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Transferência de Oxigênio
Francielo Vendruscolo
1. Transferência de Oxigênio
1.1 Importância da Transferência de Oxigênio
Do ponto de vista bioquímico, o oxigênio é o último elemento a aceitar elétrons,
ao final da cadeia respiratória, sendo então reduzido a água, permitindo que ocorra a
reoxidação das coenzimas que participam das reações de desidrogenação (ao longo
da glicólise e do ciclo de Krebs) e, ainda, permitindo o armazenamento de energia
através da passagem das moléculas de ADP para ATP. Estas últimas, por sua vez,
irão participar necessariamente nas reações de síntese de moléculas, para a
sobrevivência das células e para o surgimento de novas células, no processo de
proliferação da biomassa microbiana, para as quais é fundamental a introdução de
energia (Borzani Schmidell et al., 2001).
Um cultivo que seja eficiente, ocorrendo com elevadas velocidades de
crescimento celular, significa altas velocidades de consumo da fonte de carbono, a fim
de que haja abundância de elétrons transportados na cadeia respiratória (geração de
ATP), mas significa também, obrigatoriamente, a necessidade da existência de
oxigênio dissolvido, a fim de que elétrons sejam drenados ao final desta cadeia.
Através da equação estequiométrica de oxidação completa da glicose, pode-se
perceber a magnitude do problema enfrentado quando se trata do fornecimento de
oxigênio para a respiração do microrganismo.
C 6 H 12 O6 + 6 O2 → 6 CO 2 + 6 H 2 O (eq. 1)
C 6 H 12 O6 → 2C 2 H 5 OH + 2CO 2 (eq. 2)
Verifica-se que para 180g (1 mol) de glicose oxidada, é necessário o consumo
de 192g (6 moles) de oxigênio. A solubilidade da glicose em meios de cultivo é alta,
centenas de gramas por litro, enquanto que a solubilidade do oxigênio no meio de
cultivo e até mesmo na água, é muito baixa, estando na ordem de 7 a 8mgO2.L-1,
dependendo da pressão atmosférica e da temperatura.
3
H 2 O2 + catalaseexcesso → 1 O2 + H 2 O (eq. 4)
2
Em um dado volume de peróxido (1 molar) padronizado com permanganato de
potássio, sabe-se a massa de oxigênio adicionada. A partir dos dados presentes na
Tabela 2, pode-se determinar a regressão linear da massa de O2 (variável
independente) versus percentagem de saturação (variável dependente) e extrapolar a
mesma para a concentração de saturação de 100%, determinando a massa
necessária de O2 para a mesma. O volume deve estar em torno de 360mL para estas
condições.
Maior precisão pode-se ter ainda, se realizar a concentração de saturação em
diferentes tempos de cultivo, obtendo-se uma relação da concentração de saturação
em função da concentração da fonte de carbono, pois esta rege todo o consumo e
formação de nutrientes para um dado meio de cultivo com concentrações iniciais de
compostos idênticas.
8
Figura 2: Transferência de massa da fase gasosa para a fase líquida para um dado
microrganismo em biorreator (modificado de Blanch e Clark, 1997).
Na Figura 2, pode-se conceituar as resistências existentes como sendo:
R1: Difusão pela película estagnada da fase gasosa até a interface;
R2: Passagem pela interface gás-líquido;
R3: Difusão pela película estagnada da fase líquida até o seio do caldo;
R4: Transporte convectivo através do caldo;
R5: Difusão pela película estagnada externa ao agregado celular;
R6: Difusão no agregado celular e passagem pela membrana celular;
R7: Difusão no citoplasma e reação bioquímica.
No caso da transferência de oxigênio do gás para o líquido, pode-se imaginar
uma primeira resistência (R1) devido a uma película gasosa estagnada, através da
qual o oxigênio deve difundir. A seguir, pode-se imaginar uma resistência na interface
gás-líquido (R2), a resistência associada a película líquida estagnada ao redor da
bolha de gás (R3) e a resistência associada ao transporte convectivo do oxigênio
através do meio líquido (R4).
Com relação ao consumo de oxigênio, pode-se imaginar uma resistência
devido à película líquida em torno da célula (R5), outra devido à resistência imposta
pela membrana celular (R6), a resistência devido à difusão do oxigênio no citoplasma
e a resistência associada a velocidade de reação de consumo final deste oxigênio
(R7).
9
C = H e . p *O2 ,i (eq. 6)
C * = H e . pO2 (eq. 7)
ou seja:
nO2 = k g H ( p g − pi ) = k L H ( pi − p1 ) = k g (C s − Ci ) = k L (Ci − C ) (eq. 9)
gO dC gO2
nO2 ⋅ a 3 2 = 3
m .h dt m h
substituindo-se, obtém:
dC
= k L a (C s − C ) (eq. 13)
dt
Esta equação simples descreve todas as formas de que se dispõe para o
controle da concentração de oxigênio dissolvido em um dado meio de cultivo.
C t
dC
Cs
∫ (C s − C ) L ∫0
= k a. dt ou integrada
C
ln1 − = − k L a.t (eq. 14)
Cs
ou ainda
C
= (1 − e − k L a.t ) (eq. 15)
Cs
Graficando (1-C/Cs) em um gráfico monolog em função do tempo, a declividade
obtida é o valor de kLa. Se for log, dividir kLa por 2,3.
Cp
ln1 − = − k p .t (eq. 17)
Cs
13
0 -1 0 -1
Kp1=249,12h Kp1=393,48h
-1 -1
-1 Kp2=248,04h -1 Kp2=401,40h
ln(1-(C p/C s))
-1 -1
Kp3=225,00h
ln(1-(Cp/Cs))
-2 -2 Kp3=415,44h
-3 -3
-4
-4
-5
-5
0 20 40 60 80
0 20 40 60 80
Tempo (s) Tempo (s)
24 ~0,022 0,704
Penicillium chrysogenum
30 ~0,009 0,288
Aspergillus orizae 30 ~0,020 0,640
Fonte: Adaptado de Badino (1997).
Através da análise da Tabela 2.3.1, pode-se verificar que uma população ativa
de microrganismos, pode consumir todo o oxigênio de um meio originalmente saturado
pelo ar em 100 segundos. Estes valores podem ser ainda menores, se a concentração
crítica de oxigênio dissolvido for maior, como no caso de microrganismos que apresentam
o crescimento em pellets. Supondo uma concentração crítica de 2,5mgO2.L-1,
aproximadamente 30% da saturação, esse tempo diminuiria para 3 a 4 segundos. Rossi
(2006) destaca que esta alta velocidade de consumo de oxigênio deve ser igualada por
uma velocidade de suprimento se o objetivo é manter a produtividade constante.
15
Onde:
QO2máx: velocidade específica máxima de respiração;
K0: constante de saturação para o oxigênio.
A concentração crítica de oxigênio dissolvido pode ser obtida através da Figura
5.
QO2.X
(a) (b)
Figura 5: Determinação da concentração crítica de oxigênio dissolvido. (a) Ocorrência
da limitação de oxigênio dissolvido durante a execução do método dinâmico (b) Efeito
da concentração de oxigênio dissolvido na velocidade específica de respiração de um
microrganismo.
A figura X ilustra a variação de QO2 com a concentração de oxigênio dissolvido
(C), de acordo com a equação X (acima). Observa-se que a partir de uma dada
concentração de oxigênio dissolvido (C), tem-se a velocidade específica de respiração
constante e máxima igual a QO2max. Essa concentração de oxigênio dissolvido é
definida como concentração crítica (Ccrit). Logo, se for desejado manter a máxima
velocidade de respiração durante um determinado cultivo, deve-se monitorar as
condições de agitação e aeração, a fim de manter a concentração de oxigênio
dissolvido acima do valor crítico (Badino, 1997).
Crueger e Crueger (1993) citam que a concentração de oxigênio dissolvido
crítica (Ccrit) situa-se na faixa entre 5 e 25% da concentração de saturação, sendo este
valor dependente da forma de crescimento celular e da natureza do caldo de
fermentação (viscoso ou não viscoso). A Tabela 9 apresenta valores da concentração
crítica de oxigênio dissolvido para alguns microrganismos.
Equação de Pirtt, destaca o coeficiente de manutenção para µ=0, sendo:
16
1
QO 2 = mo + µ (eq. 23)
YO
QO 2 X
kLa = (eq. 26)
( C S − C critico )
Aula 4
1.9 Fatores que Afetam Valores de kLa
Existem fatores que afetam a transferência de oxigênio em biorreatores. Dentre
eles, podem-se citar a aeração empregada, traduzida em termos de velocidade
superficial de gás; freqüência de agitação, propriedades reológicas do meio de cultivo
sendo dependente da morfologia de crescimento do microrganismo, presença de
antiespumantes (Stanbury et al., 1995).
Osbek e Gayik (2001) realizaram um estudo da transferência de oxigênio em
bioreator na ausência de microrganismos. Avaliaram a velocidade de agitação, vazão
de ar, adição de glicerol e suporte inerte em água destilada e obtiveram correlações de
valores de kLa utilizando a seguinte relação para a determinação do valor experimental
do kLa:
α
P
K L a = A [VS ]
β
(eq. 27)
V L
Onde: A: constante;
P: potência requerida pela agitação mecânica (W);
VL: volume de líquido (m3);
VS: velocidade superficial do gás (m/s).
17
100
80
250rpm
60
k La (h -1)
500rpm
40 750rpm
1000rpm
20
0
0 0,25 0,5 0,75 1
Vazão Específica de Aeração (VVM)
18
K L aα N 0 ,56
[V S ]0 ,49 (eq. 30)
OSBEK, B.; GAYIK, S. The studies on the oxygen mass transfer coefficient in a
bioreactor. Process Biochemistry. v.36, p.729-741. 2001.
65449
Razãovolume = = 125141bolhas
0 ,523
A = 3 ,141mm 2 .155141 = 393069 mm 2
393069
Razãoárea = = 50 vezes
7854
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
O2
X=(100-2,9122)/14,379------- X=6,75mgO2.L-1
Uma vez determinada a Concentração de saturação, pode-se determinar a
constante de Henry da solução, sendo:
Cs=H.pg
H=Cs/pg
H=6,75/0,21=32,14 [mgO2.L-1.atm-1]
Ou seja, a cada hora o meio de cultivo deve ser saturado 750 vezes se a
concentração de oxigênio dissolvido cair a zero. Caso a concentração não ultrapasse
o limite de 1mgO2.L-1, deveríamos saturar 857 vezes em uma hora.
22
Exercício 5
Em um cultivo de levedura, deseja-se determinar o valor da velocidade de
respiração QO2, o valor da concentração crítica de oxigênio para este microrganismo
e o valor de kLa. As condições deste cultivo são as seguintes:
Temperatura de cultivo: 25ºC
Concentração de saturação de oxigênio: 7,0mgO2.L-1
Concentração de Biomassa: 5g.L-1
Tempo C (%)
(s)
0 90
10 89
20 80
30 70
40 60
50 50
60 40
70 30
80 20
90 17
100 15
110 14
120 16
130 18
140 30
150 40
160 50
170 60
180 70
190 80
200 85
210 87
220 88
y = -0,021x + 2,6239
100 7 0
y = -0,0694x + 6,965 R2 = 0,9846
90 R2 = 0,9999
6 -0,2
80
70 5 -0,4
60 4 -0,6
50
40 3 -0,8
30 2 -1
20
1 -1,2
10
0 0 -1,4
0 50 100 150 200 250 0 20 40 60 80 100 0 50 100 150 200
23
LISTA DE EXERCÍCIOS
1- Explique a importância da transferência de oxigênio em processos aeróbios.