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Farmácia Hospitalar

FARMACOVIGILÂNCIA
HOSPITALAR:
Como implantar
• Paulo Sérgio Dourado ARRAIS1
• Eugenie Desirèe Rabelo NÉRI2
• Tatiana Amâncio CAMPOS3
• Ana Graziela da Silva PEREIRA4
• Milena Pontes PORTELA4
• Nathália Martins BESERRA4

1. Centro de Farmacovigilância do Ceará - Grupo


de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamen-
tos do Departamento de Farmácia da UFC.
2. Farmacêutica Hospitalar, Gerente de Risco do
Hospital Universitário Walter Cantídio da Uni-
versidade Federal do Ceará e Primeira Secre-
tária da Sbrafh. Rua Capitão Francisco Pedro,
1290 - Rodolfo Teófilo – CEP: 60430-370 - (85)
3366.8606 - Fortaleza – Ceará.
3. Coordenadora Geral do Serviço de Farmácia do
Hospital Universitário Walter Cantídio e espe-
cialista em Farmacoepidemiologia pela UAB -
Espanha.
4. Residente em Farmácia Hospitalar do Hospital
Universitário Walter Cantídio da Universidade
Federal do Ceará.
Autor Responsável: ARRAIS, P.
E-mail:parrais@ufc.br

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FARMACOVIGILÂNCIA HOSPITALAR:
Como implantar

O QUE É
01 FARMACOVIGILÂNCIA?
Os efeitos nocivos do uso de me- damente as graves) dos medicamen- tária (Anvisa), que trabalha com uma
dicamentos são conhecidos, desde tos usados na terapêutica, tornando rede de “hospitais sentinelas”, onde
tempos remotos. O reconhecimento possível aos profissionais da área da são desenvolvidas atividades na área
por parte de pesquisadores, médicos saúde, especialmente ao médico, uti- da farmacovigilância, tecnovigilância,
e autoridades sanitárias das limita- lizar melhor o arsenal farmacológico hemovigilância e vigilância de sanean-
ções dos ensaios clínicos, principal- disponível e prevenir muitas reações tes. A idéia é que sejam identificados
mente, da fase III, estimulou, no pas- adversas, além de estimular uma problemas que comprometam a qua-
sado, a busca de métodos que per- maior preocupação com o ensino da lidade e a segurança dos vários produ-
mitissem a identificação de reações farmacologia clínica e da farmacoe- tos utilizados, na instituição, seguido
adversas raras, graves ou fatais, na pidemiologia, subsidiar as ações da do envio às autoridades sanitárias dos
pós-comercialização (ARRAIS; FON- vigilância sanitária e realizar estudos relatos desses problemas sob a forma
TELES; COELHO, 2005). Surge a far- para testar hipóteses surgidas com de notificação e, assim, contribuir com
macovigilância. base nas notificações voluntárias. as ações regulatórias da Anvisa.
De acordo com a Organização Os hospitais constituem um local O envolvimento dos profissio-
Mundial da Saúde (OMS), farmaco- privilegiado para o desenvolvimento nais de saúde com os princípios da
vigilância é “a ciência e as atividades de programas de farmacovigilância, farmacovigilância tem grande impac-
relacionadas à detecção, avaliação, pois concentram casos de Reações to na qualidade da assistência, tanto
compreensão e prevenção dos efeitos Adversas a Medicamentos (RAM) nos aspectos relacionados à prescri-
adversos ou qualquer outro possível como causa de internação ou de seu ção, influindo diretamente na prática
problema relacionado a medicamen- prolongamento. Além do mais, facili- médica, quanto na dispensação e no
tos” (WORLD HEALTH ORGANIZA- tam a obtenção de informações, re- uso de medicamentos (AGÊNCIA NA-
TION - WHO, 2002). gistro e análise dos eventos adversos, CIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Em muitos países, a farmacovigi- já que existe acesso ao paciente, à - ANVISA, 2008b).
lância aparece, na forma de sistemas prescrição e ao prontuário, possibi- Independente do modelo pro-
nacionais, onde participam todos ou litando a implementação de medidas posto, o objetivo do presente artigo é
parte dos profissionais de saúde, ou de intervenção, ao ser detectada uma despertar os farmacêuticos hospitala-
mesmo o próprio paciente. Segundo RAM. A promoção do uso seguro dos res para a necessidade de implemen-
Arrais e Coelho (2000), a criação de medicamentos deve ser uma parte in- tarem programas de farmacovigilân-
um sistema de farmacovigilância pos- tegrante da prática clínica. cia em suas instituições. E, para tan-
sibilita, entre outras coisas, conhecer No Brasil, existe a proposta da to, são apresentadas algumas idéias
o perfil de reações adversas (nota- Agência Nacional de Vigilância Sani- de como proceder.

ESTABELECENDO UM PROGRAMA DE
02 FARMACOVIGILÂNCIA NA INSTITUIÇÃO
O farmacêutico hospitalar desen- A estrutura interna de operação Quanto à estrutura, a Sbrafh
volve atividades que favorecem a sua de um serviço de farmacovigilância recomenda que se tenha, no míni-
participação ativa nos programas de é simples e pouco onerosa. Segundo mo, uma área de 6m2. Nessa área,
farmacovigilância, podendo, inclusi- a Sociedade Brasileira de Farmácia serão organizados os arquivos, li-
ve, apresentar-se como responsável Hospitalar, é recomendável a adoção vros para consulta, computador
pela sua implementação na institui- da relação mínima de um farmacêuti- com impressora e mesa de apoio.
ção. A equipe pode ser formada por co para cada 250 leitos (SOCIEDADE Uma linha telefônica é importante
farmacêuticos, médicos, enfermeiros BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPI- para os contatos.
e bolsistas. Um comitê assessor com TALAR - SBRAFH, 2007). Além do far- No quadro 1, pode-se observar
especialistas de várias áreas pode ser macêutico, o serviço poderá contar as etapas do desenvolvimento de um
necessário para auxiliar a avaliação e com a participação de acadêmicos de programa de farmacovigilância hospi-
interpretação dos casos suspeitos. Farmácia. talar.

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Quadro 1. Etapas do desenvolvimento de um programa de farmacovigilância hospitalar.

1. Preparar projeto específico e apresentar aos profissionais de saúde da instituição e diretoria.


2. Realizar contatos com as autoridades de saúde e com grupos que trabalham em clínica, farmacologia, toxicologia
e farmacoepidemiologia.
3. Desenhar ficha de notificação.
4. Produzir material impresso para informar aos profissionais de saúde sobre as definições, objetivos e metodologia
a serem empregados.
5. Criar o centro de farmacovigilância com equipe técnica, centro de documentação e equipamentos.
6. Promover a capacitação do pessoal do centro sobre a metodologia da OMS.
7. Criar um banco de dados para armazenar as informações.
8. Sensibilizar os profissionais de saúde e programar a distribuição das fichas de notificação.
9. Organizar equipe para busca ativa de casos.
10. Formar um comitê assessor multidisciplinar.

Para que o farmacêutico possa farmacológica, onde constem dados tânea consiste na coleta sistemática e
implementar um programa de farma- sobre medicamentos atualmente em avaliação das reações não desejadas
covigilância hospitalar, além da capa- uso, tratamento anterior e autome- que podem aparecer após o uso dos
citação específica no manejo das ter- dicação, e informações sobre hábitos medicamentos em seres humanos,
minologias do Programa Internacional sociais e/ou outros hábitos relevan- encaminhadas pelos profissionais
de Farmacovigilância da Organização tes, junto ao paciente. de saúde, sendo o mesmo de caráter
Mundial da Saúde, é necessário que Em segundo lugar, vem a escolha confidencial. As notificações são fei-
ele esteja preparado para monitorar do método de farmacovigilância a tas através do preenchimento de um
as RAM; avaliar seu significado clíni- ser implementado no hospital. formulário básico que deve conter es-
co; reconhecer quando um paciente Dentre os métodos utilizados em paço para informações sobre (UMC/
experimentou uma reação; ser capaz farmacovigilância para a identificação WHO, 2000):
de, quando possível, antecipar o apa- de reações adversas, destaca-se a no- • Identificação do paciente e do no-
recimento da reação adversa, e seguir tificação espontânea ou voluntária tificador, informações estas que
medidas preventivas (ARRAIS; FON- de casos suspeitos. são totalmente confidenciais;
TELES; COELHO, 2005). A notificação espontânea é o mé- • fármaco (s) suspeito (s) (nome
Portanto, é de fundamental im- todo mais empregado pelos países comercial e genérico, laboratório,
portância: conhecer os fatores que que compõem o Programa Interna- via de administração dose, data
predispõem o indivíduo às reações cional de Farmacovigilância da Orga- do inicio e fim do tratamento, in-
adversas; familiarizar-se, através da nização Mundial da Saúde. Portanto, dicação do uso);
literatura científica, com as reações é o que se recomenda para a implan- • outros fármacos utilizados (in-
adversas a medicamento(s), com a tação em serviços de saúde o qual cluindo automedicação);
finalidade de reconhecer as mais teceremos maiores considerações. • natureza, localização, característi-
freqüentes, e ser capaz de investigar Os interessados em conhecer outros cas e gravidade dos sintomas da
a ocorrência de reações ainda não métodos podem consultar o trabalho reação adversa suspeita, início e
descritas; familiarizar-se com as in- publicado por Arrais, Fonteles e Coe- tempo da duração da reação e,
terações medicamentosas, saber in- lho (2005). • outros dados relevantes: fatores
terpretá-las e aconselhar na preven- O método da notificação espon- de risco.
ção das mesmas e realizar anamnese

O QUE NOTIFICAR?
03 Toda a suspeita de RAM deve
ser notificada, em especial quando
to, risco de morte, hospitalização,
prolongamento da hospitalização,
persistente ou permanente – e rea-
ções não descritas na bula (Anvisa,
se trata de reações graves – óbi- anomalia congênita e incapacidade 2008a).

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Como implantar

QUEM PODE NOTIFICAR?


04 O sucesso de um programa de
notificação espontânea depende da
a sensibilização é uma das atividades
a serem exercidas, de forma contínua
No trabalho de Dainese (2005),
são descritas outras estratégias de
participação ativa de todos os profis- e exaustiva, e pode ser feita, entre sensibilização: ênfase na educação
sionais de saúde. Conseqüentemen- outras, através de conversas diretas de residentes e jovens médicos,
te, todos podem participar na forma- com os profissionais da saúde; rea- além dos próprios graduandos de
ção de uma equipe multiprofissional lização de palestras; organização de Medicina; introdução de links ele-
que venha a gerenciar um programa oficinas; distribuição de material in- trônicos para facilitar o relato pela
de farmacovigilância. formativo (folheto informativo sobre Internet; adequado feedback aos
A disponibilização dos formulá- a metodologia a ser empregada etc., relatores, por meio de comunica-
rios de notificação, em locais de fácil formulário de notificação, panfletos ções personalizadas ou boletins
acesso e visibilidade, bem como a re- (Figura 3), boletim.); participação em periódicos.
posição constante, são muito impor- sessões clínicas; apresentação de ex- As instituições que possuem
tantes para se garantir uma participa- periências nacionais e internacionais; centros/serviços de informações
ção efetiva de todos os profissionais. organizações de murais informativos; sobre medicamentos poderão con-
Apesar de a notificação ser volun- distribuição de cartazes alusivos ao tribuir, de forma mais consistente,
tária, é necessário que o farmacêutico sistema; discussão aberta de casos para a implementação do programa
trabalhe a conscientização dos profis- suspeitos; apresentação de resulta- na instituição (ARRAIS; FONTELES;
sionais da saúde com relação às rea- dos do próprio sistema; e cartas-res- COELHO, 2005; NISHIYAMA; BO-
ções adversas e seus riscos. Portanto, posta para os casos notificados. NETTI; BÖHM, 2002).

O PAPEL DO FARMACÊUTICO
05 Estando diante de casos suspei-
tos, o farmacêutico pode utilizar as
• existem outros fatores, ademais
do medicamento suspeito, que
• em exposições anteriores ao
mesmo medicamento ou a ou-
perguntas-chave desenvolvidas por possam ter causado o aconteci- tros similares, produziram-se
Laporte e Capellà (1993), para avaliar mento adverso/; episódios iguais ou semelhantes
a probabilidade de que haja uma rela- • as propriedades farmacológicas ao atual?; e
ção causal entre o uso do fármaco e o do medicamento podem explicar • outros dados importantes são:
surgimento do acontecimento clínico: a reação? Existem outras referên- determinação dos níveis plas-
• o paciente estava tomando o cias bibliográficas que tenham máticos do medicamento, recon-
fármaco, antes de produzir-se a descrito esta reação ou algum firmação do diagnóstico inicial
reação?; quadro similar?; que motivou a administração do
• a seqüência temporal entre a ex- • o paciente melhora, depois da re- fármaco suspeito, realização de
posição ao fármaco suspeito e o tirada do tratamento?; provas diagnosticas específicas,
aparecimento da reação é lógica • a reação reaparece no caso de ter avaliação da possibilidade de in-
ou biologicamente plausível/; havido repetição do tratamento?; terações farmacológicas, etc.

Marco Aurélio Schramm Ribeiro Ilenir Leão Tuma Eugenie Desireé Rabelo Neri

Este encarte foi idealizado e organizado pela Comissão de Farmácia Hospitalar do Conselho Federal de Farmácia (Comfarhosp), composta pelos
farmacêuticos hospitalares Marco Aurélio Schramm Ribeiro, Presidente (CE), Ilenir Leão Tuma (GO) e Eugenie Desireé Rabelo Neri (CE). O e-mail
da Comissão é comfarhosp@cff.org.br

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