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g.6) os efeitos negativos (a serem sofridos) no futuro como resultado de ações do passado e os
efeitos desejado (positivos) no futuro como resultado de ações no presente.
A palavra prospectiva utilizada por Berger (1964; em sua obra A atitude prospectiva) tinha o
propósito de substituir a palavra previsão com os sentidos de profecia e de construção do futuro à
imagem do passado. Nessa substituição se destacava a necessidade de uma atitude orientada para o
futuro, mas, conforme Godet (1995), para “tirar partido das lições do passado e não subestimar os
fatores de inércia”.
De acordo com Schwartz (2000), os cenários prospectivos apareceram após a Segunda Guerra
Mundial como um procedimento de planejamento militar. Nesse contexto, nada pacífico nem
socialmente construtivo em relação ao considerado e proposto nestas “Orientações (...)”,
imaginavam-se o que o oponente tentaria fazer e, com base nessas supostas posições e ações,
preparavam-se estratégias alternativas todas orientadas para vencê-lo.
Na década de 60, com os trabalhos de Kahn (1969) e Kahn e Wiener (1969), aprimoraram-se os
cenários como ferramentas para fins comerciais, atingindo uma nova dimensão com Wack (1985)
quando os aplicou no planejamento estratégico.
No Brasil, o Plano especial de obras públicas e aparelhamento da Defesa Nacional
(1939 – 1944), pode ser considerado o marco do planejamento e a primeira tentativa de alocação de
recursos com finalidade específica: indústrias básicas,na execução de obras públicas e no
aparelhamento da defesa nacional, com resultados apenas parciais. Em 1944 foi lançado um novo
plano, o Plano de obras e equipamentos, incumbido de elaborar um diagnóstico dos problemas da
economia brasileira, dentro do sistema econômico mundial, para o apoio a obras públicas e indústrias
básicas (BRITO e BONELLI, 1997).
O término da Segunda Guerra Mundial trouxe novas preocupações com o planejamento, com
idéias como “a privatização da economia, a livre participação do capital estrangeiro e a neutralidade do
poder público”.
A adoção de técnicas de planejamento teve um caráter fragmentário, em que, “ao mesmo tempo
em que se discutia uma política econômica planificada para o País, germinavam controvérsias sobre os
limites da participação do Estado na Economia”. De maneira lenta foram adotando-se estratégias de
desenvolvimento, sempre segundo possibilidades político-administrativas e interesses das classes
dominantes (OTÁVIO, 1979).
Em 1949, com a política de investimento interno, surge o Plano SALTE (1950 – 54), com foco
nos setores saúde, alimentação, transporte e energia, constituindo-se a primeira experiência de
planejamento sob regime democrático. Entretanto, devido à defasagem entre os recursos previstos e os
aplicados, falhas na coordenação e distanciamento da realidade, o plano não apresentou grandes
resultados, sendo abandonado em 1952 (OTÁVIO, op. cit.).
Na década de 50 se destacam dois períodos: 1951 – 54 (governo Vargas: protecionista da
indústria nacional e substituição de importações, expansão de investimentos na construção de infra-
estrutura e produção de insumos/ Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico) e 1956-61
696
110
Uma referência importante de consulta sobre o Projeto Prospectar é o Livro Verde da Ciência, Tecnologia e
Inovação: Desafio para a Sociedade Brasileira / Instrumentos da Política de CT& Inovação.
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as perspectivas futuras da realidade objeto de investigação diante da qual a organização planeja e age
para intervir e contribuir na construção do futuro.
A observação é pertinente e oportuna se considerado o público alvo de “Orientações (...)”;
estas, além de se constituírem referências básicas para a formação profissional e a reflexão, ensejam
desdobramentos e motivações para buscar novos procedimentos de análise prospectiva e de construção
de cenários. Parte dessas motivações está na consideração da prospecção como crítica para a inovação.
O estudante de metodologia científica de pesquisa e o jovem pesquisador, públicos alvos diretos
de “Orientações (...)”, devem entender que o vínculo da prospecção à inovação significa, entre outras
coisas, que qualquer estudo de prospecção para que seja consistente deve assumir, além da
multidisciplinaridade, interdisciplinares e transdisciplinares requeridas em abordagens sistêmicas,
outros princípios e procedimentos, conforme experiências de metodologias aperfeiçoadas por países
com eficientes sistemas de inovações e bases de dados.
Dentre os diversos procedimentos destacam-se: a avaliação e adequação à realidade do País de
abordagens metodológicas; e as considerações específicas de multi-setorialidade, pluri-
institucionalidade e estudos de futuros próprios da realidade, na medida em que se busca caracterizar
necessidades e possibilidades tecnológicas de longo prazo, em setores, atividades, atores (...) essenciais
para a sociedade.
Conforme as mesmas experiências internacionais de sistemas de inovações e, também, de
conformidade com as necessárias adequações (dessas lições e “experiências”) à realidade do País, os
resultados de estudos prospectivos indicaram certas características, tais como: ser um processo
contínuo e com a participação social o que exige um longo tempo de aprendizado (destaque nestas
“Orientações (...)”) e maturação para que os governos, as organizações de ensino e pesquisa (...)
aprendam e se desenvolvam.
É necessário consolidar uma base de dados que informem e ajudem ao processo de reflexão
sobre o futuro tecnológico.
Há uma permanente pressão para que se adaptem e se criem novas metodologias que ajudem na
compreensão do consenso ou do dissenso, que captem informações, auxiliem a reflexão e escolham as
melhores práticas de inovações que possam reduzir riscos do futuro incerto.
A parte que segue, consistente com as informações anteriores, apresenta uma introdução aos
desdobramentos dos conceitos prospecção e cenários, como parte de uma resposta à pressão de
adaptação e/ou de criação de novos procedimentos para estudos de futuros e para provocar a reflexão a
cerca de estudos prospectivos, com efeitos no planejamento estratégico da pesquisa para o
desenvolvimento.
d.4) Os mercados: melhores canais para a sociedade expressar suas necessidades e desejos,
transcendo vontades e decisões individuais – condições de competição perfeita -. São numerosos
os desafios para prospectar orientações, rumos, tendências (...) de mercados e, p.ex., superar
barreiras de acesso aos mercados externos, adequar às novas exigências de consumidores via
mercados, atender exigências para preservar domínios (market share), aprimorar mecanismos
que assegurem vantagens.
d.5) A economia: lucro e preços. Os desafios são, também, numerosos e compreendem desde
desafios para tratar problemas em estruturas produtivas primárias de redução custos de
produção, eliminação de perdas (...), até desafios para oferecer produtos, no final de cadeias
produtivas, com inovações tecnológicas e valor agregado pelos benefícios, com menores preços,
ao consumidor final.
d.6) Os governos: prover serviços públicos para que a iniciativa pública seja instrumento de
atendimento às necessidades, bem como oferecer diretamente serviços com qualidade à
sociedade.
d.7) A responsabilidade social: compromisso com a melhoria da qualidade de vida por meio de
empresas eficientes e orientadas para o mercados e para aproveitar oportunidades, com
importantes desafios.
d.8) O meio ambiente: conhecer e respeitar princípios e valores do desenvolvimento sustentável
com a utilização racional de recursos naturais em bases sustentáveis, o que significa atenderem
às condições como capacidade de suporte e de restauração desses ambientes. Entre os numerosos
desafios para a pesquisa se indica o de valorização de riquezas naturais
d.9) A legislação; são notáveis os conceitos, princípios, fundamentos e instrumentos de políticas
que se relacionam com as necessidades e possibilidades de atendimento ao cliente,
compreendendo diversos desafios, desde a implementação dessas políticas até a integração com
outros conceitos e princípios.
d.10) Os competidores e parceiros; o desafio é conhecê-los para com eles estabelecer
relacionamentos convenientes à organização.
O atendimento sob tais condições “obrigam” à organização para buscar o entendimento em
diversas dimensões, escalas (...) que o viabilize, com a percepção do que é relevante, prioritário,
valioso (...) e com a preparação com antecedências para efetivar esse atendimento.
Enfoques estratégicos com base em adequadas prospecções colocam o atendimento às
necessidades do cliente, conforme sejam as possibilidades dos envolvidos na pesquisa, em
evidência, valorizando as ações, estratégias e recursos alocados (...) para esse efetivo atendimento.
e) A necessidade de fazer escolhas para o futuro que, segundo Davis (2002; complementado),
afetarão à organização e seus clientes, aos financiadores, a sociedade, ao meio ambiente (...). Tais
efeitos poderão ser quanto às decisões de aonde investir: (que fazer? como fazer? para quem
fazer? que habilidades – competências - desenvolver?, que tipo de inovações buscar? e que
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resultados de novas escolhas (tecnologias) oferecer? entre outras questões de orientações sobres as
quais a organização e o pesquisador deverão refletir e decidir.
As respostas às questões anteriores são necessárias para se terem informações valiosas de um
futuro que é desconhecido e imprevisto, mas, que não é impensável de imaginar e que o pesquisador,
os envolvidos / interessados na investigação e a organização podem se preparar para tratá-lo. Esse
tratamento, por compreender eventos possíveis futuros de uma realidade complexa, caracteriza-se pela
incerteza.
Dessa forma, o planejamento estratégico passa a se constituir condição necessária, ainda que não
suficiente, para se ter ou para garantir o sucesso possível e, como efeito natural desse sucesso, a
sobrevivência da organização que prospecta e avalia fatores de possíveis vantagens. Dessa forma,
planejar de maneira estratégica, constitui-se exigência da organização com possível sucesso no futuro.
Nessa exigência há princípios a observar, tendências (quebras, descontinuidades) para conhecer,
oportunidades /desafios para aproveitar/ vencer e etapas a desenvolver.
4 Incertezas quantitativas Processos que compreendem tanto variáveis qualitativas como quantitativas fora
e qualitativas de controle. Técnicas e métodos prospectivos devem ser utilizados.
* O princípio da incerteza de Heisemberg estabelece que “é praticamente impossível prever com precisão a
posição exata, no tempo e no espaço, de uma partícula, objeto de investigação, porque o simples ato de
observação, pretensamente neutra, provoca mudança no ambiente e na matéria dificultando separar o
movimento próprio da partícula dos efeitos provocados pela observação”.
Que é estratégia e quais são seus princípios que influenciam ou que o planejamento adota?
Entenda-se estratégia como arte e atividade intelectual (ciência) de aplicar, com eficácia, os recursos
de que a organização dispõe e/ou de explorar condições favoráveis visando ao alcance de determinados
objetivos. Nessa arte, segundo Fahey e Randall (1999; complementado) e Brasil 3 Temos (2005),
tem-se como princípios, entre outros, os seguintes:
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a) Constituir-se interface entre a organização e seu ambiente: clientes, mercados, sociedade etc.,
com um comando único no mais alto nível institucional; isso é consistente como o nível de
gestão.
b) Compreender três elementos básicos: escopo, postura e metas em constantes ajustamentos; essa
compreensão se deve caracterizar, quanto possível, pela simplicidade de concepções e pelas
implementações das ações estratégicas, em abordagens integrados e sistêmicos; aparentemente,
trata-se de certa contradição entre a simplicidade (que parece eliminar fatores) e o sistêmico (que
integra todos os fatores); no sistema simplificado (modelo) se consideram apenas os fatores mais
importantes, suficientes para se ter a compreensão dos três elementos básicos.
c) Ser um meio pelo qual a organização cria ou alavanca mudanças no ambiente, com objetividades
nas ações e estratégias e com a busca de surpresas na implementação.
d) Diz respeito a superar os concorrentes em”inteligência” e movimentação mediante a melhor e
mais rápida (oportuna, eficiente...) antecipação de mudança e pela adoção de medidas
compatíveis.
O princípio da antecipação que é possível com a prospectiva na estratégia é essencial à
organização para perceber os elementos (fatores essenciais) de mudanças e eliminar idéias pré-
concebidas.
A prospectiva, ao antecipar o futuro, responde à pergunta o que poderá acontecer? Na resposta a
organização se prepara (flexibiliza) para se ajustar às novas realidades.
A prospectiva estratégica, ao antecipar o futuro associada à definição de estratégias de ação,
responde à pergunta o que poderá acontecer e o que a organização pode fazer em função desse
futuro? Na resposta a organização se prepara para enfrentar os desafios, aproveitar oportunidades
e obter vantagens.
e) Ser renovada de forma contínua com a aplicação dos meios necessários; mantida as iniciativas
nas ações estratégicas; alinhada ao dinamismo na obtenção de um objetivo estratégico; e com
economia de meios e recursos em frentes que não sejam estratégicas.
Planejar de maneira estratégica significa buscar e assegurar certo equilíbrio (em alguns casos,
sinergias, complementações...) e coerência (em alguns casos, tolerância para lidar com fatores de não-
harmonia, de não-ligação...) entre os ambientes interno e externo da organização. É nessa coerência e
equilíbrio dinâmico que se criam relações e vínculos entre os interessados e envolvidos na pesquisa.
Dessas relações e vínculos depende, em parte, a sustentabilidade institucional quando ancorada
na efetividade dos resultados que gera, com eficiência, e oferece, com eficácia e oportunidade ao
cliente certo.
Quais são as etapas a desenvolver no planejamento estratégico? Na análise de ambientes e em
estudos prospectivos se identificam os atores a sensibilizar e mobilizar, bem como os meios e as
propostas para participarem no planejamento. As etapas são identificação de atores, ambientes (...);
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como esses atores decidem (decidirão), seus valores e princípios, para onde se orientam suas
expectativas (...). É preciso, também, responder aos anseios de tomadores de decisão e de outros
envolvidos / interessados na pesquisa como são, p.ex., os financiadores da C&T e P&D, bem como
monitorar os ambientes, tanto interno como externo, para identificar ameaças, pontos fortes e fracos e
antecipar oportunidades.
Nesse processo nem sempre se devem utilizar ferramentas e meios sofisticados, nem
desenvolver novas competências, habilidades (...), segundo Tayson (1998), mas, meios que sejam,
além de eficientes, éticos e legais, como condições de sustentabilidade de vantagens competitivas
obtidas por esses meios, associadas à inteligência competitiva, à inovação tecnológica.
Ao estudar as condições do esforço tecnológico relacionado com as vantagens competitivas é
necessários considerar as dimensões críticas desse esforço. Algumas dessas dimensões são:
Desenvolvimento; nesta dimensão se encontram importantes fatores críticos da inovação
tecnológica responsável por vantagens competitivas, tais como: condicionantes macroeconômicas
e comerciais; infra-estruturas como as de transporte e comunicação; legislação econômica e
comercial.
Incertezas técnicas, tecnológicas e científicas, tais como: paradigmas da ciência e tecnologia, leis
de patentes, biossegurança, propriedade intelectual etc.; e estratégias empresariais.
Incertezas de mercado, tais como estruturas, funções e organizações; institucional e financeira; e
estruturas e sistemas produtivos.
Condições sociais, culturais, tais como formação profissional e treinamento de pessoal.
Mediante a estratégia e inteligência é possível alcançar determinados propósitos identificados
com os objetivos maiores e as metas finalísticas da organização.
Entre os propósitos que podem ser atingidos com o auxílio da estratégia e da inteligência
traduzidos no planejamento se relacionam os seguintes:
a) A redução de conflitos ao mediar / tratar suas causas como, p.ex., as discrepâncias e ansiedades,
no presente e previsíveis no futuro devidas ao desconhecido e às incertezas do que é novo.
b) O incentivo e privilégio a discussão e ao diálogo (participação) para o acordo e “consenso” em
visões de longo prazo e de futuros que, aliado à redução de conflitos, possibilitam gerar
informações, serviços e produtos coletivos com capacidade de atenderem às necessidades e
expectativas do cliente, da sociedade, de mercados, do meio ambiente (...).
c) As facilidades de comunicação (troca de informações “consistidas” e de valor para os usuários
“legítimos”) e de criação de uma linguagem de acessibilidade comum para os “legítimos”
destinatários.
Esses propósitos são condições favoráveis ao desenvolvimento de uma cultura propícia à
criatividade, ao compartilhamento da visão de futuro (integrada e sistêmica) e ao favorecimento da
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participação 111 de atores, tanto internos como externos, quando habilidades, competências e
oportunidades possam ser alinhadas à sustentabilidade institucional. São propósitos importantes,
também, para a formulação e avaliação permanente de políticas de P&D, de prioridades (p.ex., investir
em fatores críticos de potenciais transformações: fatores de inércia) e de procedimentos (p.ex., os de
capacitar e captar recursos necessários para gerar / adaptar soluções com efetividades nos alvos).
111
No texto é destacado o conceito participação (do lat, participatìo,ónis, como partilha, ter parte em.... Pode ser
entendida, segundo Marrow, citado por Chisholm e Vansina (1993), como uma filosofia de gestão, por meio da qual se
envolvem empregados na tomada de decisões. Como processo, em diversos contextos – interno e externo- e distintos
propósitos, que possibilita a grupos de interesses (stakeholders) influenciarem e partilharem o controle no
estabelecimento de prioridades, políticas, implementação de programas e distribuição de recursos (TIKARE et al.
1995). As condições para se efetivar a participação e dela se obter benefícios exigem, entre outras, a escolha adequada
de participantes privilegiando competências e disposição - envolvimento; apresentação de temas realistas, oportunos e
viáveis; um ambiente favorável: comunicação / dialogo, confiança; a clara especificação de nível de participação e de
resultados esperados como, p.ex.: deliberativo como no caso de parceiros em que se espera empreender reflexões,
discussões sobre algo no intuito de decidir; consultivo para se obterem conselhos, fazerem consulta, obterem pareceres
e sugestões sem deliberações ou tomadas de decisões; informativo, em que o participante é passivo (GREEN e
HUNTON-CLARKE, 2003; complementado).
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Referências:
Estratégico Redes / Convênios/ Convênios/ PPA, PPP...
Longo prazo prospectar Laboratórios Extensão Planos Região
acontecer...? A resposta, para auxiliar a tomada de decisões, apontaria agir conforme “indicações” de
um cenário esperado “o mais provável, o cenário de referência”. Nesse cenário, com “indicações” para
a preparação, poderão se reduzir riscos por meio de monitoramentos e de ações com certa flexibilidade,
com narrativas que se orientam para descrever relações causais com o propósito de identificar pontos
de decisão (EHRLICH, 2000; complementado).
Os conceitos de curto, médio e longo prazos ilustrados nas Figuras 34 e 35 são definidos,
repetindo, conforme considerações próprias de cada caso no local ou região; da complexidade e
dinâmica do tema no local; de condições internas como dotação de recursos e possibilidades da
organização e externas como são as forças restritivas (p.ex., pressões de grupos dominantes e limitada
capacidade gerencial e de organização do cliente) e as forças propulsoras (p.ex., avanços da
informação e comunicação permeando a difusão e transferência de tecnologia); de objetivos (como,
p.ex., estruturais e conjunturais) e da vontade-decisão política para buscar meios e agir com
efetividade, entre outros fatores que poderão definir os prazos. Em geral, não deverão ser definições
independentes, mas, seqüenciais.
Com frequência as percepções de futuros de médio e longo prazos não poderão ser caracterizadas
com precisão ou por apenas atributos e técnicas quantitativas (...), mas, entre outros fatores e
condições:
a) Plausibilidade ou conjunto de conexões racionais entre fatores, condições, atores (...)
distanciados no tempo, conforme sejam os horizontes de planejamento. Essas conexões são
narrativas que compreendem opiniões e cujas consistências poderão ser inversamente
proporcionais às abrangências temporais. Com frequência são conexões descritivas qualitativas.
b) Consistência interna ou veracidade, credibilidade, estabilidade e conformidade do que é previsto
e objeto de descrição com a realidade a ser verificada no futuro.
c) Descrição de processos causais ou relações significativas entre ações e seus resultados em um
processo, sistema (...), entre causas e efeitos de um resultado (...), combinando diversas técnicas
para descrever e, quanto possível, quantificar essas causalidades.
d) Utilidade na tomada de decisão que se reflete na eficiência do planejamento com suficiente
antecedência e como um processo de aprendizagem para trabalhar de traz para diante (responder:
como chegar- ir, atingir etc. - a (...)?) e do presente para o futuro (responder: aonde chegar?),
bem como para planear processos de comunicação, entre outros fins com utilidade que a
percepção de futuros (prospecções) possibilitam atingir.
Deve-se acrescentar que, além das considerações anteriores, a prospecção e os cenários exigem
diversos conhecimentos interdisciplinares (a serem integrados), considerar as interações de múltiplos
interesses e as limitações e propósitos de atores e ambientes diversos, bem como tratar os conflitos
nessas exigências (BRASIL, 2003; complementado).
Com as exigências da prospecção atendidas é possível que os cenários respondam a dois grandes
propósitos, segundo Bellineti (1995):
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Cenários prospectivos
Grupos
Planejamento integrado
Gerenciamento
Cenários Cenários do Meio Ambiente participativo
Institucionais,
legais (...)
Componentes - Cenários
Estudos
Cenários Sociais
Cenários Cenários
Internacionais Econômicos
Curto
prazo5
Mediano
Prazo: 5 a 9
Temporalidade
Longo
Prazo 10
1 Otimista / estabilidade
a) Compreender e antecipar a natureza de riscos (com freqüência, são eventos com incertezas) em
torno do negócio, de um evento.
b) Descobrir opções estratégicas quando permite organizar uma ampla variedade de informações
heterogêneas, aparentemente sem relações entre elas, transformando-as em uma base
informacional comum que as integra e subsidia à tomada de decisões. Este é o principal propósito
dos cenários.
Na prospecção e nos cenários prospectivos se admitem as incertezas: o futuro, além de
indeterminado, é incerto, com variações e multiplicidade de possíveis eventos, conforme sejam a
natureza e o horizonte de tempo considerado. As incertezas, em geral, são mais fortes em eventos
sociais. Quando tais incertezas se referem aos fatores críticos serão incertezas críticas.
Os cenários e estudos prospectivos podem ajudar à organização a reconhecer as mudanças de
seus ambientes, tanto internas como externas, e se adaptar a elas. São, segundo Schwartz (2000),
veículos poderosos para desafiar modelos mentais da realidade e levantar as cortinas que limitam a
criatividade.
Nesses processos, os planejadores e gestores inventam e depois consideram, em detalhes, opções
de futuros igualmente plausíveis. Tanto as histórias como cenários são ferramentas para ordenar as
percepções com objetivos que vão além da escolha de um futuro preferido ou com maior
probabilidade, detendo-se na tomada de decisões estratégicas plausíveis para todos os futuros
possíveis.
Nos cenários, ao procurar estruturar as incertezas (organizá-las, sistematizá-las e delimitá-las
com a exploração de pontos de mudanças, de rupturas de tendências etc.), não apenas se entrecruzam
variáveis (como, p.ex., as que são apresentadas em análises – matrizes - de impactos cruzados) e
produzem inúmeros resultados, mas, com base em critérios e técnicas - métodos de seleção e
ordenamento, criam-se poucas alternativas e roteiros internamente consistentes orientados para o futuro
(BELLINETTI, op. cit.; complementado).
O cenário, mais do que apenas um instrumento para criar algo, pode ser visto como um ambiente
propício para a educação (desafiar modelos mentais, estimular a criatividade...), para o exercício
prospectivo que leva a um ciclo estimulador de cenários e para a reflexão sobre turbulências que
afetam (afetarão) à organização, trazem incertezas de seus futuro e são motivos justificados de
preocupações em função de instabilidades, complexidades e dinâmicas (velocidades de mudanças que
alteram configurações de ambientes interno e externo) de processos, de resultados, de atores (...),
algumas traduzidas em oportunidades, outras em ameaças.
previsão e condições imprevisíveis em que não há seqüência nem possibilidade de anunciar um evento
ou fenômeno para o futuro.
Nos parágrafos anteriores se indicaram, com base em pesquisa documental, atributos e
propósitos da prospecção e dos cenários prospectivos na pesquisa.
A prospecção, além da redução de inconvenientes (problemas) da incerteza, tem como base
fatores estruturais que apresentam possibilidades de anunciar um evento ou fenômeno sustentado em
raciocínios do tipo causa-e-efeito, porém, sem requerer o conhecimento da probabilidade de
ocorrência, mas, somente uma possibilidade do evento ocorrer.
Até a Segunda Guerra Mundial, a predição clássica era o método utilizado para visualizar o
futuro e fundamentar o processo de tomada de decisões. Por esse método não se esperam modificações
ou alterações de tendências do curso de acontecimentos no futuro. Segundo Kupfer e Tigre (2004), a
previsão suporta a inferência, no suposto de que futuro procura reproduzir acontecimentos ocorridos no
passado, sem rupturas ou descontinuidades na avaliação de fatos, objetos (...) em análise.
Com a previsão clássica se utilizam técnicas, métodos e procedimentos, entre outros:
a) A extrapolação; prolongamento de tendências em que se supõe que variáveis podem continuar a
evoluir da mesma forma de uma época para outra; do passado para o presente, do presente para o
futuro.Nesse contexto “simplista” seria apenas suficiente conhecer a base para estender e
generalizar: extrapolar; dessa forma feita a extrapolação, contrariam-se fatos e evidências.
A extrapolação negligencia o fato de uma tendência ser válida até que surja a descontinuidade da
mesma, bem como elimina ou limita as oportunidades oferecidas por essas rupturas que, apesar de
trazerem maiores riscos, poderão ser portadoras ou características de virtualmente todo tipo de
progressão evolutiva.
A análise de tendência, como uma síntese de uma série temporal de valores que aumentam ou
diminuem com certa regularidade no período de tempo considerado, baseia-se no exame empírico
(dados) de fatos, fenômenos (...) no foco da previsão, cuja mensuração se repete no decorrer do
tempo, possibilitanto, assim, a caracterização histórica de fluxos e a projeção (presisão) do
mesmo.
b) A predeterminação, no sentido de dar determinação, de estabelecer com antecedência; suposto
de que o futuro é indecifrável e só é possível aguardar a passagem do tempo para conhecê-lo.
A extrapolação e o determinismo (científico) se fundamentam, segundo Popper (1984), no fato
de que a estrutura do mundo é de tal forma que todo sucesso futuro pode, em princípio, calcular-
se com base no conhecimento das leis da natureza e de seus estados presente e passado. Dessa
forma, o futuro estaria predeterminado por leis gerais e o conhecimento científico poderia prever
todos os eventos futuros, desde que se tivesse a teoria certa e fossem conhecidos os eventos
iniciais numa relação de causas-e-efeitos; nesse contexto, o acaso é apenas um estado de
ignorância (POINCARE, citado por BERNSTEIN, 1997).
721
benefícios esperados com a adoção de soluções preparadas parra essa realidade. Que é o que está
implícito na proposição anterior? “Conhecer” essa realidade “à luz de futuros, possíveis, múltiplo
e incertos”, segundo Godet (1985).
No contexto que se coloca significa avaliar os pontos fortes para sustentá-los, os pontos fracos
para, com preparação, superá-los, as oportunidades para aproveitá-las e as ameaças para, ao se
preparar, enfrentá-las.
Significa avaliar os ambientes externo e interno da organização cujas mudanças podem
representar oportunidades e ameaças sinais para a mobilização da “inteligência coletiva” da
prospectiva, da estratégia e do planejamento. São avaliações feitas com base em decisões sob
condições de incertezas.
O processo de decisão sob condições de incertezas requer a análise de possíveis futuros, de
“estados da natureza” e de alternativas de decisões com as correspondentes “prováveis” / possíveis
conseqüências (efeitos cruzados) dessas decisões com os “estados”.
O caso de prováveis futuros se aplica em algumas situações de curto prazo e para condições de
riscos, para eventos prognosticáveis em situações conhecidas e que apresentem certa estabilidade.
A análise de possíveis futuros e as alternativas de decisões (cenários alternativos) de interesse na
P&D e C,I&T destacam a utilização de procedimentos como os de dinâmica de sistemas na
análise de impactos cruzados de fatores condutores (variáveis portadoras de futuros). Com esse
destaque se busca a consistência de cenários (os mais prováveis, os estratégicos) e a “projeção” de
impactos de percepções (desdobramentos de eventos) e de hipóteses.
Com a dinâmica de sistemas se deseja quantificar 112 certas relações, análises e estudos como os
de comportamento, evolução, dinâmica (...) numa visão integrada representada pelo estudo do
todo, da “floresta em lugar do enfoque isolado de uma árvore” e onde a metodologia de cenário é
apropriada (EHRLICH, 2004).
Com as prospectivas se detalham (auxiliam o detalhamento) as informações de “estados” e de
impactos de variáveis do entorno (ambiente externo) da organização, bem como se desenvolvem
(auxilia o desenvolvimento) habilidades para captar, interpretar e utilizar tendências.
A prospectiva possibilita entender rupturas de tendências e germens ou indícios de mudanças de
atores e ambientes. Enessa forma, consistente com uma visão global e integrada da realidade: o
problema faz parte de uma realidade e a solução que se pretende deve ser consistente com
determinada realidade.
b) Passividade; em geral pode ser definida como a incapacidade para a autodeterminação que se
manifesta pelo passivismo ou na abdicação da vontade livre e racional de escolha e
posicionamento de atores.
112
No contexto de dinâmica de sistemas a quantificação é diferente da mensuração; ver detalhes na seção 3.3.2.10
Análise de rico na pesquisa.
723
A pesquisa e a tecnologia que se gera com ela orientada, em parte, por atividades dinâmicas e
prospectivas não pode recorrer ou se sustentar somente no passado para desvendar o futuro no
suposto de se manterem e projetarem os mesmos fatos e fenômenos, os mesmos atores e
ambientes, as mesmas condições do passado ou do presente para o futuro.
As metodologias tradicionais de definição de estratégias baseadas em análises de tendências,
previsões, extrapolações (...) setoriais não se aplicam mais com sucesso, em muitos casos, devido
às novas condições em que fatos, fenômenos, atores (...) se desenvolvem em ambientes
turbulentos, com incertezas e freqüentes rupturas de tendências e com novos (emergentes) atores,
mercados etc.
pesquisa), espaços (p.ex., brechas e oportunidades, no sistema, para a pesquisa), atores (p.ex., clientes e
setores) e possibilidades (p.ex., as de financiamento e as de aceitação social de um possível resultado)
mediante diagnósticos feitos com base em variáveis qualitativas e quantitativas e análises estruturais
em que se decompõe o sistema, destacam efeitos escondidos e se consideram meios de monitoramento
e controle.
As sínteses dessas análises podem ser feitas por matrizes como as: variáveis & atores; variáveis
& variáveis, atores & atores etc.; por planos como os motricidade – dependência e por gráficos como
os potencialidades, entre outros ingredientes dessa análise.
Qual é a origem e a definição de cenário? O termo cenário ou futurible foi inicialmente aplicado
ao planejamento estratégico militar, sendo definido como a “a seqüência de eventos hipotéticos de
situações complexas, construídas com a finalidade de focalizar as atenções em processos causais e
pontos de decisão” (KAHN (1969) e KAHN e WEINER, 1969), a fim de demonstrar como uma
determinada meta da organização poderá ser atingida.
A metodologia usada por Kahn e Weiner (op. cit.) na formulação de cenários foi a de reunir
especialistas em várias áreas e construir, com eles, os cenários “livre de surpresas” (surprise free); a
seguir, considerar variações resultantes da introdução de mudanças nos pressupostos desses cenários:
variações canônicas.
Nos cenários “livre de surpresas” é possível apresentar uma seqüência de situações hipotéticas
(imaginadas com certa base e lógica), por vezes situações complexas, construídas com o propósito de:
a) Concentrar a atenção nos processos causais e em pontos importantes (estratégicos) da tomada de
decisão quando considerado determinado horizonte de planejamento e de efeitos (extensão)
dessas decisões.
b) Preparar a organização para tratar as crescentes incertezas de futuros. As referências dessa
preparação são a identificação e caracterização de causas, evoluções e trajetórias de eventos
estratégicos com incertezas.
Uma forma de prospectar o futuro, segundo Kupfer e Tigre (2004), é mediante a geração
sistemática de trajetórias alternativas, com a construção de cenários, para representar possíveis
variações do futuro; essas variações, cada vez mais intensas, são caracterizadas por incertezas.
c) Apoiar a organização para a formulação dos macrobjetivos e estratégias institucionais. As
referências desse apoio são a filosofia, visão, missão, análises prospectivas e pesquisas de futuros
para avaliar a consistência e pertinência.
d) Identificar oportunidades (ameaças) e riscos que surgem de mudanças e que são avaliadas em
análises, entre outras, do ambiente externo e na rupturas de tendências.
e) Constituir-se um referencial para a elaboração de plano como os de programação de pesquisa,
projetos de pesquisa, planos de gestão (financeira, recursos etc.) e planos de educação /
treinamento, entre outros.
Segundo McMaster (1996; complementado), ao olhar para o futuro com o propósito de decidir
mais como uma possibilidade de auxílio à decisão, à criatividade, à reflexão, à educação (...) do que um
725
prolongamento do presente no tempo, verificar-se-á que o futuro “projeta uma sombra sobre o
presente”. Identificar (caracterizar) essa projeção em seus aspectos positivos (oportunidades) e
negativos (ameaças), aliado à concepção da realidade como partes de sistemas de causa-e-efeito não-
lineares, ditos “emergentes”, possibilita ter uma antevisão (opiniões), sem a pretensão de ser ou se ter
uma previsão do futuro com eventos certos: a prospectiva não pretende eliminar a incerteza mediante
uma predição que seria ilusória; visa, somente, organizá-la e, quanto possível, reduzi-la ao simplificar.
Os cenários não são e não devem ser entendidos ou considerados como prognósticos, mas,
formas (meios) de ampliar a compreensão das conseqüências de eventos potenciais e de políticas de
longo prazo, em nível regional ou nacional (NORSE, 1979), ou caminhos possíveis em direção ao
futuro (RATTER, 1979).
Os cenários não são um fim em si, mas, bases “consistentes” de informações qualitativas e
quantitativas para a reflexão, para a educação e para a tomada de decisão alicerçada em “antecipações”
ou visões sobre o futuro; são “antecipações” que transcendem atividades teóricas, especulativas (...) na
preparação de ações e estratégias utilizadas na construção de futuros.
Com os cenários se simulam possíveis reações de atores que, junto com a compreensão
ambientes e de eventos potenciais permitem organizar, sistematizar e delimitar incertezas, explorando
pontos favoráveis de mudanças, limitar (preparar-se) ameaças e definir como situações poderão vir a
ocorrer. Neste sentido, mediante este instrumento é possível esboçar perspectivas, cotejar situações
possíveis com uma situação desejada, estimular o debate e mobilizar forças em torno de um plano de
longo prazo que permita cobrir a distância do que a organização é (no presente) para o que se espera e
pode chegar a ser no futuro.
No sentido de aprendizagem, os cenários prospectivos são marcos de referências formados por
suas situações descritas para fundamentar, além do planejamento estratégico, uma agenda de reflexões
e decisões sobre o futuro, considerando, no mesmo instrumento, tanto os fatores críticos (aqueles que
afetam de forma positiva ou negativa o desempenho da organização, de um processo (...)), como as
forças propulsoras (aquelas que impulsionam, de maneira positiva, um fator crítico) e restritivas
(aquelas que afetam, de forma negativa, um fator crítico). Esse processo de preparação de ações e
estratégias pode ser desenvolvido em três horizontes de tempo devidamente integrados e seqüenciais,
conforme se ilustra nas Figuras 34 e 35.
Os cenários prospectivos são apenas “imagens” ou desenhos de futuros configurados a partir da
combinação coerente e consistente de hipóteses plausíveis sobre possíveis eventos, ações, estratégias e
comportamentos de atores, de grupos ou de organizações (...), verificando-se que quanto maior seja o
nível de incerteza maior será a importância do cenário no planejamento e a necessidade de fortalecer
vínculos como os de acordos, agendas, negociações (...).
São possibilidades de diversos futuros plausíveis na forma de imagens configuradas a partir da
combinação de eventos, “estados” e comportamentos de atores e ambientes incertos que explicitam,
passo a passo, além de potenciais evento e definições de como uma situação pode vir a ocorrer,
possíveis formas de organizar e delimitar incertezas, de explorar pontos favoráveis de mudanças e de
limitar a concretização de ameaças.
726
Mediante este instrumento é possível esboçar perspectivas, cotejar situações possíveis com uma
situação desejada, estimular o debate e mobilizar forças em torno de um plano de longo prazo que
permita cobrir a distância do que a organização é para o que se espera e pode chegar a ser.
Com essas possibilidades estruturadas em cenários, a organização poderá se preparar, em parte,
para lidar com um desses cenários ou até mesmo criar condições que possam influenciar ou (re)orientar
ocorrências “indesejáveis” e, com isso, minimizar efeitos negativos e a reduzir incertezas de
invariáveis.
A organização que desejar se prepara para lidar com a incerteza poderá se orientar, no início, por
respostas (de peritos) a perguntas, tais como: Que fazer se tal coisa (...) acontecer? Que é o pode
acontecer no futuro dado que (...)? Que pode (deve) ser feito para que a resposta, conforme sinais e
indicadores(tendências) de futuros, não seja (...)? Como fazer, dadas as tendências e possibilidades de
rupturas das mesmas por conta de (...)? As respostas devem ser complementadas por outras
informações.
Conforme resultados de pesquisas acumulados sobre o futuro apresentados pelo Projeto
Millenium (ALEGRIA, 2005; complementados), parte das respostas às questões anteriores tem
referências globais que poderão afetar a organização. A síntese que segue dá uma idéia, mais com o
propósito de incitar à reflexão do que considerá-las em análises prospectivos, dessas referências:
a) Novos tipos de instituições globais poderão parecer estruturas muito complexos, porém, são
capazes de combinar soluções e problemas. Contudo, quando se trata de organizações com o papel
de regular o curso da ciência e tecnologia, elas não serão mais competentes para acompanhar o
ritmo de acelerados avanços da C,I&T.
Sistemas internacionais serão estabelecidos para monitorar e regular áreas da ciência como, além
da nuclear, a biotecnológica e nanotecnológica (um tema considerado como estratégico), com
regulamentações “caso-a-caso”.
Os cenários alternativos produzirão novas direções da C,I&T com efeitos nas organizações
globais, entre outros, para: coletar e disseminar informação de riscos e de oportunidades em
C,I&T; reforçar regulamentações que limitarão e direcionarão a C,I&T; estabelecer diretrizes
da C,I&T; fixar prioridades; auto-regulamentar áreas; e estabelecer acordos e sansões
internacionais.
Reguladores e comissões da C,I&T não estarão livres da corrupção [de influências e pressões
por parte de interesses particulares ou de interesses de governos de países desenvolvidos].
Negociações referentes aos custos - benefícios não poderão ser feitas de forma lógica [apenas
baseadas na racionalidade econômica, p. ex.] quando conseqüências extremas [reais ou
imaginadas em, p.ex., a proteção da natureza] não pretendidas podem estar envolvidas nessas
negociações e acordos.
727
113
A comunicação, no contexto de prospecção e cenários e, em especial, da pesquisa que se integra com a transferência,
pode ser entendida com um processo no qual os participantes geram, disponibilizam e compartilham informações com
outros para alcançar uma compreensão mútua. O ato de comunicar constitui um processo de organização social quando
mediante a comunicação se concebe, descobre, seleciona, identifica, reconhece, compara, avalia, interpreta, representa,
expressa, transmite “algo” na construção dessa organização social; por ela, a pessoa cria sua própria identidade e
realidade, bem como desenvolvem suar relações (inter-relações) com outros e com o meio ambiente, produzem e
utilizam sinais e mensagens; em fim, a comunicação é a voz de mudanças na construção do entendimento mútuo, na
aprendizagem.
728
g) Novas tecnologias biológicas, de sensoriamento (...) irão detectar e permitir implementar regras
ambientalistas mais rígidas. Nessa linha, muitos impactos ambientais que eram tolerados há 10
anos atrás [na década de 90], não serão mais permitidos nos próximos 10 anos.
h) As pessoas estão vivendo mais, o mundo está cada vez mais urbanizado e a população está
crescendo, porém com menos oportunidades de conseguir o necessário para sobreviver
[oportunidades ao emprego digno, ao salário suficiente, ao bem-estar necessário etc.].
Em 2050 poderão existir mais pessoas como mais de 60 anos do que abaixo dos 15 anos de
idade. Dentro das próximas duas décadas, centenas de milhões de pessoas poderão agregar-se as 1,3
bilhões de pessoas, no início do novo milênio, que estão vivendo com $US1/ dia.
A perspectiva para o futuro está melhorando como conseqüência do desenvolvimento de
indicadores, tais como: diminuição da taxa de mortalidade, aumento da renda per-capita, acesso a água
potável, melhoria da educação, aumento da expectativa de vida, maior liberdade política. Contudo, há,
também, sinais que apontam para o agravamento, tais como: emissão de CO2, aumento de desemprego,
perdas de áreas florestais, mortes por doenças como AIDS/HIV, ameaças globais na forma de
protecionismo de países (...) e elevadas dívidas de países em desenvolvimento, entre outras.
Com algumas das previsões positivas da C,I&T desenvolve-se “um pensamento próprio” que
configura um cenário caracterizado pela velocidade de descobertas científicas e de suas aplicações
tecnológicas. Tal cenário pode ser considerado um sistema global de respostas científicas e sociais, na
forma de um “ciclo”: a ciência tornou as pessoas mais inteligentes e pessoas mais inteligentes
aprimoraram e aceleraram o progresso da ciência. A ciência melhor e mais rápida abre novas portas
para a descoberta; com novas portas se tem sinergia na solução de problemas e se criam novas
oportunidades; estas, sua vez, geram nova ciência que contribui (estimula) para que as pessoas sejam
mais inteligentes (ALEGRIA, op. cit.) ou para que os processo de aprendizagens sejam mais eficientes
e eficazes.
A ciência e tecnologia mudam de forma tão acelerada que governos e regulamentações
internacionais parecem que foram deixadas para atrás e caminham pela sua conta (ALEGRIA, op. cit.).
Para a organização o cenário da C,I&T com o desenvolvimento de um “pensamento próprio” é
uma referência para o planejamento estratégico que oferecem “antecipações” para acontecimentos
possíveis com efeitos na organização. Essas “antecipações” não são, repetindo, projeções de tendências
nem previsões, mas, em especial, informações sobre possíveis descontinuidades de tendências, de
projeções, de previsões (...) escondidas no futuro que podem se configurar como oportunidades
(aproveitar) ou ameaças (a debelar) capazes de ajudar ou prejudicar.
Um fato que deve ser considerado no estudo de futuros é o determinismo. É um princípio
segundo o qual todos os fenômenos estão ligados entre si por rígidas relações de causalidade
(determinística) e leis universais imutáveis que excluem o acaso e a indeterminação, de tal forma que
uma “suposta” inteligência capaz de conhecer o “estado” presente do universo estaria apta, também,
conforme esse determinismo, para prever o futuro e reconstruir o passado.
729
Trata-se do sentido único de tendências com a afirmação epistemológica de que todo está
determinado ou submetido às condições necessárias e suficientes “conhecidas” (princípio da
causalidade) para que ocorram os eventos.
Todos os acontecimentos, inclusive a vontade, o comportamento e a escolha humana, seriam
determinados por acontecimentos anteriores. Dessa forma, o comportamento seria predeterminado e os
conceitos como o de liberdade não passaria, nesse contexto, de uma ilusão subjetiva.
Com a reflexão a cerca da complexidade que afeta e é afetada pela realidade objeto de
investigação; de incertezas de ações, ambientes e atores no futuro; da acirrada competição (...), chega-
se a inevitabilidade da prospectiva (foresight) e da necessidade do pensamento complexo, segundo o
conceito de Morin, citado por Gonod (1997), para contextualizar, globalizar e responder aos desafios
da organização. Tais desafios de pensar, planejar e decidir na complexidade da realidade objeto de
investigação poderão ser afetados por princípios orientadores, entre outros os seguintes:
a) o sistêmico: relaciona o conhecimentos das partes ao conhecimento do todo; o conceito sistêmico
básico na pesquisa define o todo como algo maior que do que a soma das partes, entre outros;
nesse todo se encontra o problema para pesquisa e a solução, ao se integrar nas partes, deve
considerar esse todo;
b) hologramático; por este princípio, aceita-se que cada ponto contém a quase totalidade da
informação do objeto que representa; dessa forma, destaca-se que nos sistemas complexos não só
a parte está contida no todo, mas, que o todo está inscrito nas partes;
c) retroativo ou feedback; possibilita o conhecimento de processos auto-reguladores que permitem a
autonomia do sistema ou homeostasia, contrário ao princípio linear de causa-e-efeito, ao
reconhecer que a causa age sobre o efeito e o efeito sobre a causa;
d) recursivo; permite a regulação pela auto-produção e auto-organização; os produtos e os efeitos
são eles produtores ou causas daquilo que os produz;
e) auto-eco-organizacional; a autonomia e dependência se integram;
f) dialógico; possibilita juntar dois princípios, ações (...) presentes em uma mesma realidade;
g) reintrodução do conhecedor no conhecimento dado que todo conhecimento é uma reconstrução
cognitiva de percepções, teorias (...) de uma cultura e para determinado período..
Com a prospecção, como substituto, em parte, da previsão, não se pretende predizer o futuro,
mas, “projetar” diferentes futuros (imagens), relacionando decisões e ações do presente com possíveis
efeitos das mesmas no futuro. Nesse contexto de relacionamentos, a prospectiva, como ferramenta de
apóio à decisão e propiciadora da reflexão, tem como objetivos, segundo Godet (1995), esclarecer a
ação presente à luz de futuros possíveis e não como se fosse um produto do acaso; antecipar as
conseqüências, a longo prazo, de decisões tomadas no presente; e identificar as evoluções desejáveis.
730
CARACTERÍSTICAS
Apesar de serem conceitos distintos, há uma estreita e lógica ligação (inter-relação) entre a
prospectiva que “antecipa” comportamentos, ações, “estados” (...) possíveis como exploração do futuro
e a arte de coordenar ações, prever posições e se preparar para lidar com os conflitos (...) de que trata a
estratégia na organização de pesquisa.
Como parte do processo de orientação para o entendimento desses conceitos e, em especial, de
integração entre prospecção e estratégia, sugerem-se questionamentos de orientação, tais como:
Q1: Qual é (deveria ser em função do que pode acontecer no futuro) a missão, visão, objetivos,
metas, diretrizes de políticas de pesquisa e desenvolvimento, de conservação (...) da organização
no contexto moderno ?
732
b) Incentivos (exigências) esperados como são os legais com produtos e processos produtivos
sustentáveis; é o caso de tendências de novas normas de proteção ambiental, de proteção ao
consumidor.
c) As possibilidades de um ambiente favorável aos investimentos para incorporar tecnologias
conforme orientações, evoluções, tendências e “sinais” indicadores desse favorecimento (ou não).
d) As previsões de acordos internacionais como os de comércio e tratados de mercados de produtos
tecnologicamente melhorados e com vantagens apreçadas por esses acordos e tratados.
e) As possibilidades de existência de capital humano e institucional, entre outros.
É oportuno esclarecer que nem toda prospectiva tem uma relação direta e estreita com a
estratégia clara e útil para um determinado propósito da organização; tais casos são propositadamente
omitidos.
Ao identificar as conseqüências da análise de vetores de possíveis mudanças no futuro, outro
passo na construção de cenários prospectivos, e se posicionar da melhor forma nesses vetores, a
organização estará agindo com racionalidade e lógica. Ao agir dessa forma estará indicando possíveis
critérios, princípios e objetivos que poderão ser esclarecidos e melhore definidos com a construção de
cenários prospectivos.
De acordo com o INPI (2000), a prospecção tecnológica compreende estudos sobre tendências
tecnológicas em setores industriais, utilizando principalmente informações contidas em documentos de
patentes nacionais e estrangeiros, tanto em bases nacionais (p.ex., Banco de Patentes e bases em CD-
ROM) como internacionais (ON-LINE), e outras de ordem econômica e mercadológica.
Além de permitir mapear o desenvolvimento científico e tecnológico em uma determinada área,
setor, organização (...), segundo Kupfer e Tigre (2004; complementado), a prospecção tecnológica
possibilita identificar e caracterizar tendências da concorrência; evidenciar possíveis mudanças de
comportamento de clientes, ambientes, mercados, sociedade etc.; produzir significados de sinais da
“projeção do futuro no presente”; e construir esquemas do entorno da organização como auxílio na
definição / ajuste de diretrizes, ações e estratégias. A prospecção possibilita, também, analisar a
estrutura necessária de pesquisa para atender às necessidades por soluções tecnológicas e aproveitar
oportunidades.
Por que é necessária a prospecção e formulação de cenários prospectivos em áreas como a
pesquisa e tecnológica em nível da organização e de projeto de pesquisa? A complexidade de assuntos,
ambientes e atores que se manifestam, entre outros, por acordos, posicionamentos, agendas etc., entre
parceiros (eventuais concorrentes) e ações em redes; pelas formas de planejar e gerir em diversas
dimensões e propósitos dos atores nem sempre confluentes; pela avaliação e escolha de o que fazer e o
como fazer com limitações de recursos (...) em contextos de mudanças e exigências de clientes,
mercados, sociedade (...) cada vez mais dinâmicos e competitivos destacam a atividade, segundo Godet
(1995), 114 de “pensar e modelar o futuro” à luz de possibilidades múltiplas e incertas, de fazer cenários
prospectivos para planejar no presente, em fim, de mapear o futuro com base em condições do presente
e passado para obter sucesso na inovação tecnológica.
A inovação tecnológica pode ser vista como um processo composto por um conjunto de
atividades inscritas em um determinado período de tempo e para determinadas condições que levam a
introduzir e provocar resultados, com êxito e pela primeira vez, uma idéia (da prospecção) que se
transformou em uma informação, processo, serviço, técnica e produto tecnológico; o resultado
provocado é um novo conhecimentos e/ou uma inovação.
O destaque que a organização confere à prospecção e formulação de cenários se deve às
exigências ou à necessidade de ajuda para se ter uma melhor visão de longo prazo em ambientes com
grandes incertezas, possibilitando ordenar a percepção de alternativos futuros nos quais as decisões
podem ser tomadas (SCHWARTZ, 1996). Deve-se, também, às exigências de procedimentos
sistemáticos para detectar as tendências possíveis (as vezes, prováveis) de evolução, numa seqüência
114
Godet (1995), ao especificar como esclarecer a ação presente à luz de futuros possíveis, múltiplos e incertos,
postulou dez princípios: (mandamentos): adotar uma visão global e sistêmica; considerar os fatores qualitativos e as
estratégias dos atores; obter lições do passado e não subestimar os fatores de inércia; decodificar as informações à luz
dos jogos de poder; desconfiar de idéias preconcebidas; apostar na mudança social para permitir a mudança
tecnológica; transformas as estruturas e os comportamentos; mobilizar a inteligência da empresa: vigilância
prospectiva, vontade estratégica e mobilização coletiva; e considerar os métodos como ferramentas de reflexão e
comunicação.
738
de intervalos temporais e para procura identificar os limiares e tensões de mudanças e ajustes nos quais
“forças” poderiam alterar essas tendências (PORTER, 1979; complementado).
administração pública mediante reformas estruturais e em nível micro, a maior integração dos
meios rural e urbano.
d) Mudanças em andamento; os processos de ajustes, mudações e transformações estruturais em
curso ainda não produziram todos os seus efeitos no objeto de cenarização e cujos
desdobramentos apresentam incertezas como, p.ex., a conservação da água e a proteção de fontes
e ciclos naturais e o crescimento do agronegócio no limiar de aparentes mudança de paradigmas,
seja no campo alimentar impulsionado por pelo potencial de transformações biotecnológicas
(biotecnologia fui considerado um tema estratégico em Brasil 3 Tempos 115)e a necessidade de
assegurar qualidade – sustentabilidade do meio ambiente, seja no campo mercadológico pelo
potencial de integração da tecnologia da informação – comunicação condicionado por aspectos
como o legal da propriedade intelectual.
e) Fatores portadores de futuro; são processos consolidados de mudanças que terão
desdobramentos e efeitos no longo prazo, com incertezas, ou fatores de mudanças potenciais
capazes de produzirem grandes impactos no futuro como, p.ex., o aproveitamento sustentável da
biodiversidades (este temo fui considerado estratégico) no agronegócio e as pesquisas sobre
genoma e células tronco.
Como poderiam se relacionar (sintetizar, analisar, interpretar etc.) os fatores (...) condicionantes
de futuro? O exemplo que segue apresentado no Quadro 52 ilustra possíveis aspectos de um sistema,
problema (...) em três escalas de abrangências: macro ou global, nacional ou regional e micro ou local,
com três descritores (intensidade, impacto e incerteza) e os mesmos indicadores (“pesos” de 1 a 5) de
três conjunto de fatores. Na escala microrregional, p.ex., esses fatores são:
115
Brasil 3 Tempos: 2007, 2015 e 2022 era um projeto, proposto em 2005, que se propunha, no médio prazo, um
cenário positivo para o Brasil, “na condição de sociedade satisfatoriamente desenvolvida, plenamente democrática,
mais igualitária, portadora de valores inclusive de cidadania, inserida de maneira soberana na economia mundial e
participando dos processos decisórios na âmbito da política internacional” Com esse Projeto se pretendia estabelecer as
bases de um trabalho conjunto Estado – sociedade para se lograr a cooperação , com três marcos de referências: 2007; o
propósito era “garantir” a coerência do PPA com as novas propostas no início de um novo governo; 2015, para avaliar
o cumprimento das Metas do Novo Milênio estabelecidas pela ONU; e 2022, coincidindo como o bicentenário da
independência do Brasil. O objetivo era estabelecer uma visão de Nação em várias dimensões, com objetivos
específicos e metas temporárias que seriam atingidas usando a técnica de construção de cenários para identificar
trajetórias possíveis com várias referências: Planos Nacionais de Desenvolvimento, Programa Avança Brasil, Brasil de
Todos, PPA, Metas do Milênio etc.
740
5 5 4 100
a) Impacto da tecnologia (...) que aumenta a eficiência de uso de recursos naturais renováveis
abundantes (...) na produção de (...) para determinado ambiente e condições; tanto os impactos e
os recursos naturais como a utilização dos mesmos devem ser claramente especificados.
b) Maior integração de fases produtivas dos meios rural e urbano na produção de (...) dada as
condições (...).
c) Conservação da água e proteção de fontes (o tema uso e conservação da água doce fui
considerado estratégico em Brasil 3 Tempos) na Política Nacional de Recursos Hídricos
(PNRH), educação ambiental e instrumentos dessa Política como os planos diretores de bacias
hidrográficas e a cobrança pelo usos (significativa) de água na bacia.
741
A utilização de cenários prospectivos, como uma forma de entender realidades com frequência
complexas e com incertezas, possibilita à organização visualizar como ela se enquadraria, dada a
melhor “percepção de futuro” (e sua própria percepção) e a “percepção de risco”, afetando e sendo
afetada, por potenciais circunstâncias de diferentes (imaginados) futuros.
Dessa forma, a organização poderá reduzir as possibilidades de surpresas (em especial, as
indesejáveis) e buscar elementos de preparação para tratá-las. Não entanto, há necessidade de conduzir
o exercício da prospecção de maneira adequada e criteriosa para não criar limites ou possibilidades
(expectativas) que não existem.
É importante um esclarecimento em relação à última parte do parágrafo anterior. Uma realidade
problema (oportunidade) no presente poderá não existir ou ser irrelevante no futuro e um futuro
“impossível”, na visão ou percepção de atores no presente, poderá se tornar possível por conta de
descobertas, mudanças ou ajustes estruturais, entre outros fatores ou forças que o tornem realizável.
Os propósitos da prospecção e dos cenários futuros não são os de definirem ocorrências de
eventos futuros, eventos que não são conhecidos, mas, os de especificarem meios ou ferramentas de
planejamento e de gestão estratégica realizada com base em planos estratégicos táticos e operacionais.
São planos para auxiliar a organização a expandir os horizontes, segundo diversas correntes, tais como
a antevisão de tecnologias (MARTIN e MILES, citados por ROBELAT, 2000), a prospectiva
estratégica (GODET, 2000) e a previsão tecnológica (LINSTONE, citado por ROBELAT, 2000) que
tinha, na década de 50, procedimentos a simplificação do sistema, o foco na tecnologia sem considerar
o ambiente e limitações em prever início e fim de tendências.
A gestão estratégia pode ser vista como um processo complexo em que se consideram os
sistemas de elaboração de soluções, de conhecimentos dos ambientes e suas resistências e de
conhecimentos de cenários futuros, as oportunidades, ameaças e monitoramento da realidade.
Com os cenários prospectivos a própria organização e o pesquisador, entre outros interessados /
envolvidos (...) poderão:
a) Identificar e caracterizar, com riscos toleráveis e livre (menores) de incertezas, possíveis
trajetórias de eventos sinalizadores de futuros e de rupturas de tendências (mudanças de padrões).
b) Antecipar crises (ameaças e oportunidades) na visão prospectiva e possibilitar, com suficiente
antecedência, que a organização possa compreenda-las e se preparar para responder
adequadamente.
c) Planejar-gerenciar de maneira estratégica e em momentos convenientes e oportunos dadas as
antecipações e caracterizações de eventos “esperados”.
d) Subsidiar processos de tomada de decisões no melhor momento, com os “melhores” recursos e
com exeqüibilidade.
e) Ordenar problemas previsíveis com suas possíveis causas, conforme tendências e fatores críticos
portadores de futuro.
742
f) Analisar projetos e mapear incertezas críticas (...), sem tentar eliminá-las, mas, compreendê-las
para lidar com elas e se manter relevante.
g) Em particular e com destaque neste documento, os cenários prospectivos são valiosos
instrumentos de educação e “conhecimento” (antecipação) da realidade em um processo
integrado, inter-relacionado e de conexões seqüenciais de múltiplas direções, conforme se ilustra
na Figura 36.
Na Figura 36 se relacionam quatro possíveis cenários: Cent, ou cenário local que compreende
os clientes como, p.ex., os alvos diretos da pesquisa, os fornecedores e envolvidos mais próximos,
tanto internos como externos.
O Crest ou cenário de diversos clientes que interagem com os alvos da pesquisa numa região;
são, em geral clientes externos com relacionamentos diretos.
O Cnac ou cenário nacional, com destaque para atores como os representantes legais e
administrativos.
O Cm ou cenário mundial, com clientes, organizações, instituições (...) que exercem influências
no cenário nacional e este no cenário regional. Tais influências poderão ser diretas ou através de elos,
outros clientes, ambientes (...) nesse processo de escalas e arranjos locais até as globais, influenciados
pelos suas correspondentes dimensões.
Nessas dimensões há, também, relacionamentos e interações em diversos níveis de intensidade e
abrangência.
Quais poderiam ser as referências para nortear ações e estratégias de pesquisa no contexto de
cenários? Em nível local / regional e dentro de orientações da organização (portanto, referências
internas) são:
a) As diretrizes de políticas de P&D e C,T&I adotadas e implementas na programação de
investigação, com desdobramentos nos projetos de pesquisa, em planos como os de qualidade e
gestão da informação, na gestão de recursos etc.
b) A visão de futuro sem perda do contato (base, interação etc.) com a realidade, com a missão
(filosofia) atualizada, com os objetivos realistas (viabilizáveis) com seus correspondentes
instrumentos e com meios para atingir essas metas, bem como com alicerce na “cultura e
valores” da organização favoráveis à criatividade e ao trabalho em equipe e redes com
efetividade (...).
Dimensões:
- sociocultural
Cent Crset Cnac Cm - econômica
- ambiente-ecológica
- tecnológico-científica
-....
743
Dimensões:
- sociocultural
Cent Crset Cnac Cm
- econômica
- ambiente-ecológica
- tecnológico-científica
-....
o cliente, produtor (...) e seu entorno (Cent), inserido em
uma região, setor (...) e seus ambientes (Crset), como parte
de cenários nacionais e regionais (...) (Cnac), influenciados
e influenciando cenários mundiais (Cm).
116
Esta nota, ao complementar informações da nota de rodapé 112, relaciona restrições e dificuldades aos processos de
participação. Esse processo pode se orientado por respostas a perguntas, tais como: em que situações? A participação
não pode ser vista como uma panacéia em todos os processos de decisão, nem contribuições uniformes: há situações e
níveis em que se aplica e dela se espera um conselho, uma decisão (...), em outras, ela é menos importante ou, ainda,
indesejável; em níveis da alta administração, a participação exige envolvimento e qualificação. Que se espera? A
resposta varia conforme seja o nível se estratégico, tático ou operacional. Há casos em que a participação parece afetar
o poder, o ambiente e a cultura organizacional (...); por isso, gestores não preparados para esse compartilhamento são
opositores, determinando que os grupos de interesse percebam a inutilidade de seu envolvimento, de sua participação.
Entenda-se, cultura organizacional, segundo Schein (1984), o conjunto de pressupostos básicos que um grupo
desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram
bem para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como forma correta para perceber, pensar e sentir
em relação a esses problemas.
745
ClTa = clientes com tecnologias de alto desempenho tecnológico ou com altos níveis de
eficiências acima dos seguintes índices de produtividade especificados por fatores (...).
ClEm = clientes com menor escalas de operações caracterizados por tecnologias e sistemas
de produção de subsistências, tradicionais e com limitada integração de (...) e baixo valor
agregado e tamanhos inferiores (...).
ClEa = clientes com altas / intensivas escalas de operações, caracterizados por tecnologias e
sistemas de produção voltados para o mercado, com elevada integração de processos e
produtos (...) e razoáveis níveis de valor agregado. São caracterizados por tamanhos (...).
Mercados; estão diretamente relacionados com os processo produtivos alvos da pesquisa. São os
mercados locais de insumos (Mi), mercados de produtos (Mp) e mercados de insumos e
produtos (Mip). Nesses atores e ambientes é possível estabelecer escalas com variáveis níveis de
influências e interesses.
Agências financiadoras (Af) de pesquisas na região / local, no setor, tema (...) de atuação da
organização. As agências podem influenciar a pesquisa, impondo procedimentos ou “exigindo”
qualidade (...) e coerência teoria – prática nas propostas para o financiamento da pesquisa. Pelo
diagnóstico as Af apresentam a seguinte classificação:
Af1: agências públicas e privadas de financiamento que têm como alvos os medianos e
grandes produtores com “melhores” recursos tecnológicos, processos integrados e aptidões
para a melhoria (...).
Af2: agências públicas de financiamento para produtores compreendidos por programas
especiais do governo, tais como os de reforma agrária, agricultura familiar e segurança
alimentar. São caracterizados por condições especiais de crédito e monitoramento na
aplicação.
Af3: agências privadas que financiam negócios comerciais e competitivos integrados em
arranjos com a agroindústria e, com freqüência, voltados para a exportação.
Social: associações de classe de produtores na região (SC), a imprensa (radio: SR) e as ONG
(SONG) com interesses em resultados da pesquisa e com capacidade para influenciarem definições
de prioridades de investigação e a participação da sociedade (Soc) nessas definições.
Há varias formas para definir as interações, relacionamentos ou influências (recebidas ou
exercidas) de cada um dos atores com a organização. Tais relacionamentos podem ser
especificadas em termos de diferenciais de influencias e de vários tipos de interesse sobre a
organização (Figura 37: parte superior: influência (Inf) e interesse (Int) do ator na
organização) ou mediante os relacionamentos entre os atores que possibilita um melhor
conhecimento dos mesmos para a organização (Quadro 53).
AGEN.
CLIENTE MERCADO SOCIAL
FINACIAR
ClTb ClTm ClTa ClEm ClEa Mi Mp Mip Af1 Af2 Af3 SC SR SONG
Inf 1 1 1 1 2 -1 -1 -1 -1 -1 -2 -1 -1 0
Int -a -b -b -a -a -a -a -a -b -b -c 0 -1 0
749
Para o exemplo são consideradas as influências da organização sobre os atores como positivas
para dois níveis: +1 = influência media e +2 = influencia maior, e dos atores sobre a organização
como negativas, também para dois níveis: -1 = influencia leve / média e –2 = influência maior
(os valores positivos e negativos são apenas convencionais).
Quanto aos interesses, são indicados os que favorecem à organização como positivos: +a, +b e
+c e os que favores aos agentes externos como negativos: -a, -b e –c, para o caso de três níveis
(sinais convencionais).
A síntese dos resultados do exercício são apresentados na Figura 37. Todos os ClTi são atores
sobre os quais a organização tem elevada influência e grande interesse. No outro extremo,
agentes sociais exercem considerável influência na organização e, conforme o diagnóstico, tem
interesses próprios (Soc); com melhorias dos serviços de informação e comunicação com essas
atores, a organização poderia considerá-lo como Soc’: com interesse social próprio, porém com
influência favorável à organização, portanto, situado em outro quadrante.
750
Quadro 53 Matriz de relacionamento de atores externos que influenciam ou recebem influências da organização
AGEN.
CLIENTE MERCADO SOCIAL
FINACIAR R
ClTb ClTm ClTa ClEm ClEa Mi Mp Mip Af1 Af2 Af3 SC SR SONG
751
ClTb - +1 +2 0 +2 +1 0 0 0 +2 0 0 0 +1 -2
ClTm - 0 0 +1 0 0 +1 +1 +1 0 0 0 +1 -2
ClTa - 0 +2 +1 +1 +2 +1 0 +2 +2 +1 0 -3
ClEm - 0 +1 +1 +1 -1 0 0 0 +1 0 -2
ClEa - +2 +2 +1 0 0 -2 0 0 0 -3
Mi - -2 0 -2 -1 -1 -1 0 +1
Mp - 0 -1 0 0 0 -1 0 +1
Mip - -1 0 0 0 -1 0 +2
Af1 - 0 +1 0 -1 0 +1
Af2 - 0 +2 +1 +2 +1
Af3 - +1 +1 0 +2
SC - +1 0 +1
SR - +1 +2
SONG - +1
Que compreende (deve compreender) a análise do ambiente interno da organização? Essa análise
compreende as atividades (variáveis) que fornecerão uma visão ampla e detalhada de como se
encontra o ambiente interno; quais são as competências e habilidades desenvolvidas ao longo da
história e os fatores que as determinam ou influenciam; e onde se localizam as forças (fatores
internos que podem influenciar de maneira positiva seu desempenho) e fraquezas (características
internas que podem influenciar de maneira negativa seu desempenho).
A análise compreende um conjunto de variáveis (atores, fatores, condições, ambientes...) que
determinam, influenciam ou se relacionam com a capacidade da organização buscar, preparar e
gerir seus recursos internos para atingir os objetivos e metas de sua missão. Ela é importante para
fixar a posição estratégica ao permitir a identificação de medidas internas que possibilitam à
organização se ajustar às tendências esperadas para o ambiente externo. É, portanto, um
conhecimento básico para a organização que trata de C&T, constituindo-se, segundo Drucker
(1993) e Hamel e Prahalad (1995), um fator crítico de sucesso. 117
117
Que se entende por fator crítico de sucesso para uma organização de P&D / C&T? São variáveis com maiores
impactos, positivos ou negativos, sobre o desempenho de uma atividade, processo, resultado (...). Quais são esses
fatores? Qualquer ferramenta que auxilie o processo de gestão (de informações, de recursos humanos...): deve ser
significativa, simples de usar e integrada ao máximo, com benefícios rápidos e visíveis aos usuários; o ambiente
deve favorecer essa ferramenta que agrega valor e estimula a participação. Com relação ao capital intelectual,
752
O sucesso da organização de P&D depende do potencial de captar recursos e criar meios para
identificar, caracterizar e desenvolver suas capacidades essenciais de: prospectar o cliente e
ambiente certos; observar e registrar com consistência e apenas o necessário; interpretar o fato da
realidade para o método científico apropriado; gerar / adaptar e transferir soluções (ISPi)
necessárias para tecer novos conhecimentos e implementar inovações tecnológicas desejáveis e
possíveis; e avaliar impactos de seus resultados e processos. Todos esses processos da pesquisa
requerem caracterizar, entre outras, quais são as competências e habilidades, que variáveis devem
ser conhecidas e monitoradas de forma permanente e sistemática e quais são as condições
necessárias para evidenciar tais habilidades e conhecimentos partilhados pelos membros e
desenvolvidos ao longo do tempo.
O ambiente interno é caracterizado a partir de uma relação completa de atores, ambientes,
condições, processos, estruturas, infra-estruturas, atividades, resultados (...) com suas
correspondentes qualificações ou atributos, em termos de possibilidades, potencialidades,
limitações e oportunidades; trata-se da análise de capacidades essenciais. Nessa análise poderão
se utilizar procedimentos e meios gerais e específicos para a organização, com vistas a
identificação de pontos fortes (fortalezas) e pontos fracos (debilidades), em relação a essas
capacidades e referências adequadas, com detalhamentos ou especificações por setores.
Nas especificações setoriais poderão se desenvolver análises (diagnósticos) detalhados para
avaliar as “fortalezas” e “debilidades” como são as de apoios e serviços básicos, entre outros, os
setores de informação, comunicação e transporte; os de documentação e laboratórios de apóio à
pesquisa; os de atendimento ao cliente; e os de capacitação e treinamento de pessoal,
pesquisadores e de apoio, conforme sejam as necessidades, reais presentes e potenciais, do
pessoal treinado.
Entre os setores que devem ser aprimorados (melhoria contínua) se encontra o de pesquisa e
difusão com as habilidades e competências de atores em vários níveis que devem ser
compartilhadas em arranjos (equipes) especiais para se atingir a missão institucional. Um
aspectos a destacar desses atores é o da capacidade de planejar e gerenciar equipes e de treinar
membros conforme “exigências” no trabalho. É importante considerar, nessa melhoria de
desempenho, a otimização de uso de estruturas como são os centros de documentação, de
laboratórios, de comunicação e transporte, entre outros, a serem devidamente compartilhados,
bem como as infra-estruturas de apoio à pesquisa em suas fases de prospecção, geração /
adaptação, transferência / difusão e avaliação de impactos.
esses fatores se relacionam com competências e habilidades, partilhadas e alinhadas. Alguns pontos desses
fatores são: operar em redes para o trabalho com megasoftwares, visão sistêmica, equipes (...). “Mobilizar” (?) o
funcionário “tradicional”, acomodado, sem motivação, com insegurança. Flexibilizar horários e reduzir espaços
físicos. Competitividade com melhorias da qualidade, menores custos e maior efetividade de resultados.
Inovações permanentes. Treinamento e aprendizado contínuo e com objetividade. Sólida cultura e alinhamento de
valores, princípios (...): consistência percebida na análise e avaliação de conteúdos de objetivos, estratégias,
visão, metas etc.. Valorização de estratégias para manter o capital, marcas, conquistas (...) e na gestão da
informação em nível estratégico.
753
Cenários:
Extrapolativo: onde chegar? Stokeholders
Exploratório: onde se pode chegar? Clientes alvos
Normativo: onde se deve chegar? Financiadores
Problema (oportunidades)? Meio ambiente
Critérios / selecionar, ordenar
detalhes, abrangência
Planejamento estratégico: combinar dimensões
Problema: causas Foco estratégico: determinantes do sucesso
Horizonte temporal: adequado / possível
Objetivos Abrangência espacial; necessária / possível
Detalhamentos e intensidade; adequados
Fase de execução:
754
Nessa ilustração, destacam-se dimensões da análise prospectiva; tais dimensões podem ser
orientadas pelas respostas a perguntas, tais como:
• Onde chegar? Podem ser variáveis às abordagens (pressupostos e hipótese - teorias, técnicas e
métodos, dados e informações utilizadas etc.) para responder a esta questão, uma delas
admite que o futuro é a extrapolação do passado com caráter determinístico, visão da
previsão clássica, o que poderá ocorrer em previsões de curto prazo, com a extrapolação de
tendências de eventos “bem” comportados.
• Onde poder chegar? Entenda-se poder como uma síntese interdependente de desejo /vontade e
de meios necessários que se direcionam para atingir um propósito, um estado, uma meta (...).
É a capacidade da autoridades e a base (composição, estrutura, função, inter-relacionamento
etc.) da organização de fazer de maneira harmônica, exeqüível e certa para atingir um objeto.
Na vontade, meios, capacidade há possibilidades ou alternativas de evolução em função de
forças do presente e passado (eventos”projetáveis”), permitindo explorar a complexidade
com fatores e técnicas utilizadas na formulação de cenários desejáveis.
• Onde se deve chegar? Entenda-se dever como um conceito ligado à obrigação, conforme
instituído em códigos de ética profissional e outros (ver nota de rodapé 21). O dever é o
resultado de possibilidades de construir o futuro ao considerar a manipulação de “sinais” e
variáveis portadoras de futuros.
Há desafios no cumprimento do dever chagar à (...) como a identificação de ameaças ou
forças ambientais não-controláveis pela organização que podem dificultar a geração /
adaptação e implementação de uma solução estratégica, isto é, uma solução que responde às
clássicas perguntas do planejamento: Que? Quem? Quando? Como? Onde? Com que meios?
755
1) Reflexão Antecipar
2) Ação
prospectiva provável
ajustar
Nos cenários possíveis, formados por todos os eventos imagináveis, projetam-se os desejos,
alguns realizáveis; poderão ser opiniões de especialistas sob a forma de probabilidades subjetivas com
os maiores valores; outros não; poderão ser apenas cenários alternativos.
Dentro do conjunto de cenários realizáveis se encontram os cenários desejáveis ou cenários de
referência; ainda dentre os cenários de referências, os mais prováveis, é possível identificar grupos de
cenários menores com os conceitos prospectiva e estratégia mais próximos (ver integração prospectiva
e estratégia), em função de critérios, tais como:
a) O tempo de antecipação: a “antecipação” relaciona-se tanto com a apropriação de meios para a
motivação e mobilização coletiva como com a ação que resulta da decisão e vontade estratégica.
Em geral, quanto mais curto e “estável” seja o período para a prospectiva de mudanças possíveis e
desejáveis maior é possibilidade de se utilizarem previsões de base aos ajustes, às mudanças.
b) O tempo de preparação com base na reflexão, sem pressões de urgências para agir e definir
estratégias. Trata-se da exploração de futuros (alternativos e decisão sobre os referenciais) e da
preparação (resposta) de ações (vontade estratégica) para enfrentar desafios e aproveitar
oportunidades.
A preparação poderá ser orientada por respostas a questões, tais como: que pode acontecer no
futuro no curto e mediano (...) prazos nos clientes (...)?; que é preciso fazer – ações e estratégias a
desenvolver - dado que aconteça (...), como mais provável, - estar preparada para (...)? que se deve
758
fazer em função da missão (...)? como deve ser feitos para que sejam atingidos (...)? que é (que
deveria ser) a organização?
Na literatura pertinente se apresentam símbolos que sintetizam atitudes no tempo de preparação,
tais como; o avestruz: passiva e que sofre a mudança; o bombeiro: reativo que espera o fogo para
atuar; o pré-ativo: prepara-se para as mudanças porque sabe que é mais caro reparar que prevenir;
o conspirador: provoca as mudanças desejadas.
c) A motivação e mobilização coletiva, após a preparação e mobilização, relacionada com a
antecipação e a ação, sendo orientada para o planejamento.
O entendimento aproximado, o maior possível, do que poderá acontecer no futuro, de forças
propulsoras (ou inibidoras) e de orientação (sinais) de futuros é fundamental para que a organização:
a) Promova as transformações ou os ajustes necessários e oportunos na direção e foco às mudanças
que se “antecipam”, preparando-se para lidar com elas e suas incertezas, e delas obter vantagens,
quanto possível.
b) Sustente a tomada de decisões com base em critérios ou padrões adotados, adequados ou
convenientes às circunstâncias em ambientes incertos, minimizando as decisões com incertezas
e/ou transformando-as em decisões com riscos calculados e aceitáveis.
c) Busque, conquiste ou negocie espaços dentro da acirrada competição, com ações e estratégias
utilizadas nas parcerias, na integração de equipes e na descentralização que possa favorecer a
participação social no delineamento de rumos da investigação.
Essas promoção, sustentação e busca (...) de transformações, de tomadas de decisões e de
espaços na organização deverão ser canalizadas (devem auxiliar) para gerar – disponibilizar resultados
que efetivamente contribuam para a construção do futuro de clientes alvos ou com tais resultados esses
alvos possam agregar valor às suas informações e tecnologias, de modo a transformá-las em novos
conhecimentos e inovações.
É preciso entender que, concomitante com a construção do futuro, com informações de maior
valor agregado ou com inovações, a organização que gera / disponibiliza resultados para esses fins
projetará sua imagem e fará / sustentará, também, o seu futuro.
O estudo de futuro implica tratar e vencer dificuldades, para atingir certos objetivos, tais como:
a) As incertezas, a serem reconhecidas (possíveis), tratadas e estruturadas; o objetivo da prospecção
não é eliminar incertezas, mas, sim organizá-las e reduzi-las a um número administrável de
opções.
b) A complexidade da realidade com suas estruturas, funções e elementos interdependentes
conhecidos e ordenados para reduzi-los a um número relevante e administrável de variáveis; as
técnicas prospectivas contribuem para essa simplificação.
c) A organicidade, a ser conhecida e respeitada; o cenário é apropriado para se ter esse
conhecimento ao combinar ciência e arte para a descrição de um futuro possível, com a explicação
759
a) As interações de diversos fatores, estruturas e sistemas, por vezes complexos, em que o problema
(oportunidade) se encontra e para os quais a solução se prepara e deverá ser consistente com a
realidade – problema antecipada desses clientes e sistemas.
A percepção de um problema para pesquisa não se limita ao que é observado e registrado no
presente, mas, ao que pode se antecipar, desse presente, no horizonte de tempo necessário para se
gerar e disponibilizar a solução tecnológica de um problema previsível.
Em alguns casos, o problema no presente poderá não existir no futuro ou a gravidade do mesmo
experimentar mudanças, intensificando-se ou aliviando-se e até desaparecendo. Em outros, é
possível antecipar problemas (oportunidades) no futuro, não observados no presente, como
decorrência de projeções, tendências, analogias e sinais portadores de futuros.
Ao planejar o futuro, no conceito de Davis (op. cit.; ampliado e adequado ao texto), é preciso criar
uma visão que compreenda o contexto no qual a organização deverá atuar nesse futuro: encontrar
a aplicação e benefícios dos resultados gerados / disponibilizados: as ISPi para atender o
futuro.
Com freqüência, isso não é possível sem a participação - contribuição de outros atores, em
especial do cliente e das instituições de financiamento.
Em apartes anteriores e em notas de rodapés (
b) A existência de ações e comportamentos de atores sociais, econômicos, ambientais (...) diversos
e, por vezes, em conflitos, relacionados com o problema (oportunidade) para a pesquisa e
possíveis condicionadores da adoção de uma solução tecnológica no futuro.
A semelhança do caso anterior, tais ações e comportamentos poderão se apresentar de formas
diversas e intensidades variáveis, ainda, algumas delas poderão desaparecer e aparecerem outras,
conforme sejam os pressupostos dos cenários prospectivos em relação aos atores, seus
comportamentos e ambientes.
Esses mesmos atores e de acordo com Davis (op. cit.), no processo de construção de cenários, ao
se cria um “espaço futuro”, poderão dividir suas perspectivas, disseminar e incentivar o
aprendizado, criar novos entendimentos e explorar diferentes opções, catalizando a abordagem de
parceria, envolvendo setores privados, desenvolvendo o debate e facilitando a comunicação e
entendimento entre as parte envolvidas / interessadas.
c) As trajetórias tecnológicas em evolução e competição que de alguma forma se relacionam
(dependem, condicionam etc.) com o assunto que é objeto de investigação.
d) As visões de futuros conflitantes de envolvidos e interessados na pesquisa; mediar esses conflitos
e fortalecer pontos comuns de envolvidos e interessados poderá fazer parte da prospecção e
construção de cenários.
Tantas considerações, fatores, implicações (...) na prospecção tecnológica e na construção de
cenários prospectivos não poderiam ser tratadas com procedimentos metodológicos simplistas ou com
761
apenas uma técnica, um método, um procedimento, um tipo de dado e informação. Esse tratamento
deve compreender, em geral, o uso de múltiplos métodos e técnicas, quantitativas e qualitativas, de
modo a complementar e/ou compensar possíveis deficiências de uma ou outra, quando aplicada
isoladamente.
A avaliação, teste, escolha e aplicação de técnicas e métodos dependem, em parte, de cada
situação objeto de estudo e de condições e propósitos da prospecção e dos cenários, considerando,
entre outros aspectos, os seguintes:
a) As especificidades de áreas do conhecimento consideradas mediante a obtenção de informações
em estudos exploratórios (diagnósticos); são estudos que no início de processo permitirão a
formulação de hipóteses; com a prospecção de ambientes se identificam possíveis horizontes de
tempo, ações – estratégias a tomar, reorientações a seguir, ampliações de participações a dotar,
aplicações de recursos (...) de desenvolvimento.
b) A abrangência dos exercícios e estudos de prospecção, em termos de níveis de detalhes e
horizontes de abrangências temporais. As abrangências se relacionam, em parte, com os propósitos
dos cenários e da prospectiva; um desses propósitos é a promoção de canais e linguagens comuns
para a comunicação de informações estratégicas para novos conhecimentos e inovações.
c) Os custos dos processos desses exercícios e a racionalidade econômica que compreende análises
ex-antes de benefícios e custos.
Segundo o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, Ciência, Tecnologia e Inovação, o
exercício da prospecção é fundamental para promover a criação da capacidade de organizar sistemas
de inovações que respondam às necessidades e interesses / condições do cliente, da sociedade (...), ao
possibilitar identificar oportunidades e necessidades mais importantes que a pesquisa poderá atender no
futuro.
O exercício da prospecção é um instrumento auxiliar valioso de planejamento e gerenciamento
dos altos níveis de incerteza que caracterizam o processo de tomada de decisões em ambientes de
rápidas mudanças. Esse processo é necessário que tenha bases em diretrizes e necessidades pré-
estabelecidas”.
Trata-se da base institucional da prospecção que, segundo o Centro de Estudos (...), para o caso
de uma organização pública de pesquisa, depende de condições essenciais, tais como:
a) O projeto deve estar internalizado na estrutura burocrática (conscientização da necessidade,da
utilidade e da importância dos cenários no planejamento) com instituições superiores de
coordenação e intermediárias de formulação e execução.
Deve-se observar a influencia do nível hierárquica da instituição sobre o projeto. A experiência
internacional tem comprovado que quanto maior for o nível de institucionalização da prospecção,
maior será a probabilidade de sucesso; na ordem inversa, quanto menor for a institucionalização,
maior será o risco de que o processo não ultrapasse a fase de pesquisa e perca ou reduza seu valor
762
Quadro 54 Características, conteúdos, componentes, condições para ler cenários e seus elementos de descrição
ITEM CARACTERÍSTICAS
763
Visão plural da realidade: assume-se a existência de várias possibilidades de como poderá ser o
futuro. É possível fazer escolhas com redução de incertezas em relação às interpretações de
futuros mediante criteriosas analises dessas possibilidades.
Além da pluralidade, há,em cenários prospectivos, uma visão global da realidade na medida em
que fatores, ambientes e atores se inter-relacionam (...), nessa visão.
Destaque no aspecto qualitativo do futuro, justificado e relacionado, em parte, com a visão de
Característica
longo prazo, dinâmica e de incertezas; nesse horizonte, com dados e informações quantitativas,
pelo dinamismo e as incertezas de variáveis, atores (...), o perdem-se significados, precisão (...);
daí a importância do qualitativo.
Verificação de consistência; é a coerência interna do cenário mediante a compatibilidade entre
seus componentes como a filosofia, trajetórias e cenas ou ambientes.
Representação da organização; o cenário é um instrumento de planejamento estratégico e como tal
deve ser elaborado conforme sejam as especificidades e objetivos da organização em que se
aplica. Neste sentido, de acordo com Davis (1998; complementado), os cenários devem atender
requerimentos, tais como: construídos a partir do presente e serem reconhecidos pela organização
e seus clientes; serem baseados em análises internamente consistentes; para serem úteis e de uso
direto devem implicar em conseqüências diretas para a organização e seus clientes.
Figura 41. Tipos de cenários com suas principais característica. Classificados por sua natureza
Tipo
Continuação ( b )
Quadro 54 Características, conteúdos, componentes, condições para ler cenários e seus elementos de descrição
764
ITEM CARACTERÍSTICAS
especificadas em função dos objetivos, horizonte de tempo (...) do cenário e sua função ou utilidade.
Atores; são os clientes alvos da pesquisa; os ploanejadores-gestores, líderes e pesquisadores da
organização, outras organizações, a sociedade, o meio ambiente, (...) que recebem influências
significativas da organização e que influenciam o sistema e/ou o contexto considerado no cenário.
Têm funções (vínculos, inter-relações...) importantes e influenciam o desempenho das variáveis.
Ambientes ou cenas; são descrições e representações, mediante indicadores e para um determinado
período de tempo, de uma visão da situação; indicam e/ou descrevem como estão vinculados entre si
os atores e as variáveis.
Trajetórias; são os percursos seguidos pelo sistema no horizonte de tempo considerado no cenário.
Nesse caminho se descrevem os movimentos e a dinâmica do sistema, desde a cena inicial (sistema
com o problema) até a cena final (solução do problema). Tais trajetórias poderão ser irregulares
quando se utilizam alternadamente cenas de cenários realizáveis, com as que se esperam ocorram na
construção de cenários desejáveis e mais prováveis.
O exemplo que segue ilustra hipotéticos sistemas componentes dos cenários de uma empresa de pesquisa:
Título: Cenários Prospectivos do Centro Regional de Investigações Agropecuárias do Vale do Sinú.
Filosofia. Prospectar para planejar e viabilizar o que soluções ao gerar / adaptar e transferir informações e
tecnologias para novos conhecimento e inovações sustentáveis da agropecuária no Vale do Sinú.
Atores; associações agrícolas e pecuárias do Sinú; Agência de Crédito e Assistência Rural do Banco Agrícola,
pesquisadores – extensionistas, financiadores, representantes do meio ambiente, da sociedade, do governo...
Variáveis: indicadores tecnológicos do sistema de produção do cliente, econômicas como preços /custos de (...),
benefícios e índices de rentabilidade; socioculturais como dinâmica da população (...); do meio ambiente
como índices de capacidade de suporte (...); de “cadeias” (arranjos, sistemas...) produtivas como valores,
brechas em elos dessa “cadeia”; de serviços básicos como crédito, extensão, armazenamento; de mercados etc.
Ambientes: interno: “clima” organizacional, qualidade do serviço, sistemas de informação e comunicação etc.;
externos: sistema de produção do cliente, “cadeias” produtivas, mercados, globalização (...)
Trajetórias; tendências em previsões de cinco anos de variáveis como as econômicas, demográficas,
tecnológicas (...) e prospecções de 10 anos, sintetizadas em quatro cenários (...)
Continuação ( c )
Quadro 54 Características, conteúdos, componentes, condições para ler cenários e seus elementos de descrição
765
ITEM CARACTERÍSTICAS
Equipes com “pessoas” chaves que tomam decisões e interagem com o pesquisador; com pessoas e
informações de fora que possam estimular a criatividade e a percepção de realidades, de coisas
novas, de oportunidades, de incertezas, de ameaças etc.
Considerar (caracterizar, avaliar efeitos etc.) as perspectivas antes de tomar decisões, com a
necessária antecedências para limitar/evitar a improvisação e a pressão na decisão.
Entender, como condição fundamental, o presente da organização com base na sua evolução,
história (...); como atingiu as suas metas, seus “estados” e posições, positivas ou não. A
organização no fracasso pode (re)começar e fazer um novo fim com as experiências, lições,
trajetórias percorridas, tendência seguidas (...), incorporadas e delas aprender para construir seu
futuro.
Transformar a estratégia em hábito não como um modelo, mas, como processos em permanentes
evoluções e aprimoramentos que se orientam em diversas direções.
Não se limitar aos futuros oficiais que por vezes são entraves ou fontes de resistências às mudanças e
às novas idéias como desafios permanentes ao futuro.
Internalizar e desenvolver procedimentos, atitudes, habilidades-competências (...) para transformar
problemas estratégicos em soluções relevantes e com efetividade; ameaças em oportunidades,
incertezas em riscos toleráveis pelos envolvidos e interessados.
Entender que o novo ambiente da organização trabalha e se projeta para clientes cada vez mais
exigentes, de difícil “fidelização” e onde relacionamentos poderão prevalecer sobre eventuais bem
sucedidos atendimentos, o que destaca o conhecimento do clientes.
Procedimento
qualquer opção; tais a.2) Variações canônicas: consiste em variar (ou introduzir uma
cenários são construídos sob faixa de variação admissível, não qualitativa) em um ou mais
uma ótica exploratória. parâmetros típicos de um futuro livre de surpresa e, com isso,
configurar futuros alternativos, a partir do presente. Ilustração:
.
1) Visão prospectiva Futuro 1
3) Extrapolação
2) Situação atual Futuro 2
da tendência
Passado Futuro n
4) Futuro
769
Continuação
Cenário Alternativo
Cenário + Provável
Referência
Cenário Alternativo
Para a análise e verificação são adotados modelos conceituais e técnicas – métodos qualitativos e
quantitativos de uma visão probabilística, bem como técnicas de sistema e simulação.
e) A representação da realidade é outra característica do método científico que se registra em
técnicas e métodos da prospecção e de cenários prospectivos.
Ao conceber o futuro como motivações de ações, decisões (...) do presente e não prolongamentos
de dinâmicas e projeções do passado, estar-se-ão destacando aspectos da “realidade” na visão e
construção de futuros.
Esses aspectos são considerados na forma de premissas sobre as quais se faz a construção de
cenários, sendo uma delas a de que os clientes, ambientes, organizações, sociedade (...) têm
elementos de decisão e são capazes de influenciar seus próprios destinos dentro de um quadro de
oportunidades, restrições e condições.
Fazem parte da representação de diversos fatores (atores, ambientes, condições etc.), os seguintes:
e.1) A pertinência ou aquilo que concerne com o assunto objeto de estudo na prospectiva ou no
cenário, sem extrapolações porque, repetindo, o cenário não é a realidade futura, mas, um meio
de orientar ações presentes à luz de futuros possíveis, desejáveis e plausíveis.
e.2) A coerência ou harmonia do processo metodológico com o propósito a que se destina o
cenário e a prospecção ( análise prospectiva). Neste caso, a preocupação com o realismos e a
eficácia devem guiar a reflexão prospectiva.
Os cenários auxiliam a tomada de decisões e para que estas sejam eficazes é preciso, segundo
Marques (1988) saber “ver antes” para [ajustar], modificar, aproveitar, induzir fatores a favor da
organização. Aponta o autor que “não realizar uma análise de futuro significa admitir que haverá
estabilidade no ambiente externo, o que contraria a experiência”.
Qual é o ambiente externo da organização que trata da P&D? São sistemas (sociais, econômicos,
meio ambiente, institucionais etc.) e grupos (sociais ...) que de forma direta ou indireta
influenciam a organização e por ela são influenciados. Essa influência o funcionamento,
estrutura, desempenho, qualidade e efetividade do resultado (...) pode ser positiva ou negativa.
A representação deve tratar assuntos relevantes e formular hipóteses-chave sobre o futuro
assegurando a coerência e plausibilidade de combinações possíveis e, com isso, a credibilidade de
um conjunto selecionado dessas combinações, dentro de certos limites ou condições, da
prospecção e dos cenários prospectivos.
A síntese de procedimentos metodológicos, com suas principais características, que a
organização, prévios os necessários testes, ajustes / validações e detalhamentos, poderão utilizar para,
no início, prospectar e construir cenários de auxílio no estabelecimentos de possíveis escalas de
prioridades de assuntos, sistemas, problemas (...), na seleção de temas problematizados de um sistema,
de problemas de um tema ou, ainda, de elementos (causas) de um problema, bem como, no final e
771
Problema: Deficiências [ou ineficiências ...]., tais como (...) Quais são as idéias (...) que levam a
eliminar as deficiências (reduzi-las em (...)%) [os fatores a considerar para se ter eficiência ...]?
ESPECIFICAÇÃO (SÍNTESE: PRINCIPAIS DETALHES, DESTAQUES ETC.)
1 Idéia (...) _____________________________________________________________________________
2 Idéias _______________________________________________________________________________
....
n Idéia ________________________________________________________________________________
No processo de encontrar analogias para uma situação nova e estranha, segundo Gordon (op.
cit.), são seguidos três passos:
a) Critérios (política); qualquer idéia, ainda que possa parecer ridícula e absurda, terá um
espectro de possibilidades e uma delas poderá ser importante; a exposição de idéias sem
críticas (...).
b) Definir um problemas com detalhes completos e de forma compreensível para todos.
c) Ser orientado por supostas indagações e situações imaginadas, tais como: Subtrair: partes ou
elementos do problema; como reduzir custos em...? que regras podem ser quebradas? Onde e
como simplificar? Como resumir?. Como diferenciar um processo sem perda de qualidade e
eficiência. Adicionar: por que e como expandir ...? como fazer melhor...? Que pode ser
adicionado a idéias ?. Transferir (...). Enfatizar (...). Animar ou incentiva r(...). Equilibrar ou
balancear (...). Substituir (...). Isolar (...). Fragmentar (...). Mudar de escala / escopo (...).
Destacar (...). Cruzar (...). Repetir (...). Associar ou relacionar (...)
774
organização...) para se
racional e intelectual
adaptar ao ambiente.
Análise morfológica
Exemplo. Um sistema de produção (...) em (...), com um espaço morfológico que destaca quatro
componentes (Ai) com as variáveis de configurações possíveis: A1 (2), A2 (2), A3 (3) e A4 (3),
permitindo identificar, a priori, 36 alternativas (2 x 2 x 3 x 3).
1ª. Construção do especo morfológico como segue:
COMPONENTE CONFIGURAÇÃO. 1 CONFIGURAÇÃO. 2 CONFIGURAÇÃO. 3
C21: Medianos produ-
A1: Disposição de assumir C11: Medianos produ-
tores com disposição de
riscos implícitos, ou não, na tores avessos ao risco,
adotar a tecnologia, sob
adoção da tecnologia (...) caracterizados por (...)
condições como (...)
C22: Alta; disposição e
A2: Formas de organização e C12: Baixa; acomoda-
vontade para tratar
relacionamentos com ção; passivo; conserva-
tensões, reduzir
estruturas, tais como (...) dor, “conformista (...)
conflitos, buscar (...)
A3: Integração com a economia C13; Baixa: caracteriza- C23: Média: caracteriza- C31: Alta: caracterizada
regional, com os mercados (...) da por (...) da por (...) por (...)
A4: Possibilidade de uso da C14; Consumo interno, C24: Consumo interno C32: Mercado: integra-
tecnologia e agregar valor (..) pouca integração e “excedentes /mercado ção vertical em (...)
Possíveis combinações são: 1ª.: [C11 / C12 / C13 / C14]; 2ª.: [C21 / C12 / C13 / C14]; 3ª.:[C11 / C22 / C13 /
C14]; [C21 / C12 / C13 / C14]; ... [C11 / C12 / C13 / C14 ; C21 / C12 / C13 / C32]. Nem todas as combinações
são realizáveis ou não tem “sentido” e utilidade; isso leva à redução do espaço morfológico: critérios.
2ª. Redução.. Certas combinações ou grupos (“famílias”) de combinações, são irrealizáveis por, entre
outras razões, incompatibilidade entre as configurações. Ao eliminá-las com base em indicadores de
condicionalidades e critérios de seleções, ter-se-á um espaço morfológico útil e aplicável.
INCERTEZA HIPOTESE 1 HIPOTESE 2 HIPOTESE 3 HIPOTESE 4
Re-estrutração produtiva (...) H11: Parcial... H21: Ampla ... - -
Capacidade de organização (...) H12: Limitada... H22: Induzida ... H31: Ampla ... -
Adoção da tecnologia (...) H13: Esporádica H23: Moderada H32:Generalizada -
Efeito da tecnologia em (...) H14: Escasso H24: Médio H33: Elevado... H41: Difusor...
Inserção no mercado (...) H15: Excluído... H25: Escasso... H34: Plena ... H42: Dinâmica
Referências: Cenário 1: H11 H22 H14 H25; Cenário 2: H21 H31 H23 H24 ; Cenário 3: H21 H31 H41 H42
A técnica pode ser utilizada para descobrir novos produtos, novas possibilidades de processos e
novas oportunidades que o concorrente poderá estar desenvolvendo, ao se desvendarem funções
essenciais e as condições que seriam possíveis em função de lógicas e da consistência ou dos
indicadores de condicionalidades.
Parte desses indicadores se refere ao desempenho quando se medem insumos, processos,
produtos, efeitos de (...), programas ou estratégias. Tais indicadores podem ter diversos usos como,
p.ex., os de fixar propósitos de desempenho, identificar problemas (...).
776
A técnica da análise morfológica proposta por Zwicky apresenta alguns aspectos da técnica
TRIZ, porém é menos normativa (COATES et ali. 2001).No Quadro 58 é descrita a técnica TRIZ e
uma variante dela, o Método dos princípios inventivos (MPI). Foi desenvolvida na União Soviética,
durante as décadas de 50 a 60, utilizando milhares de patentes para deduzir padrões de inovações
tecnológicas e postular padrões de evolução do sistema de tecnologia. Tem sido utilizada para
incentivar a criatividade com ênfase na evolução da tecnologia, baseada em conhecimentos sistêmicos.
Na parte final do Quadro se apresenta uma ilustração do procedimento na aplicação da técnica.
O Quadro 59 sintetiza características da técnica de obtenção de informações mediante
questionários, com perguntas direcionadas para aspectos relevantes dos estudos prospectivo, tais como:
opiniões, “sinais”, eventos portadores de futuros, intuições etc. Trata-se do levantamento de
informações de conhecimentos tácitos, portanto, experiências e lógicas de determinados indivíduos. A
escolha desses respondentes é um fator importante para se ter uma informação com qualidade. Na
segunda parte do Quadro é apresentado um exemplo de questionários com uma síntese de
informações básicas relativas à definição do público alvo, os respondentes, e às definições do problema
e dos objetivo tanto do estudo como do levantamento.
O Quadro 60 e a Figura 61 apresentam conceitos e exemplos da técnica Delphi, cujo nome é
uma referência ao oráculo de Delfo (antiga cidade de Grécia). A técnica Delphi foi idealizada, em
1948, por Dalkey, Gordon, Helmer e Kaplan e aplicada na Rand Corporation, no final da década de 40,
por Helmer e Rescher, na década de 50. Godet a descreve como “a utilização sistêmica de um juízo
intuitivo de um grupo de peritos” obtido mediante sucessivas aplicações de um questionário com o
resultado, em geral, de convergência de opiniões e eventuais consensos (GODET, 1993).
Em essência, trata-se de um processo estruturado que busca obter julgamentos intuitivos
(explorar opiniões e experiências coletivas) de um grupo de especialista (LINSTON e TUROFF, 1980)
de várias áreas do conhecimento, atuando de maneira anônima e, depois, utilizá-los em previsões que,
em geral não detalhadas (por isso, a técnica deve ser complementada com outras), porém são úteis para
subsidiar políticas.
São opiniões de especialistas redefinidas em um processo interativo e repetido, de forma
anônima, até se atingir certo consenso interdisciplinar e a redução de divergências nos assuntos
considerados por esses expertos: diminuir o espaço interquartílico em torno da mediana. A qualidade
do resultado depende, sobre tudo, de cuidados na elaboração do questionário e na escolha dos espertos
a serem consultados. As informações comuns, ao explorar conhecimentos e experiências coletivas
desses espertos nos assuntos a eles apresentados, podem ser utilizadas pela organização para, em parte,
fundamentar previsões tecnológicas e delineamentos de rumos da pesquisa.
No Quadro 61 são indicadas algumas formas de questionamentos como uma referência geral e
provocativa para se pensar em um tipo de questionário a ser consolidado pela equipe (equipe interna da
organização) de coordenação do estudo de modo a definir assuntos relevantes e associar escalas
qualitativas e/ou quantitativas às questões.
777
A sistemática da técnica Delphi (rodadas, análises e sínteses) permite que cada participantes
possa fornecer mais de um julgamento podendo fazer e justificar a sua mudança, se quiser, até se
atingir certa convergência. Mas, poderá manter posições ou razões discordantes de alguns aspectos.
778
Quadro 58 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: TRIZ e MPI
GRUPO TÉCNICA CARACTERÍSTICAS
A TRIZ (técnica / metodologia de Altshuller; TERNINKO et ali, 1998) é estruturada para a
inovação tecnológica, a soluções criativas de problemas (...), baseada em conhecimentos:
Teoria da solução inventiva de problemas (TRIZ) e com destaque para Método dos
Criatividade: resposta racional e intelectual utilizada pela pessoa (a organização...) para se adaptar ao ambiente.
Não
Caracterizar: limites, funções
Usar os PI Evento desejado a melhorar; solução convencional
(desejadas e indesejáveis) ,
fatores ordenados, recursos ... para melhorar o evento desejado; fato indesejado /
reduzir na solução convencional; contradição técnica
779
São formas de gerar / obter informações, idéias, opiniões (...) de uma determinada população
(amostrada ou um estudo de casos), fornecidas por respondentes preparados que poderão
Questionários e entrevistas
elaboradas ...: não haverá boa resposta para um má questão), permitirão identificar como os
respondentes percebem grandes mudanças (fatores condutores) que afetarão a economia, o
meio ambiente, a tecnologia e inovação, a política (...) no futuro. Antes de formular as
questões, o pesquisador pode ser orientado por respostas que esperaria de questões, tais
como: o que substituir: insumos, lugares, procedimentos...? Combinar: conceitos, insumos,
procedimentos...? Adaptar: técnicas, práticas, recursos...? Modificar: simplificar, agregar...?
Utilizar para outros usos? eliminar? reordenar? etc, incluindo apenas questões relevantes,
exeqüíveis (esperadas conforme seja o respondente) e com qualidade.
I) Em que áreas (setores, temas, assuntos...) deveria atuar a empresa para se alinhar às orientações*?
1º. _________________________ porque: ___________________________________________
...
5º. _________________________, porque: ___________________________________________
II) Quais são os fatores (condições, desafios...) mais relevantes para resolver e levar soluções de (...)?
1º. _________________________ porque: ___________________________________________
...
5º. _________________________, porque: ___________________________________________
III) Que evoluções (poderia ser: eventos, tendências, fatores, atitudes ...) mais afetarão no futuro
(...) os tema (setores, assuntos etc.) sugeridos para pesquisa na resposta no. 1?
1º. ___________________________________________________________________________
...
5º. ___________________________________________________________________________
IV) Que fatores (...) são inevitáveis (certos) em (...)? _____________________________________
V) Como poderiam ser agrupados os fatores Inevitáveis (certos)?____________________________
780
Continuação (b)
Quadro 60 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: Delphi
GRUPO TÉCNICA CARACTERÍSTICAS
As resposta estatísticas; síntese feita pelo GI: as questões são analisadas e sintetizadas por
estatísticas de posição (mediana, p.ex.) e dispersão ou amplitude (inter-quartílica, p.ex.),
além de gráficos, sendo apresentada ao grupo para permitir-lhes reverem suas opiniões, ao
responderem, de novo, o questionário. A resposta estatística é uma forma de minimizar a
pressão para a conformidade e de evitar, ao fim do exercício, uma alta dispersão. Contudo,
é possível considerar um resultado da minoria.
Os peritos que compõem o painel (GE) têm como trabalho opinar, estimar, decidir,
recomendar, sugerir (...) sobre assuntos complexos e sem suficientes informações, como
seriam possíveis problemas no futuro, causas e efeitos, soluções, rupturas de tendências
(evoluções) posicionamentos etc., previamente a eles apresentados junto com os
procedimentos metodológicos na 1ª. rodada. Tais opiniões, estimativas, decisões (...) serão
comparadas (síntese e avaliação feita por GI; ver Figura 41), “corrigidas” e completadas,
pelo GE até se atingir concordância nas respostas.
As interações (rodadas e avaliações em número que depende do custo, do tempo e recursos
disponíveis, da complexidade do assunto, dos objetivos do exercício etc.) ocorrerão até a
convergência de opiniões, em geral, em não mais de três rodadas. O grupo de análise (grupo
interno (GI); ver Figura 41) deverá controlar o processo da elaboração de juízos de valores
Técnicas de avaliação (...)
emitidos pelos peritos, sem provocar a descaracterização dos mesmos. É com base nessas
opiniões que o GI faz o estudo analítico, sintetiza as conclusões e elabora o relatório final.
Outros aspectos relacionados com a técnica Delphi e sua operacionalização são:
Delphi
A seleção definitiva de eventos (possíveis eventos futuros, com base em sinais, evidência e
fatos portadores de futuro): formulação do problema. A definição precisa do domínio da
pesquisa é tanto mais importante quanto é necessário de que os peritos recrutados tenham
conhecimento desse domínio. Após as rodadas e a análise final das informações dos peritos,
o GI poderá decidir quais serão os eventos (causas do problema) a serem considerados no
estudo (p. ex. não mais de 10 o que geraria 1.024 possíveis cenários: 210), considerando,
sobretudo, a pertinência com o assunto: Item III, Quadro 60): valor médio na perspectiva.
Preparação e obtenção da informação básica (última rodada) para elaborar a matriz de
impactos cruzados, uma técnica que complementa a técnica Delphi.
Sentido crítico (instrumento de reflexão) e aplicação prudente dos resultados, utilizando
outros meios ou procedimentos para testar, adequar, validar (...) e complementá-los.
Apesar de suas vantagens, técnica Delphi apresenta algumas limitações, tais como: O escopo
de aplicação é restrito ao não considerar as interações entre os fatores, devendo ser
complementado por outros como o Método de Impactos Cruzados. Não visa a identificação e
caracterização de questões estratégicas e sim o levantamento de suas probabilidades de
ocorrência e de suas pertinências em relação ao problema, tema, sistema (...) em estudo.
Apresenta pouca coerência nos resultados. A opinião do grupo é superior a opinião
individual. O anionimato pode reforçar a irresponsabilidade. Desencoraja o confronto de
idéias. É relativamente complexa a aplicação, razão pela qual se poderão ter dificuldades
durante o processo, tais como: formulações inadequadas do problema, de questões, de
procedimentos adotados para compor o painel (...) que poderão reduzir a eficiência da técnica.
782
Não
Avaliação
Estatísticas descritivas, síntese:
- de variação ou discordância
Conformidade?
- de posição: p.ex., mediana
Sim
Nova(s) rodada(s) / ( GE )
Resposta(s) e devolução(ões) / ( GI )
Não
Convergência aceitável?
Relativo consenso nas respostas?
Sim
Atingir o propósito
Processo executado pelo GE Fim
Quadro 61 Exemplos de questionários / inquéritos da técnica Delphi para obter informações. Primeira parte
relativa à primeira rodada. A segunda parte apresenta exemplos de questões.
PARTES ELEMENTO/ FORMA CARACTERÍSTICA / EXEMPLO
I) Informações básicas apresentadas na primeira rodada para se ter o conhecimento dos painelistas
e permitir que eles tenham conhecimentos da técnica e regras: referência básica de avaliação
Profissional técnico-científico com mais de (...) anos de
Conhecedor / experiente experiências para dominar os assuntos do tema (...)
Do assunto ou evento Vinculação e relacionamento direto na empresa privada
“Perito”: auto- (pública, consultoria etc.) com o assunto por (...) anos.
avaliação
Nível de conhecimentos e informações para trata com os
(simplificado)
Familiarizado com o assunto assuntos nas discussões sobre o tema (...)
ou evento Contato por experiências e como membro de grupos que
trataram assuntos do tema (...).
Qualificação do
1) Título (o maior): (...) 1) I = Nível superior (BS); II =mestre (MS); III =doutor (Dr.)
perito / avaliar o
2) Área atuação profissional 2) _____________________________________________
“evento” ou parte
3) Experiência ( ) anos 3) a = Menos de 2; b = de 2 a 5; c = 3 a 10; d = Mais de 10
do tema
5 = Conhece com profundidade e atualização o assunto; seu conhecimento sobre os “outros”
“Perito”: auto- assuntos do problema, sistema (...) é atualizado e suficiente para se ter a visão sistêmica.
avaliação para cada
4 = Interessado pelo assunto e seu conhecimento está associado à atividade que tem exercido
um dos eventos
nos últimos anos: experiência, com conhecimento superficial sobre os outros assuntos.
(detalhes/critérios)
3 = O interesse pelo assunto decorre da atividade que exerceu, mas, se mantém atualizado e
Na literatura se com informação superficial dos demais assuntos.
encontram escalas
2 = Interessado pelo assunto e seu conhecimento decorre de leituras por livre iniciativa, sem
de 9 a 1; neste caso
experiência e com pouco conhecimento dos outros assuntos.
são simplificadas e
exemplificadas / 5) 1 = Interessado pelo assunto e seu conhecimento apenas superficial decorre da atividade que
exerceu, sem se manter atualizado e sem conhecimento dos outros assuntos.
II) Informações básicas para avaliar a ocorrência do evento, assunto, elemento (...) em
termos de probabilidade. Utilizar, quando pertinente, as seguintes escala e valores
DESCRIÇÃO DO EVENTO OCORRÊNCIA DO EVENTO PROBABILIDADE
1 Evento Bbc 1 claramente especificado (...) Certa; sempre ocorre 100
2 Evento Bac2. Descrição completa e clara (...) Verifica-se quase sempre (...) 81 a 99
3 EventoBac3 (...) É muito provável; na maioria dos casos 61 a 80
4 Evento Bac4 (...) Provável na média dos casos 41 a 60
5 Evento Bac5 (...) É pouco provável, abaixo da média (...) 21 a 40
Continuação (b)
Quadro 61 Exemplos de questionários / inquéritos da técnica Delphi para obter informações. Primeira parte
relativa à primeira rodada. A segunda parte é de exemplos de questões.
PARTES ELEMENTO/ FORMA CARACTERÍSTICA / EXEMPLO
III) Informações básicas para avaliar a pertinência, oportunidade, conveniência, importância
(...) do assunto no problema, sistema (...) objeto de avaliação. Utilizar as seguintes referências
PERTINÊNCIA, IMPORTÂNCIA (...) DO EVENTO
DESCRIÇÃO DO EVENTO (É possível e desejável, na maioria dos casos, especificar PESO
indicadores conforme seja a natureza, abrangência e
propósitos do estudo definido pelos vários eventos,)
1 Evento Cab1 (...) Da maior importância, imprescindível no tema (...) 5
2 Evento Cab2 (...) Importante componentes (evento) do tema (...) 4
3 Evento Cab3 (...) Medianamente importante (...) 3
4 Evento Cab4 (...) De pouca importância (...) 2
5 Evento Cab5 (...) Sem importância (...) 1
Exemplo de uma lista preliminar de evento (EV10) com suas correspondentes avaliações por parte do GE
EV1(...)
EV2(...)
EV3(...)
(...) (...)
EV8(...)
EV9(...)
EV10(...)
Recomendações na formulação das questões: Segundo Martino (1993; complementado), devem-se evitar eventos
compostos nos quais o “painelista” poderá concordar em parte e em outra(s) discordar; colocações ambíguas ou o
abuso de termos de domínio público, porém vagos; tornar o questionário simples de ser respondido com os
devidos espaços, gabarito (...); o número de questões, ainda que variável conforme seja o assunto, objetivos e
perfil do “perito”, deverá limitar-se entre 20 a 25; esclarecer quando se trata de eventos excludentes e evitar
ordenamentos que de alguma forma possam induzir a resposta; permitir, com espaço adequado no formulário para
complementar. LÓGICA, CLAREZA, OBJETIVIDADE, FACILIDADE. PRÉ-TEXTE, VALIDAÇÃO
785
Continuação ( c )
Quadro 61 Exemplos de questionários / inquéritos da técnica Delphi para obter informações. Primeira parte
relativa à primeira rodada. A segunda parte apresenta exemplos de questões.
PARTE ELEMENTO/ FORMA CARACTERÍSTICA / EXEMPLO
EXEMPLOS DE QUESTÕES
(Na primeira parte do Quadro se apresentaram duas opções para a auto-avaliação dos peritos. O formulário deverá
conter apenas uma. Nos exemplos que seguem foi utilizada a segunda opção)
__________ __________ _________ _________
2010 2015 2020 2025
I: _____
Definição de Qual é o percentual (%) Comentário: ____________________________________
tendência em da população (...) que ______________________________________________
II: ____
um processo utilizará alimentos ______________________________________________
contínuo transgênicos em: ______________________________________________
III:____
______________________________________________
______________________________________________
1 = Exclusivamente para atender os assentamentos
Qual deveria ser a I: _____ públicos de agricultores da reforma agrária em (...)
orientação da pesquisa 2 = Exclusivamente para atender grupos especiais de
pública no agronegócio ( produtores caracterizados por (....)
II: ____
), ( ), ( ). (Pode ...
compreender mais de 15 = Parceria com o setor privado aproveitando
Opiniões uma opção) III:____ oportunidades das Parcerias Público-Privadas com
sobre adoção distribuição de resultados conforme se estabelece em (...)
de políticas
com respostas 1 = Seleção por habilidades e competências e não por
prescritivas O acesso à educação “outras” características como cor, raça, origem (...)
I: _____
pública superior deveria 2 = Salário da família do estudante e capacidade de pagar
ser monitorado com base 3 =- Imposto de renda da família (...) e capacidade de
II: ____
na escolha do “melhor” e pagar da família do estudante ou do interessado (...)
de justiça social: (...), ...
(....), (....) III:____
12 = “Compromisso” de reintegro de custos, após a
conclusão e formação profissional (...)
1 = Muito baixa. Quando as condições sejam inferiores
dos seguintes limites: especificá-los (...)
Opiniões Quais são os possíveis I: _____ 2 = Baixo. As condições se situam nos seguintes
sobre adoção indicadores de intervalos definidos conforme (citação) e valores (...)
de políticas desempenho do processo II: ____ 3 = Médio. As condições se situam nos seguintes
com respostas (...) em função de intervalos: semelhante ao caso anterior.
prescritivas descritores (....) III:____ 4 = Alto. As condições se situam nos seguintes intervalos
5 = Muito alto. As condições se situam acima dos
seguintes limites (...)
786
Continuação ( d )
Quadro 61 Exemplos de questionários / inquéritos da técnica Delphi para obter informações. Primeira parte
relativa à primeira rodada. A segunda parte apresenta exemplos de questões.
PARTE ELEMENTO/ FORMA CARACTERÍSTICA / EXEMPLO
A cobrança pelo uso /
consumo da água
I: _____ 1 = Concordo (justificar); 2 = Discordo (fundamentar)
doce deve
Solicitação ________________________________________________
compreender e
de II: ____ ________________________________________________
integrar unidades de
justificativa ________________________________________________
planejamentos física III:____ ________________________________________________
(bacia) e geopolítica
(município) (...)
1 = Participação acima de 60% de produtos primários,
porém com baixo conteúdo tecnológico definido por (...)
2 = Participação acima de 60% de produtos primários,
porém com médio conteúdo tecnológico dado por (...)
3 = Participação acima de 60% de produtos primários,
porém com alto conteúdo tecnológico definido por (...)
...
Indicações de I: _____ 7 = Participação acima de 60% de produtos manufaturados
Indique a possível
possíveis com elevado valor agregado (mais de ...) e grande (...)
situação de
ocorrências II: ____ dinamismo nas exportações, caracterizado por (...).
exportações de (...)
de (...) no ...
em 2020 (...)
futuro III:____ 21 = Participação abaixo de 30% de produtos primários
com baixo conteúdo tecnológico definido por (...).
...
Considerações: __________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
País Tema Justificativa
_________ _______________ ______________________
Quais são as maiores _____________________
I: _____
oportunidades de _____________________
Solicitação cooperação _________ _______________ ______________________
II: ____
de opinião internacional de seu _____________________
Centro (...) em _____________________
III:____
biotecnologia? _________ _______________ ______________________
_____________________
_____________________
787
Continuação ( e )
Quadro 61 Exemplos de questionários / inquéritos da técnica Delphi para obter informações. Primeira parte
relativa à primeira rodada. A segunda parte apresenta exemplos de questões.
PARTE ELEMENTO/ FORMA CARACTERÍSTICA / EXEMPLO
Atividade / tema (...) Justificativa
_________________ _____________________________
Em que atividades _____________________________
(linha, tema ...) a I: _____ _____________________________
cooperação
internacional será _________________ _____________________________
II: ____
imprescindível para o _____________________________
Brasil continuar seu _____________________________
Solicitação avanço III:____
de opinião biotecnológico? _________________ _____________________________
_____________________________
_____________________________
I: _____ ___ ___________________________________________
Indique dois fatores de
mudança do perfil ___________________________________________
II: ____
alimentar de (...) nos ___ ___________________________________________
próximos (...) III:____ ___________________________________________
Qual é o nível de (__) Satisfatório, porque:_________________________
consistência do I: _____ _____________________________________
programa de pesquisa (__) Aceitável (médio), porque:____________________
de (...) com a missão II: ____
(objetivos, recursos, _____________________________________
orientações III:____ (__) Insatisfatório, porque:________________________
estratégicas etc.) _____________________________________
__Alto com indicadores de eficiência/envolvimento
I: _____ (__) Alto com monitoramento e avaliação periódica (...)
Avaliação Qual é o nível de (__) Alto, porém (__)
participação do II: ____
pesquisador em (...) (__) Alto, mas apenas em (__)
III:____ ...
(__) Muito baixo e sem perspectivas de (__)
(__) Muito Alto: acima de 95% dos (...) apresentadas
Qual é o nível (%) de I: _____
aprovação de projetos (__) Alto: entre 80 a 94%
em agencias de II: ____ (__) Médio: entre 60 a 79%
financiamento, em (__) Baixo: menos de 60%
comitês, em (...). III:____
788
adequados à realidade Essa concepção ou estudo do passado deve apresentar as forças que
agiram sobre as idéias, os atores e suas ações, os ambientes..., para entender a dinâmica do
Técnicas de avaliação
poder que atuou no passado e se estendeu no presente. Com a relação de variáveis se elabora
a matriz de análise estrutural, isto é, um quadro de dupla entrada com as especificações de
relações diretas e indiretas entre variáveis, atores (...). A elaboração dessa matriz poderá ser
feita por pessoas (GE e GI) que participaram da listagem e especificação das relações.
exigindo-se conhecimento sobre o assunto.
Com o levantamento de idéias e dos fatores que as influenciaram poderão se estabelecer
indicadores para definir escalas, prioridades, associações, agrupamentos, natureza etc.,
apresentadas em um plano de eixo, em diagramas de causa-e-efeitos etc., diferenciando-as,
tais como: variáveis organizacionais, dos clientes, econômicas, ambientais, institucionais,
tecnológicas etc. Alguns autores recomendam tratar a evolução do passado para o presente
em um prazo que seja o dobro daquele que se deseja projetar no futuro.
Quais são as variáveis (A, B, C, D ...) a ser incluídas e as relações entre elas (critérios de
ponderações, “pesos”, escalas etc.)? Depende de cada caso. Em geral poderão compreender
vários e diversos fatores com suas respectivas tipificações e caracterizações de influencias
(diretas e indiretas, direção e intensidade) como:
Atributos da organização e seu ambiente: missão, visão, macro-objetivos, cultura, condições
de trabalho, motivações do pessoal, infra-estrutura de pesquisa, recursos humanos, recursos
materiais, programação de pesquisa, qualidade de processos e produtos, monitoramento,
controle, avaliação e relacionamentos: Quais são os pontos críticos (...)? Como se adequar
às novas realidades em (...)?.
Atributos do cliente e seu ambiente: tipificação de estruturas produtivas, eficiência
tecnológica, diversificação/integração, organização, relações, valores e comportamentos,
tipificação por atitude frente ao risco, dinâmicas, tendências: para onde se orienta o cliente?
Que necessidades poderão apresentar em (...)?.
790
Continuação ( b )
Quadro 62 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: o método de
impactos cruzados
GRUPO TÉCNICA CARACTERÍSTICA
brechas e oportunidades.
Recomenda-se que as definições das variáveis sejam precisas com as descrições de suas
origens, evoluções, “estados” (passados e presentes), tendências e possíveis rupturas no
futuro etc., considerando-se fatores gerais, tais como: novas estruturas e composições da
população, do trabalho, das relações sociais etc; a globalização como fator inevitável com
efeitos em quase todos os níveis; a importância da qualidade de vida com indicadores
simples e agregados; reorganizações institucionais e políticas; “estados” e esgotamentos de
recursos naturais; e a tecnologia e produtividade. São referência para identificar as variáveis
chaves ou essenciais de explicação, evolução, comportamento, relacionamento,
posicionamentos (...) de sistemas, temas, atores, problema (...) com a soma dos “pesos” das
variáveis motrizes, de influencia e de dependência.
Continuação ( c )
Quadro 62 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: método de
impactos cruzados
GRUPO TÉCNICA CARACTERÍSTICA
B
A variável A influencia tanto a variável B como D.
Por sua vez, B influencia a C: influencia indireta de
A. A variável C influencia a D, sendo influencias
A indiretas de B e de A. Assim, a soma de dependência
C da variável D é maior do que a influencia exercida
nela por A e C; a influencia total exercida nela por A
compreende tanto as influencias diretas com as
indiretas através das variáveis B e C.
D
792
Continuação ( d )
Quadro 62 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos método de
impactos cruzados
GRUPO TÉCNICAS CARACTERÍSTICAS
B
A A B C D E
Técnicas de avaliação
A - 0 0 0 0
C B 1 - 0 0 0
C 1 0 - 0 0
D 0 0 1 - 0
D E 0 1 0 0 -
E
Deve-se observar que com a definição (medição) clara e precisa da variável é possível
especificar influências (diretas e indiretas) e o nível de intensidade no preenchimento da
matriz. A definição permite, também, desdobramentos quando duas variáveis tem duplo
sentido, conforme se ilustra no segundo gráfico acima; exemplos desse caso são “política
monetária”: A e “inflação”: B, “nível de renda”: C e “preços”: D, “instrução do cliente”: E
e “adoção de tecnologia”: F. Que fazer? Em alguns casos é possível redefinir (desdobrar)
a variável como: A1 = ...expansionista e A2 = ...restritiva; B1 = ...acima de (...), B2 =
...abaixo de (...) etc.
793
Continuação ( e )
Quadro 62 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: método de
impactos cruzados
GRUPO TÉCNICAS CARACTERÍSTICAS
A A B C
A - 1 1 2
B 1 - 0 1 =M
B C C 0 1 - 1
1 2 1
Para a análise de sistema como o indicado acima , sintetizado em uma matriz ( M),
Godet (2000) apresenta um método (matriz MICMAX - Matriz de Impactos Cruzados de
Multiplicação Aplicada a uma Classificação), com o propósito de determinar as relações
indiretas entre as variáveis e classificá-las segundo a motricidade direta (medida de
influência de uma variável sobre o conjunto do sistema, dada pelo número de variáveis
influenciadas: soma de linha) e dependência direta (número de variáveis que a
influenciam: soma de coluna); conforme sejam esses valores se terá o nível de
motricidade e de dependência, ilustrada com o seguinte exemplo com cinco variáveis de
um sistema estudado:
Continuação ( e )
Quadro 62 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: método de
impactos cruzados
GRUPO TÉCNICAS CARACTERÍSTICAS
O processo pode ser orientado por perguntas, tais como: existe relação de influência
direta entre a variável i (xi) e a variável j (xj)? Se a resposta for não ou muito fraca,
atribui-se o valor 0; caso contrário, a seguinte pergunta poderia ser: a relação de
influencia direta é fraca (se essa for a resposta, atribui-se o valor 1), mediana (2), forte
(3) ou potencial (P).
795
Continuação ( e )
Quadro 62 Características de técnicas e métodos utilizados em estudos e cenários prospectivos: método de
impactos cruzados
GRUPO TÉCNICAS CARACTERÍSTICAS
No caso de fatores condutores (variáveis portadoras de futuro), os eixos, em um sistema
de coordenadas: motricidade e dependência, definirão grupos (Gi) com eventos mais
relevantes ou uma combinação deles. Dois eixos definem quatro quadrantes: (G1) e (G2);
(G1) e (não-G2); (não-G1) e (G2), e (não-G1) e (não-G2). Posteriormente serão
interpretados e ilustrados esses grupos. Cada variável deve ter sua relevância (influência)
para a análise indicada segundo um critério consistentes e adequado à realidade.
Exemplos de variáveis Possíveis descritores
Novas matérias para (...)
Tendência tecnológica para (....) anos Novos processos em (...)
Novos usos / recursos tradicionais
Preço
Tendências do produto (...) / mercado
Perspectiva de consumos
Preços mínimos
Créditos
Método dos Impactos Cruzados
Política agrícola
Endividamento do setor
Técnicas de avaliação
B
C
D
...
N
O método utiliza várias técnicas para avaliar a interdependência entre diversos
elementos (variáveis relacionadas) de um problema, sistema (...) objeto de estudo, dentro
do enfoque sistêmico, necessário para a elaboração de cenários prospectivos. Essa
interdependência se dá na forma de influencia (definida como impacto) que a ocorrência
de certo evento apresenta sobre a probabilidade de ocorrência de outro. Tais impactos
são considerados como probabilidades condicionais, estimados conforme o teorema de
Bayes.
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3ª. Fase. Análise de possíveis futuros (cenários com vínculos com o planejamento)
com a identificação de sinais que desse futuro se projetam no presente e de fatos
portadores de futuros. Várias técnicas podem ser utilizadas, entre outras, as de
modelagem e simulação.
b) restringir a abrangência do trabalho ao “cenário oficial” ou tratar como um simples exercício sem
lhe atribuir a devida importância de aprendizagem, de preparação para o futuro e de auxilia ao
planejamento estratégico;
c) perdas de objetividade, foco, utilidade / aplicabilidade (...), dando excessivo peso às especulações
ou, no lado oposto, ao realismo como se os cenários fossem previsões;
d) falta de “qualidade”, habilidades (imaginação) e competências (conhecimentos) dos
participantes, bem ausência de comprometimento dos participantes