1]; β2 β3
(ii) γ2 é parametrizado por Ng (u, v)
8.5.4
Exemplo Visando compreender melhor a noção de bordo, retomemos o cilindro circular
reto de raio a > 0 e altura h > 0 dado por
C(a, h) = {(x, y, z) ∈ R3 ; x2 + y 2 = a2 , 0 ≤ z ≤ h},
o qual já estudamos no exemplo 8.5.2, parametrizando-o com
g : [0, 2π] × [0, h] −− − R3
−→
−
(u, v) −−−−−→ g(u, v) = (a cos u, a sen u, v),
que não é injetiva e, portanto, produz curvas repetidas dentro de ∂(C(a, h)). Agora, vamos
construir uma nova parametrização h, injetiva, só que definida do anel
√
B = {(u, v); 1 ≤ u2 + v 2 ≤ eh }.
A razão para a escolha do raio eh ficará claro a seguir. Bem, a parametrização h, definida no
anel B, é dada por
au av √
h(u, v) = ( √ ,√ , log( u2 + v 2 )).
u2 + v 2 u2 + v 2
Observe que o cı́rculo γ1 , de raio 1, do anel, é levado, por h, no cı́rculo
β1 = {(x, y, z) = h(u, v) = (au, av, 0)},
z
v
β2 β2
γ2
γ1
h Nh
1 e h u
y
β1 β1
x
Figura 181
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 411
√
visto que u2 + v 2 = 1 em γ1 . Já o cı́rculo γ2 , o bordo externo de B, dado por
√
γ2 = {(u, v); u2 + v 2 = eh }
é levado em
au av au av
β2 = {(x, y, z) = h(u, v) = ( h
, h , log(eh )) = ( h , h , h)},
e e e e
que, claro, é o cı́rculo superior de C(a, h). Neste ponto, esperamos que o leitor tenha percebido
o funcionamento de h: os cı́rculos de B, aqueles centrados na origem, são transformados nos
paralelos do cilindro C(a, h). Agora, vamos estudar os bordos de B e de C(a, h), considerando a
aplicação h. Na figura acima, vemos o ∂B orientado positivamente: γ1 orientado so sentido anti
horário e γ2 no sentido horário. Portanto, a imagem de ∂B com esta orientação, via h, compõe
∂(C(a, h))+ e ficamos com
∂(C(a, h))+ = β1 ∪ β2 ,
como vemos na figura 181. Observe que, para fins de integrais de linha sobre o ∂(C(a, h)),
reobtemos quase o mesmo bordo do exemplo 8.5.2. A diferença está apenas nos sentidos em
que são descritos os cı́rculos superior e inferior de C(a, h): em 8.5.2, β1 é percorrido no sentido
contrário ao deste exemplo, o mesmo ocorrendo com β2 , que, naquele exemplo, aparece como β3 .
Esta troca na orientação, também ocorre com os vetores normais Ng , do exemplo 8.5.2, e Nh , o
qual aponta para dentro de C(a, h), como o leitor deve verificar, a partir de
∂h ∂h au av
Nh (u, v) = (u, v) × (u, v) = (− 3 ,− 3 , 0).
∂u ∂v (u2 + v 2 ) 2 (u2 + v 2 ) 2
Observação O objetivo principal dos três exemplos anteriores é estabelecer o aspecto geomé-
trico da noção de bordo de uma superfı́cie S, como sendo as curvas (ou curva)
que de certa forma delimitam-na dentro do espaço. Com algumas parametrizações, podem
aparecer, como parte do bordo, curvas indesejáveis, mas que se cancelam quando calculamos
uma integral de linha sobre o bordo. Diante deste fato, olharemos para o bordo de uma superfı́cie,
esquecendo as possı́veis repetições decorrentes de defeitos da parametrização, e ficando com o
que chamamos de bordo geométrico, bordo efetivo ou, ainda, bordo lı́quido da superfı́cie, cuja
orientação, claro, depende da parametrização em jogo. O bordo geométrico, como conjunto de
pontos, não se altera, se mudamos a parametrização.
Agora, imagine a esfera de raio a centrada na origem, S 2 (a). O que seria ∂(S 2 (a))? Bem,
se procuramos por curvas que a delimitam, não encontramos coisa alguma. Portanto, é natural
dizer que a esfera tem bordo vazio. No exemplo a seguir, este fato será verificado. Na verdade,
devido às deficiências da parametrização que usaremos, o bordo de S 2 (a) será composto de dois
semi-cı́rculos, que se cancelam, e dois pontos, sobre os quais, claro, integrais de linha se anulam.
Outras superfı́cies têm, também, bordos vazios. Elas são chamadas de superfı́cies fechadas. As
esferas, os elipsóides e os toros são exemplos de superfı́cies fechadas. Na figura 182 a seguir,
412 Teorema de Stokes
elipsóide
bitoro
toro
8.5.5
Exemplo Sabemos que a esfera S 2 (a), de raio a e centrada na origem,
g(u, v) = (a sen v cos u, a sen v sen u, a cos v), (u, v) ∈ B = [0, 2π] × [0, π],
já usada no exemplo 8.4.16. Com vimos fazendo, para determinar ∂(S 2 (a))+ , primeiro orienta-
z
v β3
P = (0, 0, a)
π γ3
g
γ4 B γ2 β2 = β4−
y
γ1 2π u
β1
x
mos ∂B positivamente e, depois, vemos o que acontece com sua imagem via g. Vamos passo a
passo. Temos que
∂B + = γ1 ∪ γ2 ∪ γ3 ∪ γ4 ,
onde
(iv) γ4− é parametrizado por α4− (v) = (0, v), v ∈ [0, π].
Concluı́mos que
∂(S 2 (a))+ = {P } ∪ β2 ∪ {Q} ∪ β4 = {P } ∪ β2 ∪ {Q} ∪ β2−
e, se F é uma campo vetorial dado, sua integral sobre ∂(S 2 (a))+ vale
Z Z Z Z Z
g F · dX = g F · dX + F · dX + g F · dX + F · dX
∂(S 2 (a))+ β1 β2 β3 β4
Z Z
=0+ F · dX +0 + F · dX = 0.
β2 β2−
Portanto, toda integral de linha sobre ∂(S 2 (a))+ é nula. Traduzimos isto, dizendo que S 2 (a)
tem bordo vazio, o que escrevemos ∂(S 2 (a)) = ∅.
Visando motivar o teorema de Stokes, trabalharemos em alguns exemplos, testando-o, isto
é, calculando, diretamente,os dois lados da equação em (¶12 ):
ZZ Z
rot F · dS = g F · dX .
∂S +
S
414 Teorema de Stokes
8.5.6
Exemplo Retomaremos o cilindro do exemplo 8.5.2, considerando, por simplicidade, a = 1
e h = 1. Portanto, trabalharemos com
parametrizado por
z
g(u, v) = (cos u, sen u, v), (u, v) ∈ [0, 2π] × [0, 1]. β3
isto é,
Z
rot F · dS = −π. (¶13 )
C
Z
Agora, vamos ao cálculo de g F · dX. Primeiro, observamos que podemos considerar,
∂C +
apenas, o bordo geométrico. Logo, podemos supor
∂C + = β1 ∪ β3 ,
como vemos na figura 184 (não deixe de rever o exemplo 8.5.2). Com a atenção voltada para o
exemplo 8.5.2, vemos que β1 é parametrizado por
que é o cı́rculo inferior de C, na orientação desejada, e que a curva oposta de β3 , β3− , é parame-
trizada por
η3− (u) = g(α3− (u)) = g(u, h) = (cos u, sen u, 1), u ∈ [0, 2π],
que que é o cı́rculo superior de C, descrito no sentido contrário àquele que precisamos, para
descrever ∂C + . Portanto, podemos escrever:
Z Z Z Z Z
g F · dX = g F · dX + g F · dX = g F · dX − g F · dX .
−
∂C + β1 β3 β1 β3
Calcularemos a primeira parcela e deixaremos a outra para o leitor, que não deverá ter dificul-
dades. Temos
Z Z Z 2π
g F · dX = F · dX = F (η1 (u)) · η10 (u) du
β1 η1 0
Z 2π
= (−2 sen u, 0, cos u + cos u sen u) · (− sen u, cos u, 0) du
0
Z 2π
= 2 sen2 u du = 2π
0
Logo, Z Z Z
g F · dX = g F · dX − g− F · dX = 2π − 3π = −π,
∂C + β1 β3
8.5.7
Exemplo Agora, trabalharemos com a porção do parabolóide z = x2 + y2 , como no exem-
plo 8.5.3. Portanto, trabalharemos com
S = {(x, y, z) ∈ R3 ; z = x2 + y 2 , (x, y) ∈ [0, 1] × [0, 1]},
parametrizada por
z
g(u, v) = (u, v, u2 + v 2 ), (u, v) ∈ [0, 1] × [0, 1]. β2 β3
Ng (u, v)
Consideremos o campo vetorial definido por
−xy 2 xz x2 y z 2 −x2 y z S (u, v, u2 + v 2 )
F (x, y, z) = ( + , − , + ),
4 3 4 3 3 3 β1 β4 g
cujo rotacional é γ3
γ4 y
(u, v) γ2
e1 e2 e3 γ1
∂ ∂ ∂
rot F = det ∂x ∂y ∂z
= (z, x, xy). x
Figura 185
−xy 2 xz x2 y z2 −x2 yz
4
+ 3 4
− 3 3
+ 3
Z
Agora, vejamos o cálculo de g F · dX, onde
∂S +
∂S + = β1 ∪ β2 ∪ β3 ∪ β4 ,
com vemos na figura 185, a qual mostra que
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 417
Portanto,
Z Z Z 1
F · dX = F · dX = F (η1 (u)) · η10 (u) du
β1 η1 0
1
u3 −u4 −u2
Z
= ( , , ) · (1, 0, 2u) du
0 3 3 3
1
−u3
Z
1
= du = − ,
0 3 12
Z Z Z 1
F · dX = F · dX = F (η1 (v)) · η20 (v) dv
β2 η2 0
1 2
4 + v 2 v (1 + v 2 ) −1 + v + v 3
Z
= ( , − , ) · (0, 1, 2v) dv
0 12 4 3 3
1
−4 − 5v + 4v 4
Z
19
= dv = − ,
0 12 40
Z Z Z 1
F · dX = − F · dX = − F (η3− (u)) · (η3− )0 (u) du
β3 η3− 0
1
u + 4u3 −4 − 5u2 − 4u4 1
Z
=− ( , , ) · (1, 0, 2u) du
0 12 12 3
1
u(9 + 4u2 )
Z
11
=− du = −
0 12 24
e
Z Z Z 1
F · dX = − F · dX = − F (η4− (v)) · (η4− )0 (v) dv
β4 η4− 0
1
−v 4 v 3
Z
=− (0, , ) · (0, 1, 2v) dv
0 3 3
1
v4
Z
1
=− dv = − ,
0 3 15
Logo, Z
g 1 19 11 1 13
F · dX = − − − − =− ,
∂S + 12 40 24 15 12
418 Teorema de Stokes
que coincide com o resultado de (¶14 ) e comprovamos, outra vez, que vale
ZZ Z
rot F · dS = g F · dX .
∂S +
S
8.5.8
Exemplo Agora, usando a esfera S 2 = S 2 (1) e o campo vetorial do exemplo anterior. Neste
caso, temos que
g(u, v) = (sen v cos u, sen v sen u, cos v), (u, v) ∈ B = [0, 2π] × [0, π],
conforme exemplo 8.5.5, e
−xy 2 xz x2 y z 2 −x2 y z
F (x, y, z) = ( + , − , + ),
4 3 4 3 3 3
com rotacional
rot F (x, y, z) = (z, x, xy).
Temos que
Z ZZ
∂g ∂g
rot F · dS = rot F (g(u, v)) · ( × ) du dv
S ∂u ∂v
[0,2π]×[0,π]
ZZ
= −(cos u sen2 v(cos v + (1 + cos v) sen u sen v)) du dv
[0,2π]×[0,π]
Z π Z 2π
=− ( (cos u sen2 v(cos v + (1 + cos v) sen u sen v)) du) dv
0 0
Z π Z 2π Z π Z 2π
2 3
=− (sen v cos v cos u du) dv − ((1 + cos v) sen v sen 2u du) dv = 0,
0 0 0 0
o que coincide com a integral de linha de F sobre o bordo de S 2 , o qual é vazio. Neste ponto, o
leitor poderia revisitar o exemplo 8.5.5.
Estamos bem próximos de estabelecer, de uma vez por todas, o teorema de Stokes. Vamos
só adaptar o teorema de Green (teorema 8.3.4) para a nossa situação, onde as variáveis do plano,
no lugar de x e y, são u e v e o campo é da forma V (u, v) = (G(u, v), H(u, v)).
onde ∂S + significa que o bordo de S está orientado positivamente, de acordo com a definição 8.5.1.
Demonstração: Vamos olhar para a integral de linha de F ao longo do bordo de S, o
qual estará parametrizado por
onde
α(t) = (u(t), v(t)), a ≤ t ≤ b,
parametriza o bordo de B positivamente e
Z Z
g F · dX = g P dx +Q dy +R dz
∂S ∂S
Z b
= P (β(t))β10 (t) dt +Q(β(t))β20 (t) dt +R(β(t))β30 (t) dt
a
Z b Z b Z b
= P (β(t))β10 (t) dt + Q(β(t))β20 (t) dt + R(β(t))β30 (t) dt
a a a
As outras duas são estudadas de forma similar e deverá ser feito pelo leitor. De
que é a integral de linha do campo V (u, v) = (G(u, v), H(u, v)) ao longo de ∂B + , a qual, via
teorema de Green (8.5.9), fica
Z ZZ
g G du +H dv = ∂H ∂G
( − ) du dv .
∂B + ∂u ∂v
B
Agora, aplicando a regra da cadeia em cada parcela do integrando da integral dupla acima,
obtemos que.
∂ 2 g1 ∂ 2 g1
Observando que ∂v∂u
= ∂u∂v
(veja o teorema 4.2.7), segue-se que
e Z b ZZ
∂R ∂(g3 , g1 ) ∂R ∂(g2 , g3 )
I3 = R(β(t))β30 (t) dt = (− + ) du dv .
a ∂x ∂(u, v) ∂y ∂(u, v)
B
Portanto,
Z
g P dx +Q dy +R dz = I1 + I2 + I3
∂S
ZZ
∂R ∂Q ∂(g2 , g3 ) ∂P ∂R ∂(g3 , g1 ) ∂Q ∂P ∂(g1 , g2 )
= (( − ) +( − ) +( − ) )) du dv
∂y ∂z ∂(u, v) ∂z ∂x ∂(u, v) ∂y ∂x ∂(u, v)
B
ZZ
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
= ( − ) dy dz +( − ) dz dx +( − ) dx dy
∂y ∂z ∂z ∂x ∂y ∂x
B
Z
= rot F · dS,
S
8.5.11
Corolário Se S é uma superfı́cie fechada e F é um campo vetorial qualquer de classe C 1
em alguma região D ⊃ S, então
Z
rot F · dS = 0.
S
8.5.12
Exemplo No exemplo 1.5.25, estudamos o toro de revolução, T 2 (a, b), o qual é parametri-
zado por
g : [0, 2π] × [0, 2π] −− − R3
−→
−
(u, v) −−−−−→ g(u, v) = ((b + a cos v) cos u, (b + a cos v) sen u, a sen v),
onde b > a > 0 são constantes. T 2 (a, b), claro, é uma superfı́cie fechada. Portanto, para todo
campo vetorial F , de classe C 1 , definido em alguma vizinhança que o envolva, devemos ter
Z
rot F · dS = 0.
S
8.5.13
Exemplo Agora, considere uma função real f : D ⊂ R3 −→ R definida no conjunto aberto D
contendo uma certa superfı́cie S e defina
∂f ∂f ∂f
F (x, y, z) = ∇f (x, y, z) = ( , , ),
∂x ∂y ∂z
o campo gradiente de f . Qual seria o valor da integral de linha deste campo ao longo de ∂S?
A resposta é simples: Z Z
F · dX = ∇f · dX = 0,
∂S ∂S
posto que
e1 e2 e3
∂ ∂ ∂
rot F = rot(∇f ) = det ∂x ∂y ∂z
∂f ∂f ∂f
∂x ∂y ∂z
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
=( − , − , − ) = (0, 0, 0)
∂y∂z ∂z∂y ∂z∂x ∂x∂z ∂x∂y ∂y∂x
e temos o teorema de Stokes. É claro que este resultado podia ser obtido direto do teorema 8.2.26,
já que F = ∇f é conservativo e ∂S é uma curva fechada.
Os Teoremas de Green, Stokes e Gauss 423
8.6
Teorema de Gauss
onde Nα (t) = (−α20 (t), α10 (t)) é o vetor normal de α, o que definimos agora. Esta integral de
linha mede, de certa forma, análoga ao fluxo através de superfı́cies, como o campo F atravessa
a curva. Agora, se α = ∂B, para alguma região B, o teorema de Green dá
Z Z b ZZ
∂P ∂Q
F · Nα dt = −Q dx +P dy = ( + ) dx dy
∂B a ∂x ∂y
B
8.6.2 [Divergente]
Definição Seja F : D ⊂ R3 −→ R3 um campo vetorial em R3 definido por
F (x, y, z) = (P (x, y, z), Q(x, y, z), R(x, y, z)). O divergente de F ,
indicado por div F , é a função real
∂P ∂Q ∂R
div F (X) = (X) + (X) + (X),
∂x ∂y ∂z
onde X = (x, y, z) ∈ D.
Retornando à nossa motivação para o teorema de Gauss, agora olhamos para a nova versão
do teorema de Green (teorema 8.6.1) e perguntamos se é possı́vel estendê-la para dimensão três,
já que temos a definição 8.6.2. A resposta é positiva e falta, apenas, compreender a noção de
bordo de um sólido do R3 , posto que a integral de div F deverá ser uma integral tripla e ,
portanto, sobre um sólido razoável do R3 . Por razoável, queremos dizer um sólido delimitado
por uma superfı́cie. Por exemplo, uma bola fechada de raio a e centrada na origem é o sólido
envolvido pela esfera S 2 (a). Um outro exemplo bastante popular é um tronco de cilindro sólido
de raio a e altura h, o qual é delimitado pela união de dois discos de raio a, suas bases superior
e inferior, e uma superfı́cie lateral, o cilindro (propriamente dito) de raio a e altura h. A
superfı́cie delimitadora de um sólido será chamada bordo do sólido, objeto que substituirá o
bordo da região plana B do teorem de Green, e ficaremos com o seguinte resultado, o teorema
da divergência de Gauss.
ZZZ Z
∂P ∂Q ∂R
+ + dx dy dz = F · dS, (¶16 ) ∂Ω
∂x ∂y ∂z ∂Ω+
Ω
8.6.3 z
Exemplo Consideremos, outra vez, a esfera euclidi-
ana S 2 (a), de raio a e centrada na origem, N gu
dada por
dade
F (x, y, z) = (x, y, z)
e, por ouro lado, vamos calcular a divergência de F na bola B[a] envolvida pela esfera:
ZZZ
div F (x, y, z) dx dy dz,
B[a]
Sabemos que
o que coincide com (¶17 ), e temos o primeiro teste positivo para o teorema de Gauss.
Vejamos mais um teste, agora com um tetraedro.
8.6.4 [C]
Exemplo onsideremos o tetraedro sólido delimitado pelo plano π, de equação x + y + z = 1,
e pelos planos coordenados, isto é,
onde T é o triângulo
T = {(x, y); 0 ≤ y ≤ 1 − x, 0 ≤ x ≤ 1}.
426 Teorema de Gauss
S = ∂Ω = S1 ∪ S2 ∪ S3 ∪ S4 ,
simplesmente fazemos
Z Z Z Z Z
F · dS = F · dS + F · dS + F · dS + F · dS.
S S1 S2 S3 S4
8
Exercı́cios
428 Teoremas de Green, Stokes e Gauss – Exercı́cios
Z
8-1 Em cada caso, calcule a integral de linha F ·dX do campo de vetores F sobre a curva α.
α
8-3 Calcule o trabalho realizado no deslocamento de uma partı́cula ao longo de α(t) = (cos t, sen t, t),
t ∈ [0, 2π], sob a ação do campo de forças F (x, y, z) = (z, x, y).
8-4 Determine o trabalho realizado pelo campo F (x, y) = (3y 2 + 2, 16x) no deslocamento de
uma partı́cula de (−1, 0) a (1, 0) ao longo da metade superior da elipse b2 x2 + y 2 = b2 . Ache,
também, a elipse correspondente ao trabalho mı́nimo.
y x
8-11 Considere o campo vetorial F (x, y) = − , , (x, y) ∈ D = R2 − {(0, 0)}.
x2 + y 2 x2 + y 2
R
(a) Calcule αF · dX nos seguintes casos:
(i) α(t) = (cos t, sen t), t ∈ [0, π/2];
(ii) α(t) = (cos t, sen t), t ∈ [0, π];
(iii) α(t) = (cos t, sen t), t ∈ [π/2, 3π/2];
(iv) α(t) = (cos t, sen t), t ∈ [0, 5π/2];
(v) α(t) = (cos t, − sen t), t ∈ [0, 2π];
(vi) α(t) = (cos t, − sen t), t ∈ [0, 4π];
(b) Seja f1 (x, y) = − arctg(x/y) definida em E1 = {(x, y); y > 0}. Mostre que F = ∇f1 em
E1 , isto é, f1 é um potencial de F em E1 ;
(c) Encontre todos os potenciais f2 de F na região convexa E1 ;
(d) Seja E = R2 − {(x, y); y = 0 e x ≤ 0}. Mostre que
!
y
g(x, y) = 2 arctg p , (x, y) ∈ H,
x + x2 + y 2
é um potencial
Z de F em H;
(e) Calcule g6F · dX sobre a astróide β(t) = (a cos3 t, a sen3 t), t ∈ [0, 2π];
β
Z
(f) Encontre todos os valores de F · dX, onde α é uma curva qualquer em D ligando os
α
pontos (1, 0) e (2, 2).
8-12 Um conjunto D ⊂ Rn é dito estrelado com relação a X0 ∈ D, se dado X ∈ D o segmento
de reta [X0 , X] está contido em D.
(a) Mostre que se D é convexo, então D é estrelado com relação a qualquer um de seus
pontos;
(b) Mostre que D = R2 − [0, ∞) é estrelado com relação a X0 = (−1, 0), mas não é convexo.
(c) Se D é estrelado, então D é simplesmente conexo;
(d) Conclua que se D = R2 − l, onde l é uma semi-reta partindo da origem, então a restrição
do campo F do exemplo 8.3.8 a D é um campo gradiente.
8-13 Seja ∂B o bordo orientado de uma região limitada B ⊂ R2 . Mostre que a área de B vale
Z
1 g
área(B) =
2 ∂B6 x dy −y dx .
8-14 Use o resultado anterior para calcular a área das seguintes regiões.
(a) B é a região limitada pela elipse x = a cos t, y = b sen t, t ∈ [0, 2π];
(b) B é a região limitada pela astróide x = a cos3 t, y = a sen3 t, t ∈ [0, 2π];
(c) B é a região exterior à circunferência x2 + y 2 = 1 e interior ao quadrado |x| + |y| = 4.
Teoremas de Green, Stokes e Gauss – Exercı́cios 431
(a) g(ϕ, θ) = (cos θ sen ϕ, sen θ sen ϕ, cos ϕ); D = [0, π] × [0, 2π];
(b) g(u, v) = (v cos u, v sen u, v), D = [0, 2π] × [0, h], h > 0;
(c) g(θ, z) = (cos θ, sen θ, z), D = [0, 2π] × [0, h], h > 0;
(d) g(x, y) = (x, y, 1 − x − y), D = {(x, y); x ∈ [0, 1], y ∈ [0, 1 − x]};
(e) g(x, y) = (x, y, x2 + y 2 ), D = {(x, y); 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4}.
8-18 Use a proposição 8.4.10 para achar a área do toro de revolução T 2 (a, b) gerado pela rotação
em torno do eixo-z da circunferência (x − b)2 + z 2 = a2 , onde 0 < a < b e y = 0 (veja o
exemplo 1.5.25, página 50). Calcule, também, o volume do sólido Ω (toro sólido) envolvida
pelo toro.
8-19 Seja C(ϕ) o cone circular reto de abertura ϕ, 0 < ϕ < π/2, gerado pela rotação em torno do
eixo-z da reta α(v) = (v sen ϕ, 0, v cos ϕ), 0 ≤ v ≤ L, onde L é o comprimento da geratriz α.
Mostre que área(C) = πL2 sen ϕ.
Z Z
8-21 Calcule as integrais de superfı́cie F · dS = F · N dσ, dados F e S = g(D).
S S
(a) F (x, y, z) = (x, y, z) e S é o triângulo de vértices (1, 0, 0), (0, 1, 0), e (0, 0, 1);
(b) F (x, y, z) = (x, −2x − y, z) e S é o hemisfério x2 + y 2 + z 2 = 1, z ≥ 0;
(c) F (x, y, z) = (x, y, z) e S é o cilindro x2 + y 2 = a2 , 0 ≤ z ≤ h;
(d) F (x, y, z) = (x, y, z) e S é o cilindro em (c) colado aos discos
8-25 Calcule as seguintes integrais de superfı́cie, onde S está orientada pelo campo de vetores
normais que apontam para fora.
Z
(a) xz dy dz +yz dz dx +x2 dx dy, onde S : x2 + y 2 + z 2 = a2 ;
S
Z
(b) x dy dz +y dx dy, onde S = ∂([0, 1] × [0, 1] × [0, 1]).
S
Teoremas de Green, Stokes e Gauss – Exercı́cios 433
(b) Se S se contrai a um ponto X0 de tal modo que σ(S) tende para zero, então
Z
1
lim F · dS = F (X0 ) · N0 ,
σ(S)→0 área(S) S
8-29 Seja S = ∂Ω o bordo orientado de uma certa região Ω ⊂ R3 , onde vale o teorema de Gauss.
Mostre que
Z Z Z Z
1
vol(Ω) = x dy dz = y dz dx = z dx dy = x dy dz +y dz dx +z dx dy .
S S S 3 S
x2 y 2 z 2
8-30 Seja E(a, b, c) o elipsóide + + 2 = 1 e seja D(x, y, z) a distância da origem ao plano
a2 b 2 c
tangente de E(a, b, c) no ponto X = (x, y, z).
x y z 1
(a) Se F (x, y, z) = 2 , 2 , 2 , então F · N = , onde N é o vetor normal unitário de
a b c D
E(a, b, c) em X que aponta para fora;
Z
−1 4π bc ca ab
(b) D dσ = + + .
E(a,b,c) 3 a b c
8-31 Seja S uma superfı́cie fechada (compacta e ∂S = ∅) Z
diferenciável por partes e F um campo
de vetores continuamente diferenciável. Mostre que rot F · dS = 0.
S
8-32 Seja F um campo de vetores de classe C 1 na bola B[X0 , r]. Mostre que
Z
1
divF (X0 ) = lim F · dS,
r→0 vol(B[X0 , r]) S 2 [X ,r]
0
onde S 2 [X0 , r] está orientada pelo vetor normal que aponta para fora.
8-33 Considere o campo de vetores
X
F (X) = , X 6= (0, 0, 0), N
kXk3
S
e S uma superfı́cie fechada (∂S = ∅ e com-
pacta), orientada pelo vetor normal exterior.
(a) Mostre que F é um campo solenoidal, isto N
é, div F (X) = 0, para todo X 6= (0, 0, 0); p(S)
N
(b) Se a origem é exterior a S, mostre que S 2
Z
F · dS = 0;
S
(c) Se a origem é interior S, mostre que Tronco de Cone Determinado por S
Z
F · dS = 4π.
S
(d) Considere o ângulo sólido Θ(S), definido no exercı́cio 8-22. Aplique o teorema de Gauss
ao tronco de cone sólido T C, com base inferior p(S) e base superior S, para provar que
Z
X
Θ(S) = 3 · N dσ,
S kXk
onde N é o vetor normal unitário de S que aponta para fora, como mostra a figura
abaixo.
Teoremas de Green, Stokes e Gauss – Exercı́cios 435
8-1
(a) 23/6.
(b) 5/2.
(c) 6π.
(d) 2π se R2 > a2 + b2 , 0 se R2 < a2 + b2 .
8-2
2
(a) e − cos 1 + .
5
369
(b) − .
10
(c) −2π.
(d) −2.
(e) 0.
√
(f) −2 2π.
8-3 3π.
8-4 4b2 − 8bπ + 4. A elipse procurada é aquela obtida com b = π.
Z b Z b
8-5 Ponha M = max |F (α(t))| e use g(t) dt ≤ |g(t)| dt.
a≤t≤b a a
8-6
8-7
∂Q ∂P
(a) − = −2 6= 0.
∂x ∂y
8-8
(a) φ(x, y, z) = x sen yz + C.
(b) φ(x, y, z) = x + 2x2 y − x3 z 2 + 2y − z 3 + C.
(c) φ(x, y) = exy +C.
(d) φ(x, y) = log(x2 + y 2 ) + C, (x, y) 6= (0, 0).
k
(e) φ(X) = − kXk2 + C.
2
1 p+2
(f) φ(X) = r + C, se p 6= −2, φ(X) = log r + C, se p = −2.
p+2
8-9
(a) 4/5.
(b) 0.
8-10
(a) 0.
(b) 3π/2.
(c) 0.
(d) 0
(e) 0.
438 Teoremas de Green, Stokes e Gauss – Exercı́cios
8-11
(a)
(i) π/2.
(ii) π.
(iii) π.
(iv) 5π/2.
(v) −2π.
(vi) −4π.
(c) f2 (x, y) = − arctg(x/y) + C.
(e) 2π, o se obtém calculando ao longo de α(t) = (cos t, sen t), t ∈ [0, 2π].
π
(f) + 2nπ, n inteiro.
4
8-12
(c) Imite o exemplo 8.3.11, item (i).
(d) De fato, JF é simétrica e D é simplesmente conexo.
8-13 Use o teorema de Green.
8-14
(a) πab.
(b) 38 πa2 .
(c) 32 − π.
8-15
(a) Esfera unitária.
(b) Cone de altura h.
(c) Cilindro de altura h.
(d) Plano z = 1 − x − y.
(e) Parabolóide de revolução.
8-16
3π √ √
(a) Parte de um helicóide. área(S) = 2 + log(1 + 2) .
2
√
3
(b) Parte de um plano. área(S) = .
2
(c) Tronco de cilindro de altura h e raio da base a. área(S) = 2πah.
π
(d) Parte de um parabolóide de revolução. área(S) = 173/2 − 53/2 .
6
8-17 Parametrize S com g(x, y) = (x, y, f (x, y)), (x, y) ∈ D.
8-18 área(T 2 (a, b)) = 4π 2 ab e vol(R) = 2π 2 a2 b.
Teoremas de Green, Stokes e Gauss – Exercı́cios 439
8-20
√ √
(a) Use 8-19 com L = a2 + h2 e sen ϕ = a/L. área(S) = πa a2 + h2 .
(b) S é o gráfico de z = f (x, y) = a − x − y, (x, y) ∈ B[0, a]. Usando (d) temos que
ZZ √ √
área(S) = x.y. = 3 área(B[0, a]) = πa2 3.
B[0,a]
(c) área(S) = 8a2 (π − 2).
√ !
3
(d) área(S) = 2π 1 − .
3
ZZ √ √
(e) Mostre que área(S) = 2 x.y. = 2π 6, onde E é a região cercada pela elipse
E
(x + 1)2 y 2
+ = 1.
4 3
8-21
(a) −2.
(b) 0.
(c) π.
Z Z Z Z
X X 1 1
8-23 F · dS = 3 · dσ = 2 dσ = 2 dσ = 4π.
S 2 (a) S 2 (a) kXk kXk S 2 (a) kXk a S 2 (a)
8-24
1
(a) .
2
2π
(b) .
3
(c) 2πa2 h.
(d) 6πa2 h.
8-25
(a) 0.
(b) 1.
8-26
(a) Ponha M = max kF (X)k. Temos
X∈S
Z Z Z
F · dS = F · N dσ ≤ kF k dσ ≤ M área(S).
S S S
8-27
(a) 0.
(b) −π.
(c) −4.
4
(d) .
3
(e) 0.
8-28
(a) 0.
8πa4
(b) .
√3
(c) 8 2π.
(d) 1
8-30
(b) Seja B a região envolvida por E(a, b, c). Usando o teorema de Gauss, temos
Z ZZZ
−1 1 1 1 4 1 1 1
D dσ = div F x.y.z. = vol(B) + + = πabc + + .
E(a,b,c) a2 b 2 c 2 3 a2 b 2 c 2
B
8-33
(b) Use o teorema de Gauss junto com (a).
(c) Escolha uma bola B[r], r suficientemente pequeno, para que a região envolvida por S
contenha B[r]. Use o teorema de Gauss para F restrito à região delimitada por S 2 (r) e
S. Em seguida, use o exercı́cio (e).
(d) Seja Sl a superfı́cie lateral de T C. Então, por (b),
Z Z Z Z Z Z
0= F ·N dσ = F ·N dσ+ F ·N dσ+ F ·N dσ = F ·N dσ+ F ·N dσ,
∂(T C) p(S) Sl S p(S) S
8-35
(h)
(i) (F · ∇)G = (x2 y + xyz, xz + yz, 2x2 z) e (G · ∇)F = (2x2 y, xyz + yz + z 2 , x2 z + xyz).
(iii) Faça as contas diretamente.
(iv) NestePitem, é bom indicar as coordenadas do campo F por F1 , F2 e F3 . Assim,
F = 3i=1 Fi ei , onde e1 , e2 e e3 formam a base canônica do R3 . Logo,
3
! ! 3
X X
∇ × (F × G) = ∇ × Fi ei × G = ∇ × (ei × (Fi G).
i=1 i=1
Agora estude cada parcela ∇ × (ei × (Fi G)) separadamente, usando (f) e (h)-(iii):
Portanto,
3
X 3
X X3 3
X 3
X
∇×(ei ×(Fi G)) = Fi (∇·G)+ ∇Fi ·G− (ei ·∇)Fi G = (∇·G)F +(G·∇)F − (ei ·∇
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
P3
Para concluir mostre que i=1 (ei · ∇)Fi G = (∇ · F )G + (F · ∇)G.
8-36
(c) Troque f por g em (¶18 ) e subtraia as identidades obtidas.
(d)
(i) Use (¶18 ) com f = g.
(ii) Use (¶18 ) com f = 1.
(e)
(i) Use (c)-(i).
(ii) Use (c)-(ii).
Z ZZZ
∂g
(iv) De ∂g
∂N
≥0e dσ = 0, vem que ∂g
∂N
= 0. Logo, kgrad gk2 x.y.z. = 0 e,
∂B ∂N
B
portanto, g é constante em B.
8-37 Não tem solução.
I
Índice
Índice 443
fluxo
bordo
de um campo vetorial através de uma superfı́cie,
de um sólido, 424 399
de uma região simples, 379, 380
função ângulo, 388
orientado positivamente, 380
de uma superfı́cie
orientado positivamente, 406 integral
efetivo, 411 de um campo vetorial sobre uma superfı́cie, 399
geométrico, 411 de uma função sobre uma superfı́cie, 393
lı́quido, 411 integral de linha
vazio, 411 de um campo vetorial, 366
de uma função real (exercı́cio 8-6), 429
campo
elétrico, 360, 403 justaposição de contornos, 371
gradiente, 361
identidade, 360, 425 massa
campo de vetores, 359 de um contorno (exercı́cio 8-6), 429
campo vetorial, 359 massa de uma superfı́cie, 393
conservativo, 374 menores jacobianos, 404
divergente de um, 423, 424
rotacional de um, 362 potencial de um campo gradiente, 361
coeficientes da primeira forma de uma superfı́cie, 393
conjunto sı́mbolos
estrelado (exercı́cio (f)), 430 ∂S (bordo de S), 406
simplesmente conexo, 389 ∂B (bordo de B), 380
∂B + (bordo de B orientado positivamente), 380
contorno, 365
∂S + (bordo de S orientado positivamente), 406
fechado, 368
div F (divergente de F ), 423, 424
oposto, 371
Φ(F, S) (fluxo de F através de S), 399
reparametrização de um, 371 R
F · dX (integral de F sobre γ), 366
reparametrização negativa de um, 371 Rγ
reparametrização positiva de um, 371 f ds (integral de f sobre γ), 429
Rγ
representado por α, 365 F dx1 +F1 dx1 + · · · + Fn dxn (integral de F
γ 1
simples, 369 sobre γ), 367
R
f dσ (integral de f sobre S), 393
curva RS
F · dS (integral de F sobre S), 399
de Jordan, 389 S
α ∪ β (justaposição de α com β, 371
parametrizada
∂(y,z) ∂(z,x) ∂(x,y)
de classe C 1 por partes (contorno), 365 ∂(u,v) , ∂(u,v) , ∂(u,v) (menores jacobianos), 404
−
curva parametrizada α (contorno oposto de α), 371
fechada, 368 ∇ × F = rot F (rotacional de F ), 362
simples, 369 sistema newtoniano, 377
444 Índice
superfı́cie
fechada, 411
orientável, 402
teorema
da conservação da energia, 378
da divergência de Gauss, 424
de Green, 380, 418, 423
de Stokes, 419
trabalho, 366