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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2016
Mariana Varela de Medeiros
Natal-RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas
Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência
___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros – Orientador
___________________________________________________
Profa. Dra. Selma Hissae Shimura da Nóbrega – Coorientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo Nascimento Neto – Examinador interno
___________________________________________________
Prof. Dr. Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega – Examinador externo
Natal-RN
2016
DEDICATÓRIA
Agradeço primeiramente à toda a minha família, especialmente aos meus pais, por
serem meus maiores críticos e incentivadores. Formam a fundação de tudo que sou.
Ao Prof. Rodrigo Barros, por ter acreditado em mim para a pesquisa de Iniciação
Científica e por ter aceitado continuar como orientador de TCC. Foi sem dúvida o meu
maior mentor na graduação, sempre disponível, dedicado e, ouso dizer, recordista na
velocidade de resposta de e-mails.
Aos professores Joel Nascimento Neto, José Neres Filho, Petrus Nóbrega e
Fernanda Mittelbach por tudo que me ensinaram, além dos queridos professores do CEI
que me estimularam a gostar de desafios desde cedo.
À Lucas Cabral, Matheus Selim e Nathália De Cesare por estarem sempre presentes
e pelo que significado que dão à nossa amizade.
Aos meus colegas da Engenharia Civil, principalmente àqueles que estão almejando
a pós-graduação em Engenharia de Estruturas, por todas as vezes que me ajudaram, seja no
curso, seja nos processos de inscrição e seleção dos mestrados.
RESUMO
Análise comparativa de métodos de dimensionamento para blocos sobre estacas.
Blocos sobre estacas são responsáveis por transferir as ações dos pilares para as estacas de
fundação, e por isso, possuem grande importância na estabilidade da estrutura. Contudo, no
meio técnico não existe um consenso quanto à rotina de cálculo para estes elementos
estruturais. Cada autor e norma fazem considerações próprias no dimensionamento, que
resultam em valores de tensões de compressão na biela e área de aço consideravelmente
diferentes de acordo com o método de cálculo adotado. Este trabalho tem por objetivo
avaliar e discutir os modelos e métodos de dimensionamento para blocos rígidos de
fundação sobre estacas, através do estudo de um bloco sobre duas estacas. Também é feita
a comparação com resultados experimentais obtidos por BARROS (2013). Por fim,
conclui-se que o método proposto por FUSCO (2013) se mostrou menos conservador,
enquanto que os métodos de cálculo do software computacional TQS são mais
conservadores, em relação à área de armadura obtida.
Pile caps are used to transfer loads from columns to foundation piles, having, thus, a great
importance to the structure's stability. However, there is no consensus, among specialists
and standard codes, about the design guidelines for these structural elements. Each author
and code makes their own considerations, resulting in different steel reinforcement areas
and compressive stress at the strut, according to the calculation method adopted. This
study aims to evaluate and discuss the design methods for reinforced concrete pile caps, by
the analysis of a two pile caps reinforced concrete. A comparison with experimental
results obtained by BARROS (2013) is also made. Finally, it's concluded that the method
proposed by FUSCO (2013) is less conservative, while the TQS calculation methods are
more conservative, regarding the steel reinforcement area obtained.
CAPÍTULO II ................................................................................................................................................ 4
CAPÍTULO IV ..............................................................................................................................................44
CAPÍTULO V ................................................................................................................................................84
5.1. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ................................................................................................. 84
5.1.1. Considerações iniciais ........................................................................................................ 84
5.1.2. Geometria do bloco ............................................................................................................. 84
5.1.3. Dimensionamento e detalhamento do bloco feito por BARROS (2013) ........................... 85
5.1.4. Resistência dos materiais .................................................................................................... 85
5.1.5. Força de avaliação .............................................................................................................. 86
5.1.6. Taxa de armadura do pilar ................................................................................................. 89
5.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................................ 90
5.2.1. Área de aço.......................................................................................................................... 91
5.2.2. Tensão sob o pilar ............................................................................................................... 92
5.2.3. Tensão sob a estaca ............................................................................................................ 94
5.3. ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA BIELA ........................................................................................ 94
CAPÍTULO VI ..............................................................................................................................................98
Figura 2.1 - Modelos de blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy, MUNHOZ (2004). ............. 4
Figura 2.2 - Blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy, THOMAZ (2015). ................................. 5
Figura 2. 3 - Tensão calculada na armadura em 83 blocos quando as bielas de concreto romperam, THOMAZ
(2015). ............................................................................................................................................................... 6
Figura 2.4 Tensão calculada no concreto em 83 blocos quando as bielas de concreto romperam, THOMAZ
(2015). ............................................................................................................................................................... 6
Figura 2. 5 - Tensão no concreto quando a armadura rompe, THOMAZ (2015). .............................................. 7
Figura 2.6 - Trajetória de tensões elástico-lineares e modelo refinado de bielas e tirantes para blocos sobre
duas estacas, MUNHOZ (2004).......................................................................................................................... 8
Figura 2.7 - Configurações típicas de campos de tensão de compressão, MUNHOZ (2004). ......................... 14
Figura 2.8 - Nós somente com força de compressão segundo o Código Modelo do CEB, MUNHOZ (2004). .. 16
Figura 2.9 - Nós somente com ancoragem de barras paralelas segundo o Código Modelo do CEB, MUNHOZ
(2004). ............................................................................................................................................................. 16
Figura 3.1 - Modelo de cálculo para blocos sobre duas estacas, MUNHOZ (2004). ........................................ 22
Figura 3.2 - Polígono de forças, MUNHOZ (2004). .......................................................................................... 23
Figura 3.3 - Geometria das bielas, MUNHOZ (2004). ...................................................................................... 25
Figura 3.4 - Modelo de cálculo do processo descrito pelo CEB - FIP, MUNHOZ (2004). .................................. 27
Figura 3.5 - Tensão na área espraiada, localizada à uma profundidade x, adaptado de BANDIERA (2015). . 29
Figura 3.6 - Modelo de dimensionamento, FUSCO (2013). ............................................................................. 30
Figura 3.7 - Modelo de cálculo, ARAÚJO (2014). ............................................................................................. 33
Figura 3. 8 - Modelo proposto por Santos, SANTOS (2013). ............................................................................ 36
Figura 3.9 - Métodos de cálculo do TQS, BANDIERA (2015). ........................................................................... 37
Figura 3.10 - Definição da taxa de armadura dos pilares, BANDIERA (2015). ................................................ 39
Figura 3.11 - Braço de alavanca, considerando a profundidade x, BANDIERA (2015). ................................... 40
Figura 3.12 - Braço de alavanca, considerando a profundidade x/2, BANDIERA (2015). ................................ 40
Figura 3.13 - Parâmetros de resistência do TQS, BANDIERA (2015). ............................................................... 41
Figura 4.1 - Geometria do bloco a ser dimensionado (em centímetros). ........................................................ 44
Figura 4.2 - Modelagem no programa TQS V18. ............................................................................................. 68
Figura 4.3 - Definição dos parâmetros geométricos no programa TQS V18. .................................................. 69
Figura 4.4 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x. ...................................... 70
Figura 4.5 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x/2. ................................... 70
Figura 4. 6 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x....................................... 71
Figura 4.7 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x/2. ................................... 71
Figura 4.8 - Relatório de cálculo do TQS: Método de Blévot. .......................................................................... 72
Figura 4.9 - Áreas de aço calculadas pelos processos do TQS: Em vermelho, a armadura calculada
analiticamente e em azul a armadura calculada pelo programa. ................................................................... 75
Figura 4.10 - Áreas de aço calculadas analiticamente por diversos métodos, com exceção dos processos do
TQS. ................................................................................................................................................................. 75
Figura 4.11 - Gráfico de colunas com todas as áreas de aço calculadas. ........................................................ 76
Figura 4.12 - Tensões calculadas na biela junto ao pilar pelos processos do TQS: Por métodos analíticos
(verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho). ....................................................... 77
Figura 4.13 - Tensões na biela junto ao pilar calculadas por diversos métodos, com exceção do TQS. .......... 78
Figura 4.14 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto ao pilar. ........ 79
Figura 4.15 - Tensões calculadas na biela junto à estaca pelos processos do TQS: Por métodos analíticos
(verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho)........................................................ 80
Figura 4.16 - Tensões na biela junto à estaca calculadas por diversos métodos, com exceção do TQS. ......... 81
Figura 4.17 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto à estaca. ...... 82
Figura 5.1 - Limites geométricos para o ângulo θ (em centímetros). .............................................................. 88
Figura 5.2 - Condição para ocorrência de (em centímetros). ......................................................... 89
Figura 5.3 - Gráfico de colunas com todas as áreas de aço calculadas. .......................................................... 92
Figura 5.4 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto ao pilar. .......... 93
Figura 5.5 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto à estaca. ......... 94
Figura 5.6 - Inclinação mínima e inclinação máxima de biela permitida pela geometria do bloco (em
centímetros). ................................................................................................................................................... 95
Figura 6.1 - Gráfico de colunas para as forças máximas de solicitação determinadas por cada método de
cálculo............................................................................................................................................................ 100
Figura 6.2 - Tensão na biela junto ao pilar calculada à partir dos resultados experimentais. ...................... 105
Figura 6.3 - Tensão na biela junto à estaca calculada à partir dos resultados experimentais. ..................... 105
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 - Limites para o ângulo de inclinação das bielas, adaptado de SANTOS & GIONGO (2008). ......... 13
Tabela 3.1 - Valores de x/b. ............................................................................................................................. 28
Tabela 4.1 - Resumo dos parâmetros geométricos. ........................................................................................ 45
Tabela 4.2 - Resumo do dimensionamento, método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967). ........................ 47
Tabela 4.3 - Resumo do dimensionamento, processo do CEB-FIP (1970). ....................................................... 49
Tabela 4.4 - Resumo do dimensionamento, processo de FUSCO (2013). ........................................................ 52
Tabela 4.5 - Resumo do dimensionamento, "método alternativo" de FUSCO (2013). .................................... 54
Tabela 4. 6 - Resumo do dimensionamento, com base na ABNT NBR 6118:2014........................................... 55
Tabela 4. 7 - Resumo do dimensionamento, processo de ARAÚJO (2014). ..................................................... 57
Tabela 4.8 - Resumo do dimensionamento, Método proposto por SANTOS (2013). ....................................... 61
Tabela 4.9 - Resumo do dimensionamento, métodos do TQS. ........................................................................ 68
Tabela 4.10 - Resumo final dos resultados. ..................................................................................................... 73
Tabela 4.11 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos. ................................. 74
Tabela 5.1 - Resumo dos parâmetros geométricos do bloco. .......................................................................... 84
Tabela 5.2 - Resumo dos resultados considerando o dimensionamento para a força de avaliação. .............. 90
Tabela 5.3 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos. ................................... 91
Tabela 5.4 - Ângulos de inclinação da biela. ................................................................................................... 96
Tabela 6.1 - Forças solicitantes máximas e ângulos de inclinação de bielas. .................................................. 99
Tabela 6.2 - Tração no tirante e ângulo de inclinação de inclinação da biela. .............................................. 101
Tabela 6.3 - Tensões na biela calculadas a partir dos resultados experimentais. ......................................... 103
Tabela 6.4 - Resumo das tensões limites de acordo com a norma e os autores de referência. .................... 104
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.2. JUSTIFICATIVA
Apesar da importância que o elemento de bloco sobre estaca representa para a
estrutura de uma edificação, foi somente na última versão da ABNT NBR 6118:2014 que
foram incluídos os parâmetros de resistência das regiões nodais para modelos de bielas e
tirantes. Até então, para o dimensionamento de bloco sobre estacas eram utilizadas
principalmente as tensões limites sugeridas pelos pesquisadores franceses BLÉVOT &
FRÉMY (1967), além de outros autores renomados.
1
Problemas têm surgido e questionamentos foram levantados desde a ultima versão
da norma brasileira, pois observa-se que blocos que já haviam sido projetados e
executados, atualmente em serviço, passaram a não estar dentro dos conformes normativos,
se considerados os novos parâmetros de resistência.
Não somente no caso de blocos anteriores a norma, tem sido constatado também
que a rotina de cálculo comumente empregada em escritórios de projeto precisaria ser
revista, pois a utilização das mesmas empregadas em conjunto com os limites de tensão da
ABNT NBR 6118:2014, não verificaria a maior parte dos blocos dimensionados.
Por isso, as divergências existentes entre os métodos usuais de cálculo propostos
por autores de renome no meio técnico, além de divergências no tratamento dos blocos
sobre estacas entre normas de referência, serviram de motivação para a elaboração deste
trabalho.
1.3. OBJETIVOS
O objetivo principal desde Trabalho de Conclusão de Curso é avaliar e discutir os
modelos e métodos de dimensionamento para blocos rígidos de fundação sobre estacas,
através do estudo de um bloco sobre duas estacas.
2
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta monografia é composta por sete capítulos, sendo que o Capítulo I apresenta as
considerações iniciais, os objetivos gerais e específicos e a justificativa para a elaboração
deste Trabalho de Conclusão de Curso.
O Capítulo II abrange a revisão bibliográfica, contendo uma apresentação dos
trabalhos relevantes para o tema. A revisão encontra-se dividida em pesquisas relevantes,
recomendações normativas e uma introdução ao Método de Bielas e Tirantes.
O Capítulo III apresenta de forma mais direta e específica os processos de cálculo
sugeridos por autores e normas, bem como a formulação utilizada na análise do bloco
sobre duas estacas.
No Capítulo IV é apresentado o modelo do bloco sobre duas estacas ensaiado por
BARROS (2013), que é estudado neste trabalho. O dimensionamento do elemento
estrutural é exposto detalhadamente, para cada método de dimensionamento, considerando
uma força característica de 145 kN.
No Capítulo V, o bloco sobre duas estacas é novamente dimensionado, desta vez
para uma força na qual ocorreria a ruína simultânea da armadura e da biela de concreto,
chamada de "força de avaliação".
No Capítulo VI, é feito o processo de cálculo inverso. Determina-se a força máxima
suportada pelo bloco considerando o escoamento da armadura conhecida e detalhada no
modelo experimental. Repete-se este procedimento para todos os processos de cálculo e
por fim, é feita uma comparação com os resultados experimentais oriundos de BARROS
(2013).
O Capítulo VII apresenta as principais conclusões obtidas no trabalho, bem como
são feitas sugestões para trabalhos futuros.
3
CAPÍTULO II
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2.1 - Modelos de blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy,
MUNHOZ (2004).
BLÉVOT & FRÉMY (1967) observaram a ocorrência de fissuras antes da ruína dos
blocos, sendo esta última ocasionada pelo esmagamento da biela de compressão de
4
concreto próxima às estacas, ou pelo esmagamento da biela de compressão próxima ao
pilar, ou ainda pela ruptura simultânea da biela nos dois locais.
Figura 2.2 - Blocos sobre duas estacas ensaiados por Blévot e Frémy, THOMAZ (2015).
5
Figura 2. 3 - Tensão calculada na armadura em 83 blocos quando as bielas de concreto
romperam, THOMAZ (2015).
Quando a ruína do bloco se deu por ruptura da armadura, ou seja, armaduras com
tensão igual a tensão de ruptura, a tensão atuante na biela foi em média 10% superior à
resistência medida no corpo de prova.
6
Figura 2. 5 - Tensão no concreto quando a armadura rompe, THOMAZ (2015).
7
Figura 2.6 - Trajetória de tensões elástico-lineares e modelo refinado de bielas e tirantes
para blocos sobre duas estacas, MUNHOZ (2004).
8
ligação monolítica, os quais servirão de referência para confrontação com resultados
obtidos analiticamente neste trabalho.
2.1
9
EHE (2008) sugere o procedimento semelhante ao recomendado pelo CEB-FIP (1970),
segundo uma seção de referência interna.
Para blocos em que a distância entre estacas é inferior a duas vezes a altura útil, o
código americano ACI 318-08 (2008) recomenda a utilização de modelos de bielas e
tirantes, através das recomendações do apêndice A da mesma norma. Os blocos que
possuem a relação entre a distância entre estacas e a altura útil superior ou igual a dois, a
norma americana sugere a utilização da teoria de flexão, através do cálculo do momento
fletor na seção que atravessa a face do pilar mais próxima em relação ao lado considerado.
Já o cisalhamento deve ser verificado em uma seção de referência a uma distância igual a
metade da altura útil do bloco em relação a face do pilar.
A CSE A23.3.04 distingue os blocos de acordo com a relação entre distância entre
estacas e a altura útil, assim como o ACI 318-08. A norma canadense segue a mesma linha
de raciocínio da norma americana para o dimensionamento de blocos sobre estacas,
sugerindo modelos de bielas e tirantes e modelos utilizando a teoria de flexão.
10
SCHLAICH & SCHAFER (1991) afirmam que a estrutura possui a capacidade de
se adaptar até certo ponto ao modelo de treliça previsto, o que concede ao engenheiro de
estruturas uma liberdade de escolha entre a solução mais barata, a mais confiável ou a
solução otimizada.
11
separadamente. A interação desses planos deve ser levada em conta através de condições
de contorno apropriadas.
12
Tabela 2.1 - Limites para o ângulo de inclinação das bielas, adaptado de SANTOS &
GIONGO (2008).
13
2.3.7. Verificação das bielas
As bielas são representações dos campos de compressão no concreto. Dependendo
de como as tensões se distribuem por meio da estrutura, podem existir três configurações
de bielas possíveis:
Distribuição de tensões radial: Ocorre em regiões D onde forças
concentradas são aplicadas e propagadas de forma suave, com curvatura
desprezível. Não se desenvolvem tensões de tração transversais. (Figura
2.7.c)
Distribuição de tensões em linhas curvilíneas com afunilamento da seção:
Ocorre quando forças concentradas são introduzidas e propagadas por
meio de curvaturas acentuadas, que provocam uma compressão biaxial ou
triaxial e tensões de tração transversais consideráveis. Essas tensões
transversais combinadas a compressão longitudinal provocam fissuras que
podem levar a ruptura prematura da peça. Por isso, é aconselhável a
utilização de armadura para reforçar essas regiões. (Figura 2.7.b)
Distribuição com tensões uniformes: Ocorrem em regiões B, onde as
tensões se distribuem uniformemente. sem perturbações e sem surgir
tensões de tração transversais. (Figura 2.7.a)
SILVA & GIONGO (2000) afirmam que a resistência do concreto nas bielas
depende do seu estado multiaxial de tensões e das perturbações causadas por fissuras e
armaduras. A compressão transversal é favorável, enquanto que a tração transversal e as
fissuras ocasionadas por ela podem conduzir à ruptura do elemento à uma tensão inferior a
14
sua resistência à compressão. Os parâmetros de resistência das bielas serão discutidos mais
à frente.
Para a análise de bloco sobre duas estacas, os dois primeiros tipos de nós são
considerados.
Os nós CCC ocorrem na região de encontro das bielas com a carga do pilar
aplicada. Neste caso, a região do nó é limitada por um polígono não necessariamente com
ângulos retos, e as tensões podem ser consideradas distribuídas ao longo da superfície do
nó.
15
Figura 2.8 - Nós somente com força de compressão segundo o Código Modelo do CEB,
MUNHOZ (2004).
2.1
Os CCT ocorrem quando um tirante encontra duas ou mais bielas. Por exemplo, na
região de encontro da estaca com o bloco, em que a força de reação encontra os tirantes
(armadura) e a biela.
Figura 2.9 - Nós somente com ancoragem de barras paralelas segundo o Código Modelo
do CEB, MUNHOZ (2004).
16
SCHLAICH & SCHAFER (1991) apud. SILVA & GIONGO (2000) sugerem
algumas expressões para a verificação das tensões:
2.2
2.3
A altura de distribuição das barras hdist pode ser calculada pela equação:
2.4
sendo,
n: número de camadas;
c: cobrimento;
s: espaçamento vertical entre as barras da armadura.
SILVA & GIONGO (2000) atentam para a possibilidade de redução das tensões
atuantes em regiões nodais através do:
Aumento das dimensões dos apoios e das regiões de introdução de forças,
aumentando, no caso de blocos sobre estacas, a seção do pilar e a seção das
estacas;
Aumento da área de armadura efetiva ancorada nos tirantes.
17
2.3.10. Parâmetros de Resistência das Bielas
A seguir, serão apresentados os valores de resistência sugeridos por normas e
autores renomados para o tratamento da resistência da biela, retirados de SILVA &
GIONGO (2000).
EHE (2008)
A norma espanhola EHE (2008) considera a tensão média de resistência a
compressão para bielas e banzos comprimidos, como sendo:
- Para zonas não fissuradas, de compressão uniaxial;
- Para zonas de bielas com fissuras paralelas e armadura
transversal suficientemente ancorada;
18
- Quando bielas transmitem tensões de compressão através
de fissuras de abertura controlada por armadura transversal suficientemente
ancorada.
- Para bielas comprimidas que transferem tensões de
compressão através de fissuras de grande abertura.
Fusco (1994)
O autor apresenta os seguintes valores de resistência para o dimensionamento das
bielas:
1,0 fcd - Bielas confinadas, em estado plano de tensões;
0,85 fcd - Bielas não-confinadas;
0,60 fcd - Bielas não-confinadas e fissuradas.
CSA-A23.3-94 (1994)
A norma canadense CSA-A23.3-94 (1994) sugere valores de resistência das bielas
calculadas pela expressão:
2.5
Sendo:
fc' - resistência característica do concreto definida pelo quantil de 1%
ε1 - deformação de tração na direção perpendicular à biela, dada por:
2.6
sendo:
θ - menor ângulo entre a biela e a barra de armadura que a atravessa;
εs - deformação média na barra de armadura que atravessa a biela.
19
Observa-se que existe uma grande divergência entre os parâmetros de resistência
das regiões nodais entre as normas e autores. Além disso, é comum surgirem dúvidas em
relação a escolha de qual valor utilizar no cálculo, dentro de uma mesma norma.
A tensão limite fcd1 pode ser aplicada a nós com tirantes, desde que os ângulos entre
bielas e tirantes não sejam inferiores a 55◦ e que a ancoragem da armadura seja detalhada
com um cuidado especial (isto é, disposta em várias camadas com tirantes transversais).
EHE (2008)
A norma espanhola EHE (2008) considera a tensão média de resistência a
compressão para bielas e banzos comprimidos, como sendo:
- Para nós que conectam somente bielas comprimidas, para um
estado biaxial de compressão;
20
- Para nós que conectam somente bielas comprimidas, para
um estado triaxial de compressão;
- Para nós com armadura ancorada.
CSA-A23.3-94 (1994)
A norma canadense CSA-A23.3-94 (1994) sugere os seguintes valores limites para
a resistência das regiões nodais:
0,85 ϕc∙fc' - em regiões nodais delimitadas por bielas e áreas de aplicação de
carga;
0,75 ϕc∙fc' - em regiões nodais onde há um tirante ancorado em uma única
diração;
0,65 ϕc∙fc' - em regiões nodais que ancoram tirantes em mais de uma
direção.
Sendo:
fc': resistência característica do concreto definida pelo quantil de 1%
ϕc: fator de resistência do concreto (ϕc=0,6).
21
CAPÍTULO III
MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO
Figura 3.1 - Modelo de cálculo para blocos sobre duas estacas, MUNHOZ (2004).
22
3.1.1. Recomendação para a altura útil do bloco
O ângulo de inclinação θ entre a biela e o tirante, representado na Figura 3.1, pode
ser obtido geometricamente através da Equação 3.1:
3.1
3.4
23
Igualando as Equações 3.1 e 3.4, determina-se a força de tração no tirante:
3.5
3.6
Sendo:
3.7
3.8
Como as bielas apresentam seções variáveis ao longo da altura do bloco (ver Figura
3.3 a seguir), faz-se necessário verificar a tensão máxima junto ao pilar e junto à estaca,
comparando-as às tensões limites.
24
Figura 3.3 - Geometria das bielas, MUNHOZ (2004).
3.10
A área da biela na base do pilar é calculada através da sua relação com a área da
seção do pilar Ap e com o ângulo θ:
3.11
3.12
25
3.15
3.17
Estes valores correspondem aos valores sugeridos por BLÉVOT & FRÉMY (1967)
para que o bloco trabalhe com segurança em serviço, considerando um coeficiente de
variação em torno de 10%. Nesta situação, BLÉVOT & FRÉMY (1967) limitam a 0,6
da resistência à compressão média do concreto (fcm).
3.18
Partindo da condição:
3.19
Logo,
3.22
3.23
26
3.2. PROCESSO DO CEB - FIB - BOLETIM 73 (1970)
O processo do CEB-FIP (1970) para dimensionamento é aplicável aos blocos
considerados rígidos, cuja altura respeite o seguinte intervalo:
3.25
sendo c a distância entre a face do pilar até o eixo da estaca mais afastada.
O método propõe o cálculo da armadura principal para a flexão e a verificação da
resistência ao cisalhamento. No entanto, será descrito neste trabalho apenas a rotina de
dimensionamento da armadura principal do bloco. A verificação ao cisalhamento e da
condição de aderência das barras não serão aqui detalhadas.
Figura 3.4 - Modelo de cálculo do processo descrito pelo CEB - FIP, MUNHOZ (2004).
27
A altura útil da seção S1 (d1) é igual à altura útil medida na face do pilar. No
entanto, se essa altura for maior que 1,5 , adota-se d1 igual a 1,5 .
O momento fletor na seção S1 é calculado fazendo o produto das reações das
estacas pela distância da seção de referência, considerando as estacas existentes entre a
seção S1 e a face lateral do bloco paralela à mesma seção.
A área de aço As é dada então por:
3.26
São chamados pilares alongados aqueles que possuem o menor lado b pelo menos
10 vezes menor que o maior lado a.
Para taxas de armaduras intermediárias aos valores do quadro, FUSCO (2013) não
deixa claro qual o valor de x/b que deve ser utilizado. Neste trabalho, faz-se uma
interpolação linear para valores de ρ intermediários.
Outra forma de se proceder para determinar o valor de x seria estimando que a essa
profundidade, a tensão na área ampliada é igual a 20% da resistência de cálculo do
concreto. Para isso, adota-se um ângulo de espraiamento das tensões igual a arctg2, como
28
recomendado por FUSCO (2013). Este ângulo tem relação com a abertura de fissuração
diagonal e a deformação máxima da armadura, igual a . O procedimento de
cálculo que tem por base esta segunda interpretação do trabalho do autor, foi nomeada
neste trabalho de "método alternativo".
3.27
3.29
3.31
29
Substituindo as Equações 3.30 e 3.31 na Equação 3.27, obtém-se:
3.32
30
A área de aço é dada então por:
3.35
em que,
3.36
3.37
31
será considerada a forma do modelo apresentado por BLÉVOT & FRÉMY (1967), com o
nó superior localizado dentro do pilar.
A ABNT NBR 6118:2014 não faz nenhuma menção à majoração da força do
tirante, logo não será feita esta consideração no cálculo por este método.
A seguir, estão expostos os parâmetros de resistência que foram acrescentados na
ultima revisão da norma brasileira para verificação dós nos e bielas.
32
Figura 3.7 - Modelo de cálculo, ARAÚJO (2014).
Sabendo-se que
3.46
33
3.5.2. Dimensionamento da armadura
ARAÚJO (2014) determina a área de aço necessária através do equilíbrio de
momento, resultante das forças atuantes nas bielas e tirantes multiplicadas pelos seus
respectivos braços de alavanca. Dessa forma, tem-se:
3.48
3.49
Fazendo,
3.50
3.51
3.52
34
Para não haver o esmagamento da biela, a tensão na mesma deve ser limitada a
resistência a compressão de cálculo do concreto do bloco (fcd). ARAÚJO (2014)
demonstra que para que essa condição seja satisfeita, a tensão de compressão da estaca em
serviço (σke) deve ser inferior ao seguinte valor:
3.53
3.56
35
a p+ 2y
Região nodal
ap ampliada
45°
b p + 2y
y
a p +2y
y
d'
Área ampliada
Ø + 2d'
O modelo proposto por SANTOS (2015) difere em relação ao Método das Bielas
em se tratando do ângulo de inclinação da biela comprimida. Enquanto que
BLÉVOT & FRÉMY (1967) definem a tangente do ângulo pela razão d/a, em que a é a
projeção horizontal da biela (ver Equação 3.1), SANTOS (2015) define a tangente como
z/a, sendo z igual a:
3.57
36
Figura 3.9 - Métodos de cálculo do TQS, BANDIERA (2015).
37
3.59
Sendo,
Abl: Dimensão do bloco paralela a dimensão "a" do pilar
Bbl: Dimensão do bloco paralela a dimensão "b" do pilar
3.7.1.1. Método A
Esta maneira de calcular a profundidade leva em conta a taxa de armadura ρ e o fck
do concreto, através da equação abaixo:
3.60
Sendo,
3.61
Onde:
b: Menor dimensão do pilar;
α: Relação entre a maior dimensão do pilar e a menor dimensão do pilar;
ρ: Taxa de armadura do pilar;
fyd: Resistência de cálculo da armadura do arranque;
fcd: Resistência de cálculo do concreto do bloco sobre estacas;
θ: Ângulo de espraiamento das tensões.
Vale salientar que o programa não calcula o valor de x/b com o ρ detalhado do pilar
de cada bloco, mas sim da taxa de armadura definida no arquivo de critérios, como
mostrado na Figura 3.10:
38
Figura 3.10 - Definição da taxa de armadura dos pilares, BANDIERA (2015).
3.7.1.2. Método B
No método B, estima-se que a profundidade x é o local onde a tensão na área
ampliada é igual a 20% da resistência do concreto. Com essa premissa, calcula-se a
profundidade x pela expressão abaixo:
3.62
Onde:
b: Menor dimensão do pilar;
α: Relação entre a maior dimensão do pilar e a menor dimensão do pilar;
Nk: Taxa de armadura do pilar;
γf: Coeficiente de ponderação das ações;
γn: Coeficiente adicional de ponderação das ações;
γc: Coeficiente de segurança para resistência do concreto;
fck: Resistência característica do concreto do bloco sobre estacas;
θ: Ângulo de espraiamento das tensões.
39
3.7.1.3. Dimensionamento da armadura
A expressão utilizada para o cálculo da área de aço é igual para os dois métodos,
sendo:
3.63
ou,
3.65
40
Na versão V19 do CAD/TQS é possível dimensionar as armaduras a partir da área
ampliada do pilar, utilizando o método B de cálculo, que resulta numa área de aço inferior
às encontradas por outros métodos. O programa não compara a armadura calculada com o
Método de Blévot e BANDIERA (2015) recomenda que o usuário utilize a ferramenta com
muito cuidado.
3.66
41
3.7.2. Método de Blévot
3.7.2.1. Dimensionamento da armadura
O dimensionamento da armadura feito pelo programa TQS, segundo o método de
Blévot, utiliza a mesma Equação 3.63. No entanto, deve-se atentar para o braço de
alavanca considerado, que por esse método passa a ser:
3.67
Deve-se atentar também para o fato do TQS não considerar o aumento de 15% da
força de tração no tirante, como proposto por BLÉVOT & FRÉMY (1967). BANDIERA
(2015) justifica dizendo que a força já estaria majorada, através da multiplicação pelos
coeficientes γf e γn.
3.69
3.71
42
Para determinar o valor de fm a partir da tensão limite de 0,6fcm imposta por Blévot
(Equação 3.18 :
3.72
3.73
3.74
Observa-se que, para esta relação entre resistência característica e resistência média
do concreto, o valor do desvio padrão (Sd) é bastante elevado e não usual para a
confiabilidade na dosagem do concreto atual. A ABNT NBR 12655:2016 sugere um
desvio-padrão igual a 4 MPa para concretos da classe C10 a C80, considerando os
materiais dosados em massa, com a água de amassamento corrigida em função da umidade
dos agregados.
Por exemplo, para um concreto da classe C25:
3.75
3.76
Enquanto que BLÉVOT & FRÉMY (1967) partem da condição que a resistência
média do concreto é 1,2 vezes maior que a resistência característica:
3.77
3.78
Conclui-se que o desvio padrão adotado por BLÉVOT & FRÉMY (1967) é menos
conservador, pois os autores consideram um grau de dispersão menor para a resistência do
concreto.
43
CAPÍTULO IV
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO - parte I
Parâmetros
geométricos
ap(cm) 15
bp(cm) 15
b (cm) 30
dest (cm) 15
h (cm) 30
d'(cm) 2,5
d (cm) 27,5
ℓ t (cm) 55
45
4.1.4. Taxa de armadura do pilar
O pilar foi dimensionado por BARROS (2013) e detalhado com 4 barras de
12,5 mm, resultando numa área de aço efetiva de 4,91cm². A taxa de armadura ρ pode
então ser calculada a partir da área da seção bruta de concreto e da área de aço efetiva.
A área da seção bruta do pilar é igual a:
4.5
4.6
Logo,
4.7
4.8
4.11
46
Tabela 4.2 - Resumo do dimensionamento, método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY
(1967).
θ (rad) 0,86
θ (◦) 49,18
Rst (kN) 105,19
Rst + 15% (kN) 120,97
As (cm) 2,78
Como a tensão calculada junto ao pilar é inferior à tensão limite, a biela está
assegurada na região superior do bloco.
A tensão junto às estacas calculada é inferior à tensão limite, então a biela não irá
ruir por esmagamento do concreto na região próxima as estacas.
47
O processo do CEB-FIP (1970) para dimensionamento para blocos sobre estacas é
aplicável aos blocos considerados rígidos, cuja altura respeite o seguinte intervalo
(Equação 3.25):
4.16
4.20
4.22
c) Dimensionamento da armadura
A altura útil para dimensionamento da armadura é igual a:
4.23
48
4.24
a) Determinação da profundidade x
FUSCO (2013) apresenta as razões x/b em função da seção e da armadura do pilar,
reproduzidos na Tabela 3.1. No entanto, o autor fornece apenas 3 valores para a taxa de
armadura do pilar, não deixando claro qual o procedimento a ser seguido para ρ
intermediários.
Faz-se então uma interpolação linear da razão x/b para uma taxa de armadura igual
a 0,022 calculada para o pilar em estudo.
4.25
4.26
49
b) Determinação da área ampliada
Para um ângulo θ de espraiamento de tensões igual a arctg2, obtêm-se pelas
Equações 3.30 e 3.31:
4.28
Como,
4.33
50
4.35
Pode-se agora calcular o valor de aamp definido pelo novo ângulo de espraiamento:
4.36
4.42
d) Dimensionamento da armadura
Cálculo da altura útil:
4.43
51
Cálculo da área de aço:
4.44
0,25 ap 3,75
z (cm) 19,62
Md (kN.cm) 973,07
As (cm²) 1,14
4.46
4.47
4.48
52
a) Determinação da profundidade x
Substituindo os valores na Equação 3.33, tem-se:
4.49
4.52
4.53
4.54
d) Dimensionamento da armadura
Cálculo da altura útil:
4.55
53
4.56
4.58
4.59
4.60
54
a) Determinação do ângulo de inclinação das bielas (Equação 3.1)
4.61
4.63
θ (rad) 0,86
θ ( ◦) 49,18
Rst (kN) 105,19
As (cm²) 2,42
A tensão limite sugerida pela ABNT NBR 6118:2014 para nós CCC é igual a:
4.65
Logo:
55
4.67
Como,
4.68
A tensão limite sugerida pela ABNT NBR 6118:2014 para nós CCT é igual a:
4.70
Logo:
4.71
Como,
4.72
56
4.73
b) Dimensionamento da armadura
Considerando z igual a 0,85d, a área de armadura pode ser obtida através da
Equação 3.51:
4.74
4.75
z (cm) 23,38
θ (rad) 0,78
θ (◦) 44,54
Rst (kN) 123,75
As (cm²) 2,85
4.76
57
A tensão de serviço na estaca é igual a:
4.77
4.80
I. Primeira Iteração ( )
a) Determinação da profundidade z
Sendo,
4.81
define-se z:
4.82
58
b) Determinação do ângulo de inclinação das bielas
4.83
4.85
4.86
define-se z:
4.89
59
b) Determinação do ângulo de inclinação das bielas
4.90
4.92
4.93
4.96
60
4.98
e) Dimensionamento da armadura
4.99
4.100
a) Cálculo da razão α
61
4.101
4.102
4.103
4.104
4.105
c) Cálculo da profundidade x
4.107
4.108
4.109
62
4.110
4.111
4.112
4.114
4.115
4.116
4.117
Tensão limite para nós CCC, de acordo com ABNT NBR 6118:2014:
4.119
63
h) Verificação da biela de compressão junto à estaca
Área ampliada da estaca, conforme calculado na Equação 4.96:
4.120
4.121
Tensão limite para nós CCT, de acordo com ABNT NBR 6118:2014:
4.122
4.123
4.124
(4.125)
(4.126)
64
4.127
4.128
4.130
4.131
4.132
4.133
4.134
4.136
4.137
65
e) Verificação da tensão na biela de compressão junto ao pilar
Ângulo de inclinação da biela:
4.138
4.139
4.142
Tensão limite para nós CCT, de acordo com ABNT NBR 6118:2014:
4.143
4.144
4.145
66
h) Dimensionamento da armadura para
4.146
4.147
4.148
4.149
Como discutido no item 3.7.2.3, o TQS limita a tensão na biela junto ao pilar ao
valor:
4.150
Como esta condição está satisfeita, a biela está verificada junto ao pilar.
4.152
67
d) Dimensionamento da armadura
4.154
4.155
Fusco
Método Blévot
A B
Fk (kN) 145,00
As(cm²) 3,46 3,37 2,69
As(cm²) para x/2 3,03 2,99 -
68
Figura 4.3 - Definição dos parâmetros geométricos no programa TQS V18.
69
4.9.1. Fusco - Método A
Figura 4.5 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método A, para a profundidade x/2.
70
4.9.2. Fusco - Método B
Figura 4.7 - Relatório de cálculo do TQS: Fusco, Método B, para a profundidade x/2.
71
4.9.3. Método de Blévot
72
4.10. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nos itens anteriores, foi exposto o dimensionamento do bloco sobre duas estacas
apresentado no item 4.1, tendo em vista os diferentes métodos detalhados no Capítulo III.
Paralelamente, também foi realizado o dimensionamento com auxilio do programa
computacional TQS.
A seguir, tem-se na Tabela 4.10 o resumo dos resultados obtidos, com a área de aço
calculada, tensões máximas nas bielas e tensões limites para cada nó da biela, bem como a
avaliação se a condição de segurança está ou não verificada.
Tensão na biela
As
Método σp σp,lim σe σe,lim
(cm²) Passa? Passa?
(kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²)
A (x) 3,4 0,75 1,37 SIM 0,92 1,16 SIM
A (x/2) 3 0,75 1,37 SIM 0,92 1,16 SIM
TQSprog B (x) 3,3 0,77 1,37 SIM 0,91 1,16 SIM
B (x/2) 3 0,77 1,37 SIM 0,91 1,16 SIM
Blévot 2,7 2,05 2,25 SIM 1,32 2,25 SIM
A (x) 3,46 0,76 1,37 SIM 0,66 1,16 SIM
A (x/2) 3,03 0,76 1,37 SIM 0,66 1,16 SIM
TQScalc B (x) 3,37 0,78 1,37 SIM 0,65 1,16 SIM
B (x/2) 2,99 0,78 1,37 SIM 0,65 1,16 SIM
Blévot 2,69 2,08 2,25 SIM 1,04 2,25 SIM
Blevót 2,78 1,89 2,50 SIM 0,95 1,79 SIM
Araújo 2,85 - - - 0,32 0,59 SIM
CEB 2,67 - - - - - SIM
Santos 2,61 1,35 1,37 SIM 0,57 1,16 SIM
NBR 6118:2014 2,42 1,89 1,37 NÃO 0,95 1,16 SIM
Fusco 1,10 1,35 1,79 SIM 0,32 0,63 SIM
Fusco (Alternativo) 2,06 1,79 1,79 SIM 0,32 0,63 SIM
73
Para uma melhor análise dos dados alcançados, foram calculadas a média, o desvio
padrão e o coeficiente de variação para os dados referentes a área de aço, a tensão máxima
na biela no encontro do pilar e a tensão máxima na biela no encontro da estaca.
Tabela 4.11 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos.
σp σe
Parâmetro estatístico As (cm²)
(kN/cm²) (kN/cm²)
Média 2,79 1,23 0,75
Desvio Padrao 0,57 0,56 0,28
Coeficiente de Variação 20% 45% 38%
Observa-se a área de aço calculada pelo Método das Bielas foi a que mais se
aproximou da média calculada de todos os resultados. A média da tensão na biela junto ao
pilar se mostrou cerca de 64% maior que a média da tensão na biela junto à estaca.
A tensão nó do pilar apresentou o maior coeficiente de variação, de quase 45%,
enquanto que a área de armadura calculada apresentou o menor coeficiente de variação, de
20%. De maneira geral, pôde-se constatar uma variação considerável entre os valores
analisados.
74
Áreas de Aço - Processos do TQS
4
3,5
As (cm²) 3
2,5
2
1,5 TQSprog
1 TQScalc
0,5
0
Figura 4.9 - Áreas de aço calculadas pelos processos do TQS: Em vermelho, a armadura
calculada analiticamente e em azul a armadura calculada pelo programa.
1,50
1,00
As (cm²)
0,50
0,00
Figura 4.10 - Áreas de aço calculadas analiticamente por diversos métodos, com exceção
dos processos do TQS.
75
Área de aço calculada
4
3,5
2,5
As (cm²)
1,5
As (cm²)
1
0,5
0
CEB
TQScalc (B,x/2)
Fusco
TQScalc (A,x)
TQSprog (B,x/2)
TQScalc (A,x/2)
TQSprog (A,x)
TQSprog (A,x/2)
TQScalc (B,x)
Blevót
TQSprog (B,x)
TQScalc (Blévot)
NBR 6118:2014
Santos
TQSprog (Blévot)
Araújo
Fusco (Alternativo)
Método de Cálculo
Na Figura 4.11 é possível observar que de uma maneira geral, a área de armadura
calculada variou entre 2,5 cm² e 3,5 cm², o que representa variações da ordem de 40%.
O método de cálculo A do TQS (calculado analiticamente) foi o que forneceu uma
maior quantidade de aço, com 3,46 cm², próximo ao 3,4 cm² dimensionado pelo programa.
Essa diferença justifica-se pois o TQS não dimensiona para a taxa de armadura real do
pilar, no caso igual a 2,2% , mas sim para uma taxa de armadura pré-estabelecida no
arquivo de critérios, no caso igual a 2%, igual para todos os pilares da obra.
Por outro lado, o dimensionamento através do processo proposto por FUSCO
(2013), forneceu um valor de área muito inferior aos demais métodos. Isso acontece
porque o autor considera a influência da armadura do pilar na resistência do bloco,
76
diminuindo consideravelmente o esforço no tirante. Esta consideração é feita quando no
cálculo do momento solicitante sobre as armaduras, a seção de referência é definida em
função da área ampliada do pilar e não da área do pilar real, reduzindo consideravelmente
o valor do momento de projeto.
No procedimento de cálculo utilizado pelo TQS pelo "Método de Fusco", o modelo
é diferente. A seção de referência para definição do momento solicitante parte da
extremidade da área real do pilar, ao mesmo tempo que a altura útil considerada é reduzida
pela profundidade x. Por isso, a área calculada resulta num valor maior.
2
TQSprog -
σ (kN/cm²)
1,5 σp(kN/cm²)
TQScalc -
σp(kN/cm²)
1
TQSprog -
σp,lim(kN/cm²)
0,5
TQScalc -
σp,lim(kN/cm²)
0
A (x) A (x/2) B (x) B (x/2) Blévot
Método de Cálculo
Figura 4.12 - Tensões calculadas na biela junto ao pilar pelos processos do TQS: Por
métodos analíticos (verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho).
77
Tensão na biela junto ao pilar
3,00
2,50
σ (kN/cm²)
2,00
1,50
1,00
σp
0,50 (kN/cm²)
0,00 σp,lim
(kN/cm²)
Método de Cálculo
Figura 4.13 - Tensões na biela junto ao pilar calculadas por diversos métodos, com exceção
do TQS.
78
Tensão na biela junto ao pilar
3
2,5
2
σ (kN/cm²)
1,5
1
σp (kN/cm²)
0,5 σp,lim (kN/cm²)
CEB
Santos
TQScalc (A,x/2)
TQSprog (A,x/2)
Araújo
TQScalc (A,x)
TQSprog (A,x)
TQScalc (B,x)
Blevót
NBR 6118:2014
Fusco
TQSprog (B,x)
TQScalc (B,x/2)
TQSprog (B,x/2)
TQScalc (Blévot)
TQSprog (Blévot)
Fusco (Alternativo)
Método de Cálculo
Figura 4.14 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto
ao pilar.
79
da própria premissa de rotina de calculo pelo processo iterativo, faz com que o bloco seja
dimensionado numa situação limite, não dando folga para a atuação de cargas superiores a
carga de projeto, que eventualmente não foram previstas no dimensionamento.
Os métodos de ARAÚJO (2014) e do CEB-FIP (1970) não calculam a tensão sob o
pilar e por isso, no gráfico, nenhum valor de tensão está associado a esses modelos.
2
TQSprog -
σ (kN/cm²)
1,5 σe(kN/cm²)
TQScalc -
σe(kN/cm²)
1
TQSprog -
σe,lim(kN/cm²)
0,5
TQScalc -
σe,lim(kN/cm²)
0
A (x) A (x/2) B (x) B (x/2) Blévot
Método de Cálculo
Figura 4.15 - Tensões calculadas na biela junto à estaca pelos processos do TQS: Por
métodos analíticos (verde e roxo) e através do programa computacional (azul e vermelho).
80
Tensão na biela junto à estaca - Autores e
Normas
2,00
1,80
1,60
1,40
σ (kN/cm²)
1,20
1,00
0,80
0,60 σp
0,40 (kN/cm²)
0,20 σp,lim
0,00 (kN/cm²)
Método de Cálculo
Figura 4.16 - Tensões na biela junto à estaca calculadas por diversos métodos, com
exceção do TQS.
81
Tensão na biela junto à estaca
2,5
2
σ (kN/cm²)
1,5
σe (kN/cm²)
0,5
σe,lim (kN/cm²)
0
CEB
Santos
Araújo
TQSprog (A,x/2)
TQScalc (B,x/2)
Fusco
TQScalc (A,x)
TQSprog (A,x)
TQScalc (A,x/2)
TQScalc (B,x)
Blevót
TQSprog (B,x)
TQSprog (B,x/2)
NBR 6118:2014
TQScalc (Blévot)
Fusco (Alternativo)
TQSprog (Blévot)
Método de Cálculo
Figura 4.17 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto
junto à estaca.
82
analítico, foram consideradas estacas de seção quadrada, enquanto o programa considerou
o modelo com estacas circulares, resultando em valores diferentes de tensão.
Mais uma vez, o cálculo pelo processo do CEB-FIP (1970) não verifica as tensões
nas bielas junto às estacas. Assim, nenhum valor de tensão está associado a este método no
gráfico.
Conclui-se que, para esta geometria e condição de carregamento do bloco, as
tensões na biela sobre as estacas foram verificadas, considerando todos os métodos de
cálculo abordados.
83
CAPÍTULO V
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO - parte II
Parâmetros
geométricos
ap(cm) 15
bp(cm) 15
b (cm) 30
dest (cm) 15
h (cm) 30
d'(cm) 2,5
d (cm) 27,5
ℓ t (cm) 55
84
5.1.3. Dimensionamento e detalhamento do bloco feito por BARROS (2013)
O bloco foi dimensionado por BARROS (2013) através do método das bielas
proposto por BLÉVOT & FRÉMY (1967). A força considerada no cálculo foi igual a
320,6 kN, chamada pelo autor de força de avaliação, por se tratar da força normal teórica
máxima resistida pelo bloco, de maneira que as tensões nos nós de encontro da biela com o
pilar e da biela com a estaca se igualassem as tensões limites sugeridas por BLÉVOT &
FRÉMY (1967). Para o caso do nó do pilar, a tensão limite seria igual à própria resistência
característica do concreto.
Neste Capítulo, como trata-se do dimensionamento de elementos que foram
ensaiados em laboratório, não é utilizado nenhum valor majorador de ações, incluindo o
acréscimo sugerido por BLÉVOT & FRÉMY (1967) de 15% na resultante de tração nos
tirantes. Logo,
5.1
85
ensaios resultou num valor de resistência média igual a 33,1 MPa, com desvio padrão de
2,56MPa, compatível para um concreto da classe C25.
5.4
Foram realizados também ensaios nas barras de aço do mesmo lote das que foram
utilizadas nos modelos, para determinação da resistência ao escoamento e do módulo de
elasticidade das barras e fios de aço.
A maioria das barras detalhadas no bloco possuíam um diâmetro igual a 8 mm. As
barras ensaiadas com esse diâmetro apresentaram um módulo de elasticidade médio igual a
203 GPa, enquanto que a deformação média a partir da qual foi iniciado o escoamento da
armadura foi de 2,81‰, o que corresponde a uma tensão igual a 569 MPa.
5.5
5.7
86
5.9
5.12
5.14
5.17
A solução do sistema pode ser obtida através da equação quadrática, dada pela por:
5.18
Os ângulos positivos que satisfazem a equação são iguais a 29,1º e 60,8º. O maior
valor de Fava é determinado para o ângulo de 60,8º, conforme Equação 5.10.
87
5.19
88
Figura 5.2 - Condição para ocorrência de (em centímetros).
5.20
5.21
89
5.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Usando os mesmos processos de cálculo apresentados no Capítulo III e
exemplificados no Capítulo IV, faz-se novamente o dimensionamento do bloco sobre duas
estacas em estudo, para uma Fava igual a 565 kN, sem coeficientes majoradores de ações e
sem coeficiente minorador da resistência do aço.
A força de avaliação de 565 kN foi obtida a partir da consideração que a tensão
atuante no nó do encontro entre biela e pilar é igual ao limite de tensão estabelecido por
BLÉVOT & FRÉMY (1967), retirado de ANDRADE (1989). Observa-se que este valor foi
definido a partir de fcd (ver Equação 3.16. Por isso, considerou-se no dimensionamento do
bloco a minoração da resistência à compressão do concreto através do coeficiente de
segurança .
Os resultados obtidos estão expostos na Figura 5.2:
Tensão na biela
As
Método σp σp,lim σe σe,lim
(cm²) Passa? Passa?
(kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²) (kN/cm²)
A (x) 5,97 1,81 1,74 NÃO 1,50 1,48 NÃO
A (x/2) 5,30 1,81 1,74 NÃO 1,50 1,48 NÃO
TQScalc B (x) 7,40 1,54 1,74 SIM 1,69 1,48 NÃO
B (x/2) 5,80 1,54 1,74 SIM 1,69 1,48 NÃO
Blévot 4,76 4,82 2,87 NÃO 2,41 2,87 SIM
Blevót 4,29 4,38 3,31 NÃO 2,19 2,36 SIM
Araújo 5,04 - - - 1,26 0,75 NÃO
CEB 4,73 - - - - - SIM
Santos 5,18 2,26 1,74 NÃO 1,48 1,48 SIM
NBR 6118:2014 4,29 4,38 1,74 NÃO 2,19 1,48 NÃO
Fusco 1,96 3,14 2,36 NÃO 1,26 0,83 NÃO
Fusco (Alternativo) 3,07 2,72 2,36 NÃO 1,26 0,83 NÃO
90
Tabela 5.3 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação dos resultados obtidos.
σp σe
Parâmetro estatístico As (cm²)
(kN/cm²) (kN/cm²)
Média 4,81 2,84 1,68
Desvio Padrao 1,39 1,28 0,41
Coeficiente de Variação 29% 45% 25%
Observa-se que a área de aço calculada pelo método de Blévot do TQS foi a que
mais se aproximou da média calculada para todos os resultados. A média da tensão na biela
junto ao pilar se mostrou cerca de 84% maior que a média da tensão na biela junto à estaca.
A tensão nó do pilar apresentou, novamente, o maior coeficiente de variação, de
quase 45%, enquanto que a tensão na biela junto à estaca apresentou o menor coeficiente
de variação, de 25%. De maneira geral, pôde-se constatar uma variação considerável entre
os valores analisados.
91
Área de aço calculada
8,00
7,00
6,00
5,00
As (cm²)
4,00
3,00
As (cm²)
2,00
1,00
0,00
Método de Cálculo
92
Tensão na biela junto ao pilar
6,00
5,00
4,00
σ (kN/cm²)
3,00
2,00
σp (kN/cm²)
1,00
σp,lim (kN/cm²)
0,00 CEB
Santos
Araújo
Fusco
TQScalc (A,x)
TQScalc (A,x/2)
TQScalc (B,x)
Blevót
TQScalc (B,x/2)
TQScalc (Blévot)
NBR 6118:2014
Fusco (Alternativo)
Método de Cálculo
Figura 5.4 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto
ao pilar.
A tensão na biela junto ao pilar não foi verificada para nenhum método de cálculo,
com exceção do método B do TQS. Os processos que têm por base a forma do modelo de
bielas sugerido por BLÉVOT & FRÉMY (1967), ou seja, os processos do TQS por Blévot,
o cálculo com a ANBT NBR 6118:2014 e o próprio processo de cálculo pelos método das
bielas, apresentaram uma tensão máxima sob o pilar bastante superior ao limite sugerido
por cada autor.
No caso do processo descrito para a ABNT NBR 6118:2014, observa-se que a
tensão máxima superou em mais de duas vezes a tensão limite, por esta última ser bastante
conservadora.
93
5.2.3. Tensão sob a estaca
Segue, na Figura 5.5, o gráfico de colunas para as tensões calculadas na biela de
concreto junto às estacas:
3,00
2,50
σ (kN/cm²)
2,00
1,50
1,00
σe (kN/cm²)
0,50 σe,lim (kN/cm²)
0,00
CEB
Fusco
TQScalc (A,x)
TQScalc (A,x/2)
Blevót
NBR 6118:2014
TQScalc (B,x)
TQScalc (B,x/2)
Santos
TQScalc (Blévot)
Araújo
Fusco (Alternativo)
Método de Cálculo
Figura 5.5 - Gráfico de colunas com todas as tensões calculadas na biela de concreto junto
à estaca.
A tensão na biela junto à estaca foi verificada para apenas 4 métodos de cálculo.
Mas de uma maneira geral, os valores máximos de tensão se aproximaram da tensão limite
sugerida pelos autores e norma, mesmo nos casos em que a segurança na biela sobre a
estaca não foi atendida.
94
FRÉMY (1967). Isto é feito considerando o equilíbrio de forças no topo da estaca, como
explicado no Item 3.1.2 (ver Figura 3.2).
A resultante de tração no tirante é obtida partindo da condição que o aço está
escoando, ou seja, que foi atingida a tensão de escoamento. No caso, a tensão de
escoamento foi determinada experimentalmente e é igual a 569 MPa.
Foi analisado também se o ângulo de inclinação da biela calculado seria
geometricamente possível, considerando os limites geométricos representados na Figura
5.6.
Figura 5.6 - Inclinação mínima e inclinação máxima de biela permitida pela geometria do
bloco (em centímetros).
95
Tabela 5.4 - Ângulos de inclinação da biela.
As Rst
Método θ◦ Possível?
(cm²) (kN)
96
possíveis geometricamente, o que prova a incompatibilidade do modelo de FUSCO (2013)
com relação ao método das bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967).
97
CAPÍTULO VI
FORÇA MÁXIMA DE SOLICITAÇÃO
98
força máxima solicitante, o ângulo de inclinação da biela θ e verifica-se a possibilidade ou
não de ocorrência do mesmo, em função dos limites geométricos da Figura 5.6. Os
resultados obtidos, estão expostos na Tabela 6.1.
Pelos resultados apresentados, apenas uma força máxima não se mostra possível de
ocorrência: O valor de θ para a força de 803 kN calculada por FUSCO (2013) apresentaria
uma inclinação muito elevada (contra a segurança).
99
Força máxima de solicitação
900
800
700
600
Fk (kN)
500
400
300
200
100 Fk (kN)
0
TQScalc A(x/2)
CEB
TQScalc A(x)
TQScalc B(x)
Santos
TQScalc B(x/2)
Araújo
6118
Blévot
Fusco
Fusco(alternativo)
TQScalc Blévot
Método de Cálculo
Figura 6.1 - Gráfico de colunas para as forças máximas de solicitação determinadas por
cada método de cálculo.
100
juntamente com o seu respectivo ângulo θ calculado a partir da força Fk e da força no
tirante.
Rst
Método Fk (kN) θ ◦ calc Possível? θ◦exp Possível?
exp (kN)
101
Com relação ao ângulo de inclinação da biela calculado a partir dos resultados
experimentais, observa-se que somente as forças máximas calculados pelo método das
bielas de BLÉVOT & FRÉMY (1967) seriam possíveis de ocorrer. As demais forças
máximas resultariam em valores de θ muito altos, inviáveis geometricamente.
Por fim, conclui-se que as tensões na armadura estão muito distantes da condição
de ruína do material, o que mostra uma incompatibilidade entre o modelo teórico e os
resultados experimentais. Felizmente, constata-se que os resultados analíticos são
conservadores e portanto a favor da segurança, com exceção do modelo proposto por
FUSCO (2013).
Para adequar o equilíbrio de forças à geometria do elemento estrutural, seria
necessário a consideração de uma força adicional no modelo proposto. Esta força deveria
ser a resultante da resistência a tração do concreto, que em momento algum é levada em
conta do dimensionamento do bloco sobre estacas, conforme preconiza a teoria de
dimensionamento do concreto armado.
.
102
Os valores estão apresentados na Tabela 6.3.
Apresenta-se também o resumo das tensões limites na região da biela junto ao pilar
e junto à estaca, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014 e com os autores de referência.
103
Tabela 6.4 - Resumo das tensões limites de acordo com a norma e os autores de referência.
σp,lim σe,lim
Método
(kN/cm²) (kN/cm²)
A (x) 1,37 1,16
A (x/2) 1,37 1,16
TQSprog B (x) 1,37 1,16
B (x/2) 1,37 1,16
Blévot 2,25 2,25
A (x) 1,37 1,16
A (x/2) 1,37 1,16
TQScalc B (x) 1,37 1,16
B (x/2) 1,37 1,16
Blévot 2,25 2,25
Blevót 2,50 1,79
Araújo - 0,59
CEB - -
Santos 1,37 1,16
NBR 6118:2014 1,37 1,16
Fusco 1,79 0,63
Fusco (Alternativo) 1,79 0,63
104
Tensão na biela junto ao pilar
(nó CCC)
4,50
4,00
σpilar (kN/cm²)
3,50
3,00 σp,lim,NBR
σ(kN/cm²)
Figura 6.2 - Tensão na biela junto ao pilar calculada à partir dos resultados experimentais.
2,00
σestaca
σ(kN/cm²)
(kN/cm²)
1,50
σe,lim,NBR
1,00 6118 (kN/cm²)
0,50
0,00
145 243 565 733
Fk (kN)
Figura 6.3 - Tensão na biela junto à estaca calculada à partir dos resultados experimentais.
Observa-se que para a força de 733 kN em que ocorre a ruína da barra de aço, a
biela de concreto ainda não rompeu e seus valores de tensões são cerca de 2,8 vezes
105
maiores que os valores limites impostos pela ABNT NBR 6118:2014, o que mostra o quão
conservadora a norma é em relação ao tratamento dado aos nós em blocos sobre estacas.
No entanto, cabe aqui ressaltar que a resultante de compressão na biela do bloco foi
calculada partindo da suposição que o método dos bielas proposto por BLÉVOT &
FRÉMY (1967) representaria fielmente a realidade, quando sabe-se que existem
incompatibilidades no modelo, como foi discutido no Capítulo V. A melhor forma de
avaliar a tensão atuante na biela seria através da medição das deformações no próprio
concreto do bloco, ao invés de partir de deformações no tirante para obter as tensões de
compressão na biela.
106
CAPÍTULO VII
CONSIDERAÇÕES FINAIS
107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDIERA, C. DicasTQS: Método de Fusco para bloco sobre estacas. São Paulo: TQS
Informática, 2015.
BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur piex. Analles d'Institut Tecnique du Bâtiment et
des Travaux Publics. Paris, v. 20, n. 230, p. 223-295, 1967;
108
COMISIÓN PERMANENTE DEL HORMIGÓN. Ministerio de Fomento. EHE:
Instrucción española de hormigón armado (EHE), Madrid: Centro de Publicaciones, 2008;
FUSCO, P. B. Técnicas de armar estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 2013;
SANTOS, D.; GIONGO, J. S.. Análise de vigas de concreto armado utilizando modelos de
bielas e tirantes. Cadernos de Egenharia de Estruturas, São Carlos, v. 10, n. 46, p.61-96,
2008;
109
SCHAFER,K.; SCHLAICH, J. Consistent design of structural concrete using strut and tie
models. In: Colóquio sobre comportamento e projeto de estruturas, 5., Rio de Janeiro,
1988;
SHLAICH, J.; SCHAFER, K.. Design and detailing of structural concrete using strut-and-
tie models. The Structural Engineer, Londres, v. 69, n. 6, p.113-125, mar. 1991;
THOMAZ, E.C.S. Comentários de blocos sobre estaca. Rio de Janeiro: Instituto Militar
de Engenharia, 2015. Notas de Aula;
110
APÊNDICE A
Detalhe do bloco modelado por BARROS(2013).
Figura A.1- Detalhe das armaduras do bloco sobre duas estacas, BARROS (2013).
APÊNDICE B
Resultados experimentais obtidos por BARROS (2013) de importância para o trabalho.
Tabela B.1 - Resultados experimentais, BARROS (2013).
def média (por mil) 0,08 0,64 0,87 0,96 1,10 1,13
-500
-400
-300
-200
-100
0
00 01 02 03 04 05 06 07 08
deformação (‰)
M1
Figura B.1 - Diagrama tensão versus deformação para o bloco M1, BARROS (2013).
Figura B.2 - Medidas das deformações nas barras da armadura, BARROS (2013).