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MARIA DE FÁTIMA LEAL MANHÃES DE SÁ

AVALIAÇÃO DA PESQUISA DE CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES,


COMO MÉTODO DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL AUXILIAR DE
INFECÇÕES PARASITÁRIAS INTESTINAIS

Niterói
2007
MARIA DE FÁTIMA LEAL MANHÃES DE SÁ

AVALIAÇÃO DA PESQUISA DE CRISTAIS DE


CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES, COMO MÉTODO DE
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL AUXILIAR DE
INFECÇÕES PARASITÁRIAS INTESTINAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Patologia da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre.
Área de concentração: Patologia Clínica e
Análises Clínicas

Orientador: Profa. Dra. Heloisa Werneck de Macedo

Niterói
2007
Sá, Maria de Fátima Leal Manhães
Avaliação da pesquisa de cristais de Charcot-Leyden nas
fezes, como método de diagnóstico laboratorial auxiliar de
infecções parasitárias intestinais / Maria de Fátima Leal
Manhães de Sá. Niterói, 2007.

102 f.
Dissertação de Mestrado (Mestrado em Patologia – Área
de Concentração: Patologia Clínica e Análises Clínicas –
Curso de Pós-Graduação em Patologia – Universidade
Federal Fluminense).
Orientador: Heloisa Werneck de Macedo
Bibliografia: f. 89 - 102

1. Cristais de charcot-leyden. 2. Enteroparasitoses. 3.


Disgnóstico Parasitológico. Universidade Federal Fluminense.
II. Título.
MARIA DE FÁTIMA LEAL MANHÃES DE SÁ

AVALIAÇÃO DA PESQUISA DE CRISTAIS DE


CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES, COMO MÉTODO DE DIAGNÓSTICO
LABORATORIAL AUXILIAR DE
INFECÇÕES PARASITÁRIAS INTESTINAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Patologia da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre. Área de
concentração: Patologia Clínica e Análises
Clínicas

BANCA EXAMINADORA

Profª Dra. Hye Chung Kang (examinador prévio)


Universidade Federal Fluminense

Profª Dra. Sílvia S.B. de Mondino


Universidade Federal Fluminense

Profa. Dra. Neuzir Trindade Reis


Universidade Veiga de Almeida
AGRADECIMENTOS

À Profa orientadora, Heloísa Werneck de Macedo, que em mim depositou


credibilidade. A sua orientação, compreensão, profissionalismo e amizade foram
fundamentais em todas as etapas.

Ao meu esposo, José Roberto de Sá, pela paciência em atender às minhas


solicitações alem do incentivo em todos os momentos.

Ao meu filho, Rodrigo Leal Manhães de Sá, pela colaboração e carinho.

À amiga Glória Scovino, pelo apoio e palavras positivas nos momentos mais difíceis.

Aos funcionários e professores do Laboratório de Parasitologia e do Laboratório de


Hematologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (UFF).
“Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade
invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza
do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da
comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer.”
Albert Einstein
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS..................................................................................................4
SUMÁRIO ...................................................................................................................6
ABREVIATURAS......................................................................................................10
RESUMO...................................................................................................................11
ABSTRACT...............................................................................................................12

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................13
2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................20
2.1 AS PARASITOSES INTESTINAIS..................................................................20
2.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES INTESTINAIS
POR EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES ...............................................31
2.2.1 Exame parasitológico de fezes direto, sem concentração ..............................34
2.2.2 Exame parasitológico de fezes por métodos de concentração.......................34
2.2.3 Métodos de coloração de protozoários ...........................................................38
2.3 EOSINOFILIA .................................................................................................39
2.4 OS CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN .........................................................49
2.5 OS CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN E A RELAÇÃO DIRETA COM A
EOSINOFILIA .................................................................................................51
3 HIPÓTESE......................................................................................................55
4 OBJETIVOS ...................................................................................................56
4.1 OBJETIVOS GERAIS .....................................................................................56
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................56
5 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................58
5.1 COMISSÃO DE ÉTICA ...................................................................................58
5.2 POPULAÇÃO .................................................................................................58
5.2.1 Crianças de creches municipais e/ou municipalizadas de Niterói...................58
5.2.2 Pacientes atendidos no HUAP........................................................................60
5.3 MÉTODOS LABORATORIAIS........................................................................60
5.3.1 Contagem da série branca específica ............................................................60
5.3.2 Exame parasitológico de fezes .......................................................................61
5.3.3 Pesquisa de Cristais de Charcot-Leyden Nas duas populações estudas .......62
5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................63
6 RESULTADOS ...............................................................................................64
6.1 FREQUÊNCIA DAS PARASITOSES INTESTINAIS NAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS..................................................................................................64
6.1.1 Frequência global e específica .......................................................................64
6.1.2 Frequência do poliparasitismo nas populações estudadas.............................66
6.2 CRISTAIS CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES DAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS..................................................................................................67
6.3 DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE EOSINÓFILOS NAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS..................................................................................................70
6.4 CORRELAÇÃO ENTRE EOSINOFILIA, PRESENÇA DE CRISTAIS DE
CHARCOT-LEYDEN EM FEZES E DE PARASITOSES INTESTINAIS,
NAS POPULAÇÕES ESTUDADAS ................................................................72
7 DISCUSSÃO ..................................................................................................75
7.1 PREVALÊNCIA GLOBAL E ESPECÍFICA DAS PARASITOSES
INTESTINAIS..................................................................................................75
7.2 CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES DAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS..................................................................................................80
7.3 DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE EOSINÓFILOS NAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS..................................................................................................82
7.4 CORRELAÇÃO ENTRE EOSINOFILIA, PRESENÇA DE CRISTAIS DE
CHARCOT-LEYDEN EM FEZES E PRESENÇA DE PARASITOSES
INTESTINAIS NAS POPULAÇÕES ESTUDADAS.........................................85
8 CONCLUSÕES ..............................................................................................88
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................89
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cristais de Charcot Leyden em fezes. ....................................................18


Figura 2 - Cristais de Charcot Leyden em fezes (coloração Tricrômica).................19
Figura 3 - Frequência das parasitoses intestinais nas creches estudadas .............65
Figura 4 - Frequência das parasitoses intestinais no HUAP ...................................66
Figura 5 - Cristal Charcot-Leyden nas fezes – Creches estudadas ........................68
Figura 6 - Cristal Charcot-Leyden nas fezes – HUAP .............................................69
Figura 7 - Cristal Charcot-Leyden (material fecal – corante temporário lugol –
aumento 1000X) .....................................................................................69
Figura 8 - Cristal Charcot-Leyden (material fecal – corante Wright – aumento
1000X) ....................................................................................................70
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do poliparasitismo nas amostras analisadas.......................67


Tabela 2 - Distribuição por faixa de eosinófilos – creches estudadas......................71
Tabela 3 - Distribuição por faixa de eosinófilo – HUAP ...........................................72
Tabela 4 - Resultado da eosinofilia, CCL em fezes, parasitoses intestinais -
Creches estudadas .................................................................................73
Tabela 5 - Resultado da eosinofilia, CCL em fezes, parasitoses intestinais -
HUAP......................................................................................................74
ABREVIATURAS

A duodenale Ancylostoma duodenale


AIDS Sindrome de Imunodeficiência Adquirida
A. lumbricoides Ascaris lumbricoides
B. hominis Blastocystis hominis
CCL Cristais de Charcot-Leyden
CD4 Células T auxiliadoras
C. parvum Cryptosporidium parvum
E. dispar Entamoeba dispar
E. histolytica Entamoeba histolytica
EPF Exame parasitológico de fezes
G. lamblia Giardia lamblia
H. nana Hymenolepis nana
HgCl2 Bicloreto de mercúrio
HIV Virus da imunodeficiência adquirida
HTLV-1 “Human T cell Lymphotropic Virus Type 1“
HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro
I.belli Isospora belli
IFN γ Interferon γ
IL Interleucina
Ig Imunoglobulina
LMC Larva Migrans Cultânea
MIF Mertiolato-iodo-formaldeído
min Minuto
N. americanus Necator americanus
rpm Rotações por minuto
S. mansoni Schistosoma mansoni
S. stercoralis Strongyloides stercoralis
SAF Conservante feito com acetato de sódio + formol + ácido
acético
Th1 Linfócitos T auxiliadores (help) do tipo 1
Th2 Linfócitos T auxiliadores (help) do tipo 2
TNF Fator de Necrose Tumoral
T. trichiura Trichuris trichiura
UFF Universidade Federal Fluminense
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a pesquisa de Cristais de


Charcort-Leyden nas fezes, como método de diagnóstico laboratorial auxiliar de
enteroparasitoses e estabelecer um protocolo metodológico de exame parasitológico
de fezes para o diagnóstico das enteroparasitoses, com alta confiabilidade. Foi feito
um estudo de prevalência em duas populações distintas. Foram analisadas amostras
fecais e sangüíneas de 168 crianças de ambos os sexos, com faixa etária de 2 anos
até 5 anos e 11 meses matriculadas em creches municipais e/ou municipalizadas de
Niterói-RJ, e de 369 pacientes atendidos no HUAP, que tinham exames a serem
analisados na mesma data, nos Laboratórios de Hematologia e Parasitologia do
HUAP. Nas creches estudadas as fezes foram colhidas em frascos contendo formol
tamponado 10% e processadas pelo método padronizado Coprotest. A contagem da
série branca específica foi determinada a partir do sangue colhido de picada de dedo
com lanceta apropriada. Foram preparados esfregaços sangüíneos posteriormente
corados pelo Wright. Os esfregaços foram analisados ao microscópio óptico com
aumento de 1000X e a contagem foi feita com auxílio de contador diferencial de
células. As amostras de sangue dos pacientes atendidos no HUAP foram
processadas no Laboratório de Hematologia do HUAP, em aparelho de automação.
O exame parasitológico de fezes foi realizado no Laboratório de Parasitologia do
HUAP. Ambos os exames dos pacientes atendidos no HUAP, foram realizados
através de métodos utilizados segundo protocolo dos laboratórios. Com as amostras
fecais de ambas populações estudadas, foram feitos esfregaços estirados e corados
posteriormente com Wright para pesquisar Cristais de Charcot-Leyden. Esses
esfregaços foram analisados em microscópio óptico com aumento 1000X. Foram
analisadas a prevalência das enteroparasitoses, presença de Cristais de Charcot-
Leyden nas fezes, eosinofilia sangüínea e a correlação destes ítens citados nas
populações estudadas. Os parasitos intestinais mais freqüentes nas creches foram:
Blastocystis hominis (20%), Entamoeba coli (10%), Giardia lamblia (8%). No HUAP
foram: Entamoeba coli (15%), Giardia lamblia (11%), Strongyloides stercoralis (6%) e
Blastocystis hominis (5%). A detecção desses enteroparasitos patogênicos sugere
deficiência na higiene das populações estudadas. Para diagnostica-las, a pesquisa
de cristais de Charcot-Leyden nas fezes mostrou ser um método rápido, de baixo
custo e boa eficácia para auxiliar o exame parasitológico de fezes, associado à
avaliação de eosinofilia sanguínea.

Palavras-chave: Cristais de Charcot-Leyden; Eosinofilia; Enteroparasitoses


ABSTRACT

The aim of this work is to evaluate the presence of Charcot-Leyden


crystals in stool specimens as an auxiliary reliable laboratorial diagnostic method and
to establish a methodological protocol of parasitological exam of feces to determine
the presence of enteroparasitosis. Stool and blood samples of two distinct
populations were analyzed in order to determine the prevalence. The first group was
composed of 168 children (of both sexes and between 2 and 5 years and 11 months
old) who are enrolled in public daycare centers in Niterói, in the state of Rio de
Janeiro. The second group was composed of 369 patients from the Antônio Pedro
University hospital (HUAP). All exams from both groups were analyzed in the same
period, in the Hematology and Parasitology Laboratories of HUAP. The stool
specimens from the children were collected in labeled plastic vials with 10% buffered
formaldehyde and processed through the standard Coprotest method. Specific white
cell count was determined from the blood that was collected by finger prick with
appropriate lancet. The blood smear was prepared immediately, stained with Wright
stain and subsequently analyzed under a optic microscope with a 1000 fold
magnification. The counts were undertaken with the help of a differential cell counter.
The blood samples of the outpatients from HUAP were processed in the hospitals
Hematology Laboratory, in an automatic cell counter. The parasitological exams of
the stool specimens of both outpatients and children were processed by routine
methods used in HUAP’s Parasitology Laboratory. In short, smears were prepared as
of the stool samples and stained subsequently with Wright stain to search for the
presence of Charcot-Leyden Crystals. The stool smears were analyzed under an
optic microscope with a 1000 fold increase to determine the presence of
enteroparasitosis and Charcot-Leyden Crystals. The presence of eosinophils in the
blood smears was searched to establish a possible correlation between the findings
in the studied populations. The most frequent intestinal parasites encountered in the
daycare center population were: Blastocystis hominis (20%), Entamoeba coli (10%),
Giardia lambia (8%) while in HUAP´s outpatient population were: Entamoeba coli
(15%), Giardia lambia (11%), Strongyloides stercoralis (6%) and Blastocystis hominis
(5%). The presence of Charcot-Leyden Crystals showed to be a quick, low cost and
highly efficient method in the aid of parasitological exam in stool specimens, when
associated to the presence of eosinophilia in the peripheral blood. The detection of
these pathogenic enteroparasites suggests poor hygiene conditions of the studied
populations.

Key-words: Charcot-Leyden Crystals; Eosinophilia: Enteroparasitosis


1 INTRODUÇÃO

As enteroparasitoses são responsáveis por vários prejuízos à saúde,

podendo se manifestar de diferentes formas. Dentre as manifestações causadas por

parasitos adultos no organismo do hospedeiro, as principais são: competição por

nutrientes, perda de grande quantidade de sangue que é usado pelo parasito,

ocorrência de obstrução mecânica, perfuração do tubo digestivo, desenvolvimento

de processo inflamatório e reação de hipersensibilidade. Na maioria dos casos, as

parasitoses intestinais cursam com manifestações brandas como diarréia, cólicas

abdominais, vômitos, náuseas e mal - estar (UTZINGER et al., 1999).

Correspondem a uma das principais causas de má nutrição infantil,

podendo levar ao retardamento no desenvolvimento físico e mental das crianças que

na idade pré-escolar e escolar estão mais sujeitas às infecções parasitárias, por não

possuírem ainda consciência dos hábitos corretos de higiene e por terem o sistema

imune ainda em formação (GRAY et al., 1994).


14

Dentre as parasitoses que acometem crianças na faixa etária de 1 a 5

anos, as infecções causadas por Giardia lamblia (G.lamblia) e Cryptosporidium

parvum (C. parvum) em especial, podem apresentar manifestações clínicas mais

severas como diarréia prolongada e perda de peso, interferindo dessa maneira no

desenvolvimento normal dessas crianças (FRANCO & CORDEIRO, 1996).

Entretanto, alguns estudos mostram que as parasitoses intestinais têm

sido adquiridas cada vez mais precocemente, atingindo crianças desde cerca de 6

meses de vida (COSTA-MACEDO & REY, 1997, 2000; COSTA MACEDO et al.,

1999).

Em adultos, são responsáveis pela redução da produtividade no trabalho

e contribuem para um aumento nos gastos com assistência médica (GRAY et al.,

1994; NÚÑEZ et al., 1996; ADENUSI, 1997).

Tem alta prevalência entre a população de baixo nível sócio-econômico,

onde o padrão de vida, higiene, educação sanitária para proteção de saúde são

inadequadas e deficientes (MARQUES et al., 2001)

De acordo com PUPULIM et al. (1996), para diminuição do número de

indivíduos infectados é necesário conhecer as espécies prevalentes de cada local.

Desse modo, pode-se aplicar medidas de controle capazes de interromper os

mecanismos de transmissão parasitária (MARQUES et al.,2001).

Apesar de existirem no mercado várias drogas eficazes contra esses

parasitos, as prevalências das enteroparasitoses têm se mantido alto nos países em


15

desenvolvimento, aonde, em algumas regiões, chegam a atingir até 90%, sendo,

portanto, tanto maior quanto menor o nível sócio-econômico (ANDERSON et al.,

1993; ROCHA et al., 1994; DE CARLI et al., 1994; KOBAYASHI et al., 1995;

SANTOS et al., 1995).

No Brasil, as enteroparasitoses mostram prevalências bastante diferentes

em várias regiões do país, variando de acordo com as condições sócio-econômicas,

ambientais e com a amostra analisada. Alguns estudos retratam apenas a situação

observada em grupos específicos, como crianças em idade escolar ou pré-escolar

(FERREIRA et al., 1998; FERREIRA et al., 2003; MACHADO et al., 1999; GIRALDI

et al., 2001), ou ainda em comunidades da zona urbana, desconsiderando a zona

rural (LUDWIG et al., 1999; TAVARES-DIAS & GRANDINI, 1999; CARVALHO et al.,

2002). Além disso, não se observa a utilização de uma metodologia padronizada,

pois incluem desde determinação direta (MIRANDA et al., 1999) até o levantamento

de dados de rotina de postos de saúde (GIOIA, 1992) o que dificulta

consideravelmente os estudos comparativos.

Além da diversidade geográfica e climática do Brasil, vários fatores podem

interferir na distribuição das enteroparasitoses, como a presença de hospedeiros

susceptíveis, a falta de higiene, a taxa de migração humana e a precária condição

de vida de muitas populações (LUDWIG et al., 1999; MIRANDA et al., 1999). O

conjunto desses fatores somado ao íntimo contato com a terra, ao hábito de andar

descalço, de consumir carne bovina ou suína crua ou mal cozida e de criar animais

de forma inadequada, tornam as populações de baixa renda, principalmente,

vulneráveis a essas doenças (DIAZ-CAMACHO et al., 1990; KROEGER et al., 1992;

ANDERSON et al., 1993; DE CARLI et al., 1994; KOBAYASHI et al., 1995). Destaca-
16

se a região Nordeste, onde as parasitoses intestinais são ainda muito comuns,

sobretudo em função do saneamento básico deficiente e da falta de educação

sanitária das populações (FONTES et al., 2003).

Entretanto, as doenças causadas por parasitos intestinais não têm sido

prioritárias em programas de saúde pública. Algumas explicações para a falta de

interesse das autoridades podem ser a carência de estudos epidemiológicos em

várias regiões do país, assim como as altas taxas de reinfecção e a rapidez com que

retornam após o tratamento (ADENUSI, 1997).

Representam, portanto, um problema médico-sanitário de grande

importância, tanto pela freqüência com que ocorrem, quanto por causarem algumas

vezes, acometimentos orgânicos capazes de incapacitarem os indivíduos infectados,

reduzindo a resistência do organismo, predispondo-o, inclusive a outras infecções.

Através da investigação coprológica em uma região carente de benefícios,

com a utilização de metodologias que possibilitem diagnosticar o maior número dos

parasitos intestinais, associada ao tratamento individualizado e à educação da

população com acompanhamento periódico da comunidade, é possível reduzir

consideravelmente a prevalência dessas parasitoses, permitindo aos indivíduos uma

vida mais digna.

Devido à importância das parasitoses intestinais para o homem é

necessário que seja feito um diagnóstico bem feito, através de técnicas sensíveis e

específicas, tanto individualmente quanto em populações como um todo, como no

caso de estudos epidemiológicos.


17

Várias metodologias podem ser utilizadas, como a visualização do

parasito, sua identificação através de técnicas moleculares e também técnicas

imunológicas, principalmente pela detecção de seus antígenos. Geralmente a

associação de diferentes métodos, possibilita um melhor diagnóstico.

Contribui também para o diagnóstico de um maior número de casos,

associar aos métodos diretos como visualização do parasito através do exame

parasitológico de fezes, métodos indiretos, como a avaliação da eosinofilia

sangüínea e a pesquisa de cristais de Charcot-Leyden (CCL) nas fezes.

Eosinófilos têm um papel vital na patogênese de várias patologias, com a

infiltração de eosinófilos no tecido e a eosinofilia sangüínea estando associadas com

asma e alergia atópica e também com infecção parasitária por helmintos (SHIM,

2000). A avaliação do número de eosinófilos encontrado no sangue e no tecido é

importante, para determinar o equilíbrio entre a produção e a morte celular (SHIM,

2000). Citoquinas como IL-3, IL-5 ou IFN-γ (Interferon-γ), têm sido demonstradas

prolongando o índice de sobrevivência de eosinófilos pela inibição de apoptose “in

vitro” (SHIM, 2000; YAMAGUCHI et al., 1991). Portanto, aumento da expressão de

algumas dessas citoquinas por células inflamatórias, especialmente por linfócitos T,

vem sendo observadas em pacientes com infecções parasitárias ou com doenças

alérgicas (SHIN, 2000).

A presença de CCL nos tecidos e fluidos do organismo está sempre

associada à infiltração de eosinófilos, uma vez que é formada após o rompimento

dessas células (WELLER et al., 1980; WELLER et al., 1984).


18

Inicialmente notados por Friedrich Albert von Zenker, no ano de 1851,

foram devidamente descritos e caracterizados por JEAN-MARTIN CHARCOT e

CHARLES PHILIPPE ROBIN em 1853, no sangue e no baço de um paciente que

morrera de leucemia (CHARCOT, 1954). Alguns anos depois, em 1872, o alemão

ERNST VICTOR VON LEYDEN observou os mesmos cristais, no escarro de um

paciente com asma. Desde então, passaram a ser conhecidos como cristais de

Charcot-Leyden.

Os cristais são incolores, têm a forma de duas pirâmides sextavadas

unidas em suas bases (Figuras 1 e 2). São formados pela desintegração dos

produtos dos eosinófilos e dos basófilos, e são encontrados em qualquer tipo de

infiltrado inflamatório com grande número dessas células (WELLER et al., 1984;

ACKERMAN et al., 2002).

Figura 1 - Cristais de Charcot Leyden em fezes.


(Atlas of human parasitology, Ash, LR & Orihel, TC, 1997)
19

Figura 2 - Cristais de Charcot Leyden em fezes (coloração Tricrômica)


(Atlas of human parasitology, Ash, LR & Orihel, TC, 1997)

Os CCL têm sido observados em líquidos extraídos de abscesso hepático

causado pela presença de helmintos como Ascaris lumbricoides (A. lumbricoides)

(PINILLA et al., 2001), em granuloma hepático intestinal causado por localização

ectópica de Fascíola hepática (LEE et al., 1982; COSME et al., 1990) e em aspirado

de lesão hepática causada por larvas de Toxocara canis (BHATIA, 1994). São

freqüentemente observados, também, em material fecal de indivíduos com

parasitoses intestinais (AMIM, 2002; MA et al., 1983; UNOD, 1988).

Na asma, os cristais são encontrados em geral no muco (escarro). Critais

com 2-3 µm de tamanho, foram encontrados em macrófagos, na vizinhança dos

conglomerados de eosinófilos, uma vez que o aumento do número de macrófagos

pode representar um sistema de eliminação (DVORAK et al., 1990).

Vários autores têm demostrado a associação de eosinófilos, CCL e

parasitoses intestinais (NOEMI, 1999; PENILLA et al., 2001; CASTIÑEIRAS &

MARTINS, 2003), o que nos despertou o interesse de verificar se a pesquisa de

eosinófilos no sangue associada à de CCL nas fezes, poderia contribuir para a

melhoria do diagnóstico laboratorial das enteroparasitoses no homem.


20

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 AS PARASITOSES INTESTINAIS

As parasitoses intestinais são consideradas fatores de morbidade,

especialmente durante a infância, causando freqüentemente episódios de diarréia,

dor abdominal e anorexia. Porém, esses sintomas também são observados em

infecções causadas por outros agentes gastrointestinais, não sendo, portanto,

específicos das enteroparasitoses, o que torna o diagnóstico diferencial através de

técnicas laboratoriais, de grande importância (ALBERT et al., 1999; BOTERO et al.,

2003; MEDEIROS et al., 2001).

O ser humano pode adquirir as enteroparasitoses através de diferentes

mecanismos de contaminação, como ingestão de alimentos e água contaminados e

por contato direto com pessoas parasitadas. Caso adquira uma forma patogênica,

essa poderá causar lesões teciduais e promover um déficit do estado nutricional do

indivíduo. O tecido atingido dependerá da espécie de parasito e da sua forma


21

evolutiva (EVANGELISTA, 1992), sendo que a capacidade de agressão dos

parasitos depente de fatores pertinentes ao parasito e ao hospedeiro, como:

Parasito: o grau de virulência, o local de sua implantação no

hospedeiro, a quantidade de parasitos e a intensidade de sua

reprodução;

Hospedeiro: sua imunidade, idade, ocorrência de outras patologias

e hábito alimentar (EVANGELISTA, 1992).

Os patógenos entéricos podem sobrepujar os mecanismos de defesa do

intestino, desencadeando fenômenos que resultam na diarréia: ocorre adesão ao

epitélio intestinal e, às vezes, sua invasão, proliferação in situ, produção de toxinas,

danos às células epiteliais maduras, alteração do transporte normal da água,

eletrólitos e nutrientes, atração por quimiotaxia dos leucócitos e liberação de

citocinas, estímulo às respostas inflamatórias locais e sistêmicas, dentre outras

alterações no organismo (NESTLÉ, 1996).

As enteroparasitoses podem afetar o equilíbrio nutricional (interferindo na

absorção de nutrientes, induzindo sangramento intestinal, reduzindo a ingesta

alimentar) e também causar complicações significativas (obstrução intestinal,

prolapso retal, formação de abcessos) (CASTIÑEIRAS & MARTINS, 2003).

CASTIÑEIRAS & MARTINS (2003) relatam que as infecções por parasitos

intestinais estão entre os mais freqüentes agravos infecciosos do mundo. Estima-se

que a cada ano ocorram cerca de 65000 óbitos decorrentes das infecções por
22

ancilostomídeos, 60000 associados às infecções por A. lumbricoides e 70000 em

razão das formas invasivas de infecção por Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

(E.histolytica / E.dispar).

Foi realisado um estudo com 460 crianças em fase pré-escolar, com

idades variando de 6 a 60 meses em Kilifi, Kenia. Os resultados demonstraram que

28% dessas crianças apresentavam infecção parasitária, 76% eram anêmicas, com

a anemia sendo mais severa em crianças com infecção parasitária apresentando

mais que 200 ovos por grama de fezes (BROOKER et al., 1999).

Espécies de helmintos como A. lumbricoides, Ancilostomídeos,

Strongyloides stercoralis (S.stercoralis) e Trichuris trichiura (T. trichiura), parasitos

transmitidos pelo solo, infectam aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo

e causam a morte de 1 milhão de pessoas anualmente, com prevalência em

algumas áreas endêmicas de países em desenvolvimento, de aproximadamente

100%, especialmente em crianças (ONAH e NAWA, 2000).

A prevalência das enteroparasitoses, de forma geral, é maior em regiões

menos desenvolvidas. O crescimento acelerado dos centros urbanos, levando ao

estabelecimento de comunidades marginais com grandes aglomerados humanos,

geralmente desprovidos de infra-estrutura sanitária mínima, cria condições ótimas

para a transmissão de helmintos, como A.lumbricoides e T.trichiura (CASTIÑEIRAS

& MARTINS, 2003).

As infecções causadas por protozoários como E.histolytica / E.dispar,

G.lamblia, Isospora belli (I.belli) e C. parvum têm sido consideradas de grande


23

importância na saúde do homem, tanto em crianças (WALSH, 1986; SILVA, 1994;

MACHADO et al., 2001; JUNIOR, 2002), quanto em adultos imunossuprimidos

(SODRÉ e FRANCO, 2001). Causam quadro de diarréia secretora com perda de

nutrientes, como magnésio, zinco, ferro e cobre em quantidades importantes,

acompanhada de severa desidratação, que pode levar à morte (SOLOMONS, 1993;

SODRÉ e FRANCO, 2001; JUNIOR 2002).

E. histolytica pertencente ao complexo E. histolytica / E. dispar é

responsável pela amebíase no homem, sendo comum em indivíduos de países em

desenvolvimento. Na grande maioria dos casos a parasitose é assintomática. Porém,

pode causar lesões graves na mucosa intestinal, ocorrendo processo inflamatório e

úlceras, provocando cólica, diarréia com perda de muco e sangue, podendo o

protozoário migrar para outros órgãos como fígado e pulmão, formando abscesso

(HAQUE, 2003; NEVES 2003). E. histolytica acha-se amplamente dispersa no

mundo e produz doença e morte por colite e abcesso hepático. Aproximadamente

10% da população mundial têm o parasito, embora uma percentagem muito menor

sofra da doença. Em alguns países, como o México, a amebíase acha-se entre as

10 principais causas de morte, e no mundo inteiro somente os parasitos da malária e

da esquistossomose causam um número maior de mortes. Embora E. histolytica /

E.dispar produza um amplo espectro de moléstias, como dito anteriormente, a

maioria dos infectados não apresenta sintomas, cerca de 10% têm algumas

evacuações soltas e uma percentagem muito menor sofre de disenteria

sanguinolenta ou abcesso hepático (HAQUE, 2003).

Nos países em desenvolvimento é muito comum ocorrer infeçcões por G.

lamblia, uma das principais causas de diarréia nesses países. Os indivíduos


24

contaminados podem ser assintomáticos, ou apresentarem síndrome de má

absorção, com diarréia aguda ou persistente, associada a cólicas e intensas

formações de gases (NEVES 2003). Indivíduos desnutridos e imunossuprimidos

apresentam maior facilidade de desenvolver a giardíase e ter persistência da

infecção. Barreiras de proteção do hospedeiro, como a acidez gástrica, estão

diminuídas no desnutrido, interferindo no desenvolvimento dessa parasitose

(SULLIVAN et al., 1990). Como os parasitos tendem a aderir ao revestimento da

mucosa intestinal, a infecção pode ser difícil de diagnosticar, sendo muitas vezes

necessário, exames de fezes múltiplos (SOLOMONS, 1993).

G. lamblia em países desenvolvidos, corresponde a um dos parasitos

mais freqüentes. Ocorrem em nadadores, campistas, homosexuais, viajantes

internacionais, pessoas que vivem em determinadas condições de habitação como:

refugiados, anciões em instituições para a terceira idade e indivíduos com

transtornos mentais recolhidos em sanatórios. Nesses países a principal fonte de

infecção é a transmissão hídrica (CAÑETE et al., 2004).

BRANTLEY (2003) relata que o C. pavum é um patógeno oportunístico de

indivíduos com a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e de crianças,

presente em amostras de fezes de pacientes com diarréia. Sua contaminação pode

ocorrer de um indivíduo para o outro e pelo uso de água e alimentos contaminados.

Indivíduos com deficiência imunológica, como crianças desnutridas contaminadas

por esse parasito, desenvolvem diarréia crônica (ENRIQUEZ, 1997).

MOURA et al. (1989) relatam que a infecção por I. belli era pouco

observada antes do surgimento da infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida


25

(HIV), passando a ser encontrada freqüentemente em pacientes com AIDS

(PESSOA & MARTINS, 1988; DEHOVITZ et al., 1986).

Nos últimos anos, o protozoário Blatocystis hominis (B. hominis) tem sido

relatado como um agente responsável por doença intestinal de gravidade

comparável à causada pelos protozoários anteriormente citados (SHEEHAN et al.,

1986; NETO et al., 2003). Segundo SHEEHAN, RAJUCHER e MCKITRICK (1986),

B. hominis não tem parede celular, apresenta corpo central protegido por membrana,

tem mitocôndria característica de protozoário e, exibe extensão e retração

pseudópoda. Sua reprodução é por divisão binária ou esporulação, é anaeróbio

estrito, normalmente requer bactérias para o seu crescimento, que são fagocitadas

junto com debris. O crescimento ótimo deste organismo ocorre em pH neutro a 37ºC.

B. hominis possui cistos com parede fina, e cistos com parede espessa.

Provavelmente, os cistos com parede fina são auto-infectantes, ou seja, multiplicam-

se no trato intestinal, enquanto que os de parede espessa promovem a transmissão

externa através da rota fecal-oral. Este tipo de ciclo de vida pode explicar o elevado

índice de portadores, detectados em vários estudos, que mostram que a prevalência

de pacientes com B. hominis é muito elevada (ALBRECHT et al.,1995).

É um protozoário com taxonomia e patogenia ainda incertas. Alguns

pacientes contaminados apresentam diarréia, cólica, náusea, febre, vômito e dor

abdominal, porém em muitos desses casos existe associação com outros agentes

como bactérias, vírus ou protozoários potencialmente patogênicos (FAUCI et al.,

1998). Estudos sugerem que a infecção sintomática por B. hominis que responde à

terapia, provavelmente representa a eliminação conjunta de outros organismos


26

patogênicos não detectados, como E. histolytica ou G. lamblia (ALBRECHT et

al.,1995).

Quando está presente em grande quantidade e, na ausência de outros

parasitos, bactérias ou vírus, pode ser a causa desses sintomas e a terapia pode ser

necessária. Em pacientes com associação de outros patógenos, os sintomas podem

ser mais proeminentes. No entanto, como ainda existe controvérsia em relação à

sua patogenicidade, devem ser estimulados mais estudos sobre o assunto.

Dentre as helmintoses intestinais, destaca-se a importância da infecção

por A. lumbricoides, que é um helminto de transmissão fecal-oral e que é

considerado como um dos parasitos mais comuns, com estimativa mundial de 1,5

bilhões de pessoas afetadas (CHAN et al., 1994). A prevalência desse parasito pode

estar associada a fatores endógenos do indivíduo e/ou fatores exógenos

(ambientais) (COSTA-MACEDO et al., 1998), além da própria biologia do parasito,

uma vez que seus ovos apresentam resistência a vários medicamentos (MASSARA

et al., 1991) e agentes químicos (PESSOA & MARTINS, 1988). No Brasil, tem sido

encontrado em pré-escolares e escolares (GIRALDI et al., 2001; QUADROS et al.,

2004), em aldeias indígenas da Amazônia Oriental Brasileira, no sudeste do Pará e

no sertão de Pernambuco (MIRANDA et al., 1998; FONTBONNE et al., 2001).

Seus ovos têm sido amplamente encontrados em hortaliças, facilitando

sua transmissão. A infecção por A. lumbricoides pode não ser aparente e notada

apenas quando feito o exame parasitológico de fezes, quando ocorre a eliminação

da sua forma adulta junto com as fezes, ou quando subindo pela garganta, sair

através da boca ou do nariz. A infecção com numerosos vermes pode resultar em


27

uma pneumonite durante a fase migratória, quando as larvas que tiverem saído dos

ovos ingeridos, no lúmen do intestino delgado, penetram nos tecidos e por meio dos

sistemas linfático e sanguíneo atingem os pulmões. Então, as larvas se separam dos

capilares pulmonares, ascendem para a garganta e descem para o intestino delgado

novamente, onde crescem e atingem a forma adulta (COELHO et al., 2001;

GUIMARÃES et al., 2003).

Outro nematoda de grande importância é o S. stercoralis, causador da

estrongiloidíase, que ocorre em todos os climas tropicais e temperados. A

contaminação humana se dá pela penetração cutânea das larvas filariformes de

terceiro estágio, que após essa penetração, entram nos vasos cutâneos e são

transportadas para os pulmões. Migram então via árvore respiratória é engolida com

a saliva, e finalmente atingem o intestino delgado onde evoluem para fêmeas

partenogenéticas, especialmente no duodeno e no jejuno superior. A forma adulta

localisa-se preferencialmente na mucosa do intestino, produzindo ovos que se

desenvolvem rapidamente em larvas rabditoides observadas nas fezes (KIM et al.,

2003).

A estrongiloidíase é uma das mais importantes helmintíases em países

tropicais e estudos epidemiológicos têm demonstrado associação desta parasitose

com o vírus HTLV-1 (Human T cell Lymphotropic Virus Type 1). Em regiões onde

estes dois agentes são endêmicos, a coinfecção pode resultar no desenvolvimento

de formas disseminadas da estrongiloidíase, assim como em estrongiloidíase

recorrente. Indivíduos infectados pelo HTLV-1 apresentam redução na produção de

Interleucinas (IL), IL-4, IL-5, IL-13 e Imunoglobulina (Ig) E, componentes

participantes dos mecanismos de defesa contra S. stercoralis. Estas anormalidades


28

constituem a base para a ocorrência de maior freqüência e de formas mais graves

da estrongiloidíase em pacientes infectados pelo HTLV-1 (PORTO et al., 2002).

O T. trichiura se comporta no organismo de forma semelhante ao

A.lumbricoides, mas as larvas não migram para outros órgãos sofrendo mudas e

amadurecimento no intestino, e quando adultos são menores que A. lumbricoides.

Existem casos assintomáticos ou perturbação do trato digestivo com diarréia, além

de sintomas tóxicos ou alérgicos. Seus ovos são encontrados no solo e podem

contaminar fertilizantes ou adubos, onde embrionam, podendo posteriormente

contaminar as colheitas. O homem será infectado ao ingerir os produtos dessa

colheita, crus ou mal cozidos (NOEMI, 1999).

Segundo NOEMI (1999), os ovos são normalmente encontrados nas fezes

e a morfologia típica leva à identificação com facilidade. Não são infectantes assim

que eliminados, mas exigem um período de tempo no solo, durante o qual os ovos

se tornam embrionados, sendo essa a forma contaminante para o homem.

Conforme PRITCHARD et al. (1990), as espécies de ancilóstomos mais

importantes para a saúde pública são Necator americanus (N.americanus) e

Ancylostoma duodenale (A. duodenale). Sua biologia varia de forma consideravel e

possivelmente reflete a maneira que essas espécies contaminam o hospedeiro

humano e sobrevivem dentro dele. A. duodenale é considerado o parasito mais

oportunista, sendo mais virulento, e parece ser menos adaptado ao hospedeiro em

comparação com N. americanus, pois A. duodenale tem vida relativamente curta.

Pode-se dizer que A. duodenale tem maior probabilidade de infectar seu hospedeiro,

com a produção de um número maior de ovos, sincronizando a saída máxima dos


29

ovos com a estação mais favorável para o desenvolvimento da vida livre, e tendo

larvas robustas, capazes de infectar tanto oral como percutaneamente.

Segundo HOTEZ et al. (2004), a infecção humana causada pelos

nematóides N.americanus e A. duodenale, é transmitido através do contato com solo

contaminado. É uma das infecções crônicas mais comuns, com 740 milhões de

casos estimados em áreas de propriedades rurais nos trópicos e subtrópicos. Hoje

em dia, a infecção acha-se entre as doenças tropicais mais importantes entre

humanos. N. americanus é mais amplamente distribuído, enquanto que A.

duodenale é mais restrito geograficamente.

O solo de praças e parques públicos constitui via de transmissão para

zoonoses parasitárias, uma vez que a eliminação de fezes por carnívoros

domésticos que têm acesso aos locais de recreação pública pode resultar na

contaminação por ovos de helmintos. Um dos mais freqüentes é o Ancylostoma spp,

um geohelminto que parasita cães e gatos, e eventualmente, afeta seres humanos,

provocando a “larva migrans cultânea” (LMC). A LMC é decorrente do contato direto

da pele do ser humano com a larva do terceiro estádio de Ancylostoma spp,

presente no solo ou em fômites contaminados com fezes de cães. Após penetração

na epiderme, as larvas migram no tecido subcutâneo ocasionando reações

inflamatórias caracterizadas por prurido intenso e erupções de aspecto serpiginoso,

observadas mais freqüentemente nos membros inferiores, principalmente nos pés,

nádegas e mãos e menos comumente em outras regiões como o couro cabeludo e

face. No Brasil é causada pelas larvas de Ancylostoma braziliense e Ancylostoma

caninum, sendo mais freqüente na região litorânea. O potencial zoonótico é maior

para crianças, que são mais expostas ao brincarem com o solo de locais que podem
30

estar contaminados, como praias e caixas de areia de parques de recreação

(SANTARÉM et al., 2004).

Como já mencionado anteriormente, a ocorrência de parasitoses

intestinais está relacionada à falta de políticas sanitárias, como também às

condições sócio-econômicas precárias da população e por isso são mais freqüentes

nos países em desenvolvimento (LUDWIG et al., 1999).

FERREIRA et al. (2000) demonstrou com seu trabalho realizado na

cidade de São Paulo que houve uma redução da prevalência de enteroparasitoses

de 30,9% no ano de 1994 para 10,7% em 1996, atribuindo essa redução às

melhorias realizadas no abastecimento de água da região como também no sistema

de esgoto. Este resultado demostra que há relação inversa entre a prevalência de

infecções por parasitos intestinais e o acesso da população a ligações de água e

esgoto (LUDWIG et al., 1999).

Assim, torna-se fácil entender que os principais fatores determinantes

para a alta freqüência de parasitoses intestinais são a baixa renda familiar e as

condições precárias de higiene (TAVARES-DIAS & GRANDINI, 1999), sendo,

portanto, de grande importância a eliminação do risco de infecção para que haja

redução do grau de parasitismo (MACHADO et al., 1999).

O diagnóstico laboratorial das enteroparasitoses é outro ítem que contribui

de forma importante para a redução do grau de parasitismo, constituindo recurso

indispensável para os estudos epidemiológicos e programas de implementação de

medidas sanitárias.
31

A utilização de um conjunto de técnicas sensíveis e específicas contribui

para um diagnóstico preciso que permita tratamento adequado e cura dos pacientes.

Nesse conjunto de técnicas estão incluídos os métodos diretos através da

demonstração morfológica dos parasitos (exame parasitológico de fezes), a

demonstração de antígenos nas fezes e como auxiliares, os métodos indiretos e

complementares, através da demonstração de anticorpos no sangue, presença de

eosinifilia sangüínea e presença de CCL.

2.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS PARASITOSES


INTESTINAIS POR EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

No diagnóstico laboratorial das enteroparasitoses é usado o exame

parasitológico de fezes (EPF) para detectar a presença dos parasitos.

No exame macroscópico do material fecal são observados: consistência,

odor, presença de elementos como muco, sangue, helmintos adultos ou suas partes

(NEVES, 2003). No exame microscópico, são observados os ovos ou larvas dos

helmintos, cistos, trofozoitos ou oocistos dos protozoários. Esses exames ainda

podem ser: quantitativos, onde é feita a contagem dos ovos nas fezes; e qualitativos,

os mais usados, onde são pesquisadas as formas parasitárias (MACHADO et al.,

2001; NEVES, 2003).

A quantificação de ovos de helmintos nas fezes serve para estimar a

intensidade da infecção, a qual indica a gravidade da parasitose e pode ajudar na

cura do hospedeiro. Além disso, sabendo-se a intensidade da infecção, pode-se


32

estimar o grau de contaminação dentro da família ou na comunidade e ainda avaliar

as condições de saneamento do ambiente em que o hospedeiro vive (NEVES,

2003).

É importante ressaltar que a detecção e a identificação correta e segura

dos parasitos, depende em parte de uma boa colheita e conservação do material,

bem como da experiência e do conhecimento do profissional que está realizando o

exame.

Durante o exame do material fecal, devem ser considerados vários

aspectos da colheita dessa amostra, como o seu volume, o tipo de recipiente

utilizado, e o tempo decorrido entre a colheita e o processamento. O uso de várias

amostras aumenta a possibilidade de detecção dos organismos, em função da

intermitência de sua eliminação, aumentando a sensibilidade do método. É indicada

a realização do exame em no mínimo, três amostras, coletadas em dias alternados,

para garantia de boa sensibilidade (DE CARLI, 2001).

Podem ser utilizados diferentes conservantes para a preservação da

morfologia dos protozoários, e para evitar o desenvolvimento de ovos e larvas de

helmintos. Os conservantes mais utilizados são o mertiolato-iodo-formaldeído (MIF),

o fixador de Schaudinn, o acetato de sódio-ácido acético-formaldeído (SAF) e a

formalina (solução de formaldeído) (DE CARLI, 2001).

O MIF fornece a coloração e a preservação de helmintos e protozoários,

possibilitando o exame direto, dispensando a necessidade de outro corante. Porém,


33

no diagnóstico de protozoários intestinais, não apresenta bons resultados (DE

CARLI, 2001) indicado o emprego de corantes permanentes.

A formalina tem a propriedade de fixar e preservar estruturas de

protozoários e helmintos, as quais são importantes para o diagnóstico. Recomenda-

se o uso de duas concentrações desse conservante, sendo: 5% para conservar

cistos de protozoários, e 10% para conservar ovos e larvas de helmintos e oocistos

de coccídeos (DE CARLI, 2001), tem a desvantagem de não fazer boa preservação

de trofozoítos de protozoários, assim como de amostras para fins de coloração

permanente. Dessa forma, recomenda-se o uso de outro conservante, sendo o

Shauddinn e o SAF os mais indicados para esta finalidade (DE CARLI, 2001).

O fixador de Shauddinn é utilizado na preservação de amostras fecais e

na preparação de esfregaços permanentes corados para diagnóstico de protozoários

intestinais. Porém, esse tem como desvantagem a presença de bicloreto de mercúrio

(HgCl2), que é uma substância que produz vapores altamente tóxicos, os quais

podem ser absorvidos pela pele e mucosas, causando intoxicação crônica por

mercúrio (JENSEN et al., 2000; DE CARLI, 2001). A substituição do bicloreto de

mercúrio pelo sulfato de cobre (CuSO4. 5H2O) tem sido utilizada como alternativa

(HOREN, 1981), mas alguns estudos indicam que este composto não oferece uma

fixação adequada (GARCIA et al., 1983).

A alternativa que se teve de identificar todos os estágios dos parasitos

intestinais, utilizando-se a técnica de concentração e coloração permanente de

forma não tóxica, foi à utilização do fixador de SAF, desenvolvido por JUNOD

(1972), que tem menor ação corrosiva, além de eliminar a necessidade do


34

tratamento com iodo, dos esfregaços para coloração. O uso desse fixador oferece

um bom resultado no diagnóstico, além de eliminar os problemas ambientais

(GARCIA & ASH, 1979; MANK et al., 1995; HALE et al., 1996; GARCIA & SHIMIZU,

1998).

O uso de métodos laboratoriais específicos, que sejam sensíveis e de

baixo custo, é de grande importância no diagnóstico das parasitoses intestinais, já

que são recursos valiosos para o diagnóstico individual, podendo a demonstração

ser realizada em amostras fecais e em materiais biológicos como o escarro, aspirado

duodenal e lavado broncoalveolar (DE CARLI, 2001).

2.2.1 EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES DIRETO, SEM


CONCENTRAÇÃO

Um dos métodos uzados para a pesquisa de parasitos nas fezes é o

exame direto “a fresco”, método esse que utiliza material recentemente coletado e

diluído em solução salina a 0,85%. Essa técnica é indicada para a pesquisa de

trofozoítas de protozoários, verificando-se sua motilidade, uma vez que preserva sua

viabilidade. Entretanto, trata-se de um método com baixa sensibilidade, já que utiliza

pouca quantidade de material fecal (DE CARLI, 2001).

2.2.2 EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES POR MÉTODOS DE


CONCENTRAÇÃO

Os métodos de concentração estão entre os mais utilizados nos

laboratórios de rotina (MELLO et al., 2000). Essas técnicas têm como um dos

objetivos aumentar a possibilidade de encontro dos parasitos na amostra separando-

os, através de diferenças de densidade dos óleos, gorduras e detritos fecais, que
35

possam atrapalhar sua identificação (DE CARLI, 2001). As técnicas de

sedimentação podem ser realizadas por sedimentação espontânea ou por

centrifugação.

A técnica de sedimentação espontânea, conhecida como método de

LUTZ (1919) ou HOFFMAN, PONS & JANER, 1934 (HPJ), é realizada através da

sedimentação por ação da gravidade dos ovos e larvas de helmintos e cistos de

protozoários. As fezes são diluídas em água e filtradas em uma gaze, para um copo

cônico de sedimentação, devendo permanecer em repouso por pelo menos duas

horas, quando o sedimento é recolhido com o auxílio de uma pipeta e observado à

microscopia ótica (LUTZ, 1919; HOFFMANN, PONS & JANER, 1934). Por empregar

material de baixo custo, a técnica tem sido amplamente utilizada nos estudos

epidemiológicos (COELHO et al., 1999; LUDWIG et al, 1999, MACHADO et al.,

1999; TAVARES-DIAS et al., 1999; ALVES et al., 2003; FERREIRA et al., 2003).

A técnica de sedimentação por centrifugação descrita por RITCHIE em

1948 baseia-se na sedimentação através da centrifugação e na lavagem do material

com éter, um solvente orgânico que forma uma fase apolar, que retém os artefatos

vegetais e toda gordura contida na amostra, durante a centrifugação da suspensão

de fezes (RITCHIE, 1948). A amostra de fezes é emulsionada em água e filtrada em

um tubo cônico. Este material é então centrifugado e o sedimento obtido é lavado

até que o sobrenadante fique límpido. A este sedimento é adicionado o formol a

7,5% e éter, que após agitação do tubo previamente arrolhado, é novamente

centrifugado. Ao final da operação, observa-se a formação de quatro camadas

distintas: a superior com éter, a seguinte com detritos sólidos, a terceira aquosa e a

quarta constituída pelo sedimento biológico. Este último é corado pelo Lugol e
36

examinado entre lâmina e lamínula ao microscópio óptico. Tal método permite uma

boa concentração de parasitos, sendo amplamente utilizado em laboratórios de

rotina (CARVALHO et al., 2002).

O inconveniente do método é a utilização do éter, material inflamável,

volátil e explosivo. Por isso, modificações têm sido sugeridas por alguns autores,

como por exemplo, a substituição do éter pelo acetato de etila, que além de ser

menos inflamável, aumenta a eficiência do método na detecção global de formas

parasitárias, especialmente cistos de G. lamblia e ovos de Hymenolepis nana (H.

nana), sem ocasionar distorções nas mesmas (CARVALHO et al., 2002).

O método de concentração por centrifugação – Coprotest (NL- Comércio

Exterior, São Paulo - SP), é um método padronizado, recomendado atualmente para

o diagnóstco individual das parasitoses intestinais e nos inquéritos epidemiológicos.

A técnica é baseada no método de Ritchie, sendo realisada da seguinte forma:

Utiliza formol tamponado a 10% como líquido conservante e diluente, presente num

frasco coletor padronizado, que contém um filtro cônico que serve para filtrar as

fezes após sua vigorosa homogeneização. O material é transferido para um tubo de

centrífuga, adicionando-se detergente e um clarificante (acetato de etila) e

centrifugado para a obtenção do sedimento. Há algumas vantagens com o uso

desse método, como: menor contato com o material fecal, aumentando a

biossegurança, a eliminação dos odores comuns quando se utilizam outras

metodologias, há uma padronização da técnica, o que é importante em inquéritos

parasitológicos (CERQUEIRA, 1988). Além disso, o Coprotest, segundo alguns

autores, parece ser mais eficiente na detecção de B. hominis (MELLO et al., 2000;

FIORITI et al., 2001; CARVALHO et al., 2002).


37

Os métodos de concentração por flutuação fundamentam-se no princípio

da diferença de densidade específica dos cistos de protozoários e ovos de helmintos

e o material fecal, a fim de que esses organismos flutuem na superfície do reagente

com densidade específica (DE CARLI, 2001).

O método de centrifugação por flutuação ou centrifugo-flutuação em

sulfato de zinco, foi descrito por FAUST e colaboradores em 1938, tendo como

finalidade o diagnóstico de enteroparasitos, especialmente os cistos de protozoários.

São utilizadas fezes frescas ou preservadas, as quais são centrifugadas para a

lavagem do material fecal, previamente filtrado após a suspensão em água

destilada. Em seguida, é feita ressuspensão do material em solução de sulfato de

zinco a 33%, com densidade de 1,18 g/mL. Dessa forma, cistos de protozoários e

ovos leves de helmintos flutuam, concentrando-se numa película fina na superfície

do sobrenadante, que é transferido para uma lâmina, com o auxílio de uma alça de

platina e coberto por lamínula para que seja examinada ao microscópio óptico

(CIMERMAN & CIMERMAN, 1999).

A técnica de concentração por flutuação foi desenvolvida por WILLIS em

1921, e utiliza a capacidade de determinados ovos de helmintos de flutuarem na

superfície de uma solução saturada de cloreto de sódio, cuja densidade é de 1,20

g/mL, e aderirem ao vidro (DE CARLI, 2001). Para isso, as fezes são emulsionadas

nesta solução, filtradas e transferidas para um tubo de fundo redondo até a borda.

Acrescenta-se a seguir, algumas gotas de solução saturada de cloreto de sódio para

a formação de um menisco, onde é colocada uma lamínula. Após alguns minutos,

essa lamínula é removida e invertida rapidamente sobre uma lâmina para leitura ao

microscópio óptico.
38

Os métodos de BAERMANN & MORAES (1917) e o de RUGAI, MATOS e

BRISOLA (1954), baseiam-se no hidro-termo-tropismo das larvas de nematódeos,

associado à ação da gravidade e na tendência destas a sedimentarem. As técnicas

consistem em colocar as fezes recém emitidas em contato com água aquecida entre

40 e 45oC por 1 hora. Durante esse tempo, as larvas que estiverem presentes nas

fezes migram para o meio líquido de temperatura superior, se depositando no fundo

do recipiente utilizado como suporte. O sedimento é retirado com o auxílio de uma

pipeta e examinado entre lâmina e lamínula ao microscópio ótico (CIMERMAN &

CIMERMAN, 1999; DE CARLI, 2001).

2.2.3 MÉTODOS DE COLORAÇÃO DE PROTOZOÁRIOS

Alguns métodos diretos os quais utilizam corantes temporários, como

Lugol, podem ser empregados como auxiliares na identificação e diferenciação dos

parasitos. Porém, têm algumas desvantagens quanto à presença de material

orgânico, dificultando a visualização das estruturas internas dos parasitos,

especialmente dos protozoários, o que exige uma considerável experiência do

observador (ESTEVEZ & LEVINE, 1985; MACHADO et al., 2001; SHARP et al.,

2001). Estas desvantagens podem ser contornadas pelo emprego de métodos de

fixação e coloração permanentes, garantindo uma definição clara e segura da

morfologia dos parasitos (GARDNER et al., 1980; JENSEN et al., 2000; DE CARLI,

2001). Sendo assim, é recomendado o uso de esfregaços corados

permanentemente nos exames parasitológicos de rotina (JENSEN et al., 2000; DE

CARLI, 2001). Dentre as colorações mais comumente empregadas para o estudo

dos protozoários intestinais, estão a hematoxilina férrica (MACHADO et al., 2001;


39

FERREIRA, 2003) e o tricrômico de Wheatley (ESTEVEZ & LEVINE, 1985;

KELLOGG & ELDER, 1999).

Para obtenção de um EPF com boa sensibilidade, é importante que o

laboratório execute pelo menos três técnicas (sedimentação seguida por coloração

permanente, flutuação para ovos leves e sedimentação de larvas), uma vez que

juntas elas possibilitam melhores resultados (SOUZA, 2005).

Objetivando essa melhoria do diagnóstico das enteroparasitoses, outras

técnicas devem ser associadas ao EPF, como pesquisa de antígenos e de CCL nas

fezes (HAQUE et al., 1998) e pesquisa de eosinófilos no sangue periférico

(MAIZELS and BALIC, 2004).

2.3 EOSINOFILIA

Os eosinófilos são granulócitos derivados da medula óssea, mais

freqüentemente encontrada nos fluidos teciduais que no sangue, dentro da camada

epitelial dos intestinos, trato respiratório e pele. Liberam proteínas que são tóxicas

para os organismos parasitários e podem lesar tecidos normais (ABBAS et al.,

2003).

Por se encontrarem nesses locais, atribui-se aos eosinófilos um

importante papel na desintoxicação, ou seja, o mais importante papel dessas células

é participar nas reações de defesa humoral contra certos corpos estranhos e,

principalmente, contra proteínas introduzidas no organismo por via digestiva,

parenteral, cutânea ou respiratória, o que parece estar de acordo com a distribuição


40

dessas células ao longo das barreiras epiteliais, tanto dos intestinos como das vias

respiratórias e epiderme (HENRY, 1999).

Muito se têm discutido sobre sua função no organismo. Existem

eosinófilos no sangue periférico, normalmente na proporção de 2 a 4% e sua

duração de vida é de 8 a 12 dias. No entanto, essa proporção não é constante e

guarda relação com a idade, o sexo e condições de saúde. Caracterizam-se

funcionalmente por atuarem como células fagocitárias, intervirem nos fenômenos de

citotoxidade celular dependente de anticorpos, e particularmente, no controle das

reações de hipersensibilidade tipo I (ABBAS et al., 2003).

Eosinofilia significa o aumento de eosinófilos e esse processo é

observado em alergias e em diferentes moléstias em fase aguda ou de reagudização

(ABBAS et al., 2003).

Uma das causas da eosinofilia é a presença de pasitos intestinais com

uma fase extradigestiva em seu ciclo de vida (CONTI et al.,1999).

Há mais de 100 anos estuda-se a relação entre eosinófilos e infecções

por helmintos, e há quase 30 anos, o papel dos eosinófilos foi descrito como o

principal efeito celular na proteção imune antihelmintica (BEHM et al., 2000;

MAIZELS and BALIC, 2004).

Reações alérgicas podem ser também observadas em presença de

protozoários. Amebíase, giardíase e blastocistose foram reportados como fatores

etiológicos causadores de alergia em animais e humanos (USTUN et al., 2004).


41

PEREIRA et al. (1999) realizaram uma pesquisa em Vitória, Espírito

Santo, na qual demonstraram que abscesso hepático piogênico é freqüente em

crianças que vivem em condições sócio-econômicas deficientes, e que está

freqüentemente associado com eosinofilia e parasitoses intestinais.

Muito se sabe sobre a indução de apoptose em células hospedeiras por

patógenos intracelulares como vírus, bactérias e parasitos. Por exemplo: apoptose

de células epiteliais do colon humano foi observada após infecção da mucosa com

HIV-1, por patógeno entérico invasivo como Salmonella e também por Escherichia

coli (KIM et al., 1998). Infecção de células epiteliais da vesícula biliar ou de células

intestinais como C. parvum também causa a morte da célula hospedeira. No entanto,

pouco se sabe sobre a indução de apoptose em eosinófilos por componentes

secretórios de helmintos. A regulação de apoptose em células hospedeiras é um

mecanismo de virulência recentemente reconhecido para vários parasitas

intracelulares. Estudos sugerem que parasitos intracelulares controlam a apoptose

de células hospedeiras para sobreviverem nas células infectadas e espalharem a

infecção (SHIN, 2000).

Já foi demonstrado que os eosinófilos são células importantes na morte

de helmintos parasitos, em cultura “in vitro”. No entanto, “in vivo” essa atuação tem

sido mais difícil de ser demonstrada. Em seções histológicas, foi observada estreita

relação entre eosinófilos e parasitos debilitados ou mortos, e correlações

significantes entre resistência a parasitos e a capacidade de induzir a eosinofiliia

após a infecção (MEEUSEN et al., 2000).


42

Já foi também observado, aumento do número de mastócitos e eosinófilos

como uma característica de infecção por helmintos. Inicialmente, pensava-se que

eosinófilos podiam funcionar como células reguladoras para amenizarem as reações

inflamatórias causadas pela degranulação de mastócitos. Demostração com

eosinófilos “in vitro” da eliminação do Schistosoma em estágio larval, redirecionou a

pesquisa, examinando seu papel como causador de resistência a infecções

parasitárias. Subseqüentemente, a eliminação “in vivo” por eosinófilos, foi também

demonstrada com uma variedade de nematodas de importância humana e animal.

Na maioria dos casos, essa função dos eosinófilos foi mais efetiva contra estágios

larvais, precisando da cooperação de anticorpos e/ou complemento para a

eliminação máxima. Ademais, em várias instâncias, foi demonstrado que os

eosinófilos precisam estar em um estado de ativação para atingirem ótima atividade

de eliminação “in vitro”. Apesar desses estudos terem sido extremamente úteis em

definir os mecanismos precisos e as condições sob as quais a eliminação de

parasitos pode ser possível através da ativação de eosinófilos, essa demonstração é

mais difícil de ser feita “in vivo”, como já foi dito (MEEUSEN et al., 2000).

Muitas das recentes evidências que dão suporte ao papel de eosinófilos

em resistência a parasitos “in vivo”, foram fornecidas por observações histológicas

de amostras infectadas. Ainda não está claro se essas associações estão presentes

no momento da eliminação do parasito ou se são uma conseqüência da morte do

parasito (MEEUSEN et al., 2000).

Outra característica da resposta inflamatória inata, de especial relevância

nas infecções por helmintos é a presença de IL-5 (MEEUSEN et al., 2000).


43

Aumento significante de eosinófilos no sangue e na mucosa

gastrointestinal, assim como aumento de IL-5 (citocina da célula Th2 participante na

produção de eosinófilos), ocorrem em infecções causadas por nematodas, como por

exemplo, na estrongiloidíase (ONAH & NAWA, 2000; TRISTÃO-SÁ et al., 2002; KIM

et al., 2003).

A descoberta de que a população de células T auxiliares (CD4+) é

heterogênea e constituída por subpopulações de células denominadas linfócitos T

auxiliares do tipo 1 (Th1) e linfócitos T auxiliares do tipo 2 (Th2), tem contribuido

para um melhor entendimento da resposta imune nas doenças parasitárias. As

células Th1 secretam interleucina-2 (IL-2), IFN- γ, fator de necrose tumoral (TNF-

alfa) e fator de necrose tumoral-b (TNF-beta) e são responsáveis pela resposta

imune celular, enquanto as células Th2 secretam IL-4, IL-5 e IL-10 e cooperam,

predominantemente, com os linfócitos B na produção de anticorpos (FINKELMAN, et

al., 1999). Embora os mecanismos de defesa contra helmintos não sejam totalmente

conhecidos, existem evidências de que a resposta Th2, através da síntese de IL-4,

IL-5, e conseqüente produção de IgE, eosinofilia e mastocitose está envolvida na

destruição do parasito. Em modelos experimentais há uma associação entre a

resposta de células Th2 e a proteção contra diversos helmintos (FINKELMAN et al.,

1997). Interleucina-12 (IL-12) e IFN- γ inibem a imunidade protetora contra estes

parasitos (FINKELMAN, 1994). A produção de IL-4 é necessária para esta proteção,

limita a gravidade da infecção e tem efeito redundante, pois interfere na resposta

imune e diretamente na fisiologia do intestino, aumentando o conteúdo de fluidos no

trato digestivo. O acúmulo de fluidos é decorrente do aumento da permeabilidade

intestinal e redução da absorção de líquidos (FINKELMAN et al., 1997; GOLDHILL et

al., 1997). Como a interleucina-13 (IL-13) tem funções semelhantes a IL-4 e parece
44

compartilhar do mesmo receptor, esta citocina pode ter papel importante na

eliminação de enteroparasitas como o S. stercoralis (FINKELMAN & WYNN, 1999).

O mecanismo de defesa na mucosa contra parasitos intestinais também é

importante. A ligação de IgE contra antígeno parasitário a mastócito resulta em

liberação de histamina que pode lesar diretamente estes parasitos, como também

pode agir ativando e modulando a função de células lesivas para helmintos, como os

eosinófilos (NAWA et al., 1994). Esta atividade de defesa local seria dependente de

linfócitos Th2, por produzirem substâncias como interleucina-3 (IL-3) e IL-4 que

ativariam os mastócitos (PORTO et al., 2002).

Infecção por helmintos intestinais resulta em resposta imune envolvendo

citocinas produzidas por célula Th2, com produção de IgE, eosinofilia e mastocitose

e são comumente acompanhadas de diarréia e reações alérgicas (KAMINSKYL, et

al., 2004; USTUN et al., 2004). A citocina IL-5 foi identificada como fundamental no

crescimento e como fator de diferenciação responsável pela geração de eosinófilos

na medula óssea. Injeção de anticorpos monoclonais neutralizadores de IL-5 (anti-IL-

5) em ratos, resultou em efetiva eliminação da eosinofilia induzida por helmintos e

confirmou o efeito seletivo de IL-5 na eosinofilopoiese, demostrando o envolvimento

de eosinófilos na eliminação de parasitos “in vivo”. Também foram observadas

Intensas infiltrações de desgranulação de eosinófilos ao redor de larvas de S.

stercoralis (MEEUSEN et al., 2000).

Houve um crescimento na prevalência de doenças alérgicas nas últimas

décadas, dentre elas as parasitoses intestinais. Amostras de indivíduos com

sintomas alérgicos e a prevalência de helmintos e protozoários intestinais foi


45

avaliada como uma possível conexão entre parasitose e alergia. Reações de

hipersensibilidade podem iniciar e ativar o hospedeiro contra substâncias químicas

excretadas pelos parasitos (USTUN et al., 2004).

Foi demonstrado que fortes respostas de citocinas Th2 ocorrem

especialmente durante a fase crônica das infecções por helmintos (HOLT, 2000;

USTUN et al., 2004). Os de vida longa, principlamente, tem maior habilidade de

anular a resposta imune do hospedeiro, protegendo-se da eliminação (USTUN et al.,

2004).

Variados níveis de resposta inflamatória são acionados após a primeira

exposição ao patógeno, caracterizado por mudanças na circulação do sangue,

aumento da permeabilidade do sangue e recrutamento de células inflamatórias

(neutrófilos e eosinófilos) de zonas locais ou da circulação.

A resposta inflamatória inata pode ser iniciada por desgranulação não

específica de mastócitos do tecido e da ativação da via alternativa do complemento.

A ativação da cascata do Complemento resulta na geração de peptídeos derivados

do Complemento (anafilatoxinas) que possuem uma forte atividade de

desgranulação de mastócitos. Estudos demonstraram que helmintos podem ativar o

Complemento e absorver componentes complementares para a sua superfície. O

grau em que isso ocorre pode variar entre espécies distintas de parasitos e estágios

do parasito. Assim que é promovida a resposta inflamatória, a ativação do

Complemento é um mecanismo particularmente específico para ativar os eosinófilos

(MEEUSEN & BALIC, 2000).


46

Em infecções gastrointestinais, larvas e vermes adultos vivem no mesmo

nicho ambiental: o trato intestinal. Infecções por vermes adultos não estão

normalmente associadas a eosinofilia, mas induzem a uma hiperplasia de mastócitos

e modificam a produção de muco no trato gastrointestinal. Mastócitos, em particular,

têm estado associados com a expulsão de vermes adultos e com a rápida rejeição

de larvas após penetração, antes que possam se estabelecer no tecido

gatrointestinal. Vários estudos com infecções gastrointestinais de nematodas têm

sugerido que dois mecanismos separados podem ser ativos na rejeição de larvas

infectivas de nematodas gastrointestinais: um associado a mastócitos / leucócitos e

causa a expulsão das larvas antes que infectem o tecido (expulsão imediata) e a

segunda, resposta tardia, pode ser ativa contra larvas que tiveram êxito na

penetração do tecido gastrointestinal (rejeição tardia) (MEEUSEN & BALIC, 2000).

Em geral os eosinófilos estão ainda especificamente concentrados ao redor das

larvas, dentro de 24 horas após a infecção.

Em tempos em que o HIV tem causado a maior e mais devastadora

pandemia na história da humanidade, infecções parasitárias ainda permanecem

sendo um dos mais prevalentes tipos de infecção no mundo. Muitas das populações

com alto risco para HIV também vivem em áreas endêmicas de infecções

parasitárias intestinais, que são principalmente adquiridas na infância e que

permanecem como infecções crônicas na fase adulta. Há várias evidências de que

essas infecções por helmintos possam influenciar a progressão da AIDS, regulando

a resposta imunológica do hospedeiro, ambos a nível celular e humoral.

Honduras tem a maior prevalência de HIV/AIDS na América Central, e

também alta prevalência de infecções parasitárias. Ambas as infecções por


47

helmintos e protozoários são altamente prevalentes no país, e parasitos como S.

stercoralis, A. lumbricoides, T. trichiura e Ancilostomídeos, conhecidos por estarem

fortemente associados com a citoquina das células Th2, são acompanhadas por

eosinofilia. O estudo demostrou pela primeira vez a evidência epidemiológica de

grande grau de co-infecção entre helmintoses intestinais, infecção pelo HIV e

eosinofilia (KAMINSKYL, et al., 2004).

Mastócitos e seus mediadores inflamatórios também estão intimamente

associados com uma variedade de doenças intestinais, sugerindo que os parasitos

induzem a desgranulação de mastócitos e liberação de histamina. Mastócitos de

pacientes com doença inflamatória intestinal podem liberar grande quantidade de IL-

5 (USTUN et al., 2004).

Segundo SHEEHAN et al. (1986) foi observada eosinofilia em 11 (58%)

pacientes sintomáticos parasitados por B. hominis.

Na ascaridíase a eosinofilia aparece cerca de uma semana depois da

infecção, por conseguinte, durante a migração das larvas pelo organismo. Quando o

parasito se encontra no estado adulto no intestino, pode-se observar uma ligeira

elevação dos eosinófilos, em um terço dos casos (NOEMI, 1999).

A maioria dos estudos com relação à resposta imune contra helmintos

tem sido realizada em modelos experimentais e, nestes casos, existem evidências

de que tanto a resposta celular como de anticorpos, principalmente da classe IgE,

participam da defesa contra helmintos. O mecanismo de defesa contra o S.

stercoralis pode se dar através de respostas imunológicas que contribuam para


48

expulsão das larvas juntamente com as fezes e, através de mecanismos de

destruição do verme adulto ou das larvas durante a auto-infecção. Como em torno

das larvas observa-se infiltração de eosinófilos (POLTERA et al., 1974), e como tem

sido demonstrado que os grânulos liberados dos eosinófilos são tóxicos para as

larvas infectantes de S. stercoralis, tem sido aventada a possibilidade de que o

mecanismo de citotoxidade celular dependente de anticorpo (ADCC) seja uma forma

de defesa contra este helminto. Não só a elevação quantitativa de eosinófilos tem

sido demonstrada nos pacientes infectados por helmintos, mas também um aumento

da sua capacidade helmintotóxica (PORTO et al., 2002).

Também, Infecções com N. americanus e A. duodenale são

caracterizados por eosinofilia sagüínea, embora a dinâmica da resposta varie com a

espécie (LOUKAS et al., 2001).

A pesquisa de eosinófilos em materiais diversos, ajuda na elucidação

diagnóstica de numerosas patologias. O achado de eosinófilos na urina, ajuda na

confirmação de nefrite intersticial. No escarro e lavados brônquicos, são

característicos da asma brônquica. Nas fezes, são abundantes na desinteria

amebiana, enquanto que nas secreções nasal e conjuntival, sugerem processos

alérgicos. No líquor, embora não patognomônico, constitui dado importantíssimo no

diagnóstico de certos processos parasitários do sistema nervoso central, como na

cisticercose e na esquinococose (HENRY, 1999).


49

2.4 OS CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN

Desde que surgiram as descrições iniciais dos CCL há mais de 100 anos,

a presença destes cristais delgados e dipiramidais, nos tecidos humanos e nos

fluidos biológicos, tornou-se uma marca da infiltração dos leucócitos eosinofilos,

especialmente em associação com doenças alérgicas e helmínticas (WELLER et

al.,1980).

Os CCL foram considerados como constituídos por uma única proteína

detectável imunoquimicamente em centrifugados de células e em cristais

solubilizados, derivados de eosinófilos e basófilos humano, com atividade de

fosfolipases (WELLER et al., 1984).

A lisofosfolipase inativa os lisofosfolipídeos produzidos durante o

metabolismo da membrana e durante o processo de degranulação de eosinófilos,

principalmente, e de basófilos (WELLER et al., 1984; ACKERMAN et al., 2002).

A proteína do CCL inicialmente relatada como possuidora de fraca

atividade de lisofosfolipase, ainda é considerada como a lisofosfolipase do

eosinófilo, mas não exibe qualquer similaridade de seqüência com qualquer

lisofosfolipase conhecida. Pelo contrário, a proteína CCL tem similaridade de

seqüência, organização genômica e identidade estrutural próxima da dos membros

da superfamília das galactinas, e foi designada como galactina-10.

Para determinar definitivamente se a proteína do CCL é ou não uma

lisofosfolipase, ACKERMAN et al. (2002) reavaliaram sua atividade enzimática em


50

eosinófilos do sangue periférico. Cromatografia de afinidade de anticorpos foi usada

para eliminar a proteína CCL dos lisados de eosinófilos. Os lisados com CCL

removido retiveram sua atividade de lisofosfolipase, e esta atividade podia ser

bloqueada por inibidores anteriormente relatados como inibidores de enzima de

eosinófilos. Faltava à proteína dos CCL, purificada por afinidade, uma atividade

lisofosfolipase significativa. Esses resultados demonstraram definitivamente que

essa proteína não é uma das lisofosfolipases do eosinófilo, mas que ela interage

com as lisofosfolipases dessa célula.

Assim sendo, a presença de CCL nos exames laboratoriais pode indicar:

processo alérgico, asma, inflamações agudas, desinteria amebiana ou outras

parasitoses intestinais (WELLER et al., 1984).

Foi demonstrado que os CCL podem estar presentes no pulmão de

pacientes com asma, ascariase pulmonar e eosinofilia tropical. Podem ser

encontrados sozinhos ou junto com eosinófilos, no escarro e em secreções

pulmonares provenientes de pacientes que sofrem de alguma alergia ou asma, em

associação com um acrescido número de eosinófilos no sangue (WELLER et al.,

1984). Podem também ser encontrados em fezes de pacientes com amebíase,

tricuríase e colite ulcerativa, além de em granulomas causados pela presença de

helmintos (WELLER et al., 1984), e em tecidos, como por exemplo, o baço

(ACKERMAN,1993).

Abundância de CCL com presença de eosinofilia (17%), relacionadas à

resposta imune do organismo, foram encontradas através de investigação

histopatológico de abcesso hepático por A. lumbricoides (PENILLA et al., 2001).


51

Os CCL persistem no escarro, fezes e tecidos de pacientes com processo

inflamatório e eosinofílico e são resistentes à digestão proteolítica por quimiotripsina,

tripsina e pepsina. A atividade lisofosfolipase é ativada pelos CCL derivados de

eosinófilos humanos. Mesmo após a desintegração dos eosinófilos, os CCL

resultantes que são formados, podem representar um legado enzimaticamente ativo

que continua a funcionar até a degradação dos lisofosfolipídios. Devido ao fato dos

lisofosfolipídios serem gerados nos processos inflamatórios, e de poderem ter efeitos

citotóxicos em diversas células, a formação e persistência dos CCL em tecidos

humanos pode ter uma importante função biológica (WELLER et al.,1980).

Os CCL encontrados nos exames parasitológicos de fezes de pacientes

com parasitos intestinais apresentando manifestações clínicas como desinteria

amebiana, podem apresentar tamanhos diferentes. A sua presença indica uma

resposta imune, mas pode não estar relacionada com o aumento da eosinofilia na

corrente sangüínea (DE CARLI, 2001).

2.5 OS CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN E A RELAÇÃO DIRETA


COM A EOSINOFILIA

Desde a sua primeira descrição que a presença de CCL nos tecidos e

fluidos do organismo do homem, está associada a infiltrado eosinofílico (WELLER et

al., 1980), principalmente em processos alérgicos e nas helmintoses.

Os CCL têm sido encontrados em acúmulos de eosinófilos, como

granulomas associados a doenças parasitárias, em casos de asma brônquica e

leucemia (PUJOL-MOIX et al., 2003).


52

Há um relato de caso de um paciente de 22 anos que apresentava febre

há 20 dias, astenia, perda de peso e dor óssea. Também foram observado aumento

do fígado e edema intestinal e pulmonar. O exame de sangue demonstrou contagem

de eosinófilos com 34%. O exame de medula óssea demonstrou um aumento de

celularidade com 90% de formas eosinofílicas. O diagnóstico foi de síndrome de

hipereosinofilia idiopática. Após 24 horas, o paciente apresentou um quadro de

deterioração clínica severa. Foi realisado um novo exame de medula óssea, que

demonstrou quadro de necrose severa, com alguns eosinófilos remanescente e

grande quantidade de CCL. O paciente teve como tratamento o uso de predinisona,

hidroxiuréia e vincristina, tendo boa resposta em poucos dias (PUJOL-MOIX et al.,

2003).

A formação desses cristais “in vitro” após o rompimento de eosinófilos, em

salina hipotônica ou detergente, confirmou serem formados pela degradação dessas

células (WELLER et al., 1984). Essa associação foi observada também por PUJOL-

MOIX et al (2003) ao examinarem a medula óssea de um rapaz de 22 anos, com

síndrome de hipereosinofilia idiopática. Os autores puderam observar necrose

severa com presença de muitos CCL.

CCL são observados no pulmão de pacientes com asma, ascariose e

eosinofilia tropical e nas fezes de pacientes com amebíase, trichuríase ou colite

ulcerativa e em casos de granulomas causados pela presença de helmintos

(WELLER et al., 1980).

Podem aparecer em uma variedade de tamanhos, em diferentes regiões

do organismo. São observados em patologias causadas por fungos, como sinusite


53

alérgica (RANE, 2003; LIU et al., 2004) e aspergilose alérgica broncopulmonar

(CHEN, 1998). São observados também, na “síndrome da hipereosinofilia” (PUJOL-

MOIX et al., 2003), em lesão periapical (SILVER e SIMOM, 2000); em mastocitoma

(LAO et al., 1998), na doença de Hodgkin (CARSON e PELLETTIENE, 1996), na

sinovite idiopática eosinofílica (ATANES et al., 1996), na miocardite eosinofílica

(AOKI et al., 1996), sempre associados a aumento de eosinófilos.

Todos esses trabalhos demonstram que os CCL tem relação direta com

eosinofilia. Pode refletir resposta do sistema imunológico a estímulos parasitários, e

essa eosinofilia é geralmente observada em associação com a migração de larvas

de helmintos pelos tecidos do homem. Contagens particularmente elevadas de

eosinófilos são observadas durante a passagem pulmonar de larvas em indivíduos

hiperinfectados por S. stercoralis, A. lumbricoides e na primo-infecção por

Schistosoma mansoni (S. mansoni). A passagem de larvas pelo pulmão (ciclo

pulmonar), que freqüentemente é assintomática, pode produzir em alguns indivíduos

uma pneumonite de hipersensibilidade, que se manifesta geralmente com tosse

irritativa, dispnéia, broncoespamo, infiltrados pulmonares migratórios e eosinofilia

(CASTIÑEIRAS & MARTNS, 2003).

Segundo NOEMI (1999) tem sido visto que alguns parasitos, como o A.

lumbricoides, S.mansoni e Taenia taeniform que são capazes de liberar fatores

quimiotáticos para eosinófilos, quer seja diretamente ou através da ativação das

frações C3 a C5 do Complemento.

Na ascaridíase a eosinofilia aparece cerca de uma semana depois da

infecção, por conseguinte, durante a migração das larvas pelo organismo. Esta
54

migração pode afetar, sobretudo, o pulmão, causando a “síndrome de Löeffler”,

originada pela presença das larvas dos parasitos de que o homem é o principal

hospedeiro: A. lumbricoides, A. duedenale, N. americanus e S. stercoralis. Além

disso, o homem pode ser hospedeiro acidental das larvas de Toxocara canis, as

quais provocam granulomas inflamatórios no fígado, pulmão, olhos, encéfalo, etc.

(NOEMI, 1999).

Foi dito que, com exceção da isosporose e de alguns casos de

toxoplasmose ganglionar, os protozoários, qualquer que seja sua localização, não

produzem eosinofilia, essa afirmação sendo válida para a amebíase, a giardíase, a

tripanosomíase e o impaludismo (NOEMI, 1999).

No entanto, já se tem discutido sobre a possibilidade do mecanismo

imunológico ser o mesmo para helmintos e protozoários. Em 1984, MA e

colaboradores observaram a presença de CCL em associação a oocistos de I. belli

nos pacientes estudados, sendo que 61% dos casos apresentavam hipereosinofilia

(6-20%) e em 2002, AMIM observou a presença de CCL em amostras fecais de

pacientes infectados por B. hominis, C. parvum, E. histolytica / E. dispar e G. lamblia.

Após esses relatos sentimos a necessidade de investigar se a pesquisa

de cristais de Charcot-Leyden nas fezes deve ser usada como exame laboratorial

auxiliar no diagnóstico das enteroparasitoses.


55

3 HIPÓTESE

A pesquisa de Cristais de Charcot-Leyden nas fezes é um método auxiliar

eficaz no diagnóstico de parasitoses intestinais


56

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVOS GERAIS

Avaliar a eficácia da pesquisa de Cristais de Charcot-Leyden nas fezes,

como método laboratorial auxiliar no diagnóstico de parasitoses intestinais.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a freqüência de parasitoses intestinais em duas populações

distintas, a primeira constituída por crianças matriculadas em três creches

municipais e/ou municipalizadas de Niterói e a segunda constituída por

pacientes atendidos no Hospital Universitário Antônio Pedro no período

de janeiro a agosto de 2005.

Pesquisar a presença de cristais de Charcot-Leyden no material fecal das

populações estudadas.
57

Fazer a avaliação da eosinofilia em amostras de sangue das populações

estudadas, através da contagem da série branca específica.

Correlacionar eosinofilia sanguínea, presença de cristais de Charcot-

Leyden nas fezes e enteroparasitoses.


58

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 COMISSÃO DE ÉTICA

O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética do Hospital Universitário

Antônio Pedro (HUAP) – UFF. Protocolo No. 094 / 04.

5.2 POPULAÇÃO

5.2.1 CRIANÇAS DE CRECHES MUNICIPAIS E/OU


MUNICIPALIZADAS DE NITERÓI

Foram avaliadas amostras de fezes e sangue de 168 crianças de ambos

os sexos (79 meninos e 92 meninas), com faixa etária de 2 anos até 5 anos e 11

meses, matriculadas em três creches municipais e/ou municipalizadas de Niterói que

atendem às comunidades carentes (Creche Municipal Neuza Brizola, situada no

bairro da Engenhoca; Creche de Jurujuba, situada no bairro de Jurujuba e Creche

Municipal Casa da Criança, situada em Itaipú).


59

A amostra foi definida tomando por base a prevalência de parasitoses

intestinais em crianças de quatro áreas carentes da cidade do Rio de Janeiro (54%)

(MACEDO et al., 1998). Sendo assim, dividindo em 2 grupos por faixa etária,

teremos 84 crianças em cada grupo, o que nos dá a expectativa de obtermos pelo

menos 40 casos positivos por grupo, o que nos proporciona uma análise estatística

segura dos dados.

O recrutamento dessa população foi feito através das creches, sendo

solicitada à secretaria de educação do município de Niterói permissão para que a

equipe tivesse livre acesso às creches para o desenvolvimento do projeto com as

crianças.

TERMO DE CONSENTIMENTO

Foi solicitada a assinatura dos pais ou responsáveis pela criança do termo

de consentimento, para que a criança pudesse participar do presente estudo. A

equipe responsável pela pesquisa colocou-se inteiramente à disposição para todo e

qualquer esclarecimento que os pais/responsáveis solicitassem.

TRATAMENTO

As crianças com exame parasitológico de fezes positivo e/ou com

alteração na hematoscopia, foram encaminhadas para tratamento em postos de

saúde do município.
60

5.2.2 PACIENTES ATENDIDOS NO HUAP

Foram avaliadas amostras de fezes e de sangue de 369 pacientes

atendidos no HUAP, no período de janeiro a agosto de 2005, com solicitação de

exames laboratoriais (hemograma e exame parasitológico de fezes).

A amostra foi selecionada considerando pelo menos 5 amostras positivas

para cada parasito intestinal, para possibilitar análise estatística.

5.3 MÉTODOS LABORATORIAIS

5.3.1 CONTAGEM DA SÉRIE BRANCA ESPECÍFICA

5.3.1.1 Crianças matriculadas em creches municipais e/ou municipalizadas

de Niterói.

A contagem da série branca específica foi determinada a partir do sangue

colhido de picada de dedo com lanceta apropriada. Foram preparados esfregaços

sanguíneos posteriormente corados pelo Wright (DE CARLI, 2001).

Os esfregaços foram analisados ao microscópio óptico com aumento de

1000X e a contagem das células foi feita com auxílio de contador diferencial de

células. Os resultados foram expressos em percentual, sendo considerados como

valores normais, os listados na tabela abaixo (OLIVEIRA LIMA et al., 1992).


61

SÉRIE BRANCA VALORES NORMAIS (%)


Basófilos 0a1
Eosinófilos 2a4
Mielócitos 0
Metamielócitos 0a1
Bastões 3a5
Segmentados 55 a 65
Linfócitos 20 a 30
Monócitos 4a8

5.3.1.2 Pacientes atendidos no HUAP

O material sangüíneo foi processado no Laboratório de Hematologia do

HUAP, em aparelho de automação (Cell Dyn 2700 - ABOTT) e o esfregaço

sangüíneo posteriormente analisado ao microscópio óptico onde foi feita a contagem

das células brancas com auxílio do contador diferencial de células, com resultado

em percentual, sendo considerado como valores normais, os listados na tabela

acima (OLIVEIRA LIMA et al.,1992).

Os procedimentos foram executados segundo o protocolo do Laboratório

de Hematologia do HUAP.

5.3.2 EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

5.3.2.1 Crianças matriculadas em creches municipais e/ou municipalizadas

de Niterói

Sedimentação por centrifugação: Coprotest - feito segundo as instruções do

fabricante (NL- Comércio Exterior Ltda., São Paulo, SP).


62

As fezes contidas no frasco coletor contendo Formol 10% foram

homogeneizadas, e em seguida, 7 mL do homogenato foram transferidos para tubo

cônico de plástico, adicionando-se 1 gota de detergente doméstico e 3 mL de

acetato de etila. O tubo foi arrolhado e agitado vigorosamente por 10 segundos.

Após este período, o tubo foi destampado e tampado rapidamente, para liberar a

pressão e então centrifugado a 1500 rpm por 2 minutos, sendo o sobrenadante

cuidadosamente desprezado e o sedimento ressuspenso com 7 mL de água

destilada. O material foi novamente centrifugado a 1500 rpm por 2 minutos e o

sobrenadante, descartado. Ao sedimento foram acrescentadas 1 gota de Lugol

(mercúrio + iodo + formol) e 1 gota de solução fisiológica. Após homogeneizar bem o

sedimento, foram preparadas 2 lâminas para a visualização das formas parasitárias.

5.3.2.2 Pacientes atendidos no HUAP

O exame parasitológico de fezes foi realizado no Laboratório de

Parasitologia do HUAP, com métodos utilizados segundo protocolo deste Laboratório

(HOFFMAN, PONS & JANER, RUGAI e WILLIS).

5.3.3 PESQUISA DE CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN NAS DUAS


POPULAÇÕES ESTUDADAS

A presença dos cristais foi observada em lâminas com esfregaço feito

com o sedimento fecal obtido dos exames parasitológicos, corado pelo Wright como

descrito abaixo.
63

Coloração de Wright

Reagentes:

1. Eosina-azul-de-metileno segundo Wright

2. Álcool metílico (CH4O)

Preparação do corante:

Eosina-azul-de-metileno segundo Wright...................2,5 g

Álcool metílico .......................................................1000 mL

O corante é dissolvido pela adição de álcool metílico até completar o

volume de 1000 mL e agitado. É então filtrado em papel-filtro antes do uso.

Coloração: esfregaço estirado

O esfregaço é coberto durante 1-3 min com 1ml do corante. São

adicionadas 2 gotas de água, deixando corar por 5 min. Forma-se na superfície do

líquido uma película de brilho metálico.

O esfregaço é então lavado em água corrente e deixado secar a

temperatura ambiente na posição vertical.

5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a análise estatística dos dados foi empregado o teste X2 a um nível

de significância 5%.
64

6 RESULTADOS

6.1 FREQUÊNCIA DAS PARASITOSES INTESTINAIS NAS


POPULAÇÕES ESTUDADAS

6.1.1 FREQUÊNCIA GLOBAL E ESPECÍFICA

⇔ Creches estudadas

O estudo das 168 amostras fecais das crianças demonstrou freqüência

global de 40%, tendo sido observada freqüência bem mais elevada de protozoários

(48%) que de helmintos (3%).

Dos enteroparasitos considerados patogênicos, Blastocystis hominis

(20%) e G. lamblia (8%) foram os que apresentaram maior frequência, seguido por

Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar (4%) e Ascaris lumbricoides (2%) (Figura

3).
65

Os outros enteroparasitos detectados foram: Entamoeba coli (10%),

Endolimax nana (5%) e Iodamoeba bütchilii (1%), protozoários considerados não

patogênicos (Figura 3).

60%

20%

10% 8%
4% 5%
2% 1% 1%
Neg Eh Bh Ec Gl Al Ib Tt En
Parasitose

Figura 3 - Frequência das parasitoses intestinais nas creches estudadas


Neg: negativo; Eh: Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar; Bh: Blastocystis hominis; Ec: Entamoeba coli; Gl:
Giardia lamblia; Al: Ascaris lumbricoides; Ib: Iodamoeba bütschlii; Trichuris trichiura; En: Endolimax nana;
(p<0,05)

⇔ HUAP

O estudo das 369 amostras fecais de pacientes atendidos no HUAP

demonstrou freqüência global de 38%, tendo sido observada nessa população

também, freqüência bem mais elevada de protozoários (33%) que de helmintos

(18%).

Dos enteroparasitos considerados patogênicos, Blastocystis hominis (5%),

G. lamblia (11%), Strongyloides stercoralis (6%), foram os que apresentaram maior

frequência, seguido por Ascaris lumbricoides (5%), Ancilostomideo (2%), Trichuris

trichiura (4%) e Enterobius vermicularis (1%) (Figura 4).


66

Os outros enteroparasitas detectados foram: Entamoeba coli (15%) e

Iodamoeba bütchilii (2%), protozoários considerados não patogênicos (Figura 4).

62%

15%
11%
5% 5% 6%
2% 4%
2% 1%
Neg Ib Bh Ec Ev Gl Al Anc Tt Ss
Parasitose

Figura 4 - Frequência das parasitoses intestinais no HUAP


Neg = Negativo; Ib: Iodamoeba bütschlii; Bh: Blastocystis hominis; Ec: Entamoeba coli; Ev: Enterobius
vermicularis; Gl: Giardia lamblia; Al: Ascaris lumbricoides; Anc: Ancilostomideo, Tt: Trichuris trichiura; Ss:
Strongyloides stercoralis (p<0,05)

6.1.2 FREQUÊNCIA DO POLIPARASITISMO NAS POPULAÇÕES


ESTUDADAS

Na análise de ocorrência de infecção associada (poliparasitismo) foi

observado que 67 indivíduos encontravam-se parasitados por mais de uma espécie.

A distribuição do poliparasitismo encontra-se detalhada na Tabela 1. Como pode ser

observado, as associações mais freqüentes foram com Entamoeba coli, parasito

mais freqüente na população, porém não patogênico: Entamoeba coli e Blastocystis

hominis (9 amostras); Entamoeba coli e Giardia lamblia (8 amostras); Entamoeba

coli e Strongyloides stercoralis (8 amostras); Entamoeba coli e Trichuris trichiura (8

amostras).
67

Tabela 1 - Distribuição do poliparasitismo nas amostras analisadas


Parasitos N Parasitos N Parasitos N
Al-Ec 2 Anci-Ec 2 Ec-Ss 8
Al-Eh/Ed 1 Anci-Gl 3 Ec-Tt 8
Al-Gl-Ec-Ib-En 1 Ec-Bh 9 Ec-Ib 3
Al-Bh 2 Ec- Eh/Ed 1 Bh-Gl 2
Al-Gl 2 Ec- Eh/Ed –Bh 1 Bh-En 2
Al-Ss 1 Ec–Bh-En 1 Bh-Eh/Ed 1
Al-Tt 2 Ec-Gl 8 Bh-Tt 1
Anci-Ec-Gl 1 Ec-Ev 1 Gl-Tt 2
Ss-Gl 2
N: número de amostras fecais com poliparasitismo; Al: Ascaris lumbricoides ; Anci: Ancilostomideo; Bh:
Blastocystis hominis; Ec: Entamoeba coli; Eh/Ed: Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar; En: Endolimax
nana; Ev: Enterobius vermicularis; Gl: Giardia lamblia; Ib: Iodamoeba butchilii; Ss: Strongyloides stercoralis;
Tt: Trichuris trichiura

6.2 CRISTAIS CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES DAS POPULAÇÕES


ESTUDADAS

⇔ CRECHES ESTUDADAS

A Figura 5 é representativa da presença de cristal Charcot-Leyden nas

fezes, demonstrando maior quantidade relacionada à presença dos protozoários

considerados patogênicos, Blastocystis hominis (27 casos), G. lamblia (11 casos) e

Entamoeba histolytica / Entamoeba dispar (6 casos) e do protozoário E. coli (12

casos), não considerado patogênico para o homem.

Dos casos negativos para enteroparasitoses, 6 apresentavam CCL nas

fezes.
68

100 94

80

60

40 27

20 12
7
11
6 5 3 4 6 3 6
1 0 1 0 1 0
0
Eh Ec Bh Gl Al Ib Tt En Neg

CCL positivo total CCL negativo total

CCL = Cristal Charcot-Leyden


Figura 5 - Cristal Charcot-Leyden nas fezes – Creches estudadas

⇔ HUAP

A Figura 6 é representativa da presença de cristal Charcot-Leyden nas

fezes, demonstrando também, maior quantidade relacionada à presença dos

protozoários: Blastocystis hominis (17 casos) e G. lamblia (33 casos), além dos

helmintos Strongyloides stercoralis (20 casos), Trichuris trichiura (15 casos),

Ancilostomídeo (8 casos) e Enterobius vermicularis (1 caso).

Também nessa população observou-se associação entre a presença do

protozoário Entamoeba coli e CCL nas fezes e como anteriormente, casos negativos

para enteroparasitose com presença de CCL nas fezes (25).


69

200 179

150

100
50
50 37 33
20 17 19 14 15
3 12 9 5 81 61
0 0
0
Ss Bh Ec Ev Gl Al Anc Tt Ib Neg

CCL positivo total CCL negativo total

CCL = Cristal Charcot-Leyden

Figura 6 - Cristal Charcot-Leyden nas fezes – HUAP

As figuras 7 e 8 mostram o cristal Charcot-Leyden após coloração com

lugol (corante temporário) e após coloração pelo Wright em aumento de 1000X.

Figura 7 - Cristal Charcot-Leyden (material fecal – corante temporário lugol –


aumento 1000X)
70

Figura 8 - Cristal Charcot-Leyden (material fecal – corante Wright – aumento 1000X)

6.3 DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE EOSINÓFILOS NAS


POPULAÇÕES ESTUDADAS

⇔ Creches estudadas

A Tabela 2 é representativa da ocorrência de eosinofilia relacionada com

as enteroparasitoses nas crianças das creches. De acordo com esses dados,

indivíduos com taxa normal de eosinófilos (0 a 4%) apresentaram exame

parasitológico de fezes negativo.

Os indivíduos que apresentaram eosinofilia (aumento dos eosinófilos,

≥5% (OLIVEIRA LIMA et al., 1992), estavam contaminados com alguma espécie de

parasito intestinal .

Os percentuais de eosinófilos relacionados aos enteroparasitos foram:

Blastocystis hominis (20%), Entamoeba coli (11%), G. lamblia (8%); Entamoeba


71

histolytica/Entamoeba dispar (5%), Endolimax nana (5%), Ascaris lumbricoides (2%),

Iodamoeba bütchilii (1%) e Trichuris trichiura (1%).

Tabela 2 - Distribuição por faixa de eosinófilos – creches estudadas


Eosinófilo N Pos Neg Eh Bh Ec Gl Ib En Al Tt Prot Helm
0-4 38 0 38 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5-9 92 92 0 2 22 10 11 0 3 2 1 48 3
≥10 32 32 0 45 10 7 3 1 6 1 0 32 1
NI 9 9 0 01 2 2 0 0 0 1 0 5 1

Total 171 133 38 8 34 19 14 1 9 4 1 85 5


Perc 100% 78% 22% 5% 20% 11% 8% 1% 5% 2% 1% 50% 3%
Perc: Percentual; N: Número dos casos; Pos: Positivo; Neg: Negativo; NI: Não Informou;Eh:
Entamoeba histolytica; Bh: Blastocystis hominis; Ec: Entamoeba coli; Gl: Giardia lamblia; Ib:
Iodamoeba bütschlii; En: Endolimax nana; Al: Ascaris lumbricoides; Tt: Trichuris trichiura; Prot:
Protozoário; Helm: Helminto
⇔ HUAP

A Tabela 3 é representativa da ocorrência de eosinofilia relacionada com

as enteroparasitoses nos pacientes atendidos no HUAP. De acordo com esses

dados, apenas 16/193 (8%) dos casos apresentando enteroparasitoses não

demonstraram eosinofilia enquanto que 124/176 (70%) dos casos com

enteroparasitoses também apresentavam eosinofilia, principalmente na faixa entre 5-

9 eosinófilos.

Os percentuais de eosinófilos relacionados aos enteroparasitos foram:

Entamoeba coli (15%), G. lamblia (11%), Strongyloides stercoralis (6%), Blastocystis

hominis (5%), Ascaris lumbricoides (5%), Trichuris trichiura (4%), Ancilostomideo

(4%), Iodamoeba bütchilii (2%), e Enterobius vermicularis (1%).


72

Tabela 3 - Distribuição por faixa de eosinófilo – HUAP


Eosinófilo N Pos Neg Ib Bh Ec Ev Gl Al Anc Tt Ss Prot Helm
0-4 193 16 177 2 0 11 2 1 1 0 1 1 14 5
5-9 166 119 47 5 17 44 1 38 17 8 13 20 104 59
≥10 10 5 5 0 0 1 0 3 1 1 1 2 4 5

Total 369 140 229 7 17 56 3 42 19 15 15 23 122 69


Perc 100% 38% 62% 2% 5% 15% 1% 11% 5% 4% 4% 6% 33% 19%
N: Número dos casos; Pos: Positivo; Neg: Negativo; Ib: Iodamoeba bütschlii; Bh: Blastocystis hominis; Ec:
Entamoeba coli; Ev: Enterobius vermicularis; Gl: Giardia lamblia; Al: Ascaris lumbricoides; Anc:
Ancilostomideo; Tt: Trichuris trichiura; Ss: Strongyloides stercoralis; Prot: Protozoário; Helm: Helminto

6.4 CORRELAÇÃO ENTRE EOSINOFILIA, PRESENÇA DE CRISTAIS


DE CHARCOT-LEYDEN EM FEZES E DE PARASITOSES
INTESTINAIS, NAS POPULAÇÕES ESTUDADAS.

⇔ CRECHES ESTUDADAS

A Tabela 4 é representativa da correlação feita entre parasitoses

intestinais, eosinofilia e presença de CCL em fezes da população estudada.

É importante ressaltar a presença de CCL nas fezes correlacionada à

eosinofilia sangüínea e à presença dos parasitos patogênicos Blastocystis hominis,

Entamoeba histolytica/Entamoeba díspar, G. lamblia e Ascaris lumbricoides, o que

sugere a existência de um processo inflamatório ocorrendo nesses casos .

No entanto, 6 casos (6%) negativos para enteroparasitoses apresentavam

CCL nas fezes e eosinofilia sangüínea e 53 (53%) casos negativos para

enteroparasitoses apresentavam eosinofilia sangüínea sem a presença de CCL nas

fezes.
73

Tabela 4 - Resultado da eosinofilia, CCL em fezes, parasitoses intestinais - Creches


estudadas.
Parasitos CCL positivo CCL CCL negativo CCL Total
Intestinais Eo Eo pos. Eo Eo Ni neg. Global
positivo negativo Total positivo negativo Total

E. histolytica 6 0 6 1 0 0 1 7
E. coli 12 0 12 5 0 0 5 17
B. hominis 27 0 27 7 0 0 7 34
G. lamblia 11 0 11 3 0 0 3 14
A. lumbricoides 4 0 4 0 0 0 0 4
I. bütchilii 1 0 1 0 0 0 0 1
T. trichiura 1 0 1 0 0 0 0 1
E. nana 6 0 6 3 0 0 3 9
Negativo 6 0 6 53 38 3 94 100
CCL = Cristal Charcot-Leyden; Eo = Eosinófilos; NI = Não Informou; pos = positivo; neg = negativo

⇔ HUAP

A Tabela 5 é representativa da correlação feita entre parasitoses

intestinais, eosinofilia e presença de CCL em fezes da população estudada.

Como na tabela anterior verificou-se também a correlação entre a

presença de CCL, presença de parasitos patogênicos como Strongyloides

stercoralis, Blastocystis hominis, G. lamblia, Ascaris lumbricoides, Ancilostomídeo e

Trichuris trichiura e eosinofilia sanguínea, caracterizando um processo inflamatório

causado pela presença dos parasitos.


74

Tabela 5 - Resultado da eosinofilia, CCL em fezes, parasitoses intestinais - HUAP


Parasitos CCL positivo CCL CCL negativo NI CCL Total
intestinais Eo Eo pos. Eo Eo neg. Global
positivo negativo Total positivo negativo Total

S.stercoralis 20 0 20 2 1 0 3 23
B. hominis 17 0 17 0 0 0 0 17
E. coli 35 2 37 10 9 0 19 56
E.vermicularis 1 0 1 0 2 0 2 3
G. lamblia 33 0 33 8 1 0 9 42
A. lumbricoides 13 1 14 5 0 0 5 19
Ancilostomideo 8 0 8 1 0 0 1 9
T.trichiura 14 1 15 0 0 0 0 15
I.bütschilii 5 1 6 0 1 0 1 7
Negativo 25 25 50 27 152 0 179 229
CCL = Cristal Charcot-Leyden; Eo = Eosinófilos; NI = Não Informou
75

7 DISCUSSÃO

7.1 PREVALÊNCIA GLOBAL E ESPECÍFICA DAS PARASITOSES


INTESTINAIS

Os resultados apresentados aqui mostram uma frequência importante de

enteroparasitoses nas duas populações estudadas (40% nas creches e 38% no

hospital), em concordância com outros trabalhos sobre freqüência de

enteroparasitoses no Brasil (CARVALHO et al., 2002; ALVES et al., 2003; ASSIS et

al., 2003), sugerindo que representam um sério problema de saúde pública no país.

Os trabalhos enfocando esse tema demonstram diferentes resultados,

dependendo da região estudada e do tipo e população, se aberta (TAVARES-DIAS

& GRANDINI, 1999; FERREIRA et al.; CARVALHO et al., 2002) ou fechada

(PUPULIN et al., 2004; GURGEL et al., 2005; ROQUE et al., 2005).


76

Quando comparamos a ocorrência de infecção por parasitos intestinais

registrada nesse trabalho (40%) na população das creches, verificamos que foi

inferior à encontrada por GURGEL e colaboradores em 2005, que avaliaram

crianças de creches públicas de Aracajú, nordeste do Brasil, onde observaram

freqüência de 63%. No mesmo ano, ROQUE e colaboradores publicaram os dados

sobre prevalência de parasitoses em crianças de escolas da perifieria de Porto

Alegre, onde encontraram 36% de positividade.

Um estudo mais abrangente foi feito por FERREIRA e colaboradores no

ano de 2000, para estimar a prevalência das parasitoses intestinais na infância na

cidade de São Paulo. Os inquéritos avaliaram amostras probabilísticas da população

residente na cidade, com idades entre zero e 59 meses e demonstraram uma

redução expressiva de 30,9% para 10,7% no período de 1984 a 1996. No entanto,

manteve-se inalterada a forte relação inversa entre nível de renda e a ocorrência de

parasitismo. Contribuiram para os resultados encontrados, mudanças na renda

familiar, escolaridade materna, saneamento do meio e acesso a serviços de saúde.

No entanto GURGEL e colaboradores em 2005 demonstraram que as crianças de

creche ficam mais expostas ao contato com ambiente infectado por enteroparasitos

que as outras crianças (GURGEL et al., 2005).

Já os estudos sobre prevalência de enteroparasitoses em hospital,

demonstraram prevalência de 30,9% em pacientes ambulatoriais do Hospital Divina

Providência de Porto Alegre, RS em 2001, semelhante ao nosso resultado no HUAP

(38%), onde foram avaliados pacientes ambulatoriais e internados no hospital.


77

Avaliando apenas pacientes alcoolistas atendidos no Hospital

Universitário C.A. Moraes em Vitória, ES, ZAGO-GOMES e colaboradores (2002),

encontraram freqüência de 35,5% de nematodas nesses indivíduos e de 18,7% no

grupo controle, constituído por pacientes não alcoolicos.

Quando verificada a ocorrência de enteroparasitoses em pacientes HIV+

atendidos no setor de doeças infectoparasitárias de um hospital universitário, os

autores observaram frequência de 27,0% nesses pacientes e de 17,6% no grupo

controle, constituído por indivíduos considerados saudáveis. Uma observação

interessante foi a de que no grupo de pacientes HIV+ alcoolistas, a frequência subiu

para 64,3%, demonstrando a importância de se pesquisar enteroparasitoses em

pacientes imunossuprimidos.

Nosso trabalho também demonstrou nas duas populações estudadas,

fequência de protozoários de transmissão fecal-oral, através de água ou de

alimentos contaminados, como B. hominis e G. lamblia: B. hominis 20% e G. lamblia

8% (Creche); B. hominis 5% e G. lamblia 11% (HUAP).

Essa contaminação através de água e alimentos tem sido demonstrada

através de pesquisas, como a desenvolvida por COELHO e colaboradores (2001),

que relataram diferentes formas de enteroparasitos na água e nas hortaliças

consumidas em comunidades escolares de Sorocaba, São Paulo (Brasil) e por

NOLLA e CANTOS (2005), que mostraram a ocorrência de enteroparasitos em

manipuladores de alimentos em Florianópolis, Santa Catarina (Brasil).


78

Blastocistose é a infecção causada pelo B. hominis. Pendência expressiva

diz respeito a patogenicidade do referido protozoário, que precisa ser

categoricamente definida. A distribuição da blastocistose é global. Porém, acontece

mais comumente em países em desenvolvimento das regiões tropical e subtropical

(NETO et al., 2003). Portanto, os nossos resultados foram similares aos relatos

literários, onde a blastocistose já foi inclusive responsabilizada por surtos ou

acontecimentos comprovados em creches (NETO et al., 2003).

Em trabalho realizado na cidade de Pitanga, Paraná (Brasil),

NASCIMENTO e MOITINHO (2005) encontraram prevalência de B. hominis

correspondente a 26,5% em uma população de 128 pessoas entre adultos e

crianças. Sugerem a necessidade de inclusão de técnicas nos laboratórios que

identifiquem o protozoário.

Nossos dados demonstram também ocorrência da presença de G. lamblia

nas duas populações estudadas. Crianças são mais susceptíveis a essa parasitose,

mas também quando ocorre em adultos, pode contribuir para o desenvolvimento de

quadros graves, principalmente quando ocorre em associação com outros patógenos

e em imunossuprimidos (CARDOSO et al., 1995; DINLEYCI et al., 2003; MOREIRA

JR. et al., 2005).

Protozoário intestinal de importância clínica, o complexo E. histolytica/E.

dispar foi observado nas creches estudadas (4%). Estima-se que aproximadamente

12% de pessoas em todo o mundo estejam infectadas por este complexo, variando

as prevalências entre 1% nos países industrializados e 50 a 80% em países tropicais


79

(KREIDL et al.,1999). Destes, somente 10% apresentam sintomas clínicos, sendo a

dor abdominal e a diarréia os mais comuns (MARSHALL et al., 1997; REY, 2001).

Sua freqüência no Brasil varia com a região, sendo mais elevada no Norte

e Nordeste (OLIVEIRA et al., 2001; RAMOS et al., 2004).

Na freqüência de geohelmintos como S. stercoralis no HUAP (6%) e A.

lumbricoides nas duas populações estudadas (Creches= 3% e HUAP= 5%), podem

estar envolvidos fatores endógenos do indivíduo e/ou fatores exógenos (ambientais)

(COSTA-MACEDO et al., 1998).

A. lumbricoides é apontado como um dos parasitos mais comuns, com

estimativa mundial de 1,5 bilhões de pessoas afetadas (CHAN et al., 1994).

Contribue para isso a própria biologia do parasito, uma vez que os ovos de A.

lumbricoides apresentam resistência a vários medicamentos (MASSARA et al.,

1991) e agentes químicos (PESSOA & MARTINS, 1988).

Indivíduos contaminados por S. stercoralis podem apresentar diarréia, dor

abdominal, náuseas e vômitos, sintomas que tornam a estrongiloidíase uma

parasitose de grande importância em saúde pública, principalmente devido ao

quadro disseminado que pode ser encontrado em pacientes imunossuprimidos,

podendo levar à morte (STEPHENSON et al., 2000; DINLEYCI et al., 2003).

A baixa freqüência de E. vermicularis encontrada (HUAP=1%) pode ser

explicada pela metodologia inadequada para a investigação deste parasito,

permitindo supor que os resultados estejam subestimados, uma vez que a técnica
80

que apresenta boa sensibilidade é a de Graham (fita gomada) (GRAHAM, 1941),

que por dificuldades operacionais não é utilizada em inquéritos sobre

enteroparasitoses (MARQUES et al., 2001).

A detecção de parasitos considerados não patogênicos como E. coli nas

comunidades estudadas, serve como indicador das condições sanitárias e de

higiene dessas populações, principalmente nas creches, por serem comunidades

fechadas (ROCHA, 2000). Os resultados sugerem que programas contínuos de

saneamento e educação sanitária devem ser implantados para reduzir a ocorrência

das parasitoses na região estudada, assim como em todo o país (FERREIRA, 2003;

ASSIS et al., 2003, BEZERRA et al., 2003).

7.2 CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN NAS FEZES DAS


POPULAÇÕES ESTUDADAS

Cristais de Charcot-Leyden têm sido observados em tecidos fluidos do

organismo humano, geralmente em associação com reação inflamatória eosinofílica

(WELLER et al., 1984).

Grande quantidade de CCL foi observada em exame de medula óssea de

paciente com síndrome hipereosinofílica idiopática, acompanhada de eosinofilia

sanguínea (PUJOL-MOIX et al., 2003).

A presença de CCL também tem sido demonstrada em doenças causadas

por fungos (LIU et al., 2004; RANE et al., 2003) e associação com eosinofilia
81

sanguínea foi demonstrada por COSME e colaboradores (1990), em pacientes com

fasciliose hepática onde os cristais foram observados em biópsia hepática.

Experimentalmente, infecção de camundongos C57Bl/6 geneticamente

deficientes em IL5 com ovos embrionados de Toxocara canis, causou eosinofilia

sangüínea e foi demonstrada a presença de CCL em aspirado da lesão pulmonar.

Nas fezes sua presença tem sido demonstrada em casos de parasitose

por Isospora belli (JUNOD, 1988; MA et al., 1983).

No entanto, JOKIPII et al. (1983) não observaram associação entre

presença de CCL nas fezes e criptosporidiose. É importante ressaltar que poucos

estudos são encontrados na literatura sobre a importância da pesquisa de CCL nas

fezes.

Os resultados apresentados neste trabalho mostram nas duas populações

estudadas, correlação entre a presença de CCL nas fezes e a presença de

enteroparasitos, indicando a ocorrência de resposta imune e possível presença de

infiltrado inflamatório (WELLER et al., 1984; ACKERMAN et al., 2002) e indicando

ocorrência de resposta imune (DE CARLI, 2001).

A presença de CCL nas fezes esteve principalmente relacionada com os

protozoários B. hominis e G. lamblia (Creches: B. hominis = 27% e G. lamblia: 11%;

HUAP: B. hominis = 11% e G. Lamblia = 33%), indicando assim que os CCL são

freqüentemente observados em material fecal de indivíduos com protozooses

intestinais (AMIM, 2000).


82

Nas creches estudadas destacou-se, apesar de que em menor

freqüência, a relação entre a presença de CCL e parasitose por E.

histolytica/E.dispar, como nos relatos descritos por WELLER et al. (1984).

No grupo de pacientes atendidos no HUAP a presença de CCL esteve

relacionada com a presença dos helmintos S. stercoralis (20%), T. trichiura (14%), A.

lumbricoides (13%) e Ancilostomídeo (8%). Essa correlação entre a presença de

CCL e helmintose foi observada em pacientes com colite ulcerativa, e em

granulomas causados pela presença de helmintos (WELLER et al., 1984).

Observou-se também importante correlação com E. coli, protozoário não

patogênico, mas que foi encontrado frequentemente associado a outros parasitos

patogênicos.

Assim sendo, a associação da presença de CCL em fezes de pacientes

com parasitoses intestinais, sugere a necessidade da inclusão dessa pesquisa

laboratorial como método auxiliar no diagnóstico das enteroparasitoses através do

exame parasitológico de fezes.

7.3 DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE EOSINÓFILOS NAS


POPULAÇÕES ESTUDADAS

Os resultados encontrados neste trabalho mostram a presença de

eosinofilia (aumento dos eosinófilos, ≥ 5%) em indivíduos das duas populações

estudadas, e sua correlação com alguma espécie de parasito intestinal,

principalmente no caso de protozooses.


83

Esses resultados são discordantes de relatos da literatura, que afirmam

que com exceção da isosporose e de alguns casos de toxoplasmose ganglionar, os

protozoários, qualquer que seja sua localização, não produzem eosinofilia. Afirmativa

considerando a amebíase, a giardíase, a tripanosomíase e o impaludismo (NOEMI,

1999).

A eosinofilia sangüínea presente em indivíduos parasitados por

protozoários sugere que a resposta imune do organismo a esses agentes ocorra

através de um processo inflamatório eosinofílico, sendo que o número de eosinófilos

encontrados no sangue demonstra o equilíbrio entre a produção e a morte celular.

Portanto, a apoptose de eosinófilos pode gerar um mecanismo crucial para a

manutenção de homeostase ou a limitação da inflamação (SHIN, 2000).

Também contribuem para essa resposta imune, células T auxiliares do

tipo 1 (Th1) e T auxiliadores do tipo 2 (Th2). As células Th1 secretam interleucina-2

(IL-2), IFN- γ, fator de necrose tumoral-a (TNF-a) e fator de necrose tumoral-b (TNF-

b) e são responsáveis pela resposta imune celular, enquanto as células Th2

secretam IL-4, IL-5 e IL-10 e cooperam, predominantemente, com os linfócitos B na

produção de anticorpos (FINKELMAN et al., 1997).

A eosinofilia é causada pelo efeito de IL-5 sintetizada pelas células Th2,

que é a mais importante citocina na transformação e desenvolvimento de eosinófilos,

e age como um ativador de eosinófilos e portanto a proteção contra helmintos está

associada a uma resposta Th2 (PORTO et al., 2002; USTUN et al., 2004).
84

Os eosinófilos têm um papel vital na patogênese de um número de

estados da doença, com a infiltração de eosinófilos no tecido e a eosinofilia

sangüínea estando associada com a infecção parasitária de helmintos (SHIM, 2000).

Tem sido demonstrado que em relação às infecções decorrentes de

helmintos, eosinofilia está geralmente associada à migração de larvas pelos tecidos

(CASTIÑEIRAS & MARTINS, 2003).

Desta forma, a detecção de eosinofilia deve implicar na investigação das

infecções por helmintos, cujas larvas durante o ciclo de desenvolvimento migram

pelos tecidos do hospedeiro. A ocorrência de infecção por parasitos intestinais aqui

registradas foi similar àquelas obtidas por CASTIÑEIRAS & MARTNS (2003), que

demonstraram a associação entre infecção por helmintos como S. stercoralis,

A.lumbricoides e T. trichiura e eosinofilia sangüínea.

Na ascaridíase a eosinofilia aparece cerca de uma semana depois da

infecção. Quando o parasito se encontra no estado adulto no intestino, pode-se

observar uma ligeira elevação dos eosinófilos, em um terço dos casos (NOEMI,

1999). O T. trichiura se comporta no organismo de forma semelhante ao

A.lumbricoides, mas as larvas não migram para outros órgãos, sofrendo mudas e

amadurecimento no intestino e quando adultos são menores que o A. lumbricoides.

(NOEMI, 1999).

Como anteriormente, a associação entre eosinofilia sangüínea e E. coli

pode ser explicada pela freqüência da associação desse protozoário não

patogênico, a outros parasitos patogênicos.


85

Como as infecções causadas por parasitos intestinais, são muitas vezes

assintomáticas ou determinam sintomatologia discreta e inespecífica (NOEMI, 1999),

o encontro de eosinofilia sanguínea pode alertar para a presença de alguma

enteroparasitose, contribuindo assim para o seu diagnóstico.

7.4 CORRELAÇÃO ENTRE EOSINOFILIA, PRESENÇA DE CRISTAIS


DE CHARCOT-LEYDEN EM FEZES E PRESENÇA DE
PARASITOSES INTESTINAIS NAS POPULAÇÕES ESTUDADAS

Os resultados apresentados demonstraram na maioria dos casos, a

correlação entre eosinofilia sangüínea, enteroparasitose e a presença de CCL nas

fezes. Sugere a existência de um processo inflamatório, uma vez que eosinofilia

pode refletir resposta do sistema imunológico a estímulos parasitários

(CASTIÑEIRAS & MARTINS, 2003) e a presença de CCL nas fezes, a ocorrência de

infiltrado inflamatório (WELLER et al., 1984; DE CARLI, 2001; ACKERMAN et al.,

2002).

A explicação é que CCL são formados pela desgranulação dos produtos

dos eosinófilos, principalmente, e dos basófilos, e são encontrados em qualquer tipo

de infiltrado inflamatório com grande número dessas células (WELLER et al., 1984;

ACKERMAN et al., 2002). Assim sendo, os CCL persistem nas fezes de pacientes

com processos inflamatórios eosinofílicos (WELLER et al., 1984).

Foram observados alguns casos com eosinofilia, presença de CCL nas

fezes, mas EPF negativo. Esses resultados podem ser explicados pela baixa
86

sensibilidade do exame parasitológico de fezes, principalmente quando apenas uma

amostra de fezes é analisada, como foi feito nesse trabalho.

Segundo SOUZA (2005), para obtenção de um EPF com boa

sensibilidade, é necessário que o laboratório execute pelo menos três técnicas

(sedimentação seguida por coloração permanente, flutuação para ovos leves e

sedimentação de larvas), uma vez que juntas elas possibilitam melhores resultados.

É necessária também uma boa coleta e conservação adequada das amostras

(SOUZA, 2005).

Por isso, objetivando a melhoria do diagnóstico das enteroparasitoses,

outras técnicas vem sendo associadas ao EPF, como pesquisa de antígenos e de

CCL nas fezes (HAQUE et al., 1998) e pesquisa de eosinófilos no sangue periférico

(MAIZELS and BALIC, 2004).

Em conseqüência da sensibilidade da pesquisa de CCL não ser de 100%,

foram observados casos apresentando eosinofilia sangüínea, EPF positivo e

pesquisa de CCL nas fezes negativa.

Também foram observados casos apresentando eosinofilia sangínea,

pesquisa de CCL nas fezes negativa e EPF negativo. Esses casos são fáceis de

serem explicados uma vez que várias outras condições são responsáveis por

aumento de eosinófilos no sangue (AOKI et al., 1996; ATANES et al., 1996).

Uma vez que foi observada estreita associação entre presença de CCL

nas fezes e enteroparasitoses, nossos dados sugerem a inclusão da pesquisa de


87

CCL como exame auxiliar ao EPF, na rotina laboratorial para o diagnóstico das

parasitoses intestinais.

Sugerem também a necessidade de se repetir o EPF quando negativo

com pesquisa de CCL positiva e presença de eosinofilia sangüínea, possibilitando

assim diagnosticar o maior número dos parasitos intestinais, reduzindo desta

maneira a prevalência dessas parasitoses.


88

8 CONCLUSÕES

A detecção de parasitos patogênicos sugere deficiência na higiene das


populações estudadas, alertando para a possibilidade de desenvolverem quadro
de doença intestinal, uma vez que já demonstram a existência de um processo
inflamatório, verificado pela presença de eosinofilia sangüínea.

Foi observada uma estreita correlação entre a presença de cristal Charcot-


Leyden e parasitos patogênicos.

A pesquisa de cristal de Charcot-Leyden nas fezes demonstrou ser um método


eficaz, rápido e de baixo custo, para ser utilizado no diagnóstico laboratorial
auxiliar ao exame parasitológico de fezes, para a detecção de enteroparasitoses.

A eosinofilia sangüínea esteve estreitamente correlacionada com a presença de


helmintoses e protozooses intestinais.

A correlação entre a presença de parasitoses intestinais, eosinofilia sanguínea e


presença de cristais de Charcot-Leyden em fezes, demonstrou importância da
avaliação de eosinófilos no sangue e nas fezes como métodos auxiliares na
rotina laboratorial para o diagnóstico das enteroparasitoses.
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