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30
Nesta edição:
Secretária Executiva
Tatiana Alvarenga
Expediente: Esta é uma publicação técnica da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação. SECRETÁRIO DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA
INFORMAÇÃO: Vinícius Botelho; SECRETÁRIA ADJUNTA DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO: Roberta Pelella Melega Cortizo;
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE AVALIAÇÃO: Ronaldo Souza da Silva; DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE MONITORAMENTO: Andreza
Winckler Colatto Guimarães; DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO: Caio Nakashima; DIRETORA DO DEPARTA-
MENTO DE FORMAÇÃO E DISSEMINAÇÃO: Gabriela Politano Ribeiro de Oliveira.
Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação
Ministério do Desenvolvimento Social
© Ministério do Desenvolvimento Social
8 Apresentação
Vinícius Botelho
Secretário de Avaliação
e Gestão da Informação
Maio/2018
Apresentação
O Caderno de Estudos chega a sua 30ª edição tínua (PNADC-2016). O texto revela que o pro-
instigando o leitor com discussões inovadoras grama tem a terceira melhor focalização de seu
na área de políticas sociais e previdenciárias. público na América Latina – mais de 60% dos
Neste volume, tratamos do Programa Bolsa beneficiários estão entre os 20% mais pobres.
Família (PBF) por meio de três abordagens dis-
tintas; discutimos avaliações do PRONATEC e O Programa de Revisão dos Benefícios por In-
melhorias na gestão do auxílio-doença. capacidade (PRBI) é um tema inédito, abordado
pela primeira vez no Caderno de Estudos. Lan-
O primeiro capítulo revela um perfil pouco conhe- çado em 2016, o PRBI trouxe um novo marco
cido no público do Bolsa Família: há mais de mil na governança do auxílio-doença. Com a ges-
jovens beneficiários que são medalhistas das tão cada vez mais eficiente desses benefícios,
Olimpíadas de Matemática. Segundo Claudio o MDS prevê um impacto financeiro da ordem
Landim, diretor adjunto do Instituto de Matemá- de 16 bilhões de reais até o final de 2018.
tica Pura e Aplicada (Impa), as provas são elabo-
radas para identificar alunos de escolas públicas Por fim, este volume apresenta o Futuro na
com grande capacidade de raciocínio matemá- Mão, o novo programa de educação financei-
tico: “O aluno não precisa de conhecimento pro- ra do MDS, uma iniciativa no âmbito do Plano
fundo de matemática para conseguir resolver os Progredir. A iniciativa busca levar conheci-
problemas, pois a prova pede mais lógica, raciocí- mento sobre a gestão de finanças pessoais
nio, criatividade… essas características permitem para as beneficiárias do PBF – nessa primeira
detectar alunos com talentos”, explica. fase do programa, mais de 200 mil mulheres
participarão das oficinas. Especialistas da
Na sequência, trazemos uma discussão metodo- Secretaria Nacional de Renda de Cidadania
lógica sobre três avaliações de impacto do PRO- (SENARC/MDS), Associação de Educação Fi-
NATEC, que foram realizadas pela Secretaria de nanceira do Brasil (AEF-Brasil) e Flow Brasil
Avaliação e Gestão da Informação do Ministério relatam, em uma entrevista, a experiência de
do Desenvolvimento (SAGI/MDS), pela Secretaria levar educação financeira às famílias brasilei-
de Política Econômica do Ministério da Fazenda ras de baixa renda.
(SPE/MF) e por pesquisadores do Banco Mundial,
do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada Como proporcionar mais oportunidades para
(Ipea) e do Massachusetts Institute of Technolo- construir a autonomia das famílias de baixa
gy (MIT). O artigo faz uma análise crítica e discute renda? Como garantir uma gestão mais eficien-
a importância do rigor metodológico para garantir te dos benefícios previdenciários? O Bolsa Fa-
a consistência das pesquisas. mília é bem focalizado? Como garantir que as
avaliações sejam insumos estratégicos para a
No terceiro capítulo, discutimos a focalização tomada de decisões? Essas são algumas ques-
do Bolsa Família à luz dos resultados da Pes- tões que procuramos responder nesta edição
quisa Nacional por Amostra de Domicílios Con- do Caderno de Estudos.
Boa leitura!
Tabela –
Microdados
disponíveis
no Portal da
SAGI
CADASTRO ÚNICO
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Pesquisa de Qualidade do Cadastro Único para Microdados desidentificados da Pesquisa de
Programas Sociais do Governo Federal Qualidade do Cadastro Único 2015 a
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/docu- 2016
tivo/pdf/relatorio_206.pdf mentos/microdado/microdado_0206.rar
Base amostral desidentificada do Cadastro
Único com marcação do PBF - dez/2017
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/
2017
redM.php?l=https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/
pesquisas/documentos/microdado/base_amos-
tra_cad_201712.zip&t=microdado
Base amostral desidentificada do Cadastro
Único com marcação do PBF - dez/2016
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/
2016
redM.php?l=https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/
pesquisas/documentos/microdado/base_amos-
tra_cad_201612.zip&t=microdado
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/ 2015
redM.php?l=https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/
pesquisas/documentos/microdado/base_amos-
tra_cad_201512.zip&t=microdado
Base amostral desidentificada do Cadastro Único
Base amostral desidentificada do Cadastro
Único com marcação do PBF - dez/2014
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/ 2014
redM.php?l=https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/
pesquisas/documentos/microdado/base_amos-
tra_cad_201412.zip&t=microdado
Base amostral desidentificada do Cadastro
Único - dez/2013
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/
2013
redM.php?l=https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/
pesquisas/documentos/microdado/base_amos-
tra_cad_201312.zip&t=microdado
Base amostral desidentificada do Cadastro
Único - dez/2012
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/pesquisas/
2012
redM.php?l=https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/
pesquisas/documentos/microdado/base_amos-
tra_cad_201212.zip&t=microdado
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Avaliação da evolução temporal do estado nutricional das
Estado nutricional de crianças de 0 a 5 anos
crianças de 0 a 5 anos beneficiárias do Programa Bolsa
beneficiárias do PBF 2013 a
Família acompanhadas nas condicionalidades de saúde
2014
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/
tivo/pdf/sumario_138.pdf sum_executivo/pdf/Microdado_CAD_SISVAN.rar
Perfil das famílias que sofreram repercurssões sobre o
Perfil de famílias com repercussões sobre
benefício do PBF em decorrência do processso de revisão
benefício pelo processo de revisão cadastral 2012 a
cadastral
2014
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/
tivo/pdf/sumario_143.pdf sum_executivo/pdf/microdado_143.rar
Pesquisa de avaliação de impacto do Programa Bolsa
Família - segunda rodada
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2009 a
C13%20n17%20-%20PESQUISA%20DE%20AVALIACAO%20 Dados longitudinais da pesquisa de avaliação 2012
DE%20IMPACTO%20DO%20PROGRAMA%20BOLSA%20FAMI- do Programa Bolsa Família, 1ª e 2 rodadas
LIA_SEGUNDA%20RODADA%20(AIBF%20II).pdf
Pesquisa de avaliação de impacto do Programa Bolsa
Família - primeira rodada
2004 a
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/ 2007
Avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20Impacto%20do%20Progra-
sum_executivo/microdados1309/aibf.php
ma%20Bolsa%20Fam%C3%ADlia.pdf
Suplemento especial sobre acesso a transferência de
Suplemento sobre transferência de renda na
renda de programas sociais da Pesquisa Nacional por
PNAD 2006 2006 a
Amostra de Domicílios 2006 (PNAD/2006)
2008
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publi-
S25%20-%20IBGE%20tranferencia%20de%20renda.pdf cacoes/renda.zip
Pesquisa domiciliar com os beneficiários do Programa Pesquisa domiciliar com os beneficiários do
Bolsa Família Programa
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2005
Publicacoes/Pesquisa%20domiciliar%20com%20
S02%20-%20Pesquisa%20domiciliar%20com%20os%20benefi-
os%20benefici%C3%A1rios%20do%20Programa%20
ciarios%20do%20programa%20bolsa%20familia.pdf
Bolsa%20Fam%C3%ADlia.rar
13
PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
COLETA DE
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DADOS
Pesquisa de avaliação quantitativa do Programa de Erra-
Avaliação PETI
dicação do Trabalho Infantil
2008 a 2010
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/Pes- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
quisa(PETI).pdf cao/sum_executivo/pdf/microdado_16.rar
CENSO SUAS
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Censo SUAS 2015 Censo SUAS 2015
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Pesquisa de Informações Básicas Estaduais - ESTADIC
Pesquisa de Informações Básicas Estaduais -
2014 e da Pesquisa de Informações Básicas Municipais -
ESTADIC 2014
MUNIC 2014 2014 a
2015
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/
tivo/pdf/sumario_151.pdf sum_executivo/pdf/microdado_151.rar
Perfil dos Estados Brasileiros - ESTADIC 2012 Perfil dos Estados Brasileiros - ESTADIC 2012
15
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
(SUAS) E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Suplemento especial da assistência social na Pesquisa de
Suplemento da assistência social na MUNIC/13
Informações Básica Municipais de 2013 (MUNIC/13)
2013 a
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula- 2014
tivo/pdf/sumario_140.pdf cao/sum_executivo/pdf/microdado_140.zip
PESQUISAS
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Pesquisa de Entidades de Assistência Social Privadas
PEAS
Sem Fins Lucrativos (PEAS) - 2014 - 2015
2014 a
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula- 2015
tivo/pdf/sumario_152.pdf cao/sum_executivo/pdf/microdado_152.rar
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/4%20 2008 a
Sum%C3%A1rio%20Executivo%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20 https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula- 2009
do%20Impacto%20dos%20Programas%20Sociais%20Administra- cao/sum_executivo/pdf/microdado_14.rar
dos%20pelo%20MDS%20no%20Vale%20do%20Jequitinhonha.pdf
17
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
PESQUISAS
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Avaliação da situação de segurança alimentar e nutri-
cional de famílias inscritas no CadÚnico com crianças Situação de SAN de famílias com crianças
menores de cinco anos de idade, residentes no semiárido menores de 5 anos no semiárido
2012 a
- SAN semiárido
2013
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
tivo/pdf/sumario_142.pdf cao/sum_executivo/pdf/microdado_142.rar
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/Pes- 2012
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
quisa%20de%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20Impacto%20
cao/sum_executivo/pdf/microdado_31.rar
do%20Programa%20P1+2%20Linha%20Base.pdf
Avaliação do Programa de Aquisição de Alimentos
modalidade Leite e das famílias dos beneficiários Avaliação do PAA - Leite
consumidores do leite
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2010 a
Avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20Programa%20de%20Aqui- 2011
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
si%C3%A7%C3%A3o%20de%20Alimentos%20modalidade%20
cao/sum_executivo/pdf/microdado_2.rar
leite%20(PAA-leite)%20e%20das%20fam%C3%ADlias%20do-
s%20benefici%C3%A1rios%20consumidores%20do%20leite.pdf
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/
Pesquisa%20de%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20Progra- 2009
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
ma%20de%20Aquisi%C3%A7%C3%A3o%20de%20Alimentos%20
cao/sum_executivo/pdf/microdado_12.rar
%E2%80%93%20modalidade%20leite%20(PAA%20%E2%80%-
93%20leite).pdf
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Estimativas para a prevalência de desnutrição infantil
nos 1.133 municípios do semiárido brasileiro a partir de Prevalência da desnutrição infantil
modelo preditivo com base na Chamada Nutricional.
2006 a
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/
2007
Estimativa%20para%20preval%C3%AAncia%20de%20desnutri%- http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publi-
C3%A7%C3%A3o%20infantil%20nos%201%20133%20munic%- cacoes/29.zip
C3%ADpios%20do%20Semi%C3%A1rido%20brasileiro.pdf
Avaliação do Programa Cozinhas Comunitárias -
Cozinhas Comunitárias - Primeira Avaliação
primeira avaliação
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2006
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publi-
Pesquisa%20de%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20Progra-
cacoes/22.zip
ma%20Cozinhas%20Comunit%C3%A1rias2006-1.pdf
Avaliação do Projeto Hortas Comunitárias Hortas Comunitárias
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/Ava-
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publi- 2006
lia%C3%A7%C3%A3o%20do%20Projeto%20Hortas%20Comuni-
cacoes/32.zip
t%C3%A1rias.pdf
Avaliação dos impactos do Programa de Aquisição de
Impactos do PAA nas regiões Sul e Nordeste
Alimentos nas regiões Sul e Nordeste
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2005 a
Estudo%20do%20impacto%20do%20PAA%20sobre%20os%20 https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula- 2006
arranjos%20econ%C3%B4micos%20locais%20nas%20regi%- cao/sum_executivo/pdf/microdado_59.rar
C3%B5es%20Nosrdeste%20e%20Sul%20do%20Brasil.pdf
Estudo comparativo das diferentes modalida-
Estudo comparativo das diferentes modalidades do Pro-
des do Programa de Aquisição de Alimentos
grama de Aquisição de Alimentos - Região Nordeste
- Região Nordeste
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publi- 2005 a
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/Estu- cacoes/Estudo%20comparativo%20das%20diferen- 2006
do%20comparativo%20das%20diferentes%20modalidades%20 tes%20modalidades%20do%20Programa%20de%20
do%20PAA-Regiao%20Nordeste.pdf Aquisi%C3%A7%C3%A3o%20de%20Alimentos%20
-%20Regi%C3%A3o%20Nordeste.rar
19
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Suplemento especial sobre segurança alimentar e
Suplemento especial sobre segurança
nutricional da Pesquisa Nacional por Amostra de
alimentar e nutricional da PNAD/2013
Domicílios 2013 - (PNAD/2013) 2013 a
2014
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/sum_execu- https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
tivo/pdf/sumario_148.pdf cao/sum_executivo/pdf/microdado_148.zip
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
21
PESQUISAS DE OPINIÃO
COLETA
PESQUISA ARQUIVO MICRODADOS
DE DADOS
Pesquisa de Opinião: Conhecimento e Avaliação dos
Conhecimento e Avaliação dos Programas
Programas Sociais do MDS pela população de baixa renda
Sociais do MDS – primeira rodada
– primeira rodada 2010 a
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2011
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
Sum%C3%A1rio_Executivo_Pesquisa_de_Opini%C3%A3o_Data-
cao/sum_executivo/pdf/microdado_8.rar
folha_primeira_rodada.pdf
Pesquisa de Opinião: Conhecimento e Avaliação dos Pro- Conhecimento e Avaliação dos Programas
gramas Sociais do MDS – segunda rodada Sociais do MDS – segunda rodada
2011 a
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2011
https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
Sum%C3%A1rio%20Executivo%20Pesquisa%20de%20Opini%-
cao/sum_executivo/pdf/microdado_7.rar
C3%A3o%20Datafolha%20segunda%20rodada.pdf
Pesquisa de opinião: crise economica mundial e progra-
Crise econômica mundial e programas sociais
mas sociais do governo e a campanha de recadastramen-
- Recadastramento do PBF
to dos beneficiários do Bolsa Família
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/Publicacoes/ 2009
Pesquisa%20de%20Opini%C3%A3o%20P%C3%BAblica%20-%20 https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simula-
Crise%20economica%20e%20Campanha%20de%20recadastra- cao/sum_executivo/pdf/microdado_13.rar
mento%20-%20terceira%20rodada_2009.pdf
Resumo
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas
Públicas (OBMEP) revela talentos das ciências exa-
tas nas milhares de escolas estaduais e municipais
do país. Nas últimas sete edições da Olimpíada, os
beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) con-
quistaram mais de mil medalhas. Este artigo apre-
senta a trajetória dos beneficiários do PBF na OBMEP
e, a partir de entrevistas com alguns deles, revela
perspectivas distintas sobre o futuro desses jovens.
Introdução escolas públicas na OBM tem se ampliado, inclusive
com a possibilidade de representar o Brasil nas com-
Desde a primeira edição, em 2005, a Olimpíada Brasi- petições internacionais de matemática.
leira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) 1
premia estudantes do 6º ano do ensino fundamental
ao 3º ano do ensino médio de escolas municipais e A OBMEP e o acesso a
estaduais com melhor desempenho em matemática. oportunidades
A OBMEP é uma iniciativa do Instituto de Matemáti-
ca Pura e Aplicada (Impa), com apoio da Sociedade Além de facilitar o acesso de jovens de escolas públi-
Brasileira de Matemática (SBM) e com recursos dos cas à OBM, a OBMEP abre portas para uma série de
Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnolo- oportunidades, como programas de iniciação científica,
gia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A Olimpía- bolsas de estudo e conteúdos de matemática. A mais
da é realizada em 99% dos municípios brasileiros e, abrangente delas é o Programa de Iniciação Científica
a cada edição, recebe cerca de 18 milhões de inscri- Jr. (PIC). Todos os anos, o PIC oferece aos medalhistas
ções de alunos de 47 mil escolas 2 . da OBMEP o acesso a aulas de matemática avançada
por um ano em universidades federais do país, além de
A OBMEP tem como objetivos principais: uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) no valor de R$ 100.
1. estimular e promover o estudo da matemática;
“O PIC é a forma de formarmos esses talentos. É im-
2. contribuir para a melhoria da qualidade da portante que os jovens tenham contato com os ma-
educação básica; temáticos, que eles sejam levados para a universida-
de e sintam-se estimulados a desenvolverem seus
3. identificar jovens talentos e incentivar o in- talentos particulares e reconhecidos nesse esforço”,
gresso em cursos universitários nas áreas avalia Landim.
científicas e tecnológicas;
Ao longo de suas edições, o PIC já encaminhou 47
4. incentivar o aperfeiçoamento dos professo- mil alunos da rede pública de ensino a aulas de ma-
res das escolas públicas; temática com professores universitários. Até 2014,
o programa era 100% presencial e, além da bolsa
5. contribuir para a integração das escolas bra- de R$ 100, oferecia também ajuda de custo para
sileiras com as universidades públicas, os deslocamento dos medalhistas e seus respectivos
institutos de pesquisa e com as sociedades responsáveis legais às universidades, além de aloja-
científicas; e mento e alimentação durante os cursos.
6. promover a inclusão social por meio da difu- Porém, desde 2015, após um corte no orçamento do
são do conhecimento. Impa que impactou diretamente a ajuda de custo de
deslocamento, o PIC passou a oferecer aulas virtuais
Diferentemente da Olimpíada Brasileira de Matemá- como alternativa aos alunos que residem longe das
tica (OBM) 3 , que existe há mais de 30 anos e requer universidades. Uma segunda opção foi lançada em
treinamento aprofundado na disciplina, a OBMEP é 2016 para atender esses estudantes: o OBMEP na
uma iniciativa mais recente, que busca identificar Escola, programa de formação de professores para
talentos naturais nas escolas públicas por meio de dar aulas presenciais a turmas preparatórias para as
desafios de raciocínio lógico. olimpíadas. Atualmente, 900 professores participam
do programa OBMEP na Escola. Enquanto o PIC pre-
“A OBM sempre foi focada nas olimpíadas interna- sencial atende 75% dos medalhistas, o PIC virtual é
cionais, então os exercícios propostos são de trei- utilizado por apenas 25%.
namento profundo. Mesmo um aluno com talento
extraordinário para matemática tem que treinar para
ter uma boa participação na OBM”, explica Claudio
Landim, diretor adjunto do Impa. 1. O BPC foi criado em 1993 por meio da Lei nº 8.742 (Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS).
Por ser centrada em conhecimentos amplos em
matemática e lógica, a OBMEP passou a substituir, 2. Em 2017, a OBMEP passou a aceitar também a inscrição de esco-
desde a edição de 2017, as duas primeiras fases las particulares, com classificação e premiação de forma separada
classificatórias da OBM. A participação de alunos de das escolas públicas.
escolas públicas na OBM cresceu seis vezes no ano
passado, totalizando 509 estudantes somente na úl- 3. Portal OBM. Disponível em: <http://obm.org.br/> Acesso em: 24
tima edição. Com isso, a presença dos alunos das mar. 2018.
4
Fonte: Prova da 13ª Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP 2017 .
2011 5 14 62 81
2012 13 26 90 129
MÉDIA DE BENEFICIÁRIOS DO BOLSA
2013 11 25 144 180
FAMÍLIA MEDALHISTAS DA OBMEP
2014 9 36 138 183
POR ANO:
2015 22 50 249 321 184
2016 25 53 202 280
2017 8 30 76 114
TOTAL: 93 234 961 1.288
A Figura 2 apresenta, por região do Brasil, a quanti- com maior frequência de medalhas por estudante:
dade de beneficiários do PBF vencedores por vários 77 mineiros, 33 cearenses e 30 paulistas já vence-
anos consecutivos: são dois hexacampeões, 14 pen- ram a OBMEP entre duas e seis vezes. O Nordeste
tacampeões, 21 tetracampeões e 64 tricampeões. é a região com maior frequência de medalhas (126
Minas Gerais, Ceará e São Paulo são os estados estudantes), seguida do Sudeste (118).
Figura 2 – Frequência de medalhas da OBMEP conquistadas por beneficiários do PBF por região
HEXACAMPEÕES – 2
GO: 1
GO
SP: 1
SP
RR
MA CE
PE AL
PI
TETRACAMPEÕES – 21
CE
RN
AC
SE
RO
BA
MG: 7 CE: 2 AC: 1
RN: 3 SE: 2 RJ: 1
MG
RJ
SP
BA: 2 SP: 2 RO: 1
TRICAMPEÕES – 64
RR AP
MG: 19 AL: 2 RN: 1
CE
AM
MA RN
PB
SP: 7 CE: 2 RR: 1
PA
PI PE
PI: 6 GO: 2 RS: 1
AC
AL
SE
RO
BA
PE: 4 RJ: 2 SE: 1
GO MG
BA: 3 AC: 1
RJ
PA: 3 AM: 1
SP
PR
RS
PB: 3 AP: 1
PR: 3 MA: 1
Para morar na capital fluminense, Luiz deixou o pai, Outro campeão com várias medalhas no currículo
a mãe e o irmão mais novo no interior de Goiás. Em é o alagoano Maxmilian Barros de Siqueira. Aos 17
casa, a situação financeira é frágil: os pais estão de- anos, o pentacampeão da OBMEP e menção hon-
sempregados e a renda da família vem da venda de rosa na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA)
salgados, dos bicos de pedreiro do pai e do benefício cursa graduação em Matemática na Universidade
do PBF, enquanto o irmão mais novo trabalha como Federal de Alagoas (Ufal), ao mesmo tempo em que
jovem aprendiz em um programa do governo. é bolsista do programa de iniciação científica PIC-
Casos como o de Rodrigo evidenciam a neces- Estudante do 9º ano de uma escola municipal, ainda
sidade urgente de criar mais oportunidades e in- no ano passado, quando estava no 8º ano, Saman-
centivos para que esses jovens brilhantes possam tha foi incentivada pela mãe a prestar a prova de se-
desenvolver o seu potencial. Para isso, são neces- leção para fazer o ensino médio no Instituto Federal
sários esforços conjuntos – da esfera pública e de Natal e passou. Contudo, como tinha apenas 15
privada – que garantam que esses talentos não anos, não foi liberada para frequentar o curso.
fiquem escondidos.
A responsável por alimentar a mente da adolescen-
te com oportunidades é a mãe, Maria das Vitórias. “É
Esperança de um futuro melhor minha mãe quem dá essas ideias. Eu aceito, vou, e às
vezes dá certo, às vezes não dá”, comenta Samantha,
Morando em estados vizinhos do Nordeste, duas ado- achando graça. “Fiz ela fazer a prova do IF só por expe-
lescentes compartilham histórias parecidas de mães riência. Eu boto ela em tudo, para não ficar em casa. Até
guerreiras que querem mudar a trajetória da família. comecei a arranjar material para ver se ela vai estudan-
do mais, porque eu sei que ela é boa em matemática”,
A cearense Geovana Rodrigues da Páscoa Souza, diz Maria das Vitórias, confiante no potencial da filha.
de 14 anos, passa a semana com a avó e os dois
irmãos mais velhos, Jonas, 24, e Joyce, 23, numa
casa de dois quartos no pequeno distrito de Jordão,
no interior do Ceará. A mãe, Maria Telma, é empre-
gada doméstica e dorme de segunda a sábado na
residência onde trabalha, na cidade de Sobral.
Considerações finais
A parceria da SAGI/MDS com o Impa buscou apro-
fundar o conhecimento sobre um perfil pouco dimen-
sionado no público do Bolsa Família: beneficiários
medalhistas na OBMEP. Nesse projeto, descobriu-se
que, nas últimas sete edições das Olimpíadas, 2.717
medalhistas e menções honrosas estão inscritos no
Cadastro Único e, portanto, são jovens que provêm
das famílias mais vulneráveis do Brasil. Desses, 999
são beneficiários do PBF, distribuídos em todos os
estados brasileiros.
Resumo
Este artigo expõe as metodologias mais utilizadas na
avaliação de impacto de políticas públicas e analisa
três estudos que aplicaram esses métodos ao Pro-
natec. A partir do exame das avaliações de impacto
realizadas pela Secretaria de Avaliação e Gestão da
Informação do Ministério do Desenvolvimento Social
(SAGI/MDS), pela Secretaria de Política Econômica
do Ministério da Fazenda (SPE/MF) e por pesquisa-
dores do Banco Mundial, do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) e do Massachusets Ins-
titute of Technology (MIT) discutimos a importância
das avaliações de impacto e a necessidade de que
sejam realizadas com metodologia rigorosa.
Introdução toriedade na atribuição de grupos e com base em
registros administrativos já existentes.
Em 2011, o Governo Federal criou o Programa Nacional
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) Nesse artigo, três avaliações de impacto do PRONA-
por meio da Lei nº 12.513, com o objetivo de expandir, TEC serão levadas em conta: i) O Relatório Técnico
interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educa- da Secretaria de Política Econômica do Ministério da
ção profissional e tecnológica no Brasil, visando a me- Fazenda (SPE/MF) – 2015; ii) O Estudo Técnico nº
lhoria da qualidade do ensino médio e a ampliação das 08/2015 da Secretaria de Avaliação e Gestão da In-
oportunidades educacionais aos trabalhadores. formação do Ministério do Desenvolvimento Social
(SAGI/MDS); e iii) um artigo acadêmico elaborado
O PRONATEC reuniu nesse período um conjunto de ini- por pesquisadores do Banco Mundial, do Instituto
ciativas, contribuindo para a expansão da oferta gratuita de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Massa-
1
de cursos técnicos de nível médio e formação inicial chusetts Institute of Technology (MIT).
continuada (FIC). Neste artigo, o enfoque residirá sobre
a modalidade Bolsa-Formação Trabalhador 2 , definida O objetivo deste artigo é fazer uma análise crítica des-
pela oferta de cursos FIC, também chamados de qua- sas avaliações de impacto a partir das metodologias uti-
lificação profissional, para pessoas em vulnerabilidade lizadas. Para tanto, o estudo está organizado da seguin-
social e trabalhadores de diferentes perfis 3 . te forma: na próxima seção, é feita uma discussão sobre
os métodos de avaliação quasi-experimentais utilizados
De 2011 a 2014, foram realizadas mais de oito mi- nas avaliações; em seguida, são discutidos os principais
lhões de matrículas no PRONATEC, entre cursos téc- resultados obtidos por cada artigo em termos de em-
nicos e cursos de formação inicial e continuada (FIC), pregabilidade e aumento salarial à luz das metodologias
em mais de 4.300 municípios. No mesmo período, utilizadas; e, por fim, são feitas as considerações finais.
houve crescimento médio anual de 94% dos gastos
do programa, atingindo cerca de 5,5 bilhões de reais.
Métodos quasi-experimentais em
Os programas de qualificação profissional são uma avaliação de impacto de políticas
das formas mais consagradas de política pública ativa
voltada para o mercado de trabalho. No entanto, os re- públicas
sultados de sua eficácia no que tange à empregabilida-
de e ao aumento salarial são controversos na literatura As avaliações de impacto buscam isolar o efeito de
(BETCHERMAN; OLIVAS; DAR, 2004; CARD et al., 2015), uma política pública em uma dada variável de inte-
apresentando evidências mistas a depender do dese-
nho e do público-alvo. Dessa forma, é inquestionável
a necessidade de avaliar os impactos do PRONATEC, 1. Além do acesso gratuito a cursos custeados pelo governo, os
ainda mais se levarmos em conta a escala atingida e o beneficiários do PRONATEC Bolsa-Formação contam com o valor de
volume de recursos públicos investidos. custeio da alimentação, do transporte e doação do material didático-
-instrucional necessário.
Como discutido no Caderno de Estudos nº 28 4 , o
ideal é que a avaliação de impacto seja desenhada 2. A Bolsa-Formação tem como propósito potencializar a oferta de cur-
e planejada em conjunto com a formulação e imple- sos técnicos de nível médio, com a Bolsa-Formação Estudante, e de
mentação do programa, de tal forma que seja pos- cursos de formação inicial e continuada (FIC), com a Bolsa-Formação
sível utilizar estratégias de aleatorização (desenho Trabalhador. Os cursos de formação inicial e continuada (FIC) são de
experimental) que aumentem a validade interna da curta ou média duração com carga horária mínima de 160 horas, en-
pesquisa e permitam estimar os efeitos causais do quanto os cursos técnicos de nível médio possuem carga horária igual
programa de forma mais precisa. ou superior a 800 horas.
Todavia, é muito comum que as políticas públicas 3.Os grupos considerados prioritários, de acordo com a Lei nº
não prevejam esse tipo de avaliação desde o princí- 12.513/2011, são: “I – estudantes do ensino médio da rede pública,
pio, trazendo desafios para a identificação de grupos inclusive da educação de jovens e adultos; II – trabalhadores; III – bene-
comparáveis aos que receberam a política. Os mo- ficiários dos programas federais de transferência de renda; e IV – estu-
delos de desenho de avaliações quasi-experimentais dante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede
precisam, dessa forma, buscar a melhor estratégia pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral”. A
de identificação dos grupos de controle para conse- seleção dos participantes no Pronatec é feita de diversas formas, com
guir corrigir o viés de seleção e isolar o efeito causal base em critérios das próprias instituições e/ou nas modalidades de
do programa nas variáveis de interesse. cursos. Não há um sistema unificado de inscrições.
As avaliações de impacto do PRONATEC se inserem 4. MDS, 2017. “Como fazer Avaliação de Impacto de Programas So-
nesse contexto, visto que foram pensadas após a ciais?” Em: Caderno de Estudo nº 28. Ministério do Desenvolvimento
implementação do programa, sem critérios de alea- Social. Brasília, 2017.
O método de diferenças-em-diferenças
No caso aqui analisado, esse método poderia ser uti- Mesmo com os devidos cuidados tomados, se os
lizado para verificar se houve aumento de rendimen- grupos de tratamento e controle não foram derivados
to após o período de treinamento. Esse modelo com- de algum evento aleatório, os modelos de diferenças-
pararia a diferença dos rendimentos antes e depois -em-diferenças ainda podem ter muito viés de acordo
do programa nos tratados e nos controles. O efeito com o contexto. É possível que as tendências entre os
do treinamento seria a diferença dessas diferenças. dois grupos não sejam paralelas, ou é possível que o
Ou seja, se o salário aumentou mais para os tratados resultado ainda seja enviesado, mesmo que os grupos
do que para os não tratados, a diferença média des- tenham tendências pré-programa paralelas (por exem-
se aumento seria o efeito do programa. plo, na hipótese de elas terem sido paralelas, por acaso,
antes do programa). Por isso, muitos autores buscam
A vantagem desse método é que, além de isolar o im- algumas soluções além do modelo de diferenças em
pacto do programa em relação ao efeito das variáveis diferenças quando não há um evento que fez derivar
observadas, como faz o PSM, o modelo de diferenças- os grupos de tratamento e controle de forma aleatória.
-em-diferenças também isola o resultado do progra-
ma do possível efeito que variáveis não observadas Uma das formas de refinar os resultados encontra-
fixas no tempo têm sobre a variável de interesse 9 . dos pelo modelo de diferenças-em-diferenças, espe-
Como as informações do período pré-programa estão cialmente quando só há um ponto no tempo antes
disponíveis, elas capturam o efeito que as variáveis e um depois do programa (e, portanto, não é pos-
observadas e não observadas dos grupos de trata- sível testar a hipótese das tendências paralelas), é
mento e controle têm, por exemplo, sobre os salários o modelo de diferenças-em-diferenças combinado
dos trabalhadores, caso essas características não se com o PSM. Nesse caso, o escore de propensão à
alterarem entre o período pré e pós-tratamento. participação no programa é calculado e utilizado
como peso nas regressões do modelo de diferen-
Desse modo, a hipótese essencial para a utilização ças-em-diferenças. Em outras palavras, primeiro os
desse modelo é que as variáveis não observadas que indivíduos são pareados de acordo com suas carac-
variam com o tempo não estejam correlacionadas terísticas observadas (PSM) e depois tiram-se as di-
com a intenção de participar e nem com os resulta- ferenças entre os períodos pré e pós-programa das
dos, de tal modo a garantir uma estimação sem viés. variáveis de interesse de cada grupo (tratamento e
Ou seja, é necessário que aquelas características indi- controle). Finalmente, calcula-se a diferença das di-
viduais ou coletivas que sofreram mudanças ao longo ferenças entre os dois grupos.
do período estudado não tenham nenhuma relação
ou efeito sobre a vontade de participar do programa e Proposto por Heckman, Ichimura e Todd (1997,
nem sobre as variáveis de impacto, de tal forma que 1998), a combinação do método de diferenças-em-
tudo o que importa para o efeito da política e que não
podemos observar tenha se mantido constante.
9. Entende-se por variáveis não observadas fixas no tempo aquelas
Assim, para que estimações com modelo de dife- que o pesquisador não tem acesso e que se mantêm constantes ao
renças-em-diferenças sejam confiáveis, o pesquisa- longo do período estudado.
dor necessita tomar alguns cuidados e fazer alguns
testes de robustez para verificar se de fato está con- 10. Nesse caso, o pesquisador deve ter acesso a pelo menos três re-
seguindo estimar o efeito do programa. O principal cortes de informação no tempo: dois momentos anteriores à política
cuidado diz respeito ao que se convencionou chamar pública e um momento posterior.
No entanto, os modelos de DD com PSM continuam No caso descrito acima, o fato de ter sido tratado
vinculados à hipótese de que os fatores não obser- tem correlação com fatores não observáveis: por
váveis que variam ao longo do tempo não podem ter exemplo, um indivíduo com bons relacionamentos
correlação, simultaneamente, com a decisão de par- na entidade que provê o curso pode influenciar a en-
ticipar e com os resultados. Como nem sempre isso trada no treinamento, mesmo que ele não tenha sido
é possível, muitas vezes os pesquisadores utilizam o sorteado para ser matriculado. Entretanto, o sorteio
método da variável instrumental, que será explicado – que nesse exemplo hipotético definiu quem deve-
a seguir, para corrigir os possíveis vieses. ria ser matriculado e quem não deveria – não tem
correlação com variáveis observadas ou não obser-
O método da variável instrumental 11 vadas e, ao mesmo tempo, tem correlação com a
probabilidade de a pessoa ser tratada 13 . Neste caso,
Esse método estatístico tenta reproduzir os resul- o sorteio poderia ser usado como variável instru-
tados de um experimento controlado, quando estes mental para o fato de a pessoa ter sido efetivamente
não são viáveis, por meio da inserção de uma variá- tratada ou não e com isso obter o efeito não envie-
vel que não faça parte do modelo explicativo inicial sado do programa.
e que ajude a corrigir problemas de endogeneidade
12
nas variáveis explicativas. A ideia do método de Todavia, o método da variável instrumental somen-
variável instrumental é que mesmo nos casos em te produz resultados mais precisos quando a alo-
que a decisão de ser tratado e o resultado possuam cação dos grupos tratamento e controle se dá por
correlação com características não observáveis, meio de sorteio, garantindo assim a não correlação
existe outra variável que é correlacionada com a par- do tratamento com as variáveis não observadas.
ticipação, mas não é correlacionada com caracterís- É difícil encontrar no mundo real outras variáveis
ticas não observadas que influenciam no resultado. que garantam esse mesmo resultado, exigindo um
Desse modo, a variável instrumental pode controlar largo conhecimento do pesquisador sobre o fenô-
a porção da variável participação que está relaciona- meno estudado.
da ao erro, reduzindo o viés do modelo.
No contexto de avaliação de impacto, uma variável 11.Por se tratar de um método de complexidade superior à proposta
instrumental tem como objetivo auxiliar na identifi- desse artigo, a definição do método será apenas no nível necessário
cação do impacto causal em cenários, onde a par- para a compreensão dos estudos em destaque, sem avançar em
ticipação no programa é determinada, ainda que todos os detalhamentos conceituais e técnicos.
parcialmente, pelos potenciais beneficiários. A parti-
cipação efetiva de um possível beneficiário em uma 12.A endogeneidade ocorre quando uma variável explicativa está
política pública está diretamente relacionada com correlacionada com o erro do modelo, ou seja, quando alguma das
questões que mudam ao longo do tempo e que nem variáveis explicativas são explicadas por outras variáveis (internas
sempre podem ser observadas pelo pesquisador ou externas ao modelo). As fontes mais comuns de endogeneidade
(por exemplo, ter um filho ou conseguir um emprego são: erros de mensuração, variáveis importantes omitidas do modelo,
pode afetar a conclusão de um programa de treina- causalidade simultânea (não se pode determinar a direção da causali-
mento). Por esse motivo, a decisão de participar de dade) e causalidade reversa.
um programa é uma possível fonte de endogeneida-
de, uma vez que essa variável pode estar simulta- 13. Embora algumas pessoas não tenham obedecido a alocação do
neamente correlacionada ao resultado em análise e programa e tenham conseguido participar mesmo não sendo sortea-
às variáveis não observadas (exógenas ao modelo). das, a maior parte das pessoas seguiu o sorteio.
Os autores mostram ainda que em algumas unida- 16. Vale ressaltar que esse aspecto também não foi considerado no
des federativas a probabilidade de reinserção foi estudo realizado pela SAGI (2015).
______. Propensity score-matching methods for no- O’CONNELL, S. D. et al. Can business input improve
nexperimental causal studies. Review of Economi- the effectiveness of worker training? Evidence from
cs and Statistics, Cambridge, v. 84, n. 1, p. 151-161, Brazil’s PRONATEC-MDIC. Washington, DC: World
2002. Bank, 2017. (Policy Research Working Paper n. 8155).
DELFINO, D. A. L.; BARBOSA FILHO, F. H.; PORTO, R. ROSENBAUM, P. R.; RUBIN, D. B. The central role of
PRONATEC bolsa-formação: uma avaliação inicial the propensity score in observational studies for
sobre reinserção no mercado de trabalho formal. In: causal effects. Biometrika, Oxford, v. 70, n. 1, p. 41-
ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 43., 2015, 55, 1983.
Florianópolis. Anais… Niterói: Anpec, 2016.
WANG, P.; SUN, W.; YIN, D.; YANG, J. e CHANG, Y.
FONSECA, J. C. G. et al. Estudo técnico n. 8/2015: (2015). “Robust Tree-based Causal Inference for
avaliação de impacto dos beneficiários do Progra- Complex Ad Effectiveness Analysis”, WSDM’15 Pro-
ma Bolsa Família matriculados no PRONATEC Bolsa ceedings of the Eighth ACM International Conferen-
Formação: um estudo CASO-CONTROLE. Brasília, ce on Web Search and Data Mining, p. 67–76. ACM,
DF: MDS, 2015. New York: USA.
Resumo
Este texto apresenta a estratégia de focalização do
Bolsa Família de 2003 a 2018. Nesses quinze anos
de existência, foram adotadas diversas medidas
para garantir que o programa atendesse as famílias
pobres e extremamente pobres de forma eficiente
e efetiva. A intenção é descrever brevemente essas
medidas e explicar como elas foram introduzidas ao
longo da implementação do programa. Em seguida,
avaliam-se os principais aspectos relacionados à fo-
calização do Bolsa Família por meio da análise dos
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-
cílios Contínua (PNADC-2016), do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). É realizada ainda
uma comparação com outros programas de transfe-
rência condicionada de renda da América Latina rela-
tivamente à focalização, em termos de números de
beneficiários e incidência dos benefícios nos 20% e
40% mais pobres.
Outros esforços têm sido feitos para aprimorar a Como se verá na próxima seção, a estratégia de
gestão de benefícios do Bolsa Família e contribuir focalização do Bolsa Família tem alcançado re-
para a trajetória de boa focalização do programa. sultados bastante positivos. A seleção baseada
Em 2017, foi introduzida uma ação complementar na autodeclaração de renda foi uma escolha acer-
de checagem de dados, a partir da disponibilida- tada, uma vez que os mecanismos de checagem
de de novas informações, em especial do merca- prévios e posteriores à concessão dos benefícios
do formal de trabalho. Esse procedimento deu ao se mostraram efetivos. É claro que, em um progra-
Bolsa Família a capacidade de prevenir a seleção ma com a escala Bolsa Família, os erros de foca-
inadequada de beneficiários, pois tornou tempora- lização podem ser reduzidos, mas não totalmente
riamente inelegíveis as famílias com divergências eliminados, devido à complexidade das operações
de renda após avaliação dos dados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS), do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged) 4. Há ainda o processo de exclusão lógica, por meio do qual são deleta-
e dos registros do Sistema de Controle de Óbitos dos da base os cadastros com informações desatualizadas há mais de
(Sisobi). É importante destacar ainda que, pela pri- 48 meses.
As questões sobre a participação no Bolsa Família e Por fim, a amostra de uma pesquisa domiciliar tem
o valor do benefício recebido estão incluídas na 1ª e seu desenho definido de forma a garantir a repre-
5ª entrevistas da PNAD Contínua, que prevê a reali- sentatividade da população nos principais recortes
zação de um conjunto de cinco entrevistas com as territoriais de interesse 8 . Por se tratar de uma po-
famílias em cinco trimestres consecutivos. Apesar lítica focalizada nos mais pobres, o Bolsa Família
da participação e rendimentos relativos ao Bolsa Fa- tem sua distribuição de beneficiários concentrada
mília serem captados desde 2012, até o momento nas regiões Nordeste e Norte. Dessa forma, o de-
o IBGE disponibilizou apenas os microdados da 1ª senho amostral da PNAD Contínua inevitavelmente
e 5ª entrevistas de 2016. Conforme recomendação
do instituto, as análises apresentadas nesta seção
utilizaram como base a 1ª entrevista da PNAD Con-
tínua de 2016. 5. Na PNAD tradicional, os rendimentos do Bolsa Família estavam
agregados na variável V1273, chamada de “Outros Rendimentos”,
Todos os moradores foram contabilizados como incluindo, além do Bolsa Família, rendimentos de outros programas
beneficiários indiretos do Bolsa Família, sempre que sociais de transferência de renda e rendimentos de juros e poupança.
algum respondente encontrado no domicílio tenha
sido identificado como tal. No cálculo da renda do- 6. Neste cálculo não foram consideradas as famílias com situação do
miciliar per capita (e, portanto, nas demais análises), benefício bloqueado ou suspenso.
não foram considerados apenas os moradores na
condição de pensionistas, empregados domésticos 7. As Reservas Indígenas e, portanto, seus residentes, não compõem a
e seus parentes. amostra da PNAD Contínua, o que inviabiliza a captação do público do
Bolsa Família desses territórios na pesquisa.
O cálculo do rendimento domiciliar per capita, com
base no qual foram definidos os decis de renda, foi 8. No caso da PNAD Contínua, a amostra permite gerar resultados
objeto de processos de deflacionamento, de acordo representativos de unidades da federação, regiões metropolitanas e
com a Nota Técnica IBGE 02/2015. No cálculo da todas as capitais.
Gráfico 1 – Distribuição dos beneficiários do PBF e valor médio do benefício por decis de
rendimento domiciliar per capita monetário pré-transferências
40
36,7
35
30
25,6
25
20
16,9
15
9,5
10
5,8
5 2,6 1,7 0,8 0,4 0,1
0
1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil 10º decil
Fonte: Elaboração SENARC/MDS com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2015), 1ª entrevista.
Gráfico 2 – Percentual de beneficiários entre os 20% mais pobres: comparação entre programas
de transferência condicionada de renda da América Latina e Central
80,0 74,9
70,0 66,7
62,3
60,0
51,7 51,8
50,0 46,8
42,2 42,4 40,5
40,0
30,0 27,0
20,0
10,0
0,0
Panamá Peru Brasil México Argen@na Uruguai Equador Chile Colombia Bolívia
Fonte: Aspire/Banco Mundial e IBGE, PNAD Contínua Anual, 2016, 1ª Entrevista. Elaboração SENARC/MDS.
100,0 93,9
88,8 88,7
90,0
78,7 78,0
80,0 72,3 71,9 71,0 70,6
70,0
60,0
51,8
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Panamá Peru Brasil México Argen@na Uruguai Equador Chile Colômbia Bolívia
Fonte: Aspire/Banco Mundial e IBGE, PNAD Contínua Anual, 2016, 1ª Entrevista. Elaboração SAGI/MDS.
Observam-se quatro patamares de desempenho dos xico e Argentina atingindo aproximadamente 80%;
países em relação à focalização entre os 40% mais Uruguai, Equador, Chile e Colômbia na faixa dos 70%
pobres: Panamá, Peru e Brasil têm cerca de 90%; Mé- e, por último, a Bolívia, com 51,8%. Esses resultados
30,0 R$ 171
24,8 R$ 151 R$ 150
25,0 R$ 138 R$ 127 R$ 126 R$ 137
R$ 123 R$ 121 R$ 135
20,0
14,9 R$ 100
15,0
8,7
10,0 R$ 50
4,9
5,0 2,0 1,7 0,7 0,3 0,2
0,0 R$ 0
1º Decil 2º Decil 3º Decil 4º Decil 5º Decil 6º Decil 7º Decil 8º Decil 9º Decil 10º Decil
Fonte: Elaboração SENARC/MDS com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2015), 1ª entrevista.
60,0
49,8 50,2
50,0
40,0 33,3
27,9
30,0
19,0
20,0 11,4
10,0 5,1 3,3 1,6 ,8 ,1
,0
1º Decil 2º Decil 3º Decil 4º Decil 5º Decil 6º Decil 7º Decil 8º Decil 9º Decil 10º Decil
Beneficiário Não beneficiário
Fonte: Elaboração SENARC/MDS com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2015), 1ª entrevista.
O Gráfico 5 mostra que no 1º decil de rendimento do- te que, no momento da captação da informação, de-
miciliar per capita, ou seja, entre os 10% mais pobres, clarou não ter renda ou ter baixos rendimentos, em
72,1% são beneficiários do Bolsa Família. Em con- especial de outras fontes que não o trabalho, não
trapartida, chama atenção o fato de que 27,9% dos necessariamente tem perfil elegível para o Bolsa
integrantes do 1º decil não participam do programa, Família. Por se encontrar, por opção ou não, fora do
apesar de terem perfil de renda compatível com os mercado de trabalho, trata-se de grupo com situação
critérios de elegibilidade. Esse grupo representaria o temporária de insuficiência de rendimentos, confor-
erro de exclusão do Bolsa Família. me evidencia o trecho a seguir:
No entanto, essa aparente subcobertura parece estar Uma família não pobre pode estar com renda zero no
superestimada e não pode ser atribuída exclusiva- mês da observação por causa de decisões individuais
mente a erros de focalização do programa. De fato, dos provedores de renda, como investir tempo em qua-
parte importante do sub-registro da PNAD Contínua lificação ou mudança de emprego; ou também por cau-
em relação à participação no Bolsa Família se refere sa de choques adversos e temporários, como falta de
aos não beneficiários no 1º decil de renda. Um exercí- trabalho para trabalhadores autônomos, incapacidade
cio de imputação de beneficiários nesse decil, confor- temporária ou desemprego. A causa não é relevante,
me a distribuição do Gráfico 1, sugere que o percen- desde que seus efeitos sejam temporários e estas famí-
tual de não beneficiários cairia de 27,9% para 22,2%. lias tenham renda permanente elevada, contando com
outros mecanismos, como poupança ou mesmo a soli-
Outra parte do contingente elegível fora do programa dariedade de parentes, para se proteger da falta tempo-
corresponde a famílias que, devido à alta volatilidade rária de renda. (OSORIO; SOARES; SOUZA, 2011, p. 34)
de seus rendimentos, entram e saem da pobreza a cada
mês, dependendo do patamar de renda adotado para Uma forma indireta de aferir a persistência da insu-
medir essa condição, o que representa uma dificuldade ficiência de renda nas famílias é por meio dos ati-
para efeitos de identificação na PNAD Contínua. vos que elas possuem, em termos de condições de
moradia, acesso a bens e serviços entre outros. Por
Segundo Barros et al. (2010), todos os meses 7,5% exemplo, o acesso a serviços continuados e caros,
da população saem da pobreza, e outros 7,5%, que como telefonia fixa e internet domiciliar, além de bens
não foram considerados pobres no mês anterior, de consumo de alto valor agregado, está associado
caem na pobreza. Ribas e Machado (2007) estima- em grande medida a uma situação de renda menos
ram que 46% dos indivíduos que deixaram a pobreza volátil do domicílio.
em um determinado mês retornaram a essa condi-
ção no mês seguinte, e que 14% fizeram esse percur- A Tabela 2 apresenta um conjunto de indicadores so-
so no período de dois meses. cioeconômicos de beneficiários e não beneficiários
do 1º e 2º decil, em que há diferenças relevantes que
Vale lembrar que, para o cálculo dos decis, conside- denotam que parcela dos não beneficiários estão
ra-se o rendimento efetivo captado na semana de transitoriamente sem rendimentos ou com baixos
referência da pesquisa. Ou seja, parte do contingen- rendimentos, em especial, no momento da capta-
Fonte: Elaboração SENARC/MDS com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2016), 1ª entrevista.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2016).
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2016).
A focalização do Bolsa Família também é eviden- ciliar, o que indica uma dificuldade maior de seus
ciada pela diminuição progressiva do peso (pro- integrantes em encontrar colocação no mundo do
porção) dos rendimentos do programa em relação trabalho. A importância da renda do trabalho é cres-
ao total dos rendimentos domiciliares, desde o 1º cente nos demais decis.
decil até o 10º e último decil de renda (Tabela 2).
Os benefícios do Bolsa Família representam 30,4% Rendimentos domiciliares per capita
do rendimento domiciliar per capita dos 10% mais dos beneficiários do PBF por fonte de
pobres, 7,6% no 2º decil, 3,5% no 3º decil e 1,6% rendimento (1º ao 4º decil)
no 4ºdecil. Como esperado, a partir do 5º decil a
participação dos benefícios do programa nos rendi- Quando se considera a estrutura do rendimento do-
mentos domiciliares é residual. No 1º decil, a renda miciliar per capita dos beneficiários do Bolsa Família
do trabalho atinge somente 53,3% da renda domi- por fonte de rendimento (Gráfico 7), vemos que a re-
Gráfico 7 – Distribuição dos rendimentos domiciliares dos beneficiários do PBF por fonte de
rendimento do 1º ao 4º decil de renda domiciliar per capita, em valores médios de 2016 – Brasil, 2016
80,0 74,6
70,9
70,0 66,6
60,0
50,0 45,7
42,3
40,0
30,0
20,0 16,4
9,7 10,3 12,1 12,4
5,5 7,6
10,0 1,8 3,4 0,1 1,1 3,6 2,8 0,6 3,6 2,2 3,2 1,6 0,4 0,3
0,3 0,4 0,4
-
1º decil 2º decil 3º decil 4º decil
Renda do trabalho
PBF
BPC
Aposentadorias e Pensões
Pensão AlimenFcia, doações e mesadas
Aluguel e arrendamento
Outros Rendimentos (juros, bolsas de estudos, outros programas sociais, etc)
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (IBGE, 2016).
O nível de focalização do Bolsa Família é considerado No entanto, como salienta Grosh (2016), a focali-
alto de acordo com pesquisas e estudos realizados de zação de um CCT nunca é perfeita. Não é possível
COTTA, T. C.; PAIVA, L. H. O Programa Bolsa Famí- OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DE-
lia e a proteção social do Brasil. In: ABRAHÃO, J. C.; SENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Relatórios Econô-
MODESTO, L. Bolsa Família 2003-2010: avanços e micos OCDE: Brasil. Brasília, DF: OCDE, 2018. Dis-
desafios. Brasília, DF: Ipea, 2010. p. 57-99. ponível em: <https://goo.gl/dckEqx>. Acesso em: 2
maio 2018.
FILGUEIRA, F. Tipos de welfare y reformas sociales
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tre 1997 e 2005. In: BARROS, R. P.; FOGUEL, M. N.; queda recente. Brasília, DF: Ipea, 2006. v. 2, p. 87-
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IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E (Texto para Discussão, n. 1459).
ESTATÍSTICA. Método de construção do mapa de
pobreza: utilizando a PNAD 2006 e o Censo Demo- SOARES, S.; RIBAS, R.; SOARES, F. Focalização e
gráfico 2000. Rio de Janeiro: IBGE: 2009. cobertura do Programa Bolsa Família: qual o signi-
ficado dos 11 milhões de famílias? Brasília, DF: Ipea,
______. Nota técnica 2/2015: deflacionamento dos 2009. (Texto para Discussão, n. 1396).
rendimentos do trabalho dos trimestres móveis da
PNAD Contínua (versão atualizada). Rio de Janeiro:
Revisão de benefícios 2. Lei n° 8.213/1991, artigo 60, §10. O segurado em gozo de auxí-
lio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser
Uma das principais ações do PRBI é a revisão de au- convocado a qualquer momento para avaliação das condições que
xílios-doença e aposentadorias por invalidez que se ensejaram sua concessão ou manutenção, observado o disposto no
encontram ativos e sem acompanhamento pericial art. 101 desta Lei.
por mais de dois anos, denominados Benefícios por
Incapacidade de Longa Duração (BILD). 3. §1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não
tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de que trata o
As novas normativas que embasaram o PRBI propor- caput deste artigo
cionaram mais segurança para esse processo, pois I – após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e
foram estabelecidos critérios claros sobre quais be- quando decorridos quinze anos da data da concessão da
neficiários poderiam ser incluídos no programa. O aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou
grande ganho trazido por essa alteração é o fato de II – após completarem sessenta anos de idade.
a lei igualar benefícios administrativos e judiciais 2
para fins de revisão médica a ser feita pelo INSS. 4. Por meio da Lei nº 13.457/2017.
Outra alteração de igual relevância foi o estabeleci- 5. Valor reajustado conforme índice de preços previsto na legislação
mento de limite etário 3 para a revisão de benefícios do programa.
de aposentadoria por invalidez. Isso tornou o processo
mais objetivo e diminuiu o desgaste que envolvia a re- 6. Nos termos da Portaria Conjunta nº 1 MDS/INSS, de 11 de janeiro
visão de benefícios cujos titulares eram muito idosos. de 2018.
1.900.000
1.700.000
1.500.000
1.300.000
1.100.000
900.000 Series1
700.000
500.000
ago/01
ago/05
ago/07
ago/08
ago/09
ago/11
ago/15
ago/00
ago/02
ago/03
ago/04
ago/06
ago/10
ago/12
ago/13
ago/14
ago/16
Fonte: INSS, Boletim Estatístico da Previdência Social; Elaboração SAGI/MDS.
Ao mesmo passo, o valor despendido anualmente gasto anual com o benefício passou de R$ 2,5 bi-
com o pagamento de auxílio-doença também vinha lhões em 2000 para R$ 23,2 bilhões em 2015 – nove
apresentando aumento significativo (Gráfico 2): o vezes maior.
R$ 30,0
R$ 25,0
R$ 20,0
R$ 15,0
R$ 10,0
R$ 5,0
R$ -
ago-95
ago-96
ago-97
ago-98
ago-99
ago-00
ago-01
ago-02
ago-03
ago-04
ago-05
ago-06
ago-07
ago-08
ago-09
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ago-11
ago-12
ago-13
ago-14
ago-15
ago-16
ENVIO DE CARTAS
AOS BENEFICIÁRIOS
COMUNICANDO A NO DIA AGENDADO O
NECESSIDADE DE BENEFICIÁRIO BENEFICIÁRIO SERÁ
AGENDAMENTO DA AGENDA A AVALIADO POR UM
PERÍCIA REVISIONAL PERÍCIA NO INSS MÉDICO PERITO
Agendamento Realização da
Convocação da Perícia perícia médica
Considerando o processo de aprendizado e melhorias primeiro momento, foi possível realizar em média
implementadas no decurso da revisão, pode-se dividir 15 mil perícias extras por mês, o que representou
a ação em duas fases: a primeira compreende o perío- 252.494 benefícios revistos.
do de agosto de 2016 até janeiro de 2018, e a segunda
refere-se ao ano de 2018 (fevereiro a dezembro). Do universo de benefícios que passaram por perícia,
201.674 foram cancelados. De acordo com a avalia-
1ª Fase da ação de revisão ção médica, os segurados já estavam em condições
de retornar ao trabalho e não se enquadravam nos
Na primeira fase do PRBI, o programa seguiu um
modelo de gestão descentralizada, em que as APS
possuíam mais autonomia no processo de revisão, 7. Conforme definido no §2º, artigo 2º da Resolução nº 546/PRES/
como a forma de convocar os beneficiários. Nesse INSS, de 30 de agosto de 2016.
86% 84%
84%
84% 83%
82%
82%
80%
80%
80% 79% 79% 79%
77%
78%
76%
76% 75%
74%
mar-17
jan-17
abr-17
mai-17
ago-17
set-17
dez-17
fev-17
out-17
jun-17
jul-17
nov-17
Fonte: INSS/Painel BILD; elaboração SAGI/MDS.
No entanto, cabe esclarecer que o processo de re- Ao agrupar as APS por faixa de execução da revisão,
visão dos benefícios de auxílio-doença ocorre por observa-se que a taxa de cessação dos benefícios
Agência da Previdência Social (APS) e não de manei- continua constante, independentemente do estágio
ra uniforme em todo o país. Por haver diversas APS do processo de revisão dos benefícios: as diferen-
espalhadas nos municípios, com características bas- ças observadas não são quantitativa e estatistica-
tante distintas, algumas APS estão mais próximas de mente significantes (Gráfico 4).
finalizar esse processo de revisão que outras.
60%
50%
40%
0 a 5%
10 a 15%
20 a 25%
30 a 35%
40 a 45%
50 a 55%
60 a 65%
70 a 75%
80 a 85%
Para estimular mais adesões dos peritos, foi insti- Sendo assim, espera-se potencializar na 2ª fase os
tuído o Programa de Gestão das Atividades Médi- resultados com as duas medidas de aprimoramento
cas Periciais (PGAMP). Além de manter o incentivo da ação de revisão: PGAMP e realização de mutirões.
financeiro da 1ª fase, o PGAMP alterou o modo de
controle da jornada de trabalho dos médicos peritos,
deixando de haver aferição das horas trabalhadas e Impacto financeiro do PRBI na
passando a trabalhar com resultados mensuráveis, despesa com auxílio-doença
referentes às perícias extras e atividades correlatas.
Como visto nas seções anteriores, o PRBI foi criado
As perícias regulares – referentes à concessão e pror- para enfrentar as ineficiências na governança dos be-
rogação – não foram prejudicadas pelo PGAMP, pois nefícios por incapacidade. No que tange ao aspecto
os peritos que aderiram ao programa devem manter a financeiro, espera-se que o PRBI impacte a despesa
agenda de rotina do INSS. Assim, além da agenda or- com auxílio-doença em duas frentes distintas:
dinária, os médicos que aderiram ao PGAMP se com-
prometeram a realizar quatro perícias extras por dia. • Ação de revisão: ao cortar o gasto com
pagamentos indevidos, há um efeito direto
Diante da nova estrutura de incentivos do PGAMP, o nú- de contenção do estoque dos benefícios e
mero de peritos que aderiram ao programa aumentou da correspondente despesa.
de forma considerável, passando para 2.897 em março
de 2018, o que representa 97% dos médicos peritos dis- • Cessação dos benefícios em 120 dias: ao
poníveis. Nessa nova perspectiva, a capacidade opera- limitar o prazo, há um efeito de redução do
cional do INSS para realizar a ação de revisão saiu de tempo médio da manutenção dos benefí-
Ou seja, o valor esperado do impacto do PRBI na des- Para projetar o em 2018, sabe-se que os
pesa com auxílio-doença corresponde à dife- benefícios de auxílio-doença são reajustados
rença entre o valor esperado da despesa no período T com base no Índice Nacional de Preços ao Con-
, no caso em que o programa foi implementado, sumidor (INPC), calculado pela Fundação Institu-
e o valor esperado da despesa no período T , to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
no caso em que o PRBI não tivesse existido . Para 2018, considera-se o reajuste mensal de
Para efeito da avaliação de impacto financeiro, o perío- 2,07% (INPC/2017) do benefício de auxílio-doen-
do T corresponde ao intervalo de tempo entre agosto ça, conforme definido na Portaria MF nº 15, de 16
de 2016 e dezembro de 2018, período de implementa- de janeiro de 2018.
ção do PRBI e finalização da ação de revisão dos bene-
fícios de auxílio-doença. Cabe, portanto, estimar a des- Assim, a partir da trajetória do valor médio mensal
pesa com auxílio-doença no cenário com e sem o PRBI. dos benefícios de 2017 construída com base da
identidade contábil (3) e aplicando a equação (4),
Despesa com auxílio-doença: com o PRBI tem-se a estimativa do benefício médio de auxílio-
-doença para 2018 (Tabela 1).
A despesa com auxílio-doença em determinado mês
t pode ser obtida a partir da identidade contá- Tabela 1 – Valor médio mensal dos
bil (2) – produto entre o valor médio do benefício 8 benefícios [2018]
no mês t e da quantidade de benefícios emi-
Data Benefício médio (R$)
tidos 9 no mesmo mês t ( ).
fev-18 R$ 1.304,46
Considerando o período da 1ª fase da ação de re- mar-18 R$ 1.327,74
visão (ago./2016 – dez./2017), as informações de abr-18 R$ 1.334,52
despesa e quantidade de benefícios são observá-
mai-18 R$ 1.341,14
veis. No entanto, para o ano de 2018 é necessário
projetar a despesa com auxílio-doença. jun-18 R$ 1.347,38
jul-18 R$ 1.363,70
Estimativa para o valor médio do benefício ago-18 R$ 1.598,34
de auxílio-doença: reajuste
Com a continuidade da ação de revisão, dos 553 mil Fonte: INSS/Síntese, IBGE e MDS; Elaboração SAGI/MDS.
benefícios de auxílio-doença de longa duração que
são alvo do PRBI, 273.803 benefícios estão pendentes Hipótese conservadora: as medidas de aprimora-
de revisão e, portanto, serão revistos em 2018. Assim, mento da revisão permitiram aumentar a capacida-
a trajetória de benefícios pagos para 2018 resultará de operacional do INSS, de modo que, com os 2.897
do processo de revisão de todos esses benefícios. médicos peritos aderidos ao PGAMP, seja possível
realizar cerca de 200 mil perícias por mês – patamar
Nesta estimativa, considera-se que as perícias significativamente acima do considerado na estima-
serão realizadas de modo gradual e uniforme ao tiva da quantidade de benefícios pagos em 2018.
longo do ano – 30.423 perícias/mês, nível bem
abaixo da capacidade de perícia potencial desta Projeção de despesa mensal
2ª fase (mais de 200 mil perícias/mês). Consi- com auxílio-doença
derando que a taxa de cessação se manterá em
nível próximo ao verificado na 1ª fase (80%), es- Com base na identidade contábil (2) e nas hipóteses
pera-se uma redução média de 24 mil benefícios/ feitas, estima-se a despesa mensal com o auxílio-doen-
mês, com término da ação em novembro de 2018. ça : produto entre a quantidade de benefícios
O número estimado de benefícios para cada mês emitidos e o valor médio mensal do benefício
de 2018 está indicado na Tabela 2. reajustado . A evolução temporal
dessas variáveis pode ser observada na Tabela 3.
Data Benefícios pagos – (Quantidade) Benefícios pagos – (R$) Benefício médio mensal – (R$)
Pela primeira vez em mais de duas décadas, obser- de R$ 24,8 bilhões, o que representa uma economia
va-se uma mudança na trajetória da despesa com observada de R$ 2,5 bilhões em relação a 2016. Para
auxílio-doença a partir de 2016, com a implemen- 2018, a despesa estimada é de R$ 20,9 bilhões – R$
tação do PRBI (Gráfico 5). Em 2017, a despesa foi 3,9 bilhões menor do que a despesa de 2017.
R$ 30,0
R$ 25,0
R$ 20,0
R$ 15,0
R$ 10,0
R$ 5,0
R$ -
dez-95
dez-96
dez-97
dez-98
dez-99
dez-00
dez-01
dez-02
dez-03
dez-04
dez-05
dez-06
dez-07
dez-08
dez-09
dez-10
dez-11
dez-12
dez-13
dez-14
dez-15
dez-16
dez-17
dez-18
2.000.000,00
1.850.000,00
1.700.000,00
1.550.000,00
1.400.000,00
1.250.000,00
1.100.000,00
950.000,00
800.000,00
650.000,00
500.000,00
mar-00
dez-00
set-01
mar-03
dez-03
set-04
mar-06
dez-06
set-07
mar-09
dez-09
set-10
mar-12
dez-12
set-13
mar-15
dez-15
set-16
mar-18
dez-18
jun-02
jun-05
jun-08
jun-11
jun-14
jun-17
Considerando a estimativa do valor de benefício mé- calcular a trajetória mensal da despesa para cada
dio definido no item “Despesa com auxílio-doença: um dos cenários a partir da identidade contábil (2).
com o PRBI” e os cenários contrafactuais, pode-se Os resultados estão na Tabela 4.
R$35,00 R$32,8
R$31,1 R$30,7
R$27,9 R$30,1
R$30,00 R$27,8
R$27,3
R$24,8
R$25,00
R$20,8
R$20,00
R$15,00
R$10,00
R$5,00
R$-
2016 2017 2018
Com PRBI Sem PRBI - Cenário Conservador Sem PRBI - Cenário Inercial
O PRBI foi iniciado em agosto de 2016, portanto, os No Cenário Inercial, supondo que o PRBI não tivesse
efeitos dele são sentidos desde 2016. Não fosse o sido realizado (mantendo o mesmo patamar verifi-
programa, a despesa de 2016, no Cenário Conserva- cado em agosto de 2016), a despesa com auxílio-
dor, teria sido de R$ 27,8 bilhões (em vez de R$ 27,3 -doença em 2016 teria sido de R$ 27,9 bilhões e, em
bilhões), o que representa uma economia de aproxi- 2017, de R$ 31,1 bilhões (Gráfico 7). Isso representa-
madamente R$ 500 milhões no ano. ria uma economia de R$ 6,9 bilhões em 2016 e 2017.
Para 2018, na ausência do PRBI, a despesa poderia
Ao comparar os R$ 30,1 bilhões que seriam gas- ter atingido R$ 32,8 bilhões – R$ 11,9 bilhões acima
tos com os R$ 24,8 que foram efetivamente gastos da despesa projetada com o PRBI. Nesse cenário, a
em 2017, observamos uma economia de R$ 5,3 bi- economia total é da ordem de R$ 18,8 bilhões.
lhões para 2017. Dessa forma, em uma análise mais
abrangente, a economia total com o PRBI foi R$ 5,8 Por fim, o Gráfico 8 sintetiza o impacto financeiro do
bilhões em 2016 e 2017. PRBI na despesa com auxílio-doença – economia
gerada com o programa, medido através da diferen-
Com o PRBI, esse gasto estimado para 2018 é de ça entre o valor gasto com o auxílio-doença em 2016
R$ 20,8 bilhões, gerando assim a economia de R$ e 2017 e a projeção de despesa para 2018 com o
9,9 se comparado ao cenário contrafactual conser- PRBI e a despesa sem o programa.
vador. Portanto, uma economia potencial de R$ 15,7
bilhões no período da avaliação (desde o início do
PRBI até dezembro de 2018).
R$ 20,0 R$ 18,8
R$ 18,0
R$ 15,7
R$ 16,0
R$ 14,0
R$ 11,9
R$ 12,0
R$ 9,9
R$ 10,0
R$ 8,0 R$ 6,3
R$ 5,3
R$ 6,0
R$ 4,0
R$ 2,0 R$ 0,6
R$ 0,5
R$ -
2016 2017 2018 Economia Total
[2016|2018]
No caso do Bolsa Família, para que o objetivo de 6. 48 SHAFIR, E.; MULLAINATHAN, S. Escassez: uma nova forma de
superação da pobreza seja concretizado, espera-se pensar a falta de recursos na vida das pessoas e nas organizações.
que a mulher consiga utilizar aquele recurso que ela Rio de Janeiro: Best Business, 2016.
recebe para fazer uma série de ações que poderão
levar à superação da pobreza. Nesse projeto espe- 7. Trade-off é uma expressão em inglês que significa o ato de escolher
cífico, era muito importante entender se não está- uma coisa em detrimento de outra. Muitas vezes, é traduzida como
vamos sobrecarregando a mulher emocionalmente “perde-e-ganha”.
Novembro de
2013 a fevereiro Junho de 2014 a
de 2014 dezembro de 2015 Janeiro a março Abril de 2016 a
de 2016 abril de 2017 Abril de 2017 a
CICLO 1 maio de 2018
CICLO 2
CICLO 3 CICLO 4
Aprofundamento CICLO 5
Desenvolvimento
sobre as Sistematização Projeto Piloto
da tecnologia
beneficiárias e da tecnlogia e avaliação de Disseminação
social
o PBF e sobre os social impacto
(protótipos)
aposentados
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
Caderno de Estudos – E quais eram as principais sas mulheres a partir de um combinado de seis pers-
demandas e sonhos dessas mulheres que vocês pectivas (relações sociais e em família, trabalho,
visitaram? autoestima, gestão financeira e dinheiro, sonhos)
– a visionária, a guerreira, a sonhadora e a sobrevi-
CF (AEF-Brasil) – Elas queriam uma boa escola para vente. Oitenta por cento das participantes estavam
os filhos, um plano de saúde que os atendesse em alocadas nas duas primeiras, que são a guerreira e
situações emergenciais, uma casa que não tivesse a visionária; e os outros 20% estavam alocadas na
goteira e onde o esgoto não fosse aberto. Outras sonhadora e na sobrevivente, que eram perfis com
queriam melhorar os negócios. Elas têm sonhos de questões muito maiores a serem enfrentadas em
consumo como qualquer uma de nós, mas o que termos de vulnerabilidade.
diferencia as mulheres beneficiárias é que o sonho
para elas é muito distante. CF (AEF-Brasil) – Fizemos várias oficinas, questio-
nários, momentos de vivência, e as participantes fo-
CP (SENARC/MDS) – Logo que eu entrei no MDS, a ram se autodeclarando, a partir de um roteiro encor-
Secretária Nacional de Renda de Cidadania era a Ro- pado de perguntas e de situações. E aí nós criamos
sani Cunha, e ela me contou a experiência de uma um eixo cartesiano onde foram colocados quatro
beneficiária que, quando entrou no Bolsa Família, se grandes grupos (Figura 2), de sorte tal que qualquer
sentiu mulher pela primeira vez porque pôde com- mulher beneficiária do Bolsa Família vai se encontrar
prar um batom. Ali pude perceber os processos de em um dos grupos. A parte de baixo [do eixo carte-
mudança que o Bolsa Família trazia na vida das fa- siano] é aquela mulher que não reconhece o seu so-
mílias. Não era só aquilo que as pessoas geralmente nho, já os quadrantes de cima representam aquelas
acham. O complemento de renda permitia às famí- que reconhecem seus sonhos. Além disso, temos
lias ter fôlego e pensar em um novo futuro. Os so- os quadrantes da visionária e da guerreira, que são
nhos dessas mulheres são muito simples, mas elas mulheres que tendem a se movimentar, a batalhar e
às vezes não conseguem realizá-los, e não é só pela a arregaçar as mangas; e os quadrantes da sobrevi-
situação de pobreza. A cultura de como a gente, bra- vente e da sonhadora, que tendem à inércia – uma
sileiro, lida com o dinheiro é algo que precisa mudar. vende o almoço para comprar a janta e a outra so-
nha, mas não sai do “adoraria”.
Caderno de Estudos – A partir dos sonhos das be-
neficiárias, vocês definiram quatro perfis de mulhe-
res, certo? Como se deu esse processo?
RECONHECE O SONHO
SONHADORA VISIONÁRIA
Gestão do orçamento familiar: Gestão do orçamento familiar:
Baixa responsabilidade sobre o uso do di- Geração de patrimônio e de reservas
nheiro por conta do impulso ao consumo Geração de riscos e investimentos
INÉRCIA MOVIMENTO
SOBREVIVENTE GUERREIRA
Gestão do orçamento familiar: Gestão do orçamento familiar:
Otimazação de recursos limitados Foco nas escolhas a curto prazo
RECONHECE O SONHO
Fonte: AEF-Brasil.
MC (Flow Brasil) – As quatro personas são arqué- testes, cada uma envolvendo cerca de 500 mulhe-
tipos que representam o que é mais forte nessas res e com duração de três a quatro meses. A gente
mulheres. As visionárias são aquelas líderes comu- desenvolvia a solução, ia para campo, realizava as
nitárias, referência na família, que têm um microem- oficinas, entregava os instrumentos para as mulhe-
preendimento, uma poupança, uma casa melhor. A res e acompanhava o uso nesse período. Numa pri-
sonhadora tem objetivos e sonhos, mas não tem tan- meira fase, acompanhamos por SMS. Então a gente
ta força de ação e realização; em geral, é uma mulher mandava “Você já compartilhou com a sua família
de periferia, mais jovem e que acaba se perdendo a proposta dos cofrinhos?”, aí a beneficiária respon-
no consumo. Do outro lado, dentre aquelas que não dia “Sim” ou “Não”. Na segunda rodada, testamos
viam perspectiva diferente de futuro, tem a guerreira, por WhatsApp, onde a troca foi mais intensa e mui-
que em geral é uma mãe solteira, com muitos filhos, tas mulheres mandavam fotos dos cofrinhos. E na
que tem três ou quatro trabalhos, e cujo foco é co- terceira rodada a gente fez presencial e telefônico.
locar comida no outro dia na mesa. E, por fim, a so- Após a terceira rodada, chegamos à conclusão de
brevivente, que é aquela mulher com pouquíssimos que as tecnologias precisam responder a três pila-
laços sociais, que vive do benefício do Bolsa Famí- res: reserva, planejamento e dívida. E aí chegamos
lia, de doações e de ajuda da comunidade; em geral, na sistematização do programa, que é composto por
uma mulher sem força, apática, que fica em casa. três oficinas de uma hora cada para se trabalhar os
temas dos três pilares.
Caderno de Estudos – Essa ainda foi a fase de pes-
quisa de campo. Quais foram os passos seguintes? Caderno de Estudos – E quais foram as tecnologias
sociais escolhidas após essas rodadas de testes
CP (SENARC/MDS) – Fizemos oficinas de cocriação com as beneficiárias?
com várias áreas do MDS para que pudéssemos
construir, com a maior amplitude possível de ideias MC (Flow Brasil) – Criamos um programa basea-
e informações, tecnologias sociais. Elencamos 100 do em três grandes comportamentos. O primeiro
tecnologias, refinamos para 24 e levamos os protóti- comportamento é garantir uma reserva financei-
pos para oficinas de cocriação com as beneficiárias, ra para essa mulher, o segundo é ajudá-la a vi-
para as tecnologias serem feitas com as beneficiá- sualizar sua realidade financeira, e o terceiro é a
rias também. visualização das dívidas. Foram esses três com-
portamentos que a gente tentou endereçar dentro
MC (Flow Brasil) – Aí começamos a fase de desen- do Programa e nos instrumentos que criamos, e
volvimento e teste das possíveis soluções de tecno- que são comuns a todas essas mulheres. Então,
logia social, que a gente quebrou em três rodadas de para a reserva financeira, são três cofrinhos; para
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
CP (SENARC/MDS) – O cofre foi a primeira ferramenta CF (AEF-Brasil) – Foi feito também um levantamento
que desenvolvemos. O primeiro protótipo precisou ser sobre o que elas precisariam para se organizar e se
adaptado. Era um único cofre, lacrado. As participantes sentir mais seguras sobre os gastos, até que se che-
tinham que rasgar se quisessem usar o dinheiro. Nós gou à ideia de uma agenda. Mas muitas não sabem
ouvimos as necessidades delas, o comportamento de- escrever ou são analfabetas funcionais, então a agen-
las, e até para nós mesmas. Vimos que elas separa- da é toda adaptada. Tem envelope, adesivos, é toda
vam o dinheiro de diversas formas, aí, de repente, o que cheia de símbolos que funcionam para a questão do
era um cofre virou três: um é o cofre da emergência, planejamento. Além disso, definimos desde a cor que
que a beneficiária pode abrir; outro é o cofre do dia a elas gostariam para o material até a linguagem.
dia, que ela também pode abrir; e o terceiro é o cofre do
futuro, que fica lacrado. Então ela conseguiu começar Caderno de Estudos – Na sequência à escolha e aos
a pensar que tinha condição de sonhar quando viu que testes dos materiais que seriam trabalhados com
tinha de onde tirar, ela podia dizer “não” para uma coi- elas, deu-se início ao projeto piloto e à avaliação de
sa e dizer “sim” para os sonhos. E nos cofrinhos está impacto da ação. Como eles funcionaram?
escrito “existem sonhos ali”, e tem um espaço para ela
escrever, o que deu a ela uma oportunidade de sonhar. MC (Flow Brasil) – Antes do piloto, teve a capacitação
Além disso, é importante lembrar que a primeira vez dos agentes do Centro de Referência de Assistência
que a gente fez orçamento financeiro foi mensal, mas Social (Cras) para que, de abril de 2016 a abril de 2017,
não fazia sentido para elas, então reduzimos para con- fosse feito o projeto piloto. No piloto, eles aplicaram três
troles semanais e diários. O exercício de ter três cofres oficinas com as mulheres, uma por semana. O CRAS era
de tamanhos diferentes também foi inserindo nelas a responsável pela divulgação da oficina e por formar tur-
relação essencial de planejamento, em especial, a no- mas de 30 mulheres para participar da atividade. Depois
ção de curto, médio e longo prazo, um conceito bastan- avaliou-se o impacto, ou seja, a diferença de como a mu-
te difícil de trabalhar em cenários de escassez. lher estava antes da oficina e depois da oficina.
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
Aplicação do questionário da avaliação de impacto da ação de educação financeira, em seis municípios. Crédito: AEF-Brasil/Divulgação
Caderno de Estudos – Quais foram os resultados da no número de mulheres que passaram a conseguir
avaliação de impacto? arcar com alguma emergência (7% a mais – Gráfi-
co 1), no número de mulheres que passou a ter uma
CP (SENARC/MDS) – A avaliação de impacto foi feita poupança informal usando os cofrinhos (81% a mais
no primeiro semestre de 2017 e os resultados saíram – Gráfico 2) e no dinheiro poupado nos últimos três
em julho. E o que encontramos foi a melhoria de to- meses (234% a mais – Gráfico 3). E o conhecimento
dos os indicadores avaliados. As oficinas e as tecno- sobre planejamento financeiro também aumentou em
logias de educação financeira provocaram aumentos 6% após as intervenções (Gráfico 4).
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
Gráfico 3 – Valor médio poupado em casa (poupança informal) em três meses (R$)
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
Fonte: AEF-Brasil/Divulgação.
MC (Flow Brasil) – Outro grande aprendizado do pro- executado dentro do Serviço de Proteção e Atendi-
jeto é a tangibilização, o fato de serem três cofrinhos mento Integral à Família (PAIF), a partir das oficinas
ali, visíveis. Quando ela entra em casa e vê aquelas com famílias e, inicialmente, nos equipamentos que
três caixinhas, ajuda a criar o hábito. Esses artefatos ofereçam o Acessuas Trabalho. Além disso, a im-
físicos são muito importantes. E, para além desses plantação do Futuro na Mão é uma ação conjunta de
instrumentos, o que a gente queria era mudar a lógi- articulação de quatro secretarias – SENARC [Secre-
ca mental de como lidar com a reserva. E muitas já taria Nacional de Renda de Cidadania], SAGI [Secre-
guardavam dinheiro em latas diferentes, outras em taria de Avaliação e Gestão da informação], Secreta-
envelopes, então algumas das ideias são de coisas ria de Inclusão Social e Produtiva [SISP] e Secretaria
que as mulheres já faziam. Além disso, os cofrinhos Nacional de Assistência Social [SNAS].
são bonitinhos, o que mostra que estética importa.
No dia 14 de maio 8 teremos o lançamento do Pro-
Caderno de Estudos – Agora que o MDS tem os re- grama, e dia 15 começamos o treinamento com
sultados da avaliação de impacto, quais são os pró- quatro turmas. A cada semana serão duas turmas
ximos passos para a implementação do programa simultâneas. Esse primeiro semestre de 2018, são
de educação financeira? turmas na região Nordeste, Sudeste e Sul. A ideia é
chegar em 540 municípios, treinar mais de 1.200 téc-
CP (SENARC/MDS) – Esse é o primeiro grande pro- nicos dos CRAS e capacitar mais de 200 mil mulhe-
jeto da Esplanada em termos de ciências compor- res em um ano. Ainda nessa temática, considerando
tamentais com avaliação de impacto. Ele envolveu a relevância do tema, em junho teremos o Seminário
quase cinco mil usuários da política na construção Internacional de Desenvolvimento Social, Inclusão
da ferramenta e no processo de avaliação, e agora e Educação Financeira, com os maiores atores in-
vamos para a próxima fase, que é o lançamento do ternacionais deste tema, que será uma nova janela
programa de educação financeira Futuro na Mão. Ele para o MDS e todos os atores nacionais do tema co-
é uma ação prioritária do MDS dentro do Plano Pro- nhecerem outras experiências que possam auxiliar a
gredir, no eixo que trata sobre o acesso das famílias construir uma plataforma de conhecimento na área
ao microcrédito e à educação financeira, e vai ser de inclusão financeira para baixa renda.
FREQUÊNCIA
IDEAL
CONVITE
2
SEMANAS
OFICINA 1
COFRINHOS
DA FAMÍLIA
1
SEMANA
AGENDA
DA FAMÍLIA
OFICINA 2
AGENDA
DA FAMÍLIA
CARTEIRA
DA FAMÍ
LIA
1
SEMANA
OFICINA 3
CARTEIRA
DA FAMÍLIA
Caderno de Estudos – A ação influenciou também o de- gestão. Como contei antes, aquela experiência de
senvolvimento deGuiaDoInstrutor_0604.indd
um portal sobre31educação financeira. criar 100 tecnologias sociais02/04/18
e isso aqui dentro do
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MDS, a partir de jogos criativos que estimulavam os
CF (AEF-Brasil) – Nós temos agora a plataforma vi- servidores e abriam espaço para eles serem prota-
daedinheiro.gov.br, onde temos muitos cursos, ma- gonistas, a partir da liberação de travas rotineiras
teriais para líderes de organizações e para aquelas como a legislação, ou a hierarquia, trouxe um modo
mulheres empreendedoras. O portal dispõe de um novo de trabalhar para as equipes, que extrapolou o
portfólio completo para que não só essa mulher se projeto. Naquele momento, vimos que havia espa-
beneficie das tecnologias sociais que foram levanta- ço para aplicar a metodologia em outros processos
das no desenvolvimento do programa de educação e projetos. Começamos pequenos. Quando a gente
financeira, mas que o entorno dela também possa ampliou o uso da metodologia e fizemos a ofici-
ser tocado. nas de cocriação para outros assuntos, colocando
todos os servidores em situação de igualdade na
Caderno de Estudos – Houve algum impacto ao tra- construção de soluções, para nós, como servido-
balhar com conceitos inovadores, como o design res, foi um ganho indireto do projeto no processo
thinking e a psicologia comportamental, para dese- da construção e na gestão da política pública sob
nhar e avaliar uma ação social? nossa responsabilidade. É uma satisfação ver que
anos depois várias áreas do MDS já utilizam o de-
CP (SENARC/MDS) – Há quatro anos, design thin- sign thinking em seus processos e que nós fizemos
king era algo desconhecido para nós e, provavel- uma aposta certeira.
mente, para o serviço público em geral. Chega-
mos a pesquisar experiências na Esplanada, mas Já em relação às ciências comportamentais foi um
não encontramos. Foi uma aposta em termos de outro grande desafio. Foi outra aposta ousada da
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