Вы находитесь на странице: 1из 47

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

REDES ALTERNATIVAS DE COLETA DE ESGOTO

São Cristóvão – SE
2018
DAYANE OLIVEIRA SANTOS MELO
LEANDRO DE SANTANA SANTOS
MARINA RIBEIRO DE VIANNA

REDES ALTERNATIVAS DE COLETA DE ESGOTO

Trabalho apresentado à Universidade Federal de


Sergipe, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia,
Departamento de Engenharia Civil, como um dos
pré-requisitos para obtenção de nota na disciplina
Sistemas de Esgotamento Sanitário, ministrada
pela Profa. Dra. Luciana Coelho Mendonça.

São Cristóvão – SE
2018
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de coleta, transporte, tratamento e destinação dos efluentes no sistema


convencional .......................................................................................................................... 8
Figura 2: Poço de Visita em alvenaria com tubo de queda.................................................... 9
Figura 3: Terminal de Limpeza (TL) ...................................................................................... 9
Figura 4: Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL) ...................................................................... 10
Figura 5: Caixa de Passagem (CP)..................................................................................... 10
Figura 6: Gráfico representando indicadores de custos de um sistema de esgotamento
sanitário no Paraná .............................................................................................................. 12
Figura 7: Gráfico de percentual de municípios que coletam e tratam esgoto, por Grandes
Regiões em 2008................................................................................................................. 12
Figura 8: Traçado da rede do sistema condominial ............................................................. 15
Figura 9: Traçado da rede do sistema convencional ........................................................... 16
Figura 10: Representação dos tipos de ramais do sistema condominial ............................. 20
Figura 11: Caminho do efluente na rede de coleta a vácuo ................................................ 25
Figura 12: Caixa de válvula................................................................................................. 26
Figura 13: Rede Coletora .................................................................................................... 27
Figura 14: Estação a vácuo ................................................................................................ 28
Figura 15: Caminho do efluente na rede de coleta a vácuo ................................................ 29
Figura 16: Sistema de coleta de esgoto a vácuo em Jurerê (SC)........................................ 32
Figura 17: Esquema do SDGS ............................................................................................ 33
Figura 18: Detalhe demonstrativo do Dispositivo Gerador de Descarga ............................. 35
Figura 19: Esquema do funcionamento da Rede de Baixa Declividade .............................. 36
Figura 20: Aparelho DGD implantada em rede coletora de Guarujá-SP.............................. 38
Figura 21: Esquema do sistema STEP ............................................................................... 40
Figura 22: Esquema do sistema GP ................................................................................... 41
Figura 23: Esquema do sistema Pressurizado .................................................................... 42
Figura 24: Modelo de Curva Característica de uma bomba e de uma instalação ................ 43
LISTA DE TABELAS

Quadro 1: Caracterização dos sistemas de coleta a vácuo ................................................. 24


Quadro 2: Programa de manutenção .................................................................................. 30
Quadro 3: Quadro comparativo ........................................................................................... 31
Sumário

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 6
1 REDES COLETORAS .................................................................................................... 7
1.1 Estudo de concepção de uma rede coletora .................................................................. 11
1.2 Rede Coletora no Brasil ....................................................................................................... 12
2 REDES COLETORAS ALTERNATIVAS ....................................................................... 13
2.1 Sistema Condominial de Esgoto ....................................................................................... 13
2.1.1. Conceitos ........................................................................................................................ 13
2.1.2. Comparação entre os Sistemas Condominial e Convencional ........................ 15
2.1.2. Composição do Sistema Condominial .................................................................... 17
2.1.3. Vantagens e Desvantagens do Sistema Condominial ........................................ 18
2.1.4. Dimensionamento, Operação e Manutenção do Sistema Condominial ......... 19
2.1.5. Sistemas Condominiais de Esgoto no Brasil ........................................................ 21
2.2 Sistema de coleta a vácuo .................................................................................................. 24
2.2.1. Conceitos e Histórico ................................................................................................... 24
2.2.2. Composição do Sistema de Coleta a Vácuo .......................................................... 25
2.2.3. Dimensionamento, Operação e Manutenção do Sistema de Coleta a Vácuo 28
2.2.4. Vantagens e desvantagens os Sistema de Coleta a Vácuo e o Convencional
....................................................................................................................................................... 30
2.2.5. Comparação entre os Sistema de Coleta a Vácuo e o Convencional ............. 30
2.2.6. Sistemas de Coleta a Vácuo no Brasil..................................................................... 31
2.3 Rede de Coleta e Transporte de esgoto decantado ................................................ 32
2.4 Sistema de coleta de esgoto por gravidade em tubulação de pequenos
diâmetros (SDGS)......................................................................................................................... 33
2.5 Rede coletora de baixa declividade com utilização do dispositivo gerador de
descarga ......................................................................................................................................... 34
2.6.1. Funcionamento do dispositivo e da rede ............................................................... 35
2.6.2. Resultados da implantação da rede ......................................................................... 37
2.7 Rede Coletora Pressurizada .......................................................................................... 38
2.7.1. Tipos De Sistemas Pressurizados ............................................................................ 39
2.7.2. Descrição do planejamento da rede......................................................................... 41
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 44
INTRODUÇÃO

De acordo com Daltro Filho (2004), o saneamento básico pode ser apresentado
como:

“O conjunto de ações para promover e assegurar condições de bem estar e


segurança a uma população, através de sistemas de esgoto, de
abastecimento de água, de coleta e disposição final do lixo, de drenagem das
águas e do controle tanto da poluição do ar como da produção de ruídos
(DALTRO FILHO, p. 22-23). ”

Apesar do saneamento estar entre os princípios mais básico para a construção


saudável uma população, segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (2017), cerca de 4,5 bilhões de
pessoas no mundo carecem de saneamento básico.

No Brasil, os dados apresentados pelo Diagnóstico dos Serviços de Água e


Esgoto (SNIS, 2016) mostram que o tratamento do esgoto é precário, visto que apenas
49,8% da população era atendida com esgotamento sanitário com um volume de
esgoto de aproximadamente 4 bilhões de metros cúbicos por ano e apenas 44,9% dos
esgotos gerados eram tratados.

Além disso, o descarte indevido do esgoto pode corresponder a um fator de


risco à população e ao meio ambiente, contribuindo na proliferação de vetores,
prejuízos aos usos da água, desiquilíbrios ecológicos e patógenos que em elevadas
concentrações podem ser nocivas à saúde humana (Guia – NUCASE).

Nesse sentido, os sistemas de esgotamento sanitário são caracterizados como


um conjunto de procedimentos de coleta, tratamento e disposição final das águas
residuárias afim de reduzir os problemas sanitários e ambientais (DALTRO FILHO,
2004).

O sistema de esgotamento sanitário é constituído por redes coletoras,


interceptor, sifão invertido, estação elevatória, estação de tratamento e emissário.
Dentre os componentes citados, a rede coletora é um constituinte que será abordado
no escopo do trabalho.

6
1 REDES COLETORAS

A rede coletora de esgoto é um conjunto de canalizações destinadas a receber


e conduzir os esgotos gerados pela população e é constituída por tubulações
denominadas de ligações prediais (coletor primário), coletores de esgoto (coletores
secundários), coletores tronco e órgãos acessórios.

De acordo com Tsutiya e Sobrinho (2000), os elementos de coleta e transporte


são conceituados como mostrado a seguir:

• Ligações prediais: são tubulações que recebem a contribuição direta dos


edifícios e conduzem o esgoto até os coletores secundários.
• Coletor tronco: principal componente de uma bacia de drenagem, recebe
a contribuição dos coletores secundários, conduzindo seus efluentes
para um interceptor ou emissário;
• Interceptor: responsável por receber coletores ao longo do seu
comprimento. Não recebem contribuição das ligações prediais diretas;
• Emissário: canalização destinada a conduzir os esgotos para estação de
tratamento ou lançamento;

Além disso, os órgãos acessórios são necessários para evitar ou diminuir a


ocorrência de entupimento em pontos singulares das canalizações, visto que o esgoto
possui grande quantidade de sólidos e as canalizações funcionam como condutos
livres. Estes dispositivos são instalados de modo a facilitar a entrada de equipamentos
e pessoas na rede (TSUTIYA e SOBRINHO, 2000).

Os poços de visita, assim como àqueles utilizados nos projetos de drenagem


urbana, são utilizados para as manutenções da rede. Entretanto, devido ao alto custo
de sua implantação, começou a ser substituído por outros acessórios mais
econômicos e simples. Para Tsutiya e Sobrinho (2000), estes dispositivos são
denominados e conceituados como:

• Terminal de Limpeza (TL): tubo que permite a introdução de


equipamento de limpeza e substitui o poço de visita no início dos
coletores;

7
• Caixa de Passagem (CP): colocadas nas curvas e mudanças de
declividade e não possuem acesso, permite a passagem de
equipamentos para limpeza do trecho a jusante;
• Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL): permite a inspeção visual e
introdução de equipamentos de limpeza, mas não possuem acesso;

Figura 1: Esquema de coleta, transporte, tratamento e destinação dos efluentes no sistema


convencional

Fonte: PACHECO (2011)

8
Figura 2: Poço de Visita em alvenaria com tubo de queda

Fonte: TSUTIYA e SOBRINHO (2000)

Figura 3: Terminal de Limpeza (TL)

Fonte: TSUTIYA e SOBRINHO (2000)


9
Figura 4: Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL)

Fonte: TSUTIYA e SOBRINHO (2000)

Figura 5: Caixa de Passagem (CP)

Fonte: TSUTIYA e SOBRINHO (2000)

10
1.1 Estudo de concepção de uma rede coletora

O estudo de concepção de uma rede coletora se baseia em vários fatores como


estudo da população e sua distribuição na área, estabelecer critérios de vazões,
consumo efetivo de água e contribuição de esgotos por habitante e de grandes
geradores, divisão da cidade em bacia e sub bacias de contribuição, traçado e pré-
dimensionamento das canalizações (TSUTIYA e SOBRINHO, 2000).

Segundo Pacheco (2011), o traçado da rede depende principalmente das


condições topográficas da região visto que é um fator de determinação de custos de
transporte de esgoto. Dessa forma, os custos de implantação de uma rede de coleta
variam de uma cidade para outra pois relevos mais acidentados propicia um custo de
operação mais baixo do que em cidades planas.

Assim, de acordo com Tsutiya e Sobrinho (2000) o traçado da rede pode ser
classificado como:

• Perpendicular: utilizada em cidades que são atravessadas por cursos


d’água;
• Leque: traçado próprio para terrenos acidentados;
• Radial ou distrital: traçado característico de cidades planas;

A rede coletora é a fração do sistema de esgotamento sanitário que possui o


maior custo inicial de implantação, como mostrado na Figura 6. Os dados são
referentes a um estudo de custo total de investimento de um SES no Paraná por
habitante (PACHECO, 2011).

Os elevados custos de implantação se devem ao fato do sistema convencional


possuir de maneira geral duas características comuns: a individualização da coleta e
a necessidade de grandes estruturas para o transporte em função da alta
concentração de efluentes no final. Além disso, o sistema produz elevadas
dificuldades construtivas e inflexibilidade diante da realidade pública. Seus ramais
possuem elevadas extensões e maiores profundidades decorrentes as posições
topográficas da região (MELO, 2008).

11
Figura 6: Gráfico representando indicadores de custos de um sistema de esgotamento
sanitário no Paraná

Indicadores de custos de um Sistema de


Esgotamento Sanitário

9% 14%
Rede Coletora
2% Interceptor
75% Estação Elevatória
Estação de Tratamento de Esgoto

Fonte: Adaptado de Aisse et al. (2002) apud Pacheco (2011)

1.2 Rede Coletora no Brasil

No Brasil, a distribuição do serviço de coleta de esgoto é dada de forma


desigual. Segundo o IBGE (2011), do total de 5564 municípios, em 2008, havia
ausência de rede coletora em 2.495 e 539 municípios que são atendidos por rede, não
souberam informar sobre a quantidade de esgoto coletado. Na Figura 7 abaixo, está
ilustrado a distribuição da rede coletora no território brasileiro.

Figura 7: Gráfico de percentual de municípios que coletam e tratam esgoto, por Grandes
Regiões em 2008

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008 apud IBGE (2011)

12
Em primeira instancia nota-se que mesmo nas regiões que a maior parte dos
municípios que possuem rede coletora, existe ainda a carência no tratamento de
esgoto. Além disso, a região nordeste que possui o maior número de municípios e
maior região do país, ainda carece de rede coletora em mais da metade de seu
território, enquanto a região sudeste supera a média nacional.

Em Sergipe, do total de 75 municípios, apenas 35% possuíam, em 2008, rede


coletora de esgoto e 9% tratavam o esgoto coletado (IBGE, 2011).

2 REDES COLETORAS ALTERNATIVAS

Existem vários tipos de sistemas de esgotamento sanitário. Como conceituado


em Daltro Filho (2004), temos os sistemas unitários ou combinados, onde utiliza as
galerias pluviais para o transporte de esgoto; sistema separador parcial, que possui
componentes para coleta de esgoto e de águas pluviais provenientes dos telhados e
pátios das edificações; sistema separador absoluto com objetivo de coletar e
transportar apenas esgotos; e os sistemas alternativos.

Tendo em vista que as redes coletoras convencionais apresentam cerca de


75% do custo inicial de implantação de um sistema de esgotamento sanitário, os
sistemas alternativos são apresentados como forma de solução para redução dos
custos dessas redes (TSUTIYA e SOBRINHO, 2000).

Como principais sistemas alternativos, serão abordados neste trabalho:


sistema condominial de esgoto (SCE), sistema de coleta a vácuo, sistema de coleta
de esgoto decantado, sistema de coleta de esgoto por gravidade em tubulação de
pequenos diâmetros, redes pressurizadas e redes de coleta de baixa declividade com
a utilização do dispositivo gerador de descarga (DGD) .

2.1 Sistema Condominial de Esgoto

2.1.1. Conceitos

13
O Sistema Condominial de Esgoto (SCE) foi desenvolvido na década de 80
pelo Engenheiro Sanitarista Francisco Saturnino de Brito como solução para o plano
de saneamento de Santos em São Paulo. (ANDRADE, 1991 apud OLIVEIRA 2017).
Este sistema está sendo considerado no Brasil como uma tecnologia apropriada (TA),
surgindo como uma alternativa para o sistema convencional de coleta devido ao seu
baixo custo de implantação, operação e manutenção (MORAES, L. et al).

Para Melo (2008), o sistema condominial é idealizado como um modelo que


seja integralmente usado nas áreas urbanas e rurais, diferentemente do sistema
convencional, e tem como finalidade atender de forma igualitária todas as
comunidades.

O SCE é assim denominado pois possui como ideia central de sua


implementação a formação de um condomínio na quadra urbana, interligando uma
rede de tubulações para um conjunto de usuários. Estas tubulações apresentam um
diâmetro que suporta o volume de esgoto produzido em uma quadra (OLIVEIRA,
M.T.C.S. et al, 2005). Para Tsutiya e Sobrinho (2000), esta solução pode ser
comparada aos ramais multifamiliares de esgoto dos prédios e apartamentos, porém
aplicados em quadras e casas.

Dessa forma, esse sistema é caracterizado por possuir um conjunto de


conexões localizados no interior dos lotes, no plano horizontal, de forma que cada
imóvel de uma quadra seja ligado por uma caixa de inspeção até a rede pública de
esgoto. (NETO, 1992 apud OLIVEIRA, 2017), diferente do sistema convencional onde
os efluentes dos imóveis são lançados de forma direta para a rede pública de esgoto.

Dentre outros aspectos, é fundamental a participação da comunidade para a


implantação deste sistema, pois como a instalação dos ramais são realizadas nos
lotes particulares, a execução da obra é realizada pelos usuários dos sistemas em
conjunto com os órgãos públicos e concessionárias. Além disso, o traçado da rede é
discutido entre os usuários e apresentados como padrão de serviço permitindo
modificações, desde que sejam assumidas as responsabilidades dessas eventuais
mudanças. (TSUTIYA e SOBRINHO, 2000).

Logo, a adoção desse sistema possibilita a participação da população,


contribuindo na mobilização, educação e organização das questões relacionadas ao

14
esgotamento, demandando também de setores públicos e concessionárias, novos
horizontes de gestão e manutenção. (IBAM, 2008 apud Scaramussa, S. M. et al,
2014). Entretanto, foi observado que na realidade as práticas políticas e socioculturais
não se compatibilizam com os princípios dessa alternativa. Dessa forma, como não é
um sistema executado de forma frequente, existe uma carência de conhecimento e
pratica das concessionárias e da população. (OLIVEIRA, M.T.C.S e MORAES, L.
2005).

2.1.2. Comparação entre os Sistemas Condominial e Convencional

A rede condominial apresenta um traçado racional, onde é observado a


topografia do terreno e qualquer obstáculo que possa interferir na implantação da
rede. O esgoto gerado é lançado na caixa de inspeção localizada dentro do lote e em
seguida é passado para a caixa do vizinho através de ramais condominiais entre os
domicílios e assim sucessivamente até chegar na caixa ao final da quadra para então,
lançar na rede pública os efluentes de todos os imóveis localizados na rua (OLIVEIRA,
2017).

Figura 8: Traçado da rede do sistema condominial

Fonte: OLIVEIRA (2017)

15
No Sistema Convencional, a coleta é feita de modo que o esgoto gerado é
captado pelas caixas de inspeção e em seguida lançados diretamente para a rede
pública através dos ramais convencionais. Além disso, as caixas de inspeção ficam
localizadas nas vias públicas e as redes de esgotos são feitas para atenderem todos
os imóveis (OLIVEIRA, 2017).

Figura 9: Traçado da rede do sistema convencional

Fonte: OLIVEIRA (2017)

Para Tsutiya e Sobrinho (2000), em comparação ao sistema convencional, há


uma diminuição do número de ligações e redução do comprimento das tubulações no
sistema condominial. Além disso, segundo Oliveira (2017) existe uma redução de
custos referente a escavação do terreno, consequentemente com gastos de reaterro
e bota-fora, retirada de pavimentação e diminuição com construção de órgãos
acessórios. Contudo, o modelo convencional ainda é o mais utilizado para compor o
sistema de esgotamento, em função da tradição (MELO, 2008).

16
2.1.2. Composição do Sistema Condominial

De acordo com as Especificações Técnicas do CAEMA para sistemas


condominiais de esgoto, essa tecnologia é composta basicamente por ramal
condominial, rede básica e unidade de tratamento. Estas partes encontram-se
conceituadas abaixo.

• Ligação Predial Condominial: constitui-se na interligação da instalação predial


ou intra-domiciliar do usuário, ao ramal condominial, através de tubos, peças,
conexões e dispositivos de inspeção;
• Ramal Condominial: constitui-se no conjunto de tubulações, peças, conexões
e demais dispositivos, que se desenvolve no interior da quadra condominial,
interligando os dispositivos de inspeção (caixas ou dispositivos tubulares) de
cada uma das edificações da referida quadra, de forma a conduzir os esgotos
coletados à rede pública. Trata-se de uma rede executada de maneira
simplificada, constituída por apenas dois componentes: a própria tubulação e
as caixas de passagem ou dispositivos de inspeção. O diâmetro mínimo
utilizado é de 100mm e a profundidade mínima é de 0,40m, respeitando-se as
condições de tráfego local e garantindo-se a preservação das tubulações. Os
esgotos coletados pelo ramal condominial, reúnem-se num único ponto e são
lançados à rede coletora convencional, no caso de sistemas mistos
(convencional + condominial) ou à rede básica em sistemas puramente
condominiais;
• Dispositivo de Inspeção Condominial: constitui-se numa unidade visitável, de
forma a permitir a inspeção e desobstrução de canalizações. Localizado na
frente ou no fundo dos lotes, conforme o arranjo concebido para a quadra
condominial, o dispositivo de inspeção promove a interligação entre os ramais
de descarga ou de esgoto da edificação, ao ramal condominial. Poderá ser
utilizada caixa de inspeção ou dispositivo tubular de inspeção;
• Rede Básica: é como é designada a rede coletora que se desenvolve na parte
externa da quadra condominial, num sistema condominial, podendo apresentar
características similares aos ramais condominiais: diâmetro mínimo de 100mm;
tubulação assentada no passeio público ou jardins, à pequena profundidade;
utilização de caixas de passagem ou dispositivos de inspeção, em detrimento

17
aos poços de visita convencionais. Em localidades providas de sistemas de
coleta misto, a rede básica pode ser substituída pela rede coletora
convencional.

Os tratamentos para esses sistemas podem ser os mesmos utilizados no


sistema convencional, variando entre soluções mais simplificadas como fossas
sépticas e unidades de infiltração, até tratamentos mais elaborados como reatores
anaeróbios, lagoas de estabilização, entre outros. Caso haja um sistema convencional
implantado nas adjacências, que possua capacidade para as vazões dos sistemas
condominiais, deve-se fazer a ligação entre os sistemas evitando assim construção
de novas unidades de tratamento.

2.1.3. Vantagens e Desvantagens do Sistema Condominial

De acordo com Tsutiya e Sobrinho (2000), podem ser consideradas como


vantagens e desvantagens do uso do sistema condominial:

✓ Baixo custo de implantação, construção e operação;


✓ Menores extensões de tubulações para ramais prediais e coletores de esgoto;
✓ Participação dos usuários das redes;
✓ Falta de atenção na operação e manutenção das redes;
✓ Dificuldade de manutenção e inspeção dos coletores, por parte das empresas
que operam o sistema, já que estes encontram-se localizados em lotes
particulares;
✓ Uso indevido dos coletores de esgoto com relação a lançamento de águas
pluviais e resíduos sólidos urbanos;
✓ Fundamental a colaboração dos usuários para o êxito do sistema, havendo boa
comunicação, disciplina e treinamento;

Além disso, são citadas também nas Especificações Técnicas do CAEMA as


seguintes vantagens:
✓ Os ramais condominiais podem ser instalados com pequenas profundidades
de escavação, desde que seja garantido o escoamento dos efluentes dentro
dos parâmetros hidráulicos definidos e a integridade das tubulações;

18
✓ Não há custos com execução de ramais prediais convencionais, pois os ramais
são projetados e executados a partir das ligações domiciliares permitindo maior
flexibilidade;
✓ O diâmetro mínimo usado no sistema convencional é de 100mm, tendo em
vista que no sistema convencional o mínimo é 150mm;
✓ Não é necessário a construção de poços de visita, já que o sistema é
implantado em pequenas profundidades;
✓ A execução de redes condominiais permite a utilização de mão de obra pouco
qualificada;

A implantação eficiente de um sistema condominial proporciona:

✓ Uma maior garantia da implantação da melhor solução a cada unidade de


demanda, devido principalmente à participação dos usuários em todo o
processo, desde o projeto até a implantação do sistema;
✓ Ganho de uma maior consciência ambiental por parte dos usuários, através da
participação e do compromisso firmado na formação dos condomínios;
✓ A possibilidade de uma melhor conservação da rede, devido à maior vigilância
e do melhor uso por parte dos próprios usuários.

2.1.4. Dimensionamento, Operação e Manutenção do Sistema Condominial

O sistema condominial pode ser dimensionado utilizando métodos


convencionais, porém ressaltando as seguintes recomendações, que são
apresentados em Tsutiya e Sobrinho (2000) e em outros autores:

✓ Diâmetro mínimo da ligação ao ramal condominial: 100mm, com declividade


mínima de 1%;
✓ Diâmetro mínimo do ramal condominial: 100mm, com declividade mínima de
0,006 m/m;
✓ Utilização de caixas de inspeção no interior das quadras com recobrimento
mínimo de 30 cm.

A construção desse sistema pode ser realizada de três formas, como citadas a
seguir:

19
• Ramais de fundo de lote: é o mais utilizado em locais de baixa renda por
apresentar uma redução de custos decorrente de menores extensões e
profundidades, apresenta uma melhor conservação, funcionamento e
manutenção, além de evitar quebras de pavimentação. Sua manutenção é
realizada pelos usuários do próprio lote (MELO, 1994 apud OLIVEIRA, 2017);
• Ramal de Jardim: é localizado na frente e por dentro dos lotes. Em comparação
ao de fundo de lote, possui menos vantagem em relação ao custo e
funcionamento, mas permite uma operação mais simples (MELO, 1994 apud
OLIVEIRA, 2017);
• Ramal de calçada: situado nos passeios, são usados nas urbanizações mais
regulares. Possui um maior custo e menores vantagens no funcionamento, pois
está sujeito a maiores problemas devido a sua localização e a manutenção é
realizada pela concessionária, pois é situado na via pública. Indicado
principalmente quando há grandes gerados de efluentes, como restaurantes,
edifícios, indústrias, etc. (MELO, 2008);

Figura 10: Representação dos tipos de ramais do sistema condominial

Fonte: Página da Carta Campinas1

1
Disponível em: <http://cartacampinas.com.br/2017/04/criado-por-brasileiro-saneamento-condominial-pode-
solucionar-o-atraso-no-tratamento-de-esgoto/>. Acesso em 13 de maio de 2018.
20
O funcionamento dos ramais prediais, individuais ou condominiais, sendo
externos ou internos, é somente modificado se houver defeito de construção, quebra
de canalização por excesso de choques, obstruções devido a lixo ou águas pluviais,
e influência de terceiros (MELO, 1994 apud OLIVEIRA, 2017).

2.1.5. Sistemas Condominiais de Esgoto no Brasil

Na década de 80, os locais que constituíram de forma completa o modelo do


sistema condominial foram: Rio Grande do Norte (na Capital e no interior), Petrolina,
em Pernambuco; Distrito Federal, Salvador e Recife.

2.1.5.1. Rio Grande do Norte

Idealizado na década de 80, o sistema foi desenvolvido no Rio


Grande do Norte e foi realizada pela CAERN, concessionária que
representava nessa época o universo institucional do saneamento
básico no Brasil, teve a oportunidade de desenvolver o sistema visando duas
grandes questões: resistência do corpo técnico à nova tecnologia e ser
pioneira em um sistema de esgoto para áreas pobres.

A chegada do modelo condominial nos bairros pobres vizinhos da cidade


de Natal, Rocas e Santos Reis, partiu da constatação de que o sistema
convencional não atenderia os mesmos, visto que eram locais de alta de casas,
pobreza e desarrumação, além de que grande parte delas eram situadas
abaixo do nível das ruas. Foram realizados trabalhos de mobilização
comunitária para implantação desse sistema, buscando concordância entre os
moradores para a passagem dos ramais nos seus lotes.

Após esse fato, o sistema condominial começou a ser implantado na


mesma época em diversas cidades no interior do estado e em regiões
metropolitanas de Natal, oferecendo como resultados principais a
universalização do atendimento e redução dos custos. (MELO, 2008)

2.1.5.2. Petrolina, em Pernambuco

Nessa cidade, o programa foi realizado inteiramente pela prefeitura, e


foram beneficiados os dois extremos de renda da cidade. No bairro rico, foi
implantada os primeiros ramais condominiais de passeios, bancados pelos
21
usuários e sujeitos a tarifas maiores. Com isso, o êxito desse sistema somado
a apoios políticos proporcionou em recursos financeiros para novos
investimentos nessa mesma natureza. Atualmente, o sistema atende cerca de
80% da cidade, com tratamento realizado por onze lagoas de estabilização,
situadas em áreas urbanas e alcança cerca de 60% dos efluentes coletados.
(MELO, 2008)

2.1.5.3. Distrito Federal

O sistema foi adotado na cidade a partir de 1991, através da CAESB,


concessionária distrital dos serviços de saneamento, para garantir
universalização do atendimento e reduzir custos. Como resultado, atualmente
o sistema atende a mais de um milhão de pessoas, com 200 mil ligações, 3 mil
km de coletoras condominiais implantados e operando. O sistema condominial
de Brasília tornou-se dentre todos aqueles que adotaram a tecnologia, como a
mais interessante. Esse fato deve-se a fatos como eficiência e foco da
aplicação do modelo condominial, qualidade dos sistemas implantados, adoção
do sistema como única modalidade e as condições iniciais do processo de
implantação.

Em virtude de como funcionava o sistema em Petrolina, foi idealizada a


concepção de uma regra básica onde a população participava do custo do
sistema através do pagamento do seu ramal condominial e assumindo uma
tarifa de preço proporcional ao custo de implantação. Desse modo, foram
criadas como regras básicas:

- Posição do ramal: pela escolha coletiva do condomínio, adotava-se


ramal de fundo, de passeio ou de jardim.

- Modalidades de implantação: executados pela CAESB ou a


autoconstrução pelos condôminos.

- Modalidades de serviço: foi estabelecido que a manutenção das


canalizações públicas, os chamados ramais de passeios, localizados fora dos
lotes seria de responsabilidade do CAESB e no interior dos lotes a
responsabilidade passa a ser de domínio privado de cada condômino.

22
- Tarifas e preços dos serviços: no Brasil o serviço do esgotamento é
acoplado ao sistema tarifário de abastecimento de água. Desse modo, foi
aplicado um coeficiente redutor de 60% sobre o sistema tarifário de
abastecimento de água para usuários que possuíssem ramais condominiais
internos, e para àqueles que possuíssem ramais de calçada, não haveria
redução de preço. (MELO, 2008).

2.1.5.4. Salvador

A cidade de Salvador possui a problemática da topografia acidentada,


elevada densidade e ocupação desordenada, dificultando assim, a implantação
do sistema convencional. A EMBASA, concessionária estatal vem sinalizando
em plantas, a adoção do sistema condominial nos últimos dez anos.
Atualmente, dos 10.000 condomínios delimitados nessas áreas, foram
implantados 2.500 km de ramais condominiais. Ainda existem problemas a
serem enfrentados, como a conquista da universalização tendo em vista que
hoje é inferior a 80%, pois existem regiões que possuem reunião de águas
pluviais e de esgoto, obrigando a ter novos investimentos para separação e
aumento da tarifa; e a transferência das obstruções dos ramais para a
EMBASA. As áreas regularmente urbanizadas de Salvador, recebem o sistema
condominial de forma semelhante ao programa de Brasília. (MELO, 2008)

2.1.5.5. Recife

O primeiro planejamento foi realizado para uma cidade de 1.500.000


habitantes, denominado de Plano de Ordenamento dos Esgotos. Foram
designadas implantações de várias unidades de coleta, que consiste na
subdivisão da cidade, sendo algumas com seu próprio tratamento e outras
aproveitando unidades existentes.

Trazendo o conceito para a realidade Sergipana, apenas o conjunto Orlando


Dantas possui rede de coleta condominial, compreendendo unidades no Condomínio
Sérgio Vieira de Melo e no bairro São Conrado. Em outras áreas da região
metropolitana, existe o sistema nos conjuntos Marcos Freire, Eduardo Gomes e
Jardim. Os ramais condominiais são ligados ao coletor principal e instalados na rede

23
pública, sendo a comunidade incorporada nos problemas locais e a manutenção da
rede é operada pela concessionaria local, Deso (DESO, 2014).

2.2 Sistema de coleta a vácuo

2.2.1. Conceitos e Histórico

O sistema de coleta a vácuo é uma alternativa à tubulação de esgoto por


gravidade quando o local de implantação apresenta topografia desfavorável, lençol
freático alto, solo rochoso ou de estrutura instável. Tal alternativa trata-se de um
sistema mecanizado de transporte de água residuária que funciona pelo princípio de
diferença de pressão. Assim, faz-se necessário o uso de uma fonte de energia elétrica
para alimentar a bomba que mantém o vácuo no sistema (TSUTIYA e SOBRINHO,
2000; EPA, 2003 apud CAMPOS, 2007).

A invenção dessa alternativa data de 1888 nos Estados Unidos, com a patente
do sistema de coleta de águas servidas com base na depressão barométrica criado
por Adrian LeMarquand. Entretanto, sua primeira aplicação comercial foi apenas em
1959 na Suécia, pela empresa atualmente conhecida como Eletrolux. Posterior a isso,
três outras empresas (Colt-Envirovac, Vac-Q-Tec e AIRVAC) passaram a fabricar
esse tipo de sistema. Esses apresentam significativas diferenças entre si,
principalmente no que tange à separação da coleta águas negras e cinzas (U.S.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1991). O Quadro 1 sintetiza as
principais características desses produtos.

Quadro 1: Caracterização dos sistemas de coleta a vácuo

Tubulação
Sistema Tipo de Válvula Tubulação de coleta
doméstica
Eletrolux Água cinza e Negra: a vácuo; cinza: Negra: 1 ½” e 2”; cinza: 2”
negra separada válvula pneumática e 3”. PVC soldado

Colt-Envirovac Água cinza e Negra: a vácuo; cinza: Conduto único. 3”, 4” e 6”.
negra separada válvula pneumática PVC com anel de vedação
especial
Vac-Q-Tec Tubulação Válvula pneumática Conduto único, 4”. PVC
convencional acionada eletricamente soldado

24
AIRVAC Tubulação Válvula pneumática Conduto único. 4”, 6” e 8”.
convencional PVC soldado ou anel

Fonte: U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1991

Conforme Wang e Shammas (2013) apud Fernandes (2015), os sistemas


Eletrolux e Colt-Envirovac apresentam uma economia de água equivalente a 27%, ao
passo que os demais (Vac-Q-Tec e AIRVAC) permitem a adaptação do modelo
original para a inclusão de dispositivos economizadores água. Atualmente, a Vac-Q-
Tec não está em operação e a AIRVAC é a mais usual nos projetos residenciais.

2.2.2. Composição do Sistema de Coleta a Vácuo

A ABNT NBR 15710 (2009) – Sistema de rede de coleta de esgoto sanitário


doméstico a vácuo – apresenta uma série de diretrizes para projeto, execução,
operação e manutenção desse tipo de sistema. A mesma ainda define esse modo de
coleta como sendo constituído por três componentes principais: caixa de válvula, rede
de coleta e estação a vácuo (Figura 11).

Figura 11: Caminho do efluente na rede de coleta a vácuo

Fonte: SULCONSULT (2006) apud CAMPOS (2007)

O sistema de coleta compreende o fluxo do efluente da saída das economias


até a estação de tratamento de esgoto (ETE). Inicialmente, por gravidade, o esgoto
parte da edificação até a entrada da caixa de válvula por meio de uma tubulação
convencional. Depois, o poço de coleta é preenchido até um volume pré-determinado
25
quando a abertura da válvula é acionada e, por diferença de pressão, o efluente é
encaminhado para a rede coletora. Esta tem formato de dente de serra e recebe o
fluído sob velocidade de 4 m/s a 6 m/s. Posterior a isso, o conteúdo é acondicionado
no tanque coletor, no qual permanece até o volume pré-estabelecido para o ligamento
das bombas de recalque que o transfere para a ETE. As bombas de vácuo entram em
funcionamento quando necessário para manter o nível de vácuo constante em todo o
sistema (ABNT, 2009).

2.2.2.1 Caixa de válvula

Trata-se de uma estrutura dividida em dois compartimentos


independentes, no qual o superior abriga a válvula de interface e o inferior,
também denominado de poço de coleta, armazena o esgoto sanitário (Figura
12). A válvula de interface é um dispositivo que permite a passagem de ar
externo e efluente para a rede de coleta (ABNT,2009).

Figura 12: Caixa de válvula

Fonte: Página da Norbra2

2
Disponível em: <http://www.norbra.com.br/sistema.php#> Acesso em 13 de maio de 2018.
26
2.2.2.2 Rede de coleta

É constituída pelas linhas principais e secundárias de vácuo, ou seja,


compreende toda a tubulação a vácuo onde são implantadas as conexões de
serviço. Tal componente deve resistir a todas solicitações de cargas e às
pressões internas e externas e as tubulações que não estiverem enterradas
devem ser protegidas contra efeitos térmicos e contra danos mecânicos
(ABNT, 2009).

Figura 13: Rede Coletora

Fonte: Página da Norbra3

2.2.2.3 Estação de vácuo

É a unidade central do sistema, composta pelos dispositivos de


descarga e recalque, pelo tanque coletor, pela bomba de vácuo e pelos
equipamentos de supervisão e controle. Esta fica localizada na região mais
baixa da rede e é responsável pelo vácuo necessário para transportar o

3
Disponível em: <http://www.norbra.com.br/sistema.php#> Acesso em 13 de maio de 2018.
27
efluente. Ademais, o tanque coletor é o reservatório ligado à bomba de
recalque, à rede de coleta e à bomba à vácuo. O mesmo opera com pressão
menor que a atmosfera (ABNT, 2009)

Figura 14: Estação a vácuo

Fonte: Página da Norbra4

2.2.3. Dimensionamento, Operação e Manutenção do Sistema de Coleta a


Vácuo
De acordo do a ABNT NBR 15710 (2009), a coleta a vácuo é recomendada para
situações de:

• Topografia plana ou comunidades locadas em fundo de vale;


• Baixa densidade demográfica;
• Subsolo instável ou rochoso;
• Comunidades com fluxo demográfico sazonal;
• Existência de obstáculo no traçado previsto da tubulação;
• Nível freático elevado;
• Área de proteção dos aquíferos;
• Localidades em que os impactos de construção precisam ser minimizados.

4
Disponível em: <http://www.norbra.com.br/sistema.php#> Acesso em 13 de maio de 2018.
28
Um importante critério de dimensionamento trata do caminho único a ser
percorrido pelo esgoto sanitário desde a saída das diversas caixas de válvula até
as estações de vácuo, conforme ilustrado na Figura XX (SULLIVAN et al, 2003
apud CORREA, 2007).

Figura 15: Caminho do efluente na rede de coleta a vácuo

Fonte: AIRVAC (2001) apud CORREA (2007)

O perfil da tubulação precisa proporcionar autolimpeza e impedir a acumulação


do sólido, para tal o gradiente mínimo é 1:500. Ainda, o desnível máximo de um trecho
em elevação não pode ser superior a 1,5 m e a distância mínima entre trechos em
elevação é 6 m. Ademais, as mudanças do perfil devem ser feitas de modo a priorizar
a pequena profundidade da rede (ABNT, 2009).

Conforme a ABNT NBR 15710 (2009), a tubulação de coleta deve ser em PVC
ou PE (polietileno), cujas as pressões mínimas de trabalho correspondem a 6,50
kgf/cm². A norma também discorre sobre a realização de ensaios de interface,
tubulações e comissionamento a serem realizados em determinados períodos da fase
de operacionalização.

O manual de operação e as atividades de manutenção são fundamentais para


uma operacionalização satisfatória. Nesse cenário, o treinamento das equipes de

29
manutenção também é um ponto importante na redução de problemas. A atualização
do manual bem como a realização de manutenções periódica também são ações
importantes para o bom funcionamento do sistema. A norma que regulamenta essa
tecnologia prevê uma programação de manutenção para o tanque de coletor e a
estação a vácuo (Quadro 2) (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1991;
ABNT, 2009).

Quadro 2: Programa de manutenção


Componente Semanal Mensal Anual
Tanque coletor Inspeção visual das Lavagem do Retirada das
câmaras e conteúdo depósito e conexões; incrustações da
remoção do válvula de interface
respiradouro (a cada 5 anos)*
Estação a Inspeção visual, registro Manutenção Manutenção
vácuo do consumo de energia e operacional de rotina mecânica e elétrica
horário de funcionamento
das bombas

Fonte: ABNT (2009)

2.2.4. Vantagens e desvantagens os Sistema de Coleta a Vácuo e o


Convencional

Embora seja um sistema de utilização pontual no Brasil, o mesmo apresenta


algumas vantagens que podem se adequar mais ao local de implantação do projeto.
Uma das principais vantagens desse sistema é a alta economia de água. No que se
refere aos aspectos construtivos, destacam-se: o diâmetro das tubulações que são
menores e a versatilidade dos “layouts” de implantação, por si adequar a diferentes
tipos de topografia e obstáculos que cruzam a rede projetada. Já como desvantagens
pode-se citar a dependência de energia elétrica para funcionamento da bomba de
vácuo e a dificuldade de manutenção por necessitar de uma equipe mais
especializada (RAMLOW E SILVA, 2017).

2.2.5. Comparação entre os Sistema de Coleta a Vácuo e o Convencional

Na literatura, existem alguns trabalhos publicados que traçaram um


comparativo sobre os sistemas de coleta a vácuo e o convencional (por gravidade) e

30
abordam aspectos de custo, manutenibilidade e adequação da tecnologia ao local de
implantação. Pode-se citar como exemplo, os pesquisadores Little (2004), Campos
(2007), Fernandes (2015), Ramlow e Silva (2017).

Ademais, a partir da conclusão dos pesquisadores e dos dados fornecidos por


uma das empresas representantes do sistema no Brasil, Norbra5, elaborou-se um
quadros comparativo (Quadro 3) entre o sistema a vácuo e o convencional.

Quadro 3: Quadro comparativo

Aspecto Coleta a vácuo Coleta convencional


O diâmetro mínimo do coletor O diâmetro mínimo da maioria
Diâmetro da rede principal o secundário é DN 100 das redes de gravidade é DN
mm. 200 mm.
Recomenda-se uma extensão Depende da profundidade
Comprimento
de até 4 km máxima da vala
Independe do diâmetro do tubo É um parâmetro do
Declividade mínima
e equivale a, no mínimo, 0,2%. dimensionamento dos tubos
A velocidade de operação é A velocidade de operação é
Velocidade
entre 4m/s a 6m/s entre 0,6m/s a 1,5m/s
Não há necessidade de poços Necessários a cada mudança
Poços de visita de visita. O acesso pode ser de declividade, direção ou
feito através da caixa de válvula interseção de rede
Necessita de declividade
Pode ser instalado em terreno
Layout do sistema positiva para evitar uso de
plano
elevatórias
Locais de baixa densidade Utilizado em regiões altamente
População de projeto
demográfica povoadas
Menor custo de implantação e Custo de implantação maior e
Custo
maior custo de manutenção de manutenção menor

Fonte: Os autores (2018)

2.2.6. Sistemas de Coleta a Vácuo no Brasil

No Brasil, a coleta de esgoto por sistema a vácuo opera em três cidades:


Paranaguá (PR), balneário de Jurerê Internacional, município de Florianópolis (SC), e

5
Disponível em:
<http://www.norbra.com.br/downloads/comparativo_esgoto_%20a_vacuo_x_esgoto_a_gravidade_norbra_br
asi.pdf >. Acesso em 13 de maio de 2018.
31
Paraty (RJ). Ainda, existem projetos para implantação desta tecnologia em algumas
localidades, como a cidade de Itamaracá (PE) (RAMLOW e SILVA, 2017).

Figura 16: Sistema de coleta de esgoto a vácuo em Jurerê (SC)

Fonte: Página da Norbra6

Em Paranaguá, o sistema foi projetado para atender a cerca de 35000


habitantes, com capacidade para ampliar o atendimento até 70000 pessoas. Já em
Jurerê, a população beneficiada corresponde a cerca de 10000 habitantes (NORBRA,
2003).

2.3 Rede de Coleta e Transporte de esgoto decantado

Esse tipo de coleta foi utilizado na cidade de Brotas (CE). Trata-se de uma
pequena cidade, com cerca de 2000 habitantes e a taxa de consumo de água adotada
para o projeto foi 100 l/hab.dia. Sua implantação custou cerca de um quinto do que
custaria caso fosse escolhido o sistema convencional. A diferença entre essas duas
coletas perpassa por (TSUTIYA e SOBRINHO, 2000):
• Utilização de tanque séptico com dispositivo para secagem de lodo;
• Adoção de tubos de limpeza e inspeção ao invés de poços de visita;
• A velocidade mínima do sistema é 0,05 m/s

6
Disponível em: < http://www.norbra.com.br/bkp_old/projetos.html>. Acesso em 13 de maio de 2018.
32
• As tubulações são plásticas com diâmetro mínimo de 40 mm e podem funcionar
a seção plena.

2.4 Sistema de coleta de esgoto por gravidade em tubulação de


pequenos diâmetros (SDGS)

O SDGS apresenta baixo custo de implantação, o que se torna um atrativo para


áreas que não dispõe de coleta de esgoto. Esse sistema, diferentemente do
convencional, fornece um tratamento primário em cada conexão. Assim, apenas água
residuária é coletada. O funcionamento deste prevê a utilização de uma série de
fossas sépticas descarregam o efluente por gravidade, bomba ou sifão em um
reservatório de coleta de águas residuais de pequeno diâmetro. O conteúdo é
conduzido por gravidade para uma estação elevatória, um poço de inspeção em um
sistema convencional de coleta ou diretamente para uma estação de tratamento de
águas residuais (Figura 17) (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1991).

Figura 17: Esquema do SDGS

Fonte: Little (2004)

Little (2004) enumera uma série de vantagens e desvantagens desse sistema.


Como pontos positivos pode-se citar:

• Baixo custo de implantação;


33
• Pode ser usado mesmo com consumo de água pequeno;
• Pode ser implantado em gradientes planos;
• Apresenta um tratamento primário.

Já como desvantagens, citou-se:

• A água residuária que sai do sistema pode ter mau odor e ser corrosiva;
• Ainda é um sistema pouco conhecido;
• Se for necessária a construção dos tanques de interceptação em cada
economia, pode ser tão oneroso quanto o tradicional.

2.5 Rede coletora de baixa declividade com utilização do dispositivo


gerador de descarga

Cidades com baixas declividades em seu terreno natural costumam sofrer


com o custo da implementação e operação que uma rede coletora de esgoto
convencional pode trazer. Cidades litorâneas são as mais comuns de terem esse
problema, devido a suas condições naturais tais como áreas planas, solos moles
e lençol freático alto. Essas características topográficas requerem disposições
construtivas especiais, como por exemplo o escoramento continuo de valas,
rebaixamento do lenço, fundações especiais para as tubulações entre outros
(Alves, 2000).

Devido as necessidades citadas, os custos com escoramento, reaterro e


recomposição da via pode alcançar entre 80% e 90% de seu custo total de
implantação. Esse custo de implantação e operação é elevado por conta do
emprego de estações elevatórias de esgoto requeridas pelo sistema convencional
nessas regiões de áreas planas (Tsutiya, et al., 2000), que por sua vez tornam-se
fontes de despesa constante por conta da necessidade do uso de energia elétrica
e por requererem constante manutenção (Alves, 2000).

Foi buscando uma solução de menor custo de implantação e operação que


pudessem contornar os obstáculos supracitados que nasceu a ideia de se fazer
redes coletoras de baixa declividade (Tsutiya, et al., 2000). Por essa solução, a
rede de coleta é assentada em declividades drasticamente reduzidas,

34
significativamente menores que as declividades resultantes dos cálculos propostos
na normalização de vazões originais de dimensionamento (Alves, 2000). Esse
recurso foi desenvolvido pelo engenheiro Wolney Castilho Alves do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo S.A. (IPT), responsável também pelo
desenvolvimento do Dispositivo Gerador de Descarga (DGD), que possibilita seu
funcionamento podendo ser instalado na cabeceira da rede assim como em
trechos intermediários. Na figura 18 temos os detalhes do aparelho.

Figura 18: Detalhe demonstrativo do Dispositivo Gerador de Descarga

Fonte: Gersina Nobre (2018)

2.6.1. Funcionamento do dispositivo e da rede

É necessário em uma rede coletora o transporte hidráulico de sólidos,


preocupação presente no projeto de baixa declividade devido as baixas
velocidades que estariam presentes na rede. Para fim de desenvolvimento de
raciocínio podemos seguir o seguinte esquema auxiliado pela Figura 19.

35
Figura 19: Esquema do funcionamento da Rede de Baixa Declividade

Fonte: Gersina Nobre (2018)

Suponha que tenhamos nesse esquema uma carga de sólidos depositada


no fundo de uma tubulação numa seção “S”, situada a jusante do trecho
apresentado na figura 19. Para que esse sólido seja transportado é necessário que
uma descarga liquida o movimente. A movimentação dos sólidos pode ser descrita
pelo valor da tensão trativa ou tensão de arraste imposta pelo liquido no leito em
que escoa. Esses valores de tensão trativa variam de acordo com o tempo na
seção “S”, caso o escoamento no conduto ocorra em regime não permanente
caracterizando assim uma certa descarga. Dessa forma, podemos imaginar que
para que o solido seja transportado existe a necessidade de que haja um
hidrograma mínimo, ou seja valores mínimos de vazão para movimenta-lo (Alves,
2000).

A Figura 19a mostra um sistema projetado no qual a descarga da última


casa que contribui para a rede (casa N) ou pela combinação das cargas de duas
ou mais unidades de contribuição é responsável pela geração do hidrograma
mínimo. Na Figura 19b temos no mesmo trecho um coletor de baixa declividade,

36
contando com um aparelho DGD no montante do trecho, esse que por sua vez é
capaz de gerar através de suas descargas de esgoto um escoamento cujo
hidrograma na seção de referência tem capacidade de transportar a carga solida
depositada, devido à frente íngreme da onda gerada pelo dispositivo (Alves, 2000).
A onda gerada pelo equipamento DGD tem como característica a já citada frente
íngreme, atenuando-se ao longo de sua extensão. O escoamento originado é
caracterizado por um regime não permanente com zonas de variação muito rápida
na frente da onda e de variação gradual na cauda (Tsutiya, et al., 2000).

2.6.2. Resultados da implantação da rede

Em meados de 2000 a tecnologia criada estava em fase de avaliação de


desempenho, tendo sido implantada pela Sabesp em um trecho de rede coletora
na cidade do Guarujá (SP). Essa última fase da pesquisa tinha uma natureza
comprobatória, sendo o trecho que foi monitorado tendo sido assentado a uma
declividade de 0,05%, ou seja 0,0005 m/m. para efeito de comparação a mínima
declividade dada pela norma brasileira é de 0,45% (Alves, 2000). A figura 3 mostra
a implantação do equipamento DGD na rede coletora.

De acordo com a metodologia convencional, em uma área plana, haveria


uma seção situada a 100 m da cabeceira geratriz do escoamento com uma
profundidade de 1,5 m, em outras palavras, a cada 100 m o coletor estaria 0,45 m
mais profundo. Com a tecnologia DGD, nessa mesma condição, uma seção a 100
m estaria apenas com 1,1 m de profundidade, estando assim 0,40 m mais raso,
representando assim um ganho na redução da profundidade que se faz necessária
ser escavada em aproximadamente 0,89%. Quando extrapolado esse resultado
para os trechos ademais localizados a jusante pode-se ter um vislumbre de seu
potencial, já que a montante do trecho imediatamente a seguir encontra-se a uma
profundidade de 0,40 m acima da obtida de acordo com os critérios da norma
brasileira, podendo assim até mesmo implicar na diminuição ou eliminação da
necessidade de estações elevatórias. As estimativas preliminares mostram que a
rede coletora de baixa declividade com uso do Dispositivo Gerador de Descarga
tem um custo de implantação que chega a ser de 20% a 25% menor que o das
redes coletoras tradicionais (ALVES, 2000).

37
Figura 20: Aparelho DGD implantada em rede coletora de Guarujá-SP

Fonte: Gersina Nobre

2.7 Rede Coletora Pressurizada

Em geral, a coleta e transporte de esgoto é feito através do sistema


convencional, porém, em determinados grupos de populações a implantação
desse tipo de modelo verifica-se como sendo muito onerosa no que diz respeito ao
investimento per capita, o que pode levar a desistência de sua implementação.
Sendo assim, existe a necessidade de procurar soluções alternativas para
contornar o problema, e entre elas temos a rede coletora pressurizada.

Por conta de seu funcionamento sob pressão, esse sistema tem a


capacidade de contar com tubos de diâmetros menores que o usual, tendo um
conduto principal cujo diâmetro varia entre 50 a 150 mm, e cujas tubulações de
38
ligação aos ramais domiciliares tem dimensões variando entre 25 a 45 mm (Bentes,
et al., 2017). Nos ramais de ligação são usadas bombas de pequena potência (1 a
2 HP), responsável por pressurizar o esgoto e transporta-lo para a estação de
tratamento. As tubulações são implementadas acompanhando a topografia local,
enterradas a uma pequena profundidade. Por ter seu funcionamento sob pressão,
a rede trabalha selada sem poço de visita.

Dessa forma, temos uma rede coletora que consegue reduzir


significativamente o custo do investimento através da redução do diâmetro das
tubulações, a redução da quantidade obras de terra para sua implantação, pela
eliminação de estações elevatórias e pela redução das estações de tratamento
(Bentes, et al., 2017).

Esse tipo de rede pode contar com dois tipos de sistema: o STEP (septic
tank effluent pump) e o GP (grinding pump), diferenciados principalmente pelo seu
sistema mecânico, pelo nível de projeto e pelas cargas poluentes do esgoto final.

2.7.1. Tipos De Sistemas Pressurizados

Sistema STEP

Nesse sistema, há uma câmara de decantação para o qual o efluente


proveniente de cada residência é drenado, do qual os sólidos em suspensão e a
gordura é retirada. O efluente é então encaminhado para um tanque com uma
bomba submersível, que conta com a capacidade de manipular sólidos orgânicos
e inorgânicos. O sistema conta com impulsores em materiais plásticos ou em
bronze, afim de reduzir problemas de corrosão. O sistema da câmara de
bombeamento pressuriza o esgoto e o transporta para o coletor, o qual é
encaminhado para o tratamento ou para um sistema convencional. A figura
20esquematiza o sistema.

39
Figura 21: Esquema do sistema STEP

Fonte: (Bentes, et al., 2017)

O uso da câmara de decantação antecedendo a câmara de bombeamento gera


a vantagem de possibilitar a remoção dos sólidos e das gorduras, o que evita o
entupimento ou a redução de seção das canalizações por agregação das gorduras as
paredes dos condutos ou pela deposição de sólidos nos tubos. Porém, as estações
quentes intensificam a ação biológica, o que provoca liquefação de parte dos sólidos
e produz gás, reduzindo assim sua eficácia de retenção de sólidos.

Sistema Grinding Pump

Pelo sistema GP, não há câmara de decantação, de modo que o efluente é


diretamente encaminhado para o tanque de bombeamento, onde uma bomba
trituradora pressuriza o sistema. Após o bombeamento o efluente segue o caminho
semelhante ao do sistema STEP.

O fator decisivo para a escolha desse sistema em detrimento do STEP é


que remover a câmara de decantação gera economia na instalação e manutenção
do sistema. Além disso, por necessitar de menos espaço, é indicada para
edificações que não tenham espaço para implementação do sistema STEP
(Bentes, et al., 2017). A figura 21 mostra um esquema do sistema GP.

40
Figura 22: Esquema do sistema GP

Fonte: (Bentes, et al., 2017)

A rede coletora pressurizada tem duas principais problemáticas. A primeira é


que o sistema não tem contato com vazões provenientes da chuva, provocando uma
maior concentração de matérias poluentes nas águas residuais, o que implica na
necessidade de um maior grau de tratamento de esgoto. A segunda é que o sistema
é oneroso, seus custos com operação e manutenção são elevados devido ao
consumo de energia pelos equipamentos mecânicos e devido a sua necessidade de
assistência por profissionais especializados em reparo de avaria de equipamentos
complexos. Como o sistema funciona sob pressão, é dispensado o uso de poços de
visita, dificultando assim os reparos nos condutos. Além disso há a necessidade de
que o sistema esteja sempre com pressões positivas e que na extensão da rede sejam
usadas válvula redutora de pressão (vrp).

2.7.2. Descrição do planejamento da rede

A rede pressurizada tem algumas especificidades para seu funcionamento: o


sistema é ramificado, e a existência do equilíbrio hidráulico está diretamente atrelada
a condição de que a energia de cada nó seja a mesma, independendo do sentido do
escoamento e da inclinação da linha de energia, isso implica que a vazão bombeada
em cada ramal geralmente é diferente, sendo dada de acordo com a curava
característica da bomba utilizada no ramal.

41
A complicação para o seu desenvolvimento é o funcionamento simultâneo de
várias bombas, que geralmente bombeiam vazões diferentes para o conduto principal
afim de manter o equilíbrio hidráulico. Devido à falta de variedade do produto no
mercado, as bombas do sistema tendem a ser todas iguais, fato esse que também
pode ser justificado pela maior facilidade de manutenção da rede caso alguma bomba
pare de funcionar.

A figura 22 servirá de guia para o desenvolvimento do raciocínio com relação


ao funcionamento do sistema.

Figura 23: Esquema do sistema Pressurizado

Fonte: (Bentes, et al., 2017)

A partir dos parâmetros básicos de projeto (vazão constante em função do


número de habitantes servidos por cada bomba e velocidade de referência de 1m/s),
é feito um pré-dimensionamento levando em conta as necessidades do sistema, para
verificar se haverá alteração no diâmetro das tubulações ou se será necessário
substituir as bombas escolhidas. Suponhamos uma curva característica como a
representada na figura 23, que representa a perda de carga em função da vazão entre
a bomba 1 e o nó A, se subtrairmos a curva característica da instalação a curva
característica da bomba 1 encontramos a curva característica de uma bomba virtual
colocada no nó A, que usualmente é definida como sendo a curva característica
modificada da bomba 1.

42
Figura 24: Modelo de Curva Característica de uma bomba e de uma instalação

Fonte: (Bentes, et al., 2017)

Para a obtenção da curva característica modificada da bomba 2 colocada no


ponto A teríamos que seguir a mesma lógica apresentada anteriormente. Seria ainda
necessário transformar essa bomba virtual de 1 e 2 em uma bomba virtual equivalente
as duas, assumindo seu funcionamento em paralelo. O processo se repete da mesma
forma até chegar ao nó N, encontrando assim uma curva característica da bomba
virtual equivalente a todas as bombas do sistema.

Uma vez obtidos os valores finais, encontramos um ponto de funcionamento,


determinando assim a altura manométrica e a vazão movimentada pela bomba virtual
N. através de um processo inverso determina-se a vazão movimentada por cada
bomba para que haja equilíbrio hidráulico na rede. Pela análise da velocidade de
escoamento e dos pontos de funcionamento em cada Nó pode-se encontrar qual tipo
de bomba usar assim como os diâmetros das seções.

Esse processo de cálculo fica mais complexo à medida que cresce o número
de bombas no sistema. Para seu estudo considera-se que nem todas as bombas estão
funcionando ao mesmo tempo, de modo que é necessário fazer um estudo estatístico
para examinar de modo aproximado a quantidade de bombas funcionando
simultaneamente em função do total de bombas do sistema, e projetar a rede para
que funcione corretamente na situação mais desfavorável da combinação escolhida.

43
CONCLUSÃO

Cerca da metade da população brasileira não é atendida pelo sistema de


esgotamento sanitário. Tal fato implica em prejuízos à saúde, segurança e bem-estar
dos não beneficiados. Um dos fatores responsáveis por isso é a falta de rede coletora.
No sistema de coleta convencional, esse componente é o mais oneroso quando
comparado aos custos do interceptor, estação elevatória e ETE.

Nesse cenário, o presente trabalho visou apontar soluções alternativas ao


sistema de coleta tradicional. As opções aqui apresentadas têm implantações
pontuais no território brasileiro. Dentre essas, destaca-se o sistema condominial como
sendo o mais utilizado e já foi implantado em cidades do Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Sergipe e Bahia, por exemplo.

Ressalta-se, a importância de investigar todas as possibilidades de sistemas


de coleta durante a fase de concepção de modo a escolher o mais adequado em sob
aspectos econômicos e ambientais.

44
REFERÊNCIAS

ALVES, Wolney Castilho. Redes coletoras de esgoto de baixa declividade dotadas


de dispositivo gerador de descarga (DGD). PINI Revistas, maio de 2000. Disponível
em: <http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/46/artigo287196-1.aspx.>. Acesso
em 08 de maio de 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15710: Sistemas de redes de


coleta de esgoto sanitário doméstico a vácuo. Rio de Janeiro, 2009.

Atlas de Saneamento. Rede Coletora de Esgoto. IBGE, 2011. Disponível em


<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv53096_cap8.pdf>. Acesso em 10
de maio de 2018.

BENTES, Isabel, et al. Associação Portuguesa de Recursos Hídricos. Redes de


Esgoto Sob Pressão - Modelo de Cálculo de Equilíbrio Hidráulico. APRH, 2017.
Disponível em: <http://www.aprh.pt/pt/>. Acesso em 08 de maio de 2018.

CAMPOS, Guilherme Fantozzi. Estudo comparativo entre dois sistemas de coleta


de esgoto: A vácuo e por gravidade. 2007. 105 f. TCC (Graduação) - Curso de
Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2007.

CORREA, P. P. Sistema de esgoto sanitário a vácuo: avaliação econômica da


sua aplicação em regiões planas, litorâneas e com o nível de lençol freático
elevado. 2007. 128 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

DALTRO FILHO, J. Saneamento ambiental: doença, saúde e o saneamento da


água. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 332p. 2004.

DESO – Companhia de Saneamento de Sergipe. Esgoto condominial requer maior


participação comunitária. Disponível em: https://www.deso-
se.com.br/v2/index.php/deso-imprensa/noticias/item/578-esgoto-condominial-requer-
maior-participacao-comunitaria/578-esgoto-condominial-requer-maior-participacao-
comunitaria>. Acesso em 15 de maio de 2018.

45
Especificações Técnicas – Ligações Prediais de Esgoto. Sistema Condominial.
CAEMA, ET 21/03.

FERNANDES, S. Comparativo ambiental, econômico e técnico dos sistemas de


esgotamento sanitário a vácuo e gravitacional. 2015. 73 f. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade do Sul de Santa Catarina,
Palhoça, 2015.

LITTLE, C. J. A comparison of sewer reticulation system design standards


gravity, vacuum and small bore sewers. Water Institute of South Africa (WISA)
Biennial Conference. Cape Town, 2004.
MELO, J. C. Sistema Condominial: Uma resposta ao desafio da universalização
do saneamento. Brasília, 2008.

MORAES, L. R. S.; et al. I-043 - Avaliação Do Uso E Funcionamento Do Sistema


Condominial De Esgotos Em Área Periurbana De Salvador – Brasil. XXVII
Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES.

NOBRE, Gersina. ebah. Sistema de Esgoto - Materiais das Tubulações. Disponível


em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgHhYAF/sistemas-esgoto-materiais-
das-tubulacoes>. Acesso em 09 de maio de 2018.

OLIVEIRA, L. R. Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de


esgotamento sanitário do bairro de Santos Reis, Natal-RN. Natal, 2017.

OLIVIERA, M. T. C. S.; MORAES, L. R. S.; II -256 - A Tecnologia Apropriada E O


Sistema Condominial De Esgoto Sanitário: Uma Revisão Conceitual. 23º
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES, 2005.

OMS: 2,1 bilhões de pessoas não têm água potável em casa e mais do dobro
não dispõe de saneamento seguro. Disponível em <
http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5458:oms-
2-1-bilhoes-de-pessoas-nao-tem-agua-potavel-em-casa-e-mais-do-dobro-nao-
dispoem-de-saneamento-seguro&Itemid=839>. Acesso em 08 de maio de 2018;
46
PACHECO, R. P.; Custos para Implantação de Sistemas de Esgotamento
Sanitário. Departamento de Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental, Setor de
Tecnologia da Universidade Federal do Paraná – PR, 2011.

RAMLOW, A. Z; SILVA, D. C. Estudo comparativo entre os sistemas de


esgotamento a vácuo e por gravidade. 2017. 75 f. TCC (Graduação) - Curso de
Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça,
2017.

ROSSI, Camila. Dispositivo reduz o custo de redes coletoras de esgoto.


Universidade Federal de São Paulo, 23 de Outubro de 2002. Disponível em:
<http://www.usp.br/aun/antigo/exibir?id=499&ed=46&f=33.>. Acesso em 10 de maio
de 2018.

SCARAMUSSA, S. M.; et al. A Utilização Do Sistema Condominial De


Esgotamento Sanitário Como Política Pública Para Universalização Do
Atendimento Com Redes De Esgotos: O Exemplo Clássico Do Distrito Federal.
Florianópolis, p. 310 – 339, 2014.
SNIS: Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2016. Disponível em
<http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-e-esgotos/diagnostico-ae-2016>. Acesso
em 08 de maio de 2018.

TSUTIYA, M.; ALÉM SOBRINHO, P.; Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário.


2.ed. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. EPA/625/1-91/024: alternative wastewater


collection systems. Washington, 1991.

VOLSCHAN JÚNIOR, I.; et al. Esgotamento Sanitário. Operação e manutenção de


redes coletoras de esgoto. Guia do profissional em treinamento. Produzido pela
NUCASE, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em
<http://www.unipacvaledoaco.com.br/ArquivosDiversos/operacao_e_manutencao_de
_redes_coletoras_de_esgotos.pdf>. Acesso em 08 de maio de 2018.

47

Вам также может понравиться