Вы находитесь на странице: 1из 7

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2018.0000472555

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


0011991-38.2015.8.26.0554, da Comarca de Santo André, em que é apelante
RAFAEL ROGÉRIO REINALDO DIAS, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIS


SOARES DE MELLO (Presidente) e EUVALDO CHAIB.

São Paulo, 19 de junho de 2018.

IVANA DAVID

RELATOR

Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554

Apelante: Rafael Rogério Reinaldo Dias


Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo
Comarca: Santo André
Voto nº 12685

EMENTA: SENTENÇA CONDENATÓRIA DO RÉU PELO


CRIME DE DESACATO (CP, ARTS. 331, CAPUT)
RECURSO DEFENSIVO POSTULANDO A ABSOLVIÇÃO
DIANTE DA ATIPICIDADE DE CONDUTA, AUSÊNCIA
DE DOLO OU AINDA INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
DESCABIMENTO MATERIALIDADE E AUTORIA
DELITIVAS BEM PROVADAS ACUSADO QUE
DESACATOU SERVIDORES PÚBLICOS NO EXERCÍCIO
DE SUAS FUNÇÕES PROFERINDO OFENSAS CONTRA
ELES, DESOBEDECENDO ADVERTÊNCIAS E OPONDO-
SE AINDA À EXECUÇÃO DE ORDEM LEGAL
NEGATIVA DOS FATOS INCONSISTENTE, OBSERVADA
A PALAVRA DE POLICIAIS NA FORMAÇÃO DO
CONVENCIMENTO CONDENAÇÃO ACERTADA, NÃO
SE VISLUMBRANDO EXCLUDENTE DOSAGEM DAS
PENAS EM CONSONÂNCIA COM O REGRAMENTO
LEGAL RECURSO DESPROVIDO.

Ao relatório da sentença (fls. 84/89) prolatada


pelo MM Juiz de Direito Dr. Jarbas Luiz dos Santos, que fica fazendo
parte integrante deste, acrescenta-se que RAFAEL ROGÉRIO
REINALDO DIAS foi condenado, por incurso no artigo 331, caput, do
Código Penal, à pena de 06 (seis) meses de detenção, no regime inicial
aberto, substituída a reprimenda corporal por prestação pecuniária à
instituição de caridades sendo absolvido do crime previsto no artigo 329
do Código Penal com fundamento no artigo 386, inciso VII do Código
de Processo Penal.

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554 -Voto nº 12685 2


TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Apelou a Defesa, sustentando em suma a


atipicidade de conduta, pautada no direito de expressão do “Pacto de
San Jose da Costa Rica”. Acena ainda com a ausência de dolo e por fim,
ressalta a insuficiência de prova dos autos para uma condenação, por
eventual condição psíquica alterada, provavelmente drogado e a
ausência de dolo da conduta, não se revestindo de credibilidade a versão
dos agentes policiais ouvidos em juízo, que procuram apenas legitimar
condutas pretéritas. Nessa conformidade, postulou a reforma do julgado
para decretar-se a absolvição (fls. 127/133).

Bem processado o recurso com oferta das


contrarrazões de fls. 117/120, subiram os autos e a d. Procuradoria de
Justiça se manifestou pelo não provimento (fls. 125/129), vindo
conclusos a esta Relatora em 06 de novembro de 2017.

É o relatório.

O julgado não merece reparos.

Contra o réu Rafael pesou, em suma a acusação


de que em 08 de junho de 2015, em local e horário descritos na
denúncia, teria ele desacatado servidores públicos no exercício de suas
funções, proferindo xingamentos contra eles e menosprezando-os; nas
mesmas circunstâncias, ele opôs-se ainda, mediante violência, à
execução de ordem legal por funcionários competentes para executá-la,
resistindo por derradeiro à abordagem e à detenção.

O réu ouvido na fase do inquérito, permaneceu


silente (fls. 05). Em juízo negou os fatos e disse que em momento

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554 -Voto nº 12685 3


TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

nenhum desacatou os policiais. Disse que falaria com a ouvidoria,


porque estava sendo acusado de um crime que não cometeu, depredação
da escola municipal (fls. 101).

As testemunhas policiais Anderson Savedra da


Silva e Matias Alves Ferreira, foram uníssonos em suas declarações
tanto na fase inquisitorial como em Juízo. Ambos asseveraram que,
receberam denúncia que a escola Municipal “EMEIF Demercino da
Costa Brandão” havia sido furtada e depredada durante o final de
semana e que o mandante do crime teria sido o “Alemão de Muleta”,
morador do conjunto “Minha casa Minha Vida” que fica defronte à
Companhia da Policia Militar.

Foram ao local para conversar com o sindico e


se depararam com o suspeito, posteriormente identificado como Rafael
Rogério Reinaldo Dias, que indagado a respeito disse não saber de
nada. Indagado ainda sobre seu envolvimento com o tráfico de drogas e
com a organização criminosa denominada PCC, respondeu que não
tinha que dar satisfação a ninguém e muito menos para a PM e “não iria
dar satisfação para filho da puta de PM nenhum , muito menos para
vocês seus merdas”(sic).

Nesse ponto cumpre observar que essa narrativa


é assemelhada às declarações por eles prestadas na Delegacia se
mostrou em consonância com aquela exposta na denúncia.

As testemunhas de defesa ouvidas Rosangela


Aparecida Montagna, vizinha do réu e Thais Cruz da Silva, esposa dele,

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554 -Voto nº 12685 4


TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

não presenciaram a abordagem, somente relataram fatos referentes à


depredação da escola, pois quando chegaram ao local dos fatos o réu já
encontrava-se detido, sendo encaminhado à delegacia de polícia.

Portanto, cabe lembrar a inerente credibilidade


das palavras dos agentes da lei na formação do convencimento,
descabido apontar suspeição ou parcialidade deles que resultasse, tão
somente, de sua condição funcional, inclusive a teor da jurisprudência
(REsp nº 1.302.515/RS, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. em 5.5.2016;
HC nº 262.582/RS, rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em 10.3.2016; HC nº
149.540/SP, rel. Min. Laurita Vaz, j. em 12.4.2011).

Sendo evidente que no exercício de suas


funções os agentes da lei em nítida atuação repressiva do poder de
polícia judiciária de manutenção da ordem podem e devem proceder à
abordagem e busca pessoal diante de fundada suspeita (CPP, art. 240, §
2º), por isso que ao proferir ofensas contra os policiais, com nítido dolo
de desprestigiá-los, praticou o réu crime contra a administração pública,
cuja tutela penal se exerce em relação à função e não apenas em relação
à pessoa do servidor, descabido argumentar com descriminalização da
conduta, nem se olvidando que de caráter formal o ilícito.

Há versão ainda de que o réu, além de não


obedecer às advertências, opôs-se à execução de ato legal praticado por
funcionários competentes, não se vislumbrando qualquer excludente e
nem se mostrando como resultado de caso fortuito ou força maior a
alegada drogadição, ausente demonstração escorreita de que estivesse
ele, ao tempo dos fatos, sob o efeito de qualquer substância

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554 -Voto nº 12685 5


TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

estupefaciente.

Enfim, ao contrário do alegado pela Defesa, a


prova dos autos considerada em sua inteireza não pode ser vista
como frágil ou insuficiente, afigurando-se correta a condenação, que
fica mantida.

Descabe se falar em excludente de ilicitude


quanto a alegada liberdade de expressão do Pacto de San Jose da Costa
Rica, pois não há de confundir tal direito como expoente para o
cometimento de crimes por manifestação de pensamento que tinha o
dolo único de ofender a função pública dos agentes, tão somente por
sua função pública, nada se revelando como alguma manifestação de
ideias argumentativas. Estas sim devem ser resguardadas não só pelo
Tratado de Direitos Humanos acima invocado, mas sobretudo pela
Constituição Federal.

Pelo exposto, não se vislumbrando excludentes,


correta a responsabilização do apelante.

Relativamente à dosagem das reprimendas, vê-


se que consideradas as circunstâncias judiciais como favoráveis, a pena
base ficou no mínimo em 06 meses de detenção, a qual tornou-se
definitiva por não haver atenuantes ou agravantes e nem causas de
aumento ou diminuição.

O regime inicial para o cumprimento da

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554 -Voto nº 12685 6


TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

reprimenda corporal fixado foi o aberto, nos termos do artigo 33, § 1º,
alínea “c”, obedecidos assim os princípios da necessidade e suficiência
(arts. 33 e 59 do CP).

Presente os requisitos do artigo 44 do Código


penal, bem aplicada a substituição da pena corporal pela restritiva de
direitos consistente em pagamento de prestação pecuniária, a ser vertida
em prol de instituição de caridade, no valor de um salário mínimo.

Condenação acertada com base no regramento


aplicável e penas bem dosadas. Nada mais poderia almejar a Defesa.

Ante o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO AO


RECURSO.

IVANA DAVID
Relatora

Apelação nº 0011991-38.2015.8.26.0554 -Voto nº 12685 7

Вам также может понравиться