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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

MARIANA VARELA DE MEDEIROS

ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE


DIMENSIONAMENTO PARA BLOCOS SOBRE ESTACAS

NATAL-RN
2016
Mariana Varela de Medeiros

Análise comparativa de métodos de dimensionamento para blocos sobre estacas

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Monografia,


submetido ao Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte
dos requisitos necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Barros


Coorientador: Profa. Dra. Selma Hissae Shimura da Nóbrega

Natal-RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas
Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência

Medeiros, Mariana Varela de.


Análise comparativa de métodos de dimensionamento para blocos
sobre estacas / Mariana Varela de Medeiros. - 2016.
110 f. : il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil.
Natal, RN, 2016.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Barros.
Coorientadora: Profa. Dra. Selma Hissae Shimura da Nóbrega.

1. Engenharia Civil – Monografia. 2. Estacas - Monografia. 3.


Dimensionamento de fundações – Monografia. 4. Concreto armado –
Monografia. I. Barros, Rodrigo. II. Nóbrega, Selma Hissae Shimura.
III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624


Mariana Varela de Medeiros

Análise comparativa de métodos de dimensionamento para blocos sobre estacas

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Aprovado em 17 de novembro de 2016:

___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros – Orientador

___________________________________________________
Profa. Dra. Selma Hissae Shimura da Nóbrega – Coorientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo Nascimento Neto – Examinador interno

___________________________________________________
Prof. Dr. Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega – Examinador externo

Natal-RN
2016
DEDICATÓRIA

Aos meus avós, Divanilton Pinto


Varela "Vodinho" (in memoriam) e
Francisca das Chagas do Monte
Varela "Vodinha", com amor e
carinho.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à toda a minha família, especialmente aos meus pais, por
serem meus maiores críticos e incentivadores. Formam a fundação de tudo que sou.

Ao Prof. Rodrigo Barros, por ter acreditado em mim para a pesquisa de Iniciação
Científica e por ter aceitado continuar como orientador de TCC. Foi sem dúvida o meu
maior mentor na graduação, sempre disponível, dedicado e, ouso dizer, recordista na
velocidade de resposta de e-mails.

À Prof. Selma Nóbrega, por ter aceitado prontamente assumir às obrigações


burocráticas desde trabalho como coorientadora e pelo exemplo de profissional que é.

Aos professores Joel Nascimento Neto, José Neres Filho, Petrus Nóbrega e
Fernanda Mittelbach por tudo que me ensinaram, além dos queridos professores do CEI
que me estimularam a gostar de desafios desde cedo.

À Georgia Teodoro, pela paciência e companheirismo nos momentos difíceis da


graduação. Suas palavras de incentivo foram primordiais para que eu conseguisse terminar
este trabalho.

À Lucas Cabral, Matheus Selim e Nathália De Cesare por estarem sempre presentes
e pelo que significado que dão à nossa amizade.

À Letícia Medeiros, pelas discussões que renderam importantes contribuições para


o entendimento das matérias ao longo do curso, além de toda a ajuda prestada durante a
elaboração deste trabalho.

À Leonardo Hoppe, pela oportunidade de estagiar num escritório de projeto e pelos


conhecimentos práticos transmitidos, sempre permeados por uma humildade e paciência
inquestionáveis.

Aos meus colegas da Engenharia Civil, principalmente àqueles que estão almejando
a pós-graduação em Engenharia de Estruturas, por todas as vezes que me ajudaram, seja no
curso, seja nos processos de inscrição e seleção dos mestrados.
RESUMO
Análise comparativa de métodos de dimensionamento para blocos sobre estacas.

Blocos sobre estacas são responsáveis por transferir as ações dos pilares para as estacas de
fundação, e por isso, possuem grande importância na estabilidade da estrutura. Contudo, no
meio técnico não existe um consenso quanto à rotina de cálculo para estes elementos
estruturais. Cada autor e norma fazem considerações próprias no dimensionamento, que
resultam em valores de tensões de compressão na biela e área de aço consideravelmente
diferentes de acordo com o método de cálculo adotado. Este trabalho tem por objetivo
avaliar e discutir os modelos e métodos de dimensionamento para blocos rígidos de
fundação sobre estacas, através do estudo de um bloco sobre duas estacas. Também é feita
a comparação com resultados experimentais obtidos por BARROS (2013). Por fim,
conclui-se que o método proposto por FUSCO (2013) se mostrou menos conservador,
enquanto que os métodos de cálculo do software computacional TQS são mais
conservadores, em relação à área de armadura obtida.

Palavras-chave: Concreto armado, Blocos sobre estacas, Dimensionamento.


ABSTRACT
Comparative analysis of design methods for pile caps.

Pile caps are used to transfer loads from columns to foundation piles, having, thus, a great
importance to the structure's stability. However, there is no consensus, among specialists
and standard codes, about the design guidelines for these structural elements. Each author
and code makes their own considerations, resulting in different steel reinforcement areas
and compressive stress at the strut, according to the calculation method adopted. This
study aims to evaluate and discuss the design methods for reinforced concrete pile caps, by
the analysis of a two pile caps reinforced concrete. A comparison with experimental
results obtained by BARROS (2013) is also made. Finally, it's concluded that the method
proposed by FUSCO (2013) is less conservative, while the TQS calculation methods are
more conservative, regarding the steel reinforcement area obtained.

Keywords: Reinforced concrete, Pile caps, Structural design.


ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................................. 1


ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................................................. 3
CAPÍTULO I .................................................................................................................................................. 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................................... 1


1.2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................. 1
1.3. OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 2
1.3.1. Objetivos específicos ............................................................................................................. 2
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................................................... 3

CAPÍTULO II ................................................................................................................................................ 4

2.1. PESQUISAS RELEVANTES PARA O TRABALHO ....................................................................... 4


2.2. RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS .............................................................................................. 9
2.3. MÉTODO DE BIELAS E TIRANTES .............................................................................................. 10
2.3.1. Fundamentos do modelo .................................................................................................... 10
2.3.2. Divisão da estrutura em regiões B e D ............................................................................... 11
2.3.3. Análise Estrutural ............................................................................................................... 11
2.3.4. Processo do caminho de carga ........................................................................................... 12
2.3.5. Otimização do modelo......................................................................................................... 13
2.3.6. Dimensionamento dos tirantes ........................................................................................... 13
2.3.7. Verificação das bielas ......................................................................................................... 14
2.3.8. Verificação das regiões nodais ........................................................................................... 15
2.3.9. Arranjo das armaduras ....................................................................................................... 17
2.3.10. Parâmetros de Resistência das Bielas ................................................................................ 18
2.3.11. Parâmetros de resistência dos nós ...................................................................................... 19

CAPÍTULO III ..............................................................................................................................................22

3.1. MÉTODO DAS BIELAS - BLÉVOT (1967) ..................................................................................... 22


3.1.1. Recomendação para a altura útil do bloco ........................................................................ 23
3.1.2. Dimensionamento da armadura ......................................................................................... 23
3.1.3. Verificação das tensões de compressão .............................................................................. 24
3.2. PROCESSO DO CEB - FIB - BOLETIM 73 (1970) ......................................................................... 27
3.2.1. Dimensionamento da armadura ......................................................................................... 27
3.3. PROCESSO PROPOSTO POR FUSCO (2013) ............................................................................... 28
3.3.1. Dimensionamento da armadura ......................................................................................... 30
3.3.2. Verificação das tensões de compressão .............................................................................. 31
3.4. MODELO DE CÁLCULO DA ABNT NBR 6118:2014 ................................................................... 31
3.4.1. Parâmetros de resistência ................................................................................................... 32
3.5. PROCESSO PROPOSTO POR ARAÚJO (2014) ............................................................................ 32
3.5.1. Recomendação para a altura útil do bloco ........................................................................ 33
3.5.2. Dimensionamento da armadura ......................................................................................... 34
3.6. PROCESSO PROPOSTO POR SANTOS (2015)............................................................................. 35
3.7. PROCESSO DE CÁLCULO DO TQS .............................................................................................. 36
3.7.1. Método de Fusco ................................................................................................................. 37
3.7.2. Método de Blévot................................................................................................................. 42

CAPÍTULO IV ..............................................................................................................................................44

4.1. DADOS DE PROJETO ...................................................................................................................... 44


4.1.1. Geometria do bloco ............................................................................................................. 44
4.1.2. Resistência dos materiais .................................................................................................... 45
4.1.3. Força de projeto .................................................................................................................. 45
4.1.4. Taxa de armadura do pilar ................................................................................................. 46
4.2. MÉTODO DAS BIELAS - BLÉVOT (1967) ..................................................................................... 46
4.3. PROCESSO DO CEB - FIB - BOLETIM 73 (1970) ......................................................................... 47
4.4. PROCESSO PROPOSTO POR FUSCO (2013) ............................................................................... 49
4.4.1. Fusco - Método alternativo................................................................................................. 52
4.5. MODELO DE CÁLCULO DA ABNT NBR 6118:2014 ................................................................... 54
4.6. PROCESSO PROPOSTO POR ARAÚJO (2014) ............................................................................ 56
4.7. PROCESSO PROPOSTO POR SANTOS (2013)............................................................................. 58
4.8. PROCESSO DE CÁLCULO DO TQS (CÁLCULO ANALÍTICO) ............................................... 61
4.8.1. Fusco - Método A................................................................................................................ 61
4.8.2. Fusco - Método B................................................................................................................ 64
4.8.3. Método de Blévot................................................................................................................. 67
4.9. RESULTADOS FORNECIDOS PELO TQS ................................................................................... 68
4.9.1. Fusco - Método A................................................................................................................ 70
4.9.2. Fusco - Método B................................................................................................................ 71
4.9.3. Método de Blévot................................................................................................................. 72
4.10. ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................................ 73
4.10.1. Área de aço.......................................................................................................................... 74
4.10.2. Tensão sob o pilar ............................................................................................................... 77
4.10.3. Tensão sobre às estacas ...................................................................................................... 80

CAPÍTULO V ................................................................................................................................................84
5.1. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ................................................................................................. 84
5.1.1. Considerações iniciais ........................................................................................................ 84
5.1.2. Geometria do bloco ............................................................................................................. 84
5.1.3. Dimensionamento e detalhamento do bloco feito por BARROS (2013) ........................... 85
5.1.4. Resistência dos materiais .................................................................................................... 85
5.1.5. Força de avaliação .............................................................................................................. 86
5.1.6. Taxa de armadura do pilar ................................................................................................. 89
5.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................................ 90
5.2.1. Área de aço.......................................................................................................................... 91
5.2.2. Tensão sob o pilar ............................................................................................................... 92
5.2.3. Tensão sob a estaca ............................................................................................................ 94
5.3. ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA BIELA ........................................................................................ 94

CAPÍTULO VI ..............................................................................................................................................98

6.1. FORÇA MÁXIMA DE SOLICITAÇÃO .......................................................................................... 98


6.1.1. Considerações iniciais ........................................................................................................ 98
6.1.2. Força máxima calculada .................................................................................................... 98
6.2. COMPARAÇÃO COM VALORES EXPERIMENTAIS.............................................................. 100
6.3. TENSÕES NA BIELA DE CONCRETO ........................................................................................ 102

CAPÍTULO VII ...........................................................................................................................................107


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................108
APÊNDICE A ..............................................................................................................................................111
APÊNDICE B ..............................................................................................................................................113
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Modelos de blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy, MUNHOZ (2004). ............. 4
Figura 2.2 - Blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy, THOMAZ (2015). ................................. 5
Figura 2. 3 - Tensão calculada na armadura em 83 blocos quando as bielas de concreto romperam, THOMAZ
(2015). ............................................................................................................................................................... 6
Figura 2.4 Tensão calculada no concreto em 83 blocos quando as bielas de concreto romperam, THOMAZ
(2015). ............................................................................................................................................................... 6
Figura 2. 5 - Tensão no concreto quando a armadura rompe, THOMAZ (2015). .............................................. 7
Figura 2.6 - Trajetória de tensões elástico-lineares e modelo refinado de bielas e tirantes para blocos sobre
duas estacas, MUNHOZ (2004).......................................................................................................................... 8
Figura 2.7 - Configurações típicas de campos de tensão de compressão, MUNHOZ (2004). ......................... 14
Figura 2.8 - Nós somente com força de compressão segundo o Código Modelo do CEB, MUNHOZ (2004). .. 16
Figura 2.9 - Nós somente com ancoragem de barras paralelas segundo o Código Modelo do CEB, MUNHOZ
(2004). ............................................................................................................................................................. 16
Figura 3.1 - Modelo de cálculo para blocos sobre duas estacas, MUNHOZ (2004). ........................................ 22
Figura 3.2 - Polígono de forças, MUNHOZ (2004). .......................................................................................... 23
Figura 3.3 - Geometria das bielas, MUNHOZ (2004). ...................................................................................... 25
Figura 3.4 - Modelo de cálculo do processo descrito pelo CEB - FIP, MUNHOZ (2004). .................................. 27
Figura 3.5 - Tensão na área espraiada, localizada à uma profundidade x, adaptado de BANDIERA (2015). . 29
Figura 3.6 - Modelo de dimensionamento, FUSCO (2013). ............................................................................. 30
Figura 3.7 - Modelo de cálculo, ARAÚJO (2014). ............................................................................................. 33
Figura 3. 8 - Modelo proposto por Santos, SANTOS (2013). ............................................................................ 36
Figura 3.9 - Métodos de cálculo do TQS, BANDIERA (2015). ........................................................................... 37
Figura 3.10 - Definição da taxa de armadura dos pilares, BANDIERA (2015). ................................................ 39
Figura 3.11 - Braço de alavanca, considerando a profundidade x, BANDIERA (2015). ................................... 40
Figura 3.12 - Braço de alavanca, considerando a profundidade x/2, BANDIERA (2015). ................................ 40
Figura 3.13 - Parâmetros de resistência do TQS, BANDIERA (2015). ............................................................... 41
Figura 4.1 - Geometria do bloco a ser dimensionado (em centímetros). ........................................................ 44
Figura 4.2 - Modelagem no programa TQS V18. ............................................................................................. 68
Figura 4.3 - Definição dos parâmetros geométricos no programa TQS V18. .................................................. 69
Figura 4.4 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x. ...................................... 70
Figura 4.5 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x/2. ................................... 70
Figura 4. 6 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x....................................... 71
Figura 4.7 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x/2. ................................... 71
Figura 4.8 - Relatório de cálculo do TQS: Método de Blévot. .......................................................................... 72
Figura 4.9 - Áreas de aço calculadas pelos processos do TQS: Em vermelho, a armadura calculada
analiticamente e em azul a armadura calculada pelo programa. ................................................................... 75
Figura 4.10 - Áreas de aço calculadas analiticamente por diversos métodos, com exceção dos processos do
TQS. ................................................................................................................................................................. 75
Figura 4.11 - Gráfico de colunas com todas as áreas de aço calculadas. ........................................................ 76
Figura 4.12 - Tensões calculadas na biela junto ao pilar pelos processos do TQS: Por métodos analíticos
(verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho). ....................................................... 77
Figura 4.13 - Tensões na biela junto ao pilar calculadas por diversos métodos, com exceção do TQS. .......... 78
Figura 4.14 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto ao pilar. ........ 79
Figura 4.15 - Tensões calculadas na biela junto à estaca pelos processos do TQS: Por métodos analíticos
(verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho)........................................................ 80
Figura 4.16 - Tensões na biela junto à estaca calculadas por diversos métodos, com exceção do TQS. ......... 81
Figura 4.17 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto à estaca. ...... 82
Figura 5.1 - Limites geométricos para o ângulo θ (em centímetros). .............................................................. 88
Figura 5.2 - Condição para ocorrência de (em centímetros). ......................................................... 89
Figura 5.3 - Gráfico de colunas com todas as áreas de aço calculadas. .......................................................... 92
Figura 5.4 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto ao pilar. .......... 93
Figura 5.5 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto à estaca. ......... 94
Figura 5.6 - Inclinação mínima e inclinação máxima de biela permitida pela geometria do bloco (em
centímetros). ................................................................................................................................................... 95
Figura 6.1 - Gráfico de colunas para as forças máximas de solicitação determinadas por cada método de
cálculo............................................................................................................................................................ 100
Figura 6.2 - Tensão na biela junto ao pilar calculada à partir dos resultados experimentais. ...................... 105
Figura 6.3 - Tensão na biela junto à estaca calculada à partir dos resultados experimentais. ..................... 105
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 - Limites para o ângulo de inclinação das bielas, adaptado de SANTOS & GIONGO (2008). ......... 13
Tabela 3.1 - Valores de x/b. ............................................................................................................................. 28
Tabela 4.1 - Resumo dos parâmetros geométricos. ........................................................................................ 45
Tabela 4.2 - Resumo do dimensionamento, método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967). ........................ 47
Tabela 4.3 - Resumo do dimensionamento, processo do CEB-FIP (1970). ....................................................... 49
Tabela 4.4 - Resumo do dimensionamento, processo de FUSCO (2013). ........................................................ 52
Tabela 4.5 - Resumo do dimensionamento, "método alternativo" de FUSCO (2013). .................................... 54
Tabela 4. 6 - Resumo do dimensionamento, com base na ABNT NBR 6118:2014........................................... 55
Tabela 4. 7 - Resumo do dimensionamento, processo de ARAÚJO (2014). ..................................................... 57
Tabela 4.8 - Resumo do dimensionamento, Método proposto por SANTOS (2013). ....................................... 61
Tabela 4.9 - Resumo do dimensionamento, métodos do TQS. ........................................................................ 68
Tabela 4.10 - Resumo final dos resultados. ..................................................................................................... 73
Tabela 4.11 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos. ................................. 74
Tabela 5.1 - Resumo dos parâmetros geométricos do bloco. .......................................................................... 84
Tabela 5.2 - Resumo dos resultados considerando o dimensionamento para a força de avaliação. .............. 90
Tabela 5.3 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos. ................................... 91
Tabela 5.4 - Ângulos de inclinação da biela. ................................................................................................... 96
Tabela 6.1 - Forças solicitantes máximas e ângulos de inclinação de bielas. .................................................. 99
Tabela 6.2 - Tração no tirante e ângulo de inclinação de inclinação da biela. .............................................. 101
Tabela 6.3 - Tensões na biela calculadas a partir dos resultados experimentais. ......................................... 103
Tabela 6.4 - Resumo das tensões limites de acordo com a norma e os autores de referência. .................... 104
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


A determinação do tipo de fundação a ser utilizada em uma estrutura depende de
diversos fatores. Entre eles, estão os parâmetros de resistência do solo e a carga de projeto,
além da tradição construtiva do local, disposição das edificações vizinhas e fatores
econômicos. Cabe ao engenheiro, de posse dessas informações, avaliar e escolher a melhor
solução a ser adotada na obra.
Quando o solo possui camadas de solo superficiais de baixa resistência ou quando
as forças transmitidas pelos pilares são elevadas, se faz necessário o emprego de fundações
ditas profundas, sejam elas estacas ou tubulões. Quando uma dessas soluções é adotada,
torna-se imprescindível a construção de um elemento capaz de transferir a carga atuante
dos pilares à fundação.
Estes elementos são chamados de blocos de coroamento ou blocos sobre estacas. A
norma brasileira ABNT NBR 6118:2014 conceitua bloco sobre estacas como "estruturas de
volume usadas para transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação".
Sendo estes elementos de grande importância para a estabilidade da estrutura, seu
comportamento estrutural deve ser corretamente conhecido, pois problemas de resistência
que levem a fissuração e deformação excessivas não serão observados por inspeção visual.
No meio técnico, não existe um consenso quanto a rotina de cálculo para bloco
sobre estacas. Cada autor e norma fazem considerações próprias no dimensionamento, que
resultam em valores de tensões no concreto e área de aço consideravelmente diferentes de
acordo com o método de cálculo adotado.

1.2. JUSTIFICATIVA
Apesar da importância que o elemento de bloco sobre estaca representa para a
estrutura de uma edificação, foi somente na última versão da ABNT NBR 6118:2014 que
foram incluídos os parâmetros de resistência das regiões nodais para modelos de bielas e
tirantes. Até então, para o dimensionamento de bloco sobre estacas eram utilizadas
principalmente as tensões limites sugeridas pelos pesquisadores franceses BLÉVOT &
FRÉMY (1967), além de outros autores renomados.

1
Problemas têm surgido e questionamentos foram levantados desde a ultima versão
da norma brasileira, pois observa-se que blocos que já haviam sido projetados e
executados, atualmente em serviço, passaram a não estar dentro dos conformes normativos,
se considerados os novos parâmetros de resistência.
Não somente no caso de blocos anteriores a norma, tem sido constatado também
que a rotina de cálculo comumente empregada em escritórios de projeto precisaria ser
revista, pois a utilização das mesmas empregadas em conjunto com os limites de tensão da
ABNT NBR 6118:2014, não verificaria a maior parte dos blocos dimensionados.
Por isso, as divergências existentes entre os métodos usuais de cálculo propostos
por autores de renome no meio técnico, além de divergências no tratamento dos blocos
sobre estacas entre normas de referência, serviram de motivação para a elaboração deste
trabalho.

1.3. OBJETIVOS
O objetivo principal desde Trabalho de Conclusão de Curso é avaliar e discutir os
modelos e métodos de dimensionamento para blocos rígidos de fundação sobre estacas,
através do estudo de um bloco sobre duas estacas.

1.3.1. Objetivos específicos


Os objetivos específicos são:
a) Introduzir as pesquisas científicas de grande importância para o estudo de
blocos de fundação sobre estacas, bem como apresentar os critérios de
cálculo propostos por normas estrangeiras e nacional para o tratamento
deste elemento estrutural;
b) Apresentar os métodos de dimensionamento para blocos sobre estacas
propostos por normas e autores de renome no meio técnico, além do
procedimento de cálculo do programa computacional TQS (V18);
c) Analisar a variabilidade das áreas de aço obtidas a partir dos diferentes
processos de dimensionamento, bem como das tensões na biela comprimida.
d) Comparar os resultados obtidos analiticamente com os resultados
experimentais de BARROS (2013).

2
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta monografia é composta por sete capítulos, sendo que o Capítulo I apresenta as
considerações iniciais, os objetivos gerais e específicos e a justificativa para a elaboração
deste Trabalho de Conclusão de Curso.
O Capítulo II abrange a revisão bibliográfica, contendo uma apresentação dos
trabalhos relevantes para o tema. A revisão encontra-se dividida em pesquisas relevantes,
recomendações normativas e uma introdução ao Método de Bielas e Tirantes.
O Capítulo III apresenta de forma mais direta e específica os processos de cálculo
sugeridos por autores e normas, bem como a formulação utilizada na análise do bloco
sobre duas estacas.
No Capítulo IV é apresentado o modelo do bloco sobre duas estacas ensaiado por
BARROS (2013), que é estudado neste trabalho. O dimensionamento do elemento
estrutural é exposto detalhadamente, para cada método de dimensionamento, considerando
uma força característica de 145 kN.
No Capítulo V, o bloco sobre duas estacas é novamente dimensionado, desta vez
para uma força na qual ocorreria a ruína simultânea da armadura e da biela de concreto,
chamada de "força de avaliação".
No Capítulo VI, é feito o processo de cálculo inverso. Determina-se a força máxima
suportada pelo bloco considerando o escoamento da armadura conhecida e detalhada no
modelo experimental. Repete-se este procedimento para todos os processos de cálculo e
por fim, é feita uma comparação com os resultados experimentais oriundos de BARROS
(2013).
O Capítulo VII apresenta as principais conclusões obtidas no trabalho, bem como
são feitas sugestões para trabalhos futuros.

3
CAPÍTULO II
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. PESQUISAS RELEVANTES PARA O TRABALHO


Os pesquisadores franceses BLÉVOT & FRÉMY (1967) foram os primeiros a
propor um modelo de dimensionamento para blocos sobre estacas, cujo tratamento não
fosse feito com base na teoria de flexão de vigas.
Para comprovar a validade do seu método, chamado por eles de Método das Bielas,
os pesquisadores realizaram ensaios sobre 116 blocos sobre duas, três e quatro estacas,
com diversos arranjos de armadura. Desses 116 blocos, 94 foram modelados em escala
reduzida (1:2 e 1:3), enquanto que os 24 restantes foram construídos em tamanho real. Dos
ensaios realizados em laboratório, 12 foram feitos sobre blocos sobre duas estacas, sendo 6
em escala real e 6 em escala reduzida.
As dimensões dos blocos sobre duas estacas ensaiados estão representadas na
Figura 2.1, com alturas adotadas de forma que as bielas de compressão mantivessem uma
inclinação superior a 40˚ em relação a horizontal. Os modelos foram divididos em dois
grupos, sendo o primeiro composto por arranjos de armaduras com barras lisas com
ganchos e o segundo composto por armaduras com barras nervuradas, sem ganchos.

Figura 2.1 - Modelos de blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy,
MUNHOZ (2004).

BLÉVOT & FRÉMY (1967) observaram a ocorrência de fissuras antes da ruína dos
blocos, sendo esta última ocasionada pelo esmagamento da biela de compressão de

4
concreto próxima às estacas, ou pelo esmagamento da biela de compressão próxima ao
pilar, ou ainda pela ruptura simultânea da biela nos dois locais.

Figura 2.2 - Blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy, THOMAZ (2015).

Na Figura 2.2, o bloco da direita apresentou ruína por esmagamento na biela na


região próxima ao pilar, enquanto que o bloco da esquerda apresentou ruptura simultânea
da biela de concreto na região próxima ao pilar e na região próxima à estaca.
BLÉVOT & FRÉMY (1967) constataram que quando a ruína do bloco se deu na
biela, a tensão medida era superior à resistência do corpo de prova do concreto. Nesses
casos, a tensão nas armadura apresentou-se inferior à tensão de ruptura, mas superior à
tensão de escoamento do aço.

5
Figura 2. 3 - Tensão calculada na armadura em 83 blocos quando as bielas de concreto
romperam, THOMAZ (2015).

Figura 2.4 Tensão calculada no concreto em 83 blocos quando as bielas de concreto


romperam, THOMAZ (2015).

Quando a ruína do bloco se deu por ruptura da armadura, ou seja, armaduras com
tensão igual a tensão de ruptura, a tensão atuante na biela foi em média 10% superior à
resistência medida no corpo de prova.

6
Figura 2. 5 - Tensão no concreto quando a armadura rompe, THOMAZ (2015).

BLÉVOT & FRÉMY (1967) concluíram, pelos resultados experimentais obtidos,


que o bloco sobre duas estacas trabalha com segurança através de bielas de compressão
inclinadas de 45˚ a 55˚.
MUNHOZ (2004) fez uma análise comparativa dos modelos de blocos. Foram
considerados os resultados obtidos através de métodos analíticos sugeridos por
BLÉVOT & FRÉMY (1967) e pelas normas estrangeiras CEB-FIP (1970) e EHE (2001),
além dos resultados de uma análise numérica feita. No trabalho, o material foi tratado
como elástico linear, ou seja, sem a consideração da perda de rigidez devido à fissuração.
MUNHOZ (2004) constatou que o Método das Bielas, apesar de simples, é coerente
para projeto de blocos sobre estacas. No entanto, a partir da trajetória de tensões foi
possível propor um modelo mais refinado, capaz de captar as tensões de tração devido a
expansão da biela. Por isso, a tensão no tirante de concreto inclinado deve ser verificada e
comparada à resistência de tração do concreto.

7
Figura 2.6 - Trajetória de tensões elástico-lineares e modelo refinado de bielas e tirantes
para blocos sobre duas estacas, MUNHOZ (2004).

OLIVEIRA (2009) desenvolveu um modelo teórico a partir das recomendações de


FUSCO (1994) considerando que a seção para verificação da região nodal no encontro da
biela com o pilar ocorre numa profundidade x, numa seção horizontal em que a tensão
normal foi reduzida a 20% da resistência à compressão de cálculo do concreto. OLIVEIRA
(2009), diferentemente de FUSCO (2013) considera o ângulo de espraiamento da área
ampliada do pilar igual ao ângulo de inclinação da biela.
A pesquisadora definiu um fator de multiplicação (fm) que multiplica a área do
pilar para determinar a área a ser verificada. Os resultados obtidos mostraram-se constantes
em função da quantidade de estacas e da relação x/d, podendo-se assim traçar retas nas
quais valores entre os intervalos das relações utilizadas para x/d podem ser encontrados por
interpolação linear.
BARROS & GIONGO (2010) fizeram uma análise numérica em blocos sobre duas
estacas para avaliar os valores das tensões nas regiões nodais dos blocos, comparando os
valores encontrados em recomendações normativas. Observou-se, além da grande
variabilidade das tensões limites entre os códigos normativos, que os valores máximos de
tensões encontrados estão muito acima dos valores limitados pelas normas, o que significa
que os modelos de cálculo estão a favor da segurança.
BARROS (2013) estudou o comportamento estrutural de blocos de concreto
armado sobre duas estacas na presença de cálice de fundação, utilizados na ligação com
pilares de pré-moldados. Os resultados experimentais foram comparados com blocos com

8
ligação monolítica, os quais servirão de referência para confrontação com resultados
obtidos analiticamente neste trabalho.

2.2. RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS


A seguir, serão apresentadas brevemente as recomendações normativas para blocos
de fundação, descritos na ABNT NBR 6118:2014, EHE (2008), ACI 318-08 (2008), CSA
A.23.3.04 (2004) e pelo boletim 73 do CEB-FIP (1970).
De acordo com ABNT NBR 6118:2014, o bloco pode ser classificado como rígido
ou flexível. O critério utilizado para esta classificação é análogo ao definido para sapata,
que considera as sapatas (ou blocos) rígidos aqueles que respeitam o seguinte requisito:

2.1

sendo a a dimensão da sapata (ou bloco) em uma determinada direção, ap a


dimensão do pilar na mesma direção e h a altura do elemento.
Os blocos rígidos, segundo a ABNT NBR 6118:2014, apresentam comportamento
estrutural caracterizado por: trabalho à flexão nas duas direções; forças transmitidas do
pilar para as estacas essencialmente por bielas de compressão; trabalho ao cisalhamento em
duas direções, apresentando ruína por compressão das bielas. Já os blocos flexíveis
necessitam de uma análise mais completa, requerendo, inclusive, a verificação da punção.
Para o cálculo e dimensionamento, a ABNT NBR 6118:2014 aceita modelos
tridimensionais (lineares ou não) e modelos de biela-tirante tridimensionais. A mesma
norma não apresenta nenhuma recomendação para verificação ao cisalhamento dos blocos,
nem orientações para roteiro de cálculo.
O boletim 73 do CEB-FIP (1970), considerado uma referência clássica, orienta o
dimensionamento da armadura longitudinal do bloco a partir do cálculo do momento fletor
atuante numa seção de referência S1, distante 0,15ap da face do pilar. Já para verificação ao
cisalhamento, o CEB-FIP (1970) calcula o esforço atuante numa seção S2, que dista
metade da altura útil do bloco a partir da face externa do pilar.
A norma espanhola EHE (2008) também recomenda a utilização do modelo de
bielas e tirantes para dimensionamento de blocos sobre estacas. Para blocos flexíveis, a

9
EHE (2008) sugere o procedimento semelhante ao recomendado pelo CEB-FIP (1970),
segundo uma seção de referência interna.
Para blocos em que a distância entre estacas é inferior a duas vezes a altura útil, o
código americano ACI 318-08 (2008) recomenda a utilização de modelos de bielas e
tirantes, através das recomendações do apêndice A da mesma norma. Os blocos que
possuem a relação entre a distância entre estacas e a altura útil superior ou igual a dois, a
norma americana sugere a utilização da teoria de flexão, através do cálculo do momento
fletor na seção que atravessa a face do pilar mais próxima em relação ao lado considerado.
Já o cisalhamento deve ser verificado em uma seção de referência a uma distância igual a
metade da altura útil do bloco em relação a face do pilar.
A CSE A23.3.04 distingue os blocos de acordo com a relação entre distância entre
estacas e a altura útil, assim como o ACI 318-08. A norma canadense segue a mesma linha
de raciocínio da norma americana para o dimensionamento de blocos sobre estacas,
sugerindo modelos de bielas e tirantes e modelos utilizando a teoria de flexão.

2.3. MÉTODO DE BIELAS E TIRANTES


Observa-se, pelas recomendações normativas, que existe uma tendência para
dimensionamento de blocos sobre estacas a partir de modelos de bielas e tirantes
tridimensionais. Por isso, a seguir estão explicadas as etapas necessárias para o projeto de
elementos estruturais considerando o modelo de bielas e tirantes, de acordo com SILVA &
GIONGO (2000).

2.3.1. Fundamentos do modelo


No modelo de bielas e tirantes, o elemento estrutural é idealizado como uma treliça
composta por bielas comprimidas e tirantes tracionados. As bielas representam as tensões
resultantes de compressão no concreto, enquanto que os tirantes representam as armaduras
ou, em casos particulares, as resultantes de tração absorvidas pelo concreto. Os nós são as
regiões de encontro de barras e aonde são transferidas as cargas. A ABNT NBR 6118:2014
recomenda a verificação das bielas, tirantes e nós a partir das forças obtidas pela resolução
das equações de equilíbrio estático.

10
SCHLAICH & SCHAFER (1991) afirmam que a estrutura possui a capacidade de
se adaptar até certo ponto ao modelo de treliça previsto, o que concede ao engenheiro de
estruturas uma liberdade de escolha entre a solução mais barata, a mais confiável ou a
solução otimizada.

2.3.2. Divisão da estrutura em regiões B e D


SCHLAICH & SCHAFER (1991) chamam de regiões contínuas (ou regiões B) as
regiões da estrutura cuja hipótese de Bernoulli de distribuição linear de tensões é válida.
Por isso, as tensões e esforços internos podem ser calculados usando modelos de treliça.
Para regiões descontínuas (ou regiões D) as hipóteses de Bernoulli não são válidas
e os métodos de distribuição de tensões linear não são mais possíveis. As regiões D são
resultantes de descontinuidades estáticas (ações concentradas) ou/e descontinuidades
geométricas (aberturas de vigas, nós de pórticos). O modelo de bielas e tirantes permite o
dimensionamento dessas regiões D.
A ABNT NBR 6118:2014 localiza o limite das regiões D e B a uma distância igual
a altura da seção transversal do elemento estrutural, em relação a posição da
descontinuidade. Essa definição é possível conforme o Princípio de Saint-Venant, que diz
que a regularização das tensões ocorre num região com dimensões de mesma ordem de
grandeza da seção transversal do elemento.

2.3.3. Análise Estrutural


Depois da divisão da estrutura em regiões B e D, deve-se isolar a região D. Em
seguida, resolve-se a estrutura para obtenção dos esforços atuantes no contorno dessas
regiões, ou seja, nas regiões B adjacentes. Com isso, é possível continuar com a
modelagem por meio do processo do caminho de carga, como será descrito na etapa
seguinte.
SCHLAICH & SCHAFER (1991) chamam atenção da dependência do modelo em
relação a geometria da peça e das cargas atuantes sobre a mesma. Estruturas com a mesma
geometria, mas com carregamentos diferentes, não podem ser modeladas da mesma
maneira.
Para simplificação do modelo, estruturas tridimensionais, como o caso de blocos
sobre estacas, podem ser divididas em planos individuais que serão tratados

11
separadamente. A interação desses planos deve ser levada em conta através de condições
de contorno apropriadas.

2.3.4. Processo do caminho de carga


Depois de assegurado o equilíbrio externo da região a ser modelada, SCHLAICH &
SCHAFER (1991) afirmam que o modelo de bielas e tirantes pode ser desenvolvido
através do fluxo de tensões de tração e compressão na estrutura, usando o chamado
processo do caminho de carga.
A seguir estão listadas as recomendações para o processo do caminho de carga:
 Substituir as ações distribuídas no contorno por forças concentradas
equivalentes;
 As ações de um lado da estrutura devem ser equilibradas por outras ações
no lado oposto, depois de percorrerem um caminho de carga;
 Os caminhos devem ser alinhados, não podem se interceptar e devem ser os
mais curtos possíveis;
 Os caminhos de carga são desenhados e substituídos por barras tracejadas
(bielas) e contínuas (tirantes);
 Se necessário, bielas e tirantes devem ser adicionados para equilibrar os nós.
Para garantir a segurança e confiabilidade dos nós, o ângulo formado pelas bielas e
tirantes deve estar limitado a um intervalo definido. Os limites deste intervalo não são
consenso no meio técnico, variando de acordo com a norma e o autor.
A Tabela 2.1 a seguir apresenta os intervalos permitidos para o ângulo formado
entre uma biela e um tirante, segundo as recomendações das principais normas e alguns
autores.
Os limites inferiores da Tabela 2.1 são definidos de forma a garantir o
comportamento rígido do elemento. Já os limites superiores têm relação com a abertura da
fissuração diagonal na direção da biela e com a deformação máxima do aço da armadura,
igual a 10‰.

12
Tabela 2.1 - Limites para o ângulo de inclinação das bielas, adaptado de SANTOS &
GIONGO (2008).

Norma ou Autor Intervalo de θ

ABNT NBR 6118:2014 30◦ ≤ θ ≤ 63◦

ACI 318 (2008) θ ≥ 25◦


CEB-FIP Model Code (1990) 18,4◦ ≤ θ ≤ 45◦
Eurocode 2 (1992) 31◦ ≤ θ ≤ 59◦

Araújo (2010) θ ≥ 26,6◦

Fusco (1984) 26◦ ≤ θ ≤ 63◦


Schlaich & Schafer (1991) 45◦ ≤ θ ≤ 60◦

2.3.5. Otimização do modelo


Algumas vezes o processo do caminho de cargas pode resultar em modelos
complexos. Nesses casos é adequado fazer a superposição de dois modelos mais simples,
desde que seja respeitado a angulação entre bielas e tirantes recomendada.
Dúvidas podem surgir na melhor escolha, dentre todas as possibilidades aceitáveis.
Segundo SCHLAICH & SCHAFER (1991), as ações tendem a usar o caminho de mínima
energia de deformação. E como os tirantes são muito mais deformáveis que as bielas de
concreto, a geometria mais adequada é aquela que possui o menor comprimento total de
tirantes.

2.3.6. Dimensionamento dos tirantes


O dimensionamento dos tirantes é feito considerando que todas as forças de tração
serão absorvidas pelas armaduras, cujo centro de gravidade das barras deve coincidir com
o eixo do tirante.
Em alguns casos, o equilíbrio só é verificado se for considerada a existência de
tirantes de concreto, devido à impossibilidade de se colocar armadura na região. Nesses
casos, apesar da dificuldade de desenvolver um critério de projeto adequado, pode-se
considerar a resistência a tração do concreto para equilíbrio de forças.

13
2.3.7. Verificação das bielas
As bielas são representações dos campos de compressão no concreto. Dependendo
de como as tensões se distribuem por meio da estrutura, podem existir três configurações
de bielas possíveis:
 Distribuição de tensões radial: Ocorre em regiões D onde forças
concentradas são aplicadas e propagadas de forma suave, com curvatura
desprezível. Não se desenvolvem tensões de tração transversais. (Figura
2.7.c)
 Distribuição de tensões em linhas curvilíneas com afunilamento da seção:
Ocorre quando forças concentradas são introduzidas e propagadas por
meio de curvaturas acentuadas, que provocam uma compressão biaxial ou
triaxial e tensões de tração transversais consideráveis. Essas tensões
transversais combinadas a compressão longitudinal provocam fissuras que
podem levar a ruptura prematura da peça. Por isso, é aconselhável a
utilização de armadura para reforçar essas regiões. (Figura 2.7.b)
 Distribuição com tensões uniformes: Ocorrem em regiões B, onde as
tensões se distribuem uniformemente. sem perturbações e sem surgir
tensões de tração transversais. (Figura 2.7.a)

Figura 2.7 - Configurações típicas de campos de tensão de compressão, MUNHOZ (2004).

SILVA & GIONGO (2000) afirmam que a resistência do concreto nas bielas
depende do seu estado multiaxial de tensões e das perturbações causadas por fissuras e
armaduras. A compressão transversal é favorável, enquanto que a tração transversal e as
fissuras ocasionadas por ela podem conduzir à ruptura do elemento à uma tensão inferior a

14
sua resistência à compressão. Os parâmetros de resistência das bielas serão discutidos mais
à frente.

2.3.8. Verificação das regiões nodais


A região nodal compreende o volume de concreto que envolve a interseção das
bielas comprimidas com forças de ancoragem e/ou forças externas (cargas concentradas e
reações de apoio), resultando numa região sujeita a um estado triplo de tensões.
No modelo de bielas e tirantes, os nós são análogos às articulações da treliça,
indicando uma mudança brusca na direção das forças. No entanto, em peças de concreto
armado real, essa mudança de direção ocorre em um certo comprimento e largura.
SCHLAICH & SCHAFER (1991) dividem os nós do modelo em dois tipos. Os nós
chamados de contínuos são aqueles que o desvio de forças é feito em comprimentos
razoáveis e por isso não são críticos, desde que a ancoragem das armaduras esteja
verificada. Já os nós concentrados (ou nós singulares) são aqueles em que forças
concentradas são aplicadas. Neste caso, é necessário uma verificação das tensões locais
para assegurar que todas as forças das bielas e tirantes estejam equilibradas e ancoradas.
O Código Modelo CEB-FIB (1990) afirma que somente os nós singulares precisam
ser verificados. Estes nós são classificados em quatro tipos, em função da existência e
disposição das armaduras tracionadas, além do confinamento do volume de concreto.

A ANBT NBR 6118:2014 segue a lógica de classificação das regiões nodais da


norma americana ACI 318 (2002), que classifica os tipos de nós de acordo com o sinal das
forças que chegam (compressão) ou partem (tração) deles. São portanto, divididos em nós:
 CCC: Resiste a três forças compressivas;
 CCT: Resiste a duas forças compressivas e a uma força de tração;
 CTT: Resiste a uma força compressiva e a duas forças de tração;
 TTT: Resiste a três ou mais forças de tração.

Para a análise de bloco sobre duas estacas, os dois primeiros tipos de nós são
considerados.
Os nós CCC ocorrem na região de encontro das bielas com a carga do pilar
aplicada. Neste caso, a região do nó é limitada por um polígono não necessariamente com
ângulos retos, e as tensões podem ser consideradas distribuídas ao longo da superfície do
nó.

15
Figura 2.8 - Nós somente com força de compressão segundo o Código Modelo do CEB,
MUNHOZ (2004).

A tensão a ser verificada é a σc1:

2.1

Os CCT ocorrem quando um tirante encontra duas ou mais bielas. Por exemplo, na
região de encontro da estaca com o bloco, em que a força de reação encontra os tirantes
(armadura) e a biela.

Figura 2.9 - Nós somente com ancoragem de barras paralelas segundo o Código Modelo
do CEB, MUNHOZ (2004).

16
SCHLAICH & SCHAFER (1991) apud. SILVA & GIONGO (2000) sugerem
algumas expressões para a verificação das tensões:

2.2

2.3

A altura de distribuição das barras hdist pode ser calculada pela equação:

2.4

sendo,

n: número de camadas;
c: cobrimento;
s: espaçamento vertical entre as barras da armadura.

SILVA & GIONGO (2000) atentam para a possibilidade de redução das tensões
atuantes em regiões nodais através do:
 Aumento das dimensões dos apoios e das regiões de introdução de forças,
aumentando, no caso de blocos sobre estacas, a seção do pilar e a seção das
estacas;
 Aumento da área de armadura efetiva ancorada nos tirantes.

2.3.9. Arranjo das armaduras


Concluídos os passos anteriores, segue-se com o detalhamento, definição do tipo de
ancoragem e comprimentos das barras das armaduras. A ancoragem nas regiões nodais
contribui significativamente na definição da geometria do modelo e consequentemente na
resistência das bielas e regiões nodais.

17
2.3.10. Parâmetros de Resistência das Bielas
A seguir, serão apresentados os valores de resistência sugeridos por normas e
autores renomados para o tratamento da resistência da biela, retirados de SILVA &
GIONGO (2000).

Schlaich & Shafer


SCHAFER & SCHLAICH (1988) propõem inicialmente os seguintes valores de
resistência para bielas de compressão:
 0,85 fcd - Para um estado uniaxial de tensão e sem perturbações;
 0,68 fcd - Para campos de compressão com fissuras paralelas às tensões de
compressão.
 0,51 fcd - Para campos de compressão com fissuras inclinadas.

Posteriormente, SCHLAICH & SCHAFER (1991) propõem que os valores


de resistência para as bielas sejam:
 1,0 fcd - Para um estado uniaxial de tensão e sem perturbações;
 0,8 fcd - Para campos de compressão com fissuras paralelas às tensões de
compressão.
 0,61 fcd - Para campos de compressão com fissuras inclinadas.

Código Modelo CEB-FIP(1990)


O Código Modelo CEB-FIB (1990) considera a tensão média de resistência a
compressão para bielas e banzos comprimidos, como sendo:

 - Para zonas não fissuradas;

 - Para zonas fissuradas.

EHE (2008)
A norma espanhola EHE (2008) considera a tensão média de resistência a
compressão para bielas e banzos comprimidos, como sendo:
 - Para zonas não fissuradas, de compressão uniaxial;
 - Para zonas de bielas com fissuras paralelas e armadura
transversal suficientemente ancorada;

18
 - Quando bielas transmitem tensões de compressão através
de fissuras de abertura controlada por armadura transversal suficientemente
ancorada.
 - Para bielas comprimidas que transferem tensões de
compressão através de fissuras de grande abertura.

Fusco (1994)
O autor apresenta os seguintes valores de resistência para o dimensionamento das
bielas:
 1,0 fcd - Bielas confinadas, em estado plano de tensões;
 0,85 fcd - Bielas não-confinadas;
 0,60 fcd - Bielas não-confinadas e fissuradas.

CSA-A23.3-94 (1994)
A norma canadense CSA-A23.3-94 (1994) sugere valores de resistência das bielas
calculadas pela expressão:

2.5

Sendo:
fc' - resistência característica do concreto definida pelo quantil de 1%
ε1 - deformação de tração na direção perpendicular à biela, dada por:

2.6

sendo:
θ - menor ângulo entre a biela e a barra de armadura que a atravessa;
εs - deformação média na barra de armadura que atravessa a biela.

2.3.11. Parâmetros de resistência dos nós


Como já foi discutido, a resistência das regiões nodais são diretamente
influenciadas pelo nível de confinamento existente e pela existência de armadura
tracionada, bem como ela é distribuída e ancorada.

19
Observa-se que existe uma grande divergência entre os parâmetros de resistência
das regiões nodais entre as normas e autores. Além disso, é comum surgirem dúvidas em
relação a escolha de qual valor utilizar no cálculo, dentro de uma mesma norma.

Schlaich & Shafer


SCHAFER & SCHLAICH (1988) sugerem inicialmente os seguintes limites para
as tensões de compressão no contorno dos nós:
 0,935 fcd - Para nós onde se encontram somente bielas comprimidas, criando
um estado de tensão biaxial ou triaxial;
 0,680 fcd - Para nós onde existe armadura ancorada.

Posteriormente, SCHLAICH & SCHAFER (1991) propõem os seguintes


valores de tensões de compressão limites, nas regiões dos nós:
 1,1 fcd - Para nós onde se encontram somente bielas comprimidas, criando
um estado de tensão biaxial ou triaxial;
 0,8 fcd - Para nós onde existe armadura ancorada.

Código Modelo CEB-FIP(1990)


O Código Modelo CEB-FIB (1990) considera a tensão média de resistência, em
qualquer superfície da região nodal, como sendo:

 - Para nós onde somente bielas se encontram;

 - Para nós onde tirantes são ancorados.

A tensão limite fcd1 pode ser aplicada a nós com tirantes, desde que os ângulos entre
bielas e tirantes não sejam inferiores a 55◦ e que a ancoragem da armadura seja detalhada
com um cuidado especial (isto é, disposta em várias camadas com tirantes transversais).

EHE (2008)
A norma espanhola EHE (2008) considera a tensão média de resistência a
compressão para bielas e banzos comprimidos, como sendo:
 - Para nós que conectam somente bielas comprimidas, para um
estado biaxial de compressão;

20
 - Para nós que conectam somente bielas comprimidas, para
um estado triaxial de compressão;
 - Para nós com armadura ancorada.

ACI 318R-08 (2008)


A norma americana CSA-A23.3-94 (1994) estabelece os valores limites de tensão
nas regiões nodais como sendo:
2.7

Sendo fc' a resistência característica do concreto definida pelo quantil de 1% e os


valores de βn iguais a:
 1,0 - para regiões nodais delimitadas por bielas e áreas de aplicação de
carga;
 0,8 - para regiões nodais com um tirante ancorado;
 0,6 - para regiões nodais com dois ou mais tirantes ancorados.

CSA-A23.3-94 (1994)
A norma canadense CSA-A23.3-94 (1994) sugere os seguintes valores limites para
a resistência das regiões nodais:
 0,85 ϕc∙fc' - em regiões nodais delimitadas por bielas e áreas de aplicação de
carga;
 0,75 ϕc∙fc' - em regiões nodais onde há um tirante ancorado em uma única
diração;
 0,65 ϕc∙fc' - em regiões nodais que ancoram tirantes em mais de uma
direção.

Sendo:
fc': resistência característica do concreto definida pelo quantil de 1%
ϕc: fator de resistência do concreto (ϕc=0,6).

21
CAPÍTULO III
MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO

3.1. MÉTODO DAS BIELAS - BLÉVOT (1967)


O Método das Bielas foi fundamentado numa série de resultados experimentais
obtidos por BLÉVOT & FRÉMY (1967). Este método idealiza o bloco como uma treliça
composta por bielas comprimidas e tirantes tracionados.
As bielas representam as tensões resultantes de compressão no concreto. Elas são
inclinadas e ligam o eixo das estacas ao nó de encontro do pilar com o bloco. Para ser
verificada a sua segurança, deve-se calcular a tensão de compressão nas seções junto ao
pilar e junto à estaca, e compará-las às tensões limites determinadas experimentalmente
por BLÉVOT & FRÉMY (1967).
Os tirantes representam as tensões resultantes de tração atuantes no plano médio
das armaduras, localizada logo acima do plano de arrasamento das estacas. A partir do
cálculo da força de tração no tirante é possível calcular a área de armadura necessária.
Para o projeto de blocos sobre duas estacas, as forças atuantes podem ser
esquematizadas conforme a Figura 3.1. A resultante de tração está representada pela força
Rst e a resultante de compressão no concreto está representada pela força Rcb.

Figura 3.1 - Modelo de cálculo para blocos sobre duas estacas, MUNHOZ (2004).

22
3.1.1. Recomendação para a altura útil do bloco
O ângulo de inclinação θ entre a biela e o tirante, representado na Figura 3.1, pode
ser obtido geometricamente através da Equação 3.1:

3.1

Para garantir o comportamento adequado do bloco, BLÉVOT & FRÉMY (1967)


indicam que θ deve estar contido entre os limites:
3.2

Substituindo os valores de θ limite na Equação 3.1, obtêm-se o intervalo da altura


útil do bloco d no qual a inclinação das bielas é aceitável:
3.3

3.1.2. Dimensionamento da armadura


Pelo equilíbrio de forças no bloco é possível concluir que o somatório vetorial das
forças de tração e compressão deve ser igual a metade da carga de projeto atuante no pilar,
conforme representado pela Figura 3.2 abaixo.

Figura 3.2 - Polígono de forças, MUNHOZ (2004).

Tem-se então uma nova relação para :

3.4

23
Igualando as Equações 3.1 e 3.4, determina-se a força de tração no tirante:
3.5

Os resultados experimentais de BLÉVOT & FRÉMY (1967) mostraram que o valor


de Rst calculado pela Equação 3.5 não era a favor da segurança e por isso recomenda-se
que este valor seja majorado em 15%. A área de armadura é então calculada considerando
o escoamento do aço no estado limite último, através da expressão:

3.6

Sendo:

3.7

3.1.3. Verificação das tensões de compressão


Novamente pelo polígono de forças da Figura 3.2, tem-se:

3.8

Logo, a resultante de compressão nas bielas de concreto é igual a:


3.9

Como as bielas apresentam seções variáveis ao longo da altura do bloco (ver Figura
3.3 a seguir), faz-se necessário verificar a tensão máxima junto ao pilar e junto à estaca,
comparando-as às tensões limites.

24
Figura 3.3 - Geometria das bielas, MUNHOZ (2004).

3.1.3.1. Tensão de compressão nas bielas junto ao pilar


A tensão normal atuante na biela σcb,p é igual a força de compressão Rcb dividida
pela área da seção transversal na biela junto ao pilar Abp.

3.10

A área da biela na base do pilar é calculada através da sua relação com a área da
seção do pilar Ap e com o ângulo θ:
3.11

Substituindo então as Equações 3.9 e 3.11 na Equação 3.10, tem-se:

3.12

3.1.3.2. Tensão de compressão nas bielas junto à estaca


A tensão normal atuante é igual a força de compressão na biela σcb,p dividida pela
área da seção transversal da mesma junto à estaca Abe.
3.13

A área da biela no nó da estaca é calculada através da sua relação com a área da


seção da estaca Ae:
3.14

Substituindo então as Equações 3.9 e 3.14 na Equação 3.13, tem-se:

25
3.15

3.1.3.3. Tensões limites


As tensões de compressão nas bielas calculadas pelas Equações 3.12 e 3.15 devem
ser comparadas às tensões limites apresentadas por ANDRADE (1989).
3.16

3.17

Estes valores correspondem aos valores sugeridos por BLÉVOT & FRÉMY (1967)
para que o bloco trabalhe com segurança em serviço, considerando um coeficiente de
variação em torno de 10%. Nesta situação, BLÉVOT & FRÉMY (1967) limitam a 0,6
da resistência à compressão média do concreto (fcm).
3.18

Partindo da condição:
3.19

para o bloco em serviço,


3.20

A tensão de compressão de cálculo é:


3.21

Logo,
3.22

3.23

Dessa forma, obtêm-se a mesma Equação 3.16, mostrada para o nó do pilar.


Para os elementos de fundação (no caso estacas) considera-se a carga com valores
característicos e por isso tem-se:
(3.24)

retornando à Equação 3.17.

26
3.2. PROCESSO DO CEB - FIB - BOLETIM 73 (1970)
O processo do CEB-FIP (1970) para dimensionamento é aplicável aos blocos
considerados rígidos, cuja altura respeite o seguinte intervalo:
3.25

sendo c a distância entre a face do pilar até o eixo da estaca mais afastada.
O método propõe o cálculo da armadura principal para a flexão e a verificação da
resistência ao cisalhamento. No entanto, será descrito neste trabalho apenas a rotina de
dimensionamento da armadura principal do bloco. A verificação ao cisalhamento e da
condição de aderência das barras não serão aqui detalhadas.

3.2.1. Dimensionamento da armadura


Para o dimensionamento da armadura de flexão principal, o momento fletor é
calculado em relação a uma seção de referência interna S1, posicionada entre as faces do
pilar a uma distancia de 0,15ap, sendo ap a medida da face do pilar no sentido
perpendicular à seção considerada, conforme indicado na Figura 3.4.

Figura 3.4 - Modelo de cálculo do processo descrito pelo CEB - FIP, MUNHOZ (2004).

27
A altura útil da seção S1 (d1) é igual à altura útil medida na face do pilar. No
entanto, se essa altura for maior que 1,5 , adota-se d1 igual a 1,5 .
O momento fletor na seção S1 é calculado fazendo o produto das reações das
estacas pela distância da seção de referência, considerando as estacas existentes entre a
seção S1 e a face lateral do bloco paralela à mesma seção.
A área de aço As é dada então por:

3.26

3.3. PROCESSO PROPOSTO POR FUSCO (2013)


De acordo com FUSCO (2013), a seção de contato do pilar com o bloco pode não
ser capaz de resistir à força normal atuante sem o auxílio da armadura do próprio pilar. Por
isso, admite-se que a partir de uma profundidade x toda a força de compressão passa a ser
resistida pelo concreto do bloco.
A distância x é função da relação entre as dimensões da seção do pilar e da sua taxa
de armadura. Os valores da razão entre x e a menor dimensão do pilar b é apresentada por
FUSCO (2013) num quadro, que está reproduzido na Tabela 3.1 abaixo:

Tabela 3.1 - Valores de x/b.

Característica da Taxa de Armadura do Pilar


seção 1 (%) 2 (%) 3 (%)
Pilares Alongados 0,80 1,00 1,20
Pilares quadrados 0,35 0,42 1,00

São chamados pilares alongados aqueles que possuem o menor lado b pelo menos
10 vezes menor que o maior lado a.
Para taxas de armaduras intermediárias aos valores do quadro, FUSCO (2013) não
deixa claro qual o valor de x/b que deve ser utilizado. Neste trabalho, faz-se uma
interpolação linear para valores de ρ intermediários.
Outra forma de se proceder para determinar o valor de x seria estimando que a essa
profundidade, a tensão na área ampliada é igual a 20% da resistência de cálculo do
concreto. Para isso, adota-se um ângulo de espraiamento das tensões igual a arctg2, como

28
recomendado por FUSCO (2013). Este ângulo tem relação com a abertura de fissuração
diagonal e a deformação máxima da armadura, igual a . O procedimento de
cálculo que tem por base esta segunda interpretação do trabalho do autor, foi nomeada
neste trabalho de "método alternativo".

Figura 3.5 - Tensão na área espraiada, localizada à uma profundidade x, adaptado de


BANDIERA (2015).

Pelo método alternativo, tem-se:

3.27

Com as dimensões aamp e bamp da área ampliada:


3.28

3.29

Para um ângulo θ de espraiamento de tensões igual a arctg2, obtém-se:


3.30

3.31

29
Substituindo as Equações 3.30 e 3.31 na Equação 3.27, obtém-se:

3.32

A Equação 3.32 pode ser reescrita numa equação do segundo grau:


3.33

Resolvendo a Equação 3.33 acima, é possível determinar o valor de x, através do


chamado "método alternativo".
FUSCO (2013) não deixa claro qual procedimento a ser seguido quando a área do
pilar ampliada extrapola as dimensões do bloco, obrigando o calculista a repensar o valor
de θ.
A área de concreto ampliada fica determinada por:
3.34

3.3.1. Dimensionamento da armadura


Definida a profundidade x, é possível dimensionar a armadura principal do bloco
para um braço de alavanca z. O momento de solicitação de projeto é calculado numa seção
S1, localizada a 0,25ap da extremidade da área ampliada, conforme Figura 3.6 abaixo.

Figura 3.6 - Modelo de dimensionamento, FUSCO (2013).

30
A área de aço é dada então por:

3.35

em que,
3.36

3.3.2. Verificação das tensões de compressão


3.3.2.1. Tensão de compressão profundidade x
A máxima tensão vertical na área ampliada ( deve ficar restrita ao valor:

3.37

3.3.2.2. Tensão de compressão nas bielas junto ao pilar


Junto ao pilar, a tensão de compressão na biela ( é dada, em função da
tensão vertical na área ampliada, pela expressão:
3.38

3.3.2.3. Tensão de compressão nas bielas junto às estacas


FUSCO (2013) mostra que a ruína do bloco devido a compressão junto às estacas
não irá ocorrer, desde que a tensão em serviço na estaca não supere o seguinte
valor:
3.39

3.4. MODELO DE CÁLCULO DA ABNT NBR 6118:2014


Como já dito no item 2.2, os modelos de cálculo propostos pela ABNT NBR
6118:2014 para blocos sobre estacas são modelos tridimensionais lineares ou não lineares e
modelos de biela-tirante tridimensionais, com preferência para estes últimos.
Como a norma brasileira deixa em aberto quanto à forma da biela e posição dos
nós, é possível a existência de diversas interpretações e modelos. Neste trabalho, portanto,

31
será considerada a forma do modelo apresentado por BLÉVOT & FRÉMY (1967), com o
nó superior localizado dentro do pilar.
A ABNT NBR 6118:2014 não faz nenhuma menção à majoração da força do
tirante, logo não será feita esta consideração no cálculo por este método.
A seguir, estão expostos os parâmetros de resistência que foram acrescentados na
ultima revisão da norma brasileira para verificação dós nos e bielas.

3.4.1. Parâmetros de resistência


A seguir, estão expostos os parâmetros de resistência que foram acrescentados na
ultima revisão da norma brasileira ABNT NBR 6118:2014 para verificação das tensões de
compressão máximas nas bielas e regiões nodais:

(bielas prismáticas ou nós CCC) 3.40

(bielas atravessadas por mais de um tirante, 3.41


ou nós CTT ou TTT)
(bielas atravessadas por um tirante, ou nós 3.42
CCT)

sendo αv2 igual a:


3.43

3.5. PROCESSO PROPOSTO POR ARAÚJO (2014)


O processo de dimensionamento de blocos sobre estacas descrito por
ARAÚJO (2014) é baseado no modelo de bielas e tirantes, apresentado no item 2.3. No
entanto, o autor considera algumas particularidades no seu cálculo.
Para garantir a segurança contra o esmagamento das bielas junto ao pilar,
ARAÚJO (2014) define a região nodal localizada numa profundidade aproximadamente
igual a 0,15d em relação ao topo do bloco, resultando numa altura útil de 0,85d, ilustrada
na Figura 3.7.

32
Figura 3.7 - Modelo de cálculo, ARAÚJO (2014).

3.5.1. Recomendação para a altura útil do bloco


Para limitação do ângulo θ de inclinação da biela, ARAÚJO (2014) adota o critério
da norma espanhola EHE (2008) para blocos rígidos, cuja altura h deve respeitar a seguinte
condição, dada em função da distância do eixo da estaca mais afastada até a face do pilar:
3.44

Ou seja, tgθ deve ser:


3.45

Sabendo-se que
3.46

e considerando ainda Z=0,85d, impondo a restrição da Equação 3.45, chega-se a


expressão aproximada:
3.47

para representado na Figura 3.7.

33
3.5.2. Dimensionamento da armadura
ARAÚJO (2014) determina a área de aço necessária através do equilíbrio de
momento, resultante das forças atuantes nas bielas e tirantes multiplicadas pelos seus
respectivos braços de alavanca. Dessa forma, tem-se:
3.48

para a igual a largura do pilar.


Isolando a força de tração no tirante, obtêm-se uma expressão semelhante à
Equação 3.5, rescrita na forma apresentada por ARAÚJO (2014):

3.49

Fazendo,
3.50

a área de aço resulta em:

3.51

3.5.2.1. Tensão de compressão nas bielas junto ao pilar


ARAÚJO (2014) garante que respeitando a condição exposta na Equação 3.47 e
dimensionando o bloco para uma altura útil de 0,85d, a segurança contra o esmagamento
das bielas de concreto junto ao topo do bloco está garantida.

3.5.2.2. Tensão de compressão nas bielas junto à estaca


A tensão no nível das armaduras é obtida considerando uma ampliação da área da
estaca, em função da distância d'. A razão entre a área ampliada e a área da estaca é
chamada de k, onde k>1. Para estacas de seção quadrada, tem-se o valor de k definido por:

3.52

sendo ae o lado da seção quadrada da estaca, ou o diâmetro, no caso de seções


circulares.

34
Para não haver o esmagamento da biela, a tensão na mesma deve ser limitada a
resistência a compressão de cálculo do concreto do bloco (fcd). ARAÚJO (2014)
demonstra que para que essa condição seja satisfeita, a tensão de compressão da estaca em
serviço (σke) deve ser inferior ao seguinte valor:
3.53

Para k dado pela Equação 3.52 e αv calculado pela Equação 3.43.


A tensão de compressão em serviço na estaca σke, para blocos sobre duas estacas,
pode ser calculada pela Equação 3.54.
3.54

3.6. PROCESSO PROPOSTO POR SANTOS (2015)


SANTOS (2015) propôs uma adaptação do modelo de bielas proposto por
BLÉVOT & FRÉMY (1967). No entanto, da mesma forma que FUSCO (2013),
SANTOS (2015) considera uma ampliação da área do pilar e da estaca, adotada por ele
com abertura de 45◦. As tensões calculadas a partir dessa nova área são comparadas às
tensões limites sugeridas pela ABNT NBR 6118:2014, apresentados no item 3.4.1. As
expressões propostas são portanto:
3.55

3.56

35
a p+ 2y

Região nodal
ap ampliada

45°
b p + 2y

y
a p +2y


y

d'
Área ampliada
Ø + 2d'

Figura 3. 8 - Modelo proposto por Santos, SANTOS (2013).

O modelo proposto por SANTOS (2015) difere em relação ao Método das Bielas
em se tratando do ângulo de inclinação da biela comprimida. Enquanto que
BLÉVOT & FRÉMY (1967) definem a tangente do ângulo pela razão d/a, em que a é a
projeção horizontal da biela (ver Equação 3.1), SANTOS (2015) define a tangente como
z/a, sendo z igual a:
3.57

O valor de y é a profundidade do nó comprimido. Ele é determinado por processo


iterativo, de maneira que a tensão de compressão no nó sob o pilar se aproxime do limite
da norma, desde que o ângulo de inclinação da biela seja maior que 40◦.
O processo de cálculo de SANTOS (2015) tende a ser mais conservador que o
Método das Bielas para bloco com mais de duas estacas. No entanto, para o caso de duas
estacas, o método de BLÉVOT & FRÉMY (1967) está mais a favor da segurança, pois
como já foi visto, o mesmo aumenta em 15% a força de tração nos tirantes.

3.7. PROCESSO DE CÁLCULO DO TQS


A partir da versão V18, o sistema CAD/TQS criou um critério que permite ao
usuário a escolha do método de cálculo com o qual será feito o dimensionamento do bloco
sobre estacas.

36
Figura 3.9 - Métodos de cálculo do TQS, BANDIERA (2015).

A seguir, será apresentada a sequência de cálculo desenvolvida pelo sistema


CAD/TQS para dimensionamento de bloco sobre estacas. O embasamento teórico foi
apresentado por BANDIERA (2015), bem como os critérios de cálculo adotados pelo
programa.

3.7.1. Método de Fusco


Como já explicado no item 3.3, FUSCO (2013) considera a contribuição da
armadura do pilar na resistência da força normal atuante sobre o bloco. Essa contribuição
se estende até uma profundidade x.
Atualmente, o software TQS calcula a profundidade x de duas maneiras. O usuário
define qual método deseja utilizar ao selecionar o método A ou método B, por Fusco, nos
critérios de cálculo. Para ambos os métodos, define-se o valor do ângulo de espraiamento
das tensões sob o pilar, no arquivo de critérios.
A partir do valor de x encontrado, seja pelo método A ou B, a área ampliada é
calculada da mesma forma apresentada no item 3.3. No entanto, diferente de
FUSCO (2013), BANDIERA (2015) deixa explícita a limitação dos lados da área ampliada
do pilar em relação a geometria do bloco:
3.58

37
3.59

Sendo,
Abl: Dimensão do bloco paralela a dimensão "a" do pilar
Bbl: Dimensão do bloco paralela a dimensão "b" do pilar

3.7.1.1. Método A
Esta maneira de calcular a profundidade leva em conta a taxa de armadura ρ e o fck
do concreto, através da equação abaixo:

3.60

Sendo,

3.61

Onde:
b: Menor dimensão do pilar;
α: Relação entre a maior dimensão do pilar e a menor dimensão do pilar;
ρ: Taxa de armadura do pilar;
fyd: Resistência de cálculo da armadura do arranque;
fcd: Resistência de cálculo do concreto do bloco sobre estacas;
θ: Ângulo de espraiamento das tensões.

Vale salientar que o programa não calcula o valor de x/b com o ρ detalhado do pilar
de cada bloco, mas sim da taxa de armadura definida no arquivo de critérios, como
mostrado na Figura 3.10:

38
Figura 3.10 - Definição da taxa de armadura dos pilares, BANDIERA (2015).

3.7.1.2. Método B
No método B, estima-se que a profundidade x é o local onde a tensão na área
ampliada é igual a 20% da resistência do concreto. Com essa premissa, calcula-se a
profundidade x pela expressão abaixo:

3.62

Onde:
b: Menor dimensão do pilar;
α: Relação entre a maior dimensão do pilar e a menor dimensão do pilar;
Nk: Taxa de armadura do pilar;
γf: Coeficiente de ponderação das ações;
γn: Coeficiente adicional de ponderação das ações;
γc: Coeficiente de segurança para resistência do concreto;
fck: Resistência característica do concreto do bloco sobre estacas;
θ: Ângulo de espraiamento das tensões.

39
3.7.1.3. Dimensionamento da armadura
A expressão utilizada para o cálculo da área de aço é igual para os dois métodos,
sendo:

3.63

sendo Disx a distância entre eixos de estacas e a a dimensão do pilar.


Para ambos os métodos A e B, o usuário pode controlar qual o braço de alavanca
(z) considerado, no arquivo de critérios. O valor de z pode:
3.64

ou,
3.65

Sendo H a altura do bloco, d' o embutimento da estaca no bloco e x a profundidade


da área ampliada.

Figura 3.11 - Braço de alavanca, considerando a profundidade x, BANDIERA (2015).

Figura 3.12 - Braço de alavanca, considerando a profundidade x/2, BANDIERA (2015).

40
Na versão V19 do CAD/TQS é possível dimensionar as armaduras a partir da área
ampliada do pilar, utilizando o método B de cálculo, que resulta numa área de aço inferior
às encontradas por outros métodos. O programa não compara a armadura calculada com o
Método de Blévot e BANDIERA (2015) recomenda que o usuário utilize a ferramenta com
muito cuidado.

3.7.1.4. Verificação da tensão de compressão


As verificações das tensões de compressão nas bielas feitas pelo software TQS são
as mesmas já expostas no item 3.3.2. A tensão na área ampliada deve ser verificada, sendo
limitada a 0,20fcd , como visto no item 3.3.2.1. Já a tensão junto ao pilar pode ser calculada
pela Equação 3.66. E por fim, a tensão junto à estaca pode ser calculada por:

3.66

No item 3.4.1, foram apresentadas as novas recomendações da ABNT NBR


6118:2014 para o tratamento das tensões nas bielas e regiões nodais, segundo o método de
bielas e tirantes. Para se enquadrar neste conceito proposto, o programa TQS criou um
critério que permite ao usuário considerar os fatores minoradores da resistência no cálculo
de fcd1 e fcd3 (ver Figura 3.13).

Figura 3.13 - Parâmetros de resistência do TQS, BANDIERA (2015).

41
3.7.2. Método de Blévot
3.7.2.1. Dimensionamento da armadura
O dimensionamento da armadura feito pelo programa TQS, segundo o método de
Blévot, utiliza a mesma Equação 3.63. No entanto, deve-se atentar para o braço de
alavanca considerado, que por esse método passa a ser:
3.67

Deve-se atentar também para o fato do TQS não considerar o aumento de 15% da
força de tração no tirante, como proposto por BLÉVOT & FRÉMY (1967). BANDIERA
(2015) justifica dizendo que a força já estaria majorada, através da multiplicação pelos
coeficientes γf e γn.

3.7.2.2. Verificação da tensão de compressão


A verificação da tensão de compressão nas bielas pelo método de Blévot, feita pelo
TQS, segue a mesma lógica apresentada no item 3.1.3. A única diferença é a multiplicação
da altura útil por um coeficiente redutor de 0,9, da mesma forma feita no cálculo do braço
de alavanca (Equação 3.67).

3.7.2.3. Parâmetros de resistência


Os parâmetros de resistência adotados pelo TQS para o método de Blévot diferem
dos valores apresentados no item 3.1.3.3. As tensões máximas nos nós da biela junto ao
pilar e junto às estacas devem atender as seguintes condições:
3.68

3.69

O fator minorador (fm) de 0,9 foi obtido considerando um coeficiente de variação


para o concreto em torno de 20%. Com base nessa atribuição, é possível obter a relação
entre a resistência característica e a resistência média para este material:
3.70

3.71

42
Para determinar o valor de fm a partir da tensão limite de 0,6fcm imposta por Blévot
(Equação 3.18 :
3.72

3.73

3.74

Observa-se que, para esta relação entre resistência característica e resistência média
do concreto, o valor do desvio padrão (Sd) é bastante elevado e não usual para a
confiabilidade na dosagem do concreto atual. A ABNT NBR 12655:2016 sugere um
desvio-padrão igual a 4 MPa para concretos da classe C10 a C80, considerando os
materiais dosados em massa, com a água de amassamento corrigida em função da umidade
dos agregados.
Por exemplo, para um concreto da classe C25:

3.75

3.76

Enquanto que BLÉVOT & FRÉMY (1967) partem da condição que a resistência
média do concreto é 1,2 vezes maior que a resistência característica:
3.77

3.78

Para concreto da classe C25, tem-se:


3.79

Conclui-se que o desvio padrão adotado por BLÉVOT & FRÉMY (1967) é menos
conservador, pois os autores consideram um grau de dispersão menor para a resistência do
concreto.

43
CAPÍTULO IV
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO - parte I

4.1. DADOS DE PROJETO


4.1.1. Geometria do bloco
O bloco sobre duas estacas a ser dimensionado tem por base os ensaios
experimentais realizados por BARROS (2013). Para reduzir custos e facilitar os
procedimentos em laboratório, os modelos ensaiados foram construídos em escala reduzida
(1:2) e por isso,as dimensões não estão de acordo com as recomendações mínimas
preconizadas pela ABNT NBR 6118:2014. No entanto, a análise continua sendo válida
pois é possível estabelecer semelhança geométrica entre o modelo real e o protótipo, cujo
comportamento estrutural semelhante também é garantido através da multiplicação dos
resultados por um fator de escala.

Figura 4.1 - Geometria do bloco a ser dimensionado (em centímetros).


44
.

Tabela 4.1 - Resumo dos parâmetros geométricos.

Parâmetros
geométricos
ap(cm) 15
bp(cm) 15
b (cm) 30
dest (cm) 15
h (cm) 30
d'(cm) 2,5
d (cm) 27,5
ℓ t (cm) 55

4.1.2. Resistência dos materiais


Neste capítulo será utilizado o valor teórico encontrado na literatura para a
resistência do aço CA-50 à tração (fyk) de 500 MPa, minorado por um coeficiente de
segurança γs igual a 1,15.
4.1

Já a resistência do concreto a compressão simples (fck) adotada foi de 25 MPa,


minorado pelo coeficiente de segurança γc igual a 1,4 para obtenção da resistência de
projeto.
4.2

4.1.3. Força de projeto


No dimensionamento será considerando uma carga característica igual a:
4.3

Este valor será multiplicado pelos coeficientes de ponderação das ações γf e γn


respectivamente iguais a 1,4 e 1,2.
4.4

45
4.1.4. Taxa de armadura do pilar
O pilar foi dimensionado por BARROS (2013) e detalhado com 4 barras de
12,5 mm, resultando numa área de aço efetiva de 4,91cm². A taxa de armadura ρ pode
então ser calculada a partir da área da seção bruta de concreto e da área de aço efetiva.
A área da seção bruta do pilar é igual a:
4.5

4.6

Logo,
4.7

4.2. MÉTODO DAS BIELAS - BLÉVOT (1967)


A seguir, será descrito o processo de dimensionamento através do Método das
Bielas apresentado no item 3.1.

a) Determinação do ângulo de inclinação das bielas (Equação 3.1)

4.8

b) Determinação da força de tração no tirante (Equação 3.5)


4.9

Aumentando em 15% a força de tração nos tirantes:


4.10

c) Dimensionamento da armadura (Equação 3.6)

4.11

46
Tabela 4.2 - Resumo do dimensionamento, método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY
(1967).

θ (rad) 0,86
θ (◦) 49,18
Rst (kN) 105,19
Rst + 15% (kN) 120,97
As (cm) 2,78

d) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto ao pilar (Equação 3.12)


4.12

A tensão limite sugerida por BLÉVOT & FRÉMY (1967) é igual a:


4.13

Como a tensão calculada junto ao pilar é inferior à tensão limite, a biela está
assegurada na região superior do bloco.

e) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto à estaca (Equação 3.13)


4.14

A tensão limite sugerida por BLÉVOT & FRÉMY (1967) é igual a:


4.15

A tensão junto às estacas calculada é inferior à tensão limite, então a biela não irá
ruir por esmagamento do concreto na região próxima as estacas.

4.3. PROCESSO DO CEB - FIB - BOLETIM 73 (1970)


A seguir, será exposto o dimensionamento através do processo descrito no Código
Modelo do CEB- FIP (1970) apresentado no item 3.2.

a) Condição para validade do método

47
O processo do CEB-FIP (1970) para dimensionamento para blocos sobre estacas é
aplicável aos blocos considerados rígidos, cuja altura respeite o seguinte intervalo
(Equação 3.25):
4.16

Para o bloco em análise:


4.17

Sendo a altura do bloco igual a 30 cm, a condição acima está satisfeita.

b) Cálculo do momento solicitante na seção S1


O momento de solicitação é dado pela multiplicação da reação na estaca pelo braço
de alavanca. Considerando a carga centrada, a reação na estaca é igual a metade da carga
de cálculo:
4.18

E o braço de alavanca é igual a:


4.19

4.20

O momento é então calculado por:


4.21

4.22

c) Dimensionamento da armadura
A altura útil para dimensionamento da armadura é igual a:
4.23

A área de aço é então determinada:

48
4.24

Tabela 4.3 - Resumo do dimensionamento, processo do CEB-FIP (1970).

0,15ap (cm) 2,25


1,5ℓc (cm) 30
z (cm) 22,25
Rk (kN) 72,5
Md (kN.cm) 2710,05
d1 (cm) 27,5
As (cm) 2,67

4.4. PROCESSO PROPOSTO POR FUSCO (2013)


A seguir, será descrito o processo de dimensionamento exposto por FUSCO (2013)
no livro "Técnicas de armar estruturas de concreto", apresentado no item 3.3.

a) Determinação da profundidade x
FUSCO (2013) apresenta as razões x/b em função da seção e da armadura do pilar,
reproduzidos na Tabela 3.1. No entanto, o autor fornece apenas 3 valores para a taxa de
armadura do pilar, não deixando claro qual o procedimento a ser seguido para ρ
intermediários.
Faz-se então uma interpolação linear da razão x/b para uma taxa de armadura igual
a 0,022 calculada para o pilar em estudo.

4.25

4.26

A profundidade x fica determinada:


4.27

49
b) Determinação da área ampliada
Para um ângulo θ de espraiamento de tensões igual a arctg2, obtêm-se pelas
Equações 3.30 e 3.31:
4.28

No entanto, observa-se que esta dimensão de 47,16cm extrapola a largura b do


bloco. Por isso, adota-se:
4.29

Com essa consideração, constata-se que o ângulo de espraiamento em uma das


direções deve ser menor que o arctg2 proposto por FUSCO (2013). Porém, o autor deixa
em aberto se é possível adotar um ângulo diferente para cada direção, ou se neste caso
deve-se considerar a menor inclinação para ambos os lados.
Num primeiro instante, toma-se como possível ângulos de espraiamento diferentes
para cada direção do pilar, o que implicaria nas dimensões mostradas calculadas,
resultando numa área ampliada igual a:
4.30

A tensão de compressão atuante na área de concreto ampliada, calculada pela


Equação 3.37, é então igual a:
4.31

Esta tensão deve ser menor ou igual a 0,20fcd.


4.32

Como,
4.33

A tensão está, portanto, verificada.


Num segundo instante, θ passa a ser limitado pela menor dimensão do bloco. Pela
Equação 3.31 é possível determinar o valor de θ:
4.34

50
4.35

Pode-se agora calcular o valor de aamp definido pelo novo ângulo de espraiamento:
4.36

A área de concreto ampliada passa a ser então:


4.37

Verifica-se, mais uma vez, a tensão de compressão atuante na área de concreto


ampliada:
4.38

c) Cálculo do momento solicitante na seção S1


O momento de solicitação de projeto é calculado numa seção S 1, localizada a
0,25ap da extremidade da área ampliada. Logo, Md1 é calculado por:
4.39

O braço de alavanca (ba) pode ser definido geometricamente:


4.40

sendo lt a distância entre eixos de estacas.


4.41

4.42

d) Dimensionamento da armadura
Cálculo da altura útil:
4.43

51
Cálculo da área de aço:

4.44

Tabela 4.4 - Resumo do dimensionamento, processo de FUSCO (2013).

0,25 ap 3,75
z (cm) 19,62
Md (kN.cm) 973,07
As (cm²) 1,14

e) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto ao pilar (Equação 3.38):


Considerando a área de concreto ampliada que fornece a situação mais desfavorável
(Aamp igual a 900cm²), pode-se calcular a tensão de compressão na biela, para θ igual
arctg0,5:
4.45

f) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto às estacas (Equação 3.39):

4.46

4.47

4.48

4.4.1. Fusco - Método alternativo


Como FUSCO (2013) não deixa claro, no livro "Técnicas de armar estruturas de
concreto", foi calculada também a profundidade x a partir da condição que a tensão na área
ampliada é igual a 20% da resistência de cálculo do concreto, para um ângulo θ de
espraiamento de tensões igual a arctg2.

52
a) Determinação da profundidade x
Substituindo os valores na Equação 3.33, tem-se:
4.49

Resolve-se a equação do segundo grau para determinar x:


4.50

b) Determinação da área ampliada


Obtêm-se pelas Equações 3.30 e 3.31:
4.51

4.52

Como a profundidade x foi obtida para a própria condição que a tensão de


compressão atuante na área de concreto ampliada é igual a 0,20fcd, a tensão calculada
já está verificada.

c) Cálculo do momento solicitante na seção S1


Cálculo do braço de alavanca, para o momento de solicitação de projeto calculado
numa seção S1, localizada a 0,25ap da extremidade da área ampliada:

4.53

4.54

d) Dimensionamento da armadura
Cálculo da altura útil:
4.55

Cálculo da área de aço:

53
4.56

Tabela 4.5 - Resumo do dimensionamento, "método alternativo" de FUSCO (2013).

0,25 ap (cm) 3,75


z(cm) 24,72
Md (kN.cm) 2215,75
As (cm²) 2,06

e) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto ao pilar (Equação 3.38)


Calcula-se a tensão de compressão na biela, para uma inclinação na biela θ igual
arctg0,5:
4.57

Logo, a tensão está verificada.

f) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto às estacas (Equação 3.39):

4.58

4.59

4.60

4.5. MODELO DE CÁLCULO DA ABNT NBR 6118:2014


A seguir, será descrito o processo de dimensionamento através do modelo de
cálculo sugerido pela ABNT NBR 6118:2014, considerando a estrutura de bielas e tirantes
proposta por BLÉVOT & FRÉMY (1967).

54
a) Determinação do ângulo de inclinação das bielas (Equação 3.1)

4.61

b) Determinação da força de tração no tirante (Equação 3.5)


4.62

c) Dimensionamento da armadura (Equação 3.6)


Tendo em vista que não será considerado o acréscimo de 15% na força de tração no
tirante:

4.63

Tabela 4. 6 - Resumo do dimensionamento, com base na ABNT NBR 6118:2014.

θ (rad) 0,86
θ ( ◦) 49,18
Rst (kN) 105,19
As (cm²) 2,42

d) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto ao pilar (Equação 3.12)


4.64

A tensão limite sugerida pela ABNT NBR 6118:2014 para nós CCC é igual a:
4.65

Para concreto C25:


4.66

Logo:

55
4.67

Como,
4.68

A tensão de compressão junto ao pilar está superior a tensão máxima recomendada


pela norma brasileira.

e) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto à estaca (Equação 3.13)


4.69

A tensão limite sugerida pela ABNT NBR 6118:2014 para nós CCT é igual a:
4.70

Logo:
4.71

Como,
4.72

A tensão de compressão junto às estacas é inferior a tensão máxima recomendada


pela norma brasileira.

4.6. PROCESSO PROPOSTO POR ARAÚJO (2014)


Neste item será descrito o processo de proposto por ARAÚJO (2014), baseado no
modelo de bielas e tirantes, mas com algumas modificações de cálculo, como descrito no
item 3.5.

a) Condição para validade do método


A altura h do bloco deve respeitar a condição exposta na Equação 3.47:

56
4.73

Como h é igual a 30 cm, a condição para validade do processo de ARAÚJO (2014)


está satisfeita.

b) Dimensionamento da armadura
Considerando z igual a 0,85d, a área de armadura pode ser obtida através da
Equação 3.51:

4.74

c) Determinação do ângulo de inclinação das bielas:

4.75

Tabela 4. 7 - Resumo do dimensionamento, processo de ARAÚJO (2014).

z (cm) 23,38
θ (rad) 0,78
θ (◦) 44,54
Rst (kN) 123,75
As (cm²) 2,85

d) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto ao pilar


Como foi dito no item 0, ARAÚJO (2014) garante que se a condição expressa na
Equação 4.73 estiver satisfeita e o dimensionamento dos tirantes for feito para uma altura
útil de 0,85d, a tensão nas bielas junto ao pilar estará verificada. Como os dois requisitos
foram atendidos, a biela está assegurada junto ao pilar.

e) Verificação da tensão de compressão nas bielas junto às estacas


A razão entre a área ampliada e a área da estaca é (Equação 3.52:

4.76

57
A tensão de serviço na estaca é igual a:
4.77

A tensão limite de serviço definida por ARAÚJO (2014) é igual a:


4.78

Para já calculado na Equação 4.66:


4.79

4.80

Logo, a segurança da biela junto à estaca está garantida.

4.7. PROCESSO PROPOSTO POR SANTOS (2013)


SANTOS (2013) estabelece o ângulo de inclinação da biela de concreto a partir da
tangente do mesmo ângulo, definida a razão z/a, sendo z igual a . O valor y
na expressão é determinado por processo iterativo, de maneira que a tensão de compressão
no nó sob o pilar se aproxime da tensão limite definida pela ABNT NBR 6118:2014.
Em seguida, será feito o dimensionamento do bloco em estudo considerando o
processo de SANTOS (2013). Para isso, adota-se inicialmente um valor para y igual a
0,20d.

I. Primeira Iteração ( )
a) Determinação da profundidade z
Sendo,
4.81

define-se z:
4.82

58
b) Determinação do ângulo de inclinação das bielas

4.83

O ângulo θ encontrado é superior ao mínimo recomendado por SANTOS (2013) de


40◦.

c) Verificação da tensão de compressão nas bielas na área ampliada junto ao pilar


Cálculo da área ampliada do pilar, considerando um ângulo de espraiamento igual a
46,18◦, já que o ângulo é superior a 45◦:
4.84

4.85

Cálculo da tensão máxima na biela, utilizando a Equação 3.56:

4.86

A tensão máxima deve ficar limitada a , já calculada na Equação 4.67:


4.87

Como , pode-se otimizar y iterativamente, adotando um valor


menor.

II. Primeira Iteração ( )


a) Determinação da profundidade z
Sendo,
4.88

define-se z:
4.89

59
b) Determinação do ângulo de inclinação das bielas

4.90

O ângulo θ encontrado é superior ao mínimo recomendado por SANTOS (2013) de


40◦.

c) Verificação da tensão de compressão nas bielas na área ampliada junto ao pilar


Cálculo da área ampliada do pilar, considerando um ângulo de espraiamento igual a
47,04◦, já que o ângulo é superior a 45◦:
4.91

4.92

Cálculo da tensão máxima na biela, utilizando a Equação 3.56:

4.93

A tensão máxima deve ficar limitada a , já calculada na Equação 4.67:


4.94

Como , o y adotado é satisfatório. Prossegue-se então o


dimensionamento.

d) Verificação da tensão de compressão nas bielas na área ampliada junto às estacas


Cálculo da área ampliada da estaca:
4.95

4.96

Cálculo da tensão máxima na biela sobre a estaca, utilizando a Equação 3.55:


4.97

A tensão máxima deve ficar limitada a , já calculada na Equação 4.71:

60
4.98

Como , a tensão na biela sobre a estaca está verificada.

e) Dimensionamento da armadura

4.99

Tabela 4.8 - Resumo do dimensionamento, Método proposto por SANTOS (2013).

y (adotado) (cm) 4,00


a (cm) 23,75
z (cm) 25,5
θ (rad) 0,82
θ (◦) 47,04
Rst (kN) 113,44
As (cm²) 2,61

4.8. PROCESSO DE CÁLCULO DO TQS (CÁLCULO ANALÍTICO)


Como descrito no item 3.7, o programa TQS permite que o usuário escolha com
qual método de cálculo será feito o dimensionamento do bloco sobre estacas. Para análise
comparativa dos resultados, será feito, a seguir, o dimensionamento considerando as três
opções de rotina de cálculo disponibilizadas pelo software.

4.8.1. Fusco - Método A


Esta maneira de calcular a profundidade leva em conta a taxa de armadura ρ e o fck
do concreto, através da Equação 3.60, rescrita abaixo:

4.100

a) Cálculo da razão α

61
4.101

b) Cálculo de para a taxa geométrica de armadura , considerando um

espraiamento de tensões com ângulo de 45◦

4.102

4.103

O valor de calculado deve ser inferior a:

4.104

4.105

c) Cálculo da profundidade x

Portanto, calculado é inferior ao limite, adota-se o valor de . A

profundidade x está então definida:


4.106

d) Cálculo e verificação das dimensões da área ampliada do plano horizontal à


profundidade x

4.107

4.108

4.109

62
4.110

4.111

4.112

e) Cálculo da área ampliada


4.113

f) Cálculo da tensão no plano à profundidade x

4.114

4.115

g) Verificação da tensão na biela de compressão junto ao pilar


Ângulo de inclinação da biela:

4.116

4.117

Tensão sob o pilar:


4.118

Tensão limite para nós CCC, de acordo com ABNT NBR 6118:2014:
4.119

Como , a tensão sob o pilar está verificada.

63
h) Verificação da biela de compressão junto à estaca
Área ampliada da estaca, conforme calculado na Equação 4.96:
4.120

Tensão sobre às estacas:

4.121

Tensão limite para nós CCT, de acordo com ABNT NBR 6118:2014:
4.122

Como , a tensão sobre à estaca está verificada.


i) Dimensionamento da armadura para

4.123

4.124

j) Dimensionamento da armadura para

(4.125)

4.8.2. Fusco - Método B


Com a premissa que a profundidade x é o local onde a tensão na área ampliada é
igual a 20% da resistência do concreto, calcula-se x pela expressão abaixo:

(4.126)

a) Cálculo da profundidade considerando um espraiamento de tensões com ângulo de


45◦

64
4.127

4.128

b) Cálculo e verificação das dimensões da área ampliada do plano horizontal à


profundidade x
4.129

4.130

4.131

4.132

4.133

4.134

c) Cálculo da área ampliada


4.135

d) Cálculo da tensão no plano à profundidade x

4.136

4.137

65
e) Verificação da tensão na biela de compressão junto ao pilar
Ângulo de inclinação da biela:

4.138

4.139

Tensão sob o pilar:


4.140

Como , a tensão sob o pilar está verificada.

f) Verificação da biela de compressão junto à estaca


Área ampliada da estaca, conforme calculado na Equação 4.96:
4.141

Tensão sobre às estacas:

4.142

Tensão limite para nós CCT, de acordo com ABNT NBR 6118:2014:
4.143

Como , a tensão sobre à estaca está verificada.

g) Dimensionamento da armadura para

4.144

4.145

66
h) Dimensionamento da armadura para

4.146

4.8.3. Método de Blévot


a) Cálculo do ângulo de inclinação da biela θ

4.147

b) Verificação da tensão na biela de compressão junto ao pilar

4.148

4.149

Como discutido no item 3.7.2.3, o TQS limita a tensão na biela junto ao pilar ao
valor:
4.150

Como esta condição está satisfeita, a biela está verificada junto ao pilar.

c) Verificação da tensão na biela de compressão junto às estacas


4.151

4.152

O TQS limita a tensão na biela junto à estaca a:


4.153

Logo, a tensão sobre à estaca também está verificada.

67
d) Dimensionamento da armadura

4.154

4.155

Tabela 4.9 - Resumo do dimensionamento, métodos do TQS.

Fusco
Método Blévot
A B
Fk (kN) 145,00
As(cm²) 3,46 3,37 2,69
As(cm²) para x/2 3,03 2,99 -

4.9. RESULTADOS FORNECIDOS PELO TQS


Paralelamente aos cálculos analíticos desenvolvidos, também foi feito o
dimensionamento do bloco sobre duas estacas com o auxilio do programa computacional
TQS V18.

Figura 4.2 - Modelagem no programa TQS V18.

68
Figura 4.3 - Definição dos parâmetros geométricos no programa TQS V18.

O bloco foi calculado para os três métodos selecionáveis no arquivo de critérios do


programa: Fusco (método A), Fusco (método B) e Blévot. Além disso, para os métodos A
e B de Fusco, foi variada a altura útil para profundidade x ou 0,5x.
A seguir, estão apresentados os relatórios de cálculo gerados pelo programa. Os
avisos referentes a geometria do bloco foram desconsiderados, pois, como já era esperado,
o mesmo não obedece as orientações de dimensões mínimas sugeridas por norma. As
indicações para detalhamento das armaduras também foram desconsideradas.

69
4.9.1. Fusco - Método A

Figura 4.4 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x.

Figura 4.5 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x/2.

70
4.9.2. Fusco - Método B

Figura 4. 6 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x.

Figura 4.7 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x/2.
71
4.9.3. Método de Blévot

Figura 4.8 - Relatório de cálculo do TQS: Método de Blévot.

72
4.10. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nos itens anteriores, foi exposto o dimensionamento do bloco sobre duas estacas
apresentado no item 4.1, tendo em vista os diferentes métodos detalhados no Capítulo III.
Paralelamente, também foi realizado o dimensionamento com auxilio do programa
computacional TQS.
A seguir, tem-se na Tabela 4.10 o resumo dos resultados obtidos, com a área de aço
calculada, tensões máximas nas bielas e tensões limites para cada nó da biela, bem como a
avaliação se a condição de segurança está ou não verificada.

Tabela 4.10 - Resumo final dos resultados.

Tensão na biela
As
Método σp σp,lim σe σe,lim
(cm²) Passa? Passa?
(kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²)
A (x) 3,4 0,75 1,37 SIM 0,92 1,16 SIM
A (x/2) 3 0,75 1,37 SIM 0,92 1,16 SIM
TQSprog B (x) 3,3 0,77 1,37 SIM 0,91 1,16 SIM
B (x/2) 3 0,77 1,37 SIM 0,91 1,16 SIM
Blévot 2,7 2,05 2,25 SIM 1,32 2,25 SIM
A (x) 3,46 0,76 1,37 SIM 0,66 1,16 SIM
A (x/2) 3,03 0,76 1,37 SIM 0,66 1,16 SIM
TQScalc B (x) 3,37 0,78 1,37 SIM 0,65 1,16 SIM
B (x/2) 2,99 0,78 1,37 SIM 0,65 1,16 SIM
Blévot 2,69 2,08 2,25 SIM 1,04 2,25 SIM
Blevót 2,78 1,89 2,50 SIM 0,95 1,79 SIM
Araújo 2,85 - - - 0,32 0,59 SIM
CEB 2,67 - - - - - SIM
Santos 2,61 1,35 1,37 SIM 0,57 1,16 SIM
NBR 6118:2014 2,42 1,89 1,37 NÃO 0,95 1,16 SIM
Fusco 1,10 1,35 1,79 SIM 0,32 0,63 SIM
Fusco (Alternativo) 2,06 1,79 1,79 SIM 0,32 0,63 SIM

73
Para uma melhor análise dos dados alcançados, foram calculadas a média, o desvio
padrão e o coeficiente de variação para os dados referentes a área de aço, a tensão máxima
na biela no encontro do pilar e a tensão máxima na biela no encontro da estaca.

Tabela 4.11 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos.

σp σe
Parâmetro estatístico As (cm²)
(kN/cm²) (kN/cm²)
Média 2,79 1,23 0,75
Desvio Padrao 0,57 0,56 0,28
Coeficiente de Variação 20% 45% 38%

Observa-se a área de aço calculada pelo Método das Bielas foi a que mais se
aproximou da média calculada de todos os resultados. A média da tensão na biela junto ao
pilar se mostrou cerca de 64% maior que a média da tensão na biela junto à estaca.
A tensão nó do pilar apresentou o maior coeficiente de variação, de quase 45%,
enquanto que a área de armadura calculada apresentou o menor coeficiente de variação, de
20%. De maneira geral, pôde-se constatar uma variação considerável entre os valores
analisados.

4.10.1. Área de aço


A seguir, apresenta-se gráficos de colunas com as áreas de aço calculadas através
dos métodos de dimensionamento estudados no Capítulo III. Para facilitar o entendimento,
separa-se inicialmente os processos do TQS (Figura 4.9) dos demais processos (Figura
4.10), para depois reunir todos os resultados na Figura 4.11.

74
Áreas de Aço - Processos do TQS
4
3,5
As (cm²) 3
2,5
2
1,5 TQSprog
1 TQScalc
0,5
0

Método de Cálculo (TQS)

Figura 4.9 - Áreas de aço calculadas pelos processos do TQS: Em vermelho, a armadura
calculada analiticamente e em azul a armadura calculada pelo programa.

Áreas de Aço - Autores e Normas


3,00
2,50
2,00
As(cm²)

1,50
1,00
As (cm²)
0,50
0,00

Método de Cálculo (Autores e Normas)

Figura 4.10 - Áreas de aço calculadas analiticamente por diversos métodos, com exceção
dos processos do TQS.

75
Área de aço calculada
4

3,5

2,5
As (cm²)

1,5
As (cm²)
1

0,5

0
CEB
TQScalc (B,x/2)

Fusco
TQScalc (A,x)
TQSprog (B,x/2)

TQScalc (A,x/2)
TQSprog (A,x)
TQSprog (A,x/2)

TQScalc (B,x)

Blevót
TQSprog (B,x)

TQScalc (Blévot)

NBR 6118:2014
Santos
TQSprog (Blévot)

Araújo

Fusco (Alternativo)

Método de Cálculo

Figura 4.11 - Gráfico de colunas com todas as áreas de aço calculadas.

Na Figura 4.11 é possível observar que de uma maneira geral, a área de armadura
calculada variou entre 2,5 cm² e 3,5 cm², o que representa variações da ordem de 40%.
O método de cálculo A do TQS (calculado analiticamente) foi o que forneceu uma
maior quantidade de aço, com 3,46 cm², próximo ao 3,4 cm² dimensionado pelo programa.
Essa diferença justifica-se pois o TQS não dimensiona para a taxa de armadura real do
pilar, no caso igual a 2,2% , mas sim para uma taxa de armadura pré-estabelecida no
arquivo de critérios, no caso igual a 2%, igual para todos os pilares da obra.
Por outro lado, o dimensionamento através do processo proposto por FUSCO
(2013), forneceu um valor de área muito inferior aos demais métodos. Isso acontece
porque o autor considera a influência da armadura do pilar na resistência do bloco,

76
diminuindo consideravelmente o esforço no tirante. Esta consideração é feita quando no
cálculo do momento solicitante sobre as armaduras, a seção de referência é definida em
função da área ampliada do pilar e não da área do pilar real, reduzindo consideravelmente
o valor do momento de projeto.
No procedimento de cálculo utilizado pelo TQS pelo "Método de Fusco", o modelo
é diferente. A seção de referência para definição do momento solicitante parte da
extremidade da área real do pilar, ao mesmo tempo que a altura útil considerada é reduzida
pela profundidade x. Por isso, a área calculada resulta num valor maior.

4.10.2. Tensão sob o pilar


A seguir, apresenta-se gráficos de colunas com as tensões calculadas na biela junto
ao pilar. Da mesma forma como foi feito para as áreas de aço, separa-se inicialmente os
processos do TQS (Figura 4.12) dos demais processos (Figura 4.13), para depois reunir
todos os resultados na Figura 4.14.

Tensão na biela junto ao pilar - Processos do


TQS
2,5

2
TQSprog -
σ (kN/cm²)

1,5 σp(kN/cm²)
TQScalc -
σp(kN/cm²)
1
TQSprog -
σp,lim(kN/cm²)
0,5
TQScalc -
σp,lim(kN/cm²)
0
A (x) A (x/2) B (x) B (x/2) Blévot

Método de Cálculo

Figura 4.12 - Tensões calculadas na biela junto ao pilar pelos processos do TQS: Por
métodos analíticos (verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho).

77
Tensão na biela junto ao pilar
3,00
2,50
σ (kN/cm²)
2,00
1,50
1,00
σp
0,50 (kN/cm²)
0,00 σp,lim
(kN/cm²)

Método de Cálculo

Figura 4.13 - Tensões na biela junto ao pilar calculadas por diversos métodos, com exceção
do TQS.

78
Tensão na biela junto ao pilar
3

2,5

2
σ (kN/cm²)

1,5

1
σp (kN/cm²)
0,5 σp,lim (kN/cm²)

CEB
Santos
TQScalc (A,x/2)
TQSprog (A,x/2)

Araújo
TQScalc (A,x)
TQSprog (A,x)

TQScalc (B,x)

Blevót

NBR 6118:2014
Fusco
TQSprog (B,x)

TQScalc (B,x/2)
TQSprog (B,x/2)

TQScalc (Blévot)
TQSprog (Blévot)

Fusco (Alternativo)

Método de Cálculo

Figura 4.14 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto
ao pilar.

A maioria dos métodos já utilizam os limites de tensão acrescentados na última


revisão da ABNT NBR 6118:2014, com exceção dos métodos baseados nos limites de
BLÉVOT & FRÉMY (1967), além de FUSCO (2013).
Observa-se que BLÉVOT & FRÉMY (1967) adotam o maior valor para tensão
limite no pilar, seguido pelo TQS (justamente para os procedimentos do Método de
Blévot).
Nota-se também que o nó junto ao pilar não está verificado se for utilizado o
modelo de bielas e tirantes proposto por Blévot, empregando os valores de tensão limite
propostos pela ABNT NBR 6118:2014.
Por fim, deve-se atentar para a proximidade entre a tensão calculada e a tensão
limite, através do procedimento proposto por SANTOS (2013). Esta condição, resultante

79
da própria premissa de rotina de calculo pelo processo iterativo, faz com que o bloco seja
dimensionado numa situação limite, não dando folga para a atuação de cargas superiores a
carga de projeto, que eventualmente não foram previstas no dimensionamento.
Os métodos de ARAÚJO (2014) e do CEB-FIP (1970) não calculam a tensão sob o
pilar e por isso, no gráfico, nenhum valor de tensão está associado a esses modelos.

4.10.3. Tensão sobre às estacas


A seguir, apresenta-se gráficos de colunas com as tensões calculadas na biela junto
à estaca.

Tensão na biela junto à estaca - Processos do


TQS
2,5

2
TQSprog -
σ (kN/cm²)

1,5 σe(kN/cm²)
TQScalc -
σe(kN/cm²)
1
TQSprog -
σe,lim(kN/cm²)
0,5
TQScalc -
σe,lim(kN/cm²)
0
A (x) A (x/2) B (x) B (x/2) Blévot

Método de Cálculo

Figura 4.15 - Tensões calculadas na biela junto à estaca pelos processos do TQS: Por
métodos analíticos (verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho).

80
Tensão na biela junto à estaca - Autores e
Normas
2,00
1,80
1,60
1,40
σ (kN/cm²)

1,20
1,00
0,80
0,60 σp
0,40 (kN/cm²)
0,20 σp,lim
0,00 (kN/cm²)

Método de Cálculo

Figura 4.16 - Tensões na biela junto à estaca calculadas por diversos métodos, com
exceção do TQS.

81
Tensão na biela junto à estaca
2,5

2
σ (kN/cm²)

1,5

σe (kN/cm²)
0,5
σe,lim (kN/cm²)

0
CEB
Santos
Araújo
TQSprog (A,x/2)

TQScalc (B,x/2)

Fusco
TQScalc (A,x)
TQSprog (A,x)

TQScalc (A,x/2)
TQScalc (B,x)

Blevót
TQSprog (B,x)
TQSprog (B,x/2)

NBR 6118:2014
TQScalc (Blévot)

Fusco (Alternativo)
TQSprog (Blévot)

Método de Cálculo

Figura 4.17 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto
junto à estaca.

Observa-se, numa primeira análise, a grande discrepância entre os valores de tensão


limite entre os métodos baseados em BLÉVOT & FRÉMY (1967), seja pelo processo do
TQS ou seja pelo próprio Método das Bielas, e as tensões limites sugeridas pelos demais
autores.
Observa-se também, que as tensões máximas calculadas e tensões limites nas
estacas pelos processos de ARAÚJO (2014) e FUSCO (2013) estão muito inferiores as
demais. Isso ocorre porque esses métodos verificam a tensão no nó da estaca a partir da
tensão de serviço na própria estaca, e não na tensão na biela de concreto na região próxima
a ela.
A grande discrepância entre valores de tensão na estaca calculados analiticamente
pelo processo do TQS e os valores obtidos diretamente pelo programa justifica-se, pois o
software não permite a definição de estacas quadradas na modelagem. Logo, no cálculo

82
analítico, foram consideradas estacas de seção quadrada, enquanto o programa considerou
o modelo com estacas circulares, resultando em valores diferentes de tensão.
Mais uma vez, o cálculo pelo processo do CEB-FIP (1970) não verifica as tensões
nas bielas junto às estacas. Assim, nenhum valor de tensão está associado a este método no
gráfico.
Conclui-se que, para esta geometria e condição de carregamento do bloco, as
tensões na biela sobre as estacas foram verificadas, considerando todos os métodos de
cálculo abordados.

83
CAPÍTULO V
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO - parte II

5.1. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO


5.1.1. Considerações iniciais
Neste capítulo, o bloco sobre duas estacas apresentado no Capítulo IV foi
novamente dimensionado, mas dessa vez para uma força diferente, chamada por BARROS
(2013) de "Força de Avaliação", explicada mais a frente.
No seu trabalho, BARROS (2013) também realizou uma série de ensaios para
caracterização dos materiais. O valor médio de resistência à compressão para o concreto do
bloco e a resistência média ao escoamento das barras de aço, determinados pelo autor,
foram superiores aos valores teóricos utilizados no Capítulo III. Nesta seção, portanto,
foram considerados os valores obtidos experimentalmente por BARROS (2013).

5.1.2. Geometria do bloco


O bloco sobre duas estacas a ser dimensionado é o mesmo apresentado no Capítulo
III (representado pela Figura 4.1) e tem por base os ensaios experimentais realizados por
BARROS (2013).
A seguir, apresenta-se novamente uma tabela com o resumo das características
geométricas do bloco.

Tabela 5.1 - Resumo dos parâmetros geométricos do bloco.

Parâmetros
geométricos
ap(cm) 15
bp(cm) 15
b (cm) 30
dest (cm) 15
h (cm) 30
d'(cm) 2,5
d (cm) 27,5
ℓ t (cm) 55

84
5.1.3. Dimensionamento e detalhamento do bloco feito por BARROS (2013)
O bloco foi dimensionado por BARROS (2013) através do método das bielas
proposto por BLÉVOT & FRÉMY (1967). A força considerada no cálculo foi igual a
320,6 kN, chamada pelo autor de força de avaliação, por se tratar da força normal teórica
máxima resistida pelo bloco, de maneira que as tensões nos nós de encontro da biela com o
pilar e da biela com a estaca se igualassem as tensões limites sugeridas por BLÉVOT &
FRÉMY (1967). Para o caso do nó do pilar, a tensão limite seria igual à própria resistência
característica do concreto.
Neste Capítulo, como trata-se do dimensionamento de elementos que foram
ensaiados em laboratório, não é utilizado nenhum valor majorador de ações, incluindo o
acréscimo sugerido por BLÉVOT & FRÉMY (1967) de 15% na resultante de tração nos
tirantes. Logo,
5.1

Da mesma forma, não são considerados coeficientes minoradores da resistência do


aço. Portanto,
5.2

Com essas considerações de cálculo, BARROS (2013) calculou a força no tirante


por meio do equilíbrio do triângulo de forças no encontro da biela com a estaca.
Posteriormente, é o calculo da armadura necessária através da relação direta entre a força
no tirante e a resistência ao escoamento das barras de aço, para um valor de resistência do
aço igual a 500 MPa. A área de aço final obtida foi igual a:
5.3

O detalhe do bloco dimensionado está apresentado no Apêndice A.


A força de 145 kN utilizada no capítulo anterior é a força de avaliação ponderada
pelos coeficientes majoradores das ações e minoradores da resistência, que resulta em uma
área de aço igual a detalhada por BARROS (2013).

5.1.4. Resistência dos materiais


BARROS (2013) realizou ensaios de compressão simples em 6 corpos de prova
cilíndricos do concreto utilizado na montagem dos modelos. A análise dos resultados dos

85
ensaios resultou num valor de resistência média igual a 33,1 MPa, com desvio padrão de
2,56MPa, compatível para um concreto da classe C25.
5.4

Foram realizados também ensaios nas barras de aço do mesmo lote das que foram
utilizadas nos modelos, para determinação da resistência ao escoamento e do módulo de
elasticidade das barras e fios de aço.
A maioria das barras detalhadas no bloco possuíam um diâmetro igual a 8 mm. As
barras ensaiadas com esse diâmetro apresentaram um módulo de elasticidade médio igual a
203 GPa, enquanto que a deformação média a partir da qual foi iniciado o escoamento da
armadura foi de 2,81‰, o que corresponde a uma tensão igual a 569 MPa.
5.5

Os valores de resistência médios determinados experimentalmente são utilizados no


dimensionamento do bloco neste capítulo.

5.1.5. Força de avaliação


Para obtenção da força normal suportada pelo bloco, utiliza-se como limitadores os
valores das tensões limites nas regiões nodais, ou seja:
5.6

5.7

Como trata-se do dimensionamento de elementos que foram ensaiados em


laboratório, a força de cálculo não deve ser majorada pelo coeficiente de segurança
majorador das ações. Logo, e são iguais a 1 e a força passa a ser chamada de força de
avaliação.
Os valores de tensões limite para as regiões nodais foram adotados iguais aos
sugeridos por BLÉVOT & FRÉMY (1967), apresentados na Equação 3.16 e na Equação
3.17. Substituindo esses valores nas Equações 5.6 e 5.7, adota-se a força de avaliação
como a menor força calculada pelas expressões:
5.8

86
5.9

Como as estacas e o pilar possuem áreas iguais, a condição limitante para o


dimensionamento é a tensão no encontro da biela com o pilar. Dessa forma, substituindo o
valores da resistência característica do concreto pela resistência média do material obtida
experimentalmente, tem-se:
5.10

Considerando também que a armadura está trabalhando na sua capacidade limite,


obtém-se a força de tração no tirante:
5.11

5.12

Escrevendo a força de avaliação em função da força no tirante:


5.13

5.14

Relacionando a Equação 5.10 com a Equação 5.14, obtém-se a seguinte expressão:


5.15

Utiliza-se a equação clássica da geometria para poder ser determinado o valor de θ,


através da resolução do seguinte sistema de equações:
5.16

5.17

A solução do sistema pode ser obtida através da equação quadrática, dada pela por:
5.18

Os ângulos positivos que satisfazem a equação são iguais a 29,1º e 60,8º. O maior
valor de Fava é determinado para o ângulo de 60,8º, conforme Equação 5.10.

87
5.19

Verifica-se agora a viabilidade do ângulo 60,8º geometricamente.

Figura 5.1 - Limites geométricos para o ângulo θ (em centímetros).

Observa-se que o ângulo encontra-se dentro do intervalo possível


geometricamente para o problema. Determina-se então a posição x de aplicação da força na
estaca:

88
Figura 5.2 - Condição para ocorrência de (em centímetros).

5.20

5.21

Observa-se que existe uma excentricidade na aplicação da força em relação ao eixo


central da estaca. Portanto, concluí-se que para a ocorrência da ruína simultânea da
armadura e do concreto, a estaca deve estar submetida a flexo-compressão para que ocorra
o equilíbrio de forças.

5.1.6. Taxa de armadura do pilar


A taxa de armadura ρ do pilar é igual a do Capítulo IV por se tratar do mesmo
modelo pilar-bloco estudado. Logo,
5.22

89
5.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Usando os mesmos processos de cálculo apresentados no Capítulo III e
exemplificados no Capítulo IV, faz-se novamente o dimensionamento do bloco sobre duas
estacas em estudo, para uma Fava igual a 565 kN, sem coeficientes majoradores de ações e
sem coeficiente minorador da resistência do aço.
A força de avaliação de 565 kN foi obtida a partir da consideração que a tensão
atuante no nó do encontro entre biela e pilar é igual ao limite de tensão estabelecido por
BLÉVOT & FRÉMY (1967), retirado de ANDRADE (1989). Observa-se que este valor foi
definido a partir de fcd (ver Equação 3.16. Por isso, considerou-se no dimensionamento do
bloco a minoração da resistência à compressão do concreto através do coeficiente de
segurança .
Os resultados obtidos estão expostos na Figura 5.2:

Tabela 5.2 - Resumo dos resultados considerando o dimensionamento para a força de


avaliação.

Tensão na biela
As
Método σp σp,lim σe σe,lim
(cm²) Passa? Passa?
(kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²)
A (x) 5,97 1,81 1,74 NÃO 1,50 1,48 NÃO
A (x/2) 5,30 1,81 1,74 NÃO 1,50 1,48 NÃO
TQScalc B (x) 7,40 1,54 1,74 SIM 1,69 1,48 NÃO
B (x/2) 5,80 1,54 1,74 SIM 1,69 1,48 NÃO
Blévot 4,76 4,82 2,87 NÃO 2,41 2,87 SIM
Blevót 4,29 4,38 3,31 NÃO 2,19 2,36 SIM
Araújo 5,04 - - - 1,26 0,75 NÃO
CEB 4,73 - - - - - SIM
Santos 5,18 2,26 1,74 NÃO 1,48 1,48 SIM
NBR 6118:2014 4,29 4,38 1,74 NÃO 2,19 1,48 NÃO
Fusco 1,96 3,14 2,36 NÃO 1,26 0,83 NÃO
Fusco (Alternativo) 3,07 2,72 2,36 NÃO 1,26 0,83 NÃO

90
Tabela 5.3 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos.

σp σe
Parâmetro estatístico As (cm²)
(kN/cm²) (kN/cm²)
Média 4,81 2,84 1,68
Desvio Padrao 1,39 1,28 0,41
Coeficiente de Variação 29% 45% 25%

Observa-se que a área de aço calculada pelo método de Blévot do TQS foi a que
mais se aproximou da média calculada para todos os resultados. A média da tensão na biela
junto ao pilar se mostrou cerca de 84% maior que a média da tensão na biela junto à estaca.
A tensão nó do pilar apresentou, novamente, o maior coeficiente de variação, de
quase 45%, enquanto que a tensão na biela junto à estaca apresentou o menor coeficiente
de variação, de 25%. De maneira geral, pôde-se constatar uma variação considerável entre
os valores analisados.

5.2.1. Área de aço


Como esperado, as áreas de aço calculadas foram maiores para a força de avaliação
de 565 kN, quando comparada a força de dimensionamento considerada no Capítulo IV.
O gráfico dos resultados está exposto na Figura 5.3:

91
Área de aço calculada
8,00

7,00

6,00

5,00
As (cm²)

4,00

3,00
As (cm²)
2,00

1,00

0,00

Método de Cálculo

Figura 5.3 - Gráfico de colunas com todas as áreas de aço calculadas.

De maneira geral, o gráfico de colunas apresentou a mesma forma do apresentado


na Figura 4.11, com a menor área de aço fornecida pelo processo de cálculo de FUSCO
(2013). No entanto, a maior área foi obtida para o método de cálculo B do TQS, enquanto
que para a outra situação de carregamento, a maior área foi obtida pelo método de cálculo
A do TQS.

5.2.2. Tensão sob o pilar


Apresenta-se no gráfico da Figura 5.4 uma coluna para as tensões máximas na biela
na região junto ao pilar, ao lado da tensão limite sugerida pelo método.

92
Tensão na biela junto ao pilar
6,00

5,00

4,00
σ (kN/cm²)

3,00

2,00
σp (kN/cm²)
1,00
σp,lim (kN/cm²)
0,00 CEB
Santos
Araújo

Fusco
TQScalc (A,x)
TQScalc (A,x/2)
TQScalc (B,x)

Blevót
TQScalc (B,x/2)
TQScalc (Blévot)

NBR 6118:2014

Fusco (Alternativo)

Método de Cálculo

Figura 5.4 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto
ao pilar.

A tensão na biela junto ao pilar não foi verificada para nenhum método de cálculo,
com exceção do método B do TQS. Os processos que têm por base a forma do modelo de
bielas sugerido por BLÉVOT & FRÉMY (1967), ou seja, os processos do TQS por Blévot,
o cálculo com a ANBT NBR 6118:2014 e o próprio processo de cálculo pelos método das
bielas, apresentaram uma tensão máxima sob o pilar bastante superior ao limite sugerido
por cada autor.
No caso do processo descrito para a ABNT NBR 6118:2014, observa-se que a
tensão máxima superou em mais de duas vezes a tensão limite, por esta última ser bastante
conservadora.

93
5.2.3. Tensão sob a estaca
Segue, na Figura 5.5, o gráfico de colunas para as tensões calculadas na biela de
concreto junto às estacas:

Tensão na biela junto à estaca


3,50

3,00

2,50
σ (kN/cm²)

2,00

1,50

1,00
σe (kN/cm²)
0,50 σe,lim (kN/cm²)
0,00
CEB

Fusco
TQScalc (A,x)
TQScalc (A,x/2)

Blevót

NBR 6118:2014
TQScalc (B,x)
TQScalc (B,x/2)

Santos
TQScalc (Blévot)

Araújo

Fusco (Alternativo)

Método de Cálculo

Figura 5.5 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto
à estaca.

A tensão na biela junto à estaca foi verificada para apenas 4 métodos de cálculo.
Mas de uma maneira geral, os valores máximos de tensão se aproximaram da tensão limite
sugerida pelos autores e norma, mesmo nos casos em que a segurança na biela sobre a
estaca não foi atendida.

5.3. ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA BIELA


Com os valores de área de aço determinados no item anterior é possível determinar
o ângulo de inclinação da biela, através do modelo de bielas sugerido por BLÉVOT &

94
FRÉMY (1967). Isto é feito considerando o equilíbrio de forças no topo da estaca, como
explicado no Item 3.1.2 (ver Figura 3.2).
A resultante de tração no tirante é obtida partindo da condição que o aço está
escoando, ou seja, que foi atingida a tensão de escoamento. No caso, a tensão de
escoamento foi determinada experimentalmente e é igual a 569 MPa.
Foi analisado também se o ângulo de inclinação da biela calculado seria
geometricamente possível, considerando os limites geométricos representados na Figura
5.6.

Figura 5.6 - Inclinação mínima e inclinação máxima de biela permitida pela geometria do
bloco (em centímetros).

Os ângulos de inclinação da biela calculados estão expostos na Tabela 5.4 a seguir,


seguido da possibilidade ou não da existência desse ângulo, partindo das condições mínima
e máxima da inclinação da biela.

95
Tabela 5.4 - Ângulos de inclinação da biela.

As Rst
Método θ◦ Possível?
(cm²) (kN)

A (x) 5,97 339,65 39,75 SIM


A (x/2) 5,30 301,52 43,13 SIM
TQScalc B (x) 7,40 420,78 33,88 NÃO
B (x/2) 5,80 329,74 40,59 SIM
Blévot 4,76 271,09 46,18 SIM
Blevót 4,29 243,98 49,18 SIM
Araújo 5,04 287,03 44,54 SIM
CEB 4,73 268,90 46,41 SIM
Santos 5,18 294,92 43,77 SIM
NBR 6118:2014 4,29 243,98 49,18 SIM
Fusco 1,96 111,35 68,49 NÃO
Fusco (Alternativo) 3,07 174,52 58,29 SIM

Pelos resultados apresentados, apenas duas áreas calculadas não se mostraram


possíveis de ocorrência: A inclinação de biela para a área de aço calculada por FUSCO
(2013) apresentaria uma inclinação muito elevada (contra a segurança) enquanto que a
inclinação de biela para a área de aço calculada pelo método B do TQS se mostrou muito
baixa (sendo por isso muito conservadora).
Deve-se atentar que o ângulo θ foi obtido considerando a disposição de bielas e
tirante sugeridos por BLÉVOT & FRÉMY (1967), a partir de áreas de aço calculadas por
outros processos de dimensionamento. Seguindo a geometria de treliça propostas por esses
outros modelos, valores diferentes dos mostrados na Tabela 5.4 poderiam ser obtidos.
Os resultados experimentais alcançados por BARROS (2013) mostraram que para
uma força aplicada no bloco de 565 kN, a resultante de tração nos tirantes Rst foi igual a
133,2 kN aproximadamente. Através desses valores, obtém-se um ângulo de inclinação
para a biela do bloco igual a 64,8◦, determinado experimentalmente.
Observa-se que o método de cálculo de FUSCO (2013) foi o que forneceu um
ângulo de inclinação de biela que mais se aproximou do resultado obtido no ensaio.
Contudo, sabe-se também que ângulos de inclinação da biela maiores que 65,6◦ não são

96
possíveis geometricamente, o que prova a incompatibilidade do modelo de FUSCO (2013)
com relação ao método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967).

97
CAPÍTULO VI
FORÇA MÁXIMA DE SOLICITAÇÃO

6.1. FORÇA MÁXIMA DE SOLICITAÇÃO


6.1.1. Considerações iniciais
Nos capítulos anteriores, o bloco sobre duas estacas em estudo foi dimensionado
para duas condições de carregamento diferentes. Na primeira condição, foram calculadas
as áreas de aço necessárias para o bloco conseguir resistir uma força de 145 kN,
considerando todos os processos de cálculo apresentados no Capítulo III. Já na segunda
condição de carregamento, o bloco foi dimensionado para uma força igual a força de
avaliação, de 565 kN.
Neste capítulo, a lógica é inversa. Parte-se de uma área de aço conhecida, no caso a
área de aço detalhada para o bloco ensaiado por BARROS (2013), para se determinar qual
seria a força máxima que o elemento seria capaz de suportar (considerando a ruína por
escoamento do aço) para cada método analisado.
A geometria do bloco é portanto a mesma já apresentada e resumida na Tabela 4.1 e
na Tabela 5.1, com o detalhamento das armaduras exposto no Apêndice A e área de aço
total igual a 2,78 cm². Os parâmetros de resistência adotados foram os mesmos
determinados experimentalmente por BARROS (2013), fcm igual a 33,1 MPa e fym igual a
569 MPa.
Como o objetivo ainda é comparar os resultados obtidos analiticamente com os
resultados experimentais, nenhum coeficiente majorador das ações é considerado no
cálculo, bem como nenhum coeficiente minorador da resistência do aço. Por outro lado, o
γc para a resistência do concreto é utilizado.

6.1.2. Força máxima calculada


Na condição de ruína por escoamento da armadura, tem-se:
6.1

Calcula-se as forças máximas de solicitação resistidas pelo bloco, para a armadura


detalhada de 2,78cm², seguindo o processo de dimensionamento inverso para cada método
de cálculo. Além disso, calcula-se a partir do equilíbrio da força de tração na armadura e da

98
força máxima solicitante, o ângulo de inclinação da biela θ e verifica-se a possibilidade ou
não de ocorrência do mesmo, em função dos limites geométricos da Figura 5.6. Os
resultados obtidos, estão expostos na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 - Forças solicitantes máximas e ângulos de inclinação de bielas.

Método Fk (kN) θ ◦ calc Possível?

A (x) 263 39,7 SIM


A (x/2) 296 43,1 SIM
TQScalc B (x) 275 41,0 SIM
B (x/2) 299 43,4 SIM
Blévot 330 46,2 SIM
Blévot 366 49,2 SIM
Araújo 311 44,5 SIM
CEB 332 46,4 SIM
Santos 334 46,5 SIM
6118 366 49,2 SIM
Fusco 803 68,5 NÃO
Fusco(alternativo) 482 56,7 SIM

Pelos resultados apresentados, apenas uma força máxima não se mostra possível de
ocorrência: O valor de θ para a força de 803 kN calculada por FUSCO (2013) apresentaria
uma inclinação muito elevada (contra a segurança).

99
Força máxima de solicitação
900
800
700
600
Fk (kN)

500
400
300
200
100 Fk (kN)
0
TQScalc A(x/2)

CEB
TQScalc A(x)

TQScalc B(x)

Santos
TQScalc B(x/2)

Araújo

6118
Blévot

Fusco
Fusco(alternativo)
TQScalc Blévot

Método de Cálculo

Figura 6.1 - Gráfico de colunas para as forças máximas de solicitação determinadas por
cada método de cálculo.

Observa-se claramente a discrepância da força máxima resistida pelo bloco através


do processo de FUSCO (2013) em relação aos demais métodos de cálculo, apresentando
um valor mais de duas vezes superior aos demais.
A média dos valores calculados é igual a 372 kN de força, com uma coeficiente de
variação de cerca de 40%. No entanto, excluindo o método de FUSCO (2013), observa-se
que o valor da média cai para 317 kN e o coeficiente de variação para cerca de 11%, o que
mostra como o valor calculado por está influenciando a distribuição.

6.2. COMPARAÇÃO COM VALORES EXPERIMENTAIS


Para cada valor de força máxima calculada, procurou-se, nos resultados
experimentais (reproduzidos no Apêndice B), a tração resultante nas armaduras medida
para o referido carregamento. Esses valores de Rst foram inseridos na Tabela 6.1,

100
juntamente com o seu respectivo ângulo θ calculado a partir da força Fk e da força no
tirante.

Tabela 6.2 - Tração no tirante e ângulo de inclinação de inclinação da biela.

Rst
Método Fk (kN) θ ◦ calc Possível? θ◦exp Possível?
exp (kN)

A (x) 263 39,7 SIM 47,1 70,3 NÃO


A (x/2) 296 43,1 SIM 60,3 67,8 NÃO
TQScalc B (x) 275 41,0 SIM 52,0 69,3 NÃO
B (x/2) 299 43,4 SIM 61,5 67,6 NÃO
Blévot 330 46,2 SIM 73,1 66,1 NÃO
Blévot 366 49,2 SIM 85,7 64,9 SIM
Araújo 311 44,5 SIM 66,1 67,0 NÃO
CEB 332 46,4 SIM 73,8 66,1 NÃO
Santos 334 46,5 SIM 74,7 65,9 NÃO
6118 366 49,2 SIM 85,7 64,9 SIM
Fusco 803 68,5 NÃO - - NÃO
Fusco(alternativo) 482 56,7 SIM 118,9 63,7 SIM

Observa-se que de uma maneira geral, todos os valores de Rst obtidos


experimentalmente foram consideravelmente abaixo do 158,2 kN esperado pelo
dimensionamento. O chamado "método alternativo" de FUSCO (2013) forneceu uma
tração resultante no tirante igual a 118,9 kN, que mais se aproximaria do valor teórico
igual a 158,2 kN.
Por outro lado, o modelo de FUSCO (2013), que obtém a profundidade x em
função da taxa de armadura do pilar, apresentou uma força máxima de solicitação igual a
803 kN, valor este superior a força última obtida pelo resultado experimental, igual a 756
kN. Baseado nos valores obtidos nos ensaios de BARROS (2013), verifica-se que o
método de FUSCO (2013) pode ser considerado contra a segurança.

101
Com relação ao ângulo de inclinação da biela calculado a partir dos resultados
experimentais, observa-se que somente as forças máximas calculados pelo método das
bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967) seriam possíveis de ocorrer. As demais forças
máximas resultariam em valores de θ muito altos, inviáveis geometricamente.
Por fim, conclui-se que as tensões na armadura estão muito distantes da condição
de ruína do material, o que mostra uma incompatibilidade entre o modelo teórico e os
resultados experimentais. Felizmente, constata-se que os resultados analíticos são
conservadores e portanto a favor da segurança, com exceção do modelo proposto por
FUSCO (2013).
Para adequar o equilíbrio de forças à geometria do elemento estrutural, seria
necessário a consideração de uma força adicional no modelo proposto. Esta força deveria
ser a resultante da resistência a tração do concreto, que em momento algum é levada em
conta do dimensionamento do bloco sobre estacas, conforme preconiza a teoria de
dimensionamento do concreto armado.
.

6.3. TENSÕES NA BIELA DE CONCRETO


Na intenção de avaliar as tensões atuantes no concreto, junto ao pilar e junto à
estaca, estimou-se o valor de tensão máxima na biela do bloco ensaiado para 4 situações de
carregamento, através do método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967). 145 kN, 243
kN, 565 kN e 733 kN. A força de 733 kN foi a última que se obteve valores definidos de
tensão na armadura. Dela em diante, pelo menos uma das barras de aço perdeu toda sua
capacidade resistente e por isso não foi possível definir a resultante Rst.
É feito da seguinte maneira:
 Para valores de Fk atuantes no pilar iguais a 145 kN, 243 kN, 565 kN e 733
kN, é verificada qual a força de tração nas armaduras, Rst, a partir dos
resultados experimentais.
 Com a relação entre Rst e a força atuante no pilar, é possível calcular o
angulo de inclinação da biela θ, partindo do polígono de forças.
 Com o inclinação da biela, é possível calcular a própria resultante de
compressão na biela Rcb.
 Pode-se então calcular as tensões atuantes nos nós de encontro da biela com
o pilar e com a estaca, utilizando as Equações 3.12 e 3.15.

102
Os valores estão apresentados na Tabela 6.3.

Tabela 6.3 - Tensões na biela calculadas a partir dos resultados experimentais.

Fk (kN) 145 243 565 733

Rst (kN) 4,60 34,7 133,1 158,57


θ (graus) 86,37 74,06 64,77 66,60
Rcb (kN) 72,65 126,36 312,28 399,33
σpilar (kN/cm ) 0,65 1,17 3,07 3,87
σestaca (kN/cm ) 0,32 0,58 1,53 1,93

Apresenta-se também o resumo das tensões limites na região da biela junto ao pilar
e junto à estaca, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014 e com os autores de referência.

103
Tabela 6.4 - Resumo das tensões limites de acordo com a norma e os autores de referência.

σp,lim σe,lim
Método
(kN/cm²) (kN/cm²)
A (x) 1,37 1,16
A (x/2) 1,37 1,16
TQSprog B (x) 1,37 1,16
B (x/2) 1,37 1,16
Blévot 2,25 2,25
A (x) 1,37 1,16
A (x/2) 1,37 1,16
TQScalc B (x) 1,37 1,16
B (x/2) 1,37 1,16
Blévot 2,25 2,25
Blevót 2,50 1,79
Araújo - 0,59
CEB - -
Santos 1,37 1,16
NBR 6118:2014 1,37 1,16
Fusco 1,79 0,63
Fusco (Alternativo) 1,79 0,63

Apresentou-se, no Capítulo III, os parâmetros de resistência nodais para Modelos


de Biela e Tirante inseridos na última revisão ABNT NBR 6118:2014. Depois dessa
alteração, é natural que os novos trabalhos e projetos em âmbito nacional elaborados
busquem respeitar os limites sugeridos pela norma.
No entanto, paralelamente têm sido levantados questionamentos na comunidade de
engenheiros de estruturas quanto ao rigor dos valores adotados. Para exemplificar,
colocou-se em dois gráficos distintos as tensões nos nós da biela calculadas a cima,
juntamente com os valores limites propostos pela norma brasileira para cada tipo de nó.

104
Tensão na biela junto ao pilar
(nó CCC)
4,50
4,00
σpilar (kN/cm²)
3,50
3,00 σp,lim,NBR
σ(kN/cm²)

2,50 6118 (kN/cm²)


2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
145 243 565 733
Fk (kN)

Figura 6.2 - Tensão na biela junto ao pilar calculada à partir dos resultados experimentais.

Tensão na biela junto à estaca


(nó CCT)
2,50

2,00
σestaca
σ(kN/cm²)

(kN/cm²)
1,50
σe,lim,NBR
1,00 6118 (kN/cm²)

0,50

0,00
145 243 565 733
Fk (kN)

Figura 6.3 - Tensão na biela junto à estaca calculada à partir dos resultados experimentais.

Observa-se que para a força de 733 kN em que ocorre a ruína da barra de aço, a
biela de concreto ainda não rompeu e seus valores de tensões são cerca de 2,8 vezes
105
maiores que os valores limites impostos pela ABNT NBR 6118:2014, o que mostra o quão
conservadora a norma é em relação ao tratamento dado aos nós em blocos sobre estacas.
No entanto, cabe aqui ressaltar que a resultante de compressão na biela do bloco foi
calculada partindo da suposição que o método dos bielas proposto por BLÉVOT &
FRÉMY (1967) representaria fielmente a realidade, quando sabe-se que existem
incompatibilidades no modelo, como foi discutido no Capítulo V. A melhor forma de
avaliar a tensão atuante na biela seria através da medição das deformações no próprio
concreto do bloco, ao invés de partir de deformações no tirante para obter as tensões de
compressão na biela.

106
CAPÍTULO VII
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal objetivo desde trabalho foi mostrar as divergências existentes nos


processos de dimensionamento para blocos sobre estacas existentes na literatura. As
análises realizadas apontam as grandes diferenças nos valores de área de aço e tensões de
compressão. O método proposto por FUSCO (2013) se mostrou menos conservador,
enquanto que os métodos de cálculo do software computacional TQS são mais
conservadores.
Ao comparar os resultados analíticos com os resultados experimentais, notou-se
que de uma maneira geral os modelos de cálculo distanciam o bloco da sua ruína, através
de áreas de aço elevadas e de baixos limites de tensão de compressão na biela. A exceção
ocorre para o método de dimensionamento de FUSCO (2013), que forneceu um valor de
força máxima de solicitação superior a força última do bloco experimental.
As tensões de compressão nas bielas também foram calculadas a partir da força de
tração no tirante determinada experimentalmente por BARROS (2013) e observou-se que
as tensões atuantes foram bem superiores aos limites prescritos pela ABNT NBR
6118:2014. No entanto, cabe ressaltar a necessidade de novos ensaios para determinar a
tensão na biela de concreto diretamente, em função da medição das deformações na mesma
para uma força característica aplicada.

SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS:


Com o intuito de contribuir com as pesquisas envolvendo métodos de
dimensionamento para blocos sobre estacas, apresentam-se as seguintes sugestões de temas
para trabalhos futuros:
 Análise comparativa dos métodos de dimensionamento, para blocos sobre 3 e 4
estacas;
 Análise comparativa dos métodos de dimensionamento, para blocos submetidos a
força normal e momento fletor aplicado;
 Análise teórica e numérica do comportamento de blocos sobre estacas, a partir de
modelos de biela e tirante;
 Análise experimental do comportamento das bielas comprimidas de blocos sobre
estacas.

107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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reinforced concrete. Detroit, 2008;

ANDRADE, J. R. L. Dimensionamento estrutural de elementos de fundação. São


Carlos: EESC-USP, 1989. Notas de Aula;

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014: Projeto de


estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro, 2014;

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655:2015: Concreto


de cimento Portland ‒ Preparo, controle, recebimento e aceitação ‒ procedimento. Rio de
Janeiro, 2015;

BANDIERA, C. DicasTQS: Método de Fusco para bloco sobre estacas. São Paulo: TQS
Informática, 2015.

BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur piex. Analles d'Institut Tecnique du Bâtiment et
des Travaux Publics. Paris, v. 20, n. 230, p. 223-295, 1967;

BARROS, R. Análise numérica e experimental de blocos de concreto armado sobre


duas estacas com cálice externo, parcialmente embutido e embutido utilizado na
ligação pilar-fundação. Tese (Doutorado) ‒ Programa de Pós Graduação em Engenharia
de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2013;

BARROS, R. GIONGO, J. S. Análise de tensões nas regiões nodais em blocos de concreto


armado sobre duas estacas com cálice embutido. In: III Congresso Brasileiro de Pontes e
Estruturas, Rio de Janeiro, 2010;

108
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Instrucción española de hormigón armado (EHE), Madrid: Centro de Publicaciones, 2008;

COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON. CEB-FIP: Recommandations


particulières au calcul et à l'execution des semelles de fundations. Paris: Bulletin
D'Information, n. 73, 1970;

COMITE EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON. CEB-FIP: Model code for concrete


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CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION. A23.3-04: Design of concrete structures.


Ontario: Canadian Portland Cement Association, 2004. 232 p;

FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 2013;

MUNHOZ, F. S. Análise do comportamento de blocos de concreto armado sobre


estacas submetidos à ação de força centrada. Dissertação (Mestrado) ‒ Programa de
Pós Graduação em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004;

OLIVEIRA, L. M. Diretrizes para projeto de blocos de concreto armado sobre estacas.


Dissertação (Mestrado) ‒ Programa de Pós Graduação em Engenharia de Estruturas,
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009;

SANTOS, D. M. et al. Dimensionamento de blocos de fundações sobre 2 e 4 estacas:


Exemplo de aplicação dos conceitos da seção 22. In: BUENO, S.; KIMURA, A. ABNT
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bielas e tirantes. Cadernos de Egenharia de Estruturas, São Carlos, v. 10, n. 46, p.61-96,
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109
SCHAFER,K.; SCHLAICH, J. Consistent design of structural concrete using strut and tie
models. In: Colóquio sobre comportamento e projeto de estruturas, 5., Rio de Janeiro,
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tie models. The Structural Engineer, Londres, v. 69, n. 6, p.113-125, mar. 1991;

SILVA, R. C.; GIONGO, J. S. Modelos de bielas e tirantes aplicados a estruturas de


concreto armado. São Carlos: PROJETO REENGE, USP, 2000;

THOMAZ, E.C.S. Comentários de blocos sobre estaca. Rio de Janeiro: Instituto Militar
de Engenharia, 2015. Notas de Aula;

TQS INFORMÁTICA LTDA. TQS V18. São Paulo, 2013.

110
APÊNDICE A
Detalhe do bloco modelado por BARROS(2013).
Figura A.1- Detalhe das armaduras do bloco sobre duas estacas, BARROS (2013).
APÊNDICE B
Resultados experimentais obtidos por BARROS (2013) de importância para o trabalho.
Tabela B.1 - Resultados experimentais, BARROS (2013).

Time 13:57:38 14:02:46 14:03:48 14:04:26 14:05:25 14:05:35

Fd (kN) 145,28 243,02 262,78 275,22 296,2 298,95


1 22,34 28,17 27,20 26,23 27,20 26,23
2 23,29 32,02 32,02 32,99 32,99 32,99
seção
3 28,16 39,81 38,84 39,81 41,75 41,75
esquerda
4 25,19 28,09 24,22 23,25 22,28 22,28
5 21,35 26,20 22,32 23,29 22,32 21,35

6 192,31 1664,05 2126,22 2327,60 2657,68 2712,28


Tensão
7 166,47 1305,31 1729,42 1909,84 2183,87 2223,87
(kg/cm²) seção
8 140,58 833,11 1147,52 1290,21 1503,80 1541,66
central
9 160,86 1122,69 1645,72 1848,60 2138,81 2178,60
10 181,68 1553,64 2132,72 2372,26 2730,55 2790,03

11 10,69 13,60 11,66 14,58 17,49 16,52


seção
12 35,09 53,62 59,47 61,42 72,14 74,09
direita
13 9,71 14,56 14,56 15,53 17,48 15,53

1 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01


2 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
seção
3 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
esquerda
4 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
5 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
6 0,09 0,82 1,05 1,15 1,31 1,34
Deformação
7 0,08 0,64 0,85 0,94 1,08 1,10
(por mil) seção
8 0,07 0,41 0,57 0,64 0,74 0,76
central
9 0,08 0,55 0,81 0,91 1,05 1,07
10 0,09 0,77 1,05 1,17 1,35 1,37
11 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
seção
12 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,04
direita
13 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

def média (por mil) 0,08 0,64 0,87 0,96 1,10 1,13

b1 192,3 1664,1 2126,2 2327,6 2657,7 2712,3


b2 166,5 1305,3 1729,4 1909,8 2183,9 2223,9
tensão média região
b3 140,6 833,1 1147,5 1290,2 1503,8 1541,7
central (kg/cm²)
b4 160,9 1122,7 1645,7 1848,6 2138,8 2178,6
b5 181,7 1553,6 2132,7 2372,3 2730,6 2790,0

Rst (kN) 4,60 34,73 47,12 52,36 60,28 61,55


Tabela B.2 - Resultados experimentais, BARROS (2013) (continuação).

Time 14:06:08 14:07:06 14:07:11 14:07:19 14:08:51

Fd (kN) 311,08 330,62 331,76 333,97 366,02


1 27,20 24,29 25,26 25,26 21,37
2 32,99 32,02 32,02 31,05 28,14
seção
3 40,78 42,72 41,75 42,72 41,75
esquerda
4 22,28 19,38 21,31 20,34 16,47
5 22,32 21,35 21,35 22,32 20,38

6 2910,01 3167,21 3183,65 3213,90 3589,04


Tensão
7 2371,24 2575,26 2587,84 2615,25 2950,00
(kg/cm²) seção
8 1669,86 1884,49 1902,94 1930,14 2255,53
central
9 2337,95 2595,36 2614,84 2647,73 3031,60
10 3003,39 3370,00 3399,24 3448,97 4064,26

11 17,49 16,52 16,52 16,52 17,49


seção
12 76,04 80,92 80,92 81,89 87,74
direita
13 18,45 18,45 17,48 18,45 18,45

1 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01


2 0,02 0,02 0,02 0,02 0,01
seção
3 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
esquerda
4 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
5 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
6 1,43 1,56 1,57 1,58 1,77
Deformação
7 1,17 1,27 1,27 1,29 1,45
(por mil) seção
8 0,82 0,93 0,94 0,95 1,11
central
9 1,15 1,28 1,29 1,30 1,49
10 1,48 1,66 1,67 1,70 2,00
11 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
seção
12 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
direita
13 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

def média (por mil) 1,21 1,34 1,35 1,37 1,57

b1 2910,0 3167,2 3183,6 3213,9 3589,0


b2 2371,2 2575,3 2587,8 2615,2 2950,0
tensão média região
b3 1669,9 1884,5 1902,9 1930,1 2255,5
central (kg/cm²)
b4 2338,0 2595,4 2614,8 2647,7 3031,6
b5 3003,4 3370,0 3399,2 3449,0 4064,3

Rst (kN) 66,14 73,24 73,77 74,68 85,77


Tabela B.3 - Resultados experimentais, BARROS (2013) (continuação).

Time 14:13:33 14:16:49 14:26:39 14:26:40

Fd (kN) 482,08 564,72 733,35 733,8


1 8,74 -2,91 30,12 31,09
2 10,67 -5,82 45,61 46,58
seção
3 36,90 33,98 250,54 251,50
esquerda
4 1,94 -12,59 62,00 62,97
5 14,56 10,67 15,53 16,50

6 5131,43 6533,56 16623,87 16661,43


Tensão
7 3990,57 4723,81 7833,57 7846,36
(kg/cm²) seção
8 3169,44 3753,06 5845,79 5851,68
central
9 4024,68 4669,00 11437,83 11467,27
10 6236,36 8735,70 32307,45 #VALOR!

11 25,26 37,90 270,15 271,13


seção
12 110,17 127,72 364,67 365,64
direita
13 26,21 36,89 152,44 155,35

1 0,00 0,00 0,01 0,02


2 0,01 0,00 0,02 0,02
seção
3 0,02 0,02 0,12 0,12
esquerda
4 0,00 -0,01 0,03 0,03
5 0,01 0,01 0,01 0,01
6 2,53 3,22 8,19 8,21
Deformação
7 1,97 2,33 3,86 3,87
(por mil) seção
8 1,56 1,85 2,88 2,88
central
9 1,98 2,30 5,63 5,65
10 3,07 4,30 15,92 #VALOR!
11 0,01 0,02 0,13 0,13
seção
12 0,05 0,06 0,18 0,18
direita
13 0,01 0,02 0,08 0,08

def média (por mil) 2,22 2,80 7,30 #VALOR!

b1 5131,4 5690,0 5690,0 5690,0


b2 3990,6 4723,8 5690,0 5690,0
tensão média região
b3 3169,4 3753,1 5740,0 5740,0
central (kg/cm²)
b4 4024,7 4669,0 5690,0 5690,0
b5 5690,0 5690,0 5690,0 #VALOR!

Rst (kN) 118,91 133,14 158,57 #VALOR!


M1
-800
-700
-600
Força (kN)

-500
-400
-300
-200
-100
0
00 01 02 03 04 05 06 07 08
deformação (‰)
M1
Figura B.1 - Diagrama tensão versus deformação para o bloco M1, BARROS (2013).

Figura B.2 - Medidas das deformações nas barras da armadura, BARROS (2013).

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