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À Paz Perpétua

Nos séculos XVII e XVIII a paz entre os povos era uma preocupação comum à vários intelectuais
europeus. Para Immanuel Kant de quem a obra traz como elementos centrais a moral e a
liberdade e para quem a paz é um valor moral universal, não podia ser diferente. Em agosto de
1795, Kant finaliza sua obra À Paz Perpétua que se constitui em um tratado de direito
internacional que estabelece os preceitos para uma paz duradora. O tratado é escrito no
tradicional modelo dos tratados de paz dos séculos XVII e XVIII os quais eram antecedidos por
um acordo preliminar que estabelecia quais eram os termos necessários para a
institucionalização do acordo. À Paz Perpétua se constitui na expressão de uma transição do
pensamento filosófico para o jurídico político de Immanuel Kant, a sua originalidade, tornou a
À Paz Perpétua em uma obra atemporal a qual influencia desde então todos os debates no
âmbito jurídico-internacional (SALDANHA, 2011).

Todas as instituições internacionais que buscam uma solução pacífica


dos litígios baseadas em uma moral internacional e em uma paz
democrática, sem sombra de dúvidas possuem raízes no pensamento
iluminista, principalmente kantiano, assim foi a Liga das Nações e é
atualmente a Organização das Nações Unidas. Os problemas da paz
mundial, da defesa internacional dos direitos humanos e da justiça
nas relações entre os Estados fazem parte da ordem do dia da
filosofia política e ocupam uma parte considerável de suas reflexões,
e Kant é uma grande fonte desses estudos (SALDANHA, 2011, p, 57)

O tratado foi escrito em meio a Revolução francesa, mais especificamente, quatro meses
depois da assinatura do Tratado de Basiléia, entre Prússia e França, finalizando uma coalizão
da Prússia com a Áustria e a Inglaterra, fazendo com que a Prússia cedesse as suas ocupações à
margem esquerda do Reno (NOUR, 2003). A belicosidade daqueles tempos motivou diversos
autores a tratarem no tema da paz no continente europeu, além de Kant, um grande idealista
do direito internacional é o Abade de Saint Pierre que é uma das principais influências para
Immanuel Kant ao que concerne o projeto institucional.

Na segunda década do século XVIII muito antes da criação da Organização das Nações Unidas o
Abade de Saint Pierre, propôs uma unificação política dos países cristãos do continente
europeu. Nas obras A Paix Perpétuelle e em seu Discours sur la Polysynodie desenvolve o seu
projeto para criar uma organização de estados que fosse vantajosa o suficiente para mudar os
termos os quais a política internacional ocorria, visto que segundo ele não havia uma vontade
por parte dos monarcas de cumprirem os termos dos tratados. (MIYAMOTO, 2000). A proposta
pratica de Saint Pierre consiste-se em uma confederação dos príncipes europeus, a qual seria
gerenciada pelos Conselhos Deliberativos Permanentes, Polisínodo. Tal instituição teria um
caráter democrático devido a sua rotatividade possibilidade pelo voto de seus membros. Além
de criar uma fortaleza contra as invasões barbaras, Saint Pierre, almejava a substituição do
sistema belicoso por um sistema mercantil, seu projeto ambicionava uma união europeia que
cooperasse com vistas as vantagens comerciais possibilitadas pela confederação (SALDANHA,
2011).

Na Paz Perpétua de Kant, a ideia de interdependência desencadeada devido aos interesses


comercias e substituída pela sua ideia de imperativo moral, ou seja, a sua proposta baseia-se
em uma federação mundial de estados que tem nada além da paz como razão de ser
(SALDANHA,2011). Tomando esses aspectos fundamentais das propostas das instituições
idealizadas por Saint Pierre e por Kant, torna-se claro o quão idealista e até mesmo utópico é o
projeto kantiano, sobre tudo tendo em vista a Europa do século XVIII. (DESENVOLVER COM OS
ARGUMENTOS DE GAYILLE).

Immanuel Kant parte do pressuposto de que os estados no sistema internacional ainda vivem
no século XVIII, em um sistema não jurídico, ou seja, no famigerado estado de natureza o qual
é injusto, pois, nesse sistema os estados vivem sempre em guerra ou em eminencia desta.
Tomando a paz como um valor moral universal, os estados têm o dever de criar a federação de
estados e instituir normas de direito internacional que tragam um fim ao estado de natureza e
não jurídico no âmbito das relações internacionais. Kant não propõe uma instituição
supranacional, a federação de estados é um órgão que agremia os estados e os torna iguais
BOBBIO, 1992). Para possibilitar a federação de estados Kant fixa seis artigos preliminares que
tem em vista criar as condições para a paz, em seguida propõe 3 artigos definitivos que dá os
fundamentos principais da organização. Os artigos preliminares são:(1) Não deve considerar-se
como válido nenhum tratado de paz que se tenha feito com a reserva secreta de elementos
para uma guerra futura (KANT, 2008, p, 4). O primeiro artigo preliminar objetiva definir que
um tratado de paz deve ser acordado tendo em vista o objetivo de pôr um fim no conflito e
sobre tudo eliminar as causas deste. E não o objetivo de postergar uma solução, ou de
barganhar qualquer bem que seja. O tratado não deve muito menos ser usado como
instrumento punitivo como foi no caso do Tratado de Versalhes após a Primeira Guerra
Mundial, onde o Primeiro ministro francês Georges Clemenceau impôs duras penalidades à
Alemanha derrotada na guerra (ARARIPE, 2012). Essa reflexão mostra que o ideal de paz
perpétua kantiano, mesmo sendo utópico, tendo em vista a natureza dos tratados de sua
época, e mesmo soando fantasioso quando se refere a teoria do conhecimento que o
fundamenta filosoficamente. Ao que concerne o primeiro artigo preliminar, ele pode ser
defendido como um princípio universal do ponto de vista do pragmatismo político, com vistas
a pôr um fim em uma guerra e em suas causas. A disposição em incluir a Alemanha pós-nazista
na Organização das Nações Unidas, confirma essa tese (WAACK, 2012). Pois afinal, é consenso
entre os historiadores que a Segunda Guerra Mundial foi uma consequência da primeira
(TOTA, 2006). (2) Nenhum Estado independente (grande ou pequeno, aqui tanto faz) poderá
ser adquirido por outro mediante herança, troca, compra ou doação (KANT, 2008, p, 5). No
segundo artigo preliminar, Kant ataca o espirito patrimonialista comum na Europa de seu
tempo, onde o povo não possuía soberania sobre o território. Com isso, ele subverte e
questiona o status quo de sua época, de modo específico as táticas moderno-colonialistas de
anexação de territórios, dando, assim, um passo para além de sua época (LIMA, 2012, p, 482).
(3) Os exércitos permanentes (miles perpetuus) devem, com o tempo, de todo desaparecer
(KANT, 2008, p, 6). O terceiro artigo fundamenta-se primeiramente na dignidade da pessoas
humana, onde ela é um fim em si mesma e não pode ser usado como um instrumento para
fins de terceiros, no caso o estado. O segundo fundamento e a preocupação com a
possibilidade de corrida armamentista decorrida o mantimento de exércitos permanentes.
Segundo Soraya Nour (2004). A oposição de Kant a respeito dos exércitos permanentes deveu-
se muito por conta do exército permanente de que Friedrich II dispunha, o qual consumia
mesmo em tempos de paz boa parte dos rendimentos, onerando a população camponesa com
altos impostos e condenando a economia do Estado Prussiano a uma economia de guerra. (4)
Não se devem emitir dívidas públicas em relação aos assuntos de política exterior (KANT, 2008,
p, 6). Aqui a preocupação de Kant e a que os estados uma vez endividados, caiam em uma
espiral de dependência financeira com relação ao credor que os condene a uma submissão
que vai na contra mão do ideal de paz, uma vez que o endividamento desses países deve-se ao
financiamento de verba para a guerra. (5) Nenhum Estado se deve imiscuir pela força na
constituição e no governo de outro Estado (KANT, 2008, p, 7). Sendo os Estados e seus
respectivos povos independentes, qualquer intervenção é vista como abusiva há não ser que
se instale a anarquia em um determinado estado e este tenho um acordo de cooperação com
outro, caso contrário, a intervenção se trata de uma violação da soberania do estado invadido.
(6) Nenhum Estado em guerra com outro deve permitir tais hostilidades que tomem
impossível a confiança mútua na paz futura, como, por exemplo, o emprego no outro Estado
de assassinos (percussores), envenenadores (venefici), a ruptura da capitulação, a instigação à
traição (perduellio), etc. O sexto e último artigo preliminar, Kant admite a possibilidade de
guerra, e afirma que caso ela ocorra mesmo que de forma ilegítima, a guerra deve ser travada
segundo princípios éticos e dentro de normas de direito internacional. Par Kant, a guerra deve
ser travada de forma que ela não seja demasiada desumana a ponto de deixar feridas na alma
da população que impossibilitem um acordo de paz futuro.

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