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[...] E EM NOME DE SÃO JOÃO, NOSSO PADROEIRO...

Cesóstre Guimarães de Oliveira


cesostre@hotmail.com

Com freqüência quase desconfortável, sou questionado sobre minha relação com a
Maçonaria. Em um e-mail, alguém (que se diz meu irmão de fé) pergunta: “Por que vocês
maçons dizem ser São João o padroeiro da Maçonaria, e a qual dos joãos se referem
quando assim falam?” Esta pergunta de aparência simples, porém muito capciosa, me
conduziu a reflexão: Será que (todos) os maçons têm respostas para esta pergunta? E
assim, motivado pela curiosidade de um não iniciado, pensei, esta é uma interrogação que
ainda não me ocorreu. Movido pela necessidade de conhecimento, fui buscar
esclarecimentos para nós dois. Avidamente devorei as páginas de alguns livros, consultei
sites, através do telefone abordei meus contatos que julgo mais esclarecidos no assunto.
Com propósitos quase obstinados, elegi como fundamental para aprimorar meus
conhecimentos, encontrar a ligação entre São João e a Maçonaria. Transbordando de alegria
pueril, descobrir que existe farta literatura abordando o assunto, até mesmo mais do que eu
supunha existir. Porém, embora tanta fartura literária possa ser comprovada, não me é
possível afirmar a existência do consenso sobre o São João padroeiro da Maçonaria. A
discordância relativa aos “joãos” é forte e “já deu muito pano para mangas de camisas”.
Alguns afirmam que ser o patrono da Maçonaria, São João de Jerusalém (1) ou São João da
Escócia, outros dizem São João Batista (2), e ainda tem aqueles que aceitam São João
Evangelista. Não sou pretensioso ao ponto de achar que detenho todas as verdades e
respostas, inclusive, para questões tão antigas como esta.
Porém, antes de adentrar neste mérito, esclareço que diferente do contexto religioso,
para nós maçons, o titulo de padroeiro estar para Maçonaria, da mesma forma que Luís
Alves de Lima e Silva (3), (o Duque de Caxias), estar para o exercito brasileiro, tão
somente contextualizado como patrono, nada lembrando o sentido religioso atribuído aos
canonizados do catolicismo e outros seguimentos religiosos. No início deste texto, eu disse
existirem divergências históricas levantadas pelos escritores maçons quanto aos “joãos
padroeiros”, mas para que este não se torne um texto exaustivamente longo, não escreverei
sobre cada um. Adotarei neste trabalho São João Batista como padroeiro único.
É bem provável que algo que eu venha a dizer nas próximas linhas conflite com as
verdades que você sempre aceitou, mas como disse no início, não sou detentor da verdade,
ninguém é, talvez minhas conclusões sejam antagônicas as suas, por isso, peço que não
esqueça que sou um pesquisador, busco conhecimento em todas as fontes, e ao encontrá-lo,
faço minha triagem, e algumas vezes pode ser que esteja equivocado, então, antes de
censurar-me convido-o a analisar e valorizar o conhecimento, mesmo aquele que parece
conflitar com a verdades que sempre adotou.
Espero que cheguemos a um consenso quanto à melhor compreensão das razões pelas
quais escrevo sobre este tema. Por isso vos convido a sair em busca de “... São João, o
padroeiro da Maçonaria.” na tentativa de localizar o patrono da Maçonaria.
Por necessidade de desenvolvimento do texto, faço uma pergunta que deixará o
desavisado em pé de guerra comigo: "Será que João, o Batista, realmente existiu?"
Acalmai-vos todos, não pensem que duvido da existência deste homem impar. Esta
pergunta tão somente nos arremete a uma confluência verdadeira, que se torna em prova
definitiva da verdade, a existência de João Batista estar ratificada pelos evangelhos
sinópticos, bem como nos registros de Flavius Josephus (4).
Talvez um dos maiores feitos de João Batista, e que o torna mais conhecido, tenha
sido o batismo de Jesus Cristo. Mas, além deste feito, João era uma figura importante em
seu contexto histórico... Amado e odiado, ele um Profeta judeu que levava sua mensagem,
seguido de perto por seus discípulos (5).
João era filho de Zacarias e Isabel, descendia de vários sacerdotes. Um fato
memorável em sua história foi seu ministério no deserto. Seria interessante pensar um
pouco no porque de enfatizar esta parte da vida de João.
Seu dia a dia no deserto é um ponto importante a ser ponderado. O porquê de João
Batista optar por viver no deserto é a chave para o compreendermos, se entendermos
porque assim escolheu viver, entenderemos o porquê de sua radical oposição a sociedade
(sua) contemporânea.
João era desprezado pela aristocrática sacerdotal da grande cidade de Jerusalém. Os
líderes da hierarquia religiosa o olhavam com muito desprezo, ele era uma pedra em seus
sapatos. Por outro lado, João não os tinha em grande apreço, chegando também a desprezá-
los. Aqueles que se encontravam no ápice da escala social de Israel não aceitavam se
misturar com um homem como João Batista. De sua parte, provavelmente João não tinha
intenções de se relacionar com eles também.
A própria maneira como João se vestia era clara demonstração de ser ele um homem
separado da sociedade. Os padrões sociais, as convenções de vestimentas, nada
significavam para ele. Podemos compará-lo a um sufísta, (não confundir com sufismo(6),
que se apresenta a uma importante reunião de negócios, onde todos trajam paletó, e
somente ele traja suas vestes de trabalho, que são, pés descalços, prancha de surf e calção
de banho tipo havaiano, haveria um choque, embora todos estivessem vestidos a caráter.
João vestia rústicas roupas feitas de pele de camelo, em contraste as vestes de fino linho
dos outros sacerdotes. Na cintura, apenas um simples cinto de couro. Até mesmo seu
alimento contradizia as convenções sociais de Jerusalém. No Templo os sacerdotes
jantavam cordeiro e grãos, além de beberam fino vinho. No deserto João se alimentava de
gafanhotos e mel silvestre.
Em sua pregação João falava contra os ricos, contra os poderosos, contra os dirigentes
da sociedade. Ele os chamava de "raça de víboras(7)" e com freqüência os intimava a
assumirem suas responsabilidades perante Deus. As pregações de João, e sua incessante
repetição da mensagem, foi fator decisivo no alargar do fosso que existia entre ele e os
membros da "sociedade tradicional". Por todo o período que viveu como Profeta, João foi
um homem que nadou contra a corrente.
Agora preciso concluir esta parte do texto, apresento um parecer, talvez,
decepcionante para aqueles que esperavam um João Batista Maçom... Levando-se em conta
que ele era um devoto sacerdote, e que viveu e desenvolveu suas atividades, no deserto,
afastado das estruturas governamentais e da sociedade civil, é altamente improvável que
João tenha sido membro da fraternidade maçônica. Tudo aponta João como um homem que
trabalhou sozinho (apesar dos muitos discípulos que o seguiram), os indícios dizem
também que sua vida inteira foi dedicada a um solitário propósito: pregar a mensagem de
arrependimento e renovação da fidelidade a Deus. Estar claro para mim que João não era
um homem que tivesse tempo livre para se dedicar a atividades sociais. Na verdade, os
profetas de Deus (do velho mundo), não desenvolveram outras atividades além daquela que
Deus lhes havia chamado em primeiro lugar. No entanto, mesmo sabendo não existir a
menor possibilidade de João Batista ter sido Maçom, entendo que esta declaração em nada
prejudica o posto lhe hortogado como sendo um dos eminentes patronos da Maçonaria. Isto
valoriza mais ainda tanto a Maçonaria quanto o próprio João, já que ambos têm padrões
similares mesmo não existindo nenhuma relação entre ambos, além da conduta apresentada.
João pode ter sido um extremista, ele pode ter se vestido como um mendigo e se alimentado
como uma espécie de hippie do Século I e quase sempre era extremamente rude com as
pessoas. Definitivamente João não era o tipo de homem que um pai ou mãe espera que sua
filha se apaixone para um dia casar. Não é nem mesmo alguém que gostaríamos de ter
como vizinho, (digo isto relativo a seu temperamento). Mas, apesar de todas essas
características aparentemente desagradáveis e até mesmo repulsivas do homem que
chamamos de João Batista, ele é um homem que todos nós deveríamos tomar como
exemplo.
Acima de tudo, independente de seu modo de vestir, seus gestos e comentários
brutos, sua excêntrica alimentação... Além de sua completa falta de compromisso com as
convenções sociais João era um homem integro e de caráter. João era um homem humilde,
no sentido mais explicito da palavra quando aplicada a personalidade de uma pessoa. Ele
pregou uma enfática mensagem em nome de um Deus poderoso. Ele nunca duvidou de seu
chamado profético, sabia que não era o maior, e humildemente aceitou isto. Quando Jesus
Cristo buscou João para ser batizado, João hesitou, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado
por ti, e tu vens a mim? (8)” Este não foi um show de falsa humildade. João realmente
reconheceu a Jesus Cristo, e por isto questionou a sua própria capacidade como aquele que
estava sendo convidado a batizar o Filho de Deus. Um homem de falsa humildade teria
continuado a protestar, declarando a sua indignidade, de uma forma destinada a obter
elogios para esse comportamento humilde. Mas João não argumentou com Jesus Cristo. Ele
não protestou. Em vez disso, ele calmamente entendeu quando Jesus Cristo explicou que
isto era o correto a ser feito e cumpria um desígnio de Deus. João era um humilde homem,
que foi capaz de colocar os seus próprios interesses de lado quando viu que havia um bem
maior a ser feito. João pregou uma mensagem de arrependimento. Agora, arrependimento
significa mais do que apenas dizer que você está arrependido. A palavra grega metanóis(9),
a partir da qual a palavra "arrependimento" vem literalmente significa "para virar". João
exortou os seus seguidores que literalmente deveriam se virar e avançar em uma nova
direção... Ele pediu-lhes para "dar frutos", "dignos de arrependimento." João queria que
seus seguidores vivessem vidas sob a orientação de Deus. E ele pregou esta mensagem, não
só com suas palavras, mas com suas ações também.
É certo dizer que de forma indubitável João era um homem definitivamente
consagrado a Deus. Sua vida, seu trabalho foi realizado em conformidade com a vontade de
Deus e em resposta ao chamado Divino. O estilo de vida adotado por ele no cumprimento
das designações inerente a um Profeta (precursor) não o tornou alguém muito popular, mais
mesmo assim ele permaneceu fiel as suas designações. Ele era alguém com um propósito
pré-definido, e neste propósito permaneceu inamovível até o fim... Se é que podemos
entender que houve um.
Graças à imutabilidade de João, hoje vivemos nossas próprias experiências em
perfeita conformidade com a vontade de Deus. Concordo que isto nem sempre é fácil,
vivemos em uma sociedade onde se valoriza mais os objetos que o ser humano, onde os
direitos são validados a partir dos desejos da posse, onde algumas vezes a devoção a Deus
nada significa, onde o “eu” vale mais que o “nós”, e isto é tratado como virtude.
Finalmente concluo afirmando, João era um homem que amava Deus. Foi este amor
que sustentou João ao longo de sua vida e em todo seu ministério, até o momento da sua
morte. Na verdade, a reciprocidade de amor existente entre Deus e João lhe deu uma
reputação que tem se mantida firme por todos os séculos.
João Batista era um homem especial, que viveu em um determinado momento da
história. E, no entanto, sua mensagem de arrependimento, humildade, devoção, e amor a
Deus transcende o tempo e as culturas. Sua mensagem continua sendo tão urgente e tão
verdadeira hoje como era há 2000 anos. É uma mensagem ilustrada pelos joãos da vida
diária. E é uma mensagem que ressalta muitos dos valores que hoje nós Maçons aceitamos
como ideais para uma vida moral.
Talvez nunca saibamos de forma definitiva se havia alguma relação mais concreta
entre João e a Maçonaria. Provavelmente nunca descobriremos se ele foi um iniciado ou
não, mesmo assim, este é um assunto que não se esgotará. Na verdade, a mim, não importa
saber disto. Tudo que preciso saber é que o homem conhecido como João Batista era um
homem cuja vida, ainda hoje, é exemplo de dever para com Deus. Digo isto com os olhos
voltados para sua fé, suas práticas religiosas, e sua vida como um todo.
Joseph Fort Newton(10) escreveu: "Justiça e Amor - essas duas palavras não ficam
aquém de dizer a todos o dever de um Maçom." A Maçonaria não poderia ter feito melhor
na sua escolha de um patrono e um modelo de vida que temos em João Batista: um homem
cuja vida continua a brilhar como um exemplo para todos nós. Por isso, orgulhosamente, à
glória do Grande Arquiteto do Universo, declaramos São João Batista o padroeiro da
Maçonaria.

APENDICE

6. Misticismo arábico-persa, que sustenta ser o espírito humano uma emanação do divino,
no qual se esforça para reintegrar-se. Vide Dicionário Aurélio versão eletrônica.

9. A palavra metanóia quer dizer mudança de mentalidade. Para os gregos tem um


significado especial como ir além, passar além de, ultrapassar, exceder, elevar-se acima de,
transcender. Meta, como acima ou além e nóia, vem de nous, mente.

REFERENCIAS

1. Flávio Dellazana – O Verdadeiro Patrono da Maçonaria – www.maconaria.net


20/05/2009

2. M. Claudius -Nos bastidores da Maçonaria, Gráfica Editora Aurora, 1976

3. Celso Castro – A Invenção do Exercito Brasileiro, Editora Jorge Zahar, 2002

4. Flavius Josephus – historiador judeu que escreveu entre os anos 70 e 100 da nossa era.

5. Bíblia, Evangelho segundo São João 3:25 7 Bíblia - Lucas, 3:7-8

8. Bíblia – Mateus 3:14

10. Os Maçons Construtores – Editora Trolha, ano 2000

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